relatorio baixoamazonas
Post on 21-Jun-2015
840 Views
Preview:
TRANSCRIPT
Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não
Madeireiros na Região de Integração Baixo Amazonas,
Estado do Pará
RELATÓRIO TÉCNICO
2011
BELÉM – PARÁ
2011
Governo do Estado do Pará
Simão Robison Oliveira Jatene
Governador
Helenilson Cunha Pontes Vice-Governador / Secretário Especial de Estado de Gestão - Seges
Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará
Maria Adelina Guglioti Braglia Presidente
Diretoria de Pesquisa e Estudos Ambientais
Jonas Bastos da Veiga Diretor
Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural
Cassiano Figueiredo Ribeiro
Diretor
Diretoria de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação
Sérgio Castro Gomes
Diretor
Diretoria de Administração, Planejamento e Finanças
Helaine Cordeiro Félix
Diretora
Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não
Madeireiros na Região de Integração Baixo Amazonas,
Estado do Pará
RELATÓRIO TÉCNICO
2011
BELÉM – PARÁ
2011
Expediente
Diretor de Pesquisa e Estudos Ambientais
Jonas Bastos da Veiga
Coordenadora do Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação
Marli Maria de Mattos
Elaboração Técnica:
Marli Maria de Mattos - Coordenadora
Ellen Claudine Cardoso Castro
Divino Herculys Peres da Silva Lima
José de Alencar Costa
Ana Cristina Parente Brito
Isaac Luiz Magalhães Lopes
Coleta de dados:
Daniela Monteiro da Cruz
Nelma Santos Amorim dos Santos
Adriana Pinheiro dos Santos
Rodrigo dos Santos Lima
Ana Cristina Parente Brito
Divino Hercules Peres da Silva Lima
Apoio Técnico:
Francisco Assis Costa, UFPA/NAEA
Nanety Cristina Alves dos Santos
Maria Glaucia Pacheco Moreira
Parceria:
Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará
José Alberto da Silva Colares, Diretor Geral
Revisão:
Jonas Bastos da Veiga, Cassiano Figueiredo Ribeiro, Gustavo Silva e Marcílio Chiacchio
Normalização:
Adriana Taís G. dos Santos e Anna Márcia Malcher Muniz
_______________________________________________________________________
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, SOCIAL E AMBIENTAL
DO PARÁ
Cadeias de comercialização de produtos florestais não madeireiros na Região de
Integração Baixo Amazonas, Estado do Pará: relatório técnico 2011./ Belém: IDESP, 2011.
221p.
1.Cadeias de comercialização.2.Produtos florestais não madeireiros.3.Contas sociais
alfa.4.Economia regional.I.Região de Integração.II.Pará (Estado).III.Titulo.
CDD: 381.098115
________________________________________________________________________
APRESENTAÇÃO
A extração dos produtos florestais não madeireiros (PFNM) no Brasil é de grande
importância social, econômica e ambiental. Apresenta-se como uma forma de exploração
sustentável, pois na maioria das vezes, não implica na remoção dos indivíduos das espécies.
Há tempos, populações tradicionais, extrativistas, ribeirinhas e agricultores familiares utilizam
produtos não madeireiros (frutos, fibras, resinas, plantas medicinais, utensílios entre outros)
para subsistência e renda. Apesar da relevância do tema, há poucas informações sobre o
mercado das espécies florestais não madeireiras, constituindo dessa forma um fator crítico
para a gestão das florestas.
O mercado internacional desses produtos é relativamente conhecido, todavia, o
mesmo não ocorre sobre a cadeia de produção e comercialização no mercado doméstico. Não
há, nos sistemas de dados oficiais, uma lista completa de produtos florestais que são
comercializados, principalmente no que diz respeito às espécies locais e regionais, como
várias espécies medicinais e frutíferas. No estado do Pará, bem como em todos os estados da
Amazônia Legal, há uma carência de dados sobre o mercado de muitos produtos não
madeireiros de valor local ou regional e sua relevância para as populações rurais e urbanas
envolvidas nas cadeias de produção. As estatísticas oficiais não detectam as espécies
extrativistas que possuem mercado local, bem como as recentes demandas por produtos para
atender as indústrias cosméticas no mercado nacional e internacional.
Em razão da relevância do tema exposto, o Instituto de Desenvolvimento
Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp), em parceria com o Instituto de
Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Ideflor), desenvolveu o estudo sobre as cadeias
de comercialização dos PFNM do Estado do Pará, como forma de contribuir com informações
para a formulação de políticas públicas. Assim foi firmado o Termo de Cooperação Técnica e
Financeira TCTF Nº 02/2010, tendo sua vigência iniciada em março de 2010, e tem como
objetivo identificar e analisar as cadeias de comercialização dos PFNM em cinco Regiões de
Integração (RI) do estado do Pará (Rio Caeté, Baixo Amazonas, Guamá, Xingu e Marajó).
Os resultados destas pesquisas podem contribuir para o entendimento da economia
dos PFNM no Estado do Pará, destacando as potencialidades econômicas e identificando
entraves (produção e comercialização) desses diversos produtos, evidenciando os não
detectados nas estatísticas oficiais, contribuindo com a conservação e gestão florestal.
O presente relatório contempla os resultados das análises das cadeias de
comercialização dos PFNM da Região de Integração (RI) Baixo Amazonas.
RESUMO
Na busca do desenvolvimento sustentável, o estado do Pará necessita de atividades
econômicas produtivas que dinamizem e gerem renda às populações locais, que evitem o
desmatamento, que agreguem valor aos produtos e que reduzam as desigualdades entre
regiões. O método das Contas Sociais Ascendentes Alfa (CSα) aplicado neste estudo,
utilizando o modelo Matriz Insumo-Produto, permitiu identificar o valor da produção de Base
Agroextrativista, de 63 produtos identificados, em 12 municípios da Região de Integração do
Baixo Amazonas e, acompanhar os fluxos ao longo das cadeias estudadas, passando pelos
setores de beneficiamento, transformação, comércio e serviços até seu destino final.
Constatou-se que os produtos estudados (14 alimentícios, 31 fármacos e cosméticos, 14
artesanatos e utensílios, 3 derivados da madeira e 1 derivado animal) têm significativa
importância na dinâmica da economia local, assim como para outras regiões do Pará, além
dos mercados nacionais e internacionais. O principal produto de destaque na RI foi a
castanha-do-brasil (R$ 71 milhões), porém com 67% da renda bruta gerada e circulada fora do
Pará, diferente do açaí que teve R$ 12,7 milhões e 100% gerada e circulada somente no Baixo
Amazonas. Outros produtos de destaque foram os cipós, as sementes de cumaru, o cacau
amêndoa, a malva, o tucumã fruto e a copaíba. A contabilidade social ascendente na região
tem origem em milhares de famílias envolvidas no setor da produção extrativa local (e
extralocal), que receberam pela venda de todos os produtos o montante de R$ 9,5 milhões
(VBPα), que gerou R$ 36,7 milhões (VBP) na compra destes produtos (predomínio in natura)
e com a agregação de valor de mais de R$ 62,7 milhões (VAB), chegando a uma renda bruta
total (RBT) gerada e circulada em R$ 99,4 milhões, com seus efeitos para frente e para trás
nas cadeias de comercialização. O estudo também demonstrou as fragilidades e
potencialidades identificadas nas cadeias, envolvendo a iniciativa privada, os órgãos
governamentais e a sociedade direta e indiretamente relacionada às cadeias dos produtos do
agroextrativismo.
Palavras-chave: 1.Cadeias de comercialização, 2.Produtos florestais não madeireiros,
3.Contas sociais alfa, 4.Economia regional.
LISTA DE SIGLAS
CONAB Companhia Nacional de Abastecimento
EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FLONA do Tapajós Floresta Nacional do Tapajós
FOB Free on Board – Entrega embarcada
GPS Sistema de Posicionamento Global
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDEFLOR Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará
IDESP Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
MDIC/SECEX Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior /
Secretaria de Comércio Exterior
MIP Matriz Insumo Produto
MZEE - PA Macrozoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Pará
NAEA / UFPA Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do
Pará
NPCTI Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação do IDESP
ONG Organização Não Governamental
PAM Pesquisa Agrícola Municipal
PEVS Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura
PRB Produto Regional Bruto
PRBα Produto Regional Bruto de Base Agroextrativista
PFNM Produtos Florestais Não Madeireiros
PAM Produção Agrícola Municipal
PIB Produto Interno Bruto
RBT Renda Bruta Total
RBTα Renda Bruta Total de Base Agroextrativista
RI Região de Integração
SEIR Secretaria de Estado de Integração Regional
SEMA - PA Secretaria de Estado de Meio Ambiente
STR Sindicato dos Trabalhadores Rurais
TCTF Termo de Cooperação Técnica e Financeira
UC Unidade de Conservação
UFPA Universidade Federal do Pará
VAB Valor Agregado Bruto ou Valor Adicionado Bruto
VABα Valor Agregado Bruto de Base Agroextrativista
VBP Valor Bruto da Produção
VBPα Valor Bruto da Produção de Base Agroextrativista
VTE Valor Transacionado Efetivo
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Municípios pertencentes à Região de Integração Baixo Amazonas, estado do
Pará. ......................................................................................................................... 38
FIGURA 2 - Localização da Região de Integração Baixo Amazonas, estado do Pará. ........... 41
FIGURA 3 - Localização dos agentes mercantis da castanha-do-brasil na RI Baixo Amazonas,
estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ............................................................ 43
FIGURA 4 - Estrutura (%) da quantidade amostral da castanha-do-brasil comercializada na RI
Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ............................... 47
FIGURA 5 - Preço médio da castanha-do-brasil (R$/kg) praticado nas transações entre os
setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará. ...................................................................................... 48
FIGURA 6 - Localização dos agentes mercantis do açaí na RI Baixo Amazonas, estado do
Pará, no período de 2009 a 2010. ............................................................................. 56
FIGURA 7 - Estrutura (%) da quantidade amostral do açaí comercializado na RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. .......................................... 59
FIGURA 8 - Preço médio do açaí (R$/kg de fruto in natura) praticado nas transações entre os
setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará. ...................................................................................... 60
FIGURA 9 - Localização dos agentes mercantis do cumaru na RI Baixo Amazonas, estado do
Pará, no período de 2009 a 2010. ............................................................................. 66
FIGURA 10 - Estrutura (%) da quantidade amostral do cumaru comercializado na RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. .......................................... 68
FIGURA 11 - Preço médio do cumaru (R$/kg) praticado nas transações entre os setores da
cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,
estado do Pará. ......................................................................................................... 69
FIGURA 12 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/kg) da malva na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de
2009 a 2010. ............................................................................................................. 77
FIGURA 13 - Localização dos agentes mercantis da copaíba na RI Baixo Amazonas, estado
do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................................................................ 84
FIGURA 14 - Estrutura (%) da quantidade amostral da copaíba comercializada na RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. .......................................... 85
FIGURA 15 - Preço médio da copaíba (R$/l) praticado nas transações entre setores da cadeia
de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do
Pará. ......................................................................................................................... 86
FIGURA 16 - Localização dos agentes mercantis do cupuaçu na RI Baixo Amazonas, estado
do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................................................................ 94
FIGURA 17 - Estrutura (%) da quantidade amostral do cupuaçu na RI Baixo Amazonas,
estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ............................................................ 96
FIGURA 18 - Preço médio do cupuaçu (R$/un.) praticado nas transações entre setores da
cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,
estado do Pará. ......................................................................................................... 97
FIGURA 19 - Localização dos agentes mercantis do mel na RI Baixo Amazonas, estado do
Pará, no período de 2009 a 2010. ............................................................................. 98
FIGURA 20 - Estrutura (%) da quantidade amostral do mel comercializado na RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................................ 100
FIGURA 21 - Preço médio do mel (R/l) praticado nas transações entre os setores da cadeia de
comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do
Pará. ....................................................................................................................... 101
FIGURA 22 - Localização dos agentes mercantis do cacau (amêndoas) na RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................................ 108
FIGURA 23 - Estrutura (%) da quantidade amostral do cacau (amêndoas) comercializado na
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................ 110
FIGURA 24 - Preço médio do cacau (amêndoas) (R$/kg) praticado nas transações entre
setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará. .................................................................................... 111
FIGURA 25 - Localização dos agentes mercantis do tucumã na RI Baixo Amazonas, estado
do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................................................................... 118
FIGURA 26 - Estrutura (%) da quantidade amostral do tucumã comercializado na RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................................ 121
FIGURA 27 - Preço médio do tucumã (R$/kg) praticado nas transações entre setores da
cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,
estado do Pará. ....................................................................................................... 122
FIGURA 28 - Localização dos agentes mercantis do artesanato regional na RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................................ 123
FIGURA 29 - Estrutura (%) da quantidade amostral do artesanato regional comercializado na
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................ 125
FIGURA 30 - Preço médio do artesanato regional (R$/un.) praticado nas transações entre
setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará. .................................................................................... 126
FIGURA 31 - Localização dos agentes mercantis dos utensílios na RI Baixo Amazonas,
estado do Pará, no período de 2009 a 2010. .......................................................... 127
FIGURA 32 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/un.) dos utensílios na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no
período de 2009 a 2010. ......................................................................................... 128
FIGURA 33 - Estrutura (%) da quantidade amostral dos cipós na RI Baixo Amazonas, estado
do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................................................................... 130
FIGURA 34 - Preço médio dos cipós (R$/rolo) praticado nas transações entre setores da
cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,
estado do Pará. ....................................................................................................... 131
FIGURA 35 - Localização dos agentes mercantis do taperebá na RI Baixo Amazonas, estado
do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................................................................... 132
FIGURA 36 - Estrutura (%) da quantidade amostral do taperebá na RI Baixo Amazonas,
estado do Pará, no período de 2009 a 2010. .......................................................... 134
FIGURA 37 - Preço médio do taperebá (R$/kg) praticado nas transações entre setores da
cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,
estado do Pará. ....................................................................................................... 135
FIGURA 38 - Localização dos agentes mercantis da borracha na RI Baixo Amazonas, estado
do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................................................................... 136
FIGURA 39 - Estrutura (%) da quantidade amostral da borracha na RI Baixo Amazonas,
estado do Pará, no período de 2009 a 2010. .......................................................... 137
FIGURA 40 - Preço médio da borracha (R$/kg do látex) praticado nas transações entre
setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará. .................................................................................... 138
FIGURA 41 - Localização dos agentes mercantis da andiroba na RI Baixo Amazonas, estado
do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................................................................... 139
FIGURA 42 - Estrutura (%) da quantidade amostral da andiroba na RI Baixo Amazonas,
estado do Pará, no período de 2009 a 2010. .......................................................... 141
FIGURA 43 - Preço médio da andiroba (R$/l) praticado nas transações entre setores da cadeia
de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do
Pará. ....................................................................................................................... 142
FIGURA 44 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/kg) do curauá na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de
2009 a 2010. ........................................................................................................... 149
FIGURA 45 - Localização dos agentes mercantis do buriti na RI Baixo Amazonas, estado do
Pará, no período de 2009 a 2010. ........................................................................... 150
FIGURA 46 - Estrutura (%) da quantidade amostral do buriti na RI Baixo Amazonas, estado
do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................................................................... 152
FIGURA 47 - Preço médio do buriti (R$/kg) praticado nas transações entre setores da cadeia
de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do
Pará. ....................................................................................................................... 154
FIGURA 48 - Estrutura (%) da quantidade amostral do urucum na RI Baixo Amazonas,
estado do Pará, no período de 2009 a 2010. .......................................................... 156
FIGURA 49 - Preço médio do urucum (R$/kg) praticado nas transações entre setores da
cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,
estado do Pará. ....................................................................................................... 157
FIGURA 50 - Localização dos agentes mercantis dos leites na RI Baixo Amazonas, estado do
Pará, no período de 2009 a 2010. ........................................................................... 158
FIGURA 51 - Estrutura (%) da quantidade amostral dos leites na RI Baixo Amazonas, estado
do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................................................................... 159
FIGURA 52 - Preço médio dos leites (R$/l) praticado nas transações entre setores da cadeia
de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do
Pará. ....................................................................................................................... 160
FIGURA 53 - Localização dos agentes mercantis do muruci na RI Baixo Amazonas, estado
do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................................................................... 161
FIGURA 54 - Estrutura (%) da quantidade amostral do muruci na RI Baixo Amazonas, estado
do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................................................................... 163
FIGURA 55 - Preço médio do muruci (R$/l) praticado nas transações entre setores da cadeia
de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do
Pará. ....................................................................................................................... 164
FIGURA 56 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/m3) da lenha na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de
2009 a 2010. ........................................................................................................... 165
FIGURA 57 - Localização dos agentes mercantis das plantas medicinais na RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................................ 166
FIGURA 58 - Estrutura (%) da quantidade amostral das plantas medicinais na RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................................ 167
FIGURA 59 - Preço médio das plantas medicinas (R$/kg) praticado nas transações entre
setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará. .................................................................................... 168
FIGURA 60 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/kg in natura) da bacaba na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no
período de 2009 a 2010. ......................................................................................... 170
FIGURA 61 - Localização dos agentes mercantis do breu-branco na RI Baixo Amazonas,
estado do Pará, no período de 2009 a 2010. .......................................................... 171
FIGURA 62 - Estrutura (%) da quantidade amostral do breu-branco na RI Baixo Amazonas,
estado do Pará, no período de 2009 a 2010. .......................................................... 172
FIGURA 63 - Preço médio do breu-branco (R$/kg) praticado nas transações entre setores da
cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,
estado do Pará. ....................................................................................................... 173
FIGURA 64 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/un.) do artesanato de balata na RI Baixo Amazonas, estado do Pará,
no período de 2009 a 2010. .................................................................................... 175
FIGURA 65 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/sc.) do carvão na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de
2009 a 2010. ........................................................................................................... 176
FIGURA 66 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/un.) do uxi na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de
2009 a 2010. ........................................................................................................... 178
FIGURA 67 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$/un.) do artesanato indígena na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período
de 2009 a 2010. ...................................................................................................... 179
FIGURA 68 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/un.) do cacau (fruto) na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no
período de 2009 a 2010. ......................................................................................... 180
FIGURA 69 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/kg) do cajuaçu na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de
2009 a 2010. ........................................................................................................... 182
FIGURA 70 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/l) do óleo de piquiá na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no
período de 2009 a 2010. ......................................................................................... 183
FIGURA 71 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/un.) do bacuri na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de
2009 a 2010. ........................................................................................................... 185
FIGURA 72 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/l) do óleo da castanha-do-brasil na RI Baixo Amazonas, estado do
Pará, no período de 2009 a 2010. ........................................................................... 187
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da castanha-do-brasil da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................ 44
QUADRO 2 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do açaí da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ....................................... 57
QUADRO 3 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da semente do cumaru da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................ 67
QUADRO 4 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da malva da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ....................................... 76
QUADRO 5 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da copaíba da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ....................................... 83
QUADRO 6 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cupuaçu da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ....................................... 95
QUADRO 7 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do mel da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ....................................... 99
QUADRO 8 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cacau (amêndoas) da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................... 109
QUADRO 9 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do tucumã da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 119
QUADRO 10 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do artesanato regional da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................... 124
QUADRO 11 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização dos utensílios da RI
Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................... 127
QUADRO 12 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização dos cipós titica e timbó
da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ................. 129
QUADRO 13 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do taperebá da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 132
QUADRO 14 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da borracha da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 136
QUADRO 15 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da andiroba da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 140
QUADRO 16 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da fibra do curauá da RI
Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................... 148
QUADRO 17 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do buriti da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 151
QUADRO 18 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do urucum da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 155
QUADRO 19 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização dos leites da RI Baixo
Amazonas, Estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 158
QUADRO 20 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do muruci da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 161
QUADRO 21 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da lenha da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 164
QUADRO 22 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização das plantas medicinais da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................... 166
QUADRO 23 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da bacaba da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 168
QUADRO 24 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do breu-branco da RI
Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................... 171
QUADRO 25 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do artesanato de balata
da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ................. 174
QUADRO 26 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do carvão da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 176
QUADRO 27 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do uxi da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 177
QUADRO 28 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do artesanato indígena da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................... 178
QUADRO 29 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cacau (fruto) da RI
Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................... 180
QUADRO 30 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cajuaçu da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 181
QUADRO 31 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do óleo de piquiá da RI
Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................... 183
QUADRO 32 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do bacuri da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 184
QUADRO 33 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do óleo da castanha-do-
brasil da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ....... 186
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da castanha-do-brasil da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................... 49
GRÁFICO 2 - VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização da castanha-do-brasil da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................... 52
GRÁFICO 3 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da castanha-do-
brasil, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a
partir da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ..................... 54
GRÁFICO 4 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do açaí da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................... 61
GRÁFICO 5 - VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do açaí da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................... 63
GRÁFICO 6 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do açaí,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI
Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ........................................ 64
GRÁFICO 7 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da semente de cumaru
da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. .............................. 70
GRÁFICO 8 - VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização da semente de cumaru da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................... 72
GRÁFICO 9 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da semente de
cumaru, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a
partir da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ..................... 74
GRÁFICO 10 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da malva da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................... 78
GRÁFICO 11 - VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização da malva da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................... 80
GRÁFICO 12 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da malva,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI
Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ........................................ 82
GRÁFICO 13 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do óleo de copaíba da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................... 87
GRÁFICO 14 - VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização do óleo de copaíba da RI
Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ........................................ 89
GRÁFICO 15 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do óleo de
copaíba, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a
partir da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ..................... 92
GRÁFICO 16 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do mel da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................. 102
GRÁFICO 17 - VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do mel da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................. 105
GRÁFICO 18 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do mel,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI
Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ...................................... 107
GRÁFICO 19 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do cacau amêndoa da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................. 112
GRÁFICO 20 - VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização do cacau amêndoa da RI
Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ...................................... 114
GRÁFICO 21 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do cacau
amêndoa, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a
partir da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................... 116
GRÁFICO 22 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do óleo de andiroba da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................. 143
GRÁFICO 23 - VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização do óleo de andiroba da RI
Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ...................................... 145
GRÁFICO 24 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do óleo de
andiroba, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a
partir da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................... 147
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Produtos florestais não madeireiros identificados na RI Baixo Amazonas, com
quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem realizada
em campo, no período de 2009 a 2010. ................................................................... 42
TABELA 2 - Demanda Final (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais
não madeireiros identificados nos doze municípios da Região de Integração Baixo
Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................... 189
TABELA 3 - Valor Adicionado Bruto - VAB (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos
produtos florestais não madeireiros identificados nos doze municípios da Região de
Integração Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ....................... 191
TABELA 4 - Valor Agregado Bruto - VAB (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos
produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Baixo
Amazonas, estado do Pará, organizados em categorias (Alimentícios,
Artesanatos/Utensílios, Derivado Animal, Derivado da Madeira e
Fármacos/Cosméticos), estimados para 2008. ....................................................... 193
TABELA 5 - Renda Bruta Total (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos
florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Baixo Amazonas,
estimados para 2008, organizados em três categorias relativas com escalas de valor
do RBT (acima de R$ 600 mil, de R$ 100 mil a R$ 599 mil e abaixo de R$ 100
mil). ........................................................................................................................ 195
TABELA 6 - Indicadores econômicos dos produtos florestais não madeireiros identificados na
Região de Integração Baixo Amazonas, estado do Pará, compostos pelo Valor
Bruto da Produção Alfa Local (VBPα), o Valor Bruto da Produção Alfa extralocal,
a margem de lucro (mark-up), o Valor Bruto da Produção (VBP), o Valor Agregado
Bruto (VAB) e a Renda Bruta Total (RBT), em R$, nas esferas local, estadual e
nacional, estimado para 2008 (Idesp). ................................................................... 200
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 27
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 28
2.1 GERAL ............................................................................................................................... 28
2.2 ESPECÍFICOS ................................................................................................................... 28
3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 29
4 RESULTADOS .................................................................................................................... 38
4.1 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO BAIXO AMAZONAS ...................................................... 38
4.1.1 Caracterização ................................................................................................................. 38
4.2 ANÁLISE DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO .................................................. 41
4.2.1 Castanha-do-brasil ........................................................................................................... 43
4.2.2 Açaí .................................................................................................................................. 56
4.2.3 Cumaru ............................................................................................................................ 65
4.2.4 Malva ............................................................................................................................... 75
4.2.5 Copaíba ............................................................................................................................ 82
4.2.6 Cupuaçu ........................................................................................................................... 93
4.2.7 Mel ................................................................................................................................... 98
4.2.8 Cacau (amêndoas).......................................................................................................... 108
4.2.9 Tucumã .......................................................................................................................... 117
4.2.10 Artesanato regional ...................................................................................................... 122
4.2.11 Utensílios ..................................................................................................................... 126
4.2.12 Cipós ............................................................................................................................ 128
4.2.13 Taperebá ...................................................................................................................... 131
4.2.14 Borracha ...................................................................................................................... 135
4.2.15 Andiroba ...................................................................................................................... 138
4.2.16 Curauá .......................................................................................................................... 148
4.2.17 Buriti ............................................................................................................................ 150
4.2.18 Urucum ........................................................................................................................ 154
4.2.19 Leites ........................................................................................................................... 157
4.2.20 Muruci ......................................................................................................................... 160
4.2.21 Lenha ........................................................................................................................... 164
4.2.22 Plantas medicinais ....................................................................................................... 165
4.2.23 Bacaba ......................................................................................................................... 168
4.2.24 Breu-branco ................................................................................................................. 170
4.2.25 Artesanato de balata..................................................................................................... 173
4.2.26 Carvão .......................................................................................................................... 175
4.2.27 Uxi ............................................................................................................................... 177
4.2.28 Artesanato indígena ..................................................................................................... 178
4.2.29 Cacau (fruto) ................................................................................................................ 179
4.2.30 Cajuaçu ........................................................................................................................ 181
4.2.31 Óleo de piquiá .............................................................................................................. 182
4.2.32 Bacuri .......................................................................................................................... 184
4.2.33 Óleo de castanha-do-brasil .......................................................................................... 185
4.3 ANÁLISES AGRUPADAS ............................................................................................. 188
5 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 201
6 RECOMENDAÇÕES ........................................................................................................ 204
7 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 209
8 APÊNDICES ...................................................................................................................... 213
27
1 INTRODUÇÃO
Segundo o Ministério da Agricultura de Moçambique (2008), os Produtos Florestais
Não Madeireiros (PFNM) são aqueles derivados da floresta, exceto a madeira, cuja definição
engloba fibras, frutos, raízes, cascas, folhas, taninos, cogumelos, exudados, mel, plantas
medicinais, lenha e carvão, entre outros. Silva et al. (2010) ressaltam que, em tese, estes
produtos também podem ser obtidos de plantas semidomesticadas em plantios ou sistemas
agroflorestais.
Nas últimas décadas, assiste-se em todo o mundo, o crescimento da preocupação
relacionada a fatores como aquecimento global e o desmatamento das florestas tropicais, que
atraem o interesse de diversos atores sociais, que anseiam em equacionar tais impactos.
Dentro deste contexto, a extração e comercialização dos PFNM no Brasil têm apresentado
grande importância social, econômica e ambiental, em virtude de ocorrer prioritariamente em
pequenas propriedades, preservar parte importante da biodiversidade das florestas nativas
(FIEDLER et al., 2008) e gerar renda.
Em relação ao comércio dos PFNM, nota-se que o mercado internacional desses
produtos é relativamente conhecido, diferente das cadeias de comercialização no mercado
doméstico. No estado do Pará, assim como nos outros estados da Amazônia Legal, é restrita a
literatura e dados existentes sobre o mercado “invisível” de muitas espécies de valor local ou
regional e sua importância para as populações rurais e urbanas envolvidas ao longo da sua
cadeia de produção (MONTEIRO, 2003). Dessa forma, gestores e demais audiências estão
desinformados sobre o fluxo desse comércio, que permanece oculto (SILVA, 2010).
Apesar da magnitude socioeconômica dos PFNM, verifica-se que há pouca
informação sistematizada sobre quantidade, valor, processos de produção, industrialização e
comercialização desses produtos. Essa escassez de informações é um empecilho à
conservação e ao desenvolvimento de estratégias mercadológicas para esses produtos
(FIEDLER et al., 2008).
Este estudo teve como objeto principal identificar e analisar as cadeias de
comercialização dos PFNM na Região de Integração (RI) Baixo Amazonas, Estado do Pará,
evidenciando os fatores críticos e potencialidades, como forma de subsidiar políticas públicas.
28
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
Identificar e analisar as cadeias de comercialização de produtos florestais não
madeireiros da Região de Integração Baixo Amazonas, Estado do Pará, buscando
evidenciar fatores críticos e potencialidades.
2.2 ESPECÍFICOS
Identificar e descrever as estruturas das cadeias de comercialização dos produtos
florestais não madeireiros da Região de Integração Baixo Amazonas; e
Quantificar o Valor Bruto da Produção (VBP), explicitando a produção agroextrativista
do setor alfa (VBPα), o Valor Agregado Bruto (VAB) juntamente com a margem bruta
de comercialização (mark-up) e a Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada na
comercialização dos produtos identificados.
29
3 METODOLOGIA
No intuito de descrever e analisar as cadeias de comercialização dos produtos
florestais não madeireiros (PFNM), a partir do conjunto dos 12 municípios pertencentes à RI
do Baixo Amazonas, Estado do Pará, desde os agentes que compraram do produtor até os que
venderam para o consumidor, este estudo baseou-se na metodologia das Contas Ascendentes
Alfa CSα (COSTA, 2002, 2006 e 2008a), que permite construir Contas Sociais de base
agroextrativista, para uma região, utilizando o modelo Matriz Insumo-Produto de Leontief
(1983).
As “Contas Sociais Alfa” (CSα) referem-se à metodologia de cálculo ascendente de
matrizes de insumo-produto de equilíbrio computável e, que se baseia nos parâmetros e
indicadores de cada produto que compõem os setores originários e fundamentais, justifica-se
pelo fato de permitir uma análise pontual ou com foco na real problemática local, haja vista
que as estatísticas de produção são obtidas mais irredutível possível de uma economia local.
Ou seja, este método além de fazer uma “fotografia” da realidade macroeconômica e social de
uma delimitação geográfica, fornece respostas a questões que envolvem os impactos gerados
por ações e programas de desenvolvimento ali implementados.
Conforme explica Costa (2008b), o método consiste em identificar a produção de
cada agente que pode ser agregado nos “setores alfa”, de certa delimitação geográfica e
acompanhar os fluxos até sua destinação final. Nesse trajeto define parametricamente as
condições de passagem pelas diversas interseções entre os setores derivados (quantidades
transacionadas em cada ponto e o mark-up correspondente), tratados como “setores beta”, os
quais são ajustados a três níveis diferentes: o local (βa), o estadual (βb) e o nacional (βc).
Esta metodologia foi aplicada na região sudeste do Pará, caracterizada por tensões
entre grandes projetos pecuários e minerais, e a expansão camponesa, com assentamentos da
reforma agrária. O trabalho desenvolvido por Costa (2008b), contempla a análise de insumo-
produto com metodologia ascendente que explicita a diversidade estrutural dos setores de
base primária e os impactos econômicos da programação de investimento da Companhia Vale
do Rio Doce (CVRD) de 2004 até 2010. Os resultados do estudo indicam que a metodologia
ascendente CSα permitiu fazer as diferenciações estruturais necessárias na geração de uma
matriz de insumo-produto mais aderente à complexidade da economia local, evidenciando a
influência expressiva na economia do setor mineral do Sudeste Paraense, com complexidade
de tal ordem que sua expansão cria possibilidades de crescimento para os demais setores da
economia local. Por outro lado, demonstrou vazamentos de vulto (em termos de renda,
30
agregação de valor, entre outros) – tanto da economia local e no entorno mais próximo, para a
economia do resto do Pará, quanto para o resto do Brasil.
Em outro estudo Costa e Costa (2008) descreveram a economia da cultura do festival
de bois de Parintins, estado do Amazonas, utilizando a metodologia das CSα conjuntamente
orientada pelo conceito de Arranjos Produtivos Locais (APL). O estudo identificou limitações
de infraestrutura, apontou impactos para a economia do município com a produção e
realização do evento, com isso o município recebeu tratamento diferenciado por parte dos
poderes públicos, que se converteram em investimentos reais e o APL da cultura identificado
representou 10% da economia local e se apresentou como uma nova base de exportação, com
um efeito multiplicar elevado.
A aplicação da metodologia CSα por Dürr (2008) no Departamento
1 de Sololá, na
Guatemala, permitiu descrever as cadeias produtivas dos principais produtos da agricultura
camponesa, construiu a Contabilidade Social de base agrária do Departamento, ou seja,
calculou o Produto Interno Bruto mostrando a contribuição de diferentes setores,
especialmente no setor rural e da economia regional e, por último, identificou os impactos
sobre a agricultura e o desenvolvimento econômico das zonas rurais locais, estimado através
do uso de Matrizes de Insumo-Produto como ferramenta para o planejamento estratégico do
Departamento de Sololá. Devido as repercussões deste estudo, o autor replicou para o
departamento de El Quiché (DÜRR et al., 2009), para o território chamado de Bacia do rio
"Polochic. "(LOZA et al., 2009) e para o departamento de Petén (DÜRR et al., 2010).
O trabalho de Carvalho (2010) apresenta as contribuições que os produtos florestais
não madeireiros têm na economia do Estado do Amapá, fazendo o uso do método de Contas
Sociais Alfa em razão da inexistência de informações sistematizadas ou agregadas em nível
local. Contudo, consegue estabelecer as análises estruturais a partir das interrelações
existentes entre os agentes mercantis que participam do arranjo produtivo dos PFNM,
analisando os efeitos dos multiplicadores setoriais, os impactos do crescimento econômico na
produção, trabalho e renda setorial de toda a economia.
Na mesma linha, Gomes (2007) identificou e caracterizou cadeias de
comercialização de produtos existentes nas florestas secundárias nas categorias de frutíferas,
derivados da madeira (lenha, carvão e estaca), mel e diversas plantas medicinais nos
municípios de Bragança, Capitão Poço e Garrafão do Norte, Estado do Pará. A autora utilizou
o método de Contas Sociais Alfa para captar as especificidades econômicas e sociais que ao
1 Unidade federativa equivalente a estado.
31
contrário dos cálculos das contas regionais do IBGE, que consideram as regiões homogêneas
nas estimações conjunturais impossibilita captar as especificidades locais. O estudo detectou a
circulação aproximada de quatro milhões de reais, para o ano de 2005, identificando a
importância da vegetação secundária como reserva de valor e como agente dinamizador da
renda rural e dos setores econômicos associados como atacadistas, varejistas e agroindústrias.
No caso deste estudo desenvolvido pelo Idesp em parceria com o Ideflor, a
metodologia foi adequada para a contabilidade social ascendente que engloba além da
produção agroextrativista, as atividades na indústria e nos serviços que atuam diretamente nos
setores com foco nos produtos florestais não madeireiros. Trata-se de um modelo de calculo
de renda e do produto social do agroextrativismo que permitiu mensurar variáveis como o
Valor Bruto da Produção de Base Agroextrativista (VBPα), o Valor Agregado Bruto de Base
Agroextrativista (VABα) e o Produto Regional Bruto de Base Agroextrativista (PRB
α). De
acordo com Considera et al. (1997) o Produto Regional Bruto (PRB) seria o equivalente
regional ao Produto Interno Bruto (PIB) deste setor.
O modelo também produziu as matrizes das interrelações intersetoriais que as
fundamentam, por uma metodologia que maximiza a utilização dos dados do IBGE, tanto os
do Censo Agropecuário de 2006, quanto as séries históricas de 1990 a 2008 da Produção
Agrícola Municipal (PAM), da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) e da
Produção da Pecuária Municipal (PPM) e, correlacionando-os aos dados da pesquisa primária
executada pelo Idesp, permitiu agregações as mais variadas, orientadas tanto por atributos
geográficos, quanto por atributos estruturais do setor.
A metodologia adotada permite descrever trajetórias de agregação, tanto em função
de um espaço geográfico limitado (município, região, território, etc.), quanto em decorrência
das estruturas da produção: formas de produção, tipos de atividades, níveis tecnológicos,
sistemas de produção, entre outros. A metodologia apresenta uma série de vantagens, tais
como: rapidez na coleta de dados primários em campo, identificação dos maiores volumes
comercializados junto aos agentes mercantis chaves, quantificação dos valores pagos ao setor
da produção agroextrativista, principais gargalos evidenciados nas cadeias de
comercialização, a economia antes invisível passa a ser explícita para diversos produtos e
aponta indicativos para subsidiar políticas publicas.
As etapas adotadas desde a identificação do agente mercantil, até as análises das
cadeias de comercialização, consistiram em uma série de ações descritas a seguir.
Articulação prévia, feita em Belém e/ou na chegada a cada um dos doze municípios
visitados da Região de Integração Baixo Amazonas, junto a informantes-chaves (como os
32
técnicos dos escritórios da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do
Pará - Emater/Pará, dos sindicatos de trabalhadores rurais, das secretarias municipais de
agricultura, das cooperativas, das associações, das feiras, dos mercados locais, entre outros),
no que se referiu à produção e/ou comercialização dos produtos florestais não madeireiros
existentes no município, para o período de doze meses e, fazer a identificação dos agentes
mercantis envolvidos nestas atividades, para serem entrevistados.
Inicialmente a coleta de dados foi realizada em novembro de 2009, abrangendo seis
municípios da RI Baixo Amazonas (Santarém, Juruti, Oriximiná, Óbidos, Curuá e Alenquer) e
um da RI Tapajós (Aveiro), conforme termo de cooperação técnica e financeira (TCTF) No.
001/2009 – Ideflor/Idesp e, em agosto de 2010, realizada nos demais municípios do Baixo
Amazonas, de acordo com o TCTF No. 002/2010.
A coleta de dados ocorreu junto aos agentes mercantis com aplicação de questionário
(Apêndice A). Nesta etapa, buscam-se os principais agentes (vendedores/compradores) de
cada produto, que geralmente representam importantes elos da cadeia, os quais em seguida,
direcionam os elos para trás (comprou de quem) e para frente (vendeu para quem) na cadeia,
compondo uma amostragem não probabilística autogerada (CABRAL, 2000), até chegar à
produção local de um lado, bem como ao último que vendeu o produto para o consumidor
final, no outro extremo da cadeia (DÜRR; COSTA, 2008). Esta metodologia identificou
relações existentes entre agentes mercantis, que atuam tanto na formalidade até os de
completa informalidade, e foi capaz de apontar o fluxo de comercialização para cada produto
identificado. Neste tipo de amostragem o tamanho e a localização da população não são
conhecidos a priori pelo pesquisador, então, esta é composta na medida em que o pesquisador
identifica um agente mercantil, e solicita ao mesmo que indique os que também fazem parte
da população em estudo, e assim, sucessivamente, a amostra é construída (MATTAR, 1997).
Deste modo, para o levantamento dos doze municípios foram aplicados cento e noventa e
quatro questionários junto aos agentes mercantis envolvidos direta ou indiretamente com a
comercialização dos PFNM.
Durante a aplicação dos questionários, foi possível georreferenciar cada
estabelecimento, utilizando o sistema de posicionamento global (GPS), compondo uma das
bases de dados com as coordenadas geográficas. Além disso, foi possível compor uma base de
dados qualitativos disponíveis na plataforma Windows, Microsoft Office 2007 no aplicativo
Access, e outra base de dados quantitativos no sistema NETZ2, com circuitos (referentes aos
2 Software desenvolvido por Francisco de Assis Costa – NAEA/UFPA.
33
produtos) e lançamentos (referentes às transações comerciais realizadas pelos agentes, por
produtos).
A padronização dos dados coletados em cada entrevista foi necessária para que as
unidades de quantidade (medida usada em kg, litro, saca entre outros) e de preço praticado
fossem uniformizadas conforme cada produto. As informações inseridas no sistema NETZ
referem-se aos dados primários de preço e quantidade para cada produto, em cada relação
mercantil de compra e venda, classificando por setor (produção, varejo, atacado, indústria e
consumidor) e por recorte espacial (local, estadual e nacional).
Depois deste processo, foram elaboradas as matrizes que descrevem a probabilidade
da distribuição das quantidades e de atribuição dos preços a partir das relações entre os
agentes e, uma vez determinadas suas posições estruturais, entre os setores. As Matrizes
Insumo-Produto (MIP) descrevem nas colunas as compras e nas linhas as vendas dos setores
da produção primária e intermediaria (indústria, atacado e varejo), entre si, e as vendas para a
demanda final local, estadual ou nacional. No entanto, como forma de melhor visualizar cada
matriz, a equipe do Idesp envolvida no estudo desenvolveu um modelo de apresentar os
mesmos dados, com os fluxos de compra e venda e os setores responsáveis por cada elo da
cadeia. A inovação trata-se da disposição visual dos diversos agentes mercantis ou setores
representados por pequenas caixas retangulares (produção local e extralocal, varejo, indústria
de beneficiamento, de transformação, atacado, consumidor, etc.) e espacialmente distribuídos
na economia local, estadual ou fora do estado (nacional e internacional), representados por
retângulos maiores em três cores distintas. Foram adotadas setas em diferentes formatos para
a representação dos canais ou fluxos de comercialização, que iniciam na produção local e
extralocal até os consumidores finais.
Quanto aos fluxos da comercialização por produto estudado, estes foram organizados
para três dimensões geográficas: a) local, que corresponde aos doze municípios pesquisados
na RI Baixo Amazonas; b) estadual, para os demais municípios do estado do Pará e; c)
nacional, que foram comercializados para outros estados e/ou países. O estudo possibilitou
compreender os fluxos existentes nas relações entre agentes/setores e seu papel relativo ao
longo da cadeia em função dos volumes transacionados. Ainda com base nas matrizes de
preço e quantidade, a relação dessas gera os respectivos preços médios praticados ou
implícitos por produto e por setor (em Reais por unidade do produto), agregado ou não, ao
longo da cadeia, da produção até o consumo final.
A metodologia permite a atualização dos dados para os anos seguintes da
Contabilidade Social da Produção de Base Agroextrativista (CSα) obtida com os dados mais
34
recentes divulgados pelo IBGE, neste caso com o Censo Agropecuário de 2006. Para tanto,
foram construídos indexadores de quantidade e preço baseados nas séries municipais da PAM,
PEVS e PPM, no mesmo recorte regional, assim como as séries de preços dos produtos da
agricultura do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA).
Existem duas especificidades na construção dos indexadores: aquela em que o produto
em questão é levantado sistematicamente e faz parte do acervo de estatísticas conjunturais,
acima explicitado, e aquela em que o produto estudado não é levantado sistematicamente. Na
primeira situação os indexadores de quantidade (IQ) são os números índices do total das
quantidades do produto v, para o conjunto dos municípios que atendem à restrição s, tendo no
caso do agroextrativismo, 2006 como ano base. E para os indexadores de preço (IP) os
números índices do preço médio do produto v, para os municípios que atendem a restrição
geográfica s, tendo 2006 também como ano base (COSTA, 2002, 2006 e 2008).
Os indexadores de quantidade e de preço são assim construídos:
Onde:
: atributo geográfico (local: municípios da RI Baixo Amazonas; estadual: demais
municípios do estado do Pará e nacional: outros estados e/ou países),
: produto,
: ano da pesquisa oficial (2006, 2007 e 2008),
: quantidade do produto conforme seu atributo geográfico no ano da pesquisa
oficial,
: quantidade do produto conforme atributo geográfico no Censo Agropecuário
de 2006,
: preço médio (ou implícito) conforme seu atributo geográfico no ano da
pesquisa, e
: preço médio (ou implícito) conforme atributo geográfico no Censo de 2006.
Em relação aos produtos não levantados sistematicamente, estes foram indexados
pela evolução do conjunto da produção numa certa delimitação geográfica. A evolução do
conjunto da produção é observada pelos números índices da evolução do produto real e dos
preços implícitos para a restrição geográfica s. O produto real é a soma dos resultados da
multiplicação das quantidades de cada produto no ano a, pelo preço em um ano escolhido
35
para fornecer o vetor de preços, neste caso, média dos anos de 2006, 2007 e 2008. Portanto,
os indexadores dos PFNM que não estão presentes nas estatísticas oficiais foram elaborados
conforme agrupamentos, tendo como referências as categorias: geral para alimentícios; geral
para aromáticos, medicinais, tóxicos e corantes; geral oleaginosas; outras oleaginosas e geral
do IBGE.
Sendo assim, os frutos bacaba, bacuri, buriti, cajuaçu, cacau, muruci, taperebá,
tucumã, uxi e o palmito foram agrupados na categoria de alimentícios. As ervas (açoita-
cavalo, acapurana, marapuama, pata-de-vaca, preciosa, quinarana e unha-de-gato), as cascas
(arapari, aroeira, assacu, barbatimão, carapanaúba, envirataia, sacaca, taxi-branco, ucuúba,
verônica, ipê-roxo e mururé), os leites (anani, amapá, jatobá e sucuúba), a fava do jucá e a
resina do breu-branco foram agrupados na categoria geral de aromáticos, medicinais, tóxicos
e corantes. Os óleos da castanha-do-brasil e do piquiá foram agrupados na categoria geral de
oleaginosas. Na categoria de indexador geral de quantidade (que utiliza o conjunto de todos os
produtos identificados pelo IBGE) foram identificados treze produtos ou conjunto de produtos
(artesanato indígena, artesanato regional, artesanato de balata, cuia, fibra de curauá, cipó
escada-de-jabuti, cipó-titica, cipó-timbó, utensílios confeccionados com fibra de guarumã
como abano, paneiro grande e pequeno, peneira e tipiti). A andiroba ficou na categoria de
outras oleaginosas.
