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RICARDO CHAGAS CRUZ
Excesso de confiança, ancoragem e conhecimento financeiro.
O consumo das aplicações financeiras.
Dissertação apresentada como requisito
para obtenção do título de Mestre em
Administração, com ênfase em
Comportamento do Consumidor, pela
Escola Superior de Propaganda e
Marketing – ESPM.
Orientador: Profa. Dra. Cristina Helena
Pinto de Mello
SÃO PAULO
2017-1
Dedicatória
Dedico este trabalho à minha querida e amada esposa Adriana, meus filhos amados Tatiana,
Erik, Enzo, Gustavo, Juliana e Camila, minhas queridas netas Catharina, Giulia e Giovanna,
minha Orientadora Professora Dra. Cristina Helena de Mello Pinto e a Professora Dra.
Vivian Iara Strehlau, Professor Dr. Carlos Barbosa C. Junior, Professora Dra. Rosilene
Marcelino, Mestre Sérgio Palhas, Sra. Belisa Caramori, Sra. Jocileide Andrade Marques de
Melo, e todos aqueles que me incentivaram e em algum momento me auxiliaram com sua
compreensão, profissionalismo e apoio.
RESUMO
O uso de heurísticas para o suporte da análise racional dos agentes econômicos quando da
tomada de decisão em relação a ganhos e perdas no processo decisório em finanças, a partir da
década de 70 passou a ser motivo de questionamento dos estudiosos de Economia e Psicologia
Experimental gerando um arcabouço teórico hoje denominado Finanças Comportamentais.
Com as contribuições de Daniel Kahneman e Amos Tversky, laureados com o Prêmio Nobel
de Economia (2002), os estudos tomaram um impulso considerável nas finanças de mercados
internacionais e nacionais que buscam entender como o investidor passa a conviver com as
incertezas inerentes ao processo de escolha financeira.
Este trabalho procurou identificar a relação das heurísticas de excesso de confiança e
ancoragem, quando relacionadas ao nível de conhecimento dos investidores no consumo das
aplicações financeiras quando os investidores se tornam superavitários.
A tomada de decisão no consumo de ativos financeiros está permeada de incertezas e risco das
mais diversas naturezas, e tem sido estudada desde a década de 50, porém foi no século XX que
as heurísticas foram consideradas referenciais capazes de impactar a decisão de consumo de
um produto financeiro.
Por meio de uma pesquisa quantitativa na classe A e B – camadas sociais potenciais
consumidoras de aplicações financeiras, procurou-se investigar se o conhecimento pode
impactar na decisão de escolher uma aplicação financeira.
Palavras-Chave: finanças comportamentais, ancoragem, excesso de confiança.
ABSTRACT
The use of heuristics to support the rational analysis of economic agents when making decisions
regarding gains and losses in the decision-making process in finance, from the 70's began to be
questioned by scholars of Experimental Economics and Psychology generating A theoretical
framework today called Behavioral Finance.
With the contributions of Daniel Kahneman and Amos Tversky, Nobel Laureates in Economics
(2002), the studies have taken a considerable boost in the finances of international and national
markets that seek to understand how the investor comes to live with the uncertainties inherent
in the process of Financial choice.
This work sought to identify the relation of the heuristics of overconfidence and anchorage,
when related to the level of knowledge of the investors in the consumption of financial
investments when the investors become surplus.
Decision making in the consumption of financial assets is permeated by uncertainties and risks
of the most diverse nature, and has been studied since the 1950s, but it was in the 20th century
that heuristics were considered as references capable of impacting the consumption decision of
a Financial product.
Through a quantitative research in class A and B - potential social layers of financial
investments, we sought to investigate whether knowledge can impact the decision to choose a
financial application.
Key words: behavioral finances, anchorage, overconfidence.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Etapas percorridas pelos estudantes ......................................................................... 23
Figura 2 - Posição do Brasil no MMGPI (Mercer Global Pension Index). .............................. 27
Figura 3 - Nuvem de palavras: cursos de pós-graduação escolhidos ....................................... 59
Figura 4 - Nuvem de palavras: cursos de extensão .................................................................. 60
Figura 5 - Características de uma aplicação financeira ............................................................ 69
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Evolução da função financeira ............................................................................... 14
Quadro 2 - Tipificação do risco ................................................................................................ 34
Quadro 3 - Pesquisa sobre grau de conhecimento do pesquisado ............................................ 49
Quadro 4 - Principais proposições a serem investigadas .......................................................... 50
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Taxa de administração média do segmento varejo .................................................. 18
Tabela 2 - Números consolidados dos exames de certificação ................................................ 20
Tabela 3 - Evolução dos interessados nos exames de certificação ........................................... 21
Tabela 4 - Investidores pessoa física na BMF&BOVESPA – B3 ............................................ 25
Tabela 5 - Inflação em % .......................................................................................................... 29
Tabela 6 - Quantidade de documentos sobre ancoragem ......................................................... 40
Tabela 7 - Documentos produzidos por país – presença do Brasil ........................................... 42
Tabela 8 - Documentos produzidos por área de estudo: origem .............................................. 44
Tabela 9 - Classificação Econômica Brasil – ABEP .............................................................. 489
Tabela 10 - Distribuição da amostra por feixa de renda/gênero ............................................... 52
Tabela 11 - Distribuição da pós-graduação: amostra e grupo .................................................. 59
Tabela 12 - Preferência na escolha da I.F. para planos de previdência aberta ......................... 61
Tabela 13 - Certificações financeiras: amostra total ................................................................ 62
Tabela 14 - Certificações financeiras ....................................................................................... 62
Tabela 15 - Mapeamento de decisão no momento do consumo ............................................... 64
Tabela 16 - Carteira escolhida versus orientação primária....................................................... 65
Tabela 17 - Tabela de utilização do excedente financeiro ........................................................ 65
Tabela 18 - Aplicação por volume e frequência do evento ...................................................... 66
Tabela 19 - Distribuição das consultas a suporte para a tomada de decisão de aplicar no
mercado financeiro ................................................................................................................... 67
Tabela 20 - Respostas (homens e mulheres) excesso de confiança .......................................... 68
Tabela 21 - Composição das carteiras em quantidade de aplicações ....................................... 70
Tabela 22 - Escolha da carteira de R$100.000,00 \(preferência de ativos) .............................. 71
Tabela 23 - Escolha dos pares conforme preferência ............................................................... 72
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Valor das aplicações em MM de R$ ...................................................................... 19
Gráfico 2 - Atuação da pessoa física no Tesouro Direto, cadastrados e ativos ........................ 19
Gráfico 3 - Evolução dos interessados nos exames Anbima .................................................... 21
Gráfico 4 - Profissionais sem vínculo aprovados nos exames - Junho/2016............................ 22
Gráfico 5 - Interesse de profissionais ou investidores sem vínculo no sistema financeiro ...... 22
Gráfico 6 - Fonte B3 ................................................................................................................. 25
Gráfico 7 - Inflação em % ........................................................................................................ 28
Gráfico 8 - Evolução do PIB no Brasil ..................................................................................... 30
Gráfico 9 - Estudos sobre ancoragem – presença do Brasil ..................................................... 40
Gráfico 10 - Estudos sobre excesso de confiança no mundo – presença do Brasil .................. 43
Gráfico 11 - Gráfico da origem da produção de documentos (em %) ...................................... 44
Gráfico 12 - Distribuição das classes econômicas por gênero ................................................. 51
Gráfico 13 - Amostra por classes econômicas.......................................................................... 52
Gráfico 14 - Perfil da totalidade dos respondentes ................................................................... 53
Gráfico 15 - Perfil dos respondentes por sexo, classe social e faixa etária .............................. 54
Gráfico 16 - Aplicação dos questionários por estado ............................................................... 54
Gráfico 17 - Quantidade de aplicações financeiras - estratificação estudada ........................... 55
Gráfico 18 - Perfil profissional dos respondentes - função ...................................................... 56
Gráfico 19 - Perfil dos respondentes por categoria profissional .............................................. 56
Gráfico 20 - Quantidade de aplicações financeiras por categoria profissional I ...................... 57
Gráfico 21 - Quantidade de aplicações financeiras por categoria profissional II ..................... 57
Gráfico 22 - Quantidade de aplicações financeiras por faixa etária e classe social ................. 58
Gráfico 23 - Quantidade de aplicações financeiras por faixa etária e classe social ................. 58
Gráfico 24 - Preferência na escolha da I.F. para planos de previdência aberta ........................ 61
Gráfico 25 - Perfil da amostra em relação às certificações financeiras .................................... 62
Gráfico 26 - Amostra total: preferência na forma de pagamento ao consumir ........................ 63
Gráfico 27 - Orientação primária - familiar sobre finanças ...................................................... 65
Gráfico 28 - Composição das carteiras em quantidade de aplicações ...................................... 70
Gráfico 29 - Preferência na escolha de ativos .......................................................................... 71
Gráfico 30 - Escolha dos pares de aplicações financeiras ........................................................ 72
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
Anbima - Associação Brasileira das Entidades do Mercado de Capitais
BCB ou Bacen - Banco Central do Brasil
B3 - BMF&BOVESPA - Bolsa de Valores de São Paulo
CDI - Certificado de depósito interbancário
CEA - Certificação Especialista Anbima
B3 - Cetip - Central integradora do mercado financeiro
CGA - Certificação de Gestor Anbima
CMN - Conselho Monetário Nacional
CPA 10 - Certificação Profissional Anbima Série 10
CPA 20 - Certificação Profissional Anbima Série 20
CVM - Comissão de Valores Mobiliários
FGV - Fundação Getúlio Vargas
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPCA - Índice de preços ao consumidor amplo
MM de R$ - milhões de reais
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 12
1.1 Contexto do trabalho ....................................................................................................... 13 1.2 Justificativa do tema ....................................................................................................... 16
1.2.1 As migrações de investidores para o Tesouro Direto da União .............................. 17
1.2.2 A busca pelo conhecimento técnico, através dos processos de certificação ........... 19
1.2.3 Histórico de investidores na Bolsa .......................................................................... 23
1.2.4 Objetivo da pesquisa ................................................................................................ 30
1.2.5 Objetivos secundários .............................................................................................. 30
2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................. 31
2.1 O conhecimento das aplicações financeiras ................................................................... 34 2.1.1 O acesso às aplicações financeiras .......................................................................... 36
2.2 A ancoragem ................................................................................................................... 38
2.3 O excesso de confiança .................................................................................................. 40
3 RECURSOS METODOLÓGICOS ....................................................................................... 45
3.1 Delimitação e norteadores do trabalho ........................................................................... 45 3.2 Método escolhido ........................................................................................................... 45 3.3 Instrumento ..................................................................................................................... 46
3.4 Amostragem ................................................................................................................... 47 3.5 As hipóteses do estudo ................................................................................................... 49
4 DADOS COLETADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................... 51
5 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 73
5.1 Limitações observadas .................................................................................................... 74
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 75
ANEXO 1 – PESQUISA DE CAMPO .................................................................................... 83
12
1 INTRODUÇÃO
Quando um investidor se torna superavitário em suas finanças pessoais, seja
esporadicamente ou por razões de orçamento, surge naturalmente um processo de escolha:
investir, consumir ou simplesmente guardar a sobra de recursos. O que interessa neste trabalho
é o fato de que ao tornar-se um consumidor potencial de uma aplicação financeira, como se
relaciona com as incertezas e risco inerentes ao processo de escolha financeira.
Pode-se definir o ganho financeiro de duas grandes formas: a remuneração do
investimento, que diz respeito aos juros pagos pelo capital, que são disponibilizados ao setor
bancário para uso na oferta de empréstimos e financiamentos; e o chamado ganho de capital
que representa a remuneração auferida na forma de valoração, distribuição de lucro, geração de
proventos dos recursos disponibilizados diretamente às empresas por meio dos processos de
oferta de produtos conhecidos nos mercados de capitais.
Embora o foco deste trabalho seja pesquisar se o conhecimento aliado a ancoragem e o
excesso de confiança influenciam na forma de consumir o ganho financeiro, cabe ainda definir
que existem três tipos de retorno conforme orientações da Receita Federal do Brasil – assim
utilizam-se as definições da receita fazendária do Brasil para tal categorização a saber: (a)
aquele denominado pré-fixado ou seja, um tipo de aplicação financeira no qual o investidor
sabe exatamente qual o percentual de rentabilidade ou que quantidade de unidades monetárias
lhe renderá a operação; (b) o ganho financeiro denominado pós-fixado – tipo de operação
financeira que renderá uma taxa flutuante, um indexador pré-determinado ou ainda depende da
evolução da macroeconomia nacional e gestão empresarial, porém, cujo valor final em unidades
monetárias só será conhecido ao final do prazo; ou (c) uma combinação dos dois tipos descritos
anteriormente que agrega tanto retornos pré-fixados quanto pós-fixados.
Assim o consumidor, quando do vencimento ou liquidação da aplicação financeira não
sabe, de forma antecipada, se os resultados finais esperados de suas escolhas financeiras serão
condizentes com o retorno esperado. Uma vez que deverão ser comparados com a situação da
economia que virá, e que, portanto, está sujeita a riscos e incertezas naturais de qualquer
economia. Nessa linha de abordagem é esclarecedor indicar que o conceito de risco é um evento
passível e mensurável por inúmeras técnicas disponíveis, e está diretamente relacionado à perda
enquanto a incerteza é uma superestimação de resultados nem sempre quantificáveis
(ANDRADE, 2011).
13
Entretanto ao consumir as aplicações financeiras, o investidor poderá manifestar uma
escolha que represente sua preferência no binômio risco versus retorno, que permita uma
maximização desta relação, obtendo maior retorno com o risco supostamente adequado, ou o
risco versus retorno que o investidor enxerga como adequado e tolerável para seus padrões de
escolha, maximizando sua satisfação.
No pressuposto básico da Hipótese de Mercado Eficiente agentes econômicos, providos
de uma racionalidade ilimitada, tomam decisões adequadamente maximizadas no processo de
escolha (FAMA, 1970), e a aversão ao risco ou aversão a perdas foi e ainda é estudada por
inúmeras áreas da ciência. Porém, é fato que a tomada de decisão se manifesta num processo
mental complexo, que quando voltado para o consumo de um produto ou serviço, pode
apresentar no mínimo duas fases: uma inicial de escolha e uma fase final na decisão
(BETTMAN; PARK, 1980; HAUBL; TRIFTS, 2000; PAYNE,1976).
