o tal do brigadeiro
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O Tal do
Brigadeiro
Meg Cabot
O Tal do Brigadeiro conta a história
desse docinho tão amado e querido
pelos brasileiros. As mudanças que
surgiram com o nascimento do
brigadeiro gourmet e a presença
deles nas artes como músicas e
poemas são só algumas surpresas.
Afinal, essa guloseima está
conquistando até mesmo muitos
corações no exterior. O livro é
indispensável para quem adora
culinaria brasileira, principalmente
seus deliciosos doces.
ISBN 10-20130130-06-4
O Tal do
Brigadeiro
O Tal do
Brigadeiro
Meg Cabot
F1994i
Cabot, Meg
O Tal do Brigadeiro / Meg Cabot - Rio de Janeiro: Blucher, 2015
44 p. ; il. , 19,5cm x 19,5 cm
ISBN: 10-20130130-06-4
1. Culinária 2. Receitas 3. Chocolate 4. Gastronomia 5. História
Copyright © 2015, Meg CabotTodos os direitos reservados.
Dedico este livro à Princesa Amelia Mignonette Grimaldi Thermopolis
Renaldo, Princesa de Genôvia
título do livro6
título do capítulo 7
SUMARIO
Capítulo 1 8Segunda Guerra Mundial 11
Brigadeiro Eduardo Gomes 12
O Negrinho Gaucho 14
A Nova Era do Brigadeiro 15
Capítulo 2 18MySweet Brigadeiro, Nova York 21
Brigadeiro Bakery, Nova York 22
Made With Love, MIAMI 25
Mary’s Brigadeiro, Toronto 27
Capítulo 3 30O Brigadeiro Nas Artes 33
A Arte do Brigadeiro nas Festas 37
O Brigadeiro Sem Leite 38
O Brigadeiro Pet 40
Capítulo 1
A Historia Mais Doce Que
Ja Existiu
O brigadeiro é um dos, se não o maior, doce brasileiro.
Desde que éramos pequenos ele sempre estava presente
nas nossas festinhas deaniversário e nas festinhas
dos nossos amiguinhosenfeitando a mesa do bolo.
Segunda Guerra Mundial
Alguns acreditam que o brigadeiro foi inventado no Brasil depois da Segunda
Guerra Mundial (1939-1945). Na época, produtos como leites, ovos e açúcar eram
bem difíceis de serem encontrados para se fazer receitas de doces então, aqueles
que queriam comer um docinho acabavam ficando só na vontade. Entretanto, os
produtos enlatados, incluindo o leite condensado – inventado pelo norte-americano
Gail Borden Jr. em 1853 como uma alternativa eficaz para o transporte e armazena-
mento do leite e que só fez sucesso quando adotado na alimentação dos soltados
durante a guerra civil americana (1861-1865) chegando assim nas mãos de Henry
Nestlé –, estavam disponíveis para consumo.
Foi aí que alguém, de quem não se sabe a identidade, teve a brilhante ideia de
misturar o leite condensado com chocolate, dando origem assim ao que conhece-
mos hoje como brigadeiro.
Uma curiosidade interessante é que os primeiros carregamentos de leito con-
densado chegaram ao Brasil a partir de 1890 e inicialmente eram utilizados apenas
como bebida (reconstituído com água), em substituição ao leite fresco, cujo abaste-
cimento se revelava irregular, especialmente no inverno ou quando certas doenças
atingiam as vacas.
O leite Milkmaid, que ninguém conseguia pronunciar direito, acabou sendo cha-
mado de “o leite da moça”, porque na embalagem havia a figura de uma vendedora
de leite. Tempos depois, após campanhas de reposicionamento do produto, o leite
condensado chegou à cozinha como ingrediente para o preparo de doces. O alimento
ganhou então uma força extraordinária entre as donas de casa, transformando-se em
um produto indispensável nos lares brasileiros.
