escrevendo o roteiro
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Revisado: 29/10/2003
Módulo 6
Diretrizes para Escrever umRoteiro
S eria possível para um mestre-de-obras construir
uma casa sem compreender a planta do
arquiteto?
Provavelmente, não .
Da mesma maneira, o pessoal-chave da equipe de produção deve ter uma compreensão
básica do roteiro, antes de poder realizar o programa.
Um guia completo sobre como escrever roteiros, para os diferentes tipos de programa de
televisão, está além do escopo deste curso. Ao mesmo tempo, esta é uma das áreas onde
"conhecimento é poder", e quanto mais você souber sobre roteirização, maiores serão as
suas chances de obter sucesso, profissionalmente.
Ao chegar ao final deste módulo, você deverá conhecer todos os elementos estruturais
importantes e ter os conhecimentos básicos e necessários para escrever um roteiro. (Num
módulo anterior, já vimos que, muitos profissionais bem sucedidos de produção, iniciaram
suas carreiras escrevendo roteiros).
"Com licença, Sr. Brinkley..."
Há muitos anos, um dos meus alunos de produção de TV estava jantando em um
restaurante em Miami quando viu David Brinkley - um dos mais experientes e respeitados
âncoras de todos os tempos - na mesa ao lado. O estudante foi até lá e se apresentou ao Sr.
Brinkley, dizendo que o seu grande sonho era ser telejornalista.
"Sr. Brinkley, que conselho o senhor me daria para ter sucesso na profissão? "
Sr. Brinkley largou o garfo, pensou e respondeu, "Três coisas: Aprenda a escrever. Aprenda
a escrever. E, aprenda a escrever."
Embora você possa aprender o básico sobre como escrever aqui ou num bom livro, a única
maneira de se desenvolver e se tornar um bom escritor é escrevendo.
Escrevendo muito!
A maioria dos escritores de sucesso passa anos escrevendo, até conseguir se firmar no
mercado - e viver do que escreve. Num certo sentido, os fracassos iniciais não se tratam de
fracassos, mas pré-requisitos para o sucesso.
Por isso, não desespere, se os seus primeiros trabalhos não forem premiados pela
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Academia Nacional ou com um Prêmio Pul itzer. Lembre-se apenas que a l ista de escritores
profissionais que passaram anos se aperfeiçoando e se desenvolvendo - sem desistir ou se
entregar ao desespero e à frustração - é tão grande quanto a própria lista de escritores bem
sucedidos.
Sucesso e genialidade,
parafraseando Albert
Einstein, (um gênio
reconhecido) são 10 por
cento de inspiração e 90
por cento de transpiração.
Mas, primeiro, vamos aos
conhecimentos básicos.
Lembre-se que escrever
para a Mídia Eletrônica é
bem diferente do que
escrever para a Mídia Impressa. Aqueles que escrevem para Jornais e Revistas desfrutamde vantagens que o Rádio e a TV não oferecem.
Por exemplo, o leitor pode, a qualquer momento, voltar para reler a sentença. Se a frase não
for compreendida em um programa de TV, o significado se perde; ou pior, o telespectador
fica distraído por algum tempo tentando imaginar o que foi di to.
Com a palavra escrita podemos utilizar divisões de capítulo, parágrafos, sub-títulos, e
palavras grifadas por letras em negrito ou itálico para orientar o leitor. E a ortografia, de
palavras com o mesmo som, para determinar o seu signi ficado.
As coisas são bem diferentes quando se escreve para o ouvido.
As regras de pontuação nem sempre são seguidas. Vírgulas e reticências são
freqüentemente usadas para indicar pausas para o locutor, já que a narração deve ser feita
em tom coloquial. Com frequência, se utilizam frases incompletas ... da mesma maneira que
numa conversa normal.
Embora tal uso seja desaprovado pelo seu professor de Línguas - Inglês ou Português - pois,
está em desacordo com a forma padrão de escrita - a consideração principal ao se escrever
o texto da narração é a clareza.
