a ditadura militar no brasil 2017

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A Ditadura Militar no Brasil:

1964 – 1985:

• O golpe militar começou no dia 31 de março de 1964, com o afastamento do então presidente da república, João Goulart. Inicialmente, o regime militar foi instituído em caráter provisório, para conter o avanço do comunismo e da corrupção. Porém, se tornou um governo de mais de duas décadas, marcadas pela sucessão de militares no poder.

• Após o golpe militar, começaram as perseguições políticas aos que apoiavam João Goulart. As perseguições mais marcantes foram a queima do prédio da União Nacional dos Estudantes, no Rio de Janeiro, que tinha sido terminado no dia anterior,

Incêndio na UNE:

• a destruição dos materiais do jornal Zero Hora, ataques a centrais sindicais e a invasão da Universidade de Brasília.

UNB:

• Em 9 de abril, a junta militar, que governava o Brasil desde o dia 31 de março publicou o Ato Institucional Número Um (AI-1), que estabelecia vários poderes ao governo militar.

• Como por exemplo, alterar a constituição federal e determinar as eleições indiretas para presidente, que aconteceram em 11 de abril. Nestas eleições, o Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco se tornou presidente.

GOVERNO CASTELLO BRANCO (1964-1967)

• Esse mandato deveria ser provisório, e acabar em 31 de janeiro de 1966, determinando o retorno do regime democrático. No entanto, antes dessa data, novos Atos institucionais foram editados, revogando essa condição e dando plenos poderes ao regime militar.

• Em seu pronunciamento, Castelo Branco declarou que iria defender a democracia, porém ao começar seu governo, assumiu uma posição autoritária.

• O novo governo criou o Serviço Nacional de

Informações (SNI), para supervisionar as atividades de informação. Mas na verdade, era usado para espionar e monitorar todas as pessoas e órgãos que eram contra o governo.

• Em 1965, Castello Branco criou o AI-2 que determinava eleições indiretas para a presidência, além de extinguir todos os partidos políticos, formando apenas dois: a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), dos militares e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), da oposição.

• Com o AI-2, somente as eleições presidenciais seriam indiretas, mas em 1966, o governo editou o AI-3, determinando eleições indiretas também para os governos dos estados, além da indicação, pelo governador, dos prefeitos das capitais. O AI-4, também de 1966, convocou o congresso para a fazer a nova constituição.

• Em junho de 1964, Castello cassou o mandato de Juscelino, que logo se tornou alvo e inquérito militar.

• Em abril de 1965, após ficar um ano preso na ilha de Fernando de Noronha, o ex-governador do Pernambuco Miguel Arraes conseguiu um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal para ser solto e embarcou para o exílio na Argélia. Os coronéis tentaram impedir sua libertação, mas Castello Branco interveio para que a decisão fosse cumprida.

Miguel Arraes embarca para o exílio:

• Nesse período, houve também a substituição do presidente Castello Branco, pelo general Costa e Silva, que havia sido eleito pelo Congresso nacional em outubro de 1966. O general assumiu o cargo em 15 de março de 1967.

GOVERNO COSTA E SILVA (1967-1969)

• O marechal Arthur Costa e Silva assume em 15

de março de 1967 e governa até 31 de agosto de 1969, quando foi afastado por motivos de saúde.

• Logo nos primeiros meses de governo enfrentou uma onda de protestos que se espalhou por todo o país. O autoritarismo e a repressão aumentam na mesma proporção em que a oposição se radicaliza. Costa e Silva cria o Fundo Nacional do Índio (Funai) e o Movimento de Brasileiro de Alfabetização (Mobral).

• Crescem as manifestações de rua nas principais cidades do país, em geral organizadas por estudantes. Em 1968 o estudante secundarista Édson Luís morreu no Rio de Janeiro em confronto entre policiais e estudantes.

Edson Luís:

• Em resposta, o movimento estudantil, setores da Igreja e da sociedade civil promovem a Passeata dos Cem Mil, a maior mobilização do período contra o regime militar.