Quanto às decisões de consumo, características de subjetividade e de irracionalidade já
eram consideradas por economistas na década de 40 e no âmbito dos mercados monetários, os
estudos sobre o consumo financeiro apresentam resultados que se disseminaram pela
comunidade financeira e acadêmica com os trabalhos de Harry Markowitz (1952) e Tobin
(1952) na determinação da chamada diversificação de carteira e determinação da fronteira
eficiente (SHARPE, 1964).
A partir da década de 70 surgiram os estudos de Finanças Modernas que investigaram
principalmente o processo de compra de ativos financeiros segundo a abordagem do
comportamento do investidor, e que a partir dos estudos de Amos Tversky e Daniel Kahneman
(KAHNEMAN; TVERSKY, 1979) receberam o nome de Finanças Comportamentais.
Até então, o investidor financeiro era tido como aquele consumidor que se utilizava de
processos mentais calcados estritamente na racionalidade e na dominância de todas as
informações disponíveis, que no decorrer das contribuições acadêmicas dos séculos XIX e XX
apontaram a necessidade de se aprofundar cada vez mais no comportamentos decisórios
financeiros, a fim de elucidar e identificar as heurísticas e o se o uso sistemático delas influencia
em que montante nos processo mentais de escolhas financeiras.
1.1 Contexto do trabalho
Entenda-se aqui a pretensão desta dissertação: estudar e analisar as escolhas das
aplicações financeiras sob o enfoque das Finanças Comportamentais, notadamente as
heurísticas de ancoragem e o excesso de confiança, associadas ao grau de conhecimento do
mercado financeiro dos investidores. Não se discute neste trabalho o estado da arte na
14 construção do pensamento de consumidor financeiro, que envolve diretamente a evolução do
pensamento econômico em relação aos estudos sobre a função financeira, as informações de
mercado disponíveis e a estruturação de produtos.
Entretanto, recomenda-se reconhecer a influência de possíveis limitações no decorrer
do processo de escolha das aplicações, em especial o grau de difusão das informações de
mercado que facilita a atuação dos arbitradores de mercado, que pela forma de atuar nas
escolhas de compra e venda, evidenciam a irracionalidade de muitos investidores, influenciando
na eficiência dos mercados, e atuando como catalizadores na seleção da competitividade pelas
escolhas maximizadas.
Assim, o consumo de aplicações financeiras no decorrer do tempo ainda tem lacunas a
serem estudadas pelas Finanças Comportamentais. Uma vez que a Economia mundial, assolada
por crises e pelas grandes “bolhas econômicas” ocorridas principalmente no século XX,
(Quadro 1) com o uso excessivo de derivativos e instrumentos de refinanciamento na área
imobiliária, impõe diretamente as perdas financeiras significativas aos investidores,
influenciando e impulsionando os estudos sobre a decisão de escolha de ativos financeiros pelos
agentes econômicos (YOSHINAGA; RAMALHO, 2014).
O presente estudo procura, na realidade, investigar a seguinte questão: pode o
conhecimento de técnicas financeiras gerar excesso de confiança, que ancorado na apropriação
dos processos de cálculos e nas informações financeiras impactam na decisão de consumir as
aplicações financeiras, disponibilizadas pelo mercado financeiro, influenciando e modificando
a percepção de risco do consumidor?
Quadro 1 - Evolução da função financeira
Abordagem
Período
Fatos Históricos Influência para o
Conteúdo de Finanças Archer e
D’Ambrosio Smith
Tradicional
Normativa
Início do século
XX
Movimento de
consolidação das
empresas
Destaque para a estrutura de
capital e os principais
episódios financeiros
Expansão de novas
indústrias
Processo de fusões
Preocupação com a estrutura
financeira
Considerações sobre a liquidez
Discussão incipiente sobre
planejamento e controle
Recessão econômica e
falências (Crise de
1929)
Importância da
solvência/liquidez e
recuperação financeira das
empresas
Segunda Guerra Relevância do financiamento
15
Administrativa
Década de
1920 –
Década de
1960
Mundial
Positiva
Temor de recessão
pós-guerra
Ênfase no fluxo de caixa
Destaque para os controles
administrativos internos (contas
a receber, contas a pagar e
estoques)
Econômica
Desenvolvimento
tecnológico
(computação)
Crescimento do
comércio internacional
Modigliani e Miller (1958) e a
irrelevância da estrutura de
capital
Análise do custo de capital
para determinar obstáculos ao
investimento
Compreensão das
características da economia
internacional
Década de
1970
Desenvolvimento
tecnológico (computação)
Rompimento do Acordo
de Bretton Woods
Crise na Bolsa de Valores
nos Estados Unidos
(1974)
Choque do Petróleo e
crise inflacionária nos
Estados Unidos
Interesse nas teorias de
Markowitz, de Tobin e de
Sharpe, bem como na eficiência
dos mercados
Utilização do CAPM e dos
conceitos de risco sistemático
e não sistemático
Década de
1980
Moratória dos países em
desenvolvimento e crise
no setor financeiro
Desintermediação
financeira
Acordo da Basiléia
(1988)
Interesse maior pela Fórmula de
Black & Scholes para o cálculo
do valor de uma opção
Desenvolvimento de
estratégias complexas de
derivativos para limitar o
risco
Econômica
Globalização da Importância maior das estratégias
Economia e de hedging por meio de opções e
intensificação do volume mercado futuro. Gestão de riscos
das transações financeiras se destaca
Interdependência maior Preocupação pela redução do risco
entre as economias sistêmico e foco na mitigação do
O Bank for International
Settlements (BIS) criou o
risco de liquidação e de crédito
dos sistemas de pagamento
Committee on Payment Atenção maior à criação de valor
Década de 1990 –
Início do século
XXI
and Settlement Systems (CPSS)
Reformulação do Acordo
da Basiléia (1998)
Maior importância da Governança
Corporativa e da transparência das
informações
Incremento da preocupação com a
Econômica e
Comportamental (*)
Casos Mettalgesellschaft, responsabilidade social e
Barings Bank e Long ambiental, importante no
Term Capital relacionamento com os demais
Management stakeholders
Escândalos contábeis nos Discussão da Ética Empresarial
Estados Unidos em Finanças
16
Fonte: Adaptado de ARCHER e D’AMBROSIO (1969); WESTON (1975); FAMÁ e GALDÃO (1996); SMITH
(1984); DUARTE JR. (2003); GARCIA (2003).
Os estudos no século XX tais como publicados por Harry Markowitz (1952), Modigliani
e Miller (1958), Willian Sharpe (1964) e Eugene Fama (1970), foram a matéria-prima do
desenvolvimento dos estudos de Kahneman e Tversky (1979) sobre heurísticas e vieses, a
Teoria bounded rationality de Simon (1978) e a Teoria das Perspectivas publicada em 1979
que revoluciona os trabalhos de análises sobre o comportamento do Homo Economicus ao fazer
escolhas financeiras sob a ótica da Psicologia Comportamental.
1.2 Justificativa do tema
Embora os estudos de finanças comportamentais tenham avançado nos últimos anos,
ainda notamos que há inúmeras controvérsias entre os profissionais e os acadêmicos, que
adotam as grandes correntes de trabalhos sobre o tema: finanças comportamentais que sob um
amplo aspecto incorporam inúmeras disciplinas, notadamente utilizando das ciências sociais,
da psicologia e economia. A finança comportamental se contrapõe diretamente à visão
neoclássica que se fundamenta na racionalidade ilimitada, no processo de escolha dos ativos
financeiros (MILANEZ, 2003).
A complexidade do processo de decisão financeira adquiriu novos contornos no Brasil
após o Plano Real, embora num período de 20 anos, as decisões de planejamento financeiro, as
finanças pessoais e a capacitação financeira são aspectos que já fazem parte do processo de
decisão na aquisição de aplicações financeiras, inclusive com a criação do ENEF (2000)
indícios de mercado tem sugerido que os conhecimentos veem sendo buscados cada vez mais
pelos investidores em geral (FERREIRA, 2008).
Os mercados na atualidade sofrem impacto natural das incertezas econômicas não só
pela globalização, como também pela dinâmica criação e difusão de operações financeiras que,
ao se considerar as práticas de mercado em relação a disponibilidade, qualidade, quantidade e
a própria assimetria temporal das informações disponíveis, há a necessidade de constante
atualização e reciclagem de conhecimentos e práticas financeira. Haja vista a crescente
exigência de certificações pelos órgãos de fiscalização financeira, Banco Central do Brasil,
Comissão de Valores Mobiliários. Certificações estas disponibilizadas pelas associações de
mercado como - ANBIMA, Comissão de Valores Mobiliários - CVM, Associação dos
(exemplos: Casos Enron,
Tyco, WordCom) Finanças Comportamentais
ganham destaque
17 Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais - APIMEC e outras que
estimulam os profissionais atuantes do mercado financeiro a constantes atualizações para o
exercício da função a que se destinam (LUCCHESI, 2010)
Dentro deste contexto, evidências de mercado sugerem que alguns eventos registrados
são fruto de uma busca por conhecimento que motiva a migração constante de investidores para
instrumentos disponíveis no mercado secundário, aos quais permitem uma atuação direta e
própria com maior ingerência sobre a gestão de seus investimentos, tais como um número
crescente de profissionais certificados, a evolução das aplicações no Tesouro Direto do Tesouro
Nacional, e o aumento da participação da pessoa física nas negociações na Bolsa de Valores de
São Paulo.
1.2.1 As migrações de investidores para o Tesouro Direto da União
Uma vez que os investidores podem ser categorizados em aqueles informados e os
desinformados, de acordo com Grossman e Stiglitz (1976), há uma oportunidade de se
investigar a ocorrência e como a migração pode ter sido afetada pelo conhecimento técnico,
ancoragem e excesso de confiança no momento da escolha das aplicações financeiras, pois ao
longo do tempo foram muitos os relatos de prejuízos em investimentos, em especial nas
inúmeras “bolhas econômicas” que assolaram o Século XX.
A migração da pessoa física das aplicações financeiras em geral para os títulos públicos
tem sugerido que o conhecimento técnico e o acesso aos sistemas, facilitam as escolhas aqui
descritas, porém podem acarretar mais incertezas nos processos de decisão.
O investidor que prefere realizar uma operação financeira sem a interferência direta no
seu processo de decisão, fica sujeito a uma análise de risco e custos, porém no caso do Programa
Tesouro Direto (que trata da compra e venda de títulos federais ao investidor pessoa física) o
que se apresenta, como pode ser visto mais adiante, é um aumento crescente na escolha deste
tipo de aplicação financeira.
Esta modalidade de investimento tem um atrativo natural: custos mais baixos, entretanto
tal fato pressupões a busca do investidor por mais conhecimento, ou práticas de mercado que
se evidenciam nos custos comparativos com as demais operações oferecidas no mercado. O
investidor no Programa do Tesouro Direto pode aplicar e resgatar individualmente sem precisar
recorrer ao sistema bancário direto, caracterizando uma concorrência natural, pois o setor
bancário não é o veículo intermediário das operações que podem ser feitas via internet.
Abaixo a Tabela 1 demonstra que os custos do Tesouro Direto podem ficar abaixo de
0,8% em encargos enquanto um comparativo com os Fundos de Investimento em Renda Fixa,
18 Multimercados e Ações – modalidades de aplicação financeira preferidas após os Certificados
Bancários e a própria Caderneta Poupança ofertados tradicionalmente. As marcações indicam
que poucos Fundos de Investimentos oferecem cotas com taxas de administração competitivas
em relação ao Programa de Tesouro Direto, enquanto as Cadernetas de Poupança sem taxas no
produto, oferecem rentabilidade muito abaixo dos CDBs e Fundos de Investimento disponíveis.
Tabela 1 - Taxa de administração média do segmento varejo
Fonte: ANBIMA, 2016.
Portanto neste tipo de aplicação o consumidor pode atuar de forma independente, e
materializar a sua escolha sem auxílio de nenhum intermediário conhecedor de finanças. Deverá
apenas, ao finalizar sua escolha, selecionar um custodiante para os títulos comprados, portanto
a decisão do consumo dos Títulos Públicos Federais pode ser tomada pelo próprio consumidor
que assim efetuará a sua escolha pelos conhecimentos que detém, pelo risco que deseja correr
e pela expectativa de remuneração que lhe interessa.
O estoque do Tesouro Direto registrou em junho de 2017 um montante de R$ 46,7
bilhões, aumento de 2,3% em relação ao mês anterior (R$ 45,6 bilhões), e em relação à
migração dos investidores pessoa física, houve aumento de 77,9% no último ano, atingindo a
quantidade total de cadastrados de 1.485.238 para um total de aplicadores ativos de 507.654,
também para os últimos 12 meses, como pode ser observado nos Gráficos 1 e 2 que seguem:
19 Gráfico 1 - Valor das aplicações em MM de R$
Fonte: Tesouro nacional - 2016
Gráfico 2 - Atuação da pessoa física no Tesouro Direto, cadastrados e ativos
Fonte: Tesouro Nacional – 2016
1.2.2 A busca pelo conhecimento técnico, através dos processos de certificação
Os dados apresentados neste subitem são produto dos estudos da base de dados do
Programa de Certificação Continuada da ANBIMA, que lançado em 2002 tem como objetivo
inicial estimular e prover principalmente os profissionais vinculados ao Sistema Financeiro
Nacional a aderirem aos Programas de Certificação.
20
Um dos objetivos dos programas é a educação financeira, e por meio da capacitação
pela certificação, promover maior compreensão dos processos e produtos do mercado
financeiro. Embora aplicado e destinado principalmente aos profissionais das áreas financeiras,
a certificação pode ser aplicada a outras categorias de profissionais de diversas áreas que
também procuram ampliar e desenvolver seus conhecimentos financeiros, utilizando-se da
capacitação pelas certificações financeiras da Anbima, tais profissionais podem ser
identificados pela categoria “sem vínculo” nos relatórios de certificados pela Anbima.
Para ascender à categoria de profissional certificado, os candidatos submetem-se a
cursos preparatórios que são ofertados pela própria entidade certificadora na forma EAD, ou
empresas especializadas nas certificações e que após um período de estudo, prestam uma prova
para comprovar a sua capacitação.
É importante saber que não há requisito instrucional mínimo para a participação dos
processos de certificação, facilitando assim o acesso a todos que desejarem ampliar o
conhecimento sobre as práticas de mercado conforme publicado pela ANBIMA: “Também
poderá se inscrever o estudante ou profissional sem vínculo com instituição fiscalizada pelo
Banco Central (Bacen) ou pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ” (ANBIMA, 2017a).
