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LIVRO DE AUTOBIOGRAFIAS 2013

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LIVRO DE AUTOBIOGRAFIAS 2013

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SÃO PAULO - 2017

LIVRO DE AUTOBIOGRAFIAS 2013

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Editor e edição de texto: Yuri Melo

Jornalista responsável: Karem da Silva Soares MTB 27825-RJ

Material para divulgação das autobiografias elaboradas pelos jovens aprendizes durante as aulas de conteúdos básicos do Programa de Aprendizagem Profis-sional – PAP do Instituto Profissionalizante Paulista - IPP, com coordenação da Diretora Pedagógica Prof. Arlene Aparecida Zanardi de Camargo e contribuição de todo o corpo pedagógico do Instituto e pelos jovens aprendizes dos cursos regulares do ano letivo de 2013.

Material para divulgação das autobiografias elaboradas pelos jovens aprendizes durante as aulas de conteúdos básicos do Programa de Aprendizagem Profis-sional - PAP

Copyright 2018 IPP

1ª Edição: julho de 2018

Impressão inicial: 500 exemplares

O conteúdo interno deste livreto será impresso em papel Couche Matte 90g/m2 e capa em Couche Matte 170g/m2

Impresso no Brasil

 

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O Ser Profissional

Sua visão se tornará clarasomente quando você olhar em seu coração.

Quem olha para fora, sonha.Quem olha para dentro, acorda.”

Carl Gustav Yung1875-1961

ApresentaçãoProjeto elaborado para as turmas da aprendizagem teórica do Instituto Profis-sionalizante Paulista-IPP, o “Ser Profissional” durante o 3º trimestre de 2013.

Objetivo GeralLevar o jovem a refletir como uma busca desenfreada do ser humano, por ques-tões educacionais, profissionais, financeiras entre outras, estão corrompendo valores, onde os bens materiais são mais valorizados que o individuo ou os seus sentimentos, a aparência vale mais que a beleza interior e os seus conhecimen-tos, percebe-se claramente uma grande inversão de valores.

Objetivo EspecíficoDescrever que a vida não pode ser medida pela sua atividade profissional, pelo cargo ocupado ou pelo seu “status”, do “TER” e que em determinados momen-tos conseguir substituir o “SER”, mas que o ser humano também está muita ve-zes preocupado em parecer buscando o “TER” que essa aparência de saber, de fazer, de acreditar , de ter, de poder etc. O “SER” é a base de tudo, você vive em sintonia com seu “EU” e baseia se nos seus princípios morais, na sua conduta pessoal, nos seus laços familiares, na sua origem, raça, categoria social e na sua formação educacional.

CulminânciaElaboração de uma autobiografia como resultado das reflexões sobre as multi-facetas do ser profissional.

 

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SUMÁRIOPAP 18 PAP 30 PAP 40 PAP 42 PAP 14 PAP 26 PAP 45 PAP 10 PAP 17 PAP 21 PAP 46 PAP 20 PAP 5 PAP 39 PAP 28 PAP 29 PAP 16 PAP 44 PAP 34 PAP 1 PAP 33 PAP 23 PAP 31 PAP 35

ALESSANDRA OLIVEIRA DA SILVA .................... 3BILLE GOMES MARINHO ................................... 12JOÃO VICTOR ARAÚJO ....................................... 16ANNE JANAINA DE SOUZA ARAÚJO ................. 19BARBARA STHÉFANI SANTOS ABREU ............... 22BIANCA MARIANO DA SILVA ............................ 33THALMEM BALBINO RIBEIRO SILVA ................ 54ELAINE DE SOUZA FIGUEIREDO ........................ 60ÉLIDA DE MELO ROCHA ..................................... 74GISELE COELHO ................................................. 76JANAINA SCHINDLER ......................................... 79LUANA PARDAL E SOUZA .................................. 92GABRIELLY SILVA DE AZEVEDO......................... 94GABRIELA PARDAL E SOUZA ............................. 110INGRID THEODORO DE CARVALHO.................. 114LUCAS PAULINO SANTOS ................................. 118LUCAS GUTIERREZ DE SOUZA ........................... 121RAÍSSA LUANA FONTOURA GOMES ................. 124SABRINA STEFANI CASSIANO ........................... 127STEPHANI SANTOS ............................................ 129TAMARA MORAIS SILVA .................................... 141VITÓRIA VENTURA ............................................. 143VITÓRIA FONSECA DE MELO ............................. 147WILLAMY PAZ CASSIANO .................................. 149

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ALESSANDRAOLIVEIRA DA SILVA

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Meu nome é Alessandra Oliveira da Silva, tenho 16 anos, nasci dia 20 de janeiro de 1997, moro em Perus, Zona Oeste de São Paulo.

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Meu nome foi escolhido pelo meu pai, ele disse que meu nome foi escolhido por causa de uma atriz que atuava em uma novela na época e o nome dela era Alessandra.

TALVEZ A MELHOR PARTE DA VIDA!Minha infância foi muito divertida, diria que bem vivida.

Minha mãe conta uma história que quando eu era pe-quena me joguei no lixo. Foi assim: minha mãe tinha aca-bado de chegar do serviço e deitou junto comigo para dor-mir, lembrando que eu tinha 2 aninhos, e deixou a porta encostada. Eu acordei e subi as escadas até o portão e me joguei em meio ao monte de lixo. Como todos os dias meu pai chegava às 22h00 do serviço, quando ele passou pelo portão ouviu um barulho, ele achou que era um gato e des-ceu. Quando chegou e perguntou pra minha mãe onde eu estava e não me acharam, então meu pai se lembrou do tal gato e me buscou, uns minutinhos depois o lixeiro passou... Pois é, hoje eu poderia não estar aqui!

Quando eu tinha três anos minha irmã Beatriz nasceu, sempre brigamos muito, mas também sempre fomos confi-dentes, ou melhor, ela contava os segredos dela pra mim, eu não contava e nem conto pra ela porque... Ela é fofoqueira!

Minha irmã mais nova nasceu quando eu tinha 8 anos, Isabela, minha irmãzinha chata e mimada, mas linda e fofa!

Sou uma adolescente bem parecida com qualquer ou-tra, sou sonhadora, persistente, esforçada e muito apaixonada!

Tenho muitas histórias para contar, muitos momentos marcantes, de alegria, tristeza, micos e bobagens.

Vou começar contando como tudo começou...

UM LINDO DIA!Dia 20 de janeiro de 1997 poderia parecer um dia co-

mum, e era mesmo, mas não para meus pais, pois a primei-ra filha do casal iria nascer.

Na verdade, eu não fui planejada, quando eu nasci mi-nha mãe tinha 19 anos e meu pai, 25 anos, mas mesmo as-sim eles ficaram muito felizes.

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Com 15 anos comecei a fazer um estágio em uma corre-tora de planos de saúde, fiquei lá por seis meses, aprendi muita coisa, porque lá eu lidava com clientes que, convenhamos, não é algo fácil de aturar. Depois que saí de lá, fiquei esperando com-pletar 16 anos, que é minha idade atual. Assim que completei, me inscrevi em um site de empregos, marquei uma entrevista e fui fazer. Porém, bem naquele dia, um pouco antes da entrevista, enquanto esperava minha mãe, eu passei mal no meio da rua e desmaiei, foi uma confusão só, minha mãe quase teve um infarto, mas acreditem eu passei na entrevista e agora estou trabalhando na empresa Dia Brasil. Lá sim, você aprende muito, a como lidar com clientes de vários tipos e foi assim que eu conheci o IPP, onde fiz muitos amigos também, o Anderson, o Richard e o Vinícius que o digam, né? Aguentar-me falando sem parar, o sábado todo!

Agora eu estou numa fase da minha vida que eu diria ser uma das melhores, onde você aprende e cresce. Com os tombos da vida, você vê tudo a sua volta mudar, e aprende a se posicionar, a fazer escolhas, a cuidar do que e de quem você quer por perto. Começa a formar sua personalidade, a escolher os grupos que irá participar, a escolher quais os conceitos que você irá levar adiante. É nessa idade que você ri das burradas, chora por nada, se apaixona muito e mui-to até encontrar o verdadeiro amor, é nessa idade que você quer viver as suas aventuras, arriscar, quebrar regras... Estou vivendo a melhor parte da minha vida, onde começam a sur-gir problemas, responsabilidades, mas também, onde estou aprendendo coisas novas, conhecendo outras pessoas, reen-

AGORA SIM, A MELHOR PARTE DA VIDA!Quando entrei na minha adolescência vi muita coisa

mudar do nada, meus pais se separando, minha mãe casan-do novamente, eu me via numa situação triste, sem rumo, vendo meus amigos tendo que se afastar pela distância, ou pelo menos era isso que eu achava, minha cabeça estava uma confusão, eu não queria entender o motivo de tanta mudança. Agora, aos poucos, fui aprendendo, me adaptan-do a todas as mudanças que aconteceram. Vi que os verda-deiros amigos estavam sempre comigo, mesmo com toda a distância, que eles nunca se esqueciam de mim, ligavam, mandavam mensagens, me visitavam, tudo estava entran-do em seu devido lugar.

Meu aniversário surpresa de 15 anos!

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Amanda Santos Valente, o nome já diz tudo, não é? “Valente”, ela é sim uma guerreira, perdeu a mãe quando tinha 3 aninhos, nem lembra muito dela, e por incrível que pareça, o nome da mãe dela era o mesmo que a minha, Alessandra. Acredito muito que seria uma missão de Deus, sabe, uma sempre cuidando da outra, ajudando, colocando pra cima, fazendo quando ninguém mais pode, eu a amo muito e mesmo não sendo irmãs de sangue, eu daria a mi-nha vida para ver a felicidade dela!

MEU MOOR, IGOR DE LIMA SOARES.

Ele é o motivo de me “arrumar tanto”, ele é o motivo do medo de errar, ele é motivo de pensar antes de falar, ele é a razão do sorriso entre lágrimas, ele é a esperança nas dificuldades, é dele quem eu espero receber a primei-

Para Sempre amigas sim, se Deus quiser!

contrado amigos de infância, estou vivendo, estou feliz, mes-mo com tantos problemas.

MELHOR AMIGA!Minha melhor amiga tem a minha idade, considero-a

uma irmã, crescemos juntas e nossa amizade passou por grandes desafios, um deles foi a distância. Mudamos de es-cola e estávamos crescendo e encontrando novas amiza-des, mas mesmo com todas essas coisas, sempre continua-mos melhores amigas, em todas as fases da nossa vida estávamos juntas, desde os melhores brinquedos, brinca-deiras até as decepções com os pretendentes, as risadas boas, as fofocas, as fotos, as notas baixas, enfim, tudo.

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com o meu esforço, quero poder um dia ser exemplo para alguém, quero cumprir com minhas metas, quero acreditar que todo mundo tem seu lado bom, quero poder ajudar o próximo, quero vencer o meu orgulho, quero crescer, mes-mo já sendo crescida, quero sempre ter inspiração para criar, para escrever.

Meu futuro depende das minhas atitudes do presen-te, acredito que se eu plantar algo bom, mesmo que demo-re, irei colher tudo que fiz de bom, quero me dedicar ao má-ximo para que um dia eu olhe para trás e me lembre de tudo o que passou, de tudo o que aprendi e quero ser feliz por ser alguém melhor!

Pretendo me formar em Psicologia e poder ajudar as pessoas a entenderem elas mesmas, quero também escre-ver alguns livros, só por hobby mesmo e, principalmente, nunca quero parar de sonhar!

ra mensagem do dia, ele é também o dono das mensa-gens que eu não quero apagar, ele é o motivo dos meus pensamentos na madrugada, ele é a razão do meu ciúme exagerado, ele é meu exemplo de fidelidade, amizade e le-aldade, ele é minha explicação sobre o que é o amor, ele é o meu ponto fraco, ele é o meu vazio quando não está presente, ele é o meu projeto para o futuro, ele é o motivo dos meus sonhos, é ele quem me escuta reclamar de tudo, é ele quem não gosta de me ver chorando, é ele quem diz que me ama e me traz segurança, é ele quem abraço e o tempo para, ele é quem ri do meu jeito desengonçado, ele é o dono do sorriso mais lindo, do olhar mais firme e sin-cero, ele é alegria dos meus dias, ele é quem briga comigo, mas para o meu bem, pois não quer que eu erre de novo, ele é meu amigo, meu namorado, meu “moor”, ele é minha inspiração, ele é o motivo das minhas orações, ele é meu ontem, meu hoje e meu amanhã. É ele quem eu tenho medo de perder, é nele que eu penso toda hora. É simples-mente ele quem eu amo.

MEU FUTURO É DO TAMANHO QUE EU CRERHá um tempo, se me perguntassem o que eu queria

para o futuro, eu diria me formar, ter uma casa, um carro, uma família, continuo querendo isso claro, mas em primei-ro lugar, quero ser feliz, quero conquistar cada coisa sem precisar derrubar ninguém, quero não decepcionar as pes-soas que colocam fé em mim, quero uma vida boa, mas

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BILLEGOMES MARINHO

PAP 30

Eu nasci às 12h20 do dia dezoito de março de 1995, no Hospital Nossa Senhora da Penha, em São Caetano do Sul. A gravidez da minha mãe não foi planejada e, finan-ceiramente, as condições não eram nada favoráveis

Na verdade, minha mãe fora casada com o pai das mi-nhas duas irmãs mais velhas: Letícia e Beatriz. Mas o pai das meninas bebia muito e não trabalhava então minha mãe o mandou para fora de casa e da vida dela. Quando ela co-nheceu meu pai, alguns anos depois, ele a conquistou e ti-veram um romance juntos. Meu pai morou com minha mãe e minhas irmãs por um tempo, até que um dia ela desco-briu que estava grávida dele. Isso foi uma surpresa, uma vez que meu pai disse que era estéril e que não podia ter filhos,

e minha mãe nunca se preocupou em usar proteção, por-que confiava nele.

Meu pai começou a beber muito, não trabalhava mais, e pior: roubava as coisas da minha mãe para vender e com-prar bebida, fez macumba para minha mãe, enfim, estava se repetindo a história antes mesmo de eu nascer. Certo dia ela foi à Igreja Evangélica buscar apoio espiritual e chegou decidida a mandar meu pai embora. Não foi fácil, na verda-de ela teve de quebrar um copo nele, jogou a TV na cabe-ça dele, quebrou a copa toda para ele ir embora. Ele men-tiu desde quando se conheceram e ela se revoltou demais com isso. Eu nunca conheci meu pai pessoalmente, minha mãe não deixou que ele se aproximasse dela ou de mim. Ele nunca mais voltou, nem ajudou, nem telefonou, nem me pagou pensão. Nem meu pai, nem o pai das meninas.

Quando eu nasci minha mãe tinha trinta anos; casou--se com o pai das minhas irmãs aos dezoito, só para sair logo da casa da minha avó. A diferença é que minhas irmãs conheceram o pai delas e o meu pai também, mas eu não conheci o meu pai. Ele as ensinou a contar e a ver as horas. Mas os dois magoaram minha mãe e não a ajudaram em momento algum. Minha mãe era costureira e trabalhava com confecção e produção. Mas éramos muito pobres e ela foi despejada de casa várias vezes.

Quando eu estava para fazer um ano de vida, não tí-nhamos condições nem de fazer um bolo de cenoura. Foi daí

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que minha irmã mais velha teve a ideia de fazer um cartaz de papelão escrito com canetinha: “Conserto roupas, barras e ajustes”. Com aquele cartaz pendurado no portão de casa, minha mãe pela primeira vez começou a fazer consertos de roupas para o público. Naquele dia, só de consertos feitos e já pagos, arrecadou-se dinheiro para fazer um belo bolo de cenoura com cobertura de chocolate e minhas irmãs foram à loja de um real comprar vários brinquedinhos para mim.

Meu nome - “BILLE” - foi escolhido pela minha mãe em homenagem ao “BI” de uma irmã e “LE” da outra irmã. Na verdade era para ser Billy, mas a moça do cartório não sa-bia o que era “Y”. Então registrou com “E” mesmo. Meu pai assumiu minha paternidade, me registrou e tudo, mas nun-ca arcou com nenhuma responsabilidade legal ou pater-nal. Sei também que meu sobrenome “Marinho” veio dele e que ele não deixou ter o sobrenome da família “Chegas”, por sua doença. Minha mãe continuou a fazer os consertos, quando naquele ano conheceu um senhor que lhe propor-cionou um novo trabalho: palas para cowboys, para a festa de rodeio de Barretos. Foi um bom dinheiro que lhe permi-tiu comprar sua primeira máquina industrial. Até então ela usava uma máquina emprestada, que ficava na cozinha e ela chamava de “oficina de costura”.

Um ano depois, minha mãe sozinha manteve sua pri-meira empresa de confecção de roupas e consertos: A Billy Country Ltda. ME. O logo era um cowboy montado num ca-valo empinado e minha mãe dizia que era eu. Mas as coi-

sas voltaram a piorar e as minhas irmãs foram morar com a madrinha delas, que era a mesma da minha mãe, a Dona Ana. Minha mãe e eu fomos morar no interior, em Itaqua-quecetuba. Mesmo eu tendo nascido em SC, sempre mora-mos até então na Capital. Eu realmente só tenho lembrança a partir desta fase, quando já estava crescendo.

Com o passar dos anos eu esqueci que tinha família e achava que só minha mãe existia no mundo, até que mi-nha irmã Beatriz veio morar com a gente. Pouco depois já estava na hora de eu ir para o prezinho. Lembro-me que no primeiro dia de aula, foi a primeira vez que bebi café e es-tava quente, acabou sujando a minha camiseta branca. Mas foi tranquilo ficar longe no primeiro dia. Os altos e baixos sempre acompanhavam minha mãe.

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JOÃO VICTOR ARAUJO

PAP 40

Tempo é como uma névoa que se levanta do chão, quanto mais se passa, mais denso fica e menos se pode ver. Pelo que me contaram nasci no dia quinze do quinto mês do ano de 1996, em uma sala de cirurgia do Hospital de Santana, na Capital da garoa. Quem diria, em pleno horário de almoço de um dia de outono, viria mais um habitante do planeta Terra se juntar aos seus.

As filmagens sempre mostraram um bebê branco, en-sanguentado, cercado de doutores e um homem barbudo que, mesmo por pouco, me levara aos braços e sorria seca-mente, com uma expressão translúcida que se distanciou até da minha devolução dos braços desconhecidos do doutor.

Aqueles dos quais a união me trouxe a vida decidiram chamar-me de João Victor, um nome curioso, que junta o ara-

maico antigo e o grego e resultaria em uma vida inteira de perdas proporcionais a histórias e contos de fadas antigos.

