bloco vi - análise transacional e o direito

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Page 1: Bloco VI - Análise Transacional e o Direito

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Maria Garcia

o trabalho analisa a proposta e estrutura de um Curso Introdutoacuterio de Anaacutelise Transacional (101) especificamente para advogados nele compreendidos todos os profissionais de formaccedilatildeo juriacutedica uumlulzes promotores assessores teacutecnicoshyjuriacutedicos etc) objetivando preloipuamente a questatildeo da participaccedilatildeo e da criashytividade do profissional no desenvolvimento de sua atividade e de como a AT poderaacute propiciar o ativamento e enriquecimento desse aspecto da profissatildeo juridica A autora enfatiza a tendecircncia positivista assinalada nas teorias predoshyminantes na aacuterea do Direito em contraposiccedilatildeo agrave postura mais pragmaacutetica de sistemas juriacutedicos como o norte-americano no sentido da criaccedilatildeo do Direito shye a partir daiacute o papel da AT na aacuterea juriacutedica

I Quando o juiz Oliver Holmes afirma que o significado de uma proposiccedilatildeo de uma norma juriacutedica ou da lei deve ser mais sentido que provado e que a vida do Direito natildeo tem sido a loacutegica senatildeo a experiecircncia traz empoacutes de si toda uma postura de vida - e o Direito eacute sobretudo vida e natildeo pura loacutegica refere Juan Franshycisco Linares na qual estaacute em jogo nada menos que a proacutepria liberdade1

Nessa postura ou colocaccedil~o de um dos mais celebrados juiacutezes da Suprema Corte dos Estados Unidos se encontram todas as infishynitas possibilidades que ao homem eacute dado aportar no exerciacutecio de sua vocaccedilatildeo quando fundado num postulado de participaccedilatildeo e de criatividade

Participaccedilatildeo no sentido de colocar-se inteiro naquilo que se faz ou diz antes do enfoque poliacutetico de participaccedilatildeo como seja manishyfestar-se questatildeo

e ser ouvido Fernando Pessoa poeta e filoacutesofo potildee esta

Para ser grande secirc inteiro nada Teu exagera ou e~clui Secirc todo em cada coisa

Advogada e Professora de Direito Membro Didata em Formaccedilatildeo

Potildee quanto eacutes No miacutenimo que fazes Assim em cada lago a lua toda Brilha porque alta vive

Shakespeare tambeacutem o afirma Isto acima de tudo secirc fiel a ti mesmo (This above ali to thine ownself be true)

Todas as energias todas as potencialidades na integralidade pesshyO soal~ portanto estatildeo incluiacutedas as manifestaccedilotildees de todo o ser

PaiAdulto e Cri~nccedila Criatividade implica em deixar espaccedilo agrave imaginaccedilatildeo agrave preacute-aceishy

taccedilatildeo das impossibilidades para sua anaacutelise somente posterior a natildeo-aceitaccedilatildeo preacutevia do nada a fazer

2 Em sua obra A coragem de criar Rollo May jefere-sc a vaacuteshyrios tipos de coragem2 entre os quais a coragem criativa Toda a profissatildeo pode exigir e exige coragem criativa Em nossos dias acrescenta a tecnologia e a engenharia a diplomacia o comeacutercio e

~ sem duacutevida o magisteacuterio todas essas profissotildees e dezenas de outras passam por mudanccedilas radicais e precisam de indiviacuteduos corajosos que valorizem e dirijam essas mudanccedilas A necessidade de coragem criativa eacute proporcional ao grau de mudanccedila

Definindo criatividade como o processo de criar algo novo Rollo May analisa esse processo para concluir que a criatividade Ueacute um encontro com o mundo a um niacutevel que elimina definitivashymente a separaccedilatildeo entre objeto e sujeito A criatividade eacute o enconshytro do ser humano intensamente consciente com o seu mundo

Criatividade envolve intuiccedilatildeo Jacob Bazariall 3 propotildee e analisa duas csp~cils til iu[uuacuteaacuteo H

intuiccedilatildeo de evidecircncia racional ou retrospectiva (o conhecimento dishyreto que nos faz captar sem nenhuma duacutevida a clareza de uma ideacuteia ou a veracidade de um fato ou relaccedilatildeo Por exemplo O todo eacute maior do que as partes) E a intuiccedilatildeo heuriacutestica (o conhecimento direto que nos faz pressentir a verdade adivinhar a soluccedilatildeo de um problema ou descobrir algo novo) Tambeacutem chamada de antecipa-

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I 2 Ed Nova Fronteira 3 ed p 19 38 53 Enfatizando a origem da palavra do francecircs coeur (coraccedilatildeo) afirma Assim como o coraccedilatildeo irriga braccedilos pernas e ceacuterebro fazendo funcionar todos os outros oacutergatildeos a coragem torna possiacuteveis todas as virtudes psicoloacutegicas Sem ela os outros valores fenecem transformanshydo-se em arremedo de virtude

1 In HaU Jerome et alii Bl actual pensamiento juriacutedico norteamericano 3 Intuiccedilatildeo Heuriacutestica - Uma Andlise Cientiacutefica da Intuiccedilatildeo Criadora Alfa-Omega 1973 p 27 48(Introduccedilatildeo) Buenos Aires Ed Losada 1951 P7

bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull I dora inventiva criadora a intuiccedilatildeo heuriacutestica distingue-se da intuishyccedilatildeo de evidecircncia - que apenas constata a veracidade do fato da ideacuteia ou do juiacutezo mas natildeo traz nenhum conhecimento novo

Mais adiante refere o citado autor que a intuiccedilatildeo se manifesta

tuando a loacutegica existente natildeo estaacute em condiccedilotildees de encontrara soluccedilatildeo A intuiccedilatildeo penetra no iacutentimo dos objetos e capta sua loacutegica interna a loacutegica da realidade O novo conhecimento descoberto pela intuiccedilatildeo vem enriquecer os conhecimentos jaacute existentes vem alarshygar os horizontes os limites da loacutegica existente

Tratando da natureza da intuiccedilatildeo Berne 4 distingue trecircs espeacuteshycies de julgamentos ou de atitudes diante da realidade dentre os quais os julgamentos que podem ser feitos com a ajuda de indiacutecios cuja formulaccedilatildeo ainda natildeo tenha se tornado clara ou que nunca venham a tornar-se conscientes mas que no entanto seriam baseamiddot dos em impressotildees sensoriais inclusive o olfato Isso pode ser um

( processo subconsciente primaacuterio refere e termina por definir inmiddot ) tuiccedilatildeo como o conhecimento baseado em experiecircncia e adquirido atraveacutes de contato sensorial com o sujeito sem que o intuidor seja

I capaz de formular para si proacuteprio ou para outros exatamente como I chegou agraves suas conclusotildees Ou em terminologia psicoloacutegica acresshy centa Ueacute o conhecimento baseado em experiecircncia e adquirido atramiddot

veacutes de funccedilotildees preacute-verbais inconscientes ou preacute-conscientes e atrashyveacutes de contato sensorial com o sujeito

Esta definiccedilatildeo esclarece ainda se aproxima de Jung que dizmiddot que intuiccedilatildeo eacute aquela funccedilatildeo psicoloacutegica que transmite percepccedilotildees de forma inconsciente

Por final referindo-se agrave psicodinacircmica da intuiccedilatildeo Berne cuida das condiccedilotildees internas que promovem ou interferem no funcionashymento do processo intuitivo - situando a cogniccedilatildeo intuitiva como um fenocircmeno arqueopsiacutequico do estado do ego Crianccedila Ia sua funshyccedilatildeo portanto eacute reprimida quando o estado de ego Adulto neopsiacuteshyquico predomina e eacute prejudicada quando o estado de ego Pai invade a liberdade do arqueopsiquismo Operacionalmente refere isto sigshynifica que ambos o pensamento loacutegico e o pensamento eacutetico preshy

judicam a eficiecircncia da intuiccedilatildeo

3 Em uma seacuterie de estudos sobre participaccedilatildeo Roque S Maciel de Barros 5 distingue duas liberdades a liberdade como indepenshy

4 Berne Eric Intuition and Ego States S Francisco TA Press 1977 5 In O Estado ae raulo 24-3-87 A separaccedilatildeo entre as duas liberdades observa acaba por colocar em perigo ou destruir a ambas

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decircncia (agir sem ser impedido por oullcm) e a liberdade como parshyticipaccedilatildeo (decidir sobre os destinos coletivos)

Distingue mais a respeito de participaccedilatildeo o ser parte que vai contra o valor individual proacuteprio e irrepetiacutevel pois no grande todo as partes se equivalem e portanto a parte natildeo eacute em si messhyma senatildeo como componente do todo e este eacute que eacute aparece signishyfica Todavia o ddxar de tomar parte este eacute o prejuiacutezo maior se natildeo tomarmos parte nas decisotildees poliacuteticas que nos dizem respeito como cidadatildeos corremos o risco de ver roubada a independecircncia de nossas accedilotildees como acontece frequumlentemente nas ditaduras e nos regimes autoritaacuterios

Como o indiviacuteduo e a participaccedilatildeo (nesse sentido de tomar parmiddot te) ao juiz e ao advogado ferramenteiros do Direito deve ser admishytida umaparticipaccedilatildeo em sua elaboraccedilatildeo o aporte de sua experiecircn cia natildeo dltve ser alijado da criaccedilatildeo do Direito O advogado o faz quando propotildee medidas novas ou novos enfoques a questotildees jaacute esmiddot tabelecidas ao juiz fundamentalmente ao Poder Judiciaacuterio eacute que devem ser criadas as condiccedilotildees possiacuteveis de colher essas propustas e trabalhaacute-las no sentido de elaborar normas que atendam agrave ideacuteia de Justiccedila ou entatildeu criar normas para esse mesmo objetivo dentro evidentemente de um quadro de referecircncias que eacute a proacutepria ordem juriacutedica e a sociedade para a qual vigora essa ordem juriacutedica

4 A aacuterea da ciecircncia juriacutedica tem apresentado aqui e ali conshyforme os sistemas c as doutrinas que compotildeem o seu ambiente sociocultural extrema resistecircncia agrave participaccedilatildeo c agrave cdatiivdade

Melhor colocando o Direito tem-se ressentido do predomiacutenio de certas colocaccedilotildees advindas do posilIacutevisll1o juriacutedico quI pressushypotildeem o juiz como mero aplicador da lei negando-lhe como ao adshyvogado a participaccedilatildeo pessoal e o exerciacutecio da criatividade na forshymaccedilatildeo do Direito

Natildeo eacute o que ocorre para exemplificar no sistema judiciaacuterio nOlshyte-americano e em alguns europeus ao decidir as demandas e aplishycar o direito legislado (aquele constante dos coacutedigos de leis) e natildeo legislado (o direito costumeiro) a Constituiccedilatildeo e a escala de normas infraconstitucionais criam de algum modo em certo grau e dentro de certos limites Direito

6 Linares op cit que refere a respeito do siskma juriacutedico norte-americano e tudo presidido por trecircs caracteriacutesticas que satildeo a coluna vertebral do sisteshyma a saber imensa confianccedila em juiacutezes inamoviacuteveis bem renumerados e indeshypendentes e com amplas atribuiccedilotildees processos raacutepidos e noccedilatildeo de uma instacircn cia espiritual que inspira corl-ige confirma e orienta o direito pOtildesiifvo

middot~~bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull Observa OUo Bachof 7 ter sido quase um credo juriacutedico que o

juiz deve limitar-se agrave aplicaccedilatildeo da lei mediante processos mentais estritamente loacutegicos e que deve abster-se de decisotildees arbitraacuterias proacuteprias que estaacute vinc4lado somente ao poder secular da justiccedila refletido na lei sem ter de representar nem praticar um poder soshycial proacuteprio Natildeo obstante resultaria ocioso conformar-se hoje ainda com tais ideacuteias ( ) o juiz sempre teve inclusive sob o imshypeacuterio de um positivismo juriacutedico riacutegido uma parte importante na criaccedilatildeo do Direito

5 O advogado e o JUIZ tecircm assim um papel exponencial na criaccedilatildeo do Direito tanto quanto o legislador que faz as leis a serem aplicadas

Nessa aplicaccedilatildeo diante do caso concreto (o que natildeo acontece com o legislador genericamente) o advogado e o juiz participam de um fenocircmeno extraordinaacuterio que eacute tornar a lei viva que eacute trazer a lei existente em abstrato ao mundo da realidade presente

O objetivo desse evento formidaacutevel eacute a realizaccedilatildeo da justiccedila O desejo de justiccedila diz Hans Kelsen8 eacute tatildeo elementar estaacute tatildeo

profundamente arraigado na mente humana porque eacute uma manifesshyta20 do indestrutiacutevel desejo do homem de alcanccedilar sua proacutepria fsectlicidagravede) subjetiva

-_ Para que possa existir um comprometimento pessoal na realishyzaccedilatildeo da justiccedila - qllase que como uma condicionante de que esta

( lJse realize efetivamente - envolvendo participaccedilatildeo e criatividade eacute v)) necessaacuterio de um lado que o sistema juriacutedico passe a absorver te o essas colocaccedilotildees e de outro lado eacute preciso que o advogado e o juiz -lmiddot tenham a conscientizaccedilatildeo dessa possibilidade Essa possibilidade exige aleacutem das garantias de inamovibilidade

de vitaliciedade e irredutibilidade de vencimentos (no caso do juiz) e das garantias constitucionais de liberdade de pensamento e de expressatildeo (geralmente consagradas ao advogado) dois pressupostos essenciais que satildeo a confianccedila a imensa confianccedila em juiacutezes bem remunerados e independentes e as amplas atribuiccedilotildees que lhes sejam reconhecidas conforme enfatiza Linares (nota 6 supra)

Recasens Siches 9 assinala que a funccedilatildeo judicial de que parti shycipam juiacutezes e advogados eacute sempre necessariamente criadora inshy

7 Jueces y constitucioacuteII Madrid Ed Civitas 1985 p 23 e segs 8 Las metamorfosis de la idea de justicia in El actual pensamiento juridico norteamericano op cit p 250 9 Nueva filosofiacutea de ta interpretacioacuten dei Derecho Meacutexico Ed Porrua 1973 p 251

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dispondo-se contra a concepccedilatildeo mecamca da funccedilatildeo judicial como um silogismo Assinala ainda aludindo agraves concepccedilotildees da Gestaltpsyshychologie que apesar de o juiz reger-se fundamentalmente pelas valoshyraccedilotildees estabelecidas na ordem juriacutedica positiva na lei tem de fazer valoraccedilotildees por sua proacutepria conta vislo que a ordem juriacutedica positishyva ou seja a legislaccedilatildeo natildeo conteacutem soluccedilotildees prontas para todas as perguntas que- surgem no processo judicial

Em outras palavras a lei natildeo pode prever todas as hipoacuteteses factiacuteveis na realidade social e esta eacute que deveraacute ser examinada pelo advogado e pelo juiz na anaacutelise e soluccedilatildeo do caso concreto

Pois bem Para a concretizaccedilatildeo desse objetivo eacute necessaacuterio pri mordialmente o concurso do homem eacute o ser humano que altera o social

O social influi sobre o indiviacuteduo A sociedade contudo compotildeeshyse de unidades individuais eacute a soma delas Entatildeo o indiviacuteduo pode alterar a sociedade e a forccedila somada das unidades que a compotildeem origina os fatores reais e efetivos de poder 10 existentes nessa sociedade

Quando trata de Os Caminhos da Vida o Argumento Rosa Krausz 11 alude agraves influecircncias externas que o ser humano recebe durante o decorrer de sua vida dentre as quais menciona a influecircnshycia do macrocosmo isto eacute das diretrizes culturais que determinam os padrotildees de comportamento esperados e fornecem uma gama de valores ideacuteias haacutebitos e tradiccedilotildees que compotildeem a heranccedila social dos membros de uma sociedade

Se nesse macrocosmo - tal como OCOlTe em nossa realidade soshycial - natildeo satildeo enfatizados os poderes criativos do estado de Ego Crianccedila temos como resultado a utilizaccedilatildeo parcial e incompleta das potencialidades do jurista como pessoa

A imaginaccedilatildeo a intuiccedilatildeo o entusiasmo a criatividade no munshydo do Direito ser-Ihe-atildeo vedados tornando-se difiacutecil chegar a um c~nsenso sobre as amplas possibilidades das atribuiccedilotildees de um juiz e a medida do poder criativo do advogado

Cabia portanto chegar ao jurista enquanto pessoa primacialshymente J por ele pela sua participaccedilatildeo pessoal que o sistema podeshyraacute ser alterado na consecuccedilatildeo da justiccedila - sua finalidade baacutesica e

10 Lassalle Ferdinand Que eacute uma constituiccedilatildeo Kairoacutes Editora 1985 Aludindo aos fatores reais e efetivos de poder que imperam na realidade social 11 AT nas organizaccedilotildees s J Ed Nobel 1982 p 142 e segs

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-- - _----- - superior Organizaccedilotildees e sociedade soacute mudam quando os seres humanos decidem mudar ressalta fundadamente Rosa Krausz 11

6 Anaacutelise Transacional oferece a base teoacuterica e metodoloacutegica que poderaacute represeptar o conduto desse desiderato a niacutevel pessoal pelos caminhos do autoconhecimento (limitaccedilotildees e potencialidades o microcosmo) e da comunicaccedilatildeo (a atuaccedilatildeo do ser integrado - Pai Adulto Crianccedila - em relaccedilatildeo ao meio o macrocosmo) bull

Tornava-se necessaacuterio portanto unir ou correlacionar a AT e o mundo do Direito Para isso estruturou-se um Curso Introdutoacuterio de Anaacutelise Transacional (l01) destinado especificamente aos profisshysionais da aacuterea juriacutedica cujo Moacutedulo 11 objetiva a aplicaccedilatildeo daqueshyles conhecimentos introdutoacuterios ou preliminares a niacutevel profissioshynal mediante a anaacutelise e debates das teorias juriacutedicas predominanshytes e atuais no Direito e daquelas que propugnam uma postura participativa e criativa do jurista com o estudo de casos especiacuteficos O relacionamento advogado-cliente o advogado nas audiecircncias jushydiciais o advogado-consultor de empresas etc O Moacutedulo 111 prevecirc grupos de estudos avanccedilados para temas especiais ainda dentro dessa aacuterea profissional Reciclag~m e treinamento

7 Com efeito ateacute o momento vecircm-se multiplicando os cursos seminaacuterios e encontros a niacutevel cliacutenico ou organizacional predomishynantemente cremos que faltava o endereccedilamento da Anaacutelise Transhysacional a determinadas aacutereas de formaccedilatildeo profissional de forma cientificamente estruturada eacute dizer efetuando-se a conciliaccedilatildeO enshytre as bases cientiacuteficas do Direito da Medicina da Engenharia da Odontologia etc e os fundamentos da AT no amplo espectro das teorias especiacuteficas e discussotildees cientiacuteficas de cada uma dessas aacutereas de conhecimento e da experiecircncia humanas

Seraacute importante para isso que em cada uma das aacutereas do conheshycimento venha a ser criada uma linha de interrelacionamento com a

Anaacutelise Transacional de tal fo rma que o profissional - como iacutendio viacuteduo e como teacutecnico - com ecircnfase nesse aspecto possa exercer sua atividade plenamente consciente natildeo somente de si mesmo Ce esse eacute o primeiroj)aacutessogtcomo lieacuteSsotildea e mais aleacutem como profissioshynal ou como cientista que ~plora e utiliza suas possibilidades de participaccedilatildeo e criatividade no desenvolvimento de sua profissatildeo e da aacuterea de conhecimento agrave qual se encontra relacionado

12 Op cit p 170

8 Participaccedilatildeo criCllividade iltlticcediliio satildeo processos Im desenshyvolvem as potencialidades c libenun o indiviacuteduo das restriccedilotildees e vedaccedilotildees agrave realizaccedilatildeo pessoa) e profissional encarecendo-se sempre que esses processos natildeo afastam a experiecircncia e a loacutegica apenas natildeo se deixam dominar exclusivamente por esses processos cognishytivos e vatildeo aleacutem para atigirem novos niacuteveis de conhecirnenlu e de concretizaccedilatildeo dos-- objetivos profissionais quais sejam Na hipoacutelcse sob exame a Anaacutelise Transagravecional para Advogados n~1 dos altos pmpoacutesuumlos da realizaccedilatildeo da J

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1 Haacute uma aacuterea do estudo da Ciecircncia Juriacutedica que se destina especialshymente agrave interpretaccedilatildeo da lei Todos sabemos que a norma juriacutedica a lei penal civil constitucional administrativa fiscal - demanda interpretaccedilatildeo a explicitaccedilatildeo do seu texto por mais sirilples que possa parecer a sua redaccedilatildeo pelas implicaccedilotildees dele decorrentes pelagrave sua vinculaccedilatildeo a outras normas ou regras dentro do mesmo sistema jurfdico pelas consequumlecircncias todas a niacutevel individual e social

A lei eacute feita para as pessoas para a sociedade na qual vai vigorar regushylando a convivecircncia comum sob a autoridade de um governo do Estado Elaborada pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional Assembleacuteias Legisshylativas Cacircmaras Municipais) composto de representantes do povo a ideacuteia eacute do povo fazendo leis para si mesmo e assim ordenando o conviacutevio social porquanto toda forma de agrupamento social exige regras de conduta que possibilitem agraves pessoas vivere~ em famiacutelia em grupo em sociedade - as vaacuterias etapas da convivecircncia socjal

As regras de convivecircncia apresentam assim gradaccedilotildees desde a regra moral ateacute a regra juriacutedica ou de Direito esta igualmente determinando formas de comportamento ou de conduta mas com uma caracteriacutestica espeshycial eacute dotada ou acompanhaacuteda de saniiatildeo isto eacute natildeo atendido o seu coshymando essa desobediecircncia implicaraacute uma penalidade prevista na proacutepria lei Exemplo deixar de pagaro Imposto Territorial e Predial a que a lei tributaacuteria obriga todo proprietacircrio de imoacutewl resultaraacute na sanccedilatildeo de multa e outros acreacutescimos como a correccedilatildeo monetaacuteria

2 Tudo isso exige uma interpretaccedilatildeo da lei Interpretaccedilatildeo de acordo com o dicionaacuterio significa exegese explicaccedilatildeo traduccedilatildeo esclarecimento e na Area propriamente juriacutediCa isto eacute na Area do Direito (conjunto de normas de convivecircncia social de caraacuteter obrigatoacuterio para todos) interpretar eacute buscar o sentido o significado da norma

Membro Diljata em formaccedilatildeo - Procuradora do Estado aposentada Assessora Juriacutedica da USP e professora de Direito Constitucional na PUC-SP

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Maria Garcia I l l 1 I

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Todas essas operaccedilotildees exigem um intermediacircrio o inteacuterprete da lei Francesco Ferrara (1978) assim explica esse fato

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O texto da lei natildeo eacute mais do que um complexo de palavras escritas que servem para uma manifestaccedilAo de vontade a casca exterior que encerra um pensamento o corpo de um conteuacutedo espiritual A missatildeo do inteacuterprete eacute justamente descobrir o conteuacuteshydo real da norma juriacutedica determinar em toda a plenishytude o seu valor ( ) reconstruir o pensamento legisshyativo

Para Hans Kelsen (1974) sendo a interpretaccedilatildeo a fixaccedilatildeo do sen tido da norma ela somente pode ser a moldura que representa oDireiacuteto a intershypretar e consequentemente o conhecimento das vaacuterias possibilidades que dentro desta moldura existem

3 O que jaacute traz a ideacuteia de que haveraacute mais de uma interpretaccedilatildeo possiacuteshyvel dependendo de cada um dos inteacuterpretes da norma

Neste ponto no entanto cessa a indagaccedillfo na aacuterea juriacutedica sobre essa figura intermediaacuteria o inteacuterprete que tem ao seu dispor tatildeo somente os meacutetodos de interpretaccedilatildeo por exemplo o meacutetodo histoacuterico-evolutivo quecirc vai examinar a lei a partir da eacutepoca em que foi elaborada quais as ideacuteias entatildeo predominantes os interesses agrave eacutepoca da feitura daquela determishynada lei os debates havidos etc para que possa estabelecer o seu significado e aplicaccedilatildeo a um caso concreto no presente

O que fica portanto por analisar para que dessa anaacutelise se possa extrair mais um elemento de apoio agrave tarefa interpretativa eacute a postura do proacuteprio inteacuterprete ele mesmo objeto de tndagaccedilatildeo ao proceder agravequela operaccedilatildeo

A indagaccedilatildeo de quais form~s ou modos de auto-conhecimento poderaacute ele utilizar-se para que a tarefa de busca dp significado da norma venha a I tapresentarmiddotse o quanto possiacutevel liberada das ~njunccedilotildees agrave que o proacuteprio inteacutershyprete estaacute condicionado no ato da interpretaccedilatildeo t

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4 Anote-se a propoacutesito que os autores da aacuterea juriacutedica apontam duas

posturas possiacuteveis no ato interpretativo cada uma delas tendo os seus defenshy sores e que se caracterizam por ensinar que o inteacuterprete procurasse ou a ~ vontadedo legislador de quem elaborou a lei ou a vontade da proacutepria Hlet

No entanto a vontade do legislador do elaborador da norma natildeo pode ~ ser mais buscada ou encontrada feita a lei esta apresenta um conteuacutedo que representa uma vontade natildeo no sentido psicoloacutegico do termo mas conshy

fforme refere o m~smo Ferrara Im querido (voluto) um resultado um conteuacutedo espiritual que ao inteacuterprete cabe trazer a lume e desenvolver para

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bull -ebullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbulle-gtLe_bullbull e bull e___e bullbullbullbullbullbullbull~bullbull bull emiddotbullbull bull bull bull ampt t abranger e resolver mesmo os casos natildeo previstos reconstruindo o sisteshyma do Direito diz ele aqui estaacute o nobile officium o nobre oficio da interpretaccedilatildeo

5 Pois bem para essa nobre e difiacuteciacutel tarefa necessaacuterio se torna ao inteacuterprete ter agrave sua disposiccedilatildeo variados instrumentos de trabalho quantos sejam eficazes para a soluccedilatildeo do caso concreto a soluccedilatildeo melhor para detershyminada hipoacutetese dentre vaacuterias alternativas muitas vezes

A primeira dificuldade vem do proacuteprio texto em si as palavras tecircm inevitavelmente mais de um sentido aquilo que representam o objeto e a sua representaccedilatildeo para o seu inteacuterprete

Sabemos que as palavras a Linguagem a Linguumliacutestica compotildeem uma aacuterea proacutepria de estudos e anaacutelise com desdobramentos e aprofundamentos niIo imaginados Michel Foucault (1966) mostra como a coerecircncia que exisshy

durante toda a idade claacutessica entre a teoria da representaccedilatildeo e as da linguagem ( ) esta configuraccedilatildeo ( ) a partir do seacuteculo XIX muda inteiramiddot mente a tcoria da representaccedilatildeo desaparece como fundamento geral de todas as ordens possiacuteveis a linguagem como quadro espontacircneo e quadriculado primeiro das coisas como intermediaacuterio indispensaacutevel entre a representaccedilatildeo e os seres desvanece-se por seu turno ( ) e sobretudo a linguagem perde o seu lugar privilegiado e torna-se por sua vez coerente com a espessura do seu pasado

6 Ademais do problema em si da proacutepria linguagem urna questatildeo permanece pouco estudada na aacuterea da interpretaccedilatildeo da lei a figura do inteacuterprete como dissemos ela mesma o canal da busca do significado para a soluccedilatildeo do caso que se tem em mlos

Aqui depara-se o campo feacutertil da Anaacutelise Transacional e outros insshytrumentos igualmente eficazes do auto-conhecimemto auxiliando a tarefa da interpretaccedilatildeo no seu todo Tomando um dos instrumentos da AT - os Estados do Ego pelo auto-conhecimento e identificaccedilatildeo daquele que se mostra preponderante no comportamento atraveacutes das praacuteticas da AT o inteacuterprete teraacute a noccedilatildeo clara da sua postura diante da norma juriacutedica a intershypretar se clara ou obscura se tazoaacutevelou natildeo se justa ou injusta se ideoloshygicamente dirigida enfim diante das circunstacircncias todas que cercam a norshyma e o caso o proacuteprio trabalho a realizar externas e interiores ao inteacuterprete este o sujeito da accedilatildeo tem em si o iniacutecio da soluccedilatildeo a partir daiacute comeccedila a tarefa da interpretaccedilatildeo

A Gordillo (1988) trata de forma excelente a obra interpretativa e nesta as etapas da decisatildeo criativa do caso em especial o nascimento e regisshytro das ideacuteias criativas quando aborda as funccedilotildees da linguagem (hemisfeacuterio esquerdo) e da criaccedilatildeo (hemisfeacuterio direito) bem como a interaccedilatildeo criativoshycriacutetica de ambos hemisfeacuterios cerebrais

Trata-se de uma colocaccedilio em que se identificam claramente os Estados Adultocirc e Crianccedila do Ego individual e todas as suas possibilidades elaborashy

tivas na accedilatildeo de interpretar e aplicar a lei seja a niacutevel propriamente juriacutedishyco ou lato senso as normas que regem as nossas vidas a existecircncia humana em sociedade as nossas leis interiores codificadas no Parenta

Pelo que podemos deduzir a fundamental importacircncia de instrumentos como eacute especialmente a Anaacutelise Transacional para esta aacuterea do conhecishymento humano que eacute o Direito a iniciar-se pelo inteacuterprete e aplicador da norma juriacutedica o advogado o juiz o mesmoelaborador da lei que vai reger a convivecircncia das pessoas na sociedade

Sumaacuterio - Objetiva-se estabelecer relaccedilatildeo direta eutre as teorias wmportashymentais (a At especificamente) e a ciecircncia do Direito pela figura do inteacutershyprete da lei A operaccedilatildeo interpretativa envolvendo a racionalidade e l intuiccedilatildeo socorridas da experiecircncia do Parental buscando o inteacuterprete pelo instrushymental da AT explicar a sua proacutepria postura diante da norma a interpreshytar e com isso a possibilidade de otimizaccedilatildeo do ato interpretativo com maior seguranccedila e certeza objetivos preciacutepuos do Direito

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UacutePOVETSKY GiUes A terceira mulher Permanecircncia e revoluccedilatildeo do feminino Satildeo Paulo Companhia das Letras 2000

MOTlA lgtaulo Roberto A c~llcta e a arte de ser dirigente IUo dc Janeiro Record 1996 7 ed

VIANNA Luiz Werneck CAavAlHo Maria Alice Rezende MEw Manuel Ialacios Jmiddotmiddot1 Cunha BUltGOs Marcelo Baurnann Corpo e Alma da Magistratura~ Brasileira Rio de Janeiro Revan 1997 2a ediccedilatildeo~

ZIMtuwAN David E COlJ1l0 Antocircnio Carlos Mathlas Aspectos Psicoloacutegicos na

li I PraacuteticaJurfdica Campinas MiIlennium 2002 bull

ZIMtuwAN David E Fundamentos Psicanaliticos Teoria teacutecnica e cliacutenica Porto Alegre Artmed 2006 2a ediccedilatildeo

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CAPiacuteTULO VII A ANAacuteLISE TRANSACIONAL E O DIREITO

UMA REFLEXAtildeO SOBRE A PSICOLOGIA SOCIAL NA AREA JURIacuteDICA

MAIlIA (AIlLlA

A razatildeo esclarecida eacute a razaacuteo abspluta da autodeterminaccedilatildeo

(NielZSChe)

A ~utonomia do individuo figura como um alvo muitopreciso a sealcamiddot nccedilarmiddoteacuteonsiderando-se com Max Weber (e o profeta Ezequiel 18 24) que a responSabIlidade eacute pessoal e que um dos pontos mais especiacuteficos da Eacutetica ciecircncia da mom e esta como o conjunto das regras de conduta de detershyrriinado grupo humano para noacutes a eacutetica ocidental - culmina na questatildeo da responsabilidacle

Como se sabe Webcr elabora dililinccedilaacuteo cnlre eacutetica da covicccedilatildeo as questotildees de foro intimo (o partidaacuterio de tal eacutetica natildeo atribuiraacute a responsabi Udade ao agente mas ao mundo agrave tolice dos homens ou agrave vontade de Deus (IUC aiSlm criou os hOm(lls) ( a eacutetica da nrsponsabllidtlde (qU( Apcl vai denominar eacutetica da rcsponslbilJdade social) pela qual devcmos nsponder pelas previsiveis consequumlecircncias de nossos atos

E vem afirmar em certo momento a eacutetica da condcccedilatildeo e a eacutetica da responsabilidade natildeo se contrapotildeem mas se completam e em conlunto fprmam o homem autecircntico

~ lJIre-Docenre em Direilo do Estado pela PUC-SP Professora de Direito ConsIirudonaJ l e Dlieito Educacional da PUCmiddotSP Procuradora do Estado aposentada Ex-oonsultOra Jushy

riacutedica da USP Membro da CoSI - Comissatildeo de Bloeacutetlca do HCfNU5P do lAsP e do lBoc ~ Ciecircncta ti Poliacutetica duas vocaccedilotildees Satildeo Paulo Culuix 1993 p 113 e 55

3 Op cU p 22 refeacuterindo-se ao objelivo de sua conferecircncia jslO eacute um homem que pode aspirar 1 vocaccedilatildeo poliacutelicamiddot

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AsPECTOS PSICOLOacuteGICOS NA PuacutenCA]UlUacuteDJCA92

Ora para alcanccedilar essa plenitude de autenticidade e de responsabilidade toma-se necessaacuterio que o ser humano conte com as possibilidades da libershydade (e portanto de opccedilotildees de agir) e do conhecimento (acesso i educaccedilatildeo e agrave informaccedilatildeo)

1 A Psicologia Ciecircncia da Alma Objetiva conforme refere o dkionaacuterio comum o conhecimento dos fenocircshy

menos psiacutequicos e do comportamento o conjunto de estados e disposiccedilotildees psiacutequicas de ideacuteias de um indiyiacuteduo ou de um grupo de indiviacuteduos

Pode-se considerar a Psicologia portanto como o estudomiddot da conduta humana a partir do que Hesse denomina nossos haacutebitos mentaismiddot os quais conformam (e por vezes deformam) nossa compreensatildeo de noacutes mesmos e do mundo

A partir entatildeo das obras de Freud - especificamente no seu Esboccedilo de psicanaacutelise a mente e seufuncionamento esse estudo desenvolve-se em vaacuterias teorias da personalidade para explicar e esclarecer o comportamento humano nas suas muacuteltiplas inextrlcfveis e complexas configuraccedilotildees

2 A Anaacutelise Transacional Dentre esses desenvolvimentos teoacutericos e praacuteticos e apartir da Psicanilise

freudiana destaca-se a Anaacutelise Transacional proposta por Eric Beme em nushymerosas obras que oferece base teoacuterica e metodoloacutegica para atingimento desse desiderato da autodeterminaccedilatildeo em niacutevel pessoal pelos caminhos do autoconhecimento (potencialidades e limitaccedilotildees o micrltxosmo humano) e da comunicaccedilatildeo (a atuaCcedilatildeo do ser integrado fiacutesico e psiacutequico em relaccedilatildeo ao outro o mundo o macrocosmo)

J- podemos dizer edualCcedilatildeo da alma embora o homem tenha a qualishydad~ ~ta da 1llZlIo eacute certo que o grau de disCernimento varia muito de um para outro ser humano

A histoacuteria eacute antiga desde ~ more do conhecimento no jardim do Eacuteden - esse conflito interno da nanirezamiddothumana

4 ~ Koorad BscrItos de Derecho QmstitudQ1UUacute Madrid Centro de Estuacutedios Constishy

5 6

tucionaks 1983 p 44 Rio deJaOtildedro ~gQEditora 1975 p 1$ e ss ~~em~apia~ aulo Summus 1984 O que lbcecirc diz deshypois de dizItw 0141Sio Paulo Nobel 2007 e outros

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CAPIacuteTUlO VII - A ANAtildeusI TItNSACIONAL E o DIREml UMA REF1ExAtildeo SOBRE A PsICOLOGIA

tWwGiICIA

Sobre a aacutervore do conhecimento escrevenlnl Maturana e VICela citando aliaacutes o profeta Isaias Ampliacutea o espaccedilo de tua tcnda e nela estcndc teus tapetes pois haacutes de te locomover em todas as direccedilotildees 7

Eacute a amplitude da razatildeo e da consciecircncia definida pelo filoacutesofo Henri de Man como o conhecimento do Bem e do Mal

Explicam aqueles ciemistas a aacutervore edecircnica COmo o estudo cientiacutefico dos ~

processos que subjazem ao conhecimento E afirmam

O conhecimento compromete Compromete-nos a tomar urna atitude de permanente vigilacircnCia contra a tentaccedilatildeo da certeza a reconhecer que nossas certezas natildeo satildeo provas da verdade como se o mundo que cada um de noacutes vecirc fosse o mundo e natildeo um mundo que produzimos com OUlrQS Comprometeshynos porque ao saber que sabemos natildeo podemos negar o que sabemos O que conduz a uma eacutetica inescapaacutevel que natildeo podemos desprezar

Fssa constante vigilacircncia entendemos como um processo educacional pemlanente pelo qual analisamos o conhecimento do conhecimento - no caso o conhecimento do Eu

Essa a tarefa de propostas como a Anaacutelise TransacionaL

ACiecircncia do Direito cuida igualmente do comportamento humano meshydiante o estabelecimento de normas objetivando a conviVecircncia social Nessa finalidade delimita-se como eacute intuitivo com as aacutereas de ciecircncias congecircneres como a Sociologia a Antropologia a Poliacutetica a Psicologia e outraS

j Mais ainda assinala-se quanto ao Direito a sua inevitaacutevel imertextualishydade alcanccedilando outras aacutereas do conhecimento para analisar questotildees juridicas com o seu aporte necessaacuterio e amplificador de ideacuteias e conc~itos

3 A intertextualidadc do Direito Constitucional Aesse respeito sublinha Canotilho o direito constitucional eacute um tershy

texto aberto Deve muito a experiecircncias constitucionais nacionais e estrangeishy~ no seu espirito transporta ideacuteias de moacutesofos pensadores e politicos ~seus mitos pressupotildeem as profundidades dos arqueacutetipos enrai7ftdos dos povos a sua gravitaccedilatildeo eacute agora natildeo um singular movimento de rotaccedilatildeo em tomo de si mesmo mas sim um gesto de translaccedilatildeo perante outras galaacutexias do saber humanomiddot

middotmiddot7 A aacutervore do conbectmento As bases biolOacutegicas do conhecimento humano Campinas Psy 1995 p 262

8 Direito Constitucional e Teoria da Constituiccedilatildeo Coimbra Almedina 1998 p 15 I

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94 AsIEClOli PsICOLoacuteGICOS NA PllAacutenCAJulUacuteDICA

Nesse contexto Direito e Psicologia se correspondem ponanto sobretudo naquilo que Desse denomina a preacute-compreensatildeo do inteacuterprete

O Inteacuterprete natildeo pode captar o conteuacutedo da norma desde um ponto quase-arshyqulmeacutedko situado fora da existecircncia histoacuterica senatildeo unicamente desde a conshycreta situaccedilatildeo histoacuterica em que se encontra cuja plasmaccedilatildeo conformou seus haacutebitos mentais condicionando seus conhecimentos e seus preacute-juiacutezOS9

Exatamente para que o inteacuterprete possa compreender-se delimitando o que seja nele autecircntico e proacuteprio e o que lhe foi transmitido - para que possa

re-decldir agora e realizar opccedilotildees tem necessidade do autoconhecimento preacutevio da sua condiccedilatildeo psicologicamente consciente e esclarecida

I A Anaacutelise Transacional prevecirc conforme propusera Freud trecircs aacutereas do aparelho me8taJ ou uma anaacutelise estrutural segundo 8eme consubstanciando as fases existenciais da primeira infacircncia (o obscuro Id) a Arqueopsiquecirc ou Estado do Ego Crianccedila (na linguagem coloquial) a aacuterea de intenned4tccedilatildeo com o meio ambiente apreendendo os dados da realidade o Ego (Neopsiquecirc ou Estado de Ego Adu Ito) por fim a memoacuteria dos arquivos mentais tradicional e

~ ( cntica o Superego (Exteropsiquecirc ou Estado do Ego Pai) ressalvando-se desde

logo niio ocorrer correspondDnda direta de ambas teorias nos fenocircmenos descritqs sendo a citaccedilatildeo exemplificati~ em cadter meramente didaacutetico de

~ comprelnsatildeo pois PaJ Adulto e Crianccedila confonne explica 8emelO natildeo satildeo ~ i conceitos como Superego Ego e Id ou como os construtos junguianos mas

realidades fenomenoloacutegicas observaacuteveis portanto

4 O Inteacuterprete

o denominado operador do Direito ou Inteacuterprete teraacute assim os instrushymentos necessaacuterios pelos quais de imediato voltando-se para si mesmo possa por esses meios analisar suas condutas e linguagem postural ou verbal aproshy

~ ~i priando-se de experiecircndas pessoais e elaborar umacntica ou anaacutelise tendente

ao autoconhedmento e l autonomia

EVdentemente que O apoio psicoterapecircutico natildeo estaacute dispensado de formaalgwna aoconttIacuteirio se demonstra recomendaacuteveL Contudo Um p~eiro momento de esclaredmento dos p1eacute-conceitos e preacute-juiacutezos bem como das potencialidades individuais apresenta-se necessaacuterio e emergencial para ser complementado entatildeo num estudo mais aprofundado Isto eacute o que poderaacute

9 Direito Constitudonal e 100ria da Constituiccedilatildeo Coimbra A1medina 1998 10 AnaacuteJise Tnulsadonal em Psicoterapia Satildeo Paulo Summus 1984 p 23

fmiddot~

UacutePlTVw VII - A AacuteNAacuteUsE T~SACIONAL E o DIREITO UMA REFUXAtildeO SOlllU li PlocoWGIA 95

MAIUA G ~

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proporcionar de imediato a Anaacutelise Transacional embora esta tcoria ofercccedila ela mesma e em sequumlecircncia o aprofundamento necessaacuterio

Conforme destaca Mira y loacutepezl1 Infelizmente o estado atual da cjecircncia psicoloacutegica natildeo pennlte utilizar seus conhecimentqs em todos os aspectos lt do direito e isso faz com que a psicologia juridica se encontre hoje limitada --determinados capiacutetulos e problemas legais referindo a psicologia do testemunho a obtenccedilatildeo da evidecircncia delituosa a compreensatildeo do delito a informaccedilatildeo forense a seu respeito a reforma moral do delinquumlente ou seja preponderantemente os aSfuctos fumais

12 ~ Mara Caffeacute traz o encontro entre essas duas aacutereas possiacuteveis de con-

filiar Psicanaacutelise e Direito com referecircncia agraves suas experiecircncias em Varas de Famiacutelia t