Os únicos produtos que tiveram seus próprios indexadores, criados com base nas
estatísticas oficiais, foram: açaí, borracha da seringueira, amêndoa do cacau, castanha-do-
brasil, óleo de copaíba, amêndoa do cumaru, cupuaçu, lenha, malva, mel de abelha, semente
de urucum e o carvão vegetal.
Finalmente, foi estimada a CSα para o ano de 2008, por ser o inicio do estudo,
multiplicando os indexadores obtidos com a matriz de estrutura, que descrevem a
probabilidade da distribuição das quantidades e, com a matriz de preços a partir das relações
entre os agentes. O resultado gera uma Matriz de Insumo Produto (MIP) para cada produto
pesquisado, contendo o Valor Bruto da Produção de base agroextrativista (VBPα) sob a ótica
da oferta, o VBP sob a ótica da demanda (ou seja, compra de insumo), o Valor Transacionado
Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado ou Agregado Bruto (VAB), a Renda Bruta
Total (RBT) e, a margem bruta de comercialização (mark-up), que é a relação entre a
diferença do valor estimado do VAB com o VBPα (sob a ótica da oferta) pelo VBP
α, para que
sejam feitas as análises econômicas (estimadas para 2008) e os impactos que cada produto
não madeireiro exerceu na economia local, estadual e fora do estado. Frisa-se, no entanto, que
no cálculo do VAB como na estimação do mark-up, não se levou em consideração os custos
36
produtivos e/ou de comercialização, pois não foram foco da pesquisa. Em algumas cadeias,
também não foi possível descrever a proporção dos PFNM utilizados como insumo na
preparação de certos produtos finais, como doces, cosméticos, medicinais, entre outros.
A definição em estimar a CSα para o ano de 2008 foi adotada para este estudo (Baixo
Amazonas) e para as demais regiões estudadas (Tocantins, Guamá, Rio Caeté, Xingu e
Marajó), permitindo assim comparações entre as economias de cada região. O método permite
também fazer atualizações desta economia conforme novos cálculos dos indexadores por
produto, após divulgação de estatísticas oficiais.
Foram identificados sessenta e três (63) PFNM, relacionados no Apêndice B, os
quais foram classificados conforme a sua utilização identificada em campo. Foram estudados
quatorze artesanatos e utensílios (abano, paneiro pequeno e grande, peneira e tipiti de fibra de
guarumã, cuia, breu-branco, artesanato indígena, artesanato regional, artesanato de balata,
malva, curauá fibra, cipó-titica, cipó-timbó); quatorze alimentícios (açaí, bacaba, cacau fruto,
cacau amêndoa, uxi, cajuaçu, bacuri, castanha-do-brasil, cupuaçu, muruci, taperebá, urucum,
tucumã e buriti); trinta e um fármacos e cosméticos (leites de amapá, de anani, de jatobá e de
sucuúba; óleo de castanha-do-brasil, óleo de piquiá, andiroba, copaíba, semente de cumarú,
cipó escada-de-jabuti; fava de jucá; ervas de: acapurama, açoita-cavalo, pata-de-vaca,
preciosa, quinarana, marapuama e unha-de-gato; e cascas de: arapari, aroeira, assacu,
barbatimão, caimbé, carapanaúba, envirataia, ipê-roxo, mururé, sacaca, taxi, sucuúba e
verônica); um derivado animal (mel de abelha) e três derivados da madeira (carvão, lenha e
borracha).
Cada produto identificado foi analisado individualmente, por estruturas de fluxo de
quantidade e preço médio praticado ao longo das cadeias de comercialização e, descritos os
setores mercantis das esferas local, estadual e nacional. Para outros produtos que
apresentaram similitude como: uma pequena amostragem de dados, semelhança do fluxo de
comercialização entre os agentes e, principalmente, utilidades similares, as análises foram
agrupadas em: artesanato regional, artesanato indígena, artesanato de balata, utensílios, cipós,
plantas medicinais e leites.
Além disso, para oito produtos com maior destaque (castanha-do-brasil, açaí fruto,
cumaru semente, malva, óleo de copaíba, mel, cacau amêndoa e óleo de andiroba) as análises
econômicas detalhadas estão apresentadas com VBP pela ótica da oferta, com VAB e a
margem bruta de comercialização por setor, assim como a RBT gerada pela ótica da demanda.
A classificação dos agentes nas cadeias de comercialização foi adaptada aos
seguintes conceitos, conforme Costa (2002) e Dürr (2004).
37
Produção Extralocal: Produção primária agroextrativista oriunda de outras regiões
de integração que não fazem parte da região estudada;
Produção local: Produção primária agroextrativista do município ou da região;
Varejo rural local: Pequenos comerciantes do interior dos municípios que compram
dos produtores, comumente denominados atravessadores rurais;
Indústria de beneficiamento local: Unidades de beneficiamento da produção,
localizadas na região;
Indústria de transformação local: Unidades de transformação da produção,
localizadas na região;
Atacado local: Grandes compradores (atacadistas, representantes de empresas),
localizados nos centros urbanos da região, que normalmente compram do varejo
e/ou vendem para o varejo;
Varejo urbano local: Pequenos comerciantes nas cidades (varejistas, feirantes,
marreteiros, vendedores ambulantes);
Indústria de beneficiamento estadual: Unidades de beneficiamento no Pará,
localizadas além da RI Baixo Amazonas;
Indústria de transformação estadual: Unidades de transformação no Pará;
Atacado estadual: Empresas compradoras da produção no Pará;
Varejo urbano estadual: Comércios (supermercados, etc.) no Pará, que vendem para
o consumidor estadual;
Indústria de beneficiamento nacional: Unidades de beneficiamento no Brasil;
Indústria de transformação nacional: Unidades de transformação no Brasil;
Atacado nacional: Empresas compradoras do nível nacional;
Varejo urbano nacional: Comércios nacionais que vendem para o consumidor
nacional.
As categorias de agentes mercantis estão descritas por produto não madeireiro
identificado, quer seja individual ou em grupo.
As análises econômicas de todos os produtos identificados estão descritas em
detalhes no item 4.3.
38
4 RESULTADOS
4.1 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO BAIXO AMAZONAS
4.1.1 Caracterização
A Região de Integração Baixo Amazonas abriga um total de doze municípios
(Figura 1), com uma população de aproximadamente 678.542 habitantes (IBGE, 2010), o que
corresponde a 9% da população do Estado do Pará. Há um predomínio da população urbana
sobre a rural, com um índice de 60% em relação à população total da região. Sua área
territorial corresponde a 25,32% da área total do Estado, o que configura a RI como a maior
área, cuja densidade demográfica foi de 2,15 hab/km². Apenas três municípios (Alenquer,
Monte Alegre e Oriximiná) são de porte intermediário, pois possuem população maior que 50
mil habitantes (50 a 65 mil). Todavia, Santarém supera a faixa dos 100 mil habitantes,
contabilizando 294.580 habitantes, equivalente a 43,41% da população da RI, se constituindo,
deste modo, município pólo da região (PARÁ, 2010). Os demais estão na categoria de porte
pequeno, com população abaixo de 50 mil.
FIGURA 1 - Municípios pertencentes à Região de Integração Baixo Amazonas, estado do
Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Nesta região estão instaladas grandes empresas do ramo da indústria extrativa
mineral e vegetal (Oriximiná e Juruti – bauxita; Almeirim – celulose), voltada à exportação de
produtos semi-elaborados, com baixo valor agregado e pouca articulação com a economia
local. Além da presença de grandes agroindústrias e usinas de beneficiamento de castanha-do-
39
brasil, andiroba, copaíba e semente de cumaru, em Oriximiná e Óbidos (IDESP, Pesquisa de
Campo, 2010). Vale ressaltar que esta região de integração é a segunda maior província
mineral constatada, com aproximados 6% de área no território paraense.
Os produtos não madeireiros identificados na RI Baixo Amazonas que constam nas
estatísticas oficiais de exportação, não chegaram a constituir nem 1% (U$$ - FOB -
3.388.017) do valor total da exportação realizada pela região, no período entre janeiro a
dezembro de 2010, contabilizado em U$$ - FOB - 566.347.435 (BRASIL, 2010), assim como
a sua representatividade no total exportado foi, em torno de 27% a menos sobre igual período
em 2009, devido principalmente à queda das exportações da castanha-do-brasil com casca.
Entre as explicações para tal fato, estão: a crise global de 2009 que ocasionou uma redução
substancial na demanda mundial; as variações do câmbio, pois no decorrer deste ano de crise
o dólar fechou o ano em queda o que ocasionou a perda de competitividade; a queda de safra
ocasionada por fatores climáticos associado com a redução da coleta de alguns desses
produtos exportados, em especial da castanha-do-brasil, pois o fator preço praticado no
referido ano de crise foi desestimulante. Entretanto, o valor de exportação dos PFNM obtidos
em 2010 (U$$ - FOB - 3.388.017), quando comparado com o obtido em 2009 (U$$ - FOB –
2.597.679), representou uma variação de 30%. Entre os municípios que compõem esta região,
apenas Oriximiná, Óbidos e Santarém exportaram produtos florestais não madeireiros, no
entanto, em 2010, apenas os dois primeiros realizaram transações com o mercado exterior, os
quais configuraram 76% e 24%, respectivamente, de participação no valor exportado
(BRASIL, 2010).
Com relação ao Indicador de Desenvolvimento Humano, esta região apresentou um
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de 0,68, em 2000, menor que o
índice apresentado pelo estado do Pará de 0,72, devido principalmente ao baixo IDH-
M/Renda, de apenas 0,52 (PARÁ, 2010).
Em 2007 o Produto Interno Bruto – PIB somou R$ 3.571.678,00, com uma variação
de 8,8% em relação ao PIB contabilizado no ano anterior, porém se manteve na 4ª colocação
no ranking entre as regiões de integração e participou com um percentual de 7,2% no PIB
estadual. Já o PIB per capita, na ordem de R$ 5.593,14, configurou-se como o 6º colocado
entre as regiões, que se deve ao crescimento das atividades econômicas e a arrecadação de
impostos. As participações dos setores econômicos, considerando somente o Valor Agregado,
corresponderam a: 13,5% Agropecuário, 25,4% Indústria e 61,1% Serviços. Considerando o
crescimento relativo ao ano de 2006, o setor de serviços foi o que obteve a maior variação,
correspondente a 14,5%. Esta atividade, também se configura como a base econômica da
40
maioria dos municípios que compõem a região, com exceção de Almeirim e Oriximiná, cujas
bases correspondem ao setor de indústria, principalmente vegetal e mineral, respectivamente.
Entre os municípios que fazem parte da região de estudo, Faro e Curuá se
caracterizaram como os de menor participação na economia da região, pois representaram
0,9% (R$ 31.541) e 1% (R$ 35.983) do PIB, respectivamente, caracterizados pela baixa
concentração demográfica e forte dependência em relação ao setor de serviços e da
administração pública. Em contrapartida, Santarém é o município com maior participação no
PIB regional, com aproximadamente 44,2% (R$ 1.578.336), pois o setor agropecuário (onde
estão inseridos os produtos de origem extrativista) obteve um valor, em torno, duas vezes
maior que o 2º colocado Monte Alegre, e o setor de serviço (R$ 1.090.485) aproximadamente
cinco vezes maior que valor computado para Oriximiná, justificando assim, sua condição de
cidade pólo da região.
A RI Baixo Amazonas apresenta proporcionalmente a maior área de floresta, com
80% de sua extensão formada pela floresta ombrófila densa: aquela em que não falta umidade
durante o ano; com altos índices de precipitação pluvial e com temperatura média de 25° C
(PARÁ, 2000). Com base nos dados do Macrozoneamento Ecológico-Econômico do Estado
do Pará (MZEE – PA) (PARÁ, 2010), a região do Baixo Amazonas é a que possui a maior
área protegida do Pará, com aproximadamente 231.527 km² distribuídas em: Unidades de
Conservação (UCs) de proteção Integral, Uso Sustentável, Terras Indígenas e Territórios
Quilombolas. No que tange às Zonas de Consolidação e Expansão, estas somam em torno de
85.508 km², o que corresponde a 27% da região (PARÁ, 2010).
41
4.2 ANÁLISE DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO
Nos doze municípios da Região de Integração Baixo Amazonas (Figura 2) foram
identificados sessenta e três produtos florestais não madeireiros, com quantidade
comercializada no período de doze meses e o valor pago à produção local (Tabela 1). A
relação das espécies / produtos estudados estão descritos no Apêndice B.
FIGURA 2 - Localização da Região de Integração Baixo Amazonas, estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
A comercialização de dezenas destes produtos acontece em diferentes
estabelecimentos e feiras, explicitando a diversidade e a realidade regional, conforme imagens
registradas nos municípios visitados (Apêndice C).
As análises das principais cadeias de comercialização da Região Baixo Amazonas
estão descritas e ilustradas a seguir.
42
TABELA 1 - Produtos florestais não madeireiros identificados na RI Baixo Amazonas, com
quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem realizada em campo, no
período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Castanha-do-brasil (kg) 7.963.775,00 14.822.301,90 69,10
Açaí (kg) 3.418.278,00 3.906.191,56 18,21
Cumaru semente (kg) 59.974,00 458.832,50 2,14
Malva (kg) 277.000,00 415.500,00 1,94
Copaíba óleo (l) 31.037,53 361.454,53 1,69
Utensílios (un.) (1) 68.709,00 268.154,73 1,25
Cupuaçu (un.) 235.257,00 228.240,64 1,06
Mel (l) 13.835,50 206.564,79 0,96
Cacau amêndoa (kg) 37.000,00 167.998,88 0,78
Tucumã (kg) 356.715,27 122.857,28 0,57
Artesanato regional (un.) 13.966,00 95.803,24 0,45
Cipós (kg) (2) 56.454,64 68.788,08 0,32
Taperebá (kg) 57.188,87 51.580,50 0,24
Borracha (kg) 31.702,00 49.132,50 0,23
Andiroba (l) 2.286,00 39.441,00 0,18
Curauá fibra (kg) 7.600,00 30.400,00 0,14
Buriti fruto (kg) 63.994,00 28.923,44 0,13
Urucum (kg) 11.070,00 25.875,00 0,121
Leites (l) (3) 2.710,00 25.585,00 0,119
Muruci (l) 12.587,60 19.544,11 0,091
Lenha (m3) 600,00 12.000,00 0,056
Plantas medicinais (kg) (4) 2.380,00 10.145,00 0,047
Bacaba (kg) 9.912,00 9.140,88 0,043
Breu-branco (kg) 4.445,50 7.476,00 0,035
Artesanato de balata (un.) 630,00 7.308,00 0,034
Carvão (sc. 15kg) 780,00 6.480,00 0,030
Uxi (un.) 21.800,00 1.494,00 0,007
Artesanato indígena (un.) 120,00 1.215,60 0,006
Cacau fruto (un.) 3.600,00 492,00 0,0023
Cajuaçu fruto (kg) 20,00 400,00 0,0019
Piquiá óleo (l) 30,00 350,00 0,0016
Bacuri (un.) 800,00 240,00 0,0011
Castanha-do-brasil óleo (l) 4,00 200,00 0,0009
Total 21.450.111,16 100,00
(3) anani, amapá, jatobá e sucuúba.
(4) cipó escada-de-jabuti; fava de jucá; ervas de: acapurama, açoita-cavalo, pata-de-vaca, preciosa,
quinarana, marapuama e unha-de-gato; e cascas de: arapari, aroeira, assacu, barbatimão, caimbé,
carapanaúba, envirataia, ipê-roxo, mururé, sacaca, taxi, sucuúba e verônica.
Produtos Florestais Não Madeireiros Quantidade Valor (R$) Valor/Total (%)
(1) abano, paneiro grande e pequeno, peneira e tipiti de fibra de guarumã e cuia.
(2) titica e timbó.
43
4.2.1 Castanha-do-brasil
a) Caracterização dos agentes mercantis.
Apresentando-se economicamente como o principal produto florestal não madeireiro
para a região em estudo, a castanha-do-brasil apresentou em sua estrutura de comercialização,
ilustrados de acordo com a localização, (Figura 3) vinte agentes entrevistados, sendo dois
produtores e dezoito que atuam na comercialização, distribuídos em dois atravessadores,
quatro indústrias de beneficiamento, três docerias - indústria de transformação, oito
atacadistas e um feirante. A maioria dos agentes envolvidos na comercialização da castanha
atua em outros ramos de atividades, tais como: proprietários de posto de gasolina, de hotel,
domésticas vendedor de farinha e agricultura familiar.
FIGURA 3 - Localização dos agentes mercantis da castanha-do-brasil na RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
O Quadro 1 descreve a caracterização dos agentes mercantis envolvidos na
comercialização deste produto de acordo com seus respectivos setores e mercados.
44
QUADRO 1 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da castanha-do-brasil da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção
Produção primária da castanha-do-brasil, coletada por
extrativistas diretamente na floresta, que realizam a quebra dos
ouriços liberando as sementes para serem comercializadas;
Varejo rural Atravessadores (ou representantes) que possuem contratos com
empresas de beneficiamento local e estadual que compram a
castanha-do-brasil, somente na safra, diretamente dos coletores;
Indústria de
beneficiamento
Grandes empresas que realizam o processamento industrial da
castanha-do-brasil. Os procedimentos e equipamentos
utilizados são segredos de cada indústria. As principais etapas
são: armazenagem adequada, limpeza, secagem, separação
(classificação da semente), cozimento, descascamento para
obter a amêndoa, acondicionamento em embalagens
aluminizadas e fechadas a vácuo, organizadas em caixas de
papelão, para então serem embarcadas para atender o mercado
nacional e internacional;
Indústria de
transformação Empresas (familiares) que compram a amêndoa diretamente do
produtor local e transformam em doces;
Atacado
Atacadistas, representantes de empresas e associações de
coletores de castanhas, localizados nas sedes dos municípios,
que adquirem grandes quantidades de castanha do setor da
produção;
Varejo urbano Feirantes, um supermercado e comerciantes varejistas que
comercializam a castanha na forma de semente para o
consumidor final local.
Estadual
Indústria de
beneficiamento
Unidades de beneficiamento situadas no âmbito estadual (mais
especificamente na região metropolitana de Belém) que
realizam o processamento industrial e exportação da castanha.
A presente pesquisa não conseguiu informações sobre os
procedimentos e equipamentos utilizados no beneficiamento
considerados segredos de empresa. Esse fato é justificado pelo
setor ser oligopolizado;
Varejo urbano Comerciantes varejistas (supermercado) que comercializam a
castanha beneficiada para o consumidor final estadual.
Nacional Varejo urbano Comércios varejistas (redes de supermercado) situados fora do
Estado, assim como varejistas voltados para as vendas ao
comércio exterior.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Ressalta-se que seis agentes atuam exclusivamente com a comercialização da
castanha, e os demais trabalham com outros produtos, tais como cacau, semente de cumaru,
óleo de castanha-do-brasil, produtos medicinais (barbatimão, carapanaúba, copaíba, leite de
amapá, leite de sucuuba, pata-de-vaca, unha-de-gato e verônica), mel, açaí in natura e
45
também polpa de muruci e de cupuaçu. Os agentes que atuam no mercado já trabalham neste
ramo entre 2 a 63 anos.
Em Oriximiná uma indústria de beneficiamento informou possuir uma área de 1.000
hectares. Associações entrevistadas de Remanescentes de Quilombos, referente a duas
comunidades quilombolas possuem áreas localizadas em Oriximiná com cerca de 100.000
hectares e 87.000 hectares, respectivamente.
Atravessadores entrevistados citaram possuir apenas um armazém cada, com
dimensões que variam de 12, 40, 50, 800 a 6.000m2, com capacidade de armazenamento
variando entre 34 hectolitros e 120 hectolitros. A falta de espaço foi o problema mais citado
com relação à armazenagem, pois prejudica tanto a qualidade do produto quanto ao
comerciante que necessita estocar a fim de garantir preços melhores no futuro. As indústrias
de beneficiamento informaram possuir de um a quatro galpões de 800m2 a 6.000m
2, e os
demais agentes nada informaram.
No que se refere a maquinários e equipamentos, as indústrias relataram possuir
descascadora de castanha, máquina secadora com capacidade para 200 a 250 hectolitros. Já a
indústria de transformação utiliza os equipamentos como liquidificadores, freezers e fogões
industriais. Para a coleta do material o extrativista utiliza terçado e paneiros.
Os meios de transporte utilizados por dezesseis agentes foram: motos, carros, barcos
e seis caminhões.
As indústrias de beneficiamento e de transformação compram a castanha na safra e a
comercializam durante o ano todo. Já os setores atacadistas, extrativistas e atravessadores
comercializam somente no período de safra. As empresas beneficiadoras locais pagam o
equivalente a um salário mínimo para seus funcionários fixos, os quais variam de 28 a 90
trabalhadores com carteira de trabalho assinada os quais, dependendo do cargo, tem valores
salariais variando de dois até cinco salários mínimos para gerentes, contadores, etc.. Porém,
na safra essas empresas precisam contratar em média 350 pessoas a mais, que recebem por dia
trabalhado o valor de R$ 20,00. Extrativistas associados dividem 95% do valor da renda total
entre eles, e o restante, 5%, fica para a manutenção da associação. Os ajudantes de feirante e
de atravessador recebem diárias de R$ 15,00. A mão de obra é tida como familiar para oito
agentes, e a renda é dividida de acordo com o chefe da família.
Para a melhoria na capacidade de produção dos extrativistas e de suas organizações,
os entrevistados declararam que necessitam de financiamento, capital de giro, fazer o
beneficiamento em função das exigências de mercado, de assistência técnica, de transporte
próprio para diminuir os gastos com frete, aumentar o plantio do produto e, por fim, melhorar
46
as estradas para escoamento da produção. Já os agentes do setor de beneficiamento relataram
que o custo para a compra da castanha esta elevado, haja vista que a oferta vem diminuindo
não só em função do roçado e da pecuária, mas também em função do preço praticado pelo
mercado na safra anterior, considerado pelo setor da produção desestimulante, o que os faz
investir em outras atividades. É importante destacar que, de acordo com relatos, no município
de Curuá existiam grandes áreas florestadas com castanheiras e outros produtos, como o
cumaru, mas foram convertidas em pastagens.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da castanha-do-brasil.
Os canais de comercialização da castanha-do-brasil identificados na RI Baixo
Amazonas, se dão por canais não muito complexos, apesar de abranger vários níveis de
agentes intermediários entre a produção local e o consumidor final. A análise da sua estrutura
de comercialização, feita a partir das inter-relações existentes entre os agentes mercantis,
indica que há desequilíbrios de forças no mecanismo de comercialização (Figura 4). O
importante a se destacar é que o comércio da castanha, a partir da região do Baixo Amazonas,
obedece basicamente o mercado externo.
O principal canal de comercialização é formado pelo setor da indústria de
beneficiamento local que compra 79,8% da produção e 15,7% do atacado local (dos quais,
compra 20% junto à produção), e vende a castanha quase em sua totalidade (95,5%) para o
varejo urbano nacional onde estão inseridos o comércio exterior e as redes de supermercado,
já que 0,01% foram vendidos para o varejista urbano estadual (redes de supermercado
estaduais).
Outro canal importante é constituído pela indústria de beneficiamento estadual que
compra 4,3% do atacado local e vende em sua totalidade para o varejo urbano nacional
(Figura 4).
47
FIGURA 4 - Estrutura (%) da quantidade amostral da castanha-do-brasil comercializada na
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Portanto, o varejo urbano nacional demanda quase 100% (99,8%) de toda castanha
da RI do Baixo Amazonas, ficando inexpressivos 0,17 % para serem consumidas a nível local
e 0,01% a estadual. Sendo que deste total 0,03% são comercializadas em forma de semente e
0,03% são comercializados em produtos já transformados, para as docerias da região. E
0,01% são demandados pelos consumidores a nível estadual em forma de semente.
Na comercialização da castanha foram identificadas transações comerciais
(compra/venda) com a utilização da prática do aviamento, o que em termos gerais, significam
que os maiores compradores, que nesse caso foram as indústrias, adiantam o pagamento por
quilograma do produto aos atravessadores ou “regatões” (varejistas) e, estes por sua vez, para
garantir um retorno pelo seu “trabalho”, pagam aos extrativistas um preço (por quilograma)
menor do que recebeu no adiantamento. Este sistema se consolida, neste mercado, por ter
entre os seus objetivos a redução de custos para as indústrias, haja vista que se reduz o custo
de transporte e mantém o preço do produto inalterado (ou pouco alterado) por alguns anos,
assim como, mantém o extrativista refém do comprador por não entender dos mecanismos de
comercialização e por fim, torna-se vantajoso para o comerciante, pois obtém uma margem de
comercialização expressiva (mark-up) sem nenhum incremento ao produto.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia da
castanha-do-brasil, no período de 2009 a 2010.
48
Os preços de venda praticados pelos extratores de castanha com outros agentes variam
conforme o volume comercializado, tais como R$ 0,80/kg com o varejo rural, R$ 2,07/kg com
a indústria de beneficiamento local, R$ 9,47/kg com a indústria de transformação local, R$
0,89/kg com o atacadista local e R$ 1,66/kg com o varejo urbano local (Figura 5).
Com relação ao principal elo da cadeia de comercialização, o setor da indústria de
beneficiamento local compra da produção a R$ 2,07/kg e do atacado local a R$ 1,01/kg, após
realizar todas as etapas do beneficiamento na fábrica, vende ao preço de R$ 14,50/kg da
amêndoa seca (com ou sem casca) para o varejo urbano estadual e estimado a R$ 11,31/kg
para o varejo urbano nacional. Convém lembrar que todos os preços aqui descritos, para todos
os setores, foram convertidos para a unidade de R$ correntes por Kg de amêndoas secas da
castanha-do-brasil (Figura 5).
FIGURA 5 - Preço médio da castanha-do-brasil (R$/kg) praticado nas transações entre os
setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,
estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
No segundo canal de comercialização mais expressivo, a indústria de beneficiamento
estadual compra a castanha a um preço de R$ 1,20/kg dos atacadistas locais, e as vende a R$
13,90/kg para o varejo urbano nacional (rede de supermercados) (Figura 5). Com relação ao
preço de venda aos demandantes finais locais, quando o produto é comercializado em forma
de semente o varejo rural as vende a R$ 1,19/kg e o varejo urbano local as vende a R$
8,18/kg. Quando o produto é comercializado já transformado em forma de guloseimas, a
49
indústria de transformação as vende a R$ 45,00/kg. Já a nível estadual, a comercialização se
dá em forma de semente, e o varejo urbano estadual as vende a R$ 27,44/kg.
d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização da castanha-do-
brasil.
A soma do valor recebido por todos os agentes que realizaram a oferta da castanha-
do-brasil a partir da RI Baixo Amazonas, foi estimada na ordem de R$ 71,5 milhões (Gráfico
1), sendo o mercado nacional o seu maior arrecadador, excetuando o estado do Pará, cujo
valor se aproximou de R$ 47,8 milhões (67% do VBP total, sob a ótica da oferta). O mercado
local adquiriu mais de R$ 22,6 milhões (32% do VBP total) e o estadual contabilizou um
pouco mais de R$ 1 milhão (1% do VBP total).
GRÁFICO 1 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da castanha-do-brasil
da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Do total ofertado pelos setores que compõem o mercado local, o setor produção
(VBPα), composto pelos extrativistas/coletores, recebeu um pouco mais de R$ 3,2 milhões
das transações realizadas estritamente no âmbito local, este valor representou 14% das vendas
locais (Gráfico 1). Na formação deste valor, mais de 90% (R$ 2,9 milhões) foram oriundos
das vendas transacionadas com o setor de indústria de beneficiamento, 9% para o atacadista e,
1% foi correspondente a somatória das vendas para os setores de varejo rural, indústria de
transformação e varejo urbano. Entretanto, foi na indústria de beneficiamento, setor onde
estão agrupadas as indústrias processadoras e exportadoras deste recurso, localizadas na
própria RI Baixo Amazonas, que o mercado local obteve a sua maior arrecadação, orçada em
50
mais de R$ 19 milhões, o que correspondeu a aproximadamente 84% do valor das vendas
efetuadas a nível local, provenientes, quase em sua totalidade, em termos percentuais (99,9%),
das vendas para o varejo urbano nacional (setor, em termos específicos, formado pelas redes
de supermercados localizadas no centro-sul do Brasil e, varejistas voltados ao comércio
exterior) e das vendas voltadas ao varejo urbano estadual (supermercado em Belém), esta com
uma participação de apenas R$ 1,6 mil. O setor atacadista local (que representa as associações
remanescentes de quilombos com sede num dos municípios da região e, os grandes
compradores atravessadores, que residem na região, os quais atuam como “representantes”
das indústrias de beneficiamento local e estadual), recebeu algo superior a R$ 370 mil,
proveniente das vendas para a indústria de beneficiamento local (75%) e (25%) para a
indústria de beneficiamento estadual. Já o setor de varejo rural, constituído por pequenos
atravessadores, arrecadou aproximadamente R$ 2,1 mil, do qual 69% deste valor foi oriundo
das vendas realizadas ao setor de varejo urbano e, 31% foi oriundo das vendas aos
consumidores finais locais. A indústria de transformação, setor associado a pequenas
empresas (familiares) que atuam na preparação de doces, adquiriu R$ 27,5 mil com as vendas
aos consumidores finais. Por fim, o setor de varejo urbano (composto por feirantes e
estabelecimentos de pequeno porte - mercadinhos) arrecadou R$ 15,6 mil com as vendas
realizadas aos consumidores finais, sob a ótica da oferta.
Com relação a receita obtida com as vendas realizadas a nível estadual, orçada em
mais de R$ 1 milhão (1% do VBP total), conforme o Gráfico 1, mais de 99% deste valor foi
proveniente das vendas da indústria de beneficiamento, indústria processadora e exportadora
da castanha-do-brasil com sede na capital paraense, que negociou com o varejo urbano
nacional, setor das redes de supermercado no âmbito nacional e o mercado internacional. E,
um valor irrisório de um pouco mais de R$ 3 mil, ficou por conta do setor varejista urbano
estadual (supermercado), oriundo das vendas diretas para o consumidor final estadual.
No mercado nacional, onde o valor das vendas foi estimado em R$ 47,8 milhões
(Gráfico 1), houve a participação exclusiva do setor de varejo urbano nacional, composto
pelas redes de supermercado nacionais e o comércio exterior, haja vista que se configurou
como sendo o setor que mais demandou este fruto a partir da região em estudo (99% do total
ofertado). O mercado internacional (EUA, China, Japão, União Européia, Rússia, Emirados
Árabes, os mais representativos) demandou 55% deste recurso da floresta do Baixo
Amazonas, enquanto que o consumo no centro-sul do Brasil alcançou o restante, 44%. É
importante frisar, que a demanda internacional é influenciada pela taxa de câmbio (paridade
entre a moeda nacional, o Real, com outras moedas internacionais, como o dólar
51
principalmente), o que, por sua vez, acaba afetando tanto a produção, quanto a proporção das
vendas (oferta) no âmbito nacional.
Portanto, verificou-se que na formação do VBP total, sob a ótica da oferta, de
aproximadamente R$ 71,5 milhões, este teve como principal agente comercializador e
arrecadador, a nível local e estadual, o setor das indústrias de beneficiamento (que juntas
controlam este mercado no estado do Pará), sendo que as localizadas na RI Baixo Amazonas
(mercado local) foram mais representativas, pois, tanto os extrativistas individuais e/ou os
organizados em associações, quanto os atravessadores, que tiveram na extração e coleta da
castanha-do-brasil sua principal e/ou uma das principais fontes de renda, se vêem
“obrigados”, por questões mercadológicas, a vender praticamente toda a produção a este setor,
que por serem os únicos agentes com grande potencial de compra deste produto na região
(demandantes detentores do processo de automação, cujos níveis tecnológicos adotados
melhoram a qualidade do produto final), também influenciam na determinação do preço de
compra junto a estes agentes, demonstrando que o mercado da castanha-do-brasil, na RI
Baixo Amazonas, apresentou fortes características oligopsonistas3.
e) VAB - gerado na comercialização da castanha-do-brasil e a margem de
comercialização de cada setor (%).
O VAB ao longo da cadeia comercialização da castanha-do-brasil, desde o setor alfa
(coleta/produção) da RI Baixo Amazonas até o consumidor final, foi de R$ 48,1 milhões
(Gráfico 2), que resultou em uma margem bruta de agregação de valor ao produto, ou mark-
up total, na comercialização de 1.389%. Esta margem calculada a partir do valor total do
VAB (R$ 48,1 milhões), menos o VBPα
(R$ 3,2 milhões), dividido pelo VBPα
(R$ 3,2
milhões), expõe, em termos percentuais, o quanto foi adicionado ao produto, ao longo de toda
a cadeia de comercialização, a partir do setor alfa (α) agroextrativista. É imperativo afirmar
que este valor de mark-up foi expressivo pelo fato do setor alfa, após realizar a
coleta/extração, pouco agregou ao fruto, diferente dos setores da demanda intermediária,
principalmente das indústrias de beneficiamento (local e estadual).
O cálculo do VAB é necessário porque identifica onde a economia esta em processo
de crescimento, uma vez que expõem as ações de beneficiamento, transformação e/ou
majoração de preço que este produto adquiriu nos setores, ao longo das cadeias de
comercialização, antes do demandante final.
3 Oligopsônio refere-se a estrutura de mercado em que o número de compradores é bem pequeno.
52
GRÁFICO 2 - VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização da castanha-do-brasil da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Assim sendo, o sistema local obteve uma agregação de valor ao produto de R$ 19,1
milhões, equivalente a 40% do VAB total (Gráfico 2). Na composição deste valor, houve a
participação predominante da indústria de beneficiamento, pois sua agregação foi na ordem de
R$ 15,8 milhões (83% do VAB local), que está fortemente relacionado tanto a sua capacidade
instalada, quanto ao grau de negociação que mantém com os outros setores do mercado local
(monopsonista), em particular o da produção e o do atacado, os quais vendem o produto in
natura que, por sua vez, negocia com o mercado nacional um produto beneficiado a preços
bem mais atrativos em relação ao preço de compra. Com relação à margem de
comercialização por setor, ou seja, mark-up constituído pelo setor, a industria de
beneficiamento, configurou 496%, calculado a partir da relação entre o valor do VAB
realizado no setor (R$ 15,8 milhões) pelo valor do VBP do setor (aproximadamente R$ 3,2
milhões), pela ótica da demanda, ou seja, o valor da compra de insumos realizada pelo setor.
O mark-up, em termos gerais, representado em termos relativos (%), inclui todos os custos de
beneficiamento e comercialização do produto analisado, que não são captados pela pesquisa.
Entre os processos de beneficiamento realizados por este setor, ocorrem o tratamento das
sementes contra os fungos (higienização); descasca da semente, secagem e empacotamento do
produto conforme os órgãos de vigilância sanitária e de comércio.
Ainda no mercado local o setor varejo rural agregou aproximadamente R$ 400,00 e
constituiu um mark-up de 22% (Gráfico 2), propiciado pelas transações com as sementes,
53
com acréscimos dos custos de comercialização, com outros setores da demanda intermediária
local, principalmente o de varejo urbano. O setor atacadista, por sua vez, adicionou mais de
R$ 56,3 mil com mark-up de apenas 18% com as vendas para industria de beneficiamento
local e estadual. O varejo urbano adicionou algo em torno de R$ 14 mil e constituiu um mark-
up de 715%, maior percentual do sistema local, com os processos de descasca da semente, a
fim de comercializar a amêndoa, que juntamente com as vendas fracionadas do produto
garantem a majoração de preço antes das vendas para os consumidores finais locais. Já a
indústria de transformação adicionou um pouco mais de R$ 21,7 mil e estabeleceu um mark-
up de 375%, pois comprou diretamente do setor da produção o produto in natura e o utilizou
como insumo na preparação de doces. Frisa-se que este valor adicionado teve sua origem na
diferenciação dos preços médios de custo e de venda do fruto por quilograma, sem considerar
outros custos adicionais ao processo, assim como, a proporção utilizada da castanha na
preparação dos doces. O setor da produção transacionou valor efetivo, isto é, agregou valor ao
produto, somente no que se referiu às vendas do produto na sua forma in natura (ainda dentro
da casca) na ordem de R$ 3,2 milhões e, por isso, não foi estimado o seu valor de mark-up.
Este setor agregou valor quando realizou o beneficiamento primário do produto, que
significou, de modo geral, a retirada da semente de dentro do ouriço desencadeado de maneira
artesanal.
Já entre os setores que contribuíram para o VAB constituído no mercado estadual,
estimado na ordem de R$ 965 mil (2% do VAB total), conforme o Gráfico 2, a indústria de
beneficiamento foi autor de mais de 99% (equivalente a R$ 964 mil), cuja agregação se
formalizou quando utilizou tanto os processos de higienização da semente (tratamento contra
os fungos), descasca da semente, seleção e empacotamento da amêndoa, quanto pela compra
da semente por baixo preço (por quilograma) junto a seus fornecedores (atacadista), antes das
vendas ao mercado nacional e para o exterior. E devido a esta forma de agregação, configurou
uma margem de comercialização (mark-up) de 1.061%, maior percentual ao longo de toda a
cadeia. Já o varejo urbano estadual agregou R$ 1,4 mil com o processo de majoração de preço
e obteve um mark-up de 89%, antes das vendas aos consumidores finais estaduais. Com
relação ao VAB formado no mercado nacional, estimado na ordem de R$ 28 milhões
(equivalente a 58% do VAB total), só quem adicionou foi o setor de varejo urbano nacional
com um mark-up de 142%.
Portanto, no que se referiu ao VAB total, equivalente ao VTE, ao longo da cadeia de
comercialização deste fruto, observou-se que tanto as indústrias “tradicionais” de
beneficiamento e exportação localizadas na RI Baixo Amazonas, quanto as indústrias
54
localizadas na esfera estadual, conseguiram adicionar valor superior aos outros setores
localizados na mesma área geográfica, assim como também, constituíram os maiores valores
de mark-up, fatos estes, propiciados simultaneamente pelo grau de especialização/negociação
destes agentes, sua capacidade instalada, poucas ações de beneficiamento que este recurso
sofreu antes das compras realizadas por este setor, que por constituírem os únicos canais de
comercialização de poder de compra em grandes quantidades, acabaram pagando o preço
médio por quilograma que lhes foi conveniente.
f) RBT (em R$), gerada pela ótica da demanda, na comercialização da castanha-do-
brasil.
No que diz respeito à Renda Bruta Total (RBT) gerada na comercialização do
produto e, contabilizada na ordem de R$ 71,5 milhões, o sistema local foi responsável por
32%, o estadual 1% e o nacional 67% (Gráfico 3). Este valor da RBT foi resultante da soma
do valor de compra de insumo (VBP, pela ótica da demanda) com VTE, que corresponde ao
valor estimado para o VAB total, formado pelos setores ao longo da cadeia de
comercialização.
GRÁFICO 3 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da castanha-
do-brasil, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Na RI Baixo Amazonas, sistematizado como local, cuja renda bruta somou
aproximadamente R$ 22,6 milhões, o setor de indústrias de beneficiamento foi quem gerou a
maior renda bruta, no valor de R$ 19 milhões, com as vendas para mercado
55
nacional/internacional, resultante da compra da castanha-do-brasil em forma de semente no
valor de R$ 3,2 milhões (sendo mais de 91% só do setor da coleta/produção) e agregação num
montante de R$ 15,8 milhões com as ações de beneficiamento do fruto (Gráfico 3). O atacado
arrecadou em torno de R$ 370 mil com as vendas para a indústria de beneficiamento local e
estadual, resultante da soma de compra da castanha no valor de R$ 314 mil e agregação de
mais R$ 56 mil. O varejo urbano local, por conseguinte, comprou mais de R$ 1,9 mil do
produto e adicionou um pouco mais de R$ 13,7 mil, que gerou uma renda bruta de R$ 15,6
mil. O varejo rural, por sua vez, gerou uma renda bruta no valor de R$ 2,1 mil, resultante da
soma do valor da compra da semente junto ao setor da produção, em torno de R$ 1,7 mil e
adicionou um pouco mais do que R$ 380. E por fim, a indústria de transformação que
comprou insumo, do setor da produção, no valor de R$ 5,8 mil e agregou um valor superior a
R$ 21,7 mil, gerando uma renda de R$ 27,5 mil com as vendas para os consumidores finais
locais. No que tange a renda bruta do setor de produção (α), o valor de 3,2 milhões, foi
resultante da venda para os setores econômicos que compõem o sistema local apenas,
preponderantemente para as indústrias de beneficiamento. Vale destacar que o setor alfa
transacionou o produto já em forma de semente, contudo, a sua renda poderia ser maior se sua
capacidade produtiva (meios de produção) não fosse restrita, fato imposto pela escassez de
capital, pois faltam investimentos em máquinas e equipamentos para o beneficiamento do
produto pré-comercialização, especificamente os processos de desidratação e embalagem.
Com relação à renda bruta gerada na esfera estadual, contabilizado em mais de R$ 1
milhão, a mesma foi obtida com a interação de apenas dois setores, o da indústria de
beneficiamento, os quais tiveram uma participação predominante para a formação deste
montante, em torno de 99%, resultante da venda do produto (amêndoa) para o mercado
nacional e para o exterior. A renda bruta deste setor foi resultante da compra da semente no
valor aproximado de R$ 90,8 mil e do valor agregado na comercialização do produto R$
963,5 mil. O outro setor, o varejo urbano, participou com apenas um pouco mais de R$ 3 mil
na formação da renda bruta na esfera estadual, o qual comprou o produto com negociação
direta com a indústria de beneficiamento local no valor de R$ 1,6 mil e adicionou R$ 1,4 mil
antes das vendas aos consumidores finais (Gráfico 3).
Na esfera nacional somente o setor de varejo urbano gerou renda bruta, o qual orçou
um pouco mais de R$ 47,8 milhões, e sendo assim, este valor também corresponde à renda
bruta nacional proveniente da castanha identificada na RI Baixo Amazonas. Este setor
comprou a castanha-do-brasil beneficiada junto aos setores de beneficiamento local e
56
estadual, no valor estimado em torno de R$ 19,9 milhões, sendo 96% deste pago à indústria
de beneficiamento local e, adicionou R$ 28 milhões (Gráfico 3).
4.2.2 Açaí
O açaí na RI Baixo Amazonas possui um mercado consumidor muito forte, por ser
considerado importante na alimentação diária das populações locais. Conforme a amostra
coletada em campo, o setor produtivo foi responsável pelo abastecimento de
aproximadamente 3.418 toneladas de fruto in natura no período de 2009 a 2010. Na Figura 6
estão espacializados os agentes mercantis entrevistados nos municípios da região estudada.
FIGURA 6 - Localização dos agentes mercantis do açaí na RI Baixo Amazonas, estado do
Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
açaí.
Foram identificados trinta e dois agentes mercantis, sendo que vinte e dois trabalham
somente com o açaí fruto, os demais trabalham com outros produtos como: bacaba, polpa de
muruci, taperebá, cupuaçu, castanha-do-brasil, palmito in natura, buriti e tucumã. Dentre os
agentes identificados, três são atravessadores, vinte e quatro são indústrias de beneficiamento
(batedores de açaí), sendo que dois exercem profissão paralela de atravessadores, três são
comerciantes (sendo uma sorveteria, uma frutaria e um comércio) e dois são produtores. Estes
agentes atuam no ramo entre um e 40 anos e exercem profissão paralela como: dono de bar,
agricultor, comerciante de confecções e calçados, carpinteiro e pedreiro. O Quadro 2
57
apresenta a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização do açaí, de acordo com
seus respectivos setores.
QUADRO 2 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do açaí da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Extralocal Produção Produção primária de açaizais da região do Marajó,
principalmente do município de Gurupá.
Local
Produção Produção primária de açaizais, identificados nos municípios da
RI Baixo Amazonas.
Varejo rural
Pequenos comerciantes do interior dos municípios que
compram o açaí in natura dos produtores locais e extralocais,
denominados atravessadores.
Indústria de
beneficiamento
Pequenos comerciantes que realizam o processamento do açaí
in natura, utilizando máquinas despolpadeiras, chamados de
“batedores de açaí”, que vendem diretamente a polpa para os
consumidores (locais e estaduais) e comerciantes locais.
Indústria de
transformação
Sorveterias locais, que adquirem o produto in natura
diretamente da produção local.
Varejo urbano
Comerciantes localizados nas áreas urbanas, que compram o
açaí in natura dos atravessadores e o açaí na forma de polpa
dos batedores (indústria de beneficiamento). Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Destes, produtores e alguns atravessadores possuem propriedade rural com áreas
variando de 1 a 10 ha localizados em Santarém, Juruti, Gurupá e Terra Santa, pois é comum o
atravessador também ser produtor de açaí e vender sua própria produção junto com a de
outros produtores. Com relação ao espaço do estabelecimento, os agentes relataram as
dimensões que variam de 6m2 a 24m
2, com paredes de madeira ou alvenaria e telhado de
amianto. No que se refere a meios de transporte para escoamento e venda da produção, são
utilizadas bicicletas, caminhonete, barcos, carros e motos, foi ainda identificado que batedores
de açaí, após o processamento do fruto, os colocam em galões de alumínio de 2L ou 5L e os
vendem pelas ruas do município ou acondicionados em caixas térmicas (isopores) em cima de
carros de mão.