Passeata dos Cem Mil:

Atrizes na Passeata dos Cem Mil:

• Na Câmara Federal, o deputado Márcio Moreira Alves, do MDB, encoraja o povo a não comparecer às festividades do dia 7 de setembro. Os militares exigem sua punição. A Câmara não aceita a exigência e o Governo decreta o AI-5, em 13 de dezembro de 1968.

Márcio Moreira Alves:

Costa e Silva assina o AI – 5:

• Até mesmo Lacerda tinha virado oposição. É que ele tivera esperança de se tornar presidente, mas aqueles a quem bajulara lhe viraram as costas.

AI-5 13 de dezembro de 1968:

• Deu novamente ao presidente o poder de fechar o Congresso, Assembleias e Câmaras. O Congresso foi fechado por tempo indeterminado no mesmo dia.

• Renovou poderes conferidos antes ao presidente para aplicar punições, cassar mandatos e suspender direitos políticos, agora em caráter permanente.

• Suspendeu a garantia do habeas corpus em casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e a economia popular.

• Deu ao presidente o poder de confiscar bens de funcionários acusados de enriquecimento ilícito.

• Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários paralisam fábricas em protesto ao regime militar.

Greve em Osasco SP:

Greve em Contagem MG:

• A guerrilha urbana começa a se organizar. Formada por jovens idealistas de esquerda, assaltam bancos e sequestram embaixadores para obterem fundos para o movimento de oposição armada.

Lamarca ensinando tiro a funcionárias do Bradesco:

• Em 30 de agosto de 1969, o presidente Costa e Silva ficou doente e foi afastado, e para que o vice Pedro Aleixo não assumisse o cargo, os ministros formaram uma junta militar, e editaram no dia seguinte o AI-12, que determinava que essa junta assumiria o poder, enquanto perdurasse a condição de saúde do presidente.

Pedro Aleixo:

Junta Militar:

GOVERNO DA JUNTA MILITAR (31/8/1969-30/10/1969):

• Doente, Costa e Silva foi substituído por uma junta militar formada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (Exército), Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Sousa e Melo (Aeronáutica).

• Dois grupos de esquerda, O MR-8 e a ALN sequestram o embaixador dos EUA Charles Elbrick. Os guerrilheiros exigiram a libertação de 15 presos políticos, exigência conseguida com sucesso.

Charles Elbrick:

Casa onde o embaixador foi mantido:

Presos Políticos trocados pelo Embaixador dos EUA:

Cena do filme: O que é isso companheiro?

Entrevista coletiva: Charles Elbrick:

Presos trocados pelo embaixador alemão:

Cônsul Japonês:

70 presos foram trocados pelo embaixador Suíço:

Os embaixadores:

• Em 18 de setembro, o governo decreta a Lei de Segurança Nacional. Esta lei decretava o exílio e a pena de morte em casos de "guerra psicológica adversa, ou revolucionária, ou subversiva".

• No final de 1969, o líder da ALN, Carlos Marighella, foi morto pelas forças de repressão em São Paulo.

Carlos Marighella:

Carlos Lamarca:

• Em 24 de janeiro de 1969, o capitão do Exército Carlos Lamarca deixou o quartel de Quitaúna, em São Paulo, com 63 fuzis FAL, algumas metralhadoras leves e muita munição. O capitão já militava na organização Vanguarda Popular Revolucionária quando decidiu desertar do Exército e iniciar um foco guerrilheiro para lutar contra a ditadura no país — instalada com o golpe de 1964.

• Depois de um tiroteio entre a polícia e José Campos Barreto, o Zequinha, que acompanhava Lamarca, os dois iniciaram uma fuga pela caatinga, percorrendo cerca de 300 quilômetros, em 20 dias. Em 17 de setembro de 1971, Lamarca e Zequinha descansavam à sombra de uma árvore quando foram mortos por homens do Exército.

Lamarca e Zequinha Barreto:

O GOVERNO MÉDICI (1969-1974):

• Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente: o general Emílio Garrastazu Médici. Seu governo é considerado o mais duro e repressivo do período, conhecido como " anos de chumbo ". A repressão à luta armada cresce e uma severa política de censura é colocada em execução.

• Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes, músicas e outras formas de expressão artística são censuradas.

• Muitos professores, políticos, músicos, artistas e escritores são investigados, presos, torturados ou exilados do país. O DOI-CODI (Destacamento de Operações e Informações e ao Centro de Operações de Defesa Interna ) atua como centro de investigação e repressão do governo militar.

DOI-CODI – SÃO PAULO:

Engenheiro Raul Amaro Ferreira:

Rubens Paiva – “desaparecido” em janeiro de 1971

• O Pau-de-Arara consistia numa barra de ferro que era atravessada entre os punhos amarrados e a dobra do joelho, sendo o conjunto colocado entre duas mesas, ficando o corpo do torturado pendurado a cerca de 20 ou 30 centímetros do solo. Este método quase nunca era utilizado isoladamente, seus complementos normais eram eletrochoques, a palmatória e o afogamento.

• O Choque Elétrico foi um dos métodos de tortura mais cruéis e largamente utilizados durante o regime militar. Geralmente, o choque dado através telefone de campanha do exército que possuía dois fios longos que eram ligados ao corpo nu, normalmente nas partes sexuais, além dos ouvidos, dentes, língua e dedos. O acusado recebia descargas sucessivas, a ponto de cair no chão.

Pimentinha:

• A Pimentinha era uma máquina que era constituída de uma caixa de madeira que, no seu interior, tinha um ímã permanente, no campo do qual girava um rotor combinado, de cujos terminais uma escova recolhia corrente elétrica que era conduzida através de fios. Essa máquina dava choques em torno de 100 volts no acusado.

• No Afogamento, os torturadores fechavam as narinas do preso e colocavam uma mangueira, toalha molhada ou tubo de borracha dentro da boca do acusado para obrigá-lo a engolir água. Outro método era mergulhar a cabeça do torturado num balde, tanque ou tambor cheio de água (ou até fezes), forçando sua nuca para baixo até o limite do afogamento.

• A Cadeira do Dragão era uma espécie de cadeira elétrica, onde os presos sentavam pelados numa cadeira revestida de zinco ligada a terminais elétricos. Quando o aparelho era ligado na eletricidade, o zinco transmitia choques a todo o corpo. Muitas vezes, os torturadores enfiavam na cabeça da vítima um balde de metal, onde também eram aplicados choques.

• Na Geladeira, os presos ficavam pelados numa cela baixa e pequena, que os impedia de ficar de pé. Depois, os torturadores alternavam um sistema de refrigeração superfrio e um sistema de aquecimento que produzia calor insuportável, enquanto alto-falantes emitiam sons irritantes. Os presos ficavam na “geladeira” por vários dias, sem água ou comida.

Palmatória:

• A Palmatória era como uma raquete de madeira, bem pesada. Geralmente, esta instrumento era utilizado em conjunto com outras formas de tortura, com o objetivo de aumentar o sofrimento do acusado. Com a palmatória, as vítimas eram agredidas em várias partes do corpo, principalmente em seus órgãos genitais.

• Haviam vários Produtos Químicos que eram comprovadamente utilizados como método de tortura. Para fazer o acusado confessar, era aplicado soro de pentatol, substância que fazia a pessoa falar, em estado de sonolência. Em alguns casos, ácido era jogado no rosto da vítima, o que podia causar inchaço ou mesmo deformação permanente.

• Vários tipos de Agressões Físicas eram combinados às outras formas de tortura. Um dos mais cruéis era o popular “telefone”. Com as duas mãos em forma de concha, o torturador dava tapas ao mesmo tempo contra os dois ouvidos do preso. A técnica era tão brutal que podia romper os tímpanos do acusado e provocar surdez permanente.

• De certa forma, falar de Tortura Psicológica é redundância, considerando que toda o tipo de tortura deixa marcas emocionais que podem durar a vida inteira. Porém, haviam formas de tortura que tinha o objetivo específico de provocar o medo, como ameaças e perseguições que geravam duplo efeito: fazer a vítima calar ou delatar conhecidos.