Contudo natildeo eacute o que visualizamos parece-nos que podendo ser qualquer ~ pessoa um inteacuterprete da lei regra de conduta humana sob diversificados jlSpcctos individuais e sociais essa figura como tal poderaacute ser analisada psishycologicamente na aacuterea juriacutedica puacuteblica ou privada civil ou penal e outras

A teoria e metodologia propostas por Eric Berne apresentam essa fundashyiacuten~ntaJ possibilidade de um primeiro passo em direccedilatildeo a si mesmo atraveacutes do jX)nIlecimento e praacutetica dos instrumentos possibilitadores da anaacutelise de condutas de si mesmo e de outrem - as transaccedilotildees unidades da comunicaccedilatildeo humana em especial a dcnominada poslccedilaacuteo existcncial numa relaccedilatildeo cumuro

Posiccedilatildeo existencial ou Psicoloacutegica ecircorresponde a um juiacutezo de valor a respeito de si mesmo e dos outros adotado na inlacircncia que poderaacute persistir

tJgtasicamente na idade adulta levando o Individuo a orientar-se por essa opinshyfinnada quando a informaccedilatildeo apresentava-se incompleta c precaacuteria para tomada de decisatildeo

Gandhi tem um pensamento que pode explicar essa circunstacircncia o que ptIlSamos passamos a ser

Trata-se no entanto de ~m conceito dinacircmico existe uma posiltatildeo exisshybaacutesica (realista projetiva introjetiva ou ~simista) e predominante

de equllibrio entre a Posiccedilatildeo Existencial (Imaginaacuteria) e a realidade um movimento pendular ~

A anaacutelise beClliana explica e desenvolve as quatro posiccedilotildees existenciais a partir dessa primeira decisatildeo prematura para estabilizar quanto

M4nuaJ de I$icologia]uriacutedica Campinas IZn Editora 2005 p 20 Psican4lise e Direito Satildeo Paulo Quartler latia 2003 I

bull bullbullbullbullbull bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 96 AsPlCIOS PSICOlOacuteGICOS NA lRAacuteTICA JURlDlCA

possfvel uma posiccedilatildeo realista e efetiva do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a si mesmo e ao mundo

Haveraacute portanto a oportunidadede uma re-decisatildeo quandoYenha a existir o conhecimento pleno da preacute-compreensatildeo que temos da relaccedilatildeo EUOutro - o mundo para uma compreensatildeo ou consciecircncia e portanto autenticidade e autonomia

5 Um Estudo Conjugado

Revela-se portanto a necessidade do estudo conjugado DireimPsicologia (Social) dado que ambos os ramos do conhecimento vinculam-se li anaacutelise do romportamento ou conduta do ser humano em todos os seus aspectos que envolwm a figura do inteacuterprete e a preacute-compreell$atildeo do inteacuterprete

ODireito eacute umdos fenocircmenos mais notaacuteveis na vida humana refere Teacutercio Sampaio FerrazJr13 Compreendecirc-lo eacute compreender uma parte de noacutes mesmos Eacute saber em pane porque obedecemos porque mandamos porque nos iridignashymos porque aspiramos mudar em nome de ideais porque em nome de ideais conservamos as coisas como estatildeo Ser livre eacute estar no direito e no entanto o direJfotambeacutemnos oprime e nos tira aliberdadePor isso compreendero direito natildeo eacute JUD empreendimento que se reduz facHmente a conceituaccedilotildees loacutegicas e racionalmente sistematizadas O encontro com o direito eacute diversificado agraves vezes conftitivo e incoerente agraves vezes linear e consequumlente ( )

i Por tudo isso o direito eacute um misteacuterio o misteacuterio do principio e do fim i da ~ilidade humana

Bem a ecircnfase da Psicologia Social encontra-se no estudo do comportashymento do Individuo no que ele eacute influenciado socialmente explica Silvia Iane 14 Isto acontece desde o nascimento talvez antes a histoacuteria do grupo ao qual pertence o que dlve ser apreendido as emoccedilotildeelgt resultantes o homcm cofIacutelccedil agente transfonnador etc

0 misteacuterio do Direito encontra-se nesse conviver humano a conduta hwnma poded serobjeto de duas anaacutelises que se complementam levando ao esnido conjugado dessas ~ diferentes que convergem para um soacute individuo realIacuteZando-se poresSe mOdo o desiderato do art 205 da Constituiccedilatildeo quandoindicaagraveeducaccedilatildeoo cometimentodo plenodesemolvimento da pessoa integrashy~ente racional e emocional para alcanccedilar o autoconhecimento e com este conto condiccedilatildeo para o exerciacutecio da cidadania e a qualificaccedilatildeo para o trabalho

13 JIIlrCItIuccediliiacuteo ao Estudo do Direito Satildeo Paulo Atlas 1994 p 21 J4 oque eacutePdcologla SocIal Satildeo Paulo BrasiUense 2001 p 8 e 55

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I -

crIacute11J1O VII - AANAacuteLISE TIWlSACIONAl E o DIREITO UMA Rlruxo S08IIE o PsIcotoGIA 97 lIIuIA GAIICL

O desenvolver integrativo (racionalemOCionai) conduz agrave autenticidade e consciecircncia o ltaminho da autonomia a filosofia bemiana

Aautonomia constitui-se por sua vez no pressuposto necessaacuterio agrave garanshytia de um juiacutezo esclarecido e justo - ao qual todos tecircm direito - e a PsicolOgia Social viraacute possibIDtar o conhecimento da preacute-compreensatildeo do inteacuterprete o

- seu universo particular o conhecimento liberta dai poder-se aguardar Seja alcanccedilado aquele desiderato

Verifica-se portamo que Direito c Isicologiacutea podem conconcr para o esclarecimento das complexidades da personalidade humana na sua inteireza para realizar-se a proacutepria razatildeo de ser do Direito o misteacuterio do princiacutepio e do fim da sociabilidade humana

Essa convivecircncia ou SOciabilidade demanda o que se Insiste reitcmr a autodeteminaccedilatildeo a necessaacuteria autonomia do ser humano para que vivecircncia e convivecircncia sejam fundamento da dignidade da pessoa humana porsi princiacutepio estruturante da comunidade mesma no sentido daquilo que eacute comum par_ ticipaccedilatildeo em comum

O indiviacuteduo - a pessoa humana representa a unidade intcoogradora desse todo e a sua consideraccedilatildeo em plenitude vem a verificar-se por ambas as ciecircncias da conduta humana Direito e Psicologia daiacute a indispensabilidade do seu estudo

~ ~~ ieacutellAtilde ~~

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Page 2: Bloco VI - Análise Transacional e o Direito

bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull A ANAacuteLISE TRANSACIONAL E O DIREITO

Maria Garcia

o trabalho analisa a proposta e estrutura de um Curso Introdutoacuterio de Anaacutelise Transacional (101) especificamente para advogados nele compreendidos todos os profissionais de formaccedilatildeo juriacutedica uumlulzes promotores assessores teacutecnicoshyjuriacutedicos etc) objetivando preloipuamente a questatildeo da participaccedilatildeo e da criashytividade do profissional no desenvolvimento de sua atividade e de como a AT poderaacute propiciar o ativamento e enriquecimento desse aspecto da profissatildeo juridica A autora enfatiza a tendecircncia positivista assinalada nas teorias predoshyminantes na aacuterea do Direito em contraposiccedilatildeo agrave postura mais pragmaacutetica de sistemas juriacutedicos como o norte-americano no sentido da criaccedilatildeo do Direito shye a partir daiacute o papel da AT na aacuterea juriacutedica

I Quando o juiz Oliver Holmes afirma que o significado de uma proposiccedilatildeo de uma norma juriacutedica ou da lei deve ser mais sentido que provado e que a vida do Direito natildeo tem sido a loacutegica senatildeo a experiecircncia traz empoacutes de si toda uma postura de vida - e o Direito eacute sobretudo vida e natildeo pura loacutegica refere Juan Franshycisco Linares na qual estaacute em jogo nada menos que a proacutepria liberdade1

Nessa postura ou colocaccedil~o de um dos mais celebrados juiacutezes da Suprema Corte dos Estados Unidos se encontram todas as infishynitas possibilidades que ao homem eacute dado aportar no exerciacutecio de sua vocaccedilatildeo quando fundado num postulado de participaccedilatildeo e de criatividade

Participaccedilatildeo no sentido de colocar-se inteiro naquilo que se faz ou diz antes do enfoque poliacutetico de participaccedilatildeo como seja manishyfestar-se questatildeo

e ser ouvido Fernando Pessoa poeta e filoacutesofo potildee esta

Para ser grande secirc inteiro nada Teu exagera ou e~clui Secirc todo em cada coisa

Advogada e Professora de Direito Membro Didata em Formaccedilatildeo

Potildee quanto eacutes No miacutenimo que fazes Assim em cada lago a lua toda Brilha porque alta vive

Shakespeare tambeacutem o afirma Isto acima de tudo secirc fiel a ti mesmo (This above ali to thine ownself be true)

Todas as energias todas as potencialidades na integralidade pesshyO soal~ portanto estatildeo incluiacutedas as manifestaccedilotildees de todo o ser

PaiAdulto e Cri~nccedila Criatividade implica em deixar espaccedilo agrave imaginaccedilatildeo agrave preacute-aceishy

taccedilatildeo das impossibilidades para sua anaacutelise somente posterior a natildeo-aceitaccedilatildeo preacutevia do nada a fazer

2 Em sua obra A coragem de criar Rollo May jefere-sc a vaacuteshyrios tipos de coragem2 entre os quais a coragem criativa Toda a profissatildeo pode exigir e exige coragem criativa Em nossos dias acrescenta a tecnologia e a engenharia a diplomacia o comeacutercio e

~ sem duacutevida o magisteacuterio todas essas profissotildees e dezenas de outras passam por mudanccedilas radicais e precisam de indiviacuteduos corajosos que valorizem e dirijam essas mudanccedilas A necessidade de coragem criativa eacute proporcional ao grau de mudanccedila

Definindo criatividade como o processo de criar algo novo Rollo May analisa esse processo para concluir que a criatividade Ueacute um encontro com o mundo a um niacutevel que elimina definitivashymente a separaccedilatildeo entre objeto e sujeito A criatividade eacute o enconshytro do ser humano intensamente consciente com o seu mundo

Criatividade envolve intuiccedilatildeo Jacob Bazariall 3 propotildee e analisa duas csp~cils til iu[uuacuteaacuteo H

intuiccedilatildeo de evidecircncia racional ou retrospectiva (o conhecimento dishyreto que nos faz captar sem nenhuma duacutevida a clareza de uma ideacuteia ou a veracidade de um fato ou relaccedilatildeo Por exemplo O todo eacute maior do que as partes) E a intuiccedilatildeo heuriacutestica (o conhecimento direto que nos faz pressentir a verdade adivinhar a soluccedilatildeo de um problema ou descobrir algo novo) Tambeacutem chamada de antecipa-

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I 2 Ed Nova Fronteira 3 ed p 19 38 53 Enfatizando a origem da palavra do francecircs coeur (coraccedilatildeo) afirma Assim como o coraccedilatildeo irriga braccedilos pernas e ceacuterebro fazendo funcionar todos os outros oacutergatildeos a coragem torna possiacuteveis todas as virtudes psicoloacutegicas Sem ela os outros valores fenecem transformanshydo-se em arremedo de virtude

1 In HaU Jerome et alii Bl actual pensamiento juriacutedico norteamericano 3 Intuiccedilatildeo Heuriacutestica - Uma Andlise Cientiacutefica da Intuiccedilatildeo Criadora Alfa-Omega 1973 p 27 48(Introduccedilatildeo) Buenos Aires Ed Losada 1951 P7

bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull I dora inventiva criadora a intuiccedilatildeo heuriacutestica distingue-se da intuishyccedilatildeo de evidecircncia - que apenas constata a veracidade do fato da ideacuteia ou do juiacutezo mas natildeo traz nenhum conhecimento novo

Mais adiante refere o citado autor que a intuiccedilatildeo se manifesta

tuando a loacutegica existente natildeo estaacute em condiccedilotildees de encontrara soluccedilatildeo A intuiccedilatildeo penetra no iacutentimo dos objetos e capta sua loacutegica interna a loacutegica da realidade O novo conhecimento descoberto pela intuiccedilatildeo vem enriquecer os conhecimentos jaacute existentes vem alarshygar os horizontes os limites da loacutegica existente

Tratando da natureza da intuiccedilatildeo Berne 4 distingue trecircs espeacuteshycies de julgamentos ou de atitudes diante da realidade dentre os quais os julgamentos que podem ser feitos com a ajuda de indiacutecios cuja formulaccedilatildeo ainda natildeo tenha se tornado clara ou que nunca venham a tornar-se conscientes mas que no entanto seriam baseamiddot dos em impressotildees sensoriais inclusive o olfato Isso pode ser um

( processo subconsciente primaacuterio refere e termina por definir inmiddot ) tuiccedilatildeo como o conhecimento baseado em experiecircncia e adquirido atraveacutes de contato sensorial com o sujeito sem que o intuidor seja

I capaz de formular para si proacuteprio ou para outros exatamente como I chegou agraves suas conclusotildees Ou em terminologia psicoloacutegica acresshy centa Ueacute o conhecimento baseado em experiecircncia e adquirido atramiddot

veacutes de funccedilotildees preacute-verbais inconscientes ou preacute-conscientes e atrashyveacutes de contato sensorial com o sujeito

Esta definiccedilatildeo esclarece ainda se aproxima de Jung que dizmiddot que intuiccedilatildeo eacute aquela funccedilatildeo psicoloacutegica que transmite percepccedilotildees de forma inconsciente

Por final referindo-se agrave psicodinacircmica da intuiccedilatildeo Berne cuida das condiccedilotildees internas que promovem ou interferem no funcionashymento do processo intuitivo - situando a cogniccedilatildeo intuitiva como um fenocircmeno arqueopsiacutequico do estado do ego Crianccedila Ia sua funshyccedilatildeo portanto eacute reprimida quando o estado de ego Adulto neopsiacuteshyquico predomina e eacute prejudicada quando o estado de ego Pai invade a liberdade do arqueopsiquismo Operacionalmente refere isto sigshynifica que ambos o pensamento loacutegico e o pensamento eacutetico preshy

judicam a eficiecircncia da intuiccedilatildeo

3 Em uma seacuterie de estudos sobre participaccedilatildeo Roque S Maciel de Barros 5 distingue duas liberdades a liberdade como indepenshy

4 Berne Eric Intuition and Ego States S Francisco TA Press 1977 5 In O Estado ae raulo 24-3-87 A separaccedilatildeo entre as duas liberdades observa acaba por colocar em perigo ou destruir a ambas

128

decircncia (agir sem ser impedido por oullcm) e a liberdade como parshyticipaccedilatildeo (decidir sobre os destinos coletivos)

Distingue mais a respeito de participaccedilatildeo o ser parte que vai contra o valor individual proacuteprio e irrepetiacutevel pois no grande todo as partes se equivalem e portanto a parte natildeo eacute em si messhyma senatildeo como componente do todo e este eacute que eacute aparece signishyfica Todavia o ddxar de tomar parte este eacute o prejuiacutezo maior se natildeo tomarmos parte nas decisotildees poliacuteticas que nos dizem respeito como cidadatildeos corremos o risco de ver roubada a independecircncia de nossas accedilotildees como acontece frequumlentemente nas ditaduras e nos regimes autoritaacuterios

Como o indiviacuteduo e a participaccedilatildeo (nesse sentido de tomar parmiddot te) ao juiz e ao advogado ferramenteiros do Direito deve ser admishytida umaparticipaccedilatildeo em sua elaboraccedilatildeo o aporte de sua experiecircn cia natildeo dltve ser alijado da criaccedilatildeo do Direito O advogado o faz quando propotildee medidas novas ou novos enfoques a questotildees jaacute esmiddot tabelecidas ao juiz fundamentalmente ao Poder Judiciaacuterio eacute que devem ser criadas as condiccedilotildees possiacuteveis de colher essas propustas e trabalhaacute-las no sentido de elaborar normas que atendam agrave ideacuteia de Justiccedila ou entatildeu criar normas para esse mesmo objetivo dentro evidentemente de um quadro de referecircncias que eacute a proacutepria ordem juriacutedica e a sociedade para a qual vigora essa ordem juriacutedica

4 A aacuterea da ciecircncia juriacutedica tem apresentado aqui e ali conshyforme os sistemas c as doutrinas que compotildeem o seu ambiente sociocultural extrema resistecircncia agrave participaccedilatildeo c agrave cdatiivdade

Melhor colocando o Direito tem-se ressentido do predomiacutenio de certas colocaccedilotildees advindas do posilIacutevisll1o juriacutedico quI pressushypotildeem o juiz como mero aplicador da lei negando-lhe como ao adshyvogado a participaccedilatildeo pessoal e o exerciacutecio da criatividade na forshymaccedilatildeo do Direito

Natildeo eacute o que ocorre para exemplificar no sistema judiciaacuterio nOlshyte-americano e em alguns europeus ao decidir as demandas e aplishycar o direito legislado (aquele constante dos coacutedigos de leis) e natildeo legislado (o direito costumeiro) a Constituiccedilatildeo e a escala de normas infraconstitucionais criam de algum modo em certo grau e dentro de certos limites Direito

6 Linares op cit que refere a respeito do siskma juriacutedico norte-americano e tudo presidido por trecircs caracteriacutesticas que satildeo a coluna vertebral do sisteshyma a saber imensa confianccedila em juiacutezes inamoviacuteveis bem renumerados e indeshypendentes e com amplas atribuiccedilotildees processos raacutepidos e noccedilatildeo de uma instacircn cia espiritual que inspira corl-ige confirma e orienta o direito pOtildesiifvo

middot~~bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull Observa OUo Bachof 7 ter sido quase um credo juriacutedico que o

juiz deve limitar-se agrave aplicaccedilatildeo da lei mediante processos mentais estritamente loacutegicos e que deve abster-se de decisotildees arbitraacuterias proacuteprias que estaacute vinc4lado somente ao poder secular da justiccedila refletido na lei sem ter de representar nem praticar um poder soshycial proacuteprio Natildeo obstante resultaria ocioso conformar-se hoje ainda com tais ideacuteias ( ) o juiz sempre teve inclusive sob o imshypeacuterio de um positivismo juriacutedico riacutegido uma parte importante na criaccedilatildeo do Direito

5 O advogado e o JUIZ tecircm assim um papel exponencial na criaccedilatildeo do Direito tanto quanto o legislador que faz as leis a serem aplicadas

Nessa aplicaccedilatildeo diante do caso concreto (o que natildeo acontece com o legislador genericamente) o advogado e o juiz participam de um fenocircmeno extraordinaacuterio que eacute tornar a lei viva que eacute trazer a lei existente em abstrato ao mundo da realidade presente

O objetivo desse evento formidaacutevel eacute a realizaccedilatildeo da justiccedila O desejo de justiccedila diz Hans Kelsen8 eacute tatildeo elementar estaacute tatildeo

profundamente arraigado na mente humana porque eacute uma manifesshyta20 do indestrutiacutevel desejo do homem de alcanccedilar sua proacutepria fsectlicidagravede) subjetiva

-_ Para que possa existir um comprometimento pessoal na realishyzaccedilatildeo da justiccedila - qllase que como uma condicionante de que esta

( lJse realize efetivamente - envolvendo participaccedilatildeo e criatividade eacute v)) necessaacuterio de um lado que o sistema juriacutedico passe a absorver te o essas colocaccedilotildees e de outro lado eacute preciso que o advogado e o juiz -lmiddot tenham a conscientizaccedilatildeo dessa possibilidade Essa possibilidade exige aleacutem das garantias de inamovibilidade

de vitaliciedade e irredutibilidade de vencimentos (no caso do juiz) e das garantias constitucionais de liberdade de pensamento e de expressatildeo (geralmente consagradas ao advogado) dois pressupostos essenciais que satildeo a confianccedila a imensa confianccedila em juiacutezes bem remunerados e independentes e as amplas atribuiccedilotildees que lhes sejam reconhecidas conforme enfatiza Linares (nota 6 supra)

Recasens Siches 9 assinala que a funccedilatildeo judicial de que parti shycipam juiacutezes e advogados eacute sempre necessariamente criadora inshy

7 Jueces y constitucioacuteII Madrid Ed Civitas 1985 p 23 e segs 8 Las metamorfosis de la idea de justicia in El actual pensamiento juridico norteamericano op cit p 250 9 Nueva filosofiacutea de ta interpretacioacuten dei Derecho Meacutexico Ed Porrua 1973 p 251

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dispondo-se contra a concepccedilatildeo mecamca da funccedilatildeo judicial como um silogismo Assinala ainda aludindo agraves concepccedilotildees da Gestaltpsyshychologie que apesar de o juiz reger-se fundamentalmente pelas valoshyraccedilotildees estabelecidas na ordem juriacutedica positiva na lei tem de fazer valoraccedilotildees por sua proacutepria conta vislo que a ordem juriacutedica positishyva ou seja a legislaccedilatildeo natildeo conteacutem soluccedilotildees prontas para todas as perguntas que- surgem no processo judicial

Em outras palavras a lei natildeo pode prever todas as hipoacuteteses factiacuteveis na realidade social e esta eacute que deveraacute ser examinada pelo advogado e pelo juiz na anaacutelise e soluccedilatildeo do caso concreto

Pois bem Para a concretizaccedilatildeo desse objetivo eacute necessaacuterio pri mordialmente o concurso do homem eacute o ser humano que altera o social

O social influi sobre o indiviacuteduo A sociedade contudo compotildeeshyse de unidades individuais eacute a soma delas Entatildeo o indiviacuteduo pode alterar a sociedade e a forccedila somada das unidades que a compotildeem origina os fatores reais e efetivos de poder 10 existentes nessa sociedade

Quando trata de Os Caminhos da Vida o Argumento Rosa Krausz 11 alude agraves influecircncias externas que o ser humano recebe durante o decorrer de sua vida dentre as quais menciona a influecircnshycia do macrocosmo isto eacute das diretrizes culturais que determinam os padrotildees de comportamento esperados e fornecem uma gama de valores ideacuteias haacutebitos e tradiccedilotildees que compotildeem a heranccedila social dos membros de uma sociedade

Se nesse macrocosmo - tal como OCOlTe em nossa realidade soshycial - natildeo satildeo enfatizados os poderes criativos do estado de Ego Crianccedila temos como resultado a utilizaccedilatildeo parcial e incompleta das potencialidades do jurista como pessoa

A imaginaccedilatildeo a intuiccedilatildeo o entusiasmo a criatividade no munshydo do Direito ser-Ihe-atildeo vedados tornando-se difiacutecil chegar a um c~nsenso sobre as amplas possibilidades das atribuiccedilotildees de um juiz e a medida do poder criativo do advogado

Cabia portanto chegar ao jurista enquanto pessoa primacialshymente J por ele pela sua participaccedilatildeo pessoal que o sistema podeshyraacute ser alterado na consecuccedilatildeo da justiccedila - sua finalidade baacutesica e

10 Lassalle Ferdinand Que eacute uma constituiccedilatildeo Kairoacutes Editora 1985 Aludindo aos fatores reais e efetivos de poder que imperam na realidade social 11 AT nas organizaccedilotildees s J Ed Nobel 1982 p 142 e segs

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-- - _----- - superior Organizaccedilotildees e sociedade soacute mudam quando os seres humanos decidem mudar ressalta fundadamente Rosa Krausz 11

6 Anaacutelise Transacional oferece a base teoacuterica e metodoloacutegica que poderaacute represeptar o conduto desse desiderato a niacutevel pessoal pelos caminhos do autoconhecimento (limitaccedilotildees e potencialidades o microcosmo) e da comunicaccedilatildeo (a atuaccedilatildeo do ser integrado - Pai Adulto Crianccedila - em relaccedilatildeo ao meio o macrocosmo) bull

Tornava-se necessaacuterio portanto unir ou correlacionar a AT e o mundo do Direito Para isso estruturou-se um Curso Introdutoacuterio de Anaacutelise Transacional (l01) destinado especificamente aos profisshysionais da aacuterea juriacutedica cujo Moacutedulo 11 objetiva a aplicaccedilatildeo daqueshyles conhecimentos introdutoacuterios ou preliminares a niacutevel profissioshynal mediante a anaacutelise e debates das teorias juriacutedicas predominanshytes e atuais no Direito e daquelas que propugnam uma postura participativa e criativa do jurista com o estudo de casos especiacuteficos O relacionamento advogado-cliente o advogado nas audiecircncias jushydiciais o advogado-consultor de empresas etc O Moacutedulo 111 prevecirc grupos de estudos avanccedilados para temas especiais ainda dentro dessa aacuterea profissional Reciclag~m e treinamento

7 Com efeito ateacute o momento vecircm-se multiplicando os cursos seminaacuterios e encontros a niacutevel cliacutenico ou organizacional predomishynantemente cremos que faltava o endereccedilamento da Anaacutelise Transhysacional a determinadas aacutereas de formaccedilatildeo profissional de forma cientificamente estruturada eacute dizer efetuando-se a conciliaccedilatildeO enshytre as bases cientiacuteficas do Direito da Medicina da Engenharia da Odontologia etc e os fundamentos da AT no amplo espectro das teorias especiacuteficas e discussotildees cientiacuteficas de cada uma dessas aacutereas de conhecimento e da experiecircncia humanas

Seraacute importante para isso que em cada uma das aacutereas do conheshycimento venha a ser criada uma linha de interrelacionamento com a

Anaacutelise Transacional de tal fo rma que o profissional - como iacutendio viacuteduo e como teacutecnico - com ecircnfase nesse aspecto possa exercer sua atividade plenamente consciente natildeo somente de si mesmo Ce esse eacute o primeiroj)aacutessogtcomo lieacuteSsotildea e mais aleacutem como profissioshynal ou como cientista que ~plora e utiliza suas possibilidades de participaccedilatildeo e criatividade no desenvolvimento de sua profissatildeo e da aacuterea de conhecimento agrave qual se encontra relacionado

12 Op cit p 170

8 Participaccedilatildeo criCllividade iltlticcediliio satildeo processos Im desenshyvolvem as potencialidades c libenun o indiviacuteduo das restriccedilotildees e vedaccedilotildees agrave realizaccedilatildeo pessoa) e profissional encarecendo-se sempre que esses processos natildeo afastam a experiecircncia e a loacutegica apenas natildeo se deixam dominar exclusivamente por esses processos cognishytivos e vatildeo aleacutem para atigirem novos niacuteveis de conhecirnenlu e de concretizaccedilatildeo dos-- objetivos profissionais quais sejam Na hipoacutelcse sob exame a Anaacutelise Transagravecional para Advogados n~1 dos altos pmpoacutesuumlos da realizaccedilatildeo da J

132

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1 Haacute uma aacuterea do estudo da Ciecircncia Juriacutedica que se destina especialshymente agrave interpretaccedilatildeo da lei Todos sabemos que a norma juriacutedica a lei penal civil constitucional administrativa fiscal - demanda interpretaccedilatildeo a explicitaccedilatildeo do seu texto por mais sirilples que possa parecer a sua redaccedilatildeo pelas implicaccedilotildees dele decorrentes pelagrave sua vinculaccedilatildeo a outras normas ou regras dentro do mesmo sistema jurfdico pelas consequumlecircncias todas a niacutevel individual e social

A lei eacute feita para as pessoas para a sociedade na qual vai vigorar regushylando a convivecircncia comum sob a autoridade de um governo do Estado Elaborada pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional Assembleacuteias Legisshylativas Cacircmaras Municipais) composto de representantes do povo a ideacuteia eacute do povo fazendo leis para si mesmo e assim ordenando o conviacutevio social porquanto toda forma de agrupamento social exige regras de conduta que possibilitem agraves pessoas vivere~ em famiacutelia em grupo em sociedade - as vaacuterias etapas da convivecircncia socjal

As regras de convivecircncia apresentam assim gradaccedilotildees desde a regra moral ateacute a regra juriacutedica ou de Direito esta igualmente determinando formas de comportamento ou de conduta mas com uma caracteriacutestica espeshycial eacute dotada ou acompanhaacuteda de saniiatildeo isto eacute natildeo atendido o seu coshymando essa desobediecircncia implicaraacute uma penalidade prevista na proacutepria lei Exemplo deixar de pagaro Imposto Territorial e Predial a que a lei tributaacuteria obriga todo proprietacircrio de imoacutewl resultaraacute na sanccedilatildeo de multa e outros acreacutescimos como a correccedilatildeo monetaacuteria

2 Tudo isso exige uma interpretaccedilatildeo da lei Interpretaccedilatildeo de acordo com o dicionaacuterio significa exegese explicaccedilatildeo traduccedilatildeo esclarecimento e na Area propriamente juriacutediCa isto eacute na Area do Direito (conjunto de normas de convivecircncia social de caraacuteter obrigatoacuterio para todos) interpretar eacute buscar o sentido o significado da norma

Membro Diljata em formaccedilatildeo - Procuradora do Estado aposentada Assessora Juriacutedica da USP e professora de Direito Constitucional na PUC-SP

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Maria Garcia I l l 1 I

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Todas essas operaccedilotildees exigem um intermediacircrio o inteacuterprete da lei Francesco Ferrara (1978) assim explica esse fato

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O texto da lei natildeo eacute mais do que um complexo de palavras escritas que servem para uma manifestaccedilAo de vontade a casca exterior que encerra um pensamento o corpo de um conteuacutedo espiritual A missatildeo do inteacuterprete eacute justamente descobrir o conteuacuteshydo real da norma juriacutedica determinar em toda a plenishytude o seu valor ( ) reconstruir o pensamento legisshyativo

Para Hans Kelsen (1974) sendo a interpretaccedilatildeo a fixaccedilatildeo do sen tido da norma ela somente pode ser a moldura que representa oDireiacuteto a intershypretar e consequentemente o conhecimento das vaacuterias possibilidades que dentro desta moldura existem

3 O que jaacute traz a ideacuteia de que haveraacute mais de uma interpretaccedilatildeo possiacuteshyvel dependendo de cada um dos inteacuterpretes da norma

Neste ponto no entanto cessa a indagaccedillfo na aacuterea juriacutedica sobre essa figura intermediaacuteria o inteacuterprete que tem ao seu dispor tatildeo somente os meacutetodos de interpretaccedilatildeo por exemplo o meacutetodo histoacuterico-evolutivo quecirc vai examinar a lei a partir da eacutepoca em que foi elaborada quais as ideacuteias entatildeo predominantes os interesses agrave eacutepoca da feitura daquela determishynada lei os debates havidos etc para que possa estabelecer o seu significado e aplicaccedilatildeo a um caso concreto no presente

O que fica portanto por analisar para que dessa anaacutelise se possa extrair mais um elemento de apoio agrave tarefa interpretativa eacute a postura do proacuteprio inteacuterprete ele mesmo objeto de tndagaccedilatildeo ao proceder agravequela operaccedilatildeo

A indagaccedilatildeo de quais form~s ou modos de auto-conhecimento poderaacute ele utilizar-se para que a tarefa de busca dp significado da norma venha a I tapresentarmiddotse o quanto possiacutevel liberada das ~njunccedilotildees agrave que o proacuteprio inteacutershyprete estaacute condicionado no ato da interpretaccedilatildeo t

Ei

4 Anote-se a propoacutesito que os autores da aacuterea juriacutedica apontam duas

posturas possiacuteveis no ato interpretativo cada uma delas tendo os seus defenshy sores e que se caracterizam por ensinar que o inteacuterprete procurasse ou a ~ vontadedo legislador de quem elaborou a lei ou a vontade da proacutepria Hlet

No entanto a vontade do legislador do elaborador da norma natildeo pode ~ ser mais buscada ou encontrada feita a lei esta apresenta um conteuacutedo que representa uma vontade natildeo no sentido psicoloacutegico do termo mas conshy

fforme refere o m~smo Ferrara Im querido (voluto) um resultado um conteuacutedo espiritual que ao inteacuterprete cabe trazer a lume e desenvolver para

51

bull -ebullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbulle-gtLe_bullbull e bull e___e bullbullbullbullbullbullbull~bullbull bull emiddotbullbull bull bull bull ampt t abranger e resolver mesmo os casos natildeo previstos reconstruindo o sisteshyma do Direito diz ele aqui estaacute o nobile officium o nobre oficio da interpretaccedilatildeo

5 Pois bem para essa nobre e difiacuteciacutel tarefa necessaacuterio se torna ao inteacuterprete ter agrave sua disposiccedilatildeo variados instrumentos de trabalho quantos sejam eficazes para a soluccedilatildeo do caso concreto a soluccedilatildeo melhor para detershyminada hipoacutetese dentre vaacuterias alternativas muitas vezes

A primeira dificuldade vem do proacuteprio texto em si as palavras tecircm inevitavelmente mais de um sentido aquilo que representam o objeto e a sua representaccedilatildeo para o seu inteacuterprete

Sabemos que as palavras a Linguagem a Linguumliacutestica compotildeem uma aacuterea proacutepria de estudos e anaacutelise com desdobramentos e aprofundamentos niIo imaginados Michel Foucault (1966) mostra como a coerecircncia que exisshy

durante toda a idade claacutessica entre a teoria da representaccedilatildeo e as da linguagem ( ) esta configuraccedilatildeo ( ) a partir do seacuteculo XIX muda inteiramiddot mente a tcoria da representaccedilatildeo desaparece como fundamento geral de todas as ordens possiacuteveis a linguagem como quadro espontacircneo e quadriculado primeiro das coisas como intermediaacuterio indispensaacutevel entre a representaccedilatildeo e os seres desvanece-se por seu turno ( ) e sobretudo a linguagem perde o seu lugar privilegiado e torna-se por sua vez coerente com a espessura do seu pasado

6 Ademais do problema em si da proacutepria linguagem urna questatildeo permanece pouco estudada na aacuterea da interpretaccedilatildeo da lei a figura do inteacuterprete como dissemos ela mesma o canal da busca do significado para a soluccedilatildeo do caso que se tem em mlos

Aqui depara-se o campo feacutertil da Anaacutelise Transacional e outros insshytrumentos igualmente eficazes do auto-conhecimemto auxiliando a tarefa da interpretaccedilatildeo no seu todo Tomando um dos instrumentos da AT - os Estados do Ego pelo auto-conhecimento e identificaccedilatildeo daquele que se mostra preponderante no comportamento atraveacutes das praacuteticas da AT o inteacuterprete teraacute a noccedilatildeo clara da sua postura diante da norma juriacutedica a intershypretar se clara ou obscura se tazoaacutevelou natildeo se justa ou injusta se ideoloshygicamente dirigida enfim diante das circunstacircncias todas que cercam a norshyma e o caso o proacuteprio trabalho a realizar externas e interiores ao inteacuterprete este o sujeito da accedilatildeo tem em si o iniacutecio da soluccedilatildeo a partir daiacute comeccedila a tarefa da interpretaccedilatildeo

A Gordillo (1988) trata de forma excelente a obra interpretativa e nesta as etapas da decisatildeo criativa do caso em especial o nascimento e regisshytro das ideacuteias criativas quando aborda as funccedilotildees da linguagem (hemisfeacuterio esquerdo) e da criaccedilatildeo (hemisfeacuterio direito) bem como a interaccedilatildeo criativoshycriacutetica de ambos hemisfeacuterios cerebrais

Trata-se de uma colocaccedilio em que se identificam claramente os Estados Adultocirc e Crianccedila do Ego individual e todas as suas possibilidades elaborashy

tivas na accedilatildeo de interpretar e aplicar a lei seja a niacutevel propriamente juriacutedishyco ou lato senso as normas que regem as nossas vidas a existecircncia humana em sociedade as nossas leis interiores codificadas no Parenta

Pelo que podemos deduzir a fundamental importacircncia de instrumentos como eacute especialmente a Anaacutelise Transacional para esta aacuterea do conhecishymento humano que eacute o Direito a iniciar-se pelo inteacuterprete e aplicador da norma juriacutedica o advogado o juiz o mesmoelaborador da lei que vai reger a convivecircncia das pessoas na sociedade

Sumaacuterio - Objetiva-se estabelecer relaccedilatildeo direta eutre as teorias wmportashymentais (a At especificamente) e a ciecircncia do Direito pela figura do inteacutershyprete da lei A operaccedilatildeo interpretativa envolvendo a racionalidade e l intuiccedilatildeo socorridas da experiecircncia do Parental buscando o inteacuterprete pelo instrushymental da AT explicar a sua proacutepria postura diante da norma a interpreshytar e com isso a possibilidade de otimizaccedilatildeo do ato interpretativo com maior seguranccedila e certeza objetivos preciacutepuos do Direito

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53 52

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1

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CAPiacuteTULO VII A ANAacuteLISE TRANSACIONAL E O DIREITO

UMA REFLEXAtildeO SOBRE A PSICOLOGIA SOCIAL NA AREA JURIacuteDICA

MAIlIA (AIlLlA

A razatildeo esclarecida eacute a razaacuteo abspluta da autodeterminaccedilatildeo

(NielZSChe)

A ~utonomia do individuo figura como um alvo muitopreciso a sealcamiddot nccedilarmiddoteacuteonsiderando-se com Max Weber (e o profeta Ezequiel 18 24) que a responSabIlidade eacute pessoal e que um dos pontos mais especiacuteficos da Eacutetica ciecircncia da mom e esta como o conjunto das regras de conduta de detershyrriinado grupo humano para noacutes a eacutetica ocidental - culmina na questatildeo da responsabilidacle

Como se sabe Webcr elabora dililinccedilaacuteo cnlre eacutetica da covicccedilatildeo as questotildees de foro intimo (o partidaacuterio de tal eacutetica natildeo atribuiraacute a responsabi Udade ao agente mas ao mundo agrave tolice dos homens ou agrave vontade de Deus (IUC aiSlm criou os hOm(lls) ( a eacutetica da nrsponsabllidtlde (qU( Apcl vai denominar eacutetica da rcsponslbilJdade social) pela qual devcmos nsponder pelas previsiveis consequumlecircncias de nossos atos

E vem afirmar em certo momento a eacutetica da condcccedilatildeo e a eacutetica da responsabilidade natildeo se contrapotildeem mas se completam e em conlunto fprmam o homem autecircntico

~ lJIre-Docenre em Direilo do Estado pela PUC-SP Professora de Direito ConsIirudonaJ l e Dlieito Educacional da PUCmiddotSP Procuradora do Estado aposentada Ex-oonsultOra Jushy

riacutedica da USP Membro da CoSI - Comissatildeo de Bloeacutetlca do HCfNU5P do lAsP e do lBoc ~ Ciecircncta ti Poliacutetica duas vocaccedilotildees Satildeo Paulo Culuix 1993 p 113 e 55

3 Op cU p 22 refeacuterindo-se ao objelivo de sua conferecircncia jslO eacute um homem que pode aspirar 1 vocaccedilatildeo poliacutelicamiddot

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AsPECTOS PSICOLOacuteGICOS NA PuacutenCA]UlUacuteDJCA92

Ora para alcanccedilar essa plenitude de autenticidade e de responsabilidade toma-se necessaacuterio que o ser humano conte com as possibilidades da libershydade (e portanto de opccedilotildees de agir) e do conhecimento (acesso i educaccedilatildeo e agrave informaccedilatildeo)

1 A Psicologia Ciecircncia da Alma Objetiva conforme refere o dkionaacuterio comum o conhecimento dos fenocircshy

menos psiacutequicos e do comportamento o conjunto de estados e disposiccedilotildees psiacutequicas de ideacuteias de um indiyiacuteduo ou de um grupo de indiviacuteduos

Pode-se considerar a Psicologia portanto como o estudomiddot da conduta humana a partir do que Hesse denomina nossos haacutebitos mentaismiddot os quais conformam (e por vezes deformam) nossa compreensatildeo de noacutes mesmos e do mundo

A partir entatildeo das obras de Freud - especificamente no seu Esboccedilo de psicanaacutelise a mente e seufuncionamento esse estudo desenvolve-se em vaacuterias teorias da personalidade para explicar e esclarecer o comportamento humano nas suas muacuteltiplas inextrlcfveis e complexas configuraccedilotildees

2 A Anaacutelise Transacional Dentre esses desenvolvimentos teoacutericos e praacuteticos e apartir da Psicanilise

freudiana destaca-se a Anaacutelise Transacional proposta por Eric Beme em nushymerosas obras que oferece base teoacuterica e metodoloacutegica para atingimento desse desiderato da autodeterminaccedilatildeo em niacutevel pessoal pelos caminhos do autoconhecimento (potencialidades e limitaccedilotildees o micrltxosmo humano) e da comunicaccedilatildeo (a atuaCcedilatildeo do ser integrado fiacutesico e psiacutequico em relaccedilatildeo ao outro o mundo o macrocosmo)

J- podemos dizer edualCcedilatildeo da alma embora o homem tenha a qualishydad~ ~ta da 1llZlIo eacute certo que o grau de disCernimento varia muito de um para outro ser humano

A histoacuteria eacute antiga desde ~ more do conhecimento no jardim do Eacuteden - esse conflito interno da nanirezamiddothumana

4 ~ Koorad BscrItos de Derecho QmstitudQ1UUacute Madrid Centro de Estuacutedios Constishy

5 6

tucionaks 1983 p 44 Rio deJaOtildedro ~gQEditora 1975 p 1$ e ss ~~em~apia~ aulo Summus 1984 O que lbcecirc diz deshypois de dizItw 0141Sio Paulo Nobel 2007 e outros

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CAPIacuteTUlO VII - A ANAtildeusI TItNSACIONAL E o DIREml UMA REF1ExAtildeo SOBRE A PsICOLOGIA

tWwGiICIA

Sobre a aacutervore do conhecimento escrevenlnl Maturana e VICela citando aliaacutes o profeta Isaias Ampliacutea o espaccedilo de tua tcnda e nela estcndc teus tapetes pois haacutes de te locomover em todas as direccedilotildees 7

Eacute a amplitude da razatildeo e da consciecircncia definida pelo filoacutesofo Henri de Man como o conhecimento do Bem e do Mal

Explicam aqueles ciemistas a aacutervore edecircnica COmo o estudo cientiacutefico dos ~

processos que subjazem ao conhecimento E afirmam

O conhecimento compromete Compromete-nos a tomar urna atitude de permanente vigilacircnCia contra a tentaccedilatildeo da certeza a reconhecer que nossas certezas natildeo satildeo provas da verdade como se o mundo que cada um de noacutes vecirc fosse o mundo e natildeo um mundo que produzimos com OUlrQS Comprometeshynos porque ao saber que sabemos natildeo podemos negar o que sabemos O que conduz a uma eacutetica inescapaacutevel que natildeo podemos desprezar

