utilização de adubação verde na cultura da cana-de-açúcar

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ” DEPARTAMENTO DE SOLOS E NUTRIÇÃO DE PLANTAS GAPE – Grupo de apoio à pesquisa e extensão USINA SÃO MANOEL Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar Equipe Técnica: Prof. Dr. Pedro Henrique de C. Luz A Prof. Dr. Godofredo César Vitti Ac. Thiago Aristides Quintino c. Danilo Barboza de Oliveira Piracicaba - SP Agosto de 2005

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Page 1: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ”

DEPARTAMENTO DE SOLOS E NUTRIÇÃO DE PLANTAS GAPE – Grupo de apoio à pesquisa e extensão

USINA SÃO MANOEL

Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

Equipe Técnica: Prof. Dr. Pedro Henrique de C. Luz

A

Prof. Dr. Godofredo César Vitti Ac. Thiago Aristides Quintino c. Danilo Barboza de Oliveira

Piracicaba - SP

Agosto de 2005

Page 2: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

Índice

1. Introdução......................................................................................................................... 3

2.

5.

6. M

8.

10

11

1.1. Panorama atual da cana-de-açúcar...................................................................... 3 1.2. Perdas de solo e conservação............................................................................... 4 1.3. Rotação de culturas................................................................................................. 6 Adubação Verde .............................................................................................................. 7 3. Adubação Verde na cana-de-açúcar ....................................................................... 8

4. Benefícios da adubação verde.................................................................................... 18 4.1. Efeito sobre os atributos químicos ...................................................................... 18 4.2. Efeito sobre os atributos físicos........................................................................... 18 4.3. Efeitos sobre atributos biológicos........................................................................ 19 Matéria Orgânica ........................................................................................................... 20 5.1. Importância em solos tropicais ............................................................................ 20

5.1.1. Efeitos Químicos da matéria orgânica ........................................................ 21 5.1.2. Efeitos físicos da matéria orgânica .............................................................. 21 5.1.3. Efeitos Biológicos da matéria orgânica ....................................................... 22 anejo da matéria orgânica ........................................................................................ 22

7. Recomendações para adubação verde em cana-de-açúcar ................................. 23 7.1. Crotalaria juncea .................................................................................................... 23 7.2. Crotalaria spectabilis roth ..................................................................................... 24 7.3. Crotalaria paulina schrank .................................................................................... 24 7.4. Crotalaria ochroleuca ............................................................................................ 25 Custo da adubação verde ............................................................................................ 28

9. Formas de Semeadura................................................................................................. 28 9.1. Detalhe do sistema de plantio direto / cultivo mínimo...................................... 33 . Sistema de utilização de adubos verdes................................................................. 34 a) Incorporação ao solo ................................................................................................ 34 b) Na superfície do solo como cobertura morta........................................................ 36 . Considerações finais .................................................................................................. 46

12. Cronograma das operações ...................................................................................... 47 13. Referências Bibliográficas ......................................................................................... 50

2

Page 3: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

Adubação verde na cultura da cana-de-açúcar

. Introdução

.1. Panorama atual da cana-de-açúcar

stima-se que a cultura da cana-de-açúcar ocupa no Brasil área de

aproxi

nos próximos anos deverá acentuar-se a

tendên

hidrocarbonetos fósseis.

1

1 E

madamente 5,421 milhões de hectares na safra 2004/05, área 4% maior que

na safra anterior. O crescimento da área é conseqüência da boa rentabilidade

apresentada pelo setor nos últimos anos, o que estimulou a expansão dos

canaviais das usinas existente e a implantação de novas unidades, principalmente

nos estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais. A produção total de cana

chegará a 375 milhões de toneladas, crescimento de 5% sobre a safra 2003/04. A

produção de açúcar deverá ficar estabilizada em 23,9 milhões de toneladas. No

entanto, a produção de álcool deverá crescer significativamente, tanto a de

hidratado como a de anidro, totalizando 15,14 bilhões de litros. A crescente

demanda, doméstica e internacional, pelo álcool brasileiro e os estoques mundiais

de açúcar nos níveis mais baixos dos últimos anos mantiveram os preços dos dois

produtos mais estáveis do que o previsto. No caso do álcool, o crescimento se

deve à forte expansão da demanda doméstica, devido ao aumento das vendas de

veículos “flex fuel” (bicombustível), como conseqüência do grande diferencial de

preços entre o álcool e a gasolina.