Em alguns municípios da RI Baixo Amazonas, a comercialização do vinho de açaí é
feita em pontos que utilizam uma bandeira vermelha como indicação, sua forma tradicional.
No entanto, em outros municípios essa indicação refere-se ao comércio de carne.
No que diz respeito a máquinas e equipamentos, 24 agentes beneficiadores possuem
máquinas do tipo batedeira de açaí, liquidificador industrial, máquinas de sorvete, freezers
com capacidade de 280 L, 360 L e 530 L, caixas de isopor com capacidade para 40 L e 70 L,
58
galões de alumínio e selador de embalagem plástica. Foram identificados quatro batedores de
açaí que declararam ter problemas com armazenagem, tais como ausência de freezers e
espaço físico insuficiente à comercialização.
Trabalham na atividade em média de 1 a 5 pessoas, geralmente familiares que
ajudam na coleta dos frutos e, quando está no pico da safra, esses produtores necessitam de 1
a 2 ajudantes a mais. Estes produtores afirmam comercializar o produto na safra e entressafra.
O valor médio pago para os ajudantes é de R$ 10,00 a R$ 15,00 a diária, outros pagam valores
de R$ 150,00, R$ 180,00 e R$ 350,00 mensais, a mão de obra é familiar para 16 agentes.
Existem diversos agentes que atuam no mesmo ramo em vários pontos da cidade, tornando o
mercado bastante competitivo.
Para melhoria da capacidade de produção os agentes citaram que deveriam aprender
a pratica do manejo para que haja maior produção, capacitação dos funcionários das indústrias
de sorvete para diversificação do produto, haja vista a má qualificação da mão de obra
existente; financiamento para novos plantios, cooperativas para escoarem a produção e a
criação de uma associação para organizar a classe produtora e evitar que os atravessadores
levem a produção local, fato este que está causando a escassez do produto na região.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do açaí.
A Figura 7 permite visualizar as proporções da quantidade produzida de açaí
movimentada entre os diferentes setores. Constituindo assim os canais de distribuição (ou
canais de comercialização) do açaí fruto nos municípios estudados da RI Baixo Amazonas.
Portanto, a cadeia de comercialização identificada pela pesquisa é constituída por vários
canais de comercialização. Do total da quantidade do fruto in natura comercializado na região
84% são oriundos da produção local e 16% são provenientes da RI Marajó, mais precisamente
do município de Gurupá.
59
FIGURA 7 - Estrutura (%) da quantidade amostral do açaí comercializado na RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Nesse contexto, o principal canal de comercialização do fruto (Figura 7) identificado
com as maiores quantidades comercializadas foi a da indústria de beneficiamento local pela
compra de 46,9% dos produtores locais, 34,2% dos varejistas rurais, 9,8% dos produtores do
Marajó e 4,2% do varejo urbano local (comerciantes locais que compram o açaí in natura de
atravessadores e vendem diretamente para batedores de açaí locais) circulando neste setor do
beneficiamento 95,1% da produção identificada. Por outro lado, venderam 93,6% para os
consumidores locais, 0,7% para consumidores estaduais (Região do Tapajós) e 0,8% para os
comerciantes locais (varejo urbano). Justificando o grande consumo da população local pela
polpa do fruto ou culturalmente conhecido como o “vinho ou vitaminosa de açaí”.
O setor varejista rural é caracterizado por atravessadores que transacionam com os
produtores locais (36,9%) e 6,2% com os produtores do Marajó a compra de açaí, e revendem
34,2% para o setor de indústria de beneficiamento local, 4,2% para o varejo urbano local e
4,7% diretamente para consumidores locais. É interessante destacar que alguns atravessadores
(varejo rural), principalmente no município de Curuá, compraram o açaí já beneficiado (açaí
em polpa) de produtores locais por ser mais lucrativo.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia
do açaí, no período de 2009 a 2010.
Os preços médios do açaí praticados entre os diferentes agentes da cadeia de
comercialização são determinados pela quantidade transacionada, custo de transporte e a
60
qualidade do fruto, conforme descritos na Figura 8. A produção local vende a R$ 0,99/kg
para o varejo rural, a R$ 1,26/kg para a indústria de beneficiamento local (batedores de açaí),
R$ 1,07/kg para a indústria de transformação local (sorveterias) e a R$ 2,46/kg diretamente
para o consumidor final local. Enquanto que os preços de venda praticados pelos produtores
da região do Marajó são estabelecidos conforme os custos de transporte e oferta do fruto da
região, destacando: R$ 1,16/kg para o varejo rural e R$ 1,15/kg para as indústrias de
beneficiamento local.
O setor dos varejistas rurais (atravessadores) vende em média a R$ 1,51/kg para a
indústria de beneficiamento local (Figura 8), R$ 0,99/kg para o varejo urbano local
(comerciantes) e R$ 1,60/kg para os consumidores locais. Por outro lado, os batedores de açaí
locais (indústria de beneficiamento) vendem a R$ 1,43/kg para o varejo urbano local
(comerciantes), R$ 2,39/kg para o consumidor local e, para o consumidor estadual R$
1,62/kg. Neste caso, referindo-se ao mercado consumidor da RI Tapajós. Finalmente, destaca-
se o setor dos comerciantes locais (varejo urbano local), que pratica preços bastante
diferenciados. Assim, para o consumidor local, os comerciantes vendem o açaí já beneficiado
por R$ 4,39/kg e para a indústria de beneficiamento local por R$ 1,14/kg o fruto in natura.
FIGURA 8 - Preço médio do açaí (R$/kg de fruto in natura) praticado nas transações entre os
setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,
estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do açaí.
61
Este produto, de acordo com a pesquisa, apresentou potencial econômico,
estritamente a nível local, e, com isso, o valor recebido por todos os agentes que realizaram as
vendas (oferta) do açaí a partir da RI Baixo Amazonas, e de outra Região de Integração, foi
contabilizado na ordem de R$ 12,7 milhões (Gráfico 4).
GRÁFICO 4 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do açaí da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Desta maneira, o valor bruto do setor da produção local (VBPα), equivalente aos
agroextrativistas, recebeu um pouco mais de R$ 3,5 milhões, aproximadamente 28% do VBP
total recebido pelos setores que ofertaram o produto (Gráfico 4). Frisa-se, no entanto, que
aproximadamente R$ 568 mil foram provenientes das vendas realizadas pelos
agroextrativistas localizados em outra região de integração, consubstanciado como agentes
extralocais, que, neste caso, foram aqueles sediados no município de Gurupá, pertencente à RI
Marajó, que ofertaram este produto (in natura), oriundos das ilhas, nas feiras da RI Baixo
Amazonas, mais especificamente a feira improvisada (calçadão da orla) do município de
Almeirim, por este lhe fazer fronteira. Na formação deste valor extralocal, 39% foi oriundo
das vendas aos varejistas rurais (atravessadores) e 61% foi oriundo das vendas às indústrias de
beneficiamento (batedores de açaí).
Na composição do VBPα
(local e extralocal), mais de 99% foi proveniente das
vendas realizadas aos setores que compõem a demanda intermediária local, entre eles; a
indústria de beneficiamento que pagou mais R$ 2,1 milhões (mais de 61% do VBPα); o setor
de varejo rural responsável pela compra de R$ 1,3 milhão (38%) e; R$ 809 foi da compra
62
realizada pela indústria de transformação. E, R$ 15,5 mil (0,4% do VBPα) foi o valor recebido
pelo setor da produção pelas vendas efetivadas diretamente ao demandante final local,
composto pelos consumos das famílias. Porém, são poucos os produtores que detêm uma
infraestrutura básica (máquina de bater o açaí e o filtro de água) para iniciar o processo de
beneficiamento deste recurso, após sua coleta e, antes das vendas, o que provoca um aumento
significativo na renda do produtor.
Ainda no sistema local, o varejo rural recebeu pelas vendas do produto in natura
mais de R$ 1,9 milhão, dos quais 81% foram para a indústria de beneficiamento. Este setor,
por sua vez, recebeu um valor próximo de R$ 7 milhões, mais da metade (55%) do VBP total
recebido pelos agentes ofertantes do fruto. Já o setor de indústria de transformação arrecadou
algo em torno de R$ 1,3 mil e, por fim, o setor de varejo urbano local (agentes que
transacionam o vinho), adquiriu um valor próximo a R$ 252 mil, sob a ótica da oferta
(Gráfico 4).
e) VAB - gerado na comercialização do açaí e a margem de comercialização de cada
setor (%).
O VAB, equivalente ao Valor Transacionado Efetivo (VTE), ao longo da cadeia de
comercialização do açaí, desde o setor alfa (produção local e extralocal) da região do Baixo
Amazonas até o consumidor final, foi estimado na ordem de R$ 7,3 milhões (Gráfico 5),
formado somente no mercado local. Este valor do VAB constituiu uma margem bruta de
agregação de valor ao produto, ou mark-up total, na comercialização de 107%, calculada a
partir da relação do VAB (próximo de R$ 7,3 milhões), menos o VBPα
(R$ 3,5 milhões), pelo
VBPα
(R$ 3,5 milhões). Esta margem mostra, em termos percentuais, o quanto foi adicionado,
ao longo de toda a cadeia de comercialização a partir do setor alfa (α), por ações do
beneficiamento, transformação e/ou majoração de preço que este produto adquiriu, onde cada
parte é essencial, pois demonstra como cada agente mercantil ajuda a colocar o açaí nas mesas
das inúmeras famílias desta RI, que tem neste produto um dos principais alimentos na dieta
diária.
63
GRÁFICO 5 - VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do açaí da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Deste modo, entre os setores que compõem o mercado local, a indústria de
beneficiamento, composto pelos batedores de açaí, foi quem obteve a maior agregação de
valor, estimado em mais de R$ 3,1 milhões (Gráfico 5), representando 42% VAB total. Pois
este setor está relacionado simultaneamente ao seu posicionamento na cadeia de maior
demandante intermediário, que se sustenta pelo grau de negociação que mantém com os
outros setores do mercado local (produção, varejo rural e varejo urbano), pois são destes que
adquiriu o produto na sua forma in natura. Nas vendas tanto para o consumidor final local e
estadual quanto para o varejo urbano local, fornecem um produto beneficiado, ou seja, o
vinho obtido do fruto. Com relação à margem de comercialização, ou seja, mark-up, este setor
obteve o maior percentual, quando comparada com os obtidos pelos outros setores, calculada
em 79%. Este mark-up calculado para cada setor é resultante da relação entre o VTE, que
corresponde ao VAB de R$ 3,1 milhões, com VBP (em torno de, R$ 3,5 milhões), pela ótica
da demanda, ou seja, compra de insumos realizada pelo setor. O mark-up, representado em
termos relativos (%), inclui todos os custos de beneficiamento e comercialização do produto
analisado, não captados pela pesquisa, assim como, em alguns setores, não foi fornecida a
proporção do produto utilizado no preparo de outros produtos finais (sorvetes, sucos, doces,
entre outros).
Ainda no mercado local, o setor varejista rural, composto pelos atravessadores,
adicionou o equivalente a R$ 610 mil com a majoração de preço, onde estão inclusos os
64
custos de comercialização, e apresentou um mark-up de 45% (Gráfico 5). Em seguida vêm os
varejistas urbanos, pequenos comerciantes que transacionaram o produto já beneficiado
(vinho), e adicionaram em torno de R$ 91 mil somente com acréscimo de preço e,
apresentaram um mark-up de 56%. E por fim, a indústria de transformação, categoria das
empresas que processam o açaí para a fabricação de sorvetes, que adicionou R$ 484,00 e
apresentou um mark-up de 60%.
É providencial ressaltar que o setor da produção local transaciona o valor efetivo
somente no que se refere às vendas do produto (açaí) in natura, ou em alguns casos (uma
proporção menor), já beneficiado, na ordem de R$ 3,5 milhões, correspondente a mais de
48% do VAB total.
f) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização do açaí.
A Renda Bruta Total (RBT) gerada na comercialização do açaí forma-se a partir da
soma do valor de compra de insumo (VBP, pela ótica da demanda) com VAB total, que
corresponde ao quanto foi adicionado ao produto ao longo de toda cadeia. Sendo assim, a
renda gerada na comercialização do açaí RI Baixo Amazonas foi contabilizada na ordem de
R$ 12,7 milhões (Gráfico 6), consolidada somente no sistema local.
GRÁFICO 6 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do açaí,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
65
Na composição da renda bruta anteriormente citada, a indústria de beneficiamento
local arrecadou um montante de R$ 7 milhões com a venda direta para os consumidores finais
(locais e estaduais) e varejistas urbanos, resultante da soma de compra de insumo, o açaí in
natura, no valor próximo de R$ 4 milhões junto ao setor da produção (com uma
representatividade de 55%) e ao varejo rural (com representatividade de 45%) e agregou um
valor de R$ 3 milhões com o seu beneficiamento primário, isto é, transformação do produto in
natura em vinho – forma tradicional de consumo do fruto (Gráfico 6). Já o setor de varejo
rural, o qual representa um grande número de atravessadores, gerou uma renda bruta superior
a R$ 1,9 milhão com a venda para o setor de beneficiamento (mais de 81%) e do varejo
urbano, pois comprou o açaí in natura no valor de R$ 1,3 milhão dos produtores e adicionou
um montante de um pouco mais de R$ 600 mil, sem qualquer tipo de incremento tecnológico
e/ou beneficiamento ao produto, só acrescentando seus custos de comercialização. Já o varejo
urbano, comerciantes que compraram o açaí tanto in natura quanto o vinho, no valor de R$
161 mil junto aos atravessadores e batedores e, adicionaram em torno de R$ 91 mil, com a
prática de aumento de preços, que gerou uma renda bruta no valor de R$ 252 mil com as
vendas para os consumidores finais e indústria de beneficiamento. Já a indústria de
transformação (sorveterias) comprou o produto in natura do setor da produção no valor de R$
810,00 e adicionou um pouco mais de R$ 480,00 (com o seu processamento: transformação
do fruto em sorvete), que gerou uma renda bruta próximo de R$ 1,3 mil com as vendas para
os consumidores finais. No que tange a renda bruta do setor de produção (α), no valor de 3,5
milhões, esta é resultante da venda para os setores econômicos que compõem a demanda
intermediária do sistema local apenas, em maior proporção à indústria de beneficiamento.
Este valor foi equivalente a 28% do montante da renda gerada e circulada, ao longo da
comercialização.
4.2.3 Cumaru
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
cumaru.
Nesta pesquisa verificou-se a comercialização da amêndoa do cumaru, como parte
utilizada desta planta, destinada para a indústria cosmética e para fabricação de medicamentos
caseiros. Segundo Silva & Leão (2006), o cumaru é uma árvore frondosa, freqüentemente
encontrada em toda a região amazônica, geralmente no interior de mata primária de terra
firme e várzea. Apresenta fruto com amêndoa que possui propriedades medicinais e produz a
cumarina, essência aromática, fixadora de perfume, usada na indústria de cosméticos, com
grande demanda no mercado internacional. Na comercialização deste produto foram
66
identificados treze agentes (Figura 9) na região pesquisada, os quais estão no ramo entre 15 e
63 anos (apenas dois agentes informaram sobre tempo de trabalho). Desses agentes seis são
atravessadores, três são feirantes, dois comerciantes, uma indústria e um agente que atua na
coleta do produto. Ressalta-se que todos os agentes entrevistados comercializam outros
produtos, como: castanha-do-brasil, cacau, abano, tipiti, breu-branco, uxi, piquiá, cajuaçu,
mel, cipó-titica e plantas, leites e óleos medicinais (assacu, barbatimão, carapanaúba, casca de
uxi-amarelo, copaíba, ipê-roxo, jucá, leite-de-amapá, óleo de andiroba, óleo de cumaru,
quinarana, seiva de jatobá, sucuúba, unha-de-gato e verônica.
FIGURA 9 - Localização dos agentes mercantis do cumaru na RI Baixo Amazonas, estado do
Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
O Quadro 3 apresenta a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização
deste produto de acordo com seus respectivos setores e mercados.
Em relação ao ponto comercial todos os agentes possuem armazém com dimensões
que variam de 9 a 120m2 e o coletor possui uma área de 20 ha localizada em Monte Alegre.
No que tange aos meios de transportes utilizados neste comércio, foram registrados motos,
caminhões e carros.
67
QUADRO 3 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da semente do cumaru da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção Agricultores que realizam a coleta, a “quebra” e por último a
secagem das sementes. Essa última etapa leva de dois a três dias,
mas existem compradores interessados pelo cumaru ainda verde;
Varejo rural
Atravessadores (ou representantes) que se deslocam até as
comunidades e compram o cumaru na safra diretamente dos
extrativistas. Além do cumaru também compram cacau e a
castanha-do-brasil;
Indústria de
beneficiamento
Uma empresa localizada no município de Óbidos que atua no
mercado brasileiro, com atacadistas e indústrias, incluindo as
multinacionais do setor de cosmético e perfumaria;
Atacado Agentes que comercializam em grandes quantidades o cumaru,
mas também o cacau e a castanha-do-brasil como carro-chefe;
Varejo urbano Feirantes que comercializam o cumaru como medicinal em
pequenas quantidades para o consumidor final.
Estadual
Atacado Comerciantes que comercializam grandes quantidades de
sementes do cumaru;
Varejo urbano Feirantes que comercializam o cumaru como medicinal, em
pequenas quantidades, para o consumidor final;
Nacional Varejo urbano Varejistas do setor de cosmético e perfumaria situados fora do
Estado.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Com relação ao tempo de trabalho os agentes informaram que trabalham com o
cumaru durante o ano todo, e a quantidade de pessoas envolvidas nesta atividade varia de uma
a sete para os atravessadores, feirantes e comerciantes, e a indústria mantém 28 funcionários.
Os comerciantes e a indústria pagam o valor de um salário mínimo, ressaltando que em
período de safra a indústria contrata 350 diaristas para reforçar o trabalho, e um atravessador e
dois feirantes pagam o valor de R$ 15,00 a diária, os demais (cinco atravessadores, um
feirante e o extrativista) utilizam mão de obra familiar.
Os problemas descritos referem-se ao espaço físico insuficiente para comercializar os
produtos, a necessidade de melhorias nas estradas para escoar a produção, ampliação da oferta
do produto e investimentos em plantios. Segundo os agentes, na região havia grandes áreas
com ocorrência de cumaru e castanha-do-brasil, mas devido o acelerado desmatamento para a
criação de gado, quase não se encontram mais essas espécies.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cumaru.
A cadeia de comercialização do cumaru identificada é constituída por vários níveis
de canais de distribuição. O principal canal envolve a indústria de beneficiamento local que
compra 36,7% da produção, 13,3% do atacado local e 4,7% do varejo rural local, e as vende
68
somente para o varejo urbano nacional (54,7%) onde está inserido o comércio de cosmético e
perfumaria nacional e internacional (Figura 10).
Outro canal importante é composto pelo atacadista local, o qual constitui o elo
principal entre a produção local é o mercado nacional e internacional. Com isso, eles
adquirem 31,7% da produção local, 2,5% do varejo rural (atravessadores) e vendem 13,3%
para a indústria de beneficiamento local, 18,3% para o atacadista estadual e 2,5% diretamente
para o varejo urbano nacional (Figura 10). O setor atacadista estadual apresenta duas
peculiaridades, (i) o volume comprado diretamente da produção local (23,3%) e destinado
para o mercado estadual, ou seja, para o varejo urbano estadual (casas de ervas e produtos
religiosos) e, (ii) a quantidade comprada do setor atacadista local e destinada ao mercado
nacional e/ou internacional. Neste caso, o atacadista local é um representante do atacadista
estadual, o qual não aceitou ser entrevistado.
Dessa forma, a estrutura da cadeia de comercialização do cumaru do Estado do Pará é
voltada para atender o mercado nacional e internacional. Além disso, os feirantes locais (varejo
urbano) adquiriram 1,1% da produção identificada para comercializar diretamente com os
consumidores locais, neste caso o cumaru é utilizado com finalidade medicinal (Figura 10).
FIGURA 10 - Estrutura (%) da quantidade amostral do cumaru comercializado na RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia
do cumaru, no período de 2009 a 2010.
69
Os preços de venda praticados pelos extratores de cumaru com outros agentes variam
conforme a forma (semente seca ou verde), a utilização, distância entre os agentes e o volume
comercializado e são R$ 8,73/kg com o varejo rural, R$ 5,00/kg com a indústria de
beneficiamento local, R$ 10,00/kg com a indústria de transformação (manipulação de
medicamentos caseiros) local, R$ 9,42/kg com o atacadista local e R$ 9,31/kg com o varejo
urbano local (Figura 11).
Com relação ao principal elo da cadeia de comercialização, o setor da indústria de
beneficiamento local compra da produção a R$ 5,00/kg, do atacado local a R$ 11,00/kg e do
varejo rural a R$ 9,14/kg, após fazer todas as etapas do beneficiamento, vende ao preço de R$
12,00/kg para o varejo urbano nacional (Figura 11). Enquanto que o atacado estadual compra
da produção a R$ 9,00/kg e do atacado local a R$ 10,00/kg e vende a R$ 12,00/kg para o
varejo urbano estadual e a R$ 10,00/kg para o varejo urbano nacional.
FIGURA 11 - Preço médio do cumaru (R$/kg) praticado nas transações entre os setores da
cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do
Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização da semente de
cumaru.
O valor do VBP, que corresponde à soma do valor recebido por todos os agentes que
venderam a semente de cumaru a partir da RI Baixo Amazonas, contabilizado em mais de R$
2,6 milhões, foi equalizado com a participação de 47% dos setores que atuam no mercado
local, 25% no estadual e 28% no mercado nacional, sob a ótica da oferta (Gráfico 7). É
importante destacar que a demanda final deste produto, o mercado nacional, obteve uma
70
representatividade de 66%, sendo que 95% destes foram relativos às transações com comércio
exterior. O mercado local demandou apenas 2%, enquanto que a nível estadual foram
demandados 28% da produção.
GRÁFICO 7 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da semente de cumaru
da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
No que diz respeito ao VBP estimado no mercado local, em mais de R$ 1,2 milhão, o
setor da produção, ou seja, agentes que realizaram a coleta/extração desta semente, recebeu
aproximadamente R$ 509 mil (valor equivalente ao VBPα) com as vendas aos setores da
demanda intermediária local e estadual (Gráfico 7), cuja representatividade no contabilizado a
nível local foi de 72,5%, oriundo das vendas ao setor atacadista no valor de R$ 198,5 mil, das
vendas ao setor da indústria de beneficiamento no valor de R$ 122 mil, ao setor de varejo
urbano no valor de R$ 6,8 mil, em torno de R$ 41,6 mil foram das vendas ao setor varejo rural
e, R$ 166 foram das vendas à indústria de transformação. E, a nível estadual, correspondeu às
vendas ao setor atacadista no valor de R$ 139,7 mil (corresponde a 27,5% do VBPα).
Em relação aos valores das vendas (VBP) dos outros setores que compõem o sistema
local, a indústria de beneficiamento, que em termos específicos, trata-se de uma indústria
processadora e exportadora deste produto, localizada no município de Óbidos, recebeu pelas
vendas da semente de cumaru (natural e cristalizado) para o varejo urbano nacional R$ 436,5
mil, o que correspondeu a 35% do VBP a nível local. Em seguida, o varejo urbano, categoria
dos feirantes e comerciantes dos municípios da região, recebeu mais de R$ 24,5 mil com as
vendas para os consumidores finais locais. O setor atacadista (composto por grandes
71
comerciantes e por uma associação do município de Monte Alegre), por sua vez, recebeu em
torno de R$ 239,5 mil pelas vendas aos setores de indústria de beneficiamento local (41%),
atacado estadual (51%), varejista urbano nacional (8%) e consumidor final local (0,01%). O
varejo rural, constituído por atravessadores, arrecadou R$ 46,7 mil com as vendas para a
indústria de beneficiamento local (61%) e para o atacado local (39%). E, por fim a indústria de
transformação recebeu, em torno de, R$ 170,00 com as vendas realizadas aos consumidores
locais.
Já as vendas dos setores no sistema estadual, com VBP estimado, em torno de, R$
668,5 mil, o varejo urbano, grandes comerciantes e feirantes do município de Belém,
arrecadou R$ 360,2 mil (54% do VBP estadual), com as vendas realizadas diretamente para
os consumidores finais estaduais. Enquanto, que o setor atacadista recebeu mais de R$ 308,3
mil (46% do VBP estadual) com as vendas ao varejo urbano estadual (60%) e nacional (40%).
Com relação ao VBP no mercado nacional, estimado em R$ 753,5 mil, houve a exclusiva
participação do varejo urbano (setor que corresponde tanto ao comércio exterior quanto as
redes de supermercado localizadas fora do estado do Pará), o qual vende tudo que adquiriu
para os consumidores finais nacionais.
Porquanto, é preciso destacar, que a comercialização deste produto teve duas
finalidades: quando comercializada com a indústria, teve como finalidade a sua utilização
como insumo no preparo de cosméticos, perfumes e aromatizantes, devido o seu odor. No
entanto, quando comercializada com o consumidor final local, fora utilizada como
fitoterápicos.
e) VAB - gerado na comercialização da semente de cumaru e a margem de
comercialização de cada setor (%).
No que se refere ao VAB, que de modo geral corresponde ao Valor Transacionado
Efetivo (VTE), ao longo da cadeia de comercialização da semente de cumaru, desde o setor
alfa (coleta/produção local) da RI Baixo Amazonas até o demandante final e, foi estimado em
mais de R$ 1,1 milhão, cujo sistema local foi responsável pela formação de 65% deste valor,
o estadual por 20% e o nacional 15%, conforme o Gráfico 8. Este VAB total correspondeu a
uma margem bruta de agregação de valor ao produto, ou mark-up total, na comercialização de
124%, calculada a partir da relação entre a diferença do valor estimado para VAB (mais de R$
1,1 milhão) com o valor do VBPα
(em torno de R$ 509 mil), pelo VBPα
(R$ 509 mil). Esta
margem demonstra, em termos percentuais, o quanto foi adicionado ao longo de toda a cadeia
de comercialização do produto, em análise, a partir do setor alfa (α), por ações de
beneficiamento, transformação e/ou majoração de preço que este produto adquiriu, antes da
72
demanda final. É importante frisar, que o valor do VAB, inclui todos os custos de
beneficiamento e comercialização do produto analisado, assim como, a proporção do produto
utilizado no preparo (fabricação) de um produto final, tal como, de fitoterápicos e cosméticos,
que não foram captados pela pesquisa.
GRÁFICO 8 - VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização da semente de cumaru
da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Diante do exposto, do VAB (ou VTE) formado nos doze municípios que compõem a
RI Baixo Amazonas e, contabilizado em aproximadamente R$ 743 mil, com a expressiva
participação do setor da produção (extrativistas da semente), equivalente a R$ 509 mil, mais
de 68% do VAB local (Gráfico 8). Entretanto, convém ressaltar que este setor transacionou
valor efetivo somente no que se refere às vendas deste produto (e, por isso, o seu mark-up foi
nulo), seja na sua forma in natura, seja após o beneficiamento primário do produto, que
exprime o processo de exposição do produto ao sol, a fim de comercializá-lo seco.
Por sua vez, a indústria de beneficiamento (beneficiadora e exportadora de produtos
da floresta amazônica), adicionou um valor próximo a R$ 188,5 mil (25% do VAB local),
pela realização tanto do processo de secagem e prensa (quando comprou a semente in natura),
quanto no processo de ensacamento, que no caso foram de dois tipos: em sacos de juta de 50
kg líquido (comercialização do produto na sua forma natural) e sacos aluminizados a vácuo de
20 kg (comercialização do produto cristalizado). Com relação à margem de comercialização
por setor, ou seja, o mark-up de 76%, fora calculado pela relação do VAB do setor (R$ 188,5
73
mil), pelo VBP, pela ótica da demanda, em torno de R$ 248 mil, que correspondeu a compra
de insumos realizada pelo setor (Gráfico 8). Ainda no sistema local, o varejo urbano
adicionou um valor próximo de R$ 17,7 mil (2% do VAB local) pela majoração de preço e
divisão do produto em embalagens de plásticos contendo unidades da semente que variaram
entre 5 a 10 e, apresentou um mark-up de 260%. O setor atacadista adicionou
aproximadamente R$ 22,7 mil (3% do VAB local) e constituiu um mark-up de 10%, através
de dois processos: compra e venda da semente e, a venda da semente transformada em
fitoterápico (xarope e comprimidos). O setor do varejo rural, por sua vez, colaborou com mais
de R$ 5 mil para a formação do VAB local e, apresentou um mark-up de 12% pelos processos
de majoração de preço, que significou um percentual sob os custos de comercialização e, pelo
processo de exposição da semente ao sol, quando adquiriu dos agroextrativistas o produto
ainda verde. Para a indústria de transformação, não foi possível calcular o valor adicionado,
nem tão pouco, o seu mark-up, pois os entrevistados não forneceram a proporção da semente
utilizada na preparação de remédios e garrafadas.
O VAB constituído no sistema estadual foi estimado em mais de R$ 220,6 mil, com
contribuição significativa do setor varejista que agregou em torno de R$ 174 mil, que
corresponde a 79% do VAB estadual e, constituiu um mark-up de 93%, obtidos pelas ações de
majoração de preço e divisão do produto em embalagens menores antes das vendas aos
consumidores finais estaduais. Enquanto que o setor atacadista participou com R$ 46,6 mil no
adicionado pelo sistema estadual e mark-up de 18%, somente com majoração de preços. O
VAB nacional orçado em R$ 175,1 mil, ficou sob a incumbência do varejo urbano, único
setor a participar na formação deste valor, o qual configurou um mark-up de 30%.
Por tudo isso, no que referiu ao valor total adicionado (VAB) ou VTE, estimado em
mais de R$ 1,1 milhão, observou-se que os produtores/extratores (setor alfa) deste produto
conseguiram adicionar valor superior aos outros setores localizados na região ou em outros
mercados, sem levar em consideração os custos de produção e comercialização, pois fora
responsável por mais de 47% deste valor, haja vista que este recurso adquiriu nenhuma e/ou
poucas ações de beneficiamento e/ou transformação após as vendas deste setor e, antes do
demandante final, já que, grande parte do cumaru fora comercializado seco, com processo de
exposição da semente verde ao sol.
f) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização da semente de cumaru.
A Renda Bruta Total (RBT) gerada na comercialização do produto, a partir da RI
Baixo Amazonas, e estimada na ordem de R$ 2,6 milhões e, oriunda da soma do valor de
compra de insumo (VBP, pela ótica da demanda) com Valor Transacionado Efetivo
74
(VTE≈VAB), teve no mercado local a formação de 47% desse montante, o mercado estadual
equalizou 25% e o nacional 28% (Gráfico 9).
GRÁFICO 9 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da semente de
cumaru, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI
Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Fazendo uma análise da RBT contabilizada a nível local em mais de R$ 1,2 milhão, o
setor da produção (α) obteve a maior renda verificada ao longo da cadeia, no valor de R$ 509
mil, resultante das vendas para os setores econômicos intermediários que compõem tanto o
sistema local quanto o estadual (Gráfico 9), cuja representatividade na RBT total estimada foi
de mais de 20%. O setor de indústria beneficiamento (beneficiadora e exportadora), por sua
vez, obteve uma renda de mais R$ 436,5 mil com as vendas para o mercado nacional e
internacional (97,5% para o comercio exterior), resultante da soma do VAB realizado pelo
setor de R$ 188,5 mil, com o valor das compras de insumos de R$ 248 mil efetivadas junto
aos setores da produção (mais de 49%), varejo rural local (11%) e do atacado local (mais de
39%), exercendo, deste modo, a função de maior demandante deste recurso a nível local, por
ter vantagens competitivas em relação aos outros setores, como exemplos, a capacidade
instalada e o nicho de mercado. O varejo urbano comprou insumos do setor da produção no
valor superior a R$ 6,8 mil e adicionou em torno de R$ 17,7 mil, gerando uma renda bruta no
valor de R$ 24,5 mil com as vendas para os consumidores finais da região.
Ainda a nível local, o valor da RBT do setor atacadista, num montante próximo de
R$ 239,5 mil das vendas realizadas para a indústria de beneficiamento local, atacado local,
75
varejo urbano nacional e para os consumidores finais locais, foi resultante da soma de compra
do insumo no valor superior a R$ 216,8 mil (junto ao setor da produção e do varejo rural) e
agregação junto a este de mais R$ 22,7 mil. O setor de varejo rural (atravessadores) gerou
uma renda bruta no valor de aproximadamente R$ 46,7 mil com as transações com o setor de
indústria de beneficiamento local e o atacado local, pois comprou em torno de R$ 41,6 mil de
semente junto aos extrativistas e adicionou um pouco mais de R$ 5 mil sem beneficiá-lo, só
acrescentando seus custos de comercialização e sua margem de comercialização, o qual é
acrescentado de forma aleatória. A indústria de transformação obteve uma renda de R$
166,00, oriunda das vendas aos consumidores locais e corresponde ao mesmo valor de compra
junto ao setor da produção (Gráfico 9).
Ressalta-se que na formação da RBT a nível local aproximadamente 34% foi oriunda
das vendas ao exterior (classificado no mercado nacional), realizada pela indústria de
beneficiamento.
Com relação à RBT gerada a nível estadual, orçada em mais R$ 668,5 mil, o varejo
urbano (grandes comerciantes) comprou R$ 186,3 mil deste recurso junto ao setor de
atacadista estadual e varejo urbano local e se destacou pela agregação, em torno de R$ 173,9
mil, gerando uma renda bruta no valor de R$ 360,2 mil (54% da RBT estadual), obtidos com
a venda direta para o consumidor final estadual. Já o setor atacadista comprou as sementes de
cumaru junto ao setor da produção e do atacado local no valor superior a R$ 261,7 mil e
agregou ao recurso um valor em torno de R$ 46,6 mil, gerando deste modo uma renda bruta
de um pouco mais de R$ 308,3 mil com as vendas para o varejo urbano estadual (Gráfico 9).
E por fim, a renda estimada no mercado nacional no valor de R$ 753,5 mil, gerada
pela ação do setor de varejo urbano (composto pelo comércio exterior e as redes de
supermercado nacional) que comprou mais de R$ 578,4 mil das sementes de cumaru junto à
indústria de beneficiamento e ao setor atacadista, localizados na região do Baixo Amazonas, e
as vendeu com uma agregação de valor de R$ 175,1 mil aos consumidores finais nacionais
(Gráfico 9).
4.2.4 Malva
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da
malva.
Foram entrevistados dois agentes mercantis (atravessadores) os quais atuam, em
média, há 15 anos no ramo. A partir desses atravessadores, foi possível identificar a
participação dos outros agentes que constituíram esta cadeia.
76
O Quadro 4 apresenta a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização
deste produto de acordo com seus respectivos setores e mercados.
QUADRO 4 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da malva da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção
Agentes responsáveis pela extração de fibras vegetais. Esses
agentes realizam a extração da fibra através do processo de
maceração em água corrente ou parada;
Varejo rural Pequenos comerciantes ou atravessadores do interior dos
municípios que compram dos produtores.
Estadual Indústria de
transformação
Indústria têxtil localizada no âmbito estadual, que beneficia o
produto e revende para o consumidor nacional.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Os entrevistados informaram que a malva, planta nativa da Amazônia, é cultivada em
áreas de várzea em consórcio com a juta. Ressaltaram ainda que a fibra deste vegetal, parte
utilizada na comercialização, é extraída da haste, por meio de um processo de maceração,
realizado pelos produtores. Após esta etapa de beneficiamento, o produto é transacionado dos
produtores para os atravessadores. Esses últimos agentes recolhem a fibra diretamente nas
casas dos produtores e, posteriormente, armazenam em um galpão até o momento da venda
para a indústria de transformação estadual (indústria têxtil), localizada no município de
Castanhal (RI Guamá). Os fardos de malva são transportados para a indústria por meio de
barcos fretados pelos atravessadores. A indústria de Castanhal, a partir do produto beneficiado
pelos produtores, produz sacos utilizados para embalar diversos produtos (café, batata, cacau,
castanha, amendoim, entre outros), telas naturais, fios e outros materiais. Ademais, esta
indústria financia 25 % da produção por meio de sementes, garantindo dessa forma a
transação da malva com esses produtores.
No município de Curuá, um representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais
relatou que a malva e a juta são culturas que apresentam potencial neste município.
Entretanto, algumas comunidades com interesse em produzir essas culturas, ainda encontram
dificuldades em adquirir sementes.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$
correntes/kg) entre os setores mercantis da cadeia da malva.
O canal de comercialização da malva identificado é simples e indireto, pois abrange
dois setores intermediários que participam da cadeia de comercialização da fibra. O varejo
rural comercializou 100% da quantidade identificada da malva produzida na região, que foi
77
comprada diretamente dos produtores locais ao preço médio de R$ 1,50/kg da fibra e vendida,
exclusivamente, para a indústria de transformação estadual, localizada em Castanhal-PA (RI
Guamá), no valor de R$ 1,70/kg (Figura 12). Após processo de transformação este setor
vendeu 100% do produto, na forma de sacarias de fibras naturais, para atender consumidores
nacionais e internacionais (principalmente grandes empresas cafeicultoras), por ser a
embalagem adequada.
FIGURA 12 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/kg) da malva na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a
2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização da malva.
VBP oriundo da oferta da fibra da malva, a partir da região do Baixo Amazonas e,
contabilizado em um valor superior a R$ 1,6 milhão, formou-se com a participação
preponderante dos setores inseridos no mercado local, os quais receberam mais de R$ 1
milhão e, a nível estadual, com a participação somente do setor de indústria de transformação
que adquiriu aproximadamente R$ 610,3 mil, sob a ótica da oferta (Gráfico 10).
78
GRÁFICO 10 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da malva da RI
Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Do VBP constituído no mercado local, o valor bruto da produção local (VBPα), isto
é, setor dos agentes mercantis que realizam o cultivo e o beneficiamento primário da planta
(malva), recebeu um valor próximo a R$ 481,8 mil, conforme o Gráfico 10, e, refere-se às
vendas realizadas ao setor varejista rural, setor intermediário local que na cadeia de
comercialização deste produto teve o papel de compra de toda a produção, junto ao setor da
produção, e venda (repasse) ao setor de transformação, localizado fora da RI Baixo
Amazonas, mas que na região atua através da compra garantida, que enuncia o financiamento
de parte da produção, que corresponde ao fornecimento de forma parcial e/ou integral de
semente, já que agentes do setor da produção não têm subsídios do Governo para a compra da
mesma, e deste modo, a indústria, garante não só a compra de toda produção do produto
(sendo que parte dela foi entregue como pagamento das sementes fornecidas) já transformado
em fibra, mas como mantém um fornecimento regular do insumo que ela necessita. De
maneira geral, os produtores de malva são ribeirinhos, que comercializaram a produção sem
ter que se deslocar de sua propriedade, pois os agentes mercantis do setor de varejo rural se
responsabilizam pela busca da produção no local de armazenamento, isto é, se
responsabilizam pelo transporte (marítimo). Tal processo de comercialização aconteceu com
maior intensidade no município de Juruti. Este valor recebido pelo setor da produção teve
uma representatividade de aproximadamente 47% do VBP contabilizado no mercado local,
pela ótica da oferta.
79
O setor de varejo rural, onde estão arranjados os atravessadores, recebeu pelas vendas,
da fibra da malva, um valor superior a R$ 546 mil, que corresponde a 53% da renda gerada a
nível local, oriundo das vendas para a indústria de transformação estadual (Gráfico 10).
Com relação ao VBP formado no mercado estadual, estimado em R$ 610,3 mil
(Gráfico 10), houve a participação exclusiva do setor de indústria de transformação, que
corresponde a uma indústria do setor têxtil localizada no município pólo da RI Guamá, que
por sua vez, vende tudo o que processou, a partir da fibra da malva, para o consumidor final
nacional. Entre as áreas de atuação desta indústria, uma delas é a de fornecer insumo e/ou
produtos beneficiados (fios, telas e sacolas) provenientes da biodiversidade amazônica para
outras indústrias da cadeia produtiva têxtil no âmbito nacional. Este setor atua na região do
Baixo Amazonas, assim como, no Estado do Pará e do Amazonas na condição de
monopsonista, pois além de concentrar toda a produção de fibras desses espaços geográficos,
tem o poder de influenciar no preço.
Diante dos valores estimados para o VBP, sob a ótica da oferta, na comercialização
deste produto, depreende-se que estes poderão atingir patamares maiores, pois o mercado
consumidor está em ascensão, uma vez que as demandas por embalagens ecologicamente
corretas (intituladas como ecobags) são crescentes e, sendo assim, exigirão mais produção de
fibras têxteis, dentre as quais a malva, por estar ganhando cada vez mais espaço no mercado
(nacional/internacional) em substituição aos populares sacos plásticos, já garantidos por lei
em alguns Estados da Federação, como Minas Gerais e São Paulo (a partir de janeiro de
2012). Este aumento na demanda de fibras significa um novo ciclo no uso desses produtos.
d) VAB - gerado na comercialização da malva e a margem de comercialização de
cada setor (%).
O VAB ao longo da cadeia de comercialização da malva, desde o setor alfa
(produção local) da RI Baixo Amazonas até a demandante final, contabilizou mais de R$
610,2 mil (Gráfico 11), o qual desencadeou uma margem bruta de agregação de valor ao
produto, ou mark-up total, na comercialização de 27%. Esta margem mostra percentualmente,
o quanto foi adicionado ao longo de toda a cadeia de comercialização, a partir do valor das
vendas do setor alfa, e o seu calculo se dá pela relação entre a diferença do valor estimado
para o VAB formado ao longo da cadeia (mais de R$ 610,2 mil) e VBPα
(em torno de R$
481,8 mil), pelo valor do VBPα
(R$ 481,8 mil). Depreende-se também que, quando se
analisou a agregação de valor por mercado, o local foi responsável por mais de 89% do VAB
total, adicionados ao longo da cadeia, enquanto que o sistema estadual adicionou o restante,
aproximadamente 11%. É importante ressaltar, que o valor estimado do VAB, inclui todos os
80
custos de beneficiamento e comercialização do produto analisado, que não foram captados
pela pesquisa. E, demonstra, em termos percentuais, o quanto foi adicionado ou agregado, ao
longo de toda a cadeia de comercialização do produto, em análise, a partir do setor alfa (α),
por ações de beneficiamento, transformação e/ou majoração de preço que este produto
adquiriu, antes da demanda final.
GRÁFICO 11 - VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização da malva da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
No que diz respeito ao VAB formado no mercado local, estimado na ordem de R$
546 mil, o setor de varejo rural, ou seja, os atravessadores que atuam como o elo na
comercialização entre os agroextrativistas e a indústria de transformação localizada fora da
região do Baixo Amazonas, adicionaram mais de R$ 64,2 mil e, constituiu um valor de mark-
up de 13%, proveniente do baixo preço médio (Pç/kg) pago aos agroextrativistas, tendo como
referencia o preço médio que será pago pelo setor de transformação (Gráfico 11). Com
relação à margem de comercialização (mark-up) do setor, isto é, mark-up do setor, foi
calculado pela relação entre o VAB realizado pelo setor, no valor de R$ 64,2 mil , pelo valor
de R$ 481,8 mil, que corresponde ao VBP estimado pela ótica da demanda, equivalente a
compra de insumos realizada pelo setor.
No entanto, o setor que mais agregou valor a nível local (assim como ao longo de toda
cadeia) à malva foi o da produção, pois adquiriu uma expressiva participação, pelo fato dos
agentes mercantis deste setor terem adicionado o equivalente a R$ 481,8 mil, o que corresponde
81
a mais de 88% do que foi adicionado no mercado local (e, 79% do VAB total), pois este agente
além de ter realizado o cultivo da planta, foi também, quem realizou o beneficiamento primário
do produto, que em termos gerias, significou processos desencadeados artesanalmente: a
colheita, corte e formação de feixes do caule da planta antes da maceração realizada na água do
rio, a fim de se obter a fibra. Convém ressaltar, que este setor transaciona o valor efetivo
somente no que se refere às vendas deste produto, e por isso, não se tem como calcular o mark-
up. (Gráfico 11). Frisa-se que no valor estimado do VAB do setor da produção, excluíram-se os
custos de produção e de mão de obra de auxiliares (meeiros).
Já o valor adicionado pelo setor do mercado estadual, orçado em R$ 64,2 mil, ficou
sob a responsabilidade da indústria de transformação e, apresentou um mark-up de 12%
(Gráfico 11), com o processamento da fibra da malva em fios, telas e sacarias e/ou produtos
acabados, tal como bolsas e sacolas (este em parceria).