O Tal do Brigadeiro12
Brigadeiro Eduardo Gomes
Então inventaram o nosso querido brigadeiro, mas ele ainda não tinha um
nome. E segundo alguns relatos, a mistura de leite condensado e chocolate só
recebeu este nome por causa do Brigadeiro Eduardo Gomes (1896-1981). Eduar-
do pertencia a União Democrática Nacional e concorria à presidência da Repú-
blica em 1945, disputando o lugar com o militar Eurico Gaspar Dutra do Partido
Social Democrático.
Bom, nós já sabemos qual foi o resultado das eleições naquela época, mas
Eduardo Gomes e seu slogan “Vote no Brigadeiro que é bonito e solteiro” realmente
ficaram na boca do povo. Em 1950, ele voltou a disputar a presidência, perdendo
novamente a eleição, daquela vez para Getúlio Vargas.
O termo brigadeiro refere-se a uma patente das Forças Aéreas Brasileiras e por
causa do candidato Eduardo Gomes, que era brigadeiro da Aeronáutica, o nosso
doce tipicamente brasileiro acabou herdando este nome. Mas a ligação de Eduardo
ao docinho de leite condensado e chocolate que tanto amamos possui várias ver-
sões que envolvem as eleitoras fãs do candidato e as festas da campanha eleitoral.
Acredita-se que mulheres que trabalhavam na campanha do candidato distri-
buíam o docinho para arrecadar votos ao invés do tradicional “santinho”, panfleto
distribuído para os eleitores durante o período eleitoral e que trazem os dados do
candidato para a votação. Outros dizem que fãs de Eduardo, moradoras do Paca-
embu, bairro de São Paulo, organizavam festas para promover sua candidatura e
arrecadar fundos. Outra versão também diz que mulheres do Rio de Janeiro, en-
gajadas na candidatura de Eduardo Gomes, vendiam o doce para ajudar na cam-
panha. Existe ainda aqueles que afirmam que Heloísa Nabuco, integrante de uma
tradicional família carioca que apoiava o candidato, quis homenagear o amigo e
A História Mais Doce Que Já Existiu 13
criou o doce, ligeiramente diferente da versão atual – pois recebia recheio de doce
de ovos –, e o denominou com a patente do candidato.
Além dessas versões, há outra, considerada um tanto duvidosa e possivelmen-
te espalhada pelos adversários políticos do candidato, dizia que o tiro desferido em
Eduardo Gomes em 1922, durante a revolta dos 18 do forte de Copacabana havia
atingido seus testículos e como o docinho não levava ovos...
As festas eleitorais eram muito disputadas pela população e com o sucesso do
nosso docinho as pessoas logo começaram a chamar os amigos para irem comer o
“docinho do Brigadeiro” que alguns diziam ser “o preferido do Brigadeiro”.
O Negrinho Gaucho
No Rio Grande do Sul o brigadeiro é conhecido como “negrinho”. Os gaúchos
dizem que o delicioso docinho teria sido inventado lá e que seu nome seria este
porque sua criadora, possivelmente uma dona de casa muito loira, achou exótica a
aparência marronzinha da guloseima e resolveu chama-lo de assim. Atualmente, o
estado é o único que ainda chama o doce de “negrinho”.
Há aqueles que acreditam que antes do brigadeiro ser chamado por este nome,
ele era conhecido como negrinho. Vindo a mudar apenas por causa do candidato
Eduardo Gomes. Já outros acreditam que o doce foi criado apenas na época da
eleição vindo a receber o nome que conhecemos até hoje. De qualquer forma e para
nossa felicidade, uma boa alma criou essa maravilhosa iguaria que preencheu nossa
infância com seu saber e sua magia.
A História Mais Doce Que Já Existiu 15
A Nova Era do Brigadeiro
Inicialmente, o brigadeiro era enrolado apenas em uma camada fina de açú-
car, vindo a receber o granulado de chocolate somente mais tarde. Mas apesar de
seu delicioso sabor e sua tamanha popularidade, o doce sempre foi considerado
um doce de festa de criança e por conta disso sua receita nunca foi tão valorizada.
Ficando restrita apenas às panelas domésticas e perdendo seu prestígio com o
passar do tempo.
