aula evidências prm 2012

Post on 06-Jul-2015

131 Views

Category:

Documents

0 Downloads

Preview:

Click to see full reader

TRANSCRIPT

Evidência, cadê você?

O sabujo e o Sherlock.

INTRODUÇÃO

Seguimos aprendendo

• Ao longo de toda nossa vida profissional,

• através de estruturas formais escolhidas

• e, especialmente, com as próprias

»DÚVIDAS

SABER X DÚVIDA

• x%

• SABE QUE SABE

• _________________

• x'%

• SABE QUE NÃO SABE

• y%

• NÃO SABE QUE SABE

• _________________

• z%

• NÃO SABE QUE NÃO SABE

Como aprendemos com as Dúvidas?

• Através de diferentes meios:

• Saúde baseada em Eminência

• Saúde baseada em Veemência

• Saúde baseada na básica ciência

• Saúde não baseada na prevalência

• Saúde Baseada em Evidências (SBE)

SBE

• Transformar nossas dúvidas em perguntas bem formuladas

• buscar na literatura uma resposta sólida

• decidir de modo compartilhado se essa resposta serve ao cuidado da pessoa ou coletivo por quem somos responsáveis (com seus valores e circunstâncias)

• assim como a melhor forma de utilizá-la num dado contexto.

2 Princípios da SBE

• As evidências NUNCA são suficientes para embasar uma decisão. Se requer atenção a

» Valores

» Preferências

» Particularidades

Recomendações baseadas em Evidências tem hierarquia*

• A Estudos experimentais e observacionais de melhor consistência.

• B Estudos experimentais e observacionais de menor consistência.

• C Relatos ou séries de casos.

• D Opinião desprovida de avaliação crítica.

*Há várias classificações possíveis. Tendência atual é adotar o GRADE, mais complexo do que o exemplo acima.

Mas não basta uma evidência “A”

• Existem 2 tipos de evidências:– Disease Oriented Evidence (DOE): evidência orientadas

para a doença, ou para desfechos laboratoriais, ou para desfechos clínicos intermediários, como: alterações em valores de exames, mas não em problemas; redução de um procedimento, mas não de um problema de saúde; redução de uma doença, mas sem redução da perda que ela trazia.

– Paciente Oriented Evidence that Matters (POEM): evidência orientada para desfechos de interesse do paciente, como qualidade de vida, função, morbimortalidade.

Exemplos históricos

Problema e DOE POEM

Intervenção

Dislipidemia e

clofibrato

Redução da

dislipidemia !

Aumento na

mortalidade

Osteoporose e

terapia com

fluoretos

Aumento da

densidade

óssea !

Aumento em

fraturas não

vertebrais

Artrite e

inibidores Cox2

versus AINE

tradicionais

Redução de

diagnóstico de

úlcera gástrica

em EDA !

Não reduz

hemorragias ou

perfurações

Na aula seguinte, alguns atuais

• Rastreamento de Ca de próstata

• Estatinas em prevenção primária

• Mamografia

• Rigor estrito na Diabetes

• …

AULA 1

• O SABUJO

• Onde procurar informação médica relevante?

• Como automatizar uma busca?

• Como detalhar uma busca?

• Como ir na couve?

Começando pelas novidades

Fazendo login

Há material para espertofones !

Agora vamos farejar mais longe

ONDE BUSCAR AS EVIDÊNCIAS?

• Bibliotecas...”livros grossos”, como diz o DrGrossman...

• Buscadores gerais, como Google (/Schollar)

• Buscadores de bancos de dados ou bancos bibliográficos de saúde ou correlatos

• Metabuscadores de saúde

• Sites de conhecimentos específicos

+ Controle com PUBMED

• Tutoriais em vídeo

• askMedline

• BabelMesh

• BabelMesh PICO

• Personalização

• THE Pubmed

Ou...

• O pesquisador pode querer controlar ainda mais como o PubMed vai executar as tarefas, e usar a busca avançada...

Só que isso...

• É assunto para quase outro turno inteiro !!

Mas...

• Se o pesquisador não tiver esta necessidade,

• nem quiser ter protagonismo antecipado sobre sua estratégia...

• E, sim, ele quiser ver como o próprio PubMedsugere que a busca seja desenvolvida...

• Agora (2010) o PubMed pegou gosto por brincar quase sozinho de pesquisador!

Mas às vezes nossas dúvidas são mais focadas

• Qual a dose, posologia ou paraefeitos de uma droga ou vacina? (Google, Medscape, ePocrates...) O que há de mais atual no diagnóstico ou tratamento de uma condição? (UpToDate, Dynamed...)

• Quais as recomendações da sociedade X no país Y para a condição Z?

Ou ainda, enfoque específico de política de saúde

• Neste caso existe o HEN: Health EvidenceNetwork.

• Pertence à OMS/Europa.