A Guerrilha do Araguaia:

• Durante a Ditadura Militar, vários partidos e organizações de esquerda optaram pelo caminho da luta armada. Tanto nas cidades como no campo, essa "oposição armada" ao regime marcou profundamente a história política recente do Brasil. No caso dos conflitos rurais, o mais importante - e até hoje mais controverso - foi a chamada Guerrilha do Araguaia.

• Ocorrida entre 1972 e 1975, a guerrilha levou este nome por ter sido travada em localidades próximas ao rio Araguaia, na divisa entre os atuais estados do Pará, Maranhão e Tocantins (na época, pertencente ao Estado de Goiás).

José Genoíno na Guerrilha do Araguaia:

• A guerrilha foi organizada pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B), que, desde meados dos anos 1960, já mantinha militantes na região do conflito.

• O conflito do Araguaia terminou com um trágico saldo: foram cerca de 76 mortos, sendo 59 militantes do PC do B e 17 recrutados na região. Também por isso, acabou se transformando no principal confronto direto entre a ditadura militar e a esquerda armada.

• Ocorrida sob intensa censura, a guerrilha nem mesmo chegou ao conhecimento da população em geral, o que só ajudou a isolar ainda mais os militantes do PC do B.

• A confirmação da existência da guerrilha na região por parte do governo só veio tempos depois de encerrado o conflito. A perseguição aos guerrilheiros, segundo testemunhos de militares que participaram da operação, moradores do local e sobreviventes, teve requintes de crueldade, como decapitação e fuzilamento.

O Milagre Econômico:

• Durante a década de 1970, o Brasil viveu o chamado “milagre econômico”, com seu PIB crescendo anualmente em níveis que hoje são normalmente associados à China. Em 1973, no melhor ano, a produção subiu quase 14%.

• Foi a época de crescimento mais acelerado que o país já vivenciou, mas se tratava de um crescimento insustentável: o “milagre” dos anos 70 seria seguido pela “década perdida” dos anos 80, em grande parte devido aos erros estratégicos do próprio governo militar.

• As indústrias foram beneficiadas com isenções de impostos e a ampliação do crédito para os consumidores. Com a redução dos custos e o aumento das vendas, as indústrias prosperavam, Além disso, o governo vendia títulos, e com o dinheiro arrecadado, financiava grandes obras.

• O setor da construção civil foi estimulado com a edificação de milhares de residências, através de financiamentos do Banco Nacional de Habitação (BNH).

• Mas, além do crescimento recorde no setor industrial, outro fator que contribuiu para o Milagre Econômico foi a construção de gigantescas obras publicas, como a ponte Rio-Niterói, a duplicação da ponte Ercílio Luz (SC), os metrôs do Rio e de São Paulo, o elevado Costa e Silva, a Rodovia dos Imigrantes, a Transamazônica e a Hidrelétrica de Itaipu.

Construção da Ponte Rio Niterói:

Rodovia Transamazônica:

Metrô SP:

Metrô RJ:

• Mas mesmo com todo o crescimento da economia, já havia, entre muitas pessoas, a percepção de que nem tudo andava bem. Afinal, foi o próprio presidente Médici quem afirmou que a economia ia bem, mas o povo ia mal.

• A principal vitima do milagre econômico foi a classe operária. Durante o governo Médici, o arrocho salarial foi mantido. O governo manipulava os índices oficiais de inflação de modo que os aumentos salariais sempre ficassem bem abaixo da inflação real.

• Mas o milagre econômico trouxe problemas graves para a economia brasileira. O financiamento das grandes obras foi feito através de um crescente endividamento externo e interno.

• A dívida externa além de aumentar o poder dos banqueiros internacionais sobre a economia brasileira obrigava o país a consumir uma parcela enorme das suas receitas de exportação a titulo de pagamento de juros. Isso ia colocando obstáculos ao prosseguimento do nosso desenvolvimento.

A Crise do Petróleo em 1973:

• Após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) aumentar rapidamente o valor do barril em outubro de 1973, a crise que se seguiu colocou o regime em uma situação difícil.

