monografia esteadeb
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ESCOLA DE TEOLOGIA DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS NO BRASIL
ESTEADEB
CURSO LIVRE BACHAREL EM TEOLOGIA
GEORGE LEITE FREXEIRA
O ARTIFICIALISMO DA MENSAGEM BÍBLICA POR
PREGADORES SENSACIONALISTAS NUMA GERAÇÃO
PÓS-MODERNA
CARUARU
JANEIRO/2011
GEORGE LEITE FREXEIRA
O ARTIFICIALISMO DA MENSAGEM BÍBLICA POR
PREGADORES SENSACIONALISTAS NUMA GERAÇÃO
PÓS-MODERNA
Trabalho monográfico apresentado como
exigência final para a obtenção do título Bacharel
em Teologia pela Escola de Teologia das
Assembléias de Deus no Brasil – ESTEADEB.
ORIENTADOR: PROF.ª VANESSA DE BARROS LIMA BASTOS SILVA
CARUARU
JANEIRO/2011
Frexeira, George Leite
CDD 90.1
O artificialismo da mensagem bíblica por pregadores sensacionalistas
numa geração pós-moderna. George Leite Frexeira – Caruaru, 2011.
84 f.
Monografia (Curso Livre Bacharel em Teologia) Escola de Teologia das
Assembléias de Deus no Brasil – ESTEADEB.
Orientadora: Vanessa de Barros Lima Bastos Silva
Banca: Vanessa de Barros, Saulo Soares, Erodita.
Inclui bibliografia
1. Componentes éticos e sociais na pregação. 2. Artificialidade e
sensacionalismo nas mensagens. I. Autor. II. Escola de Teologia das
Assembléias de Deus no Brasil. III. Título.
CDU 90.10
ERRATA
Folha Linha Onde se lê Leia-se
13 3 “bombardeados” “bombardeadas”
15 6 “geração” “gerações”
36 15 “utiliza” “utilizam”
50 31 “atestará” “atestarão”
77 5 “acostumadas” “acostumados”
O ARTIFICIALISMO DA MENSAGEM BÍBLICA POR PREGADORES
SENSACIONALISTAS NUMA GERAÇÃO PÓS-MODERNA
GEORGE LEITE FREXEIRA
Aprovado em:_____/_____/_____
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________________
Profª Vanessa de Barros Lima Bastos Silva
Bacharel em Teologia com Concentração em Missiologia – BETEL
Licenciatura Plena em Educação Religiosa – BETEL
Pós-Graduação em Teologia Bíblica – SPN
___________________________________________________________________________
Profº Alessandro Barreto
Bacharel em Teologia com Concentração em Missiologia – STPN
Licenciatura Plena em Teologia – IBETEL
Curso Superior em Teologia – UMESP
Capelania Evangélica – UCEBRAS
Pós-Graduação em Educação Religiosa Escolar e Teologia Comparada - ESAB
___________________________________________________________________________
Profª Erodita D`ángele
Licenciatura Plena em Educação Religiosa – STEN
Licenciatura Plena em Ciências da Religião – UVA
Pós-Graduação em Ensino de História das Artes das Religiões - URPE
Dedico aos meus pais (in memorian), pois, se há
algo a elogiar em meus pensamentos ou em meu
estilo, o crédito é devido a eles, por me instruírem
de um amor precoce pelas Escrituras.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus que me deu a inspiração, e a minha amada esposa e filhos pela
compreensão das muitas horas que tive que dedicar à elaboração desta obra, omitindo muitas
vezes a minha presença em família. Agradeço também ao nosso Pastor Presidente das
Assembléias de Deus (Ministério do Recife/PE) Ailton José Alves, bem como ao Gestor da
filial em Caruaru (PE), o Pastor Jayme Alexandre dos Santos por terem uma visão
cristocêntrica e uma percepção viva e dinâmica do aprendizado das Sagradas Escrituras,
permitindo o estudo aprofundado em um curso teológico voltado para as bases e os
fundamentos da nossa fé, bem como o melhor conhecimento das diretrizes das nossas igrejas
locais. Gostaria também deixar aqui registrado a alegria e o agradecimento aos nossos
professores da ESTEADEB – Extensão Caruaru/PE, em especial o professor/coordenador
Saulo Soares, a irmã Ana Cândido (professora de grego e hebraico) e a irmã Vanessa Bastos –
nossa orientadora durante o processa de compilação de nossas monografias; e ainda, não
poderia deixar de mencionar a gratidão ao Pastor José Maximiano Sampaio (que pastoreou
uma de nossas filiais na cidade de Pesqueira/PE) sendo meu pastor durante esse período de
minha vida cristã e a primeira pessoa a me apresentar a essa “rainha das ciências”, a
TEOLOGIA, e me incentivar ao seu estudo sistemático e hermenêutico, pela qual tenho
dedicado parte de minha vida a aprofundar-se biblicamente através dela.
“Eu, de muito boa vontade, gastarei e me deixarei
gastar pelas vossas almas”.
II Co 12; 15
RESUMO
Esta pesquisa visa analisar as causas do artificialismo da mensagem bíblica e suas
conseqüências por parte de pregadores neo-pentecostais, que estão preocupados somente com
o sensacionalismo das platéias, deixando fora a essência das Escrituras Sagradas e seu
contexto hermenêutico e doutrinários.
O assunto em estudo é discutido por várias autoridades teológicas e é desafiador para a
geração atual, tendo em vista, o tema não ser conclusivo, porém identificado por fatores
diversos, interna e externamente no âmbito evangélico e que estaremos apresentando durante
o desenvolver desta pesquisa.
A intenção do mesmo não é esgotar o assunto, mas levar os leitores a uma reflexão
cristocêntrica, em detrimento do aumento emocionalista da mensagem e a tendência
mercantilista em que pregadores fazem uso de um marketing às revezes nos púlpitos
protestantes.
Palavras Chaves: artificialismo, pregadores, emocionalismo, sensacionalismo e mensagem.
ABSTRACT
This research aims to analyze the causes of the artificiality of the biblical message and
its consequences on the part of neo-Pentecostal preachers who are concerned only with the
sensationalism of audiences, leaving out the essence of the Scriptures and its hermeneutical
and doctrinal context.
The subjects under study are discussed by various authorities and theology is
challenging for the current generation in order, the subject is not conclusive, but identified by
different factors both internally and externally within evangelical and we will be presenting
during the development of this research.
The intent of that is not exhausting the subject, but lead readers to reflect Christ-
centered, rather than increasing emotional message and mercantilist trend in which preachers
make use of marketing setbacks in Protestant pulpits.
Keywords: artificiality, preachers, emotionalism, sensationalism and message.
SUMÁRIO
Introdução
CAPÍTULO I – INDÍCIOS HISTÓRICOS DO DISTANCIAMENTO DA MENSA-
GEM BÍBLICA....................................................................................................................14
1.1-Formação das famílias denominacionais e suas correntes teológicas.............................14
1.2-O liberalismo teológico numa sociedade pluralista.........................................................18
1.3-Correntes avivalísticas no final do século XX.................................................................23
1.4-O enfraquecimento doutrinário e espiritual e seu impacto na religiosidade....................29
CAPÍTULO II – A ARTIFICIALIDADE NAS PREGAÇÕES E O RADICALISMO
DAS IDÉIAS.........................................................................................................................32
2.1-Tendências modernas e relativistas.................................................................................32
2.2-O marketing nos púlpitos e o utilitarismo mercantilista .................................................36
2.3-Os louvores e a filosofia pragmática...............................................................................38
2.4-Sensacionalismo desesperador e a manipulação das platéias..........................................41
2.5-Ouvintes tendenciosos e viciados....................................................................................44
CAPÍTULO III – COMPONENTES DE UMA CONSTRUÇÃO TEOLÓGICA E
ESPIRITUAL FAVORÁVEIS NA PÓS-MODERNIDADE............................................47
3.1-Ensinar o estudo doutrinário e hermenêutico Bíblico......................................................47
3.2-Empreender uma comunicação evangelística fluente......................................................49
3.3-Interagir com as gerações presentes não desprezando os fundamentos históricos do
passado...................................................................................................................................52
3.4-Favorecer a ética na condução da mensagem e à educação teológica.............................54
Conclusão
Referências Bibliográficas
Anexos
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Desenho 1-Revista Época – Púlpito Cristão/agosto/2010 – Os Novos Evangélicos................26
Desenho 2-Revista Época – Redenção e Rupturas: Dois mil anos de reinvenção da fé
cristã/agosto/2010 – Os Novos Evangélicos.............................................................................28
Desenho 3-Pirâmide de Maslow – Marketing..........................................................................44
12
INTRODUÇÃO
Quando abordamos assuntos como a influência emocionalista de preletores e a
tendência viciosa dos ouvintes, demonstramos a necessidade de uma maturidade cristã em
níveis bem elevados e com um sentimento que retoma os primórdios da igreja primitiva, ou
mais precisamente à alusão ao que Jesus Cristo veio deixar como exemplo nos corações dos
seus seguidores.
O exemplo incansável de dedicação e amor ao próximo nunca teve exigências para
levar as Boas Novas àqueles que necessitavam. Pregador por excelência, Jesus certamente
negava-se a si mesmo quando o assunto era propagar o evangelho. Ele tinha como púlpito um
barco em alto mar, ou uma elevação de uma campina; para que sua voz fosse mais longe,
estrategicamente ele aproveitava o vento ao seu favor, ou enfrentando os preconceitos de sua
época sentava-se com as pessoas de classes mais desfavoráveis. Foi assim que implantou a
sua mensagem na terra e que, esta, por sua vez, tem chegado aos nossos dias atravessando
gerações, culturas, traduções, perseguições, religiosidades, costumes e fortalecendo suas
doutrinas.
Em pleno século XXI cresce a urgente necessidade de “tocar a buzina em Sião” e dar
continuidade ao grande desafio que a Igreja possui de transmitir o mais fiel possível os
registros deixados pelo Mestre por excelência. No entanto: “[...] se a trombeta der sonido
incerto, quem se preparará para a batalha?” (ARA, 1 Co. 14.8b). Em dias atuais demonstrar a
necessidade de um autêntico posicionamento cristão com a transmissão, propagação e ensino
das Escrituras é fator determinante no posicionamento ético, que conduz a boa imagem da
religião ou denominação que assim o pratica e compromisso sério assumido por aquele que é
porta-voz da mensagem Bíblica.
Esta pesquisa assume o papel de incentivar os leitores que fazem uso da Palavra de
Deus e usam os púlpitos denominacionais para influenciar a sociedade pluralista,
aproximando-a da conduta cristã, focalizando a doutrina ortodoxa e hermenêutica, não
perdendo os valores alcançados no passado por homens e mulheres que até deram as suas
vidas para que hoje livremente a salvação fosse anunciada. Procurar identificar as causas que
levam ao esfriamento no uso da retórica e favorecer a sensibilidade pentecostal e carismática,
combatendo os algozes da atualidade que se escondem em novas formas de liberalismo, neo-
13
ortodoxismo, relativismo, fundamentalismo e tantos outros nomes que mais enganam do que
solucionam problemas, são sem dúvida, o maior desafio para a Igreja do nosso século e
principalmente para muitos líderes que vêem suas igrejas sendo bombardeados por
movimentos estranhos e diferenciados, levando muitas “ovelhas a procurarem abrigo em
outro redil”.
Já há muito tempo que a crise do sensacionalismo cresce nas igrejas evangélicas e que
pregadores são capazes de mobilizar as massas, cauterizando suas mentes. Pessoas são
tocadas pela emoção, mas distanciam-se de usar uma reflexão consciente dos valores,
trazendo uma crise de “identidade”, não se lembrando mais de suas raízes. Isso se dá devido à
falta de conhecimento exegético e de uma vida não voltada para a santificação, que os tornam
vulneráveis ao engano dos falsos teólogos, mesmo vivendo em um século de pleno
avivamento espiritual.
14
CAPÍTULO I – INDÍCIOS HISTÓRICOS DO DISTANCIAMENTO DA MENSAGEM
BÍBLICA
1.1-Formação das famílias denominacionais e suas correntes teológicas
“Para compreender o presente é preciso conhecer o passado”. Esta frase de autor
desconhecido serve como ponto alusivo em relação ao que ratificamos nesta pesquisa.
Tentando entender as possíveis causas do distanciamento de muitos pregadores
contemporâneos e suas mensagens com os fundamentos bíblicos, e também a crescente
tendência de atribuir empolgantes apelos pelo emocionalismo dos ouvintes, foi que
procuramos resgatar nos fundamentos das igrejas primitivas onde possivelmente houve essa
lacuna e enfraquecimento do caráter humano para com a Palavra Divina.
Tendo suas origens em décadas passadas, no que se diz respeito à formação teológica
durante a trajetória histórica nas principais igrejas, foram onde grandes nomes aparecem num
cenário turbulento e em constante modificação. Tal influência foi substancialmente afetada
por questões políticas, unindo a Igreja e o Estado, pelas reformas e seus idealizadores e pelos
concílios ecumênicos. Bem mais próximo de nossa época, porém, não menos importante, está
a divisão do Protestantismo, onde temos: verticalmente a formação de famílias
denominacionais (luteranos, anglicanos, presbiterianos, metodistas, batistas e
congregacionais), e horizontalmente influenciados por correntes teológicas e filosóficas, ou
seja, a tradição conservadora da ortodoxia (doutrina), o puritanismo (santidade), o pietismo
(devoção), o liberalismo (razão) e os avivamentos pentecostais (impulso missionário).
A esses dois fenômenos (denominacionais e teológicos), as influências de Martinho
Lutero, João Calvino, Jacó Armínio, João Wesley, Jonathan Edwards e muitos outros
formariam as bases para uma construção de elementos de uma fé protestante, ou seja:
características denominacionais, doutrinas e credos protestantes e afirmações teológicas. É
através dessas afirmações que os idealizadores abrem um “leque” para propagar as mais
variadas formas de interpretação das doutrinas Bíblicas e a forte influência da imposição de
seus dogmas através de seus seguidores e de todo um contexto político-filosófico sofrido em
decorrência da busca do ser humano completo. Longe de eu afirmar que esses grandes
homens são responsáveis pela propagação errônea da mensagem atualmente; a intenção não é
15
esta. Sabemos que foram pessoas que agiram de forma correta em uma época que se exigia
tomar posicionamento para afastar as constantes ameaças ao cristianismo. O problema resulta
depois que esses nomes deixam o cenário da vida e entregam seu legado a seus substitutos e
assim por diante, compulsoriamente a ortodoxia vai perdendo espaço para dogmas humanos, a
santidade apresenta-se no homem como egocêntrica, e a devoção esfria-se resultando em
néscios na fé. Gerações após geração vêem o protestantismo ser minado, não por perseguições
que finalizavam na morte de multidões de pessoas, mas agora por uma infiltração sorrateira de
cismas com os postulados da fé cristã e uma conseqüente propagação errada, superficial e
insípida da genuína Palavra de Deus.
Dentre as muitas causas que levaram os protestantes históricos a fomentarem uma
teologia cristocêntrica, porém seguindo rumos e ideologias diferentes, têm como resumo a
busca incessante do ser humano em se redimir de sua situação caótica de pecado e o seu
impulso vertiginoso de praticar o que é “reto e bom”, custe o que custar, seja qual for o preço.
Os palcos onde foram dramatizados esses relatos de busca ao conhecimento divino retomam
desde tempos bem antigos da história da humanidade, porém o nosso relato se prende
precisamente a partir do século XVI e avançam para o presente como uma numerosa chuva de
idéias e práticas filosóficas dentro do protestantismo.
Segundo OLSON (2001, p. 463), com o rompimento de Martinho Lutero e a Igreja
Católica, os protestantes discordavam entre si sobre várias questões secundárias, mas
conseguiram compor uma frente relativamente unida contra a Igreja de Roma. Mesmo com
suas diferenças, teólogos luteranos, reformados e anglicanos permaneceram unidos
teologicamente, mas não politicamente. É aí que o século XVII testemunhou o aparecimento
de grandes “rachaduras teológicas”, não somente entre as famílias protestantes, mas também
dentro de cada uma delas.
O Arminianismo, que teve seu principal fundador, o teólogo reformado holandês Jacó
Armínio, entra em oposição direta com os seguidores de Zuínglio e de Calvino em conflitos
desgastantes sobre a doutrina da predestinação. A doutrina calvinista clássica estava sendo
rejeitada em favor de uma crença mais anabatista no sinergismo e no livre-arbítrio. Ainda hoje
os calvinistas tradicionais acusam freqüentemente os arminianos por terem se “desviado” da
teologia protestante clássica, rejeitando as crenças fundamentais da Reforma protestante,
iniciadas por Lutero.
16
Segundo intérpretes da atualidade, “um dos movimentos menos compreendidos da
história do cristianismo é sem dúvida, o pietismo” (OLSON, 2001, p. 485). Era um
movimento da renovação que pretendia completar a Reforma protestante alemã, e seus
principais pensadores e líderes eram clérigos luteranos, porém tal reforma deveria ser
consumada por uma nova reforma da vida. A característica principal do pietismo protestante
era ressaltar a experiência religiosa pessoal, especialmente o arrependimento e a santificação.
OLSON (2001, p. 488) relatou em sua obra que o pietismo adotava um lema popular:
“Melhor uma heresia viva do que uma ortodoxia morta”, referindo-se assim da reforma
luterana que se encontrava destituída e caótica.
Outro movimento bastante controverso, contudo também se preocupou de aprimorar a
reforma protestante, foi o puritanismo que forçosamente se opôs ao anglicanismo dentro da
Igreja de Inglaterra da Rainha Elisabete I. Eram os herdeiros dos “evangelistas fervorosos” e o
rótulo puritano lhes foi atribuído pelo desejo de purificar a igreja dessas tradições e adaptá-la
à sua própria visão da genuína teologia e prática reformada (OLSON, 2001, p. 508). Na
Inglaterra os puritanos se dividiram em várias denominações, dentre elas: Os Presbiterianos
calvinistas e os congregacionais e batistas dissidentes. Com o seu ideal da igreja pura, os
puritanos tiveram em Jonathan Edwards o principal avivador no século XVII. Porém com o
enfraquecimento puritano, as igrejas anglicanas se voltaram para o racionalismo frio, e é nesse
cenário que aparece John Wesley, o fundador do metodismo, que em outras palavras significa:
criar e praticar um método de espiritualidade (OLSON, 2001, p. 522). John Wesley preocupa-
se em reavivar o espírito evangélico da Igreja da Inglaterra, porém sem impor a teologia
reformada às pessoas. Historiadores descrevem sua teologia como um “arminianismo do
coração” combinado com o pietismo que ardia com o fogo do reavivamento.
