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Procedimentos legais de justificação das faltas por doença – novo regime
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O DL nº181/2007, de 9 de Maio, veio alterar, designadamente, os artºs 30º, e 31º, ambos do DL nº
100/99 – regime jurídico das faltas, férias e licenças;
Entrando em vigor no próximo dia 01 de Junho de 2007.
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Os motivos da alteração estão manifestados no preâmbulo do diploma, sendo que para situações
idênticas no sector privado, o regime do Código do Trabalho estabelece formas diferentes de
justificação de faltas;
Legisla-se sobretudo quando a problemática da “reforma” dos Serviços Sociais em geral na
Administração Pública e no Ministério da Justiça em particular, está, no presente, apaziguada.
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Com efeito, antes da alteração no sistema de protecção da doença dos trabalhadores do MJ,
designadamente os que, no âmbito dos Serviços de Registos e Notariado são associados no
STRN, as justificações de faltas por doença eram efectuadas com a apresentação do documento
particular, vulgo atestado médico, do médico dos Serviços Sociais, ou de qualquer outro médico
particular, e assim se justificava a ausência por doença.
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A partir do dia 01/07/2007, a justificação da ausência por motivo de doença faz-se do seguinte
modo:
- o funcionário tem de indicar o local onde se encontra;
- e apresentar documento comprovativo no prazo de 5, cinco, dias.
(artº 30º, nº 1,do DL nº 100/99, na redacção do artº 1º, do DL nº 181/2007)
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Acontece que o documento de justificação não é um documento qualquer, e só pode ser emitido
por uma das seguintes entidades;
- estabelecimento hospitalar – é conhecido a relutância das urgências hospitalares emitirem
atestados médicos;
- centro de saúde – é conhecida a falta de médicos de família;
- instituições destinadas à prevenção ou reabilitação de toxicodependência ou alcoolismo,
Integrados no Serviço Nacional de Saúde;
(artº 30º, nº 2,do DL nº 100/99, na redacção do artº 1º, do DL nº 181/2007)
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Para além do crivo das entidades emitentes do documento justificativo, o mesmo tem de obedecer
a modelo aprovado por portaria, o qual ainda não terá sido publicado.
(artº 30º, nº 2,do DL nº 100/99, na redacção do artº 1º, do DL nº 181/2007)
Este é o regime regra.
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Além deste modo de justificação da falta por doença, ela pode ainda ser efectuada através do
preenchimento médico do modelo mencionado por médico privativo dos serviços, por médico de
outros estabelecimentos de saúde públicos, bem como por médicos ao abrigo de acordos com
quaisquer subsistemas de saúde da Administração Pública no âmbito da especialidade médica
objecto do respectivo acordo; Isto é, médicos da ADSE e dos SSMJ (para os associados que
mantêm a qualidade de beneficiários).
Neste caso, de médicos privativos dos Serviços ou médicos com acordo, o atestado só pode ser
emitido, e valer como justificação da falta, se a patologia da doença se enquadrar na
especialidade do médico.
O que implica que os serviços de recursos humanos possuam bases de dados para o efeito,
sobretudo no caso dos serviços na esfera do Ministério da Justiça
(artº 30º, nº 3,do DL nº 100/99, na redacção do artº 1º, do DL nº 181/2007)
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Parece, efectivamente que, na letra da lei, estão excluídos médicos e unidades de saúde de
natureza privada;
É expresso na parte final do nº 2, do artº 30º, na redacção que agora lhe é dada.
A permanecer tal impressão afigura-se-nos estar em causa o direito à livre escolha de médico e de
unidade ou estabelecimento de saúde para diagnóstico e tratamento da doença que dá causa a
que o funcionário falte justificadamente ao serviço.
Por outro lado, muito serão os associados e os trabalhadores que não dispõem de médico de
família no centro de saúde público, e que assim vêem agravado, caso pretendam ser – e têm de
ser, nos termos deste Decreto-Lei - tratados no sector público, as suas dificuldades e até
possivelmente o seu estado de saúde, em estar horas ou, eventualmente, dias à espera para uma
consulta, muitas das vezes sem meios de transporte, ou de outra natureza.
A situação descrita, a verificar-se configura ilegalidade e até mesmo inconstitucionalidade.