• No curto prazo, o milagre econômico funcionou. No longo, foi um desastre: entre 1974 e 1979, a dívida externa do Brasil saltou de 27,8 bilhões para 61,8 bilhões, em valores atualizados, segundo dados do Banco Mundial.

• O preço do barril do petróleo continuou a subir e, conforme a crise se alastrava pela América Latina, o investimento estrangeiro desapareceu – a fonte secou para os programas da ditadura e, a partir de 1980, o PIB passou a oscilar entre a queda e a estagnação.

O governo de Ernesto Geisel (1974-1979):

• Para dar uma aparência menos autoritária ao governo, os militares permitiram que o MDB tivesse candidato para fazer oposição nas eleições indiretas. Apesar de não ter condições de vencer as eleições, Ulysses Guimarães e Barbosa Lima Sobrinho foram indicados como candidatos de oposição.

• No ano de 1974, percorreram o país para denunciar que o governo era antidemocrático e os problemas econômicos do país. Apesar da derrota para os militares, o governo Geisel seria obrigado a sinalizar o fim do poderio militar através de um processo “lento, gradual e seguro”.

Ernesto Geisel:

• O governo começou sua ação democratizante diminuindo a severa ação de censura sobre os meios de comunicação. Depois garantiu a realização de eleições livres para senadores, deputados e vereadores em 1974.

• O MDB, único partido de oposição, nas eleições de 1974, conquistou 59% dos votos para o Senado, 48% da Câmara dos Deputados e a prefeitura da maioria das grandes cidades.

• Os comandantes dos órgãos de repressão do regime militar não suportavam a ideia de uma abertura democrática. Por isso, continuavam agindo com a mesma violência do período anterior.

Vladimir Herzog:

• O jornalista Vladimir Herzog de 38 anos, casado, pai de dois filhos e diretor de jornalismo da TV Cultura de São Paulo, foi encontrado morto, supostamente enforcado, nas dependências do 2ª Exército, em São Paulo, em 25 de outubro de 1975.

• No dia seguinte à morte, o comando do Departamento de Operações de Informações e Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), órgão de repressão do exército brasileiro, divulgou nota oficial informando que Herzog havia cometido suicídio na cela em que estava preso.

• Como Herzog era judeu, o Shevra Kadish (comitê funerário judaico) recebeu o corpo e, ao prepará-lo para o funeral, o rabino percebeu que havia marcas de tortura no corpo do jornalista, prova de que o suicídio tinha sido forjado. A morte de Herzog foi um marco na ditadura militar (1964 - 1985). O triste episódio paralisou as redações de todos os jornais, rádios, televisões e revistas de São Paulo.

Sepultamento de Herzog:

• Os donos dos veículos de comunicação fizeram um acordo com os jornalistas. Todos trabalhariam apenas uma hora, para que os jornais e revistas não deixassem de circular, e as emissoras de rádio e televisão continuassem com suas programações. No dia 31 de outubro de 1975, foi realizado um culto ecumênico em memória de Herzog na Catedral da Sé, do qual participaram 8.000 pessoas, num protesto silencioso contra o regime. O Culto foi celebrado pelo Cardeal Arcebispo de São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns; pelo reverendo Jaime Wright e pelo Rabino Henry Sobel.

• Em janeiro de 1976, o operário Manoel Fiel Filho aparece morto em situação semelhante. Foi preso no dia 16 de janeiro de 1976, às 12:00 h, por dois homens que se diziam agentes do DOI-CODI/SP, sob a acusação de pertencer ao (PCB).Levado para a sede do DOI/CODI, Manoel Fiel Filho foi torturado e, no dia seguinte, acareado com Sebastião de Almeida, preso sob a mesma acusação.

• Os órgãos de segurança emitiram nota oficial afirmando que Manoel havia se enforcado em sua cela com as próprias meias, naquele mesmo dia 17, por volta das 13 horas.

• Entretanto, segundo os depoimentos dos companheiros de fábrica de Manoel, onde ele foi preso, o calçado que usava eram chinelos, sem meias, contrariando a versão oficial.

Manoel Fiel Filho:

• O presidente Geisel afastou o general comandante do II Exercito para por fim à onda de violência que indignava a nação. Pouco tempo depois, a crise econômica agravada pelo congelamento dos salários incitou a organização do movimento sindical na região do ABC paulista.