Não foi nada saudável, uma infância com algumas do-enças de menos seriedade. Morava em um bairro pequeno de classe média, o Bom Retiro, cercado de judeus e core-anos. Cresci devagar e pouco, eu nunca seria um homem muito alto.

Dividi minha casa com dois irmãos. Minhas poucas lembranças da época visualizam brigas entre meus pais; lembrei-me de ficar escondido, com medo, atrás de uma porta de carvalho, enquanto a troca de insultos terminava vencida pelo cansaço.

Dali em meu quarto aniversário, em meio a algumas doenças respiratórias, fui levado ao hospital, lembro-me das luzes e pisca-piscas nas janelas mediante a proximida-de do Natal. Eu, meu irmão e minha mãe voltávamos para casa caminhando devagar e quando tocamos o interfone, ninguém atendeu. Não entendi a seriedade daquele fato na época e talvez nunca pudesse, não havia muito que uma criança poderia fazer. Subimos e meu pai não estava em casa e ele já não voltaria para lá nunca mais.

O fato cômico de tudo isso era a proximidade que eu ainda teria com ele, trabalhando em uma fábrica literalmen-te ao lado da minha casa, ele nunca me evitava, tentava ao máximo estar comigo e longe da minha mãe.

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A separação de meus pais resultou em processos psi-cológicos que mais tarde criariam em mim essa vontade ab-surda de conhecer a mente e a psique humana. A perda de um marido criou em minha mãe um vazio sentimental que os especialistas chamavam de depressão.

Ninguém pode imaginar o que é ver sua própria mãe com uma faca na mão, desfalecendo devagar com o líquido vermelho escorrendo pelos pulsos. Das lágrimas lavando a maquiagem e as frases suicidas, as vontades que eu não conseguia entender... Mais tarde eu enumeraria umas sete tentativas de suicídio por cortes nos pulsos, três tentativas de pulos de lugares altos suficientes para serem mortais, quatro vezes de consumo de veneno de rato e outras tantas em minha frente, tantas que não pude enumerar.

Mas saímos desse tempo, minha mãe, surpreendente-mente sobreviveu e tempos depois ganhei uma irmã, ape-nas filha de meu pai de outro relacionamento.

Há muito a ser dito, da violência que sofri na escola, por ser extremamente introvertido, pequeno e um tanto gordinho; da dificuldade em falar com as meninas, dos prê-mios ganhos pelo mérito estudantil e a inabilidade esporti-va.

A satisfação própria do primeiro emprego, o primeiro beijo, a primeira namorada e, se possível, única e, por fim as amizades, que tardaram, mas vieram.

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ANNE JANAINA DE SOUZA ARAÚJO

PAP 42

Nasci no dia 28 de abril de 1997, às 14h, no Hospital Santa Joana, em São Paulo, com 3kg.

Minha mãe ficou grávida de mim muito nova e por isso fomos morar com minha avó.

Eu era a primeira neta, então sempre recebi muita atenção e carinho de toda a família.

Tenho muitas fotos assim que cheguei do hospital, cheia de presentes em volta. Minha mãe diz que todos que-riam me abraçar, me beijar e me paparicavam muito. Ficava sob os cuidados de minha avó, durante o período que mi-nha mãe estava trabalhando. Andei pela primeira vez quan-do tinha um ano e meio e minha palavra foi “vovó”.

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Quando terminei o curso, fui convocada para uma entrevista de trabalho. Fiquei em casa durante dois meses e depois me ligaram dizendo que eu tinha passado na en-trevista. Fiquei muito feliz, pois queria começar minha vida profissional desde cedo.

Hoje tenho 16 anos, faço curso de inglês, estudo, faço curso no IPP e trabalho. Gosto muito de como está minha vida e pretendo crescer cada dia mais.

Fui crescendo e quando fiz quatro anos entrei na es-colinha, pois minha mãe e minha avó tinham que trabalhar. Detestava a ideia de ficar o dia todo longe de minha família, mas, com o tempo fui me acostumando. Tinha muitos ami-guinhos e os que eu mais gostava eram o Gustavo e a Isa-bela. Nos finais de semana, às vezes, minha mãe me levava para brincar com eles no condomínio onde moravam.

Voltava de perua para casa e ficava muito feliz quando minha avó ia me buscar e comprava bala de coco para nós.

O tempo foi passando e eu cresci. Quando completei sete anos, tive que sair da escolinha e ir para uma escola que tivesse a primeira série.

Gostei bastante da nova escola, fiz muitos amigos, participei de projetos, peças e adorava ler. Estudei durante oito anos lá.

Quando completei 15 anos, minha mãe me deu de presente uma festa de debutante. Foi o melhor dia da mi-nha vida, foi tudo perfeito.

Comecei a fazer judô, participei de vários campeona-tos e senti muito orgulho das minhas conquistas.

Logo depois de minha festa, minha mãe me disse que acharia legal que eu fizesse um curso profissionalizante. Gostei da ideia e tive que mudar de escola. Fui estudar à noite e fazia o curso do IPP durante no dia.

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BARBARASTHÉFANI SANTOS ABREU

PAP 14

PRÓLOGOMeu nome é Barbara Sthéfani Santos de Abreu,

tenho 17 anos, posso dizer que bem aproveita-dos, com muitos erros e acertos. Moro em São Paulo. Sou uma sonhadora, mas admito que também sou um pou-co insegura, estou sempre sorrindo, por quase tudo, não é à toa que a maioria das pessoas quando me conhecem sem-pre acabam me apelidando de sorrisinho, risoleta, sorriso, e assim vai! Sem querer, acabo sendo muito transparente, é muito fácil saber quando estou bem e quando não estou, só em me olhar, e isso não é uma coisa que me agrade muito, não consigo conter minhas emoções.

Bem, aqui começa um pouquinho da minha história, não sou boa com palavras, mas vou me expressar da me-lhor forma que eu conseguir.

“É preciso amar as pessoas como se não houves-se amanhã. Porque se você parar pra pensar, na

verdade não há.” Renato Russo

O DIA ESPERADOMeus pais, Marcelo e Marineide, namoraram dois

anos, então minha mãe engravidou. Eles resolveram se ca-sar, mas como nem tudo são mil maravilhas, meu avô pa-terno não foi muito a favor, aconselhou meu pai a não casar e quanto a mim, ele me veria normalmente. Isso causou um “vire e mexe” entre meus pais, pois meu pai queria casar, e estaria indo contra meu avô e minha mãe não aceitaria de jeito nenhum as condições propostas pelo meu avô. Mas enfim, eles casaram, e eu estava presente, dentro da bar-riga de minha mãe, mas estava. Meu avô chegou quase no final do casamento (e mora do lado da igreja), não vestido adequadamente e ficou na porta da igreja.

Então, dia 5 de setembro de 1996 chegou, minha mãe começou a sentir as dores, meu pai tinha acabado de sair para o trabalho, tínhamos um casal de vizinhos que eram super amigos dos meus pais, eles ajudaram na hora de levar minha mãe ao hospital. No caminho a amiga da minha mãe, Solange, foi junto na ambulância e pedia para ela fazer res-piração-cachorrinho para acalmá-la, que realmente é meio

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estranho, mas funcionava. Meu pai, a caminho do hospital, levou uma multa de tanto que corria atrás da ambulância.Já no hospital, estavam meu pai, minha tia e o casal no tér-reo, e levaram minha mãe pro terceiro andar para o parto, a gritaria dela era tanta e tão alta que eles escutavam lá de baixo. E assim me deu à luz.

Na hora de me registrar, minha mãe escolheu esse nome porque gosta de dois nomes e, para ela, Barbara Sthéfani são nomes “fortes”, mas meu pai foi me registrar e acabou esquecendo-se de colocar acento no Barbara, e ficou assim.

INFÂNCIAPosso dizer que aproveitei bastante minha infância,

morei em duas casas com quintais grandes, e uma delas foi uma das casas do quintal de minha bisavó, e é de lá que te-nho mais lembranças. Eu brincava demais, brincava de bo-

neca, adorava cor-de-rosa, sempre meiguinha. Quando ia para escola minha mãe sempre arrumava meu cabelo, mas como a maioria das crianças, eu voltava toda descabelada.

Com meus cinco anos fomos morar em um aparta-mento onde moro até hoje, é meio longe de tudo que vivo. Quando fiz 7 anos, minha mãe fez minha primeira e única festa de aniversário em um buffet. Um pouco antes de eu completar 8 anos, um dos meus tios por parte de mãe, fa-leceu por causa de bebida, isso foi obviamente um grande “baque” na família. Desde pequena, nas férias, sempre via-jei para a cidade que mora a família da minha mãe em In-daiatuba (SP).

Meu primo e minha tia Mary são as pessoas que mais admiro e tenho uma ligação muito forte de família. Minha tia me envolveu no meio da dança, pois ela é professora, dançarina e coreógrafa de Hip Hop, ela me levava para os ensaios e aulas, e foi daí que fui pegando amor pela dança!

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O meu sonho na infância era ter um irmão, mas de tanto que já tinha pedido aos meus pais acabei perdendo um pouco as esperanças. Quando tinha 8 anos isso se realizou, nasceu uma das razões do meu viver, Thales Henrique. Foi nossa maior felicidade e depois da morte do meu tio, foi o melhor presente que Deus podia nos dar e é como eu sem-pre penso: ele morreu para dar a vida ao meu irmão. Lem-bro que enquanto meu pai e minha tia estavam no hospital com minha mãe, eu estava em casa com meu primo e meu tio aguardando ansiosamente. Na hora em que meu irmão nasceu meu pai me ligou para dar a notícia, eu chorava de-mais de emoção, pois minha mãe tinha acabado de dar à luz, e meu sonho havia se realizado.

CRESCENDOComeçaram então meus interesses, amizades mais in-

tensas, interesses pelos garotos, primeira “paixonite”, inte-resse por começar a trabalhar. Já me sentia na obrigação de

ajudar meus pais em casa, de ter meu próprio dinheiro para minhas necessidades e vontades.

Grande parte de minhas amizades foram consequên-cia dos meus oito anos numa mesma escola, onde estudei da 1ª a 8ª série, e meus últimos anos lá foram muito impor-tantes, criei grandes amizades, que tenho uma ligação mui-to forte até hoje. Uma coisa que marcou muito foi o último ano naquela escola. A formatura foi muito emocionante e foi a finalização de uma fase importante e dali em diante começaria uma nova etapa.

ADOLESCÊNCIAA minha adolescência foi, e está sendo, o momento

mais difícil com relação a minha família, aconteceram mui-tas brigas, discussões, confusões e eu também decepcionei muito meus pais. Toda semana haviam brigas, com tanta frequência que eu passei a não me importar tanto assim, isso me doía demais, mas o que mais me magoava era ver meu irmão assistindo tudo o que acontecia, vendo-o se der-

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ramar em lágrimas e com medo daquilo tudo. Mas uma coi-sa eu tenho certeza, nos amamos muito e tudo isso vai tor-nar-se passageiro, porque tudo passa e vamos ser cada dia mais unidos. Um dia minha mãe ganhou um cachorrinho da amiga dela Nina. Minha mãe ficou na dúvida se aceitava porque ela comprou o cachorro de um homem que esta-va passando vendendo, enquanto ela e Nina estavam em uma lanchonete. Elas ficaram com tanta dó dele, o frio que ele estava passando, então essa amiga da minha mãe com-prou, mas com a condição de que minha mãe o levaria para casa. Só que minha mãe não sabia se seria uma boa pelo fato de morarmos em apartamento, mas o homem garantiu a minha mãe que ele não cresceria muito, então ela trouxe ele para casa.

Quando minha mãe chegou com ele, e eu o vi, foi amor à primeira vista, colocamos o nome dele de Johnny. Ele nos trouxe tanta alegria pelo tempo que ficou aqui em casa. Acabamos tendo que deixá-lo na casa da minha avó em Indaiatuba, porque ele cresceu demais, e o apartamen-to já estava pequeno para o seu tamanho. Pegamos um amor tão grande por ele que hoje faz bastante falta em casa, mas sempre que vamos para Indaiatuba matamos a saudade, pois ele se tornou um grande membro da família. Eu sempre fui uma menina desencanada na questão de na-morar, só queria saber de ficar, de sair com amigos, minha mãe sempre dizia que devia namorar, eu sempre contraria-va dizendo que nem pensar. Até que um dia conheci o Leo-nardo na escola, a gente foi se conhecendo, isso foi no fim

do ano, em novembro, ficamos algumas vezes. Em dezem-bro, passei dois meses viajando e todo esse tempo nos falá-vamos quase todos os dias pela internet, e acabamos gos-tando muito um do outro, cada dia mais. Na volta às aulas, começamos a namorar, foi a melhor coisa que podia acon-tecer na minha vida no momento, e hoje estamos pra com-pletar oito meses juntos. Pode parecer pouco, mas para nós é o tempo de maior alegria. Tornamo-nos também melho-res amigos, companheiros e a cada dia nosso amor cresce mais e mais, enfrentamos e ainda vamos enfrentar as bar-reiras da vida juntos. E quando brigamos é como se existis-se uma pedra em meu coração, quando as duas personali-dades se enfrentam é como se meu mundo fosse destruído. Ele se tornou o meu anjo da guarda, a pessoa que, quando estou a seu lado, é como se o resto do mundo não existisse, como se fossemos só nós dois e para o resto da vida. Agora eu sei o que é Amor.

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Finalmente consegui um emprego, depois de muitos currículos entregues. Na primeira seleção passei, foi um or-gulho para mim, até porque era uma das coisas que mais gostaria que acontecesse. Eu estava viajando quando me chamaram para as outras fases de contratação, peguei di-nheiro emprestado com minha tia e voltei para São Paulo. Fiz isso umas três vezes de tanto que me chamavam, até que voltei para São Paulo de vez, finalizei todas as fases, fe-chei meu contrato, e enfim, fui empregada pela empresa Dia Brasil e Instituto Profissionalizante Paulista (IPP), onde trabalho no mercado de terça a sexta, e de sábado faço cur-so no IPP. Foi um grande passo eu ter conseguido isso, es-tou aprendendo demais, o IPP me surpreende a cada dia, me ajuda a amadurecer e faz meus pensamentos irem lon-ge, me dando mais esperança para o meu futuro e me fa-zendo acreditar sempre que sou capaz. E é muito bom co-nhecer pessoas que estão no mesmo “barco” que você e que também acreditam que são capazes e que já são vito-riosos como você só por estarem nessa correria do dia a dia.

Não posso me esquecer de dizer que meu amor pela dança não acabou não, sempre que posso estou mexen-do o esqueleto, porque a música mexe comigo, a batida é como se fossem nossos corações e a dança de certa forma liga as pessoas. Na dança dizemos o que sentimos sem di-zer uma só palavra. Entristece-me o fato da dança não estar sempre no meu dia a dia como eu desejo, mas tenho fé que irá tornar-se! Esse ano um sonho que tinha se realizou, que era apresentar-me em um festival com o grupo da minha tia Mary, foi uma adrenalina. Grande era o tamanho da minha emoção, e que venham muitos por ai!

“Não é o ritmo nem os passos que fazem a dan-ça, mas a paixão que vai na alma de quem dança! A dança é a linguagem escondida da alma. Dança é a única arte na qual nós mesmos somos o

material de que ela é feita.”

FUTUROUltimamente o que mais penso é sobre meu futuro e

sempre chego à conclusão que quero me formar em Edu-cação Física, não deixar de dançar, dançar em um grupo de Hip Hop Dance. Ajudar meus pais em tudo que precisarem, quero sempre ter uma ligação muito forte com meu irmão, sempre termos essas brincadeiras de irmãos, sabe? Preten-do construir meu futuro junto com o Leonardo, sempre uni-dos. Talvez, quem sabe, ter filhos. Ter uma vida tranquila,

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com nossos gostos, sabendo aproveitar cada segundo, com muitos ensinamentos, aprendendo cada dia com a vida!

“O futuro a Deus pertence”

AGRADECIMENTOSAgradeço a minha mãe Mari e meu pai Marcelo por te-

rem me posto no mundo e sempre quererem meu bem, ao meu irmão Thales por ser a alegria da casa, ao meu namo-rado Leonardo por estar sempre do meu lado e ter entrado na minha vida de uma forma que só me trouxe alegria, a minha tia Mary por ser a minha inspiração e ser a pessoa que mais admiro. Ao IPP que está me ajudando a amadu-recer e pensar muito mais no meu futuro, principalmente a professora Arlete que se tornou uma grande amiga, a pro-fessora Micheli que mal conheço, mas já admirei muito e ao Walker e Cristiane que gostei também e que em pouco tempo me conquistaram sem saber. E lógico, acima de tudo a Deus, pois a fé vem acima de tudo, é preciso ter fé para ser... o que você quiser!

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BIANCA MARIANO DA SILVA

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INTRODUÇÃOEm outubro de 1991, exatamente no dia nove nas-

ceu uma pessoa que seria tão contraditória, que viveu coisas tão inesperadas e surpreendentes. Essa pessoa sou eu, Bianca Mariano da Silva, 22 anos, estudante, uma jovem “normal”, que vive os dias em busca da realização de seus sonhos.

Convido-te a ler essa autobiografia, e prometo com-partilhar experiências, sonhos e momentos, que me fize-ram crescer e aprender que na vida o mais simples é o que realmente importa.

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Meu pai na época trabalhava numa boa empresa e tínhamos convênio médico, e recebi sempre os melhores tratamentos.

Eu me lembro de que, quando tinha cinco anos, nos mudamos para a casa dos fundos de minha Tia Fernanda (tia materna). Era uma casa simples de três cômodos, nós dormíamos todos no mesmo quarto e tínhamos um cachor-rinho muito chato, eu realmente não gostava dele, pois vivia latindo e correndo atrás de mim.

Apesar de a casa ser pequena era muito legal viver lá, pois meus primos eram pequenos e, é sempre bom ter al-guém para se brincar, aliás, quando você é criança a única coisa que se quer é brincar.

Domingos em família. Lembro-me que sempre no final de semana íamos para casa de nossas avós, pois sempre al-moçávamos na casa de minha avó Neuza (paterna) e depois passávamos a tarde na casa de minha avó Iracema (materna).

Na casa de minha avó Neuza sempre tinha bolo quen-tinho saindo do forno, café na garrafa e muita conversa e risada, pois a família é grande. Vovó, mãe de dez filhos, ima-ginem quantas pessoas havia nessa casa nos finais de se-mana, há quem diga que dona Neuza tinha uma escolinha de netos! (risos)

Vovó sempre foi muito prendada adorava acordar cedo, fazer café da manhã às 5h da manhã, depois o almoço

INFÂNCIAMinha infância foi muito feliz, apesar dos altos e bai-

xos; lembro-me que sempre que falo de minha infância só me recordo de momentos bons, pois o amor era tanto que as dificuldades se ofuscaram em meio a tanto carinho.