Roger Olson, já citado aqui, menciona em sua obra: História da Teologia Cristã – 2000
anos de tradição e reforma que:
[...] O cristianismo evangélico é uma subcultura multifacetada notoriamente difícil
de definir com precisão [...] A teologia e a vida evangélicas têm uma doutrina
conservadora, no sentido de procurar preservar e manter as doutrinas cristãs
clássicas dos pais da Igreja e dos reformadores. Tanto Edwards quanto Wesley
resistiram ao que consideravam inclinação para o racionalismo e a acomodação à
cultura. Tinham se comprometido com a ortodoxia cristã, (2001, p. 528).
No século XVII e início do XVIII, outros reformadores tentaram levar o
protestantismo para uma nova e diversa maneira de pensamento. Denominada de deísmo, essa
corrente teológica segundo Olson (2001, p. 531) elevavam a razão humana e a religião acima
17
da fé e da revelação especial, procurando fortalecer a ciência, a filosofia e a política.
Influenciada fortemente pelo Iluminismo, a maioria dos deístas não se filiaram a nenhuma
igreja unitarista e continuaram como religiosos independentes sem nenhum vínculo
denominacional. O legado do deísmo é visto na ascensão da teologia liberal protestante do
século XIX.
A cultura moderna se faz imponente na relação do homem e sua capacidade de
ideologias definidas por filósofos, sociólogos, poetas, políticos, psicólogos e muitos outros. A
teologia liberal tenta ajustar-se à cultura moderna, porém sem muito êxito, principalmente no
âmbito de tradições religiosas ortodoxas. “A necessidade de reconstruir o pensamento
tradicional cristão à luz da cultura, filosofia e ciências modernas, e a necessidade de descobrir
a verdadeira essência do cristianismo, destituída dos dogmas tradicionais que não eram mais
relevantes nem possíveis de serem criados à luz do pensamento moderno” conforme Olson
(2001, p. 547) aponta para o liberalismo como uma tendência inevitável do futuro.
A mudança mais dramática que ocorrera no protestantismo, principalmente da
América Latina, surgiu com a chegada da forma pentecostal do cristianismo, originário dos
EUA no início do século (1901), em dois modelos distintos: o sueco e italiano. Conforme
Cairns (1995, p. 374) o movimento das Assembléias de Deus que começou no Brasil com
Gunnar Vingreen e Daniel Berg, em Belém do Pará tinha o impulso missionário dos
avivamentos que estavam acontecendo gradativamente em vários países das Américas.
Também fazendo alusão ao referido movimento, Reily (2003, p. 364) argumenta que o
pentecostalismo surgiu do movimento de “santidade”, que por sua vez deve muito aos ideais
wesleyano da perfeição cristã como uma segunda obra da graça, distinta da justificação, e que
os últimos anos presenciariam a proliferação de novos ramos e notável crescimento e
expansão geográfica do movimento. É nesse cenário que surgem, além da Assembléia de
Deus no Brasil, outras igrejas com costumes e adorações próprias de avivalísticas, tais como:
a Igreja do Evangelho Quadrangular, Congregação Cristã no Brasil e Igreja Evangélica
Pentecostal O Brasil para Cristo.
[...] Por causa dos métodos e do tipo de espiritualidade comuns entre os pentecostais
(tendências proselitista; moralismo rigorista proibindo cinema, teatro, TV, fumo e
álcool; proibindo às mulheres o uso de maquiagem, roupa justa e cabelos curtos), de
aspectos da sua teologia (sua interpretação da doutrina do Espírito Santo,
especialmente quanto aos dons, seu biblicismo, sua postura antiecumênica) e ainda
por razões sociólogas (seus membros parecem ser das classes inferiores e
marginalizadas, e as igrejas pentecostais constituem-se, desse modo, em “refúgio
das massas”), houve pouco diálogo entre pentecostais e igrejas históricas no Brasil. (REILY, 2003, p. 366).
18
Diante de tantos acontecimentos durante a trajetória do protestantismo é nítido como a
mensagem Bíblica ficou ao mesmo tempo em que estudada rigorosamente por teólogos
comprometidos com a verdade, também exposta às interpretações próprias de questões mais
que políticas do que evangélicas. E nesse ambiente cultural-filosófico em transformação que o
nosso século XXI é bombardeado por inúmeras seitas e falsos ensinadores que tombaram a
mercê do egoísmo litúrgico ao enfraquecimento dos pilares do cristianismo.
1.2-O liberalismo teológico numa sociedade pluralista
O liberalismo teológico ou teologia liberal foi um movimento cuja produção se deu
entre o final do século XVIII e início do século XIX. Relativizando a autoridade da Bíblia, o
liberalismo teológico estabeleceu uma mescla da doutrina Bíblica com a filosofia e as ciências
da religião. Logo, uma pessoa que não reconhece a autoridade final da Bíblia em termos de fé
e doutrina é denominada, pelo protestantismo ortodoxo, de “teólogo liberal”. Um nome
considerado o principal idealizador e pai da teologia liberal foi Friedrich Schleiermacher
(1768-1834).
Em grosso modo os liberais negam a inerrância bíblica, a historicidade dos milagres, o
nascimento virginal, a divindade, ressurreição corpórea e parousia (advento) de Cristo. O
liberal clássico crê que a religião é apenas um sentimento de encontro do homem finito com o
infinito, o que gera um sentimento de independência, ou seja, se o homem sente a comunhão
com Deus, ele está salvo, sem precisar crer no Evangelho de Cristo.
NICODEMUS (2008, p. 35) diz: “[...] Sempre fiquei admirado com o radicalismo das
idéias e a criatividade dos antigos liberais alemães e americanos. Impressiona-me a coragem
que demonstravam em cruzar as linhas que claramente demarcam o solo santo da fé histórica
da Igreja”. “[...] O liberalismo não é cristianismo, mas outra religião” (MACHEN apud
NICODEMUS, 2008, p. 35). Preocupados com a comunicação da fé ao homem moderno
através da teologia e à sua mentalidade, os liberais, desenvolveram características próprias:
uma leitura crítico-racional das Escrituras, não-confessionalidade credal, não se devem crer
naquilo que a ciência não explica (referindo-se aos milagres) e ética relativista moral, onde
não há nada certo ou errado, tudo é relativo.
19
O termo teologia (derivada de duas palavras gregas, Theos e logos) é definido aqui
como: “a doutrina de Deus”, ou em um sentido mais amplo como “a ciência de Deus e suas
relações com o universo” (DAMIÃO, 2007, p. 39). Diversos grupos religiosos procuram dar
uma aplicação própria ao sentido da palavra teologia, e com isso escurecem a sua verdadeira
identidade e sua utilização no método científico para buscar o conhecimento sistemático da
Bíblia.
Como os movimentos antigos ressurgem com novos rótulos e em alguns casos só
reestruturam, os neoliberais aparecem para melhorar o que já havia sido antes feito; e em tese
nada mudam dos seus primeiros pais, no entanto, hoje, muitos teólogos pós-modernos usam
dessas ferramentas para relativizarem as Escrituras. A Teologia da Libertação, o Movimento
Teológico Feminista, a Teologia Negra, Movimento da Nova Era são alguns que prenunciam
para o cristianismo o porquê dos neoliberais serem nocivos à Palavra de Deus. Segundo Grenz
e Olson (2003, p. 237) as várias tentativas de responder à experiência contemporânea de
opressão dos tiranizados da sociedade, apelaram para o tema da libertação, ou seja, unir forças
com os oprimidos e discriminados numa luta a favor deles para descobrirem a realidade de
Deus. É ai que várias linhas da teologia da libertação tiveram como ponto inicial a crítica ao
intelectualismo característico da teologia tradicional quanto moderna.
A Teologia Negra, iniciada nos EUA na década de 60, reavivou o interesse e
intensificou o significado dos temas religiosos característicos da história dos negros na
América. Seus escritores refletem o envolvimento com o liberalismo ou a neo-ortodoxia de
seus professores. O seu início ocorreu com o impacto dos grandes acontecimentos para os
negros dos Estados Unidos, personificado por Martin Luther King Jr., quando abordou os
direitos civis igualitários. Wilmore e Cone, apud Grenz e Olson (2003, p. 242) sugerem que a
teologia negra desenvolveu-se em três estágios. Entre 1966-1970, indicou o fim da
subordinação das igrejas negras ao protestantismo branco; logo em seguida o foco saiu das
igrejas negras e voltou-se para as instituições acadêmicas, quando teólogos profissionais
entram em cena num vigoroso debate entre os estudiosos brancos; em terceiro estágio iniciado
por volta de 1977, os teólogos negros desenvolveram treinamentos para os futuros líderes e
seminários para o povo das igrejas e seu público.
Um grande problema da teologia negra era o fato dela ser etnocêntrica, ou seja, aberta
somente para seus membros negros e a doutrina cristã tradicional e seus elementos teológicos:
Deus, pecado, salvação eram apresentados em termos políticos, sociais e econômicos,
20
afastando-se do espiritualismo que embelezava a teologia clássica. A teologia negra da ênfase
a cor, no ecumenismo negro e na “negritude” - um emblema de uma identidade cultural, e um
termo usado bem mais que a consciência da cor da pele, tendo a ver com a afra-descendência,
como uma nova definição, compreensão e sentimento de valor do negro em sociedade, que até
então, significava sujeira, feiúra, maldade, etc.
Também de forma crescente durante a década de 70 (século XX), a Teoria da
Libertação, corrente teológica que engloba diversas teologias cristãs desenvolvida nos países
do Terceiro Mundo (América Latina), baseada na opção pelos pobres contra a exclusão social
e sua libertação, têm suas raízes em uma militância revolucionária. Os movimentos mais
recentes dessa teologia encontram-se nos acontecimentos religiosos e seculares da metade do
século XX, e no Brasil, Paulo Freire, escritor, envolveu-se num programa chamado por ele de
conscientização, onde os próprios pobres deveriam se libertar de sua “mentalidade
condicionada de dominado” e os ricos de dominadores (GRENZ; OLSON, 2003, p. 253).
[...] A situação da pobreza é denunciada como pecado estrutural e estas teologias
propõem o engajamento político dos cristãos na construção de uma sociedade mais
justa e solidária, cujo projeto identifica-se com os ideais da esquerda. A Teologia da
Libertação nasceu da influência de três frentes de pensamento: O Evangelho Social,
das igrejas norte-americanas do missionário e teólogo presbiteriano Richard Shaull,
a Teologia da Esperança, do teólogo reformado Jürgen Moltmann e a Teologia
Política, na Europa, do teólogo católico Johann Baptist Metz e nos EUA, do teólogo
batista Harvey Cox. Utilizando o Marxismo como base ideológica do movimento, a
Teologia da Libertação é herética, sendo condenada inclusive pela Igreja Católica
Romana (WIKIPEDIA, Teologia da Libertação. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia_da_liberta%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em
17 jul. 2010).
O Movimento Teológico Feminista é uma corrente ideológica definida como uma das
expressões de crescente alienação do Cristianismo tradicional e sua teologia entre as
feministas; Grenz e Olson, (2003, p. 269) ainda descrevem sobre esse pensamento:
[...] Nas palavras de uma das principais teólogas feministas: “Quanto mais alguém
se torna feminista, mais difícil fica ir à igreja”. Aquelas que escolheram ficar dentro
da igreja institucional têm feito pressão para que se use uma linguagem inclusiva
nos cultos, de modo que a humanidade não seja identificada pelo termo “homem” e
Deus não seja sempre Pai, mas também Mãe algumas vezes. A arte da igreja
também é afetada. Uma escultura de “Crista” – Cristo como uma mulher crucificada
– pode ser vista numa catedral em Nova York.
Abordando a questão da consciência feminina, este movimento iniciado na América
do Norte é resultante do Movimento Feminista que compartilha semelhanças entre a Teologia
Negra e a Teologia da Libertação, partindo da questão de opressão e dominação, ou seja, o
machismo e o patriarcado – a dominação cultural das mulheres pelos homens. É necessário
21
observar que nem toda a teologia feminina é cristã; algumas são judias e outras não-cristãs
que defendem uma nova forma de paganismo através da adoração da “Deusa Mãe”.
Conforme uma das grandes articulistas desse movimento, Rosemary Ruether, as
tradições bíblicas deveriam caracterizar também “a identidade da mulher, sua igualdade à
imagem de Deus, sua igual possibilidade de redenção, sua participação na profecia, ensino e
liderança” (GRENZ; OLSON apud RUETHER, 2003, p. 272). Enfatizam que toda doutrina e
conceito teológico precisavam ser examinados à luz da consciência de que as mulheres
haviam sido oprimidas na igreja igualmente quanto em outras partes da sociedade.
As abordagens das teólogas feministas em relação à crítica da tradição cristã delatam o
androcentrismo - “visão de mundo dentro da qual o homem possui toda dignidade, virtude e
poder, ao contrário das mulheres, que são vistas como inferiores, defeituosas, menos do que
plenamente humanas, estranhas ou o outro em relação às normas masculinas” (GRANZ;
OLSON, 2003, p. 274). Todas as teólogas feministas concordam que as Escrituras sozinhas
não podem ser usadas como princípio de autoridade para a teologia, pois nela está uma
influência forte do Patriarcado. Quando se fala em “feminização” da igreja, as mulheres ainda
são responsáveis pela maior quantidade de indivíduos que “enchem” os bancos das mesmas
em todos os países da civilização ocidental (PEARCEY, 2006, p. 364) - o que se deu a origem
do estereótipo de que religião é para mulheres e crianças. No entanto no judaísmo e islamismo
os homens predominam.
Fica notório, que para nós cristãos, é indiscutível sabermos diferenciar entre o
movimento a favor da igualdade e direitos das mulheres dentro da igreja e a teologia
feminista, pois, enquanto o primeiro tem ganhado espaço dentro de muitas religiões cristãs e
linhas teológicas mostrando a participação plena das mulheres ao lado dos homens, o
segundo, no entanto, com as idéias e afirmações ensinadas por suas seguidoras deixam bem
claro que não se trata de um movimento de feminismo cristão, mas de uma distorção nociva
aos postulados sociais e éticos da ortodoxia contemporânea. Isso não é teologia e sim
ideologia.
Outro grande acontecimento no campo ideológico foi o conhecido Movimento da
Nova Era1 que se originou na fundação da Sociedade Teosófica em 1875, em Nova York, pela
russa Helena Petrovna Blavatsky. Uma das doutrinas básicas da teosofia ensina que todas as
1 SOLASCRIPTURA, A História do Movimento Nova Era. Disponível em: <http://solascriptura-
tt.org/Seitas/HistoriaMovNovaEra-SilasSSousa.htm>. Acesso em: 17 jul. 2010.
22
religiões têm "verdades comuns", as quais transcendem todas as diferenças. Os adeptos da
Sociedade Teosófica acreditavam na existência de “mestres”, os quais seriam seres espirituais
ou homens especialmente favorecidos pelo destino e que haviam “evoluído” mais do que a
grande massa, isto é, os que haviam se tornado especialmente “iluminado”.
Os programas dos grupos da Nova Era, que à primeira vista têm assuntos sobre um
estilo de vida saudável, foram aceitos na economia e em todas as camadas sociais, até mesmo
em alguns círculos cristãos. Eles contêm, normalmente, os seguintes itens, os quais, no fundo,
são diversas formas de técnicas orientais de ocultismo: meditação (ioga e terapias de
relaxamento), hipnose, cura psíquica (visualização e "pensamento positivo"). Estas duas
últimas partem da hipótese de que o homem converte em vida o que ele pensa, isto é, que o
subconsciente transforma em realidade os nossos pensamentos e desejos. Especialmente o
"pensamento positivo" é freqüentemente praticado e até mesmo baseado em versículos
bíblicos e denominado como "fé", apesar de premissa anti-bíblica de que a força básica de
qualquer homem seja boa. Para o movimento, Deus não é uma pessoa distinta da trindade,
mas uma força, uma energia, uma consciência universal.
Por esse pluralismo religioso, em que a sociedade vive mergulhada nesse novo
paradigma, é que teorias penetram-nos mais distantes lugares e tentam frear o impulso
missionário dos que fazem uso da Palavra de Deus. “[...] Todavia, o termo „pluralidade‟ é
utilizado por muitos no sentido absoluto, para negar toda unidade, igualdade, harmonia e
coerência que porventura existam no mundo, nas idéias, nas pessoas e nas culturas”
(NICODEMUS, 2008, p. 43).
Hoje o sincretismo religioso faz do nosso Brasil um país onde existe plena liberdade
religiosa, o que de início parece ser benéfico, porém, resulta numa “faca de dois gumes”,
percebendo que os índices para o avanço das seitas e teologias promíscuas são muito mais
elevados do que para o avanço da Igreja que está acanhada diante de uma sociedade
globalizada, do impacto da modernização e da desagregação da cultura tradicional em países
emergentes, como é o caso brasileiro. 2 Tm 4.3 diz: “Porque chegará o tempo em que não
suportarão a sã doutrina; mas, desejando muito ouvir coisas agradáveis, ajuntarão par si
mestres segundo seus próprios desejos” (ARC). Uma obra de referência que aborda tais
propagações durante a história da Igreja esta apensa no livro Patrística: origem e
desenvolvimento das doutrinas da fé cristã de J. N. D. Nelly e que corrobora com o
pensamento aqui exposto.
23
1.3-Correntes avivalísticas no final do século XX
O pentecostalismo clássico tem desaparecido em muitos movimentos neo-pentecostais
e onde não há pentecostes, há lugar para eloqüências (faculdade de falar ou escrever de
maneira eficaz) frívolas (vão, sem importância, de pouco valor) e um avivamento ilusório e
aparente.
Vinson Synan2 menciona em seu livro: O Século do Espírito Santo – 100 anos do
avivamento pentecostal e carismático – a existência de uma “terceira onda do Espírito Santo”,
proposto em 1983 por C. Peter Wagner (professor de crescimento da igreja, do Seminário
Teológico Fuller); ele retrata o trajeto desse pentecostalismo e seus acontecimentos com
imparcialidade, quando a imprensa ataca e critica, ele descreve com neutralidade, tendo em
vista, a crescente propaganda que se levanta por trás deste cenário de pregações, mensageiros
e grandes quantidades de espectadores que compõem esta história.
[...] A primeira onda é conhecida atualmente como pentecostalismo ou avivamento
pentecostal; a segunda onda, como movimento carismático ou renovação carismática
seguida pela terceira onda, não pentecostal e não carismática, porém neocarismática.
