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Post on 29-Jul-2018
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ATENÇÃO:
Castlevania, Alucard, Julius Belmont e todos os nomes relacionados
citados nesta obra são de propriedade da Konami Digital
Entertainment Inc.
Em nenhum momento eu, Cleiton Carlos Munhoz, cogitei infringir
quaisquer direitos autorais que a Konami Digital Entertainment Inc.
e outras empresas possuam sobre o nome Castlevania e
personagens relacionados.
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Introdução:
Desde que joguei um jogo de Castlevania pela primeira vez, me
interessei pelo enredo da série, desde os jogos mais simples da
geração 8/16 bits até mesmo jogos mais modernos, como
Simphony of the Night (Playstation) e Aria of Sorrow (Game Boy
Advance). Uma coisa que sempre achei o máximo foi saber que a
cronologia da série era bem feita, sem ramificações e histórias
paralelas, mesmo tendo jogos não canônicos como Castlevania
Legends (Game Boy) e Legacy of Darkness (Nintendo 64). Apesar
de muitos acharem essa estória repetitiva (com o mesmo Drácula
ressuscitando de tempos em tempos), eu sempre gostei.
Essa cronologia, porém, tinha um buraco: eu joguei e finalizei Aria
of Sorrow, gostei muito da estória nele contada. Nesse jogo é dito
que houve uma batalha decisiva em 1999, onde Drácula foi
destruído completamente, e não mais retornaria a cada 100 anos.
Jogando Aria of Sorrow descobre-se que Drácula ressurgiria sim,
renascendo em outro corpo, mas não vou me estender nesse
detalhe (se você jogou sabe disso tudo, se não jogou feche esse
livro e vá jogá-lo!). Acontece que muitos fãs, assim como eu,
ficaram frustrados ao ver que nunca foi lançado um jogo
mostrando aquilo que ficou conhecido entre os fãs de Castlevania
como “A Batalha de 1999”. E foi esse o motivo que me levou a
escrever esse livro, junto com o fato de eu ter visto livros de outras
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séries de games como Assassins Creed, God of War e Battlefield
fazendo sucesso nas livrarias. Eu vi isso e pensei: “por que não um
livro de Castlevania contando a batalha de 1999?”.
Eu sei que muitos fãs podem achar que eu não fiz um bom
trabalho, mas saibam que eu dei o melhor de mim neste livro:
pesquisei em diversas fontes, rejoguei vários jogos da franquia e
recolhi vários dados históricos do ano de 1999, bem como de
locais da Romênia, Inglaterra e Irlanda. Espero que gostem, e caso
tenham sugestões entrem em contato comigo no meu blog. Muito
obrigado a todos e boa leitura!
Cleiton Carlos Munhoz
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CASTLEVANIA
MINUETO
DO
APOCALIPSE
©Konami Digital Entertainment Inc., todos os direitos reservados.
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Capítulo 1
– Adrian!
O chamado, aos poucos, desentorpece a alma do eterno rapaz.
Tantos foram os séculos em que sua alma estava adormecida que,
para ele, era como retornar da própria morte.
– Adrian! Despertai, meu filho!
– Mãe? É você?
Sua voz saía quase irreconhecível, tamanha era a dificuldade após
tanto tempo em silêncio. A audição também não estava a pleno,
pois a voz que o despertava parecia vir do fundo de uma cripta.
– Abre teus olhos, meu filho. Tenho muito a lhe falar. Abre teus
olhos e levanta-te, Adrian!
Ele obedece, e tudo ocorre como da última vez em que ele havia
ficado naquele estado de hibernação autoimposta. Ele estava no
mesmo local onde, em sua juventude, havia assistido a crueldade
do ser humano em seu mais alto estado. Era o centro de uma
praça medieval, num dia de festa, onde a atração principal era
assistir ao ritual de purificação de uma bruxa, cortesia da Santa
Inquisição. Porem, as pessoas não caçoavam nem clamavam pelo
acendimento da pira, pois era como se o tempo tivesse parado de
girar. As pessoas estavam imóveis, o conteúdo de um balde
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entornado por uma criança que corria parara no ar, até mesmo as
chamas da tocha na mão do carrasco estavam imóveis. A única
coisa que aparentava vida naquele verdadeiro quadro congelado
era a mulher atada a uma cruz de madeira, no topo de uma
montanha de lenha, uma jovem muito bela chamada Lisa
Fahrenheits, cujo único crime era amar as pessoas, e que só por
ter habilidade em curá-las com suas ervas estava ali para ser
queimada como uma bruxa.