O Programa de Certificação Continuada da ANBIMA foi criado há 13 anos, e
proporcionou mais de 688.000 exames, determinando um total de 388.578 certificações
emitidas (dados de junho de 2015). As provas computadorizadas foram adotadas em 2007 e
marcaram o início de maior crescimento e mais flexibilidade, o que permitiu um alcance maior
da certificação no país, em especial nas capitais do Brasil. Abaixo o quadro das certificações
sem considerar as atualizações até o presente (exclusive 2016):
Tabela 2 - Números consolidados dos exames de certificação
CPA 10 CPA 20 CGA CEA TOTAL
Inscrições 605.806 151.814 1.273 4.617 763.510
Exames realizados 577.083 95% 143.256 94% 1.199 94% 4.445 96% 725.983
Aprovações 326.012 54% 80.859 53% 382 30% 1.779 39% 409.032
Ausências 28.723 5% 8.558 6% 74 6% 172 4% 37.527 Fonte: ANBIMA, 2016
A seguir a evolução dos certificados que demonstra um crescimento expressivo pelas
certificações ou conhecimento das técnicas financeiras, além do interesse pela procura das
certificações, em geral como se pode observar nas inscrições e exames cumpridos pelos
postulantes:
21
Tabela 3 - Evolução dos interessados nos exames de certificação
Evolução - exames Anbima
Ano Inscrições Exames Certificações
2002 1.148 1.050 338
2003 7.289 6.794 4.338
2004 33.533 31.805 24.438
2005 61.351 58.107 58.107
2006 119.522 113.358 81.362
2007 211.147 200.673 127.634
2008 291.189 275.981 164.333
2009 336.819 319.460 186.922
2010 404.783 384.460 223.247
2011 473.951 450.502 259.818
2012 546.013 519.107 300.521
2013 621.021 590.596 339.170
2014 694.749 660.362 373.154
2015 768.090 730.294 411.142 Fonte: Anbima, 2016
Gráfico 3 - Evolução dos interessados nos exames Anbima
Fonte: Anbima, 2016
Outro fator que reforça a procura dos investidores em adquirir ou ampliar os
conhecimentos sobra as práticas de mercado financeiros, processos e produtos pode ser
observado no Relatório de Certificação da Anbima – 2º semestre de 2016 que indica o
crescimento de profissionais não financeiros ou sem vínculo financeiro, bem como aquele de
estudantes que buscam mais informações por meio dos cursos de certificação (ANBIMA,
2016).
0
200.000
400.000
600.000
800.000
1.000.000
Evolução - exames Anbima
Inscrições Exames Certificações
22
Dos profissionais com certificações válidas 15% não estão trabalhando no mercado
financeiro em instituições ligadas a Anbima – conforme gráfico que segue:
Gráfico 4 - Profissionais sem vínculo aprovados nos exames - Junho/2016
Fonte: extraído do RCS – Anbima 2017
Em relação às inscrições para os exames de certificação de profissionais (ANBIMA,
2016) sem vínculo ratifica-se o interesse em certificações. A procura por certificações em 2010
representava apenas 8%, já em junho de 2016 as inscrições atingiram 19% das inscrições, como
pode ser observado no Gráfico 5 extraído do Relatório da Anbima.
Gráfico 5 - Interesse de profissionais ou investidores sem vínculo no sistema financeiro
Fonte: ANBIMA, 2016.
Desde 2011, segundo estudos da Anbima 80% dos estudantes e estagiários - até 2016,
participaram dos exames e consideram as certificações da associação como forma de ascender
23 ou disputar uma vaga de trabalho no mercado financeiro. Um contingente superior a 14 mil
universitários e estagiários foram aprovados nas certificações.
Inclusive segundo a própria Anbima: “...entre os estagiários que se certificaram entre
2003 e 2005 podemos verificar que a maior parte mantém carreira estável no mercado
financeiro, conquistaram bons cargos e mantiveram suas certificações atualizadas e/ou
obtiveram uma certificação superior a primeira...” – Figura 1, (ANBIMA, 2016).
Figura 1 - Etapas percorridas pelos estudantes
Fonte: ANBIMA, 2016.
1.2.3 Histórico de investidores na Bolsa
Como visto, há um caminho para que investidores não especializados ou menos
informados agregarem técnicas financeiras para melhorarem suas performances como
consumidores financeiros, ademais os investidores especializados ou informados, detêm
24 recursos diferenciados que facilitam suas análises do mercado (COPELAND; WESTON;
SHASTRI, 1998).
Entretanto de uma forma geral, seja o investidor um aplicador conhecedor ou não das
técnicas financeiras, o investidor como qualquer consumidor utiliza de modelos considerados
racionais e se comporta como se tivesse as informações necessárias para uma boa tomada
decisão (SHILLER, 2010).
É fato que um exame da história remete a decisões de natureza predominante racional,
em que a maximização da riqueza fundamenta-se num processo de busca por satisfação, medida
por indicadores cardinais, ordinais que representam a utilidade do bem consumido
(ZAFIROVSKI, 2008).
Entretanto o mercado financeiro caracteriza-se por um ambiente onde as variáveis
envolvidas para se escolher uma aplicação financeira têm um processo que se baseia numa
quantidade enorme de informações estrangeiras, domésticas e específicas setorialmente. O que
exige dos indivíduos um esforço mais significativo para compor um quadro que lhe dê conforto
para a tomada de decisão.
A princípio pode parecer um processo simples, mas estudos demonstram que nem
sempre os envolvidos percebem quais informações relevantes não fazem parte do processo
decisório, gerando decisões embasadas em informações incompletas ou limitadas (KARDES;
KALYANARAM, 1992).
No âmbito da renda variável, em especial as aplicações financeiras em ações, tipo de
ativo considerado de risco pois exige o estudo de inúmeros fatores técnicos e econômicos,
também ocorreu uma crescente migração da pessoa física para o mercado de bolsa de valores
como indicado na Tabela 4 e no Gráfico 6, o que demonstra mais aceitação ao risco de mercado
representado pelas inúmeras variáveis macroeconômica e microeconômicas, que o investidor
tem que analisar para fazer as suas escolhas de consumo – acumulando um crescimento de
156% nos últimos 10 anos (2006-2016):
25 Tabela 4 - Investidores pessoa física na BMF&BOVESPA – B3
Fonte: B3, 2016
Gráfico 6 - Fonte B3
Fonte: B3, 2017
A oportunidade de estudar o comportamento do consumidor financeiro nas aplicações
de maior flexibilidade na tomada de decisão, aquelas que o investidor tem mais ingerência, se
deve ao fato que tais migrações sugerem que com o passar do tempo os decisores se
especializaram buscando conhecimento, porém, carecem ainda de uma base de finanças
comportamentais que começa agora a ser difundida com as atuações da Comissão de Valores
Mobiliários - CVM, Estratégia Nacional de Educação Financeira – ENEF (Decreto Federal
0
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Total de investidores pessoa física na B3
Homens Mulheres Total
26 7397/2010), Associação Brasileira de Bancos - ABBC, e com mais facilidade de acesso ao
Banco Central do Brasil - BCB para os cidadãos, além da solidez da atuação do Tesouro
Nacional em relação ao Programa Tesouro Direto administrado pela Câmara de Ações da B3.
Outro fator que corrobora a necessidade de estudos contínuos sobre a tomada de decisão
financeira dos investidores, sob a égide das finanças comportamentais, é o fato de que o Brasil
é um país que precisa melhorar a difusão do conhecimento e técnicas que auxiliem na
administração da renda pessoal.
Estudos recentes da ACFs – Australian Centre for Financial Studies, entidade que
produz o MMGPI – trabalho dedicado ao estudo de um índice global e particularizado nas
questões de gestão de recursos destinados à poupança de previdência, indica que o sistema
previdenciário é hoje uma preocupação sistêmica e mundial, leia-se aqui a necessidade do uso
adequado para as aplicações financeiras evitando, assim, perdas desnecessárias aos investidores
(MERCER, 2015).
O Brasil de acordo com o Centro Australiano de Estudos Financeiros (MERCER, 2015),
deve apresentar melhoras no seu índice previdenciário sob a pena de quebra do sistema de
previdência do país, indicando indiretamente a necessidade de aparelhamento do investidor
brasileiro em relação às práticas de mercado para melhor gestão dos recursos – a Figura 2
mostra a posição do Brasil no Melbourne Mercer Global Pension Index em 2015.
Neste contexto é que a presente abordagem realizada pela NETQUEST, da Classe A e
B brasileira – critério ABEP - notoriamente capacitada a poupar em função da renda e, assim,
com possibilidades de utilizar-se de aplicações financeiras. Isso facilita a investigação da
relação entre o conhecimento técnico e o viés de confiança excessiva, utilizando-se como
moderador a ancoragem presente nos processos de decisões.
27 Figura 2 - Posição do Brasil no MMGPI (Mercer Global Pension Index).
Fonte: MERCER, 2015
Além da contextualização já descrita, a justificativa indicada que tangencia de forma
evidente o tema escolhido, alguns eventos de ordem macroeconômica e ocorrências de ordem
pessoal do autor foram fatores preponderantes que estimularam o desenvolvimento do trabalho.
Pode-se citar no âmbito pessoal do autor que atua como adviser há mais de 40 anos na
área, concentrando-se há 2 décadas na criação de operações estruturadas. Ao longo dessa
militância no sistema financeiro nacional observou que inúmeros clientes considerados antigos
28 (mais de 20 anos de atendimento) alteraram seu comportamento, impactando o modo de
visualizar e de se comportar em relação às escolhas de suas aplicações financeiras.
Embora não tenha sido registrada a quantidade ou frequência e nem se tenha feito uma
pesquisa ou acompanhamento de tais ocorrências, elas sempre mantiveram acesa a chama da
investigação no autor, que numa breve retrospectiva profissional identifica o aumento do
conhecimento financeiro e suas práticas de mercado, inclusive com certificações profissionais
habilitadas, como constante quando das mudanças no comportamento financeiro dos clientes.
Nas questões de ordem econômica – que sem dúvida se relacionam com o contexto ora
abordado, algumas foram de especial valor para corroborar as mudanças observadas, seja nos
clientes, ou de forma geral no perfil da população.
Até as décadas de 1980 e 1990 o Brasil apresentou uma economia que favorecia as
decisões de curto prazo devido à hiperinflação que submetia o investidor a perdas em função
das taxas abusivas de desvalorização da moeda.
O país vivia uma economia em crise fiscal, onde se optara por programas de ajustamento
rigorosos numa tentativa de conter uma indexação que falhara a fim de conter os preços em
geral (NAKANO, 1989) evidenciando uma inflação na casa dos 1.000% (IGP). Isso, portanto,
caracteriza uma economia que perdera a sua ancora nos preços e salários, desencadeando um
desequilíbrio sem precedentes. O Gráfico 7 e sua Tabela 5 abaixo indicam a evolução da
inflação medida pelo IGP – FGV no período de 1980 – 2017 (Maio) dando uma ideia da
amplitude de variação da inflação.
Gráfico 7 - Inflação em %
Fontes: FGV e Portal Brasil 2017
29 Tabela 5 - Inflação em %
Fontes: FGV e Portal Brasil 2017
Dada a contextualização exposta, criou-se uma forma de apreçamento, naquela época,
pelos investidores com alto grau de incerteza na tomada de decisão das escolhas financeiras, e
somente com a expansão do ciclo econômico que se observou após o Plano Real 1994 (Gráfico
8), é que os investidores passaram a se preocupar com um futuro de prazo mais longo,
traduzindo suas ações na busca de conhecimento técnico financeiro, mais entendimento das
práticas de mercado, previdência pública e oficial, e consequentemente mais cuidado no
momento das aplicações financeiras.
30 Gráfico 8 - Evolução do PIB no Brasil
Fonte: Depec – BCB
1.2.4 Objetivo da pesquisa
O presente trabalho foi estruturado de forma a investigar se a ancoragem e o excesso de
confiança, quando combinados com o grau de conhecimento teórico e o conhecimento das
práticas de mercado, advindos da certificação financeira, influenciam o investidor na tomada
de decisão financeira.
1.2.5 Objetivos secundários
Investigar as classes A e B, utilizando o arcabouço teórico das finanças
comportamentais e seus vieses de ancoragem e excesso de confiança - como o conhecimento
impacta as decisões financeiras e em que medida, e verificar se a percepção de risco no
momento da escolha foi alterada no processo de decisão do investidor.
31 2 REFERENCIAL TEÓRICO
Diante de decisões sob condições de incerteza, ocorre com frequência o uso das
heurísticas Santos, Spers, Ponchio e Rocha (2010, p. 45), que representam atalhos na tomada
de decisões para a escolha de um produto, marca ou serviço.
Um dos primeiros estudos de investigadores científicos a evidenciar o fato de que
decisões tidas como racionais podem apresentar distorções, por não estarem disponíveis todas
as informações pertinentes, foi desenvolvido incialmente por Herbert Simon (1978).
Mas foi com Kahneman e Tversky (1979) com os trabalhos em Psicologia Experimental
Cognitiva que resultaram em uma conceituação de vieses e heurísticas, colocando as finanças
comportamentais em posição de destaque no universo e impulsionando os estudos em relação
às decisões de consumo de gestores de empresas, gestores financeiros, investidores e
consumidores em geral.
Assim até a década de 70 predominava a Hipótese de Mercado Eficiente (FAMA, 1970),
e os agentes econômicos investidores e gestores, em geral, do mercado financeiro procuravam
gerenciar o risco e retorno (trade-off) de modo a atingir uma performance desejada ou
maximizar os ganhos (CASTRO; FAMÁ, 2002).
A dominância baseava-se na racionalidade do tomador de decisão, apto a lidar com
todas as informações disponíveis, mesmo que diante de limitações de tempo e de quantidade de
variáveis que estivessem envolvidas no julgamento de uma escolha.
É pressuposto básico que no modelo da racionalidade dominante os investidores
assumem o conhecimento total das informações inerentes ao processo de escolha tais como
renda, preços, curvas de utilidade, risco das aplicações financeira, e assim procuram maximizar
sua utilidade no momento da decisão financeira, desconsiderando quaisquer limitações das
informações disponíveis no processo de escolha, ou até mesmo o uso de informações
incompletas (KARDES; KALYANARAM, 1992).