[...] As três ondas surgiram no cenário mundial com força explosiva. A primeira
onda se difundiu rapidamente por todo o mundo missionário, resultando em 65
milhões de pentecostais hoje, dos quais 63 milhões são pentecostais clássicos. A
segunda onda arrastou as grandes denominações não pentecostais, alcançando 175
milhões de carismáticos hoje. Já a terceira onda, maior que as duas anteriores juntas,
alcançou até o momento da publicação deste livro 295 milhões de neocarismáticos.
(SYNAN, 2009, p. 503/504).
Procuramos definir aqui inicialmente o que não é avivamento. Conforme
NICODEMUS (2008, p. 151) a prática errada dos chamados dons sobrenaturais em busca da
satisfação própria (falsas visões, falsos sonhos, falsas revelações, falsos milagres, falsas curas,
falsas línguas e falsas profecias), o „louvorzão‟, o ajuntamento de massas em eventos
especiais que enaltecem o ego humano, e coisas assim, é um conceito de avivamento e
plenitude do espírito que permeia o evangelicalismo brasileiro em nossos dias. É identificado
o avivamento dessas massas mais com manifestações externas e a chamada liberdade
litúrgica. O termo correto de avivamento3 “[...] é o resultado da ação do Espírito na vida do
crente, enchendo-o e habilitando-o para cumprir a vontade do Senhor no seu contexto
2 Pastor em duas igrejas pentecostais Holiness (EUA), e respeitado historiador dos movimentos pentecostal e
carismático, que também tem doutorado pela Universidade Regent University na Geórgia. 3 AMORESE, Rubem Martins. Avivamento Espiritual. Disponível em:
<http://www.monergismo.com/textos/avivamento/avivamento_amorese.htm>. Acesso em: 17 jul. 2010.
24
específico de vida (conotação coletiva de um movimento). É resultado também da ação
(permissão, ou submissão) do homem, no sentido de buscar santidade e de se deixar encher
por Deus”. Tem sido usado para designar momentos específicos na história da Igreja em que
Deus visitou seu povo de maneira especial, pelo Espírito Santo, de maneira que os impactados
por Ele produziam uma diferença perceptível ao mundo em seu redor. Uma análise mais
detalhada do assunto abordado nesse tópico pode ser definida com a frase: “[...] Os
evangélicos conservadores são como canais, com tudo domesticado e canalizado; os
carismáticos são como corredeiras, incontroláveis e perigosas. Adivinhe quem são os rios
navegáveis?” (CARSON, 2010, p. 13 apud KINGS).
Sem querer, o movimento pentecostal/carismático se tornou a maior e mais dinâmica
força ecumênica popular no mundo cristão no final do século XX e a penetração do
neopentecostalismo nas igrejas históricas aconteceram e trouxeram à cena uma nova geração
de cristãos que ia além de aspectos geográficos ou denominacionais, pois se desenvolvia no
âmbito espiritual. Um exemplo desses “despertamentos” foi o emblemático acontecimento
denominado Renovação Carismática Católica e que trouxe uma série de problemas. “[...] Essa
intensa atividade ecumênica desagradou os líderes pentecostais [...] que suspeitavam do
liberalismo do movimento conciliatório e da expansão do movimento carismático entre
católicos romanos” (SYNAN, 2009, p. 479).
Muitos estudiosos e os meios de comunicação comentam que o crescimento
vertiginoso do pentecostalismo ao redor do mundo é certo. O Dr. David Barrett4, relatou um
crescimento ainda maior que o estimado pelos especialistas através de estudos demográficos
mostrando que a renovação continuará crescendo e com ela abrindo portas para novas igrejas
ressurgirem e grupos dissidentes agregarem-se a outras já em expansão. Nos últimos anos
vimos o surgimento das megaigrejas, embora algumas não sejam carismáticas, a maioria é
pentecostal ou carismática independente. De acordo com o especialista em megaigrejas John
Vaughn apud SYNAN (2009, p. 493), as quatro maiores igrejas do mundo em 1998 eram:
Igreja do Evangelho Pleno de Yoido – Seul, Coréia do Sul – David Yonggi Cho – 730
mil membros.
Igreja Metodista Pentecostal Jotabeche – Santiago, Chile – Javier Vasquez – 350 mil
membros.
4 Universidade Regent apud SYNAN (2009, p. 490).
25
Assembléia de Deus de Anyang – Seul, Coréia do sul – Yong Mok Cho – 150 mil
membros.
Igreja Bíblica Vida Profunda – Lagos, Nigéria – William Kumuyi – 145 mil membros.
Um tempo em que ritos, doutrinas, tradições, dogmas, jargões e hierarquias estão sob
profundo processo de revisão, apontando para uma relação com o Divino, muito diferente dos
padrões tradicionais cristãos, atualmente mega igrejas são alvo de discussões da mídia que
critica o consumismo, a corrupção e os dogmas da igreja. Será que estaremos à mercê de uma
“nova reforma protestante?”
A revista Época do mês de agosto/2010 trouxe como matéria de capa “A nova
Reforma Protestante”, onde trata de cristãos que buscam o retorno ao Evangelho puro e
simples de Cristo, na contramão de boa parte da igreja evangélica brasileira, fascinada com
movimentos heréticos como a teologia da prosperidade
Estima-se que haja cerca de 46 milhões de evangélicos no Brasil. Seu crescimento foi
seis vezes maior do que a população total desde 1960, quando havia menos de três milhões de
fiéis espalhados principalmente entre as igrejas conhecidas como históricas (batistas,
luteranos, presbiterianos e metodistas).
Na década de 1960, a hegemonia passou para as mãos dos pentecostais, que davam
ênfase em curas e milagres nos cultos de igrejas como Assembléia de Deus, Congregação
Cristã no Brasil e O Brasil Para Cristo. A grande explosão numérica evangélica deu-se na
década de 1980, com o surgimento das denominações neo-pentecostais, como a Igreja
Universal do Reino de Deus e a Renascer. “[...] Elas tiraram do pentecostalismo a rigidez de
costumes e a ele adicionaram a teologia da prosperidade5”. Há quem aposte que até 2020
metade dos brasileiros professará à fé evangélica.
Vale comunicar que o neo-pentecostalismo é um “[...] rio, cuja força produz uma
corredeira sinuosa e forte6 [...]” por onde muitas igrejas e seus líderes procuram navegar
forçando as massas a se arriscarem por essas incontroláveis ondas. É verdade atribuir os
5 ÉPOCA, Revista. Disponível em: <http://estrangeira.wordpress.com/2010/08/07/revista-epoca-os-novos-
evangelicos/> Acesso em: 19 de dez de 2010.
6 CARSON, D. A. Igreja Emergente, o movimento e suas implicações. Trad. Marisa K. A. de Siqueira Lopes. 1ª
ed. São Paulo: Vida Nova, 2010, 288 p.
26
maiores crescimentos, principalmente nos últimos anos, das igrejas neo-pentecostais devido
ao seu poder de utilizar os dons espirituais e a capacidade de evocar o nome de Deus para
solucionar os problemas da população – digam-se de passagem, problemas é o que não falta
na vida do ser humano – quer seja financeiros, de saúde, familiar, psicológicos e sociais, ou
seja, têm vasta área para trabalharem as suas filosofias.
(Recuperado do site: <http://www.pulpitocristao.com/2010/08/nova-reforma-protestante.html> Acesso em: 19 de
dez de 2010)
Preocupados com o crescimento evangélico (mesmo que horizontalmente
desproporcional em números sem uma verticalidade hierárquica voltada para os moldes
cristocêntricos), principalmente no Brasil, autoridades em áreas como teologia, sociologia,
psicologia, política e outras se aplicam incansavelmente na busca pela solução desse aumento
vertiginoso, em especial do neo-pentecostalismo – um exemplo notório atual é o rápido
crescimento da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus).
[...] A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) é uma igreja cristã evangélica neo-
pentecostal, com sede no Rio de Janeiro. Fundada no dia 9 de julho de 1977, por
Edir Macedo, a IURD se tornou o terceiro maior grupo pentecostal do Brasil e está
presente em quase 200 países, segundo a instituição. [...] A Catedral Mundial da Fé é
a sede mundial da Igreja Universal do Reino de Deus. [...] No Brasil é conhecida
como Templo Maior e tem 45.000 m², que juntando as construções externas chega a
72 mil. A construção é o maior templo da América Latina em área construída, O
templo tem capacidade para cerca de 15 mil pessoas sentadas. (WIKIPÉDIA.
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Catedral_Mundial_da_F%C3%A9>
Acesso em: 19 de dez de 2010).
27
Um dos maiores estudiosos do fenômeno evangélico no Brasil, o sociólogo Ricardo
Mariano (PUC-RS), vê como natural o embate entre neo-pentecostais e as lideranças de
igrejas históricas. Ele lembra que, desde o final da década de 1980, quando o neo-
pentecostalismo ganhou força no Brasil, os líderes das igrejas históricas se levantaram para
desqualificar o movimento. “O problema é que não há nenhum órgão que regule ou fale em
nome de todos os evangélicos, então ninguém tem autoridade para dizer o que é uma legítima
igreja evangélica7”.
[...] O sociólogo Ricardo Mariano, autor do livro Neo-pentecostais: sociologia do
novo pentecostalismo no Brasil (Editora Loyola) oferece uma explicação pragmática
para a ruptura proposta pelo novo discurso evangélico. Ateu, ele afirma que o
objetivo é a busca por uma certa elite intelectual, um público mais bem informado,
universitário, mais culto que os telespectadores que enchem as igrejas populares.
“Vivemos uma época em que o paciente pesquisa na internet antes de ir ao
consultório e é capaz de discutir com o médico, questionar o professor”, diz. “Num
ambiente assim, não tem como o pastor proibir nada. Ele joga para a consciência do
fiel.” [...] Por isso mesmo, Ricardo Mariano não vê comparação entre o apelo das
novas igrejas protestantes e das neo-pentecostais. “O destino desses líderes será
„pescar no aquário‟, atraindo insatisfeitos vindos de outras igrejas, ou continuar
falando para meia dúzia de pessoas”, diz ele. De acordo com o presbiteriano Ricardo
Gouveia, “não há, ou não deveria haver, preocupação mercadológica” entre as
igrejas históricas. “Não se trata de um produto a oferecer, que precise ocupar espaço
no mercado”, diz ele. “Nossa preocupação é simplesmente anunciar o evangelho, e
não tentar „melhorá-lo‟ ou torná-lo mais interessante ou vendável. (ÉPOCA,
Revista. Disponível em: <http://estrangeira.wordpress.com/2010/08/07/revista-
epoca-os-novos-evangelicos/> Acesso em: 19 de dez de 2010)”.
Geralmente o quadro alarmante para o crescimento dessas megaigrejas seja a
tolerância para atrair mais seguidores (de outras igrejas ou do meio pagão?) baixando o nível
doutrinário. Com a explosão jovem no decorrer do século, os jovens foram os maiores
entusiastas do movimento pentecostal/carismático, onde deixando suas igrejas convencionais
se juntavam a outras forças de jovens „libertos‟ de culturas e ideologias.
[...] Surgiu o ministério estudantil Maranata, liderado por Bob Weiner, que levou
uma poderosa versão do pentecostalismo aos campi de faculdades e universidades
norte-americanas. [...] Apresentavam soluções cristãs a jovens perdidos, como
militantes políticos radicais e usuários de drogas. [...] A maioria da “galera de Jesus”
falou em línguas em algum momento da odisséia entre a criança rebelde e o
renascimento em Cristo. (SYNAN, 2009, p. 498/499).
A mesma reportagem ainda argumenta o modo como os incrédulos e sua atual
preocupação com o crescimento dos evangélicos, alegando rachaduras nesta geração presente
que destroem a estrutura primitiva de cristianismo (o quadro abaixo dá uma visão cronológica
da questão em foco outrora publicada pela Revista Época) que segundo a ilustração impostada
7 ÉPOCA, Revista. Disponível em: <http://estrangeira.wordpress.com/2010/08/07/revista-epoca-os-novos-
evangelicos/> Acesso em: 19 de dez de 2010.
28
por eles, teve sua origem no catolicismo romano; fato este oposto ao que os teólogos e
comprometidos com a verdade proclamam nos seus estudos. Uma reforma protestante poderá
ocorrer? Estamos em uma época de estrema mutação no gênero litúrgico e dogmático. Igrejas
locais que têm seus alicerces reforçados poderão dar o veredito sobre questões que seriam
foco de reformulações, no entanto, as neo-pentecostais ficariam apenas na periferia dos
assuntos, por não poderem opinar sobre causa tão séria.
(Recuperado do site: <http://estrangeira.wordpress.com/2010/08/07/revista-epoca-os-novos-evangelicos/>
Acesso em: 19 de dez de 2010)
O teólogo Augustus Nicodemus Lopes, chanceler da Universidade Presbiteriana
Mackenzie, discute a ascensão e queda do movimento evangélico brasileiro, retrato desolador
de uma geração cindida entre o liberalismo teológico, os truques de marketing, o culto à
29
personalidade e o esquerdismo político. O quadro acima dá uma visão cronológica da questão
em foco outrora publicada pela Revista Época.
1.4-O enfraquecimento doutrinário e espiritual e seu impacto na
religiosidade
Antes de discorrer sobre as causas do enfraquecimento doutrinário e espiritual, assim
como seu impacto na religiosidade das pessoas como parte complementar dos indícios
históricos do afastamento da mensagem Bíblica por homens e mulheres que o fazem uso,
devemos definir alguns termos para que seja mais bem assimilado o raciocínio do leitor.
Conforme o dicionário AURÉLIO (2004, p. 267) doutrina é “o conjunto de princípios
que servem de base a um sistema filosófico, científico”, e religião é “a crença na existência de
força ou forças sobrenaturais, manifestação de tal crença pela doutrina e ritual próprios,
devoção”. Pela grande confusão que fazem em torno da palavra doutrina, que a utilizam como
sinônimo de opressão, legalismo e regulamentos, e que o próprio apóstolo Paulo fez a
advertência a Timóteo dizendo: “haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo
contrário, cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo
coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (ARC,
II Tm. 4:3-4), é que se precisa com urgência resgatar seu sentido original.
Numa definição etimológica e mais ampliada segundo o pastor Valdemir Damião8
(2007, p. 25), a palavra portuguesa “religião” é originada do termo religio (latino), que
significa “[...] fidelidade ao dever, lealdade, consciência do dever, escrúpulo religioso,
obrigação religiosa, culto religioso, práticas religiosas”. E conforme o livro Teologia
Sistemática de Stanley M. Horton, doutrina é uma crença ou dogma mantida como verdade.
Foi a partir do afastamento do homem de Deus, que surgiram as várias correntes religiosas
politeístas, idólatras e pagãs, porém, foi também a partir dessa busca incessante pela verdade
que muitas religiões monoteístas perderam as forças doutrinárias. O esforço para se
estabelecer, de maneira isolada, as características que as religiões têm em comum são
8 Ministro do evangelho da Igreja Assembléia de Deus no Ministério do Belém (SP).
30
praticamente impossíveis, pois são diferentes, mesmo quando falamos de religiões que
professam o cristianismo. E cada vez que a religião foi influenciada pela filosofia e suas
diversas áreas de atuação, mais racionalista procura apresentar-se e conseqüentemente mais
colocam o antropocentrismo em destaque.
Resumindo, pode-se pressupor que: “[...] A teologia é um estudo intelectual,
sistemático e teórico, enquanto a religião se refere ao homem integral e sua prática de vida; a
religião é a prática, enquanto a teologia é a teoria” (DAMIÃO, 2007, p. 30). Reconhecemos a
existência ativa de uma religião, sempre que alguma sociedade manifeste, entre as suas
expressões culturais e filosóficas, um corpo organizado de crenças a que venha ultrapassar a
realidade da ordem natural, passando ao ambiente sobrenatural, mesmo nas mais complexas
formas de cultos. A preocupação de Paulo deveria ser a nossa preocupação hoje, pois
momentos de transição como o que estamos vivendo são sempre propícios ao aumento de
falsas doutrinas, como já temos visto em alguns círculos. E para combatermos às falsas
doutrinas, não há alternativa senão apresentar a verdadeira doutrina de Cristo.
A sociologia, ou ciência da sociedade, abriu a discussão por pensadores a partir do
século XIX na existência da Igreja como objeto de pesquisa. É ai que a religião passa a ser
encarada como um dos aspectos da cultura humana, uma instituição como outras criadas pelas
pessoas com finalidades práticas, e muitas delas mais voltadas aos interesses terrenos e
materiais do que à vida espiritual. Émile Durkheim, Karl Marx e muitos outros sociólogos,
julgavam responsável por uma falsa imagem dos problemas humanos, ligada à acomodação e
à submissão pregadas por sua doutrina, assim, a Igreja e esta doutrina sofreram um processo
de dessacralização, em que se eliminou muito de sua “aura” de transcendentalismo (COSTA,
2005, p. 58).
[...] O que se denomina descristianização toca, pelo contrário, nas crenças íntimas e
no comportamento das pessoas. Ela exprime o fato de que, depois de uma centena de
anos nas sociedades modernas, massas de homens, cada vez mais compactas,
parecem desinteressar-se por qualquer crença religiosa. Elas deixam de freqüentar os
lugares de culto, afastam-se dos sacramentos, negligenciam suas obrigações
religiosas. A regressão da prática religiosa é o indício de uma desafeição crescente
no tocante às Igrejas e à religião. Ao contrário do estado de espírito que havia
presidido no início do século XIX, a laicização e que se definia por uma hostilidade
militante, a descristianização não exprime mais do que desinteresse e indiferença
(RÉMOND apud COSTA, 2005, p. 76/77).
Em suma a fé e a razão foram divididas em duas categorias totalmente independentes,
e desta separação a secularização enraizou-se, pois quase tudo necessário à vida cotidiana
31
pudessem ser percebidas pela razão, então não mais seria necessária a revelação. O início
desse dualismo está relacionado à René Descartes, filósofo francês do século XVII, que
propôs uma dicotomia entre matéria e mente. Neste clima é desafiador apresentar o
cristianismo como uma verdade absoluta, que não está restrita a razão, mas temos de ter a
confiança (fé) de que é verdade em todos os níveis que resiste a rigorosas análises quer sejam
racionais ou históricas, ao mesmo tempo em que satisfaz nossa convicção espiritual. “[...] Até
os cristãos conservadores privatizam tanto a fé que não a consideram fonte de conhecimento,
mas mera „reflexão‟ teológica sobre tópicos dados pela educação secular” (JOHNSON apud
PEARCEY, 2006, p. 134), ou seja, é mais conveniente ceder à ciência a autoridade para
determinar os fatos, do que recorrer indiscutivelmente à fé cristã que termina sendo subjetiva.