Sou a filha mais nova de quatro irmãos, sempre fui “mi-mada” pelos meus pais, porém oi pelo fato de ser a mais nova.

Através de relatos de minha mãe, aos três anos de idade estava brincando no colo de minha avó Neuza (avó paterna), e ela percebeu que meu coração não batia no rit-mo correto, ele batia muito acelerado.

Minha mãe assustada, perplexa, me levou ao médico para fazer alguns exames, resultados chegaram e, para sur-presa dos meus pais, o diagnóstico constatou que eu tivera uma doença chamada Hipertireoidismo (doença causada pela alta produção de hormônios da glândula da tireoide).

Mas apesar de tudo meus pais me levaram ao médico para fazer acompanhamento, não havia nenhum risco maior ou tão assustador, era necessário tomar alguns remédios e fazer o acompanhamento médico. , como essa doença era raramente diagnosticada em crianças pequenas, meus pais foram sempre muito cautelosos comigo, pois também en-volvia a parte cardíaca. Os médicos disseram que eu não po-deria fazer atividades físicas ou ficar muito nervosa, então desde pequena meus pais sempre cuidaram muito de mim.

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demorou, aproximadamente, um ano para casa ficar pron-ta, mas quando terminou a construção foi uma tremenda alegria. Meus pais estavam felizes e realizados.

Fizemos uma grande churrascada para nossa família e amigos, havia muita carne na churrasqueira, bebidas e muita música.

ADOLESCÊNCIA Lembro-me que essa fase foi a mais difícil de minha

vida, porém me fez crescer muito também, como ser huma-no e como pessoa.

SEPARAÇÃOAo longo da minha infância meu pai bebia muito, esse

era o único defeito dele. Pois quando papai bebia tornava-se uma pessoa agressiva, mas nunca era agressivo comigo e com meus irmãos. Ele se tornava alguém extremamente agressivo com minha mãe, ao longo de minha infância vi-venciei poucas cenas dele agredindo minha mãe, pois o ál-cool o deixava descontrolado e fora de si. Pensava como al-guém tão bom poderia se descontrolar daquele jeito, mas na minha adolescência as cenas de agressão se tornaram muito frequente no nosso cotidiano, as brigas eram cada vez mais constantes. O inevitável aconteceu, meus pais aca-baram se separando quando eu tinha aproximadamente 12

saia pontualmente ao meio-dia e o jantar, no máximo, às 19h. Ela era do interior, cozinhava maravilhosamente bem!

Vovó sempre nos esperava com um sorriso no rosto, ficava sentada na porta da cozinha, assim quando todos chegassem lá, estava ela parada. Na entrada todos que pas-savam por ela falam:

- Benção Vovó - e ela sempre respondia:

-Deus abençoe filho!

Ah! Não posso esquecer-me da macarronada dela, e que macarronada, cá entre nós! Vovó Neuza fazia uma ma-carronada caseira maravilhosa.

Papai e seus irmãos ficavam na praça jogando dominó com seus amigos, mamãe e minhas tias ficavam conversan-do e ajudando minha avó Neuza a preparar as coisas para o almoço.

Depois do almoço sempre íamos para casa da minha avó Iracema (materna), pois mamãe sempre passava lá as tardes de final de semana.

Aos sete anos mudamos para nossa nova casa, havia somente três cômodos, meu pai ainda estava construindo. Era uma tremenda bagunça, pois havia quatro crianças pe-quenas e vários pedreiros trabalhando o dia todo para ter-minar a construção da casa, era um caos total. Recordo que

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bem altas para minha idade e poderiam causar um câncer na minha garganta.

Lembro que toda vez que eu tinha consulta no HC, não queria ir e, quando não tinha jeito mesmo, chorava o caminho inteiro, não gostava de jeito nenhum de ir naquele hospital, pois os médicos sempre descobriam uma nova do-ença em mim. Nunca vi alguém ter tantas complicações na saúde assim.

Sempre pediam exames e mais exames e nunca se confirmava nada, ou seja, eles queriam estudar o meu caso e me fazer um “ratinho de laboratório” deles, era realmen-te assim que eu me sentia. Mas certa vez foi a gota d’água porque eles me disseram que eu estava com um coágulo no coração e teria que tomar vários remédios para afinar o sangue e não poderia ter uma vida normal, pois esses re-médios poderiam causar vários efeitos colaterais, tais como: desmaios, hemorragias, fraqueza entre outros.

Lembro que, quando ele me falou isso no consultório, eu perdi o meu chão, fiquei tão mal que chorei o caminho inteiro de volta para casa. No outro dia teria que voltar para fazer o exame, para ver o tamanho desse coágulo no cora-ção, chegamos pela manhã e estávamos na sala de espera e eu estava muito pensativa e desanimada com as s notícias. Não é fácil se sentir tão sem esperança e frágil como estava me sentindo naquele momento.

anos. Isso acabou me deixando muito triste em alguns mo-mentos, porque nenhum filho quer ver seus pais separados.

Meu pai até tentou voltar para casa, porém, minha mãe não quis mais investir no casamento.

Com o passar do tempo acabei me acostumando com a rotina de ir visitar meu pai, pois depois do término do casamen-to ele passou a morar com a minha avó Neuza novamente.

COMPLICAÇÕES NA SAÚDERecordo que aos 12 anos foi a fase mais crítica da mi-

nha saúde, pois com o decorrer do tempo, tive alguns altos e baixos e muita desestabilidade.

Lembro-me que na fase da minha adolescência aca-bava indo de três a quatro vezes por semana no Hospital das Clinicas e passava em vários especialistas, recordo que foram tempos difíceis aqueles que vivi, confesso que não gosto de lembrar muito dessa fase.

Tinha muita desestabilidade, pois meu quadro só evo-luía com o passar do tempo, os remédios e a dosagem pas-saram a ser mais altos e, mesmo assim, pouco fazia efeito no controle da doença.

Recordo das inúmeras vezes que médicos já disseram que eu deveria fazer quimioterapia, ou tomar iodo radioa-tivo, mas eu não podia tomar porque as dosagens seriam

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Entramos na sala e o médico começou a fazer o exa-me e ele começou a perguntar o porquê eu estava fazendo aquele exame, e quem tinha solicitado.

Logo o médico saiu da sala e chamou outro médico, os dois voltaram discutindo, e eu logo pensei “nossa, a coisa está séria mesmo”.

Alguns minutos depois os dois médicos chegaram com um terceiro médico, eles perplexos começaram a refa-zer o exame. Quase uma hora depois eles pediram para eu aguardar do lado de fora da sala, que eu precisava passar em uma consulta com o cardiologista.

Minha mãe tentava esconder o medo da notícia que ela poderia receber e eu já pensava que estava com os dias contados. Mas eles me chamaram na sala e falaram: “Bianca não estendemos até agora o porquê desse exame e desses medicamentos que te prescreveram, pois no seu coração não existe coágulo algum é só uma aceleração secundária ao seu hipertireoidismo”.

Não sei se você acredita em milagres, mas se não acredita essa pessoa que te escreve agora se considera um verdadeiro milagre!

Depois disso eu conversei com minha mãe e disse que estava cansada de viver essa vida, de passar quatro dias no hospital por semana, que estava cansada daquilo tudo e disse que não queria mais ir ao HC. Acabamos abandonan-

Estava muito pensativa naquele dia, nessa época eu frequentava a igreja, minha mãe sempre nos levou à igre-ja desde que éramos pequenos, sempre tive muita fé em Deus e sempre tinha dentro de mim que, por mais que fos-se difícil, Ele lá de cima poderia me ajudar.

Lembro-me que era perto do meu aniversário e eu pensava as seguintes coisas:

“Deus porque eu tenho que passar por essas coisas?”

“Eu não aguento mais isso, me ajuda porque eu já perdi as esperanças.”

Lembro-me que foram horas de aflições terríveis, fui ao banheiro limpar as lágrimas que desciam do meu rosto enquanto eu pensava, cheguei ao banheiro e sentei no vaso e comecei a chorar e algo dentro de mim dizia para não per-der a esperança... E aquilo que falava comigo trazia muita paz no meu coração.

Depois de um tempo eu falei olhando no espelho da-quele banheiro, as seguintes coisas...

“Deus, se você existe mesmo, me dá um presente de aniversário, você poderia fazer esse coagulo desapa-recer? Essa é a única coisa que eu quero esse ano. ”

Lembro que logo minha mãe foi me chamar no ba-nheiro porque a próxima já era eu.

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NOVOS AMIGOS E TRUCO DE MADRUGADALembro que no decorrer desse tempo conheci muitas

pessoas, que foram verdadeiros anjos para me ajudarem e fazerem a minha vida mais feliz.

Recordo que tinha um grupo de amigos da igreja onde nos reuníamos todos os sábados e passávamos a tar-de compartilhando sobre como havia sido nossa semana, orávamos e era legal estar com eles, pessoas que até hoje gosto muito.

Muitas vezes nós saíamos para nos divertir, para tocar violão e outras vezes fazíamos churrasco para jogar truco. O truco era sempre o mais legal porque todos jogavam mui-to bem, tínhamos tanta afinidade que pelo olhar já sabía-mos o que o outro estava pensando. Muitas vezes a gente só queria estar junto para conversar sobre a vida e sonhos. Realmente essa galera deixou saudade demais.

Amigos é a família que podemos escolher.

JUVENTUDE: VOLTA AO TRATAMENTODepois de um longo tempo sem ir ao médico, resolvi

voltar o tratamento, pois já estava mais madura, voltei a fa-zer o tratamento quando estava com 19 anos. Mas agradeço a Deus, pois encontrei uma doutora super legal, Drª Lanna, ela é um amor de pessoa e só tenho a agradecer a ela.

Ela sempre foi atenciosa e muito amável como ser humano!

do o tratamento, você pode achar uma loucura isso, mas eu precisava aprender a ser livre, precisava viver um pouco.

Sempre fui muito reservada ao falar de minha vida, o que acho engraçado, só os meus amigos muito próximos sabem dessas fases ruins, e só compartilho com pessoas que acham que suas vidas são um saco e que acham que não tem sorte!

Mas enfim, eu comecei a viver minha vida como uma pessoa normal e sem medo de poder acontecer alguma coi-sa ruim comigo. Acho que o que me ajudou nesse tempo de enfermidade, foi o fato de eu viver minha vida como se não tivesse exatamente nada, como se pudesse fazer tudo que qualquer ser humano pode fazer!

Nunca aceite um não como resposta, saiba que o céu é o limite para se sonhar e depende de como você vai agir diante de qualquer situação. Levante-se, fique firme, não se entregue nunca e saiba que tem um cara lá em cima que cuida de você. Se pudesse dizer o que aprendi disso tudo é exatamente isso que diria.

Depois desse tempo difícil, recordo que eu decidi vi-ver os meus dias como se fossem os últimos. Amar intensa-mente minha família, meus antigos amigos e os novos que fui conhecendo ao longo do tempo, e ser grata por tudo e por poder levantar todos os dias de manhã!

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Os dias passaram e logo voltei para minha casa, pois minha mãe já havia chegado de viagem, e o melhor, já esta-va me sentindo ótima!

UMA SURPRESA INESPERADA:Passaram-se alguns dias da minha recuperação, fui vi-

sitar meu pai e ele me disse que estava se sentindo um pou-co mal, com o nariz congestionado, com gripe, e um pouco de falta de ar. Disse que iria ao médico.

Passados alguns dias ele não estava se sentindo muito bem, foi ao médico da primeira vez que disse que era uma rinite alérgica. Na segunda vez deu o mesmo diagnostico, porém a falta de ar estava pior. Ele me disse que não conse-guia dormir direito à noite, perguntei se ele gostaria de ir ao médico e se ele quisesse eu iria com ele, mas ele disse que não queria ir.

Passou o final de semana. Na segunda-feira ele foi tra-balhar como de costume, mas acabou passando mal e foi embora para casa se arrumar para ir ao médico. Chegando ao médico ele estava tendo um começo de AVC, desde en-tão ficou internado.

Ao longo dos primeiros sete dias ele ficou internado na emergência, onde seu diagnóstico médico era grave e poderia sofrer alterações.

Quando voltei ao tratamento o procedimento adotado pela doutora foi o cirúrgico, devido ao alto uso de medica-ção e o longo tempo de uso continuo sem sucesso. Minha operação ocorreu no dia 27/5/2013, sem nenhuma compli-cação, graças a Deus e eu estava ansiosa porque sabia que teria uma nova vida!

Ao entrar na sala de cirurgia uma anestesista muito sim-pática me perguntou com o que eu iria sonhar, e eu disse a ela: “Vou sonhar como será minha vida depois que eu acordar.”.

Ela sorriu, e demonstrou estar um pouco emocionada.

Enfim acabou a cirurgia, quando desci para o quarto minha irmã Vanessa estava lá, conversamos por alguns mi-nutos e logo ela foi embora.

Meu pai durante o tempo da minha recuperação sem-pre estava na minha avó, ele trocava o meu curativo, me aju-dava a tomar banho, levava filmes para eu assistir, sem con-tar também que tinha minha tia para me ajudar também.

Passaram-se dois dias, logo fui para casa, meu pai foi me buscar no hospital e me deixou na casa da minha avó Ira-cema (avó materna), pois minha mãe estava na praia cuidando do meu irmão que havia sofrido um acidente de moto antes da minha cirurgia, Vanessa e meu pai estavam trabalhando.

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Logo ele saiu da emergência e subiu para UTI onde se-ria mais bem assistido pelos médicos.

Porém, os médicos disseram que ele estava com um quadro grave estável, pois estava com uma pneumonia muito forte, e pouco estava cedendo; estava com uma ar-ritmia cardíaca e que o melhor era ele ficar com a sedação, porque ele estava muito agitado. Também explicou que de-veria fazer hemodiálise para ajudar o funcionamento dos rins e do fígado, devido ao alto uso de medicação que ele estava fazendo.

Durante esse tempo passaram 21 dias. Eu ia vê-lo um dia sim e outro não, meus tios e meus irmãos se revezavam todos os dias para irem visitá-lo.

Com o passar do tempo nós achávamos que ele esta-va melhorando, e acreditávamos que era só uma questão de tempo para ele sair de lá. Os médicos sempre falam que os medicamentos estavam dando certo, mas que a pneu-monia estava cedendo bem pouco. Mas sempre tivemos fé e esperávamos que ele ficasse bem.

Quando menos imaginávamos nosso telefone tocou por volta das 8h. Era minha tia Ângela, logo atendi pois sem-pre que tocava o nosso coração parava.

Minha tia pediu para falar com minha mãe, e logo deu a notícia que nos causou tanta surpresa. Falou que na ma-

Lembro-me de quando recebemos a notícia na noite de sua internação. Ficamos muito aflitos e assustados, ima-ginando como poderia ter ocorrido tal coisa.

Certo dia o médico nos ligou e pediu para irmos ao hospital, pois precisava conversar com um responsável por ele. O médico disse que o quadro era grave e que ele teria 72 horas para reagir às medicações, ou acordar, ou apenas demonstrar um sinal de que estava ficando bem, senão, poderíamos esperar pelo pior. Mas, como sempre, fomos à igreja pois tínhamos muita fé que Deus poderia mudar a situação. Na minha casa sempre havia minhas tias e tios, primo e prima orando pelo meu pai.

Lembro-me de que nunca havia visto meus tios ora-rem por algo, mas eles acabaram acreditando muito, foram as 72 horas mais longas de nossas vidas. No segundo dia meu irmão André foi visitá-lo e para nossa surpresa quando ele chegou à sala e viu meu pai começou a conversar com ele, e a chamar “pai, pai, pai acorda, fala comigo”. Meu pai pela primeira vez começou a se mexer na cama como sinal de que estava ouvindo. Ele terminou a visita e fomos felizes para casa naquele dia.

No outro dia, meus tios foram visitá-lo como de cos-tume. Sempre íamos à tarde e à noite, meu pai já estava abrindo os olhos e meus tios já estavam confiantes.

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Logo sentei do lado de fora, e passei horas pensando em completo silêncio. Os únicos que conseguiram entrar na sala para ver meu pai foram meu irmão mais velho, o Guga e a Vanessa e quando saíram seus rostos estavam tão páli-dos e o silêncio constante nos tomou por horas!

A única coisa que eu queria era que aquilo acabasse o mais rápido possível, pois minha mente estava cansada de tudo. Pela madrugada voltei para casa para tomar um ba-nho e comer algo. Minha mãe, a Vanessa e o André ficaram a noite inteira.

No outro dia, tomei coragem e entrei na sala. Fiquei durante uma hora mais ou menos olhando fixamente para meu pai ali e imaginando por que tinha acontecido aquilo com ele, e como seria minha vida sem ele agora. Saí da sala, limpei as lágrimas e sentei do lado de fora, muitas pessoas conversaram comigo, mas nem me lembro sobre o que elas falavam, estava em total angustia.

Logo chegou a hora do enterro. Estava na hora de fechar o caixão e dizer as últimas palavras. Recordo que me aproxi-mei e as lagrimas começaram a cair, minhas palavras foram muito poucas, mas foi o que realmente estava sentindo no momento. Lembro-me de dizer as seguintes palavras: “pai, eu não queria que o senhor tivesse ido agora, mas se isso aconte-ceu é porque Deus quis assim, mas obrigada por me ensinar o que são princípios e valores, e por me ensinar o que é o amor. Eu amo você, e sempre vou amar! Pode deixar que eu ficarei

drugada do Domingo para Segunda-feira meu pai havia tido um infarto, não aguentou e acabou falecendo.

Foi a pior notícia que já recebi na minha vida intei-ra. Nessa hora passa um milhão de coisas na sua mente e como se você não acreditasse, parece que o mundo está caindo em cima da sua cabeça. Pior é se sentir inútil e sentir que você não pode fazer nada para mudar tal coisa.

Lembro-me que eu e os meus irmãos ficamos cada um em um canto como se não acreditássemos naquilo que tínhamos acabado de ouvir. Não queríamos ficar perto de ninguém, eu voltei para o quarto e deitei na cama da mi-nha mãe, na esperança de que aquilo fosse só um pesadelo, mas era a mais dura realidade que teríamos que enfrentar.

Durante o dia recebemos muitas ligações de familia-res e amigos, meus tios estavam à frente das coisas do ve-lório e do enterro, meu irmão que havia sofrido um aciden-te estava chegando a São Paulo, pois atualmente ele mora no litoral.