Ou o estudo pode demandar outros enfoques

• Se é necessário pesquisar nas áreas de educação, justiça, e bem-estar social, existe a Campbell Colaboration

• Produz revisões sistemáticas nessas áreas, análogas às da Cochrane Collaboration na área de Saúde.

Lembre: como se disse no início, a evidência NUNCA basta!

• É SEMPRE necessário confrontar cada situação e o sofrimento de cada pessoa de quem cuidamos com os princípios da APS para definir nosso papel no caso:

– na APS somos profissionais pessoais que provêem cuidados integrais, continuados e contextualizados !

ALGUNS LINKS• http://scholar.google.com.br/schhp?hl=pt-BR

• http://regional.bvsalud.org/php/index.php

• http://www.thecochranelibrary.com/view/0/index.html?s_cid=citation

• http://cochrane.bvsalud.org/portal/php/index.php

• http://www.tripdatabase.com/

• http://www.pubmed.gov

• http://www.nlm.nih.gov/bsd/disted/pubmed.html#qt

• http://askmedline.nlm.nih.gov/ask/ask.php

• http://babelmesh.nlm.nih.gov/index_por.php?com=

• http://babelmesh.nlm.nih.gov/pico.php

• http://guidance.nice.org.uk/

• http://www.euro.who.int/en/what-we-do/data-and-evidence/health-evidence-network-hen

• http://www.guideline.gov/

• http://www.campbellcollaboration.org/

Muito obrigado!

• Eno Dias de Castro Filho

• enofilhouol@gmail.com

AULA 2

• O Sherlock

• Como manter a independência profissional

• Como “deduzir” se o estudo é enviesado

• “Elementar”: o estudo se aplica?

PREVENÇÃO QUARTERNÁRIA

• É definida como o feita para identificar um paciente ou o em risco de

o, e protege-lo de uma o dica invasiva e sugerir

procedimentos fica e ticamenteveis. Marc Jamoulle e Gustavo Gusso,

2011. o ria: primeiro ocausar dano.

EXEMPLOS P4

• Para evitar iatrogenia, é preciso conhecer bem o real benefício das terapêuticas.

• Mortes que se evitam para 100.000 pessoas/ano com:

• IECA tratando IC: 308,

• Conselho de parar de fumar: 120,

• Tratamento de HAS: 71,

• Estatina na prevenção secundária: 14,

• Estatinas na prevenção primária: 3.• PREVENCIÓN CUATERNARIA PARA PRINCIPIANTES. BREVE RECETARIO PARA UN SANO

ESCEPTICISMO SANITARIO. Juan Gérvas

Outros exemplos P4

• Para evitar iatrogenia, é preciso conhecer bem o real benefício E dano das terapêuticas.

• Suplementação de Ca para idosos.

• Suplementação de Fe para gestantes.

• Controle glicêmico estrito, rim e coração.

• Rastreamento Ca de próstata.

• Mamografia.

• Tratamento da hipertensão leve.

S.Ferroso para Gestantes

• Effects and safety of preventive oral iron or iron+folic acid supplementation for women during pregnancy (Cochrane Review)

• a-Rosas JP, Viteri FE, 2009.

• We found no evidence, of significant reduction in substantive maternal and neonatal adverse clinical outcomes (low birthweight, delayed development, preterm birth, infection, postpartum haemorrhage). Associated side effects and particularly haemoconcentration during pregnancy may suggest the need for revising iron doses and schemes of supplementation during pregnancy and adjust preventive iron supplementation recommendations.

Suplementação de Cálcio

• Associations of dietary calcium intake and calcium supplementation with myocardial infarction and stroke risk and overall cardiovascular mortality in the Heidelberg cohort of the European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition study (EPIC-Heidelberg). Kuanrong Li, Rudolf Kaaks, Jakob Linseisen, Sabine Rohrmann.

• Calcium supplements might raise MI risk.

Controle glicêmico, rim e coração

• Role of Intensive Glucose Control in Development of Renal End Points in Type 2 Diabetes Mellitus. Systematic Review and Meta-analysis. Steven G. Coca, DO, MS; FaramarzIsmail-Beigi, MD, PhD; Nowreen Haq, MD, MPH; Harlan M. Krumholz, MD, SM; Chirag R. Parikh, MD, PhD. ARCH INTERN MED/VOL 172 (NO. 10), MAY 28, 2012

• Intensive glucose control reduces the risk for microalbuminuria and macroalbuminuria, but evidence is lacking that intensive glycemic control reduces the risk for significant clinical renal outcomes, such as doubling of the serum creatinine level, ESRD, or death from renal disease during the years of follow-up of the trials.

Targeting intensive glycaemic control versus targetingconventional glycaemic control for type 2 diabetes mellitus. Hemmingsen B, Lund SS, Gluud C, Vaag A,

Almdal T, Hemmingsen C, Wetterslev J.Cochrane Database Syst Rev. 2011 Jun 15;(6):CD008143.

Review.

The included trials did not show significant differences for

all-cause mortality and cardiovascular mortality when

targeting intensive glycaemic control compared with

conventional glycaemic control.