Aos poucos todo o encanto do nosso brigadeiro foi sendo esquecido se tor-
nando só mais um no meio de tantos outros doces que fazem parte de nossas vidas.
Mais aí, em 2007, eis que surge alguém para salvá-lo da amargura e do esquecimen-
to e trazê-lo de volta para nossas vidas e nossos corações. Criando assim o briga-
deiro gourmet, uma vertente do brigadeiro tradicional que procura fazer receitas
mais artesanais com ingredientes de qualidade e defendendo o respeito pelo doce,
como já falado aqui, que é tão brasileiro quanto qualquer um de nós.
E foi pelas mãos da doceira Juliana Motter, que é jornalista formada, mas aban-
donou a carreira para seguir a gastronomia, que o brigadeiro foi resgatado, repagi-
nado e ganhou lugar de destaque na confeitaria nacional. Recebendo ingredientes
de qualidade e apresentação cuidadosa e ganhando finalmente seu espaço como
doce nascido, criado e valorizado em seu próprio país.
Juliana sempre teve um interesse pelo brigadeiro e desde pequena, chegando
até a ganhar o apelido de “Maria Brigadeiro”, atual nome de sua loja. Aos seis anos de
idade cozinhava com sua avó um receita caseira do doce que levava leite condensado
artesanal, manteiga caseira e raspas de puro chocolate no lugar do granulado artificial
Mais do que a receita, ela aprendeu com a avó, que era doceira, o respeito pelo doce.
Ainda na infância, chegou a vender alguns brigadeiros para as amigas da es-
cola, mas só aos 29 anos, com o surgimento dos cursos superiores de gastronomia,
resolveu seguir a carreira com a qual sempre sonhou.
Com ela também surgiu o termo brigadeiro gourmet que seria um brigadeiro
de alta qualidade, feito com ingredientes de primeira e servido na hora. Segundo
ela, “a receita do brigadeiro tradicional foi perdendo qualidade ao longo dos anos
com a ajuda de itens que a gente nem desconfiava, como a margarina, o achocola-
tado e o granulado. Esse trio deixou o nosso brigadeiro mais doce, menos saboroso
do que pode ser. Não sentimos muito porque nosso paladar é muito tolerante com
o brigadeiro por ser um doce afetivo”.
A variedade de sabores que antes não existiam nasceram a partir da curiosida-
de de Juliana que sempre misturava ingredientes à receita tradicional e atualmen-
te possui um caderninho de receitas que ela cultivou ao longo das últimas déca-
das. Mais precisamente aos 10 anos ela iniciou seu caderno só de brigadeiros com
chocolate branco, recheado de uva, coberto de caramelo... Aquele foi o momento
crucial para o surgimento das novas versões do doce onde ela adicionava outros
ingredientes a massa. Aos 15 anos seu caderno já contava com mais de 30 receitas
inéditas de brigadeiro e anotações suficientes para um livro que ela publicou em
2008 chamado “O Livro do Brigadeiro”.
Sua dedicação e seu carinho pelo brigadeiro vão muito mais além. As emba-
lagens criadas por Juliana retratam esse sentimento e expressam as experiências
afetivas da empresária com o doce. Como é o caso da marmita de metal, que foi a
primeira embalagem da Maria Brigadeiro. De acordo com Juliana, sua avó morava
numa chácara no interior e esse foi um elemento muito presente na infância dela.
O Tal do Brigadeiro16
A História Mais Doce Que Já Existiu 17
título do livro18
Capítulo 2
O Brigadeirono Exterior
O docinho mais saboroso de todos também já viajou para outros países e prestigiou o paladar de outras pessoas
pelo mundo com seugostinho irresistível.
título do livro20
MySweet Brigadeiro, Nova York
Um história inspiradora de pessoas que pararam de inventar desculpas e foram
buscar uma solução. Esse é o caso das duas brasileiras que foram para Nova York
e alcançaram sucesso fazendo uma coisa que a grande maioria das pessoas sabe
fazer, o brigadeiro.