À noite, fomos para o velório. Quando chegamos es-tavam todos os meus tios, primos, alguns amigos e conhe-cidos. Eu confesso que não estava acreditando muito, mas quando cheguei à sala, e vi meu pai ali, não aguentei, come-cei a passar mal, e não quis chegar perto do caixão. Minha mãe estava comigo e disse para eu me acalmar, mas nada do que ela disse era capaz de amenizar a dor ou o choque.

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Nube (Núcleo Brasileiro de Estágio) entrando em contato comigo falando que eu havia passado na seleção do Cruz Azul e que era para eu levar os documentos. Fiquei espanta-da, o cara lá de cima me ouve mesmo.

Logo, levei os documentos no IPP, comecei a fazer um curso de um mês. Aquilo seria um novo recomeço e eu esta-va empolgada e feliz.

Recordo que logo no primeiro dia de aula do PIO, en-tra uma senhora não muito alta, de cabelos curtos, usava óculos e era muito estilosa por sinal. Seu nome era Acácia, uma das orientadoras, ela pediu que todos levantassem e se apresentassem. No decorrer das apresentações algumas histórias surpreendentes começaram a surgir, outras sem muito sentido. Mais um pouco adiante chega minha vez. Co-mecei a falar um pouco sobre mim, e disse que minha maior inspiração era meu pai, aí foi impossível conter as lágrimas.

Logo no segundo dia, a Prof.ª Acácia trouxe um texto muito empolgante e tocante, o título era: “PAI COMEÇA O COMEÇO”.Isso levou algumas pessoas da sala a pensar por alguns minutos. Com o decorrer do tempo fiz novos amigos e ao longo desse um mês, o PIO 8 tinha se tornado uma grande família de amigos, nos encontrar todos os dias pas-sou a ser um prazer para todos.

Passado esse mês, nos despedimos, pois nossa sala havia sido dividida. Aprendemos que estamos em um trem

bem, vou fazer faculdade e quando eu me formar vou me lembrar de você, pois o senhor me ensinou a nunca desistir. ” Logo me curvei e dei um beijo em sua cabeça.

Eu realmente amava esse cara, ele significava muito para mim!

Dia 01/07/2013 sempre vai ficar guardado em minha memória.

Com eternas saudades do papai.

UM NOVO COMEÇOCom o passar dos dias era preciso recomeçar a rotina.

Lembro que estava meio para baixo com os últimos aconte-cimentos. Acordei pela manhã e sentei na frente do compu-tador para olhar meus e-mails, era uma sexta-feira, estava muito desanimada, pensei comigo umas coisas sobre os úl-timos dias e logo voltei para cama.

Deitada, falei para Deus a seguinte coisa: “Deus me ajuda, porque eu não quero ficar em casa, os últimos dias foram tão ruins, se você existe mesmo faça com que a en-trevista que fiz para o hospital Cruz Azul dê certo, assim eu começo a trabalhar e esqueço um pouco dessas coisas.”.

Esse é meu jeito Bianca de ser, falo as coisas com o cara lá de cima e Ele é tão bom que ainda me responde. Passadas algumas horas o telefone toca, era a mulher do

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vida tentar pregar uma peça, a surpreenda, simplesmente sorria e diga “sou forte o bastante para me levantar”. Nunca se deve menosprezar os pequenos começos.

Seja o próprio autor da sua história, uma frase de que gosto muito é:

“A vida é uma peça de teatro que não permite en-saios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva in-tensamente, antes que a cortina se feche e a peça

termine sem aplausos”. Charles Chaplin

Espero que você que leu essa biografia tenha gostado, ao menos um pouco.

da vida, em algumas estações pessoas entraram, e outras desceram, sem saber se um dia voltaremos a vê-las, pois sempre vale a pena viver cada momento juntos.

Logo comecei no trabalho e minha maior ansiedade era saber como seria lá, as pessoas, o ambiente e como se-ria o meu 1° dia de trabalho. Ao chegar pela manhã fui ao RH, peguei meu crachá, desci para meu setor onde as pes-soas me receberam super bem, foram amáveis e me dese-jaram boas-vindas.

Logo no 1° dia me ensinaram a rotina, daquilo que eu deveria fazer, conheci duas meninas muito legais que me ajudaram muito no começo, a Mariana e a Regina. Gosto muito do meu serviço, e é uma satisfação trabalhar com pessoas tão legais.

Eu sou assim: amo ouvir música, ler um bom livro, fi-car com minha família, sair com meus amigos, assistir a um bom filme de romance e chorar no final dele imaginando que podem acontecer amores perfeitos. Gosto daquilo que é simples, eu gosto de sonhar, eu gosto de viver.... Ah viver! Eu gosto de usar meus jeans, usar meus All Stars, com mi-nha camisa xadrez, eu gosto mesmo é de escrever minha própria história.

Com o passar do tempo descobri que cada momento deve ser vivido como se fosse o último, acordar e agradecer todos os dias pelo simples fato de estar vivo, e quando a

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THALMEM BALBINO RIBEIRO SILVA

PAP 45

INTRODUÇÃOMeu nome é Thalmem Balbino Ribeiro Silva, tenho

20 anos,nasci dia 25/12/1992. Moro com meus pais, te-nho um irmão, sou uma pessoa muito calma e que ado-ra fazer amizades. Bom, não vou falar muito de mim ago-ra pois durante a biografia vou tentar me descrever mais. Espero que vocês consigam me conhecer um pouco mais, então vamos lá...

O INÍCIOCerto dia, uma moça chamada Marize Ribeiro de Oli-

veira conheceu um cara chamado Manoel Balbino da Silva

Filho e eles começaram a namorar (opa, foi para o início de-mais). Vamos tentar começar de novo.

Era véspera de Natal, e minha mãe estava prestes a ganhar seu primeiro filho. O médico já havia dito que dessa data não passava, acho que esse médico estava errado, ou eu que estava preguiçoso demais. Acho que dentro da bar-riga da minha mãe eu já pensava que não podia ser só o primeiro filho.

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Eu tinha que fazer com que ela se lembrasse desse dia e acho que ela se lembra até hoje, pois eu fiz ela esperar até o dia vinte e cinco quando achei que realmente estava pronto para vir ao mundo. Coitada da minha mãe, em pleno Natal e ela no hospital. Finalmente deu 10h30 e eu estava ali, pronto para vir.

Minha mãe já havia pensado em vários nomes, mas só um lhe chamava a atenção: Talmo (meu Deus, quem chamaria o seu filho de Talmo, minha mãe estava ficando louca! Enfim, ela acabou mudando de ideia e acabou cha-mando seu filho de Thalmem (esse sou eu, nossa acho que minha mãe quis descontar a noite de Natal que ela passou no Hospital), e assim foi que eu vim ao mundo.

RECÉM-NASCIDO

Neném em casa sinônimo de alegria, meu pai muito contente mesmo não sendo seu primeiro filho. Certo dia, ele me dando banho e eu com apenas alguns meses fiz xixi dentro da boca dele (coitado do meu pai).

4 ANOSSem ninguém para brincar, a não ser com os meus

pais, sempre fui uma criança muito calma quase nem ba-gunçava, um orgulho de criança (será que eu vou continuar assim até quando?).

A INFÂNCIA II

6 ANOSCom seis anos de idade, alguma coisa não estava nor-

mal. Minha mãe estava com aquelas mesmas sensações, do dia vinte e cinco de dezembro de mil novecentos e noventa e dois. Acho que as coisas vão começar a mudar, com a che-gada do meu irmãozinho no dia vinte e quatro de mil nove-centos e noventa e oito. A coisinha mais gorda e fofa que eu vi na minha vida fiquei encantado com ele, e muito feliz em saber que ele era meu irmão e de mais ninguém. Deus não

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podia ter me dado um presente melhor, sentia meio que in-veja dos meus primos, pois todos tinham irmãos menos eu, ou pelo menos eu não tinha até a chagada dele.

ADOLESCÊNCIA

12 A 15 ANOSUma fase não muito boa para o meu pai e para a mi-

nha mãe, pois eu era muito rebelde vivia na rua até tarde, meus pais não aguentavam mais e eles não sabiam o que fazer para eu voltar a ser aquele garotinho, calmo que nun-ca deu trabalho.

PRESENTE

20 ANOSHoje voltei a ser aquele filho que não dá trabalho aos

pais. Trabalho em uma empresa chamada Tecnisa, faço um curso em uma instituição chamada IPP, adoro os profes-sores em especial os professores: Flavia, Michele, Cristina, Patrícia e Walker.

Professora Flavia Professora Michele

Professor Walker e Crachá da empresaProfessora Patrícia

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ELAINE DE SOUZA FIGUEIREDO

PAP 10

EU ME EXPLICO...“Elaine, garimpando a sua memória”, não poderia

ser outro título, se não fosse esse. Ao desenvolver essa au-tobiografia, me vi em meio a um desafio, pois minha mãe estava viajando, meu pai e minhas irmãs pouco se recor-dam. Então decidi “garimpar a memória”... Procurei fotos e coisas que muito me marcaram e não foi nem um pouco fácil, mas consegui. Espero que gostem.

PRÓLOGOChamo-me Elaine de Souza Figueiredo, tenho 17 anos,

moro em Osasco no estado de São Paulo.

Sou criativa, espontânea, imprevisível e possuo mui-to potencial, mesmo que vez por outra fique escondido atrás da minha grudenta preguiça. Preguiça, mas não falta de interesse.

Tenho muitos sonhos, ansiedades e inquietações. Não diria que isso são “coisas de adolescentes”, mas sim, “mo-mentos da Nani”, como meus amigos carinhosamente me chamam. Momentos, pois sempre vão e voltam repentina-mente e pertencem única e exclusivamente a mim, a autora da minha história.

Contarei aqui um pouco da minha vida, desde a minha “es-treia”, como acho apropriado chamar, até o presente momento.

COMO TUDO COMEÇOU...

20 DE JULHO DE 1996No 5°andar do hospital Cruzeiro do Sul, localizado na

cidade de Osasco, encontra-se a Sra. Sônia, a pernambu-cana mais linda, mais guerreira, mais tudo... Minha mãe, o meu início.

Já com oito meses de gestação de gêmeas ela se vê desesperada, não só para conhecer os rostinhos das duas lindas meninas, mas também para se ver livre das dores.

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O parto foi cesariana. Nasci às 10h13 com 3 minutos a mais de diferença em relação à minha irmã gêmea, Érica. Está explicada a minha grudenta preguiça.

Logo após meu nascimento, minha mãe engravidou no-vamente de uma menina e depois de três anos teve o seu pri-meiro menino, não senti ciúmes para a sorte da minha mãe.

CHILDHOODCom a casa sempre cheia, afinal eram oito pessoas

morando sob o mesmo teto, era raro escutar o som do si-lêncio, mesmo que pareça contraditório, o som do silêncio existe, e eu não me recordo de ter escutado quando menor.

Era a minha alegria ver a casa cheia, com barulho, com gente para lá e para cá, pois sempre tinha alguém para falar e brincar. Era uma verdadeira farra, afinal, eram três meni-nas que sempre queriam as mesmas bonecas, um menino chorão, duas irmãs mais velhas que não nos deixavam sair e meus pais, que queriam subir pelas paredes quando to-dos se juntavam.

Mesmo não levando uma vida com luxo, posso garan-tir a você que se atreveu a ler a minha história, que dinheiro algum poderia comprar toda aquela alegria.

O tempo foi passando e infelizmente ocorreu uma horrível desunião: a separação dos meus pais.

Confesso que não sofri tanto, quanto qualquer outra criança da mesma idade que eu sofreria. Não por falta de amor e sim maturidade suficiente para suportar aquilo.

Não foi fácil no início, o dia dos pais era algo muito vago e sem sentido para mim, até porque não haveria al-guém para entregar aqueles lindos presentes que eu fazia na escola.

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A união da família ficou um pouco estremecida, mas suportamos tudo! E ainda suportamos!

PART TWOTudo ia caminhando nos conformes. Sempre fui dedi-

cada aos meus estudos, principalmente quando o assunto era português e educação física. Minha mãe nunca foi cha-mada na escola, exceto para me buscar quando as crises de bronquite atacavam. A única reclamação que tinha de mim era a minha tagarelice.

Passou tudo muito rápido, em um dia eu aprendia as letras e os numerais e de repente... Já me via fazendo cur-sos profissionalizantes para ingressar com a bagagem cheia de conhecimento no mercado de trabalho.

O primeiro curso foi informática, logo após auxiliar ad-ministrativo, Web design e iniciei o inglês que permaneço nele até hoje, uma das minhas paixões.

E não demorou muito e já havia concluído a fase um e dois do Ensino Fundamental, um orgulho para mim, pois do começo ao fim me empenhei em dar o meu melhor.

O mais chato disto tudo foi ter que me se separar de alguns amigos meus... Mas graças a Deus, hoje estamos juntos novamente...

LIFE BEGINSDesde pequena sempre fui muito independente, nun-

ca gostei de ter que pedir dinheiro para meus pais. Então o primeiro emprego foi um sonho para mim.

Ao completar quatorze anos entrei na academia, trei-na dali, treina daqui e como uma boa visionária, notei que aquela academia precisava de uma recepcionista. Não de-morou muito e logo falei com o dono da academia, mostrei meu interesse e fiquei no aguardo. No início do mês de ju-lho, ainda com quatorze anos, o Sr. Ricardo me dá uma óti-ma notícia, disse que eu poderia começar a trabalhar ali. Foi

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muita alegria para mim, espalhei esta notícia para os quatro cantos do mundo.

Naquele mesmo mês eu completaria quinze anos e iria viajar para o Rio de Janeiro para comemorar. Sugeri que eu poderia iniciar assim que eu voltasse de lá. Ele concor-dou para a meu entusiasmo. Viajei, foi muito divertido, uma das minhas viagens mais legais, afinal, estava somente eu e minha gêmea. Senti-me a dona do meu nariz.

Com muita ansiedade ao retornar, descansei um pouco e fui trabalhar, me lembro como se fosse ontem. No dia 25 de Julho de 2011 às 15h50 inicio um “treinamento” dado pelo próprio dono da academia, antes de começar a trabalhar sozinha.

Apesar de ser extrovertida, naquele dia fiquei super tímida, não falava com ninguém e pouca coisa me fazia sorrir.

O tempo foi passando e eu cada vez mais me soltava, em uma semana já dominava o meu trabalho.

Era um verdadeiro paraíso ter que trabalhar ali, nunca me sentia cansada ou desanimada.

Adorava tudo o que eu fazia, mas ao crescer, percebi que os gastos também crescem e não deu outra, tive que procurar outro serviço.

Nunca me senti tão mal, pois era um sonho que eu teria que sair, simplesmente por meus gastos estarem aumentando.

No final de Outubro de 2012, minha irmã mais velha, Jés-sica disse que eu teria uma entrevista em uma empresa, foi muito sintética, e não deu espaço nem para eu questioná-la.

Em 06 de novembro de 2012, realizei esta tal entrevis-ta, e logo soube que eu havia passado no processo seletivo. Naquele momento eu chorei, mas nem se atreva a pergun-tar quais eram os meus motivos, não sabia definir se era de alegria por ter passado ou de tristeza por ter que sair da academia, a “minha segunda casa” como a defino até hoje.

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Bem, com a notícia em mãos, contei para todos do meu novo emprego e comecei a me despedir. No dia 20 de No-vembro, foi meu último dia de trabalho na academia. Ao sair de lá, deixei um recado para todos eles no meu facebook:

UMA DEDICATÓRIA PARA TODOS OS ALUNOS DA AKADEMIA KUBOTASe eu fosse escrever tudo aquilo de bom que passei neste

serviço pode concluir que não restaria mais nenhuma árvore no mundo. Por mais que eu quisesse expressar o quão foi bom trabalhar com vocês em forma escrita ou em palavras, seria de extrema ignorância da minha parte, sei que não me recordaria de tudo. 

É triste dizer “adeus” a um cantinho reservado especialmente para mim aqui na academia. Sei que não iremos nos ver com tanta frequência, todavia, deixo claro que, as palhaçadas, o amor e a amizade que tenho por todos vocês, de aluno a funcionário, será sempre o mesmo. Galera foi um imenso prazer ter trabalhado com vocês, que sem medo algum posso classificá-los como seres: indescritíveis. Foi uma honra passar este 1 ano, 3 meses e 25 dias aqui!  Jamais desistam de suas metas.

Desejo muita luz, conquista, sucesso e paz...

Com Carinho, EX-RECEPCIONISTA ELAINE DE SOUZA FIGUEIREDO.

E pronto, saí. Depois me conformei e já me sentia an-siosa para entrar no meu novo serviço.

NEW PHASE OF LIFEJá no ano de 2013, tudo mudou. Hoje percebo como o

tempo passa e fico contente por isso. Trezentos e sessenta e cinco dias passam muito rápido, entrou gente nova famí-lia, todos especiais.

Costumo cantar...

“Essa família é muito unida, e também muito ou-riçada, briga por qualquer razão, mas acabam

pedindo perdão...”

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Já no último ano escolar, tarefas novas e mais uma ba-gagem de sonhos realizados, entrei na Eco Osasco Ambien-tal, é um verdadeiro orgulho trabalhar neste local, até por-que cuidamos da limpeza da nossa cidade.

Ao entrar neste serviço, minha mente abriu demais, até porque é conhecimento a todo instante.

Trabalho no escritório de Recursos Humanos, adoro o que faço.

Tenho todas as quartas um lugar em especial para ir... IPP (Instituto Profissionalizante Paulista). No começo até que eu reclamava, mas ao passar do tempo você vai ama-durecendo e percebe que conhecimento nunca é demais, ali eu aprendo muito, dou muita risada...

Hoje, estou concluindo o Ensino Médio. Ano que vem início a faculdade, farei gestão de recursos humano. Meu coração desde já fica pequeno ao lembrar em ter que sair da escola, dos meus amigos sentirei muita falta, mas faz parte da vida...

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FUTUREAgora vem a parte que me deixa mais insegura, o meu

futuro. Não me sinto insegura por não ser capaz de enfren-tar obstáculos que terei que ultrapassar, mas sim, por não ser a dona do tempo, não ter o dom de apagar tudo de ruim que poderá acontecer, mas sou otimista e confiante, vai dar tudo certo.

Pretendo já no ano que vem fazer uma faculdade de gestão de recursos humanos. Com 19 anos, se Deus quiser já terei me graduado, depois pretendo ir para o Canadá, Austrália e Irlanda. Em alguns desses países quero me gra-duar novamente e dar continuidade no Inglês, não preten-do parar de estudar tão cedo.