Se na pós-modernidade as palavras do apóstolo Tiago ainda soam bem forte aos
corações cristãos quando adverte: “guarda-se da corrupção do mundo” (ARC, Tg. 1.27),
somos tendenciosos a compreender que são dos conceitos morais que está se fazendo
referência para não pecarmos, porém, também significa guardar-se dos caminhos errados que
a filosofia pragmática e defeituosa projeta-se contra os alicerces do cristianismo e de uma
cosmovisão cristã. A própria Bíblia transcreve para nossos dias o que já acontecia nos dias da
Igreja primitiva, e era preocupação dos apóstolos: “[...] o Espírito expressamente diz que nos
últimos tempos alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas
de demônios” (ARC, 1 Tm. 4.1).
Não há registro em qualquer estudo por parte da história, antropologia, sociologia ou
qualquer outra ciência de um agrupamento humano em qualquer época que não tenha
professado algum tipo de crença religiosa. As religiões são um fenômeno inerente a cultura
humana. Grande parte de todos os movimentos humanos relevantes tiveram a religião como
impulsor, e estruturas sociais foram definidas com base em religiões, e grande parte do
conhecimento cientifico, filosófico e artístico tiveram como influência os grupos religiosos,
que durante maior parte da história da humanidade estiveram vinculados ao poder político e
social. Hoje em dia apesar de todo avanço científico o fenômeno religioso sobrevive e cresce
desafiando previsões que especulam seu fim. A grande maioria da humanidade professa
alguma crença religiosa direta ou indiretamente e a religião continua a promover diversos
movimentos humanos. O grande desafio é manter a doutrina apostólica em função de uma fé
em constante crescimento que venha destronar qualquer indício de racionalismo que queira
propagar seus dogmas naturalistas e todo o misticismo atordoante na pós-modernidade.
32
CAPÍTULO II – A ARTIFICIALIDADE NAS PREGAÇÕES E O RADICALISMO
DAS IDÉIAS
2.1-Tendências modernas e relativistas
Numa sociedade em constante mutação, perdem-se conceitos importantes na conduta
cristã, doutrina e hermenêutica bíblica. Conforme o professor de teologia do George W. Trutt
Theological Seminary da Baylor University, em Waio, Texas, o Dr. Roger E. Olson, já
declarava algumas influências que perturbavam o cristianismo apostólico da era cristã,
chamado de gnosticismo, onde o nome provém da palavra grega “gnosis” que significa
“conhecimento” ou “sabedoria” e seria um rótulo genérico aplicado a uma grande variedade
de mestres e escolas cristãs que existiam às margens da igreja primitiva e que chegaram a se
tornar um grande problema para os líderes cristãos do século II. Todavia, na atualidade, este
conhecimento é disfarçado por outros movimentos que afloram no seio da igreja atual e que
são responsáveis pela propagação ecumênica de idéias, crenças e identidade duvidosa.
Homens conhecedores das verdades centrais da fé usam essa sabedoria para
formulação de credos, crenças, costumes e até dogmas não apoiados pela Bíblia. É
interessante notar que as tendências relativistas não aparecem com clareza, mas ficam na
incerteza, na mornidão espiritual, gerando almas frágeis, sem fé, incrédulas ao poder de Deus
e motivadas pela emoção. De modo aberto, e ás vezes sutil, a teologia contemporânea é usada
para atacar a Igreja do Senhor. Homens cultos, sábios e inteligentes banalizam a ortodoxia
bíblica.
[...] Friedrich Scheleiermacher (1768-1934) – Teólogo alemão. Ensinou que “não há
religiões falsas e verdadeiras [...] Karl Barth (1886-1968) – Teólogo suíço [...] A
Bíblia não é a palavra de Deus. Apenas a contém [...] Paul Tillich (1886-1965).
Teólogo alemão [...] “Deus não é um ser, mas um poder de ser, o fundamento de
todo o ser, porém não objetivo nem sobrenatural” Rudolf Bultmann (1884-1976).
Para ele a Bíblia está cheia de mitos [...] pode-se crer em Jesus como salvador, sem
ter que crer em seu nascimento virginal, em sua ressurreição, ou na sua segunda
vinda [...] Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955). Sacerdote jesuíta, francês [...]
para ele o evangelho moderniza-se, adaptando-se aos conhecimentos científicos [...]
advoga a idéia da evolução, como teorizou Charles Darwin [...] (RENOVATO,
2007, p. 123 a 125).
O dicionário AURÉLIO (2004, p. 632) descreve relativismo como “doutrina que faz
depender, a verdade, do indivíduo, ou do grupo, ou do tempo e lugar”. Afunilando essa
33
expressão para relativismo religioso concluí-se que é o pensamento de que todas as religiões
são boas e que qualquer pessoa pode fazer a sua própria verdade.
O pastor Ciro Sanches Zibordi, articulista e editor da CPAD, com vasta experiência
em assuntos ligados ao uso indevido do púlpito, faz citações esclarecedoras sobre um tema
puramente relativista e que cresce no meio cristão; Trata-se da comparação dos avivamentos
do passado com os moveres que ressurgiram em pleno século XX e prolongam-se no XXI.
Ele demonstra que a maioria dos incautos mensageiros dessa propagação extra-bíblica
nasceram, como já citada anteriormente, no seio de grandes avivamentos, e com eles nos
trouxeram expressões como: “o cair no espírito”, “a unção do riso”, “não desista de seus
sonhos”, “olhe para dentro de você”, “transferência de unção”, ou o popularmente difundido e
por muitos rotulados de “re-te-té”. “[...] Fiquei pensando que, para manipular os ingênuos
crentes do re-te-té, realmente não é preciso ler a Bíblia. Basta ter à mão um arsenal de
animação de auditório, suficiente para garantir o mover de Deus” (ZIBORDI, 2007, p. 47).
É necessário abordar que quando estudamos sobre o avivamento da Rua Azuza Street
em Los Angeles (1906) e acerca do início da Assembléia de Deus no Brasil (1911), são
comuns as menções a momentos em que irmãos caiam sob o poder de Deus ou riam sem
parar. Isso se dava devido a uma completa entrega à obra de Cristo numa época de estrema
necessidade missionária, sob a plena santificação, e que o momento exigia uma narrativa
pentecostal teológica que contrastasse com a grande frieza que igrejas históricas vivenciavam
aqueles dias turbulentos. Contudo o pastor Ciro Sanches também concorda que é óbvio, onde
as experiências relacionadas com o Movimento Pentecostal – ainda que envolvam santos
como William Seymon, Gunnar Vingren e Daniel Berg – não devem ser supervalorizados a
ponto de os equipararmos às incontestáveis verdades da Bíblia. Também nos lembremos que
vários acontecimentos na história da Igreja foram aprimorados e melhor agregados à
comunidade evangélica. Hoje os desafios são maiores e numa sociedade altamente crítica,
onde existe muita “mistura de fogo estranho”, os modos de operação divina encontram outras
maneiras de se propagarem, e nem por isso perdem sua eficácia.
[...] Tendências modernas de pregação que negam a autoridade da Palavra, em nome
da sofisticação intelectual conduzem a um subjetivismo desesperador em que as
pessoas fazem o que é direito a seus próprios olhos [...] A Bíblia é um livro de
princípios, e estes devem ser considerados antes de qualquer análise de
manifestações, independentemente das pessoas nelas envolvidas (ZIBORDI, 2007,
p. 57).
34
Tais propagações errôneas estão fugindo do controle até mesmo de igrejas históricas
que através de sucessivas experiências espirituais caem na falácia de tais movimentos.
Nenhum conhecimento cristão que seja vital, dinâmico e fiel se encontra completamente
desprovido de entendimento Bíblico, e os pregadores que o fazem uso, nem sempre são
incultos, ou carentes de um arcabouço teológico, ou seja, não agem por desconhecer a
verdade, mas a conhecem tão bem que são capazes de modificá-la em proveito próprio.
A Confissão Positiva, sinônima do movimento triunfalista é uma maléfica prática que
se esconde por detrás das “cortinas” das mensagens conduzidas por pregadores, inspirados em
“grandes nomes” dos púlpitos evangélicos. Quem nunca participou de um culto onde o
mensageiro pediu para você olhar para o irmão do seu lado e dizer: “Deus é contigo” –
mesmo que não vá nada bem, “Você está no centro da vontade Dele” – será que está mesmo?
Muitas outras expressões que mais servem para preencher um espaço imenso que ficou no seu
sermão e não mais consegue prender a atenção com a Palavra de Deus. Essas frases servem
muitas vezes para aguçar o “ego” de multidões de crentes que acham que fazem a vontade de
Deus, mas estão longe de agradá-lo, e ainda encontram quem o convencer que estão no centro
da vontade Divina.
No livro de Atos dos apóstolos há um versículo que diz: “Ora, estes de Beréia eram
mais nobres que os de Tessalônia; pois receberam a palavra com toda avidez, examinando as
Escrituras todos os dias para ver se as cousas eram, de fato, assim” (ARA, Atos 17.11). O
grande erro em nossos dias é que não se lê mais a Bíblia Sagrada, nem procura estudá-la
dando atenção ao seu complexo contexto exegético, hermenêutico, literário, histórico,
cultural, filosófico e social que ela tem. Será que estão em extinção os obreiros sábios,
cuidadosos, amantes da Palavra de Deus, que não entregam o púlpito para manipuladores de
auditório? Em pleno século XXI “[...] procura-se quem saiba dirigir um culto” (ZIBORDI,
2007, p. 141).
Uma grande tendência da modernidade no âmbito religioso é a chamada Igreja
Emergente – “[...] Tenta honestamente fazer uma leitura da cultura em que estamos imersos e
refletir quanto às implicações dessa leitura sobre nosso testemunho, nossa compreensão da
teologia, sobre o fato de sermos membros de uma igreja e até mesmo sobre a visão que temos
de nós mesmos” (CARSON, 2010, p. 53) – a igreja emergente rompe os elos com muitas
práticas das igrejas tradicionais e rejeitam alguns estilos de ministério que adotam uma
estrutura hierárquica. Os seus líderes argumentam que novas perguntas devem ser feitas às
35
Escrituras e conseqüentemente a obtenção de novas respostas, apoiando, é bem verdade o que
pretendem, ou seja, poderíamos dizer que “usar um texto fora do seu contexto”. Alguns
elementos desse novo estilo conseguem sobreviver em os mais diversificados ambientes, e o
sincretismo religioso é um correlativo que “emergiu” e fortaleceu na pós-modernidade –
quanto mais as pessoas tentam selecionar e escolher elementos de religiões diversas com a
finalidade de construir algum tipo de mistura sincretista, mais se justifica a propensão ao erro
e a desconstrução dos valores.
A Bíblia Sagrada, como regra de fé e prática do cristianismo, não admite posições
relativistas. Segundo o pastor e comentarista das Lições Bíblicas da CPAD, Elinaldo
Renovato, existem nove princípios fundamentados nos textos bíblicos: o princípio da lealdade
incondicional a Cristo, o princípio da fé, o princípio da licitude, o princípio da conveniência, o
princípio da edificação, o princípio da glorificação a Deus, o princípio da ação em nome de
Jesus e o princípio do fazer para o Senhor pelos quais são verdadeiros sinais que equilibram a
conduta do crente diante de uma sociedade sem Deus (2007, p. 142).
As características dessas tendências modernas são quase que unânimes e a
peculiaridade existente fazem das suas congregações a inexistência de comunidade cristã,
tendo em vista, haver uma relação mais de empresa e cliente; os seus cultos são marcados
pelo desejo de obter favores dos “céus” como que uma prestação de serviços mediante uma
recompensa e não um sentimento de salvação pela graça (favor imerecido), e o grande
distanciamento da Bíblia, que passa a ser usada esporadicamente para dar apoio somente ao
que pensam.
[...] A Igreja de Cristo – que suportou e venceu os ataques externos de toda sorte
promovidos por fanáticos defensores do judaísmo e pelo perseguidor, intolerante e
pagão Império Romano, como também pelos seguidores de falsas filosofias surgidas
no decorrer dos tempos – nesse período pós-moderno enfrenta o seu pior inimigo, o
subcristianismo. Sorrateiramente, doutrinas pseudocristãs, práticas e costumes
estranhos têm sido introduzidos no seio dessa instituição fundada por Cristo, muitas
vezes travestidos de novas metodologias e filosofias modernas, sendo incorporadas
aos poucos sem o devido exame criterioso à liturgia cristã (MELLO, 2009, p. 73).
Nesse quadro atual é um imperativo que a Igreja tome uma postura assim como
aconteceu em outras épocas na história cristã, como a reforma protestante ou os grandes
avivamentos, e uma maior fidelidade, coerência e firmeza das denominações às suas próprias
convicções Bíblicas amparadas por uma genuína certeza de salvação.
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2.2-O marketing nos púlpitos e o utilitarismo mercantilista
“Marketing é um processo social por meio dos quais pessoas e grupos de pessoas
obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de
produtos e serviços de valor com outros” (KOTLER e KELLER, 2006). Essa definição é dada
por um dos grandes profissionais da área de marketing empresarial em seu livro Introdução à
Marketing. Philip Kotler sabia o quanto que é fundamental no mundo dos negócios despertar
nos consumidores suas necessidades reprimidas e demonstrar como supri-las através de
produtos e serviços. Marketing também é palavra sinônima de “mercadologia”, de
“propaganda”. E é nessa emblemática com a etimologia da palavra que o marketing nos
púlpitos tem sido propagado fomentando as necessidades reprimidas nas pessoas, tentando
supri-las com produtos e serviços na dimensão espiritual.
O utilitarismo mercadológico (doutrina que considera as ações humanas como
movidas pela procura do atendimento máximo aos interesses individuais) é uma dicotomia
que envolve ambos os lados dos que se utiliza em propagá-la, ou seja, o pregador e seu
individualismo em “vender” sua mensagem e o ouvinte e sua disposição a “comprar” essa
idéia. A quantidade de pessoas que seguem um pregador ou uma igreja pelo seu “rótulo” e
não pelo seu conteúdo é uma afirmativa que não precisa de pesquisas para ser comprovada. O
fato é exposto naturalmente e aclamado pelas maiorias. As pessoas estão acostumadas com os
super-pregadores e suas extravagâncias nos púlpitos que mais parecem shows, gritos
frenéticos e ritualização.
Um dos grandes males desse modismo é o evangelho da prosperidade onde
mercadejam a Palavra e manipulam seus ensinos. Os verdadeiros elementos de um culto ao
Senhor valorizam o Criador de todas as coisas e descortinam a sua glória distribuída
intimamente aos corações dos que em espírito adoram. Em 1 Coríntios capítulo 14 e versículo
26 diz que quando nos reunirmos em adoração, “cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem
revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação”. Os elementos estão
dispostos ordenadamente nesse versículo em que cada um completará o sentido do outro na
vida cristã. Há contido a doutrina, o avivamento, a ética, a adoração e a aprendizagem
coerentes com a formação evangélica adequada e o compromisso com a verdade. Contudo o
evangelho da prosperidade (teologia da prosperidade) prega o avesso afirmado por alguns dos
seus teólogos: Hagin e Kenneth Copeland – “[...] Você é tanto uma encarnação de Deus
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quanto Jesus Cristo o foi” (RENOVATO apud HAGIN, 2007, p. 128); “[...] Você não tem um
deus dentro de você. Você é um Deus” (RENOVATO apud COPELAND, 2007, p. 128).
Diante disso pode-se compreender o porquê dos seus adeptos dizerem que podem conseguir o
que quiserem, nunca sendo pobres, nem adoecendo, ou seja, os homens são considerados
deuses.
A mercadologia utilizada é a cura em troca do dinheiro, é a riqueza significando uma
vida sem pecado, ou seja, doença e pobreza são maldições da Lei, e para “jogar fora” basta
dizer algo com fé (suas palavras têm poder) e tudo que quiser se tornará realidade (confissão
positiva). Se não acontecer, segundo eles, é porque ou não tem fé ou está em pecado. Os
teólogos da prosperidade afirmam que Cristo e seu sacrifício vicário removeram não somente
a culpa do pecado, mas os efeitos do pecado sobre a humanidade.
A autoridade espiritual é vista por muitos pregadores como uma “arma” em potencial
para detonar suas sentenças e realizar suas promessas através da “propaganda da unção”. Mas
que unção é essa? Ela está derivada das “visões, profecias, entrevistas com Jesus, curas,
palavras de conhecimento, nuvens de glória, rostos que brilham, ser abatido (cair) no Espírito,
rejeição às doenças, arrebatamento de espírito e muitas outras que projetam um “serviço” a
favor do bem, porém com artifícios humanos e até satânicos. De acordo com a Bíblia o
ministério profético durou até João (ARC, Mt 11.13) e o dom da profecia não confere
autoridade profética tornando o que está sendo usado pelo dom de profecia semelhante aos
profetas do Antigo Testamento, ou seja, auto intitular-se de profeta (ARC, 1 Co 12.10). A
verdadeira autoridade é fornecida através da fé em Cristo e não de experiências pessoais e de
revelações isoladas.
Analisamos que muitos pregadores desses “métodos” recebem a glória de homens e
deixam a glória de Deus passar bem distante deles. O utilitarismo mercantilista com o que é
sagrado tornou-se favorável entre muitas classes sociais cristãs, vulgarizando a utilização
plena da Excelente Palavra de Deus, adentrando nas gerações futuras, e o que é pior, tais
propagações errôneas estão fugindo do controle de muitos líderes que vêem seus membros
num “êxodo denominacional”, e passam a adotar elementos desses movimentos em suas
liturgias para tentarem conter essa evasão, não se lembrando que nas Escrituras está a
“fórmula” dos princípios de manter uma igreja sadia e avivada.
Esta geração certamente ainda se deparará com as grandes conseqüências pelo mau
uso litúrgico nos púlpitos evangélicos se não for freado a tempo. Esse evangelho de
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entretenimento está ocupando o caráter reverente, ordenado e santo que havia nas igrejas
locais e, sobretudo nos sermões. Uma das cartas enviada ao anjo da igreja de Laodicéia diz:
“Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim,
porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca” (ARA, Ap. 3.15).
Mornidão é o estado de alguém ou de algo que se está sem energia, sem força, sem poder. No
texto acima era a situação de uma igreja e seu líder e nos nossos dias é o reflexo de um
verdadeiro uso indevido da comunhão cristã. Precisamos atualmente de homens e mulheres
que tenham uma mensagem de grande impacto baseada na Bíblia para destronar o
imperialismo do relativismo e da mornidão espiritual com que muitos crentes estão liderando
e sendo liderados, trocando sua posição de servo por uma de senhor, onde na verdade só Jesus
Cristo pode exercer tal posto. O apego à prosperidade material, a auto-suficiência e a ganância
pelas virtudes espirituais são as maiores causas que levam multidões ao vale obscuro do poder
sem limites, a qualquer preço.