Se o legislador pretendia equiparar os regimes públicos e privados então deveria atentar na
redacção dos artºs do Código do Trabalho:
- 225º, nº 2, alínea d
Tipos de faltas
2 - São consideradas faltas justificadas:
d) As motivadas por impossibilidade de prestar trabalho devido a facto que não seja imputável ao
trabalhador, nomeadamente doença, acidente ou cumprimento de obrigações legais;
- 229º, nº 2
Prova da falta justificada
2 - A prova da situação de doença prevista na alínea d) do n.º 2 do artigo 225.º é feita por
estabelecimento hospitalar, por declaração do centro de saúde ou por atestado médico.
Ora, o legislador discrimina o trabalhador da administração pública, retirando-lhe liberdade para
escolher o médico, sendo que o trabalhador do sector privado pode escolher entre o Serviço
Nacional de Saúde o sector privado.
Afigura-se-nos ser inconstitucional esta norma.
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A remessa do comprovativo da doença pode ser remetida pelas entidades que o emitem por via
electrónica, no que configura ser uma novidade.
(artº 30º, nº 7,do DL nº 100/99, na redacção do artº 1º, do DL nº 181/2007)
Além disso, a remessa pela via electrónica passa a ser obrigatória para os médicos ao abrigo de
acordo com subsistemas de saúde da Administração Pública, a partir de 30 de Agosto de 2007.
(artº 4º, do DL nº 181/2007)
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Finalmente a falta do comprovativo, se não for fundamentada, determina a injustificação da falta.
(artº 30º, nº 7,do DL nº 100/99, na redacção do artº 1º, do DL nº 181/2007)
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Como requisitos do documento justificativo da falta e da doença os mesmos são vários:
a) A identificação e a assinatura do médico;
b) O número da cédula profissional do médico;
c) A identificação do acordo com um subsistema de saúde ao abrigo do qual é
comprovada a doença;
d) O número do bilhete de identidade do funcionário ou agente;
e) A identificação do subsistema de saúde e o número de beneficiário do
funcionário ou agente;
f) A menção da impossibilidade de comparência ao serviço;
g) A duração previsível da doença;
h) O facto de ter havido ou não lugar a internamento;
i) A menção expressa de que a doença não implica a permanência na residência ou no local em
que se encontra doente, quando for o caso;
(artº 31º, nº 1 do DL nº 100/99, na redacção do artº 1º, do DL nº 181/2007)
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Não devendo o associado esquecer-se que o documento deve ser autenticado pelo serviço onde
pertence o médico que o emitiu.
Deve o associado ter em atenção que o documento de justificação da falta tem validade e que não
pode exceder os 30 dias, devendo, caso a situação de doença se mantenha, ser apresentado
novo documento.
(artº 31º, nº 1 do DL nº 100/99, na redacção do artº 1º, do DL nº 181/2007)
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No que se refere à possibilidade de verificação domiciliária da doença a mesma não apresenta
novidade, sendo que as acções de auditoria e inspecção destinam se aos serviços emitentes dos
documentos de justificação das ausências e não aos trabalhadores.
(artº 2º, do DL nº 181/2007)
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A, diria, última novidade do diploma é a possibilidade de “Sem prejuízo do exercício de acção
disciplinar por violação de deveres profissionais relativamente ao funcionário ou agente que,
invocando motivo de doença, não comparece ao serviço, a violação do disposto no presente
decreto-lei, bem como a desconformidade entre o resultado das acções referidas nos nºs 1 e 2 do
artº 4º, do Dl nº 181/2007, e a comprovação anteriormente apresentada,
constituem fundamento de denúncia do acordo celebrado entre o subsistema de saúde da
Administração Pública e o prestador convencionado, se este houver procedido com diligência e
zelo inferiores àqueles a que estava obrigado. “;
Pelo, o legislador presume a existência de faltas motivadas por doença que na realidade não o
serão, mas não revela, estatisticamente, quantas das acções de fiscalização da doença levou a
cabo e quantas se revelaram fraudulentas.
Naturalmente que o legislador toma o todo pela parte, o que é lamentável.
(artº 4º, do DL nº 181/2007)
SÍNTESE INFORMATIVA
Com a publicação do DL nº 181/2007, de 9 de Maio foi alterado, o regime de justificação de faltas
por doença.
A partir do dia 1 de Junho apenas serão aceites documentos, em modelo próprio, emitidos em
regra por médicos de unidades do Serviço Nacional de Saúde ou por médicos com acordo com
serviços.
Além disso tem de indicar o local onde se encontrará e o documento justificativo da doença tem
validade de 30 dias.
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