Segundo Carol Franceschini no Guia de Economia Comportamental, as Finanças
Comportamentais utilizam-se de pressupostos realistas da Psicologia e da Economia
Comportamental, contando com um arcabouço robusto de estudos em busca de entender as
escolhas dos investidores financeiros (FRANCESCHINI, 2015).
Quando as finanças comportamentais se apropriam de trabalhos e experimentos que
foram desenvolvidos por inúmeras correntes científicas multidisciplinares, incorporam uma
série de conceitos psicológicos, sociológicos, matemáticos, e outros, indicando que
determinadas variáveis econômicas não podem ser explicadas plenamente nas modernas
abordagens práticas do consumo financeiro.
32
São as heurísticas que, estudadas com maior profundidade ao final dos anos 60 e início
dos anos 1970, por Amos Tversky e Daniel Kahneman, revolucionaram a pesquisa acadêmica
em relação aos aspectos do processo de julgamento humano e que com os trabalhos seminais
sobre julgamento sob condições de incerteza, identificaram três heurísticas básicas: ancoragem,
representatividade e disponibilidade (KAHNEMAN; TVERSKY, 1979).
Com o aprofundamento dos estudos de finanças comportamentais ao final dos anos 60
e início da década de 70 as heurísticas ou regras práticas de decisão, representam uma forma de
acomodar as limitações existentes no processo de escolha racional, indicando que decisões sob
incerteza são amiúde fundamentadas em inúmeros processos heurísticos de caráter
hermenêutico, surgindo com esses trabalhos uma forma cognitiva para se explicar as
inconsistências observadas nos julgamentos e escolhas de consumo (GILOVICH; GRFFIN,
2002).
Assim normalmente os investidores acreditam tomar excelentes decisões ou serem
excelentes decisores, diferentemente do que realmente ocorre inúmeras vezes (BAKER,
NOFSINGER, 2010), imputando invariavelmente às decisões vieses frequentes (BETTMAN;
JOHNSON; PAYNE, 1991), impedindo que se obtenha com clareza e precisão o entendimento
do processo decisório, exigindo um esforço maior de compreensão das heurísticas envolvidas
no problema.
Para o investidor não há erros de julgamento, suas preferências indicam as expectativas
sobre a economia, ou seja, obedece a um modelo que com maior ou menor racionalidade não
viola os pressupostos e axiomas de transitividade da utilidade máxima econômica, dentro do
funcionamento do sistema financeiro e seus mercados. Para o investidor trata-se de um modelo
racional, mesmo que ele não o veja assim (SHILLER, 2000), o investidor se comporta como se
tivesse o conhecimento e as informações necessárias para uma boa tomada de decisão.
Como forma de facilitar a visão macro visão do processo de tomada de decisão em
finanças, quando ocorre a aquisição de uma aplicação financeira, o pressuposto de retorno
esperado do investidor está relacionado com o nível de risco que ele busca nas alternativas
elencadas, e que satisfaz o binômio risco versus retorno. Assim a adoção de uma parametrização
ou forma de medição do que é o risco auxilia na identificação de alternativas de interesse do
demandante.
A palavra risco origina-se do latim risicu, representa algo como “perigo ou possibilidade
de perigo”; ou ainda risicare do italiano antigo cujo significado é ousar e embora o risco possa
ser empregado em diferentes contextos, assumindo diversas acepções, em finanças
contemporâneas, risco está associado à probabilidade de perda monetária Marins (2009), ou
33 seja, não se atingir as expectativas de retorno esperadas pelos investidores, que satisfaçam o
binômio risco versus retorno.
Segundo André Marins (2009), o risco é dicotômico e forma-se por um componente
definido como Risco Não Sistemático – aquela porção ou parte de uma carteira de aplicações
que se pode diversificar e, assim, reduzir o risco a praticamente zero. Ou ainda, proteger as
expectativas dos investidores, utilizando-se de técnicas e instrumentos de diversificação
presentes para garantir o retorno esperado.
O outro componente do risco é denominado Risco Sistêmico ou Sistemático. É aquela
parte do risco inerente ao sistema econômico, no qual está inserido o sistema financeiro. São
eventos que não admitem diversificação, o investidor não possui controle sobre eles, as
previsões nem sempre são possíveis.
Assim o investidor, ao consumir uma aplicação financeira, define um ponto de partida
geralmente denominado benchmark, que serve de índice comparativo ao qual suas expectativas
vão estar ancoradas, propiciando o cálculo numérico de superávit ou déficit em relação ao
binômio risco versus retorno, como uma alternativa de se medir risco dentro deste binômio.
Alguns exemplos mais comuns de benchmarks utilizados no mercado financeiro são:
índice de preços ao consumidor amplo – IPCA (coletado, medido e divulgado pelo IBGE),
certificado de depósito financeiro – CDI (calculado pela CETIP), índice geral de preços
(coletado, medido e divulgado pela FGV). Tais indicadores facilitam a parametrização do
investidor no modelo racional, utilizados como forma de escolha financeira frente as condições
reais da economia.
Conforme se verifica acima, as implicações no uso natural de modelos de escolha e
determinação de benchmarks com o intuito de validar os pressupostos utilizados na seleção de
aplicações financeiras, transcendem a simples aplicação de um modelo, e provocam a
necessidade de um uso adequado das teorias e modelos (FRIEDMAN, 1953), como forma de
avaliar as percepções que o consumidor financeiro tem de risco e retorno.
De forma mais ampla, ao se referir ao risco das aplicações financeiras, remete-se ao
conceito de probabilidade de perda em função de uma exposição ao mercado que as instituições
financeiras, emissoras de produtos no mercado financeiro, são obrigadas a enfrentar
diariamente na operacionalização de suas atividades (ASSAF, 2010). Segundo o mesmo autor
o risco pode ser categorizado em risco de taxas de juros, de crédito, de mercado, operacional,
câmbio, soberano, de liquidez, e risco legal.
O quadro que segue exemplifica a exposição conforme a categoria de risco:
34 Quadro 2 - Tipificação do risco
TIPO DE RISCO EXPOSIÇÃO
Taxa de Juros Grau de descasamento
Crédito Inadimplência
Mercado Precificação
Operacional Overlap & Sistemas
Câmbio Variação cambial
Soberano Governo
Liquidez Disponibilidade de caixa
Legal Legislação local e estrangeira
Fonte: Adaptado de HULL (2016) e ASSAF (2010).
2.1 O conhecimento das aplicações financeiras
No contexto descrito anteriormente, em que as migrações de investidores para
aplicações financeiras nas quais possuem aparente dominância no momento de decidir pelo
consumo, a investigação proposta busca compreender e identificar se o conhecimento
financeiro tem influência no crescente fluxo dessa busca por independência na tomada de
decisão do investidor e uso das heurísticas de ancoragem e excesso de confiança.
O conhecimento financeiro deve ser entendido para fins deste trabalho, como o
conhecimento básico necessário para que um investidor possa selecionar e escolher a aplicação
financeira que mais se adequa ao nível de risco que ele considera inicialmente satisfatório. Tal
conceito refere-se às práticas de mercado, conhecimento das técnicas autorizadas relacionadas
pelos órgãos de regulação do sistema financeiro nacional, Banco Central do Brasil, Comissão
de Valores Mobiliários, Superintendência de Seguros Privados, Superintendência de
Previdência Complementar.
Tais órgãos, pertencentes ao sistema normativo do sistema financeiro, mantêm em seu
relacionamento com os cidadãos informações disponíveis sobre os produtos financeiros por
meio de seus sites, relacionamento direto por telefone, via email ou postagem normal. Muitos
deles mantêm ainda programas de educação financeira periódicos abertos ao público, às escolas
de ensino médio e às unidades de ensino superior.
Enquadram-se nesta funcionalidade de transparência e acesso à informação a B3: fusão
entre Cetip e BMF&BOVESPA S/A, principal instituição, sede de negociação dos valores
mobiliários seja no mercado primário de colocação de títulos e valores mobiliários, seja no
mercado secundário de negociação. Assim a Bolsa de Valores Brasileira, ou B3 como é
comumente conhecida, também é fonte de informação ao cidadão que busca hoje mais liberdade
de escolha financeira para a aquisição de seus investimentos.
35
Em relação às certificações financeiras ofertadas pela Anbima, apresentadas no item
1.1.2, e com o objetivo de categorizar tais formas pelas quais ocorre a apropriação das técnicas
financeiras, fator de interesse para o estudo em questão. É importante salientar que se encaixa
neste preceito a informação com difusão – cumprindo as Resoluções do Conselho Monetário
Nacional de no. 3.158 e Resolução no. 3.309 (ANBIMA, 2011).
É oportuno ressaltar ainda que é uma característica fundamental do sistema financeiro
nacional o seu alto grau de normatização e regulamentação, isto é, no Brasil os processos
operacionais e os processos de relação entre instituições financeiras e investidores é altamente
padronizado e regulamentado, inclusive referente às certificações exigidas para a adequada
profissionalização dos participantes no mercado.
A Anbima, entidade fonte de dados de mercado, informações e uma das certificadoras
oficiais do mercado financeiro, disponibiliza ao público as seguintes certificações: CPA 10,
CPA 20, CEA e CGA, como forma de divulgação e disseminação das técnicas financeiras.
As certificações CPA- 10 e CPA 20, Certificações Profissionais Anbima Série 10 e Série
20, destinadas a profissionais que comercializam e distribuem produtos financeiros, englobando
aqui os profissionais que atuam nas cooperativas de crédito no país, são as mais básicas e são
consideras a porta de entrada do conhecimento técnico-financeiro.
Como principais diferenças entre a CPA 10 e a CPA 20 além do conteúdo de cada
certificação, temos: a CPA 10 que destina-se à certificação de profissionais que desempenham
atendimento direto ao público nas agências bancárias, tais como caixas de banco, atendentes de
cadastro; enquanto a CPA 20 é destinada a profissionais que comercializam e distribuem os
produtos de investimento a investidores qualificados, ou atendem ainda diretamente gerentes
de agências responsáveis pelos segmentos corporate, private, investidores institucionais, e dão
suporte a profissionais que atendam aos mesmos segmentos em centrais de atendimento.
As certificações CGA – Certificação de Gestores Anbima e CEA – Certificação de
Especialista Anbima (obrigatória a partir de 31/12/2015), atendem respectivamente às
atividades de gestão profissional de recursos de terceiros e atividades de assessoramento de
distribuidores atendentes de pessoas físicas, com relação ao planejamento financeiro desejado
pelos investidores.
O que torna as certificações de interesse dos investidores são dois fatores básicos: a)
toda e qualquer aplicação financeira efetuada diretamente com um representante do mercado
financeiro atuando como conselheiro, traz na sua construção uma placa financeira ou instituição
financeira, b) por outro lado, se é desejo de o investidor fazer uma escolha, com maior ou menor
independência dos atendentes do sistema, será preciso algum conhecimento para empreender
36 um processo de escolha para o consumo financeiro.
E o que reforça o referido aumento da difusão do conhecimento técnico-financeiro,
apontado pelas migrações observadas até o início deste estudo, ganha força com as últimas
estatísticas da Anbima em que cerca de 20% de todos os certificados nas quatro certificações
são cidadãos que não possuem vínculo com instituição financeira.
2.1.1 O acesso às aplicações financeiras
As aplicações financeiras são produtos financeiros disponíveis no sistema de
distribuição de títulos e valores mobiliários no Brasil, que podem ser acessados de forma direta
ou indireta pelo investidor, conforme descrito anteriormente. Porém cabe aqui a distinção das
formas de negociar o consumo de tais produtos, pois implicam impactos diretos no experimento
em questão.
A negociação direta de ativos financeiros ocorre quando o agente econômico acessou
diretamente uma plataforma eletrônica de negociação, uma mesa de operação bancária, uma
agência bancária ou via internet uma plataforma de ofertas de ativos, porém o que caracteriza
o uso direto é o ato de decidir por um produto sem o auxílio de um especialista no momento da
compra.
O investidor pode até concretizar sua negociação utilizando-se do especialista em
questão, sem que este venha a emitir quaisquer pareceres técnicos sobre a decisão, ele pode
somente suprir de informações o investidor, se assim for o caso, mas atua apenas como um
agente operacionalizador do processo.
Um exemplo típico deste processo é a compra pelo investidor de um Certificado de
Depósito Bancário, efetuado diretamente numa agência bancária, ou a compra de um título
público federal por intermédio da plataforma denominada e já mencionada Tesouro Direto.
Ambos os processos terão o investidor como um gestor ou decisor das negociações, utilizando
de todas as informações que dispuser para construir seu julgamento e tomar sua decisão de
consumo.
A forma indireta de negociar aplicações financeiras está baseada no uso de um
profissional intermediário normalmente habilitado por uma certificação específica (item 1.1
deste capítulo), preparado e apto a realizar um atendimento especializado ao investidor,
esclarecendo, orientando e auxiliando na tomada da decisão quando da escolha de compra ou
venda de um ativo financeiro.
37
Algumas negociações de ativos financeiros podem ainda assumir uma figura mista na
forma de escolha, isto é, embora o investidor possa decidir onde aplicar seus recursos, no
volume que lhe é interessante realizando assim uma operação direta, o responsável pela
condução e operacionalização das negociações, bem como o responsável pelas demais escolhas
de compra e venda intertemporais são os especialistas de mercado: um denominado
administrador ou especialista denominado gestor.
Para institucionalizar o relacionamento entre o aplicador, o administrador e o gestor,
deverá ser celebrado algum tipo de instrumento regulatório com força de lei entre os
participantes desta modalidade de negociação, dando poderes para o gestor a tomar as decisões
de gestão dos investimentos ao longo do tempo, e para o administrador conduzir os aspectos
operacionais da aplicação mencionada.
Exemplo típico da modalidade ora descrita são as aplicações em Fundos de
Investimentos Financeiros, em que coexistem investidor, administrador, gestor, custodiantes,
distribuidor e auditor, que têm na figura do administrador e do gestor os pilares operacional e
financeiro representantes do investidor junto ao sistema financeiro nacional.