[...] Terá sido o secularismo? O humanismo? A depravação sexual? Tudo isso pode
ter tido sua parcela, como causa contribuinte. Mas as causas eficientes para a frieza e
a mornidão espiritual, e a morte de muitas igrejas [...] e pelo mundo afora, foram
fatores internos, que tiveram lugar no meio dos crentes, batizados com o Espírito
Santo [...] o mais terrível foi a iniqüidade, que gerou o esfriamento e a falta de amor,
já preditos pelo nosso Senhor Jesus Cristo: “E, por se multiplicar a iniqüidade, o
amor de muitos se esfriará” (Mt 24.12) (RENOVATO, 2007, p. 208).
2.3-Os louvores e a filosofia pragmática
O termo pragmatismo vem do inglês pragmatism, e tem origem no pensamento de C.
S. Peirce, W. Jamesano, J. Dewey, ingleses, e do literato alemão Friedrich J. C. Schiller
(1759-1805); “doutrina segundo a qual as idéias são instrumentos de ação que só valem se
produzem efeitos práticos” (AURÉLIO, 2004, p. 586), ou seja, cuja tese fundamental é que a
verdade de uma doutrina consiste no fato de que ela seja útil e propicie alguma espécie de
êxito ou satisfação. Tal palavra contraria os princípios cristãos com o seu significado, pois os
mesmos não podem ser guiados por fundamentos meramente utilitários, práticos e com a
tendência de considerar que o prazer individual e imediato é a finalidade da vida (hedonismo)
(RENOVATO, 2007, p. 149).
Considerando os meios de propagação da mensagem bíblica, temos o louvor como
uma forma de impacto forte, pois o mesmo transmite uma influência ideológica aos ouvidos
39
através da melodia. O secularismo (outro vernáculo nos dias hodiernos pela pós-modernidade)
que tem o sinônimo de profano, temporal e que se opõe ao que é religioso, ou espiritual, está
inserido na comunidade evangélica quando a igreja local se “moderniza” e os valores
espirituais são desvirtuados e mudados para valores materiais. Os hinos e louvores são uma
forma complexa de trazerem através da letra as mais variadas tendências secularizadas e
através dos ritmos uma inovação cultural nos costumes éticos para adoração ao Senhor. A
música tem adentrado nos púlpitos cristãos de forma tão grotesca que não se analisam as
letras dos hinos, cantam sem perceber que muitos desabafam, cultuam anjos, homens, líderes,
determinam e são verdadeiros arsenais de guerra prontos para detonar suas munições. As
inovações litúrgicas incluem aqui os hinos e conseqüentemente a perda de identidade cristã
que faz a diferença entre o santo e o profano.
O culto por sua vez “[...] é um conjunto de formas externas em que a própria pessoa,
família reunida ou mesmo a comunidade estabelece a sua vida religiosa. É o mesmo que
„liturgia‟, que significa „ritual‟, o culto instituído por uma igreja” (KESSLER, 2008, p. 15) e
embora não existisse no Antigo Testamento uma palavra especial que desse significado para
culto, ele era um elemento importante na vida do povo hebreu. Um grande exemplo dessa
importância está nos Salmos, ou seja, o autor não consegue separar religiosidade sem culto.
No Novo Testamento aparece a expressão “culto racional”, onde Deus toma a iniciativa de ser
adorado por seu povo em comunhão através de seu filho Jesus Cristo através de “sacrifícios
espirituais”. Dentre os cinco elementos indispensáveis no culto (Hinos, Leitura Bíblica,
Oração, Contribuição e Pregação) os hinos encabeçam essa seqüência harmoniosa e são
práticas que herdamos da igreja primitiva (ARC, Ef 5.19; Cl 3.16). Desde a criação das hostes
celestiais a música e sua melodia vêm enchendo as vidas de júbilo, e um culto sem cântico é
triste.
[...] A música não pode ser esquecida durante o culto, e a sua execução não pode ser
desequilibrada ao ponto do culto ser afetado em seu conteúdo. Há três momentos em
que a congregação deve ser preparada psicologicamente para o culto: Prelúdio [...] É
a introdução instrumental ou orquestral de um culto, antes do seu início, a fim de
facilitar a unidade de espírito dos crentes [...] Interlúdio [...] com o fim de preparar
psicologicamente o auditório para o sermão [...] Poslúdio [...] É a conclusão
instrumental ou orquestral de um culto, devendo o maestro adequar a música à
natureza do sermão (KESSLER, 2008, p. 22).
O verdadeiro louvor tem que expressar adoração, veneração, amor extremo com o
coração e reverência, com desprendimento e participação conjunta da congregação; e elas
devem enaltecer as maravilhas de Deus, a Sua bondade e justiça, Seu poder e misericórdia. O
ministério musical na atualidade deve acompanhar a evolução da sua própria época, havendo
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equilíbrio para que não surjam conflitos de gerações, ou seja, uma igreja não pode ficar
somente nas experiências musicais das gerações passadas, contudo deve estar ligada
intimamente à geração do presente sem desviar o verdadeiro sentido do louvor na
congregação dos santos, e sem banalizar os ritmos, pois o secularismo e a filosofia pragmática
utilizam a melodia para introduzir “coisas estranhas” no meio evangélico. Um exemplo disso
é querer comunicar o cristianismo através do rock n’Roll nos “festivais cristãos” sabendo que
seus defensores apelam somente para “curtirem o som” numa linguagem inadequada para a
comunicação do evangelho.
[...] Satanás, antes de sua queda (ainda como Lúcifer), regia o coral celestial, pois
fora criado com toda a formosura e beleza, aferidor de medidas. Suas harpas
tangiam, era um grande entendido em música, e não lhe foi difícil influenciar o
homem através de sons, por conhecer a sensibilidade espiritual dele. As músicas
inspiradas por Satanás levam o homem aos ritmos irreverentes e desarmoniosos, aos
gritos, gestos, símbolos e tudo o que lhe é peculiar para que o homem se rebele
contra Deus (KESSLER, 2008, p. 31).
Essas influências mundanas nos louvores promovem o exibicionismo dos que o
praticam e os artifícios de Satanás têm trazido essas abomináveis melodias para o seio da
Igreja com títulos inofensivos. As mesmas frases da confissão positiva faladas nas pregações
também permeiam o mundo “gospel” com suas sutilezas disfarçadas, colocando o ser humano
no centro e Deus na periferia da construção da vida. Afloram o ego humano e materializam as
emoções baseadas somente em “louvorzões” e “delírios espirituais”, quando também não
aprofundam os sentimentos por um amor não correspondido através de uma bela “canção de
amor evangélica”. A Bíblia é repleta de exemplos, tanto no Antigo quanto no Novo
Testamento, de formas corretas de adoração e utilização do perfeito louvor a Deus,
contrariando todo e qualquer movimento ou inovação litúrgica que esteja em desacordo com a
proposta do evangelho de Cristo.
Certamente um trecho extraído da quarta estrofe do hino 126 da Harpa Cristã (CPAD)
de autoria da missionária Frida Vingren (esposa do missionário Gunnar Vingren, fundador
das Assembléias de Deus no Brasil), diz tudo o que queremos mostrar com respeito ao louvor
e a adoração: “[...] Os mais belos hinos e poesias, foram escritos em tribulação, e do céu, as
lindas melodias, se ouviram, na escuridão [...]” (HARPA CRISTÃ, 2009). Muitos cristãos
querem introduzir hinos no meio da igreja e não estão dispostos nem sequer a pagar um preço
espiritual pelas letras dos mesmos, ainda se achando na condição de adoradores, porém o
perfeito louvor é cantado nos momentos de alegria, sob o preço da salvação que custou a vida
de Jesus Cristo, e de uma vida acompanhada por uma modificação visível por testemunhas no
41
nosso dia-a-dia. Temos em mãos a Harpa Cristã disposta com 640 hinos que dispensam
qualquer apresentação, tendo em vista, serem inspirados pelo Espírito Santo e redigidos por
homens e mulheres de Deus que se comprometeram com a causa do evangelho e estão
atualizados em qualquer época e geração que o faz uso para louvor na casa do Senhor. E
mesmo tendo sido feitos há muitos anos, ainda soam bem forte as melodias desses hinos,
tanto em grandes igrejas, quanto nas pequenas congregações, nos mais distantes lugares em
que a Palavra de Deus alcançou.
2.4-Sensacionalismo desesperador e a manipulação das platéias
A arte de falar em público é muito antiga e retoma costumes e culturas que
aprimoraram a sua retórica e introduziram um pensamento filosófico, uma lei, uma história e
até mesmo uma doutrina numa sociedade. Era costume a igreja primitiva utilizar alguns
cristãos que escapavam dos martírios, mesmo sendo indoutos na teologia, para usarem o
púlpito em pequenos testemunhos de fé diante dos seus irmãos e testificarem das magnitudes
de Deus. Também na Grécia antiga a oratória em praça pública era um veículo que
impregnava autoridade e uma receptividade incrível nos ouvintes. Desta feita no esforço de
aplicar um estudo mais conciliador entre ouvintes e pregadores sendo utilizado nas grandes
concentrações de pessoas do cristianismo e após o século XVII o termo homilética (a
expressão homilética é derivada do grego “homilos” e significa multidão, assembléia do povo)
passa a definir a ciência ou a arte de elaborar e expor sermões.
“[...] A Escritura não deve apenas ser aprendida; ela deve ser crida e depois
proclamada. Esse aspecto dinâmico da Palavra é a tarefa da contextualização e da análise
homilética” (OSBORNE, 2009, p. 530). O desafio do pregador é fazer com que a Palavra fale
tão claramente nos dias atuais o quanto falou na antiguidade. A rica cultura judaica e as fortes
influências da língua grega, assim como parcelas do aramaico (um dialeto do hebraico) para
compor o Antigo e o Novo Testamento, influenciaram no predomínio do processo de
interpretação da herança absorvidas e do sincretismo dinâmico para o cristianismo atual.
Conforme o próprio Osborne argumenta, o pregador deve possuir uma função dupla de
intérprete e de proclamador do evangelho transformando o significado do texto antigo para a
cultura receptora moderna. Não há dúvidas de que a homilética seja importante à proclamação
42
do Evangelho, contudo faz-se necessário que somada a ela haja uma vida de oração, jejum,
santificação e estudo da Palavra de Deus para uma melhor contextualização do sermão.
Muitos pregadores acham que devemos somente falar o que o povo quer ouvir, caindo numa
falácia e contradição Bíblica, pois, homens e mulheres de Deus, inspirados pelo Espírito
Santo nem sempre agradaram quando proferiram os decretos divinos. A Bíblia é um livro que
não permite a interpretação particular baseada somente no que “eu acho”, mas de inteira
propriedade do Senhor que permitiu sua confecção e propagação para determinar o trajeto
pelo qual o homem deve andar conduzindo-o pela verdade.
Como atualmente as pessoas, motivadas por interesses próprios, estão desacostumadas
com uma mensagem que fale aos ouvintes e mostrem os seus erros e culpas, muitos procuram
conforto num ambiente de fácil acomodação doutrinária e onde com muita expressividade
possam simplesmente oferecer uma adoração superficial, sem compromisso com a verdade.
Estes lugares são propícios para inspirarem “os animadores de auditórios” que estão
preocupados na divulgação de seus nomes e a seduzirem vidas enganando os “néscios” na fé.
Tais pessoas confiam nas suas experiências e em seus conhecimentos, que são bastante para
propagarem sua filosofia mercenária disfarçada em sermões. O exemplo de Cristo destrona
todo e qualquer modismo que queira interferir nesse processo salutar de percepção da
mensagem bíblica, porque Ele, mais do que ninguém se preocupou com a forma de abordar as
pessoas nos seus diálogos e muito mais abrangentes na oratória dos seus sermões para as
multidões, utilizando meios de comunicação dos seus dias e experimentando todo e qualquer
argumento que o levasse à informação saudável do conhecimento aos corações necessitados.
[...] O sermão é um mecanismo de construção de ponte que une o mundo antigo do
texto bíblico ao mundo moderno da congregação. A contextualização é a argamassa
que liga esses dois mundos haja vista que o pregador tenta ajudar a congregação a
entender a relevância do texto para a vida [...] Assim, o pregador viaja para lá e para
cá, do texto ao contexto moderno, desenvolvendo a superestrutura do texto e sua
contextualização para nossos dias. (OSBORNE, 2009, p. 561).
Na atualidade é costumeiro nos cultos neo-pentecostais muitos pregadores serem
sensacionalistas ao extremo, ao ponto de envolver os incautos ouvintes e manipularem suas
vontades e seus desejos, pondo em suas mentes, uma “lavagem cerebral” tão bem aplicada
que a platéia é conduzida ao delírio espiritual, como que num ritual tão “perfeito” e vicioso
que conseguem causar nas pessoas não só emoções distorcidas (sem livre escolha), mas
abandono das origens cristãs, fanatismos e perda de identidade espiritual. Geralmente estes
sensacionalistas fazem uso também de alguns apetrechos para os seus “rituais de animação”: a
fogueira santa; a água santa; espargir sal para purificar ambientes; proclamam o dia da cura,
43
desde que se traga uma determinada quantia de dinheiro em troca; exorcismo exibicionista e
muitos outros que atualmente podem ser vistos e ouvidos pela TV, internet e igrejas locais.
Os escândalos envolvendo líderes e membros do evangelho pela falta de ética,
compromisso e simplicidade surgem como “bombas devastadoras” que intimidam o
crescimento da Igreja, porém não a sufocam nesses dias turbulentos. O diabo tenta investir
num ponto muito forte que a Igreja possui (quando usa homens e mulheres através da
pregação do evangelho tentando distorcer e colocando ambição no coração dos mesmos para
fugirem da idéia principal em seus sermões) que é alcançar as massas pelo brilhantismo do
poder de Deus. Conforme Romanos 10. 14 e 15 (ARA), o apóstolo Paulo descreve como as
pessoas conseguem chegar ao Reino dos Céus, quando na informação do texto nos mostra que
alguém “invoca” o nome do Senhor quando “ouve”, porque outro “foi enviado” e “pregou” o
evangelho; também complementa o próximo versículo exultando: “[...] quão formosos são os
pés dos que anunciam a paz, dos que anunciam coisas boas!” – “paz” e “coisas boas”,
palavras que divergem completamente das anunciadas por animadores e artificialistas nos
cultos cristãos que causam males e danos a personalidade humana, afastando-os das suas
raízes.
É urgente a necessidade de uma teologia bíblica da pregação, com substância,
coerência, relevância, autoridade, inspiração, num processo hermenêutico responsável
propagado através de uma séria homilética que cumpra as bases da verdadeira pregação, e
esta, por sua vez traga vida à teologia cristocêntrica. Isso não se consegue da noite para o dia,
mas com estudo, determinação, obediência, santidade e temor à Palavra de Deus. É crucial
aplicar um texto com sensibilidade, persuadindo o ouvinte para o bem e não o contrário.
[...] Em um fascinante estudo, um grupo de eruditos examinou como as pessoas
ouvem sermões e que coisas as fazem prestar atenção e se disporem a mudar
(McClure et al. 2004: 1-20). Eles caracterizaram seus achados sob seis aspectos:
etos, ou persona de pregadores como percebida pela congregação, estabelecido pela
forma como eles se relacionam a partir do púlpito bem como vivem sua vida na
comunidade (e.g., são autênticos, eles vivem o que pregam?); cultura
congregacional, a saber, os valores, caráter, relacionamentos, perspectiva e assim
por diante, e a extensão em que o pregador atende e corresponde às expectativas que
surgem da cultura; logos, a linguagem e modos de comunicação usados para
persuadir e motivar o povo à ação, especialmente o sucesso em contextualizar a
mensagem a suas necessidades; pathos, o apelo às emoções ao levar o povo a tomar
decisões a respeito do propósito da mensagem; encarnação, a saber, a extensão em
que o sermão ganha vida e prende o povo, chamando sua atenção para os pontos do
sermão; e identificação, o relacionamento estabelecido entre pregador e congregação
quando uma cultura de ouvir é criada e o povo é atraído para a mensagem. Essas seis
áreas determinam o sucesso do sermão em alcançar o coração e mudar a mente dos
ouvintes (OSBORNE, 2009, p. 573/574).
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2.5-Ouvintes tendenciosos e viciados
Para construirmos uma análise cuidadosa do por que ouvintes tornam-se viciados e
têm a tendência de absorver influências por vezes absurdas de pregadores sensacionalistas
precisamos em primeira fase compreender as necessidades humanas e seus aspectos
comportamentais na busca pela satisfação ou realização pessoal.
Abraão Harold Maslow (1908-1970), psicólogo americano, lançou durante a
abordagem comportamental da administração científica as bases para a Teoria das
Necessidades Humanas ou Hierarquia das Necessidades Humanas, onde segundo ele “[...] o
homem é motivado por necessidades organizadas em uma hierarquia de relativa prepotência,
ou seja, [...] uma necessidade de ordem superior surge somente quando a de ordem inferior foi
relativamente satisfeita” (CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2006, p. 106).
Demonstrando os aspectos que compõem essa teoria pode-se notar que tais necessidades estão
estruturadas em cinco níveis:
(Recuperado do site: <http://blog.uniararas.br/marketing/?p=350> Acesso em: 08 de ago de 2010)
O homem é um ser complexo e dotado de necessidades num processo contínuo do
nascimento até a morte. Observa-se que no nível mais baixo da pirâmide aparecem as
necessidades de maior importância ou básicas que quando não alcançadas são motivo de
desestruturação familiar porque compõem a alimentação, o repouso, o sono, o abrigo, etc. Na
45
seqüência vão aparecendo cada uma e à medida que elas vão sendo satisfeitas ou completadas
surgem a busca pela realização da outra. Quando as necessidades fisiológicas do homem estão
satisfeitas e ele não está mais temeroso a respeito do seu bem-estar físico, surgem as
necessidades sociais como importante fator de motivação do seu comportamento;
necessidades de participação, de associação, de aceitação por parte dos companheiros, afeto e
amizades vêm à tona. Em seguida a segurança, status, auto-realização são alguns objetivos no
transcorrer da vida do ser humano a serem alcançados em sociedade. Nota-se que à medida
que a pirâmide sobe para os níveis mais altos observa-se também que ela afunila-se
demonstrando uma menor quantidade de indivíduos que atingirão o topo.