– Mãe, por que sempre que desperto tenho que vê-la nessas
condições? Por que essa tortura?
– Filho, perdoa-me, pois isso é necessário. Também desconheço o
motivo de sempre nos revermos nesse local. Porém, o que me traz
aqui é mais importante que isso.
– Acho que posso adivinhar, pois da outra vez também foi assim.
Meu pai, novamente?
– Sim, querido Adrian, mas desta vez é bem mais sério. Estás
próximo ao ano da profecia.
– Quê? Já se passou todo esse tempo?
– Exatamente. Estás a apenas três anos da data em que teu pai
destruirá todo o mundo. É chegada a hora de cumprir tua parte na
profecia.
– Então devo despertar meu corpo físico e partir em busca do
último dos Belmonts. Obrigado, minha mãe, por novamente
despertar-me do meu sono. Sem ti, certamente eu já teria
sucumbido ao mal que corre em minhas veias.
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– Agradeço ao Nosso Senhor por permitir que eu possa rever-te,
mesmo neste tão doloroso cenário. Fico feliz em ver que ouviste
minhas últimas palavras.
– Elas estão gravadas em meu coração, mamãe. Jamais me
esqueceria delas.
Lentamente, o movimento começa a retornar ao limbo. As chamas
da tocha do carrasco iniciam o movimento que colocou aquela pira
para queimar, uma cena que o jovem jamais esquecia mesmo
depois de quinhentos anos.
– Vá, meu filho! Cuida das pessoas como eu te ensinei. Não deixa a
ira de teu pai triunfar, ou toda a humanidade sucumbirá.
– Adeus, mamãe! Será feita a tua vontade!
A pira iria arder segundos depois, mas a dor na alma foi tão forte
que ele despertou antes disso. Derrubou a tampa do sarcófago
para o lado e levantou com toda a velocidade que seus músculos
permitiam após quase duzentos anos de inatividade, pois não
havia tempo a perder. Ele colocou sua capa e saiu para iniciar sua
busca. Exatos 198 anos após sua última batalha, Alucard estava de
volta ao mundo dos vivos.
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Capítulo 2
Faziam já dois dias que Julius Elegit não comia nada. Desde que
havia fugido do orfanato em sua infância esse era seu momento de
maior necessidade, pois os bicos que fazia como engraxate e
carregador estavam minguando. A tentativa de trabalhar na
construção da London Eye (que prometia ser a maior roda gigante
do mundo) fracassou quando o capataz da construtora descobriu
que ele mentia a idade, dizendo ser maior de idade. Ele estava há
uma semana sem moradia, pois com o fim de suas economias a
dona da pensão o havia despejado. Tudo o que o jovem de
dezessete anos tinha naquele momento se resumia a duas mudas
de roupa numa velha e gasta mochila e um canivete já meio
enferrujado. Todo o resto ele vendeu em troca de comida,
inclusive o medalhão que sua mãe deixara antes de morrer,
quando ele ainda era um bebê.
A lembrança disso piorava ainda mais a tristeza do rapaz, pois era
a única coisa que o ligava a um passado que ele não viveu, mas
que ele achava ser bem melhor que a penúria do presente. Sem
casa, comida ou família, o medalhão com a foto daquela moça
ruiva que morreu para que ele pudesse viver acabou virando a
última refeição que ele teve, embora valesse bem mais. E agora ele
nada mais tinha, a não ser as roupas. E o canivete.
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O pensamento foi afastado centenas de vezes, mas a fome
apertava e ele precisava de comida. Julius decidiu que o canivete
seria seu ganha-pão, pelo menos uma vez. E foi até a Bridge Street,
amaldiçoando o fato de ter que assaltar um dos turistas que
visitavam o Big Ben para poder aplacar a fome. Era necessário, mas
ele preferia não ter de fazer isso.
Num ponto de ônibus próximo ao Big Ben, uma loira conversava
displicentemente ao celular, com uma pequena bolsa pendurada
no braço de forma um tanto quanto relaxada. Era a oportunidade
que Julius esperava: ele amaldiçoou mais uma vez sua situação e
se aproximou, misturando-se à multidão e apertando o canivete
no bolso. Seu plano era cortar a alça e correr, mas quando foi fazer
isso a lâmina do canivete se quebrou. O solavanco alertou a moça,
que deu um grito de susto numa língua que Julius desconhecia. O
rapaz se limitou a puxar a bolsa e correr, com a moça no seu
encalço. Trombando com tudo e todos, Julius não conseguia fugir,
e começou a sentir medo ao ver que um policial, alertado pelos
gritos da moça, se engajava na perseguição. Enquanto olhava para
trás, ele não percebeu que alguns metros à sua frente um homem
de vestes negras, longos cabelos brancos e uma enorme mala de
viagens assistia sua fuga.