Ressalte-se ainda que embora os investidores possam ser classificados em 3 categorias
conforme concretizam suas escolhas de aplicação financeira, e pela forma como tratam a
propensão a risco que possuem (MARINS, 2009):
a.) Especulador: também conhecido como Scalper, operador que compra e vende ativos
sistematicamente realizando operações dentro do mesmo dia, as chamadas
operações day-trade*, indicando que ele não tem um interesse na aquisição
permanente ou por prazo superior a um dia, não caracterizando assim um
investimento a ser incorporado, mas sim uma troca rápida de posição no ambiente
de negociação visando a ganhar o chamado spread ou seja: as diferenças entre
compra e venda, ou vice-versa, que são proporcionadas pela volatilidade dos preços
das aplicações financeiras;
b.) Arbitrador: profissional especialista, negociador de um determinado ativo e que
aproveita das distorções de preço deste ativo em mercados geograficamente distintos
e negocia, se apropriando desses spreads que ocorrem por determinados intervalos
de tempo;
38
c.) Hedger: conhecido por realizar negociações voltadas para incorporação de ativos no
patrimônio, usufruindo da posse dos ativos financeiros, ou adquirindo aplicações
financeiras de longo prazo.
No trabalho proposto não será examinado o comportamento do investidor pela ótica do
prazo das suas aplicações financeiras, mas sim pelo comportamento dele em relação ao seu
conhecimento técnico, ancoragem e excesso de confiança, seja para qualquer uma das
categorias apresentadas acima.
2.2 A ancoragem
As rentabilidades são no mundo atual os objetivos primários dos agentes econômicos, e
alguns estudos reforçam o fato de que alguns preços se tornam a ancora para muitos
investidores, podendo ser o valor mais recente (SHILLER, 2013). Assim ao consumir produtos
financeiros direta ou indiretamente, a percepção de valor do ativo pelo investidor ainda
demanda atenção da comunidade financeira e acadêmica, onde coexistem teorias e princípios
sobre as finanças quando aplicadas à maximização do retorno das aplicações financeiras.
Inúmeras vezes os agentes econômicos em suas tomadas de decisão no âmbito
financeiro, demonstram atitudes incompatíveis com a expectativa racional, evidenciando assim
anomalias irracionais que levam a perdas, impedindo a explicação das crises financeiras
ocorridas e que são por vezes um mosaico de erros repetitivos e reincidentes junto ao investidor.
Cabe ainda mencionar que embora as características de racionalidade limitada, bem
como o conteúdo passional que se observa nos investidores, a partir da década de 90 tem surgido
uma corrente na academia que começou a questionar o modelo de finanças comportamentais,
que passa a estudar diretamente o comportamento irracional do investidor. Vê-se claramente
esta tendência nos trabalhos de DeBondt e Thaler (1985) e de Shiller (2013) que apontam
diretamente para a “racionalidade limitada” no julgamento e no processo decisório de consumo.
Assim no processo decisório que interpreta o ambiente sob os princípios das finanças
comportamentais, utilizando-se das informações disponíveis e transformando-as pelas
chamadas regras de bolso: as heurísticas, pode o investidor ser acometido de erros repetitivos.
A ancoragem é uma regra de bolso que indica a adoção de um valor como referencial
inicial, geralmente oriundo de um resultado parcial ou formulação de um problema, do qual o
investidor se apropria, e atribui a ele alto grau de importância, a tal ponto de interferir no
julgamento um problema de escolha posterior (KOPALLE; MULLIKIN, 2003). Pode-se definir
a ancoragem como um ajuste no processo decisório, com base em informações prévias ou
39 conhecimentos pré-concebidos com base em um track record (EPLEY; GILOVICH, 2001;
Idem, 2005).
Dessa forma, utilizando um valor prévio como ponto de partida, o investidor ao realizar
estimações para prover sua tomada de decisão poderá atribuir peso excessivo ou minimizar a
influência deste valor no processo decisório, de tal forma que a relevância deste referencial
passa a funcionar como uma ancora do processo mental, fluindo assim para todo o processo de
tomada de decisão dificultando a criação de modelos adequados com o intuito de explicar os
vieses (BETTMAN, JOHNSON; PAYNE, 1991).
É importante destacar que os estudos e experimentos sobre ancoragem não se referem
diretamente a um número, ou valor em si como uma ancora, mas o uso desta ancora como forma
de estimação simplificada da realidade, que satisfaz o investidor, estimulando-o a encerrar o
processo de decisão, dando como suficiente a informação fornecida inicialmente (SLOVIC;
LICHTENSTEIN, 1971).
Um exemplo típico de ancoragem é o comportamento de um investidor vendedor de
uma de suas ações em carteira, que somente as venderá se o preço ultrapassar um determinado
valor, informação prévia que pode ter vindo por um relatório de um analista de mercado, gestor
ou obtido por uma análise do próprio vendedor. Raciocínio análogo pode ser atribuído às
operações que envolvam o processo de compra.
Como visto, a influência de uma informação incialmente apresentada no processo
decisório de consumo, recebe o nome de ancoragem; entretanto é importante destacar que as
demais heurísticas não estão separadas da ancoragem, ou seja, disponibilidade, ancoragem e
representatividade podem aparecer de forma sobreposta em maior ou menor grau, dificultando
a sua identificação.
O gráfico 9 e a tabela 6 indicam os estudos do tema:
40 Gráfico 9 - Estudos sobre ancoragem – presença do Brasil
Fonte: Scopus,2016
Tabela 6 - Quantidade de documentos sobre ancoragem
Fonte:
2.3 O excesso de confiança
O excesso de confiança surge porque o julgamento humano não identifica corretamente
as diferenças entre as informações que se tem conhecimento versus do que realmente se tem
informações, ou seja, os investidores tendem a pensar que têm as informações necessárias para
compor o processo de decisão, mais do que realmente sabem.
De forma geral os conhecimentos necessários para se cumprir determinada tarefa nem
sempre são suficientes, devido às inúmeras fontes que precisam ser combinadas (EHRLINGER
et al. 2008), e no caso dos investidores parece estar relacionado com alguma forma de se
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
EUA
China
Alemanha
Japão
Reino Unido
França
Italia
Canadá
Coreia do Sul
Suiça
Brasil
Argentina
Documentos produzidos por país
País Documentos
EUA 7148
China 3105
Alemanha 1518
Japão 1436
Reino Unido 1197
França 955
Itália 935
Canadá 850
Coreia do Sul 709
Suíça 488
Brasil 361
Argentina 92
Consulta em fevereiro/2016
41 acreditar capaz acima da média no momento de tomar decisões, considerando estar de posse de
informações suficientes e ter conhecimento técnico adequado para prover a escolha do consumo
financeiro.
O ato de investir pode ser resumido como a coleta de informações, análise das
informações e a tomada de decisão (NOSFINGER, 2006). Assim o processo de tomada de
decisão de investimentos fica naturalmente sujeito a um conjunto de experiências cognitivas e
psicológicas do investidor, geradores de uma espécie de raciocínio intuitivo que interfere
diretamente nas propriedades cognitivas no processo de julgamento humano (POMPIAM,
2006).
Segundo ainda Pompiam (2006), à medida que aumenta a quantidade de informações,
embora o investidor acredite que possui mais qualidade nas suas previsões ou acredite
vigorosamente na sua própria capacidade de previsão, a confiança leva-o a realizar
interpretações sobrevalorizadas das informações disponíveis e, assim, estimar desempenhos
alterados, pois ao acreditar numa capacidade própria acima do normal, o agente econômico
consequentemente subestima o risco envolvido nas operações.
Um exemplo clássico de excesso de confiança pode se notar nos investidores de bolsa,
que com o advento da internet ou o chamado home broker, assumem a gestão de suas carteiras
e passaram a operar diretamente na Bolsa de Valores (obviamente através de seus corretores,
evitando, porém, a participação deles nas decisões de escolha de compra e venda dos papéis).
Num experimento com aproximadamente 2.000 investidores verificou-se que o giro das
carteiras aumentou em 20%, saindo de 70% para 90% a movimentação dos papéis das carteiras,
enquanto que a rentabilidade baixou em vez de aumentar (STRAHILEVITZ; ODEAN, 2011).
Tal fato sugere que ao ser confiante demais, os investidores se veem diante de mais de um viés,
lidando com otimismo, ilusão de controle, exagerando nas estimativas usadas nas operações,
devido uma autossuficiência em relação ao processo decisório existente.
Shiller (2000), no livro Exuberância Irracional, recorre a um levantamento realizado
em 1987 (quebra da bolsa americana) para testar a hipótesevie dos investidores e o excesso de
confiança. Uma semana após a quebra, ele enviou um questionário com perguntas de variado
grau de complexidade a 620 investidores. Dentre os pesquisados, 30% afirmaram no dia da
quebra saber precisamente em que nível voltariam a investir. Já entre os que compraram ações
naquele dia, 48% acreditavam ser capazes de identificar com exatidão o ponto mais baixo dos
preços para retomar a compra e 88% dos casos o argumento foi baseado na “intuição do
investidor” (Shiller, 2000).
42
Para alguns pesquisadores o viés de excesso de confiança é um dos elementos presentes
nos estudos de finanças comportamentais que apresentam grande influência no processo de
tomada de decisão (MOSCA, 2009) e estudos do desempenho de carteiras de investimento,
demonstraram que quanto maior a confiança dos investidores, pior é a performance de suas
carteiras se comparadas a outros investidores (BIAS et al, 2005).
Considerando que as finanças comportamentais já são estudadas com mais profundidade
desde a década de 70 (KANEHAMAN; TVERSKY, 1979), e apresentaram nos últimos 10 anos
um crescimento expressivo de contribuições acadêmicas, a posição do Brasil ainda é muito
tímida em relação às demais academias.
Na Tabela 7 podem-se visualizar os países que mais produziram documentos em relação
ao tema de excesso confiança e a posição do Brasil. No Gráfico 10 está a estratificação por área
de estudo que produziu o documento.
Tabela 7 - Documentos produzidos por país – presença do Brasil PAÍS No. PAÍS No.
EUA 716 Singapura 22
Reino Unido 121 Noruega 20
China 105 Turquia 20
Alemanha 89 Dinamarca 16
Canada 84 Coreia do Sul 16
Suécia 66 Finlândia 15
Israel 45 Hong Kong 15
Taiwan 45 Brasil 10
Noruega 40 Nova Zelândia 10
França 39 Polônia 9
Japão 34 Índia 8
Espanha 31 Grécia 7
Suíça 24 Malásia 6
Itália 22 Argentina 5
Fonte: Scopus 2016
43 Gráfico 10 - Estudos sobre excesso de confiança no mundo – presença do Brasil
Fonte: Scopus 2016
0
100
200
300
400
500
600
700
800
EU
A
Rei
no
Un
ido
Ch
ina
Ale
man
ha
Can
ada
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ia
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el
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No
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ia
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lôn
ia
Índ
ia
Gré
cia
Mal
ásia
Arg
enti
na
Quantidade de documentos por país
44 Tabela 8 - Documentos produzidos por área de estudo: origem
Origem Documentos
Psicologia 17%
Economia e Finanças 17%
Negócios 17%
Ciências sociais 11%
Medicina 7%
Engenharia 5%
Ciência da computação 4%
Ciências das decisões 4%
Artes e humanidades 3%
Demais inferiores a 3% 15%
Consulta em fevereiro/2016
Fonte: Scopus, 2016
Gráfico 11 - Gráfico da origem da produção de documentos (em %)
Fonte: Scopus 2016
17%
17%
17%11%
7%
5%
4%
4%3%
15%
ORIGEM DOS DOCUMENTOS
Psicologia Economia e Finanças Negócios
Ciencias Sociais Medicina Engenharia
Ciência da computação Ciências das decisões Artes e humanidades
Demais inferiores a 3%
45 3 RECURSOS METODOLÓGICOS
3.1 Delimitação e norteadores do trabalho
Considerando a contextualização e demais peças teóricas empíricas apresentadas, fica
evidente o objetivo da proposta ora desenvolvida: investigar se o conhecimento financeiro e as
práticas de mercado não só tangenciam as decisões de aplicação financeira, mas sob o
arcabouço das heurísticas em especial os vieses de ancoragem e excesso de confiança, são
capazes de provocar alterações nas decisões na hora da escolha das aplicações pelo investidor.
Embora a classe A e B (ABEP) tenha um potencial de poupança a ser estudado, com a
intensificação do esforço dos órgão financeiros reguladores em difundir ou facilitar o acesso
aos instrumentos, produtos, processos e práticas de mercado financeiro, este capítulo busca
entender se as condições atuais de disclosure do mercado financeiro já fazem parte da
construção de um novo modelo de entendimento do investidor destas classes sociais, por
exemplo o planejamento em longo prazo na hora de administrar suas finanças.
Como decorrência natural das investigações das relações propostas, pode-se listar como
extensão do trabalho, possíveis desdobramentos tais como:
• Se há percepção de risco do investidor nos produtos oferecidos;
• Se o investidor utiliza a inflação para auxiliar no balizamento de suas escolhas
financeiras;
• Se o excesso de confiança pode ser medido pelas escolhas das aplicações
financeiras;
• Se o prazo é limitante e considerado para a previdência do investidor;
• Coletar dados sobre o comportamento do investidor classe A e B, em relação
ao binômio gasto – poupança, apresentando algum padrão que indique
correlação com os temas estudados.
3.2 Método escolhido
O presente trabalho pode ser considerado uma pesquisa na qual a coleta de dados, se
tratados adequadamente pode gerar um processo reflexivo no qual pode-se extrair relações,
correlações, e a identificação de novos indícios, teorias, leis (ANDER-EGG, 1978, p.78).
Para estudo das relações a serem observadas, optou-se pela pesquisa quantitativa
exploratória descritiva como forma de buscar identificar as caraterísticas da amostra numa dada
46 população que se quer investigar. Conforme Malhotra (2011), pode-se utilizar tal método
quando já há certo conhecimento do problema a ser estudado e busca-se verificar se os objetivos
avençados foram são suficientes para explicar o fenômeno estudado.
O público-alvo foi definido inicialmente pela capacidade de pagamento e poupança que
deve ter, além de possuir pelos menos 2 tipos de aplicações financeiras distintas em quaisquer
instituições financeiras, não sendo a idade fator limitante – considerado obviamente a
maioridade da cidadania civil; também não foi um fator limitante a região geográfica do
pesquisado.
O trabalho de campo, ou a pesquisa exploratória, obedece à necessidade de contenção
de gastos e um horizonte exíguo de tempo, para isso foi contratada a Empresa Netquest como
forma de atingir rapidamente a classe desejada com a característica desejada, por intermédio de
uma pesquisa distribuída por meio eletrônico.
Em relação às questões éticas de abordagem, solicitou-se à Empresa responsável pela
aplicação do questionário que fosse indicado para qual finalidade e que as respostas ali grafadas
seriam sigilosas, podendo o pesquisado interromper a qualquer momento suas respostas caso
desejasse.