Não é estranho perceber que aplicando essa teoria à realidade cristã podemos perceber
que o comportamento do ser humano – ainda que temente a Deus – é semelhante na busca
pela hierarquia destas necessidades intrínsecas em seu ambiente de vida. Hoje o que mais
assola mesmo nas igrejas locais são pessoas necessitadas, quer sejam pela falta de estrutura
familiar, surgimento de doenças, educação fragilizada, falta de emprego, rejeições sociais ou
pelo acúmulo de problemas. Isso sem mencionar a necessidade espiritual, que sem dúvida é
maior do que as físicas quando não preenchida ou manchada pelo pecado. É aqui onde
posicionamos melhor o foco desta pesquisa e precisamente este tópico, pois uma das grandes
causas que levam ouvintes serem tendenciosos e viciados é o fato de não estarem satisfeitos
economicamente, socialmente, e têm se esforçado a encherem reuniões de “quebras de
maldições”, “experiências de regressões” e “promessas de realização financeiras”, justamente
por esta falta de realização das necessidades humanas e espirituais.
Num contexto mais amplo o que o psicólogo Abraham Maslow estava focando para
entender o comportamento de pessoas na administração científica, esta pesquisa desprende-se
para uma área mais complexa, porém não menos carente de entendimento que é a falta de
estrutura social das famílias cristãs que levam para dentro das igrejas locais, tendo em vista
serem na maioria dos casos membros ativos das mesmas.
Uma expressão retirada do site <http://www.administradores.com>, escrita por um
mestre em Administração e professor de Estratégia e Marketing, Marcos Morita
(provavelmente não cristão evangélico – grifo nosso) nos chama a atenção para o quanto o
público lá fora estão sintonizados nas transformações que a sociedade passa e principalmente
quando compreende os evangélicos; ele aponta para um crescimento e grande aderência entre
as atitudes e padrões de consumo da emergente classe média e o seu poder aquisitivo nesses
46
últimos anos e que “[...] as igrejas evangélicas souberam aproveitar esta lacuna, inserindo-se
nas comunidades de forma pioneira, antes mesmo da explosão do consumo” (MORITA;
Disponível em: <http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/brasileiros-na-
argentina-os-novos-sonhos-de-consumo/46296/> Acesso em: 08 de ago de 2010). Na verdade
o que ele está querendo afirmar aqui – isso ele engloba todos os evangélicos – é que as igrejas
foram aproveitadoras da “inocência” da maioria subdesenvolvida das pessoas e com suas
doutrinas conduziram-nas ao rol de membros das suas instituições, ou seja, aquela velha frase
que circulava entre os críticos onde diziam que “as igrejas cristãs eram compostas por pessoas
sem estudo, por isso, fáceis de serem convencidas”.
Igrejas comprometidas com a verdade precisam mudar essa incoerência em relação ao
exagero da busca pela satisfação das necessidades dos seus membros, a ponto de levarem uma
vida ilusória, com a aplicação de estudos e doutrinas em seus recintos, com embasamento
bíblico, dirigidas por homens e mulheres que tenham vida e passem segurança para o ouvinte
que vive numa época de extrema corrupção do gênero humano e sujeito a ambições
destrutivas. Nós precisamos ouvir nos púlpitos o que Deus tem para nos dar e não o que nós
queremos que seja dado, afinal Ele é quem sabe das nossas necessidades.
47
CAPÍTULO III – COMPONENTES DE UMA CONSTRUÇÃO TEOLÓGICA E
ESPIRITUAL FAVORÁVEIS NA PÓS-MODERNIDADE
3.1-Ensinar o estudo doutrinário e hermenêutico Bíblicos
Etimologicamente a palavra doutrina é: substantivo feminino, do grego didaskalia -
didaskalia - o ato de ensinar, aquilo que é ensinado, instrução e aparece no Novo Testamento
inúmeras vezes (“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina”. – ARC, 1º Tm 4.16a), assim como
no Antigo Testamento (do hebraico xql – leqach – ensinamento, percepção, persuasão) -
(“Goteje a minha doutrina como chuva, destile meu dito como o orvalho, como chuvisco
sobre a erva e como gotas de água sobre a relva”. – ARC, Dt 32.2).
Na Língua Portuguesa doutrina é o conjunto de princípios que servem de base a um
sistema filosófico, científico, etc.; catequese cristã; ensinamento. Quando nos reportamos a
definir doutrina cristã suprimimos ao conteúdo específico, deixando o significado genérico. É
ai que retoma a construção de um termo necessariamente importante na dimensão evangélica,
assim como o foi com os israelitas do Velho Testamento, com a igreja primitiva, com os pais
da igreja, com os reformadores e principalmente na atualidade. Se doutrina é o ensino, então
convém dizer que durante todo o período humano Deus preocupou-se de instruir o seu povo
com a sua verdade incontestável. A Bíblia é completa de exemplos, onde são percebidas as
questões mais claras da pretensão divina para com a Sua doutrina entre os homens.
A Teologia Sistemática (dogmática) é encarregada de apresentar as mais variadas
doutrinas no cânon sagrado através de um estudo sintetizado de tudo o que envolve os
princípios fundamentais no cerne espiritual de Deus, do homem, dos anjos, da salvação, do
pecado e vários outros (BERKHOF, 2009). Não se pode doutrinar sem fazer uso de outra
ferramenta importantíssima na teologia chamada de Hermenêutica (inicialmente originária do
deus da mitologia grega Hermes). “[...] A Hermenêutica é a ciência tanto bíblica quanto
secular, que se ocupa dos métodos e técnicas da interpretação. É, basicamente, o estudo da
compreensão de textos” (BENTHO, 2005, p. 11). Dentre os fundamentos da Hermenêutica
está a Teologia (termo não encontrado nas Escrituras, porém procede originalmente de dois
substantivos gregos, o genitivo Heou - theou, significando Deus e do acusativo kÁcia -
48
logia, que significa tratado, fala. Apesar de não encontrá-la na Bíblia não deixa de ter
correlativos a ela: tƒ kÁcia toË Heou (ta logia tou Theou – oráculos de Deus – Rm 3.2). A
prática do estudo da teologia se faz necessária para compreensão dos textos bíblicos e é ela
que se posicionará na vida do estudante como outra ciência voltada para o estudo sistemático
e hermenêutico da Palavra de Deus (BENTHO, 2005).
[...] Ao invés de descobrir uma parte sobreposta nas áreas sistemáticas ou históricas,
achamos que a teologia bíblica é uma ferramenta dupla do exegeta. Sua aplicação
mais imediata está na área da hermenêutica [...] Entretanto, o texto pede para ser
entendido e colocado num contexto de eventos e significados. Estudos históricos
colocarão o exegeta em contato com o fluxo de eventos no tempo e no espaço, e as
análises gramaticais e sintáticas identificarão a coleção de idéias na seção imediata
do período sob investigação [...] Depois de localizar e colecionar este padrão
distintivo e esta semelhança familiar como fruto de uma miríade de esforços
exegéticos cobrindo a totalidade do cânon do AT e NT (grifo nosso), o exegeta,
intérprete, pregador, leitor e ouvinte de partes individuais do texto estará capacitado
a escutar a Palavra normativa de Deus (KAISER, 2007, p. 18/19).
Toda e qualquer disciplina necessita de estudo contínuo, e a Teologia também é uma
área que requer empenho para “decifrar” questões difíceis de serem interpretadas, para
posteriormente serem ensinadas. “[...] A distinção entre estrutura e conteúdo é algo
extremamente fluído. O conteúdo que é ensinado por alguém pode vir a se constituir na
estrutura do pensamento de outra pessoa” (MARSHALL, 2007, p. 30). Está ai a grande
importância e responsabilidade em estudar corretamente e passar para o ouvinte a correta
interpretação de um texto; e se tratando da Bíblia mais compromisso se aplica, tendo em vista,
uma construção ideológica errada num indivíduo pode gerar um inculto irreversível.
Quando se trata do estudo da Teologia na atualidade, mesmo com o impacto da busca
pelo conhecimento, ainda é menosprezada e tida como desnecessária, principalmente por
parte de “crentes” que somente acreditam na revelação direta e única de Deus que é a Sua
Palavra. Contudo é justamente através desses métodos indispensáveis que podemos nos
aprofundar melhor nos textos bíblicos e reportar através da historicidade os dias em que
algum relato bíblico ocorreu. Sem mencionar que a produção literária tornou-se rica nos dias
atuais podendo o estudante da Bíblia argumentar com muito mais convicção os milagres, os
dogmas e os postulados da fé do cristianismo.
A tradição é uma forma dogmática e considerável em muitas igrejas atuais e também o
foram nas primitivas. Tradição e doutrina andam juntas, porém muitos conceitos doutrinários
ficaram a mercê de pessoas que tentaram macular a seriedade da palavra aplicando costumes
humanos e definindo-os como dogmas. Hoje a confusão também se estende, porém homens
santos tiveram o cuidado de preservar a sã doutrina, mesmo em dias sem tanto avanço
49
tecnológico fizeram uso correto do que tinham em mãos, produzindo um pensamento
teológico autêntico e favorável ao conhecimento. É bem verdade que os chamados “Pais da
Igreja” influenciaram o cristianismo e chamaram para si a autoridade patrística com a
necessidade premente de reunir testemunhas a favor da “autêntica” tradição ortodoxa com a
finalidade de validar ou opor-se a doutrinas. É nesse cenário que a partir do quarto século foi
empregado grande esforço para que fosse estabelecida uma visão autorizada dos primeiros
teólogos da igreja, logo após a era apostólica (CAMPENHAUSEN, 2005).
[...] Não pode haver nenhuma dúvida de que a combinação das heranças cristãs e
clássicas, que constitui o alicerce da civilização ocidental, foi primeiramente criada e
estabelecida pelos Pais da Igreja. Os Pais empreenderam o seu tempo pensando no
problema contido neste duplo legado, e procuraram encontrar uma solução
fundamentalmente teológica. Não estavam, contudo, preocupados com o problema
da adaptação e da preservação da tradição clássica, que era um assunto muito
discutido: estavam preocupados com a absoluta verdade que encontraram na Bíblia
Sagrada e na tradição da Igreja (CAMPENHAUSEN, 2005, p 12).
A preocupação que grandes personalidades do momento e os seus propósitos
intelectuais, dentro do contexto do próprio mundo e da época em que vivemos, assim como a
função eclesiástica de muitos pregadores atuais, cumprem-se através dos seus ensinos e
instruções, herdados muitas vezes dos célebres ensinadores do passado.
3.2-Empreender uma comunicação evangelística fluente
A palavra comunicar vem do latim communicare, que significa pôr em comum. “[...]
Não existe uma única atividade humana que não seja afetada, ou que não dependa, de alguma
forma, da comunicação [...] Desde que passou a viver em sociedade, o homem vem sentindo
cada vez mais a necessidade imperiosa de se comunicar” (ANDRADE; HENRIQUES, 2004,
p. 15). “[...] A língua é uma instituição social, pertencente a todos os indivíduos da mesma
comunidade; apresenta caráter abstrato, uma vez que é um código, um sistema de signos, mas
se concretiza por meio dos atos de fala” (SAUSSURE apud ANDRADE; HENRIQUES,
2004, p. 30).
Nenhuma sociedade subsiste sem a comunicação e por ela o ser humano alarga suas
fronteiras culturais, filosóficas, históricas e religiosas. Quando o povo judeu saiu do deserto e
entrou em Canaã, eles não possuíam um sistema educacional organizado, mas desenvolveu-se
à medida que a sua civilização progrediu, sofrendo influências das nações vizinhas. A partir
50
dos três anos de idade os pais comunicavam a Lei oral aos filhos e também ficavam
responsáveis de ensinar uma profissão. Tal educação era basicamente religiosa, capacitando
as crianças desde cedo a entenderem a natureza de Deus. A lei tradicional era ensinada a partir
dos dez anos de idade e grande parte do ensino era feita por repetição e a memorização levava
à pratica comum de ler em voz alta (GOWER, 2002, p. 78-79).
A maneira de pôr em comum os objetivos e práticas da vida em sociedade são
premissas ao locutor e uma forma inteligível do ouvinte poder distinguir o que está sendo
ensinado ou falado. É tão importante a comunicação entre indivíduos ou grupos que muitos
estudiosos afirmam que antes dos Evangelhos terem sidos escritos, houve um período de
tradição oral, ou seja, as tradições orais tornaram-se públicas através do conhecimento dos
cristãos, nos cultos na igreja e a reconstituição que ali se faziam das tradições cristãs.
[...] Durante este período a tradição difundia-se principalmente como unidades orais
separadas que podem ser classificadas de acordo com suas formas. Crê-se, além
disso, que muita coisa pode ser inferida quanto à origem dessas unidades, quanto às
causas que lhes deram nascimento e quanto às mudanças que sofreram até que
recebessem a forma escrita no curso do tempo [...] a alegação da Crítica da Forma de
que as tradições dos evangelhos foram preservadas sob forma oral por uma geração,
por parte da Igreja, não somente é um fato fortemente confirmado pelo Novo
Testamento, como também é um fato que se reveste de grande importância
teológica. Não somente o Espírito Santo mostrou-se ativo no registro escrito dos
livros do Novo Testamento, mas também na história das tradições dos evangelhos,
antes que essa história fosse posta no papel (MCDOWELL, 1997, p. 292).
Essa importante fase de transição oral para escrita, não impediu o desaparecimento da
inspiração divina nos escritos, todavia essa propagação serviu de base para o surgimento de
uma historicidade autêntica do cristianismo. Vicent Taylor apud McDowell falou: “[...] um
impulso especial à tarefa de compilação dos evangelhos foi a rápida expansão da missão
gentílica, o lapso de tempo e a crescente necessidade da instrução e apologética cristãs”
(1997, p. 292).
Quando enfatizamos empreender uma comunicação evangelística fluente ativamos à
memória o pressuposto de que somente através da correta forma de usar o falar em público,
com ética, fluência, domínio e vida irrepreensível atestará para os ditames e postulados
bíblicos. Não é uma tarefa fácil, mas salutar quando executada com esmero e dedicação por
aqueles que fazem uso da retórica e comungam uma fé apresentada por sinais e maravilhas. O
compromisso com a verdade está nas bases dessa importante missão, pois estamos lidando
com vidas expressamente sedentas pelo refrigério da sublime Palavra de Deus. Não quero
dizer que todos têm que ser “doutores‟ ou “teólogos” para poder falar do amor de Cristo, mas
me refiro que aqueles que têm o compromisso de comunicar o evangelho façam com o melhor
51
que possuem e apliquem o que Jesus gostaria que fizessem. Ter domínio do conteúdo
aplicado ao ouvinte é uma particularidade ressaltada naquele que deseja ser porta voz da
mensagem messiânica.
Como era de se esperar, a chegada da pós-modernidade afetou muito a interpretação
das Escrituras e o cuidado pelos intérpretes ortodoxos em preservar sua inerrância estão
apoiados especialmente por causa dos efeitos que surgem na pregação, na evangelização e na
vida das igrejas cristãs. O modo como cada pregador faz particularmente no discernimento da
Bíblia pode levar ao engano das pessoas que acreditarão numa mensagem superficial e não
fidedigna aos originais. Cada leitor mal informado incorre no erro de apenas entender o texto
à luz de si próprio e sua interação com a sua vida e o que ele deseja, ou seja, não existem
conceitos absolutos na religião. O homem procura alargar mais ainda a distância entre Criador
e criatura.
[...] O fato de que a Bíblia não caiu pronta do céu, mas que foi escrita por diferentes
pessoas em diferentes épocas, línguas e lugares, alerta-nos para o que alguns
estudiosos têm chamado de distanciamento [...] A dupla natureza da Bíblia provoca
um distanciamento temporal e espiritual que precisa ser transposto, para que
possamos chegar à sua mensagem [...] Com a graça de Deus, o estudo da
interpretação da Bíblia feita pela Igreja Cristã e outros grupos através da história
pode nos servir de auxílio oportuno para aprendermos com os erros e acertos dos
que vieram antes de nós (NICODEMUS, 2007, p. 25 e 29).
Jesus é o exemplo maior de coerência no ensino e comunicação da sua mensagem. Ele
nunca realizou algo que contradissesse o que Ele ensinava. Ele estava atento à realidade em
sua volta e procurou vinculá-la em seus discursos, assim como também seu coração pulsava
pelas vidas e sabendo se relacionar com o próximo, Jesus teve êxito em tudo o que fez. A
Bíblia o chama de Mestre não por acaso, pois sua mensagem era objetiva e em seu estilo
havia numerosas qualidades pessoais. Sua mensagem tinha autoridade, era pertinente e
comunicava com brilhantismo e eficácia. Jesus possuía um ensino criativo e dinâmico
sabendo aproveitar as ocasiões e circunstâncias através de perguntas, de parábolas, de
diálogos, aproveitando o que as próprias pessoas tinham em mãos e em mente. Ele nunca
estava fora da realidade cultural de sua época e procurava usar uma didática como ferramenta
oportuna nas suas pregações.
“[...] O ensino cristão ocupa-se com a transformação espiritual, com a maturidade da
vida dos alunos. Os professores desejam que seus alunos aceitem a Cristo como salvador,
andem nEle, cresçam nEle, conheçam-no, sirvam-no, obedeçam-lhe, adorem-no e desfrutem
dEle” (GANGEL; HERDRICKS, 2000, p. 44).
52
3.3-Interagir com a geração presente não desprezando os fundamentos
históricos do passado
“A Bíblia está viva hoje”. Esta frase do autor Samuel J. Schultz escritor do livro A
História de Israel no Antigo Testamento apenso no seu prefácio, sinaliza a importância do
Deus eterno que operou no passado e por gerações surpreende através da Palavra escrita os
homens que incansavelmente labutam nas descobertas arqueológicas e na expansão dos
limites da erudição bíblica, empreendendo conhecimento para aproximar a cultura, a história,
o pensamento filosófico humano de épocas passadas para um aparato mais minucioso nos
nossos dias.
Toda sociedade que hoje existe é formada sob as bases de uma que já existiu e deixou
o seu legado para as próximas gerações. É de comum acordo entre pesquisadores da área
teológica que a construção espiritual do cristianismo que temos hoje é fruto de um processo
cuidadoso empreendido por homens e mulheres que ajudaram a forjar, às vezes com suas
próprias vidas, o símbolo perfeito da demonstração de fé de um povo comprometido com a
solidificação e estruturação do mesmo através dos tempos.
A imagem que é exercida hoje de ser cristão pode por vezes e por alguns estar um
pouco distorcida, porém, o cristianismo ortodoxo do presente ainda prioriza interagir sob os
fundamentos históricos do passado sem desprezar as suas principais fundamentações e
crenças; legado este deixado por Jesus Cristo e seus discípulos na igreja primitiva.