Paula Barbosa, de 31 anos, trabalhou por oito anos no mercado de moda. Eis
que ela foi para Nova York fazer um curso de negócios, e decidiu inovar ao apre-
sentar um projeto de conclusão do curso sobre brigadeiros gourmet, ao invés de
roupas. A ideia foi tão legal que ela se juntou com Christina Bhan, de 39 anos, para
lançar a My Sweet Brigadeiro, em março de 2011.
Além do brigadeiro tradicional de cada dia, elas fazem o docinho em sabores
como pistache, amendoas, gengibre, indo para os mais exóticos como lavanda, tor-
ta de abóbora e chili. E se você achou estranho, saiba que as gostosuras da dupla
já foram provadas por nomes como Al Pacino, Alessandra Ambrósio, Halle Berry e
Natalia Vodianova, e ficaram tão badalados que foram parar no caderno de gastro-
nomia do The New York Times, no canal Cooking Channel e no blog da apresenta-
dora Oprah Winfrey.
Muita gente pode dizer que elas provavelmente tiveram investimento para co-
meçar o negócio ou que a ideia não era original, mas independente desses fatores,
o que é inspirador é a atitude de fazer acontecer, apenas se especializando em fazer
uma coisa melhor do que o resto das pessoas, e colocando a mão na massa para
tirar o sonho do papel.
O Tal do Brigadeiro22
Brigadeiro Bakery, Nova York
O doce caseiro mais popular das festinhas de aniversário também faz sucesso
no exterior. Considerado tendência mundial, em 2011, pela agência de publicidade
J.W. Thompson, o brigadeiro virou notícia nos anos seguintes devido ao apelo de
novidade e também à versatilidade.
Em outro lugar de Nova York, a guloseima fincou os pés devido ao enorme
número de brasileiros que vivem na região. Uma dessas pessoas é a empresária
Mariana Vieira, dona da loja Brigadeiro Bakery. Mariana mudou-se para a cidade em
2009, acompanhando o trabalho do marido.
Recém-formada em um curso de gastronomia no Brasil, ela começou atuando
como ‘personal chef’ em eventos privados, onde sempre oferecia brigadeiros de
sobremesa. “Eu achava que dava um final feliz a toda refeição. Mas quem me ligava
depois vinha somente falar do brigadeiro. Alguns faziam pedidos apenas do doce.
Como aqui (EUA) os negócios são muito especializados, comecei a pensar que isso
podia ser uma oportunidade”, afirmou a empresária.
O momento era o mesmo em que a onda das brigaderias começava no Brasil.
Mariana, que já ganhava fama por seus doces, foi convidada por um programa de
televisão para apresentá-los em um episódio. “No final da filmagem, o amigo que
emprestou a cozinha do seu restaurante disse que eu poderia me instalar no subso-
lo, se quisesse. Foi o que me fez abrir uma empresa”, relembra.
Agora, Mariana está de mudança para um endereço próprio, localizado a pou-
cas quadras do Comodo, restaurante que a abrigou em Manhattan. A empreen-
dedora vai investir US$ 350 mil, quantia que será usada, entre outras coisas, para
aumentar o número de funcionários fixos que a acompanha. A equipe produz 31,6
mil brigadeiros por mês, com picos que chegam a 64 mil unidades quando a marca
título do capítulo 23
O Tal do Brigadeiro24
recebe grandes encomendas. Um dos maiores clientes da marca, por exemplo, é a
Restaurant Associates, empresa que organiza eventos em lugares icônicos da cida-
de, como o MoMa, o Lincoln Center e o Empire StateBuilding.
Ao contrário do que acontece no Brasil, o maior sucesso da loja de Mariana
são os doces com sabores clássicos, como o de chocolate, o beijinho e o de dois
amores. Somente o de chocolate responde por quase um terço das vendas. “Como
a cidade é muito cosmopolita e esse é um sabor novo, os americanos preferem co-
meçar com os tradicionais. Você não vai a Portugal e pede um prato contemporâ-
neo de bacalhau, mas sim um prato clássico”, explicou a empreendedora brasileira.