• Reivindicando melhores condições de vida e aumento salarial, os operários começaram a sinalizar a insatisfação da população contra os militares. Ao mesmo tempo, várias entidades civis como a Ordem dos Advogados do Brasil e a UNE começaram a rearticular os movimentos contra o regime.

A Frente Ampla:

22/08/1976:

• Em 1976, o governo criou a Lei Falcão, proibindo a organização de campanhas eleitorais nos veículos de comunicação. Além disso, esse mesmo decreto ampliou a duração do mandato presidencial de cinco para seis anos.

• Em abril de 77, prevendo a derrota que o governo sofreria nas eleições de 1978, Geisel decretou um conjunto de medidas que ficou conhecido como Pacote de Abril, colocando o Congresso em recesso temporário, para que fossem feitas respostas políticas.

• Criou a figura do senador biônico, onde 1\3 do Senado passou a ser composto por senadores nomeados pelo presidente, como forma de garantir a maioria de votos favoráveis ao governo.

• A política econômica de Geisel foi desenvolvimentista. Para isso recorreu-se, como de praxe, a empréstimos externos (o Brasil tornou-se um dos maiores devedores do mundo) e ao aumento de impostos, aumentando o descontentamento da população.

• Em outubro de 1978, o presidente Geisel extinguiu o AI-5 e os demais atos institucionais que marcaram a legislação arbitrária da ditadura. Ao final do governo Geisel, pode-se dizer que houve certa disputa na eleição indireta para Presidente da República.

A Criação do Estado de Mato Grosso do Sul:

• No dia 24 de agosto de 1977, o então presidente da república Ernesto Geisel enviava a Mensagem n. 91, de 1977-CN, com o projeto de lei complementar de criação do novo Estado. No dia 11 de outubro seguinte, o mesmo presidente assinava, em solenidade histórica, a Lei Complementar n. 31

• “criando o Estado de Mato Grosso do Sul pelo desmembramento de área do Estado de Mato Grosso”, com a capital em Campo Grande.

Geisel assina a Lei que divide o MT:

General Sylvio Frota:

• No fim do mandato de Geisel, a sociedade brasileira tinha sofrido muitas transformações. A repressão havia diminuído significativamente; as oposições políticas, o movimento estudantil e os movimentos sociais começaram a se reorganizar. Em 1978, o presidente revogou o AI-5 e restaurou o habeas corpus.

• No final do governo, o presidente Geisel articulou a entrada do general João Batista Figueiredo na presidência. Ex-chefe do Serviço Nacional de Informações, o general foi escolhido como responsável pela saída dos militares do poder.

Geisel e Figueiredo:

O Governo de João Baptista de Oliveira Figueiredo (1979 a 1985):

• O presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo iniciou seu governo num momento em que crescia no país a critica política às decisões autoritárias e centralizadas do governo militar. Diversos setores da sociedade brasileira passaram a reivindicar a redemocratização do país.

• Diante das pressões de toda a sociedade, o presidente Figueiredo assumiu compromisso de realizar a abertura política e devolver a democracia ao Brasil.

• Nesse clima de abertura democrática, os sindicatos voltaram a se fortalecer e ressurgiram as primeiras greves operarias contra o achatamento dos salários. Dentre elas, destacavam-se as greves dos operários metalúrgicos de São Bernardo do Campo, sob a liderança sindical de Luis Inácio Lula da Silva.

A campanha da sociedade obteve os primeiros resultados positivos:

• A Lei da Anistia, que como dizia o nome anistiava a todos aqueles que foram punidos pela ditadura militar. Assim, muitos cidadãos brasileiros que ainda estavam no exílio puderam, finalmente, regressar ao país. Pessoas que tiveram seus direitos políticos cassados foram reabilitadas na sua cidadania.

• Mas a anistia não foi irrestrita, milhares de militares punidos não puderam voltar normalmente às forças armadas. Os funcionários públicos também não puderam retornar aos seus cargos.