Fssa constante vigilacircncia entendemos como um processo educacional pemlanente pelo qual analisamos o conhecimento do conhecimento - no caso o conhecimento do Eu

Essa a tarefa de propostas como a Anaacutelise TransacionaL

ACiecircncia do Direito cuida igualmente do comportamento humano meshydiante o estabelecimento de normas objetivando a conviVecircncia social Nessa finalidade delimita-se como eacute intuitivo com as aacutereas de ciecircncias congecircneres como a Sociologia a Antropologia a Poliacutetica a Psicologia e outraS

j Mais ainda assinala-se quanto ao Direito a sua inevitaacutevel imertextualishydade alcanccedilando outras aacutereas do conhecimento para analisar questotildees juridicas com o seu aporte necessaacuterio e amplificador de ideacuteias e conc~itos

3 A intertextualidadc do Direito Constitucional Aesse respeito sublinha Canotilho o direito constitucional eacute um tershy

texto aberto Deve muito a experiecircncias constitucionais nacionais e estrangeishy~ no seu espirito transporta ideacuteias de moacutesofos pensadores e politicos ~seus mitos pressupotildeem as profundidades dos arqueacutetipos enrai7ftdos dos povos a sua gravitaccedilatildeo eacute agora natildeo um singular movimento de rotaccedilatildeo em tomo de si mesmo mas sim um gesto de translaccedilatildeo perante outras galaacutexias do saber humanomiddot

middotmiddot7 A aacutervore do conbectmento As bases biolOacutegicas do conhecimento humano Campinas Psy 1995 p 262

8 Direito Constitucional e Teoria da Constituiccedilatildeo Coimbra Almedina 1998 p 15 I

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94 AsIEClOli PsICOLoacuteGICOS NA PllAacutenCAJulUacuteDICA

Nesse contexto Direito e Psicologia se correspondem ponanto sobretudo naquilo que Desse denomina a preacute-compreensatildeo do inteacuterprete

O Inteacuterprete natildeo pode captar o conteuacutedo da norma desde um ponto quase-arshyqulmeacutedko situado fora da existecircncia histoacuterica senatildeo unicamente desde a conshycreta situaccedilatildeo histoacuterica em que se encontra cuja plasmaccedilatildeo conformou seus haacutebitos mentais condicionando seus conhecimentos e seus preacute-juiacutezOS9

Exatamente para que o inteacuterprete possa compreender-se delimitando o que seja nele autecircntico e proacuteprio e o que lhe foi transmitido - para que possa

re-decldir agora e realizar opccedilotildees tem necessidade do autoconhecimento preacutevio da sua condiccedilatildeo psicologicamente consciente e esclarecida

I A Anaacutelise Transacional prevecirc conforme propusera Freud trecircs aacutereas do aparelho me8taJ ou uma anaacutelise estrutural segundo 8eme consubstanciando as fases existenciais da primeira infacircncia (o obscuro Id) a Arqueopsiquecirc ou Estado do Ego Crianccedila (na linguagem coloquial) a aacuterea de intenned4tccedilatildeo com o meio ambiente apreendendo os dados da realidade o Ego (Neopsiquecirc ou Estado de Ego Adu Ito) por fim a memoacuteria dos arquivos mentais tradicional e

~ ( cntica o Superego (Exteropsiquecirc ou Estado do Ego Pai) ressalvando-se desde

logo niio ocorrer correspondDnda direta de ambas teorias nos fenocircmenos descritqs sendo a citaccedilatildeo exemplificati~ em cadter meramente didaacutetico de

~ comprelnsatildeo pois PaJ Adulto e Crianccedila confonne explica 8emelO natildeo satildeo ~ i conceitos como Superego Ego e Id ou como os construtos junguianos mas

realidades fenomenoloacutegicas observaacuteveis portanto

4 O Inteacuterprete

o denominado operador do Direito ou Inteacuterprete teraacute assim os instrushymentos necessaacuterios pelos quais de imediato voltando-se para si mesmo possa por esses meios analisar suas condutas e linguagem postural ou verbal aproshy

~ ~i priando-se de experiecircndas pessoais e elaborar umacntica ou anaacutelise tendente

ao autoconhedmento e l autonomia

EVdentemente que O apoio psicoterapecircutico natildeo estaacute dispensado de formaalgwna aoconttIacuteirio se demonstra recomendaacuteveL Contudo Um p~eiro momento de esclaredmento dos p1eacute-conceitos e preacute-juiacutezos bem como das potencialidades individuais apresenta-se necessaacuterio e emergencial para ser complementado entatildeo num estudo mais aprofundado Isto eacute o que poderaacute

9 Direito Constitudonal e 100ria da Constituiccedilatildeo Coimbra A1medina 1998 10 AnaacuteJise Tnulsadonal em Psicoterapia Satildeo Paulo Summus 1984 p 23

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UacutePlTVw VII - A AacuteNAacuteUsE T~SACIONAL E o DIREITO UMA REFUXAtildeO SOlllU li PlocoWGIA 95

MAIUA G ~

i 1

proporcionar de imediato a Anaacutelise Transacional embora esta tcoria ofercccedila ela mesma e em sequumlecircncia o aprofundamento necessaacuterio

Conforme destaca Mira y loacutepezl1 Infelizmente o estado atual da cjecircncia psicoloacutegica natildeo pennlte utilizar seus conhecimentqs em todos os aspectos lt do direito e isso faz com que a psicologia juridica se encontre hoje limitada --determinados capiacutetulos e problemas legais referindo a psicologia do testemunho a obtenccedilatildeo da evidecircncia delituosa a compreensatildeo do delito a informaccedilatildeo forense a seu respeito a reforma moral do delinquumlente ou seja preponderantemente os aSfuctos fumais

12 ~ Mara Caffeacute traz o encontro entre essas duas aacutereas possiacuteveis de con-

filiar Psicanaacutelise e Direito com referecircncia agraves suas experiecircncias em Varas de Famiacutelia t

Contudo natildeo eacute o que visualizamos parece-nos que podendo ser qualquer ~ pessoa um inteacuterprete da lei regra de conduta humana sob diversificados jlSpcctos individuais e sociais essa figura como tal poderaacute ser analisada psishycologicamente na aacuterea juriacutedica puacuteblica ou privada civil ou penal e outras

A teoria e metodologia propostas por Eric Berne apresentam essa fundashyiacuten~ntaJ possibilidade de um primeiro passo em direccedilatildeo a si mesmo atraveacutes do jX)nIlecimento e praacutetica dos instrumentos possibilitadores da anaacutelise de condutas de si mesmo e de outrem - as transaccedilotildees unidades da comunicaccedilatildeo humana em especial a dcnominada poslccedilaacuteo existcncial numa relaccedilatildeo cumuro

Posiccedilatildeo existencial ou Psicoloacutegica ecircorresponde a um juiacutezo de valor a respeito de si mesmo e dos outros adotado na inlacircncia que poderaacute persistir

tJgtasicamente na idade adulta levando o Individuo a orientar-se por essa opinshyfinnada quando a informaccedilatildeo apresentava-se incompleta c precaacuteria para tomada de decisatildeo

Gandhi tem um pensamento que pode explicar essa circunstacircncia o que ptIlSamos passamos a ser

Trata-se no entanto de ~m conceito dinacircmico existe uma posiltatildeo exisshybaacutesica (realista projetiva introjetiva ou ~simista) e predominante

de equllibrio entre a Posiccedilatildeo Existencial (Imaginaacuteria) e a realidade um movimento pendular ~

A anaacutelise beClliana explica e desenvolve as quatro posiccedilotildees existenciais a partir dessa primeira decisatildeo prematura para estabilizar quanto

M4nuaJ de I$icologia]uriacutedica Campinas IZn Editora 2005 p 20 Psican4lise e Direito Satildeo Paulo Quartler latia 2003 I

bull bullbullbullbullbull bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 96 AsPlCIOS PSICOlOacuteGICOS NA lRAacuteTICA JURlDlCA

possfvel uma posiccedilatildeo realista e efetiva do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a si mesmo e ao mundo

Haveraacute portanto a oportunidadede uma re-decisatildeo quandoYenha a existir o conhecimento pleno da preacute-compreensatildeo que temos da relaccedilatildeo EUOutro - o mundo para uma compreensatildeo ou consciecircncia e portanto autenticidade e autonomia

5 Um Estudo Conjugado

Revela-se portanto a necessidade do estudo conjugado DireimPsicologia (Social) dado que ambos os ramos do conhecimento vinculam-se li anaacutelise do romportamento ou conduta do ser humano em todos os seus aspectos que envolwm a figura do inteacuterprete e a preacute-compreell$atildeo do inteacuterprete

ODireito eacute umdos fenocircmenos mais notaacuteveis na vida humana refere Teacutercio Sampaio FerrazJr13 Compreendecirc-lo eacute compreender uma parte de noacutes mesmos Eacute saber em pane porque obedecemos porque mandamos porque nos iridignashymos porque aspiramos mudar em nome de ideais porque em nome de ideais conservamos as coisas como estatildeo Ser livre eacute estar no direito e no entanto o direJfotambeacutemnos oprime e nos tira aliberdadePor isso compreendero direito natildeo eacute JUD empreendimento que se reduz facHmente a conceituaccedilotildees loacutegicas e racionalmente sistematizadas O encontro com o direito eacute diversificado agraves vezes conftitivo e incoerente agraves vezes linear e consequumlente ( )

i Por tudo isso o direito eacute um misteacuterio o misteacuterio do principio e do fim i da ~ilidade humana

Bem a ecircnfase da Psicologia Social encontra-se no estudo do comportashymento do Individuo no que ele eacute influenciado socialmente explica Silvia Iane 14 Isto acontece desde o nascimento talvez antes a histoacuteria do grupo ao qual pertence o que dlve ser apreendido as emoccedilotildeelgt resultantes o homcm cofIacutelccedil agente transfonnador etc

0 misteacuterio do Direito encontra-se nesse conviver humano a conduta hwnma poded serobjeto de duas anaacutelises que se complementam levando ao esnido conjugado dessas ~ diferentes que convergem para um soacute individuo realIacuteZando-se poresSe mOdo o desiderato do art 205 da Constituiccedilatildeo quandoindicaagraveeducaccedilatildeoo cometimentodo plenodesemolvimento da pessoa integrashy~ente racional e emocional para alcanccedilar o autoconhecimento e com este conto condiccedilatildeo para o exerciacutecio da cidadania e a qualificaccedilatildeo para o trabalho

13 JIIlrCItIuccediliiacuteo ao Estudo do Direito Satildeo Paulo Atlas 1994 p 21 J4 oque eacutePdcologla SocIal Satildeo Paulo BrasiUense 2001 p 8 e 55

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I -

crIacute11J1O VII - AANAacuteLISE TIWlSACIONAl E o DIREITO UMA Rlruxo S08IIE o PsIcotoGIA 97 lIIuIA GAIICL

O desenvolver integrativo (racionalemOCionai) conduz agrave autenticidade e consciecircncia o ltaminho da autonomia a filosofia bemiana

Aautonomia constitui-se por sua vez no pressuposto necessaacuterio agrave garanshytia de um juiacutezo esclarecido e justo - ao qual todos tecircm direito - e a PsicolOgia Social viraacute possibIDtar o conhecimento da preacute-compreensatildeo do inteacuterprete o

- seu universo particular o conhecimento liberta dai poder-se aguardar Seja alcanccedilado aquele desiderato

Verifica-se portamo que Direito c Isicologiacutea podem conconcr para o esclarecimento das complexidades da personalidade humana na sua inteireza para realizar-se a proacutepria razatildeo de ser do Direito o misteacuterio do princiacutepio e do fim da sociabilidade humana

Essa convivecircncia ou SOciabilidade demanda o que se Insiste reitcmr a autodeteminaccedilatildeo a necessaacuteria autonomia do ser humano para que vivecircncia e convivecircncia sejam fundamento da dignidade da pessoa humana porsi princiacutepio estruturante da comunidade mesma no sentido daquilo que eacute comum par_ ticipaccedilatildeo em comum

O indiviacuteduo - a pessoa humana representa a unidade intcoogradora desse todo e a sua consideraccedilatildeo em plenitude vem a verificar-se por ambas as ciecircncias da conduta humana Direito e Psicologia daiacute a indispensabilidade do seu estudo

~ ~~ ieacutellAtilde ~~

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Page 3: Bloco VI - Análise Transacional e o Direito

bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull I dora inventiva criadora a intuiccedilatildeo heuriacutestica distingue-se da intuishyccedilatildeo de evidecircncia - que apenas constata a veracidade do fato da ideacuteia ou do juiacutezo mas natildeo traz nenhum conhecimento novo

Mais adiante refere o citado autor que a intuiccedilatildeo se manifesta

tuando a loacutegica existente natildeo estaacute em condiccedilotildees de encontrara soluccedilatildeo A intuiccedilatildeo penetra no iacutentimo dos objetos e capta sua loacutegica interna a loacutegica da realidade O novo conhecimento descoberto pela intuiccedilatildeo vem enriquecer os conhecimentos jaacute existentes vem alarshygar os horizontes os limites da loacutegica existente

Tratando da natureza da intuiccedilatildeo Berne 4 distingue trecircs espeacuteshycies de julgamentos ou de atitudes diante da realidade dentre os quais os julgamentos que podem ser feitos com a ajuda de indiacutecios cuja formulaccedilatildeo ainda natildeo tenha se tornado clara ou que nunca venham a tornar-se conscientes mas que no entanto seriam baseamiddot dos em impressotildees sensoriais inclusive o olfato Isso pode ser um

( processo subconsciente primaacuterio refere e termina por definir inmiddot ) tuiccedilatildeo como o conhecimento baseado em experiecircncia e adquirido atraveacutes de contato sensorial com o sujeito sem que o intuidor seja

I capaz de formular para si proacuteprio ou para outros exatamente como I chegou agraves suas conclusotildees Ou em terminologia psicoloacutegica acresshy centa Ueacute o conhecimento baseado em experiecircncia e adquirido atramiddot

veacutes de funccedilotildees preacute-verbais inconscientes ou preacute-conscientes e atrashyveacutes de contato sensorial com o sujeito

Esta definiccedilatildeo esclarece ainda se aproxima de Jung que dizmiddot que intuiccedilatildeo eacute aquela funccedilatildeo psicoloacutegica que transmite percepccedilotildees de forma inconsciente

Por final referindo-se agrave psicodinacircmica da intuiccedilatildeo Berne cuida das condiccedilotildees internas que promovem ou interferem no funcionashymento do processo intuitivo - situando a cogniccedilatildeo intuitiva como um fenocircmeno arqueopsiacutequico do estado do ego Crianccedila Ia sua funshyccedilatildeo portanto eacute reprimida quando o estado de ego Adulto neopsiacuteshyquico predomina e eacute prejudicada quando o estado de ego Pai invade a liberdade do arqueopsiquismo Operacionalmente refere isto sigshynifica que ambos o pensamento loacutegico e o pensamento eacutetico preshy

judicam a eficiecircncia da intuiccedilatildeo

3 Em uma seacuterie de estudos sobre participaccedilatildeo Roque S Maciel de Barros 5 distingue duas liberdades a liberdade como indepenshy

4 Berne Eric Intuition and Ego States S Francisco TA Press 1977 5 In O Estado ae raulo 24-3-87 A separaccedilatildeo entre as duas liberdades observa acaba por colocar em perigo ou destruir a ambas

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decircncia (agir sem ser impedido por oullcm) e a liberdade como parshyticipaccedilatildeo (decidir sobre os destinos coletivos)

Distingue mais a respeito de participaccedilatildeo o ser parte que vai contra o valor individual proacuteprio e irrepetiacutevel pois no grande todo as partes se equivalem e portanto a parte natildeo eacute em si messhyma senatildeo como componente do todo e este eacute que eacute aparece signishyfica Todavia o ddxar de tomar parte este eacute o prejuiacutezo maior se natildeo tomarmos parte nas decisotildees poliacuteticas que nos dizem respeito como cidadatildeos corremos o risco de ver roubada a independecircncia de nossas accedilotildees como acontece frequumlentemente nas ditaduras e nos regimes autoritaacuterios

Como o indiviacuteduo e a participaccedilatildeo (nesse sentido de tomar parmiddot te) ao juiz e ao advogado ferramenteiros do Direito deve ser admishytida umaparticipaccedilatildeo em sua elaboraccedilatildeo o aporte de sua experiecircn cia natildeo dltve ser alijado da criaccedilatildeo do Direito O advogado o faz quando propotildee medidas novas ou novos enfoques a questotildees jaacute esmiddot tabelecidas ao juiz fundamentalmente ao Poder Judiciaacuterio eacute que devem ser criadas as condiccedilotildees possiacuteveis de colher essas propustas e trabalhaacute-las no sentido de elaborar normas que atendam agrave ideacuteia de Justiccedila ou entatildeu criar normas para esse mesmo objetivo dentro evidentemente de um quadro de referecircncias que eacute a proacutepria ordem juriacutedica e a sociedade para a qual vigora essa ordem juriacutedica

4 A aacuterea da ciecircncia juriacutedica tem apresentado aqui e ali conshyforme os sistemas c as doutrinas que compotildeem o seu ambiente sociocultural extrema resistecircncia agrave participaccedilatildeo c agrave cdatiivdade

Melhor colocando o Direito tem-se ressentido do predomiacutenio de certas colocaccedilotildees advindas do posilIacutevisll1o juriacutedico quI pressushypotildeem o juiz como mero aplicador da lei negando-lhe como ao adshyvogado a participaccedilatildeo pessoal e o exerciacutecio da criatividade na forshymaccedilatildeo do Direito

Natildeo eacute o que ocorre para exemplificar no sistema judiciaacuterio nOlshyte-americano e em alguns europeus ao decidir as demandas e aplishycar o direito legislado (aquele constante dos coacutedigos de leis) e natildeo legislado (o direito costumeiro) a Constituiccedilatildeo e a escala de normas infraconstitucionais criam de algum modo em certo grau e dentro de certos limites Direito

6 Linares op cit que refere a respeito do siskma juriacutedico norte-americano e tudo presidido por trecircs caracteriacutesticas que satildeo a coluna vertebral do sisteshyma a saber imensa confianccedila em juiacutezes inamoviacuteveis bem renumerados e indeshypendentes e com amplas atribuiccedilotildees processos raacutepidos e noccedilatildeo de uma instacircn cia espiritual que inspira corl-ige confirma e orienta o direito pOtildesiifvo

middot~~bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull Observa OUo Bachof 7 ter sido quase um credo juriacutedico que o

juiz deve limitar-se agrave aplicaccedilatildeo da lei mediante processos mentais estritamente loacutegicos e que deve abster-se de decisotildees arbitraacuterias proacuteprias que estaacute vinc4lado somente ao poder secular da justiccedila refletido na lei sem ter de representar nem praticar um poder soshycial proacuteprio Natildeo obstante resultaria ocioso conformar-se hoje ainda com tais ideacuteias ( ) o juiz sempre teve inclusive sob o imshypeacuterio de um positivismo juriacutedico riacutegido uma parte importante na criaccedilatildeo do Direito

5 O advogado e o JUIZ tecircm assim um papel exponencial na criaccedilatildeo do Direito tanto quanto o legislador que faz as leis a serem aplicadas

Nessa aplicaccedilatildeo diante do caso concreto (o que natildeo acontece com o legislador genericamente) o advogado e o juiz participam de um fenocircmeno extraordinaacuterio que eacute tornar a lei viva que eacute trazer a lei existente em abstrato ao mundo da realidade presente

O objetivo desse evento formidaacutevel eacute a realizaccedilatildeo da justiccedila O desejo de justiccedila diz Hans Kelsen8 eacute tatildeo elementar estaacute tatildeo

profundamente arraigado na mente humana porque eacute uma manifesshyta20 do indestrutiacutevel desejo do homem de alcanccedilar sua proacutepria fsectlicidagravede) subjetiva

-_ Para que possa existir um comprometimento pessoal na realishyzaccedilatildeo da justiccedila - qllase que como uma condicionante de que esta

( lJse realize efetivamente - envolvendo participaccedilatildeo e criatividade eacute v)) necessaacuterio de um lado que o sistema juriacutedico passe a absorver te o essas colocaccedilotildees e de outro lado eacute preciso que o advogado e o juiz -lmiddot tenham a conscientizaccedilatildeo dessa possibilidade Essa possibilidade exige aleacutem das garantias de inamovibilidade

de vitaliciedade e irredutibilidade de vencimentos (no caso do juiz) e das garantias constitucionais de liberdade de pensamento e de expressatildeo (geralmente consagradas ao advogado) dois pressupostos essenciais que satildeo a confianccedila a imensa confianccedila em juiacutezes bem remunerados e independentes e as amplas atribuiccedilotildees que lhes sejam reconhecidas conforme enfatiza Linares (nota 6 supra)

Recasens Siches 9 assinala que a funccedilatildeo judicial de que parti shycipam juiacutezes e advogados eacute sempre necessariamente criadora inshy

7 Jueces y constitucioacuteII Madrid Ed Civitas 1985 p 23 e segs 8 Las metamorfosis de la idea de justicia in El actual pensamiento juridico norteamericano op cit p 250 9 Nueva filosofiacutea de ta interpretacioacuten dei Derecho Meacutexico Ed Porrua 1973 p 251

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dispondo-se contra a concepccedilatildeo mecamca da funccedilatildeo judicial como um silogismo Assinala ainda aludindo agraves concepccedilotildees da Gestaltpsyshychologie que apesar de o juiz reger-se fundamentalmente pelas valoshyraccedilotildees estabelecidas na ordem juriacutedica positiva na lei tem de fazer valoraccedilotildees por sua proacutepria conta vislo que a ordem juriacutedica positishyva ou seja a legislaccedilatildeo natildeo conteacutem soluccedilotildees prontas para todas as perguntas que- surgem no processo judicial

Em outras palavras a lei natildeo pode prever todas as hipoacuteteses factiacuteveis na realidade social e esta eacute que deveraacute ser examinada pelo advogado e pelo juiz na anaacutelise e soluccedilatildeo do caso concreto

Pois bem Para a concretizaccedilatildeo desse objetivo eacute necessaacuterio pri mordialmente o concurso do homem eacute o ser humano que altera o social

O social influi sobre o indiviacuteduo A sociedade contudo compotildeeshyse de unidades individuais eacute a soma delas Entatildeo o indiviacuteduo pode alterar a sociedade e a forccedila somada das unidades que a compotildeem origina os fatores reais e efetivos de poder 10 existentes nessa sociedade

Quando trata de Os Caminhos da Vida o Argumento Rosa Krausz 11 alude agraves influecircncias externas que o ser humano recebe durante o decorrer de sua vida dentre as quais menciona a influecircnshycia do macrocosmo isto eacute das diretrizes culturais que determinam os padrotildees de comportamento esperados e fornecem uma gama de valores ideacuteias haacutebitos e tradiccedilotildees que compotildeem a heranccedila social dos membros de uma sociedade

Se nesse macrocosmo - tal como OCOlTe em nossa realidade soshycial - natildeo satildeo enfatizados os poderes criativos do estado de Ego Crianccedila temos como resultado a utilizaccedilatildeo parcial e incompleta das potencialidades do jurista como pessoa

A imaginaccedilatildeo a intuiccedilatildeo o entusiasmo a criatividade no munshydo do Direito ser-Ihe-atildeo vedados tornando-se difiacutecil chegar a um c~nsenso sobre as amplas possibilidades das atribuiccedilotildees de um juiz e a medida do poder criativo do advogado

Cabia portanto chegar ao jurista enquanto pessoa primacialshymente J por ele pela sua participaccedilatildeo pessoal que o sistema podeshyraacute ser alterado na consecuccedilatildeo da justiccedila - sua finalidade baacutesica e

10 Lassalle Ferdinand Que eacute uma constituiccedilatildeo Kairoacutes Editora 1985 Aludindo aos fatores reais e efetivos de poder que imperam na realidade social 11 AT nas organizaccedilotildees s J Ed Nobel 1982 p 142 e segs

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-- - _----- - superior Organizaccedilotildees e sociedade soacute mudam quando os seres humanos decidem mudar ressalta fundadamente Rosa Krausz 11

6 Anaacutelise Transacional oferece a base teoacuterica e metodoloacutegica que poderaacute represeptar o conduto desse desiderato a niacutevel pessoal pelos caminhos do autoconhecimento (limitaccedilotildees e potencialidades o microcosmo) e da comunicaccedilatildeo (a atuaccedilatildeo do ser integrado - Pai Adulto Crianccedila - em relaccedilatildeo ao meio o macrocosmo) bull

Tornava-se necessaacuterio portanto unir ou correlacionar a AT e o mundo do Direito Para isso estruturou-se um Curso Introdutoacuterio de Anaacutelise Transacional (l01) destinado especificamente aos profisshysionais da aacuterea juriacutedica cujo Moacutedulo 11 objetiva a aplicaccedilatildeo daqueshyles conhecimentos introdutoacuterios ou preliminares a niacutevel profissioshynal mediante a anaacutelise e debates das teorias juriacutedicas predominanshytes e atuais no Direito e daquelas que propugnam uma postura participativa e criativa do jurista com o estudo de casos especiacuteficos O relacionamento advogado-cliente o advogado nas audiecircncias jushydiciais o advogado-consultor de empresas etc O Moacutedulo 111 prevecirc grupos de estudos avanccedilados para temas especiais ainda dentro dessa aacuterea profissional Reciclag~m e treinamento

7 Com efeito ateacute o momento vecircm-se multiplicando os cursos seminaacuterios e encontros a niacutevel cliacutenico ou organizacional predomishynantemente cremos que faltava o endereccedilamento da Anaacutelise Transhysacional a determinadas aacutereas de formaccedilatildeo profissional de forma cientificamente estruturada eacute dizer efetuando-se a conciliaccedilatildeO enshytre as bases cientiacuteficas do Direito da Medicina da Engenharia da Odontologia etc e os fundamentos da AT no amplo espectro das teorias especiacuteficas e discussotildees cientiacuteficas de cada uma dessas aacutereas de conhecimento e da experiecircncia humanas

Seraacute importante para isso que em cada uma das aacutereas do conheshycimento venha a ser criada uma linha de interrelacionamento com a

Anaacutelise Transacional de tal fo rma que o profissional - como iacutendio viacuteduo e como teacutecnico - com ecircnfase nesse aspecto possa exercer sua atividade plenamente consciente natildeo somente de si mesmo Ce esse eacute o primeiroj)aacutessogtcomo lieacuteSsotildea e mais aleacutem como profissioshynal ou como cientista que ~plora e utiliza suas possibilidades de participaccedilatildeo e criatividade no desenvolvimento de sua profissatildeo e da aacuterea de conhecimento agrave qual se encontra relacionado

12 Op cit p 170

8 Participaccedilatildeo criCllividade iltlticcediliio satildeo processos Im desenshyvolvem as potencialidades c libenun o indiviacuteduo das restriccedilotildees e vedaccedilotildees agrave realizaccedilatildeo pessoa) e profissional encarecendo-se sempre que esses processos natildeo afastam a experiecircncia e a loacutegica apenas natildeo se deixam dominar exclusivamente por esses processos cognishytivos e vatildeo aleacutem para atigirem novos niacuteveis de conhecirnenlu e de concretizaccedilatildeo dos-- objetivos profissionais quais sejam Na hipoacutelcse sob exame a Anaacutelise Transagravecional para Advogados n~1 dos altos pmpoacutesuumlos da realizaccedilatildeo da J

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bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullL-______________

bull bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull A AT NA INTERPRETACcedilAO DAS LEIS

1 Haacute uma aacuterea do estudo da Ciecircncia Juriacutedica que se destina especialshymente agrave interpretaccedilatildeo da lei Todos sabemos que a norma juriacutedica a lei penal civil constitucional administrativa fiscal - demanda interpretaccedilatildeo a explicitaccedilatildeo do seu texto por mais sirilples que possa parecer a sua redaccedilatildeo pelas implicaccedilotildees dele decorrentes pelagrave sua vinculaccedilatildeo a outras normas ou regras dentro do mesmo sistema jurfdico pelas consequumlecircncias todas a niacutevel individual e social

A lei eacute feita para as pessoas para a sociedade na qual vai vigorar regushylando a convivecircncia comum sob a autoridade de um governo do Estado Elaborada pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional Assembleacuteias Legisshylativas Cacircmaras Municipais) composto de representantes do povo a ideacuteia eacute do povo fazendo leis para si mesmo e assim ordenando o conviacutevio social porquanto toda forma de agrupamento social exige regras de conduta que possibilitem agraves pessoas vivere~ em famiacutelia em grupo em sociedade - as vaacuterias etapas da convivecircncia socjal

As regras de convivecircncia apresentam assim gradaccedilotildees desde a regra moral ateacute a regra juriacutedica ou de Direito esta igualmente determinando formas de comportamento ou de conduta mas com uma caracteriacutestica espeshycial eacute dotada ou acompanhaacuteda de saniiatildeo isto eacute natildeo atendido o seu coshymando essa desobediecircncia implicaraacute uma penalidade prevista na proacutepria lei Exemplo deixar de pagaro Imposto Territorial e Predial a que a lei tributaacuteria obriga todo proprietacircrio de imoacutewl resultaraacute na sanccedilatildeo de multa e outros acreacutescimos como a correccedilatildeo monetaacuteria

2 Tudo isso exige uma interpretaccedilatildeo da lei Interpretaccedilatildeo de acordo com o dicionaacuterio significa exegese explicaccedilatildeo traduccedilatildeo esclarecimento e na Area propriamente juriacutediCa isto eacute na Area do Direito (conjunto de normas de convivecircncia social de caraacuteter obrigatoacuterio para todos) interpretar eacute buscar o sentido o significado da norma

Membro Diljata em formaccedilatildeo - Procuradora do Estado aposentada Assessora Juriacutedica da USP e professora de Direito Constitucional na PUC-SP

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Maria Garcia I l l 1 I

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Todas essas operaccedilotildees exigem um intermediacircrio o inteacuterprete da lei Francesco Ferrara (1978) assim explica esse fato

I

O texto da lei natildeo eacute mais do que um complexo de palavras escritas que servem para uma manifestaccedilAo de vontade a casca exterior que encerra um pensamento o corpo de um conteuacutedo espiritual A missatildeo do inteacuterprete eacute justamente descobrir o conteuacuteshydo real da norma juriacutedica determinar em toda a plenishytude o seu valor ( ) reconstruir o pensamento legisshyativo

Para Hans Kelsen (1974) sendo a interpretaccedilatildeo a fixaccedilatildeo do sen tido da norma ela somente pode ser a moldura que representa oDireiacuteto a intershypretar e consequentemente o conhecimento das vaacuterias possibilidades que dentro desta moldura existem

3 O que jaacute traz a ideacuteia de que haveraacute mais de uma interpretaccedilatildeo possiacuteshyvel dependendo de cada um dos inteacuterpretes da norma

Neste ponto no entanto cessa a indagaccedillfo na aacuterea juriacutedica sobre essa figura intermediaacuteria o inteacuterprete que tem ao seu dispor tatildeo somente os meacutetodos de interpretaccedilatildeo por exemplo o meacutetodo histoacuterico-evolutivo quecirc vai examinar a lei a partir da eacutepoca em que foi elaborada quais as ideacuteias entatildeo predominantes os interesses agrave eacutepoca da feitura daquela determishynada lei os debates havidos etc para que possa estabelecer o seu significado e aplicaccedilatildeo a um caso concreto no presente

O que fica portanto por analisar para que dessa anaacutelise se possa extrair mais um elemento de apoio agrave tarefa interpretativa eacute a postura do proacuteprio inteacuterprete ele mesmo objeto de tndagaccedilatildeo ao proceder agravequela operaccedilatildeo

A indagaccedilatildeo de quais form~s ou modos de auto-conhecimento poderaacute ele utilizar-se para que a tarefa de busca dp significado da norma venha a I tapresentarmiddotse o quanto possiacutevel liberada das ~njunccedilotildees agrave que o proacuteprio inteacutershyprete estaacute condicionado no ato da interpretaccedilatildeo t

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4 Anote-se a propoacutesito que os autores da aacuterea juriacutedica apontam duas

posturas possiacuteveis no ato interpretativo cada uma delas tendo os seus defenshy sores e que se caracterizam por ensinar que o inteacuterprete procurasse ou a ~ vontadedo legislador de quem elaborou a lei ou a vontade da proacutepria Hlet

No entanto a vontade do legislador do elaborador da norma natildeo pode ~ ser mais buscada ou encontrada feita a lei esta apresenta um conteuacutedo que representa uma vontade natildeo no sentido psicoloacutegico do termo mas conshy

fforme refere o m~smo Ferrara Im querido (voluto) um resultado um conteuacutedo espiritual que ao inteacuterprete cabe trazer a lume e desenvolver para

51

bull -ebullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbulle-gtLe_bullbull e bull e___e bullbullbullbullbullbullbull~bullbull bull emiddotbullbull bull bull bull ampt t abranger e resolver mesmo os casos natildeo previstos reconstruindo o sisteshyma do Direito diz ele aqui estaacute o nobile officium o nobre oficio da interpretaccedilatildeo

5 Pois bem para essa nobre e difiacuteciacutel tarefa necessaacuterio se torna ao inteacuterprete ter agrave sua disposiccedilatildeo variados instrumentos de trabalho quantos sejam eficazes para a soluccedilatildeo do caso concreto a soluccedilatildeo melhor para detershyminada hipoacutetese dentre vaacuterias alternativas muitas vezes

A primeira dificuldade vem do proacuteprio texto em si as palavras tecircm inevitavelmente mais de um sentido aquilo que representam o objeto e a sua representaccedilatildeo para o seu inteacuterprete

Sabemos que as palavras a Linguagem a Linguumliacutestica compotildeem uma aacuterea proacutepria de estudos e anaacutelise com desdobramentos e aprofundamentos niIo imaginados Michel Foucault (1966) mostra como a coerecircncia que exisshy

durante toda a idade claacutessica entre a teoria da representaccedilatildeo e as da linguagem ( ) esta configuraccedilatildeo ( ) a partir do seacuteculo XIX muda inteiramiddot mente a tcoria da representaccedilatildeo desaparece como fundamento geral de todas as ordens possiacuteveis a linguagem como quadro espontacircneo e quadriculado primeiro das coisas como intermediaacuterio indispensaacutevel entre a representaccedilatildeo e os seres desvanece-se por seu turno ( ) e sobretudo a linguagem perde o seu lugar privilegiado e torna-se por sua vez coerente com a espessura do seu pasado

6 Ademais do problema em si da proacutepria linguagem urna questatildeo permanece pouco estudada na aacuterea da interpretaccedilatildeo da lei a figura do inteacuterprete como dissemos ela mesma o canal da busca do significado para a soluccedilatildeo do caso que se tem em mlos

Aqui depara-se o campo feacutertil da Anaacutelise Transacional e outros insshytrumentos igualmente eficazes do auto-conhecimemto auxiliando a tarefa da interpretaccedilatildeo no seu todo Tomando um dos instrumentos da AT - os Estados do Ego pelo auto-conhecimento e identificaccedilatildeo daquele que se mostra preponderante no comportamento atraveacutes das praacuteticas da AT o inteacuterprete teraacute a noccedilatildeo clara da sua postura diante da norma juriacutedica a intershypretar se clara ou obscura se tazoaacutevelou natildeo se justa ou injusta se ideoloshygicamente dirigida enfim diante das circunstacircncias todas que cercam a norshyma e o caso o proacuteprio trabalho a realizar externas e interiores ao inteacuterprete este o sujeito da accedilatildeo tem em si o iniacutecio da soluccedilatildeo a partir daiacute comeccedila a tarefa da interpretaccedilatildeo

A Gordillo (1988) trata de forma excelente a obra interpretativa e nesta as etapas da decisatildeo criativa do caso em especial o nascimento e regisshytro das ideacuteias criativas quando aborda as funccedilotildees da linguagem (hemisfeacuterio esquerdo) e da criaccedilatildeo (hemisfeacuterio direito) bem como a interaccedilatildeo criativoshycriacutetica de ambos hemisfeacuterios cerebrais

Trata-se de uma colocaccedilio em que se identificam claramente os Estados Adultocirc e Crianccedila do Ego individual e todas as suas possibilidades elaborashy

tivas na accedilatildeo de interpretar e aplicar a lei seja a niacutevel propriamente juriacutedishyco ou lato senso as normas que regem as nossas vidas a existecircncia humana em sociedade as nossas leis interiores codificadas no Parenta

Pelo que podemos deduzir a fundamental importacircncia de instrumentos como eacute especialmente a Anaacutelise Transacional para esta aacuterea do conhecishymento humano que eacute o Direito a iniciar-se pelo inteacuterprete e aplicador da norma juriacutedica o advogado o juiz o mesmoelaborador da lei que vai reger a convivecircncia das pessoas na sociedade

Sumaacuterio - Objetiva-se estabelecer relaccedilatildeo direta eutre as teorias wmportashymentais (a At especificamente) e a ciecircncia do Direito pela figura do inteacutershyprete da lei A operaccedilatildeo interpretativa envolvendo a racionalidade e l intuiccedilatildeo socorridas da experiecircncia do Parental buscando o inteacuterprete pelo instrushymental da AT explicar a sua proacutepria postura diante da norma a interpreshytar e com isso a possibilidade de otimizaccedilatildeo do ato interpretativo com maior seguranccedila e certeza objetivos preciacutepuos do Direito

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I FRANCcedilA Ana Cristina Umongi RODIUGUES Avelino Luiz Stress e Trabalho uma abordagem psicossomaacutetica Satildeo Paulo Atlas 2002

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ZIMtuwAN David E Fundamentos Psicanaliticos Teoria teacutecnica e cliacutenica Porto Alegre Artmed 2006 2a ediccedilatildeo

~bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 4

1

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CAPiacuteTULO VII A ANAacuteLISE TRANSACIONAL E O DIREITO

UMA REFLEXAtildeO SOBRE A PSICOLOGIA SOCIAL NA AREA JURIacuteDICA

MAIlIA (AIlLlA

A razatildeo esclarecida eacute a razaacuteo abspluta da autodeterminaccedilatildeo

(NielZSChe)

A ~utonomia do individuo figura como um alvo muitopreciso a sealcamiddot nccedilarmiddoteacuteonsiderando-se com Max Weber (e o profeta Ezequiel 18 24) que a responSabIlidade eacute pessoal e que um dos pontos mais especiacuteficos da Eacutetica ciecircncia da mom e esta como o conjunto das regras de conduta de detershyrriinado grupo humano para noacutes a eacutetica ocidental - culmina na questatildeo da responsabilidacle

Como se sabe Webcr elabora dililinccedilaacuteo cnlre eacutetica da covicccedilatildeo as questotildees de foro intimo (o partidaacuterio de tal eacutetica natildeo atribuiraacute a responsabi Udade ao agente mas ao mundo agrave tolice dos homens ou agrave vontade de Deus (IUC aiSlm criou os hOm(lls) ( a eacutetica da nrsponsabllidtlde (qU( Apcl vai denominar eacutetica da rcsponslbilJdade social) pela qual devcmos nsponder pelas previsiveis consequumlecircncias de nossos atos

E vem afirmar em certo momento a eacutetica da condcccedilatildeo e a eacutetica da responsabilidade natildeo se contrapotildeem mas se completam e em conlunto fprmam o homem autecircntico

~ lJIre-Docenre em Direilo do Estado pela PUC-SP Professora de Direito ConsIirudonaJ l e Dlieito Educacional da PUCmiddotSP Procuradora do Estado aposentada Ex-oonsultOra Jushy

riacutedica da USP Membro da CoSI - Comissatildeo de Bloeacutetlca do HCfNU5P do lAsP e do lBoc ~ Ciecircncta ti Poliacutetica duas vocaccedilotildees Satildeo Paulo Culuix 1993 p 113 e 55

3 Op cU p 22 refeacuterindo-se ao objelivo de sua conferecircncia jslO eacute um homem que pode aspirar 1 vocaccedilatildeo poliacutelicamiddot

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AsPECTOS PSICOLOacuteGICOS NA PuacutenCA]UlUacuteDJCA92

Ora para alcanccedilar essa plenitude de autenticidade e de responsabilidade toma-se necessaacuterio que o ser humano conte com as possibilidades da libershydade (e portanto de opccedilotildees de agir) e do conhecimento (acesso i educaccedilatildeo e agrave informaccedilatildeo)

1 A Psicologia Ciecircncia da Alma Objetiva conforme refere o dkionaacuterio comum o conhecimento dos fenocircshy

menos psiacutequicos e do comportamento o conjunto de estados e disposiccedilotildees psiacutequicas de ideacuteias de um indiyiacuteduo ou de um grupo de indiviacuteduos

Pode-se considerar a Psicologia portanto como o estudomiddot da conduta humana a partir do que Hesse denomina nossos haacutebitos mentaismiddot os quais conformam (e por vezes deformam) nossa compreensatildeo de noacutes mesmos e do mundo

A partir entatildeo das obras de Freud - especificamente no seu Esboccedilo de psicanaacutelise a mente e seufuncionamento esse estudo desenvolve-se em vaacuterias teorias da personalidade para explicar e esclarecer o comportamento humano nas suas muacuteltiplas inextrlcfveis e complexas configuraccedilotildees

2 A Anaacutelise Transacional Dentre esses desenvolvimentos teoacutericos e praacuteticos e apartir da Psicanilise

freudiana destaca-se a Anaacutelise Transacional proposta por Eric Beme em nushymerosas obras que oferece base teoacuterica e metodoloacutegica para atingimento desse desiderato da autodeterminaccedilatildeo em niacutevel pessoal pelos caminhos do autoconhecimento (potencialidades e limitaccedilotildees o micrltxosmo humano) e da comunicaccedilatildeo (a atuaCcedilatildeo do ser integrado fiacutesico e psiacutequico em relaccedilatildeo ao outro o mundo o macrocosmo)

J- podemos dizer edualCcedilatildeo da alma embora o homem tenha a qualishydad~ ~ta da 1llZlIo eacute certo que o grau de disCernimento varia muito de um para outro ser humano

A histoacuteria eacute antiga desde ~ more do conhecimento no jardim do Eacuteden - esse conflito interno da nanirezamiddothumana

4 ~ Koorad BscrItos de Derecho QmstitudQ1UUacute Madrid Centro de Estuacutedios Constishy

5 6

tucionaks 1983 p 44 Rio deJaOtildedro ~gQEditora 1975 p 1$ e ss ~~em~apia~ aulo Summus 1984 O que lbcecirc diz deshypois de dizItw 0141Sio Paulo Nobel 2007 e outros

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CAPIacuteTUlO VII - A ANAtildeusI TItNSACIONAL E o DIREml UMA REF1ExAtildeo SOBRE A PsICOLOGIA

tWwGiICIA

Sobre a aacutervore do conhecimento escrevenlnl Maturana e VICela citando aliaacutes o profeta Isaias Ampliacutea o espaccedilo de tua tcnda e nela estcndc teus tapetes pois haacutes de te locomover em todas as direccedilotildees 7