Não está em meus planos casar e muito menos ter filhos. O mundo não está propício para isso, quero ser in-dependente, sair sem ter hora para chegar, poder aprovei-tar cada segundo da minha vida, até porque “A vida é como uma peça de teatro que não permite ensaios, portanto viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos”.

Quem sabe um dia eu encontre alguém que me faça trilhar nesta vida mais apaixonada, mais... Encantada. Mas por enquanto não, está ótimo do jeito que está.

Espero que tenham gostado da minha história, não fui eu quem escolheu como seria o meu trajeto neste jogo cha-mado “vida”, mas agradeço de coração a quem nele passou...

Obrigada a todos.

Minha frase predileta...

“Lucky to have been where I have been”(Sorte de ter sido onde eu estava)

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ÉLIDA DE MELO ROCHA

PAP 17

Meu nome é Élida, tenho 18 anos, nasci na cidade de São Paulo, no hospital Leonor Mendes de Barros, no bairro do Belém. Moro desde pequena com meus pais, te-nho 5 irmãos e sou a única filha mulher. Sempre tive von-tade de ter uma irmã, pois me sentia sozinha. Fui tímida, da creche até a escola. Quando eu ia completar 14 anos, a pior coisa que já me aconteceu: foi um dos piores aniver-sários que já tive, pois perdi meu pai. Após a perda de meu pai, continuei minha vida, estudando. Quando completei 16 anos, comecei no meu 1° emprego. Foi uma época um pouco difícil, pois eu não estava adaptada a ter uma rotina de trabalhador.

Hoje, com 18 anos de idade já estou no 3°ano do En-sino Médio, trabalho em uma empresa de telemarketing, e

faço curso no IPP. Meus planos a partir de agora são, termi-nar meus estudos, começar a fazer uma faculdade. Preten-do estar formada daqui a alguns anos, pretendo me focar nos estudos que irão me ajudar no futuro. Sonho em co-nhecer outros países e ser independente.

Apesar de não ser uma vida muito fácil, quando nos tornamos independentes a rotina muda totalmente, as res-ponsabilidades se tornam maiores, mas a cada responsabi-lidade um crescimento a mais. Pretendo estar com a minha vida totalmente formada. Quero estar no meu próprio lar, sa-ber que tudo que venho adquirindo são meus próprios bens.

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GISELE COELHO

PAP 21

Eu, Gisele Coelho, venho de uma família humilde mantida pelos esforços de um mecânico de automóveis e uma dona de casa. Nasci em 30 de dezembro de 1995, em São Bernardo do Campo. Sou do signo de Capricórnio e tenho dezessete anos. Sou brasileira, filha de Leonardo Pi-nheiro Coelho e Simone Maria de Souza.

Não trago boas lembranças da minha infância, nas-ci com uma má formação e passei por três cirurgias, faço acompanhamento médico até hoje na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Escola Paulista de Medicina – EPM, Hospital São Paulo (SP); usei muitos anos uma bolsa de co-lostomia e não tive a oportunidade de brincar muito, pois a mesma me impedia de fazer algumas coisas. Mesmo com dificuldades tentei ser uma criança feliz, tive vários amigos

na escola e sempre fui bem calma e meiga. Minha maior es-perança hoje é ganhar alta do hospital e seguir a vida sem preocupação e medo do mundo.

Faz nove meses que trabalho em uma Fundação que iniciou suas atividades com curso para moças orientais de corte e costura e hoje é uma escola que ensina desde o Ma-ternal até Ensino Médio, Fundação Instituto Educacional Dona Michie Akama. Trabalho como auxiliar de escritório e sou jo-vem aprendiz, faço curso através do Instituto Profissionalizan-te Paulista (IPP), para melhor desempenho no trabalho.

Já estou no terceiro ano do Ensino Médio e estou es-tudando bastante para fazer a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) no final do ano. Faço curso prepara-tório para a prova do ENEM aos sábados, na escola Grupo Estudantil de Base (GEB). Quando terminar o Ensino Médio, quero ingressar na carreira de medicina, vou me especiali-zar em obstetrícia, ginecologista; mais ainda tenho em men-te a área pediátrica.

Meu sonho é conseguir passar na faculdade e ganhar bolsa de estudo na Universidade de São Paulo (USP), conse-guindo realizar esse sonho, vou pagar uma promessa que fiz para Nossa Senhora, que é atravessar a passarela de Nossa Senhora aparecida de joelhos, e cortar meu cabelo curto.

A grande verdade é que a vida não é fácil pra ninguém e devemos passar por momentos bons e ruins para seguir

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em frente. Então o que depender de mim para fazer com que a minha vida seja boa, vou fazer. Correr atrás dos meus sonhos e buscar a minha felicidade, porque mesmo saben-do que é difícil devemos acreditar na nossa capacidade e seguir com orgulho porque somos capazes de encarar a vida e o mundo.

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JANAINA SCHINDLER

PAP 46

Quem sou eu?

Nasci no ano de 1997, no mês de maio e por uma mera coincidência no segundo domingo do mês, dia 11. Caiu jus-to em um domingo do dia das mães, de certa forma foi um presente de Deus. Nasci em São Roque – SP gordinha pe-sando 3,879kg, muito branca e muito careca. Quando vejo minhas fotos de alguns meses de quando eu nasci, vejo que parecia que o cabelo esqueceu-se de nascer junto comigo. Mas mesmo assim, era a coisa mais “cuti-cuti” da mamãe. E por incrível que pareça minha avó tem meu cordão umbili-cal até hoje.

Sobre mim quando era bebezinha, sei que era o bebê mais calmo do mundo. Raramente chorava principalmente de madrugada simplesmente passava a maior parte do dia e

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ficamos menos de um ano no local e viemos morar no mes-mo bairro na casa onde moro até hoje.

Nos finais de semana, ficava com meus avós, que por sinal eu adorava. Todas as sextas minha mãe arrumava minha mochila do Barney com minhas roupas, meu avô ia me buscar e íamos pra casa dele. Lembro que no caminho havia um barranco de barro, e tinha medo de escorregar e meu avô me levava no colo. Depois asfaltaram e até hoje toda vez que passamos no local eu e meu avô rimos brin-cando “lembra vô, quando você me pegava no colo e dizia: se cair, eu caio por baixo e você por cima”. Definitivamente, foram bons tempos.

Para meu avô não tem explicação ou palavras que ex-primam o que ele representa para mim. Ele foi meu pai, e me criou a vida toda como filha! Ele é meu herói inspirador, e meu melhor amigo, quem me educou e me mostrou que “pai não é quem faz, é quem cuida com amor e carinho”. Não sei se é pelo fato dele nunca ter tido um filho, mas o que ele me transmite é um puro amor paternal. E é justo por ele que sou SPFC. Desde pequena assistimos juntos to-dos os domingos aos jogos do SPFC quando passava. O cos-tume dele era assistir futebol deitado.

Lembro que meu avô pegou uma gata na rua, por quem se apaixonou. Ele dava tanta atenção para a gata que eu morria de ciúmes, pois até então eu era o centro das

da noite dormindo. Quando comecei a engatinhar foi a fase mais engraçada, pelo menos para minha avó. Meu pai me colocava em cima da cama e me deixava lá, enquanto isso tentava andar, saia rolando sobre a cama até cair no chão...

Com tanta persistência, consegui dar o meu primeiro passo antes do meu primeiro ano de vida. Minha avó guar-dou lembranças desse dia até hoje, porém dava dois passos e caia no chão. Uma curiosidade é que o cachorro da minha avó toda vez que me via cair ia correndo até a mim, me lam-bia pra ver se “eu estava bem/ou me animar”. Depois de cair e o cachorro vir brincar comigo, eu até me esquecia do tom-bo e só ficava rindo que por sinal, o meu sorriso é uma mar-ca registrada desde meus primeiros anos de vida até hoje!

Sempre gostei de água. Piscina, praia, banho de man-gueira, bexiga d’agua, SESC e até tomar banho era comigo mesma. Quando era pequena morava com os meus pais e meus avós, infelizmente quando eu tinha quase dois anos meus pais se separaram. Fui morar com a minha mãe e mi-nha irmã e nos finais de semana passava com meu pai e avós paternos. Ates de completar meus quatros anos meu pai foi morar em Portugal, de lá ele me liga va todos os finais de semana por volta das 22h (lá, seria por volta de 01h). No começo foi muito ruim, pois era muito apegada a ele mas depois com a distância eu me acostumei.

Depois de sair com minha mãe e minha irmã da casa dos meus avós fomos morar em um lugar próximo. Porém

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Por mais que o Bob me mordesse de vez em quan-do, por às vezes encher muito o saco dele por querer brin-car (puxou o lado rabugento do meu avô) eu gostava muito dele, e com certeza ele deve estar em algum lugar muito bom com Deus.

Um dia antes de entrar no prezinho eu lembro per-feitamente como se fosse ontem, minha mãe me contou e na hora fiquei apreensiva, pois achava que na escola tinha polícia. Não sei por que, mas quando era pequena tinha medo de três coisas: palhaço, circo e polícia. Quando entrei pela primeira vez na escolinha vi uma criança desesperada chorando porque queria sua mãe, logo pensei “isso aqui é uma tortura”. O tempo passou e cerca de dois meses já ti-nha me acostumando.

Minha família diz que quando eu era pequena eu era meia “monguinha, ingênua demais, boazinha demais” aon-de me colocava eu ficava se fosse preciso por horas sem sequer sair do lugar, ia ao colo de todo mundo que quisesse me pegar. Infelizmente o tempo muda as pessoas... Quan-do tinha seis anos caí, o corte foi tão profundo que tive que tomar sete pontos na perna. Eu não era um bebe calmo? Somente guardei energia, pois eu não paro quieta até hoje. Nunca gostei de brincar de bonecas, casinha, e etc. sempre gostei de correr, exercitar! Enfim... Minha infância foi muito bem aproveitada.

atenções para ele. Chegava até ficar atormentando e baten-do na pobre gatinha só para chamar atenção dele.

Minha primeira vez em um estádio de futebol foi em 2011, no dia 7 de setembro. Foi um jogo histórico, 1000º jogo do Rogerio Ceni, que é meu ídolo e ícone do futebol brasileiro e mundial. Comprei meu ingresso de última hora e quase fico sem. Lembro que cheguei ao estádio uma hora ates, e foi o dia em que a hora passou mais rápido. A vitória foi de 2x1 para o tricolor sobre o Atlético-PR. Não tem pa-lavras que traduzam o que eu senti naquela tarde, foi ma-ravilhoso... tão bom, que frequento estádio de futebol até hoje! Através do São Paulo conheci pessoas incríveis, amigos verdadeiros que tenho contato até hoje, e momentos que marcaram minha vida. Lembro-me de cada jogo, me recordo de todos!

Meus avós sempre tiveram muitos cachorros, pelo menos desde que eu nasci e que me recorde. Portanto, sempre gostava de cachorros e tenho esse amor em mim até hoje. Foi um grande susto pra mim quando o Bob mor-reu (cachorro mais velho do meu avô), eu estava com treze anos (2010) e até mesmo antes de eu nascer ele já estava vivo, só de pensar que um simples cachorro esteve com a minha família antes de vir ao mundo, me viu na barriga, meus primeiros dias de vidas, meu amadurecimento e de-pois morrer... Foi estranho encarar a situação, mais foi um fato da vida.

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te digo que foi a MELHOR AMIGA que pode existir no mun-do. A amizade que no começo não dava muita importância, hoje é essencial. Foram tantos momentos e valores trans-mitidos nessa amizade, que até fica difícil de resumir tudo que passamos juntas.

Se eu disser que foi sempre mil maravilhas nossa ami-zade é a maior mentira do mundo. Houve um tempo em que ficamos afastadas, brigávamos e o orgulho nos separou por um tempo. Não cortamos o contato 100% mas quan-do já estava 99% jogado tudo no lixo, com apenas 1% ou menos conseguimos resgatar tudo o que passamos juntas e demos a volta por cima.

Lembro-me de muitos fatos engraçados, como por exemplo, a primeira vez que a gente foi ao cinema juntas, das noites que dormia na casa dela, ficávamos até de ma-drugada conversando, dando conselhos e opiniões uma para a outra, contando piada, rindo muito. Das vezes que visitei a família dela que de fato, se tornou uma família pra mim. Eu os amo demais e vejo que também eles se preocu-pam comigo. Lembro-me das vezes que louvamos na igre-ja, segredos compartilhados, fofocas, nossos desacordos... Tem uma história que nós duas lembramos perfeitamente; o dia em que fomos à rádio do pastor da igreja, foi muito engraçado esse dia... Enfim, dou muito valor a essa amizade que tenho, e quero levar para toda vida e sei que se um dia “acabar” foi pela vontade de Deus.

Quando entrei no Ensino Fundamental, aconteceram milhões de coisas comigo! Tive o meu primeiro amor não correspondido, e pensa o quanto eu sofri? Fazia de tudo, mas nada dava certo. Nessa fase aprendi o significado do NÃO. Essa tortura durou quase dois anos, engoli secos to-dos os “nãos”. Olhando de hoje, percebo que foi melhor pra mim, se não tivesse essa experiência não iria amadurecer em certas coisas.

Nessa mesma época outra coisa que me surpreendeu é que eu percebi que sempre fazem uma imagem diferen-te de mim. Já cansei de escutar aquele papo “Nossa, pen-sei que você era metida/fresca/chata/mimada”. Eu nem ligo mais para esses julgamentos de primeira imagem. Me sinto feliz quando vejo que mudaram o conceito sobre mim para melhor. Como eu sempre digo “você achava isso? Muda o disco”. Hoje não dou a mínima para esses julgamentos.

Foi nessa época que pela primeira vez usei maquia-gem, e quem disse que parei? Maquiagem se tornou uma paixão minha! Como toda adolescente da minha idade, sou apaixonada por maquiagem! Não saio de casa sem fi-car no mínimo 20 minutos na frente do espelho me ma-quiando. É simplesmente TUDO você se olhar no espelho e se sentir linda!

Em 2009 conheci uma colega de classe, mais especifi-camente Andrielly. Após alguns meses fui falar diretamen-te com ela. Demorou um pouco pra pegar afinidade, mas

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Amo sorrisos. Amo fazer as pessoas sorrirem, amo ver as pessoas que eu gosto sorrindo, amo que me façam sorrir, adoro quando sorriam pra mim! Sou apaixonada por sorrisos.

Sou apaixonada, pela minha família, por Deus, pelos meus amigos, por futebol, enfim... Sou apaixonada por tudo que me desperta alegria!

Creio, que minha fortaleza está em Deus. Sinto-me re-novada todas as manhas quando acordo. Tem algumas coi-sas que me deixam super chateada. Uma dessas coisas é ver as pessoas se queixando para Deus porque os “proble-mas” chegaram a suas vidas, sem sequer ver o outro lado da moeda, e perceber que se você passar por alguma situa-ção difícil você está tendo a oportunidade de se fortalecer. Apesar das decepções e perdas vejo que de certa forma su-perar é fortalecer. É lamentável ver pessoas se queixando e reclamando da vida enquanto existem pessoas em camas de hospitais implorando para sobreviver.

Uns dos meus pontos fracos é a gula! Muitas vezes abuso na alimentação, e como muitas besteiras quando es-tou nervosa, triste, ansiosa, e etc. a minha ansiedade, além de descontar na comida, me tira o sono, me faz ficar agitada e impaciente. De alguns anos pra cá ando engordando. Ape-sar de estar alguns quilos acima do peso e desejar algumas mudanças no meu corpo, me sinto feliz com minha aparên-cia. Apesar de ser uma pessoa ansiosa, sei controlar esse meu lado! É como se eu visse uma fila gigante: apesar de

Um dos maiores valores da minha vida que essa ami-zade me trouxe que não tem como descrever, me mostrou a força do sobrenatural, aquela força de DEUS...

De alguns anos pra cá, vi o mundo espiritual. Mudei minhas opiniões, minha autoestima e minha auto aceitação não poderiam estar melhor depois que tive o meu superior na minha vida! Todos os dias eu acordo e dou um bom dia pra Deus e agradeço por ter acordado com muito orgulho, e ao deitar, agradeço por mais um dia.

Gosto do significado do meu nome, acredito em sig-nificado de sonho, em horóscopo e acima de tudo acredi-to em Deus. Creio que através de sonho, horóscopo, bíblia, Deus se comunica comigo. Na minha vida emocional me considero uma pessoa equilibrada, e segura. Confio no meu superior que me fortalece sempre.

Falando em vida, sou apaixonada pela que Deus me deu! Tento aproveitar cada segundo, viver intensamente cada instante e oportunidade que tenho. Arrependimento? Somente das coisas que eu não fiz. Valorizo minhas ami-zades, e sou feliz com meus amigos. Poucos, porém incrí-veis! Amadureci o bastante para reconhecer que existe uma grande e forte amizade entre homem e mulher sem haver segundas intenções.

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Meu estilo musical favorito é o sertanejo universitário. Amo música, é meu passa tempo favorito. Deitar e escutar música é rotina! Tem algumas músicas que demostram ter algum significado para mim.

Próximo aos meus treze anos, tive o meu primeiro na-morado. Contei para minha família, não foi nada fácil por causa da minha idade, porém foi através dessa situação o quanto minha mãe viu que sou consciente dos meus atos, e passou a ter mais confiança em mim. É muito bom estar apaixonada e melhor ainda ser correspondia. Não posso negar que foi a melhor fase da minha vida, os momentos e amadurecimentos que tive foram únicos.

O sonho de qualquer mulher é casar e ser mãe, não é? Esse é o maior sonho que eu tenho na minha vida! Mal vejo a hora de entrar vestida de branco no meu próprio ca-samento e depois de algum tempo ter os meus filhos, estar na profissão que eu amo. Só de pensar, já fico ansiosa pro meu futuro.

Um dos meus planos é pular de paraquedas. Me ima-gino igual um passarinho no céu voando livremente, só me falta uma coisa que é a mais essencial de todas: Coragem!

Se me perguntassem de um filme que eu gostos de pequena até hoje, sem dúvidas responderia “Procurando Nemo”. Logico que nem se compara ao meu filme favorito

grande e demorada, entendo e sei que uma hora vai chegar a minha vez.

Meu outro ponto fraco é a preguiça, porém sempre gostei de praticar esporte. Entre eles o atletismo, no qual consegui conquistar cinco medalhas, três de ouro e duas de pratas e revezamento 4x50 e corrida 50m. Outro espor-te que eu gosto de praticar é o tênis, que hoje não pratico mais por falta de tempo. Foi somente um hobby durante um tempo, que se dependesse de mim praticaria até hoje.