• A anistia foi mútua, ou seja, a lei também livrou da justiça os militares envolvidos em ações repressivas que provocaram torturas, mortes e o desaparecimento de cidadãos

• O pluripartidarismo foi restabelecido. Foram criados novos partidos para disputar as próximas eleições. Surgiram então o PDS (no lugar da ARENA) e o PMDB (no lugar do MDB). Apareceram ainda partidos como o PT, PTB, PDT e outros. Foram restabelecidas as eleições diretas para governadores.

• No plano econômico, o ministro do planejamento, Delfim Neto, procurou executar o III PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) que tinha como principais preocupações promover o crescimento da renda nacional, controlar a divida externa, combater a inflação e desenvolver novas fontes de energia.

• Quanto ao setor energético, o governo buscou através do Proálcool (Programa Nacional do Álcool) substituir progressivamente petróleo importado por uma fonte de combustível nacional, o álcool.

• Os outros grandes objetivos do III PND não foram alcançados de forma satisfatória como a Divida Externa e a Inflação. O Brasil, tinha feito empréstimos do FMI, teve que se submeter às exigências dos banqueiros internacionais que passaram a ditar regras de ajustamento da nossa economia.

• Sem poder pagar os empréstimos , o Brasil caiu numa ciranda sem fim. Passou a pedir novos empréstimos pra saldar a dívida anterior. Já a inflação foi provocada por uma serie de desequilíbrios econômicos, a inflação começou a explodir no governo de Figueiredo. Bateu recorde histórico, superando 200% ao ano.

• A classe social mais prejudicada com a inflação foi a operária, que teve seu salário corroído dia a dia pela alta absurda do custo de vida.

• Outro problema foi o desemprego, provocado pela falta de investimentos no setor produtivo

• Em 1983, os níveis de desemprego em são Paulo, Rio de Janeiro e outros estados atingiram uma situação desesperadora. Grupos de desempregados, para não morrer de fome, chegaram a saquear padarias e supermercados para conseguir comida para suas famílias.

• Com o agravamento da crise econômica, cresceu também a insatisfação popular contra o governo. Nas eleições de 1982, o povo manifestou seu descontentamento elegendo um grande número de candidatos das oposições nos principais estados brasileiros.

• O governo também enfrentou a resistência de militares radicais, que não aceitavam o fim da ditadura. Essa resistência tomou a forma de atos terroristas. Cartas-bomba eram deixadas em bancas de jornal, editoras e entidades da sociedade civil (Igreja Católica, Ordem dos Advogados do Brasil, Associação Brasileira de Imprensa, entre outras).

Carta Bomba – OAB:

• O caso mais grave e de maior repercussão ocorreu no dia 30 abril de 1981, quando uma bomba explodiu durante um show em homenagem ao Dia do Trabalho, no centro de convenções do Rio Centro. O governo, porém, não investigou devidamente o episódio.

Os artistas:

• Depois de 18 anos de ditadura, em 15 de março de 1983, assumiram o poder nos estados novos governadores eleitos diretamente pelo povo.

• O regime militar se aproximava do fim. Com a renovada força, as oposições políticas passaram a exigir eleições diretas para a presidência da República. A Campanha pelas Diretas foi um dos maiores movimentos político - populares da nossa história.

• A crise econômica ajudou a aumentar a pressão popular pelo fim da ditadura, que entregou o governo em 1985 com uma inflação de 239% ao ano (eram 92% quando Jango havia sido derrubado em 1964).

Campanha pelas Eleições Diretas:

Comício pelas Diretas – Porto Alegre

Chico Buarque de Holanda:

Ulysses Guimarães:

Fafá de Belém:

Christiane Torloni

Votação da Lei Dante de Oliveira

• O governo, porém, resistiu e conseguiu barrar a Lei Dante de Oliveira, 113 deputados não compareceram à sessão. Desse modo, o sucessor de Figueiredo foi escolhido indiretamente pelo Colégio Eleitoral, formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal.

• Em 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheu o deputado Tancredo Neves como novo presidente da República. Tancredo derrotou o deputado Paulo Maluf.

Sarney e Tancredo:

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