Targeting intensive glycaemic control reduced the risk of

microvascular complications while increasing the risk of

hypoglycaemia.

U.S. Preventive Services Task Force

(USPSTF)

The evidence is insufficient to recommend for or

against routinely screening asymptomatic adults

for type 2 diabetes, impaired glucose tolerance,

or impaired fasting glucose. This is a grade I

recommendation.

It has not been demonstrated that beginning diabetes

control early as a result of screening provides an

incremental benefit compared with initiating treatment

after clinical diagnosis.

Cadernos de Atenção Primária, n. 29

Está recomendado o rastreamento de diabetes em adultosassintomáticos com PA sustentada maior que 135/80 mmHg, nãose aplicando a outros critérios como obesidade, história familiar nem faixa etária. Grau de recomendação B.

Não existe evidência convincente de que o controle precoce da diabetes como consequência do rastreamento adicione benefício aosresultados clínicos microvasculares quando comparados com o iníciodo tratamento na fase usual de diagnóstico clínico. Ainda não se conseguiu provar que o controle rigoroso da glicemia reduzsignificativamente as complicações macrovasculares, tais comoinfarto do miocárdio e derrames.

Mamografia

PSA - 2

PSA

HAS leve

• Pharmacotherapy for mild hypertension. Diao D, Wright JM, Cundiff DK, Gueyffier F.

• The Cochrane Library 2012, Issue 8 • Of 11 RCTs identified 4 were included in this review, with

8,912 participants. Treatment for 4 to 5 years with antihypertensive drugs as compared to placebo did not reduce total mortality (RR 0.85, 95% CI 0.63, 1.15). In 7,080 participants treatment with antihypertensive drugs as compared to placebo did not reduce coronary heart disease (RR 1.12, 95% CI 0.80, 1.57), stroke (RR 0.51, 95% CI 0.24, 1.08), or total cardiovascular events (RR 0.97, 95% CI 0.72, 1.32). Withdrawals due to adverse effects were increased by drug therapy (RR 4.80, 95%CI 4.14, 5.57), ARR 9%.

Um exemplo de perto

• JUPITER (Justification for the Use of Statins in Primary Prevention: An Intervention Trial Evalu- ating Rosuvastatin).

• >11 milhões de novos estadunidenses elegíveis paraestatinas (chegando a 80% da população masculina>50a e feminina>60a).

• Marcador = proteína C > 2 sem dislipidemia ou DAC.• Intervenção = rosuvastatina 20/d ou placebo.• Desfecho composto (nonfatal myocardial infarction,

nonfatal stroke, hospitalization for unstable angina, arterial revascularization, or confirmed death from cardiovascular causes).

• RRR = 44%; RRA = 0,59% ao ano (NNT=159; 500 para IAM).• $638 750 (Tto)+$137 000 (exames) / ano/evento evitado.

JUPITER Fora de Órbita

• Por seus supostos benefícios, JUPITER foiinterrompido em 1,9 anos, dos 4 previstos.

• NUNCA saberemos a quanto chegaria a tendência a hiperglicemia/DM no braço ativoe as consequências de longo prazo de níveisde colesterol <60mg/dl atingidos (colesterol = molécula fisiológica imprescindível).

• JUPITER foi patrocinado por ASTRA-ZENECA.

UMA TRISTEZA ADICIONAL

• Como tempero ruim, descobriu-se queestatinas, até em prevenção secundária, NÃO reduzem mortalidade geral nem AVC emmulheres.

• Statin Therapy in the Prevention of Recurrent Cardiovascular Events. A Sex-Based Meta-analysis. Jose Gutierrez, MD, MPH; Gilbert Ramirez, PhD; Tatjana Rundek, MD, PhD; Ralph L. Sacco, MD, MS. ARCH INTERN MED/VOL 172 (NO. 12),

JUNE 25, 2012

Sim, mas como ficar “por dentro”?

• Subscrevendo listas como MEDFAM, PEDIAP, DISMONG, e-fármacos e os Seminarios de Innovación en Atención Primaria, porexemplo.

• Acompanhando a lista da SBMFC.

• Indo atrás das referências integrais dos “novose fabulosos estudos” e procurando encontrarneles os elementos que destacamos nestaaula.

Estudos devem ser lidos criticamente

• Os resultados dos estudos têm validade e metodologia de alta qualidade?Se endereçavam à questão clínica em foco? Quais foram seus resultados? Foram similares entre os estudos? Quão precisos são os resultados?

• De que modo esses resultados podem ser aplicados aos pacientes com cujo cuidado se gerou a dúvida em foco?

• Todos os desfechos clinicamente importantes para esta dúvida foram encontrados? Foi medida sua magnitude real?

• Os benefícios de adotar as recomendações que se derivam dessas evidências superam os riscos e custos?

Muito obrigado novamente!

• Eno Dias de Castro Filho

• enofilhouol@gmail.com

top related