3.3 Instrumento
Foi utilizado um questionário eletrônico desenvolvido em parceria com a Netquest de
fácil preenchimento (NETQUEST, 2017) e, portanto, não necessitava do uso de um pesquisador
presencial, e conforme descrito acima informou-se que as respostas seriam sigilosas, porém
seria obrigatório responder todas as perguntas, embora a identificação do pesquisado tenha sido
facultativa, não ocorrendo nem a coleta de seu e-mail devido à natureza do assunto.
A Netquest possui 16 anos de experiência como uma empresa dedicada exclusivamente
à tecnologia online voltada para soluções de pesquisa de mercado, presente em 17 países, na
atualidade uniu forças com a Wakoopa em 2014 para se tornar um dos principais fornecedores
de tecnologia no campo da coleta de dados comportamentais (NESTQUEST, 2017).
Foram determinados 3 grandes blocos de perguntas no questionário aplicado cujas
respostas ao serem cruzadas poderiam dar indícios ou corroborar com a investigação proposta:
1) As questões numeradas – 2, 13, 14, 16,18,19,20,21,22,24,31,32,33, foram
construídas para respostas imediatas sem necessidade de efetuar quaisquer cálculos
matemáticos pelos entrevistados e visaram buscar alguma relação ou relações com
os demais blocos, e foram baseadas em experimentos e estudos de KAHNEMAN
47
(2011) e BAILEY (1993) com vistas a compreender melhor o excesso de confiança
e o elevado grau de confiança e otimismo dos respondentes;
2) As questões numeradas – 10,25,26,27,28,29,30, foram construídas para respostas
imediatas sem a necessidade de efetuar quaisquer cálculos matemáticos por parte
dos entrevistados e buscou mapear o grau de conhecimento dos respondentes;
3) As questões 3, 5, 6, 7, 8, 9, 11, também construídas para respostas imediatas sem a
necessidade de efetuar quaisquer cálculos matemáticos por parte dos entrevistados
investigou qual o pensamento dos respondentes em relação a risco e como agiriam
em tal situação – para poder servir de base comparativa com as escolhas de carteiras
mais ou menos arriscadas, ou seja, escolhas financeiras com mais risco ou escolhas
financeiras com menos risco, conforme a proposta de investigação.
3.4 Amostragem
Podemos definir como amostra a escolha de uma quantidade de elementos que
representem uma população ou um subconjunto com certa relevância, podendo constituir um
modelo da população que se deseja estudar. “Pragmaticamente, o importante é ter consciência
sobre o tipo, a quantidade de casos e a forma de seleção a ser utilizado, e suas implicações”
(LUCIAN, 2016).
No estudo proposto utilizou-se a amostragem não probabilística, na qual há de se
considerar uma possível limitação da ocorrência de sua não representatividade, bem como a
incompatibilidade com os processos estatísticos parametrizados, uma vez que podemos avençar
que eles não são capazes de produzir estudos suportados pelas distribuições normais
(LUCIAN,2016). A fórmula utilizada para definir o tamanho ideal da amostra foi:
(1)
Onde:
N: o tamanho da população,
E: erro de amostra tolerável (valor de 5%) e
N: o tamanho da amostra,
48
Utilizou-se para a construção do instrumento os dados da população brasileira com
aproximadamente 206 MM de pessoas (PNAD, 2015), e as classes A e B pelo Critério de
Classificação Econômica Brasil – ABEP (Tabela 9): 25,2%, de onde se obteve uma amostragem
esperada de 400 elementos, dos quais atingimos 321 respondentes aproveitáveis para efetuar a
análise.
Tabela 9 - Classificação Econômica Brasil – ABEP
Classe Renda (R$)
Familiar
Distribuição das classes para 2016
Brasil Sudeste Sul Nordeste C Oeste Norte
A 20.888,00 2,9% 3,6% 3,4% 1,4% 4,2% 1,8%
B1 9.254,00 5,0% 6,2% 6,2% 2,7% 5,3% 3,4%
B2 4.852,00 17,3% 21,0% 20,6% 10,5% 18,7% 11,7%
C1 2.705,00 22,2% 25,3% 28,0% 15,1% 23,0% 17,9%
C2 1.625,00 25,6% 25,4% 24,8% 25,6% 27,5% 26,3%
D-E 708,00 27,0% 18,5% 17,0% 44,7% 21,3% 38,9%
Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Fonte: Adaptado do Relatório ABEP – 2016
Acima na Tabela 9 estão representadas as estimativas de renda domiciliar mensal para
as classes consideradas nos estratos socioeconômicos. Segundo a ABEP os valores se baseiam
na PNAD 2015 e a distribuição de classes para 2016 é uma estimativa do tamanho dos estratos
das Macrorregiões, que pode servir como uma ideia da característica dos estratos resultantes
socioeconômicos - aplicação do Critério Brasil.
Procurou-se identificar o grau de conhecimento do pesquisado por meio das escolhas
financeiras de uma carteira de ativos versus renda discricionária, como forma de verificar se o
conhecimento gerou algum tipo de ancoragem baseada numa escolha de alto ou baixo risco.
Uma vez que se esperou identificar se ocorreu excesso de confiança no momento da escolha da
carteira. A carteira apresentada está categorizada no Quadro 3 por ordem de risco – as opções
de carteira foram apresentadas em alternativas de 3 ativos com risco crescente dentre as
aplicações selecionadas conforme mostra o Quadro 3:
49
Quadro 3 - Pesquisa sobre grau de conhecimento do pesquisado
Fonte: Próprio autor.
3.5. As hipóteses do estudo
Abaixo o Quadro 4 que sumariza as principais proposições a serem investigadas:
50
Quadro 4 - Principais proposições a serem investigadas
INVESTIGAÇÃO
/
HIPÓTESES IMPACTOS
PROBLEMA ESPERADOS
O conhecimento
financeiro
influencia no viés
emocional de
excesso de
confiança no
consumo das
aplicações
financeiras?
H1: investidores certificados reagem
negativamente à ancoragem apresentando
um viés de excesso de confiança positivo?
Escolhas financeiras
mais arriscadas
H2: a idade influência na decisão da escolha
de uma aplicação financeira?
Escolhas financeiras
menos arriscadas
H3: a renda discricionária positiva
influência na decisão na escolha de uma
aplicação financeira?
Escolhas financeiras
mais arriscadas
H5: investidores não certificados reagem
positivamente à ancoragem apresentando
um viés de excesso de confiança negativo?
Escolhas financeiras
menos arriscadas
Fonte: Próprio autor.
51 4 DADOS COLETADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Com a finalidade de facilitar a leitura e compreensão dos dados coletados, bem como a
identificação de tendências, indicações de relacionamento das variáveis e possíveis
informações que permitam maior reflexão sobre os temas estudados, preferiu-se a apresentação
dos resultados na forma de gráficos e tabelas preponderantemente.
A amostragem ficou circunscrita na Classificação Econômica da Associação Brasileira
das Empresas de Pesquisa – Classes A e B que hoje somam cerca de 25% da população
brasileira que à época deste trabalho estava em 206 milhões de cidadãos conforme PNAD IBGE
(2015).
Do panorama demográfico temos uma amostra de 321 respondentes aceitáveis, na qual
177 são homens e 144 são mulheres, sendo 47,98% classificados no estrato A, 27,73% no
segmento B1 e 24,30% classe B2, correspondendo a 55,14% de homens e 44,86% de mulheres
presentes na amostra, Gráficos 12 e 13 e Tabela 10:
Gráfico 12 - Distribuição das classes econômicas por gênero
Fonte: Próprio autor.
52 Gráfico 13 - Amostra por classes econômicas
Fonte: Próprio autor
Tabela 10 - Distribuição da amostra por faixa de renda/gênero
Fonte: Próprio autor – quantidade de respondentes
A totalidade dos respondentes por classe e faixa etária se apresentou da seguinte forma,
conforme o Gráfico 14 abaixo:
53 Gráfico 14 - Perfil da totalidade dos respondentes ( quantidade de respondentes)
Fonte: Próprio autor.
Indicando, portanto, que 30,4% concentram os respondentes na faixa etária entre 25 e
35 anos, com 24,9% entre 36 e 45 anos, 27,1% entre 46 e 55 anos e 17,4% na faixa acima dos
56 anos.
Observando-se com mais precisão, considerando a estratificação por gênero, temos no
Gráfico 15 que 14,33% dos homens da amostra estão na faixa dos 25 a 35 anos, 12,46% entre
36 e 45 anos, 17,13% entre 46 e 55 anos e 11,21% acima dos 56 anos. Em relação a mulheres
podemos observar que 16,20% estão entre 25 e 35 anos, 12,46% estão na faixa de 36 a 45 anos,
13,08 estão entre 46 e 56 anos e 6,23% acima de 56 anos, podemos notar para fins de estudo
que a amostra está distribuída de forma equitativa, somente as mulheres acima de 56 anos
representam um percentual inferior a 10%.
11,8%
9,3% 9,3%
13,1%
6,2%5,6%
13,1%
7,5%
6,5%
12,1%
3,7%
1,6%
0,0%
2,0%
4,0%
6,0%
8,0%
10,0%
12,0%
14,0%
A B1 B2 A B1 B2 A B1 B2 A B1 B2
25_35 36_45 46_55 56_
Perfil da totalidade dos respondentes
54
Gráfico 15 - Perfil dos respondentes por sexo, classe social e faixa etária (em quantidade de respondentes)
Fonte: Próprio autor.
A distribuição da pesquisa por estado pode ser constatada no Gráfico 16:
Gráfico 16 - Aplicação dos questionários por estado (em quantidade de respondentes)
Fonte: Próprio autor.
4 71
18
3440
2 1 1 2 1
18
136
155 1
10 11 14
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Aplicação dos questionários por estado
55
Considerando que o tempo pode ser um fator limitante natural na formação do
conhecimento, é oportuno observar as faixas etárias indicadas acima em conjunto com a
estratificação na quantidade de aplicações financeiras.
A configuração das carteiras se divide em: carteiras de até 3 ativos (mínimo de 2 ativos
escolhidos), carteiras até 4 ativos e carteiras acima de 5 ativos, o Gráfico 17 dá um panorama
da classificação: 65,42% das carteiras são constituídas de 2 a 3 ativos, 18,07% representam nas
carteiras de 4 a 5 ativos e 16,51% carteiras com mais de 5 ativos. No Gráfico 17 podemos
visualizar a quantidade de aplicações financeiras ou carteiras, por faixa etária e classe social:
Gráfico 17 - Quantidade de aplicações financeiras - estratificação estudada (quantidade de respondentes)
Fonte: Próprio autor.
Ainda com intuito de mapear possíveis indicadores de influência nos temas abordados,
a amostra foi tabulada consirando as funções exercidas profissionalmente pelos participantes
da pesquisa, o que pode ser observado no Gráfico 18, onde observam-se 27,41% de
profissionais gerentes de empresas CLT, 16,51% são funcionários públicos, os empresários
com faturamento abaixo de 48 milhões ano 15,26%, os que vivem de renda tem 3,12% que
representam 62,3% da amostra, o restante está diluído com destaque para os autonômos 6,23%,
diretores de empresa com 4,05%. Registre-se aqui que praticamente não há mulheres em cargo
de diretoria na amostra no entando elas são maioria na categoria autônoma.
210
58 53
0
50
100
150
200
250
1
Quantidade de aplicações financeiras - estratificação estudada
Entre 2 e 3 Entre 4 e 5 Mais de 5
56 Gráfico 18 - Perfil profissional dos respondentes – função-(quantidade de respondentes)
Fonte: Próprio autor.
O Gráfico 19 indica o perfil por categoria profissional:
Gráfico 19 - Perfil dos respondentes por categoria profissional - (quantidade de respondentes)
Fonte: Próprio autor.
Em relação à categoria profissional o que se verificou nesta amostra foi uma
concentração nas carteiras até 3 ativos e os gerentes de empresa, seja do gênero masculino ou
0 0
914
14
1
34
19 2026
30
4 5 4 2 1
106
2 3
12
54
13
29 27
1 1
104 2
0
10
20
30
40
50
60
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Perfil profissional dos respondentes - função
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10
2
13 11
1 3 2 1 4
18 19
3 3
23
6 3 38 7
11
1 1
9
1 3
53
75
16
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Ad
vo
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gen
hei
ro
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Co
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do
r
Perfil dos respondentes por categoria profissionaltotal de 333 apontamentos: rspondentes enquadrados em mais de
uma categoria profissional
57 feminino, representaram 19% de todas as carteiras com até 3 ativos, seguidos pelos funcionários
públicos, os empresários e os empregados com registro CLT, nos Gráficos 20 e 21:
Gráfico 20 - Quantidade de aplicações financeiras por categoria profissional I
Fonte: Próprio autor.
Gráfico 21 - Quantidade de aplicações financeiras por categoria profissional II
Fonte: Próprio autor.
Como fora mencionado anteriormente, buscou-se cercar o máximo de situações que
possam contribuir para a compreensão do perfil da amostra utilizada, os Gráficos 22 e 23
20 01 0 0
53 2
41 11 0 1
30 0
6 52
34
9 107
1
5
18
47
22
2 21 0 01 1 0
42
42
021 0 1
0
5
10
15
20
25
30
35
40
No. Aplicações No. Aplicações No. Aplicações
Entre 2 e 3 Entre 4 e 5 Mais de 5
Quantidade de aplicações financeiras por categoria profissional
Advogado Agropecuarista Aposentado Autônomo
Consultor Desempregado Diretor de empresa Gerente de empresa
Empregado CLT Empresário F48- Funcionario público Microempresário
Militar reformado Vivo de renda Prefiro não responder Profissional liberal
53
1
9
5
02
02
0 1 0
24
4
0
12
6
2
12
7
1
19
4 325
14
0 1
53
0 1
0
5
10
15
20
25
30
No. Aplicações No. Aplicações No. Aplicações
Entre 2 e 3 Entre 4 e 5 Mais de 5
Quantidade de aplicações financeiras por categoria profissional
Advogado Agropecuarista Aposentado Autônomo
Consultor Desempregado Diretor de empresa Gerente de empresa
Empregado CLT Empresário F48- Funcionario público Microempresário
Militar reformado Vivo de renda Prefiro não responder Profissional liberal
58 indicam a quantidade das carteiras (aplicações financeiras) escolhidas pelos respondentes e foi
estratificada por faixa etária e classe social.
Gráfico 22 - Quantidade de aplicações financeiras por faixa etária e classe social I
Fonte: Elaboração própria.