Portanto, no que se refere à agregação de valor ao longo da cadeia da malva, orçado
em um valor superior a R$ 610,2 mil, observou-se que os agroextrativistas da região em
estudo, conseguiram adicionar valor superior aos outros setores localizados tanto na região
quanto fora dela, pelas suas ações de beneficiamento que os agentes deste setor realizam antes
dos demandantes intermediários.
e) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização da malva.
A renda bruta total gerada (RBT) na comercialização deste produto, a partir da RI
Baixo Amazonas, foi contabilizada na ordem de R$ 1,6 milhão. Este valor se formalizou a
partir da soma de compra de insumo (VBP, pela ótica da demanda) com o valor que foi
adicionado (VAB) pelos setores ao longo da cadeia de comercialização da fibra de malva. Na
formação do valor da renda bruta gerada, o sistema local foi responsável por gerar 63% do
montante e o sistema estadual 37% (Gráfico 12).
Fazendo a análise por setor, o da produção (α) obteve uma renda bruta, ao longo da
cadeia, no valor de R$ 481,8 mil, que corresponde a 29% da RBT total, resultante das vendas
da fibra da malva para o setor da demanda intermediária, que compõem o mercado local
(Gráfico 12). O setor de varejo rural (atravessadores), por sua vez, gerou uma renda bruta no
valor de R$ 546 mil (33% da RBT total gerada) com o “repasse” ao setor de transformação
desta fibra fora da região, resultante da soma do valor de compra de insumo de R$ 481,8 mil
com o valor adicionado de R$ 64,2 mil. A soma das rendas brutas geradas pelos dois setores
citados, em mais de R$ 1 milhão, corresponde a RBT gerada e circulada no sistema local, ou
seja, na região de integração em análise.
82
GRÁFICO 12 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da malva,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
E por fim, a RBT gerada no sistema estadual, no valor acima de R$ 610,2 mil
(Gráfico 12), que ficou a cargo do setor de indústria de transformação estadual (indústria
têxtil), oriundo da soma do valor de compra de insumo (VBP, ótica da demanda) realizado
pelo setor, no valor de R$ 546 mil, junto aos atravessadores, localizado na região do Baixo
Amazonas, com o valor de agregação na ordem de R$ 64,2 mil, antes das transações com os
consumidores finais nacionais, que em termos gerais, significou o consumo de outras
empresas da cadeia produtiva têxtil.
4.2.5 Copaíba
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da
copaíba.
Foram identificados dezessete agentes mercantis do óleo da copaíba, que também
comercializam outros produtos, na sua maioria estudados nesta pesquisa, como plantas
medicinais (arapari, aroeira, assacu, barbatimão, breu-branco, caju do mato ou cajuaçu,
carapanaúba, casca de ipê-roxo, casca de sucuúba, casca de uxi, jucá, leite de amapá, óleo de
andiroba, óleo de cumaru, óleo de piquiá, pata-de-vaca, preciosa, quinarana, semente de
cumaru, unha-de-gato, uxi-amarelo e verônica), cipós (timbó, timbuí e titica), fibras (taboa,
junco e o curauá), frutos (açaí, bacaba, bacuri, buriti, cacau, cupuaçu, muruci, taperebá e o
tucumã), artesanatos e utensílios (jamanxim, vassoura regional e semente de morototó),
83
castanha-do-brasil, mel, urucum, carvão e a borracha. Os agentes que atuam no mercado já
trabalham neste ramo há 21 anos em média (variação entre 5 e 63 anos). O Quadro 5
descreve os setores identificados na comercialização da copaíba na RI Baixo Amazonas.
QUADRO 5 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da copaíba da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção Extrativistas, ribeirinhos e colonos que não têm na atividade de
extração da copaíba sua principal fonte de renda. A produção é
entregue envasada em garrafas pet e de vidro;
Varejo rural Atravessadores que compram diretamente de vários
extrativistas e revendem para os consumidores locais;
Indústria de
beneficiamento
Empresa que realiza o beneficiamento (retirada de impurezas)
dentro dos padrões de qualidade, localizada no município de
Óbidos, que atua no mercado brasileiro, com atacadistas e
indústrias, incluindo as multinacionais do setor de cosmético e
perfumaria;
Indústria de
transformação
Associação de saúde popular que utiliza a copaíba como
matéria-prima para manipular remédios caseiros, localizada na
cidade de Monte Alegre;
Atacado
Setor que realiza a compra diretamente com a produção e
vende para o setor varejista. Neste setor existem dois tipos de
atacadistas: uma cooperativa que administra três associações
das comunidades da “Flona Tapajós” e realiza o
beneficiamento (retirada de impurezas) dentro dos padrões de
qualidade de exportação e, uma associação de comunidades
remanescentes de quilombos, no município de Oriximiná;
Varejo urbano Feirantes que comercializam a copaíba como medicinal em
pequenas quantidades para o consumidor final.
Nacional Varejo urbano Atacadistas e indústrias, incluindo as multinacionais do setor
de cosmético e perfumaria.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Na Figura 13 observam-se os principais pontos de comercialização da copaíba
identificados em campo. No município de Monte Alegre a comercialização se concentra na
localidade de Serra Azul, enquanto que no município de Prainha nas comunidades do Marizal,
Macoapi e Alto Caminaú. De modo geral, em toda região há uma quantidade expressiva,
porém pouco comercializada.
Dos 17 agentes, 12 afirmaram possuir de um a dois armazéns com dimensões de 9m2
a 800m2. Com relação a meios de transporte oito agentes (2 atravessadores, 5 feirantes e 1
comerciante) possuem de um a dois veículos do tipo caminhão, caminhonete, barcos e motos.
Os extrativistas utilizam equipamentos como terçados, trado para a extração, recipientes com
84
capacidade de 600 ml, balança de 1.000 Kg e, para coleta, vasilhames para armazenar a seiva
ou óleo da copaíba.
FIGURA 13 - Localização dos agentes mercantis da copaíba na RI Baixo Amazonas, estado
do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Os produtores/extrativistas entrevistados, de acordo com sua localização, possuem
áreas de coleta em diversos locais como Serra Azul em Monte Alegre (20 ha), Cristalino (49
ha), Flona Tapajós (500 ha) e Oriximiná (100.000 ha).
Com relação ao armazenamento, a ausência de um espaço físico maior dificulta o
trabalho com o produto, e este foi o problema mais citado pelos agentes.
O produto é comercializado durante todo ano e existem varias pessoas envolvidas
nesta atividade de extração do óleo. Uma cooperativa possui 80 associados e outra com 28
funcionários fixos. O valor pago fica em torno de um salário mínimo para os associados e
funcionários fixos, sendo que os contratados no período de safra recebem diárias de R$ 15,00
a R$ 20,00. Os extrativistas dividem a renda total em partes iguais pelos membros da família.
Todavia existem muitas dificuldades neste setor tais como a ausência de recursos, de
financiamentos, de assistência técnica para capacitação dos extratores e para melhoria da
infraestrutura das estradas para escoar a produção.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de copaíba.
Na Figura 14 verifica-se o principal canal de comercialização envolvendo o setor da
indústria de beneficiamento local, o qual compra 78% da produção local, vende para os
85
varejistas urbanos nacionais (setor de cosmético e perfumaria). O setor do varejo urbano local
compra 18% da produção e 1,6% do setor atacadista local (associação de comunidades
remanescentes de quilombos) e vende 19,6% diretamente para os consumidores locais,
justificando o alto consumo da copaíba para fins medicinais.
O setor do atacado local comercializa 2,3% da quantidade identificada, compra
diretamente dos produtores e vende 1,6% para o varejo urbano, como antes citado, mas
também vende 0,7% para o varejo urbano nacional, mais precisamente para o mercado
internacional (França e Alemanha). Neste caso o atacadista é uma cooperativa que atua como
atravessadora, pois tem atestado de origem para exportar o óleo de copaíba através do
Ministério da Agricultura.
FIGURA 14 - Estrutura (%) da quantidade amostral da copaíba comercializada na RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Na cadeia da copaíba foi identificada a presença da indústria de transformação local
(associação), que atua na manipulação de remédios e comercializou somente 0,1% da
produção e vendeu diretamente para o consumidor local. Destaca-se também a venda direta
dos extratores para o consumidor local com 0,1% da produção identificada.
Na cadeia de comercialização da copaíba existem dois tipos de produtores, aqueles
que extraem o óleo em larga escala para atender os setores da indústria de beneficiamento e
do atacadista e, aqueles produtores que extraem quantidades menores para atender os
atravessadores, os feirantes e os consumidores finais.
86
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia da
copaíba, no período de 2009 a 2010.
O preço médio do litro da copaíba oscila de acordo com o mercado consumidor, a
quantidade ofertada e a comercializada. Portanto, a variação do preço da copaíba praticado
pelo setor da produção local varia de R$ 9,79/l na venda para o varejista rural
(atravessadores), R$ 8,55/l para a indústria de beneficiamento local, R$ 15,00/l com a
indústria de transformação local, R$ 11,79/l com o atacadista local, R$ 20,37/l com o varejo
urbano local e R$ 15,00/l com o consumidor local (Figura 15).
De acordo com o principal canal da cadeia de comercialização, o setor da indústria
de beneficiamento local compra da produção a R$ 8,55/l em média, sendo este o menor preço
médio de venda praticado pelos extrativistas. A justificativa é que esta empresa é antiga no
mercado de óleos na região do Baixo Amazonas e compra em maior quantidade.
FIGURA 15 - Preço médio da copaíba (R$/l) praticado nas transações entre setores da cadeia
de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
O setor atacadista adquire a copaíba por R$ 11,79/l e vende para o varejo urbano
local a R$ 13,75/l e para o varejo urbano nacional a R$ 30,00/l, neste caso vai para o mercado
exterior.
d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do óleo de
copaíba.
Os agentes que comercializaram o óleo de copaíba, a partir da RI Baixo Amazonas,
receberam algo em torno de R$ 1,1 milhão, que corresponde ao valor estimado do VBP total sob á
87
ótica da oferta. Na formação deste valor, houve o predomínio dos agentes mercantis constituídos
nos setores que compõem o mercado local, os quais canalizaram mais de R$ 779 mil, que
corresponde a 71% do VBP total. Já o restante, estimado em R$ 315,1 mil (29% do VBP total) foi
recebido pelo setor do mercado nacional, conforme o Gráfico 13. Depreende-se, no entanto, que
diferente da oferta, a demanda aconteceu com maior frequência no mercado nacional, pois
representou 79% da demanda total, que, em termos específicos, corresponderam à demanda
internacional. O mercado local consumiu 21% do óleo da copaíba ofertada.
GRÁFICO 13 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do óleo de copaíba
da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Do VBP recebido pelos agentes mercantis que compõem os setores do mercado
local, os extrativistas, agrupados no setor da produção, contabilizaram mais de R$ 320,2 mil
(41% do VBP local), que corresponde ao VBPα pela oferta do óleo de copaíba, conforme o
Gráfico 13. Deste valor, aproximadamente 100% (R$ 319,7 mil) foram oriundos da venda
aos setores que compõem a demanda intermediária local, com predomínio para a indústria de
beneficiamento, com uma participação de 62% (R$ 198 mil) e, em torno de 34% (mais de R$
109 mil), para os agentes mercantis do setor varejista urbano. O restante do VBPα, R$ 403,00,
foi oriundo das vendas realizadas pelo setor da produção/extração diretamente aos
demandantes finais locais, ou seja, transações com os consumidores pertencentes a RI Baixo
Amazonas.
Com relação aos valores (VBP) adquiridos pelos outros setores que compõem o
sistema local, o atacadista, composto por uma cooperativa mista atuante na FLONA Tapajós e
88
associações remanescentes de quilombo do município de Oriximiná, receberam juntas, em
torno de R$ 12,3 mil (menos de 2% do VBP local) (Gráfico 13), sendo que deste valor, 53%
foram provenientes das vendas do óleo de copaíba para o varejista urbano local, sob
responsabilidade da associação remanescente de quilombo e, 47% foram vendidos para o
varejo urbano nacional, sob responsabilidade da cooperativa. Salienta-se, no entanto, que o
varejista nacional citado, correspondeu com as transações realizadas pela cooperativa mista
com o comércio exterior.
Tanto o setor de varejo urbano (setor onde estão inseridos os agentes mercantis que
atuam como feirantes e os que comercializam este produto em mercearias e/ou tabernas),
como o setor de varejo rural (atravessadores) venderam diretamente aos demandantes finais
locais, ou seja, aos consumidores da própria RI Baixo Amazonas, e arrecadaram
aproximadamente R$ 193 mil e R$ 5,5 mil, respectivamente (Gráfico 13). Com relação ao
valor (VBP) adquirido pelo setor de indústria de beneficiamento (e exportação situada no
município de Oriximiná), orçado em R$ 247,6 mil aproximadamente (32% do VBP local),
correspondeu às vendas ao varejo urbano nacional, que na respectiva cadeia de
comercialização refere-se às transações com agentes mercantis de outros países, tais como,
Estados Unidos e China. E, por fim, a indústria de transformação, setor onde esta arranjada
uma associação do município de Monte Alegre, adquiriu R$ 538,00 advindos das vendas aos
consumidores finais locais, vendas realizadas quase sempre sob forma de encomendas.
O VBP estimado no mercado nacional em R$ 315,1 mil se refere às vendas do varejo
urbano aos consumidores finais nacional. Este valor estimado foi alusivo as transações
realizadas entre os agentes mercantis localizados no exterior (Gráfico 13).
e) VAB - gerado na comercialização do óleo de copaíba e a margem de
comercialização de cada setor (%).
Na cadeia de comercialização do óleo de copaíba, o VAB, desde o setor alfa da
extração/produção da RI Baixo Amazonas, até os demandantes finais, foi orçado em R$ 514,5
mil, sendo os setores do mercado local responsável por 88% deste valor e, o setor do mercado
nacional formalizou o restante (12%) (Gráfico 14). Este valor estimado para o VAB, o qual é
equivalente ao Valor Transacionado Efetivo (VTE), constituiu uma margem bruta de
agregação de valor ao produto ao longo de toda a cadeia de comercialização, ou mark-up
total, de 61%, medido a partir da relação entre a diferença do VAB (R$ 514,5 mil) com VBPα
total (em torno de R$ 320,2 mil), pelo VBPα
total (de R$ 320,2 mil). Esta margem demonstra,
em termos percentuais, o quanto foi adicionado ao longo de toda a cadeia de comercialização
do produto em análise, a partir do setor alfa (α), por ações de beneficiamento, transformação
89
e/ou majoração de preço que este produto adquiriu, antes da demanda final. É importante
frisar que o valor do VAB inclui todos os custos de beneficiamento e comercialização do
produto analisado, que não foram captados pela pesquisa. Assim como a proporção deste
produto utilizado para a produção de um produto final, tal como, as pílulas de copaíba.
GRÁFICO 14 - VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização do óleo de copaíba da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Deste modo, entre os setores do mercado local que agregaram valor e, os seus
respectivos mark-up (margem de comercialização por setor), o setor da produção, constituído
pelos agentes mercantis extrativistas, obteve uma participação predominante para a formação
do VAB Total, pois agregou o equivalente a R$ 320,2 mil, que correspondeu a mais de 70 %
do adicionado ao longo da cadeia no âmbito local, pois foi quem realizou o beneficiamento
primário do produto, que a grosso modo, significa a retirada do óleo do tronco da árvore com
auxílio do trado, que perfura sem danificá-lo de forma tradicional e sustentável, juntamente
com o envasamento em garrafas PET (geralmente de 2 litros) e/ou carotes (de 600 ml), ambos
oriundos do reaproveitamento. Convém ressaltar, que o setor da produção transacionou o
valor efetivo somente no que se referiu às vendas do produto e, por isso, não se estimou o
mark-up do setor (Gráfico 14).
Já o valor adicionado pelo varejo urbano, setor de representação dos feirantes e
comerciantes de pequenos estabelecimentos (mercearia e/ou tabernas) dos doze municípios da
RI Baixo Amazonas, orçado em mais de R$ 77,3 mil (17% do VAB local), foi desenvolvido
90
através da majoração de preço realizada simultaneamente com o fracionamento do produto
em frascos menores, e por estes processos, constituiu o maior mark-up entre os setores ao
longo de toda cadeia, estimado em 67% (Gráfico 14), calculado pela relação do VAB do setor
(R$ 77,3 mil), pelo Valor Bruto da Produção (VBP), pela ótica da demanda, em torno de R$
115,6 mil, que corresponde a compra de insumos realizada pelo setor. Por sua vez, o setor
atacadista (composto por associações de quilombos e cooperativa mista) adicionou um valor
superior a R$ 4,4 mil (equivalente a 1% do VAB local) e, constituíram um mark-up de 56%.
Este setor adicionou valor de duas formas distintas, devido os agentes terem nichos de
mercado bem diferentes, pois enquanto a cooperativa adicionou valor quando realizou a
padronização do produto (envasamento em garrafas de vidro, rótulos com informações do
produto e certificado de origem), de acordo com as normas de comercialização impostas pelos
órgãos de fiscalização de alimentos, quanto a majoração de preços, antes das vendas ao
comércio exterior. As associações, por sua vez, adicionaram valor com a utilização dos
processos de majoração de preços, antes da comercialização com os agentes mercantis do
setor de varejo urbano local.
Ainda no mercado local, a indústria de beneficiamento (e exportação) adicionou o
equivalente a R$ 49,6 mil (11% do VAB local) e constituiu um mark-up de 25% (Gráfico
14), com padronização do produto de acordo com as normas de comercialização impostas
pelos órgãos de fiscalização de alimentos (envasamento em garrafas de vidro, rótulos com
informações do produto e certificado de origem), e majoração de preços, antes das vendas ao
comércio exterior, ou seja, praticamente os mesmos processos verificados na cooperativa
mista. O setor de varejo rural, por sua vez, adicionou R$ 1,1 mil com as vendas aos
consumidores da RI Baixo Amazonas, apenas com aumento de preço, tendo como referencial
os custos de comercialização, e obteve um valor de mark-up de 25%. E, a indústria de
transformação agregou R$ 107,00 pela utilização (de uma proporção não determinada) do
óleo de copaíba na preparação de pílulas, utilizadas pelas famílias da RI Baixo Amazonas
como antiinflamatórios.
O VAB estimado para o mercado nacional, mais especificamente pelo setor varejo
urbano alcançou R$ 61,8 mil e, mark-up de 24%, obtidos com as vendas aos consumidores
nacionais (Gráfico 14).
Portanto, no que se referiu ao VAB, equivalente ao valor tracionado efetivo total,
constituído ao longo da cadeia de comercialização do óleo de copaíba, orçado em mais de R$
514,5 mil, observou-se a proeminente participação dos extrativistas, classificados como setor
da produção, já que o seu valor adicionado correspondeu a mais de 62% deste valor, pois
91
realizou tanto a extração quanto o envasamento do produto. Enquanto que os setores da
demanda intermediária só agregaram valor pelos processos de majoração de preço,
fracionamento do produto e, em alguns setores, padronização das embalagens por exigências
externas. É importante ressaltar, que o valor agregado pelo setor da produção só não foi
maior, pelo fato deles ainda utilizarem no processo de envasamento do produto garrafas
reaproveitadas, propiciado pela falta de capital e/ou organização dos extrativistas imporem
barreiras ao padrão de comercialização exigível.
f) RBT, gerada pela ótica da demanda, na comercialização do óleo de copaíba.
A renda bruta total (RBT) contabilizada na ordem de R$ 1,1 milhão, gerada na
comercialização do óleo de copaíba, a partir da região do Baixo Amazonas, forma-se pela
soma do valor da compra de insumo, que corresponde ao VBP (pela ótica da demanda) com o
valor do VAB (≈VTE) constituído ao longo da cadeia de comercialização. Desta maneira, o
sistema local foi responsável por gerar 71% do montante do valor da renda bruta, e, o restante,
39%, foram gerados no sistema nacional, que na respectiva cadeia, tratou-se do comércio
exterior (Gráfico 15).
Fazendo a análise somente das rendas constituídas pelos setores do sistema local,
com renda bruta gerada em aproximadamente R$ 779 mil, o setor da produção (α) foi quem
obteve a maior renda, ao longo de toda cadeia de comercialização, calculada em R$ 320,2 mil,
que corresponde a 41% da renda gerada a nível local e, aproximadamente 30% da renda total
gerada, resultante das vendas do óleo de copaíba para os setores da demanda intermediária
local (sendo mais da metade para indústria de beneficiamento) e para os consumidores finais
locais (Gráfico 15). O varejo urbano que obteve valor adicionado, em torno de R$ 77,3 mil,
após a compra de insumos, no valor R$ 115,6 mil, junto aos extrativistas e atacadistas,
gerando uma renda bruta no valor de aproximadamente a R$ 192,9 mil com as vendas para os
consumidores locais. O setor atacadista gerou uma renda bruta no valor de R$ 12,3 mil com
as vendas para o varejo urbano local e nacional (comércio exterior), resultante da compra de
insumo no valor de R$ 7,9 mil (VBP, ótica da demanda) junto ao setor da produção e
agregação de R$ 4,4 mil (Gráfico 15).
92
GRÁFICO 15 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do óleo de
copaíba, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI
Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Fazendo a análise somente das rendas constituídas pelos setores do sistema local,
com renda bruta gerada em aproximadamente R$ 779 mil, o setor da produção (α) foi quem
obteve a maior renda, ao longo de toda cadeia de comercialização, calculada em R$ 320,2 mil,
que corresponde a 41% da renda gerada a nível local e, aproximadamente 30% da renda total
gerada, resultante das vendas do óleo de copaíba para os setores da demanda intermediária
local (sendo mais da metade para indústria de beneficiamento) e para os consumidores finais
locais (Gráfico 15). O varejo urbano que obteve valor adicionado, em torno de R$ 77,3 mil,
após a compra de insumos, no valor R$ 115,6 mil, junto aos extrativistas e atacadistas,
gerando uma renda bruta no valor de aproximadamente a R$ 192,9 mil com as vendas para os
consumidores locais. O setor atacadista gerou uma renda bruta no valor de R$ 12,3 mil com
as vendas para o varejo urbano local e nacional (comércio exterior), resultante da compra de
insumo no valor de R$ 7,9 mil (VBP, ótica da demanda) junto ao setor da produção e
agregação de R$ 4,4 mil (Gráfico 15).
Ainda no sistema local, a indústria de beneficiamento comprou o óleo de copaíba de
extratores da RI Baixo Amazonas no valor de R$ 198 mil, constituindo-se desta forma maior
demandante deste produto no âmbito local, e os vendeu com uma agregação no valor de R$
49,6 mil para o mercado nacional (internacional), obtendo uma renda bruta de
aproximadamente R$ 247,6 mil (Gráfico 15). E, o varejo rural, gerou uma renda de R$ 5,5
93
mil com as vendas aos consumidores locais, advindo da soma do valor de compra do produto,
estimado em R$ 4,4 mil junto aos extrativistas e agregação de aproximadamente R$ 1,1 mil.
A indústria de transformação formou uma renda bruta de R$ 538,00 oriundo da soma da
compra de insumo ao setor da produção/extração no valor de mais de R$ 430,00 e agregação
de R$ 107,00.
Já o valor da RBT estimado para o mercado nacional, em R$ 315,1 mil (31% da RBT
total) (Gráfico 15), corresponde às transações realizadas pelos setores localizados a nível
internacional, seja para utilização deste produto para consumo seja para utilização como
insumo na preparação de outros produtos finais. Este valor foi resultante da soma da compra
do óleo de copaíba realizado pelo setor de varejo urbano no valor de R$ 253,3 mil junto ao
setor atacadista e indústria de beneficiamento, ambos localizados no mercado local, ou seja,
agentes mercantis da RI Baixo Amazonas e, do valor adicionado pelo setor de R$ 61,8 mil.
4.2.6 Cupuaçu
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
cupuaçu.
Foram entrevistados vinte e dois agentes que comercializam o cupuaçu (Figura 16),
sendo que apenas um trabalha exclusivamente com o cupuaçu, e os demais trabalham com
outros produtos, tais como: óleo de andiroba, óleo de copaíba, polpa de frutas (cacau, açaí,
tucumã, buriti, bacuri, muruci e taperebá), castanha-do-brasil, leite de sucuúba, cipó-timbó,
carvão, esteira de taboa, mel, breu-branco, urucum e látex. Do total dos entrevistados, quatro
são feirantes, nove comerciantes, cinco produtores e quatro atravessadores (entre eles um
sindicato e uma cooperativa). Os agentes trabalham neste ramo há 16 anos em média
(variação de 8 meses a 20 anos). É importante frisar que existem outros agentes que
comercializam este produto na região. O Quadro 6 mostra a caracterização dos agentes
envolvidos na comercialização deste produto de acordo com seus respectivos setores e
mercados.
Quanto à infra-estrutura desses comerciantes, foram verificados que quatro
produtores possuem propriedade rural com áreas de 12 a 50 ha, localizadas em Monte Alegre,
Terra Santa e Juruti. Do total de agentes (22), doze possuem armazém com dimensões entre
6m2 a 75m² onde são dispostos os equipamentos utilizados para fabricação da polpa e/ou
armazenagem do produto. Com relação aos equipamentos, onze possuem freezers - com
capacidade de 180L, 250L e 500L, e, geladeiras, despolpadeiras, liquidificador industrial,
câmara fria, selador de embalagem plástica, dosador, máquina de fabricação de sorvete e
picolé, fogão industrial, baldes em inox, peneiras, terçados, balanças de 60 Kg, caixas de
94
isopor de 70 L, além de equipamentos individuais para manipulação do produto, como: luvas,
tesouras, e toucas de proteção capilar.
FIGURA 16 - Localização dos agentes mercantis do cupuaçu na RI Baixo Amazonas, estado
do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
O tempo de trabalho é o ano todo, em horário comercial e, o valor pago à mão de
obra varia de R$ 80,00 a um salário mínimo. A mão de obra dos produtores é basicamente
familiar, a da cooperativa da Flona do Tapajós é composta por 80 cooperados e, os
comerciantes/atravessadores contratam entre três a quatro ajudantes, os quais recebem diárias
que variam de R$ 15,00 a 20,00.
Dentre os problemas relatados pelos agentes, principalmente os que atuam no setor
de beneficiamento/processamento e comercialização de frutas, o que mais desestimula a
continuidade da atividade é a constante queda de energia elétrica, que muitas vezes causa
prejuízos irreparáveis aos produtos refrigerados. Os problemas mais citados enfrentados
cotidianamente com relação à armazenagem são a falta de espaço na câmara fria e nos
freezers. Os meios de transporte mais utilizados são motos, caminhão, barco, carro, bicicletas
e dez agentes fazem uso de caminhonete.
95
QUADRO 6 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cupuaçu da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção
Agricultores que realizam manualmente a colheita na safra dos
frutos maduros após a queda. A maioria dos produtores realiza
o despolpamento dos frutos artesanalmente (para melhor preço
de venda na safra e entressafra);
Varejo rural Atravessadores que se deslocam até as comunidades e
compram diretamente do setor da produção a polpa de
cupuaçu;
Indústria de
beneficiamento
Agroindústria processadora de polpa de frutas localizada em
Santarém;
Indústria de
transformação
Empresas familiares, pequenas e médias (sorveterias, docerias
e lanchonetes), que realizam transformação da polpa do
cupuaçu em produtos finais, tais como: sorvetes, bombons e
sucos;
Atacado
Uma cooperativa que administra três associações das
comunidades da “Flona Tapajós”. Faz a intermediação da
polpa de cupuaçu dos associados com a
Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB e o
Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR);
Varejo urbano Feirantes e comerciantes que realizam a venda do cupuaçu in
natura ou na forma de polpa e vendem para o consumidor
local;
Nacional
Indústria de
beneficiamento
Agroindústria localizada na cidade de Manaus que faz o
beneficiamento da polpa comprada do setor da produção;
Varejo urbano Comercio varejista (feirantes e supermercados) que
comercializa o cupuaçu em polpa.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Para melhoria na capacidade de produção os agentes declaram que necessitam de
diversos apoios, tais como: investimento e financiamento para produção, para compra de
equipamentos, capacitação para os agricultores com cursos de reciclagem para padronização e
diversificação dos produtos, e sobre cooperativismo/associativismo. No que tange à
comercialização, falta melhoria nas estradas para escoamento do produto até o centro
consumidor, transporte público insuficiente (pois muitas vezes os comerciantes deixam de
cumprir o contrato pela falta de transporte) e cursos sob negociação e conhecimento do
mercado.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cupuaçu.
Os canais de comercialização do cupuaçu, identificados nos doze municípios, se
caracterizam por canais complexos, pois abrangem vários níveis de agentes intermediários
entre a produção local até o consumidor final (Figura 17). O principal nível de canal de
comercialização do cupuaçu identificado com maiores quantidades é composto pelo setor da
96
indústria de beneficiamento local que comercializa 67,7% da quantidade do fruto, sendo
45,9% da produção local e 21,7% do varejo rural, que por sua vez vende diretamente para o
consumidor local. Nesse canal, um ponto relevante é que a indústria de beneficiamento local
adquire a polpa do fruto que passou pelo beneficiamento manual dos frutos, isto é, separação
da polpa das amêndoas com tesoura, para então realizar o beneficiamento industrial para a
polpa ficar mais homogênea e em seguida embalar.
FIGURA 17 - Estrutura (%) da quantidade amostral do cupuaçu na RI Baixo Amazonas,
estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Os varejistas rurais, ou seja, os atravessadores adquirem 25,4% da produção
identificada e vendem 21,7% para a indústria de beneficiamento local (polpa cortada com
tesoura), 3,7% para o varejo urbano local (cupuaçu fruto in natura e 0,1% de polpa) e 0,1%
para o consumidor local do fruto in natura. Pois, uma característica comum entre os
atravessadores rurais envolvidos na cadeia de comercialização do cupuaçu local é a realização
do beneficiamento primário do fruto, na forma de polpa (Figura 17).
Durante a safra do cupuaçu, ocorre a comercialização direta da polpa entre o
produtor local com o setor do varejo urbano local (11%), com o varejo urbano nacional
(1,3%), neste caso são os feirantes da cidade de Macapá e, com a indústria de beneficiamento
nacional, localizada na cidade de Manaus (6,4%). Além disso, o produtor comercializa
diretamente para o consumidor local (1,1%), na maioria das vezes, o fruto in natura (Figura
17). O setor atacadista local (cooperativa) comprou 3,1% da produção da polpa do fruto,
97
vendeu para a CONAB, e esta repassou para os consumidores finais locais (instituições
ligadas ao programa da CONAB, como prefeituras, escolas, creches e hospitais). Neste caso,
os cooperados também realizaram o beneficiamento manual dos frutos. Na comercialização o
setor da indústria de transformação local (lanchonetes, sorveterias e docerias) também se
envolveu dando preferência por polpas obtidas pelo beneficiamento manual, no montante de
5,9% da produção identificada.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia
do cupuaçu, no período de 2009 a 2010.
O preço médio de compra de insumo (cupuaçu) praticado pela indústria de
beneficiamento local com os produtores foi de R$ 1,04/un., e com os varejistas rurais R$
0,61/un. (Figura 18). Por outro lado, o preço médio de venda praticado foi de R$ 2,18/un.
para o consumidor final. O varejo rural compra da produção a R$ 0,61/un. e vende a R$
1,15/un. para a indústria de beneficiamento local o fruto beneficiado manualmente, a R$
1,30/un. para os feirantes locais (varejo urbano) o fruto beneficiado manualmente e também in
natura e a R$ 2,00/un. para os consumidores locais somente o fruto in natura.
FIGURA 18 - Preço médio do cupuaçu (R$/un.) praticado nas transações entre setores da
cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do
Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Os preços médios de venda de insumo, praticados pelos produtores locais de cupuaçu
(Figura 18), oscilaram entre R$ 0,57/un. e R$ 1,68/un. em função da forma de comercializar
o fruto (in natura ou polpa), pelo processo manual de beneficiamento, pela falta de
98
capacidade de armazenagem, pois a maioria beneficia e vende somente na safra e, pela falta
de infraestrutura adequada para o escoamento da produção.
4.2.7 Mel
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
mel.
A extração do mel foi identificada como atividade alternativa de renda para muitos
produtores rurais na RI Baixo Amazonas, com possibilidade de ocupação para toda família.
Nos doze municípios foram entrevistados vinte e quatro agentes mercantis (Figura 19) que
atuam, em média, há 10 anos no ramo (variação de 5 a 23 anos). Quatorze desses agentes
comercializam somente o mel, os demais trabalham com outros produtos, tais como: breu-
branco, carvão, óleo de castanha-do-brasil, cipós (timbó e titica), frutas ( cajuaçu, cupuaçu,
muruci e uxi), utensílios (abano e tipiti) e produtos medicinais (assacu, barbatimão,
carapanaúba, casca de ipê-roxo, casca de uxi-amarelo, copaíba, jucá, leite de amapá, leite de
sucuúba, óleo de andiroba, óleo de cumaru, óleo de piquiá, pata-de-vaca, quinarana, seiva de
jatobá, seiva de jutaí, semente de cumaru, unha-de-gato e verônica). A seguir a descrição dos
agentes mercantis envolvidos na comercialização do mel (Quadro 7).
FIGURA 19 - Localização dos agentes mercantis do mel na RI Baixo Amazonas, estado do
Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
99
QUADRO 7 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do mel da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção Apicultores responsáveis pela produção, beneficiamento
e envasamento do mel;
Varejo rural
Atravessadores que compram mel diretamente dos
produtores/apicultores e revendem para os consumidores
locais;
Indústria de
transformação
Manipuladores de plantas medicinais que produzem
xaropes e comprimidos contendo mel e comercializam
para os consumidores locais;
Atacado
Composto por prefeitura local e por associações que
adquirem o mel diretamente de apicultores e vendem para
o varejo urbano e para o consumidor final local;
Varejo urbano
Comerciantes e/ou feirantes que compram da produção e
de atacadistas e vendem para o consumidor final local ou
mesmo para o próprio setor.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
O crescimento da apicultura na região está relacionado com uma experiência piloto
exitosa, iniciada por uma associação de Alenquer, que se expandiu para mais quatro
municípios (Juruti, Prainha, Oriximiná e Terra Santa), por meio de um projeto iniciado em
2004, de uma organização não governamental que possui diversas entidades filiadas
(sindicatos de trabalhadores rurais, associações de mulheres, colônia de pescadores, entre
outros), com apoio financeiro de uma empresa nacional de petróleo. O objetivo inicial foi
desenvolver a apicultura através da capacitação e aquisição de equipamentos para o manejo
das colméias e manipulação do mel.
Nesse contexto, foram encontrados apiários em áreas rurais e periurbanas, com
criação de abelhas híbridas4 (Apis mellifera) e um caso isolado de meliponicultura
5 da espécie
jandaíra no município de Prainha. A criação de abelha na região estudada é voltada mais para
a produção do mel e, em menor escala, para a produção de insumos (como caixas com
enxame). Os equipamentos utilizados nos apiários são: centrifugador, decantador, melgueira,
peneira, bacia, mesa operculadora, cilindro, fumegador, caixas, baldes, balança, freezer, crivo,
4 A abelha, no Brasil, é um híbrido das abelhas européias com a abelha africana. A variabilidade genética é
muito grande, havendo uma predominância das características das abelhas africanas na região Norte
(EMBRAPA, 2003). 5 Criação de abelhas indígenas sem ferrão, nativas da Amazônia, que contribuem para a conservação, geram
renda e prestam serviços na polinização (VENTURIERI, 2008).
100
coletor de mel e o kit do apicultor com equipamentos individuais. Enquanto que os meios de
transporte mais utilizados são: carro, moto, barco e rabeta6.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do mel.
Na Figura 20 o principal nível de canal de comercialização do mel identificado com
as maiores quantidades é a compra do atacado local de 57,3% do total da produção
identificada, que vende diretamente para o consumidor local e para o setor do varejo urbano
local. O setor atacadista local apresenta duas peculiaridades: i) associações que vendem o mel
para o varejo urbano (feirantes) com 27,1% da produção identificada e; ii) associações que
comercializam, em seus pontos de vendas, com os consumidores locais 30,2% do produto.
FIGURA 20 - Estrutura (%) da quantidade amostral do mel comercializado na RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Nesse contexto o mel identificado pela pesquisa na região se volta quase totalmente
para o mercado consumidor interno. Outro canal importante é a venda direta do apicultor com
o consumidor local, comercializando 17,8% da produção identificada (Figura 20), propiciada
pela participação dos apicultores em eventos, tal como Feiras de Produtores Rurais nos
municípios que compõem a RI Baixo Amazonas, principalmente em Santarém. Frisa-se
também a comercialização de 1,5% da produção identificada para os consumidores nacionais
(Manaus). Neste caso, são os familiares dos apicultores que residem em Manaus, que
comercializam o mel através de encomendas.
6 Pequena embarcação com motor de popa e hélice traseira, usada em rios e lagos de pouca profundidade.
101
Os feirantes e pequenos comerciantes locais (varejo urbano) compram 8,7%
diretamente dos apicultores e 27,1% do setor atacadista e vendem o mel fracionado para os
consumidores locais. Por outro lado, a indústria de transformação que compra 11,3% da
produção dos apicultores, vende na forma de produtos fitoterápicos para os consumidores
locais. E por último, os atravessadores (varejistas rurais) compram 3,5% da produção
identificada e vendem diretamente, em embalagens de litro, para os consumidores locais
(Figura 20).
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia
do mel, no período de 2009 a 2010.
Os atacadistas locais e os varejistas urbanos (feirantes e pequenos comerciantes) são
os principais intermediários da cadeia do mel na região. Na Figura 21 destacam-se os preços
médios de venda de mel praticados pelos apicultores com outros setores. O preço médio de
compra do mel praticado pelos atacadistas com os produtores foi de R$ 13,59/l. Por outro
lado, os preços de venda praticados pelo setor atacadista foram: R$ 15,59/l com os varejistas
urbanos e R$ 16,85/l para o consumidor local. O varejo urbano compra da produção a R$
13,93/l e vende para outros varejistas urbanos a R$ 15,00/l (são os feirantes de produtos
medicinais que vendem o mel fracionado) e a R$ 18,03/l para os consumidores locais.
FIGURA 21 - Preço médio do mel (R/l) praticado nas transações entre os setores da cadeia de
comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
102
A indústria de transformação adquire o mel a R$ 14,36/l diretamente dos apicultores
e vendem por R$ 28,52/l (Figura 21), preço justificado pela utilização do mel como matéria
prima principal de xaropes e comprimidos artesanais utilizados pela população local.
A venda direta do mel praticado pela produção local para o consumidor local foi de
R$ 20,50/l e para o consumidor nacional de R $15,00/l. Por último, os atravessadores
(varejista rural) compra o mel por R$ 12,75/l dos apicultores e vende por R$ 27,29/l, por
encomenda, para o consumidor local.
d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do mel.
O valor recebido pelos agentes que realizaram a venda (oferta) do mel a partir da RI
Baixo Amazonas, estimado na ordem de R$ 236,8 mil, VBP sob a ótica da oferta, se
equalizou exclusivamente no mercado local (Gráfico 16). Em termos gerais, este produto fora
produzido e comercializado com maior freqüência no interior dos municípios que integram a
região. No que tange à demanda deste alimentício, apesar do consumo local ter correspondido
a 99% da oferta, o mercado nacional consumiu o restante, 1%, que corresponde à
comercialização deste alimentício com os consumidores do município de Manaus, no estado
do Amazonas, devido à proximidade com a RI Baixo Amazonas.
GRÁFICO 16 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do mel da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Do VBP total constituído no mercado local, o valor arrecadado pelo setor da
produção local (VBPα), onde foram arranjados os apicultores, foi estimado em
103
aproximadamente R$ 101,4 mil, equivalente a 43% do VBP total (Gráfico 16). Na
composição deste valor, mais de R$ 75,1 mil (74% do VBPα) foram oriundos das vendas aos
setores que compõem a demanda intermediária, dentre os quais, o setor atacadista foi
responsável por, em torno de, R$ 53 mil, que corresponde a mais de 52% das vendas do setor.
Com relação ao restante do VBPα, este foi oriundo das vendas em que o setor da produção
realizou diretamente aos demandantes finais locais e nacionais, que no total contabilizaram
R$ 26,3 mil, sendo R$ 24,7 mil obtidos a nível local e, R$ 1,5 mil foram das vendas
realizadas aos consumidores nacionais, mais especificamente consumidores da capital do
estado do Amazonas.
Com relação ao VBP arrecadados pelos outros setores que compõem o mercado
local, o atacado, que apresenta em sua composição as associações de apicultores dos
municípios de Alenquer, Juruti, Santarém e Monte Alegre, recebeu um valor equivalente a R$
63,2 mil, que corresponde a 27% do VBP total, pelas vendas tanto para o varejo urbano, com
uma representatividade de 45% deste valor, quanto para o consumidor final local (55%). Faz-
se necessário explicitar que entre essas associações, existem as que concentram a
responsabilidade de venda e posterior repasse aos associados, retendo assim, apenas um
percentual sob a receita para manter a instituição funcionando, denominada de taxa
administrativa. No entanto, na maioria dos casos, a associação realiza a compra junto aos
associados, pagando um preço “justo”, a fim de reter, após a venda, o montante para a
associação. Em seguida, o varejo urbano, categoria dos feirantes e proprietários de pequenas
mercearias e/ou tabernas, constituiu um VBP na ordem de R$ 43,9 mil, sendo 99% oriundos
das vendas realizadas diretamente para o consumidor final local e para agentes do mesmo
setor: transação realizada entre uma farmácia que comprou o produto de um feirante. O setor
de indústria de transformação, categoria onde estão agrupadas as manipuladoras medicinais e
uma associação de Monte Alegre, arrecadou mais de R$ 21,8 mil com as vendas, na sua
maioria, encomendadas pelos consumidores locais. E, o varejo rural, categoria dos
atravessadores, por sua vez, adquiriu um valor próximo a R$ 6,4 mil com as vendas aos
consumidores finais locais (Gráfico 16).
Por tudo isso, dos R$ 236,8 mil gerados pela comercialização do mel a partir da RI
Baixo Amazonas, R$ 101,4 mil corresponderam às vendas dos apicultores, dos quais R$ 26,3
mil foram realizadas diretamente aos consumidores locais e, somente R$ 1,5 mil (1%) foram
oriundos das vendas ao demandante final nacional. Isto significa, em termos gerais, que as
vendas para este mercado ainda é restrito e, no caso do mercado estadual nem aconteceu, seja
por falta de investimentos em padronização de comercialização deste produto e o seu alto
104
custo (embalagem, especificações técnicas e de origem do produto, transporte), seja por falta
de maior incentivo por parte dos órgãos públicos no que se refere a financiamentos, liberação
de alvarás, licenciamentos ambientais e, o mais importante, pois seu efeito é de curto prazo, a
revitalização e/ou criação de pontos de comercialização, tal como feira do produtor, a fim de
que os agentes mercantis, que têm nesta atividade sua fonte de renda, possam ampliar seus
nichos de mercado.
e) VAB - gerado na comercialização do mel e a margem de comercialização de cada
setor (%).
O VAB, equivalente ao valor transacionado efetivo (VTE), ao longo da cadeia de
comercialização do mel, desde o setor alfa (produção/extração local) da RI Baixo Amazonas
até a demanda final, foi estimado em aproximadamente R$ 133 mil (Gráfico 17), que
correspondeu a uma margem bruta de agregação de valor ao produto, ou mark-up total, na
comercialização de 31%. Esta margem, calculada a partir da relação entre a diferença do VAB
(R$ 133 mil) com o VBPα
(R$ 101,4 mil), pelo VBPα
(R$ 101,4 mil), expõem em termos
percentuais, o quanto foi adicionado ao longo de toda a cadeia de comercialização do mel, a
partir do setor da produção alfa (α), até o consumidor final, incluindo todos os custos de
produção e comercialização do produto analisado, que não foram captados pela pesquisa.
Frisa-se também, que em alguns casos, não foi possível estimar uma medida padrão para a
proporção utilizada do produto (mel) para a preparação de outros produtos finais, como por
exemplo, xaropes e garrafadas.
O cálculo do VAB é necessário porque identifica onde a economia esta em processo
de crescimento, uma vez que expõe as ações de beneficiamento, transformação e/ou
majoração de preço que este produto (de origem animal) adquiriu nos setores, ao longo da
cadeia de comercialização, antes do demandante final. Este valor expõe também, a forma
como essa riqueza foi distribuída entre os diversos setores que contribuíram, direta ou
indiretamente, para a sua geração.
O VAB total, acima citado e, inteiramente equalizado pelos setores situados nos doze
municípios que compõem a RI Baixo Amazonas, o qual teve no setor da produção a sua maior
representação, já que este agregou aproximadamente R$ 101,4 mil (Gráfico 17), equivalente
a 76% do VAB total, pois foi quem realizou o beneficiamento primário do produto, que a
grosso modo significou os processos de colheita das melgueiras, transporte até a “casa do
mel” onde estão os equipamentos (melgueiras, decantador, centrífuga entre outros) e
utensílios (em aço inox, na maioria dos casos) para se obter mel. Convém ressaltar, que o
105
setor da produção transacionou o valor efetivo somente no que se referiu às vendas do produto
e, por isso, não foi estimado o seu mark-up.