Eacute a amplitude da razatildeo e da consciecircncia definida pelo filoacutesofo Henri de Man como o conhecimento do Bem e do Mal

Explicam aqueles ciemistas a aacutervore edecircnica COmo o estudo cientiacutefico dos ~

processos que subjazem ao conhecimento E afirmam

O conhecimento compromete Compromete-nos a tomar urna atitude de permanente vigilacircnCia contra a tentaccedilatildeo da certeza a reconhecer que nossas certezas natildeo satildeo provas da verdade como se o mundo que cada um de noacutes vecirc fosse o mundo e natildeo um mundo que produzimos com OUlrQS Comprometeshynos porque ao saber que sabemos natildeo podemos negar o que sabemos O que conduz a uma eacutetica inescapaacutevel que natildeo podemos desprezar

Fssa constante vigilacircncia entendemos como um processo educacional pemlanente pelo qual analisamos o conhecimento do conhecimento - no caso o conhecimento do Eu

Essa a tarefa de propostas como a Anaacutelise TransacionaL

ACiecircncia do Direito cuida igualmente do comportamento humano meshydiante o estabelecimento de normas objetivando a conviVecircncia social Nessa finalidade delimita-se como eacute intuitivo com as aacutereas de ciecircncias congecircneres como a Sociologia a Antropologia a Poliacutetica a Psicologia e outraS

j Mais ainda assinala-se quanto ao Direito a sua inevitaacutevel imertextualishydade alcanccedilando outras aacutereas do conhecimento para analisar questotildees juridicas com o seu aporte necessaacuterio e amplificador de ideacuteias e conc~itos

3 A intertextualidadc do Direito Constitucional Aesse respeito sublinha Canotilho o direito constitucional eacute um tershy

texto aberto Deve muito a experiecircncias constitucionais nacionais e estrangeishy~ no seu espirito transporta ideacuteias de moacutesofos pensadores e politicos ~seus mitos pressupotildeem as profundidades dos arqueacutetipos enrai7ftdos dos povos a sua gravitaccedilatildeo eacute agora natildeo um singular movimento de rotaccedilatildeo em tomo de si mesmo mas sim um gesto de translaccedilatildeo perante outras galaacutexias do saber humanomiddot

middotmiddot7 A aacutervore do conbectmento As bases biolOacutegicas do conhecimento humano Campinas Psy 1995 p 262

8 Direito Constitucional e Teoria da Constituiccedilatildeo Coimbra Almedina 1998 p 15 I

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94 AsIEClOli PsICOLoacuteGICOS NA PllAacutenCAJulUacuteDICA

Nesse contexto Direito e Psicologia se correspondem ponanto sobretudo naquilo que Desse denomina a preacute-compreensatildeo do inteacuterprete

O Inteacuterprete natildeo pode captar o conteuacutedo da norma desde um ponto quase-arshyqulmeacutedko situado fora da existecircncia histoacuterica senatildeo unicamente desde a conshycreta situaccedilatildeo histoacuterica em que se encontra cuja plasmaccedilatildeo conformou seus haacutebitos mentais condicionando seus conhecimentos e seus preacute-juiacutezOS9

Exatamente para que o inteacuterprete possa compreender-se delimitando o que seja nele autecircntico e proacuteprio e o que lhe foi transmitido - para que possa

re-decldir agora e realizar opccedilotildees tem necessidade do autoconhecimento preacutevio da sua condiccedilatildeo psicologicamente consciente e esclarecida

I A Anaacutelise Transacional prevecirc conforme propusera Freud trecircs aacutereas do aparelho me8taJ ou uma anaacutelise estrutural segundo 8eme consubstanciando as fases existenciais da primeira infacircncia (o obscuro Id) a Arqueopsiquecirc ou Estado do Ego Crianccedila (na linguagem coloquial) a aacuterea de intenned4tccedilatildeo com o meio ambiente apreendendo os dados da realidade o Ego (Neopsiquecirc ou Estado de Ego Adu Ito) por fim a memoacuteria dos arquivos mentais tradicional e

~ ( cntica o Superego (Exteropsiquecirc ou Estado do Ego Pai) ressalvando-se desde

logo niio ocorrer correspondDnda direta de ambas teorias nos fenocircmenos descritqs sendo a citaccedilatildeo exemplificati~ em cadter meramente didaacutetico de

~ comprelnsatildeo pois PaJ Adulto e Crianccedila confonne explica 8emelO natildeo satildeo ~ i conceitos como Superego Ego e Id ou como os construtos junguianos mas

realidades fenomenoloacutegicas observaacuteveis portanto

4 O Inteacuterprete

o denominado operador do Direito ou Inteacuterprete teraacute assim os instrushymentos necessaacuterios pelos quais de imediato voltando-se para si mesmo possa por esses meios analisar suas condutas e linguagem postural ou verbal aproshy

~ ~i priando-se de experiecircndas pessoais e elaborar umacntica ou anaacutelise tendente

ao autoconhedmento e l autonomia

EVdentemente que O apoio psicoterapecircutico natildeo estaacute dispensado de formaalgwna aoconttIacuteirio se demonstra recomendaacuteveL Contudo Um p~eiro momento de esclaredmento dos p1eacute-conceitos e preacute-juiacutezos bem como das potencialidades individuais apresenta-se necessaacuterio e emergencial para ser complementado entatildeo num estudo mais aprofundado Isto eacute o que poderaacute

9 Direito Constitudonal e 100ria da Constituiccedilatildeo Coimbra A1medina 1998 10 AnaacuteJise Tnulsadonal em Psicoterapia Satildeo Paulo Summus 1984 p 23

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UacutePlTVw VII - A AacuteNAacuteUsE T~SACIONAL E o DIREITO UMA REFUXAtildeO SOlllU li PlocoWGIA 95

MAIUA G ~

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proporcionar de imediato a Anaacutelise Transacional embora esta tcoria ofercccedila ela mesma e em sequumlecircncia o aprofundamento necessaacuterio

Conforme destaca Mira y loacutepezl1 Infelizmente o estado atual da cjecircncia psicoloacutegica natildeo pennlte utilizar seus conhecimentqs em todos os aspectos lt do direito e isso faz com que a psicologia juridica se encontre hoje limitada --determinados capiacutetulos e problemas legais referindo a psicologia do testemunho a obtenccedilatildeo da evidecircncia delituosa a compreensatildeo do delito a informaccedilatildeo forense a seu respeito a reforma moral do delinquumlente ou seja preponderantemente os aSfuctos fumais

12 ~ Mara Caffeacute traz o encontro entre essas duas aacutereas possiacuteveis de con-

filiar Psicanaacutelise e Direito com referecircncia agraves suas experiecircncias em Varas de Famiacutelia t

Contudo natildeo eacute o que visualizamos parece-nos que podendo ser qualquer ~ pessoa um inteacuterprete da lei regra de conduta humana sob diversificados jlSpcctos individuais e sociais essa figura como tal poderaacute ser analisada psishycologicamente na aacuterea juriacutedica puacuteblica ou privada civil ou penal e outras

A teoria e metodologia propostas por Eric Berne apresentam essa fundashyiacuten~ntaJ possibilidade de um primeiro passo em direccedilatildeo a si mesmo atraveacutes do jX)nIlecimento e praacutetica dos instrumentos possibilitadores da anaacutelise de condutas de si mesmo e de outrem - as transaccedilotildees unidades da comunicaccedilatildeo humana em especial a dcnominada poslccedilaacuteo existcncial numa relaccedilatildeo cumuro

Posiccedilatildeo existencial ou Psicoloacutegica ecircorresponde a um juiacutezo de valor a respeito de si mesmo e dos outros adotado na inlacircncia que poderaacute persistir

tJgtasicamente na idade adulta levando o Individuo a orientar-se por essa opinshyfinnada quando a informaccedilatildeo apresentava-se incompleta c precaacuteria para tomada de decisatildeo

Gandhi tem um pensamento que pode explicar essa circunstacircncia o que ptIlSamos passamos a ser

Trata-se no entanto de ~m conceito dinacircmico existe uma posiltatildeo exisshybaacutesica (realista projetiva introjetiva ou ~simista) e predominante

de equllibrio entre a Posiccedilatildeo Existencial (Imaginaacuteria) e a realidade um movimento pendular ~

A anaacutelise beClliana explica e desenvolve as quatro posiccedilotildees existenciais a partir dessa primeira decisatildeo prematura para estabilizar quanto

M4nuaJ de I$icologia]uriacutedica Campinas IZn Editora 2005 p 20 Psican4lise e Direito Satildeo Paulo Quartler latia 2003 I

bull bullbullbullbullbull bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 96 AsPlCIOS PSICOlOacuteGICOS NA lRAacuteTICA JURlDlCA

possfvel uma posiccedilatildeo realista e efetiva do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a si mesmo e ao mundo

Haveraacute portanto a oportunidadede uma re-decisatildeo quandoYenha a existir o conhecimento pleno da preacute-compreensatildeo que temos da relaccedilatildeo EUOutro - o mundo para uma compreensatildeo ou consciecircncia e portanto autenticidade e autonomia

5 Um Estudo Conjugado

Revela-se portanto a necessidade do estudo conjugado DireimPsicologia (Social) dado que ambos os ramos do conhecimento vinculam-se li anaacutelise do romportamento ou conduta do ser humano em todos os seus aspectos que envolwm a figura do inteacuterprete e a preacute-compreell$atildeo do inteacuterprete

ODireito eacute umdos fenocircmenos mais notaacuteveis na vida humana refere Teacutercio Sampaio FerrazJr13 Compreendecirc-lo eacute compreender uma parte de noacutes mesmos Eacute saber em pane porque obedecemos porque mandamos porque nos iridignashymos porque aspiramos mudar em nome de ideais porque em nome de ideais conservamos as coisas como estatildeo Ser livre eacute estar no direito e no entanto o direJfotambeacutemnos oprime e nos tira aliberdadePor isso compreendero direito natildeo eacute JUD empreendimento que se reduz facHmente a conceituaccedilotildees loacutegicas e racionalmente sistematizadas O encontro com o direito eacute diversificado agraves vezes conftitivo e incoerente agraves vezes linear e consequumlente ( )

i Por tudo isso o direito eacute um misteacuterio o misteacuterio do principio e do fim i da ~ilidade humana

Bem a ecircnfase da Psicologia Social encontra-se no estudo do comportashymento do Individuo no que ele eacute influenciado socialmente explica Silvia Iane 14 Isto acontece desde o nascimento talvez antes a histoacuteria do grupo ao qual pertence o que dlve ser apreendido as emoccedilotildeelgt resultantes o homcm cofIacutelccedil agente transfonnador etc

0 misteacuterio do Direito encontra-se nesse conviver humano a conduta hwnma poded serobjeto de duas anaacutelises que se complementam levando ao esnido conjugado dessas ~ diferentes que convergem para um soacute individuo realIacuteZando-se poresSe mOdo o desiderato do art 205 da Constituiccedilatildeo quandoindicaagraveeducaccedilatildeoo cometimentodo plenodesemolvimento da pessoa integrashy~ente racional e emocional para alcanccedilar o autoconhecimento e com este conto condiccedilatildeo para o exerciacutecio da cidadania e a qualificaccedilatildeo para o trabalho

13 JIIlrCItIuccediliiacuteo ao Estudo do Direito Satildeo Paulo Atlas 1994 p 21 J4 oque eacutePdcologla SocIal Satildeo Paulo BrasiUense 2001 p 8 e 55

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I -

crIacute11J1O VII - AANAacuteLISE TIWlSACIONAl E o DIREITO UMA Rlruxo S08IIE o PsIcotoGIA 97 lIIuIA GAIICL

O desenvolver integrativo (racionalemOCionai) conduz agrave autenticidade e consciecircncia o ltaminho da autonomia a filosofia bemiana

Aautonomia constitui-se por sua vez no pressuposto necessaacuterio agrave garanshytia de um juiacutezo esclarecido e justo - ao qual todos tecircm direito - e a PsicolOgia Social viraacute possibIDtar o conhecimento da preacute-compreensatildeo do inteacuterprete o

- seu universo particular o conhecimento liberta dai poder-se aguardar Seja alcanccedilado aquele desiderato

Verifica-se portamo que Direito c Isicologiacutea podem conconcr para o esclarecimento das complexidades da personalidade humana na sua inteireza para realizar-se a proacutepria razatildeo de ser do Direito o misteacuterio do princiacutepio e do fim da sociabilidade humana

Essa convivecircncia ou SOciabilidade demanda o que se Insiste reitcmr a autodeteminaccedilatildeo a necessaacuteria autonomia do ser humano para que vivecircncia e convivecircncia sejam fundamento da dignidade da pessoa humana porsi princiacutepio estruturante da comunidade mesma no sentido daquilo que eacute comum par_ ticipaccedilatildeo em comum

O indiviacuteduo - a pessoa humana representa a unidade intcoogradora desse todo e a sua consideraccedilatildeo em plenitude vem a verificar-se por ambas as ciecircncias da conduta humana Direito e Psicologia daiacute a indispensabilidade do seu estudo

~ ~~ ieacutellAtilde ~~

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Page 4: Bloco VI - Análise Transacional e o Direito

middot~~bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull Observa OUo Bachof 7 ter sido quase um credo juriacutedico que o

juiz deve limitar-se agrave aplicaccedilatildeo da lei mediante processos mentais estritamente loacutegicos e que deve abster-se de decisotildees arbitraacuterias proacuteprias que estaacute vinc4lado somente ao poder secular da justiccedila refletido na lei sem ter de representar nem praticar um poder soshycial proacuteprio Natildeo obstante resultaria ocioso conformar-se hoje ainda com tais ideacuteias ( ) o juiz sempre teve inclusive sob o imshypeacuterio de um positivismo juriacutedico riacutegido uma parte importante na criaccedilatildeo do Direito

5 O advogado e o JUIZ tecircm assim um papel exponencial na criaccedilatildeo do Direito tanto quanto o legislador que faz as leis a serem aplicadas

Nessa aplicaccedilatildeo diante do caso concreto (o que natildeo acontece com o legislador genericamente) o advogado e o juiz participam de um fenocircmeno extraordinaacuterio que eacute tornar a lei viva que eacute trazer a lei existente em abstrato ao mundo da realidade presente

O objetivo desse evento formidaacutevel eacute a realizaccedilatildeo da justiccedila O desejo de justiccedila diz Hans Kelsen8 eacute tatildeo elementar estaacute tatildeo

profundamente arraigado na mente humana porque eacute uma manifesshyta20 do indestrutiacutevel desejo do homem de alcanccedilar sua proacutepria fsectlicidagravede) subjetiva

-_ Para que possa existir um comprometimento pessoal na realishyzaccedilatildeo da justiccedila - qllase que como uma condicionante de que esta

( lJse realize efetivamente - envolvendo participaccedilatildeo e criatividade eacute v)) necessaacuterio de um lado que o sistema juriacutedico passe a absorver te o essas colocaccedilotildees e de outro lado eacute preciso que o advogado e o juiz -lmiddot tenham a conscientizaccedilatildeo dessa possibilidade Essa possibilidade exige aleacutem das garantias de inamovibilidade

de vitaliciedade e irredutibilidade de vencimentos (no caso do juiz) e das garantias constitucionais de liberdade de pensamento e de expressatildeo (geralmente consagradas ao advogado) dois pressupostos essenciais que satildeo a confianccedila a imensa confianccedila em juiacutezes bem remunerados e independentes e as amplas atribuiccedilotildees que lhes sejam reconhecidas conforme enfatiza Linares (nota 6 supra)

Recasens Siches 9 assinala que a funccedilatildeo judicial de que parti shycipam juiacutezes e advogados eacute sempre necessariamente criadora inshy

7 Jueces y constitucioacuteII Madrid Ed Civitas 1985 p 23 e segs 8 Las metamorfosis de la idea de justicia in El actual pensamiento juridico norteamericano op cit p 250 9 Nueva filosofiacutea de ta interpretacioacuten dei Derecho Meacutexico Ed Porrua 1973 p 251

nn

dispondo-se contra a concepccedilatildeo mecamca da funccedilatildeo judicial como um silogismo Assinala ainda aludindo agraves concepccedilotildees da Gestaltpsyshychologie que apesar de o juiz reger-se fundamentalmente pelas valoshyraccedilotildees estabelecidas na ordem juriacutedica positiva na lei tem de fazer valoraccedilotildees por sua proacutepria conta vislo que a ordem juriacutedica positishyva ou seja a legislaccedilatildeo natildeo conteacutem soluccedilotildees prontas para todas as perguntas que- surgem no processo judicial

Em outras palavras a lei natildeo pode prever todas as hipoacuteteses factiacuteveis na realidade social e esta eacute que deveraacute ser examinada pelo advogado e pelo juiz na anaacutelise e soluccedilatildeo do caso concreto

Pois bem Para a concretizaccedilatildeo desse objetivo eacute necessaacuterio pri mordialmente o concurso do homem eacute o ser humano que altera o social

O social influi sobre o indiviacuteduo A sociedade contudo compotildeeshyse de unidades individuais eacute a soma delas Entatildeo o indiviacuteduo pode alterar a sociedade e a forccedila somada das unidades que a compotildeem origina os fatores reais e efetivos de poder 10 existentes nessa sociedade

Quando trata de Os Caminhos da Vida o Argumento Rosa Krausz 11 alude agraves influecircncias externas que o ser humano recebe durante o decorrer de sua vida dentre as quais menciona a influecircnshycia do macrocosmo isto eacute das diretrizes culturais que determinam os padrotildees de comportamento esperados e fornecem uma gama de valores ideacuteias haacutebitos e tradiccedilotildees que compotildeem a heranccedila social dos membros de uma sociedade

Se nesse macrocosmo - tal como OCOlTe em nossa realidade soshycial - natildeo satildeo enfatizados os poderes criativos do estado de Ego Crianccedila temos como resultado a utilizaccedilatildeo parcial e incompleta das potencialidades do jurista como pessoa

A imaginaccedilatildeo a intuiccedilatildeo o entusiasmo a criatividade no munshydo do Direito ser-Ihe-atildeo vedados tornando-se difiacutecil chegar a um c~nsenso sobre as amplas possibilidades das atribuiccedilotildees de um juiz e a medida do poder criativo do advogado

Cabia portanto chegar ao jurista enquanto pessoa primacialshymente J por ele pela sua participaccedilatildeo pessoal que o sistema podeshyraacute ser alterado na consecuccedilatildeo da justiccedila - sua finalidade baacutesica e

10 Lassalle Ferdinand Que eacute uma constituiccedilatildeo Kairoacutes Editora 1985 Aludindo aos fatores reais e efetivos de poder que imperam na realidade social 11 AT nas organizaccedilotildees s J Ed Nobel 1982 p 142 e segs

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-- - _----- - superior Organizaccedilotildees e sociedade soacute mudam quando os seres humanos decidem mudar ressalta fundadamente Rosa Krausz 11

6 Anaacutelise Transacional oferece a base teoacuterica e metodoloacutegica que poderaacute represeptar o conduto desse desiderato a niacutevel pessoal pelos caminhos do autoconhecimento (limitaccedilotildees e potencialidades o microcosmo) e da comunicaccedilatildeo (a atuaccedilatildeo do ser integrado - Pai Adulto Crianccedila - em relaccedilatildeo ao meio o macrocosmo) bull

Tornava-se necessaacuterio portanto unir ou correlacionar a AT e o mundo do Direito Para isso estruturou-se um Curso Introdutoacuterio de Anaacutelise Transacional (l01) destinado especificamente aos profisshysionais da aacuterea juriacutedica cujo Moacutedulo 11 objetiva a aplicaccedilatildeo daqueshyles conhecimentos introdutoacuterios ou preliminares a niacutevel profissioshynal mediante a anaacutelise e debates das teorias juriacutedicas predominanshytes e atuais no Direito e daquelas que propugnam uma postura participativa e criativa do jurista com o estudo de casos especiacuteficos O relacionamento advogado-cliente o advogado nas audiecircncias jushydiciais o advogado-consultor de empresas etc O Moacutedulo 111 prevecirc grupos de estudos avanccedilados para temas especiais ainda dentro dessa aacuterea profissional Reciclag~m e treinamento

7 Com efeito ateacute o momento vecircm-se multiplicando os cursos seminaacuterios e encontros a niacutevel cliacutenico ou organizacional predomishynantemente cremos que faltava o endereccedilamento da Anaacutelise Transhysacional a determinadas aacutereas de formaccedilatildeo profissional de forma cientificamente estruturada eacute dizer efetuando-se a conciliaccedilatildeO enshytre as bases cientiacuteficas do Direito da Medicina da Engenharia da Odontologia etc e os fundamentos da AT no amplo espectro das teorias especiacuteficas e discussotildees cientiacuteficas de cada uma dessas aacutereas de conhecimento e da experiecircncia humanas

Seraacute importante para isso que em cada uma das aacutereas do conheshycimento venha a ser criada uma linha de interrelacionamento com a

Anaacutelise Transacional de tal fo rma que o profissional - como iacutendio viacuteduo e como teacutecnico - com ecircnfase nesse aspecto possa exercer sua atividade plenamente consciente natildeo somente de si mesmo Ce esse eacute o primeiroj)aacutessogtcomo lieacuteSsotildea e mais aleacutem como profissioshynal ou como cientista que ~plora e utiliza suas possibilidades de participaccedilatildeo e criatividade no desenvolvimento de sua profissatildeo e da aacuterea de conhecimento agrave qual se encontra relacionado

12 Op cit p 170

8 Participaccedilatildeo criCllividade iltlticcediliio satildeo processos Im desenshyvolvem as potencialidades c libenun o indiviacuteduo das restriccedilotildees e vedaccedilotildees agrave realizaccedilatildeo pessoa) e profissional encarecendo-se sempre que esses processos natildeo afastam a experiecircncia e a loacutegica apenas natildeo se deixam dominar exclusivamente por esses processos cognishytivos e vatildeo aleacutem para atigirem novos niacuteveis de conhecirnenlu e de concretizaccedilatildeo dos-- objetivos profissionais quais sejam Na hipoacutelcse sob exame a Anaacutelise Transagravecional para Advogados n~1 dos altos pmpoacutesuumlos da realizaccedilatildeo da J

132

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bull bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull A AT NA INTERPRETACcedilAO DAS LEIS

1 Haacute uma aacuterea do estudo da Ciecircncia Juriacutedica que se destina especialshymente agrave interpretaccedilatildeo da lei Todos sabemos que a norma juriacutedica a lei penal civil constitucional administrativa fiscal - demanda interpretaccedilatildeo a explicitaccedilatildeo do seu texto por mais sirilples que possa parecer a sua redaccedilatildeo pelas implicaccedilotildees dele decorrentes pelagrave sua vinculaccedilatildeo a outras normas ou regras dentro do mesmo sistema jurfdico pelas consequumlecircncias todas a niacutevel individual e social

A lei eacute feita para as pessoas para a sociedade na qual vai vigorar regushylando a convivecircncia comum sob a autoridade de um governo do Estado Elaborada pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional Assembleacuteias Legisshylativas Cacircmaras Municipais) composto de representantes do povo a ideacuteia eacute do povo fazendo leis para si mesmo e assim ordenando o conviacutevio social porquanto toda forma de agrupamento social exige regras de conduta que possibilitem agraves pessoas vivere~ em famiacutelia em grupo em sociedade - as vaacuterias etapas da convivecircncia socjal

As regras de convivecircncia apresentam assim gradaccedilotildees desde a regra moral ateacute a regra juriacutedica ou de Direito esta igualmente determinando formas de comportamento ou de conduta mas com uma caracteriacutestica espeshycial eacute dotada ou acompanhaacuteda de saniiatildeo isto eacute natildeo atendido o seu coshymando essa desobediecircncia implicaraacute uma penalidade prevista na proacutepria lei Exemplo deixar de pagaro Imposto Territorial e Predial a que a lei tributaacuteria obriga todo proprietacircrio de imoacutewl resultaraacute na sanccedilatildeo de multa e outros acreacutescimos como a correccedilatildeo monetaacuteria

2 Tudo isso exige uma interpretaccedilatildeo da lei Interpretaccedilatildeo de acordo com o dicionaacuterio significa exegese explicaccedilatildeo traduccedilatildeo esclarecimento e na Area propriamente juriacutediCa isto eacute na Area do Direito (conjunto de normas de convivecircncia social de caraacuteter obrigatoacuterio para todos) interpretar eacute buscar o sentido o significado da norma

Membro Diljata em formaccedilatildeo - Procuradora do Estado aposentada Assessora Juriacutedica da USP e professora de Direito Constitucional na PUC-SP

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Maria Garcia I l l 1 I

I I I ~

Todas essas operaccedilotildees exigem um intermediacircrio o inteacuterprete da lei Francesco Ferrara (1978) assim explica esse fato

I

O texto da lei natildeo eacute mais do que um complexo de palavras escritas que servem para uma manifestaccedilAo de vontade a casca exterior que encerra um pensamento o corpo de um conteuacutedo espiritual A missatildeo do inteacuterprete eacute justamente descobrir o conteuacuteshydo real da norma juriacutedica determinar em toda a plenishytude o seu valor ( ) reconstruir o pensamento legisshyativo

Para Hans Kelsen (1974) sendo a interpretaccedilatildeo a fixaccedilatildeo do sen tido da norma ela somente pode ser a moldura que representa oDireiacuteto a intershypretar e consequentemente o conhecimento das vaacuterias possibilidades que dentro desta moldura existem

3 O que jaacute traz a ideacuteia de que haveraacute mais de uma interpretaccedilatildeo possiacuteshyvel dependendo de cada um dos inteacuterpretes da norma

Neste ponto no entanto cessa a indagaccedillfo na aacuterea juriacutedica sobre essa figura intermediaacuteria o inteacuterprete que tem ao seu dispor tatildeo somente os meacutetodos de interpretaccedilatildeo por exemplo o meacutetodo histoacuterico-evolutivo quecirc vai examinar a lei a partir da eacutepoca em que foi elaborada quais as ideacuteias entatildeo predominantes os interesses agrave eacutepoca da feitura daquela determishynada lei os debates havidos etc para que possa estabelecer o seu significado e aplicaccedilatildeo a um caso concreto no presente

O que fica portanto por analisar para que dessa anaacutelise se possa extrair mais um elemento de apoio agrave tarefa interpretativa eacute a postura do proacuteprio inteacuterprete ele mesmo objeto de tndagaccedilatildeo ao proceder agravequela operaccedilatildeo

A indagaccedilatildeo de quais form~s ou modos de auto-conhecimento poderaacute ele utilizar-se para que a tarefa de busca dp significado da norma venha a I tapresentarmiddotse o quanto possiacutevel liberada das ~njunccedilotildees agrave que o proacuteprio inteacutershyprete estaacute condicionado no ato da interpretaccedilatildeo t

Ei

4 Anote-se a propoacutesito que os autores da aacuterea juriacutedica apontam duas

posturas possiacuteveis no ato interpretativo cada uma delas tendo os seus defenshy sores e que se caracterizam por ensinar que o inteacuterprete procurasse ou a ~ vontadedo legislador de quem elaborou a lei ou a vontade da proacutepria Hlet

No entanto a vontade do legislador do elaborador da norma natildeo pode ~ ser mais buscada ou encontrada feita a lei esta apresenta um conteuacutedo que representa uma vontade natildeo no sentido psicoloacutegico do termo mas conshy

fforme refere o m~smo Ferrara Im querido (voluto) um resultado um conteuacutedo espiritual que ao inteacuterprete cabe trazer a lume e desenvolver para

51

bull -ebullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbulle-gtLe_bullbull e bull e___e bullbullbullbullbullbullbull~bullbull bull emiddotbullbull bull bull bull ampt t abranger e resolver mesmo os casos natildeo previstos reconstruindo o sisteshyma do Direito diz ele aqui estaacute o nobile officium o nobre oficio da interpretaccedilatildeo

5 Pois bem para essa nobre e difiacuteciacutel tarefa necessaacuterio se torna ao inteacuterprete ter agrave sua disposiccedilatildeo variados instrumentos de trabalho quantos sejam eficazes para a soluccedilatildeo do caso concreto a soluccedilatildeo melhor para detershyminada hipoacutetese dentre vaacuterias alternativas muitas vezes

A primeira dificuldade vem do proacuteprio texto em si as palavras tecircm inevitavelmente mais de um sentido aquilo que representam o objeto e a sua representaccedilatildeo para o seu inteacuterprete

Sabemos que as palavras a Linguagem a Linguumliacutestica compotildeem uma aacuterea proacutepria de estudos e anaacutelise com desdobramentos e aprofundamentos niIo imaginados Michel Foucault (1966) mostra como a coerecircncia que exisshy

durante toda a idade claacutessica entre a teoria da representaccedilatildeo e as da linguagem ( ) esta configuraccedilatildeo ( ) a partir do seacuteculo XIX muda inteiramiddot mente a tcoria da representaccedilatildeo desaparece como fundamento geral de todas as ordens possiacuteveis a linguagem como quadro espontacircneo e quadriculado primeiro das coisas como intermediaacuterio indispensaacutevel entre a representaccedilatildeo e os seres desvanece-se por seu turno ( ) e sobretudo a linguagem perde o seu lugar privilegiado e torna-se por sua vez coerente com a espessura do seu pasado

6 Ademais do problema em si da proacutepria linguagem urna questatildeo permanece pouco estudada na aacuterea da interpretaccedilatildeo da lei a figura do inteacuterprete como dissemos ela mesma o canal da busca do significado para a soluccedilatildeo do caso que se tem em mlos

Aqui depara-se o campo feacutertil da Anaacutelise Transacional e outros insshytrumentos igualmente eficazes do auto-conhecimemto auxiliando a tarefa da interpretaccedilatildeo no seu todo Tomando um dos instrumentos da AT - os Estados do Ego pelo auto-conhecimento e identificaccedilatildeo daquele que se mostra preponderante no comportamento atraveacutes das praacuteticas da AT o inteacuterprete teraacute a noccedilatildeo clara da sua postura diante da norma juriacutedica a intershypretar se clara ou obscura se tazoaacutevelou natildeo se justa ou injusta se ideoloshygicamente dirigida enfim diante das circunstacircncias todas que cercam a norshyma e o caso o proacuteprio trabalho a realizar externas e interiores ao inteacuterprete este o sujeito da accedilatildeo tem em si o iniacutecio da soluccedilatildeo a partir daiacute comeccedila a tarefa da interpretaccedilatildeo

A Gordillo (1988) trata de forma excelente a obra interpretativa e nesta as etapas da decisatildeo criativa do caso em especial o nascimento e regisshytro das ideacuteias criativas quando aborda as funccedilotildees da linguagem (hemisfeacuterio esquerdo) e da criaccedilatildeo (hemisfeacuterio direito) bem como a interaccedilatildeo criativoshycriacutetica de ambos hemisfeacuterios cerebrais

Trata-se de uma colocaccedilio em que se identificam claramente os Estados Adultocirc e Crianccedila do Ego individual e todas as suas possibilidades elaborashy

tivas na accedilatildeo de interpretar e aplicar a lei seja a niacutevel propriamente juriacutedishyco ou lato senso as normas que regem as nossas vidas a existecircncia humana em sociedade as nossas leis interiores codificadas no Parenta

Pelo que podemos deduzir a fundamental importacircncia de instrumentos como eacute especialmente a Anaacutelise Transacional para esta aacuterea do conhecishymento humano que eacute o Direito a iniciar-se pelo inteacuterprete e aplicador da norma juriacutedica o advogado o juiz o mesmoelaborador da lei que vai reger a convivecircncia das pessoas na sociedade

Sumaacuterio - Objetiva-se estabelecer relaccedilatildeo direta eutre as teorias wmportashymentais (a At especificamente) e a ciecircncia do Direito pela figura do inteacutershyprete da lei A operaccedilatildeo interpretativa envolvendo a racionalidade e l intuiccedilatildeo socorridas da experiecircncia do Parental buscando o inteacuterprete pelo instrushymental da AT explicar a sua proacutepria postura diante da norma a interpreshytar e com isso a possibilidade de otimizaccedilatildeo do ato interpretativo com maior seguranccedila e certeza objetivos preciacutepuos do Direito

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53 52

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ZIMtuwAN David E Fundamentos Psicanaliticos Teoria teacutecnica e cliacutenica Porto Alegre Artmed 2006 2a ediccedilatildeo

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1

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CAPiacuteTULO VII A ANAacuteLISE TRANSACIONAL E O DIREITO

UMA REFLEXAtildeO SOBRE A PSICOLOGIA SOCIAL NA AREA JURIacuteDICA

MAIlIA (AIlLlA

A razatildeo esclarecida eacute a razaacuteo abspluta da autodeterminaccedilatildeo

(NielZSChe)

A ~utonomia do individuo figura como um alvo muitopreciso a sealcamiddot nccedilarmiddoteacuteonsiderando-se com Max Weber (e o profeta Ezequiel 18 24) que a responSabIlidade eacute pessoal e que um dos pontos mais especiacuteficos da Eacutetica ciecircncia da mom e esta como o conjunto das regras de conduta de detershyrriinado grupo humano para noacutes a eacutetica ocidental - culmina na questatildeo da responsabilidacle

Como se sabe Webcr elabora dililinccedilaacuteo cnlre eacutetica da covicccedilatildeo as questotildees de foro intimo (o partidaacuterio de tal eacutetica natildeo atribuiraacute a responsabi Udade ao agente mas ao mundo agrave tolice dos homens ou agrave vontade de Deus (IUC aiSlm criou os hOm(lls) ( a eacutetica da nrsponsabllidtlde (qU( Apcl vai denominar eacutetica da rcsponslbilJdade social) pela qual devcmos nsponder pelas previsiveis consequumlecircncias de nossos atos

E vem afirmar em certo momento a eacutetica da condcccedilatildeo e a eacutetica da responsabilidade natildeo se contrapotildeem mas se completam e em conlunto fprmam o homem autecircntico

~ lJIre-Docenre em Direilo do Estado pela PUC-SP Professora de Direito ConsIirudonaJ l e Dlieito Educacional da PUCmiddotSP Procuradora do Estado aposentada Ex-oonsultOra Jushy

riacutedica da USP Membro da CoSI - Comissatildeo de Bloeacutetlca do HCfNU5P do lAsP e do lBoc ~ Ciecircncta ti Poliacutetica duas vocaccedilotildees Satildeo Paulo Culuix 1993 p 113 e 55

3 Op cU p 22 refeacuterindo-se ao objelivo de sua conferecircncia jslO eacute um homem que pode aspirar 1 vocaccedilatildeo poliacutelicamiddot

bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 93

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AsPECTOS PSICOLOacuteGICOS NA PuacutenCA]UlUacuteDJCA92

Ora para alcanccedilar essa plenitude de autenticidade e de responsabilidade toma-se necessaacuterio que o ser humano conte com as possibilidades da libershydade (e portanto de opccedilotildees de agir) e do conhecimento (acesso i educaccedilatildeo e agrave informaccedilatildeo)

1 A Psicologia Ciecircncia da Alma Objetiva conforme refere o dkionaacuterio comum o conhecimento dos fenocircshy

menos psiacutequicos e do comportamento o conjunto de estados e disposiccedilotildees psiacutequicas de ideacuteias de um indiyiacuteduo ou de um grupo de indiviacuteduos

Pode-se considerar a Psicologia portanto como o estudomiddot da conduta humana a partir do que Hesse denomina nossos haacutebitos mentaismiddot os quais conformam (e por vezes deformam) nossa compreensatildeo de noacutes mesmos e do mundo

A partir entatildeo das obras de Freud - especificamente no seu Esboccedilo de psicanaacutelise a mente e seufuncionamento esse estudo desenvolve-se em vaacuterias teorias da personalidade para explicar e esclarecer o comportamento humano nas suas muacuteltiplas inextrlcfveis e complexas configuraccedilotildees

2 A Anaacutelise Transacional Dentre esses desenvolvimentos teoacutericos e praacuteticos e apartir da Psicanilise

freudiana destaca-se a Anaacutelise Transacional proposta por Eric Beme em nushymerosas obras que oferece base teoacuterica e metodoloacutegica para atingimento desse desiderato da autodeterminaccedilatildeo em niacutevel pessoal pelos caminhos do autoconhecimento (potencialidades e limitaccedilotildees o micrltxosmo humano) e da comunicaccedilatildeo (a atuaCcedilatildeo do ser integrado fiacutesico e psiacutequico em relaccedilatildeo ao outro o mundo o macrocosmo)

J- podemos dizer edualCcedilatildeo da alma embora o homem tenha a qualishydad~ ~ta da 1llZlIo eacute certo que o grau de disCernimento varia muito de um para outro ser humano

A histoacuteria eacute antiga desde ~ more do conhecimento no jardim do Eacuteden - esse conflito interno da nanirezamiddothumana

4 ~ Koorad BscrItos de Derecho QmstitudQ1UUacute Madrid Centro de Estuacutedios Constishy

5 6

tucionaks 1983 p 44 Rio deJaOtildedro ~gQEditora 1975 p 1$ e ss ~~em~apia~ aulo Summus 1984 O que lbcecirc diz deshypois de dizItw 0141Sio Paulo Nobel 2007 e outros

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CAPIacuteTUlO VII - A ANAtildeusI TItNSACIONAL E o DIREml UMA REF1ExAtildeo SOBRE A PsICOLOGIA

tWwGiICIA

Sobre a aacutervore do conhecimento escrevenlnl Maturana e VICela citando aliaacutes o profeta Isaias Ampliacutea o espaccedilo de tua tcnda e nela estcndc teus tapetes pois haacutes de te locomover em todas as direccedilotildees 7

Eacute a amplitude da razatildeo e da consciecircncia definida pelo filoacutesofo Henri de Man como o conhecimento do Bem e do Mal

Explicam aqueles ciemistas a aacutervore edecircnica COmo o estudo cientiacutefico dos ~

processos que subjazem ao conhecimento E afirmam

O conhecimento compromete Compromete-nos a tomar urna atitude de permanente vigilacircnCia contra a tentaccedilatildeo da certeza a reconhecer que nossas certezas natildeo satildeo provas da verdade como se o mundo que cada um de noacutes vecirc fosse o mundo e natildeo um mundo que produzimos com OUlrQS Comprometeshynos porque ao saber que sabemos natildeo podemos negar o que sabemos O que conduz a uma eacutetica inescapaacutevel que natildeo podemos desprezar

Fssa constante vigilacircncia entendemos como um processo educacional pemlanente pelo qual analisamos o conhecimento do conhecimento - no caso o conhecimento do Eu

Essa a tarefa de propostas como a Anaacutelise TransacionaL

ACiecircncia do Direito cuida igualmente do comportamento humano meshydiante o estabelecimento de normas objetivando a conviVecircncia social Nessa finalidade delimita-se como eacute intuitivo com as aacutereas de ciecircncias congecircneres como a Sociologia a Antropologia a Poliacutetica a Psicologia e outraS

j Mais ainda assinala-se quanto ao Direito a sua inevitaacutevel imertextualishydade alcanccedilando outras aacutereas do conhecimento para analisar questotildees juridicas com o seu aporte necessaacuterio e amplificador de ideacuteias e conc~itos

3 A intertextualidadc do Direito Constitucional Aesse respeito sublinha Canotilho o direito constitucional eacute um tershy

texto aberto Deve muito a experiecircncias constitucionais nacionais e estrangeishy~ no seu espirito transporta ideacuteias de moacutesofos pensadores e politicos ~seus mitos pressupotildeem as profundidades dos arqueacutetipos enrai7ftdos dos povos a sua gravitaccedilatildeo eacute agora natildeo um singular movimento de rotaccedilatildeo em tomo de si mesmo mas sim um gesto de translaccedilatildeo perante outras galaacutexias do saber humanomiddot

middotmiddot7 A aacutervore do conbectmento As bases biolOacutegicas do conhecimento humano Campinas Psy 1995 p 262

8 Direito Constitucional e Teoria da Constituiccedilatildeo Coimbra Almedina 1998 p 15 I

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94 AsIEClOli PsICOLoacuteGICOS NA PllAacutenCAJulUacuteDICA

Nesse contexto Direito e Psicologia se correspondem ponanto sobretudo naquilo que Desse denomina a preacute-compreensatildeo do inteacuterprete

O Inteacuterprete natildeo pode captar o conteuacutedo da norma desde um ponto quase-arshyqulmeacutedko situado fora da existecircncia histoacuterica senatildeo unicamente desde a conshycreta situaccedilatildeo histoacuterica em que se encontra cuja plasmaccedilatildeo conformou seus haacutebitos mentais condicionando seus conhecimentos e seus preacute-juiacutezOS9

Exatamente para que o inteacuterprete possa compreender-se delimitando o que seja nele autecircntico e proacuteprio e o que lhe foi transmitido - para que possa

re-decldir agora e realizar opccedilotildees tem necessidade do autoconhecimento preacutevio da sua condiccedilatildeo psicologicamente consciente e esclarecida

I A Anaacutelise Transacional prevecirc conforme propusera Freud trecircs aacutereas do aparelho me8taJ ou uma anaacutelise estrutural segundo 8eme consubstanciando as fases existenciais da primeira infacircncia (o obscuro Id) a Arqueopsiquecirc ou Estado do Ego Crianccedila (na linguagem coloquial) a aacuterea de intenned4tccedilatildeo com o meio ambiente apreendendo os dados da realidade o Ego (Neopsiquecirc ou Estado de Ego Adu Ito) por fim a memoacuteria dos arquivos mentais tradicional e

~ ( cntica o Superego (Exteropsiquecirc ou Estado do Ego Pai) ressalvando-se desde

logo niio ocorrer correspondDnda direta de ambas teorias nos fenocircmenos descritqs sendo a citaccedilatildeo exemplificati~ em cadter meramente didaacutetico de

~ comprelnsatildeo pois PaJ Adulto e Crianccedila confonne explica 8emelO natildeo satildeo ~ i conceitos como Superego Ego e Id ou como os construtos junguianos mas

realidades fenomenoloacutegicas observaacuteveis portanto

4 O Inteacuterprete

o denominado operador do Direito ou Inteacuterprete teraacute assim os instrushymentos necessaacuterios pelos quais de imediato voltando-se para si mesmo possa por esses meios analisar suas condutas e linguagem postural ou verbal aproshy

~ ~i priando-se de experiecircndas pessoais e elaborar umacntica ou anaacutelise tendente

ao autoconhedmento e l autonomia

EVdentemente que O apoio psicoterapecircutico natildeo estaacute dispensado de formaalgwna aoconttIacuteirio se demonstra recomendaacuteveL Contudo Um p~eiro momento de esclaredmento dos p1eacute-conceitos e preacute-juiacutezos bem como das potencialidades individuais apresenta-se necessaacuterio e emergencial para ser complementado entatildeo num estudo mais aprofundado Isto eacute o que poderaacute