Gráfico 23 - Quantidade de aplicações financeiras por faixa etária e classe social II
Fonte: Elaboração própria.
Como o conhecimento é uma variável de extrema importância para o estudo, foi
investigado o grau de escolaridade da amostra. Verificou-se que 100% dos respondentes
indicaram possuir formação superior, com 22,12% do total da amostra com pós-graduação.
12
4 3
13
2
6
20
46
15
7
46
13
5
2 3
9
1 1
6
0 1
9
1
7 8
1 0
8
42 1 0
2
0
5
10
15
20
25
En
tre
2 e
3E
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e 4
e 5
Mai
s d
e 5
En
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2 e
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Mai
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En
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2 e
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2 e
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2 e
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2 e
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En
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2 e
3E
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Mai
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e 5
En
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2 e
3E
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Mai
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En
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2 e
3E
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e 4
e 5
Mai
s d
e 5
25_35 36_45 46_55 56_ 25_35 36_45 46_55 56_ 25_35 36_45 46_55 56_
A B1 B2
Quantidade de aplicações financeiras por faixa etária e classe social
13
5
1
76
1
8
2 2
7
5
1
14
5
1
8
0
5
8
4
1
4
10
12
10
10
0
3
6
10
1 10
0
2
4
6
8
10
12
14
16
En
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2 e
3E
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Mai
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Mai
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Mai
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En
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3E
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Mai
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e 5
25_35 36_45 46_55 56_ 25_35 36_45 46_55 56_ 25_35 36_45 46_55 56_
A B1 B2
Quantidade de aplicações financeiras por faixa etária e classe social
59 Considerando dentro do grupo dos homens, 24,3% são pós-graduados e para o grupo das
mulheres 19,44% são pós-graduadas.
Do total de pós-graduados – 71 respondentes – 15,89% da amostragem são relacionados
a finanças, seja um MBA em Finanças, seja um curso de controladoria, o que reforça a condição
de mais conhecimento específico dos temas discutidos neste trabalho, sugerindo mais
capacidade de lidar com a gestão pessoal financeira. A Tabela 11 ilustra a distribuição descrita.
Tabela 11 - Distribuição da pós-graduação: amostra e grupo
Tabela de distribuição da Pós-Graduação - Amostra e Grupo
Amostra % Pós-Graduação
Geral
% sobre PG Geral
% sobre Amostra
Pós-Graduação em Finanças ou
afins
% s/ PG Finanças
% sobre Amostra
Homens 177 55,1% 43 60,6% 13,40% 33 64,7% 10,28%
Mulheres 144 44,9% 28 39,4% 8,72% 18 35,3% 5,61%
Total 321 100,0% 71 100,0% 22,12% 51 100,0% 15,89%
Fonte: Elaboração própria.
Na estratificação por gênero, as pós-graduadas com cursos voltados para a área
financeira representam 64,29% dos cursos de pós-graduação e para o grupo dos homens fica
em 76,74% os cursos na área financeira. Segue na Figura 3 a nuvem de palavras sobre os cursos
de pós-graduação escolhidos:
Figura 3 - Nuvem de palavras: cursos de pós-graduação escolhidos
Fonte: WORD CLOUDS, 2017.
60
Embora o total de respondentes que cursaram pós-graduação representem 22,12%,
desse total 71,83% são cursos de cunho financeiro e cerca de 27 respondentes foram além da
pós-graduação cursando temas específicos do mercado financeiro, o que sugere um interesse
ou preocupação maior com este tipo de preparação.
Os entrevistados que participaram de cursos específicos afins à gestão financeira, o
fizeram na BMFBOBESPA – hoje B3, cursos de engenharia econômica, CPA 10, segue na
Figura 4 a nuvem dos cursos de extensão além da pós-graduação, nota-se que todos os cursos
foram de cunho financeiro:
Figura 4 - Nuvem de palavras: cursos de extensão
Fonte; WORD CLOUD, 2017.
Em relação à aplicação financeira diretamente em planos de previdência aberta,
operações e planos regulados pelo Conselho de Nacional de Seguros Privados e fiscalizados
pela SUSEP – Superintendência de Seguros Privados, 55,14% dos entrevistados responderam
ter adquirido um ou mais planos de previdência em instituições habilitadas, a Tabela 12 e a
Gráfico 24 ilustram essa escolha dos respondentes:
61 Tabela 12 - Preferência na escolha da I.F. para planos de previdência aberta
Amostra Compraram Previdência aberta
Homem 177 105
Mulher 144 72
Total 321 177
Fonte: Elaboração própria.
Gráfico 24 - Preferência na escolha da I.F. para planos de previdência aberta
Fonte: Elaboração própria.
No quesito Certificação Financeira, os respondentes que possuem uma das certificações
indicadas no questionário somam total de 14,64% como pode ser observado no Gráfico 25 e
Tabela 13 utilizadas para tabulação da coleta:
27,68%
20,90%
9,04%
22,03%
6,78%
13,56%
Preferência na escolha da I.F. para Planos de Previdência Aberta
Banco do Brasil
Bradesco
Caixa Economica Federal
Itaú
Santander
Outra situação
62 Gráfico 25 - Perfil da amostra em relação às certificações financeiras
Fonte: Próprio autor.
Tabela 13 - Certificações financeiras: amostra total
Tabela de certificações financeiras - amostra total
CPA 10 CPA 20 CGA CEA CNPI Não possuem
16 6 3 3 4 145
3 4 3 1 4 129
19 10 6 4 8 274
Fonte: Próprio autor.
Portanto temos 85,4% da amostragem com respondentes que não possuem certificação
embora tenham cursado algum tipo de pós-graduação – 22%, a distribuição das certificações
por carteira e faixa etária pode ser observada na Tabela 14 que segue:
Tabela 14 - Certificações financeiras - (quantidade de respondentes)
Tabela de certificações financeiras
Homens Faixa etária
CPA 10 CPA 20 CGA CEA CNPI Não possuem
25_35 0 0 0 0 0 27
36_45 0 0 0 1 2 24
46_55 5 1 1 0 0 30
56_+ 11 5 2 2 4 62
Total 16 6 3 3 6 143
177
45,17%40,19%
85,36%
9,97%4,67%
14,64%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
Homens Mulheres Total
Perfil da amostra em relação as certificações financeiras
Sem Certificação Com Certifficação
63
Homens Carteira escolhida
CPA 10 CPA 20 CGA CEA CNPI Não possuem
Entre 2 e 3 7 1 2 2 1 100
Entre 4 e 5 3 3 0 0 1 19
Mais de 5 6 2 1 1 2 26
Total 16 6 3 3 4 145
177
Mulheres Faixa etária
CPA 10 CPA 20 CGA CEA CNPI Não possuem
25_35 2 0 1 0 2 47
36_45 1 0 1 1 1 36
46_55 0 1 0 0 1 30
56_+ 0 3 1 0 0 16
Total 3 4 3 1 4 129
144
Mulheres Carteira escolhida
CPA 10 CPA 20 CGA CEA CNPI Não possuem
Entre 2 e 3 3 0 2 1 4 87
Entre 4 e 5 0 3 0 0 0 29
Mais de 5 0 1 1 0 0 13
Total 3 4 3 1 4 129
144
Fonte: Próprio autor.
Foi investigado também o perfil dos respondentes em relação à preferência na forma de
pagamento, quando no ato de consumir algum produto e se utilizam algum critério de escolha
dentre as oferecidas, podemos observar o resultado no Gráfico 26 e Tabela 15 que seguem:
Gráfico 26 - Amostra total: preferência na forma de pagamento ao consumir - (quantidade de respondentes)
Fonte: Próprio autor.
Entre 2e 3
Entre 4e 5
Maisde 5
A B1 B2 25_35 36_45 46_55 56_+
A vista 9,0% 2,8% 3,1% 7,8% 2,8% 4,7% 5,3% 5,0% 3,1% 1,6%
Cartão parcelado 15,9% 4,7% 5,9% 14,6% 5,6% 6,9% 5,3% 6,2% 8,7% 6,2%
Cartão único pgto 22,7% 6,9% 3,7% 15,0% 9,0% 8,4% 10,3% 7,5% 8,4% 7,2%
Cheque pré datado 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Débito em conta 17,8% 3,7% 3,7% 10,6% 9,0% 5,6% 9,7% 6,2% 6,9% 2,5%
Totalizador 65,4% 18,1% 16,5% 48,0% 26,5% 25,5% 30,5% 24,9% 27,1% 17,4%
65,4%
18,1%
16,5%
48,0%
26,5% 25,5% 30,5%24,9% 27,1%
17,4%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
Amostra total - preferência na forma de pagamento ao consumir
64
Tabela 15 - Mapeamento de decisão no momento do consumo
Fonte: Próprio autor.
No quesito orientação primária, ou seja, que orientação familiar foi dada aos
respondentes sobre como lidar com as finanças pessoais, nota-se que 77,9% da amostra foram
educados para poupar e economizar, enquanto 13% mencionou não ter aprendido nada com a
família em como proceder com as finanças pessoais, os resultados estão disponíveis no Gráfico
27 e nas Tabelas 16 e 17 que seguem:
65 Gráfico 27 - Orientação primária - familiar sobre finanças
Fonte: Próprio autor
Tabela 16 - Carteira escolhida versus orientação primária - (quantidade de respondentes)
Tabela de carteira escolhida versus orientação primária
Total Entre 2 e 3 Entre 4 e 5 Mais que 5
Poupar para projetos e aposentadoria 207 137 42 28
Aproveitar a vida sem preocupação 3 3 0 0
Economizar sempre em tudo 43 27 7 9
Investir em projetos sem risco 20 5 3 9
Investir em projetos com risco 6 9 0 0
Não aprendi nada 42 30 5 7
Totalizadores 321 211 57 53
Fonte: Próprio autor.
Na análise da distribuição do excedente financeiro, 57% dos respondentes preferem
aplicar nos produtos do mercado financeiro seguidos de 19,94% que utilizam os recursos para
lazer e esportes e 13,40% apontaram não sobrar dinheiro ao final do mês com frequência. O
mapeamento da escolha dos respondentes na escolha do uso segue na Tabela 17:
Tabela 17 - Tabela de utilização do excedente financeiro - (quantidade de respondentes)
Tabela de utilização do excedente financeiro
Homens 25_35 36_45 46_55 56_+ Total
Aplico na área imobiliária 0 1 1 2 4
Consumo aplicações financeiras 24 22 37 21 104
Consumo de produtos de saúde 1 2 1 0 4
Consumo de produtos supérfluos 4 1 2 0 7
Não sobra dinheiro todos os meses 4 5 8 8 25
Uso para lazer e esportes 13 9 7 4 33
Totalizador 46 40 56 35 177
Mulheres 25_35 36_45 46_55 56_+ Total
Aplico na área imobiliária 4 0 2 2 8
64,5%
0,9%
13,4%
6,2%
1,9%
13,1%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
Poupar paraprojetos e
aposentadoria
Aproveitar avida sem
preocupação
Economizarsempre em
tudo
Investir emprojetos sem
risco
Investir emprojetos com
risco
Não aprendinada
Orientação primária - familiar sobre finanças
Total
Entre 2 e 3
Entre 4 e 5
Mais que 5
66
Consumo aplicações financeiras 28 27 16 8 79
Consumo de produtos de saúde 1 2 0 0 3
Consumo de produtos supérfluos 2 2 1 0 5
Não sobra dinheiro todos os meses 4 3 4 7 18
Uso para lazer e esportes 13 6 8 4 31
Totalizador 52 40 31 21 144
Amostra total 25_35 36_45 46_55 56_+ Total
Aplico na área imobiliária 4 1 3 4 12
Consumo aplicações financeiras 52 49 53 29 183
Consumo de produtos de saúde 2 4 1 0 7
Consumo de produtos supérfluos 6 3 3 0 12
Não sobra dinheiro todos os meses 8 8 12 15 43
Uso para lazer e esportes 26 15 15 8 64
Totalizador 98 80 87 56 321
Representatividade na amostra total 30,5% 24,9% 27,1% 17,4% 100,0%
Fonte: Próprio autor.
A frequência e o volume financeiro são fatores que podem indicar o grau de
planejamento dos respondentes em relação à utilização de seus recursos financeiros quando o
foco é a frequência com que se realizam as aplicações financeiras, o volume aplicado mais
recorrente são R$ 1.500,00 que apresentam uma frequência mensal de aplicação, e a poupança
sem prazo regular para ocorrer foi o segundo quesito mais respondido, segue a tabela referente
a pesquisa:
Tabela 18 - Aplicação por volume e frequência do evento - (quantidade de respondentes)
Tabela de aplicação por volume e frequência do
evento
Até
1.5
00,0
0
De
1.50
1-3.
000
De
3.00
1-5.
000,
00
De
5.00
1-10
.000
Aci
ma
de
10.0
00
Pre
firo
não
res
po
nd
er
Não
res
po
nd
eu
Mensal 49 26 10 8 19 9 10
Trimestralmente 3 2 2 0 2 0
Semestralmente 1 1 0 0 0 0
Anualmente 0 0 1 0 2 0
Não há um prazo regular 9 3 4 0 6 10
Totalizadores 62 32 17 8 29 19 177
67
Até
1.5
00,0
0
De
1.50
1-3.
000
De
3.00
1-5.
000,
00
De
5.00
1-10
.000
Aci
ma
de
10.0
00
Pre
firo
não
res
po
nd
er
Não
res
po
nd
eu
Mensal 43 16 7 5 12 14 4
Trimestralmente 4 1 0 0 0 2
Semestralmente 2 0 0 0 0 1
Anualmente 0 0 1 0 0 0
Não há um prazo regular 8 3 1 3 6 11
Totalizadores 57 20 9 8 18 28 144
Até
1.5
00,0
0
De
1.50
1-3.
000
De
3.00
1-5.
000,
00
De
5.00
1-10
.000
Aci
ma
de
10.0
00
Pre
firo
não
res
po
nd
er
Não
res
po
nd
eu
Mensal 92 42 17 13 31 23 14
Trimestralmente 7 3 2 0 2 2
Semestralmente 3 1 0 0 0 1
Anualmente 0 0 2 0 2 0
Não há um prazo regular 17 6 5 3 12 21
Totalizadores 119 52 26 16 47 47 321
Representatividade geral 37% 16% 8% 5% 15% 15% 100%
Fonte: Próprio autor.