A maneira como percebemos a informação verbal também complica as coisas. Quandoestamos lendo, nós vemos palavras em grupos ou padrões de pensamento. Isto nos ajuda a
entender o significado da frase. Mas, quando ouvimos o que está sendo dito, a informação é
percebida palavra por palavra. Para que o significado da frase seja compreendido, devemos
reter as primeiras palavras na memória e ir adicionando as palavras subseqüentes ...até que
a sentença ou pensamento se complete. Se a sentença é muito complexa ou muito longa, o
significado da frase se perde ou fica confuso.
Escrevendo para a TV
Roteiros de vídeo têm um estilo próprio. O broadcast style (estilo televisivo) se caracteriza
por frases curtas, concisas e diretas.
A voz ativa é preferida à voz passiva; substantivos e verbos são preferidos aos adjetivos; e
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as palavras específicas são preferidas às palavras gerais. Na televisão, devemos evitar as
orações dependentes, no início das sentenças.
E eliminar as palavras desnecessárias. Por exemplo, ao invés de, "neste momento " prefira
"agora". Ao invés de "curta distância ", use "perto".
Também utilizamos pontuação extra, especialmente vírgulas, para ajudar na lei tura dos
textos de narração. As vírgulas sinal izam as pausas, (como já foi dito, um procedimento nem
sempre aprovado pelo seu professor de Línguas). Apenas lembre-se o que, e para quem,você está escrevendo quando se sentar no seu computador.
As atribuições - ao contrário do jornal impresso - devem vir no começo da frase, ("Segundo o
Ministro da Saúde..."). Na televisão, queremos saber logo de cara "quem foi que disse".
Comparando as Mídias Eletrônica e Impressa podemos notar diferenças entre os estilos de
linguagem... que tipicamente ocorrem. Mas, num esforço de comunicar informações mais
rápida e claramente, alguns jornais americanos, tais como USA Today , estão adotando um
estilo mais próximo ao do broadcast style.
Uma das melhores referências sobre simplicidade e clareza de escrever é um pequeno livrode 70 páginas escrito por Struck and White, em 1959, chamado "Elements of Style" . As
primeiras 27 páginas são especialmente relevantes a este assunto.
Correlacione Áudio e Vídeo
Os telespectadores estão acostumados a ver na tela da TV, imagens relacionadas com o
que estão ouvindo - geralmente, sob a forma de diálogo ou narração. Por isso, para não
confundir a audiência, correlacione (relacione) som e imagem.
Isto não quer dizer que você deva ser
literal. Evite o tipo de comentário "David
corre", que diz o óbvio. Se você pode ver
claramente o que está acontecendo na
tela, isto irá aborrecer o seu público. Em
novelas de Rádio, muitas falas desse tipo
são incluídas no diálogo, para informar aos
ouvintes sobre o que eles não podem ver.
Mas, este não é exatamente o caso da TV.
Idealmente, o diálogo ou narração devecomplementar o que está sendo visto.
Sobrecarga de Informação
Com mais que 100 canais de TV e milhões de web pages disponíveis na Internet - para citar
apenas dois veículos de comunicação - um dos maiores problemas, hoje em dia, é a
sobrecarga de informação.
Em produção de TV, a meta não é simplesmente descarregar mais informação nos
espectadores. Para ter sucesso, devemos atrair a audiência e comunicar claramente as
informações selecionadas, de forma interessante e esclarecedora.
A capacidade do ser humano de absorver informação é l imitada. Além disso, lembre-se que
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o espectador típico tem uma série de distrações externas e internas, preconceitos, etc., que
são obstáculos ao processo de comunicação. Se o roteiro tem um conteúdo muito denso,
com muitos fatos ou se a informação não for apresentada de maneira clara, o espectador
ficará confuso, perdido e frustrado - e simplesmente mudará de canal.
Confuso x Chato
Além da quantidade de informação que queremos comunicar, devemos também considerar
a velocidade da apresentação. Temos de dar ao espectador a oportunidade de absorver cada idéia, antes de passar para o próximo ponto. Se você vai depressa demais, o público
fica perdido; se vai muito devagar, acaba aborrecendo a audiência.