9 Direito Constitudonal e 100ria da Constituiccedilatildeo Coimbra A1medina 1998 10 AnaacuteJise Tnulsadonal em Psicoterapia Satildeo Paulo Summus 1984 p 23

fmiddot~

UacutePlTVw VII - A AacuteNAacuteUsE T~SACIONAL E o DIREITO UMA REFUXAtildeO SOlllU li PlocoWGIA 95

MAIUA G ~

i 1

proporcionar de imediato a Anaacutelise Transacional embora esta tcoria ofercccedila ela mesma e em sequumlecircncia o aprofundamento necessaacuterio

Conforme destaca Mira y loacutepezl1 Infelizmente o estado atual da cjecircncia psicoloacutegica natildeo pennlte utilizar seus conhecimentqs em todos os aspectos lt do direito e isso faz com que a psicologia juridica se encontre hoje limitada --determinados capiacutetulos e problemas legais referindo a psicologia do testemunho a obtenccedilatildeo da evidecircncia delituosa a compreensatildeo do delito a informaccedilatildeo forense a seu respeito a reforma moral do delinquumlente ou seja preponderantemente os aSfuctos fumais

12 ~ Mara Caffeacute traz o encontro entre essas duas aacutereas possiacuteveis de con-

filiar Psicanaacutelise e Direito com referecircncia agraves suas experiecircncias em Varas de Famiacutelia t

Contudo natildeo eacute o que visualizamos parece-nos que podendo ser qualquer ~ pessoa um inteacuterprete da lei regra de conduta humana sob diversificados jlSpcctos individuais e sociais essa figura como tal poderaacute ser analisada psishycologicamente na aacuterea juriacutedica puacuteblica ou privada civil ou penal e outras

A teoria e metodologia propostas por Eric Berne apresentam essa fundashyiacuten~ntaJ possibilidade de um primeiro passo em direccedilatildeo a si mesmo atraveacutes do jX)nIlecimento e praacutetica dos instrumentos possibilitadores da anaacutelise de condutas de si mesmo e de outrem - as transaccedilotildees unidades da comunicaccedilatildeo humana em especial a dcnominada poslccedilaacuteo existcncial numa relaccedilatildeo cumuro

Posiccedilatildeo existencial ou Psicoloacutegica ecircorresponde a um juiacutezo de valor a respeito de si mesmo e dos outros adotado na inlacircncia que poderaacute persistir

tJgtasicamente na idade adulta levando o Individuo a orientar-se por essa opinshyfinnada quando a informaccedilatildeo apresentava-se incompleta c precaacuteria para tomada de decisatildeo

Gandhi tem um pensamento que pode explicar essa circunstacircncia o que ptIlSamos passamos a ser

Trata-se no entanto de ~m conceito dinacircmico existe uma posiltatildeo exisshybaacutesica (realista projetiva introjetiva ou ~simista) e predominante

de equllibrio entre a Posiccedilatildeo Existencial (Imaginaacuteria) e a realidade um movimento pendular ~

A anaacutelise beClliana explica e desenvolve as quatro posiccedilotildees existenciais a partir dessa primeira decisatildeo prematura para estabilizar quanto

M4nuaJ de I$icologia]uriacutedica Campinas IZn Editora 2005 p 20 Psican4lise e Direito Satildeo Paulo Quartler latia 2003 I

bull bullbullbullbullbull bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 96 AsPlCIOS PSICOlOacuteGICOS NA lRAacuteTICA JURlDlCA

possfvel uma posiccedilatildeo realista e efetiva do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a si mesmo e ao mundo

Haveraacute portanto a oportunidadede uma re-decisatildeo quandoYenha a existir o conhecimento pleno da preacute-compreensatildeo que temos da relaccedilatildeo EUOutro - o mundo para uma compreensatildeo ou consciecircncia e portanto autenticidade e autonomia

5 Um Estudo Conjugado

Revela-se portanto a necessidade do estudo conjugado DireimPsicologia (Social) dado que ambos os ramos do conhecimento vinculam-se li anaacutelise do romportamento ou conduta do ser humano em todos os seus aspectos que envolwm a figura do inteacuterprete e a preacute-compreell$atildeo do inteacuterprete

ODireito eacute umdos fenocircmenos mais notaacuteveis na vida humana refere Teacutercio Sampaio FerrazJr13 Compreendecirc-lo eacute compreender uma parte de noacutes mesmos Eacute saber em pane porque obedecemos porque mandamos porque nos iridignashymos porque aspiramos mudar em nome de ideais porque em nome de ideais conservamos as coisas como estatildeo Ser livre eacute estar no direito e no entanto o direJfotambeacutemnos oprime e nos tira aliberdadePor isso compreendero direito natildeo eacute JUD empreendimento que se reduz facHmente a conceituaccedilotildees loacutegicas e racionalmente sistematizadas O encontro com o direito eacute diversificado agraves vezes conftitivo e incoerente agraves vezes linear e consequumlente ( )

i Por tudo isso o direito eacute um misteacuterio o misteacuterio do principio e do fim i da ~ilidade humana

Bem a ecircnfase da Psicologia Social encontra-se no estudo do comportashymento do Individuo no que ele eacute influenciado socialmente explica Silvia Iane 14 Isto acontece desde o nascimento talvez antes a histoacuteria do grupo ao qual pertence o que dlve ser apreendido as emoccedilotildeelgt resultantes o homcm cofIacutelccedil agente transfonnador etc

0 misteacuterio do Direito encontra-se nesse conviver humano a conduta hwnma poded serobjeto de duas anaacutelises que se complementam levando ao esnido conjugado dessas ~ diferentes que convergem para um soacute individuo realIacuteZando-se poresSe mOdo o desiderato do art 205 da Constituiccedilatildeo quandoindicaagraveeducaccedilatildeoo cometimentodo plenodesemolvimento da pessoa integrashy~ente racional e emocional para alcanccedilar o autoconhecimento e com este conto condiccedilatildeo para o exerciacutecio da cidadania e a qualificaccedilatildeo para o trabalho

13 JIIlrCItIuccediliiacuteo ao Estudo do Direito Satildeo Paulo Atlas 1994 p 21 J4 oque eacutePdcologla SocIal Satildeo Paulo BrasiUense 2001 p 8 e 55

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I -

crIacute11J1O VII - AANAacuteLISE TIWlSACIONAl E o DIREITO UMA Rlruxo S08IIE o PsIcotoGIA 97 lIIuIA GAIICL

O desenvolver integrativo (racionalemOCionai) conduz agrave autenticidade e consciecircncia o ltaminho da autonomia a filosofia bemiana

Aautonomia constitui-se por sua vez no pressuposto necessaacuterio agrave garanshytia de um juiacutezo esclarecido e justo - ao qual todos tecircm direito - e a PsicolOgia Social viraacute possibIDtar o conhecimento da preacute-compreensatildeo do inteacuterprete o

- seu universo particular o conhecimento liberta dai poder-se aguardar Seja alcanccedilado aquele desiderato

Verifica-se portamo que Direito c Isicologiacutea podem conconcr para o esclarecimento das complexidades da personalidade humana na sua inteireza para realizar-se a proacutepria razatildeo de ser do Direito o misteacuterio do princiacutepio e do fim da sociabilidade humana

Essa convivecircncia ou SOciabilidade demanda o que se Insiste reitcmr a autodeteminaccedilatildeo a necessaacuteria autonomia do ser humano para que vivecircncia e convivecircncia sejam fundamento da dignidade da pessoa humana porsi princiacutepio estruturante da comunidade mesma no sentido daquilo que eacute comum par_ ticipaccedilatildeo em comum

O indiviacuteduo - a pessoa humana representa a unidade intcoogradora desse todo e a sua consideraccedilatildeo em plenitude vem a verificar-se por ambas as ciecircncias da conduta humana Direito e Psicologia daiacute a indispensabilidade do seu estudo

~ ~~ ieacutellAtilde ~~

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Page 5: Bloco VI - Análise Transacional e o Direito

-- - _----- - superior Organizaccedilotildees e sociedade soacute mudam quando os seres humanos decidem mudar ressalta fundadamente Rosa Krausz 11

6 Anaacutelise Transacional oferece a base teoacuterica e metodoloacutegica que poderaacute represeptar o conduto desse desiderato a niacutevel pessoal pelos caminhos do autoconhecimento (limitaccedilotildees e potencialidades o microcosmo) e da comunicaccedilatildeo (a atuaccedilatildeo do ser integrado - Pai Adulto Crianccedila - em relaccedilatildeo ao meio o macrocosmo) bull

Tornava-se necessaacuterio portanto unir ou correlacionar a AT e o mundo do Direito Para isso estruturou-se um Curso Introdutoacuterio de Anaacutelise Transacional (l01) destinado especificamente aos profisshysionais da aacuterea juriacutedica cujo Moacutedulo 11 objetiva a aplicaccedilatildeo daqueshyles conhecimentos introdutoacuterios ou preliminares a niacutevel profissioshynal mediante a anaacutelise e debates das teorias juriacutedicas predominanshytes e atuais no Direito e daquelas que propugnam uma postura participativa e criativa do jurista com o estudo de casos especiacuteficos O relacionamento advogado-cliente o advogado nas audiecircncias jushydiciais o advogado-consultor de empresas etc O Moacutedulo 111 prevecirc grupos de estudos avanccedilados para temas especiais ainda dentro dessa aacuterea profissional Reciclag~m e treinamento

7 Com efeito ateacute o momento vecircm-se multiplicando os cursos seminaacuterios e encontros a niacutevel cliacutenico ou organizacional predomishynantemente cremos que faltava o endereccedilamento da Anaacutelise Transhysacional a determinadas aacutereas de formaccedilatildeo profissional de forma cientificamente estruturada eacute dizer efetuando-se a conciliaccedilatildeO enshytre as bases cientiacuteficas do Direito da Medicina da Engenharia da Odontologia etc e os fundamentos da AT no amplo espectro das teorias especiacuteficas e discussotildees cientiacuteficas de cada uma dessas aacutereas de conhecimento e da experiecircncia humanas

Seraacute importante para isso que em cada uma das aacutereas do conheshycimento venha a ser criada uma linha de interrelacionamento com a

Anaacutelise Transacional de tal fo rma que o profissional - como iacutendio viacuteduo e como teacutecnico - com ecircnfase nesse aspecto possa exercer sua atividade plenamente consciente natildeo somente de si mesmo Ce esse eacute o primeiroj)aacutessogtcomo lieacuteSsotildea e mais aleacutem como profissioshynal ou como cientista que ~plora e utiliza suas possibilidades de participaccedilatildeo e criatividade no desenvolvimento de sua profissatildeo e da aacuterea de conhecimento agrave qual se encontra relacionado

12 Op cit p 170

8 Participaccedilatildeo criCllividade iltlticcediliio satildeo processos Im desenshyvolvem as potencialidades c libenun o indiviacuteduo das restriccedilotildees e vedaccedilotildees agrave realizaccedilatildeo pessoa) e profissional encarecendo-se sempre que esses processos natildeo afastam a experiecircncia e a loacutegica apenas natildeo se deixam dominar exclusivamente por esses processos cognishytivos e vatildeo aleacutem para atigirem novos niacuteveis de conhecirnenlu e de concretizaccedilatildeo dos-- objetivos profissionais quais sejam Na hipoacutelcse sob exame a Anaacutelise Transagravecional para Advogados n~1 dos altos pmpoacutesuumlos da realizaccedilatildeo da J

132

bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullL-______________

bull bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull A AT NA INTERPRETACcedilAO DAS LEIS

1 Haacute uma aacuterea do estudo da Ciecircncia Juriacutedica que se destina especialshymente agrave interpretaccedilatildeo da lei Todos sabemos que a norma juriacutedica a lei penal civil constitucional administrativa fiscal - demanda interpretaccedilatildeo a explicitaccedilatildeo do seu texto por mais sirilples que possa parecer a sua redaccedilatildeo pelas implicaccedilotildees dele decorrentes pelagrave sua vinculaccedilatildeo a outras normas ou regras dentro do mesmo sistema jurfdico pelas consequumlecircncias todas a niacutevel individual e social

A lei eacute feita para as pessoas para a sociedade na qual vai vigorar regushylando a convivecircncia comum sob a autoridade de um governo do Estado Elaborada pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional Assembleacuteias Legisshylativas Cacircmaras Municipais) composto de representantes do povo a ideacuteia eacute do povo fazendo leis para si mesmo e assim ordenando o conviacutevio social porquanto toda forma de agrupamento social exige regras de conduta que possibilitem agraves pessoas vivere~ em famiacutelia em grupo em sociedade - as vaacuterias etapas da convivecircncia socjal

As regras de convivecircncia apresentam assim gradaccedilotildees desde a regra moral ateacute a regra juriacutedica ou de Direito esta igualmente determinando formas de comportamento ou de conduta mas com uma caracteriacutestica espeshycial eacute dotada ou acompanhaacuteda de saniiatildeo isto eacute natildeo atendido o seu coshymando essa desobediecircncia implicaraacute uma penalidade prevista na proacutepria lei Exemplo deixar de pagaro Imposto Territorial e Predial a que a lei tributaacuteria obriga todo proprietacircrio de imoacutewl resultaraacute na sanccedilatildeo de multa e outros acreacutescimos como a correccedilatildeo monetaacuteria

2 Tudo isso exige uma interpretaccedilatildeo da lei Interpretaccedilatildeo de acordo com o dicionaacuterio significa exegese explicaccedilatildeo traduccedilatildeo esclarecimento e na Area propriamente juriacutediCa isto eacute na Area do Direito (conjunto de normas de convivecircncia social de caraacuteter obrigatoacuterio para todos) interpretar eacute buscar o sentido o significado da norma

Membro Diljata em formaccedilatildeo - Procuradora do Estado aposentada Assessora Juriacutedica da USP e professora de Direito Constitucional na PUC-SP

J)

I I

Maria Garcia I l l 1 I

I I I ~

Todas essas operaccedilotildees exigem um intermediacircrio o inteacuterprete da lei Francesco Ferrara (1978) assim explica esse fato

I

O texto da lei natildeo eacute mais do que um complexo de palavras escritas que servem para uma manifestaccedilAo de vontade a casca exterior que encerra um pensamento o corpo de um conteuacutedo espiritual A missatildeo do inteacuterprete eacute justamente descobrir o conteuacuteshydo real da norma juriacutedica determinar em toda a plenishytude o seu valor ( ) reconstruir o pensamento legisshyativo

Para Hans Kelsen (1974) sendo a interpretaccedilatildeo a fixaccedilatildeo do sen tido da norma ela somente pode ser a moldura que representa oDireiacuteto a intershypretar e consequentemente o conhecimento das vaacuterias possibilidades que dentro desta moldura existem

3 O que jaacute traz a ideacuteia de que haveraacute mais de uma interpretaccedilatildeo possiacuteshyvel dependendo de cada um dos inteacuterpretes da norma

Neste ponto no entanto cessa a indagaccedillfo na aacuterea juriacutedica sobre essa figura intermediaacuteria o inteacuterprete que tem ao seu dispor tatildeo somente os meacutetodos de interpretaccedilatildeo por exemplo o meacutetodo histoacuterico-evolutivo quecirc vai examinar a lei a partir da eacutepoca em que foi elaborada quais as ideacuteias entatildeo predominantes os interesses agrave eacutepoca da feitura daquela determishynada lei os debates havidos etc para que possa estabelecer o seu significado e aplicaccedilatildeo a um caso concreto no presente

O que fica portanto por analisar para que dessa anaacutelise se possa extrair mais um elemento de apoio agrave tarefa interpretativa eacute a postura do proacuteprio inteacuterprete ele mesmo objeto de tndagaccedilatildeo ao proceder agravequela operaccedilatildeo

A indagaccedilatildeo de quais form~s ou modos de auto-conhecimento poderaacute ele utilizar-se para que a tarefa de busca dp significado da norma venha a I tapresentarmiddotse o quanto possiacutevel liberada das ~njunccedilotildees agrave que o proacuteprio inteacutershyprete estaacute condicionado no ato da interpretaccedilatildeo t

Ei

4 Anote-se a propoacutesito que os autores da aacuterea juriacutedica apontam duas

posturas possiacuteveis no ato interpretativo cada uma delas tendo os seus defenshy sores e que se caracterizam por ensinar que o inteacuterprete procurasse ou a ~ vontadedo legislador de quem elaborou a lei ou a vontade da proacutepria Hlet

No entanto a vontade do legislador do elaborador da norma natildeo pode ~ ser mais buscada ou encontrada feita a lei esta apresenta um conteuacutedo que representa uma vontade natildeo no sentido psicoloacutegico do termo mas conshy

fforme refere o m~smo Ferrara Im querido (voluto) um resultado um conteuacutedo espiritual que ao inteacuterprete cabe trazer a lume e desenvolver para

51

bull -ebullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbulle-gtLe_bullbull e bull e___e bullbullbullbullbullbullbull~bullbull bull emiddotbullbull bull bull bull ampt t abranger e resolver mesmo os casos natildeo previstos reconstruindo o sisteshyma do Direito diz ele aqui estaacute o nobile officium o nobre oficio da interpretaccedilatildeo

5 Pois bem para essa nobre e difiacuteciacutel tarefa necessaacuterio se torna ao inteacuterprete ter agrave sua disposiccedilatildeo variados instrumentos de trabalho quantos sejam eficazes para a soluccedilatildeo do caso concreto a soluccedilatildeo melhor para detershyminada hipoacutetese dentre vaacuterias alternativas muitas vezes

A primeira dificuldade vem do proacuteprio texto em si as palavras tecircm inevitavelmente mais de um sentido aquilo que representam o objeto e a sua representaccedilatildeo para o seu inteacuterprete

Sabemos que as palavras a Linguagem a Linguumliacutestica compotildeem uma aacuterea proacutepria de estudos e anaacutelise com desdobramentos e aprofundamentos niIo imaginados Michel Foucault (1966) mostra como a coerecircncia que exisshy

durante toda a idade claacutessica entre a teoria da representaccedilatildeo e as da linguagem ( ) esta configuraccedilatildeo ( ) a partir do seacuteculo XIX muda inteiramiddot mente a tcoria da representaccedilatildeo desaparece como fundamento geral de todas as ordens possiacuteveis a linguagem como quadro espontacircneo e quadriculado primeiro das coisas como intermediaacuterio indispensaacutevel entre a representaccedilatildeo e os seres desvanece-se por seu turno ( ) e sobretudo a linguagem perde o seu lugar privilegiado e torna-se por sua vez coerente com a espessura do seu pasado

6 Ademais do problema em si da proacutepria linguagem urna questatildeo permanece pouco estudada na aacuterea da interpretaccedilatildeo da lei a figura do inteacuterprete como dissemos ela mesma o canal da busca do significado para a soluccedilatildeo do caso que se tem em mlos

Aqui depara-se o campo feacutertil da Anaacutelise Transacional e outros insshytrumentos igualmente eficazes do auto-conhecimemto auxiliando a tarefa da interpretaccedilatildeo no seu todo Tomando um dos instrumentos da AT - os Estados do Ego pelo auto-conhecimento e identificaccedilatildeo daquele que se mostra preponderante no comportamento atraveacutes das praacuteticas da AT o inteacuterprete teraacute a noccedilatildeo clara da sua postura diante da norma juriacutedica a intershypretar se clara ou obscura se tazoaacutevelou natildeo se justa ou injusta se ideoloshygicamente dirigida enfim diante das circunstacircncias todas que cercam a norshyma e o caso o proacuteprio trabalho a realizar externas e interiores ao inteacuterprete este o sujeito da accedilatildeo tem em si o iniacutecio da soluccedilatildeo a partir daiacute comeccedila a tarefa da interpretaccedilatildeo

A Gordillo (1988) trata de forma excelente a obra interpretativa e nesta as etapas da decisatildeo criativa do caso em especial o nascimento e regisshytro das ideacuteias criativas quando aborda as funccedilotildees da linguagem (hemisfeacuterio esquerdo) e da criaccedilatildeo (hemisfeacuterio direito) bem como a interaccedilatildeo criativoshycriacutetica de ambos hemisfeacuterios cerebrais

Trata-se de uma colocaccedilio em que se identificam claramente os Estados Adultocirc e Crianccedila do Ego individual e todas as suas possibilidades elaborashy

tivas na accedilatildeo de interpretar e aplicar a lei seja a niacutevel propriamente juriacutedishyco ou lato senso as normas que regem as nossas vidas a existecircncia humana em sociedade as nossas leis interiores codificadas no Parenta

Pelo que podemos deduzir a fundamental importacircncia de instrumentos como eacute especialmente a Anaacutelise Transacional para esta aacuterea do conhecishymento humano que eacute o Direito a iniciar-se pelo inteacuterprete e aplicador da norma juriacutedica o advogado o juiz o mesmoelaborador da lei que vai reger a convivecircncia das pessoas na sociedade

Sumaacuterio - Objetiva-se estabelecer relaccedilatildeo direta eutre as teorias wmportashymentais (a At especificamente) e a ciecircncia do Direito pela figura do inteacutershyprete da lei A operaccedilatildeo interpretativa envolvendo a racionalidade e l intuiccedilatildeo socorridas da experiecircncia do Parental buscando o inteacuterprete pelo instrushymental da AT explicar a sua proacutepria postura diante da norma a interpreshytar e com isso a possibilidade de otimizaccedilatildeo do ato interpretativo com maior seguranccedila e certeza objetivos preciacutepuos do Direito

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53 52

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ZIMtuwAN David E Fundamentos Psicanaliticos Teoria teacutecnica e cliacutenica Porto Alegre Artmed 2006 2a ediccedilatildeo

~bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 4

1

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CAPiacuteTULO VII A ANAacuteLISE TRANSACIONAL E O DIREITO

UMA REFLEXAtildeO SOBRE A PSICOLOGIA SOCIAL NA AREA JURIacuteDICA

MAIlIA (AIlLlA

A razatildeo esclarecida eacute a razaacuteo abspluta da autodeterminaccedilatildeo

(NielZSChe)

A ~utonomia do individuo figura como um alvo muitopreciso a sealcamiddot nccedilarmiddoteacuteonsiderando-se com Max Weber (e o profeta Ezequiel 18 24) que a responSabIlidade eacute pessoal e que um dos pontos mais especiacuteficos da Eacutetica ciecircncia da mom e esta como o conjunto das regras de conduta de detershyrriinado grupo humano para noacutes a eacutetica ocidental - culmina na questatildeo da responsabilidacle

Como se sabe Webcr elabora dililinccedilaacuteo cnlre eacutetica da covicccedilatildeo as questotildees de foro intimo (o partidaacuterio de tal eacutetica natildeo atribuiraacute a responsabi Udade ao agente mas ao mundo agrave tolice dos homens ou agrave vontade de Deus (IUC aiSlm criou os hOm(lls) ( a eacutetica da nrsponsabllidtlde (qU( Apcl vai denominar eacutetica da rcsponslbilJdade social) pela qual devcmos nsponder pelas previsiveis consequumlecircncias de nossos atos

E vem afirmar em certo momento a eacutetica da condcccedilatildeo e a eacutetica da responsabilidade natildeo se contrapotildeem mas se completam e em conlunto fprmam o homem autecircntico

~ lJIre-Docenre em Direilo do Estado pela PUC-SP Professora de Direito ConsIirudonaJ l e Dlieito Educacional da PUCmiddotSP Procuradora do Estado aposentada Ex-oonsultOra Jushy

riacutedica da USP Membro da CoSI - Comissatildeo de Bloeacutetlca do HCfNU5P do lAsP e do lBoc ~ Ciecircncta ti Poliacutetica duas vocaccedilotildees Satildeo Paulo Culuix 1993 p 113 e 55

3 Op cU p 22 refeacuterindo-se ao objelivo de sua conferecircncia jslO eacute um homem que pode aspirar 1 vocaccedilatildeo poliacutelicamiddot

bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 93

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AsPECTOS PSICOLOacuteGICOS NA PuacutenCA]UlUacuteDJCA92

Ora para alcanccedilar essa plenitude de autenticidade e de responsabilidade toma-se necessaacuterio que o ser humano conte com as possibilidades da libershydade (e portanto de opccedilotildees de agir) e do conhecimento (acesso i educaccedilatildeo e agrave informaccedilatildeo)

1 A Psicologia Ciecircncia da Alma Objetiva conforme refere o dkionaacuterio comum o conhecimento dos fenocircshy

menos psiacutequicos e do comportamento o conjunto de estados e disposiccedilotildees psiacutequicas de ideacuteias de um indiyiacuteduo ou de um grupo de indiviacuteduos

Pode-se considerar a Psicologia portanto como o estudomiddot da conduta humana a partir do que Hesse denomina nossos haacutebitos mentaismiddot os quais conformam (e por vezes deformam) nossa compreensatildeo de noacutes mesmos e do mundo

A partir entatildeo das obras de Freud - especificamente no seu Esboccedilo de psicanaacutelise a mente e seufuncionamento esse estudo desenvolve-se em vaacuterias teorias da personalidade para explicar e esclarecer o comportamento humano nas suas muacuteltiplas inextrlcfveis e complexas configuraccedilotildees

2 A Anaacutelise Transacional Dentre esses desenvolvimentos teoacutericos e praacuteticos e apartir da Psicanilise

freudiana destaca-se a Anaacutelise Transacional proposta por Eric Beme em nushymerosas obras que oferece base teoacuterica e metodoloacutegica para atingimento desse desiderato da autodeterminaccedilatildeo em niacutevel pessoal pelos caminhos do autoconhecimento (potencialidades e limitaccedilotildees o micrltxosmo humano) e da comunicaccedilatildeo (a atuaCcedilatildeo do ser integrado fiacutesico e psiacutequico em relaccedilatildeo ao outro o mundo o macrocosmo)

J- podemos dizer edualCcedilatildeo da alma embora o homem tenha a qualishydad~ ~ta da 1llZlIo eacute certo que o grau de disCernimento varia muito de um para outro ser humano

A histoacuteria eacute antiga desde ~ more do conhecimento no jardim do Eacuteden - esse conflito interno da nanirezamiddothumana

4 ~ Koorad BscrItos de Derecho QmstitudQ1UUacute Madrid Centro de Estuacutedios Constishy

5 6

tucionaks 1983 p 44 Rio deJaOtildedro ~gQEditora 1975 p 1$ e ss ~~em~apia~ aulo Summus 1984 O que lbcecirc diz deshypois de dizItw 0141Sio Paulo Nobel 2007 e outros

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CAPIacuteTUlO VII - A ANAtildeusI TItNSACIONAL E o DIREml UMA REF1ExAtildeo SOBRE A PsICOLOGIA

tWwGiICIA

Sobre a aacutervore do conhecimento escrevenlnl Maturana e VICela citando aliaacutes o profeta Isaias Ampliacutea o espaccedilo de tua tcnda e nela estcndc teus tapetes pois haacutes de te locomover em todas as direccedilotildees 7

Eacute a amplitude da razatildeo e da consciecircncia definida pelo filoacutesofo Henri de Man como o conhecimento do Bem e do Mal

Explicam aqueles ciemistas a aacutervore edecircnica COmo o estudo cientiacutefico dos ~

processos que subjazem ao conhecimento E afirmam

O conhecimento compromete Compromete-nos a tomar urna atitude de permanente vigilacircnCia contra a tentaccedilatildeo da certeza a reconhecer que nossas certezas natildeo satildeo provas da verdade como se o mundo que cada um de noacutes vecirc fosse o mundo e natildeo um mundo que produzimos com OUlrQS Comprometeshynos porque ao saber que sabemos natildeo podemos negar o que sabemos O que conduz a uma eacutetica inescapaacutevel que natildeo podemos desprezar

Fssa constante vigilacircncia entendemos como um processo educacional pemlanente pelo qual analisamos o conhecimento do conhecimento - no caso o conhecimento do Eu

Essa a tarefa de propostas como a Anaacutelise TransacionaL

ACiecircncia do Direito cuida igualmente do comportamento humano meshydiante o estabelecimento de normas objetivando a conviVecircncia social Nessa finalidade delimita-se como eacute intuitivo com as aacutereas de ciecircncias congecircneres como a Sociologia a Antropologia a Poliacutetica a Psicologia e outraS

j Mais ainda assinala-se quanto ao Direito a sua inevitaacutevel imertextualishydade alcanccedilando outras aacutereas do conhecimento para analisar questotildees juridicas com o seu aporte necessaacuterio e amplificador de ideacuteias e conc~itos

3 A intertextualidadc do Direito Constitucional Aesse respeito sublinha Canotilho o direito constitucional eacute um tershy

texto aberto Deve muito a experiecircncias constitucionais nacionais e estrangeishy~ no seu espirito transporta ideacuteias de moacutesofos pensadores e politicos ~seus mitos pressupotildeem as profundidades dos arqueacutetipos enrai7ftdos dos povos a sua gravitaccedilatildeo eacute agora natildeo um singular movimento de rotaccedilatildeo em tomo de si mesmo mas sim um gesto de translaccedilatildeo perante outras galaacutexias do saber humanomiddot

middotmiddot7 A aacutervore do conbectmento As bases biolOacutegicas do conhecimento humano Campinas Psy 1995 p 262

8 Direito Constitucional e Teoria da Constituiccedilatildeo Coimbra Almedina 1998 p 15 I

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94 AsIEClOli PsICOLoacuteGICOS NA PllAacutenCAJulUacuteDICA

Nesse contexto Direito e Psicologia se correspondem ponanto sobretudo naquilo que Desse denomina a preacute-compreensatildeo do inteacuterprete

O Inteacuterprete natildeo pode captar o conteuacutedo da norma desde um ponto quase-arshyqulmeacutedko situado fora da existecircncia histoacuterica senatildeo unicamente desde a conshycreta situaccedilatildeo histoacuterica em que se encontra cuja plasmaccedilatildeo conformou seus haacutebitos mentais condicionando seus conhecimentos e seus preacute-juiacutezOS9

Exatamente para que o inteacuterprete possa compreender-se delimitando o que seja nele autecircntico e proacuteprio e o que lhe foi transmitido - para que possa

re-decldir agora e realizar opccedilotildees tem necessidade do autoconhecimento preacutevio da sua condiccedilatildeo psicologicamente consciente e esclarecida

I A Anaacutelise Transacional prevecirc conforme propusera Freud trecircs aacutereas do aparelho me8taJ ou uma anaacutelise estrutural segundo 8eme consubstanciando as fases existenciais da primeira infacircncia (o obscuro Id) a Arqueopsiquecirc ou Estado do Ego Crianccedila (na linguagem coloquial) a aacuterea de intenned4tccedilatildeo com o meio ambiente apreendendo os dados da realidade o Ego (Neopsiquecirc ou Estado de Ego Adu Ito) por fim a memoacuteria dos arquivos mentais tradicional e

~ ( cntica o Superego (Exteropsiquecirc ou Estado do Ego Pai) ressalvando-se desde

logo niio ocorrer correspondDnda direta de ambas teorias nos fenocircmenos descritqs sendo a citaccedilatildeo exemplificati~ em cadter meramente didaacutetico de

~ comprelnsatildeo pois PaJ Adulto e Crianccedila confonne explica 8emelO natildeo satildeo ~ i conceitos como Superego Ego e Id ou como os construtos junguianos mas

realidades fenomenoloacutegicas observaacuteveis portanto

4 O Inteacuterprete

o denominado operador do Direito ou Inteacuterprete teraacute assim os instrushymentos necessaacuterios pelos quais de imediato voltando-se para si mesmo possa por esses meios analisar suas condutas e linguagem postural ou verbal aproshy

~ ~i priando-se de experiecircndas pessoais e elaborar umacntica ou anaacutelise tendente

ao autoconhedmento e l autonomia

EVdentemente que O apoio psicoterapecircutico natildeo estaacute dispensado de formaalgwna aoconttIacuteirio se demonstra recomendaacuteveL Contudo Um p~eiro momento de esclaredmento dos p1eacute-conceitos e preacute-juiacutezos bem como das potencialidades individuais apresenta-se necessaacuterio e emergencial para ser complementado entatildeo num estudo mais aprofundado Isto eacute o que poderaacute

9 Direito Constitudonal e 100ria da Constituiccedilatildeo Coimbra A1medina 1998 10 AnaacuteJise Tnulsadonal em Psicoterapia Satildeo Paulo Summus 1984 p 23

fmiddot~

UacutePlTVw VII - A AacuteNAacuteUsE T~SACIONAL E o DIREITO UMA REFUXAtildeO SOlllU li PlocoWGIA 95

MAIUA G ~

i 1

proporcionar de imediato a Anaacutelise Transacional embora esta tcoria ofercccedila ela mesma e em sequumlecircncia o aprofundamento necessaacuterio

Conforme destaca Mira y loacutepezl1 Infelizmente o estado atual da cjecircncia psicoloacutegica natildeo pennlte utilizar seus conhecimentqs em todos os aspectos lt do direito e isso faz com que a psicologia juridica se encontre hoje limitada --determinados capiacutetulos e problemas legais referindo a psicologia do testemunho a obtenccedilatildeo da evidecircncia delituosa a compreensatildeo do delito a informaccedilatildeo forense a seu respeito a reforma moral do delinquumlente ou seja preponderantemente os aSfuctos fumais

12 ~ Mara Caffeacute traz o encontro entre essas duas aacutereas possiacuteveis de con-

filiar Psicanaacutelise e Direito com referecircncia agraves suas experiecircncias em Varas de Famiacutelia t

Contudo natildeo eacute o que visualizamos parece-nos que podendo ser qualquer ~ pessoa um inteacuterprete da lei regra de conduta humana sob diversificados jlSpcctos individuais e sociais essa figura como tal poderaacute ser analisada psishycologicamente na aacuterea juriacutedica puacuteblica ou privada civil ou penal e outras

A teoria e metodologia propostas por Eric Berne apresentam essa fundashyiacuten~ntaJ possibilidade de um primeiro passo em direccedilatildeo a si mesmo atraveacutes do jX)nIlecimento e praacutetica dos instrumentos possibilitadores da anaacutelise de condutas de si mesmo e de outrem - as transaccedilotildees unidades da comunicaccedilatildeo humana em especial a dcnominada poslccedilaacuteo existcncial numa relaccedilatildeo cumuro

Posiccedilatildeo existencial ou Psicoloacutegica ecircorresponde a um juiacutezo de valor a respeito de si mesmo e dos outros adotado na inlacircncia que poderaacute persistir

tJgtasicamente na idade adulta levando o Individuo a orientar-se por essa opinshyfinnada quando a informaccedilatildeo apresentava-se incompleta c precaacuteria para tomada de decisatildeo

Gandhi tem um pensamento que pode explicar essa circunstacircncia o que ptIlSamos passamos a ser

Trata-se no entanto de ~m conceito dinacircmico existe uma posiltatildeo exisshybaacutesica (realista projetiva introjetiva ou ~simista) e predominante

de equllibrio entre a Posiccedilatildeo Existencial (Imaginaacuteria) e a realidade um movimento pendular ~

A anaacutelise beClliana explica e desenvolve as quatro posiccedilotildees existenciais a partir dessa primeira decisatildeo prematura para estabilizar quanto

M4nuaJ de I$icologia]uriacutedica Campinas IZn Editora 2005 p 20 Psican4lise e Direito Satildeo Paulo Quartler latia 2003 I

bull bullbullbullbullbull bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 96 AsPlCIOS PSICOlOacuteGICOS NA lRAacuteTICA JURlDlCA

possfvel uma posiccedilatildeo realista e efetiva do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a si mesmo e ao mundo

Haveraacute portanto a oportunidadede uma re-decisatildeo quandoYenha a existir o conhecimento pleno da preacute-compreensatildeo que temos da relaccedilatildeo EUOutro - o mundo para uma compreensatildeo ou consciecircncia e portanto autenticidade e autonomia

5 Um Estudo Conjugado

Revela-se portanto a necessidade do estudo conjugado DireimPsicologia (Social) dado que ambos os ramos do conhecimento vinculam-se li anaacutelise do romportamento ou conduta do ser humano em todos os seus aspectos que envolwm a figura do inteacuterprete e a preacute-compreell$atildeo do inteacuterprete

ODireito eacute umdos fenocircmenos mais notaacuteveis na vida humana refere Teacutercio Sampaio FerrazJr13 Compreendecirc-lo eacute compreender uma parte de noacutes mesmos Eacute saber em pane porque obedecemos porque mandamos porque nos iridignashymos porque aspiramos mudar em nome de ideais porque em nome de ideais conservamos as coisas como estatildeo Ser livre eacute estar no direito e no entanto o direJfotambeacutemnos oprime e nos tira aliberdadePor isso compreendero direito natildeo eacute JUD empreendimento que se reduz facHmente a conceituaccedilotildees loacutegicas e racionalmente sistematizadas O encontro com o direito eacute diversificado agraves vezes conftitivo e incoerente agraves vezes linear e consequumlente ( )

i Por tudo isso o direito eacute um misteacuterio o misteacuterio do principio e do fim i da ~ilidade humana

Bem a ecircnfase da Psicologia Social encontra-se no estudo do comportashymento do Individuo no que ele eacute influenciado socialmente explica Silvia Iane 14 Isto acontece desde o nascimento talvez antes a histoacuteria do grupo ao qual pertence o que dlve ser apreendido as emoccedilotildeelgt resultantes o homcm cofIacutelccedil agente transfonnador etc

0 misteacuterio do Direito encontra-se nesse conviver humano a conduta hwnma poded serobjeto de duas anaacutelises que se complementam levando ao esnido conjugado dessas ~ diferentes que convergem para um soacute individuo realIacuteZando-se poresSe mOdo o desiderato do art 205 da Constituiccedilatildeo quandoindicaagraveeducaccedilatildeoo cometimentodo plenodesemolvimento da pessoa integrashy~ente racional e emocional para alcanccedilar o autoconhecimento e com este conto condiccedilatildeo para o exerciacutecio da cidadania e a qualificaccedilatildeo para o trabalho

13 JIIlrCItIuccediliiacuteo ao Estudo do Direito Satildeo Paulo Atlas 1994 p 21 J4 oque eacutePdcologla SocIal Satildeo Paulo BrasiUense 2001 p 8 e 55

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I -

crIacute11J1O VII - AANAacuteLISE TIWlSACIONAl E o DIREITO UMA Rlruxo S08IIE o PsIcotoGIA 97 lIIuIA GAIICL

O desenvolver integrativo (racionalemOCionai) conduz agrave autenticidade e consciecircncia o ltaminho da autonomia a filosofia bemiana

Aautonomia constitui-se por sua vez no pressuposto necessaacuterio agrave garanshytia de um juiacutezo esclarecido e justo - ao qual todos tecircm direito - e a PsicolOgia Social viraacute possibIDtar o conhecimento da preacute-compreensatildeo do inteacuterprete o

- seu universo particular o conhecimento liberta dai poder-se aguardar Seja alcanccedilado aquele desiderato

Verifica-se portamo que Direito c Isicologiacutea podem conconcr para o esclarecimento das complexidades da personalidade humana na sua inteireza para realizar-se a proacutepria razatildeo de ser do Direito o misteacuterio do princiacutepio e do fim da sociabilidade humana

Essa convivecircncia ou SOciabilidade demanda o que se Insiste reitcmr a autodeteminaccedilatildeo a necessaacuteria autonomia do ser humano para que vivecircncia e convivecircncia sejam fundamento da dignidade da pessoa humana porsi princiacutepio estruturante da comunidade mesma no sentido daquilo que eacute comum par_ ticipaccedilatildeo em comum

O indiviacuteduo - a pessoa humana representa a unidade intcoogradora desse todo e a sua consideraccedilatildeo em plenitude vem a verificar-se por ambas as ciecircncias da conduta humana Direito e Psicologia daiacute a indispensabilidade do seu estudo

~ ~~ ieacutellAtilde ~~

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Page 6: Bloco VI - Análise Transacional e o Direito

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1 Haacute uma aacuterea do estudo da Ciecircncia Juriacutedica que se destina especialshymente agrave interpretaccedilatildeo da lei Todos sabemos que a norma juriacutedica a lei penal civil constitucional administrativa fiscal - demanda interpretaccedilatildeo a explicitaccedilatildeo do seu texto por mais sirilples que possa parecer a sua redaccedilatildeo pelas implicaccedilotildees dele decorrentes pelagrave sua vinculaccedilatildeo a outras normas ou regras dentro do mesmo sistema jurfdico pelas consequumlecircncias todas a niacutevel individual e social

A lei eacute feita para as pessoas para a sociedade na qual vai vigorar regushylando a convivecircncia comum sob a autoridade de um governo do Estado Elaborada pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional Assembleacuteias Legisshylativas Cacircmaras Municipais) composto de representantes do povo a ideacuteia eacute do povo fazendo leis para si mesmo e assim ordenando o conviacutevio social porquanto toda forma de agrupamento social exige regras de conduta que possibilitem agraves pessoas vivere~ em famiacutelia em grupo em sociedade - as vaacuterias etapas da convivecircncia socjal

As regras de convivecircncia apresentam assim gradaccedilotildees desde a regra moral ateacute a regra juriacutedica ou de Direito esta igualmente determinando formas de comportamento ou de conduta mas com uma caracteriacutestica espeshycial eacute dotada ou acompanhaacuteda de saniiatildeo isto eacute natildeo atendido o seu coshymando essa desobediecircncia implicaraacute uma penalidade prevista na proacutepria lei Exemplo deixar de pagaro Imposto Territorial e Predial a que a lei tributaacuteria obriga todo proprietacircrio de imoacutewl resultaraacute na sanccedilatildeo de multa e outros acreacutescimos como a correccedilatildeo monetaacuteria

2 Tudo isso exige uma interpretaccedilatildeo da lei Interpretaccedilatildeo de acordo com o dicionaacuterio significa exegese explicaccedilatildeo traduccedilatildeo esclarecimento e na Area propriamente juriacutediCa isto eacute na Area do Direito (conjunto de normas de convivecircncia social de caraacuteter obrigatoacuterio para todos) interpretar eacute buscar o sentido o significado da norma

Membro Diljata em formaccedilatildeo - Procuradora do Estado aposentada Assessora Juriacutedica da USP e professora de Direito Constitucional na PUC-SP

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Maria Garcia I l l 1 I

I I I ~

Todas essas operaccedilotildees exigem um intermediacircrio o inteacuterprete da lei Francesco Ferrara (1978) assim explica esse fato

I

O texto da lei natildeo eacute mais do que um complexo de palavras escritas que servem para uma manifestaccedilAo de vontade a casca exterior que encerra um pensamento o corpo de um conteuacutedo espiritual A missatildeo do inteacuterprete eacute justamente descobrir o conteuacuteshydo real da norma juriacutedica determinar em toda a plenishytude o seu valor ( ) reconstruir o pensamento legisshyativo