Apesar de alguns pontos fracos, também tenho meus pontos fortes! O que eu mais valorizo é minha persistência, é incrível que mesmo quebrando a cara eu faço de novo de jeito diferente pra ver se dá certo. Puxei um lado da minha mãe, desde pequena sou independente gosto de fazer mi-nhas coisas sozinhas e não espero por ninguém. Reconheço que sou dedicada, e sei ponderar minhas decisões.

Reconheço e valorizo que minha família, é uma das coisas mais importantes, essenciais que não abro mão por nada! Amo demais a minha mãe e minha irmã. Minha mãe é incrível! Ela consegue ser pai e mãe ao mesmo tempo... Ela é minha rainha mais linda, só que não usa coroa.

Dinheiro pode trazer muitas coisas materiais, mais se me fizessem a proposta: você quer 1000 reais, ou passar o dia com sua família, sem dúvida alguma escolheria minha família. Tem coisas na vida, que dinheiro nenhum pode proporcionar.

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Minha mãe diz que desde pequena, tive o coração bom... Sempre dividi as minhas coisas, pensei sempre no próximo. Hoje eu entendo que é verdade isso. Um fato que aconteceu e que me deixou chocada, foi quando a casa de um cômodo pra uma família de cinco irmãos pegou fogo... O menino era tão humilde e me sensibilizou muito! Conse-gui arrecadar algumas sacolas de roupa e dei para ele. Lem-bro que todo mundo na escola ficou olhando e encarando. Não liguei, e me senti tão bem por ter feito uma boa ação.

Hoje sei que posso mudar a qualquer momento, tanto fisica como interiormente. Sou carne e osso e minhas opini-ões podem se modificar a qualquer momento.

E estou sempre a mudar quando a intenção é me tor-nar uma pessoa melhor.

A frase que eu tenho como lema da minha vida, e que deveria estar na de todos é:

“Não seja mais um, faça a diferença!”

Essa frase simplesmente, diz tudo.

“Marley & Eu”, que me transmite muita emoção. Quando li o livro então, só foram lágrimas e lágrimas de choro.

Desde pequena tenho um amor incondicional por ani-mais. Não só animais domésticos, mas sim em geral. Em ju-nho de 2008 ganhei um cachorro com dois meses, que hoje está com cinco anos. Giba! Tenho um afeto muito forte por ele, um amor imenso e incondicional. Costumo dizer que ele foi o melhor presente que ganhei da minha família e de Deus. Através dele tive mais certeza que é Veterinária a mi-nha futura profissão. Independente de salário a profissão que eu quero, que planejo é por AMOR!

E qualquer meio de competição só fico 100% satisfeita em 1º lugar. Não que eu seja egoísta, mas sim porque eu não gosto de perder e isso já fica na minha mente. Afinal quem gosta? Ninguém compete pra perde.

Pra mim, a maior dor emocional que existe é o adeus, a saudade... É algo que você não pode fazer, prever, desfa-zer. É uma dor torturante, saber que algo de você não volta mais. Quando estou triste, não há consolo melhor do que um abraço, um ombro amigo... Tenho poucos amigos, po-rém eles são incríveis!

Somente em 2010 andei em uma montanha-russa pela primeira vez que por sinal é a maior da América latina. Foi uma sensação e adrenalina mais incríveis do mundo!

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LUANA PARDAL E SOUZA

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Quando minha mãe descobriu que estava grávida foi a maior surpresa, porque ela estava tomando remédio para não engravidar naquele momento.

Mas, enfim, a gestação foi normal, sem nenhum risco. No quinto mês de gravidez em uma sessão de ultrassom, o médico olhou para meus pais e disse: - Parabéns vocês vão ter um lindo menino!!

Meus pais saíram do médico e foram comprar minha primeira roupinha, um macacão todo azul. Bom eu ‘’era um menino’’. Nas outras sessões de ultrassom o médico disse que havia se enganado, porque como eu estava com as per-nas fechadas não deu muito para ver o sexo; Então quase no sétimo mês de gravidez minha mãe veio a saber que eu era uma menina.

No dia do meu nascimento, minha mãe chegou ao hospital e adivinham, na hora do parto acabou a energia do hospital. Foi aquela correria e minha mãe ficou por mais 40 minutos, ali com dor até a energia voltar.

Quando eu tinha por volta de um mês, minha mãe foi me dar banho, enroscou a toalha no meu brinco, puxou, mi-nha orelha rasgou e saiu muito sangue.

Minha infância foi tranquila, brinquei muito com meus primos já que não tive irmãos. Morava com meus pais no Carrão.

Na adolescência mudei para casa em que eu estou até hoje, brincava o dia todo na rua sem preocupação ne-nhuma, mas essa época foi logo ficando para trás, logo fui crescendo e percebi que tinha que fazer algo da minha vida, não dava mais para depender da minha mãe para sempre.

Hoje trabalho no Souza Cruz há 1 ano e 3 meses, te-nho uma vida muito diferente de antigamente, minhas pre-ocupações hoje já são outras.

E posso com toda certeza afirmar que sou feliz com tudo que tenho.

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GABRIELLY SILVA DE AZEVEDO

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INTRODUÇÃOMeu nome é Gabrielly, tenho 17 anos. Sou natural

de São Paulo e resido no Jardim Eliza, ou Jardim Ingá como preferimos chamar. Desde que nasci, sempre morei no mesmo bairro, mas há algum tempo, passava longas temporadas na Vila Iara, em Osasco.

“Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o senti-mento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade. ” Cecília Meireles

CAPÍTULO INasci no dia 14/07/96, fruto de uma gravidez acidental.

“O Condor é uma ave que desde seu nascimento está destinado a alcançar as maiores altitudes, mas jamais conseguirá isso se enquanto ainda jo-vem e frágil não tiver a coragem para lançar-se ao

espaço e alçar o primeiro voo.” Augusto Branco

CAPÍTULO IITodos questionam o motivo de uma cicatriz que carre-

go na testa, e outra que divide minha cabeça. Dois dias após completar três anos de idade, sofri um acidente. Passei por uma cirurgia bastante complicada, pois havia fraturado o crânio – a essa resposta todos me olham surpreendidos.

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Permaneci internada na UTI do Hospital Campo Limpo por 23 dias. Quando recebi alta, os pontos infeccionaram e tive de ser internada novamente. Enfim, após diversas compli-cações, as sequelas que restaram foram: visão afetada, crâ-nio fraturado, a cicatriz da cirurgia e enxaqueca profunda. Depois do acidente foi uma cautela rigorosa; nem tudo po-dia brincar, nem tudo me deixavam fazer.

“O impossível é apenas uma das especialidades de Deus”

CAPÍTULO IIIEstudei numa escola particular e fui para a escola pú-

blica no primário – esta passagem pouco (ou nada) me mar-cou, até porque dificilmente me apego a algo.

Nessa época, lazer aos finais de semana era sa-grado. Nenhum final de semana em casa, nenhum fe-riado perdido. Passeava e viajava com meus pais e al-

guns amigos sempre, mas tudo isso passou após o dia 9/04/2004. E como esquecer? Era uma viajem para a praia, feriado prolongado. Quem estava com a gente viu quando a multidão se formou, aí é que notaram que en-tre os 17, faltava um. E esse, nunca tinha ido à praia. Criança observa tudo, né?! Pois bem, eu vi quando esse foi sentar no banquinho do calçadão para telefonar aos pais. O problema, é que o celular dele era o mais moderno naquela época. Vi quando ele tomou o tiro, vi quando caiu e a poça de sangue se formou – a essa altura, formou uma multidão em volta do corpo.

Eu vi exatamente quando ele foi a óbito – a cena se repetiu em 02/2010, desta vez com um desconhe-cido. Ele tinha apenas 20 anos, recém-completado. Após o ocorrido, os finais de semana foram perdidos em casa. Aquela amizade se desfez e cada um seguiu seu rumo.

“Descansa mais um espírito, cujo corpo adormeceu.”

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CAPÍTULO IVQuando não estava na escola, ficava na casa da minha

avó. Minha mãe trabalhava, mas dedicava as horas vagas e finais de semana a mim. Basicamente, cresci dessa forma, mas a gente cresce e a mente muda, não é?!

Aos 11 anos eu comecei a aprontar excessivamente, ao ponto da minha mãe ser convocada na escola duas ou três vezes numa única semana. Ela sempre atendeu a to-das as reclamações e depois passava horas me orientando. Apesar da vida corrida, nunca deixou de cumprir seu papel. Foi nessa época que eu comecei a fumar, minha mãe encon-trou alguns cigarros perdidos pela casa, mas eu negava até o fim, tinha desculpinhas na ponta da língua. Sei que ela notava que eu estava mentindo, mas ela nunca foi estourada, resolvia tudo na base da conversa. Ela era dedicada demais para ter tantas decepções; isso lá na 6ª série.

Aos 13 anos eu parei de fumar, mas voltei com tudo aos 15 e novamente parei, dessa vez, definitivamente. Há dois anos eu não fumo. Quando dá vontade, eu tomo café preto bem amargo e a vontade desaparece.

Os anos se passaram e eu só piorava. Família? Uns criti-cavam, outros aconselhavam, mas sempre tinha um para fa-lar para a minha mãezinha me colocar num colégio interno ou religioso. Graças a Deus, minha mãe tem opinião própria.

“Ela é forte. Ela é guerreira. Ela é minha mãe.”

CAPÍTULO VEm 2011, eu já não dava problemas na escola, mas es-

tava fazendo a 8ª série pela segunda vez. Isso porque eu fin-gia que estava indo pra escola, mas parei por pouco mais de um mês.

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Acho que minha mãe nunca descobriu, mas foi nes-se ano que eu comecei a usar alguns tipos de drogas. Parei pouco tempo depois, pois vi alguns conhecidos em situa-ções de dar pena e não queria isso para mim, e menos ain-da para minha mãe.

CAPÍTULO VIEm 2012 eu iniciei um curso meio a contra gosto. No

decorrer do tempo, fiz duas amizades que vou lembrar sempre; Miqueline Heloísa e Wesley.

“Por mais que o tempo passe, vivemos momentos que nunca serão esquecidos.”

“Para ser amado e para ser querido, basta ser sincero, basta ser amigo.”

CAPÍTULO VIIO curso encerrou seis meses depois. Eu e a Miqueline

mantivemos o contato. Apesar da distância, a amizade per-manece igual.

CAPÍTULO VIIIJá com o Wesley, algumas semanas após o encerra-

mento do curso, começamos a namorar. Estamos juntos há 1 ano e 3 meses.

Costumo dizer que o mês de Julho foi dedicado a nós. No dia 14/07 comemoro aniversário; no dia 19/07 comemo-ramos aniversário de namoro; no dia 22/07 é aniversário da Thiffany; no dia 23/07, aniversário dele.

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CAPÍTULO IXThiffany é minha cachorrinha. Desde pequena, sonha-

va em ter uma e todo ano alguém prometia que me daria de presente, mas as promessas nunca foram cumpridas. Portanto, eu mesma me presenteei.

“A aquisição de um amigo leal e constante não é di-fícil, quando o buscamos na raça animal dos cães.”

Marquês de Maricá

CAPÍTULO XAdoro o fato de ser a filha única, mas me sentia muito

sozinha quando o Enzo residia em outro bairro. Por isso cos-tumava passar longas temporadas em Osasco. Costumava dizer que lá era a minha casa, sempre rodeada de amigos.

“O segredo da felicidade é encontrar nossa alegria na alegria dos outros.”

CAPÍTULO XIO Enzo eu digo que é meu irmão, na verdade é meu

primo, mas considero mais que isso. Já brigamos feio e já nos batemos ao ponto de um machucar o outro, mas irmão é assim né? Não há briga que separe. Hoje moramos no mesmo quintal, mas nem sempre foi assim. Ele veio morar aqui com menos de um ano, mas aos cinco se mudou para bem longe. Há dois anos ele voltou pra cá, felicidade se tor-nou pouco com ele ao meu lado.

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CAPÍTULO XIINão sou de ficar na rua, deve ser por isso que não te-

nho amizades onde moro. Dos amigos de infância, uns vejo vez ou outra, outros nem tenho notícias, sem contar os que estão presos, ou mortos.

Nunca brinquei com bonecas, e quando ganhava algu-ma, sequer tirava-as da caixa. Gostava mesmo era de des-cer a ladeira de rolimã, no final sempre me machucava, mas valia muito a pena. Adorava brincar com bolinhas de gude e card. Tenho um fusquinha que falta uma rodinha, outra só tem a metade e as outras duas nem rodam mais, mas não dou e não empresto para ninguém.

“Ele é minha preciosidade, meu ponto fraco.” “Cada brinquedo guardado é um poço de lembranças.”

CAPÍTULO XIIIVocê deve estar se perguntando: “será que ela não

tem pai?”, a resposta é “sim, eu tenho!”. Não falo dele por-que não nos damos bem, já passamos mais de um ano sem nos falar (apesar de residir na mesma casa). Hoje falamos apenas o necessário.

Essa foto é a mais recente. Foi tirada há dois anos, no meu aniversário de 15 anos. É a única em que estamos próximos.

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“Não sei o que aconteceu, as brigas foram surgindo e tomou conta de nós, não conseguimos nos contro-lar. Agora penso, tudo poderia ter sido diferente.”

CAPÍTULO XIVLembro que o sonho da minha mãe era fazer uma fes-

ta quando eu fizesse 15 anos. Eu nunca tive vontade, nunca fui do tipo “delicada”. Mas se era o sonho dela, eu queria realizar. Porém completaria 15 anos, exatamente no ano em que repeti na escola. Ela desistiu de fazer a festa, e eu sempre dizia “mãezinha eu repeti um ano, mas passei ou-tros sete. O que é um ano perto de sete?”. Por fim ela fez a festa, tudo como manda o figurino. Lembro que na época ela estava sem dinheiro, mas fez, com a cara e a coragem. E foi uma festa linda!

“O conjunto das pétalas faz a beleza da flor. A bele-za da vida, se faz com quinze primaveras de amor”.

CAPÍTULO XVPretendo cursar Medicina Legal, não por influência de

alguém, e sim por escolha própria. Nunca pensei em uma futura gravidez, nem tenho vontade. Sonho em adotar uma criança especial, cuja patologia necessite de cuidados espe-ciais. Em especial, paralisia cerebral e para isso, preciso de uma boa profissão para ter plena certeza de que nada falta-rá à criança.

A paralisia cerebral não é contagiosa, muito menos uma doença, é apenas um estado. E por ser um estado, não precisa da pena de ninguém. Pena nós devemos ter de crianças de rua, abandonadas sem amor e sem carinho, ou de pessoas sem alma, sem amor ao próximo. Pessoas com paralisia cerebral precisam apenas de muito amor, carinho e atenção. São poucos os que aprovam a profissão que es-colhi, quem dirá então este desejo. Mas isso não importa, o sonho é meu e a mãe serei eu, portanto cabe a minha pes-soa lutar para realizá-lo.

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CAPÍTULO XVIPor ser filha única, sou vista como uma garota mima-

da, mas não é bem assim. Não sou tão mimada, tampouco tive tudo o que quis (como muitos imaginam), mas tive tudo o que precisei. O que eu queria, minha mãe se esforçava para me dar. Nem sempre era possível e eu entendia, mas o que eu precisava, nunca faltava. À primeira vista todos me veem uma pessoa brava, e muitos se acanham em falar comigo por conta disso. É minha fisionomia natural, porém não sou tão brava como aparenta.

Sou uma pessoa momentânea. Ora comunicativa, ora reservada. Ora tranquila, ora explosiva. Ora alegre, ora nos-tálgica. Vivo cada momento com uma dose de excesso, nun-ca no meio termo. Se estiver feliz, nada me abala; se estiver melancólica, nada me agrada. Não permito que me inferio-rizem, enfrento à altura. Não sou tão maleável ao ponto de dar o braço a torcer por motivo fútil, nem tão rude que não se possa lhe dar. Não sou grosseira, mas tenho resposta na ponta da língua. Evito expor minha vida, faço o tipo reserva-da. Não confio facilmente, muito menos em quem não olha dentro dos olhos. Me expresso com o olhar; o que estiver sentindo fica nítido. Não exibo minhas qualidades, deixo que as pessoas notem sozinhas. Quanto aos defeitos, quem é que não tem? Carrego comigo orgulho próprio. E haja es-paço para tanto orgulho, eis o meu maior defeito. Mas não permito que meu orgulho cubra minhas qualidades. Tenho meus problemas, e quem não tem? Mas por trancafiá-los

em mim, se tornam ainda maiores, ainda assim, raramente os divido. Por mais que eu confie num alguém, nunca confio cem por cento, pois não se sabe o dia de amanhã.

AGRADECIMENTOSAgradeço a cada pessoa que passou por minha vida,

tendo deixado boas ou más lembranças. Cada pessoa teve um significado diferente, e independente do que veio a ocorrer, cada pessoa foi uma experiência vivida.

“Problemas, todos temos. Dificuldade, todos vamos passar. Sonhos não realizados irão fazer parte de nossa vida. O medo vai nos acompanhar, lado a lado. Mas, o bom é passar por tudo isso e, no fim dar uma

boa gargalhada.” Chico Anysio

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GABRIELA RIBEIRO ARCANJO

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Meu nome é Gabriela Ribeiro Arcanjo, nasci no dia 28 de outubro de 1994 no Hospital Santo Amaro. Sou fi-lha de Lindoval Medeiros dos Santos Arcanjo e Izadora Ri-beiro Costa Arcanjo e tenho um irmão chamado Guilher-me Ribeiro Arcanjo. Morei na região de Piraporinha até os 5 anos de idade e logo me mudei para o Bairro do Jardim São Bernardo, onde moro até hoje. Estudei da 1ª à 4ª série na E.E Professora Neiva de Lourdes Andrade, que fica a 10 minutos da casa, e depois fui para o ensino particular no Colégio Órion e Passinho Seguro, onde tive excelentes pro-fessores e fiz boas amizades.

No Ensino Médio, fui para a E.E. Dom Duarte Leopoldo e Silva localizada na região do Socorro. A troca de escola e até a troca de série, sempre foi uma dificuldade para mim.

Sou uma pessoa muito difícil de fazer novos amigos, mui-tas vezes, tenho dificuldade de me expressar e isso sempre acaba atrapalhando minha relação com as outras pessoas. Minhas matérias preferidas na escola sempre foram Língua Portuguesa e Biologia. Nunca gostei de Matemática, Quími-ca ou Física, na verdade, não gosto até hoje e acho que nun-ca vou gostar.

Minha infância foi algo muito tranquilo, pois nunca fui uma pessoa agitada. Eu gostava de estudar e brincar de bo-neca com a minha prima Bianca. Tive poucos amigos, e qua-se nunca brincava com eles por motivos que desconheço. A verdade, é que sou muito caseira.