A arqueologia bíblica tem sido uma forte ferramenta para expor ao mundo
contemporâneo a realidade de um mundo encoberto pela ação do tempo, que vem à tona
comprovar o que religiosos, teólogos e crentes vivenciam através da fé.
Randall Price9 afirma em uma de suas obras literárias: “[...] Não planejei uma volta ao
passado, e sim uma viagem à luz do passado, para que esta iluminasse o presente. Se meu
esforço foi bem sucedido, nossa viagem despertará em você um profundo interesse, tanto pela
história do mundo quanto pela Bíblia” (PRICE, 2006, p. 15). De igual pensamento o pastor
Claudionor Corrêa de Andrade10
enfatiza em seu livro Jerusalém: 3000 anos de História que
9 Mestre em teologia do Antigo Testamento e em Línguas Semíticas; também pós-graduado em Arqueologia na
Universidade Hebraica de Jerusalém. 10
Ministro do Evangelho e professor de teologia sistemática, filosofia e história de Israel.
53
“[...] Jerusalém nunca perdeu a contemporaneidade. Adapta-se em todas as eras [...] através
destas páginas você peregrinará pela cidade que, apesar de seus três mil anos de história,
jamais deixou de ser atual para Israel, para a Igreja e para o mundo” (ANDRADE, 1996, p.
15).
Percebe-se que muitos autores argumentam a importância que o passado exerce na
vida hoje e que numa lacuna enorme de tempo os propósitos divinos nunca foram desviados,
mas feitos para resgate e completa condução do homem ao eterno lar. Os mil e quinhentos
anos (aproximadamente) utilizados para compilação da Bíblia são um exemplo indiscutível
disso, quando vemos a autoridade de Deus em publicar e fazer circular seus mandamentos
entre os homens por gerações e gerações.
Nesse ínterim o cristão contemporâneo se depara com uma grande problemática: fazer
a diferença como evangélicos numa sociedade corrompida, dando continuidade ao legado
deixado pelos crentes do passado. Quer sejam eles “gentios ou judeus”, introduziram no
coração do mundo os alicerces para uma vida consagrada e vitoriosa, ética e religiosa.
Tais desafios foram ultrapassados quando missionários envoltos em uma chamada
promissora e de fé atingiram terras distantes no intuito de promover a salvação em Cristo e
mesmo sem poder ver o resultado almejado, lançaram as sementes que vieram a germinar em
outras épocas e foram regadas por outros que fizeram parte desta história de dificuldades,
conquistas e glórias. Seria impossível citar todos, porém como resgates históricos e regionais
à História das Assembléias de Deus no Brasil, especificamente em Pernambuco com a
chegada dos missionários Joel e Signe Carlson, ratificam esses desafios.
[...] Como ocorreu em tantos outros lugares do Brasil, Pernambuco também recebeu
as primeiras chamas do Movimento Pentecostal [...] No dia 20 de outubro de 1918,
Joel Carlson e esposa chegaram a Recife [...] Os crentes não eram muitos. Apenas
quatro batizados e alguns ouvintes do Evangelho [...] Os primeiros tempos de
semeadura foram cheios de dificuldades e lutas [...], porém (grifo nosso), Em 1922
alugaram um salão que antes fora depósito de sal. Era amplo, comportando mais de
300 pessoas, e dali em diante passou a servir como sede da igreja [...] Em Recife, a
igreja começou a viver dias de vitória, que sobrepujariam as dificuldades dos
primeiros anos. Em vários bairros foram organizadas as congregações de Campo
Grande, torre, Pena e Porto da Madeira. Ali surgiram trabalhos fortes [...] O dia 15
de abril de 1928 assinala uma data festiva para a igreja em Recife. Nessa data foi
inaugurado o amplo e espaçoso templo da Rua Castro Alves, 225, no bairro de
Encruzilhada [...] No dia 7 de setembro [...], Jesus levou para o lar celestial o seu
incansável servo (Joel Carlson – grifo nosso) [...] A igreja continua a trabalhar e a se
desenvolver de maneira admirável para alcançar a vitória final. Um recenseamento
feito recentemente (na data de publicação da 1ª edição deste livro em 2000 – grifo
nosso) revelou que há na igreja mais de 9.000 membros ativos e um corpo de
auxiliares dos maiores que qualquer igreja tenha chagado a possuir (CONDE, 2008,
p. 141/147).
54
O homem que está conscientemente aperfeiçoado à mente cristã, lida com as
informações, experiências e idéias, a ponto de poder discerni-la e colocá-la de igual modo em
seu valor no cerne do entendimento que ele adquiriu ao longo de sua vida. O cristianismo
passará a ser “um” quando todo cristão tiver uma só mente, tiver um só pensamento, refletir
uma só idéia e fortalecer suas estruturas. Ter a mente cristã é compreender o mundo ao nosso
redor, e percorrer no tempo, influenciados pela Palavra de Deus, mesmo imperfeitos que
somos, mas fazer repercutir nosso credo, assim como os do passado fizeram.
3.4-Favorecer a ética na condução da mensagem e à educação teológica
“[...] A busca do projeto de Deus na história da família humana, a prevalência do bem
comum sobre o interesse particular, a busca da paz e os limites do poder político [...]”
(CHIAVACCI, 2001, p. 19/20), tudo isso e mais ainda é objeto constante da reflexão e da
preocupação teológica no estudo da moral social e com ela a doutrina social cristã, pois
aborda a moral social e a traição da mensagem Bíblica e as mudanças dos padrões éticos e
morais que estão em nosso tempo, demonstrando que nós somos os próprios agentes dessa
mudança.
A ética nasceu com o surgimento do homem na sua busca pelo bem e o mal. Mas em
um mundo globalizado e estruturado para alimentar uma realidade inquietante, onde estão as
fronteiras da ética ou a ausência de fronteiras?
[...] Da ramificação da filosofia clássica, conhecida como filosofia moral, a ética
sofreu, no decorrer do tempo, influências de outras correntes de pensamento, em
particular do cristianismo. Com a predominância do pensamento cristão no
Ocidente, até o advento da Renascença, a ética confundia-se quase sempre com um
ramo da teologia, ainda que nas universidades se ensinasse regularmente a
Philosophia Moralis como uma sistematização da moral natural [...] A sociedade
moderna, no entanto, proclamou sua independência em relação ao pensamento
religioso predominante, e com a estruturação científica em moldes totalmente laicos,
veio estruturando igualmente os seus padrões éticos e morais, à margem das
confissões religiosas (COIMBRA, 2002, p. 32).
É difícil demonstrar o grau de sinceridade, objetividade e eficácia que norteiam os
princípios éticos numa sociedade pluralista e tão complexa como a que nós vivemos.
Questões básicas da ética normativa podem ser adotadas quando partimos do princípio da
experiência humana, aprofundada nos laços da cristandade que contribui para um grau de
complexidade e aprofundamento dessas questões, e são motivadas pelo simples fato de haver
55
uma posição ética cristã. Surge nesse cenário um racionalismo ético, em que o indivíduo usa a
forma universal do ato moral, como ato livre de uma vontade racional boa, que age por dever
segundo as leis universais que deu a si mesma. Contudo muitos homens utilizam o
emotivismo ético, onde o fundamento da vida moral está na emoção e no desejo, ou seja,
nossos sentimentos são as causas das normas e dos valores éticos.
Os profissionais utilizam a ética para executar e praticar suas profissões sob pena da
lei qualquer ato que burle essa premissa. E onde se posiciona os profissionais responsáveis
pela propagação da mensagem bíblica? Certamente no mesmo âmbito, contudo, sem uma
norma legal que os monitore, a falta de ética na condução da mensagem transforma-se numa
conseqüente irregularidade divulgada nos púlpitos. Não basta acreditar que o simples fato de
“subir” em um púlpito para pregar seja suficiente para determinar o preparo de um pregador.
A necessidade de uma vida ética na oração e santificação, assim como estudar a Bíblia são
fundamentos indispensáveis para tal prática. Um pregador ético é aquele que passa fielmente
a mensagem bíblica, sem envolver suas emoções pessoais e os seus desejos, mas utiliza a
razão consciente de que ele está comprometido com a verdade e por ela deve ser guiado.
Algumas virtudes percebidas no meio dos cristãos são examinadas a partir da relação
do crente com Deus (virtudes teológicas – a fé e a caridade), mas também de virtudes
particulares, ou seja, quanto da posição da humildade, da justiça, da prudência e da modéstia
(virtudes morais); para o filósofo grego Aristóteles (384 a. C. – 322 a. C.), “[...] não eram
particulares, pois a justiça é o resultado da virtude e não uma das virtudes, e a prudência é a
condição de todas as virtudes [...]” (CHAUI, 2005, p. 321). Infelizmente o pregador cristão
moderno perdeu o valor histórico e transcendental da ética. Ele brinca com a ética de ocasiões
e momentos, com valores relativos, mas não sabe como desenvolver o seu papel de
“mensageiro” e manter sua dignidade fundamental.
[...] Foi em torno de revelações, profetismos e experiências históricas que as três
grandes religiões monoteístas quiseram chegar a uma consciência ética básica. O
curioso, e até paradoxal nessas respectivas culturas, é que a humanidade do homem
é garantida pela autoridade divina, não por ele [...] o essencial tornou-se invisível
aos olhos da sociedade, seja ela superdesenvolvida ou subdesenvolvida. Os olhos
estão voltados para o „ter‟, as consciências estão alheias ao „ser‟ (COIMBRA, 2002,
p. 38).
Se a liberdade existe somente dentro da lei, o mesmo se aplica à ética. O abuso de
poder por parte daqueles que estão ministrando pode ser atribuído como o “limite da fronteira
da ética” e dali por diante ele estará se enquadrando num indivíduo “clandestino
56
ultrapassando seus limites geográficos”, incorrendo no abuso da autoridade teológica que
exerce para ir além do que Deus ordena. Isso é desrespeito ao próximo.
[...] O abuso do poder tem, hodiernamente, vários nomes, contudo a realidade
abusiva é uma só: o desrespeito. Os poderes político e econômico, as oligarquias
soltas e impunes, avançam sobre o que não lhes cabe. Também a dominação
tecnológica, a tirania da ciência, o engodo das falsas liberdades, as mistificações
religiosas, se não ignoram acintosamente as restrições éticas e morais, no mínimo
ultrapassam e desrespeitam os seus limites. As informações e as contra-informações
escorregam propositadamente em falsidades, erros e meias-verdades. A manipulação
das pessoas e das consciências, em diferentes formas e graus, é inescrupulosamente
empregada em alta escala e enaltecida como aplicação da inteligência e prova de
superioridade. Os sofismas distorcem a lógica dos fatos. O consumismo impõe à
sociedade uma espécie de miragem coletiva num deserto de valores autênticos
(COIMBRA, 2002, p 40).
A existência da ética é sempre um convite desafiador para o indivíduo realizar o
projeto de se tornar mais humano. Na Grécia antiga, lugar de origem das reflexões éticas, seus
habitantes entendiam que os juízos sobre o bem, o mal, a verdade, a justiça eram ditados pela
consciência moral (individual), porém decididos de maneira livre e racional acentuando o
caráter público das polis – lugar onde os homens gregos por meio de debates, diálogos e o uso
das palavras exerciam sua cidadania, ou seja, tudo que se diz respeito à coisa pública, ao bem
comum. Na sociedade medieval marca o fim do vínculo entre ética e política (demonstrada
pelos gregos) e pelo uso crítico da razão passando a elevar à obediência a lei divina e Sua
autoridade.
Nessa imagem histórica o homem (pregador cristão) contemporâneo faz uma inversão
dos valores éticos subjugando o público ouvinte e monopolizando suas idéias de forma errada,
ou seja, ele não deixa sua mensagem à mercê da crítica e julgamento dos ouvintes, antes a
impõe, como também não a direciona ao limiar da autoridade das Escrituras, então, favorecer
a educação teológica é uma premissa urgente no tocante aos comprometidos com a
propagação, divulgação e comunicação do evangelho em nossos dias.
[...] A educação teológica é um processo que tem como finalidade a compreensão da
história em confrontação com a realidade do reino de Deus, à luz da Bíblia e da
tradição cristã aceita como instrumento de reflexão e ação para capacitar o povo de
Deus, leigos e clérigos, para a vida e a missão na dimensão profética, onde o
processo de formação do indivíduo propicie o compromisso deste com o contexto no
qual interage (ORTEGA, 2007, p. 42).
A igreja é o lugar de consolo e também de inspiração para o serviço, para a
proclamação e para a exigência de mudanças em toda a sociedade. A graça de Deus revelada à
Igreja é graça que conforta e consola, mas também que desafia e envia ao impulso
missionário. É uma proclamação vocacional da eclesiologia, onde a Igreja é fruto da graça e
57
manifestação da vontade salvífica de Jesus Cristo. Como a igreja local é formada por homens
e mulheres num corpo espiritual o qual Cristo é a cabeça, seus mensageiros são transmissores
diretos dessa graça nos corações dos ouvintes. “Onde abundou o pecado, superabundou a
graça!” (ARA, Rm 5.20). A ética cristã a partir da graça de Deus eleva-nos ao patamar de
perpetuarmos a mensagem divina através do seu filho Jesus Cristo.
58
CONCLUSÃO
Durante esses últimos anos, Deus tem nos capacitado a descobrir e recuperar a verdade
maravilhosa da mensagem bíblica e sua conseqüente manifestação dos dons espirituais e
experiências avivalísticas e transformadoras, a exemplo do que era concedido no início.
Num panorama histórico Gary B. McGee apud Stanley M. Horton descreve esta
transição nos crentes denominacionais como o “[...] vinho novo (que) tinha sido derramado
em odres velhos”, ou seja, distinguindo-se teologicamente de muitos movimentos do passado,
o pentecostalismo continua sendo o mais fluente e o que mais tem sido responsável pelo
grande avanço missionário e evangelístico nos últimos anos. Assim como Deus concedera a
plenitude do Espírito Santo aos aproximadamente 120 almas no Dia do Pentecostes, muitos
que crêem atualmente continuam sendo batizados no Espírito e falam noutras línguas
(glossolalia).
Contudo, é válido salientar que as diferenças teológicas não evaporaram em meio à
emoção de se proclamar a “chuva serôdia” entre os evangélicos. Nesse enfoque muitas igrejas
neo-pentecostais seguem numa “via de mão única”, onde não há regras, não há leis, não há
nada que seja contrária a ideologia dos seus líderes e seguidores, em completa discordância
com igrejas pentecostais clássicas que conduzem seus rebanhos sob alguns valores implícitos
tais como: “[...] a experiência pessoal, a comunicação oral (também refletida nos testemunhos,
revistas e livretes da igreja, na literatura da Escola Dominical, nos panfletos e nos folhetos
evangelísticos), a espontaneidade, o repúdio ao mundanismo e a autoridade das Escrituras”
(HORTON, 1997, p. 23).
Quando questões ameaçam a preservação da doutrina na Igreja e o bem-estar dos
santos, qual seria o conteúdo da mensagem do Evangelho nos nossos dias? A Igreja é um
povo chamado do mundo para estar separado dele quanto à doutrina, aos usos e aos costumes.
Os pregadores de hoje não são os profetas do Antigo Testamento, nem os apóstolos do Novo
Testamento, no entanto, podem reivindicar também a apresentarem a Palavra de Deus. Não é
fácil falar e ouvir a verdade, principalmente quando indivíduos desprezam a simplicidade com
que a verdade é apresentada nas Escrituras e consideram a Bíblia como uma obra comum.
GREIDANUS (2006) afirma categoricamente que a Bíblia não somente provê e
empresta autoridade para a pregação, mas também é a única fonte normativa para o sermão
59
contemporâneo, e que ela funciona como um critério padrão para testar a veracidade das
mensagens que não podem ser a preferência ou antipatia pessoal do que a lê e divulga, mas a
única certificação escrita apensa em suas páginas e que reivindica inspiração a pregadores por
todas as gerações passadas, presentes e futuras.
60
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66
ANEXO I – Questionário da Pesquisa de Campo
ESCOLA DE TEOLOGIA DAS ASSEMBLÉIAS DE
DEUS NO BRASIL – ESTEADEB
EXTENSÃO CARUARU (PE) – 09/2010
MONOGRAFIA (TCC) – QUESTIONÁRIO
1 – SUA IDADE ESTÁ COMPREENDIDA ENTRE?
( ) 18 a 29 anos
( ) 29 a 39 anos
( ) 39 a 49 anos
( ) acima de 49 anos
2 – QUAL O SEU SEXO?
( ) masculino ( ) feminino
3 – QUAL O SEU GRAU DE ESCOLARIDADE?
( ) ensino fundamental
( ) ensino médio
( ) nível superior incompleto
( ) nível superior completo
4 – VOCÊ FEZ (FAZ) ALGUM CURSO
TEOLÓGICO?
( ) básico ( ) médio ( ) bacharel ( ) não
5 – QUAL CULTO VOCÊ MAIS FREQÜENTA?
(pode marcar mais de uma opção)
( ) pregação ( ) oração ( ) doutrina
( ) escola dominical ( ) outros
6 – QUAL (IS) MOTIVO(S) PARA O(S) CULTO(S)
QUE VOCÊ NÃO FREQÜENTA?
( ) trabalho ( ) estudo ( ) liturgia do culto
( ) falta de motivação ( ) os pregadores
7 – QUAL MENSAGEM VOCÊ MAIS GOSTA DE
OUVIR? (pode marcar mais de uma opção)
( ) avivalística com ênfase na cura, dons...
( ) expositiva focalizando histórias bíblicas
( ) doutrinária com ênfase no ensino
( ) estudos bíblicos
8 – QUE TIPO DE PREGADOR VOCÊ MAIS
GOSTA? (pode marcar mais de uma opção)
( ) ortodoxo (doutrinário) e fluente na
comunicação
( ) emocionalista, fluente na profecia e línguas
( ) sensacionalista e motivador de platéias
( ) eloqüente no ensino explicativo da bíblia
( ) avivalista, decretando vitória para os
ouvintes
9 – VOCÊ LÊ A BÍBLIA:
( ) freqüentemente ( ) esporadicamente
10 – VOCÊ LÊ OUTRAS LITERATURAS
EVANGÉLICAS? (pode marcar mais de uma
opção).
( ) livros ( ) revistas ( ) periódicos
( ) na internet ( ) outros
11 – QUAL PARTE DO CULTO VOCÊ MAIS
GOSTA?