Em vídeos de treinamento, a melhor tática para a apresentação de informações importantes
é : primeiro, sinalizar ao espectador que alguma coisa importante irá acontecer. Depois,
apresentar a informação, da maneira mais simples e mais clara possível. E, finalmente,
reforçar o ponto através da repetição ou com uma ou duas ilustrações.
Em resumo, aqui estão sete regras gerais para escrever para televisão. Algumas delas se
aplicam à produção de programas educacionais, outras a produções dramáticas, e outras a
ambos os tipos.
Assuma um tom coloquial. Use sentenças curtas e um estilo de abordagem informal.
Envolva a sua audiência emocionalmente; faça com que ela se interesse sobre as
pessoas e conteúdo do programa.
Forneça uma estrutura lógica adequada; deixe o espectador saber onde você está
querendo chegar, que pontos são conceitos chaves, e quando você vai mudar o
assunto.
Após apresentar um ponto importante, faça uma exposição detalhada e i lustrada
sobre o assunto.
Não tente incluir muitos assuntos no programa.
Dê à sua audiência uma oportunidade de digerir um conceito antes passar para
outro.
Programe a sua apresentação de acordo com a capacidade que o seu público-alvo
tem de absorver os conceitos que serão abordados.
A Gramática do Vídeo
Algumas pessoas afirmam que, ao contrário da língua escrita, vídeo e cinema não têm uma
gramática - convenções ou estrutura - próprias. Embora vídeo tenha abandonado muito dagramática estabelecida pelo cinema, mesmo nesta era da MTV, ainda podemos usar várias
técnicas para estruturar nossas produções.
Em produções dramáticas, efeitos tais como fusão (duas imagens se superpõem,
momentâneamente, durante a transição de uma para outra) são freqüentemente um sinal de
mudança de tempo ou local. Fade-ins e fade-outs se aplicam tanto para o áudio quanto para
o vídeo, e podem ser comparados ao início e final dos capítulos de um livro. O fade-out é um
tipo de transição que consiste de dois ou três segundos de uma imagem escurecendo até
que tudo fique preto e em silêncio. O fade-in é o inverso.
Fade-ins e fade-outs freqüentemente indicam uma divisão no programa ou uma mudança
maior, como por exemplo, uma passagem maior de tempo. (Devemos lembrar, no entanto,
que "freqüentemente" não é "sempre").
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Tradicionalmente, teleplays (roteiros de produções dramáticas para TV) e screenplays
(roteiros de filmes) começam com fade-ins e terminam com fade-outs.
Termos e Abreviações Usados em Roteiros
E xistem vários termos e abreviações que são freqüentemente usados num roteiro. Primeiro,
existem aqueles que descrevem os movimentos decâmera.
Quando a câmera é movida para frente ou para trás,
se aproximando ou se afastando fisicamente do
objeto filmado, chamamos o movimento de dolly .
Quando o movimento é lateral utilizamos o termo
truck ou travelling.
Como veremos mais tarde, o zoom é uma versão
ótica do movimento de dolly , e tem um efeito visual
parecido. Uma anotação no roteiro pode sugerir "câmera zoom-in para um close-up de John," ou "
câmera zoom-out para mostrar que John não está
sozinho."
Cortes ou takes (tomadas) são transições instantâneas de uma imagem para outra.
Existem, também, termos específicos para designar os Planos. Em termos gramaticais,
poderíamos comparar os planos com as sentenças - na medida em que cada plano é uma
declaração visual.
c over shot (Plano de conjunto), establishing shot , ou master shot (Plano
seqüência) são designações do Plano Geral . Este tipo de plano dá à audiência uma
orientação básica sobre a geografia da
cena - quem está na cena, onde a cena
se passa, etc. - após o que, podemos
cortar para planos mais próximos.
O Plano Geral - WS (wide shot) ou LS
(long shot) - não tem impacto visual, na
televisão. Devido à resolução,
relativamente baixa do sistema NTSC
(sistema americano de transmissão de TV
a cores) os detalhes importantes ficam
difíceis de ver. Filme e HDTV (High
Definition TV) ou DTV (Digital TV) não
apresentam este tipo de problema.