Em relação a fontes de informação que pudessem auxiliar na toma de decisão em
finanças os respondentes indicaram 65% de pessoal profissional – gerente de banco 30%,
publicações especializadas 53% e consultoria especializada 12%. Nessa amostragem os homens
apontaram as publicações especializadas como algo muito utilizado e fizeram uso de tal
instrumento cerca de 116% a mais que as mulheres. A Tabela 19, seguinte apresenta o
aproveitamento das fontes e sua distribuição nos respondentes da pesquisa:
Tabela 19 - Distribuição das consultas a suporte para a tomada de decisão de aplicar no mercado financeiro
Tabela da distribuição das consultas a suporte para a tomada de decisão de aplicar no mercado financeiro
Homem Total % 2 e 3 4 e 5 5 + Flag 25_35 36_45 46_55 56_+ Flag
Gerente do Banco 90 28% 58 16 16 90 19 22 28 21 90
Publicações especializadas 86 27% 54 10 22 86 27 21 24 14 86
Consultoria 35 11% 20 9 6 35 7 11 12 5 35
Família 31 10% 21 4 5 30 11 9 7 4 31
Colegas sem formação financeira 18 6% 12 3 3 18 7 7 3 4 21
Colegas com formação financeira 33 10% 19 9 5 33 8 10 9 6 33
Outros 22 7% 13 2 7 22 4 5 5 8 22
Total 315 197 53 64 314 83 85 88 62 318
68 Mulher Total % 2 e 3 4 e 5 5 + Flag 25_35 36_45 46_55 56_+ Flag
Gerente do Banco 73 51% 50 17 6 73 20 16 22 15 73
Publicações especializadas 41 28% 25 10 6 41 15 16 6 4 41
Consultoria 30 21% 22 5 3 30 8 13 5 4 30
Família 35 24% 24 5 5 34 14 9 6 6 35
Colegas sem formação financeira 7 5% 4 3 0 7 3 3 1 0 7
Colegas com formação financeira 27 19% 21 4 2 27 16 5 4 2 27
Outros 15 10% 10 4 1 15 8 5 2 0 15
Total 228 156 48 23 227 84 67 46 31 228
Amostra total Total % 2 e 3 4 e 5 5 + Flag 25_35 36_45 46_55 56_+ Flag
Gerente do Banco 163 51% 108 33 22 163 39 38 50 36 163
Publicações especializadas 127 40% 79 20 28 127 42 37 30 18 127
Consultoria 65 20% 42 14 9 65 15 24 17 9 65
Família 66 21% 45 9 10 64 25 18 13 10 66
Colegas sem formação financeira 25 8% 16 6 3 25 10 10 4 4 28
Colegas com formação financeira 60 19% 40 13 7 60 24 15 13 8 60
Outros 37 12% 23 6 8 37 12 10 7 8 37
Total 543 353 101 87 541 167 152 134 93 546
Fonte: Próprio autor.
O quesito excesso de confiança (overconfidence) é a tendência que os agentes
econômicos possuem ao superestimar suas capacidades, de forma a criar uma ilusão de que
possuem vantagem competitiva sistematicamente, o que pode provocar incorreções nas análises
de mercado. Indivíduos que apresentam este viés consideram-se acima ou em melhores
condições que outros na realização de tarefas (KAHNEMAN, 2011; KAHNEMAN; SLOVIC;
TVERSKY,1982). Segue a Tabela 20 – que consolida os resultados medidos:
Tabela 20 - Respostas (homens e mulheres) excesso de confiança
Tabela de respostas - homens e mulheres - excesso de confiança
Atuação profissional
Entre 2 e 3 Entre 4 e 5 Mais de 5 Total
Prefiro não responder 6 1 2 9 3%
Na média 95 29 21 145 45%
Acima de média 90 23 23 136 42%
Abaixo da média 5 3 0 8 2%
Não respondeu 14 2 7 23 7%
Totalizador 210 58 53 321 100%
321
Relacionamento profissional
Entre 2 e 3 Entre 4 e 5 Mais de 5 Total
Prefiro não responder 4 1 1 6 1,9%
Na média 131 40 26 197 61,4%
Acima de média 46 10 14 70 21,8%
Abaixo da média 15 5 5 25 7,8%
Não respondeu 14 2 7 23 7,2%
Totalizador 210 58 53 321 100,0%
69
321
Relacionamento pessoal
Entre 2 e 3 Entre 4 e 5 Mais de 5 Total
Prefiro não responder 2 2 2 6 1,9%
Na média 137 35 27 199 62,0%
Acima de média 55 17 22 94 29,3%
Abaixo da média 16 4 2 22 6,9%
Não respondeu 0 0 0 0 0,0%
Totalizador 210 58 53 321 100,0%
321 Fonte: Próprio autor.
As perguntas buscaram mapear o viés de overconfidence na amostra ofereceram aos
respondentes a oportunidade de auto avaliação de sua capacidade profissional, da capacidade
de relacionamento no âmbito profissional e da capacidade de relacionamento pessoal, os
resultados.
Na escolha das aplicações financeiras foram oferecidos R$ 100.000,00 para que os
respondentes construíssem uma carteira de 2 a 6 ativos, conforme a sua preferência e risco –
inclusive neste quesito os entrevistados associaram risco com a possibilidade de perda, como
pode ser visto na nuvem de palavras que segue:
Figura 5 - Características de uma aplicação financeira
Fonte: www.wordclouds.com
70
Assim os respondentes puderam compor suas carteiras que segue na Gráfico 20:
Gráfico 28 - Composição das carteiras em quantidade de aplicações
Fonte: Elaboração própria.
O que demonstra uma preferência por carteiras de 2 e 3 ativos, com forte predominância
86,9% das carteiras, concentradas na carteira de 2 ativos. Em relação à preferência na escolha
das aplicações financeiras como produto: poupança, tesouro direto, fundos de investimentos
financeiros, certificado de depósitos bancários, fundos de ações e aplicação direta em ações,
tivemos a seguinte preferência conforme Tabela 22 e gráfico 28:
Tabela 21 - Composição das carteiras em quantidade de aplicações
Tabela da composição das carteiras em quantidade de aplicações
2 Ativos 3 Ativos 4 Ativos 5 Ativos 6 Ativos Total
Homem 151 19 4 2 1 177
Mulher 128 12 1 2 1 144
Total 279 31 5 4 2 321
Participação 86,9% 9,7% 1,6% 1,2% 0,6% 100,0%
Fonte: Elaboração própria.
Explorando um pouco mais a preferência de escolha pela quantidade ou número de
ativos a compor a carteira, observou-se que as carteiras acima de 5 ativos praticamente não
entraram na seleção dos respondentes ficando com menos de 2% de preferência.
151
194 2 1
177
128
121 2 1
144
279
31
5 4 2
321
86,9%
9,7%
1,6% 1,2%0,6%
100,0%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
120,0%
0
50
100
150
200
250
300
350
2 Ativos 3 Ativos 4 Ativos 5 Ativos 6 Ativos Total
Composição das carteiras em quantidade de aplicações
Homem Mulher Total % Part
71
A escolha individualizada dos produtos, visualizada na Tabela 23 que segue, mostra que
as combinações de carteiras chegaram a somar 703 escolhas de um total máximo de 1.926
escolhas, que seria a composição de todas as 321 carteiras com 6 ativos. Entre homens e
mulheres não houve uma distinção relevante que tenha chamado a atenção do pesquisador,
ambos os grupos tiveram preferências próximas pelas escolhas dos ativos em qualidade, não
em quantidade. Entenda aqui qualidade de um ativo como a combinação risco versus retorno
dele, segue Tabela 23 que evidencia tal fato:
Tabela 22 - Escolha da carteira de R$100.000,00 \(preferência de ativos – no. de ativos)
Escolha da carteira de R$ 100.000,00 - preferência de ativos
Poupança CDB FIF FIA TD Ações Total
Homem 47 50 121 37 105 31 391
Mulher 51 21 119 36 76 9 312
Total 98 71 240 73 181 40 703
Fonte: Elaboração própria.
Gráfico 29 - Preferência na escolha de ativos
Fonte: Elaboração própria.
Para os pares de ativos apresentados aos respondentes é importante salientar que 12
entrevistados não responderam, temos na Tabela 24 a tabulação dos dados:
0,00%
2,00%
4,00%
6,00%
8,00%
10,00%
12,00%
14,00%
16,00%
18,00%
20,00%
Poupança CDB FIF FIA TD Ações
Preferência na escolha de ativos
Homem Mulher
72 Tabela 23 - Escolha dos pares conforme preferência
Tabela de escolha dos pares conforme preferência
Homens Mulheres
Produtos No. Clicks % Produtos No. Clicks %
Poup-TD 148 13,94% Poup-TD 136 15,96%
Poup-FIF 276 25,99% Poup-FIF 71 8,33%
Poup-FIA 52 4,90% Poup-FIA 44 5,16%
Poup-Ações 37 3,48% Poup-Ações 27 3,17%
CDB-TD 184 17,33% CDB-TD 108 12,68%
CDB-FIA 33 3,11% CDB-FIA 21 2,46%
CDB-Ações 28 2,64% CDB-Ações 18 2,11%
TD-FIA 149 14,03% TD-FIA 121 14,20%
TD-Ações 121 11,39% TD-Ações 96 11,27%
FIF-FIA 14 1,32% FIF-FIA 116 13,62%
FIF-Ações 20 1,88% FIF-Ações 94 11,03%
1062 100,00% 852 100,00%
Fonte: Elaboração própria.
E a análise mostra uma preferência pelos pares de ativos de renda fixa, em especial a
poupança e os FIF – fundos de investimento de renda fixa totalizando uma participação
expressiva de 48,23%; em seguida os binômios ancorados nos produtos do Tesouro Direto –
25,45% de acordo com o Gráfico 30 que segue:
Gráfico 30 - Escolha dos pares de aplicações financeiras
Fonte: Elaboração própria.
347
292 284270
217
130114
96
6454 46
18,13%
15,26%14,84%
14,11%
11,34%
6,79%5,96%
5,02%3,34%
2,82%2,40%
0,00%
2,00%
4,00%
6,00%
8,00%
10,00%
12,00%
14,00%
16,00%
18,00%
20,00%
0
50
100
150
200
250
300
350
400Escolha dos pares de aplicações financeiras
Paresescolhidos
73 4 CONCLUSÃO
Os resultados do presente trabalho corroboram e dão indícios positivos de concordância
em relação aos temas aqui estudados, entretanto é preciso considerar que a amostra utilizada se
baseou na classificação econômica da ABEP -Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa
– classes A e B, o que parece ser um universo quando se trata do estudo comportamental de
consumo em finanças.
Na busca do entendimento do excesso de confiança, dos investidores entrevistados, 281
respondentes se mostraram autoconfiantes num total de 87,54% da amostragem, como
profissionais na média e acima da média no quesito capacidade profissional.
Destes 87,54%, um total de 240 respostas indicaram que os investidores adotam uma
postura de economia, intenção de poupança e intenção de aplicar em projetos como forma de
aumentar sus reservas para o futuro, destaque para a intenção de poupar que representou neste
estudo 65,84%.
O suporte técnico de prática de mercado e de escolha de produto ficou a cargo na sua
maior parte nos gerentes de banco, publicações especializadas e acesso a consultoria,
representando 143 respondentes que consultam seus gerentes bancários e 109 adotam o uso de
publicações especializadas. Na combinação gerente e leitura de publicações especializadas 62
entrevistados responderam positivamente e o uso de gerente de banco mais as publicações e
contato com consultoria apresentou apenas um total de 11 pesquisados.
Na busca do entendimento da influência do conhecimento nos estudos ora
desenvolvidos, a formação dos entrevistados se mostrou em um nível interessante pois
praticamente todos os entrevistados possuíam curso superior e com alguma pós-graduação,
onde 49,22% da amostra indicou possuir curso superior com formação em áreas que
historicamente atuam em finanças. Destacamos na pós-graduação o percentual de 38% dos
respondentes com algum tipo de curso de finanças o que indica que os investidores podem
avaliar melhor as finanças pessoais.
A escolha de carteiras pelos respondentes indicou para esta amostra, que a maioria se
concentrou na formação de carteiras de renda fixa utilizando os produtos poupança, tesouro
direto e fundos de investimento. Embora a escolha da poupança seja tradicional na população
do país, neste estudo os ativos mais escolhidos foram Fundo de Investimento Financeiro e
Tesouro Direto, seguidos de Fundos de Investimento em Ações, Poupança e CDB. Estes
indicadores mostram que a escolha de produtos que não possuem nenhum tipo de proteção
contra perdas – como por exemplo o FGC, e são que podem ter sido efetuadas por meio uma
74 decisão direta do investidor, o que reforça a ação do conhecimento pois os respondentes
apresentaram formação relativamente afins com finanças. Outro fator a ser observado é que os
3 produtos mais escolhidos são títulos de renda fixa do governo e valores mobiliários que
pressupões uma escolha direta também – Tesouro Direto e a inerente questão de propriedade
no caso dos Fundos pela aquisição de cotas de valores mobiliários.
As carteiras escolhidas e os pares de ativos oferecidos ao longo do curso, reforçam ainda
a confiança do investidor em promover uma seleção de ativos com mais risco uma vez que os
mais utilizados não possuem nenhum mecanismo de proteção a não ser o uso dos derivativos.
Cabe mencionar que as carteiras escolhidas foram construídas de forma concentrada em
até 3 ativos, e tais escolhas foram apontadas pelos respondentes mais jovens entre 25 a 45 anos,
e o estratos de maior idade apresentaram poucas carteiras mais diversificadas – lembrando que
não foi avaliado o volume de carteira de posse dos entrevistados.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.1 Limitações observadas
Apesar de terem sidos observados hábitos de poupança, economia e investimento,
conhecimento e os estratos de carteiras selecionados pelos entrevistados, ficou evidente a
necessidade de ampliar os estudos, algumas perguntas precisam ser revisadas e
complementadas para melhor se aproximar do constructo.
A pesquisa de campo é fundamental para qualquer estudo que se exija tal instrumento,
fica evidente ao cruzarmos os dados obtidos com este trabalho que o assunto finanças pessoais
é desconfortável para os entrevistados, assim nos parece que um experimento em condições de
maior controle seja uma alternativa de estudos futuros para ampliar os resultados deste trabalho.
Ficou evidente que algumas perguntas quando associadas diretamente a uma alternativa
aberta podem gerar muitas interpretações, assim é necessário que se repense a matriz teórica
para gerar uma amarração mais adequada e precisa.
75
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ANEXOS
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ANEXO 1 – Pesquisa de Campo
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