GRÁFICO 17 - VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do mel da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
O setor atacadista local, composto por associações de apicultores, adicionou R$ 10,3
mil, que corresponde a 8% do VAB total e, constituiu um mark-up de 20% (Gráfico 17),
quando realizou o processo de envasamento do produto em garrafas menores de vidro ou
ainda em garrafas PET (500ml e 1000 ml respectivamente) e, simultaneamente e/ou
separadamente adicionou (colocação) o rótulo informando apenas a origem. Com relação ao
seu valor de mark-up, calculado para o setor, foi resultante da relação do valor do VAB (≈ ao
VTE) constituído em R$ 10,3 mil, pelo valor do VBP, pela ótica da demanda, ou seja, compra
de insumos realizada pelo setor, o qual foi contabilizado em R$ 52,8 mil, que representou ser
na cadeia o maior demandante intermediário deste produto junto ao setor de produção.
A indústria de transformação (setor formado por manipuladoras de remédios), por sua
vez, adicionou R$ 10,9 mil (8% do VAB total) com o uso do mel como insumo na produção de
medicamentos tradicionais utilizados pela população local, tal como xaropes e garrafadas, fato
determinante para o seu mark-up de 99%. O varejo urbano, por sua vez, adicionou um valor
próximo a R$ 6,9 mil (5% do VAB total) apresentando um mark-up de 19%, com a prática da
divisão do produto em frascos menores que, juntamente com a majoração de preço, garantem uma
rentabilidade na comercialização do produto, e, por fim os varejistas rurais (atravessadores) que
apesar de terem adicionados apenas R$ 3,4 mil (3% do VAB total) acabaram constituindo um
106
mark-up de 114% (maior índice ao longo da cadeia de comercialização) somente com o processo
de majoração de preço antes das vendas (Gráfico 17).
Logo, no que refere ao VAB total ou VTE, observou-se que os apicultores da região
em estudo, conseguiram adicionar valor superior aos outros setores localizados na região, seja
pelo grau de especialização/negociação, seja pelas poucas ações de beneficiamento,
transformação ou incremento tecnológico que este recurso adquiriu após o beneficiamento
primário, realizado pelo setor, antes do demandante final. Fato que se comprova quando se
compara o valor adicionado pelo setor alfa e o que foi adicionado pelos outros setores da
demanda intermediária, que só conseguiram agregar valor ao produto, utilizando-se dos
seguintes processos, realizados individualmente e/ou simultaneamente, antes das vendas ao
demandante final: como a divisão do produto em frascos menores, a padronização das
embalagens antes da comercialização e, a majoração de preço.
f) Renda Bruta Total (RBT), gerada pela ótica da demanda, na comercialização do
mel.
A Renda Bruta Total (RBT) gerada na comercialização do produto e, estimada em
aproximadamente R$ 237 mil, formou-se a partir da soma de compra de insumo (VBP pela
ótica da demanda) no valor de R$ 104 mil, que corresponde à compra dos setores da demanda
intermediária, com o VAB total (≈ VTE), formado ao longo da cadeia e, orçado em R$ 133
mil. Este valor da RBT foi gerado somente com a participação dos setores que compõem o
sistema local (Gráfico 18).
107
GRÁFICO 18 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do mel,
considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Na formação da RBT, o setor da produção (α) (os apicultores) foi o que obteve a
maior renda verificada ao longo da cadeia, no valor de R$ 101,4 mil (Gráfico 18),
equivalente a 43% de toda RBT gerada e circulada, resultante das vendas para os setores
econômicos que constituem tanto a demanda intermediária local, sendo mais predominantes
as vendas para o setor atacadista, quanto para os consumidores finais locais e nacionais,
sendo, neste caso, mais observada as vendas no âmbito local. Salienta-se, no entanto, que este
valor da RBT, obtida por este setor, poderia ser maior, se as ofertas de outros produtos
oriundos desta atividade tivessem sido também comercializados, pois além da renda, essas
outras atividades possibilitariam o aumento do nicho de mercado. Entre os produtos com
potencial de mercado encontram-se a cera e o própolis, ambos largamente utilizados pelas
indústrias farmacêuticas e cosméticas. Assim como, há uma carência de feiras e mercado, haja
vista que na maioria dos municípios da região, estes pontos de comercialização se
encontravam inutilizáveis ou até mesmo inexistentes.
Por conseguinte, o setor atacadista gerou uma renda equivalente a R$ 63,2 mil,
resultante da soma da compra de insumo no valor de R$ 52,9 mil junto aos apicultores e
agregou valor de aproximadamente R$ 10,3 mil. O varejo urbano comprou insumos no valor
de R$ 36,9 mil junto aos setores de produção, atacado e de agentes do próprio setor e,
108
adicionou mais de R$ 6,9 mil, gerando uma renda bruta no valor de R$ 43,9 mil,
aproximadamente. Já a indústria de transformação, por sua vez, arrecadou um montante de R$
21,9 mil com as vendas realizadas sob encomenda dos consumidores finais locais, resultante
da soma de compra do insumo no valor de R$ 11 mil e agregação de valor de R$ 10,9 mil. E
por fim, o setor de varejo rural, gerou uma renda bruta no valor de R$ 6,4 mil, pois comprou
mais de R$ 3 mil em mel e adicionou um montante de R$ 3,4 mil sem beneficiá-lo, só
acrescentando seus custos de comercialização, antes das vendas aos consumidores finais
locais (Gráfico 18).
4.2.8 Cacau (amêndoas)
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
cacau (amêndoas).
Foram identificados três agentes que comercializam cacau no Baixo Amazonas, que
atuam como atravessadores do produto (Figura 22). Dois deles também trabalham
atravessando outros produtos, como: castanha-do-brasil, semente de cumaru, polpas de
cupuaçu e de taperebá. A seguir a descrição dos agentes mercantis envolvidos na
comercialização do cacau amêndoa (Quadro 8).
FIGURA 22 - Localização dos agentes mercantis do cacau (amêndoas) na RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
109
QUADRO 8 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cacau (amêndoas) da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção
Pequenos produtores da região, mas que totalizam uma
expressiva quantidade, com 37 toneladas no ano estudado, que
são vendidos diretamente para atravessadores (varejistas e
atacadistas);
Varejo rural
Atravessadores menores, que compram a produção in loco,
geralmente possuem compradores certos, como os atacadistas
no mercado estadual;
Atacado
Grandes compradores, representando empresas e com
contratos de quantidades determinadas previamente, que
compram de outros atravessadores espalhados por toda região
e revendem para o mercado nacional.
Estadual Atacado
Atacadistas pertencentes principalmente à RI Xingu, líder
estadual em produção cacaueira, que comercializam
diretamente para as indústrias de transformação nacionais.
Nacional
Indústria de
transformação
Grandes empresas nacionais, que transformam o produto bruto
em diversos subprodutos;
Varejo urbano Redes de supermercados em geral, que vendem a produção
industrializada para o consumo final (nacional e internacional).
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
O cacau é comercializado durante todo ano, sendo armazenado em galpões com
capacidade para 600 sacas. Como meio de transporte da produção até o armazém utilizam
carro e moto. Após isso, o produto segue em caminhões por balsas até Belém e, em seguida,
por estrada até as indústrias de transformação, na Bahia. O valor pago aos ajudantes é de R$
80,00 e R$ 110,00 por semana, durante a safra, e no carregamento dos veículos para o
transporte da carga. Os agentes relataram que necessitam de melhorias na cadeia para que
aumente a produção do Baixo Amazonas, para atender o mercado estadual e nacional de
chocolate.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cacau (amêndoas).
Da produção identificada na região 75,7% é vendida para grande atacadista local
(município de Alenquer), que vende para outro agente do mesmo setor atacadista (município
de Santarém), que revende para uma grande empresa multinacional do setor da indústria de
transformação nacional, localizada na Bahia, para produção de chocolate em pó (Figura 23).
O setor do varejo rural local compra 24,3% da produção do cacau amêndoa identificada na
região, que é vendida para atacadistas estaduais (Altamira – RI Xingu e Santa Isabel – RI
Guamá), que revendem os 24,3% para empresas multinacionais do setor da indústria de
transformação nacional, localizadas na Bahia.
110
FIGURA 23 - Estrutura (%) da quantidade amostral do cacau (amêndoas) comercializado na
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia
do cacau (amêndoas).
Os varejistas rurais compram da produção local ao preço médio de R$ 4,36/kg da
amêndoa e vendem para os atacadistas estaduais a R$ 4,62/kg (Figura 24), que por sua vez
vende para o setor da indústria de transformação nacional ao preço médio estimado R$
5,21/kg. Os grandes atacadistas locais compram da produção ao preço médio de R$ 4,60/kg,
revendem para outros agentes do mesmo setor atacadista local ao preço de R$ 5,00/kg, que
revendem a R$ 5,50/kg para a indústria de transformação nacional, considerado preço de
repasse, pois não foram entrevistados. O preço médio do cacau não varia muito entre os
setores da cadeia, pois geralmente é definido pelo mercado internacional, com cotação na
bolsa de valores, e sofre pequena flutuação de preço entre safras. Os atravessadores
conseguem extrair lucro das transações devido a grandes quantidades de amêndoas
comercializadas.
111
FIGURA 24 - Preço médio do cacau (amêndoas) (R$/kg) praticado nas transações entre
setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,
estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do cacau
amêndoa.
Na soma do valor recebido por todos os agentes que realizaram a oferta do cacau
amêndoa a partir da RI Baixo Amazonas, na ordem de R$ 2,5 milhões (Gráfico 19), o
mercado nacional foi quem mais arrecadou, cujo valor se aproximou de R$ 1,6 milhão (mais
de 63% do VBP total, sob a ótica da oferta), e é composto por setores que não pertencem a
esta região e tão pouco ao estado do Pará, pois recebeu a maior parte deste montante. O
mercado estadual adquiriu mais de R$ 78 mil (3% do VBP total) e o local, constituído por
setores situados nos município que interam a RI Baixo Amazonas, contabilizou um pouco
mais de R$ 837,7 mil (mais de 33% do VBP total).
112
GRÁFICO 19 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do cacau amêndoa da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Do total ofertado pelos setores que compõem o mercado local, o valor adquiridos
pelo setor produção (VBPα), setor composto pelos agroextrativistas, foi de aproximadamente
R$ 279,5 mil, oriundos das transações realizadas estritamente no âmbito local, este valor
obteve uma representação de 33% do VBP das vendas locais (Gráfico 19). Na formação deste
valor, R$ 214,3 mil (77% do VBPα) foram das vendas ao setor atacadista e, o restante (R$
65,2 mil) fora negociado com o setor de varejo rural. O setor de varejo rural, onde estão
inseridos os atravessadores, por sua vez, vendeu para o setor atacadista estadual e adquiriram
R$ 69,2 mil (8% do VBP local). O atacadista local foi quem mais arrecadou com as vendas
deste produto no âmbito local, mais de R$ 489,1 mil (58% do VBP local), sendo que deste
valor, R$ 232,9 mil correspondeu à venda entre setor (que corresponde as vendas de um
atacadista de Alenquer, que comprou dos agroextrativistas deste município e, para um
atacadista de Santarém) e, R$ 256,2 mil foi da venda do atacadista de Santarém à indústria de
transformação nacional, o qual mantém relações comerciais.
Com relação ao VBP obtido com as vendas realizadas a nível estadual, conforme o
Gráfico 19, este foi proveniente das vendas do setor de atacado (sendo um comerciante do
município de Altamira e outro do município de Santa Izabel do Pará) diretamente à indústria
de transformação nacional, indústrias processadoras do cacau amêndoa localizadas no estado
da Bahia.
113
No sistema nacional, onde o valor das vendas foi estimado em R$ 1,58 milhão,
conforme o Gráfico 19, houve a participação da indústria de transformação, setor que
demandou toda a produção a partir da região em estudo e, depois de processá-lo os vendeu ao
setor de varejo urbano (composto pelas redes de supermercado), que por sua vez venderam
aos consumidores finais nacionais. Sendo que deste valor, no âmbito nacional, 51% foi das
vendas do setor de varejo e 49% correspondeu às vendas do setor de transformação.
Pelo exposto, verificou-se que na formação do VBP total, de aproximadamente R$
2,5 milhões, sob a ótica da oferta, que este teve como principal demandante as indústrias de
transformação localizadas no âmbito nacional, mais especificamente do estado da Bahia, já
que tanto o atacadista local quanto estadual, venderam a este setor. Este VBP, dependendo da
oferta e do câmbio podem variar, no entanto, este setor continuará sendo o maior demandante.
e) VAB - gerado na comercialização da castanha-do-brasil e a margem de
comercialização de cada setor (%).
O VAB ao longo da cadeia de comercialização do cacau amêndoa, desde o setor alfa
(produção) da RI Baixo Amazonas até o consumidor final, foi de R$ 941,4 mil (Gráfico 20),
que resultou em uma margem bruta de agregação de valor ao produto, ou mark-up total, na
comercialização de 237%. Esta margem calculada a partir do valor total do VAB (R$ 941,4
mil), menos o VBPα
(R$ 279,5 mil), dividido pelo VBPα
(R$ 279,5 mil), expõe, em termos
percentuais, o quanto foi adicionado ou transacionado a este recurso, ao longo de toda a
cadeia de comercialização, a partir do setor alfa (α). É imperativo afirmar que apesar deste
valor de mark-up expressivo, o setor alfa, foi quem mais agregou valor a nível local, assim
como, também, a nível estadual, pois após realizar a produção, extração e secagem da
semente, não houve beneficiamento (agregou) ao fruto, antes da sua transformação em
chocolate, realizado no âmbito nacional.
O cálculo do VAB é necessário porque identifica onde a economia está em processo
de crescimento, uma vez que expõem as ações de beneficiamento, transformação e/ou
majoração de preço que este produto adquiriu nos setores, ao longo das cadeias de
comercialização, antes do demandante final. Este valor expõe também, a forma como essa
riqueza foi distribuída entre os diversos setores que contribuíram, direta ou indiretamente,
para a sua geração.
114
GRÁFICO 20 - VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização do cacau amêndoa da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Assim sendo, o sistema local obteve uma agregação de valor ao produto de R$ 325,4
mil, equivalente a 35% do VAB total (Gráfico 20). Na composição deste valor, houve a
participação predominante do setor da produção, pois sua agregação foi na ordem de R$ 279,5
mil (equivalente a 88% do VAB local), pois foi quem realizou o beneficiamento primário
deste produto, que correspondeu tanto à extração da semente do fruto quanto ao processo de
secagem da semente, antes das vendas aos setores do varejo e atacado do mercado local. De
modo geral, o setor da produção transacionou valor efetivo, isto é, agregou valor ao produto,
somente no que se referiu às vendas e, por isso, não foi estimado o seu valor de mark-up,
calculado a partir da relação entre o valor do VAB realizado no setor, pelo valor do VBP, pela
ótica da demanda, ou seja, o somatório do valor da compra de insumos realizada pelo setor.
Ainda no mercado local o setor varejo rural agregou aproximadamente R$ 4 mil e
constituiu um mark-up de apenas 6% (relação dos valores estimados do setor: VAB - R$ 4
mil, com VBP - R$ 65,2 mil). O setor atacadista, por sua vez, adicionou mais de R$ 41,9 mil
conseguindo um valor de mark-up de 9% (Gráfico 20). Ambos os setores adicionaram valor
pela ação de majoração de preço as avessas, que correspondeu às compras do Kg do cacau
amêndoa abaixo do preço exógeno, ou seja, do preço por Kg determinado pelo mercado
internacional (bolsas de valores mundiais) e, não pelo aumento do preço de venda
115
determinado por um percentual sobre o preço de custo. O mesmo aconteceu no âmbito
estadual com o setor atacadista, que adicionou R$ 8,8 mil e mark-up de 13%.
Com relação ao VAB constituído no âmbito nacional, o setor de varejo urbano
adicionou R$ 296,4 mil e constituiu um mark-up de 46% pela majoração de preço do produto
(cacau amêndoa) já transformado em vários produtos finais, tais como: chocolate em barra,
em caixa sortidos, licor, em pó, etc.. A indústria de transformação, por conseguinte, foi o setor
que cadeia mais adicionou valor, mais de R$ 310,8 mil e estabeleceu o maior valor de mark-
up de 93%, pois foi o setor que realizou os vários processos indústrias de transformação do
cacau amêndoa em chocolate. Sendo assim, este valor adicionado que está fortemente
relacionado tanto a sua capacidade instalada quanto ao grau de negociação (monopsonista)
que mantém com os outros setores do mercado local e estadual, em particular o atacado.
Por tanto, no que se referiu ao VAB total, equivalente ao VTE, ao longo da cadeia de
comercialização do cacau amêndoa, observou-se que as indústrias “tradicionais” de
processamento (localizadas na Bahia), conseguiram adicionar valor superior aos outros
setores ao longo da cadeia, assim como, constituiu o maior valor de mark-up, fatos estes,
propiciados simultaneamente pelo grau de especialização/negociação deste setor, sua
capacidade instalada, assim como, também, pelo fato das poucas ações de beneficiamento
e/ou transformação que este recurso adquiriu antes das compras realizadas por este setor, que
juntamente por serem os únicos canais de comercialização, monopolizam o mercado.
f) RBT (em R$), gerada pela ótica da demanda, na comercialização do cacau
amêndoa.
No que diz respeito à Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada na
comercialização deste produto e, contabilizada na ordem de R$ 2,5 milhões, o sistema local
foi responsável por 33,5%, o estadual 3,1% e o nacional 63,4% (Gráfico 21). Este montante
da RBT tem sua origem na soma do valor de compra de insumo (VBP, pela ótica da demanda)
com VTE, que corresponde ao valor estimado para o VAB total formado pelos setores ao
longo da cadeia de comercialização.
116
GRÁFICO 21 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do cacau
amêndoa, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Na RI Baixo Amazonas, sistematizado como mercado local e, cuja RBT somou mais
de R$ 837,7 mil, o setor atacadista foi quem gerou a maior renda bruta, no valor de R$ 489
mil, com as vendas tanto para agentes mercantis do mesmo setor como para mercado
nacional, mais especificamente indústria de transformação, resultante da compra do cacau
amêndoa no valor de R$ 447,1 mil (sendo mais de 52% do mesmo setor e 48% diretamente da
produção) e agregação num montante de R$ 41,9 mil (Gráfico 21). O varejo rural arrecadou
em torno de R$ 69,2 mil com as vendas para o atacado estadual, resultante da soma de compra
do cacau amêndoa no valor de R$ 65,2 mil e agregação de aproximadamente R$ 4 mil. No
que tange a renda bruta do setor de produção (α), no valor de 279,5 mil, que corresponde a,
somente, 11% do montante da RBT estimada ao longo de toda a cadeia de comercialização,
esta foi resultante da venda para os setores econômicos que compõem o sistema local apenas,
em particular o varejo rural e o atacado. Vale destacar que o setor alfa transacionou o produto
já em forma de amêndoa (semente seca), contudo, a sua renda poderia ser maior se sua
capacidade produtiva (meios de produção) não fosse restrita, fato imposto pela escassez de
capital a fim de investimentos em máquinas, equipamentos e produtos químicos de combate
as pragas e doenças do cacaueiro. Assim como, também, pelos preços praticados serem
considerados muito baixos e não diferenciados (os agentes mercantis de um setor, p ex.
117
atacado, pagam o mesmo preço), o qual é fonte inibidora tanto do aumento da produção
quanto da entrada de novos produtores.
Com relação à renda bruta na esfera estadual, contabilizada em mais de R$ 78 mil,
esta foi obtida com a venda do setor de atacado a indústria de processamento nacional e, foi
resultante da compra da amêndoa no valor aproximado de R$ 69,2 mil e pelo valor agregado
na comercialização do produto no valor de R$ 8,8 mil (Gráfico 21). A interação de dois
setores na esfera nacional (indústria de transformação e varejo urbano), resultou numa RBT
estimada em R$ 1,6 milhão. Sendo R$ 664,9 mil de responsabilidade da indústria, que
comprou a amêndoa dos setores atacadistas no valor de R$ 334,2 mil e fez agregação de R$
310,7 mil antes da venda para o outro setor, varejo urbano, que obteve, por sua vez, uma
receita de aproximadamente R$ 941,3 mil.
4.2.9 Tucumã
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
tucumã.
Foram registradas duas espécies de tucumã nesta cadeia de comercialização, o
tucumã-do-amazonas (Astrocaryum tucuma Martius) e o tucumã-do-pará (Astrocaryum
vulgare Mart.). Segundo Silva & Leão (2006) o tucumã-do-amazonas é uma palmeira nativa
do Estado do Amazonas, podendo ocorrer nas Guianas, Peru e Colômbia. Shanley & Medina
(2005) ressaltam que esta palmeira também pode ocorrer em algumas partes do Pará. Esta
espécie difere em termos morfológicos do tucumã-do-pará. Dentre as discrepâncias, o
tucumã-do-amazonas apresenta uma altura superior ao do Pará, pode atingir 25 m de altura,
possui um único estipe (caule) espesso com espinhos compridos. No que diz respeito a
propriedades nutricionais desta espécie, o fruto é rico em vitamina A e proteínas, além de ser
largamente consumido in natura. No Amazonas é bastante consumido em sanduíches (Silva
& Leão, 2006; Shanley & Medina, 2005). Este sanduíche é conhecido popularmente como x-
caboquinho, formado por fatias de pão, com tiras de tucumã com ovos, requeijão, presunto e
outros ingredientes, em diversas variações. O tucumã-do-amazonas também é utilizado na
indústria farmacêutica, na elaboração de cosméticos por meio do óleo extraído de suas
amêndoas, além de servir como matéria prima para a elaboração de artesanato a partir de suas
sementes. O tucumã-do-pará apresenta utilização semelhante ao do Amazonas. O óleo
extraído da amêndoa pode ser aplicado nas indústrias farmacêutica e cosmética, e suas
sementes são bastante utilizadas para confecção de artesanatos (Silva & Leão, 2006).
Na cadeia de comercialização do tucumã, foram identificados nove agentes mercantis
(Figura 25), seis foram classificados como atravessadores, dois como comerciantes (loja de
118
artesanato e lanchonete/sorveteria) e um como extrativista. É necessário ressaltar que a loja de
artesanato trabalha também com outros produtos, tais como: buriti, óleo de andiroba, copaíba, palha
de buriti, cesto de buriti, cuia e palha de tucumã. A lanchonete/sorveteria com outros frutos da
Amazônia como: açaí, taperebá, cupuaçu, muruci, entre outros. Os agentes mercantis envolvidos na
cadeia de comercialização do tucumã atuam somente no nível local e nacional (Quadro 9).
FIGURA 25 - Localização dos agentes mercantis do tucumã na RI Baixo Amazonas, estado
do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Com relação ao tempo em que estão no ramo, cinco agentes informaram entre 5 e 20
anos, cuja média cerca de 15 anos, os demais não informaram. O coletor de tucumã possui
uma propriedade de 49 ha. Três dos agentes possuem armazéns com dimensões de 12m2,
16m2 e 30m
2. Do total de entrevistados dois relataram não possuir transportes para escoar a
produção, os demais afirmaram possuir pelo menos um ou dois veículos do tipo moto,
bicicleta cargueira, barco com capacidade máxima de 100 sacas (com motor de 25 HP) e
rabeta. Porém, é mais comum o uso de bicicletas cargueiras adaptadas para o transporte do
tucumã in natura, embalado em sacos de 60 kg. Somente um agente possui maquinários e
equipamentos, tais como: selador de embalagem plástica, uma balança e três freezers com
capacidade para 280 L, 360 L e 530 L. A falta de espaço e de equipamentos nos
estabelecimentos para armazenar o produto foi citada como um dos entraves na cadeia. O
tempo de trabalho com o produto é anual e em horário comercial, sendo exercido por uma a
15 pessoas (incluindo o proprietário, a esposa e os ajudantes). O valor médio pago aos
119
ajudantes é de R$ 15,00 por 2 kg de despolpa, o extrativista trabalha em sistema de meia, os
comerciantes pagam entre R$ 350,00 mensais e um salário mínimo.
QUADRO 9 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do tucumã da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção
Extrativistas locais, encontrados na pesquisa, que fazem a
coleta do tucumã em áreas de ocorrência do fruto seja ela
pública ou propriedade privada. Comercializam principalmente
o fruto in natura e também em raspas da polpa feitas com
facas;
Varejo rural
Atravessadores que compram o fruto in natura dos
extrativistas locais e revendem para o sistema nacional.
Salienta-se que esses agentes, na sua grande maioria, são
donos de embarcações;
Indústria de
transformação
Sorveterias locais que fazem o processamento do fruto em
produtos finais, na forma de sorvetes.
Nacional
Atacado
Grandes comerciantes (atravessadores) que compram uma
grande quantidade do produto, realizam a despolpa do fruto e
vendem para o varejo urbano nacional.
Varejo urbano Feirantes localizados na cidade de Manaus, que ofertam o
produto em polpa e/ou in natura.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
A comercialização do produto se desenvolve da seguinte forma: o extrator faz a
coleta do fruto e depois realiza a classificação entre o “tucumã-do-amazonas” e o “tucumã
paraense”, já que o do amazonas é mais encorpado por polpa do fruto, isto é, tem um caroço
menor e mais massa e, sendo assim, obtém um maior preço de venda. A coleta do fruto se
realiza de forma dispersa e em propriedades de uso comum (terras públicas), mas não é difícil
encontrar donos de propriedades reclamando de pessoas (coletores) que invadem suas terras a
procura do fruto. Depois do processo de coleta e/ou extração, grande parte da produção é
direcionada (negociada) para os atravessadores, que por sua vez levam para o maior mercado
consumidor deste produto, o estado do Amazonas, mais especificamente as feiras da capital
Manaus. De acordo com os atravessadores neste mercado o produto é vendido em forma de
lanche, cujo nome fantasia para o consumidor é “X-Caboquinho”.
Contudo, o maior entrave para o desenvolvimento da atividade extrativista encontra-
se no fato de que a maior parte da coleta provém de propriedades privadas, uma vez que os
donos não permitem que o produto seja retirado, mesmo os extratores solicitando. Vale
salientar que, por conta disso, os extrativistas realizam as coletas sobressaltados, pois são
constantes as tentativas de represália. O que os deixa indignados é o fato de que esses
120
proprietários não têm neste produto uma fonte de renda (nem como complemento), já que são
grandes pecuaristas da região. Os extratores afirmam que quase sempre este produto é
desperdiçado neste tipo de propriedade.
No que tange ao escoamento da produção para o mercado nacional, isto é, para a
capital amazonense, este se realiza através de embarcações de grande e pequeno porte , sendo
o pequeno mais corriqueiro, pois além de cobrarem um preço razoável pelo frete, têm saídas
todos os dias. Estas embarcações transportam tanto passageiros quanto produtos.
É unânime entre os agentes que comercializam o tucumã de que para haver uma
melhoria na capacidade de produção e beneficiamento do fruto (despolpa) se faz
extremamente necessário apoio financeiro para a obtenção de maquinário (máquinas
despolpadeiras) e de assistência técnica especializada, essas são de interesse imediato, pois de
acordo com os agentes, a demanda cresce em proporção maior do que a sua oferta. Tais
políticas gerariam mais benefícios para a sociedade local, pois a agregação de valor ao
produto seria bem maior para os que a exercem e têm nesta atividade sua fonte de renda
principal, além da geração de muitos empregos. Pois é fato concreto que grande parte do valor
adicionado ao produto é incorporado por agentes exógenos, ou seja, por agentes que se
encontram fora da região do Baixo Amazonas. Vale salientar que no recorte estadual este
produto não foi comercializado.
Entre as dificuldades encontradas na comercialização deste produto, e de modo
generalizado nesta atividade, é a falta de organização por parte dos extrativistas que
propondera, pois cada um a desenvolve da forma que acha conveniente, acarretando uma
competição constante pelo espaço de coleta entre esses agentes, a qual por sua vez é quase
sempre acompanhada de deslealdade. E a conseqüência acarretada pela desorganização está
na formação dos preços de venda e na diferença no período de safra e entressafra, ficando
deste modo a critério dos atravessadores, que realizam somente a intermediação e distribuição
do produto. Deste modo, se faz necessário um “acordo de uso do produto” que teria como
objetivo imediato a função de: conservar o recurso, pois a escassez deste produto os assusta,
diminuir os conflitos entre os extrativistas e os donos de propriedades, disseminar e manter as
relações de respeito entre os coletores e, por fim, estabelecer estratégias de organização da
cadeia produtiva, na forma de associações e cooperativas de coletores e beneficiadores.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do tucumã.
A cadeia de comercialização do tucumã é bem simples e direta, haja vista que o
sistema local comercializa com o sistema nacional sem intervenção do estadual. Sendo assim,
um pouco mais de 90% do fruto é comercializado com o sistema nacional e o restante fica
121
restrito à própria região para ser consumido em forma de suco e/ou sorvete. Esta cadeia é
composta pelo setor do varejo rural local, que compra 90,4% do fruto in natura coletadas
diretamente pela produção local e vende 79% para o atacadista nacional que a vende para o
varejo urbano nacional, o restante (11,4%) o varejo rural comercializa diretamente com o
setor de varejo urbano nacional e este, por sua vez, vende tudo o que adquiriu para o
consumidor nacional (Figura 26). O setor de produção local vende 9,2% diretamente para o
consumidor local, pois o consumo do suco deste produto é bastante apreciado pelas
populações locais. Apenas 0,1% do que é coletado é comercializado pelos extratores em
forma de raspas da polpa com o setor da indústria de transformação, o qual realiza o
processamento da polpa a fim de obter sorvetes e sucos. É importante frisar que o sistema de
comercialização nacional aqui estudado é referente ao estado do Amazonas, de modo
específico à cidade de Manaus.
FIGURA 26 - Estrutura (%) da quantidade amostral do tucumã comercializado na RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia
do tucumã, no período de 2009 a 2010.
No que se refere ao preço médio praticado no canal de comercialização que mais se
destacou, o varejo rural compra o tucumã in natura a um custo de R$ 0,33/kg do produtor
local e vende a R$ 0,82/kg para o atacadista nacional que, por sua vez, o vende ao preço de
R$ 1,04/kg para o varejo urbano nacional. O varejo rural também vende direto para o varejista
urbano nacional a preço de R$ 0,43/kg. Este varejista urbano nacional depois de comprar do
122
varejo rural e do atacadista nacional, vende ao consumidor nacional a um valor estimado em
R$ 1,53/kg (Figura 27).
O setor de produção local também vende o produto diretamente para o consumidor
final local ao preço de R$ 0,50/kg. Porém, este setor da produção obtém um melhor preço de
venda quando realiza o beneficiamento primário do fruto, isto é, vende a polpa do fruto para a
indústria de transformação ao preço de R$ 3,00/kg. E este setor de transformação vende ao
preço médio de R$ 35,93/kg, uma variação de 1.097% em relação ao preço de custo, sem
considerar os custos adicionais.
FIGURA 27 - Preço médio do tucumã (R$/kg) praticado nas transações entre setores da
cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do
Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.10 Artesanato regional
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
artesanato regional.
O artesanato regional identificado no Baixo Amazonas é caracterizado pelas bolsas
de palha de buriti e de tucumã, chapéus de palha de buriti, leques, porta copos, porta pratos,
centros de mesa, porta canetas, luminárias, porta jóias e cestas de palha de tucumã. São muito
procurados no comércio local e nacional, porém pouco na esfera estadual. Dos onze
entrevistados (Figura 28), dois trabalham exclusivamente com artesanato, os demais
comercializam outros produtos, tais como: abano, resina de breu-branco, cajuaçu, quinarana,
uxi-amarelo, carapanaúba, óleo de piquiá, tipiti, casca de ipê-roxo, óleo de cumaru, mel, óleo
de andiroba, cipó-titica, ipê-roxo, leite de sucuúba, semente de cumaru, casca de sucuúba,
123
leite de amapá, assacu, vassoura regional, esteira de taboa (planta parecida com o junco, que
cresce nas margens de lagoas), palha de buriti, cesto de buriti, cuia, palha de tucumã, cesta de
cuia, jamanxim, paneiro, semente de morototó e copaíba. As fibras de tucumã são retiradas da
região do Rio Arapiuns. Para dar cor às fibras os artesões utilizam cajirú, mangarataia
amarela, capiranga e jenipapo. Os agentes trabalham com artesanato regional há
aproximadamente 30 anos. A seguir a descrição dos agentes mercantis envolvidos na cadeia
de comercialização do artesanato regional (Quadro 10).
FIGURA 28 - Localização dos agentes mercantis do artesanato regional na RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Quando a quantidade de produtos comprada é grande o preço diminui, com isso
observamos a relação preço-setor modificar para cada agente. Isto porque uma ONG trabalha
com seis comunidades extrativistas do Rio Arapiuns (Arimun, Vila Brasil, Vila Gorete, Vila
Amazonas, São Miguel e Urucureá) que produzem artesanatos com as palhas de tucumã.
Destas, a comunidade do Urucureá está mais desenvolvida e possui selo verde. Os produtos
com selo verde são vendidos para fora do município, pois agregam mais valor e os que não
possuem são vendidos em Santarém e na própria comunidade. Os agentes entrevistados
citaram que os produtos são comercializados durante todo o ano e a mão de obra é familiar.
124
QUADRO 10 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do artesanato regional da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção
Extrativistas que são artesões. São agentes que transformam a
palha de tucumã e/ou buriti em trançado utilizado para
cestarias, chapéus, sacolas e outros artigos do artesanato
popular;
Varejo rural Atravessadores que compram pequena quantidade da
produção;
Atacado Atacadistas e associações que fornecem ao mercado local e
nacional;
Varejo urbano Comerciantes, varejistas, feirantes e organizações não
governamentais (ONG) envolvidas na comercialização para o
mercado local e nacional.
Nacional Varejo urbano Grandes comerciantes do mercado nacional e internacional.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Todos possuem armazém (espaço de trabalho e comercialização) com dimensões que
variam de 6 a 30m², somente dois agentes possuem meio de transporte do tipo barco, rabeta e
moto. A produção é artesanal e o problema mais comum é a falta de espaço físico para
armazenagem dos produtos que, geralmente, ficam nas casas dos artesões, que criticam a
desvalorização dos preços dos produtos e a não valorização de sua arte.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do artesanato regional.
A produção de artesanato passa por três setores da cadeia, mas o principal canal de
escoamento é representado pela produção vendendo 70,5% para o varejo urbano local
(associações, organizações não governamentais, varejistas e feirantes), que compra 2,3% do
varejo rural e vende diretamente 54,7% para o consumidor final local e 18,1% para o varejo
urbano nacional (Figura 29). Este varejo urbano nacional também compra do atacado local
12,9% que, somando estas quantidades, vende 31% para o consumidor final nacional. O setor
varejo urbano local também vende 0,9% para o próprio varejo urbano local, pois dentre os
diferentes agentes de comercialização uma ONG é responsável pela revenda dos produtos
para agentes do próprio setor.
125
FIGURA 29 - Estrutura (%) da quantidade amostral do artesanato regional comercializado na
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia
do artesanato regional, no período de 2009 a 2010.
O setor do varejo urbano local compra o artesanato regional diretamente da produção
ao preço de R$ 6,81/un., revende para o consumidor local a R$ 7,54/un. e para o varejo
urbano nacional ao preço de R$ 11,12/un. (Figura 30). Esta produção local vende diretamente
para o consumidor final local ao preço de R$ 7,00/un. e para o consumidor nacional a um
valor menor no montante de R$ 2,86/un.
126
FIGURA 30 - Preço médio do artesanato regional (R$/un.) praticado nas transações entre
setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,
estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.11 Utensílios
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos
utensílios.
Os sete agentes envolvidos nesta cadeia estão divididos em comerciantes, feirantes,
artesões e uma fábrica de vassoura, que trabalham no ramo há 10 anos em média (com
variação de 1 a 20 anos) (Figura 31). Além dos utensílios comercializam outros produtos,
como: resina de breu-branco, quinarana, uxi-amarelo, carapanaúba, óleo de piquiá, casca de
ipê-roxo, cajuaçu, semente e óleo de cumaru, mel, óleo de andiroba, copaíba, leite de sucuúba,
casca de sucuúba, cipó-titica, assacu, leite de amapá, jamanxim, semente de morototó e cesto
de palha de tucumã.
Os utensílios identificados na pesquisa foram: abano, cuia, paneiro grande e
pequeno, peneira e tipiti de tala de guarumã. O comércio destes produtos é realizado
geralmente em pontos comerciais ou feiras. Os comerciantes em número de seis possuem
armazéns com dimensões que variam de 24m2 a 30m
2, os feirantes possuem boxes de 9m
2 e
os atacadistas galpões com 20m2.
Um agente (comerciante) paga o valor de um salário mínimo para os seus dois
funcionários, os demais afirmaram que trabalham o ano todo, em horário comercial, e a mão
de obra é composta por um ou dois membros familiares. Apenas o feirante possui uma moto
como meio de transporte. A artesã que também é dona de casa, não possui armazém e nem
127
ajudantes. Com exceção da fábrica, os demais agentes citaram que não dispõem de
maquinários ou equipamentos e relataram problemas referentes ao espaço insuficiente para
armazenamento dos produtos, bem como reduzida oferta de matéria prima para fabricação dos
utensílios, visto que existem demandas reprimidas para estes produtos.
FIGURA 31 - Localização dos agentes mercantis dos utensílios na RI Baixo Amazonas,
estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
De acordo com o Quadro 11, os agentes da cadeia dos utensílios apresentam as
seguintes características:
QUADRO 11 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização dos utensílios da RI
Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção
Agentes que retiram a matéria prima (cipós, palhas, fibra de
guarumã e outros produtos da floresta) oriunda da floresta
nativa para confeccionarem os utensílios;
Varejo rural Pequenos comerciantes ou atravessadores do interior dos
municípios que compram dos produtores;
Varejo urbano
Agentes (comerciantes, varejistas e feirantes) que compram
utensílios da produção local e do varejo rural (comerciantes ou
atravessadores), que possuem pontos comerciais ou trabalham
em feiras dos municípios.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
128
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$
correntes/un.) entre os setores mercantis da cadeia dos utensílios.
A cadeia de comercialização dos utensílios é composta pelos setores locais da
produção destes utensílios, do varejo rural, varejo urbano e consumidor final. Os varejistas
rurais compram 12,9% da produção identificada e revendem para o varejo urbano local, que
por sua vez compra 87,1% diretamente da produção e revende ao consumidor final local o
total produzido na região.
O preço médio praticado pelos produtores com o varejo rural é de R$ 2,63/un. que
vende para o varejo urbano local a R$ 3,50/un. (Figura 32). O varejo urbano local compra da
produção a R$ 9,50/un. dos utensílios comercializados e revende-os ao preço médio de R$
11,29/un. para o consumidor final local. Uma pequena parte da comercialização de utensílios
(cuias) circulou no varejo urbano local (de Santarém para Oriximiná) no valor de R$ 1,00/un..
FIGURA 32 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/un.) dos utensílios na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009
a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.12 Cipós
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos
cipós.
Foram identificados dois agentes na cadeia dos cipós titica e timbó, classificados
como feirantes. Um desses agentes informou trabalhar com a venda de cipó-titica há cinco
129
anos. Além destes cipós, estes feirantes comercializam outros produtos7. O Quadro 12
apresenta a classificação dos agentes mercantis de acordo seus respectivos setores e mercados.
QUADRO 12 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização dos cipós titica e timbó
da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção Extrativistas que colhem os cipós titica e timbó e vendem in
natura;
Indústria de
Transformação
Fábrica de vassouras, localizada em Monte Alegre, que utiliza
como insumo o cipó timbó na confecção de vassouras;
Varejo Urbano Comerciantes e feirantes locais que compram tanto o produto
in natura quanto já transformado em vassouras e vendem para
o consumidor final.
Nacional Varejo Urbano Comércios varejistas situados fora do Estado (Manaus -AM).
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Em termos de infraestrutura um ponto comercial apresenta 24,5 m2 e outro agente
um depósito de 120 m2 para armazenar os produtos. Referente ao meio de transporte, um
agente mencionou possuir uma moto. Os feirantes declararam que necessitam de espaço físico
maior para trabalhar e que isso tem sido um entrave na cadeia.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de cipós.
Conforme Figura 33, o principal canal de comercialização dos cipós é composto por
99,7% da produção local vendendo o cipó-timbó para o setor da indústria de transformação
local (município de Monte Alegre), que deste total vende 53,1% para o varejo urbano
nacional (comerciantes de Manaus), 35,4% diretamente para o consumidor local e 11,1% para
o varejo urbano local (comerciantes e feirantes). O cipó-titica equivale a uma pequena parcela
comercializada (0,3%) diretamente da produção local para os comerciantes varejistas locais.
7 Abano, resina de breu-branco, quinarana, uxi, carapanaúba, óleo de piquiá, tipiti, casca de ipê-roxo, cajuaçu,
óleo de cumaru, mel, óleo de andiroba, copaíba, leite de sucuúba, semente de cumaru, casca de sucuúba, casca
de uxi, assacu e leite-de-amapá.
130
FIGURA 33 - Estrutura (%) da quantidade amostral dos cipós na RI Baixo Amazonas, estado
do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia
dos cipós.
O setor da indústria de transformação local compra o cipó dos extrativistas ao preço
médio de R$ 1,20/rolo e vende aos três setores demandantes (varejo urbano local, consumidor
local e varejo urbano nacional) ao preço de R$ 20,00/rolo, após transformá-lo em vassouras
(Figura 34). O varejo urbano local que compra direto da produção ao preço de R$ 6,48/rolo,
revende ao consumidor local preço de R$ 24,65/rolo.
131
FIGURA 34 - Preço médio dos cipós (R$/rolo) praticado nas transações entre setores da
cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do
Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.13 Taperebá
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
taperebá.
Foram identificados doze agentes que trabalham na comercialização do taperebá,
sendo três indústrias de transformação - onde estão envolvidas as sorveterias e lanchonetes,
uma indústria de beneficiamento, três atravessadores, três produtores e dois feirantes. Além
do taperebá, todos comercializam outros produtos, tais como: polpas de muruci, de cupuaçu,
de cacau e de açaí, assim como frutos de bacaba, açaí, bacuri, buriti e tucumã (Figura 35).
Estes agentes possuem outras atividades como domésticas, agricultores e secretário de
organização sindical. O Quadro 13 mostra a caracterização dos agentes envolvidos na
comercialização deste produto de acordo com seus respectivos setores e mercados.
132
FIGURA 35 - Localização dos agentes mercantis do taperebá na RI Baixo Amazonas, estado
do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
QUADRO 13 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do taperebá da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção Produção extrativista dos municípios estudados que
comercializam o taperebá in natura;
Varejo rural
Atravessadores que compram o taperebá in natura na safra. A
maioria deles realiza beneficiamento primário (despolpamento
dos frutos manualmente) para obtenção de melhor preço de
venda. Este setor foi o único a se destacar nas vendas
nacionais;
Indústria de
transformação
Pequenas empresas que realizam transformação do taperebá in
natura ou da polpa em outros produtos finais, tais como
sorvetes, sucos, doces, entre outros;
Varejo urbano Feirantes e comerciantes que realizam a venda do taperebá in
natura para o consumo local.
Nacional
Indústria de
beneficiamento
Pequenas indústrias que beneficiam o taperebá in natura em
polpa, localizadas fora do Pará e vendem para o varejo urbano
nacional;
Varejo urbano Supermercados e pequenos comércios que realizam as vendas
do produto em polpa para o consumidor nacional.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Os agentes estão no ramo entre oito e 20 anos. Apenas quatro comerciantes
declararam não ter armazém, os demais possuem dimensões que variam de 6m2, 17m
2 e 20m
2.
133
Apenas um produtor citou possuir uma área de produção de 12 hectares, localizada em Monte
Alegre. Com relação a meios de transporte utilizam motos, caminhão, carros, bicicletas e
carroças. As indústrias de transformação e de beneficiamento possuem máquinas do tipo
despolpadeira, dosador, cortador de frutas, selador de embalagem, máquinas de sorvete,
liquidificadores, trituradores e câmara fria. Apresentam também equipamentos como caixas
grandes de isopor, freezers com capacidade de 280l, 340 l e 360 l, baldes em inox e
geladeiras. Os principais problemas citados quanto ao armazenamento foram a falta de espaço
nas instalações e necessidade de aumentar a quantidade de equipamentos, pois estão
trabalhando na capacidade máxima para suportar a produção da safra.
A quantidade de pessoas envolvidas nas indústrias e em um comércio varia de uma a
sete pessoas, sendo que geralmente é o proprietário que esta no comando, os demais são
ajudantes, que trabalham o ano todo em horário comercial e os produtores relataram que a
mão de obra é familiar. O valor pago aos ajudantes varia de R$ 350,00 a um salário mínimo
mensal, o atendente recebe R$ 80,00 por semana e o chapista R$ 110,00 por semana.
Os entrevistados relataram que para aumentar a capacidade de produção é necessário
que haja assistência técnica para a implantação de novos plantios de frutas, pois muitas vezes
não conseguem atender o mercado pela falta do produto. Falta de financiamento (aquisição de
equipamentos), de incentivo do governo para a criação de um selo de qualidade para ampliar
o mercado consumidor, cursos de capacitação e reciclagem para os profissionais que atuam no
mercado.