Este tipo de plano deve durar apenas o
tempo necessário para orientar os
espectadores sobre as relações
espaciais dos elementos importantes emcena. Depois disso, no decorrer do
programa é usado, momentaneamente,
como lembrete ou para informar à
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audiência sobre mudanças na cena.
As designações dos planos são encontradas de forma abreviada, na coluna de vídeo dos
roteiros de televisão. A abreviação LS é usada para designar Long Shot (Plano Geral).
Ocasionalmente, utilizam-se as abreviações XLS (Extreme Long Shot) ou VLS (Very Long
Shot).
Outras designações de planos que você poderá encontrar em roteiros incluem:
MLS - Medium Long Shot ou FS (Full Shot). Enquadra pessoas da cabeça aos pés. O MS
corta na cintura.
O MCU (Medium Close Up) corta entre os ombros e a cintura.
O Close Up é perfeito para entrevistas. As mudanças de expressão facial, tão importantes
para se compreender uma conversa, são vistas facilmente. Os Close-Ups também são
utilizados como takes de apoio para mostrar detalhes importantes de objetos.
XCUs são Extreme Close Ups. O XCU
pode mostrar, por exemplo, somente os
olhos ou boca de um indivíduo. Com
relação a pessoas, este tipo de plano é
reservado para as cenas de impacto
dramático. Com relação a objetos, o
XCU é freqüentemente necessário para
revelar detalhes importantes.
Two-shot (tomada de dois) ou three-shot
(tomada de três) também abreviados
como 2-S e 3-S, designam planos, respectivamente, de duas e três pessoas.
O termo plano subjetivo indica que a audiência (câmera) irá ver o que o personagem vê.
Freqüentemente, este tipo de plano é feito com a câmera na mão. A câmera se move -
andando ou correndo - seguindo um personagem. Planos de câmera subjetiva adicionam
drama e adrenalina às cenas de perseguição.
Os ângulos de câmera também são indicados no roteiro. Incluindo desde a vista aérea (bird's
eye view), ângulo alto, nível do olhar e ângulo baixo. O ângulo oblíquo ou
ângulo holandês tem uma inclinação lateral de 25 a 45 graus, o que faz
com que as linhas horizontais apareçam diagonais, na tela.
Embora um roteirista, ocasionalmente, sinta necessidade de indicar os
planos e ângulos de câmera no roteiro, estas são decisões que
competem ao diretor.
Ainda assim, em roteiros de produções dramáticas, você pode encontar os termos câmera
mostra para indicar que a câmera percorre uma determinada área na cena; câmera segue
que indica que a câmera acompanha uma pessoa ou objeto; contraplano para indicar uma
mudança de ângulo de câmera, de quase 180 graus com relação à posição anterior; e
câmera abre para indicar um zoom-out ou dolly-out.
Além desses termos básicos, existem várias outras abreviações também util izadas noroteiro:
EXT e INT são indicações usadas em roteiros de filmes para indicar o caráter das
locações - exterior e interior.
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SOT (sound on tape), indica que a voz, música, ou som ambiente está numa fita de
vídeo.
SOF (sound-on-film)
VTR (video-tape-recorder) gravador de videocassette.
VO (voice over) se refere à narração que acompanha as imagens de um vídeo ou à
narração que se ouve num volume mais alto, que o da música ou som ambiente.
OSV (off screen voice). A voz indicada no roteiro pertence a alguém que não está
visível.
MIC ou MIKE microfone.
POV (point of view). Roteiros de produções dramáticas freqüentemente, indicam que
o plano irá mostrar a cena do ponto de vista de um determinado ator.
OS (over the shoulder). A imagem mostra a parte de trás da cabeça e possivelmente
um ombro da pessoa . (Também designados como O/S e X/S )
ANNCR - locutor.
KEY - a superimposição eletrônica de títulos e créditos sobre a imagem de vídeo.
SFX ou F/X se referem a efeitos especiais de áudio (FX) ou vídeo (SFX) que alteram a
realidade e são criados durante o processo de produção.
Com estes conhecimentos básicos podemos seguir para o próximo módulo.
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Bibliography / Additional Readings To TV Production Index
© 1996 - 2002, Ron Whittaker
Tradução Graça Barreiros
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