O Brigadeiro no Exterior 25
Made With Love, MIAMI
Brigadeiro é tão bom, mas tão bom, que fica difícil entender as pouquíssimas
pessoas que não gostam dessa iguaria tipicamente brasileira. E fica ainda mais difí-
cil entender como o brigadeiro não se tornou conhecido no exterior. Mas isso tende
a mudar. A gaúcha Larissa Piazzi, de 24 anos, inaugurou a Made With Love, uma
brigaderia em um shopping de Miami (EUA).
Normalmente os empreendedores abrem uma empresa porque há demanda.
Mas no caso de Larissa, ela enxergou a possibilidade de criar seu negócio porque
as pessoas se apaixonavam por seus brigadeiros à primeira vista. Larissa mora em
Miami há três anos. Mudou-se para ficar mais próxima do marido, Alejandro Scholtz,
um venezuelano radicado nos EUA.
Formada em jornalismo, mas apaixonada por cozinhar, ela apresentou o bri-
gadeiro para a família do marido e amigos do casal. “Eu levava brigadeiro para
os aniversários, encontros e reuniões e o pessoal adorava. Adoro inventar sabores
diferentes e colocar os doces em caixinhas bonitas. Comecei a dar de presente e
quando eu vi já estava virando negócio”, afirmou Larissa.
A Made With Love não começou com a inauguração da brigaderia. A ideia para
o projeto surgiu há um ano e meio e a empresa existe desde março. “Sou formada
em jornalismo, mas sempre tive planos de investir um negócio com doce. Sou uma
formiga! E qual melhor doce para investir se não o meu doce favorito?”, disse.
Larissa aproveitou que o marido já tinha experiência no ramo da alimentação
e, juntos, resolveram tirar a ideia do papel. A princípio, ela trabalhava na cozinha de
casa e vendia seus brigadeiros por encomendas e em feiras e mercados. Além disso,
a presença da empresa na internet fez o trabalho da gaúcha ficar mais conhecido na
cidade e a motivou a abrir um ponto fixo.
O Tal do Brigadeiro26
A loja da Made With Love tem o formato cart – menor que quiosques e com
estrutura parecida com as instalações da Nutty Bavarian em shoppings brasileiros.
Atualmente, ela não tem funcionários, mas cuida da loja junto com a sogra e faz até
o marido ajudá-la na preparação dos docinhos.
Os produtos da Made With Love seguem o mesmo conceito das brigaderias
brasileiras, responsáveis por transformar o doce em um produto fino, feito com in-
gredientes de primeira linha. Assim como acontece nas lojas especializadas daqui,
a empresa de Larissa vende muito mais que a versão clássica do brigadeiro. São 25
sabores, incluindo Romeu e Julieta, pistache, cappuccino e crèmebrûlée, além de
brigadeiro de colher, cupcakes de brigadeiro e outros produtos. O doce é brasileiro,
mas o chocolate usado na preparação de todos os produtos é suíço.
Como Miami é a cidade americana com um alto número de brasileiros e que
mais atrai turistas daqui, o brigadeiro não é um ilustre desconhecido. Até por isso,
os objetivos da empresa eram «trazer esse sabor de infância para os brasileiros de
Miami e também apresentar para os não-brasileiros o nosso doce favorito”. Mas
agora, em um shopping, a empresa foca mais na segunda meta. “A maioria dos
clientes não conhece o doce. Costumamos oferecer amostras e quem prova acaba
se apaixonando pelo doce. Eles também se impressionam ao saber que o brigadeiro
é feito a mão”, afirmo Larissa.
O Brigadeiro no Exterior 27
Mary's Brigadeiro, Toronto
A Mary tem 25 anos e é da região de Santo André-SP. Formada em Adminis-
tração de Empresas, trabalhou durante sete anos na área de Recursos Humanos
e um ano na Start Up ‘PIC’. Ela cresceu vendo sua mãe – Dona Branca – fazer do-
ces artesanais incríveis para venda, mas nunca havia tido interesse por este mundo
doce. Em dezembro de 2012 a Mary veio para Toronto pela primeira vez com seu
noivo Canadense e ficou deslumbrada por esta encantadora cidade, e enxergou um
‘nicho’ no mercado de chocolates. Voltando ao Brasil, Mary descobriu sua paixão
pela confeitaria, em especial os Brigadeiros Gourmet, e criou a então ‘Dona Branca
Doçaria Artesanal’, especializada em doces artesanais com um toque especial sem
perder sua originalidade.