( ) introdutória ( ) louvores ( ) mensagem
67
12 – QUAL MESAGEM VOCÊ MAIS COSTUMA
OUVIR DOS PREGADORES NOS CULTOS QUE
VOCÊ PARTICIPA? (pode marcar mais de uma
opção)
( ) “...olhe para dentro de você e diga: eu sou
um vencedor.”
( ) “...não desista de seus sonhos.”
( ) “...determine a sua vitória...crente que tem
promessa não morre.”
( ) “...olha para o irmão que está do teu lado e
diz: Deus está contigo.”
( ) “...Cristo está voltando, prepara-te.”
13 – A(S) MENSAGEM (NS) QUE VOCÊ
ASSINALOU OUVIU...
( ) a mais de 30 dias
( ) a mais de 15 dias
( ) a uma semana atrás
( ) sempre que vou à igreja
( ) nunca ouvi
14 – PARA VOCÊ QUAL EXPRESSÃO ABAIXO
MELHOR DESCREVE “AVIVAMENTO”?
( ) cair no espírito quando se transborda
( ) poder, autoridade e virtude espiritual
( ) capacitação continua no crente
( ) falar línguas estranhas e profetizar
15 – VOCÊ JÁ OUVIU PREGADORES
SENSACIONALISTAS E QUE PROCURAM SÓ
EMOCIONAR OS CULTOS NA SUA IGREJA?
( ) sim ( ) não
16 – A MENSAGEM BÍBLICA NA IGREJA QUE
VOCÊ FAZ PARTE É MINISTRADA DE FORMA
ADEQUADA?
( ) sim ( ) não
17 – VOCÊ JÁ OUVIU EM SUA IGREJA
PREGAÇÕES BÍBLICAS EM QUE O PRELETOR SE
DISTANCIA DO TEXTO OFICIAL?
( ) nunca
( ) ocasionalmente
( ) freqüentemente
18 – VOCÊ JÁ OUVIU EM SUA IGREJA UM
PREGADOR E SUA MENSAGEM DE ACORDO
COM A HOMILÉTICA (LITURGIA) QUE A
PALAVRA DE DEUS EXIGE?
( ) sempre
( ) raramente
( ) nunca
19 – VOCÊ SE CONSIDERA UM EVANGÉLICO:
( ) acomodado e tradicional
( ) moderado e conservador
( ) avivado e atualizado
( ) carismático e pentecostal
20 – COMO VOCÊ ACHA QUE A IGREJA DA
ATUALIDADE É DESCRITA CONFORME
ALTERNATIVAS ABAIXO?
( ) histórica e cristocêntrica
( ) comunitária e social
( ) missionária e avivalística
68
ANEXO II – Análise da Pesquisa de Campo
Este trabalho foi elaborado através de estudo bibliográfico inicial, tornando mais
amplo o conhecimento dentro do assunto abordado, onde foram definidos os objetivos da
pesquisa que melhor se enquadrarão a metodologia aplicada. Na fase final do mesmo foi
utilizada a coleta de dados de uma amostra populacional finita de aproximadamente 1.500
indivíduos (membros evangélicos que compõem o corpo docente e discente da Escola Bíblica
Dominical, assim como alunos da Escola Teológica das Assembléias de Deus no Brasil
(ESTEADEB) da cidade de Caruaru-PE), de onde foi retirada (subconjunto da população)
uma amostragem de 6,25% conforme cálculo efetuado dentro dos parâmetros de normas
técnicas (LEVIN, 1987) e através de fórmulas específicas (BARBETTA, 2002), a saber:
n0 = é a primeira aproximação do tamanho da amostra
E0 = é o erro amostral tolerável (Ex.: 10% = 0,10)
90% de nível de confiança e 10% de desvio padrão (σ)
N = é o número de elementos da população
n = é o tamanho da amostra
{Onde, n0 = 100 (erro amostral) e n = 94 questionários (tamanho da amostra)}.
O tipo de pesquisa de campo precisamente utilizado foi o método quantitativo-
descritivo que através da investigação empírica foi conferida uma hipótese e delineado um
problema (Analisar as causas do artificialismo da mensagem bíblica e suas conseqüências por
parte de pregadores neo-pentecostais, que estão preocupados somente com o sensacionalismo
das platéias, deixando fora a essência das Escrituras Sagradas e seu contexto hermenêutico e
doutrinários), isolando suas variáveis principais, sendo coletadas informações necessárias
através de questionários com perguntas objetivo-fechadas à população entrevistada, com
linguagem clara, de fácil entendimento, usando, na maioria, questões impessoais com redação
N = 1500 (população amostral)
Definindo o erro amostral tolerável em
10%
E0 = 0,10
n0 = 1 / (E0)2
n0 = 1 / (0,10)2
n0 = 100 (erro amostral)
n = (N . n0) / (N + n0)
n = (1500 . 100) / (1500 + 100)
n = 93,75 questionários ou 6,25% da
população
69
direta. Segundo ainda o tipo de questões, utilizou-se a classificação proposta na literatura
bibliográfica estudada (MARCONI & LAKATOS, 1996; MATTAR, 1996), onde as
perguntas foram: fechadas (dicotômicas ou tricotômicas) ou de múltipla escolha. As perguntas
também foram agrupadas em uma seqüência lógica, iniciando com perguntas mais simples do
tipo sócio-culturais e finalizando com perguntas mais complexas e específicas ao assunto em
estudo. O layout foi elaborado em folha tamanho A4, em duas colunas, posto o texto em
frente e verso para acomodar todo o conteúdo em uma única folha, seguindo orientação de
OLIVEIRA (1997).
A amostra escolhida para realização da pesquisa foi a não-probabilística e não-
aleatória, onde propositalmente foi escolhido um grupo de pessoas com características que se
assemelhem a explorada, ou seja, um grupo de estudantes de teologia e componentes de
Escolas Bíblicas Dominicais. Dos 94 questionários, apenas três foram nulos, tendo 91
corretos no preenchimento e aprovados para a pesquisa (probabilidade admitida em amostras).
Para a tabulação dos dados após o retorno dos questionários, foi feita a codificação e
análise dentro da coerência e coesão das mesmas. Os dados foram interpretados (OLIVEIRA,
1997) e organizados em tabelas pela técnica de análise estatística feita eletronicamente,
recriada através de tabelas no EXCEL (Microsoft Office Excel – Sistema operacional
Windows XP-2007), onde os mesmos foram digitados em colunas e resultaram em gráficos
para melhor compreensão dos resultados.
70
ANEXO III – Tabulação dos Dados – Interpretação Gráfica
A faixa etária da população estudada ficou compreendida entre a plotágem gráfica
abaixo:
Também o número de indivíduos do sexo masculino foi em maior quantidade – como
se esperaria, tendo em vista ser maior o número de homens que estudam teologia e estão na
liderança de Escolas Bíblicas Dominicais.
O grau de escolaridade coincide com o padrão esperado dentro das estatísticas mais
sérias e de importância nacional como IBGE, demonstrando que o nível médio ainda
prevalece em qualquer conjunto de sociedades.
33%
31%
23%
13%
1 - Sua idade está compreendida entre:
18 a 29 anos 29 a 39 anos 39 a 49 anos acima de 49 anos
36%
64%
2 - Qual o seu sexo?
masculino feminino
71
Também é refletido no âmbito teológico o déficit na busca pelo conhecimento
acadêmico, ainda aquém do que se poderia alcançar dentro da população evangélica conforme
o gráfico abaixo:
É confortável o resultado da amostra quando abordado o conteúdo de cultos mais
freqüentados. A amostra gráfica abaixo demonstra essa realidade. Evangélicos na sua maioria
têm uma forte tendência na tradição religiosa, fomentada pela formação das famílias
denominacionais em nossa terra. Aos movimentos pentecostais e missionários é que nossas
denominações repousam em um rotineiro conservadorismo que impele os membros a serem
ovelhas fiéis e praticantes aos principais cultos e seus dogmas e através de todo um contexto
político-filosófico sofrido em decorrência da busca do ser humano completo. Igrejas
protestantes históricas concentram uma teologia cristocêntrica e voltada para o ato de
13%
61%
13%
13%
3 - Qual o seu grau de escolaridade?
ensino fundamental
ensino médio
nível superior incompleto
nível superior completo
0
10
20
30
40
50
básico médio bacharel não
Série1 33 1 15 43
Po
rcen
tag
em
de i
nd
ivíd
uo
s
4 - Você fez (faz) algum curso teológico?
72
congregar e compor uma frente relativamente unida contra forças perseguidoras do passado
até os dias de hoje.
Com a necessidade de trabalho, estudo e a forte tendência nos dias atuais de
sobrevivência é que também fica evidenciada a ausência de muitos membros nas
congregações, principalmente em determinados cultos. Foi-se o tempo em que as reuniões nas
congregações aglomeravam maior quantidade de mulheres, pois na sociedade em que
vivemos, assim como os homens, a mulher tem alcançado sua posição, por vezes igualitária a
dos homens para ser uma mantenedora do lar.
Na seqüência abaixo fica notório a busca pelo tipo de mensagem pela população em
estudo. A forte influência das tendências neo-pentecostais e sua expansão liberal teológica
torna exigente o público assíduo aos trabalhos comprometidos com a Verdade, que em
pregação
oração
doutrina
escola dominical
outros
71
46
56
60
11
5 - Qual culto você mais freqüênta?
Série1
trabalho45%
estudo22%
liturgia do
culto6%
falta de motivação
9%
os pregadores3%
não opinaram15%
6 - Qual (is) motivo (s) para o (s) culto (s) que você não
freqüênta?
73
detrimento da falsa teologia, não abrem mão de uma boa exposição do texto sagrado e de um
culto em que permeiem a doutrina, o conhecimento bíblico e o ensino hermenêutico da Bíblia.
Na seqüência destaca-se também o tipo de pregador que mais motiva a freqüência nos
trabalhos congregacionais entre os indivíduos evangélicos aqui abordados. A igreja prima por
fatores na mensagem tais como: conhecimento do conteúdo, vida consagrada, ortodoxia e que
o preletor saiba se comunicar. Desafiador para o pregador que não está preparado e possui
apenas uma leitura crítico-racional das Escrituras e uma não-confessionalidade credal.
A Bíblia continua como regra de fé e bússola entre os cristãos. Essa biblioteca que
aborda vários assuntos tem estado como livro de cabeceira para muitos indivíduos que
professam o cristianismo. Com a evolução e descobertas recentes na arqueologia, história e
avivalística com ênfase na
cura
expositiva focalizando
histórias bíblicas
doutrinária com ênfase no
ensino
estudos bíblicos
2336
64 62
7 - Qual mensagem você mais gosta?
Série1
0 20 40 60 80
ortodoxo (doutrinário) e fluente na comunicação
emocionalista, fluente na profecia e línguas
sensacionalista e motivador de platéias
eloqüente no ensino explicativo da Bíblia
avivalista, decretando vitória para os ouvintes
8 - Que tipo de pregador você mais gosta?
Per
cen
tag
em d
e in
div
ídu
os
Série1
74
muitas outras ciências, homens e mulheres trazem ao público leitor uma vasta quantidade de
traduções, versões e conhecimento para o deleite espiritual do que ama a Palavra de Deus.
Com um gráfico de radar – que plotam os valores de cada categoria ao longo de um
eixo separado e exibem alterações nos valores em relação a um ponto central – vemos
também quais outras literaturas evangélicas os indivíduos fazem uso, além da Bíblia Sagrada.
Também ficou evidenciada a parte do culto que mais gostam os evangélicos. A
mensagem e exposição da Bíblia, quando bem feita, atraem seus seguidores. Mesmo diante de
um retrato desolador entre várias comunidades evangélicas onde é constante o aparecimento
de uma geração dividida entre o liberalismo teológico, os truques de marketing, o culto à
personalidade e o esquerdismo político. Igrejas alicerçadas, mesmo que tenham dificuldades
0 20 40 60 80
freqüêntemente
esporadicamente
não opinaram
Percentegem de indivíduos
Eixo
de
op
çõe
s
9 - Você lê a Bíblia?
Série1
74
29
18
40
20
40
60
80
livros, revistas e periódicos
internet
outros
não opinaram
10 - Você lê outras literaturas evangélicas?
Série1
75
para manter seus membros nas suas principais reuniões, terão muito mais êxito diante das
neo-pentecostais, ou seja, acomodarão um público fiel e assíduo – se do púlpito vier
“alimento” puro.
A base da pesquisa aqui apresentada é o tipo de mensagem utilizada por pregadores no
meio evangélico. Através da plotágem do gráfico abaixo fica claro que os principais sermões
deveriam compreender aqueles que contêm as mensagens que falem na volta de Cristo e seus
ensinamentos, porém na atualidade os neo-pentecostais querem inovar seus sermões e atrair a
platéia de forma errada. Um perigo para igrejas e líderes que estão despercebidos diante desse
tema, pois, mesmo nas igrejas históricas, muitos crentes só ouvem mensagens modernas e
relativistas, de pregadores incautos dessa propagação extra-bíblica que nasceram no seio dos
grandes avivamentos, e que tentam através de um arsenal de animação de auditório querer
garantir o mover de Deus.
0
20
40
60
80
introdutória louvores mensagem
11 - Qual parte do culto você mais gosta?
Série1
77%
23%
12 - Qual mensagem você mais costuma ouvir dos
pregadores nos cultos que você participa?
mensagens que só determinam vitória
mensagens que abordam a volta de Cristo
76
Quadro preocupante também é o fato de que são freqüentes essas mensagens nos
púlpitos evangélicos. Na disposição gráfica abaixo a expressão: “sempre que vou à igreja”
demonstra a proporção que crentes forçosamente têm que abrir seus ouvidos à dialética
sofisticada e puramente humanizada de mensageiros que “aprenderam” a martirizar as almas
com sermões copiados, anti-éticos e triunfalistas – mal da confissão positiva – e que ainda
inspiram outros, na maioria jovens, a seguir nessa marcha desenfreada, que atropela a Palavra
de Deus, pois o importante é manter o público no templo, a qualquer preço, custe o que
custar...
Os neo-pentecostais confundem a palavra “avivamento” e com isso infiltram suas
ideologias erradas a respeito do assunto, contaminando os que dão evasão as vãs filosofias.
Tais propagações errôneas estão fugindo do controle até mesmo de igrejas históricas que
através de sucessivas experiências espirituais caem na falácia de tais movimentos.
0 10 20 3040
a mais de 30 dias
a mais de 15 dias
a uma semana atrás
sempre que vou à igreja
nunca ouvi
Percentagem da amostra
Eixo
das
op
çõe
s
13 - A (s) mensagem (ns) que você assinalou
ouviu...
Série1
0102030405060
cair no espírito
quando se transborda
poder, autoridade e virtude espiritual
capacitação contínua no
crente
falar línguas estranhas e profetizar
Série1 7 33 54 8
Eixo
das
pe
rce
nta
gen
s
14 - Para você qual expressão abaixo melhor descreve "avivamento"?
77
Quando foi posto no gráfico os dados referentes à existência de pregadores
sensacionalistas que procuram só emocionar as pessoas obtivemos o resultado abaixo. O
utilitarismo mercadológico é uma dicotomia que envolve ambos os lados dos que se utiliza
em propagá-la, ou seja, o pregador e seu individualismo em “vender” sua mensagem e o
ouvinte e sua disposição a “comprar” essa idéia. Os cristãos estão acostumadas com os super-
pregadores e suas extravagâncias nos púlpitos que mais parecem shows, gritos frenéticos e
ritualização.
Mesmo assim a maioria dos entrevistados respondeu que a mensagem nos púlpitos de
suas igrejas é bem ministrada – lembrando que o público alvo desta pesquisa foram
evangélicos que estudam teologia e estão diante de trabalhos da EBD – fato este que endossa
o víeis “conhecimento do assunto” a interferir nos dados da amostra, assim também por serem
membros de uma igreja histórica. Isso leva a uma dicotomia entre a pergunta 15ª e a 16ª em
foco, ou seja, como 87% dos entrevistados responderam que há mensagens sensacionalistas
em suas congregações e que também 87% afirmam que a mensagem é ministrada de forma
adequada na sua igreja local? Subentende-se que a mercadologia nos púlpitos evangélicos
conduz ao erro o povo que está acostumando-se com tais sermões e até passando
despercebidos por eles.
sim87%
não13%
15 - Você já ouviu pregadores sensacionalistas e que procuram só emocionar os cultos na sua
igreja?
87%
12% 1%
16 - A mensagem bíblica na igreja que você faz
parte é ministrada de forma adequada?
sim
não
não opinaram
78
No parâmetro “fidelidade ao texto explanado”, a maioria também respondeu
positivamente, porém ainda há um grande número de sermões fora do contexto original. A
Escritura não deve apenas ser aprendida, mas ela deve ser crida e depois proclamada. Esse
aspecto dinâmico da Palavra é a tarefa da contextualização e da análise homilética, que faz
com que o pregador transfira a unção inspirada inerente na Bíblia e que Ela fale tão
claramente nos dias atuais quanto falou no passado.
A pergunta 18ª mostra que há pregadores preocupados com o modo de disseminar a
mensagem aos corações e ensinar o texto sagrado. Assim, uma boa parte dos pregadores faz
uso da homilética nos púlpitos, e alguns membros têm sido saciados com a verdadeira Palavra
divina.
3%
74%
23%
17 - Você já ouviu em sua igreja pregações bíblicas
em que o preletor se distancia do texto oficial?
nunca
ocasionalmente
freqüêntemente
0
10
20
30
40
50
60
sempreraramente
nuncanão
opinaram
18 - Você já ouviu em sua igreja um pregador e sua
mensagem de acordo com a homilética (liturgia) que a
Palavra de Deus exige?
Série1
79
Muitos cristãos se distribuem entre um evangélico conservador, atualizado e
pentecostal, sendo moderados e avivados. Influência notória da corrente teológica que são
orientados na sua igreja de origem. O gráfico abaixo nos indica esses percentuais.
No critério “como a igreja da atualidade é descrita” ficou mais evidenciado o
compromisso missionário e histórico para o público alvo da pesquisa. O ide imperativo de
Cristo ainda é responsável pelo avanço evangelístico em busca das almas perdidas, lembrando
que o alicerce da historicidade em que uma igreja está inserida é fundamental para a
continuidade dos seus membros através das gerações. É uma identidade comum a todos, uma
interação da geração presente não desprezando os fundamentos históricos do passado.
05
101520253035
Pe
rce
nta
gem
19 - Você se considera um evangélico:
Série1
0 10 20 30 40 50
histórica e cristocêntrica
comunitária e social
missionária e avivalística
não opinaram
20 - Como você acha que a igreja da atualidade
é descrita conforme alternativas abaixo?
Série1
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