As reclamações advindas dos agentes são quanto à questão da venda das polpas,
muitas vezes elas estragam por não ter mercado consumidor, pois este produto tem seu
consumo correlacionado com a falta de outras polpas preferíveis a ela. Soma-se a isto a
descrença na atuação do governo com fomento para a agricultura, pois acreditam que não vai
haver crédito para esse tipo de cultura.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do taperebá.
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do taperebá, na região do Baixo
Amazonas, atuam na escala local e em municípios de estados vizinhos à região de estudo.
O principal elo de comercialização do taperebá in natura tem como destino o
mercado nacional, mais especificamente a capital do estado do Amazonas, Manaus. Sendo
assim, o setor de varejo rural compra 81,4% de tudo que é comercializado pelo setor de
produção/extração, e vende 78,7% para a indústria de beneficiamento nacional, que após o
beneficiamento primário, despolpa do fruto in natura, vende para o varejo urbano nacional e
134
este para o consumidor final nacional. O varejo rural também comercializa uma pequena
parte, 2%, para o consumidor final local e apenas 0,7% são comercializados com o varejo
urbano local (Figura 36).
FIGURA 36 - Estrutura (%) da quantidade amostral do taperebá na RI Baixo Amazonas,
estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Outro canal importante de comercialização são as vendas de 14,2% do fruto in
natura do setor da produção/extração para o varejo urbano local, o qual também compra do
varejo rural uma pequena parte 0,7%, destinando toda sua oferta (14,9%) para os
consumidores finais locais. É importante frisar que o setor de varejo urbano local vende o
produto em polpa, pois muitos comerciantes e feirantes possuem despolpadeira em suas
dependências físicas (casa ou no ponto de comercialização num mercado central).
O setor da indústria de transformação local (sorveterias, restaurantes e mini
agroindústrias) é responsável pela comercialização de 4,4% da produção identificada.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia
do taperebá, no período de 2009 a 2010.
No principal canal de comercialização o varejo rural comprou a um preço de R$
0,85/kg do fruto taperebá in natura do setor de produção/extração, e o preço médio de venda
foi de R$ 0,90/kg para a indústria de beneficiamento nacional, que as vendeu a R$ 1,13/kg
para o varejo urbano nacional, o qual as ofertou para o consumidor nacional a um preço de R$
1,41/kg (Figura 37). O varejo rural também vende para o consumidor local a R$ 3,46/kg e a
R$ 0,90/kg para o varejo urbano local.
135
FIGURA 37 - Preço médio do taperebá (R$/kg) praticado nas transações entre setores da
cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do
Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
No outro canal, o varejo urbano local também compra do setor de produção/extração
a um custo de R$ 1,15/kg, e a R$ 0,90/kg do varejo rural, e a revenda atinge R$ 3,27 para o
consumidor local. E por fim, a indústria de transformação local compra o produto in natura
do setor de produção/extração a R$ 1,10/kg e vende a R$ 24,15/kg para o consumidor local.
Este alto valor de venda é reflexo da agregação de valor, com a utilização do produto in
natura como insumo para obtenção de produtos industrializados, tal como o sorvete.
4.2.14 Borracha
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da
borracha.
Foram entrevistados dois agentes mercantis pertencentes a esta cadeia, classificados
como produtor e atacadista (Figura 38). Além da borracha, o produtor trabalha com o
cupuaçu fruto e urucum, sendo que o cupuaçu é cultivado em consórcio com a borracha. Os
agentes envolvidos na cadeia de comercialização da borracha, da RI Baixo Amazonas,
apresentam as características descritas no Quadro 14.
136
FIGURA 38 - Localização dos agentes mercantis da borracha na RI Baixo Amazonas, estado
do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
QUADRO 14 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da borracha da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção Produtores representados pelos seringueiros que extraem o
látex das seringueiras;
Indústria de
transformação
Artesões que produzem um subproduto denominado “couro
ecológico”, que serve para a confecção de diversos utensílios
(bolsas, sandálias e outros produtos). Diversas comunidades da
FLONA Tapajós se beneficiam dessa atividade e contam com
clientes internacionais e turistas que visitam constantemente a
região do Baixo Amazonas;
Atacado Grandes atacadistas e representantes de firmas, que compram a
borracha para a indústria nacional;
Varejo urbano
Diversos comerciantes de artesanato, que se localizam nos
pontos turísticos da região, comercializando produtos com o
“couro ecológico”, na forma de bolsas, sandálias entre outros.
Nacional
Indústria de
transformação
Indústrias nacionais de fabricação de pneus e outros derivados
da borracha. Os consumidores são do Brasil e de diversos
outros países. Quanto aos produtos de “couro ecológico” são
consumidos da Alemanha, França e Itália;
Varejo urbano
Atravessadores de artesanatos de “couro ecológico”
produzidos com a borracha. Vendem no mercado nacional,
mas boa parte dos produtos é destinada ao mercado
internacional.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
137
O produtor informou possuir uma propriedade de 15 ha. Em relação a equipamentos
o agente possui facão para a retirada do látex e tigelas para armazenar o produto durante a
extração.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da borracha.
A estrutura de comercialização das 31,7 toneladas de borracha (Figura 39)
demonstra que 97,8% da produção da região tem como destino principal a indústria de
transformação nacional, para fabricação de pneus e outros derivados, passando pelo setor
intermediário do atacado local. Os 2,2% da borracha passam pela indústria de transformação
local, com a confecção de bolsas, sandálias e outros produtos com uso do couro ecológico,
que vende 1,6% para o varejo urbano nacional, 0,5% para o varejo urbano local e 0,1% para o
consumidor local.
FIGURA 39 - Estrutura (%) da quantidade amostral da borracha na RI Baixo Amazonas,
estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia da
borracha.
A transformação do produto é responsável por um enorme salto no preço de
comercialização. Vendido na sua forma bruta por valores de R$ 3,75/kg para o artesanato
local de couro ecológico (Figura 40) e de R$ 1,50/kg para o atacadista ou representante de
firma, que ainda repassa pelo mesmo valor estimado da borracha, na sua forma bruta, para a
indústria de transformação nacional, pois recebe comissão na quantidade comprada. Depois
de trabalhada pela indústria de transformação local, os produtos artesanais são vendidos a R$
138
157,99/kg para o varejo urbano local, a R$ 315,28/kg ao consumidor local e a R$ 197,24 ao
varejo urbano nacional.
FIGURA 40 - Preço médio da borracha (R$/kg do látex) praticado nas transações entre
setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,
estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.15 Andiroba
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da
andiroba.
O óleo de andiroba, usado e comercializado em toda a Amazônia, tem muitas
utilidades. É um repelente poderoso e também serve para inchaços no corpo, reumatismo e
artrite. A extração do óleo de andiroba de forma artesanal é feita cozinhando as sementes,
geralmente em latas ou panelas de alumínio, por um período de uma a três horas. Depois as
sementes são colocadas para esfriar e, em seguida, acondicionadas em local seco sobre o
assoalho ou dentro de rasas durante 7 a 20 dias para repouso. Após o repouso as cascas são
quebradas com um pedaço de madeira ou cortadas com faca, e a amêndoa é retirada com
auxílio de uma colher. As amêndoas são amassadas com as mãos e colocadas sobre uma
superfície de alumínio dobrado e inclinado ou sobre folhas de bananeira a pleno sol, onde se
coloca um recipiente para aparar o óleo, que depois é repassado para frascos menores e
vendido em litro ou em diferentes dosagens.
Na cadeia de comercialização da andiroba foram identificados 14 agentes que atuam
no ramo entre cinco a 20 anos (Figura 41). Dos entrevistados seis são feirantes, três são
comerciantes, dois são produtores, um varejista, um atacadista e um extrativista. O Quadro
139
15 apresenta a classificação desses agentes de acordo com seus respectivos setores e
mercados. Os agentes estudados também trabalham com outros produtos medicinais (copaíba,
leite de sucuúba, carapanaúba, casca de ipê-roxo, quinarana, jucá, unha-de-gato, leite do
amapá, verônica, uxi-amarelo, barbatimão, assacu, mel, óleo e semente de cumaru, óleo de
piquiá, cajuaçu, ipê-roxo, casca de uxi e pata-de-vaca); utensílios e artesanatos (feitos com
cipó-timbó, cipó-titica, semente de morototó, cesta de palha de tucumã, cuia, jamanxim,
paneiro, tipiti e abano), frutíferas regionais (tucumã e fruto de cupuaçu) e ainda o breu-branco
(usado nas fábricas de vassoura ou para calafetar embarcações).
FIGURA 41 - Localização dos agentes mercantis da andiroba na RI Baixo Amazonas, estado
do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
O atacadista possui armazém com dimensões de 45m2. No que diz respeito aos meios
de transporte utilizados, a cooperativa relatou possuir caminhão e caminhonete, usados para
escoamento da produção. No que tange a equipamentos, foi informado haver apenas uma
balança com capacidade de 1.000 kg. Como entrave ao armazenamento do produto foi
apontado que o espaço é insuficiente. Os agentes declararam trabalhar o ano todo com o
produto e em horário comercial. Com relação à mão de obra, a cooperativa possui 80
associados, porém não informou o valor pago aos mesmos.
140
QUADRO 15 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da andiroba da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Extralocal Produção
Produtores da RI Tapajós que coletam as sementes da andiroba
e realizam o beneficiamento primário com a fervura e a
extração do óleo.
Local
Produção
Produtores locais dos municípios estudados do Baixo
Amazonas, que coletam as sementes da andiroba e realizam o
beneficiamento primário com a fervura e a extração do óleo;
Atacado
Uma cooperativa que compra a andiroba em óleo e realiza o
envasamento, a rotulagem e a padronização para o mercado
exterior;
Varejo urbano
Comerciantes (donos de baiúcas, varejistas e feirantes) que
compram o óleo e dividem em pequenos frascos para revender
ao consumidor local.
Nacional Varejo urbano Comércio varejista situado fora do Estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Os comerciantes possuem entre um a dois armazéns em alvenaria, sendo um com
forro e piso de cimento (e os demais são de chão batido) com capacidade de 24m2 a 120m
2, e
como meio de transporte utilizam uma moto. Trabalham durante o ano todo em horário
comercial, e a quantidade de pessoas envolvidas na comercialização varia de uma a duas
(geralmente o casal). O problema relatado com relação ao armazenamento foi devido ao
espaço insuficiente.
Os feirantes possuem motos, armazém com tamanho de 9m2, não possuem máquinas
ou equipamentos, trabalham com o produto durante o ano todo, a mão de obra utilizada
(ajudante) recebe de R$ 15,00 a R$ 20,00 a diária e relataram que há necessidade de divulgar
as plantas medicinais como forma de melhorar as vendas e incentivo para os produtos. Existe
um agente que trabalha em regime de meia, onde se divide a produção final.
O produtor e o extrativista possuem propriedades rurais de 49 e 500 hectares,
localizadas em Cristalino e na Flona Tapajós. A coleta do óleo é feita por duas comunidades
da Flona e o extrativista trabalha em sistema de meia. O tempo de trabalho é somente na safra
e os materiais utilizados são carro de mão, panela, faca e bacia. Citou também que para
melhoria da produção há a necessidade de legalização dos óleos vegetais e o financiamento
para aquisição de equipamentos.
Foi informada a existência de outros agentes que comercializam este produto, os
quais estão localizados no mercado central de Santarém e em vários pontos da cidade.
141
Para melhoria na capacidade de produção, os agentes declararam que necessitam de
diversos apoios, como investimento e compra de locais próprios para venda dos produtos,
aumento da produção, certificado de origem (pois isso dificulta a comercialização devido a
demora da emissão do certificado de origem), melhoria nas estradas para escoamento dos
produtos beneficiados, além de ampliar o mercado consumidor.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da andiroba.
A cadeia de comercialização da andiroba identificada na presente pesquisa é
constituída por vários níveis de canais de distribuição. Do total da produção identificada pela
pesquisa, 91,3% é originária da própria região estudada e o restante, 8,7%, da produção
extralocal, no caso RI Tapajós (Figura 42).
FIGURA 42 - Estrutura (%) da quantidade amostral da andiroba na RI Baixo Amazonas,
estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
O principal nível de canal de comercialização da andiroba identificado com as
maiores quantidades foi a compra do varejo urbano local de 39,5% do total da produção local
e 8,7% da produção extralocal, que por sua vez vende 65,1% diretamente para o consumidor
local. Outro nível de canal importante é composto pelo setor do atacado local que compra da
produção local e vende 23,6% da produção identificada para o varejo urbano nacional voltado
para a exportação ao mercado europeu. A presença desta cooperativa na região permite ações
voltadas ao manejo florestal, ao fomento de atividades relacionadas ao extrativismo e a
padronização dos óleos conforme as normas internacionais de exportação.
142
Destaca-se ainda na comercialização do óleo a venda direta do produtor local de
andiroba para o consumidor local (10,1%), estadual (0,8%) e nacional (0,4%) da produção
identificada (Figura 42).
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia da
andiroba, no período de 2009 a 2010.
A produção local vende a R$ 20,00/l para o atacado local (grandes atravessadores e
cooperativa), a R$ 16,17/l para o varejo urbano local (comerciantes), a R$ 20,65/l para o
consumidor local, a R$ 37,00/l para o consumidor estadual (RI Tapajós) e R$ 20,00/l para o
consumidor nacional (Estado do Amazonas). Enquanto que a produção extralocal vende a R$
11,00/l para o varejo urbano local (Figura 43).
O setor atacadista local vende a R$ 29,26/l para o varejo urbano nacional e ao valor
estimado a R$ 29,89/l para o consumidor nacional (mercado internacional). Os preços de
venda para o âmbito nacional foram estimados, pois o entrevistado informou que os preços
são estabelecidos conforme a cotação do dólar. Desta forma, a metodologia considera uma
margem de lucro de 25% em média sobre o preço de compra.
FIGURA 43 - Preço médio da andiroba (R$/l) praticado nas transações entre setores da cadeia
de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do óleo de
andiroba.
Os agentes que realizaram oferta do óleo de andiroba, a partir da RI Baixo
Amazonas, receberam algo em torno de R$ 138 mil, que corresponde ao VBP total sob a ótica
143
da oferta, com predomínio dos setores que compõem o mercado local, os quais canalizaram
aproximadamente R$ 117 mil (85% do VBP total), conforme o Gráfico 22. Já o restante, R$
21 mil (15% do VBP total), foi recebido pelos setores que comercializaram este produto no
mercado nacional, que na respectiva cadeia se refere ao comércio exterior.
GRÁFICO 22 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do óleo de andiroba
da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Do valor recebido pelos agentes mercantis que compõem os setores do mercado
local, os extrativistas (agrupados no setor da produção) contabilizaram mais de R$ 51 mil
(VBPα) pela oferta do óleo de andiroba, conforme o Gráfico 22. Deste valor, os extrativistas
da RI Baixo Amazonas adquiriram mais de R$ 48,2 mil (correspondente a 94% do VBPα),
sendo o restante no valor superior a R$ 2,8 mil pago aos extrativistas extralocais Esta
denominação é alusiva aos produtores/extrativistas oriundos da RI Tapajós, que venderam
parte e/ou tudo do que beneficiaram deste produto no comércio do município de Santarém,
pólo da RI Baixo Amazonas, mais especificamente no principal mercado intitulado Mercadão
2000, tido como uma espécie de central de abastecimento por concentrar e comercializar a
produção de um número variado de produtos oriundos não só da RI a qual esta inserida, mas a
de outros municípios que integram outras regiões de integração vizinhas, sendo preponderante
as RI Tapajós e Xingu. Além da andiroba, outros produtos estudados por este projeto
(produtos nativos da floresta amazônica) foram identificados neste mercado, tais como:
bacuri, cacau, castanha-do-brasil, cupuaçu, taperebá, pupunha, muruci, mel, artesanatos, leites
(amapá, sucuúba), plantas medicinais, entre outros. Salienta-se também, que é a partir do
144
Mercadão 2000 que parte e/ou toda a comercialização desses e de outros produtos foram
direcionados ao abastecimento de outros municípios pertencentes a RI Baixo Amazonas,
assim como alguns municípios do estado do Amazonas.
Diante do exposto, do VBPα total de R$ 51 mil (soma do VBP
α local e extralocal)
(Gráfico 22), aproximadamente R$ 44 mil (86% do VBPα total) foram oriundos da venda aos
setores que compõem a demanda intermediária local, de modo específico 58% (em torno de
R$ 30 mil) foram obtidos pela venda ao setor varejista urbano e, 28% (em torno de, R$ 14
mil) foram das vendas aos agentes mercantis do setor atacadista. Sendo o restante, mais de R$
7 mil (mais de 14% do VBPα total), oriundos das vendas realizadas diretamente aos
demandantes finais das três escalas regionais, sendo mais predominantes aos consumidores
finais da região do Baixo Amazonas, pois constituíram 12% (R$ 6 mil) de participação nessas
vendas.
Com relação ao VBP adquiridos pelos outros setores que compõem o sistema local, o
atacadista, composto por uma cooperativa atuante na FLONA Tapajós, recebeu mais de R$
20,4 mil (Gráfico 22), provenientes das vendas do óleo de andiroba para o comércio exterior
(classificado como mercado nacional). Já o varejo urbano, setor onde estão inseridos os
agentes mercantis que atuam como feirantes e os que comercializam este produto em
mercearias e/ou tabernas, arrecadou aproximadamente R$ 45,5 mil, oriundos das vendas aos
demandantes finais locais, ou seja, consumidor final local.
O VBP estimado no mercado nacional, em R$ 21 mil aproximadamente, se refere às
vendas do setor de varejo urbano aos consumidores finais nacionais. Este valor foi alusivo às
transações realizadas entre os agentes mercantis localizados no exterior, ou seja, em outros
países, principalmente Alemanha e França.
Logo, tanto a comercialização quanto o consumo da andiroba aconteceram com
maior frequência no interior dos doze municípios que compõem a região do Baixo Amazonas,
tendo como principais pontos de comercialização as feiras e/ou mercados municipais (quando
estes estiveram aptos à utilização), ou, como aconteceu com periodicidade, nos
estabelecimentos comercias denominados de mercadinhos/mercearias. Tendo como utilidade
o uso como antiinflamatórios, repelente de insetos, entre outros.
e) VAB - gerado na comercialização da andiroba e a margem de comercialização de
cada setor (%).
Na cadeia de comercialização do óleo de andiroba, o VAB, desde o setor alfa, isto é,
coleta/produção da região de integração Baixo Amazonas e do Tapajós, até os demandantes
finais, foi orçado em R$ 73,6 mil, sendo os setores do mercado local, ou seja, setores
145
localizados na RI Baixo Amazonas, responsáveis por 99% na formação deste valor (Gráfico
23) e, o sistema nacional participou com 1%. Este valor estimado para o VAB, que é
equivalente ao Valor Transacionado Efetivo (VTE), constituiu uma margem bruta de
agregação de valor ao produto ao longo da comercialização, ou mark-up total, de 44%,
medido a partir da relação entre a diferença do VAB (mais de R$ 73,6 mil) com VBPα
total
(em torno de R$ 51 mil), pelo VBPα
total (de R$ 51 mil). Esta margem demonstra, em termos
percentuais, o quanto foi adicionado ou agregado, ao longo de toda a cadeia de
comercialização do produto, em análise, a partir do setor alfa (α), por ações de
beneficiamento, transformação e/ou majoração de preço que este produto adquiriu, antes da
demanda final. É importante frisar, no entanto, que o valor do VAB, inclui todos os custos de
beneficiamento e comercialização do produto analisado, que não foram captados pela
pesquisa.
GRÁFICO 23 - VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização do óleo de andiroba da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Deste modo, entre os setores do mercado local que agregaram valor e, os seus
respectivos mark-up (margem de comercialização por setor), o setor da produção, constituído
pelos agentes mercantis extrativistas, obteve uma participação predominante para a formação
do VAB local, pois agregou o equivalente a R$ 51 mil, aproximadamente 70 % do VAB total,
com a realização do beneficiamento primário do produto, que a grosso modo significa a coleta
da semente de forma tradicional e sustentável com a extração do óleo após a fervura. Convém
146
ressaltar, que o setor da produção transacionou o valor efetivo somente no que se refere às
vendas do produto (Gráfico 23) e, por isso, não se estimou o mark-up do setor.
Já o VAB do varejo urbano orçado em torno de R$ 15,7 mil (mais de 21% do VAB
local), foi desenvolvido através da majoração de preço realizada simultaneamente com o
fracionamento do produto em frascos menores, e por estes processos, constituiu um mark-up
de 53% (Gráfico 23), calculado pela relação do VAB do setor (R$ 15,7 mil), pelo Valor
Bruto da Produção (VBP), pela ótica da demanda, em torno de, R$ 29,8 mil, valor que
corresponde a compra de insumos realizada pelo setor. Por conseguinte, o setor atacadista
(composto por uma cooperativa mista) adicionou um valor próximo a R$ 6,5 mil (8% do
VAB local) e, constituíram um mark-up de 46%. Este setor adicionou valor devido o agente
mercantil que o integra apresentar nicho de mercado com padrão determinado de
comercialização e, por isso, realizou tanto a padronização do produto (envasamento), de
acordo com as normas de comercialização impostas pelos órgãos de fiscalização de alimentos,
como a majoração de preços, antes das vendas ao comércio exterior.
O VAB, no mercado nacional, mais especificamente do setor varejo urbano, foi
estimado em R$ 440,00 e mark-up de 2%, tratando-se das vendas realizadas pelo varejo urbano e
para os agentes mercantis localizados fora do país (Alemanha e França) (Gráfico 23).
Portanto, no que se referiu ao VAB, equivalente ao valor transacionado efetivo total,
ao longo da cadeia de comercialização do óleo da andiroba, orçado em mais de R$ 73,6 mil,
observou-se a proeminente participação dos extrativistas, classificados como setor da
produção, já que o seu valor adicionado correspondeu a quase 70% do VAB total, pois foi
quem realizou tanto a coleta quanto o beneficiamento do produto, enquanto que os setores da
demanda intermediária só agregaram valor pelo processo de majoração de preço,
fracionamento do produto e, em alguns casos, padronização das embalagens. É importante
frisar, no entanto, que o beneficiamento primário poderia ser mais produtivo para o setor alfa
se utilizassem uma prensa, fato impossibilitado pela falta de capital.
f) RBT, gerada pela ótica da demanda, na comercialização da andiroba.
A renda bruta total (RBT) contabilizada na ordem de R$ 138 mil, gerada na
comercialização do óleo de andiroba, a partir da RI Baixo Amazonas, forma-se pela soma do
valor da compra de insumo, que corresponde ao VBP (pela ótica da demanda) com VAB
(≈VTE). Desta maneira, o sistema local foi responsável por gerar 85% do montante do valor
da renda bruta e o restante (15%) foram gerados no sistema nacional, que na respectiva
cadeia, trata-se também do comércio exterior (Gráfico 24).
147
GRÁFICO 24 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do óleo de
andiroba, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Fazendo a análise somente das rendas constituídas pelos setores do sistema local,
com renda bruta gerada em aproximadamente R$ 117 mil, o setor da produção (α) foi quem
obteve a maior renda, ao longo de toda cadeia de comercialização, calculada em R$ 51 mil, o
que corresponde a mais 43% da renda gerada a nível local e, 37% da renda total gerada,
resultante das vendas para o setor atacadista e do varejo urbano que compõem o mercado
local e os consumidores finais das três escalas: local, estadual e nacional (Gráfico 24). O
varejo urbano vem em seguida, pois foi o setor que obteve o maior valor adicionado após as
vendas do setor da produção, em torno de R$ 15,7 mil, após a compra de insumos, no valor
R$ 29,8 mil, junto aos extrativistas, gerando uma renda bruta no valor superior a R$ 45,5 mil
com as vendas para os consumidores locais. Ainda no sistema local, o atacado que comprou o
óleo da andiroba de extratores da região do Baixo Amazonas no valor de R$ 13,9 mil e os
vendeu com uma agregação no valor de R$ 6,5 mil para o mercado nacional (internacional),
obtendo uma renda bruta de aproximadamente R$ 20,4 mil.
Já o valor da RBT estimado para o mercado nacional, em R$ 21 mil (15% da RBT
total), corresponde ao valor de compra (VBP sob a ótica demanda) e, agregação de valor
realizado pelos setores localizados na esfera internacional, seja para consumo ou para a sua
utilização como insumo (Gráfico 24).
148
4.2.16 Curauá
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
curauá.
Com base em informações obtidas junto ao técnico da empresa estadual de
assistência técnica do município de Belterra, foi possível identificar os principais agentes
mercantis envolvidos nesta cadeia. O Quadro 16 apresenta a caracterização dos agentes
envolvidos na comercialização deste produto, de acordo com seus respectivos setores e
mercados.
QUADRO 16 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da fibra do curauá da RI
Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção Produtores de curauá, responsáveis pela coleta e
desfibramento inicial da folha;
Atacado Representante de firma que faz o contato com as
comunidades produtoras;
Indústria de
beneficiamento
Processamento industrial primário realizado na RI Baixo
Amazonas, que produz mantas de fibras naturais.
Nacional Indústria de
transformação
Indústrias que transformam a manta de fibras naturais, em
diferentes peças para carros de grandes montadoras.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Verificou-se que a produção é subsidiada pelo projeto CEAPAC (Centro de Apoio a
Projetos de Ação comunitária) o qual incentiva o consórcio de curauá com árvores de espécies
florestais e frutíferas (cumaru, jacarandá, mogno, neem e piquiá), na região do Projeto de
Assentamento Agroextrativista (PAE) Lago Grande8, em uma área correspondente a 50 ha,
por meio de financiamentos bancários e assistência técnica (EMATER). Ademais, as
sementes para produção são cedidas por uma mineradora, localizada no município de
Oriximiná.
No que tange a produção, verificou-se o envolvimento de uma comunidade,
composta por 22 famílias. Segundo o entrevistado esta comunidade é considerada a maior
produtora no oeste do Pará. Além do cultivo e coleta, esses produtores realizam o
beneficiamento deste vegetal, que consiste na retirada da fibra contida nas folhas do curauá,
que se da com auxílio de uma máquina específica. Já o setor do atacado, registrou apenas um
representante de uma firma que realiza a transação com as comunidades produtoras. Este
8 Situado a noroeste de Santarém, criado em 2005, ocupa 2,5 mil km
2, equivalente a 11% da área do município
de Santarém (FOLHES, 2007).
149
agente durante o processo de comercialização realiza um contato junto aos produtores e
posteriormente transaciona direto com a indústria de beneficiamento local, que processa a
fibra na forma de mantas de diferentes espessuras, as quais são enviadas para o setor de
transformação nacional, que produz diversas peças para carros de grandes montadoras.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$
correntes/kg) entre os setores mercantis da cadeia do curauá.
O curauá é muito utilizado na forma de mantas de fibra natural, que são
transformadas no ramo da indústria automobilística. Com base na Figura 44 é possível
verificar o percentual da quantidade transacionada entre os setores. Nota-se que 100% da
produção local é comprada por atacadista local (representante de empresa), que repassa
integralmente para a indústria de beneficiamento local, que produz as mantas das fibras de
curauá, as quais são destinadas para a indústria de transformação nacional, para fabricação de
acessórios para automóveis.
FIGURA 44 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/kg) do curauá na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a
2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
A produção local vende para o atacado local a fibra ao valor de R$ 4,00/kg (Figura
44). O atacado local entrega para a indústria de beneficiamento local a R$ 4,00/kg, que vende
para a indústria de transformação nacional a R$ 5,00/kg (valor estimado, pois não
entrevistamos o responsável pela filial da indústria em Santarém). A indústria de
transformação nacional oferta para o consumidor nacional ao valor de R$ 6,25/kg (valor
estimado devido à agregação de cada peça).
150
4.2.17 Buriti
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
buriti.
Foram identificados sete agentes (Figura 45) que comercializam o buriti. Dentre
estes se destaca uma associação da comunidade do Ererê, localizada no entorno do Parque
Estadual Monte Alegre, que vem desenvolvendo trabalhos relacionados ao extrativismo do
buriti, como o beneficiamento da polpa do fruto, produção de objetos artesanais de buriti
pelos moradores e a organização no “Festival do Buriti”.
FIGURA 45 - Localização dos agentes mercantis do buriti na RI Baixo Amazonas, estado do
Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Somente um agente trabalha exclusivamente com o buriti, os demais comercializam
outros produtos, tais como: açaí, bacuri, cupuaçu, muruci, taperebá, tucumã, palha de tucumã,
cuias e o leite de sucuúba. Foi identificado um comércio do ramo alimentício (lanchonete e
sorveteria), a qual está no ramo há 17 anos, e os outros dois agentes atuam há 15 e 4 anos. Os
demais não informaram o tempo de trabalho. O Quadro 17 apresenta a caracterização dos
agentes envolvidos na comercialização deste produto de acordo com seus respectivos setores
e mercados.
151
QUADRO 17 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do buriti da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção
Extratores do buriti que coletam o fruto utilizando
equipamento e técnicas semelhantes à da coleta do açaí.
Depois da coleta realizam o beneficiamento caseiro do fruto
que consiste no amolecimento do fruto e em seguida o
despolpamento manual com auxilio de colheres;
Varejo rural Atravessadores que se deslocam até as comunidades e
compram diretamente do setor da produção a polpa do buriti;
Indústria de
beneficiamento
Associação que possui uma fábrica de beneficiamento de polpa
de buriti. Os associados levam os frutos ensacados para a sede
da associação, onde é feita a despolpa do buriti;
Indústria de
transformação
Sorveterias e lanchonetes que adquirem a massa extraída dos
frutos (composta de polpa e casca) e as transformam em sucos
e sorvetes;
Varejo urbano Feirantes que comercializam polpa do buriti. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Dois agentes econômicos do setor da produção possuem propriedades rurais com
áreas de 12 e 50 hectares. Verificou-se ainda que três agentes possuem barracas de venda com
dimensões de 12, 17,5 e 96 m². Todos os agentes possuem algum tipo de maquinário ou
equipamento, tais como: câmara fria (capacidade para uma tonelada), máquina industrial para
fabricação de sorvete, liquidificador industrial, selador de embalagem, terçado, balança,
tanque em inox, mesa para descanso e lavagem dos frutos, despolpadeiras, freezers com
capacidade de 280 l, 360 l e 530 l e caixas de isopor de 60 l.
O primeiro beneficiamento é, na maioria das vezes, realizado de forma artesanal com
raspagem do fruto com auxílio de uma colher. O custo de utilização da despolpadeira é
considerado alto por alguns produtores associados, pois a associação cobra 30% da renda a
fim de custear despesas oriundas do consumo de energia e fornecimento de embalagens, por
isso alguns preferem extrair a polpa manualmente para não ter que efetuar este pagamento. A
problemática advinda da utilização do procedimento manual é que se tem um rendimento
menor do fruto, pois 300 frutos rendem apenas 12 kg, e quando utiliza-se a despolpadeira,
com essa mesma quantidade de fruto, o rendimento é elevado para 25 kg. Em período de alta
de safra, alguns coletam cerca de 100Kg de frutos/mês.
No que tange aos meios de transporte utilizados na comercialização do buriti, dois
agentes informaram que possuem moto, bicicleta (do tipo carroça) e carro. Porém, o
transporte do buriti em sacas de 60 kg é feito do ponto de coleta até o galpão de
beneficiamento com a saca acondicionada sobre os ombros dos coletores.
152
Com relação a pagamento de mão de obra para o desenvolvimento da atividade,
somente três agentes pagam entre R$ 10,00 a 15,00/semana para seus auxiliares. Os
proprietários de sorveteria e lanchonete pagam, em média, o valor de R$ 350,00 mensal ao
pessoal envolvido na atividade (valor que representou 70% do salário mínimo do período da
pesquisa, R$ 510,00).
Os problemas enfrentados pelos agentes econômicos que trabalham com buriti
referem-se à capacidade de armazenamento, pois o espaço físico muitas vezes é insuficiente
para a quantidade de produtos coletados, carência de recursos financeiros para obtenção de
maquinário e, os dois agentes mercantis considerados mais importantes, que atuam na coleta e
beneficiamento do fruto, identificam a falta de organização dos extratores (já que o recurso é
coletado em área de uso comum) e a carência de assistência técnica e extensão rural.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do buriti.
A comercialização deste produto se dá somente a nível local. Diante disso, um fato
imperativo a se relatar é que o buriti tem na região uma importante participação na
alimentação da população local. Como é visto na Figura 46, onde boa parte da produção tem
como setor central o varejo urbano local (feirantes), que compra 66,4% do setor da produção e
5,6% do varejista rural, e vende 72% para o consumidor local.
FIGURA 46 - Estrutura (%) da quantidade amostral do buriti na RI Baixo Amazonas, estado
do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Outro canal de comercialização importante é quando a indústria de beneficiamento
adquire da produção local 23,4% e a vende diretamente para o consumidor local. Apenas
153
1,1% do que é coletado pelos extratores da região é direcionado para o setor de indústria de
transformação (sorveterias e lanchonetes) que vende diretamente para o consumidor local. A
venda direta do produtor com o consumidor local na região equivale a 3,5%, como indicado
na Figura 46, e acontece nas feiras dos produtores rurais do município sede da região.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia
do buriti, no período de 2009 a 2010.
No principal canal de comercialização foram identificadas as seguintes práticas, o
varejo urbano local paga o equivalente a R$ 0,47/kg do produto para o setor de produção,
quando a compra é diretamente junto aos produtores e R$ 0,92/kg quando a compra é
realizada com os atravessadores (varejo rural), e este varejo urbano as vende ao preço de R$
0,66/kg para o consumidor local (Figura 47). É importante frisar que se trata da venda da
massa de buriti natural, ou seja, polpa com casca.
Já em outro canal, o varejo rural compra da produção a R$ 0,42/kg do fruto em
forma de polpa e vende para o varejista urbano a R$ 0,92/kg (Figura 47). O setor de
beneficiamento paga aos produtores um valor médio de R$ 0,25/kg (frutos in natura) e vende
aos consumidores locais no valor de R$ 0,32/kg, na forma de polpa. O setor da indústria de
transformação (sorveteria e lanchonete) compra da produção ao preço de R$ 0,86/kg e vende
ao preço de R$ 21,07/kg na forma de sorvetes e sucos. Destaca-se que o setor de produção
tem uma rentabilidade maior quando vende o fruto diretamente ao consumidor local a um
preço de R$ 1,86/kg do fruto in natura e/ou beneficiado e/ou transformado em um produto
final. Porém, para que isto aconteça com mais freqüência se faz necessário a melhoria dos
pontos de venda, tal como a reestruturação das feiras livres, instalados nos municípios que
compõem esta região integração.
154
FIGURA 47 - Preço médio do buriti (R$/kg) praticado nas transações entre setores da cadeia
de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.18 Urucum
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
urucum.
O urucum é um corante natural utilizado na alimentação. Verificou-se nesta pesquisa
que a utilização do urucum foi destinada somente para a culinária, comumente usado como
condimento e colorante, empregado sobre a forma industrializada de pó, obtido pela trituração
das sementes. Foram identificados três agentes mercantis nesta cadeia, dois produtores e um
atravessador. Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do urucum, na região do
Baixo Amazonas, apresentam características descritas no Quadro 18.
Em relação à propriedade dos produtores para cultivo do urucum, registrou-se que
um possui uma área de 4 ha e o outro 15 ha. No que tange ao armazenamento, um dos
produtores relatou possuir um local de 180m2. Já o atravessador possui um espaço bem menor
de 7,5m2. Em relação aos meios de transporte, os produtores informaram possuir
caminhonete, trator traçado e caminhão, enquanto que o atravessador, apenas moto.
155
QUADRO 18 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do urucum da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Extralocal Produção
Produtores da RI Tapajós que realizam o beneficiamento
primário do urucum, que consiste na pré-secagem dos frutos,
debulhagem, peneiramento da semente e a secagem da
semente.
Local
Produção
Produtores dos municípios do Baixo Amazonas, que realizam
o beneficiamento primário do urucum que consiste na pré-
secagem dos frutos, debulhagem, peneiramento e a secagem da
semente;
Varejo rural Atravessadores que compram a semente do urucum de
produtores locais e vendem a maior parte para o mercado
nacional;
Indústria de
transformação
Pequenas empresas que realizam transformação do urucum em
colorau (colorífico), obtido por trituração das sementes,
usualmente misturadas a certo teor de outros grãos (milho,
trigo, entre outros);
Atacado
Comerciantes (atacadistas ou representantes de empresas) que
compram a semente do urucum em grandes quantidades da
produção extralocal;
Varejo urbano Comerciantes que compram o urucum já transformado em
colorau e revendem para o consumo local.
Nacional
Indústria de
transformação
Empresas que realizam transformação do urucum em colorau
(colorífico);
Atacado Comerciantes (atacadistas ou representantes de empresas) que
compram a semente do urucum em grandes quantidades;
Varejo urbano Comércio de varejo situado fora do Estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do urucum.
A cadeia de comercialização do urucum consiste em canais simples, mas sendo
constituído por diversos níveis de canais de distribuição. Do total da produção identificada
pela pesquisa, 54,8% são da própria região estudada e o restante, 45,2% é originário da
Região de Integração Tapajós (Figura 48). O principal canal de comercialização do urucum é
formado pelo setor do varejo rural que compra 54,8% da produção local, vende 36,8% para o
atacado nacional (localizado no Estado do Amazonas), 9,0% para a indústria de
transformação local e também a mesma quantidade para a indústria de transformação
nacional. Conforme os entrevistados existem seis armazéns (atacadista nacional) em Manaus
que compram o urucum da região.
A produção extralocal identificada (45,2%) é toda destinada para o setor atacadista
local (Figura 48), que por sua vez vende diretamente para a indústria de transformação local.
156
Neste caso, este setor da transformação também compra 9 % de urucum dos atravessadores
locais (varejo rural) e vende 54,2% do colorau para o varejo urbano local (supermercados)
chegando, em seguida, ao consumidor local.
FIGURA 48 - Estrutura (%) da quantidade amostral do urucum na RI Baixo Amazonas,
estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia
do urucum, no período de 2009 a 2010.
O preço médio de compra de insumo (urucum) praticado pelos atravessadores
(varejistas rurais) com os produtores locais foi de R$ 2,37/kg da semente de urucum (Figura
49), que por sua vez vende a R$ 2,52/kg para a indústria de transformação local, a R$ 2,72/kg
para a indústria de transformação nacional e a R$ 2,50/kg para o atacado nacional (grandes
armazéns localizados em Manaus). Por outro lado, o preço de venda praticado pela indústria
de transformação local com o varejo urbano local chega a R$ 3,29/kg da semente do urucum.
Em relação aos atacadistas locais, eles compram diretamente da produção extralocal
a R$ 2,30/kg da semente, e vendem somente para a indústria de transformação local a R$
2,72/kg.
157
FIGURA 49 - Preço médio do urucum (R$/kg) praticado nas transações entre setores da
cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do
Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.19 Leites
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos
leites.
Nesta cadeia foram agrupados quatro produtos (leite-de-amapá, leite-de-anani, leite-
de-sucuúba e seiva de jatobá), sendo que todos foram comercializados com finalidades
medicinais.
Foram identificados dez agentes envolvidos nesta cadeia de comercialização (Figura
50). O tempo de trabalho no ramo dos agentes é de aproximadamente 15 anos. Esses agentes
são comerciantes, feirantes, atravessadores, produtores e extrativistas. Um agente faz parte de
uma associação que trabalha com saúde popular, com uso de ervas medicinais e contam
atualmente com sete associados. Além dos leites, estes agentes comercializam outros produtos
(óleo de cumaru, copaíba, mel, casca de ipê-roxo, semente de cumaru, verônica, óleo de
andiroba, jucá, assacu, casca de sucuúba, quinarana, casca de uxi, cajuaçu, tipiti, óleo de
piquiá, carapanaúba, resina de breu-branco, abano, cupuaçu fruto e pata-de-vaca). O Quadro
19 apresenta a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização deste produto, de
acordo com seus respectivos setores e mercados.
158
FIGURA 50 - Localização dos agentes mercantis dos leites na RI Baixo Amazonas, estado do
Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
QUADRO 19 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização dos leites da RI Baixo
Amazonas, Estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção Produção é composta por extrativistas que retiram o leite
(seiva) com o uso de ferramentas simples;
Varejo rural Atravessadores que comercializam o leite fracionado ou em
litro;
Indústria de
Transformação
Uma associação localizada em Monte Alegre, que vende os
leites misturados com mel ou outros ingredientes naturais;
Varejo urbano Feirantes e comerciantes que revendem o produto fracionado
ou em litro.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Os leites são comercializados durante todo ano. A produção é realizada em
propriedades rurais com dimensões de 20 a 50 ha, localizadas em Serra Azul (Monte Alegre)
e Juruti.
Os extrativistas retiram os leites dos vegetais com auxílio de equipamentos
específicos para esta atividade, como terçado e um recipiente com capacidade para 600 ml
para armazenar cada produto. Como meio de transporte para escoamento da produção
utilizam moto e carro. O produto é armazenado em depósitos ou casas com dimensões que
variam de 9m2 a 60m
2.
159
Vários agentes na cidade comercializam o produto, todavia há a necessidade de
maior divulgação da importância das plantas medicinais, especificamente o leite-de-sucuúba,
indicado para problemas digestivos, porém é pouco procurado por falta de informações. Os
leites são comercializados durante todo ano e a maioria dos agentes contrata mão de obra
externa, pagando um valor que varia de R$ 15,00 a 20,00 a diária ou, até mesmo, um salário
mínimo.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de leites.
Os leites de jatobá, anani, amapá e sucuúba são utilizados tradicionalmente como
medicamentos pela população da região e em farmácias de manipulação, com
comercialização identificada apenas na região em estudo.
Os extrativistas que coletam os leites (seivas) destinam a produção para quatro
setores locais, sendo 44,1% para a indústria de transformação (Figura 51), representada por
uma associação que mistura os leites ao mel como remédio caseiro ou in natura, 42,4% ao
varejo urbano representados por feirantes e comerciantes da região, 12,4% de venda direta ao
consumidor local e 1,1% que passa pelo varejo rural, composto por atravessadores que vão até
o produtor e revendem para o consumidor local.
FIGURA 51 - Estrutura (%) da quantidade amostral dos leites na RI Baixo Amazonas, estado
do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia
dos leites, no período de 2009 a 2010.
160
Conforme a Figura 52, a produção local vende para o varejo rural a R$ 3,50/l que
vende ao consumidor a R$ 10,00/l, a indústria de transformação compra a R$ 10,00/l e vende a
R$ 16,03/l, o varejo urbano compra a R$ 8,59/l e revende para o consumidor final a R$ 15,22 o
mesmo litro, já o consumidor final que compra direto da produção paga R$ 10,89/l.
FIGURA 52 - Preço médio dos leites (R$/l) praticado nas transações entre setores da cadeia
de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.20 Muruci
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
muruci.
Foram identificados doze agentes que comercializam o produto, sendo uma
agroindústria (com nome fantasia em japonês), um sindicato de Oriximiná, uma associação de
Alter do Chão, duas sorveterias, dois comerciantes, três feirantes e um produtor. Todos
comercializam outros produtos, tais como: taperebá polpa, cupuaçu polpa, bacaba, açaí fruto,
castanha-do-brasil, breu-branco, mel, carvão, bacuri fruto e buriti (Figura 53). O proprietário
da agroindústria, localizada em Santarém, encontra-se no ramo há cerca de 20 anos, os demais
entre nove meses a 15 anos, em média.
161
FIGURA 53 - Localização dos agentes mercantis do muruci na RI Baixo Amazonas, estado
do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do muruci na região do Baixo
Amazonas estão descritos no Quadro 20.
QUADRO 20 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do muruci da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção Extrativistas da RI Baixo Amazonas. O fruto pode ser
comercializado in natura em embalagens de garrafa PET ou
sacos plásticos de 1 litro, ou na forma de polpa;
Varejo rural Pequenos comerciantes e uma associação, denominados
atravessadores, que compram o muruci in natura dos
produtores;
Indústria de
beneficiamento
Pequenas e médias empresas que realizam o beneficiamento do
fruto do muruci em polpa;
Indústria de
transformação
Pequenas empresas que realizam a transformação do fruto do
muruci in natura ou da polpa em outros produtos finais como
sorvetes, sucos, doces entre outros;
Varejo urbano Feirantes e comércios que realizam a venda do muruci in
natura para o consumo local. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
O produtor identificado possui propriedade rural com uma área de 12 ha. Todos os
agentes trabalham com o produto durante todo o ano, em barracas com dimensões que variam
de 6 m² a 20 m². A mão de obra é basicamente constituída por familiares. A agroindústria
162
paga aos seus sete funcionários um salário mínimo/mês e, caso precise em épocas de safra,
paga-se hora extra. O sindicato também paga um salário mínimo para três pessoas
contratadas.
No que tange a infraestrutura, nove agentes possuem maquinários e equipamentos
(despolpadeira industrial, cortador de frutas, dosador, seladora, despolpadeira de açaí,
liquidificadores, máquina de fazer sorvete e processadores). A agroindústria ainda possui uma
câmara fria, freezers, caixas de isopor grandes, fogão industrial, peneiras, geladeira, balança e
baldes em inox. Verificou-se que oito agentes utilizam como meio de transporte caminhão,
carro, bicicleta, moto, barco, rabeta e carroça.