Para Hans Kelsen (1974) sendo a interpretaccedilatildeo a fixaccedilatildeo do sen tido da norma ela somente pode ser a moldura que representa oDireiacuteto a intershypretar e consequentemente o conhecimento das vaacuterias possibilidades que dentro desta moldura existem

3 O que jaacute traz a ideacuteia de que haveraacute mais de uma interpretaccedilatildeo possiacuteshyvel dependendo de cada um dos inteacuterpretes da norma

Neste ponto no entanto cessa a indagaccedillfo na aacuterea juriacutedica sobre essa figura intermediaacuteria o inteacuterprete que tem ao seu dispor tatildeo somente os meacutetodos de interpretaccedilatildeo por exemplo o meacutetodo histoacuterico-evolutivo quecirc vai examinar a lei a partir da eacutepoca em que foi elaborada quais as ideacuteias entatildeo predominantes os interesses agrave eacutepoca da feitura daquela determishynada lei os debates havidos etc para que possa estabelecer o seu significado e aplicaccedilatildeo a um caso concreto no presente

O que fica portanto por analisar para que dessa anaacutelise se possa extrair mais um elemento de apoio agrave tarefa interpretativa eacute a postura do proacuteprio inteacuterprete ele mesmo objeto de tndagaccedilatildeo ao proceder agravequela operaccedilatildeo

A indagaccedilatildeo de quais form~s ou modos de auto-conhecimento poderaacute ele utilizar-se para que a tarefa de busca dp significado da norma venha a I tapresentarmiddotse o quanto possiacutevel liberada das ~njunccedilotildees agrave que o proacuteprio inteacutershyprete estaacute condicionado no ato da interpretaccedilatildeo t

Ei

4 Anote-se a propoacutesito que os autores da aacuterea juriacutedica apontam duas

posturas possiacuteveis no ato interpretativo cada uma delas tendo os seus defenshy sores e que se caracterizam por ensinar que o inteacuterprete procurasse ou a ~ vontadedo legislador de quem elaborou a lei ou a vontade da proacutepria Hlet

No entanto a vontade do legislador do elaborador da norma natildeo pode ~ ser mais buscada ou encontrada feita a lei esta apresenta um conteuacutedo que representa uma vontade natildeo no sentido psicoloacutegico do termo mas conshy

fforme refere o m~smo Ferrara Im querido (voluto) um resultado um conteuacutedo espiritual que ao inteacuterprete cabe trazer a lume e desenvolver para

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bull -ebullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbulle-gtLe_bullbull e bull e___e bullbullbullbullbullbullbull~bullbull bull emiddotbullbull bull bull bull ampt t abranger e resolver mesmo os casos natildeo previstos reconstruindo o sisteshyma do Direito diz ele aqui estaacute o nobile officium o nobre oficio da interpretaccedilatildeo

5 Pois bem para essa nobre e difiacuteciacutel tarefa necessaacuterio se torna ao inteacuterprete ter agrave sua disposiccedilatildeo variados instrumentos de trabalho quantos sejam eficazes para a soluccedilatildeo do caso concreto a soluccedilatildeo melhor para detershyminada hipoacutetese dentre vaacuterias alternativas muitas vezes

A primeira dificuldade vem do proacuteprio texto em si as palavras tecircm inevitavelmente mais de um sentido aquilo que representam o objeto e a sua representaccedilatildeo para o seu inteacuterprete

Sabemos que as palavras a Linguagem a Linguumliacutestica compotildeem uma aacuterea proacutepria de estudos e anaacutelise com desdobramentos e aprofundamentos niIo imaginados Michel Foucault (1966) mostra como a coerecircncia que exisshy

durante toda a idade claacutessica entre a teoria da representaccedilatildeo e as da linguagem ( ) esta configuraccedilatildeo ( ) a partir do seacuteculo XIX muda inteiramiddot mente a tcoria da representaccedilatildeo desaparece como fundamento geral de todas as ordens possiacuteveis a linguagem como quadro espontacircneo e quadriculado primeiro das coisas como intermediaacuterio indispensaacutevel entre a representaccedilatildeo e os seres desvanece-se por seu turno ( ) e sobretudo a linguagem perde o seu lugar privilegiado e torna-se por sua vez coerente com a espessura do seu pasado

6 Ademais do problema em si da proacutepria linguagem urna questatildeo permanece pouco estudada na aacuterea da interpretaccedilatildeo da lei a figura do inteacuterprete como dissemos ela mesma o canal da busca do significado para a soluccedilatildeo do caso que se tem em mlos

Aqui depara-se o campo feacutertil da Anaacutelise Transacional e outros insshytrumentos igualmente eficazes do auto-conhecimemto auxiliando a tarefa da interpretaccedilatildeo no seu todo Tomando um dos instrumentos da AT - os Estados do Ego pelo auto-conhecimento e identificaccedilatildeo daquele que se mostra preponderante no comportamento atraveacutes das praacuteticas da AT o inteacuterprete teraacute a noccedilatildeo clara da sua postura diante da norma juriacutedica a intershypretar se clara ou obscura se tazoaacutevelou natildeo se justa ou injusta se ideoloshygicamente dirigida enfim diante das circunstacircncias todas que cercam a norshyma e o caso o proacuteprio trabalho a realizar externas e interiores ao inteacuterprete este o sujeito da accedilatildeo tem em si o iniacutecio da soluccedilatildeo a partir daiacute comeccedila a tarefa da interpretaccedilatildeo

A Gordillo (1988) trata de forma excelente a obra interpretativa e nesta as etapas da decisatildeo criativa do caso em especial o nascimento e regisshytro das ideacuteias criativas quando aborda as funccedilotildees da linguagem (hemisfeacuterio esquerdo) e da criaccedilatildeo (hemisfeacuterio direito) bem como a interaccedilatildeo criativoshycriacutetica de ambos hemisfeacuterios cerebrais

Trata-se de uma colocaccedilio em que se identificam claramente os Estados Adultocirc e Crianccedila do Ego individual e todas as suas possibilidades elaborashy

tivas na accedilatildeo de interpretar e aplicar a lei seja a niacutevel propriamente juriacutedishyco ou lato senso as normas que regem as nossas vidas a existecircncia humana em sociedade as nossas leis interiores codificadas no Parenta

Pelo que podemos deduzir a fundamental importacircncia de instrumentos como eacute especialmente a Anaacutelise Transacional para esta aacuterea do conhecishymento humano que eacute o Direito a iniciar-se pelo inteacuterprete e aplicador da norma juriacutedica o advogado o juiz o mesmoelaborador da lei que vai reger a convivecircncia das pessoas na sociedade

Sumaacuterio - Objetiva-se estabelecer relaccedilatildeo direta eutre as teorias wmportashymentais (a At especificamente) e a ciecircncia do Direito pela figura do inteacutershyprete da lei A operaccedilatildeo interpretativa envolvendo a racionalidade e l intuiccedilatildeo socorridas da experiecircncia do Parental buscando o inteacuterprete pelo instrushymental da AT explicar a sua proacutepria postura diante da norma a interpreshytar e com isso a possibilidade de otimizaccedilatildeo do ato interpretativo com maior seguranccedila e certeza objetivos preciacutepuos do Direito

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53 52

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ZIMtuwAN David E Fundamentos Psicanaliticos Teoria teacutecnica e cliacutenica Porto Alegre Artmed 2006 2a ediccedilatildeo

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CAPiacuteTULO VII A ANAacuteLISE TRANSACIONAL E O DIREITO

UMA REFLEXAtildeO SOBRE A PSICOLOGIA SOCIAL NA AREA JURIacuteDICA

MAIlIA (AIlLlA

A razatildeo esclarecida eacute a razaacuteo abspluta da autodeterminaccedilatildeo

(NielZSChe)

A ~utonomia do individuo figura como um alvo muitopreciso a sealcamiddot nccedilarmiddoteacuteonsiderando-se com Max Weber (e o profeta Ezequiel 18 24) que a responSabIlidade eacute pessoal e que um dos pontos mais especiacuteficos da Eacutetica ciecircncia da mom e esta como o conjunto das regras de conduta de detershyrriinado grupo humano para noacutes a eacutetica ocidental - culmina na questatildeo da responsabilidacle

Como se sabe Webcr elabora dililinccedilaacuteo cnlre eacutetica da covicccedilatildeo as questotildees de foro intimo (o partidaacuterio de tal eacutetica natildeo atribuiraacute a responsabi Udade ao agente mas ao mundo agrave tolice dos homens ou agrave vontade de Deus (IUC aiSlm criou os hOm(lls) ( a eacutetica da nrsponsabllidtlde (qU( Apcl vai denominar eacutetica da rcsponslbilJdade social) pela qual devcmos nsponder pelas previsiveis consequumlecircncias de nossos atos

E vem afirmar em certo momento a eacutetica da condcccedilatildeo e a eacutetica da responsabilidade natildeo se contrapotildeem mas se completam e em conlunto fprmam o homem autecircntico

~ lJIre-Docenre em Direilo do Estado pela PUC-SP Professora de Direito ConsIirudonaJ l e Dlieito Educacional da PUCmiddotSP Procuradora do Estado aposentada Ex-oonsultOra Jushy

riacutedica da USP Membro da CoSI - Comissatildeo de Bloeacutetlca do HCfNU5P do lAsP e do lBoc ~ Ciecircncta ti Poliacutetica duas vocaccedilotildees Satildeo Paulo Culuix 1993 p 113 e 55

3 Op cU p 22 refeacuterindo-se ao objelivo de sua conferecircncia jslO eacute um homem que pode aspirar 1 vocaccedilatildeo poliacutelicamiddot

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AsPECTOS PSICOLOacuteGICOS NA PuacutenCA]UlUacuteDJCA92

Ora para alcanccedilar essa plenitude de autenticidade e de responsabilidade toma-se necessaacuterio que o ser humano conte com as possibilidades da libershydade (e portanto de opccedilotildees de agir) e do conhecimento (acesso i educaccedilatildeo e agrave informaccedilatildeo)

1 A Psicologia Ciecircncia da Alma Objetiva conforme refere o dkionaacuterio comum o conhecimento dos fenocircshy

menos psiacutequicos e do comportamento o conjunto de estados e disposiccedilotildees psiacutequicas de ideacuteias de um indiyiacuteduo ou de um grupo de indiviacuteduos

Pode-se considerar a Psicologia portanto como o estudomiddot da conduta humana a partir do que Hesse denomina nossos haacutebitos mentaismiddot os quais conformam (e por vezes deformam) nossa compreensatildeo de noacutes mesmos e do mundo

A partir entatildeo das obras de Freud - especificamente no seu Esboccedilo de psicanaacutelise a mente e seufuncionamento esse estudo desenvolve-se em vaacuterias teorias da personalidade para explicar e esclarecer o comportamento humano nas suas muacuteltiplas inextrlcfveis e complexas configuraccedilotildees

2 A Anaacutelise Transacional Dentre esses desenvolvimentos teoacutericos e praacuteticos e apartir da Psicanilise

freudiana destaca-se a Anaacutelise Transacional proposta por Eric Beme em nushymerosas obras que oferece base teoacuterica e metodoloacutegica para atingimento desse desiderato da autodeterminaccedilatildeo em niacutevel pessoal pelos caminhos do autoconhecimento (potencialidades e limitaccedilotildees o micrltxosmo humano) e da comunicaccedilatildeo (a atuaCcedilatildeo do ser integrado fiacutesico e psiacutequico em relaccedilatildeo ao outro o mundo o macrocosmo)

J- podemos dizer edualCcedilatildeo da alma embora o homem tenha a qualishydad~ ~ta da 1llZlIo eacute certo que o grau de disCernimento varia muito de um para outro ser humano

A histoacuteria eacute antiga desde ~ more do conhecimento no jardim do Eacuteden - esse conflito interno da nanirezamiddothumana

4 ~ Koorad BscrItos de Derecho QmstitudQ1UUacute Madrid Centro de Estuacutedios Constishy

5 6

tucionaks 1983 p 44 Rio deJaOtildedro ~gQEditora 1975 p 1$ e ss ~~em~apia~ aulo Summus 1984 O que lbcecirc diz deshypois de dizItw 0141Sio Paulo Nobel 2007 e outros

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CAPIacuteTUlO VII - A ANAtildeusI TItNSACIONAL E o DIREml UMA REF1ExAtildeo SOBRE A PsICOLOGIA

tWwGiICIA

Sobre a aacutervore do conhecimento escrevenlnl Maturana e VICela citando aliaacutes o profeta Isaias Ampliacutea o espaccedilo de tua tcnda e nela estcndc teus tapetes pois haacutes de te locomover em todas as direccedilotildees 7

Eacute a amplitude da razatildeo e da consciecircncia definida pelo filoacutesofo Henri de Man como o conhecimento do Bem e do Mal

Explicam aqueles ciemistas a aacutervore edecircnica COmo o estudo cientiacutefico dos ~

processos que subjazem ao conhecimento E afirmam

O conhecimento compromete Compromete-nos a tomar urna atitude de permanente vigilacircnCia contra a tentaccedilatildeo da certeza a reconhecer que nossas certezas natildeo satildeo provas da verdade como se o mundo que cada um de noacutes vecirc fosse o mundo e natildeo um mundo que produzimos com OUlrQS Comprometeshynos porque ao saber que sabemos natildeo podemos negar o que sabemos O que conduz a uma eacutetica inescapaacutevel que natildeo podemos desprezar

Fssa constante vigilacircncia entendemos como um processo educacional pemlanente pelo qual analisamos o conhecimento do conhecimento - no caso o conhecimento do Eu

Essa a tarefa de propostas como a Anaacutelise TransacionaL

ACiecircncia do Direito cuida igualmente do comportamento humano meshydiante o estabelecimento de normas objetivando a conviVecircncia social Nessa finalidade delimita-se como eacute intuitivo com as aacutereas de ciecircncias congecircneres como a Sociologia a Antropologia a Poliacutetica a Psicologia e outraS

j Mais ainda assinala-se quanto ao Direito a sua inevitaacutevel imertextualishydade alcanccedilando outras aacutereas do conhecimento para analisar questotildees juridicas com o seu aporte necessaacuterio e amplificador de ideacuteias e conc~itos

3 A intertextualidadc do Direito Constitucional Aesse respeito sublinha Canotilho o direito constitucional eacute um tershy

texto aberto Deve muito a experiecircncias constitucionais nacionais e estrangeishy~ no seu espirito transporta ideacuteias de moacutesofos pensadores e politicos ~seus mitos pressupotildeem as profundidades dos arqueacutetipos enrai7ftdos dos povos a sua gravitaccedilatildeo eacute agora natildeo um singular movimento de rotaccedilatildeo em tomo de si mesmo mas sim um gesto de translaccedilatildeo perante outras galaacutexias do saber humanomiddot

middotmiddot7 A aacutervore do conbectmento As bases biolOacutegicas do conhecimento humano Campinas Psy 1995 p 262

8 Direito Constitucional e Teoria da Constituiccedilatildeo Coimbra Almedina 1998 p 15 I

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94 AsIEClOli PsICOLoacuteGICOS NA PllAacutenCAJulUacuteDICA

Nesse contexto Direito e Psicologia se correspondem ponanto sobretudo naquilo que Desse denomina a preacute-compreensatildeo do inteacuterprete

O Inteacuterprete natildeo pode captar o conteuacutedo da norma desde um ponto quase-arshyqulmeacutedko situado fora da existecircncia histoacuterica senatildeo unicamente desde a conshycreta situaccedilatildeo histoacuterica em que se encontra cuja plasmaccedilatildeo conformou seus haacutebitos mentais condicionando seus conhecimentos e seus preacute-juiacutezOS9

Exatamente para que o inteacuterprete possa compreender-se delimitando o que seja nele autecircntico e proacuteprio e o que lhe foi transmitido - para que possa

re-decldir agora e realizar opccedilotildees tem necessidade do autoconhecimento preacutevio da sua condiccedilatildeo psicologicamente consciente e esclarecida

I A Anaacutelise Transacional prevecirc conforme propusera Freud trecircs aacutereas do aparelho me8taJ ou uma anaacutelise estrutural segundo 8eme consubstanciando as fases existenciais da primeira infacircncia (o obscuro Id) a Arqueopsiquecirc ou Estado do Ego Crianccedila (na linguagem coloquial) a aacuterea de intenned4tccedilatildeo com o meio ambiente apreendendo os dados da realidade o Ego (Neopsiquecirc ou Estado de Ego Adu Ito) por fim a memoacuteria dos arquivos mentais tradicional e

~ ( cntica o Superego (Exteropsiquecirc ou Estado do Ego Pai) ressalvando-se desde

logo niio ocorrer correspondDnda direta de ambas teorias nos fenocircmenos descritqs sendo a citaccedilatildeo exemplificati~ em cadter meramente didaacutetico de

~ comprelnsatildeo pois PaJ Adulto e Crianccedila confonne explica 8emelO natildeo satildeo ~ i conceitos como Superego Ego e Id ou como os construtos junguianos mas

realidades fenomenoloacutegicas observaacuteveis portanto

4 O Inteacuterprete

o denominado operador do Direito ou Inteacuterprete teraacute assim os instrushymentos necessaacuterios pelos quais de imediato voltando-se para si mesmo possa por esses meios analisar suas condutas e linguagem postural ou verbal aproshy

~ ~i priando-se de experiecircndas pessoais e elaborar umacntica ou anaacutelise tendente

ao autoconhedmento e l autonomia

EVdentemente que O apoio psicoterapecircutico natildeo estaacute dispensado de formaalgwna aoconttIacuteirio se demonstra recomendaacuteveL Contudo Um p~eiro momento de esclaredmento dos p1eacute-conceitos e preacute-juiacutezos bem como das potencialidades individuais apresenta-se necessaacuterio e emergencial para ser complementado entatildeo num estudo mais aprofundado Isto eacute o que poderaacute

9 Direito Constitudonal e 100ria da Constituiccedilatildeo Coimbra A1medina 1998 10 AnaacuteJise Tnulsadonal em Psicoterapia Satildeo Paulo Summus 1984 p 23

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UacutePlTVw VII - A AacuteNAacuteUsE T~SACIONAL E o DIREITO UMA REFUXAtildeO SOlllU li PlocoWGIA 95

MAIUA G ~

i 1

proporcionar de imediato a Anaacutelise Transacional embora esta tcoria ofercccedila ela mesma e em sequumlecircncia o aprofundamento necessaacuterio

Conforme destaca Mira y loacutepezl1 Infelizmente o estado atual da cjecircncia psicoloacutegica natildeo pennlte utilizar seus conhecimentqs em todos os aspectos lt do direito e isso faz com que a psicologia juridica se encontre hoje limitada --determinados capiacutetulos e problemas legais referindo a psicologia do testemunho a obtenccedilatildeo da evidecircncia delituosa a compreensatildeo do delito a informaccedilatildeo forense a seu respeito a reforma moral do delinquumlente ou seja preponderantemente os aSfuctos fumais

12 ~ Mara Caffeacute traz o encontro entre essas duas aacutereas possiacuteveis de con-

filiar Psicanaacutelise e Direito com referecircncia agraves suas experiecircncias em Varas de Famiacutelia t

Contudo natildeo eacute o que visualizamos parece-nos que podendo ser qualquer ~ pessoa um inteacuterprete da lei regra de conduta humana sob diversificados jlSpcctos individuais e sociais essa figura como tal poderaacute ser analisada psishycologicamente na aacuterea juriacutedica puacuteblica ou privada civil ou penal e outras

A teoria e metodologia propostas por Eric Berne apresentam essa fundashyiacuten~ntaJ possibilidade de um primeiro passo em direccedilatildeo a si mesmo atraveacutes do jX)nIlecimento e praacutetica dos instrumentos possibilitadores da anaacutelise de condutas de si mesmo e de outrem - as transaccedilotildees unidades da comunicaccedilatildeo humana em especial a dcnominada poslccedilaacuteo existcncial numa relaccedilatildeo cumuro

Posiccedilatildeo existencial ou Psicoloacutegica ecircorresponde a um juiacutezo de valor a respeito de si mesmo e dos outros adotado na inlacircncia que poderaacute persistir

tJgtasicamente na idade adulta levando o Individuo a orientar-se por essa opinshyfinnada quando a informaccedilatildeo apresentava-se incompleta c precaacuteria para tomada de decisatildeo

Gandhi tem um pensamento que pode explicar essa circunstacircncia o que ptIlSamos passamos a ser

Trata-se no entanto de ~m conceito dinacircmico existe uma posiltatildeo exisshybaacutesica (realista projetiva introjetiva ou ~simista) e predominante

de equllibrio entre a Posiccedilatildeo Existencial (Imaginaacuteria) e a realidade um movimento pendular ~

A anaacutelise beClliana explica e desenvolve as quatro posiccedilotildees existenciais a partir dessa primeira decisatildeo prematura para estabilizar quanto

M4nuaJ de I$icologia]uriacutedica Campinas IZn Editora 2005 p 20 Psican4lise e Direito Satildeo Paulo Quartler latia 2003 I

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possfvel uma posiccedilatildeo realista e efetiva do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a si mesmo e ao mundo

Haveraacute portanto a oportunidadede uma re-decisatildeo quandoYenha a existir o conhecimento pleno da preacute-compreensatildeo que temos da relaccedilatildeo EUOutro - o mundo para uma compreensatildeo ou consciecircncia e portanto autenticidade e autonomia

5 Um Estudo Conjugado

Revela-se portanto a necessidade do estudo conjugado DireimPsicologia (Social) dado que ambos os ramos do conhecimento vinculam-se li anaacutelise do romportamento ou conduta do ser humano em todos os seus aspectos que envolwm a figura do inteacuterprete e a preacute-compreell$atildeo do inteacuterprete

ODireito eacute umdos fenocircmenos mais notaacuteveis na vida humana refere Teacutercio Sampaio FerrazJr13 Compreendecirc-lo eacute compreender uma parte de noacutes mesmos Eacute saber em pane porque obedecemos porque mandamos porque nos iridignashymos porque aspiramos mudar em nome de ideais porque em nome de ideais conservamos as coisas como estatildeo Ser livre eacute estar no direito e no entanto o direJfotambeacutemnos oprime e nos tira aliberdadePor isso compreendero direito natildeo eacute JUD empreendimento que se reduz facHmente a conceituaccedilotildees loacutegicas e racionalmente sistematizadas O encontro com o direito eacute diversificado agraves vezes conftitivo e incoerente agraves vezes linear e consequumlente ( )

i Por tudo isso o direito eacute um misteacuterio o misteacuterio do principio e do fim i da ~ilidade humana

Bem a ecircnfase da Psicologia Social encontra-se no estudo do comportashymento do Individuo no que ele eacute influenciado socialmente explica Silvia Iane 14 Isto acontece desde o nascimento talvez antes a histoacuteria do grupo ao qual pertence o que dlve ser apreendido as emoccedilotildeelgt resultantes o homcm cofIacutelccedil agente transfonnador etc

0 misteacuterio do Direito encontra-se nesse conviver humano a conduta hwnma poded serobjeto de duas anaacutelises que se complementam levando ao esnido conjugado dessas ~ diferentes que convergem para um soacute individuo realIacuteZando-se poresSe mOdo o desiderato do art 205 da Constituiccedilatildeo quandoindicaagraveeducaccedilatildeoo cometimentodo plenodesemolvimento da pessoa integrashy~ente racional e emocional para alcanccedilar o autoconhecimento e com este conto condiccedilatildeo para o exerciacutecio da cidadania e a qualificaccedilatildeo para o trabalho

13 JIIlrCItIuccediliiacuteo ao Estudo do Direito Satildeo Paulo Atlas 1994 p 21 J4 oque eacutePdcologla SocIal Satildeo Paulo BrasiUense 2001 p 8 e 55

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crIacute11J1O VII - AANAacuteLISE TIWlSACIONAl E o DIREITO UMA Rlruxo S08IIE o PsIcotoGIA 97 lIIuIA GAIICL

O desenvolver integrativo (racionalemOCionai) conduz agrave autenticidade e consciecircncia o ltaminho da autonomia a filosofia bemiana

Aautonomia constitui-se por sua vez no pressuposto necessaacuterio agrave garanshytia de um juiacutezo esclarecido e justo - ao qual todos tecircm direito - e a PsicolOgia Social viraacute possibIDtar o conhecimento da preacute-compreensatildeo do inteacuterprete o

- seu universo particular o conhecimento liberta dai poder-se aguardar Seja alcanccedilado aquele desiderato

Verifica-se portamo que Direito c Isicologiacutea podem conconcr para o esclarecimento das complexidades da personalidade humana na sua inteireza para realizar-se a proacutepria razatildeo de ser do Direito o misteacuterio do princiacutepio e do fim da sociabilidade humana

Essa convivecircncia ou SOciabilidade demanda o que se Insiste reitcmr a autodeteminaccedilatildeo a necessaacuteria autonomia do ser humano para que vivecircncia e convivecircncia sejam fundamento da dignidade da pessoa humana porsi princiacutepio estruturante da comunidade mesma no sentido daquilo que eacute comum par_ ticipaccedilatildeo em comum

O indiviacuteduo - a pessoa humana representa a unidade intcoogradora desse todo e a sua consideraccedilatildeo em plenitude vem a verificar-se por ambas as ciecircncias da conduta humana Direito e Psicologia daiacute a indispensabilidade do seu estudo

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Page 7: Bloco VI - Análise Transacional e o Direito

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1 Haacute uma aacuterea do estudo da Ciecircncia Juriacutedica que se destina especialshymente agrave interpretaccedilatildeo da lei Todos sabemos que a norma juriacutedica a lei penal civil constitucional administrativa fiscal - demanda interpretaccedilatildeo a explicitaccedilatildeo do seu texto por mais sirilples que possa parecer a sua redaccedilatildeo pelas implicaccedilotildees dele decorrentes pelagrave sua vinculaccedilatildeo a outras normas ou regras dentro do mesmo sistema jurfdico pelas consequumlecircncias todas a niacutevel individual e social

A lei eacute feita para as pessoas para a sociedade na qual vai vigorar regushylando a convivecircncia comum sob a autoridade de um governo do Estado Elaborada pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional Assembleacuteias Legisshylativas Cacircmaras Municipais) composto de representantes do povo a ideacuteia eacute do povo fazendo leis para si mesmo e assim ordenando o conviacutevio social porquanto toda forma de agrupamento social exige regras de conduta que possibilitem agraves pessoas vivere~ em famiacutelia em grupo em sociedade - as vaacuterias etapas da convivecircncia socjal

As regras de convivecircncia apresentam assim gradaccedilotildees desde a regra moral ateacute a regra juriacutedica ou de Direito esta igualmente determinando formas de comportamento ou de conduta mas com uma caracteriacutestica espeshycial eacute dotada ou acompanhaacuteda de saniiatildeo isto eacute natildeo atendido o seu coshymando essa desobediecircncia implicaraacute uma penalidade prevista na proacutepria lei Exemplo deixar de pagaro Imposto Territorial e Predial a que a lei tributaacuteria obriga todo proprietacircrio de imoacutewl resultaraacute na sanccedilatildeo de multa e outros acreacutescimos como a correccedilatildeo monetaacuteria

2 Tudo isso exige uma interpretaccedilatildeo da lei Interpretaccedilatildeo de acordo com o dicionaacuterio significa exegese explicaccedilatildeo traduccedilatildeo esclarecimento e na Area propriamente juriacutediCa isto eacute na Area do Direito (conjunto de normas de convivecircncia social de caraacuteter obrigatoacuterio para todos) interpretar eacute buscar o sentido o significado da norma

Membro Diljata em formaccedilatildeo - Procuradora do Estado aposentada Assessora Juriacutedica da USP e professora de Direito Constitucional na PUC-SP

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Maria Garcia I l l 1 I

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Todas essas operaccedilotildees exigem um intermediacircrio o inteacuterprete da lei Francesco Ferrara (1978) assim explica esse fato

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O texto da lei natildeo eacute mais do que um complexo de palavras escritas que servem para uma manifestaccedilAo de vontade a casca exterior que encerra um pensamento o corpo de um conteuacutedo espiritual A missatildeo do inteacuterprete eacute justamente descobrir o conteuacuteshydo real da norma juriacutedica determinar em toda a plenishytude o seu valor ( ) reconstruir o pensamento legisshyativo

Para Hans Kelsen (1974) sendo a interpretaccedilatildeo a fixaccedilatildeo do sen tido da norma ela somente pode ser a moldura que representa oDireiacuteto a intershypretar e consequentemente o conhecimento das vaacuterias possibilidades que dentro desta moldura existem

3 O que jaacute traz a ideacuteia de que haveraacute mais de uma interpretaccedilatildeo possiacuteshyvel dependendo de cada um dos inteacuterpretes da norma

Neste ponto no entanto cessa a indagaccedillfo na aacuterea juriacutedica sobre essa figura intermediaacuteria o inteacuterprete que tem ao seu dispor tatildeo somente os meacutetodos de interpretaccedilatildeo por exemplo o meacutetodo histoacuterico-evolutivo quecirc vai examinar a lei a partir da eacutepoca em que foi elaborada quais as ideacuteias entatildeo predominantes os interesses agrave eacutepoca da feitura daquela determishynada lei os debates havidos etc para que possa estabelecer o seu significado e aplicaccedilatildeo a um caso concreto no presente

O que fica portanto por analisar para que dessa anaacutelise se possa extrair mais um elemento de apoio agrave tarefa interpretativa eacute a postura do proacuteprio inteacuterprete ele mesmo objeto de tndagaccedilatildeo ao proceder agravequela operaccedilatildeo

A indagaccedilatildeo de quais form~s ou modos de auto-conhecimento poderaacute ele utilizar-se para que a tarefa de busca dp significado da norma venha a I tapresentarmiddotse o quanto possiacutevel liberada das ~njunccedilotildees agrave que o proacuteprio inteacutershyprete estaacute condicionado no ato da interpretaccedilatildeo t

Ei

4 Anote-se a propoacutesito que os autores da aacuterea juriacutedica apontam duas

posturas possiacuteveis no ato interpretativo cada uma delas tendo os seus defenshy sores e que se caracterizam por ensinar que o inteacuterprete procurasse ou a ~ vontadedo legislador de quem elaborou a lei ou a vontade da proacutepria Hlet

No entanto a vontade do legislador do elaborador da norma natildeo pode ~ ser mais buscada ou encontrada feita a lei esta apresenta um conteuacutedo que representa uma vontade natildeo no sentido psicoloacutegico do termo mas conshy

fforme refere o m~smo Ferrara Im querido (voluto) um resultado um conteuacutedo espiritual que ao inteacuterprete cabe trazer a lume e desenvolver para

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bull -ebullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbulle-gtLe_bullbull e bull e___e bullbullbullbullbullbullbull~bullbull bull emiddotbullbull bull bull bull ampt t abranger e resolver mesmo os casos natildeo previstos reconstruindo o sisteshyma do Direito diz ele aqui estaacute o nobile officium o nobre oficio da interpretaccedilatildeo

5 Pois bem para essa nobre e difiacuteciacutel tarefa necessaacuterio se torna ao inteacuterprete ter agrave sua disposiccedilatildeo variados instrumentos de trabalho quantos sejam eficazes para a soluccedilatildeo do caso concreto a soluccedilatildeo melhor para detershyminada hipoacutetese dentre vaacuterias alternativas muitas vezes

A primeira dificuldade vem do proacuteprio texto em si as palavras tecircm inevitavelmente mais de um sentido aquilo que representam o objeto e a sua representaccedilatildeo para o seu inteacuterprete

Sabemos que as palavras a Linguagem a Linguumliacutestica compotildeem uma aacuterea proacutepria de estudos e anaacutelise com desdobramentos e aprofundamentos niIo imaginados Michel Foucault (1966) mostra como a coerecircncia que exisshy

durante toda a idade claacutessica entre a teoria da representaccedilatildeo e as da linguagem ( ) esta configuraccedilatildeo ( ) a partir do seacuteculo XIX muda inteiramiddot mente a tcoria da representaccedilatildeo desaparece como fundamento geral de todas as ordens possiacuteveis a linguagem como quadro espontacircneo e quadriculado primeiro das coisas como intermediaacuterio indispensaacutevel entre a representaccedilatildeo e os seres desvanece-se por seu turno ( ) e sobretudo a linguagem perde o seu lugar privilegiado e torna-se por sua vez coerente com a espessura do seu pasado

6 Ademais do problema em si da proacutepria linguagem urna questatildeo permanece pouco estudada na aacuterea da interpretaccedilatildeo da lei a figura do inteacuterprete como dissemos ela mesma o canal da busca do significado para a soluccedilatildeo do caso que se tem em mlos

Aqui depara-se o campo feacutertil da Anaacutelise Transacional e outros insshytrumentos igualmente eficazes do auto-conhecimemto auxiliando a tarefa da interpretaccedilatildeo no seu todo Tomando um dos instrumentos da AT - os Estados do Ego pelo auto-conhecimento e identificaccedilatildeo daquele que se mostra preponderante no comportamento atraveacutes das praacuteticas da AT o inteacuterprete teraacute a noccedilatildeo clara da sua postura diante da norma juriacutedica a intershypretar se clara ou obscura se tazoaacutevelou natildeo se justa ou injusta se ideoloshygicamente dirigida enfim diante das circunstacircncias todas que cercam a norshyma e o caso o proacuteprio trabalho a realizar externas e interiores ao inteacuterprete este o sujeito da accedilatildeo tem em si o iniacutecio da soluccedilatildeo a partir daiacute comeccedila a tarefa da interpretaccedilatildeo

A Gordillo (1988) trata de forma excelente a obra interpretativa e nesta as etapas da decisatildeo criativa do caso em especial o nascimento e regisshytro das ideacuteias criativas quando aborda as funccedilotildees da linguagem (hemisfeacuterio esquerdo) e da criaccedilatildeo (hemisfeacuterio direito) bem como a interaccedilatildeo criativoshycriacutetica de ambos hemisfeacuterios cerebrais

Trata-se de uma colocaccedilio em que se identificam claramente os Estados Adultocirc e Crianccedila do Ego individual e todas as suas possibilidades elaborashy

tivas na accedilatildeo de interpretar e aplicar a lei seja a niacutevel propriamente juriacutedishyco ou lato senso as normas que regem as nossas vidas a existecircncia humana em sociedade as nossas leis interiores codificadas no Parenta

Pelo que podemos deduzir a fundamental importacircncia de instrumentos como eacute especialmente a Anaacutelise Transacional para esta aacuterea do conhecishymento humano que eacute o Direito a iniciar-se pelo inteacuterprete e aplicador da norma juriacutedica o advogado o juiz o mesmoelaborador da lei que vai reger a convivecircncia das pessoas na sociedade

Sumaacuterio - Objetiva-se estabelecer relaccedilatildeo direta eutre as teorias wmportashymentais (a At especificamente) e a ciecircncia do Direito pela figura do inteacutershyprete da lei A operaccedilatildeo interpretativa envolvendo a racionalidade e l intuiccedilatildeo socorridas da experiecircncia do Parental buscando o inteacuterprete pelo instrushymental da AT explicar a sua proacutepria postura diante da norma a interpreshytar e com isso a possibilidade de otimizaccedilatildeo do ato interpretativo com maior seguranccedila e certeza objetivos preciacutepuos do Direito

BIBLIOGRAFIA

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53 52

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AsPElt70S PSICOlOacuteGICOS NA PRAacuteTICA JUIUacuteDlCAi 90

I FRANCcedilA Ana Cristina Umongi RODIUGUES Avelino Luiz Stress e Trabalho uma abordagem psicossomaacutetica Satildeo Paulo Atlas 2002

U

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li I PraacuteticaJurfdica Campinas MiIlennium 2002 bull

ZIMtuwAN David E Fundamentos Psicanaliticos Teoria teacutecnica e cliacutenica Porto Alegre Artmed 2006 2a ediccedilatildeo

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CAPiacuteTULO VII A ANAacuteLISE TRANSACIONAL E O DIREITO

UMA REFLEXAtildeO SOBRE A PSICOLOGIA SOCIAL NA AREA JURIacuteDICA

MAIlIA (AIlLlA

A razatildeo esclarecida eacute a razaacuteo abspluta da autodeterminaccedilatildeo

(NielZSChe)

A ~utonomia do individuo figura como um alvo muitopreciso a sealcamiddot nccedilarmiddoteacuteonsiderando-se com Max Weber (e o profeta Ezequiel 18 24) que a responSabIlidade eacute pessoal e que um dos pontos mais especiacuteficos da Eacutetica ciecircncia da mom e esta como o conjunto das regras de conduta de detershyrriinado grupo humano para noacutes a eacutetica ocidental - culmina na questatildeo da responsabilidacle

Como se sabe Webcr elabora dililinccedilaacuteo cnlre eacutetica da covicccedilatildeo as questotildees de foro intimo (o partidaacuterio de tal eacutetica natildeo atribuiraacute a responsabi Udade ao agente mas ao mundo agrave tolice dos homens ou agrave vontade de Deus (IUC aiSlm criou os hOm(lls) ( a eacutetica da nrsponsabllidtlde (qU( Apcl vai denominar eacutetica da rcsponslbilJdade social) pela qual devcmos nsponder pelas previsiveis consequumlecircncias de nossos atos

E vem afirmar em certo momento a eacutetica da condcccedilatildeo e a eacutetica da responsabilidade natildeo se contrapotildeem mas se completam e em conlunto fprmam o homem autecircntico

~ lJIre-Docenre em Direilo do Estado pela PUC-SP Professora de Direito ConsIirudonaJ l e Dlieito Educacional da PUCmiddotSP Procuradora do Estado aposentada Ex-oonsultOra Jushy

riacutedica da USP Membro da CoSI - Comissatildeo de Bloeacutetlca do HCfNU5P do lAsP e do lBoc ~ Ciecircncta ti Poliacutetica duas vocaccedilotildees Satildeo Paulo Culuix 1993 p 113 e 55

3 Op cU p 22 refeacuterindo-se ao objelivo de sua conferecircncia jslO eacute um homem que pode aspirar 1 vocaccedilatildeo poliacutelicamiddot

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AsPECTOS PSICOLOacuteGICOS NA PuacutenCA]UlUacuteDJCA92

Ora para alcanccedilar essa plenitude de autenticidade e de responsabilidade toma-se necessaacuterio que o ser humano conte com as possibilidades da libershydade (e portanto de opccedilotildees de agir) e do conhecimento (acesso i educaccedilatildeo e agrave informaccedilatildeo)

1 A Psicologia Ciecircncia da Alma Objetiva conforme refere o dkionaacuterio comum o conhecimento dos fenocircshy

menos psiacutequicos e do comportamento o conjunto de estados e disposiccedilotildees psiacutequicas de ideacuteias de um indiyiacuteduo ou de um grupo de indiviacuteduos

Pode-se considerar a Psicologia portanto como o estudomiddot da conduta humana a partir do que Hesse denomina nossos haacutebitos mentaismiddot os quais conformam (e por vezes deformam) nossa compreensatildeo de noacutes mesmos e do mundo

A partir entatildeo das obras de Freud - especificamente no seu Esboccedilo de psicanaacutelise a mente e seufuncionamento esse estudo desenvolve-se em vaacuterias teorias da personalidade para explicar e esclarecer o comportamento humano nas suas muacuteltiplas inextrlcfveis e complexas configuraccedilotildees

2 A Anaacutelise Transacional Dentre esses desenvolvimentos teoacutericos e praacuteticos e apartir da Psicanilise

freudiana destaca-se a Anaacutelise Transacional proposta por Eric Beme em nushymerosas obras que oferece base teoacuterica e metodoloacutegica para atingimento desse desiderato da autodeterminaccedilatildeo em niacutevel pessoal pelos caminhos do autoconhecimento (potencialidades e limitaccedilotildees o micrltxosmo humano) e da comunicaccedilatildeo (a atuaCcedilatildeo do ser integrado fiacutesico e psiacutequico em relaccedilatildeo ao outro o mundo o macrocosmo)

J- podemos dizer edualCcedilatildeo da alma embora o homem tenha a qualishydad~ ~ta da 1llZlIo eacute certo que o grau de disCernimento varia muito de um para outro ser humano

A histoacuteria eacute antiga desde ~ more do conhecimento no jardim do Eacuteden - esse conflito interno da nanirezamiddothumana

4 ~ Koorad BscrItos de Derecho QmstitudQ1UUacute Madrid Centro de Estuacutedios Constishy

5 6

tucionaks 1983 p 44 Rio deJaOtildedro ~gQEditora 1975 p 1$ e ss ~~em~apia~ aulo Summus 1984 O que lbcecirc diz deshypois de dizItw 0141Sio Paulo Nobel 2007 e outros

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CAPIacuteTUlO VII - A ANAtildeusI TItNSACIONAL E o DIREml UMA REF1ExAtildeo SOBRE A PsICOLOGIA

tWwGiICIA

Sobre a aacutervore do conhecimento escrevenlnl Maturana e VICela citando aliaacutes o profeta Isaias Ampliacutea o espaccedilo de tua tcnda e nela estcndc teus tapetes pois haacutes de te locomover em todas as direccedilotildees 7

Eacute a amplitude da razatildeo e da consciecircncia definida pelo filoacutesofo Henri de Man como o conhecimento do Bem e do Mal

Explicam aqueles ciemistas a aacutervore edecircnica COmo o estudo cientiacutefico dos ~

processos que subjazem ao conhecimento E afirmam

O conhecimento compromete Compromete-nos a tomar urna atitude de permanente vigilacircnCia contra a tentaccedilatildeo da certeza a reconhecer que nossas certezas natildeo satildeo provas da verdade como se o mundo que cada um de noacutes vecirc fosse o mundo e natildeo um mundo que produzimos com OUlrQS Comprometeshynos porque ao saber que sabemos natildeo podemos negar o que sabemos O que conduz a uma eacutetica inescapaacutevel que natildeo podemos desprezar

Fssa constante vigilacircncia entendemos como um processo educacional pemlanente pelo qual analisamos o conhecimento do conhecimento - no caso o conhecimento do Eu

Essa a tarefa de propostas como a Anaacutelise TransacionaL

ACiecircncia do Direito cuida igualmente do comportamento humano meshydiante o estabelecimento de normas objetivando a conviVecircncia social Nessa finalidade delimita-se como eacute intuitivo com as aacutereas de ciecircncias congecircneres como a Sociologia a Antropologia a Poliacutetica a Psicologia e outraS

j Mais ainda assinala-se quanto ao Direito a sua inevitaacutevel imertextualishydade alcanccedilando outras aacutereas do conhecimento para analisar questotildees juridicas com o seu aporte necessaacuterio e amplificador de ideacuteias e conc~itos