A Mary fez diversos cursos no Brasil, inclusive na ‘Chocolate Academy da
Callebaut’ em São Paulo e estudos sobre o chocolate em si, em especial o Briga-
deiro Gourmet que hoje deixou de ser um doce simples de festa infantil, sendo
introduzido na alta confeitaria brasileira com sabores inusitados e ingredientes de
excelente qualidade.
Em 2014 Mary mudou-se para o Canadá com seu noivo e, após inúmeras pes-
quisas de mercado, nasceu a Mary’s Brigadeiro. Segundo a empresária, tudo isso é a
concretização de um sonho e hoje além de ser seu projeto, se tornou um propósito
que é disseminar a cultura do brigadeiro no Canadá mostrando um pouco mais da
nossa cultura brasileira introduzindo-o no cotidiano dos canadenses e apresentan-
do um novo conceito e opção para eventos, casamentos, aniversários e presentes.
O diferencial da Mary’s Brigadeiro é trabalhar apenas com ingredientes de qua-
lidade, principalmente com o chocolate belga, oferecendo mais de 15 sabores que
vai desde os tradicionais até o Brigadeiro de Maple. Todo trabalho é artesanal desde
O Tal do Brigadeiro28
a confecção dos Brigadeiros que são feitos horas antes da entrega até as embala-
gens que poderão ser customizadas para todos os tipos de eventos. Segundo Mary,
os canadenses estão encantados e descrevem nosso Brigadeiro Gourmet como
‘uniqueandsophisticated’, além dos brasileiros que estão conhecendo através da
Mary’s Brigadeiro a evolução deste doce tipicamente brasileiro.
Os brigadeiros da Mary poderão também podem ser encontrados em lojas
específicas e comprados através do e-commerce. Para encomendar, basta entrar
em contato através das redes sociais, telefone ou whatsapp e também por e-mail.
título do capítulo 29
título do livro30
Capítulo 3
Brigadeiro de Muitas
Formas
Este maravilhoso doce, ídolo das crianças e recente conquistador de um espaço
na alta sociedade, nos encanta com seu sabor e sua
doçura não só na culinária, mas também em outros
momentos da vida.
Brigadeiro de Muitas Formas 33
O Brigadeiro Nas Artes
O brigadeiro está sempre influenciando os brasileiros e os incentivando a re-
produzir toda e qualquer arte de uma forma mais doce.
Na poesia, por exemplo, o brigadeiro inspira os escritores com as lembranças
de suas infâncias e a sensação de ternura e carinho dos bons tempos. O docinho
também muitas vezes é associado ao amor por causa do seu gosto saboroso, da
vontade de “quero mais” e de ficar sempre juntinho com ele.
Brigadeirode Silvia Trevisani
Gosto de brigadeiro,na colher ou na forminhade passar o dedo no tabuleiro,e disputar com a formiguinha.
Brigadeiro tem gosto de sol,de mar, nas férias de janeiro.Tem aroma de girassol,Que delícia o brigadeiro.
Brigadeiro é um sucesso,em aniversário ou evento.Já comi brigadeiroaté em festa de casamento.
Brigadeiro é disputado,com a criança e com o marmanjo,Cada um no seu quadrado,Mas diante de um brigadeiro,
até marmanjo vira anjo.