Dentre os problemas relatados pelos agentes, principalmente os que atuam no setor
de beneficiamento e/ou processamento do fruto, o que mais desestimula a continuidade da
atividade é a constante queda de energia elétrica, que muitas vezes causa prejuízo. Contudo,
os principais entraves para esses agentes é a falta de políticas públicas que incentivem o
plantio deste produto, a fim de gerar uma maior oferta e, a falta de capacitação profissional e
assistência técnica dos agentes.
Para melhoria na capacidade de comercialização os agentes declararam que
necessitam de maior espaço físico, haja vista existirem diversas barracas no mercado central
que são de madeira e, portanto, sem segurança e qualidade para armazenamento do produto,
tão pouco para os equipamentos e, o crédito específico para os feirantes e comerciantes para
aquisição de equipamentos, como freezers para armazenar os produtos na safra e entressafra.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do muruci.
Os canais de comercialização do muruci, identificados nos doze municípios, se
caracterizam por sua forma indireta, passando sempre por um setor intermediário entre a
produção e o consumidor, todos atuando somente na região do Baixo Amazonas - local
(Figura 54). O principal canal de comercialização refere-se à venda de 61,7% da produção
para o varejo urbano local (feirantes e comerciantes). O setor da indústria de beneficiamento
compra 20% da produção e vende 19,1% diretamente para o consumidor na forma de polpa e
0,9% para o varejo urbano local. Tanto o varejo rural (atravessadores) quanto o setor da
indústria de transformação (lanchonete, sorveterias e docerias) compraram 9,2% e 9,1%,
respectivamente, da produção local e venderam seus produtos para o consumidor final na
forma de fruto in natura ou de sorvetes e doces, respectivamente.
163
FIGURA 54 - Estrutura (%) da quantidade amostral do muruci na RI Baixo Amazonas, estado
do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia
do muruci.
O preço médio praticado pelo produtor com o varejo urbano local é de R$ 1,08/l do
fruto de muruci e, este setor, por sua vez, vende a um preço de R$ 3,56/l para o consumidor
final (Figura 55). O setor do beneficiamento primário do fruto compra da produção ao preço
de R$ 1,86/l, após beneficiar o fruto in natura na forma de polpa em embalagem padronizada,
vende a R$ 2,50/l para comerciantes locais (varejo urbano local) e a R$ 6,67/l diretamente
para os consumidores.
O varejo rural compra o fruto in natura a um preço de R$ 1,46/l e vende a R$ 2,67/l
para o consumidor local, sem qualquer incremento tecnológico ou tipo de beneficiamento,
apenas realiza a separação dos produtos de boa qualidade, a fim de obter um maior preço de
venda. Já o setor de transformação compra da produção a R$ 2,55/l do fruto na forma de
polpa, agrega valor na transformação do produto e vende ao preço médio de R$ 18,82/l em
forma de sorvetes, cremes e doces para o consumidor local (Figura 55).
164
FIGURA 55 - Preço médio do muruci (R$/l) praticado nas transações entre setores da cadeia
de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.21 Lenha
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da
lenha.
Registrou-se apenas um agente que compra este produto. Este consumidor trabalha
em uma olaria, localizada no município de Terra Santa e está neste ramo há 27 anos. O
Quadro 21 apresenta a caracterização dos agentes de acordo com seus respectivos setores e
mercados.
QUADRO 21 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da lenha da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local Produção
Coletores de lenha da região, que retiram a madeira de
áreas derrubadas para formação de pastagens. O
consumidor final é representado por uma indústria
(olaria), que utiliza a lenha para aquecer o forno.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Possui um armazém com capacidade para 40 milheiros/mês. A olaria depende da
produção de lenha durante o ano todo, sendo utilizada nos fornos para produção de utensílios
de barro (telhas e tijolos). Os proprietários utilizam dois caminhões como meio de transporte
da lenha do campo até a indústria. Apesar da população local utilizar a lenha nos fogões de
barro das residências a pesquisa não identificou a venda direta para esse tipo de consumidor.
165
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$
correntes/m3) entre os setores mercantis da cadeia da lenha.
Verificou-se que esta cadeia de comercialização é somente local, composta por
produtores que vendem 100% da produção da lenha para uma olaria (Figura 56), classificada
como consumidor final deste insumo, para a produção de tijolos e telhas. O preço médio da
lenha praticado entre a produção e o consumidor foi de R$ 20,00/m3.
FIGURA 56 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/m3) da lenha na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a
2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.22 Plantas medicinais
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização das
plantas medicinais.
Foram identificadas 22 espécies de plantas medicinais na comercialização: casca de
acapurana, açoita-cavalo, arapari, aroeira, assacu, barbatimão, caimbé, carapanaúba,
envirataia, ipê-roxo, marapuama, mururé, pata-de-vaca, preciosa, quinarana, sacaca, taxi-
branco, ucuúba, unha-de-gato, verônica, fava de jucá e cipó de jabuti. Os 44 agentes mercantis
envolvidos na cadeia de comercialização das plantas medicinais (Figura 57) atuam somente
na RI Baixo Amazonas (local), conforme descrição no Quadro 22.
166
FIGURA 57 - Localização dos agentes mercantis das plantas medicinais na RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
QUADRO 22 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização das plantas medicinais da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção
Extrativistas que coletam as plantas ou parte delas e vendem
para o varejo urbano, para o setor de transformação e para o
consumidor final local;
Indústria de
Transformação
Uma associação que compra casca de ipê-roxo de produtores e
revende para o consumidor final local;
Varejo Urbano
Feirantes e comerciantes que compram da produção em
grandes quantidades e revendem para o consumidor final em
embalagens menores e fracionadas. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Todos os agentes envolvidos nesta comercialização realizam a venda de várias
espécies medicinais, além de outros produtos como óleos, leites e utensílios como abano e
peneira. A estrutura física dos pontos de venda dos produtos variou de 3m2 a 60m
2 e os meios
de transporte identificado para comercialização foi carro e moto.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de plantas medicinais.
O varejo urbano comercializou 72,9% das plantas medicinais identificadas
diretamente para o consumidor local (Figura 58). Por outro lado, a produção vendeu 26,5%
exclusivamente para os consumidores locais. O setor da indústria de transformação foi pouco
expressivo, em termos de número de agentes e de percentual de comercialização (0,6%).
167
Nesta categoria registrou-se apenas a participação de uma associação, localizada no município
de Monte Alegre, responsável pela venda de ipê-roxo.
FIGURA 58 - Estrutura (%) da quantidade amostral das plantas medicinais na RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Preço médio praticado nas transações entre os diversos setores mercantis da cadeia
das plantas medicinais, no período de 2009 a 2010.
O setor da indústria de transformação local comprou parte da produção de plantas
medicinais a um preço médio de R$ 10,00/kg e vendeu para o consumidor a R$ 16,00/kg
(Figura 59); o varejo urbano local comprou grande parte da produção ao preço médio de R$
4,10/kg e vendeu para o consumidor em embalagens menores ao preço médio equivalente a
R$ 40,14/kg. A comercialização da produção diretamente para o consumidor assumiu um
valor de R$ 4,57/kg.
168
FIGURA 59 - Preço médio das plantas medicinas (R$/kg) praticado nas transações entre
setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,
estado do Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.23 Bacaba
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da
bacaba.
Foram entrevistados dois agentes (beneficiadores do fruto, isto é, “batedores” de
bacaba) nesta cadeia. Um dos entrevistados relatou que trabalha neste ramo há dez anos. A
comercialização da bacaba é uma atividade complementar à venda do açaí, pois a
intensificação deste produto se expressa apenas no período da entressafra do açaí. Dessa
forma, a bacaba mostrou-se como fonte de renda complementar para os batedores de açaí
(agentes da indústria de beneficiamento), sendo necessário diversificar com outros produtos
(polpas de muruci e taperebá). O Quadro 23 mostra a caracterização dos agentes envolvidos
na comercialização deste produto de acordo com seus respectivos setores e mercados.
QUADRO 23 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da bacaba da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção Coletores de bacaba oriunda de áreas nativas, para abastecer o
mercado local;
Indústria de
beneficiamento
Batedores de bacaba que utilizam o mesmo maquinário para
extração da polpa do açaí. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
169
Os entrevistados informaram que a comercialização da bacaba é realizada somente
na safra da região, com apoio de mão de obra familiar. Um deles relatou pagar ao filho R$
30,00 por semana e o outro mencionou que paga R$ 180,00 para um auxiliar. O processo de
beneficiamento do vinho da bacaba é realizado com a mesma máquina utilizada para
despolpar o fruto do açaí. Após o processo de beneficiamento, o produto é armazenado em
freezers e isopor com capacidade para 70 l. Ademais, no que se refere à infraestrutura, um dos
entrevistados, mencionou possuir mais duas filiais, tendo seus empreendimentos dimensões
de 6 m², 9 m² e 30 m². A bicicleta foi o único meio de transporte utilizado pelos batedores na
comercialização.
Para a melhoria das vendas os batedores relataram a necessidade de incentivos para
ampliar o espaço físico do ponto comercial e equipamentos (freezer) para estocar o produto
beneficiado. Além disso, a aquisição de um ponto próprio para comercialização foi outra
necessidade almejada pelos batedores como forma de reduzir gastos, evitando pagar aluguel.
Existem poucos agentes que comercializam o produto na região. Um dos agentes
relatou que é difícil encontrar bacaba na região e, na entressafra, mais ainda. Outro
entrevistado queixou-se que não vende uma maior quantidade por não encontrar mercado
consumidor melhor para o produto.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$
corrente/kg in natura) entre os setores mercantis da cadeia da bacaba.
A estrutura de comercio é bastante simples e direta, restrita à região, com a produção
vendendo 100% do fruto in natura diretamente para os batedores (indústria de
beneficiamento), ao preço médio de R$ 0,92/kg, os quais vendem a polpa para o consumidor
final ao preço equivalente a R$ 1,88/kg (Figura 60).
170
FIGURA 60 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/kg in natura) da bacaba na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de
2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.24 Breu-branco
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
breu-branco.
Foram identificados cinco agentes que comercializam o produto (Figura 61). Esses
agentes foram classificados como sendo: uma fábrica de vassoura, um atravessador e três
feirantes. Atuam no ramo em média há 9,5 anos. Além do breu-branco, os entrevistados
também comercializam outros produtos (plantas medicinais (casca de assacu, carapanaúba,
ipê- roxo, quinarana e ucuúba), óleos (andiroba, copaíba, cumaru e de piquiá), leites (sucuúba
e amapá), cipós (titica e timbó), uxi, cajuaçu, abano, tipiti, mel, e semente de cumaru). O
Quadro 24 apresenta a descrição dos agentes mercantis envolvidos nesta comercialização de
acordo com seus setores e seus respectivos mercados.
171
FIGURA 61 - Localização dos agentes mercantis do breu-branco na RI Baixo Amazonas,
estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
QUADRO 24 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do breu-branco da RI
Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção Extrativistas que coletam a resina do breu-branco;
Varejo rural Atravessadores que compram dos extrativistas a resina do
breu-branco;
Indústria de
transformação
Uma fábrica que compra a resina do breu-branco e utiliza
como cola na produção de vassouras;
Varejo urbano Comerciantes e varejistas que compram da produção e vendem
para o consumidor final. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Os entrevistados informaram que o breu-branco possui uma resina macia, de odor
natural agradável e fresco, apresenta vários usos na cultura local, sendo que o principal como
defumador, incenso em rituais religiosos e como ingrediente para a calafetagem de
embarcações. Além desses usos, também foi registrado nesta pesquisa o breu utilizado como
cola na indústria de vassouras.
Os agentes entrevistados armazenam o breu em locais próprios (armazéns ou
residência) com dimensões que variam de 25 m² a 100 m². Para escoamento da produção
esses agentes utilizam meios de transporte como carro e rabeta. A balança de 60 kg foi o
único equipamento identificado nesta atividade. A mão de obra envolvida na produção varia
172
de uma a três pessoas da família, ao longo do ano todo. Para melhoria da produção os agentes
sugerem estabelecimentos de maior tamanho para comercializar e secar os produtos, e ter
mais atravessadores para escoar a produção para outras localidades.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do breu-branco.
Como podem ser visualizados na Figura 62 os canais de comercialização da resina
do breu-branco se caracterizam por canais simples, com três setores intermediários com foco
somente na região estudada. O varejo rural (atravessadores) comercializa 63,8% da
quantidade identificada do breu-branco para os consumidores locais, utilizado para
impermeabilizar embarcações entre outros. Enquanto que o setor da transformação é
reponsável pela compra de 21,2% da produção local, cuja resina é utilizada como insumo
(cola) na fabricação de vassouras. E varejo urbano (feirantes) vende 15% da resina para os
consumidores locais.
FIGURA 62 - Estrutura (%) da quantidade amostral do breu-branco na RI Baixo Amazonas,
estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia
do breu-branco, no período de 2009 a 2010.
O preço médio de venda do breu-branco praticado pelos extrativistas com o varejo
rural é em média R$ 1,00/kg da resina, e desses para com os consumidores o valor é de R$
1,20/kg (Figura 63). A indústria de transformação compra a R$ 3,00/kg e vende a R$ 3,75/kg
para o consumidor final. Enquanto que o preço de venda dos extrativistas para o varejo
173
urbano local é em média R$ 1,95/kg e o preço de venda para os consumidores locais atinge o
valor de R$ 5,87/kg da resina.
FIGURA 63 - Preço médio do breu-branco (R$/kg) praticado nas transações entre setores da
cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do
Pará.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.25 Artesanato de balata
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
artesanato de balata.
Em Monte Alegre habita o único artesão de balata identificado na pesquisa. Segundo
ele a balata oriunda dos municípios de Alenquer, Almeirim e Monte Alegre eram
comercializadas para fora do Brasil, mas como estava sendo misturada a outros produtos
(terra, barro e pedra) para aumento no peso, houve a desvalorização do produto e,
consequentemente, acarretou o fim da exportação. A descrição dos agentes mercantis
envolvidos estão descritos no Quadro 25.
Segundo o entrevistado, a área de coleta da balata é na Serra do Paru e pela grande
dificuldade de subir a serra e explorar a matéria prima não há pessoas que se habilitem a
coletar. O “balateiro brabo” era o único que conseguia passar seis meses na mata. No verão,
com a seca do rio, o coletor passava a pé e, em outubro quando o rio estava cheio o balateiro
voltava para levar os blocos deixados no alto da serra, que eram jogados de cima da
cachoeira, seguindo viagem pelo leito do rio até Monte Alegre. Mas muitas vezes, os blocos
ficavam presos no fundo do rio, sendo impossível sua remoção.
174
QUADRO 25 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do artesanato de balata
da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local Produção Artesão de Monte Alegre que cria miniaturas de peças de
balata, na forma de animais e pessoas da região.
Nacional Varejo urbano
Comerciantes e associação que compram as peças artesanais de
balata na forma de animais, objetos e pessoas com
características regionais e revendem para consumidores
nacionais. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
O agente relata ainda que o processo de retirada do leite da balata consiste em escalar
a árvore, de aproximadamente 50 m de altura, com esporas nos pés e um cabo de aço
amarrado na cintura, no mais alto ponto o “balateiro” desfere cortes parecidos com o da
seringueira, utilizando um terçado. Após o corte, o leite escorre pelo embutidor de 50 cm, que
fica agarrado no braço do balateiro, que carrega consigo também um saco de 60 kg
“encauchado” (passado o leite por dentro para impermeabilizar) onde depositará a balata
tirada do embutidor. Após a retirada, desce e despeja o leite em um tanque onde depois serão
cozidas em tachos para formar uma massa única de 40 a 50 kg. As árvores que sofreram o
processo de extração ficam em pousio por um ano. Por dia o balateiro escala cerca de quatro
árvores e coleta entre duas a três latas de 18 l de cada árvore.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$
correntes/un.) entre os setores mercantis da cadeia do artesanato de balata.
A estrutura de comercialização da balata apresenta um canal semi direto, com a
produção local comercializando 100% do artesanato diretamente com o setor do varejo
urbano nacional (Figura 64), composto por comerciantes e uma associação, localizados fora
do Pará (RJ e AM). O preço médio praticado pela venda da produção local para o varejo
urbano nacional foi de R$ 11,60 a unidade de artesanato, que repassa para o consumidor final
nacional ao preço de R$ 14,50/un..
175
FIGURA 64 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/un.) do artesanato de balata na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período
de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.26 Carvão
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
carvão.
Foram identificados três agentes nesta cadeia, feirantes e comerciantes que compram
dos produtores locais e vendem para o consumidor final durante todo o ano. Desses agentes,
um comercializa somente o carvão, os demais trabalham com outros produtos (cipó-timbó,
cupuaçu, esteira de taboa, mel e breu-branco). Além disso, verificou-se que esses agentes
atuam no ramo em média há sete anos e meio. O Quadro 26 apresenta a caracterização dos
agentes envolvidos na comercialização deste produto de acordo com seus respectivos setores
e mercados.
Em relação ao ponto comercial desses agentes, as dimensões variaram de 9 a 12 m².
No que tange os meios de transporte utilizados neste comércio, foram registrados rabetas,
motos e carros. Ademais, verificou-se que a balança, com capacidade para 60 kg, foi o único
equipamento utilizado neste ramo. No que diz respeito à mão-de-obra envolvida nesta
atividade, um dos entrevistados paga R$ 200,00 por semana para um trabalhador. Todavia, de
forma geral esta comercialização envolve a mão de obra familiar.
176
QUADRO 26 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do carvão da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção
Carvoeiros, muitas vezes pequenos agricultores que
produzem o carvão a partir da matéria-prima proveniente
da limpeza dos seus terrenos, ou da matéria-prima
dispensada das serrarias (refugo); feitos em buracos
cavados no chão, conhecidos como “caieiras” ou em
fornos artesanais de barro;
Varejo urbano Comerciantes e feirantes que compram o carvão em sacas
e vendem diretamente ao consumidor final. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$
correntes/sc.) entre os setores mercantis da cadeia do carvão.
A estrutura desta cadeia é simples, com o produto sendo vendido direto do produtor
para o varejo urbano local na forma original em sacas de polietileno (sacas de 15 kg), e
posteriormente vendido para o consumidor final. O preço médio praticado pelos produtores de
carvão na venda para o setor do varejo urbano local foi de R$ 8,29/saca de 15 kg (Figura 65).
Ressalta-se que o varejo urbano local (comerciantes e feirantes) consegue obter um melhor
preço nas transações de venda ao consumidor local (R$ 11,07/sc.), devido ao fato de
fracionarem o produto em sacolas plásticas menores.
FIGURA 65 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/sc.) do carvão na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a
2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
177
4.2.27 Uxi
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
uxi.
A pesquisa identificou seis agentes na cadeia de comercialização do fruto de uxi,
sendo quatro deles produtores e dois comerciantes. Os agentes varejistas também trabalham
com outros produtos, tais como: abano, breu-branco (resina), quinarana, carapanaúba, óleo de
piquiá, tipiti, casca de ipê-roxo, cajuaçu, óleo de cumaru, mel, óleo de andiroba, copaíba, ipê-
roxo, leite de sucuúba, casca de uxi, cipó-titica, assacu e leite-de-amapá.
A polpa do uxi é de sabor intenso e delicado, e pode ser consumida in natura.
Também é usada para fazer sorvetes, licores e doces. Os agentes mercantis identificados na
pesquisa estão descritos no Quadro 27.
QUADRO 27 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do uxi da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção Coletores extrativistas do fruto do uxi na região;
Varejo urbano Comerciantes nas cidades, revendedores do fruto, em
feiras e estabelecimentos de comercio. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Um dos varejistas possui um armazém com dimensão de 25 m² e como meio de
transporte possui uma moto. O agente relatou ter problemas com armazenamento devido à
falta de espaço para todos os produtos. Para melhoria na capacidade de produção seria
necessário um espaço maior para comercializar e secar os produtos.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$
correntes/un.) entre os setores mercantis da cadeia do uxi.
A estrutura de comercialização do uxi nessa região tem um foco exclusivamente
local. Como pode ser visto na Figura 66, 77,1% da produção é vendida diretamente para o
consumidor local, ao preço médio de R$ 0,08/un. do fruto in natura. Os outros 22,9% da
produção são vendidos para o varejo urbano por R$ 0,03/un. e vendidos para o consumo local
a R$ 0,05/un..
178
FIGURA 66 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/un.) do uxi na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.28 Artesanato indígena
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
artesanato indígena.
O artesanato indígena é feito pelos índios Wai-Wai, da aldeia Mapuera, no
município de Oriximiná, que confeccionam as peças (cintos, saias, tangas e colares) com
sementes de morototó e fibra de envirataia. Os agentes mercantis estão descritos no
Quadro 28.
QUADRO 28 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do artesanato indígena da
RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção
Oriunda da coleta e beneficiamento de sementes e fibras,
seguida da confecção de peças artesanais pelos índios
Wai-Wai, na forma de colares, cintos, saias e tangas;
Varejo urbano Comerciantes do município de Oriximiná que vão à aldeia
ou compram dos índios no porto da cidade. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
A comerciante entrevistada cita que além do artesanato indígena trabalha com outros
produtos, tais como: jamanxim, paneiro, tipiti, abano, cuia, cesta de palha de tucumã, óleo de
andiroba e de copaíba. Está no ramo há 20 anos e possui um comércio com área de 24 m2. O
horário de funcionamento do estabelecimento é comercial e administrado pela proprietária, a
179
qual relata que não consegue atender a demanda do comércio local pela falta de material,
desta forma perde clientes.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/un.)
entre os setores mercantis da cadeia do artesanato indígena.
O comércio é totalmente local e 100% da produção identificada é vendida para o
setor varejista urbano local ao preço médio de R$ 10,13/un., que por sua vez revende para o
consumidor final ao preço médio de R$ 13,38/un.. (Figura 67).
FIGURA 67 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$/un.) do artesanato indígena na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a
2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.29 Cacau (fruto)
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
cacau (fruto).
Foram identificados pela pesquisa cinco agentes que comercializam o produto, sendo
dois produtores, dois atravessadores (varejo rural e urbano) e um comerciante (refere-se a
uma lanchonete, setor de transformação, que possui três liquidificadores como equipamentos).
As duas últimas categorias de agentes trabalham com outros produtos, como: castanha-do-
brasil, semente de cumaru, polpa de cupuaçu e de taperebá. Os agentes na pesquisa foram
classificados segundo o Quadro 29, com seus respectivos setores e mercados.
180
QUADRO 29 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cacau (fruto) da RI
Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção Produtores de cacau da região que comercializam o fruto in
natura;
Varejo rural Atravessadores do produto que compram diretamente dos
produtores e transportam para outros municípios da região;
Indústria de
transformação
Empresas (lanchonetes e sorveterias) que compram o fruto da
produção, processam e vendem na forma de sucos e sorvetes
para o consumidor final;
Varejo urbano Comerciantes na cidade, revendedores do fruto, em feiras e
estabelecimentos comerciais. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$
correntes/un.) entre os setores mercantis da cadeia cacau (fruto).
Uma cadeia exclusivamente local, o setor varejista rural compra 66,7% de toda
produção identificada ao preço de R$ 0,08/un. do fruto in natura, que é revendido ao setor
varejista urbano ao preço de R$ 0,15/un. (Figura 68). O setor de transformação compra
33,3% dos produtores locais ao preço de R$ 0,25/un. e vendem ao consumidor local ao preço
médio de R$ 1,13/un..
FIGURA 68 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/un.) do cacau (fruto) na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de
2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
181
4.2.30 Cajuaçu
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
cajuaçu.
Foi identificado apenas um agente que comercializa o produto, sendo que o mesmo é
feirante e trabalha com outros produtos de origem vegetal (abano, breu-branco, quinarana,
uxi-amarelo, carapanaúba, óleo de piquiá, tipiti, casca de ipê-roxo, óleo de cumaru, mel,
copaíba, ipê-roxo, leite e casca de sucuúba, semente de cumaru, casca de uxi, cipó-titica,
assacu e leite-do-amapá). Este agente possui um espaço de comércio na feira com dimensão
de 25 m² e uma moto para transporte do produto. A demanda deste agente se dá em relação à
ampliação do espaço para as barracas da feira. A mão de obra é familiar, pois trabalha com a
esposa durante o ano todo. No Quadro 30 estão descritos os agentes mercantis envolvidos na
cadeia de comercialização do cajuaçu.
QUADRO 30 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cajuaçu da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção Extrativistas que coletam o fruto tanto de matas nativas
como em áreas de regeneração de várzeas;
Varejo urbano Feirantes que compram da produção local para a revenda
do fruto in natura. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
O cajuaçu é uma árvore que impressiona devido seu porte dominante na floresta de
terra firme, sendo que o tamanho de seu pseudo-fruto (o fruto verdadeiro é a castanha) é o
dobro do cajueiro (SILVA & LEÃO, 2006). De acordo com o entrevistado este produto
apresentou pouca receptividade no comércio local pelo gosto do consumidor por outras
frutíferas, pelo fato dos extrativistas preferirem extrair outros produtos mais comercializáveis
no mercado local, e pela pouca oferta devido a dispersão deste fruto na floresta.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$
correntes/kg) entre os setores mercantis da cadeia do cajuaçu.
O fluxo de comercialização do cajuaçu é destinado 100% da produção local para o
varejo urbano local, representado por feirantes que compram dos extrativistas ao preço médio
de R$ 20,00/kg do fruto in natura (Figura 69). Os feirantes revendem para o consumidor
final local ao preço de R$ 37,50/kg. Este valor pago pelo demandante final representa 87,5%
de margem de comercialização, sendo que o único custo adicional foi o do transporte.
182
FIGURA 69 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/kg) do cajuaçu na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a
2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.31 Óleo de piquiá
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
óleo de piquiá.
O óleo extraído da amêndoa do piquiá pode ser utilizado na iluminação, como
lubrificante, na indústria farmacêutica, na produção de licores, na culinária e como sabão
(SILVA & LEÃO, 2006). Nesta pesquisa verificou-se a comercialização deste produto para
uso no tratamento de reumatismo e para aliviar dores musculares.
Foram identificados quatro agentes nesta cadeia de comercialização, sendo dois
produtores e dois comerciantes, cujos setores estão descritos no Quadro 31. Estes agentes
também comercializam outros produtos, tais como: abano, breu-branco, quinarana, uxi-amarelo,
carapanaúba, tipiti, casca de ipê-roxo, cajuaçu, semente e óleo de cumaru, mel, óleo de
andiroba, copaíba, leite e casca de sucuúba, casca de uxi, cipó-titica, assacu e leite-de-amapá.
A mão-de-obra dos extratores é basicamente familiar. Os agentes mercantis possuem
motocicletas como meio de transporte, não possuem maquinários ou equipamentos. Segundo
os entrevistados o maior problema enfrentado na comercialização deste produto, além de
espaço físico, é a falta de informação do produto com relação a sua potencialidade medicinal
tanto para alívio de dores musculares, reumatismo ou até mesmo no tratamento de gripes,
asma e bronquite.
183
QUADRO 31 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do óleo de piquiá da RI
Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção Produtores do óleo de piquiá, que fazem a coleta do fruto
e extração do óleo;
Varejo urbano
Comerciantes do óleo de piquiá, que vendem para o
consumidor com fins medicinais, em pequenas
embalagens de vidro. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$
correntes/l) entre os setores mercantis da cadeia do óleo de piquiá.
O comércio de óleo do piquiá demonstra ser estritamente local, como observado na
Figura 70. O óleo é comercializado durante o ano todo, conservado nos armazéns de
comerciantes, juntamente com outros produtos extrativistas medicinais. O preço médio
praticado por 100% da produção vendida pelos extrativistas foi de R$ 11,67 o litro para o
varejo urbano local, que fraciona o produto em frascos menores e repassa a R$ 18,33/l para o
consumidor final local.
FIGURA 70 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/l) do óleo de piquiá na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009
a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
184
4.2.32 Bacuri
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
bacuri.
De sabor doce e agradável, é utilizado para diversos usos, como: sucos, sorvetes,
cremes e doces. Durante as entrevistas foi identificado um agente trabalhando com bacuri,
comerciante de polpas, que está no mercado há 15 anos, e além desse produto, trabalha com
polpas de graviola, cupuaçu, buriti, muruci e taperebá. O Quadro 32 apresenta a descrição
dos agentes mercantis envolvidos nesta comercialização de acordo com seus respectivos
setores e mercados.
QUADRO 32 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do bacuri da RI Baixo
Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção Coletores do fruto de bacuri, que comercializam o produto in
natura;
Indústria de
beneficiamento
Agroindústria que compra o fruto in natura, faz o
processamento e vende a polpa congelada do bacuri embalada
em sacos plásticos selados. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
O agente entrevistado possui uma área de 12 hectares localizada em Monte Alegre,
um espaço para armazenagem com dimensão de 17m², uma moto, um carro e uma carroça
para se deslocar. Além disso, possui máquinas e equipamentos utilizados na fabricação das
polpas como uma câmara fria com capacidade para uma tonelada, freezers, despolpadeira e
seladoras. Porém considera que o espaço para armazenamento na câmara fria é insuficiente no
pico da safra.
O produto é comercializado em forma de polpa durante o ano todo, com ajuda de
funcionários que recebem o valor de um salário mínimo/mês. Para melhoria na capacidade de
produção declarou ser necessário um selo de qualidade para atrair o mercado externo e maior
tecnologia em máquinas e equipamentos.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$
correntes/un.) entre os setores mercantis da cadeia do bacuri.
De acordo com a Figura 71, a comercialização de bacuri ocorre somente na esfera
local (RI Baixo Amazonas). Toda a produção identificada de frutos de bacuri (100%) é
vendida para o setor da indústria de beneficiamento ao preço médio de R$ 0,30 a unidade do
fruto e, após despolpa, embalagem e congelamento, é vendido ao preço médio equivalente de
R$ 0,60/un. para o consumidor final.
185
FIGURA 71 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/un.) do bacuri na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a
2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
4.2.33 Óleo de castanha-do-brasil
a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
óleo de castanha-do-brasil.
A castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa H.B.K.) é encontrada naturalmente na
Amazônia, principalmente no planalto do baixo Amazonas, alto Tocantins e alto Moju, e em
terras altas no norte do rio Jarí, norte do Pará (Silva & Leão, 2006). Nesta pesquisa
identificou-se também a comercialização do óleo de castanha-do-brasil, que, segundo a
SUFRAMA (2003), é utilizado tradicionalmente como digestivo tônico, cicatrizante, combate
à anemia, tuberculose e beribéri e, na indústria de cosméticos, é utilizado na fabricação de
produtos para tratamento capilar como cremes, loções, xampus, condicionadores, sabonetes,
entre outros. Tateo (1971) ressaltou que o óleo extraído da amêndoa contém um alto valor
alimentício, Gutierrez et al. (1997) destacaram a presença de diversos minerais na composição
deste óleo, sendo o selênio elemento de maior destaque e, em relação ao teor vitamínico,
sobressaem-se as vitaminas do grupo B (principalmente, B1 e B3), pró-vitamina A e vitamina
E (ROGEZ, 1995).
O agente entrevistado também comercializa outros produtos para fins medicinais
(unha-de-gato, mel, leite-do-amapá, copaíba, verônica, barbatimão, óleo de andiroba, breu-
branco resina, quinarana, carapanaúba, óleo de piquiá, casca de ipê-roxo, cajuaçu, óleo de
186
cumaru, semente de cumaru, casca de uxi, assacu, pata-de-vaca, seiva de jatobá, verônica e
jucá) e artesanais (tipiti, abano e cipó-titica).
Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do óleo da castanha-do-brasil
atuam somente na escala local, e apresentam as seguintes características, conforme Quadro 33.
QUADRO 33 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do óleo da castanha-do-
brasil da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.
MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS
Local
Produção
Produção extrativista dos municípios estudados que realizam a
coleta da castanha e posterior extração do óleo de forma
artesanal. Comercializam o óleo em garrafas;
Varejo urbano Feirantes que compram o óleo e realizam a subdivisão do
produto em embalagens menores, a fim de obter lucro. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
O produto é comercializado durante todo o ano e este agente trabalha com familiares
e/ou contrata mão-de-obra externa, cujo pagamento é em forma de diária, cujo valor varia de
R$ 15,00 a R$ 20,00/diária. O local de comercialização possui dimensão de 9m².
O maior desafio para quem trabalha com a comercialização do óleo da castanha
refere-se à concorrência e à preferência do mercado pela semente, pois tanto o extrator e/ou
coletor da castanha, quantos outros agentes preferem comercializar a castanha in natura,
devido ao custo, tempo e a técnica que a extração do óleo necessita.
b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$
correntes/l) entre os setores mercantis da cadeia do óleo da castanha-do-brasil.
O setor da produção local vende exclusivamente (100%) o óleo para o setor do
varejo urbano local (Figura 72). Este setor (representado pelos feirantes) por sua vez, depois
que compra da produção, realiza o fracionamento do produto em embalagens menores, pois
consegue adquirir uma maior lucratividade. O preço médio de venda do óleo da castanha-do-
brasil praticado pelos extrativistas com o varejo urbano local é de R$ 50,00/l e, estes
varejistas, por sua vez, obtêm um preço de R$ 266,00/l, que representa uma variação de 432%
em relação ao preço de custo. Logo, estes preços praticados demonstram o grande
desequilíbrio de forças nos mecanismos de comercialização e majoração de preço, pois o
mark-up do varejo urbano é exorbitante, pois atua somente na intermediação/distribuição do
produto, e sendo assim, não realiza o processamento ou qualquer tipo de incremento
tecnológico. Por outro lado, esta alta valoração no preço do produto final pode ser um
estimulo ao extrator que pode conciliar a venda do óleo com as castanhas.
187
FIGURA 72 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado
(R$ correntes/l) do óleo da castanha-do-brasil na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no
período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
188
4.3 ANÁLISES AGRUPADAS
Ao se analisar sob o ponto de vista da demanda final dos produtos florestais não
madeireiros produzidos na Região de Integração Baixo Amazonas, alguns com origem de
produção de regiões vizinhas (Tabela 2), cujo total foi orçado em mais de R$ 62,4 milhões, o
mercado local foi responsável pela compra de aproximadamente R$ 9,6 milhões (15% da
demanda total) do qual só o consumo do açaí gerou 75% deste valor. O mercado (inter)
nacional, por sua vez, demandou R$ 52,4 milhões (84% da demanda total), sendo R$ 47,8
milhões referentes à demanda da castanha-do-brasil. E, por fim, o mercado estadual comprou
em torno de R$ 400 mil (1% do valor da demanda total), sendo R$ 360 mil só com a demanda
do cumaru, comercializado em forma de semente.
189
TABELA 2 - Demanda Final (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais não
madeireiros identificados nos doze municípios da Região de Integração Baixo Amazonas, estado do
Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Ao averiguar a classificação por percentagem relativa das demandas pelas três
escalas regionais, os produtos mais demandados pelo mercado local dos doze municípios que
compõem a RI Baixo Amazonas, isto é, produtos que tiveram 100% das suas ofertas
demandadas a nível local foram: carvão, utensílios, plantas medicinais, muruci, buriti fruto,
leites, bacaba fruto, breu-branco, lenha, cacau fruto, uxi fruto, artesanato indígena, óleo de
castanha-do-brasil, cajuaçu fruto, bacuri fruto e o óleo de piquiá (Tabela 2). Os demais (açaí,
mel, cupuaçu, andiroba, taperebá, artesanato regional e o urucum) tiveram suas demandas
190
efetuadas em consócios com outras escalas regionais, às vezes com o mercado estadual e/ou
nacional, variando conforme a especificidade e utilidade do produto. É preciso ressaltar, no
entanto, que na composição do valor da demanda nacional da andiroba, que correspondeu a
29% da demanda total, mais de 28% corresponderam às demandas efetuadas pelo mercado
internacional da União Européia, mais especificamente França e Alemanha.
Com relação aos produtos mais demandados pelo mercado nacional, a partir da
região de integração em estudo, o cacau amêndoa, a malva, o curauá fibra e o artesanato
regional balata, tiveram 100% das suas ofertas, isto é, da sua produção, demandadas pelo
mercado nacional (principalmente o eixo Rio - São Paulo e Bahia, no caso do cacau
amêndoa). Enquanto que a castanha-do-brasil, tucumã fruto, borracha, cumaru em forma de
semente, copaíba (óleo) e os cipós (principalmente o timbó), obtiveram suas demandas
nacionais e/ou internacionais com representatividades variando entre 99,9% e 57% do que foi
ofertado (Tabela 2). Faz-se necessário explicitar que, entre os produtos com este tipo de
demanda, apenas o tucumã não foi transacionado para o exterior e, com relação aos demais, a
demanda nacional da copaíba corresponde, em sua totalidade, às transações com países da
Europa (sendo França e Alemanha os destinos mais representativos). Na composição da
demanda nacional da castanha-do-brasil, 55% corresponderam às vendas ao mercado exterior
(China, Europa, Estados Unidos da América – EUA) e, na demanda do cumaru foram 95%
destinados ao exterior (Europa, China, EUA e Japão). E, por fim, 2% da demanda nacional da
borracha, corresponderam às vendas internacionais, de modo específico, para a União
Européia (França e Alemanha).
Entre os produtos que apresentaram demandas finais no mercado estadual, realizada
sempre de forma conjunta com as outras escalas regionais, porém, sempre de forma
secundária, observou-se que o cumaru (semente) foi o recurso que obteve uma expressiva
compra neste mercado, que representou 32% do que foi ofertado deste recurso (Tabela 2).
No que diz respeito à participação dos produtos na composição do valor da demanda
final total (estimado em R$ 62,4 milhões), destacam-se os valores obtidos com as vendas da
castanha-do-brasil (R$ 47,8 milhões) e do açaí (R$ 7,2 milhões), pois juntos foram
responsáveis pela composição de aproximadamente 88% da demanda total. Entretanto,
enquanto o açaí teve como principal mercado consumidor o local, com uma
representatividade de 99,5% na sua demanda total, a castanha-do-brasil, por sua vez, teve
praticamente toda a sua produção (99,9%) escoada para o mercado nacional/internacional
(Tabela 2). Em seguida vem os cipós com demanda final correspondente a R$ 1,9 milhão e
cumaru com R$ 1,1 milhão.
191
No que compete verificar qual mercado adicionou mais valor aos produtos florestais
não madeireiros do Baixo Amazonas, conforme Tabela 3, o mercado local adicionou R$ 32
milhões, que representa 51% do VAB total, o sistema estadual adicionou mais de R$ 1,2
milhão (2% do VAB total) e na esfera nacional foram adicionados R$ 29,4 milhões (47% do
VAB total).
TABELA 3 - Valor Adicionado Bruto - VAB (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos
florestais não madeireiros identificados nos doze municípios da Região de Integração Baixo
Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
192
Esta averiguação do valor agregado e/ou adicionado é importante para se entender a
economia da RI Baixo Amazonas seja ela local para a maioria dos produtos identificados, ou
nacional tal como aconteceu com a castanha-do-brasil e o cacau amêndoa em que a maior
parte da produção foi para fora do estado do Pará, para ser beneficiado pelo setor do varejo
urbano (castanha-do-brasil) e por indústrias de transformação (no caso do cacau amêndoa), os
quais adicionaram 58% e 64% do seu valor total agregado, respectivamente. Na esfera
estadual, poucos foram os produtos que agregaram valor, sendo o mais representativo a
castanha-do-brasil, pois foi responsável por mais de 76% do VAB estadual estimado (Tabela 3).
Entre o VAB constituído pelos produtos com predomínio no mercado local, orçado
em mais de R$ 13,6 milhões (Tabela 3), o açaí teve uma proeminente participação,
considerando-se a quantidade de produtos, pois agregou em torno de R$ 7,3 milhões,
equivalente a 53% do VAB constituído na RI Baixo Amazonas. A castanha-do-brasil, por sua
vez, adicionou R$ 48,1 milhões, representando em torno de 76% do VAB total. Faz-se
necessário frisar que este produto agregou valor nas três escalas regionais, sendo mais
representativo o realizado na esfera nacional e local, pois constituíram 58% e 40%
respectivamente, do seu valor adicionado total.
Quando se analisa o valor agregado levando em consideração os produtos
escalonados em categorias, conforme a tabela 4, a categoria dos alimentícios foi quem mais
adicionou valor, equivalente a R$ 57,5 milhões, contribuindo com aproximadamente 92% na
formação do VAB total, oriundo da agregação de valor obtida nas três esferas regionais: local,
estadual e nacional, respectivamente 48%, 2% e 50%. Entre os produtos classificados nesta
categoria, destaca-se a agregação da castanha-do-brasil, pois o seu valor adicionado, mais de
R$ 48 milhões, representou mais de 84% do VAB constituídos pelos alimentícios, o que, em
termos gerais, significa dizer que este recurso é um dos mais importantes produtos da
fruticultura desta RI comercializado, comprovado quando se analisa a sua participação no
valor agregado nos três mercados na sua categoria, pois fora o responsável por 69% (em torno
de R$ 19 milhões), do que foi adicionado pelos alimentícios no mercado local, 99% do que
foi adicionado no mercado estadual (R$ 973,8 mil) e, 97% (R$ 28 milhões) do que foi
adicionado no mercado nacional. Depreende-se, no entanto, que a agregação de valor desta
categoria poderia ser maior se houvesse investimentos no beneficiamento nos produtos,
especificamente das frutas que foram comercializadas na sua forma primária (frutos in
natura), desde o setor da produção até o consumidor final.
193
TABELA 4 - Valor Agregado Bruto - VAB (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos
florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Baixo Amazonas, estado do Pará,
organizados em categorias (Alimentícios, Artesanatos/Utensílios, Derivado Animal, Derivado da
Madeira e Fármacos/Cosméticos), estimados para 2008.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Para os produtos classificados como artesanato e utensílios, cuja agregação de valor
girou em torno de R$ 2,9 milhões (em torno de 5% do VAB total) e, que se processou nas três
escalas regionais, sendo que na esfera local configurou 90%, na estadual 2% e na esfera
nacional 8% (Tabela 4), os cipós se destacaram, já que sua agregação contribuiu com mais
67% do valor agregado pela categoria. Já o único produto de origem animal, o mel, cuja
agregação de valor foi contabilizada em R$ 132,9 mil, representou 0,21% do VAB total,
formalizado totalmente no âmbito local. No que se refere aos derivados da madeira, a
194
agregação de valor foi na ordem de R$ 252 mil (0,40% do VAB total), tal processo ocorreu
quase que exclusivo no mercado local, já que a borracha agregou 6% do seu valor na esfera
nacional. Entre os produtos escalonados como derivados da madeira, o carvão obteve uma
expressiva participação, o qual foi constituído totalmente a nível local, pois fora responsável
por 89% do valor adicionado pela categoria. E por fim, para os produtos classificados como
fármacos e cosméticos que adicionaram em torno de 3% do VAB total (mais de R$ 1,8
milhão), cuja maioria (plantas medicinais, leites, óleo da castanha-do-brasil e óleo de piquiá)
agregou valor somente na esfera local; a copaíba e a andiroba, por sua vez, agregaram tanto
na esfera local quanto na nacional e o cumaru adicionou nas três escalas regionais. No
entanto, o valor adicionado na esfera local foi sempre superior as outras escalas regionais.
Com relação aos valores da renda bruta total (RBT) gerada e circulada, a tabela 5
está organizada em categorias de valor para que a análise dos produtos seja mais coerente,
uma vez que os produtos não se encontram em um mesmo patamar econômico e, sendo assim,
fica difícil realizar comparações quando alguns produtos estão em escalas de milhões de reais
e outros em centenas de reais. Deste modo, em função da renda bruta total (RBT) gerada e
circulada na comercialização dos produtos, a estratégia adotada foi dividi-los em três
categorias: i) os que atingiram valores acima de R$ 600 mil de RBT; ii) para os intermediários
com RBT entre R$ 100 mil e R$ 599 mil e; iii) os abaixo de R$ 100 mil.
195
TABELA 5 - Renda Bruta Total (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não
madeireiros identificados na Região de Integração Baixo Amazonas, estimados para 2008, organizados
em três categorias relativas com escalas de valor do RBT (acima de R$ 600 mil, de R$ 100 mil a R$
599 mil e abaixo de R$ 100 mil).
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Deste modo, os produtos classificados na primeira categoria com as maiores rendas
brutas totais (RBT), identificados na Tabela 5, em ordem decrescente de valor foram: a
196
castanha-do-brasil (R$ 71,5 milhões), o açaí (R$ 12,7 milhões), os cipós (R$ 3,1 milhões), o
cumaru/semente (R$ 2,7 milhões), o cacau/amêndoa (R$ 2,5 milhões), a malva (R$ 1,6
milhão), o tucumã/fruto (R$ 1,4 milhão) e a copaíba (R$ 1 milhão). É imperativo afirmar que
nesta categoria (RBT acima de R$ 600 mil), a castanha-do-brasil fora a responsável por
aproximadamente 74% da RBT gerada e circulada a partir da região e contabilizados em R$
96,7 milhões. Porém, este produto gerou mais renda para os setores localizados fora da RI
Baixo Amazonas e do estado do Pará, ou seja, para os setores localizados no mercado
nacional e internacional. Em contrapartida o açaí, apesar de ter contribuído com apenas 13%
da RBT da categoria, teve sua renda gerada e circulada exclusivamente no mercado local.