Quando Julius percebeu, já era tarde demais: o homem fez um
semicírculo com a mala no ar, no exato instante em que o fugitivo
passava ao seu lado, e o rapaz foi atingido em cheio, caindo de
costas no chão. O estranho de negro tomou-lhe a bolsa das mãos e
caminhou em direção da mulher, devolvendo-lhe e falando na
mesma língua estranha em que ela gritava enquanto corria. Como
o policial ainda vinha, Julius se levantou e voltou a correr, desta
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vez sem olhar para trás. Um minuto depois, ao ver que seu
perseguidor aparentemente desistira, Julius parou, tomou fôlego e
se misturou à multidão, ainda mais faminto. E desta vez, a tristeza
veio fazer companhia a sua fome.
Mais tarde, com o Sol se pondo no horizonte, quem passava pelo
Tamisa podia ver um entristecido Julius Elegit arremessar com
raiva o cabo do seu velho canivete às águas.
– Maldita vida! – esbravejava Julius – o que mais falta dar errado?
Que inferno, parece até que eu fui amaldiçoado!
– Que noite horrível para ter uma maldição, não acha?
Julius julgava estar sozinho, por isso se assustou com aquela voz
atrás dele. Ele se virou, e viu que o autor da frase era o mesmo
homem que o havia derrubado naquela tarde.
– Quem é você? Por que fez aquilo comigo? Olha, antes que você
venha me dar uma lição de moral, saiba que...
– Eu não vim dar lição de moral, garoto. Vim ajudá-lo. Tome, sei
que está precisando.
O misterioso homem de preto estendeu a Julius um saco de papel
com o logotipo de uma famosa lanchonete. Por um instante Julius
quis recusar, mas o cheiro das batatas fritas e do sanduíche ainda
quente foi mais forte que seu orgulho, e antes que seu ego
pudesse reagir Julius devorava o lanche com vontade, ajoelhado
perante o homem.
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– Obrigado. – disse Julius quando terminou – por que me ajudou
agora? Pelo visto, você percebeu que eu roubei porque estava com
fome.
– Eu não podia deixar que você se tornasse um criminoso. Afinal,
não seria possível que cumprisses seu destino de dentro da cadeia.
– Destino? Que destino? Mentir a idade pra ver se alguém me
contrata? Ficar implorando para carregar malas ou engraxar
sapatos em troca de algumas moedas? Olha, eu estava pensando
se não era melhor eu ter deixado o guarda me pegar.
– Pobre garoto. Pelo visto você nada sabe de seu passado, não é?
– O que você sabe de meu passado? Você conhece alguém da
minha família?
– Sim, eu conheci. Eu venho te procurado há cerca de um ano, mas
não imaginava que desconhecias tua linhagem. Venha comigo, e
saberá toda a verdade.
– Alto lá! – Julius se levanta num pulo – Eu não vou te seguir só
porque você me pagou um lanche. Como posso saber que posso
confiar em você?
O homem de preto puxa do bolso um pacote e joga para Julius. Ao
abrir, o jovem quase cai de costas: é o medalhão que ele havia
vendido. Ele não consegue conter as lágrimas ao abri-lo e ver a
foto desgastada de sua mãe.
– Comprei do homem do restaurante, onde você deu isso em troca
de comida.
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– Eu disse que não tinha dinheiro, – Julius diz, com os olhos
encharcados – mas poderia lavar pratos pra pagar. Ele não aceitou,
disse que queria algo de valor. Eu estava tão desesperado!
– Contenha suas lágrimas, meu jovem. O tempo da tristeza está
chegando ao fim, mas para isso terás de lutar.
– Mais do que eu já tenho lutado?
– Muito mais. Tu não imaginas o mal que está se levantando, e o
quão importante é você saber sobre tua história. Vem comigo,
para que eu te diga tudo o que queres saber.
– Algo que eu queria saber é o seu nome, já que sabe tanto sobre
mim.
– Eu me chamo Alucard. Agora vamos, pois temos muito que
conversar.
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