Sempre fui para Igreja Evangélica com a minha mãe, e sempre gostei de estar lá. Com mais ou menos 15 anos, aceitei Jesus. Esse foi o acontecimento mais marcante e mais importante da minha vida, pois a mudou completamente. Após isso, me batizei nas águas na Igreja de São Vicente.

Entre 16 e 17 anos, criei o hábito de ler. Eu sempre achei que odiava, mas descobri que ler é uma das minhas atividades preferidas. Gosto de ler a bíblia e romances. Meus livros preferidos são “Querido Jhon”, “Um dia para sempre” e “Ame o que é seu”.

Atualmente, estudo no SENAC, faço curso técnico de administração e estou gostando bastante, pois estou fazen-do novos amigos, aprendendo muito e tentando colocar as

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lições ensinadas em prática. Nesse curso, tenho professores inspiradores, que nos fazem pensar, que nos ensinam, além da própria matéria, a sermos cidadãos do bem, a ver o mun-do em outra perspectiva, e isso é fascinante e motivador.

Trabalho na empresa TIISA como aprendiz na área ad-ministrativa e tenho que ter um dia de trabalho teórico. Te-nho que ir para o IPP (Instituto Profissionalizante Paulista) aos sábados para complementar minha carga horária.

Sou uma pessoa muito indecisa (e acho que é meu maior e pior defeito) em relação a tudo. Por esse motivo, ainda não sei qual profissão irei seguir, mas, provavelmente será admi-nistração, algo com crianças ou relacionado com animais. Tive e espero continuar tendo muitas experiências boas.

Pelas minhas dificuldades com a comunicação, tive que aprender a lidar com isso de uma maneira rápida. Aprendi já muitas lições, e espero levá-las para o resto da vida. Após começar a trabalhar e fazer o curso no SENAC muito de mim mudou. Comunico-me, melhor com as pessoas, e não te-nho mais tanta vergonha, pois, todos os dias aprendo a lidar com os mais diversos tipos de personalidade.

Atualmente, estou com 18 anos, parece que o tempo está correndo como nunca. Os dias, as horas, estão pas-sando rápido demais e sempre desejo voltar para a minha infância, pois ter responsabilidades não é fácil. Quase não tenho tempo livre, e acho que nunca mais terei.

O tempinho que me sobra no dia de domingo dedico a Deus, pois apesar de tudo, foi quem me criou, e é quem me sustenta até o dia de hoje. Não tenho mais medo de ficar de-sempregada, ou de não conseguir entrar em uma faculdade. Experiências me deixaram cientes de que nada disso é mais importante do que amarmos a Deus e ao nosso próximo.

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INGRID THEODORO

PAP 28

Quem sou eu? – Muitas das vezes é difícil de dizer, por ter adquirido lembranças que são marcadas por do-res e sofrimentos. Venho de uma lembrança longa, marca-da por momentos inesperados, onde o amor suporta qual-quer dificuldade.

28 de Outubro de 1996, exatamente às 20h38 em Osas-co no hospital Regional em uma simples segunda-feira nasci!

Nome: Ingrid Theodoro.

Vivíamos todos felizes (Eu, pai e mãe).

Até que aos 3 anos e meio de idade e meu irmão por volta dos 8 meses, me deparei com uma cena que jamais irá

sair da minha mente, um fato que cedo ou tarde iria aconte-cer. A separação de meus pais.

Ao ver meu pai indo embora, carregando suas coisas parecia que minha vida tinha acabado ali junto dele. E cla-ro esquecendo minha mãe e irmão que precisavam de mim naquele momento. Ao fazer 4 anos fui para a pré-escola onde não tinha amigos por zombarem de mim pelo fato de ter pais separados.

Logo que completei 5 anos ingressei no 1º ano do en-sino Fundamental na Santa Luzia, onde terminei o 4º no. Automaticamente me mandaram para a Odette, escola Es-tadual em Carapicuíba para fazer o Colegial lá.

Por volta dos 10 anos de idade, minha mãe se casou novamente e teve seu 3º filho. Foram anos sofrendo e pa-gando por algo que simplesmente não entendia ao certo, sendo discriminada em minha própria casa, por minha mãe e seu marido.

Responsabilidade começou cedo demais, cuidar do meu irmão recém-nascido, era pouco perto do que tinha que fazer. Uma garota cheia de sonhos, que tinha muitos colegas e poucos amigos. Os anos foram passando e pas-sando até que passei por uma situação, sobre a qual prefiro não comentar, resolvi contar para minha mãe que simples-mente me deu as costas.

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Aos 12 anos na 8ª série no Tucunduva onde passei para o 1º ano do Ensino Médio, comecei a trabalhar em es-colinha, gráfica e mercado, tentando ter minhas coisas já que não podia contar com a ajuda do meu pai.

Meu padrasto tinha ido embora, quando finalmente pensei que minha vida fosse melhorar, pelo contrário, só piorou. Digamos que não tinha com quem conversar. Por tudo que passei não sei como que aos meus 16 anos teria uma história pra contar.

Faltando pouco dia para completar 17 anos não ima-ginava estar onde estou e até mesmo fazendo o que faço. Chegar longe, hoje não é mais um sonho e sim uma obriga-ção pra mim. Tenho dentro de mim uma vontade incontro-lável de ser livre e fazer coisas surpreendentes.

Infância feliz? Não. Mas foram essas lembranças que me fizeram ser o que sou hoje!

Fizeram-me alimentar ainda mais meus sonhos, me fi-zeram entender que meus sonhos estão acima de qualquer coisa, independente de propostas, jamais irei vendê-los.

Hoje sou grata a Deus, por todas as situações que pas-sei, pois, agora é um novo tempo é um tempo de oportuni-dades e conquistas.

Uma pessoa ruim? Não.

Com rancor? Sim, mas claro que a cada dia que passo na casa de Deus, já batizada o meu pensamento vai mudan-do. Não esqueci, sei que tudo na vida é com tempo.

Planos para o futuro? Muitos, mas não gosto de co-mentar e sim fazer acontecer.

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LUCAS PAULINO SANTOS

PAP 29

Lucas Paulino dos Santos, nascido em 1996 em São Paulo, filho de família humilde que tem pai paraibano e mãe pernambucana, ambos do nordeste do Brasil. Aos 6 anos de idade comecei uma etapa importante de minha vida que foram os estudos. Depois de uma infância bem tranquila, mas sempre fui uma criança agitada e baguncei-ra. Estudo desde 2011 na Escola Carolina Cintra de Silveira, depois de ser transferido da escola que estudei dos 6 aos 15 anos de idade, na Escola Afiz Gelvara.

Hoje estou cursando meu 2º ano do Ensino Médio. Aos 7 anos, por ser muito bagunceiro acabei sentando em uma mesa de vidro na casa do meu tio que por fim acabou quebrando e cortando vários dedos da minha mão. Um pouco sem sentido, mas se tornou um momento muito difí-

cil e de importância porque minha família nunca passou por momentos assim e foi um desespero ver minha mão com tanto sangue, um dedo quase caindo e a importância da fa-mília para te ajudar.

Em 2012 minha mãe se separou de meu pai, apesar de ter pais de origem nordestina, eu nasci e cresci em São Paulo, sobre a separação dos dois, entendo o lado de minha mãe que se formou em pedagogia, meu pai é analfabeto, mas fico um pouco triste por meu pai que na idade que está às dificuldades da vida hoje o faz sofrer muito.

Eu sou uma pessoa extremamente tranquila, gosto de curtir bastante a vida, sair com os amigos, com a namorada, ficar com a família, gosto de todos os tipos de músicas, mas tenho preferência pela eletrônica e filmes de todos os gê-neros. Aos 16 anos dei mais um passo na minha vida, meu primeiro emprego registrado, depois de trabalhar 2 tempo-radas em um buffet infantil. O emprego foi uma coisa muito boa que aconteceu na minha vida. Hoje trabalho em uma fábrica de alimentos Dukins Donut’s Internacionalmente, nacional, melhor bocado alimentos.

Está sendo um aprendizado importante para mim, que com o tempo acabei descobrindo qualidades em mim. No mundo hoje você acaba passando despercebido se não tiver estudo, as coisas hoje mudam muito rápido e as pes-soas acabam tendo que se atualizar mais a cada dia, e te-

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mos que nos adaptar a isso e em várias outras coisas que o mundo muda, em sentido de culturas, religião etc.

“Saudades do tempo, dos velhos momentos dos anos passados que foram com vento sorrisos, lem-branças, velhos sentimentos de transformações

e renascimento”.

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LUCAS GUTIERREZ DE SOUZA

PAP 16

Minha Nada Mole Vida

Sou Lucas Gutierrez de Souza, tenho 18 anos, nasci no ano de 1994, mais precisamente dia 7 de dezembro, exa-tamente no ano do tetra campeonato do mundo da nossa seleção brasileira. Nasci no hospital Santa Marina, em São Paulo, no bairro santa Catarina. Segundo meus pais, eu nas-ci bem pesado uma criança saudável.

Bom, não lembro dessa fase, pois era apenas um bebê, mas o que posso dizer é que não fui por muito tempo o xodó dos meus pais porque antes de completar 1 ano, mais 2 be-bês na família roubaram a atenção deles e da família toda. Enfim o tempo passou e nós crescemos, minha infância foi boa, não fui uma criança solitária, disso nunca poderei recla-mar. Sempre tive meus irmão e primos pra brincar e apron-

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Nesse período escolar em que passei minha infância, pré-adolescência e adolescência nunca fui o mais popular, mas tive bons amigos que levo até hoje na minha vida. Mi-nha vida nunca foi das mais agitadas, tive poucas namora-dinhas, isso também por conta de ser tímido, mas devo ter dado o primeiro beijo com uns 14 anos numa garota da es-cola não lembro o nome dela. Teve algumas “peguetes” mas nada muito sério. Namorar mesmo só uma vez, durou em torno de 1 ano foi bem intenso mas depois de um tempo não deu mais certo foi uma fase boa.

Hoje, com 18 anos, perto de completar 19 anos muito indecisos em questão de área profissional estou buscando experiência pra ver se abro minha cabeça pra uma área que gosto, sou aprendiz na empresa Taiff esse é meu segundo emprego já fui estagiário em uma Loja de material de cons-trução e sigo minha vida assim e estou aqui escrevendo um pouco da minha vida.

tar, infância muito agitada. Nunca tivemos muitas condições para passeios e viagens, mas nós viajávamos nas brincadei-ras no quintal de casa e na casa dos primos.

O único lugar para onde viajávamos era pra casa dos avós paternos em um sítio em Minas Gerais, em Ponte Nova onde nos divertíamos muito. Corria nos morros, sujava tudo sem preocupações, era muito bom. Mas, hoje em dia não tem mais esse sítio. Meu avô vendeu e se mudou para o litoral paulista, mais especificamente Bertioga. Ainda, quando os primos se reúnem é a maior bagunça e risadas. Minha infância foi boa, não tenho de que reclamar família toda sempre presente, sim claro com seus problemas por-que toda família tem e a nossa não era diferente, mas sem-pre unidos para enfrentar e superar todos eles.

Na escola eu sempre fui muito quieto e tímido não era daquelas crianças agitada. Nos 2 primeiros anos era bem quieto, tinha poucos amigos. A partir do terceiro e do quar-to anos do Ensino Primário, já me relacionava melhor, tinha mais amigos mas sempre muito tímido. Daí em diante, foi melhorando, conversava bastante, tinha muitos amigos até o termino do terceiro ano do Ensino Médio fui bom, tenho amigos que carrego até hoje comigo. Em relação a notas eu nunca fui um nerd o melhor da sala, mas sempre ali na mé-dia às vezes se destacava em algumas matérias outras nem era tão bom assim. Felizmente hoje já terminei o período es-colar. Reprovei 1 ano que foi o segundo ano do Ensino Mé-dio, mas terminei a escola no ano de 2012 com 18 anos.

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RAÍSSA LUANA FONTOURA GOMES

PAP 44

Nasci em Salvador (BA), na época do carnaval. To-dos em casa resolveram curtir o carnaval, ficando em cada apenas meus pais e uma amiga. Não deu tempo de alguém levar minha mãe ao hospital e a ambulância demo-rou bastante, nasci no meu próprio quarto. Ela estava ar-rumando minhas coisas e sentiu as dores e ali mesmo eu nasci em um pano de chão.

Meu pai diz que eu era tão pequena, que cabia em uma caixa de sapato. Após o meu nascimento, a amiga de-les conseguiu um carro e fui para a maternidade mais próxi-ma no dia 19/02/1996.

Minha mãe queria que meu nome fosse Luana Bárba-ra, pois ela se chama Bárbara, já meu pai queria Raíssa, pois ele se chama Ricardo e queria um nome com R. Nessa inde-

cisão, a escrivã deu a ideia de juntar os dois e assim ficou Raíssa Luana Fontoura Gomes.

Com um ano de idade vim morar com meu pai em São Paulo e minha mãe ficou na Bahia. Aos quatro anos, minha bisavó foi me buscar e então morei com ela até os seis anos, foi a melhor época da minha vida, pois só me preocupava em brincar, tinha vários amigos e parentes por perto, era bem estudiosa e minha bisa cuidava super bem de mim.

Infelizmente, ela ficou doente e não pude mais morar com ela, indo morar com minha mãe e meus irmãos: Ma-riana, Monique e Marcelo. Morei com minha mãe apenas dois anos de toda a minha vida. Voltei para São Paulo com oito anos.

Devido a toda essa mudança, fui aprendendo e obser-vando os costumes de todos ao meu redor. Sou muito res-ponsável e dedicada a tudo que quero e acredito que foi da educação e do modo como fui tratada que sou o que sou. E sou muito feliz e grata pela educação que tenho.

Desde os oito anos com meu pai, era apenas eu e ele, então desde cedo tive que amadurecer e me tornar respon-sável. Foi e é uma época muito feliz, pois tudo o que tenho e o que sou é graças ao meu pai, sempre esteve do meu lado.

Aos catorze anos, minha bisavó faleceu, foi um mo-mento muito triste, ela significava muito para mim, sinto muito sua falta.

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Aos dezesseis anos, comecei a trabalhar na São Paulo Transporte, onde fiquei um ano. Após veio a Craft Muiltimo-dal, onde estou como auxiliar de escritório na área de RH e faço curso de capacitação no IPP.

Infelizmente, estamos na luta porque há um ano meu pai está internado com derrame pleural e câncer no pul-mão. Enfim, tive uma infância muito legal, sou grata a todos que fizeram e fazem parte da minha vida. Não tive muito tempo para aproveitar como queria, pois sempre tive mui-tas responsabilidades.

Futuramente, pretendo fazer duas faculdades, Psico-logia e Pedagogia, e curtir bastante minha família, pois ado-ro ter meus familiares por perto.

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SABRINA STEFANI CASSIANO

PAP 34

Meu nascimento ocorreu de forma tranquila, exce-to por algumas brincadeiras sobre minha paternidade uma vez que eu não me parecia em nada fisicamente com meus pais. Na minha infância alguns aspectos foram importantes porque permanecem até hoje, como por exem-plo, minha personalidade bastante tranquila. Além disso, tenho ótimas lembranças das tardes que passava na rua andando de bicicleta ou brincando de Barbie. Sem dúvida, foi um tempo que deixou saudades, afinal quem não sente falta das brincadeiras e dos sonhos de criança?!

O início da minha adolescência foi meio difícil porque não me adaptava com a maioria das outras meninas da mi-nha idade, mas logo fui me acostumando com a nova fase. Um momento marcante dessa fase foi quando terminei o

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3° ano do ensino Médio, ali se encerrava mais um ciclo da minha vida e as dúvidas quanto ao futuro eram inúmeras. Dessa forma, o meu primeiro emprego foi muito importan-te porque me ensinou ter mais responsabilidade, e a conhe-cer muitas coisas.

Por fim, entrar na faculdade também foi muito impor-tante, pois nada como ver que você fez a escolha certa e que independentemente de todas de todas as adversidades você vai poder trabalhar com o que você gosta.

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STEPHANI SANTOS

PAP 1

Como tudo começou...

Com apenas 14 anos de idade Ananias Elias dos San-tos chega a São Paulo. Onde ele habitava havia muita fome, seca, era uma terra sem oportunidades. Ele precisava tra-balhar para manter-se vivo, arranjou vários empregos, e em um desses, ele era vendedor de pipoca doce, sim, daque-les carrinhos de pipocas, localizado em Guarulhos, próximo a um lago onde muitas pessoas passeavam, e uma dessas pessoas se chamava Roberta Aparecida da Conceição.

Criada pelo tio Dionísio e pela tia Aurora, Roberta não tinha muito apoio familiar, embora até hoje agradeça bas-tante a eles por tudo.

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MINHA INFÂNCIA...Minha infância foi feliz, eu brincava bastante na rua,

em casa, várias amigas, passeávamos bastante. À tarde, eu e minha mãe íamos buscar minha irmã no prezinho, eu fica-va ansiosa e perguntava à minha mãe quando é que eu iria entrar lá. Não demorou, com 4 anos tive minha primeira professora, a Fátima, era muito legal lá, brincávamos quase o dia inteiro. No ano seguinte, mudei para o período da ma-nhã, era uma professora japonesa que não me recordo o nome, eu a adorava, todos os dias ela fazia desenhos na lousa. Depois de poucos dias meus pais me colocaram no turno da tarde, era a professora Sandra, não que eu não gostasse dela, mas ela comentou com meus pais que eu fi-cava triste na sala de aula, meus pais então pediram para me colocar de manhã de volta, mas não dava mais, superei. No ano seguinte, entrei na escola na 1° série, adorei! Fora

Minha família

Ananias feliz deu-lhe um pacotinho de pipoca doce murcha, ela aceitou! Pronto! Lá estavam os dois no altar em Dezembro de 1992.

Juntos compraram e construíram uma casa ali por perto mesmo, mas isto não era tudo, eles queriam aumen-tar a família, em 1994 nasce Lilian Tais Santos, a primogêni-ta, nascida em Guarulhos, mas ainda não era o suficiente, Stephani Santos tinha que nascer, e isso ocorreu em 1996 em São Paulo, agora a felicidade era completa...

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O tempo foi passando e em Junho de 2009 ela morreu atropelada, chorei por uns 3 dias, todos choraram.