Reafirmando as previsões,

cia dos mercados do açúcar e do álcool serem norteados pelo do petróleo,

uma vez que é substituto deste. Os preços do álcool, por esse motivo, deverão

valorizar-se em relação aos da gasolina. Explica-se que atualmente o álcool é

utilizado como “barateador” da gasolina, nos próximos anos deverão crescer as

restrições ao uso de hidrocarbonetos fósseis e, em contrapartida, aumentará a

obrigatoriedade do uso de álcool e outros hidrocarbonetos renováveis, tais como

celulose e grãos. Com isso, seu preço poderá vir a ser até superior ao dos

3

Page 4: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

No Brasil, nos próximos dez anos a produção de cana-de-açúcar deverá

crescer 48%, atingindo 557 milhões de toneladas na safra 2013/14. Tal aumento

na pro

çúcar, desde o plantio até sua colheita, é etapa

extrem

as de solo e conservação

, ao longo do tempo, trazer sérias

conseqüências, exaurindo-o de suas reservas orgânicas e minerais,

transfo

essas perdas,

depen

dução deverá ser direcionado para a produção de álcool que por sua vez

visa as exportações, sendo que na safra 2013/14 deverão ultrapassar nove

bilhões de litros (FNP, 2004).

Segundo Vitti e Mazza (2002), o planejamento das atividades envolvidas

com a cultura da cana-de-a

amente importante na sua exploração econômica. O estudo deve objetivar

a análise de todos os componentes de produção, assim como aqueles envolvidos

com os custos de implantação. Esta análise deverá nortear a eleição de uma

série de técnicas a serem adotadas, insumos, máquinas e implementos, serviços,

variedades a serem escolhidas, distribuição destas nos tipos de solos a serem

explorados, épocas de plantio, finalizando-se com a elaboração do próprio

cronograma físico-financeiro. Considerando-se a adubação e a nutrição da cana-

de-açúcar dentro deste contexto, pode-se dizer que sua eficiência no incremento

da produtividade será tanto maior quanto melhor for o ajuste dos fatores de

produtividade.

1.2. Perd

O manejo inadequado do solo pode

rmando-o em terras de baixa fertilidade e erodindo grande parte do solo

podendo tomar a área imprópria para o cultivo (Andradade, 1982).

A erosão é uma das principais causas da degradação dos solos nas áreas

cultivadas. As áreas com cana-de-açúcar também estão sujeitas a

dendo de inúmeras variáveis, entre elas o tipo de solo, o manejo para a

conservação, a época de plantio e o preparo do solo (Rossetto, 2004).

Principalmente nos solos tropicais onde existem condições favoráveis à ocorrência

destes fenômenos, haverá, decréscimo no conteúdo de matéria orgânica

(Andrade, 1982).

4

Page 5: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

No nosso país a cana-de-açúcar ocupa área de destaque na agricultura,

sendo cultivada ininterruptamente num mesmo solo por vários anos. O que se faz

após o

alta em

import

aka et al. (1984), a principal razão para essa preferência está em sua

capac

s apresentam grande crescimento vegetativo.

Kiehl

ultimo corte econômico de um talhão é a destruição de suas soqueiras e

um novo plantio da cana-de-açúcar, menosprezando a rotação de culturas ou

adição de matéria orgânica ao solo, práticas estas que viriam a ser benéficas. A

única preocupação restringe-se ao emprego da adubação mineral. Além disso,

devido ao manejo da cultura, tem surgido ainda problemas de compactação de

solo. Assim, com o passar do tempo, a tendência é que ocorra queda de fertilidade

e, conseqüentemente, menores rendimentos na cultura (Andrade, 1982).

Dos diversos recursos de que podemos lançar mão para melhorar as

características químicas, físicas e microbiológicas destes solos, ress

ância e viabilidade, o da adição de matéria orgânica sob forma de adubação

verde. Essa pratica é reconhecida como alternativa viável na busca da

sustentabilidade dos solos agrícolas. Segundo Andrade et al. (1984), para a

recuperação de pastagens degradadas essa prática se destaca em importância e

viabilidade, pois a utilização de leguminosas conduz ao aumento ou à manutenção

do teor de N do solo, diretamente correlacionado com a presença da matéria

orgânica.

A família das leguminosas é a mais utilizada como adubo verde. De acordo

com Miyas

idade de fixar o N atmosférico mediante a simbiose com bactérias do gênero

Rhyzobium / Bradyrhyzobium nas raízes. Outros motivos citados pelos autores

são o alto teor de compostos orgânicos nitrogenados e a presença de sistema

radicular geralmente bem profundo e ramificado, capaz de extrair nutrientes das

camadas mais profundas do solo.

