5- adubação verde

José Joaquim Arruda FilhoTécnico em Agropecuária-Biólogo

RURALTINSE-mail: jjterrabrava@yahoo.com.br

Adubação Verde é uma prática agrícola que

consiste na utilização de determinadas

espécies de plantas em sistema de rotação,

sucessão ou consórcio com a cultura de

interesse econômico.

Adubos VerdesPlantas CondicionadorasPlantas Recicladoras

Os termos plantas condicionadoras e plantas

recicladoras também são muito utilizados quando o

assunto é adubação verde. Isto ocorre porque, ao

adicionarem matéria orgânica ao solo, os adubos verdes

atuam como condicionadores. Ao mesmo tempo, por

apresentarem um sistema radicular profundo e

ramificado, capaz de explorar camadas sub-supeficiais

do solo, promovem a reciclagem dos nutrientes.

Manejo dos resíduos

Os resíduos dos adubos verdes podem tanto ser

deixados sobre a superfície do solo, quanto

incorporados ao mesmo.

A escolha da forma de

manejo dependerá dos

objetivos que se deseja

alcançar com a adoção da

prática.

Objetivos desejados:

No primeiro caso caso, visa-se principalmente a

cobertura e a proteção do solo; enquanto no segundo, o

foco principal é a melhoria da fertilidade do solo.

Nos dois casos, a adição da matéria orgânica

proveniente da decomposição dos resíduos dos adubos

verdes, promove a melhoria das condições químicas,

físicas e (micro)biológicas do solo.

Adubação Verde: Garantia de aumento da quantidade e de melhoria da qualidade da matéria

orgânica

Adubação Verde: Garantia de aumento da quantidade e de melhoria da qualidade da matéria

orgânica

Efeitos da Adubação Verde sobre os atributos químicos -

Diretamente relacionados ao aumento do teor e à

melhoria da qualidade da matéria orgânica, adicionada

pelos resíduos incorporados, ou mesmo pela sua

deposição sobre a superfície do solo:

Fertilidade

Aumento da capacidade de troca de cátions (CTC)

efetiva, melhorando a disponibilidade de nutrientes;

Fornecimento de nutrientes: após a decomposição/mineralização dos resíduos, nutrientes antes indisponíveis para as culturas de raízes pouco profundas são adicionados à camada arável;

A utilização de leguminosas apresenta a vantagem de adicionar consideráveis quantidades de N ao solo, devido a fixação biológica de nitrogênio (FBN).

Redução dos teores de alumínio trocável, por meio da complexação;

Em relação aos atributos físicos

do solo, pode-se destacar o efeito

protetor da cobertura vegetal, que

impede o impacto direto das gotas

de chuva sobre o solo e diminui os

riscos de erosão, bem como o

aumento da taxa de infiltração de

água.

Efeitos da Adubação Verde sobre os atributos físicos

Além disso, a matéria orgânica adicionada pelos

adubos verdes contribui para a redução da

densidade aparente do solo, para a agregação de

suas partículas (ação cimentante) e para a melhoria

da aeração e da drenagem (formação de macro e

microporos).

Quanto aos aspectos microbiológicos, com o uso

da adubação verde cria-se um ambiente mais

favorável para os microorganismos do solo,

responsáveis diretos pela decomposição e

mineralização da matéria orgânica.

Efeitos da Adubação Verde sobre os atributos (micro)biológicos

Neste âmbito, é importante salientar que quando se

fala em QUALIDADE DO SOLO, deve-se considerar

seus atributos químicos, físicos e biológicos, pois

um solo de boa qualidade é aquele que apresenta

condições adequadas, dentro destes três aspectos,

para propiciar o desenvolvimento das culturas e se

manter produtivo ao longo do tempo.

Manejo da Adubação Verde na produção

orgânica de hortaliças

A adubação verde pode ser utilizada tanto em consórcio,

quanto em rotação ou sucessão com a hortaliça. No

consórcio, o adubo verde pode ser semeado nas

entrelinhas ou nas próprias linhas da cultura. Pode ser

utilizado ainda um sistema de consórcio em faixas

intercalares (ou aléias), intercalando faixas com as

hortaliças e faixas com os adubos verdes.

Manejo da Adubação Verde na produção

orgânica de hortaliças

O adubo verde pode também fazer parte do esquema de

rotação da propriedade, sendo plantado nos talhões de

forma rotacional com as hortaliças. Mesmo se não

utilizados em esquema de rotação, os adubos verdes

podem ser semeados no terreno antes do plantio da cultura

principal, que virá então em sucessão à adubação verde.

(continuação...)

TALHÃO FAIXAS GRUPOS DE CULTIVO PERÍODOPOUSIO/ADUBAÇÃO VERDE 10 SEMESTREFRUTOS 20 SEMESTRERAÍZES E TUBÉRCULOS 30 SEMESTRE

FAIXA A (400m2)

FOLHOSAS 40 SEMESTRE

FOLHOSAS 10 SEMESTREPOUSIO/ADUBAÇÃO VERDE 20 SEMESTREFRUTOS 30 SEMESTRE

FAIXA B (400m2)

RAÍZES E TUBÉRCULOS 40 SEMESTRE

RAÍZES E TUBÉRCULOS 10 SEMESTREFOLHOSAS 20 SEMESTREPOUSIO/ADUBAÇÃO VERDE 30 SEMESTRE

FAIXA C (400m2)

FRUTOS 40 SEMESTRE

FRUTOS 10 SEMESTRERAÍZES E TUBÉRCULOS 20 SEMESTREFOLHOSAS 30 SEMESTRE

1600 m2

FAIXA D (400m2)

POUSIO/ADUBAÇÃO VERDE 40 SEMESTRE

Esquema de sucessão e rotação de hortaliças para dois anos.