3 A intertextualidadc do Direito Constitucional Aesse respeito sublinha Canotilho o direito constitucional eacute um tershy

texto aberto Deve muito a experiecircncias constitucionais nacionais e estrangeishy~ no seu espirito transporta ideacuteias de moacutesofos pensadores e politicos ~seus mitos pressupotildeem as profundidades dos arqueacutetipos enrai7ftdos dos povos a sua gravitaccedilatildeo eacute agora natildeo um singular movimento de rotaccedilatildeo em tomo de si mesmo mas sim um gesto de translaccedilatildeo perante outras galaacutexias do saber humanomiddot

middotmiddot7 A aacutervore do conbectmento As bases biolOacutegicas do conhecimento humano Campinas Psy 1995 p 262

8 Direito Constitucional e Teoria da Constituiccedilatildeo Coimbra Almedina 1998 p 15 I

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94 AsIEClOli PsICOLoacuteGICOS NA PllAacutenCAJulUacuteDICA

Nesse contexto Direito e Psicologia se correspondem ponanto sobretudo naquilo que Desse denomina a preacute-compreensatildeo do inteacuterprete

O Inteacuterprete natildeo pode captar o conteuacutedo da norma desde um ponto quase-arshyqulmeacutedko situado fora da existecircncia histoacuterica senatildeo unicamente desde a conshycreta situaccedilatildeo histoacuterica em que se encontra cuja plasmaccedilatildeo conformou seus haacutebitos mentais condicionando seus conhecimentos e seus preacute-juiacutezOS9

Exatamente para que o inteacuterprete possa compreender-se delimitando o que seja nele autecircntico e proacuteprio e o que lhe foi transmitido - para que possa

re-decldir agora e realizar opccedilotildees tem necessidade do autoconhecimento preacutevio da sua condiccedilatildeo psicologicamente consciente e esclarecida

I A Anaacutelise Transacional prevecirc conforme propusera Freud trecircs aacutereas do aparelho me8taJ ou uma anaacutelise estrutural segundo 8eme consubstanciando as fases existenciais da primeira infacircncia (o obscuro Id) a Arqueopsiquecirc ou Estado do Ego Crianccedila (na linguagem coloquial) a aacuterea de intenned4tccedilatildeo com o meio ambiente apreendendo os dados da realidade o Ego (Neopsiquecirc ou Estado de Ego Adu Ito) por fim a memoacuteria dos arquivos mentais tradicional e

~ ( cntica o Superego (Exteropsiquecirc ou Estado do Ego Pai) ressalvando-se desde

logo niio ocorrer correspondDnda direta de ambas teorias nos fenocircmenos descritqs sendo a citaccedilatildeo exemplificati~ em cadter meramente didaacutetico de

~ comprelnsatildeo pois PaJ Adulto e Crianccedila confonne explica 8emelO natildeo satildeo ~ i conceitos como Superego Ego e Id ou como os construtos junguianos mas

realidades fenomenoloacutegicas observaacuteveis portanto

4 O Inteacuterprete

o denominado operador do Direito ou Inteacuterprete teraacute assim os instrushymentos necessaacuterios pelos quais de imediato voltando-se para si mesmo possa por esses meios analisar suas condutas e linguagem postural ou verbal aproshy

~ ~i priando-se de experiecircndas pessoais e elaborar umacntica ou anaacutelise tendente

ao autoconhedmento e l autonomia

EVdentemente que O apoio psicoterapecircutico natildeo estaacute dispensado de formaalgwna aoconttIacuteirio se demonstra recomendaacuteveL Contudo Um p~eiro momento de esclaredmento dos p1eacute-conceitos e preacute-juiacutezos bem como das potencialidades individuais apresenta-se necessaacuterio e emergencial para ser complementado entatildeo num estudo mais aprofundado Isto eacute o que poderaacute

9 Direito Constitudonal e 100ria da Constituiccedilatildeo Coimbra A1medina 1998 10 AnaacuteJise Tnulsadonal em Psicoterapia Satildeo Paulo Summus 1984 p 23

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UacutePlTVw VII - A AacuteNAacuteUsE T~SACIONAL E o DIREITO UMA REFUXAtildeO SOlllU li PlocoWGIA 95

MAIUA G ~

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proporcionar de imediato a Anaacutelise Transacional embora esta tcoria ofercccedila ela mesma e em sequumlecircncia o aprofundamento necessaacuterio

Conforme destaca Mira y loacutepezl1 Infelizmente o estado atual da cjecircncia psicoloacutegica natildeo pennlte utilizar seus conhecimentqs em todos os aspectos lt do direito e isso faz com que a psicologia juridica se encontre hoje limitada --determinados capiacutetulos e problemas legais referindo a psicologia do testemunho a obtenccedilatildeo da evidecircncia delituosa a compreensatildeo do delito a informaccedilatildeo forense a seu respeito a reforma moral do delinquumlente ou seja preponderantemente os aSfuctos fumais

12 ~ Mara Caffeacute traz o encontro entre essas duas aacutereas possiacuteveis de con-

filiar Psicanaacutelise e Direito com referecircncia agraves suas experiecircncias em Varas de Famiacutelia t

Contudo natildeo eacute o que visualizamos parece-nos que podendo ser qualquer ~ pessoa um inteacuterprete da lei regra de conduta humana sob diversificados jlSpcctos individuais e sociais essa figura como tal poderaacute ser analisada psishycologicamente na aacuterea juriacutedica puacuteblica ou privada civil ou penal e outras

A teoria e metodologia propostas por Eric Berne apresentam essa fundashyiacuten~ntaJ possibilidade de um primeiro passo em direccedilatildeo a si mesmo atraveacutes do jX)nIlecimento e praacutetica dos instrumentos possibilitadores da anaacutelise de condutas de si mesmo e de outrem - as transaccedilotildees unidades da comunicaccedilatildeo humana em especial a dcnominada poslccedilaacuteo existcncial numa relaccedilatildeo cumuro

Posiccedilatildeo existencial ou Psicoloacutegica ecircorresponde a um juiacutezo de valor a respeito de si mesmo e dos outros adotado na inlacircncia que poderaacute persistir

tJgtasicamente na idade adulta levando o Individuo a orientar-se por essa opinshyfinnada quando a informaccedilatildeo apresentava-se incompleta c precaacuteria para tomada de decisatildeo

Gandhi tem um pensamento que pode explicar essa circunstacircncia o que ptIlSamos passamos a ser

Trata-se no entanto de ~m conceito dinacircmico existe uma posiltatildeo exisshybaacutesica (realista projetiva introjetiva ou ~simista) e predominante

de equllibrio entre a Posiccedilatildeo Existencial (Imaginaacuteria) e a realidade um movimento pendular ~

A anaacutelise beClliana explica e desenvolve as quatro posiccedilotildees existenciais a partir dessa primeira decisatildeo prematura para estabilizar quanto

M4nuaJ de I$icologia]uriacutedica Campinas IZn Editora 2005 p 20 Psican4lise e Direito Satildeo Paulo Quartler latia 2003 I

bull bullbullbullbullbull bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 96 AsPlCIOS PSICOlOacuteGICOS NA lRAacuteTICA JURlDlCA

possfvel uma posiccedilatildeo realista e efetiva do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a si mesmo e ao mundo

Haveraacute portanto a oportunidadede uma re-decisatildeo quandoYenha a existir o conhecimento pleno da preacute-compreensatildeo que temos da relaccedilatildeo EUOutro - o mundo para uma compreensatildeo ou consciecircncia e portanto autenticidade e autonomia

5 Um Estudo Conjugado

Revela-se portanto a necessidade do estudo conjugado DireimPsicologia (Social) dado que ambos os ramos do conhecimento vinculam-se li anaacutelise do romportamento ou conduta do ser humano em todos os seus aspectos que envolwm a figura do inteacuterprete e a preacute-compreell$atildeo do inteacuterprete

ODireito eacute umdos fenocircmenos mais notaacuteveis na vida humana refere Teacutercio Sampaio FerrazJr13 Compreendecirc-lo eacute compreender uma parte de noacutes mesmos Eacute saber em pane porque obedecemos porque mandamos porque nos iridignashymos porque aspiramos mudar em nome de ideais porque em nome de ideais conservamos as coisas como estatildeo Ser livre eacute estar no direito e no entanto o direJfotambeacutemnos oprime e nos tira aliberdadePor isso compreendero direito natildeo eacute JUD empreendimento que se reduz facHmente a conceituaccedilotildees loacutegicas e racionalmente sistematizadas O encontro com o direito eacute diversificado agraves vezes conftitivo e incoerente agraves vezes linear e consequumlente ( )

i Por tudo isso o direito eacute um misteacuterio o misteacuterio do principio e do fim i da ~ilidade humana

Bem a ecircnfase da Psicologia Social encontra-se no estudo do comportashymento do Individuo no que ele eacute influenciado socialmente explica Silvia Iane 14 Isto acontece desde o nascimento talvez antes a histoacuteria do grupo ao qual pertence o que dlve ser apreendido as emoccedilotildeelgt resultantes o homcm cofIacutelccedil agente transfonnador etc

0 misteacuterio do Direito encontra-se nesse conviver humano a conduta hwnma poded serobjeto de duas anaacutelises que se complementam levando ao esnido conjugado dessas ~ diferentes que convergem para um soacute individuo realIacuteZando-se poresSe mOdo o desiderato do art 205 da Constituiccedilatildeo quandoindicaagraveeducaccedilatildeoo cometimentodo plenodesemolvimento da pessoa integrashy~ente racional e emocional para alcanccedilar o autoconhecimento e com este conto condiccedilatildeo para o exerciacutecio da cidadania e a qualificaccedilatildeo para o trabalho

13 JIIlrCItIuccediliiacuteo ao Estudo do Direito Satildeo Paulo Atlas 1994 p 21 J4 oque eacutePdcologla SocIal Satildeo Paulo BrasiUense 2001 p 8 e 55

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crIacute11J1O VII - AANAacuteLISE TIWlSACIONAl E o DIREITO UMA Rlruxo S08IIE o PsIcotoGIA 97 lIIuIA GAIICL

O desenvolver integrativo (racionalemOCionai) conduz agrave autenticidade e consciecircncia o ltaminho da autonomia a filosofia bemiana

Aautonomia constitui-se por sua vez no pressuposto necessaacuterio agrave garanshytia de um juiacutezo esclarecido e justo - ao qual todos tecircm direito - e a PsicolOgia Social viraacute possibIDtar o conhecimento da preacute-compreensatildeo do inteacuterprete o

- seu universo particular o conhecimento liberta dai poder-se aguardar Seja alcanccedilado aquele desiderato

Verifica-se portamo que Direito c Isicologiacutea podem conconcr para o esclarecimento das complexidades da personalidade humana na sua inteireza para realizar-se a proacutepria razatildeo de ser do Direito o misteacuterio do princiacutepio e do fim da sociabilidade humana

Essa convivecircncia ou SOciabilidade demanda o que se Insiste reitcmr a autodeteminaccedilatildeo a necessaacuteria autonomia do ser humano para que vivecircncia e convivecircncia sejam fundamento da dignidade da pessoa humana porsi princiacutepio estruturante da comunidade mesma no sentido daquilo que eacute comum par_ ticipaccedilatildeo em comum

O indiviacuteduo - a pessoa humana representa a unidade intcoogradora desse todo e a sua consideraccedilatildeo em plenitude vem a verificar-se por ambas as ciecircncias da conduta humana Direito e Psicologia daiacute a indispensabilidade do seu estudo

~ ~~ ieacutellAtilde ~~

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Page 8: Bloco VI - Análise Transacional e o Direito

bull -ebullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbulle-gtLe_bullbull e bull e___e bullbullbullbullbullbullbull~bullbull bull emiddotbullbull bull bull bull ampt t abranger e resolver mesmo os casos natildeo previstos reconstruindo o sisteshyma do Direito diz ele aqui estaacute o nobile officium o nobre oficio da interpretaccedilatildeo

5 Pois bem para essa nobre e difiacuteciacutel tarefa necessaacuterio se torna ao inteacuterprete ter agrave sua disposiccedilatildeo variados instrumentos de trabalho quantos sejam eficazes para a soluccedilatildeo do caso concreto a soluccedilatildeo melhor para detershyminada hipoacutetese dentre vaacuterias alternativas muitas vezes

A primeira dificuldade vem do proacuteprio texto em si as palavras tecircm inevitavelmente mais de um sentido aquilo que representam o objeto e a sua representaccedilatildeo para o seu inteacuterprete

Sabemos que as palavras a Linguagem a Linguumliacutestica compotildeem uma aacuterea proacutepria de estudos e anaacutelise com desdobramentos e aprofundamentos niIo imaginados Michel Foucault (1966) mostra como a coerecircncia que exisshy

durante toda a idade claacutessica entre a teoria da representaccedilatildeo e as da linguagem ( ) esta configuraccedilatildeo ( ) a partir do seacuteculo XIX muda inteiramiddot mente a tcoria da representaccedilatildeo desaparece como fundamento geral de todas as ordens possiacuteveis a linguagem como quadro espontacircneo e quadriculado primeiro das coisas como intermediaacuterio indispensaacutevel entre a representaccedilatildeo e os seres desvanece-se por seu turno ( ) e sobretudo a linguagem perde o seu lugar privilegiado e torna-se por sua vez coerente com a espessura do seu pasado

6 Ademais do problema em si da proacutepria linguagem urna questatildeo permanece pouco estudada na aacuterea da interpretaccedilatildeo da lei a figura do inteacuterprete como dissemos ela mesma o canal da busca do significado para a soluccedilatildeo do caso que se tem em mlos

Aqui depara-se o campo feacutertil da Anaacutelise Transacional e outros insshytrumentos igualmente eficazes do auto-conhecimemto auxiliando a tarefa da interpretaccedilatildeo no seu todo Tomando um dos instrumentos da AT - os Estados do Ego pelo auto-conhecimento e identificaccedilatildeo daquele que se mostra preponderante no comportamento atraveacutes das praacuteticas da AT o inteacuterprete teraacute a noccedilatildeo clara da sua postura diante da norma juriacutedica a intershypretar se clara ou obscura se tazoaacutevelou natildeo se justa ou injusta se ideoloshygicamente dirigida enfim diante das circunstacircncias todas que cercam a norshyma e o caso o proacuteprio trabalho a realizar externas e interiores ao inteacuterprete este o sujeito da accedilatildeo tem em si o iniacutecio da soluccedilatildeo a partir daiacute comeccedila a tarefa da interpretaccedilatildeo

A Gordillo (1988) trata de forma excelente a obra interpretativa e nesta as etapas da decisatildeo criativa do caso em especial o nascimento e regisshytro das ideacuteias criativas quando aborda as funccedilotildees da linguagem (hemisfeacuterio esquerdo) e da criaccedilatildeo (hemisfeacuterio direito) bem como a interaccedilatildeo criativoshycriacutetica de ambos hemisfeacuterios cerebrais

Trata-se de uma colocaccedilio em que se identificam claramente os Estados Adultocirc e Crianccedila do Ego individual e todas as suas possibilidades elaborashy

tivas na accedilatildeo de interpretar e aplicar a lei seja a niacutevel propriamente juriacutedishyco ou lato senso as normas que regem as nossas vidas a existecircncia humana em sociedade as nossas leis interiores codificadas no Parenta

Pelo que podemos deduzir a fundamental importacircncia de instrumentos como eacute especialmente a Anaacutelise Transacional para esta aacuterea do conhecishymento humano que eacute o Direito a iniciar-se pelo inteacuterprete e aplicador da norma juriacutedica o advogado o juiz o mesmoelaborador da lei que vai reger a convivecircncia das pessoas na sociedade

Sumaacuterio - Objetiva-se estabelecer relaccedilatildeo direta eutre as teorias wmportashymentais (a At especificamente) e a ciecircncia do Direito pela figura do inteacutershyprete da lei A operaccedilatildeo interpretativa envolvendo a racionalidade e l intuiccedilatildeo socorridas da experiecircncia do Parental buscando o inteacuterprete pelo instrushymental da AT explicar a sua proacutepria postura diante da norma a interpreshytar e com isso a possibilidade de otimizaccedilatildeo do ato interpretativo com maior seguranccedila e certeza objetivos preciacutepuos do Direito

BIBLIOGRAFIA

Ferrara Fruucesco Illterpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Lcis A Amado Editor Coimbra (pp 127 e ss)

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53 52

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AsPElt70S PSICOlOacuteGICOS NA PRAacuteTICA JUIUacuteDlCAi 90

I FRANCcedilA Ana Cristina Umongi RODIUGUES Avelino Luiz Stress e Trabalho uma abordagem psicossomaacutetica Satildeo Paulo Atlas 2002

U

~ FREITAS Vladimir Passos FREITAS Dario Almeida Passos Direito eAdministraccedilatildeo li daJustlfa Curitiba Juruaacute 2006

FIEUD Sigmund Obras Psicoloacutegicas Completas Rio de JaneiroImago 1980

Kmu Maria Rita A miacutenima diferenccedila masculino e feminino na cultura Rio de Janeiro ImagoI996

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VIANNA Luiz Werneck CAavAlHo Maria Alice Rezende MEw Manuel Ialacios Jmiddotmiddot1 Cunha BUltGOs Marcelo Baurnann Corpo e Alma da Magistratura~ Brasileira Rio de Janeiro Revan 1997 2a ediccedilatildeo~

ZIMtuwAN David E COlJ1l0 Antocircnio Carlos Mathlas Aspectos Psicoloacutegicos na

li I PraacuteticaJurfdica Campinas MiIlennium 2002 bull

ZIMtuwAN David E Fundamentos Psicanaliticos Teoria teacutecnica e cliacutenica Porto Alegre Artmed 2006 2a ediccedilatildeo

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1

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CAPiacuteTULO VII A ANAacuteLISE TRANSACIONAL E O DIREITO

UMA REFLEXAtildeO SOBRE A PSICOLOGIA SOCIAL NA AREA JURIacuteDICA

MAIlIA (AIlLlA

A razatildeo esclarecida eacute a razaacuteo abspluta da autodeterminaccedilatildeo

(NielZSChe)

A ~utonomia do individuo figura como um alvo muitopreciso a sealcamiddot nccedilarmiddoteacuteonsiderando-se com Max Weber (e o profeta Ezequiel 18 24) que a responSabIlidade eacute pessoal e que um dos pontos mais especiacuteficos da Eacutetica ciecircncia da mom e esta como o conjunto das regras de conduta de detershyrriinado grupo humano para noacutes a eacutetica ocidental - culmina na questatildeo da responsabilidacle

Como se sabe Webcr elabora dililinccedilaacuteo cnlre eacutetica da covicccedilatildeo as questotildees de foro intimo (o partidaacuterio de tal eacutetica natildeo atribuiraacute a responsabi Udade ao agente mas ao mundo agrave tolice dos homens ou agrave vontade de Deus (IUC aiSlm criou os hOm(lls) ( a eacutetica da nrsponsabllidtlde (qU( Apcl vai denominar eacutetica da rcsponslbilJdade social) pela qual devcmos nsponder pelas previsiveis consequumlecircncias de nossos atos

E vem afirmar em certo momento a eacutetica da condcccedilatildeo e a eacutetica da responsabilidade natildeo se contrapotildeem mas se completam e em conlunto fprmam o homem autecircntico

~ lJIre-Docenre em Direilo do Estado pela PUC-SP Professora de Direito ConsIirudonaJ l e Dlieito Educacional da PUCmiddotSP Procuradora do Estado aposentada Ex-oonsultOra Jushy

riacutedica da USP Membro da CoSI - Comissatildeo de Bloeacutetlca do HCfNU5P do lAsP e do lBoc ~ Ciecircncta ti Poliacutetica duas vocaccedilotildees Satildeo Paulo Culuix 1993 p 113 e 55

3 Op cU p 22 refeacuterindo-se ao objelivo de sua conferecircncia jslO eacute um homem que pode aspirar 1 vocaccedilatildeo poliacutelicamiddot

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AsPECTOS PSICOLOacuteGICOS NA PuacutenCA]UlUacuteDJCA92

Ora para alcanccedilar essa plenitude de autenticidade e de responsabilidade toma-se necessaacuterio que o ser humano conte com as possibilidades da libershydade (e portanto de opccedilotildees de agir) e do conhecimento (acesso i educaccedilatildeo e agrave informaccedilatildeo)

1 A Psicologia Ciecircncia da Alma Objetiva conforme refere o dkionaacuterio comum o conhecimento dos fenocircshy

menos psiacutequicos e do comportamento o conjunto de estados e disposiccedilotildees psiacutequicas de ideacuteias de um indiyiacuteduo ou de um grupo de indiviacuteduos

Pode-se considerar a Psicologia portanto como o estudomiddot da conduta humana a partir do que Hesse denomina nossos haacutebitos mentaismiddot os quais conformam (e por vezes deformam) nossa compreensatildeo de noacutes mesmos e do mundo

A partir entatildeo das obras de Freud - especificamente no seu Esboccedilo de psicanaacutelise a mente e seufuncionamento esse estudo desenvolve-se em vaacuterias teorias da personalidade para explicar e esclarecer o comportamento humano nas suas muacuteltiplas inextrlcfveis e complexas configuraccedilotildees

2 A Anaacutelise Transacional Dentre esses desenvolvimentos teoacutericos e praacuteticos e apartir da Psicanilise

freudiana destaca-se a Anaacutelise Transacional proposta por Eric Beme em nushymerosas obras que oferece base teoacuterica e metodoloacutegica para atingimento desse desiderato da autodeterminaccedilatildeo em niacutevel pessoal pelos caminhos do autoconhecimento (potencialidades e limitaccedilotildees o micrltxosmo humano) e da comunicaccedilatildeo (a atuaCcedilatildeo do ser integrado fiacutesico e psiacutequico em relaccedilatildeo ao outro o mundo o macrocosmo)

J- podemos dizer edualCcedilatildeo da alma embora o homem tenha a qualishydad~ ~ta da 1llZlIo eacute certo que o grau de disCernimento varia muito de um para outro ser humano

A histoacuteria eacute antiga desde ~ more do conhecimento no jardim do Eacuteden - esse conflito interno da nanirezamiddothumana

4 ~ Koorad BscrItos de Derecho QmstitudQ1UUacute Madrid Centro de Estuacutedios Constishy

5 6

tucionaks 1983 p 44 Rio deJaOtildedro ~gQEditora 1975 p 1$ e ss ~~em~apia~ aulo Summus 1984 O que lbcecirc diz deshypois de dizItw 0141Sio Paulo Nobel 2007 e outros

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CAPIacuteTUlO VII - A ANAtildeusI TItNSACIONAL E o DIREml UMA REF1ExAtildeo SOBRE A PsICOLOGIA

tWwGiICIA

Sobre a aacutervore do conhecimento escrevenlnl Maturana e VICela citando aliaacutes o profeta Isaias Ampliacutea o espaccedilo de tua tcnda e nela estcndc teus tapetes pois haacutes de te locomover em todas as direccedilotildees 7

Eacute a amplitude da razatildeo e da consciecircncia definida pelo filoacutesofo Henri de Man como o conhecimento do Bem e do Mal

Explicam aqueles ciemistas a aacutervore edecircnica COmo o estudo cientiacutefico dos ~

processos que subjazem ao conhecimento E afirmam

O conhecimento compromete Compromete-nos a tomar urna atitude de permanente vigilacircnCia contra a tentaccedilatildeo da certeza a reconhecer que nossas certezas natildeo satildeo provas da verdade como se o mundo que cada um de noacutes vecirc fosse o mundo e natildeo um mundo que produzimos com OUlrQS Comprometeshynos porque ao saber que sabemos natildeo podemos negar o que sabemos O que conduz a uma eacutetica inescapaacutevel que natildeo podemos desprezar

Fssa constante vigilacircncia entendemos como um processo educacional pemlanente pelo qual analisamos o conhecimento do conhecimento - no caso o conhecimento do Eu

Essa a tarefa de propostas como a Anaacutelise TransacionaL

ACiecircncia do Direito cuida igualmente do comportamento humano meshydiante o estabelecimento de normas objetivando a conviVecircncia social Nessa finalidade delimita-se como eacute intuitivo com as aacutereas de ciecircncias congecircneres como a Sociologia a Antropologia a Poliacutetica a Psicologia e outraS

j Mais ainda assinala-se quanto ao Direito a sua inevitaacutevel imertextualishydade alcanccedilando outras aacutereas do conhecimento para analisar questotildees juridicas com o seu aporte necessaacuterio e amplificador de ideacuteias e conc~itos

3 A intertextualidadc do Direito Constitucional Aesse respeito sublinha Canotilho o direito constitucional eacute um tershy

texto aberto Deve muito a experiecircncias constitucionais nacionais e estrangeishy~ no seu espirito transporta ideacuteias de moacutesofos pensadores e politicos ~seus mitos pressupotildeem as profundidades dos arqueacutetipos enrai7ftdos dos povos a sua gravitaccedilatildeo eacute agora natildeo um singular movimento de rotaccedilatildeo em tomo de si mesmo mas sim um gesto de translaccedilatildeo perante outras galaacutexias do saber humanomiddot

middotmiddot7 A aacutervore do conbectmento As bases biolOacutegicas do conhecimento humano Campinas Psy 1995 p 262

8 Direito Constitucional e Teoria da Constituiccedilatildeo Coimbra Almedina 1998 p 15 I

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94 AsIEClOli PsICOLoacuteGICOS NA PllAacutenCAJulUacuteDICA

Nesse contexto Direito e Psicologia se correspondem ponanto sobretudo naquilo que Desse denomina a preacute-compreensatildeo do inteacuterprete

O Inteacuterprete natildeo pode captar o conteuacutedo da norma desde um ponto quase-arshyqulmeacutedko situado fora da existecircncia histoacuterica senatildeo unicamente desde a conshycreta situaccedilatildeo histoacuterica em que se encontra cuja plasmaccedilatildeo conformou seus haacutebitos mentais condicionando seus conhecimentos e seus preacute-juiacutezOS9

Exatamente para que o inteacuterprete possa compreender-se delimitando o que seja nele autecircntico e proacuteprio e o que lhe foi transmitido - para que possa

re-decldir agora e realizar opccedilotildees tem necessidade do autoconhecimento preacutevio da sua condiccedilatildeo psicologicamente consciente e esclarecida

I A Anaacutelise Transacional prevecirc conforme propusera Freud trecircs aacutereas do aparelho me8taJ ou uma anaacutelise estrutural segundo 8eme consubstanciando as fases existenciais da primeira infacircncia (o obscuro Id) a Arqueopsiquecirc ou Estado do Ego Crianccedila (na linguagem coloquial) a aacuterea de intenned4tccedilatildeo com o meio ambiente apreendendo os dados da realidade o Ego (Neopsiquecirc ou Estado de Ego Adu Ito) por fim a memoacuteria dos arquivos mentais tradicional e

~ ( cntica o Superego (Exteropsiquecirc ou Estado do Ego Pai) ressalvando-se desde

logo niio ocorrer correspondDnda direta de ambas teorias nos fenocircmenos descritqs sendo a citaccedilatildeo exemplificati~ em cadter meramente didaacutetico de

~ comprelnsatildeo pois PaJ Adulto e Crianccedila confonne explica 8emelO natildeo satildeo ~ i conceitos como Superego Ego e Id ou como os construtos junguianos mas

realidades fenomenoloacutegicas observaacuteveis portanto

4 O Inteacuterprete

o denominado operador do Direito ou Inteacuterprete teraacute assim os instrushymentos necessaacuterios pelos quais de imediato voltando-se para si mesmo possa por esses meios analisar suas condutas e linguagem postural ou verbal aproshy

~ ~i priando-se de experiecircndas pessoais e elaborar umacntica ou anaacutelise tendente

ao autoconhedmento e l autonomia

EVdentemente que O apoio psicoterapecircutico natildeo estaacute dispensado de formaalgwna aoconttIacuteirio se demonstra recomendaacuteveL Contudo Um p~eiro momento de esclaredmento dos p1eacute-conceitos e preacute-juiacutezos bem como das potencialidades individuais apresenta-se necessaacuterio e emergencial para ser complementado entatildeo num estudo mais aprofundado Isto eacute o que poderaacute

9 Direito Constitudonal e 100ria da Constituiccedilatildeo Coimbra A1medina 1998 10 AnaacuteJise Tnulsadonal em Psicoterapia Satildeo Paulo Summus 1984 p 23

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UacutePlTVw VII - A AacuteNAacuteUsE T~SACIONAL E o DIREITO UMA REFUXAtildeO SOlllU li PlocoWGIA 95

MAIUA G ~

i 1

proporcionar de imediato a Anaacutelise Transacional embora esta tcoria ofercccedila ela mesma e em sequumlecircncia o aprofundamento necessaacuterio

Conforme destaca Mira y loacutepezl1 Infelizmente o estado atual da cjecircncia psicoloacutegica natildeo pennlte utilizar seus conhecimentqs em todos os aspectos lt do direito e isso faz com que a psicologia juridica se encontre hoje limitada --determinados capiacutetulos e problemas legais referindo a psicologia do testemunho a obtenccedilatildeo da evidecircncia delituosa a compreensatildeo do delito a informaccedilatildeo forense a seu respeito a reforma moral do delinquumlente ou seja preponderantemente os aSfuctos fumais

12 ~ Mara Caffeacute traz o encontro entre essas duas aacutereas possiacuteveis de con-

filiar Psicanaacutelise e Direito com referecircncia agraves suas experiecircncias em Varas de Famiacutelia t

Contudo natildeo eacute o que visualizamos parece-nos que podendo ser qualquer ~ pessoa um inteacuterprete da lei regra de conduta humana sob diversificados jlSpcctos individuais e sociais essa figura como tal poderaacute ser analisada psishycologicamente na aacuterea juriacutedica puacuteblica ou privada civil ou penal e outras

A teoria e metodologia propostas por Eric Berne apresentam essa fundashyiacuten~ntaJ possibilidade de um primeiro passo em direccedilatildeo a si mesmo atraveacutes do jX)nIlecimento e praacutetica dos instrumentos possibilitadores da anaacutelise de condutas de si mesmo e de outrem - as transaccedilotildees unidades da comunicaccedilatildeo humana em especial a dcnominada poslccedilaacuteo existcncial numa relaccedilatildeo cumuro

Posiccedilatildeo existencial ou Psicoloacutegica ecircorresponde a um juiacutezo de valor a respeito de si mesmo e dos outros adotado na inlacircncia que poderaacute persistir

tJgtasicamente na idade adulta levando o Individuo a orientar-se por essa opinshyfinnada quando a informaccedilatildeo apresentava-se incompleta c precaacuteria para tomada de decisatildeo

Gandhi tem um pensamento que pode explicar essa circunstacircncia o que ptIlSamos passamos a ser

Trata-se no entanto de ~m conceito dinacircmico existe uma posiltatildeo exisshybaacutesica (realista projetiva introjetiva ou ~simista) e predominante

de equllibrio entre a Posiccedilatildeo Existencial (Imaginaacuteria) e a realidade um movimento pendular ~

A anaacutelise beClliana explica e desenvolve as quatro posiccedilotildees existenciais a partir dessa primeira decisatildeo prematura para estabilizar quanto

M4nuaJ de I$icologia]uriacutedica Campinas IZn Editora 2005 p 20 Psican4lise e Direito Satildeo Paulo Quartler latia 2003 I

bull bullbullbullbullbull bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 96 AsPlCIOS PSICOlOacuteGICOS NA lRAacuteTICA JURlDlCA

possfvel uma posiccedilatildeo realista e efetiva do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a si mesmo e ao mundo

Haveraacute portanto a oportunidadede uma re-decisatildeo quandoYenha a existir o conhecimento pleno da preacute-compreensatildeo que temos da relaccedilatildeo EUOutro - o mundo para uma compreensatildeo ou consciecircncia e portanto autenticidade e autonomia

5 Um Estudo Conjugado

Revela-se portanto a necessidade do estudo conjugado DireimPsicologia (Social) dado que ambos os ramos do conhecimento vinculam-se li anaacutelise do romportamento ou conduta do ser humano em todos os seus aspectos que envolwm a figura do inteacuterprete e a preacute-compreell$atildeo do inteacuterprete

ODireito eacute umdos fenocircmenos mais notaacuteveis na vida humana refere Teacutercio Sampaio FerrazJr13 Compreendecirc-lo eacute compreender uma parte de noacutes mesmos Eacute saber em pane porque obedecemos porque mandamos porque nos iridignashymos porque aspiramos mudar em nome de ideais porque em nome de ideais conservamos as coisas como estatildeo Ser livre eacute estar no direito e no entanto o direJfotambeacutemnos oprime e nos tira aliberdadePor isso compreendero direito natildeo eacute JUD empreendimento que se reduz facHmente a conceituaccedilotildees loacutegicas e racionalmente sistematizadas O encontro com o direito eacute diversificado agraves vezes conftitivo e incoerente agraves vezes linear e consequumlente ( )

i Por tudo isso o direito eacute um misteacuterio o misteacuterio do principio e do fim i da ~ilidade humana

Bem a ecircnfase da Psicologia Social encontra-se no estudo do comportashymento do Individuo no que ele eacute influenciado socialmente explica Silvia Iane 14 Isto acontece desde o nascimento talvez antes a histoacuteria do grupo ao qual pertence o que dlve ser apreendido as emoccedilotildeelgt resultantes o homcm cofIacutelccedil agente transfonnador etc

0 misteacuterio do Direito encontra-se nesse conviver humano a conduta hwnma poded serobjeto de duas anaacutelises que se complementam levando ao esnido conjugado dessas ~ diferentes que convergem para um soacute individuo realIacuteZando-se poresSe mOdo o desiderato do art 205 da Constituiccedilatildeo quandoindicaagraveeducaccedilatildeoo cometimentodo plenodesemolvimento da pessoa integrashy~ente racional e emocional para alcanccedilar o autoconhecimento e com este conto condiccedilatildeo para o exerciacutecio da cidadania e a qualificaccedilatildeo para o trabalho

13 JIIlrCItIuccediliiacuteo ao Estudo do Direito Satildeo Paulo Atlas 1994 p 21 J4 oque eacutePdcologla SocIal Satildeo Paulo BrasiUense 2001 p 8 e 55

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crIacute11J1O VII - AANAacuteLISE TIWlSACIONAl E o DIREITO UMA Rlruxo S08IIE o PsIcotoGIA 97 lIIuIA GAIICL

O desenvolver integrativo (racionalemOCionai) conduz agrave autenticidade e consciecircncia o ltaminho da autonomia a filosofia bemiana

Aautonomia constitui-se por sua vez no pressuposto necessaacuterio agrave garanshytia de um juiacutezo esclarecido e justo - ao qual todos tecircm direito - e a PsicolOgia Social viraacute possibIDtar o conhecimento da preacute-compreensatildeo do inteacuterprete o

- seu universo particular o conhecimento liberta dai poder-se aguardar Seja alcanccedilado aquele desiderato

Verifica-se portamo que Direito c Isicologiacutea podem conconcr para o esclarecimento das complexidades da personalidade humana na sua inteireza para realizar-se a proacutepria razatildeo de ser do Direito o misteacuterio do princiacutepio e do fim da sociabilidade humana

Essa convivecircncia ou SOciabilidade demanda o que se Insiste reitcmr a autodeteminaccedilatildeo a necessaacuteria autonomia do ser humano para que vivecircncia e convivecircncia sejam fundamento da dignidade da pessoa humana porsi princiacutepio estruturante da comunidade mesma no sentido daquilo que eacute comum par_ ticipaccedilatildeo em comum

O indiviacuteduo - a pessoa humana representa a unidade intcoogradora desse todo e a sua consideraccedilatildeo em plenitude vem a verificar-se por ambas as ciecircncias da conduta humana Direito e Psicologia daiacute a indispensabilidade do seu estudo

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Page 9: Bloco VI - Análise Transacional e o Direito

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AsPElt70S PSICOlOacuteGICOS NA PRAacuteTICA JUIUacuteDlCAi 90

I FRANCcedilA Ana Cristina Umongi RODIUGUES Avelino Luiz Stress e Trabalho uma abordagem psicossomaacutetica Satildeo Paulo Atlas 2002

U

~ FREITAS Vladimir Passos FREITAS Dario Almeida Passos Direito eAdministraccedilatildeo li daJustlfa Curitiba Juruaacute 2006

FIEUD Sigmund Obras Psicoloacutegicas Completas Rio de JaneiroImago 1980

Kmu Maria Rita A miacutenima diferenccedila masculino e feminino na cultura Rio de Janeiro ImagoI996

lAcIlOIX Xavier (org) Homem e mulher a inapreensiacutevel diferenccedila Rio de

I Janeiro Vozes 2002

UacutePOVETSKY GiUes A terceira mulher Permanecircncia e revoluccedilatildeo do feminino Satildeo Paulo Companhia das Letras 2000

MOTlA lgtaulo Roberto A c~llcta e a arte de ser dirigente IUo dc Janeiro Record 1996 7 ed

VIANNA Luiz Werneck CAavAlHo Maria Alice Rezende MEw Manuel Ialacios Jmiddotmiddot1 Cunha BUltGOs Marcelo Baurnann Corpo e Alma da Magistratura~ Brasileira Rio de Janeiro Revan 1997 2a ediccedilatildeo~

ZIMtuwAN David E COlJ1l0 Antocircnio Carlos Mathlas Aspectos Psicoloacutegicos na

li I PraacuteticaJurfdica Campinas MiIlennium 2002 bull

ZIMtuwAN David E Fundamentos Psicanaliticos Teoria teacutecnica e cliacutenica Porto Alegre Artmed 2006 2a ediccedilatildeo

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CAPiacuteTULO VII A ANAacuteLISE TRANSACIONAL E O DIREITO

UMA REFLEXAtildeO SOBRE A PSICOLOGIA SOCIAL NA AREA JURIacuteDICA

MAIlIA (AIlLlA

A razatildeo esclarecida eacute a razaacuteo abspluta da autodeterminaccedilatildeo

(NielZSChe)

A ~utonomia do individuo figura como um alvo muitopreciso a sealcamiddot nccedilarmiddoteacuteonsiderando-se com Max Weber (e o profeta Ezequiel 18 24) que a responSabIlidade eacute pessoal e que um dos pontos mais especiacuteficos da Eacutetica ciecircncia da mom e esta como o conjunto das regras de conduta de detershyrriinado grupo humano para noacutes a eacutetica ocidental - culmina na questatildeo da responsabilidacle

Como se sabe Webcr elabora dililinccedilaacuteo cnlre eacutetica da covicccedilatildeo as questotildees de foro intimo (o partidaacuterio de tal eacutetica natildeo atribuiraacute a responsabi Udade ao agente mas ao mundo agrave tolice dos homens ou agrave vontade de Deus (IUC aiSlm criou os hOm(lls) ( a eacutetica da nrsponsabllidtlde (qU( Apcl vai denominar eacutetica da rcsponslbilJdade social) pela qual devcmos nsponder pelas previsiveis consequumlecircncias de nossos atos

E vem afirmar em certo momento a eacutetica da condcccedilatildeo e a eacutetica da responsabilidade natildeo se contrapotildeem mas se completam e em conlunto fprmam o homem autecircntico

~ lJIre-Docenre em Direilo do Estado pela PUC-SP Professora de Direito ConsIirudonaJ l e Dlieito Educacional da PUCmiddotSP Procuradora do Estado aposentada Ex-oonsultOra Jushy

riacutedica da USP Membro da CoSI - Comissatildeo de Bloeacutetlca do HCfNU5P do lAsP e do lBoc ~ Ciecircncta ti Poliacutetica duas vocaccedilotildees Satildeo Paulo Culuix 1993 p 113 e 55

3 Op cU p 22 refeacuterindo-se ao objelivo de sua conferecircncia jslO eacute um homem que pode aspirar 1 vocaccedilatildeo poliacutelicamiddot

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AsPECTOS PSICOLOacuteGICOS NA PuacutenCA]UlUacuteDJCA92

Ora para alcanccedilar essa plenitude de autenticidade e de responsabilidade toma-se necessaacuterio que o ser humano conte com as possibilidades da libershydade (e portanto de opccedilotildees de agir) e do conhecimento (acesso i educaccedilatildeo e agrave informaccedilatildeo)

1 A Psicologia Ciecircncia da Alma Objetiva conforme refere o dkionaacuterio comum o conhecimento dos fenocircshy

menos psiacutequicos e do comportamento o conjunto de estados e disposiccedilotildees psiacutequicas de ideacuteias de um indiyiacuteduo ou de um grupo de indiviacuteduos

Pode-se considerar a Psicologia portanto como o estudomiddot da conduta humana a partir do que Hesse denomina nossos haacutebitos mentaismiddot os quais conformam (e por vezes deformam) nossa compreensatildeo de noacutes mesmos e do mundo

A partir entatildeo das obras de Freud - especificamente no seu Esboccedilo de psicanaacutelise a mente e seufuncionamento esse estudo desenvolve-se em vaacuterias teorias da personalidade para explicar e esclarecer o comportamento humano nas suas muacuteltiplas inextrlcfveis e complexas configuraccedilotildees

2 A Anaacutelise Transacional Dentre esses desenvolvimentos teoacutericos e praacuteticos e apartir da Psicanilise

freudiana destaca-se a Anaacutelise Transacional proposta por Eric Beme em nushymerosas obras que oferece base teoacuterica e metodoloacutegica para atingimento desse desiderato da autodeterminaccedilatildeo em niacutevel pessoal pelos caminhos do autoconhecimento (potencialidades e limitaccedilotildees o micrltxosmo humano) e da comunicaccedilatildeo (a atuaCcedilatildeo do ser integrado fiacutesico e psiacutequico em relaccedilatildeo ao outro o mundo o macrocosmo)

J- podemos dizer edualCcedilatildeo da alma embora o homem tenha a qualishydad~ ~ta da 1llZlIo eacute certo que o grau de disCernimento varia muito de um para outro ser humano

A histoacuteria eacute antiga desde ~ more do conhecimento no jardim do Eacuteden - esse conflito interno da nanirezamiddothumana

4 ~ Koorad BscrItos de Derecho QmstitudQ1UUacute Madrid Centro de Estuacutedios Constishy

5 6

tucionaks 1983 p 44 Rio deJaOtildedro ~gQEditora 1975 p 1$ e ss ~~em~apia~ aulo Summus 1984 O que lbcecirc diz deshypois de dizItw 0141Sio Paulo Nobel 2007 e outros

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CAPIacuteTUlO VII - A ANAtildeusI TItNSACIONAL E o DIREml UMA REF1ExAtildeo SOBRE A PsICOLOGIA

tWwGiICIA

Sobre a aacutervore do conhecimento escrevenlnl Maturana e VICela citando aliaacutes o profeta Isaias Ampliacutea o espaccedilo de tua tcnda e nela estcndc teus tapetes pois haacutes de te locomover em todas as direccedilotildees 7

Eacute a amplitude da razatildeo e da consciecircncia definida pelo filoacutesofo Henri de Man como o conhecimento do Bem e do Mal