O Tal do Brigadeiro34
Queria Que Você Fosse Brigadeiro de Panelade Mônica Raouf El Bayeh
Queria fazer um conviteExplicarei com cautelaQueria que você fosseBrigadeiro de panela
Eu te guardaria em segredoNa mais linda e polida baixelaE te provaria com calmaPorque a pressa o sabor atropela
Mergulharia com tudoEu e você na tigelaDe pequenas eternidadesÉ que se faz uma aquarela
Me lambuzaria sem culpaJantaria à luz de velaA gente dormia juntinhoDe pijama de flanela
Sem preocupação com formaAmor no amor se modelaAguardo a sua respostaVeja se não protela
Brigadeiro de Muitas Formas 35
O Tal do Brigadeiro36
Brigadeiro de Muitas Formas 37
A música também não fica para trás. Mais uma vez o brigadeiro retorna nos fazendo lembrar aquele sabor da nossa infância e nos faz associar esse gosto que nos dá água na boca com o maior de todos os sentimentos, o amor. Ah o amor, é tão bom quanto um brigadeiro!
Pronto Pra Ser Delade Thaeme e Thiago
Tudo começou de brincadeiraMas a coisa foi ficando sériaDe segunda a sexta-feiraBaladinha com os amigos
E uns pegas no cinemaTô gostando sim, tá escrito em mim...É aí que tá o problema
Não queria me envolverMas fazer o que se tá gostoso assimNão tem volta, pois não se controlaO que o coração tá falando por mim...
Tô, tô gostando mais que brigadeiro de panelaTá grudado em mim,Eu tô grudado mais que elaPode até passar do ponto
Porque eu já tô pronto pra ser dela
O Tal do Brigadeiro38
Coisa de Mulherde Tabatha Fher
Se você vier te dou um doce, brigadeiro de colherMelhor se fosse na colher de arroz para não faltarQue eu não sou de dar colher de chá
Enquanto Vênus estiver na casa 2Eu te aconselho a não deixar para depoisEnquanto a lua for amiga das marésSerei só tua da cabeça aos pés
E se faltar algum detalhe essencialMesmo que isso te pareça um capricho qualquerCoisa de mulher, Só acontece quando e como a gente querMenino vem! Vem, vemVento corre e vai trás, trás, trásPara mim esse rapaz. Paz, pazPra o meu coração do bem, bem, bem
Menino vem, vem, vemCom essa cara de neném, nem vemNem se arruma pega e vai, vai, vai
Vaidade não convém, vem, vem
Brigadeiro de Muitas Formas 39
A Arte do Brigadeiro nas Festas
Como falar do brigadeiro e se esquecer de falar da forma como ele é apresen-tado. Aquele saboroso brigadeiro de panela que nos faz raspar tudinho até deixá-la limpa novamente. Essas e outras maneiras já deram origem há algumas ideias que foram reproduzidas naquelas festinnas da criançada.
Quem nunca experimentou o brigadeiro de colher? Aquela colherada que a mamãe deixava a gente tirar do doce antes mesmo de enrolá-lo.
Também não podemos esquecer o brigadeiro de copinho que é prático e não me-nos saboroso. Fora que vinha mais brigadeiro que o tradicional. É de dar água na boca!
E com o avanço da culinária ficou possível até fazer brigadeiro no micro-ondas. Fugindo um pouco daquela ideia tradicional que a maioria de nós conhece.
E o brigadeiro tamanho família, já experimentou? Como é bom aquele briga-deirão! Ele é feito como um bolo, mas é 100% brigadeiro.
O Brigadeiro Sem Leite
Nenhuma festa é boa se não tiver bons docinhos, principalmente o brigadeiro.
E quem está se tornando vegano sabe a dificuldade que é abandonar essas delícias
açucaradas. Mas não precisa ser tão traumático e difícil este abandono, já que é
perfeitamente possível adaptar as receitas para este paladar.
Geralmente, a única mudança nas receitas é a troca dos ingredientes provenien-
tes de animais pelos seus substitutos vegetais, geralmente originados da soja. Algu-
mas coisas mudam também no modo de preparo.
A jornalista Fernanda Couto criou a Formiga Brigaderia Sem Leite e se tornou em-
preendera, a princípio sem querer. Quinze dias após o nascimento de seu filho, Miguel,
descobriu que a criança tinha alergia à proteína do leite de vaca. “Tive de mudar toda a
minha alimentação, pois tudo o que eu comia chegava ao meu filho pelo leite materno.