Fonte: Souza, J.L. de; Rezende, P. 2003. Manual de Horticultura Orgânica. Ed. Aprenda Fácil, Viçosa-MG.

Uso em rotação: o adubo verde é incorporado ao solo após a roçada

para posterior plantio da hortaliça, ou mantido em cobertura sobre o

solo, realizando-se o plantio direto da hortaliça na palhada.

OBJETIVOS DIFERENTES!!!

Uso em consórcio: o adubo verde é semeado nas entrelinhas de

cultivo da hortaliça ou em faixas intercalares às faixas da cultura (nesse

caso, as espécies de adubos verdes devem apresentar porte arbustivo

ou arbóreo).

Para qualquer hortaliça, a adubação verde traz benefícios no

manejo orgânico do solo, sejam eles benefícios diretos para a

cultura econômica ou indiretos, mediante a melhoria das

condições do solo.

A definição da época de plantio do adubo verde em relação à

hortaliça dependerá do hábito de crescimento do adubo verde e da

velocidade de crescimento de ambas espécies, ou seja, do adubo

verde e da hortaliça.

Qualquer estratégia de consórcio deve ser ajustada na

propriedade.

Alguns exemplos de consórcios bem sucedidos:

Tomateiro, quiabeiro, jiloeiro, berinjela e pimentão (e outras

hortaliças de fruto) consorciados com espécies de hábito ereto

como crotalárias, feijão- de- porco e guandu;

Brássicas (couve-folha, brócolos e couve-flor) consorciados com

espécies de hábito ereto e porte baixo, como Crotalaria spectabilis,

ou prostrado menos agressivas como mucuna anã, ou rastejante

perene como amendoim forrageiro;

Hortaliças folhosas, como alface ou repolho, consorciadas com

Crotalaria juncea semeada no terço final do ciclo daquelas

culturas.

Época de plantio do adubo verde e da cultura econômica:

Depende da espécie de hortaliça em questão e da espécie de adubo verde!

Devem ser considerados os seguintes aspectos:

hábito de crescimento do adubo verde

velocidade de crescimento de ambas espécies

Exemplos:

hortaliças de porte baixo, como no caso da couve, com

adubos verdes de porte baixo e crescimento lento, como a

mucuna anã e a Crotalaria spectabilis.

hortaliças de porte mais alto, como o quiabeiro, tanto com

adubos verdes de porte alto e de crescimento rápido

(Crotalaria juncea), quanto com aqueles de porte baixo e

crescimento lento.

Espaçamento entre as espécies consorciadas:

Deve prevenir a competição pela presença do adubo verde em consórcio com a hortaliça e otimizar o benefício da adubação verde.

Em geral, o adubo verde é semeado nas ruas da cultura principal,

utilizando-se uma, duas ou três linhas, em função do espaçamento da

hortaliça. No caso de hortaliças nas quais são feitas diversas

colheitas, a semeadura do adubo verde pode ser realizada em ruas

intercalares ou em todas as ruas, desde que o adubo verde seja

roçado em uma delas quando se inicia o processo de colheita.

Cuidados para minimizar os efeitos decorrentes da competição:

Por água: não é tão marcante já que a maioria das hortaliças são

irrigadas. Sem irrigação, há que se levar em conta as condições

locais. Caso o adubo verde já tenha sido plantado e ocorra falta de

água para a cultura, é aconselhável roçá-lo imediatamente, mesmo

que não tenha atingido o ponto ideal para o corte.

Por nutrientes: Especialmente com relação ao nitrogênio, quando

são utilizadas espécies que não são leguminosas, a competição

pode ser marcante, prejudicando o desempenho da hortaliça.

Por luz: Minimizada por estratégias de manejo adequadas para

cada cultura, destacando-se época de plantio e espaçamento

adotados, época de realização da roçada ou da poda, que nem

sempre coincidirá com o momento de maior acúmulo de

nutrientes no adubo verde.

Aquisição de sementes de adubos verde:

Ainda não é tão fácil encontrar no mercado.

Espécies cujas sementes são mais facilmente adquiridas podem

ser usadas como adubos verde, como por exemplo a soja,o

feijão-de-corda, o milho e o sorgo forrageiro.

Inoculação das sementes (leguminosas):

Geralmente as bactérias fixadoras de nitrogênio já se encontram

no solo. No entanto, na primeira vez em que se planta uma

leguminosa pode ser importante inocular as sementes.

Onde encontrar inoculantes?

Embrapa Agrobiologia: www.cnpab.embrapa.br

Embrapa Solos: www.cnpso.embrapa.br

Coquetel: Cultivo consorciado de diferentes espécies

(leguminosas, gramíneas e espécies de outras famílias

como a mamona, nabo forrageiro e girassol.

Vantagens:

Exploração de diferentes camadas do solo e

disponibilização diferenciada de nutrientes.

Outros benefícios da Adubação Verde para o Sistema

Orgânico de Produção de Hortaliças:

Redução da população de nematóides: crotalárias, mucunas e

guandu já tiveram efeito comprovado. Ao contrário, feijão-mungo

pode aumentar a população!

Minimização do surgimento de pragas e patógenos: favorece a

quebra do ciclo de proliferação, principalmente quando em

rotação.

Controle de ervas espontâneas: cobertura do solo.