ADOLESCÊNCIA...Na escola não tive amigas, mesmo assim foi muito

bom. Nessa época era legal estudar, eu ficava a manhã in-teira na escola e de tarde eu dormia, assistia “Todo mundo odeia o Chris” ou algum filme da Sessão da Tarde. Meu pai trabalhava à noite, por isso ele ficava o dia inteiro em casa, umas duas ou três vezes por semana ele saía o dia inteiro e eu ficava sozinha com o som no último volume, essa parte era legal, isso foi até os 13 anos, era quase uma rotina, dias repetitivos e nas minhas férias eu nunca saia de casa, mi-nha mãe não deixava ficar na casa de ninguém à tarde, mas era legal. Com 14 anos ganhamos outro membro da família, o Beethoven Santos, nascido em 17 de novembro de 2011, ele é um cachorro negro dos olhos azuis...

do horário de escola brincava bastante com a minha vizinha Sarah, quase todos os dias...

Até que certo dia, ficamos sabendo que outra vizinha nossa estava doando cachorrinhos. Era dia 11 de Novembro de 2004 que Babi Atilinda Santos entrou na nossa vida; ela era a coisa mais linda do mundo...

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No ano seguinte, fui para uma escola particular no Co-légio SAA (Solidariedade, Altruísmo e Amor), meu pai pare-cia agora estar preocupado com nossos estudos, tarde de-mais. Agora que eu estava na escola particular tinha que dar o dobro de mim para passar de ano, e para ajudar, eu ainda tinha escolhido fazer o Ensino Médio Técnico em In-formática, todos diziam que era difícil, até que eu não achei tão difícil, nós tínhamos até aula de internet, quando eu fa-lava que tinha aula de internet para meus colegas que fa-ziam o Técnico de Administração eles ficavam super arre-pendidos de ter escolhido ADM ao invés de TI. Lá conheci algumas pessoas que considero especiais como a Gabi, um exemplo de pessoa, o Fernando chato, o Yago e o Guilher-me, queria ter conhecido melhor todos. Eles eram total-mente fanáticos e alienados pelo MC Donald’s, quase todos os dias antes da aula eles iam lá e quando era época de pro-va bimestral, então, eles não desgrudavam do MC que era

Fui para o 1° ano do Ensino Médio. Minha escola só tinha o noturno e me mudar de escola nunca passou pela cabeça dos meus pais já que a que eu estava era perto de casa. Lá arranjei algumas colegas, a Juliene, a Ana e Andre-za, foi o ano que eu mais dei risada na minha vida. Quando estava acabando o ano letivo combinamos de numa sexta--feira levar doces e fazer um pic-nic na hora do intervalo, daria tudo certo se não fosse o resto da sala querendo nos-sos alimentos...

Também no final do ano, em novembro, fui batizada na igreja evangélica da Assembleia de Deus, um dia muito marcante para mim, minha família e meu ministério. No dia seguinte em que eu e mais alguns adolescentes da minha igreja se batizaram, tínhamos que cada um ir lá à frente da igreja dar uma saudação, fiquei nervosa, mas consegui, eu disse que fiquei muito feliz com meu batismo e li um versí-culo da bíblia que se encontra em Isaías...

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(Instituto Profissionalizante Paulista), o PIT 53 (Programa de Inicialização ao Trabalho), era um curso que nos auxiliava a como ter profissionalismo no trabalho. Durou 3 meses, fiz 2 semanas de laboratório lá mesmo no IPP, minha gestora era a Luciana, depois de algumas 8 entrevistas que eu odia-va, me deixava nervosa, finalmente consegui passar em uma entrevista no hospital IGESP, fiquei super feliz ao rece-ber a notícia que eu tinha passado, comecei a trabalhar em 15/06/2012. Entrei para o PAP I e toda sexta-feira ao invés de trabalhar íamos ao IPP das 8h às 17h, era muito tempo, de manhã era uma professora velha e austera e à tarde ou-tra professora desanimadora... Depois de muito os alunos reclamarem no começo de 2013, eles diminuíram a carga horária e ficou das 8h às 14h20, com professores muito me-lhores, de manhã a Cristiane e à tarde o Maureci.

Festiva de Posse - Rotary Club de São Paulo Avenida Paulista - Ano Rotário 2013-14

quase do lado da escola (eu era uma das únicas que não ti-nha esse vício).

Na aula criei sites em HTML que, claro, não foram pu-blicados na internet. A pior coisa da aula de internet era achar um tema para o site, era uma das escolhas mais difí-ceis, 80% das aulas nós ficávamos pensando no assunto do site. Foi legal também o dia da “Feira das profissões”, cada um escolhia uma profissão e um profissional falava a res-peito, eu escolhi Direito Tributário, Biomedicina e Veteriná-rio, tirei a conclusão de que jamais vou fazer veterinária, ele tinha explicado que não é só porque você gosta de animais que vai fazer veterinária, tem que ser forte para, por exem-plo, tirar uma bicheira de um cachorrinho, e realmente eu não quero isso! No mesmo dia que começou minha escola também comecei a fazer um curso de administração no IPP

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etc... Quando vou para o faturamento, fico o dia inteiro sen-tada grampeando papel (=tédio). Saio do trabalho às 17h00, enrolo um pouco até dar 19h00 e vou para escola. Chego em casa, tomo Toddy, tomo banho e vou dormir, é assim sucessivamente meu dia-a-dia.

Em julho deste ano consegui realizar um sonho de anos, comprei meus patins, um fusion x3, na verdade eu queria ter comprado um twister 80, mas acabei comprando o fusion mesmo.

Fiz uma aula com o professor Corvo, ainda não sei andar de patins normal, falta praticar mais, em janeiro de 2014 pretendo terminar minhas aulas...

Estudar e trabalhar, rotina de muitos jovens hoje em dia, não é fácil, as matérias eram muito difíceis, a linguagem, as pessoas, tudo! Fui reprovada na escola! Não fiquei triste, muito pelo contrário, fiquei aliviada, lá era uma escola boa e por mais que eu tivesse conhecido algumas pessoas lá não me enturmei muito, mas não deixou de ser uma experiên-cia que vou levar para o resto da vida.

HOJE...Esse ano voltei a estudar em uma escola estadual, no

CEPAV (Colégio Estadual Padre Antonio Vieira), só que essa atual escola é bem melhor que a minha antiga estadual. Gostei da escola, dos professores, de tudo. Minha rotina de trabalho no Hospital IGESP é: todos os dias acordo às 7h10 entro às 10h00, chego na sala, assino minha folha de ponto, pergunto à Lilian ou à Cilene (atualmente que a Cilene está de férias falo com Aurilene ou Edna) onde vou ficar, quando vou pra a UTI do 1° andar o dia é meio corrido, na maioria das vezes são de 3 a 5 altas, enfim, aquela rotina de sem-pre... Protocolar os raios-X, cobrar a fisioterapia, levar Cen-tral de Guias para a Regina, uma funcionária reclamona que não gosta de trabalhar, protocolo as altas e os exames, faço o arquivo, etiqueto as evoluções, encaminho as altas e por último, deixo os exames laboratoriais para digitar... Quando fico na sala da Lilian, eu protocolo os prontuários e os exa-mes para encaminhar ao SAME (Arquivo), os raios-X de con-trole para a auditoria, faço o controle de saída de pacientes

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Este mês de Outubro completo 17 anos de vida, vou comemorar meu aniversário dia 26!

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TAMARA MORAIS SILVA

PAP 33

Meu nome é Tamara Morais Silva, tenho 16 anos, sou brasileira, nasci na cidade de São Bernardo do Campo, São Paulo. Quando era mais nova eu gostava de reunir minhas amigas e amigos, brincávamos de pega-pega, pique esconde. Uma das coisas que mais marcou a minha vida foi quando a minha melhor amiga Thamires, que tinha 10 anos descobriu que tinha câncer, éramos muito unidas, dormíamos sempre uma na casa da outra, considero a mãe dela como se fosse minha. Íamos à praia, cinema, parque, estudamos juntas da creche aos 10 anos. Então nos separamos e ela foi para outra escola. Fez tratamento durante 2 anos e aos 12 anos ela fale-ceu, foi o pior dia da minha vida, fui ao enterro, pois a família dela sempre me considerou como a melhor amiga dela, Cho-rei muito e até hoje choro quando lembro.

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Outro fato que marcou muito foi quando tive minha filha Mariah Clara, foi uma experiência que tive aos 14 anos, hoje ela tem 2 anos, no começo achei que não saberia cui-dar dela, hoje posso dizer que sou uma mãe responsável não saio sem a minha filha, só escola e trabalho. Estou com o pai da minha filha há 4 anos, ele tem 17 anos, é uma pes-soa responsável e hoje somos mais maduros, enfim, a me-lhor coisa que me aconteceu.

Estudei da 1ª a 4ª série na escola Teotônio Vilela, atu-almente estudo na escola Euclydes Deslandes, gosto de ler notícias, nas horas vagas gosto muito de acessar a internet e cuidar da minha filha. Meu lazer é ir ao shopping e a mi-nha casa, onde me sinto bem.

Os meus sonhos para o futuro são terminar meus es-tudos, me casar, me formar em arquitetura, sou uma pes-soa muito sincera e gosto de fazer amizades. Aqui está um pouco de mim.

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VITÓRIA VENTURA

PAP 23

Nunca pensei que aos 16 anos tivesse que elaborar a minha autobiografia, porque acho que a minha vida não tem muita diferença dos outros jovens da minha idade. Se-gundo dizem na minha família, no dia 29 de Novembro de 1996 estava tão frio que ninguém imaginava que eu “que-ria” sair da barriga da minha mãe apenas com seis meses e três dias de gestação. Tiveram que correr desesperados para a maternidade. Nasci às 04h35min do dia 30/11, na Maternidade São Leopoldo.

“MEMÓRIAS” CONTADASContam-me minha mãe e minha tia que era um bebê

esperto, dorminhoca, calma e praticamente não dava traba-lho, pois desde que tivesse uma almofada e uma mamadei-

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INÍCIO DA VIDA ESCOLARAos seis anos entrei para o primeiro ano, momento

muito especial para mim. Lembro-me do dia em que a mi-nha mãe me levou ao colégio pela primeira vez e fiquei a chorar quando ela foi embora, talvez por insegurança. Foi o início de um ciclo que só acaba daqui a um ano (espero eu), mas do qual penso: “terei muitas saudades”.

A minha vida escolar foi um pouquinho atribulada no começo, porque vivia mudando de escola. Recordo com saudade desse tempo feliz de muita brincadeira com os amigos e de vivências muito engraçadas. Sempre fui à es-cola muito feliz, criei laços afetivos com os amigos, profes-sores etc. Como também no que se refere aos resultados escolares que sempre foram muito bons, não permitindo a minha mãe que fosse de outra maneira.

Concluí o 4º ano com bons resultados

ADOLESCÊNCIAEste período da minha vida tem sido muito positivo,

até o momento em que mudei de escola, Professora Bea-triz Lopes, que é razoavelmente boa. E no início desse ano conheci o IPP que ajudou muito a formar a minha personali-dade e crescer como pessoa, me tornando uma pessoa res-ponsável e que pensa no futuro tanto pessoal e profissional.

ra com leite não precisavam de me fazer muito mais para fi-car satisfeita. Resumindo, era um bebê bem-disposto e que se podia levar para todo o lado sem fazer “birras” (modéstia à parte!).

PRIMEIRAS MEMÓRIASQuando fiz três anos (eu não me lembro de, mas cota-

ram-me) que meus pais se divorciaram. Mudamos de ABC para a Zona Sul de SP, onde estou até hoje com a minha mãe. A partir desse momento, vejo meu pai muito pouco praticamente duas vezes no ano.

Citei este episódio porque, apesar de não me lembrar, é a partir daqui que começam as minhas memórias na vida quotidiana. Mas como meu pai não está tão presente na mi-nha vida, não tem tanta importância assim. Minha mãe é uma linda sempre está ao meu lado, me ajudando, chaman-do atenção, a tenho como melhor amiga em quem confio e divido todos os momentos felizes ou não. Da minha infância guardo memórias de tempos felizes, como as brincadeiras com meus irmãos, passeios aos finais de semana e férias, muitas brincadeiras com amigos, enfim, (mais ou menos 5/7 anos) em que vivi sempre num mundo despreocupado e alegre, na ingenuidade.

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Penso que passei por algumas fases um pouco com-plicadas tanto no ambiente familiar como na escola, mas estou tentando melhorar e noto um progresso do período da pré-adolescência até agora.

Tenho uma mãe que me adora e me proporciona tudo o que há de bom, como por exemplo, ter uma casa e uma vida estável, apesar de termos problemas de vez em quando, como toda família. O fato de vivermos sem dificul-dades já é razão mais do que suficiente para aprender a não pensar só em mim, mas também em quem faz tudo pra me ver feliz e que mais sofre quando algo acontece. Mi-nha família sempre me acompanha e está ao meu lado em todos os momentos.

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VITÓRIA FONSECA DE MELO

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Sou Vitória Fonseca de Melo, tenho 16 anos, nasci em São Paulo, sou uma pessoa muito engraçada, caren-te e chata, mas vou contar o porquê disso. Tudo come-çou no bairro do Paraíso, antes do meu nascimento, mãe e pai desconhecidos, mãe moradora de rua, sem teto para ser mais exata.

Em 1997 uma tia estava à procura de uma casa para alugar. Em uma das casas morava uma sem teto, grávida, que queria dar a criança por falta de condições para criá-la. Minha tia achou estranho, mas já tinha filhos e não poderia ter mais. Pensando em uma comadre que tinha dificuldades para engravidar, foi conhecer a moça, grávida de 5 meses.

Então Lúcia (minha mãe adotiva) foi ver a tal moça e descobriu que ainda não havia feito nenhum exame e en-

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tão resolveu acompanhá-la. O marido de Lúcia não aceitava a ideia no começo, mas aos poucos foi se acostumando. O tempo foi passando e chegou a 39ª semana.

Lúcia foi com sua cunhada e sua comadre para o hos-pital, seu marido ficou em casa ansioso a espera de sua filha, sim era uma menina, que iria se chamar Vitória por causa de uma promessa que Lúcia fez a Nossa Senhora da Vitória.

Dia 23 de junho de 1997 nasce Vitória, filha de pais bio-lógicos desconhecidos e de pais adotivos maravilhosos. Na chegada, meu pai até esqueceu o feijão na panela de tanta emoção e adivinha, nasci com a cara da família do meu pai, por incrível que pareça.

Após aquele dia, só tive alegrias e aos 4 anos desco-bri toda essa história contada pela minha mãe subindo para escola. Aos 7 anos fui para escola e aos 11 troquei, fiz a 5ª série no Teotônio Alves Pereira e nessa escola me transfor-mei em quem sou hoje.

Era uma aluna exemplar e na 7ª série virei uma aluna odia-da por quase todos os professores. Na 8ª série mudei de escola outra vez, também mudei meu jeito de ser e hoje sou assim.

Tenho o sonho de conseguir comprar a casa própria da minha mãe, adoro baladas, adoro a noite. Saio muito, sou curiosa até demais, estou fazendo o primeiro ano do Ensino Médio e realizando o sonho de trabalhar em um banco. Hoje posso dizer que sou vencedora.

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WILLAMY PAZ CASSIANO

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Sou Willamy Paz Cassiano, filho caçula de José Cas-siano Serafim e Maria Paz Cassiano. Nasci em Juazeiro da Bahia e com poucos meses de vida fui para o Ceará, onde meus pais, meu irmão e, se não me engano, todos meus familiares nasceram.

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ria um processo seletivo no final do ano para bolsas inte-grais na escola Pueri Domus.

Fiz a prova e felizmente passei. Mal saberia eu que aquela escola mudaria por completo minha vida. Foi lá onde eu realmente soube o que é uma faculdade e como poderia ingressar e estudar totalmente ou parcialmente de graça, o que pra mim era impossível.

No primeiro ano acabei não focando totalmente nos estudos. Caso você não atingisse a meta acabaria sendo

Tenho apenas um irmão, mais velho, chamado José Weliton Cassiano que também nasceu no Ceará, como ci-tado. Meu pai trabalhava como vendedor ambulante e aca-bou vindo para São Paulo, onde já havia conhecidos, antes mesmo de eu ter nascido, o que fez com que o restante da família viesse posteriormente.

Em São Paulo começamos morando de favor na casa de familiares até nos ajeitarmos, o que levou pouco tempo.

Iniciei minha carreira acadêmica na Associação Cres-cer Sempre, onde fiz o pré, depois mudei para a Escola Esta-dual Professor Homero dos Santos Forte, onde estudei da primeira à terceira série do Ensino Fundamental, até mudar para a Escola Estadual Maria Zilda Gamba Natel, na qual fiz da quarta à oitava série.

Na oitava série, no ano de 2009, fui selecionado den-tre os melhores da escola para participar de um curso nos dias de sábado. Uma espécie de reforço escolar onde iría-mos ver mais sobre português, matemática, química, física e biologia. Com decorrer do curso disseram-nos que have-

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Ao terminar o Ensino Médio e não saber direito qual curso fazer resolvi fazer um curso técnico, onde veria um pouco de tudo. Com decorrer do curso acabei me identifi-cando um pouco com cada área, então resolvi fazer Enge-nharia da Computação.

Comecei minha carreira profissional aos 17 anos na empresa SAS Institute Brasil (pela qual acabei me apaixo-nando), onde comecei trabalhando como Jovem Aprendiz. Para um primeiro emprego nunca que eu iria me ver em uma empresa do porte, pois estava atrás apenas de expe-riência profissional. De aprendiz fui promovido a estagiário e depois acabei sendo efetivado, era tudo o que eu queria.

reprovado e perdendo a bolsa, isso fez com que eu ficasse com certo receio. Ao longo do ano letivo fui vendo que esta-va indo mal não por culpa minha e sim do ensino que havia ‘tido’ nas escolas anteriores.

Os professores também notaram isso, não só em mim e a missão deles era fazer com que aprendêssemos em três anos aquilo que não havíamos aprendido em oito.

Mesmo com todos os deslizes, as notas mínimas não atingidas, as recuperações, as noites não dormidas, aca-bei concluindo os três anos e me formando na escola onde nunca sonhei estudar, pois se juntasse o salário dos meus pais na época que entrei acho que não seria o suficiente para pagar sequer uma mensalidade da escola, sem falar de materiais, transporte, alimentação e coisas do tipo.

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Atualmente, com meus 35 anos, continuo trabalhando no SAS. Concluí minha graduação em engenharia da Com-putação, este ano termino a pós, pretendo começar um mestrado, quem sabe um doutorado.

Estou com uma vida bem estável, com minha esposa e nosso cantinho. Estamos planejando um filho, pedi para que esperasse ao menos que eu concluísse a pós-gradua-ção, pois um filho traria muita responsabilidade.

É, quem diria que eu iria chegar aonde cheguei, estando aqui já sou vitorioso. Só tenho a agradecer pelas chances que a vida me ofereceu e agradecer a mim por sa-ber aproveitá-las.

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