Infelizmente, não há quase opções no mercado de produtos sem leite”, conta. Amante
de brigadeiro, alimento que mais sentia falta depois de dar à luz, Fernanda começou a
pesquisar meios de produzir o doce em casa, utilizando matérias-primas orgânicas e
livres de leite. Levou um ano para chegar à receita perfeita, à base de um leite conden-
sado de coco que ela mesma inventou.
“Quando meu filho completou um ano, em abril, ele pode comer seu primei-
ro brigadeiro. Fiz uma festa com 200 deles, de diversos sabores, como chocolate,
capim-limão e pistache. Foi um sucesso. Minhas amigas começaram a me pedir
encomendas e passei a produzir para vender”, explica. Pouco tempo depois, fechou
um contrato para produção de mais de 10 mil brigadeiros para uma padaria espe-
cializada em produtos artesanais sem leite e glúten nos Jardins, em São Paulo. Para
fazê-los, Fernanda tinha de escolher os fornecedores a dedo. Visitava um a um para
descobrir insumos que eram produzidos “sem traços de contaminação por glúten”.
O Tal do Brigadeiro40
As vendas, feitas principalmente pelas redes sociais da empresa, ganharão escala
com a inauguração da fábrica, esperada para o começo de 2016.
Além de eu ter desenvolvido um produto com potencial de exportação, é um
doce que pode chegar a públicos diferentes, não só os alérgicos. Fernanda recebe
encomendas também de veganos e até de judeus, que seguem uma dieta kosher.
Brigadeiro de Muitas Formas 41
O Tal do Brigadeiro42
O Brigadeiro Pet
Os cães são nossos companheiros para tudo! Mas o que eles amam, não dá
para negar, é uma comida. É só ouvir o barulho de pratos que correm em nossa di-
reção. Doces então, parece que o cheiro do chocolate os desperta. Mas como fazer
a alegria do seu cão, sem prejudicar a saúde dele? Brigadeiros especiais para pets
podem ser o mimo que você estava buscando.
Isso mesmo! Depois de muita pesquisa, a empreendedora do ramo de briga-
deiros gourmet, Brenda Oliveira Otero, criou a primeira linha de brigadeiros para
cães, o Brigadeiro Pet. Disponíveis nos sabores: Carne & Vegetais, Frango & Cereais
e Frutas, Aveia & Mel, são ótimas opções para diversificar a alimentação dos cães e
deixá-los com o rabo abanando de felicidade.
É tudo artesanal! Os produtos são selecionados com todo o cuidado: naturais,
sem conservantes ou corantes – nada para prejudicar os animais. E o chocolate, não
afeta a saúde dos cães? Como tudo é feito dentro do que a alimentação animal per-
mite, o ingrediente principal destes deliciosos doces foi substituído pela alfarroba.
Além de gosto, cheiro e textura quase iguais aos do cacau, a polpa desta vagem não
tem lactose, glúten, açúcar e, principalmente, estimulantes, os causadores de malefí-
cios para os cães. Dá para agradá-los com um mimo todo especial!
O Buffet o Francês também lançou uma linha especial para pets que leva pasta
de amendoim (rica em vitamina E para manter a imunidade sempre alta), manteiga
(fonte de vitaminas A e D), mel (contribui com a imunidade) e aveia (fibras). Nos
sabores alfarroba, maçã e abacaxi, eles podem ser encontrados em três tamanhos.
título do capítulo 43
Esse livro foi impresso em
papel Couché Fosco 120g/m2
Tipografias utilizadas:
Gotham Rounded
Vanilla
Rio de Janeiro, 2015
O Tal do
Brigadeiro
Meg Cabot
O Tal do Brigadeiro conta a história
desse docinho tão amado e querido
pelos brasileiros. As mudanças que
surgiram com o nascimento do
brigadeiro gourmet e a presença
deles nas artes como músicas e
poemas são só algumas surpresas.
Afinal, essa guloseima está
conquistando até mesmo muitos
corações no exterior. O livro é
indispensável para quem adora
culinaria brasileira, principalmente
seus deliciosos doces.
ISBN 10-20130130-06-4
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