A produção de massa vegetal do adubo verde é um aspecto de grande

importância, pois algumas espécie

(1960), em trabalho com feijão-guandu, feijão-de-porco, mucuna-preta,

mucuna-rajada, Crotalária-juncea e Crotalária-paulina, verificou que feijão-guandu

e Crotalária-juncea foram as espécies que mais se destacaram na produção de

massa verde e matéria seca.

5

Page 6: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

A atividade canavieira, quando utiliza as práticas de conservação do solo e

de aptidão agrícola, é tida, hoje em dia, como atividade agrícola altamente

conse

mergência.

rvadora do solo (Rossetto, 2004). Vale a ressalva, de que mesmo utilizando

Crotalaria juncea na adubação verde, o solo em questão deve ser bem manejado

para que não ocasione problemas de perdas de solo (figura 1).

Figura 1. Área erodida com C. juncea aos 60 dias após e

Fonte: Piraí Sementes

1.3. Rotação de cultur

iste em alternar espécies vegetais, no decorrer

do tempo, numa mesma área agrícola. As espécies escolhidas devem ter

propós

o próprio

merca

as

A rotação de culturas cons

itos comercial e/ou de recuperação do ambiente (Embrapa,2001).

Segundo Santos et al. (2004), a complexidade da agricultura e a sua alta

dependência em relação a fatores como clima, condições do solo e a

do não admitem descuido em nenhuma das etapas de produção. Isso vale

para situações que vão do planejamento da lavoura à comercialização.

6

Page 7: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

As vantagens da rotação de culturas são inúmeras, constituindo em um

processo de cultivo capaz de proporcionar a produção de alimentos e outros

produt

de das tarefas na mesma, segundo

princíp

ntal na propriedade

rural, m

et al. (2000), na busca de agricultura menos agressiva

ao ambiente introduz-se a adubação verde, que é definida como sendo o cultivo

de pla

os agrícolas, com mínima alteração ambiental. Se adotada e conduzida de

modo adequado e por um período longo, essa prática preserva ou melhora as

características físicas, químicas e biológicas do solo; auxilia no controle de plantas

daninhas, doenças e pragas; repõe matéria orgânica e protege o solo da ação dos

agentes climáticos; e ajuda a viabilização da semeadura direta e a diversificação

da produção agropecuária (Embrapa, 2001).

A rotação de culturas exige o planejamento do uso do solo e da

propriedade, aumenta o nível de complexida

ios básicos, onde deve ser considerada a aptidão agrícola de cada gleba.

A adoção de planejamento deve ser gradativa para não causar transtornos

organizacionais ou econômicos ao produtor (Embrapa, 2001).

Santos et al. (2004) relatam que o Brasil contribui em parcela importante

deste requisito básico da sustentabilidade econômica e ambie

as pode melhorar em alguns aspectos. Um deles é o plantio direto, técnica

de alto valor ambiental, que já é adotada em 65% das lavouras brasileiras de soja.

A adoção das técnicas de plantio direto é considerada passo importante, pois ela

marca a atitude do produtor em relação à conservação e à consciência ambiental.

2. Adubação Verde

Segundo Ambrosano

ntas, na mesma área ou em áreas vizinhas, para produzir grande

quantidade de massa para ser, após completado seu ciclo vegetativo, incorporada

ou deixada sobre o solo para agir como proteção e para atuar positivamente no

sistema. Embora, sejam utilizadas como adubo verde diferentes plantas, inclusive

gramíneas, o uso das leguminosas constitui prática mais difundida para essa

finalidade.

7

Page 8: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

As razões de preferência pelas leguminosas são várias, como citado o

principal aspecto está no fato de as leguminosas serem capazes de fixar

nitrogê

mais

profun

promovem uma reciclagem de nutrientes devido sua capacidade de

explor

cana-de-açúcar

de cana-de-açúcar do mundo,

atendendo aos mercados internos e externos de açúcar, atuando como gerador de

divisas

rodução de açúcar e energia renovável, é

de fu

o período ente o

último corte (início de Novembro) e o plantio (Março) pode-se optar por pelo

nio atmosférico através de bactérias que vivem em simbiose com as raízes.

Neme (1961), citado por Andrade (1982) relata que além da grande produção de

massa, as leguminosas apresentam matéria orgânica mas rica em minerais.

Essas plantas geralmente possuem sistema radicular bem ramificado e

profundo, capaz de extrair os nutrientes que se encontram nas camadas

das do solo (não prontamente disponíveis) e que são devolvidos à camada

arável após a incorporação da leguminosa ao solo aumentando suas

disponibilidades para a cultura seguinte (Schaffhausen, 1968) citado por Andrade

(1982).

As leguminosas além de aumentar o teor de matéria orgânica e nitrogênio

no solo,

ação de solo, proporcionando assim, diversos benefícios, sendo esses

químicos, físicos e biológicos.