Explicam aqueles ciemistas a aacutervore edecircnica COmo o estudo cientiacutefico dos ~

processos que subjazem ao conhecimento E afirmam

O conhecimento compromete Compromete-nos a tomar urna atitude de permanente vigilacircnCia contra a tentaccedilatildeo da certeza a reconhecer que nossas certezas natildeo satildeo provas da verdade como se o mundo que cada um de noacutes vecirc fosse o mundo e natildeo um mundo que produzimos com OUlrQS Comprometeshynos porque ao saber que sabemos natildeo podemos negar o que sabemos O que conduz a uma eacutetica inescapaacutevel que natildeo podemos desprezar

Fssa constante vigilacircncia entendemos como um processo educacional pemlanente pelo qual analisamos o conhecimento do conhecimento - no caso o conhecimento do Eu

Essa a tarefa de propostas como a Anaacutelise TransacionaL

ACiecircncia do Direito cuida igualmente do comportamento humano meshydiante o estabelecimento de normas objetivando a conviVecircncia social Nessa finalidade delimita-se como eacute intuitivo com as aacutereas de ciecircncias congecircneres como a Sociologia a Antropologia a Poliacutetica a Psicologia e outraS

j Mais ainda assinala-se quanto ao Direito a sua inevitaacutevel imertextualishydade alcanccedilando outras aacutereas do conhecimento para analisar questotildees juridicas com o seu aporte necessaacuterio e amplificador de ideacuteias e conc~itos

3 A intertextualidadc do Direito Constitucional Aesse respeito sublinha Canotilho o direito constitucional eacute um tershy

texto aberto Deve muito a experiecircncias constitucionais nacionais e estrangeishy~ no seu espirito transporta ideacuteias de moacutesofos pensadores e politicos ~seus mitos pressupotildeem as profundidades dos arqueacutetipos enrai7ftdos dos povos a sua gravitaccedilatildeo eacute agora natildeo um singular movimento de rotaccedilatildeo em tomo de si mesmo mas sim um gesto de translaccedilatildeo perante outras galaacutexias do saber humanomiddot

middotmiddot7 A aacutervore do conbectmento As bases biolOacutegicas do conhecimento humano Campinas Psy 1995 p 262

8 Direito Constitucional e Teoria da Constituiccedilatildeo Coimbra Almedina 1998 p 15 I

bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull I I

94 AsIEClOli PsICOLoacuteGICOS NA PllAacutenCAJulUacuteDICA

Nesse contexto Direito e Psicologia se correspondem ponanto sobretudo naquilo que Desse denomina a preacute-compreensatildeo do inteacuterprete

O Inteacuterprete natildeo pode captar o conteuacutedo da norma desde um ponto quase-arshyqulmeacutedko situado fora da existecircncia histoacuterica senatildeo unicamente desde a conshycreta situaccedilatildeo histoacuterica em que se encontra cuja plasmaccedilatildeo conformou seus haacutebitos mentais condicionando seus conhecimentos e seus preacute-juiacutezOS9

Exatamente para que o inteacuterprete possa compreender-se delimitando o que seja nele autecircntico e proacuteprio e o que lhe foi transmitido - para que possa

re-decldir agora e realizar opccedilotildees tem necessidade do autoconhecimento preacutevio da sua condiccedilatildeo psicologicamente consciente e esclarecida

I A Anaacutelise Transacional prevecirc conforme propusera Freud trecircs aacutereas do aparelho me8taJ ou uma anaacutelise estrutural segundo 8eme consubstanciando as fases existenciais da primeira infacircncia (o obscuro Id) a Arqueopsiquecirc ou Estado do Ego Crianccedila (na linguagem coloquial) a aacuterea de intenned4tccedilatildeo com o meio ambiente apreendendo os dados da realidade o Ego (Neopsiquecirc ou Estado de Ego Adu Ito) por fim a memoacuteria dos arquivos mentais tradicional e

~ ( cntica o Superego (Exteropsiquecirc ou Estado do Ego Pai) ressalvando-se desde

logo niio ocorrer correspondDnda direta de ambas teorias nos fenocircmenos descritqs sendo a citaccedilatildeo exemplificati~ em cadter meramente didaacutetico de

~ comprelnsatildeo pois PaJ Adulto e Crianccedila confonne explica 8emelO natildeo satildeo ~ i conceitos como Superego Ego e Id ou como os construtos junguianos mas

realidades fenomenoloacutegicas observaacuteveis portanto

4 O Inteacuterprete

o denominado operador do Direito ou Inteacuterprete teraacute assim os instrushymentos necessaacuterios pelos quais de imediato voltando-se para si mesmo possa por esses meios analisar suas condutas e linguagem postural ou verbal aproshy

~ ~i priando-se de experiecircndas pessoais e elaborar umacntica ou anaacutelise tendente

ao autoconhedmento e l autonomia

EVdentemente que O apoio psicoterapecircutico natildeo estaacute dispensado de formaalgwna aoconttIacuteirio se demonstra recomendaacuteveL Contudo Um p~eiro momento de esclaredmento dos p1eacute-conceitos e preacute-juiacutezos bem como das potencialidades individuais apresenta-se necessaacuterio e emergencial para ser complementado entatildeo num estudo mais aprofundado Isto eacute o que poderaacute

9 Direito Constitudonal e 100ria da Constituiccedilatildeo Coimbra A1medina 1998 10 AnaacuteJise Tnulsadonal em Psicoterapia Satildeo Paulo Summus 1984 p 23

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UacutePlTVw VII - A AacuteNAacuteUsE T~SACIONAL E o DIREITO UMA REFUXAtildeO SOlllU li PlocoWGIA 95

MAIUA G ~

i 1

proporcionar de imediato a Anaacutelise Transacional embora esta tcoria ofercccedila ela mesma e em sequumlecircncia o aprofundamento necessaacuterio

Conforme destaca Mira y loacutepezl1 Infelizmente o estado atual da cjecircncia psicoloacutegica natildeo pennlte utilizar seus conhecimentqs em todos os aspectos lt do direito e isso faz com que a psicologia juridica se encontre hoje limitada --determinados capiacutetulos e problemas legais referindo a psicologia do testemunho a obtenccedilatildeo da evidecircncia delituosa a compreensatildeo do delito a informaccedilatildeo forense a seu respeito a reforma moral do delinquumlente ou seja preponderantemente os aSfuctos fumais

12 ~ Mara Caffeacute traz o encontro entre essas duas aacutereas possiacuteveis de con-

filiar Psicanaacutelise e Direito com referecircncia agraves suas experiecircncias em Varas de Famiacutelia t

Contudo natildeo eacute o que visualizamos parece-nos que podendo ser qualquer ~ pessoa um inteacuterprete da lei regra de conduta humana sob diversificados jlSpcctos individuais e sociais essa figura como tal poderaacute ser analisada psishycologicamente na aacuterea juriacutedica puacuteblica ou privada civil ou penal e outras

A teoria e metodologia propostas por Eric Berne apresentam essa fundashyiacuten~ntaJ possibilidade de um primeiro passo em direccedilatildeo a si mesmo atraveacutes do jX)nIlecimento e praacutetica dos instrumentos possibilitadores da anaacutelise de condutas de si mesmo e de outrem - as transaccedilotildees unidades da comunicaccedilatildeo humana em especial a dcnominada poslccedilaacuteo existcncial numa relaccedilatildeo cumuro

Posiccedilatildeo existencial ou Psicoloacutegica ecircorresponde a um juiacutezo de valor a respeito de si mesmo e dos outros adotado na inlacircncia que poderaacute persistir

tJgtasicamente na idade adulta levando o Individuo a orientar-se por essa opinshyfinnada quando a informaccedilatildeo apresentava-se incompleta c precaacuteria para tomada de decisatildeo

Gandhi tem um pensamento que pode explicar essa circunstacircncia o que ptIlSamos passamos a ser

Trata-se no entanto de ~m conceito dinacircmico existe uma posiltatildeo exisshybaacutesica (realista projetiva introjetiva ou ~simista) e predominante

de equllibrio entre a Posiccedilatildeo Existencial (Imaginaacuteria) e a realidade um movimento pendular ~

A anaacutelise beClliana explica e desenvolve as quatro posiccedilotildees existenciais a partir dessa primeira decisatildeo prematura para estabilizar quanto

M4nuaJ de I$icologia]uriacutedica Campinas IZn Editora 2005 p 20 Psican4lise e Direito Satildeo Paulo Quartler latia 2003 I

bull bullbullbullbullbull bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 96 AsPlCIOS PSICOlOacuteGICOS NA lRAacuteTICA JURlDlCA

possfvel uma posiccedilatildeo realista e efetiva do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a si mesmo e ao mundo

Haveraacute portanto a oportunidadede uma re-decisatildeo quandoYenha a existir o conhecimento pleno da preacute-compreensatildeo que temos da relaccedilatildeo EUOutro - o mundo para uma compreensatildeo ou consciecircncia e portanto autenticidade e autonomia

5 Um Estudo Conjugado

Revela-se portanto a necessidade do estudo conjugado DireimPsicologia (Social) dado que ambos os ramos do conhecimento vinculam-se li anaacutelise do romportamento ou conduta do ser humano em todos os seus aspectos que envolwm a figura do inteacuterprete e a preacute-compreell$atildeo do inteacuterprete

ODireito eacute umdos fenocircmenos mais notaacuteveis na vida humana refere Teacutercio Sampaio FerrazJr13 Compreendecirc-lo eacute compreender uma parte de noacutes mesmos Eacute saber em pane porque obedecemos porque mandamos porque nos iridignashymos porque aspiramos mudar em nome de ideais porque em nome de ideais conservamos as coisas como estatildeo Ser livre eacute estar no direito e no entanto o direJfotambeacutemnos oprime e nos tira aliberdadePor isso compreendero direito natildeo eacute JUD empreendimento que se reduz facHmente a conceituaccedilotildees loacutegicas e racionalmente sistematizadas O encontro com o direito eacute diversificado agraves vezes conftitivo e incoerente agraves vezes linear e consequumlente ( )

i Por tudo isso o direito eacute um misteacuterio o misteacuterio do principio e do fim i da ~ilidade humana

Bem a ecircnfase da Psicologia Social encontra-se no estudo do comportashymento do Individuo no que ele eacute influenciado socialmente explica Silvia Iane 14 Isto acontece desde o nascimento talvez antes a histoacuteria do grupo ao qual pertence o que dlve ser apreendido as emoccedilotildeelgt resultantes o homcm cofIacutelccedil agente transfonnador etc

0 misteacuterio do Direito encontra-se nesse conviver humano a conduta hwnma poded serobjeto de duas anaacutelises que se complementam levando ao esnido conjugado dessas ~ diferentes que convergem para um soacute individuo realIacuteZando-se poresSe mOdo o desiderato do art 205 da Constituiccedilatildeo quandoindicaagraveeducaccedilatildeoo cometimentodo plenodesemolvimento da pessoa integrashy~ente racional e emocional para alcanccedilar o autoconhecimento e com este conto condiccedilatildeo para o exerciacutecio da cidadania e a qualificaccedilatildeo para o trabalho

13 JIIlrCItIuccediliiacuteo ao Estudo do Direito Satildeo Paulo Atlas 1994 p 21 J4 oque eacutePdcologla SocIal Satildeo Paulo BrasiUense 2001 p 8 e 55

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I -

crIacute11J1O VII - AANAacuteLISE TIWlSACIONAl E o DIREITO UMA Rlruxo S08IIE o PsIcotoGIA 97 lIIuIA GAIICL

O desenvolver integrativo (racionalemOCionai) conduz agrave autenticidade e consciecircncia o ltaminho da autonomia a filosofia bemiana

Aautonomia constitui-se por sua vez no pressuposto necessaacuterio agrave garanshytia de um juiacutezo esclarecido e justo - ao qual todos tecircm direito - e a PsicolOgia Social viraacute possibIDtar o conhecimento da preacute-compreensatildeo do inteacuterprete o

- seu universo particular o conhecimento liberta dai poder-se aguardar Seja alcanccedilado aquele desiderato

Verifica-se portamo que Direito c Isicologiacutea podem conconcr para o esclarecimento das complexidades da personalidade humana na sua inteireza para realizar-se a proacutepria razatildeo de ser do Direito o misteacuterio do princiacutepio e do fim da sociabilidade humana

Essa convivecircncia ou SOciabilidade demanda o que se Insiste reitcmr a autodeteminaccedilatildeo a necessaacuteria autonomia do ser humano para que vivecircncia e convivecircncia sejam fundamento da dignidade da pessoa humana porsi princiacutepio estruturante da comunidade mesma no sentido daquilo que eacute comum par_ ticipaccedilatildeo em comum

O indiviacuteduo - a pessoa humana representa a unidade intcoogradora desse todo e a sua consideraccedilatildeo em plenitude vem a verificar-se por ambas as ciecircncias da conduta humana Direito e Psicologia daiacute a indispensabilidade do seu estudo

~ ~~ ieacutellAtilde ~~

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Page 10: Bloco VI - Análise Transacional e o Direito

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AsPECTOS PSICOLOacuteGICOS NA PuacutenCA]UlUacuteDJCA92

Ora para alcanccedilar essa plenitude de autenticidade e de responsabilidade toma-se necessaacuterio que o ser humano conte com as possibilidades da libershydade (e portanto de opccedilotildees de agir) e do conhecimento (acesso i educaccedilatildeo e agrave informaccedilatildeo)

1 A Psicologia Ciecircncia da Alma Objetiva conforme refere o dkionaacuterio comum o conhecimento dos fenocircshy

menos psiacutequicos e do comportamento o conjunto de estados e disposiccedilotildees psiacutequicas de ideacuteias de um indiyiacuteduo ou de um grupo de indiviacuteduos

Pode-se considerar a Psicologia portanto como o estudomiddot da conduta humana a partir do que Hesse denomina nossos haacutebitos mentaismiddot os quais conformam (e por vezes deformam) nossa compreensatildeo de noacutes mesmos e do mundo

A partir entatildeo das obras de Freud - especificamente no seu Esboccedilo de psicanaacutelise a mente e seufuncionamento esse estudo desenvolve-se em vaacuterias teorias da personalidade para explicar e esclarecer o comportamento humano nas suas muacuteltiplas inextrlcfveis e complexas configuraccedilotildees

2 A Anaacutelise Transacional Dentre esses desenvolvimentos teoacutericos e praacuteticos e apartir da Psicanilise

freudiana destaca-se a Anaacutelise Transacional proposta por Eric Beme em nushymerosas obras que oferece base teoacuterica e metodoloacutegica para atingimento desse desiderato da autodeterminaccedilatildeo em niacutevel pessoal pelos caminhos do autoconhecimento (potencialidades e limitaccedilotildees o micrltxosmo humano) e da comunicaccedilatildeo (a atuaCcedilatildeo do ser integrado fiacutesico e psiacutequico em relaccedilatildeo ao outro o mundo o macrocosmo)

J- podemos dizer edualCcedilatildeo da alma embora o homem tenha a qualishydad~ ~ta da 1llZlIo eacute certo que o grau de disCernimento varia muito de um para outro ser humano

A histoacuteria eacute antiga desde ~ more do conhecimento no jardim do Eacuteden - esse conflito interno da nanirezamiddothumana

4 ~ Koorad BscrItos de Derecho QmstitudQ1UUacute Madrid Centro de Estuacutedios Constishy

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tucionaks 1983 p 44 Rio deJaOtildedro ~gQEditora 1975 p 1$ e ss ~~em~apia~ aulo Summus 1984 O que lbcecirc diz deshypois de dizItw 0141Sio Paulo Nobel 2007 e outros

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CAPIacuteTUlO VII - A ANAtildeusI TItNSACIONAL E o DIREml UMA REF1ExAtildeo SOBRE A PsICOLOGIA

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Sobre a aacutervore do conhecimento escrevenlnl Maturana e VICela citando aliaacutes o profeta Isaias Ampliacutea o espaccedilo de tua tcnda e nela estcndc teus tapetes pois haacutes de te locomover em todas as direccedilotildees 7

Eacute a amplitude da razatildeo e da consciecircncia definida pelo filoacutesofo Henri de Man como o conhecimento do Bem e do Mal

Explicam aqueles ciemistas a aacutervore edecircnica COmo o estudo cientiacutefico dos ~

processos que subjazem ao conhecimento E afirmam

O conhecimento compromete Compromete-nos a tomar urna atitude de permanente vigilacircnCia contra a tentaccedilatildeo da certeza a reconhecer que nossas certezas natildeo satildeo provas da verdade como se o mundo que cada um de noacutes vecirc fosse o mundo e natildeo um mundo que produzimos com OUlrQS Comprometeshynos porque ao saber que sabemos natildeo podemos negar o que sabemos O que conduz a uma eacutetica inescapaacutevel que natildeo podemos desprezar

Fssa constante vigilacircncia entendemos como um processo educacional pemlanente pelo qual analisamos o conhecimento do conhecimento - no caso o conhecimento do Eu

Essa a tarefa de propostas como a Anaacutelise TransacionaL

ACiecircncia do Direito cuida igualmente do comportamento humano meshydiante o estabelecimento de normas objetivando a conviVecircncia social Nessa finalidade delimita-se como eacute intuitivo com as aacutereas de ciecircncias congecircneres como a Sociologia a Antropologia a Poliacutetica a Psicologia e outraS

j Mais ainda assinala-se quanto ao Direito a sua inevitaacutevel imertextualishydade alcanccedilando outras aacutereas do conhecimento para analisar questotildees juridicas com o seu aporte necessaacuterio e amplificador de ideacuteias e conc~itos

3 A intertextualidadc do Direito Constitucional Aesse respeito sublinha Canotilho o direito constitucional eacute um tershy

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8 Direito Constitucional e Teoria da Constituiccedilatildeo Coimbra Almedina 1998 p 15 I

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94 AsIEClOli PsICOLoacuteGICOS NA PllAacutenCAJulUacuteDICA

Nesse contexto Direito e Psicologia se correspondem ponanto sobretudo naquilo que Desse denomina a preacute-compreensatildeo do inteacuterprete

O Inteacuterprete natildeo pode captar o conteuacutedo da norma desde um ponto quase-arshyqulmeacutedko situado fora da existecircncia histoacuterica senatildeo unicamente desde a conshycreta situaccedilatildeo histoacuterica em que se encontra cuja plasmaccedilatildeo conformou seus haacutebitos mentais condicionando seus conhecimentos e seus preacute-juiacutezOS9

Exatamente para que o inteacuterprete possa compreender-se delimitando o que seja nele autecircntico e proacuteprio e o que lhe foi transmitido - para que possa

re-decldir agora e realizar opccedilotildees tem necessidade do autoconhecimento preacutevio da sua condiccedilatildeo psicologicamente consciente e esclarecida

I A Anaacutelise Transacional prevecirc conforme propusera Freud trecircs aacutereas do aparelho me8taJ ou uma anaacutelise estrutural segundo 8eme consubstanciando as fases existenciais da primeira infacircncia (o obscuro Id) a Arqueopsiquecirc ou Estado do Ego Crianccedila (na linguagem coloquial) a aacuterea de intenned4tccedilatildeo com o meio ambiente apreendendo os dados da realidade o Ego (Neopsiquecirc ou Estado de Ego Adu Ito) por fim a memoacuteria dos arquivos mentais tradicional e

~ ( cntica o Superego (Exteropsiquecirc ou Estado do Ego Pai) ressalvando-se desde

logo niio ocorrer correspondDnda direta de ambas teorias nos fenocircmenos descritqs sendo a citaccedilatildeo exemplificati~ em cadter meramente didaacutetico de

~ comprelnsatildeo pois PaJ Adulto e Crianccedila confonne explica 8emelO natildeo satildeo ~ i conceitos como Superego Ego e Id ou como os construtos junguianos mas

realidades fenomenoloacutegicas observaacuteveis portanto

4 O Inteacuterprete

o denominado operador do Direito ou Inteacuterprete teraacute assim os instrushymentos necessaacuterios pelos quais de imediato voltando-se para si mesmo possa por esses meios analisar suas condutas e linguagem postural ou verbal aproshy

~ ~i priando-se de experiecircndas pessoais e elaborar umacntica ou anaacutelise tendente

ao autoconhedmento e l autonomia

EVdentemente que O apoio psicoterapecircutico natildeo estaacute dispensado de formaalgwna aoconttIacuteirio se demonstra recomendaacuteveL Contudo Um p~eiro momento de esclaredmento dos p1eacute-conceitos e preacute-juiacutezos bem como das potencialidades individuais apresenta-se necessaacuterio e emergencial para ser complementado entatildeo num estudo mais aprofundado Isto eacute o que poderaacute

9 Direito Constitudonal e 100ria da Constituiccedilatildeo Coimbra A1medina 1998 10 AnaacuteJise Tnulsadonal em Psicoterapia Satildeo Paulo Summus 1984 p 23

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UacutePlTVw VII - A AacuteNAacuteUsE T~SACIONAL E o DIREITO UMA REFUXAtildeO SOlllU li PlocoWGIA 95

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proporcionar de imediato a Anaacutelise Transacional embora esta tcoria ofercccedila ela mesma e em sequumlecircncia o aprofundamento necessaacuterio

Conforme destaca Mira y loacutepezl1 Infelizmente o estado atual da cjecircncia psicoloacutegica natildeo pennlte utilizar seus conhecimentqs em todos os aspectos lt do direito e isso faz com que a psicologia juridica se encontre hoje limitada --determinados capiacutetulos e problemas legais referindo a psicologia do testemunho a obtenccedilatildeo da evidecircncia delituosa a compreensatildeo do delito a informaccedilatildeo forense a seu respeito a reforma moral do delinquumlente ou seja preponderantemente os aSfuctos fumais

12 ~ Mara Caffeacute traz o encontro entre essas duas aacutereas possiacuteveis de con-

filiar Psicanaacutelise e Direito com referecircncia agraves suas experiecircncias em Varas de Famiacutelia t

Contudo natildeo eacute o que visualizamos parece-nos que podendo ser qualquer ~ pessoa um inteacuterprete da lei regra de conduta humana sob diversificados jlSpcctos individuais e sociais essa figura como tal poderaacute ser analisada psishycologicamente na aacuterea juriacutedica puacuteblica ou privada civil ou penal e outras

A teoria e metodologia propostas por Eric Berne apresentam essa fundashyiacuten~ntaJ possibilidade de um primeiro passo em direccedilatildeo a si mesmo atraveacutes do jX)nIlecimento e praacutetica dos instrumentos possibilitadores da anaacutelise de condutas de si mesmo e de outrem - as transaccedilotildees unidades da comunicaccedilatildeo humana em especial a dcnominada poslccedilaacuteo existcncial numa relaccedilatildeo cumuro

Posiccedilatildeo existencial ou Psicoloacutegica ecircorresponde a um juiacutezo de valor a respeito de si mesmo e dos outros adotado na inlacircncia que poderaacute persistir

tJgtasicamente na idade adulta levando o Individuo a orientar-se por essa opinshyfinnada quando a informaccedilatildeo apresentava-se incompleta c precaacuteria para tomada de decisatildeo

Gandhi tem um pensamento que pode explicar essa circunstacircncia o que ptIlSamos passamos a ser

Trata-se no entanto de ~m conceito dinacircmico existe uma posiltatildeo exisshybaacutesica (realista projetiva introjetiva ou ~simista) e predominante

de equllibrio entre a Posiccedilatildeo Existencial (Imaginaacuteria) e a realidade um movimento pendular ~

A anaacutelise beClliana explica e desenvolve as quatro posiccedilotildees existenciais a partir dessa primeira decisatildeo prematura para estabilizar quanto

M4nuaJ de I$icologia]uriacutedica Campinas IZn Editora 2005 p 20 Psican4lise e Direito Satildeo Paulo Quartler latia 2003 I

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possfvel uma posiccedilatildeo realista e efetiva do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a si mesmo e ao mundo

Haveraacute portanto a oportunidadede uma re-decisatildeo quandoYenha a existir o conhecimento pleno da preacute-compreensatildeo que temos da relaccedilatildeo EUOutro - o mundo para uma compreensatildeo ou consciecircncia e portanto autenticidade e autonomia

5 Um Estudo Conjugado

Revela-se portanto a necessidade do estudo conjugado DireimPsicologia (Social) dado que ambos os ramos do conhecimento vinculam-se li anaacutelise do romportamento ou conduta do ser humano em todos os seus aspectos que envolwm a figura do inteacuterprete e a preacute-compreell$atildeo do inteacuterprete

ODireito eacute umdos fenocircmenos mais notaacuteveis na vida humana refere Teacutercio Sampaio FerrazJr13 Compreendecirc-lo eacute compreender uma parte de noacutes mesmos Eacute saber em pane porque obedecemos porque mandamos porque nos iridignashymos porque aspiramos mudar em nome de ideais porque em nome de ideais conservamos as coisas como estatildeo Ser livre eacute estar no direito e no entanto o direJfotambeacutemnos oprime e nos tira aliberdadePor isso compreendero direito natildeo eacute JUD empreendimento que se reduz facHmente a conceituaccedilotildees loacutegicas e racionalmente sistematizadas O encontro com o direito eacute diversificado agraves vezes conftitivo e incoerente agraves vezes linear e consequumlente ( )

i Por tudo isso o direito eacute um misteacuterio o misteacuterio do principio e do fim i da ~ilidade humana

Bem a ecircnfase da Psicologia Social encontra-se no estudo do comportashymento do Individuo no que ele eacute influenciado socialmente explica Silvia Iane 14 Isto acontece desde o nascimento talvez antes a histoacuteria do grupo ao qual pertence o que dlve ser apreendido as emoccedilotildeelgt resultantes o homcm cofIacutelccedil agente transfonnador etc

0 misteacuterio do Direito encontra-se nesse conviver humano a conduta hwnma poded serobjeto de duas anaacutelises que se complementam levando ao esnido conjugado dessas ~ diferentes que convergem para um soacute individuo realIacuteZando-se poresSe mOdo o desiderato do art 205 da Constituiccedilatildeo quandoindicaagraveeducaccedilatildeoo cometimentodo plenodesemolvimento da pessoa integrashy~ente racional e emocional para alcanccedilar o autoconhecimento e com este conto condiccedilatildeo para o exerciacutecio da cidadania e a qualificaccedilatildeo para o trabalho

13 JIIlrCItIuccediliiacuteo ao Estudo do Direito Satildeo Paulo Atlas 1994 p 21 J4 oque eacutePdcologla SocIal Satildeo Paulo BrasiUense 2001 p 8 e 55

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O desenvolver integrativo (racionalemOCionai) conduz agrave autenticidade e consciecircncia o ltaminho da autonomia a filosofia bemiana

Aautonomia constitui-se por sua vez no pressuposto necessaacuterio agrave garanshytia de um juiacutezo esclarecido e justo - ao qual todos tecircm direito - e a PsicolOgia Social viraacute possibIDtar o conhecimento da preacute-compreensatildeo do inteacuterprete o

- seu universo particular o conhecimento liberta dai poder-se aguardar Seja alcanccedilado aquele desiderato

Verifica-se portamo que Direito c Isicologiacutea podem conconcr para o esclarecimento das complexidades da personalidade humana na sua inteireza para realizar-se a proacutepria razatildeo de ser do Direito o misteacuterio do princiacutepio e do fim da sociabilidade humana

Essa convivecircncia ou SOciabilidade demanda o que se Insiste reitcmr a autodeteminaccedilatildeo a necessaacuteria autonomia do ser humano para que vivecircncia e convivecircncia sejam fundamento da dignidade da pessoa humana porsi princiacutepio estruturante da comunidade mesma no sentido daquilo que eacute comum par_ ticipaccedilatildeo em comum

O indiviacuteduo - a pessoa humana representa a unidade intcoogradora desse todo e a sua consideraccedilatildeo em plenitude vem a verificar-se por ambas as ciecircncias da conduta humana Direito e Psicologia daiacute a indispensabilidade do seu estudo

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Page 11: Bloco VI - Análise Transacional e o Direito

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94 AsIEClOli PsICOLoacuteGICOS NA PllAacutenCAJulUacuteDICA

Nesse contexto Direito e Psicologia se correspondem ponanto sobretudo naquilo que Desse denomina a preacute-compreensatildeo do inteacuterprete

O Inteacuterprete natildeo pode captar o conteuacutedo da norma desde um ponto quase-arshyqulmeacutedko situado fora da existecircncia histoacuterica senatildeo unicamente desde a conshycreta situaccedilatildeo histoacuterica em que se encontra cuja plasmaccedilatildeo conformou seus haacutebitos mentais condicionando seus conhecimentos e seus preacute-juiacutezOS9

Exatamente para que o inteacuterprete possa compreender-se delimitando o que seja nele autecircntico e proacuteprio e o que lhe foi transmitido - para que possa

re-decldir agora e realizar opccedilotildees tem necessidade do autoconhecimento preacutevio da sua condiccedilatildeo psicologicamente consciente e esclarecida

I A Anaacutelise Transacional prevecirc conforme propusera Freud trecircs aacutereas do aparelho me8taJ ou uma anaacutelise estrutural segundo 8eme consubstanciando as fases existenciais da primeira infacircncia (o obscuro Id) a Arqueopsiquecirc ou Estado do Ego Crianccedila (na linguagem coloquial) a aacuterea de intenned4tccedilatildeo com o meio ambiente apreendendo os dados da realidade o Ego (Neopsiquecirc ou Estado de Ego Adu Ito) por fim a memoacuteria dos arquivos mentais tradicional e

~ ( cntica o Superego (Exteropsiquecirc ou Estado do Ego Pai) ressalvando-se desde

logo niio ocorrer correspondDnda direta de ambas teorias nos fenocircmenos descritqs sendo a citaccedilatildeo exemplificati~ em cadter meramente didaacutetico de

~ comprelnsatildeo pois PaJ Adulto e Crianccedila confonne explica 8emelO natildeo satildeo ~ i conceitos como Superego Ego e Id ou como os construtos junguianos mas

realidades fenomenoloacutegicas observaacuteveis portanto

4 O Inteacuterprete

o denominado operador do Direito ou Inteacuterprete teraacute assim os instrushymentos necessaacuterios pelos quais de imediato voltando-se para si mesmo possa por esses meios analisar suas condutas e linguagem postural ou verbal aproshy

~ ~i priando-se de experiecircndas pessoais e elaborar umacntica ou anaacutelise tendente

ao autoconhedmento e l autonomia

EVdentemente que O apoio psicoterapecircutico natildeo estaacute dispensado de formaalgwna aoconttIacuteirio se demonstra recomendaacuteveL Contudo Um p~eiro momento de esclaredmento dos p1eacute-conceitos e preacute-juiacutezos bem como das potencialidades individuais apresenta-se necessaacuterio e emergencial para ser complementado entatildeo num estudo mais aprofundado Isto eacute o que poderaacute

9 Direito Constitudonal e 100ria da Constituiccedilatildeo Coimbra A1medina 1998 10 AnaacuteJise Tnulsadonal em Psicoterapia Satildeo Paulo Summus 1984 p 23

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UacutePlTVw VII - A AacuteNAacuteUsE T~SACIONAL E o DIREITO UMA REFUXAtildeO SOlllU li PlocoWGIA 95

MAIUA G ~

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proporcionar de imediato a Anaacutelise Transacional embora esta tcoria ofercccedila ela mesma e em sequumlecircncia o aprofundamento necessaacuterio

Conforme destaca Mira y loacutepezl1 Infelizmente o estado atual da cjecircncia psicoloacutegica natildeo pennlte utilizar seus conhecimentqs em todos os aspectos lt do direito e isso faz com que a psicologia juridica se encontre hoje limitada --determinados capiacutetulos e problemas legais referindo a psicologia do testemunho a obtenccedilatildeo da evidecircncia delituosa a compreensatildeo do delito a informaccedilatildeo forense a seu respeito a reforma moral do delinquumlente ou seja preponderantemente os aSfuctos fumais

12 ~ Mara Caffeacute traz o encontro entre essas duas aacutereas possiacuteveis de con-

filiar Psicanaacutelise e Direito com referecircncia agraves suas experiecircncias em Varas de Famiacutelia t

Contudo natildeo eacute o que visualizamos parece-nos que podendo ser qualquer ~ pessoa um inteacuterprete da lei regra de conduta humana sob diversificados jlSpcctos individuais e sociais essa figura como tal poderaacute ser analisada psishycologicamente na aacuterea juriacutedica puacuteblica ou privada civil ou penal e outras

A teoria e metodologia propostas por Eric Berne apresentam essa fundashyiacuten~ntaJ possibilidade de um primeiro passo em direccedilatildeo a si mesmo atraveacutes do jX)nIlecimento e praacutetica dos instrumentos possibilitadores da anaacutelise de condutas de si mesmo e de outrem - as transaccedilotildees unidades da comunicaccedilatildeo humana em especial a dcnominada poslccedilaacuteo existcncial numa relaccedilatildeo cumuro

Posiccedilatildeo existencial ou Psicoloacutegica ecircorresponde a um juiacutezo de valor a respeito de si mesmo e dos outros adotado na inlacircncia que poderaacute persistir

tJgtasicamente na idade adulta levando o Individuo a orientar-se por essa opinshyfinnada quando a informaccedilatildeo apresentava-se incompleta c precaacuteria para tomada de decisatildeo

Gandhi tem um pensamento que pode explicar essa circunstacircncia o que ptIlSamos passamos a ser

Trata-se no entanto de ~m conceito dinacircmico existe uma posiltatildeo exisshybaacutesica (realista projetiva introjetiva ou ~simista) e predominante

de equllibrio entre a Posiccedilatildeo Existencial (Imaginaacuteria) e a realidade um movimento pendular ~

A anaacutelise beClliana explica e desenvolve as quatro posiccedilotildees existenciais a partir dessa primeira decisatildeo prematura para estabilizar quanto

M4nuaJ de I$icologia]uriacutedica Campinas IZn Editora 2005 p 20 Psican4lise e Direito Satildeo Paulo Quartler latia 2003 I

bull bullbullbullbullbull bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull 96 AsPlCIOS PSICOlOacuteGICOS NA lRAacuteTICA JURlDlCA

possfvel uma posiccedilatildeo realista e efetiva do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a si mesmo e ao mundo

Haveraacute portanto a oportunidadede uma re-decisatildeo quandoYenha a existir o conhecimento pleno da preacute-compreensatildeo que temos da relaccedilatildeo EUOutro - o mundo para uma compreensatildeo ou consciecircncia e portanto autenticidade e autonomia

5 Um Estudo Conjugado

Revela-se portanto a necessidade do estudo conjugado DireimPsicologia (Social) dado que ambos os ramos do conhecimento vinculam-se li anaacutelise do romportamento ou conduta do ser humano em todos os seus aspectos que envolwm a figura do inteacuterprete e a preacute-compreell$atildeo do inteacuterprete

ODireito eacute umdos fenocircmenos mais notaacuteveis na vida humana refere Teacutercio Sampaio FerrazJr13 Compreendecirc-lo eacute compreender uma parte de noacutes mesmos Eacute saber em pane porque obedecemos porque mandamos porque nos iridignashymos porque aspiramos mudar em nome de ideais porque em nome de ideais conservamos as coisas como estatildeo Ser livre eacute estar no direito e no entanto o direJfotambeacutemnos oprime e nos tira aliberdadePor isso compreendero direito natildeo eacute JUD empreendimento que se reduz facHmente a conceituaccedilotildees loacutegicas e racionalmente sistematizadas O encontro com o direito eacute diversificado agraves vezes conftitivo e incoerente agraves vezes linear e consequumlente ( )

i Por tudo isso o direito eacute um misteacuterio o misteacuterio do principio e do fim i da ~ilidade humana

Bem a ecircnfase da Psicologia Social encontra-se no estudo do comportashymento do Individuo no que ele eacute influenciado socialmente explica Silvia Iane 14 Isto acontece desde o nascimento talvez antes a histoacuteria do grupo ao qual pertence o que dlve ser apreendido as emoccedilotildeelgt resultantes o homcm cofIacutelccedil agente transfonnador etc

0 misteacuterio do Direito encontra-se nesse conviver humano a conduta hwnma poded serobjeto de duas anaacutelises que se complementam levando ao esnido conjugado dessas ~ diferentes que convergem para um soacute individuo realIacuteZando-se poresSe mOdo o desiderato do art 205 da Constituiccedilatildeo quandoindicaagraveeducaccedilatildeoo cometimentodo plenodesemolvimento da pessoa integrashy~ente racional e emocional para alcanccedilar o autoconhecimento e com este conto condiccedilatildeo para o exerciacutecio da cidadania e a qualificaccedilatildeo para o trabalho

13 JIIlrCItIuccediliiacuteo ao Estudo do Direito Satildeo Paulo Atlas 1994 p 21 J4 oque eacutePdcologla SocIal Satildeo Paulo BrasiUense 2001 p 8 e 55

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I -

crIacute11J1O VII - AANAacuteLISE TIWlSACIONAl E o DIREITO UMA Rlruxo S08IIE o PsIcotoGIA 97 lIIuIA GAIICL

O desenvolver integrativo (racionalemOCionai) conduz agrave autenticidade e consciecircncia o ltaminho da autonomia a filosofia bemiana

Aautonomia constitui-se por sua vez no pressuposto necessaacuterio agrave garanshytia de um juiacutezo esclarecido e justo - ao qual todos tecircm direito - e a PsicolOgia Social viraacute possibIDtar o conhecimento da preacute-compreensatildeo do inteacuterprete o

- seu universo particular o conhecimento liberta dai poder-se aguardar Seja alcanccedilado aquele desiderato

Verifica-se portamo que Direito c Isicologiacutea podem conconcr para o esclarecimento das complexidades da personalidade humana na sua inteireza para realizar-se a proacutepria razatildeo de ser do Direito o misteacuterio do princiacutepio e do fim da sociabilidade humana

Essa convivecircncia ou SOciabilidade demanda o que se Insiste reitcmr a autodeteminaccedilatildeo a necessaacuteria autonomia do ser humano para que vivecircncia e convivecircncia sejam fundamento da dignidade da pessoa humana porsi princiacutepio estruturante da comunidade mesma no sentido daquilo que eacute comum par_ ticipaccedilatildeo em comum

O indiviacuteduo - a pessoa humana representa a unidade intcoogradora desse todo e a sua consideraccedilatildeo em plenitude vem a verificar-se por ambas as ciecircncias da conduta humana Direito e Psicologia daiacute a indispensabilidade do seu estudo

~ ~~ ieacutellAtilde ~~

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Page 12: Bloco VI - Análise Transacional e o Direito

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possfvel uma posiccedilatildeo realista e efetiva do indiviacuteduo em relaccedilatildeo a si mesmo e ao mundo

Haveraacute portanto a oportunidadede uma re-decisatildeo quandoYenha a existir o conhecimento pleno da preacute-compreensatildeo que temos da relaccedilatildeo EUOutro - o mundo para uma compreensatildeo ou consciecircncia e portanto autenticidade e autonomia

5 Um Estudo Conjugado

Revela-se portanto a necessidade do estudo conjugado DireimPsicologia (Social) dado que ambos os ramos do conhecimento vinculam-se li anaacutelise do romportamento ou conduta do ser humano em todos os seus aspectos que envolwm a figura do inteacuterprete e a preacute-compreell$atildeo do inteacuterprete

ODireito eacute umdos fenocircmenos mais notaacuteveis na vida humana refere Teacutercio Sampaio FerrazJr13 Compreendecirc-lo eacute compreender uma parte de noacutes mesmos Eacute saber em pane porque obedecemos porque mandamos porque nos iridignashymos porque aspiramos mudar em nome de ideais porque em nome de ideais conservamos as coisas como estatildeo Ser livre eacute estar no direito e no entanto o direJfotambeacutemnos oprime e nos tira aliberdadePor isso compreendero direito natildeo eacute JUD empreendimento que se reduz facHmente a conceituaccedilotildees loacutegicas e racionalmente sistematizadas O encontro com o direito eacute diversificado agraves vezes conftitivo e incoerente agraves vezes linear e consequumlente ( )

i Por tudo isso o direito eacute um misteacuterio o misteacuterio do principio e do fim i da ~ilidade humana

Bem a ecircnfase da Psicologia Social encontra-se no estudo do comportashymento do Individuo no que ele eacute influenciado socialmente explica Silvia Iane 14 Isto acontece desde o nascimento talvez antes a histoacuteria do grupo ao qual pertence o que dlve ser apreendido as emoccedilotildeelgt resultantes o homcm cofIacutelccedil agente transfonnador etc

0 misteacuterio do Direito encontra-se nesse conviver humano a conduta hwnma poded serobjeto de duas anaacutelises que se complementam levando ao esnido conjugado dessas ~ diferentes que convergem para um soacute individuo realIacuteZando-se poresSe mOdo o desiderato do art 205 da Constituiccedilatildeo quandoindicaagraveeducaccedilatildeoo cometimentodo plenodesemolvimento da pessoa integrashy~ente racional e emocional para alcanccedilar o autoconhecimento e com este conto condiccedilatildeo para o exerciacutecio da cidadania e a qualificaccedilatildeo para o trabalho

13 JIIlrCItIuccediliiacuteo ao Estudo do Direito Satildeo Paulo Atlas 1994 p 21 J4 oque eacutePdcologla SocIal Satildeo Paulo BrasiUense 2001 p 8 e 55

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crIacute11J1O VII - AANAacuteLISE TIWlSACIONAl E o DIREITO UMA Rlruxo S08IIE o PsIcotoGIA 97 lIIuIA GAIICL

O desenvolver integrativo (racionalemOCionai) conduz agrave autenticidade e consciecircncia o ltaminho da autonomia a filosofia bemiana

Aautonomia constitui-se por sua vez no pressuposto necessaacuterio agrave garanshytia de um juiacutezo esclarecido e justo - ao qual todos tecircm direito - e a PsicolOgia Social viraacute possibIDtar o conhecimento da preacute-compreensatildeo do inteacuterprete o

- seu universo particular o conhecimento liberta dai poder-se aguardar Seja alcanccedilado aquele desiderato

Verifica-se portamo que Direito c Isicologiacutea podem conconcr para o esclarecimento das complexidades da personalidade humana na sua inteireza para realizar-se a proacutepria razatildeo de ser do Direito o misteacuterio do princiacutepio e do fim da sociabilidade humana

Essa convivecircncia ou SOciabilidade demanda o que se Insiste reitcmr a autodeteminaccedilatildeo a necessaacuteria autonomia do ser humano para que vivecircncia e convivecircncia sejam fundamento da dignidade da pessoa humana porsi princiacutepio estruturante da comunidade mesma no sentido daquilo que eacute comum par_ ticipaccedilatildeo em comum

O indiviacuteduo - a pessoa humana representa a unidade intcoogradora desse todo e a sua consideraccedilatildeo em plenitude vem a verificar-se por ambas as ciecircncias da conduta humana Direito e Psicologia daiacute a indispensabilidade do seu estudo

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