Dentre os produtos da segunda categoria (de R$ 100 mil a R$ 599 mil), com valor
estimado de renda bruta em aproximadamente R$ 2,5 milhões, gerada e circulada em duas
escalas regionais: local e nacional, teve uma maior proporção o mercado local (86%), pois o
carvão, o mel, os utensílios, o muruci, as plantas medicinais e o buriti tiveram suas RBTs
geradas e circuladas somente no âmbito local (Tabela 5). Os produtos restantes (taperebá,
artesanato regional, cupuaçu, urucum, andiroba e curauá fibra) tiveram suas RBTs geradas e
circuladas tanto no mercado local quanto no nacional, sendo mais representativos no mercado
local. Na terceira e última categoria (RBT abaixo de R$ 100 mil), apenas a borracha e o
artesanato regional balata tiveram suas RBTs geradas e circuladas com participação no
mercado nacional, diferenciando-se apenas na proporção, 38% e 56% respectivamente.
Enquanto que os outros produtos escalonados (leites, bacaba fruto, breu-branco, lenha, cacau
fruto, artesanato indígena, uxi fruto, cajuaçu fruto, óleo da castanha-do-brasil, óleo de piquiá e
o bacuri fruto) tiveram exclusivamente no mercado local suas RBTs geradas e circuladas.
Quando se analisa a renda gerada e circulada pelos produtos utilizados como
alimento pelos consumidores somente no âmbito local, estimada em R$ 14 milhões, ou seja,
com RBT 100% local, para açaí, mel, muruci, buriti, bacaba, cacau, uxi, cajuaçu e o bacuri,
corresponderam a 93,7% deste montante. Em seguida, vieram os produtos utilizados como
insumos (carvão, breu-branco e a lenha) com 3,2%, os utilizados como utensílios (artesanato
indígena e utensílios) com 1,6% e, os para fins medicinais (plantas, leites e os óleos de
castanha-do-brasil e piquiá) com 1,4%. Entre os utilizados como alimento, o açaí se constituiu
como um dos principais produtos oriundo do agroextrativismo gerador de emprego e renda
para RI Baixo Amazonas, já que do montante acima citado, em torno de R$ 12,7 milhões
foram gerados pela sua cadeia de comercialização, dos quais o setor de beneficiamento gerou
em torno de R$ 7 milhões (Tabela 5).
197
De modo geral, a castanha-do-brasil foi quem gerou a maior renda no âmbito local
(R$ 22,6 milhões), dos quais, também, o setor de beneficiamento foi quem contribuiu de
forma significativa para esta somatória, com aproximadamente R$ 19 milhões (Tabela 5).
Por tanto, ao se considerar a Contabilidade Social Ascendente Alfa, que tem seu
ponto de partida no setor da produção agroextrativista (local e extralocal), de produtos de
espécies nativas, dos doze municípios estudados (Setor α) que integram a RI Baixo
Amazonas, esta recebeu um total de R$ 9,5 milhões (VBPα) aproximadamente, oriundos das
vendas de todos os produtos florestais não madeireiros identificados (64 produtos no total) e,
com as transações comerciais realizadas pelos setores que vendem tais produtos até o
consumidor final, foi adicionado valor a estes num aporte de R$ 62,7 milhões (VAB), que
somado com o VBP pela ótica da demanda, que corresponde à soma dos valores da compra de
insumos realizados pelos setores intermediários, no valor de aproximadamente R$ 36,7
milhões, chegando-se a um montante de R$ 99,4 milhões, o qual se refere à RBT gerada e
circulada na economia destes produtos, com seus efeitos de compra (para trás) e venda (para
frente) entre os agentes mercantis na cadeia de comercialização (Tabela 6).
Ao longo das cadeias de comercialização dos produtos florestais não madeireiros
identificados, alguns apresentaram uma margem de comercialização (mark-up) bastante
expressiva em relação aos apresentados por outros, pois, quanto mais ações de
beneficiamento, transformações e/ou majoração de preço o produto adquiriu ao longo da
cadeia e, a partir do setor da produção, maior foi o seu valor de mark-up (Tabela 6), isto é,
quanto mais ações de beneficiamento o setor alfa conseguir impor nos produtos, menor será
e/ou menor foi o mark-up. Esta margem mostra o quanto, em termos percentuais, foi
adicionado ao longo das cadeias dos produtos após as vendas realizadas pelo setor da
produção e, por isso, o seu valor é calculado pela diferença entre o VAB e o VBPα, dividido
pelo VBPα (valor obtido pela venda do setor da produção do produto comercializado). Desta
maneira, os cipós (agrupados em dois tipos: titica e timbó) e a castanha-do-brasil foram os
produtos que obtiveram os maiores valores de mark-up, calculados em 1.803% e 1.389%,
respectivamente, pois mais de 90% dos seus valores adicionados (95% no caso dos cipós e
93% na castanha-do-brasil) foram constituídos por ações dos agentes da demanda
intermediária, considerando as três escalas regionais, com predomínio, no caso da castanha-
do-brasil das indústrias de beneficiamento local e estadual e, no caso dos cipós, em especial o
timbó, da industria de transformação local. E, em contrapartida, no outro extremo, com
produtos que constituíram os menores valores de mark-up foram a lenha e o uxi, com índices
de 0% e 6%, respectivamente, porquanto, nenhuma ação de beneficiamento, transformação
198
e/ou majoração de preço estes produtos adquiriram após as vendas dos agroextrativistas,
outrora classificados como setor de coleta/extração/produção. Pois, enquanto a lenha fora
utilizada como insumo na fabricação de um produto final (o tijolo) com a comercialização
direta entre produção e consumo final, o uxi foi comercializado e consumido na sua forma in
natura com uma pequena intermediação do setor de varejo urbano (feirantes). Logo, verifica-
se também que a comercialização do produto com poucas e/ou sem intermediação, entre o alfa
e o consumidor final, contribui para que o valor de mark-up, tendendo a zero quando a
comercialização for direta, como no caso acima.
Ressalta-se que no valor recebido pelo setor alfa (VBPα em torno de R$ 9,5 milhões),
mais de R$ 582 mil (6% do VBPα) foram provenientes dos valores recebidos pelo setor da
produção extralocal, ou seja, por agentes mercantis agroextrativistas residentes em municípios
que integram outras regiões de integração, como a do Marajó (com 97,5% de participação no
valor recebido extralocal) e do Tapajós (2,5%). Estes agentes do setor alfa extralocal
forneceram de forma parcial aos agentes de comercialização da RI Baixo Amazonas, três
produtos florestais não madeireiros identificados: o açaí, a andiroba e o urucum (Tabela 6). O
município de Rurópolis, da RI Tapajós, ganhou destaque pela sua representatividade na
quantidade de produtos transacionados, pois foi quem forneceu a maioria dos produtos
extralocais acima citados (andiroba e urucum). Já o município de Gurupá, da RI Marajó,
ganhou destaque pela sua expressiva participação na formação do valor recebido pelo setor da
produção extralocal, em mais 97%, pois seus agentes agroextrativistas transacionaram parte
do açaí in natura no município de Almeirim, pertencente da RI Baixo Amazonas.
Desta maneira, considerando o VBPα total (a soma do local e extralocal) entre os
produtos identificados e, os mais importantes para a geração de renda e emprego para o setor
da produção, a castanha-do-brasil e o açaí foram responsáveis por arrecadar o impressionante
valor superior a R$ 6,7 milhões, o que correspondeu a 71% do VBPα total. Por conseguinte,
cumaru semente, malva, copaíba, cacau amêndoa, carvão e o tucumã foram os recursos mais
representativos, em termos percentuais, os quais representaram 5,4% (R$ 508,8 mil), 5% (R$
481,8 mil), 3,4% (R$ 320,2 mil), 3% (R$ 279,5 mil), 2% (R$ 181 mil) e 1% (R$ 155,2 mil),
respectivamente (Tabela 6). Por outro lado, a comercialização de alguns produtos não chegou
a gerar um mil reais de renda para o setor da produção (alfa), seja pelo fato de outro
subproduto ter uma receptividade maior e, sendo assim, acaba por gerar renda em curto prazo
(como no caso da amêndoa do cacau em vez do cacau fruto), ou seja pelo fato do seu
processamento de obtenção ser caro, demorado e a demanda ser pouco expressiva, tal como o
óleo de piquiá e da castanha-do-brasil, cuja comercialização geraram apenas R$ 382,52, R$
199
218,58, respectivamente, ao setor alfa (produção). Ou ainda, como no caso do cajuaçu que
gerou uma renda para o setor da produção de R$ 505,00, que esta fortemente correlacionada a
preferência do consumidor por outros produtos de mesma utilidade.
O valor bruto da produção (VBP) pela ótica da demanda, ou seja, somatório do valor
da compra de insumos realizado pelos setores mercantis identificados por recortes geográficos
(local, estadual e nacional), referidos na tabela 6, estes insumos, dependendo da posição e
função do agente mercantil, podem variar desde matéria prima ou subproduto até produto
final. O fruto in natura do tucumã, por exemplo, até o penúltimo agente da cadeia que o
adquiriu como insumo na forma de polpa congelada e a transformou em sorvete ou em
sanduíches, antes do último elo da cadeia, o consumidor final. Ou como aconteceu com o mel,
o qual foi utilizado tanto como matéria prima na indústria de transformação (empresas
familiares que preparam garrafadas e xaropes caseiros), assim como produto final, a fim de
servir como alimento nas merendas escolares, oriundo da parceria entre os apicultores,
municípios e a Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB (Santarém) através do
Plano de Aquisição de Alimentos – PAA, ou ainda como adoçante pelos consumidores.
200 TABELA 6 - Indicadores econômicos dos produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Baixo Amazonas, estado do Pará, compostos pelo
Valor Bruto da Produção Alfa Local (VBPα), o Valor Bruto da Produção Alfa extralocal, a margem de lucro (mark-up), o Valor Bruto da Produção (VBP), o Valor
Agregado Bruto (VAB) e a Renda Bruta Total (RBT), em R$, nas esferas local, estadual e nacional, estimado para 2008 (Idesp).
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
201
5 CONCLUSÕES
O estudo mostrou que a economia gerada pelos 63 produtos florestais não
madeireiros estudados na região de integração Baixo Amazonas foi expressiva, uma vez que a
renda gerada, estimada para o ano de 2008, foi em torno de R$ 99,4 milhões (RBT total).
Deste valor, o setor produtivo agroextrativista, considerado o setor alfa (Setor α) deste modelo
de comercialização, recebeu em torno de R$ 9,5 milhões, o que correspondeu a somente 10%,
aproximadamente, da renda gerada total, pois a maioria dos produtos, entre os quais com
maiores RBT, o setor produtivo transacionou sem qualquer tipo de incremento de valor. No
entanto, neste valor que o setor alfa recebeu, mais de R$ 582 mil foram recebidos pelos
agentes alfa extralocais, ou seja, agroextrativistas que não pertencem aos municípios da região
em estudo, pois para atender a sua demanda crescente importou açaí, andiroba e o urucum de
outras regiões (Marajó e Tapajós), sendo que os agroextrativistas que tem no açaí sua fonte de
renda receberam R$ 567,7 mil.
É preciso ressaltar, que a RI esta inserida no mercado (inter) nacional, haja vista que
84% da sua produção tiveram como destino final este mercado, sendo que parte da produção
da castanha-do-brasil, andiroba, cumaru semente, borracha, artesanato regional e toda a
produção pesquisada da copaíba (óleo), tiveram como destino final, também, o comércio
internacional: União Européia, EUA, China e Japão.
Com relação à renda gerada e comercializada por produto, a partir da RI Baixo
Amazonas, e a parte deste montante retido pelo setor alfa, setor que dá origem a toda base
produtiva, verificou-se, concomitantemente, dois princípios básicos: o primeiro e mais
importante, pois demonstra outras funções desenvolvidas pelo setor alfa, é que quanto mais
ações de beneficiamento a base produtiva impôs nos produtos antes das transações comerciais
com outros setores, maior foi o seu retorno, ou seja, mais ele adquiriu da renda gerada e
circulada. O outro se refere à assertiva de que, quando a comercialização do produto (de toda
produção e/ou grande parte dela) se processou de forma direta entre a base produtiva e o
consumidor final, ou seja, sem (e/ou com poucas) intermediações de outros setores, mais
renda foi retida pelo setor alfa. Tal como aconteceu na comercialização da lenha e do uxi (este
vendido sem beneficiamento), em que as RBT geradas, 100% e 86%, respectivamente, foram
receptadas pelo setor da produção. Ou ainda como no caso da lenha, que obteve uma renda
gerada e circulada orçada em R$ 15,3 mil, que ficaram integralmente de posse dos lenhadores,
pois além do beneficiamento primário (transformação dos troncos em pequenos pedaços de 50
cm), também transacionaram diretamente com o consumidor final, que no caso, foi uma
202
indústria de transformação (olaria). Outros princípios, menos expressivos em relação aos
básicos, também se fizeram presente e, sendo assim, contribuíram para maior ou menor
retorno financeiro deste setor da produção, como grau de organização, cooperação,
capacitação técnica e escolaridade.
No entanto, partindo-se do primeiro princípio, os agroextrativistas que tiveram no
mel sua fonte de renda, receberam R$ 101,4 mil, o que correspondeu, aproximadamente a
43% da sua RBT gerada e circulada, mesmo vendendo pouco diretamente ao consumidor
final. Enquanto que os agroextrativistas da castanha-do-brasil receberam em torno de 5% (R$
3,2 milhões) da RBT, orçada em R$ 71,5 milhões, configurando-se, juntamente com os cipós
(em que os agroextrativistas retiveram apenas 3% da RBT de R$ 3,1 milhões), como os
recursos de menor retorno financeiro para os que atuam na base produtiva. No caso da
castanha-do-brasil, mesmo quando o setor da produção/extração realizou o beneficiamento,
dando origem ao óleo, o setor da produção reteve apenas 16% da renda gerada e circulada na
comercialização, calculado em mais de R$ 1,3 mil. Por conseguinte, o açaí com uma renda
gerada em R$ 12,7 milhões, sendo que 27% (mais de R$ 3,5 milhões) retido pelo setor alfa
local e extralocal, o cumaru semente com R$ 2,4 milhões de renda com 20% retido pelo setor
alfa, a malva com uma renda em torno de R$ 1,6 milhão e 29% ficando para o setor alfa, a
copaíba com uma renda bruta em torno de R$ 1 milhão e 34% retidos pelo setor alfa.
No que se referiu à agregação de valor, realizadas no ano de 2010, em torno de R$
62,7 milhões, o sistema local foi o que mais adicionou valor a quase todos os produtos
identificados, pois representou 51% do VAB total, estimado em R$ 32 milhões. As exceções
ficam por conta da castanha-do-brasil, cuja agregação de valor foi realizada de forma mais
intensa fora do estado do Pará, mais especificamente 58% no exterior (mercado nacional) e, o
cacau amêndoa em que 64% do seu valor adicionado foram realizados no estado da Bahia
(mercado nacional). Em contrapartida, no que tange a agregação de valor por produtos
identificados, e sua participação no VAB total, levando-se em consideração as três escalas
regionais, a castanha-do-brasil gerou mais de 60% (mais de R$ 19 milhões) do agregado no
âmbito local, cujos agentes indutores foram as indústrias de beneficiamento e exportação,
enquanto que, no âmbito estadual e nacional, este produto foi responsável por 77% do VAB
estadual, tendo como agente indutor de tal processo no âmbito estadual, as indústrias de
beneficiamento, que compram o produto in natura e os vendem para o mercado nacional e
internacional (as redes de supermercados e o mercado externo). O açaí, por sua vez, foi
responsável por mais de 23% (R$ 7,2 milhões) do agregado no mercado local, tendo como
agente indutor as indústrias de beneficiamento, tradicionalmente chamados de “batedores”.
203
Deste modo, mesmo que o valor adicionado tenha sido maior no âmbito local, fazem-
se necessários investimentos em ações que criem condições favoráveis de multiplicar a renda
dos agentes mercantis que tem nos PFNM sua atividade principal e/ou correlacionada a
outras, como por exemplo, o incentivo ao aumento da demanda, através do melhoramento das
condições de comercialização destes produtos, que a grosso modo significa a reforma e/ou
construção dos pontos de comercialização como feiras do produtor e/ou mercados municipais,
já que na maioria dos municípios pertencentes a esta RI, estes se encontram inoperantes ou
inexistentes. Assim como a ampliação do Programa de Aquisição de Alimentos – PAA que,
além de incentivar a oferta desses produtos (maior incentivo à extração pois muitos afirmaram
que por falta de demanda deixam de extrair mais e, incentivo ao plantio), também incentivaria
a organização social, ou seja, criação e/ou melhoramento da gestão das cooperativas ou
sindicatos. Outra ação seria a ampliação e/ou divulgação dos programas de financiamentos à
produção e técnicas de empreendedorismo (treinamentos e capacitação), assim como,
ampliação dos serviços de assistência técnica junto aos agroextrativistas, para que possam
aumentar a produtividade e melhorar a qualidade dos produtos oriundos do agroextrativismo,
contribuindo tanto para o desenvolvimento sustentável da RI, quanto para que agregações de
valor sejam indutoras de geração de emprego e na melhoria da renda para as populações, tanto
no âmbito local quanto no estado do Pará (mercado estadual), de forma a dinamizar as
potencialidades das economias “tradicionais” locais.
204
6 RECOMENDAÇÕES
É fato que a comercialização dos PFNM sempre foi uma opção (e/ou principal fonte)
de renda para as inúmeras famílias e, com o passar dos anos, vem-se apresentando como uma
das atividades que melhor os remunera e, ainda mantêm o seu habitat, isto é, apesar do uso há
a conservação dos recursos florestais. A favor destas atividades, encontra-se o fato de que
com os problemas ambientais advindos do aquecimento global, a redução do desmatamento
na Amazônia com base em economias sustentáveis vem sendo a retórica dos governos federal,
estaduais e municipais da Amazônia, das organizações não governamentais e até dos agentes
diretamente envolvidos nas atividades agroextrativistas - as populações tradicionais. No
entanto, devido às forças dos mercados globalizados, parte dessa atividade fica a mercê de
instituições públicas, por apresentar determinadas limitações de escala (geográfica e
produtiva, as mais justificáveis) que os impedem de ser alvos de políticas de fomento, haja
vista que a grande dialética de manter a floresta em pé e gerar crescimento econômico
parecem conflitantes.
Depreende-se, deste modo, que os montantes econômicos mostrados neste relatório
são significativos, apesar disso, as comercializações dessas 31 cadeias dos não madeireiros
apresentaram entraves aos setores da produção e da indústria, que são chaves para
potencializar a atividade. Pois historicamente tais setores se mantêm em condições de
desassistidos por parte das políticas públicas e, se suprir estes estorvos certamente dinamizará
a economia da RI, transformará o potencial produtivo, com geração de renda, agregação de
valor aos produtos e mais postos de trabalho. O uso correto destes recursos florestais atingirá
o objetivo maior que é o desenvolvimento sustentável para a região.
Ao longo da descrição de cada cadeia de comercialização estudada nesta RI foram
apontados vários gargalos assim como aspectos positivos. A seguir, de forma mais
abrangente, pontuamos os principais entraves identificados nas cadeias de comercialização
dos PFNM, tanto do setor da produção quanto da indústria, contendo entraves e algumas
recomendações para subsidiar políticas públicas.
a) Principais entraves ao setor da produção, considerando o agente agroextrativista
(setor alfa) deste modelo:
Ausência de planos de manejo condizentes com o potencial da RI;
205
A problemática da Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), com demora
entre as visitas técnicas, equipes despreparadas para atuar no setor de produtos
não madeireiros;
Poucas ações de empreendedorismo;
Baixo nível de escolaridade das famílias envolvidas na atividade dos não
madeireiros;
Baixos níveis de qualidade e identidade dos produtos (embalagem, especificações
técnicas, validade, etc.), devido os processos extrativos terem sido muitas vezes
desenvolvidos ainda de forma artesanal e, comercializados sem padrão;
Falta de registro junto aos órgãos de regulamentação e fiscalização, para a
produção e comercialização dos não madeireiros;
Necessidade de ampliar o grau de associativismo e corporativismo, que infere nas
oscilações de preços e, resulta em baixos retornos financeiros;
Pouco conhecimento do potencial de mercado dos PFNM, pois muitos deixam de
aumentar, e/ou até mesmo iniciar uma produção, por falta do conhecimento desta
demanda crescente por produtos de apelo sustentável, tanto dos setores
econômicos (indústrias, consumidores de fora da RI principalmente), quanto dos
programas de compra do Governo, como o PAA do governo federal;
Pouco acesso aos créditos rurais, tanto pelo grau de escolaridade apresentado pelo
setor, quanto pela ausência de bancos públicos e/ou privados;
Comercialização dos produtos basicamente de desenvolveu devido à ação dos
atravessadores, com pontos de comercialização (feiras livres, mercados
municipais e feiras do produtor) que necessitam de reformas, investimentos em
higienização e organização dos produtos;
O desenvolvimento das atividades ocupou basicamente a mão-de-obra familiar e,
em casos excepcionais (safra), se “contratou” um ou mais ajudantes, que
receberam conforme produtividade, predominando a informalidade do setor;
Baixa capacidade do setor da produção em reter a renda gerada na comercialização
dos produtos, principalmente, se não investir em melhoria da qualidade dos
produtos;
206
Baixa agregação de valor na própria região de produtos importantes, que atendem a
mercados externos.
b) Principais entraves no setor da indústria:
Baixo grau de competitividade do setor, principalmente dos fatores estruturais da
oferta/demanda (agroindústrias têm dificuldades em adquirir o insumo por
questões como: a dispersão dos fornecedores, a falta de organização do setor
agroextrativista e a dependência dos atravessadores) e fatores internos (pois
muitos atuam na informalidade);
Baixo nível tecnológico e de segurança no processo de beneficiamento e
transformação dos não madeireiros;
Estrutura física tanto para os processos produtivos quanto para o armazenamento
dos produtos, não seguem os padrões exigidos, com algumas exceções;
Pouco acesso aos créditos e financiamentos, pois poucos municípios apresentaram
uma rede bancária;
Mão de obra utilizada basicamente a familiar, sendo deste modo, com poucos
empregos gerados;
Alguns setores empregam mão de obra local, porém, no período da safra
predomina a informalidade;
Baixo nível de escolaridade dos empresários (com algumas exceções), que acaba
influenciando nas tomadas de decisões;
Baixo nível empreendedor, devido a baixa capacidade empresarial para atuar nas
mudanças intrínsecas ao sistema capitalista.
É necessário afirmar, no entanto, que o primeiro passo esta sendo dado com este
relatório, com a produção de informações necessárias para subsidiar a formulação ou
adequação de políticas públicas condizentes com a potencialidade da região.
c) Algumas recomendações para potencializar as cadeias de comercialização dos
PFNM e subsidiar políticas públicas:
Capacitação para execução de planos de manejo condizentes com a potencialidade
local e que tomem como premissa o conhecimento das populações tradicionais;
207
Capacitação dos agentes locais e regionais da assistência técnica e extensão rural a
fim de orientar a organização da produção e melhorar a renda dos
agroextrativistas;
Capacitação para o crédito, a fim de melhorar os processos produtivos, de
armazenamento e de comercialização;
Capacitação para os setores da produção e da ATER na valoração adequada dos
produtos agroextrativistas, pois surgem novos produtos no mercado,
principalmente fármacos e cosméticos, que os setores desconhecem;
Melhoria da qualidade dos produtos ao longo da cadeia produtiva;
Incentivo e capacitação para o cooperativismo/associativismo. Haja vista que,
devido à natureza da atividade, baseada no (agro) extrativismo e coleta, pequenas
unidades de produção são geradas, e a comercialização de PFNM tem
demonstrado ser a melhor alternativa para eliminar os atravessadores mediante
criação de associações comunitárias e cooperativas, proporcionando preço mais
justo aos envolvidos nesta atividade;
Capacitação em técnicas de gerenciamento;
Busca de novos mercados: criação e/ou participação dos agentes em feiras e
eventos para os produtos não madeireiros, seja no âmbito local, quanto no
estadual e até nacional, com apoio público e privado;
Melhorias na infraestrutura de comercialização dos produtos: construção e/ou
reforma das feiras e mercados municipais, assim como das feiras do produtor;
Melhoria e manutenção de estradas e rodovias, permitindo acesso e escoamento da
produção;
Ampliação da modalidade de Ensino para Jovens e Adultos (EJA), pois o baixo
nível de escolaridade apresentado pelos agentes mercantis, implica na falta de
informações técnicas e de capacitação a respeito do manejo e otimização da
produção de PFNM;
Investimentos e capacitação direcionados para agregação de valor aos produtos,
fazendo com que os agroextrativistas aumentem seu interesse por estas atividades,
e consigam reter mais renda na venda de produtos mais elaborados;
208
Ampliação e/ou fortalecimento do Programa de Fortalecimento a Agricultura
Familiar, tanto através dos programas de concessão de crédito, quanto pelos
Programas de Aquisição de Alimentos (PAA) e alimentação escolar,
Valoração e valorização dos produtos não madeireiros: como por exemplo, a
criação de certificação orgânica;
Maior investimento integrado (entre Secretarias e Ministérios) em Ciência e
Tecnologia (C&T) para produzir informações, assim como em Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D) para garantir qualidade e completar o entendimento
sobre as cadeias de produção. Pois, precisa-se criar um modelo de
desenvolvimento sustentável que mantenha a floresta em pé e que ainda gere
crescimento econômico;
Apoios institucionais formais direcionados para atividades extrativistas;
Organização de seminários na RI com agentes mercantis, principalmente os
agroextrativistas, convidados de fora da região, técnicos, representantes de
instituições publicas (municipal, estadual e nacional), a fim de interagirem na
formulação de planos de trabalho, em que as partes envolvidas relatem as
dificuldades encontradas nas cadeias dos não madeireiros (produção, distribuição
e comercialização), assim como, as potencialidades, com intuito de traçar
objetivos a serem atingidos, definir metas e potencializar resultados;
Fomento aos Arranjos Produtivos Locais (APLs) existentes na região estudada.
209
7 REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Secretaria de
Comércio Exterior - MDIC/SECEX. Balança Comercial Brasileira por Município, 2010.
Disponível em: <http://www.mdic.gov.br//sitio/sistema/balanca/> Acesso em: 12 abr. 2011.
CABRAL, E. R. Desenvolvimento Agrícola e Mobilidade Camponesa: um estudo da
trajetória social do campesinato em Capitão Poço. In: COSTA, F.A. et al. Agricultura
familiar em transformação no nordeste paraense: o caso de Capitão Poço. Belém: UFPA;
NAEA, 2000. p. 95-130.
CARVALHO, Antonio Claudio Almeida de. Economia dos produtos florestais não-
madeireiros no Estado do Amapá: sustentabilidade e desenvolvimento endógeno. 2010. 152
f. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido) - Núcleo de Altos
Estudos Amazônicos, Universidade Federal do Pará, Belém. 2010.
CONSIDERA, C. M. et al. Matrizes de insumo-produto regionais, 1985 e 1992:
metodologia e resultados. Rio de Janeiro: IPEA, 1997.
COSTA, Francisco de Assis. A dinâmica da economia de base agrária do "Pólo Marabá”
(1995- 2000): uma aplicação da metodologia de contas sociais ascendentes. Cadernos
NAEA, Belém, n.5, p. 35-72, 2002.
______. Contas Sociais Alfa: uma metodologia de cálculo ascendente para a configuração
macro-estrutural de economias locais. Interações, Campo Grande, v. 7, n.12, p. 37-68, 2006.
______. Decodificando economias locais: estrutura e dinâmica do sudeste paraense, uma
região crítica da Amazônia. In: RIVERO, S.; JAYME JR., F. G. (Org.). As Amazônias do
Século XXI. Belém: EDUFPA, 2008a. p. 175-230.
______. Corporação e economia local: uma análise usando contas sociais alfa - do programa
de investimentos da CVRD no sudeste paraense (2004 a 2010). Nova Economia, Belo
Horizonte, v. 18, n. 3, dez. 2008b. Disponível em: <http://www.scielo.br/>. Acesso em: 22
fev. 2010.
______; COSTA, José de Alencar. APLS Baseados em Cultura e Economia Local: o caso
de Parintins. RedeSist, 70 p. dez. 2008. (Nota Técnica).
______. INHETVIN, Tomas. A agropecuária na economia de Várzea da Amazônia: os
desafios do desenvolvimento sustentável. Manaus: IBAMA, 2007. 200 p.
DÜRR, Jochen. Manual metodologia de pesquisa empírica para construção de cadeias
produtivas e contas sociais de base agrária. Belém: NAEA; UFPA, 2004. 17p.
______; Cadenas productivas, cuentas sociales de base agraria y el desarrollo económico
local: el caso de Sololá. Guatemala: Magna Terra, 2008.
______; et al. Cadenas productivas, cuentas sociales de base agraria y el desarrollo
económico territorial: el caso de el Quiché. Guatemala: Magna Terra, 2009.
210
______; ZANDER, Markus; MAZARIEGOS, Sergio Armando Rosales. Cadenas
productivas, dinámicas agrarias y cuentas territoriales de base agropecuaria: el Sur de
Petén. Guatemala: Magna Terra, 2010.
______; COSTA, Francisco de Assis. Cadeias Produtivas de Base Agrária e Desenvolvimento
Regional: o caso da Região do Baixo Tocantins. Amazônia: Ciência & Desenvolvimento,
Belém, v.3, n.6, p. 7-44, jan./jun. 2008.
EMBRAPA. Produção de mel: sistema de Produção. Disponível em:
<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/>. Acesso em: 03 ago. 2011.
FIEDLER, Nilton César; SOARES, Thelma Shirlen; SILVA, Gilson Fernandes da. Produtos
Florestais Não Madeireiros: importância e manejo sustentável da floresta. Revista Ciências
Exatas e Naturais, v.10, n.2, p. 263-278, jul./dez. 2008.
FOLHES, Ricardo Theophilo (Org.). Uma cartografia da memória: mapeamento
participativo socioambiental: Assentamento Agroextrativista Lago Grande. Santarém: Projeto
Saúde e Alegria. 2007. 31p. Disponível em: <www.saudeealegria.org.br/> Acesso em: 29
nov. 2011.
GOMES, D.M.A. Cadeia de comercialização de produtos de floresta secundária dos
municípios de Bragança, Capitão Poço e Garrafão do Norte - Pará. 2007. 84 f.
Dissertação (Mestrado em Agriculturas Familiares e Desenvolvimento Sustentável) – Núcleo
de Estudos Integrados sobre Agricultura Familiar, Universidade Federal do Pará, Belém.
2007.
GUTIERREZ, E.M.R.; REGITANO D’ARCE, M.A.B.; RAUEN-MIGUEL, A.M.
Estabilidade oxidativa de óleo bruto de castanha do Pará. Ciência e Tecnologia de
Alimentos, Campinas, v. 17, n. 1, p. 22-27, 1997.
HADDAD, P.R. Análise de insumo-produto regional e inter-regional, multiplicadores de
produção, de renda e de emprego. In: ______. Economia regional: teorias e métodos de
análise. Fortaleza: BNB; ETENE, 1989.
HUBER, J. Notas sobre a pátria e distribuição geográfica das árvores frutíferas do Pará.
Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi de História Natural e Ethnografia, v. 4, p.75-406,
1904. (Boletim de Pesquisa, 4.)
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Agropecuário. Rio
de Janeiro, 2006.
______.Censo Demográfico. Rio de Janeiro, 2010.
______.Pesquisa Agrícola Municipal. Rio de Janeiro, 2006 -2008.
______.Pesquisa Extrativa Vegetal e Silvicultura. Rio de Janeiro, 2006-2008.
______. Produção da Pecuária Municipal. Rio de Janeiro, 2006 - 2008.
211
LEONTIEF, Wassily. A economia do insumo-produto. São Paulo: Abril Cultural, 1983. 226
p.
LOZA, Jorge Estuardo Molina; DÜRR, Jochen; MAZARIEGOS, Sergio Armando Rosales.
Cadenas productivas, cuentas sociales de base agraria y el desarrollo económico local: el
caso de la Cuenca del Polochic (Municipios Purulhá, Santa Catalina la Tinta y Panzós).
Guatemala: Nueva Guatemala de La Asunción, 2009.
MARTÍNEZ, G. B.; JUNIOR, M. M.; JUNIOR, S. B. Seleção de ideótipos de espécies
florestais de múltiplo uso em planícies fluviais do Baixo Amazonas, Pará. Acta Amazônica,
v. 40, n. 1, p. 65-74, 2010. Disponível em: <http://acta.inpa.gov.br/fasciculos/40-
1/PDF/v40n1a09.pdf> Acesso em: 12 ago. 2011.
MATTAR, F.N. Pesquisa de marketing. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1997. 273p.
MOÇAMBIQUE. Ministério da Agricultura. Manual para a elaboração e implementação
do plano de maneio da concessão florestal. Maputo: 2008. 75p.
MONTEIRO, Raimunda. Biodiversidade da Amazônia e mercados locais. 2003. 285 f.
Tese (Doutorado em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido) - Núcleo de Altos
Estudos Amazônicos, Universidade Federal do Pará, Belém. 2003.
PARÁ. Secretaria de Estado de Integração Regional. Atlas de integração regional do estado
do Pará. Belém: SEIR, 2010. 347p.
RAMALHO, Elcio. O Brasil nativo/o curauá: a folha amazônica que virou arte. Reportagem
publicada em 09/08/2005. Disponível em:
<http://www.rfi.fr/actubr/articles/068/article_124.asp>. Acesso em: 02d set. 2011.
ROGEZ, H. In: PRIMEIRO SEMINÁRIO DO PROJETO “ESTUDO PLURIDISCIPLINAR
SOBRE A VALORIZAÇÃO DE FRUTAS AMAZÔNICAS E DE SEUS DERIVADOS”. VII
Castanha do Pará, Belém, Brasil, janeiro, 1995.
SHANLEY P.; MEDINA, G. Frutíferas e plantas úteis na vida Amazônica. 2005. Belém:
Cifor, Imazon. 304 p.
SILVA, Eliana Nobre da, et al. Aspectos socioeconômicos da produção extrativista de óleos
de andiroba e de copaíba na floresta nacional do Tapajós, Estado do Pará. Revista de
Ciências Agrárias, v.1, n.53, p.12-23, jan./jun. 2010.
SILVA, Murilo da Serra. Leite de amapá (Parahancornia fasciculata (Poir) Benoist):
remédio e renda na floresta e na cidade. 2010. 100 f. Dissertação (Mestrado em
Agroecossistemas) - Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2010.
SILVA, Silvestre; LEÃO, Noemi Vianna Martins. Árvores da Amazônia - Brasil. São
Paulo: Empresa das Artes. 2006. 243 p.
212
SUPERINTENDÊNCIA DA ZONA FRANCA DE MANAUS. Projeto de Potencialidades
Regionais. Estudo de viabilidade econômica: plantas para uso medicinal e cosmético.
Manaus: SUFRAMA, 2003.
TATEO, F. La composizione acidica della matera guesta estratte daí semi di Bertholletia
excelsa. Industrie Alimentari, Pinerolo, v. 10, n. 2, p. 68-70, 1971.
VENTURIERI, G.C. Criação de abelhas indígenas sem ferrão. 2. ed. rev. amp. Belém, PA:
Embrapa Amazônia Oriental, 2008. 60p. Disponível em: <http://mel.cpatu.embrapa.br/>.
Acesso em: 03 ago. 2011.
215
APÊNDICE A – Questionário aplicado junto aos agentes mercantis
Entrevistador _________________ Nº ________ Nº entrevista: _______
Estudo sobre a Comercialização de Produtos Florestais Não Madeireiros no
Estado do Pará
Entrevista com Agentes Mercantis
O objetivo da pesquisa é obter informações sobre as cadeias de comercialização dos principais
produtos da região, com o intuito de estudar as potencialidades da economia regional. Todas
as informações obtidas nessa pesquisa são de caráter sigiloso e anônimo e servirão para
finalidades científicas.
Nome do entrevistador: ______________________________________Data: ___________
Município:___________________________Localidade:_____________________________
GPS Nº ___ : S _____ o _____´ _____” W _____
o _____´ _____” Obs.: ________________
Nome do entrevistado / da empresa: _______________________________________________ ______________________________________________________________________________
Tipo de comerciante / cargo do entrevistado: ________________________________________ ______________________________________________________________________________
Categoria:
a. Indústria/Empresa ( )b. Intermediário ( )c. Produtor ( )
a. Empresa: Matriz ( ) Filial ( )
Nome / local da matriz: ___________________________________________________________
Tempo de trabalho no ramo / no local: _______________________________________________
b. Intermediário: Nascido em: ____________________________________________________
Profissão anterior: _______________________________________________________________
Profissão paralela: _______________________________________________________________
c. Produtor: Nascido em: _________________________________________________________
Local / tamanho do lote: __________________________________________________________
Descrever atividades extrativas (locais, técnicas usadas no manejo, equipamentos,
negociações, acesso/controle, etc.)_______________________________________________
Qual é a infra-estrutura que dispõe?
Armazéns (número, capacidade): _____________________________________________________
Meios de transporte (tipo, número, capacidade): _________________________________________
________________________________________________________________________________
Máquinas e Equipamentos (tipo, número, capacidade): ____________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
Tem problemas com capacidade de armazenamento, com os equipamentos/ maquinário?
Quais?
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
216
Quantas pessoas trabalham no empreendimento (por categoria)?
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
Como é o tempo de trabalho (ano inteiro, períodos, tempo integral / parcial etc.)?
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
Qual é o valor pago aos trabalhadores em média (por categoria, por mês, diária, por
empreitada (descrever), etc.)?
_______________________R$ _________/_________
_______________________R$ _________/_________
Existem outros que atuam no mesmo ramo (número, local, nome, endereço)?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Informações para contato (endereço e telefone do entrevistado):
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
O que é necessário para melhorar sua capacidade produtiva?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Observações Gerais (manejo, transporte, negociações, financiamento, assistência técnica,
etc.):
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
Categoria
do agente
entrevistado
C/V1 Merca-doria
Quant. Unid. Quando/Período/
mês
Preço por Unid.
De quem ? / Para quem? Formas
de Pagamento2
Serviços prestados3 Nome Categoria
Município/ Estado
1) (C) Comprado (V) Vendido
2) (AV) A vista (NF) Na folha
(AP) A prazo (F) Fiado (T) Troco
3) (F) Financiamento (T) Transporte (B1) Beneficiamento nível 1 (primário) (B2) Beneficiamento nível 2 (extração)
(B3) Beneficiamento nível 3 (processamento) (C) Classificação (A) Armazenagem (E) Embalagem
217
APÊNDICE B- Famílias, espécies, usos e partes utilizadas dos produtos florestais não
madeireiros identificados nas cadeias de comercialização na Região de Integração do Baixo
Amazonas no período de 2009 a 2010.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
Família (Nºespécies) Espécies Nome popular Uso Parte utilizada
Euterpe oleracea Mart. Açaí Alimentício e artesanal Fruto e palmito
Astrocaryum vulgare Mart. Tucumã Alimentício Fruto
Astrocaryum tucuma G. Mey. Tucumã-do-amazonas Alimentício Fruto
Oenocarpus bacaba Mart. Bacaba Alimentício Fruto
Mauritia flexuosa L. f. Buriti Alimentício Fruto
Attalea funifera Mart. Piaçava Utensílio Fibra
Araliaceae (1) Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire, Steyerm. & Frodin Morototó Artesanal Semente
Araceae (1) Heteropsis flexuosa (Kunth) G.S. Bunting Cipó-titica Artesanato Caule
Anacardium giganteum W. Hancock ex Engl. Cajuaçu Alimentício Fruto
Não identificado Aroeira Medicinal Casca
Anonaceae (1) Ephedranthus sp. Envirataia Medicinal e artesanal Casca e fibra
Parahancornia amapa (Huber) Ducke Amapá Medicinal Leite
Spondias mombin L. Taperebá Alimentício Fruto
Aspidosperma oblongum A. DC. Carapanaúba Medicinal Casca
Himatanthus sucuuba Spruce ex Müll. Arg. Sucuúba Medicinal Leite
Geissospermum sericeum Benth. & Hook. f. ex Miers Quinarana Medicinal Casca
Bignoniaceae (1) Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl. Ipê-roxo Medicinal Casca
Burseraceae (1) Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand Breu-branco Utensílio Resina
Bixaceae (1) Bixa orellana L. Urucum Alimentício Semente
Bromeliaceae (1) Ananas erectifolius L.B. Sm. Curauá Utensílios Fibra
Caryocaraceae (1) Caryocar villosum (Aubl.) Pers. Piquiá Medicinal Óleo
Symphonia globulifera L. f. Anani Medicinal Leite
Platonia insignis Mart. Bacuri Alimentício Fruto
Dilleniaceae (1) Curatella americana L. Caimbé Medicinal Casca
Hura crepitans L. Assacu Medicinal Casca
Croton pajucara Benth. Sacaca Medicinal Casca
Hevea brasiliensis (Willd.ex A. Juss.) Müll. Arg. Seringueira Utensílio Látex
Bauhinia sp. Escada-de-jabuti Medicinal Casca
Bauhinia forficata Link Pata-de-vaca Medicinal Casca
Copaifera sp . Copaíba Medicinal Óleo
Campsiandra laurifolia Benth. J. Bot. (Hooker) Acapurana Medicinal Casca
Macrolobium acaciifolium (Benth.) Benth. Arapari Medicinal Casca
Caesalpinia ferrea Mart. Jucá Medicinal Semente
Hymenaea courbaril L. Jatobá Medicinal Leite
Stryphnodendron obovatum Benth. Barbatimão Medicinal Casca
Sclerolobium paniculatum Vogel Taxi-branco Medicinal Casca
Coumarouna odorata Aubl. Cumaru Cosmético e medicinal Semente
Humiriaceae (1) Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. Uxi Alimentício Fruto
Lauraceae (1) Aniba canelilla (Kunth) Mez Preciosa Medicinal Casca
Lecythidaceae (1) Bertholletia excelsa Bonpl. Castanha-do-brasil Alimentício e cosmético Fruto e óleo
Luehea sp. Açoita-cavalo Medicinal Casca
Urena lobata L. Malva Artesanal Fibra
Theobroma cacao (Mill.) Bernoulli Cacau Alimentício Amêndoa e fruto
Theobroma grandiflorum (Willd. Ex Spreng.)K.Schum. Cupuaçu Alimentício Fruto
Malpighiaceae (1) Byrsonima crassifolia (L.) Kunth Muruci Alimentício Fruto
Marantaceae (1) Ischnosiphon obliquus (Rudge) Körn. Guarumã Artesanal Fibra
Meliaceae (1) Carapa guianensis Aubl. Andiroba Medicinal Óleo
Myristicaceae (1) Virola surinamensis Rol. ex Rottb. Ucuúba Medicinal Casca
Olacaceae (1) Liriosma ovata Miers Marapuama Medicinal Casca
Pontederiaceae (1) Não identificado Mururé Medicinal Casca
Plantaginaceae (1) Veronica officinalis L. Verônica Medicinal Casca
Rubiaceae (1) Uncaria tomentosa (Willd. Ex Roem. & Schult.) DC. Unha-de-gato Medicinal Casca
Sapindaceae (1) Não indentificado Cipó-timbó Utensílios Caule
Sapotaceae (1) Manilkara bidentata D.C.Chev. Balata Artesanal Látex
Bignoniaceae (1) Crescentia cujete L. Cuieira Artesanal Fruto
Fabaceae (10)
Malvaceae (4)
Arecaceae (6)
Anacardiaceae (2)
Apocynaceae (5)
Clusiaceae (2)
Euphorbiaceae (3)
218
APÊNDICE C- Imagens capturadas nos municípios da Região de Integração Baixo
Amazonas.
Foto 1- Processamento da castanha-do-brasil no
município de Oriximiná. Foto 2- Carreteiro levando o açaí in natura para
os “batedores”.
Foto 3- O açaí é acondicionado em rasas para
atender exigências do mercado.
Foto 4- O açaí após processado é comercializado
nas ruas em caixas térmicas.
Foto 5- O açaí após processado é comercializado
nas ruas em “leiteiras”.
Foto 6- O fruto do muruci comercializado em
embalagens de garrafa pet.
219
Foto 7- Transporte de Tucumã no porão de
barcos com destino para Manaus.
Foto 8- Semente de cumarú.
Foto 9- Lenha para abastecer as olarias. Foto 10- Comercialização do carvão em sacolas
no município de Juruti.
Foto 11- Feira do município de Òbidos. Foto 12- Porto do município de Alenquer.
220
Foto 13– Látex da seringueira é acondicionado em
sacas.
Foto 14– Placas de balatas para serem
utilizadas para o artesanato.
Foto 15– Artesanato de balata no município de Monte
Alegre.
Foto 16– Ateliê de subproduto do látex da
seringueira denominado de “couro
ecológico”, em Belterra.
Foto 17– Bolsa de “couro ecológico”, em Belterra. Foto 18– Artesanato regional no município
de Santarém.
top related