3. Adubação Verde na

O Brasil é um dos maiores produtores

e, também, tendo como meta substituir alguns derivados de petróleo pelo

etanol nacional (Muaraoka et al., 1995).

Com a expansão da cultura canavieira e incorporação de novas áreas,

geralmente de baixa fertilidade para a p

ndamental importância recuperar e manter a fertilidade para alcançar

produções econômicas. Portanto, a adubação verde tem papel de destaque como

condicionadores de solo, fornecedores de nutrientes, N no caso de leguminosas,

além de exercer controle contra nematóides e plantas daninhas.

Em áreas de reforma, em situações de plantio de cana de ano e meio, ao

invés de se optar por manter a área em pousio, devido ao long

8

Page 9: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

plantio

ia juncea do que após

mucun

(1956)

Tabela 1 – Produtividade da cana-de-açúcar em função da adubação verde.

Cortes

de leguminosas, sendo os principais benefícios desta prática a fixação

biológica do nitrogênio, conservação do solo, incremento de matéria orgânica,

reciclagem de nutrientes e controle de plantas invasoras.

No estado de São Paulo, o estudo do comportamento da cana-de-açúcar

em sucessão a adubos verdes foi iniciada por Cardoso (1956), que verificou maior

rendimento nesta gramínea após o cultivo de Crotalar

a-preta. Em outras regiões testadas as duas espécies tiveram rendimento

semelhantes, mas sempre superior às espécies guandu, labe-labe e testemunha.

Na tabela 1 extraído de Cardoso (1956), pode-se observar a produtividade

em cana-de-açúcar, em t/ha, na ausência e na presença de leguminosas adubos

verdes em três cortes efetuados. Na tabela 2, também extraída, de Cardoso

, observa-se o efeito de outras leguminosas na produtividade de cana-de-

açúcar, nos diversos ensaios realizados pelo autor.

Tratamentos Primeiro Segundo Terceiro Médias ----------------------t/ha--------------------------

Crotalaria juncea 72,0 75,0 49,1 65,3

Dolichuos lablab

Teste unha 66,0 54,6

81,4 71,0 60,2 70,8

m 58,0 39,8

Fonte: Cardoso (1956)

9

Page 10: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

Tabela 2 – Produtividade de cana-de-açúcar em função de diferentes espécies de

leguminosas usadas para adubação verde.

Experimentos 8 9 10 Tratamentos

t/ha C. juncea 93,0 98,0 119,6

Mucuna preta 84,0 118,8 ---

---

83,2 105,4

Fonte: Cardoso (1956

as et al. (1 em experimento Sales Oliveira ostra

os rendimentos de fitomassa verde da parte aérea das espécies empregadas

como adubo verde e de grãos de soja.

rde e de grãos de soja. Sales Oliveira, SP,

Brasil 1983/84, 84/85 e 85/86

)

Mascarenh 994) s em (SP) m

Guandu 84,6 ---

Testemunha 85,0

Tabela 3. Rendimentos de fitomassa verde da parte aérea das espécies

empregadas como adubo ve

Anos Agrícolas 1983/84 1984/85 1985/86 ntos Tratame

t/ha Pousio --- --- ---

Pousio+N --- --- ---

2,3

8,7 9,1

Em estudos s te Ca

Soja 1,2 2,1

Mucuna-preta 18,6 21,5 23,9

Crotalaria juncea 1 19,8

Fonte: Mascarenhas et al., 1994

emelhan ceres (1994), afirma que a adubação verde teve

efeito sobre a produtividade da cana-de-açúcar apenas no primeiro corte.

Mascarenhas et al. (1998), em estudos realizados em Sales Oliveira (SP),

10

Page 11: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

mostra

H. reniformis e Ogma sp.

rcionado

aumen

res de elementos essenciais

que as

Espécies N P K Ca Mg S

ram que a cana após Crotalaria e mucuna foram os melhores tratamentos.

Outra vantagem atribuída à adubação verde, utilizando-se as espécies Crotalaria

juncea e mucuna preta, é o fato de ambas atuarem no controle de nematóides M.

incognita e M. javanica (Sharma et al. 1984).

Silva (1988) concluiu que todas as espécies de Crotalaria mostraram-se

altamente promissoras no controle das três espécies de Meloidogyne javanica e

também de Pratylenchus brachyurus, p. zeae,

Campos (1977) instalou ensaios demonstrativos do tabuleiro do norte do

estado do Rio de Janeiro, e obteve resultados positivos usando Crotalaria juncea e

labe-labe. Apesar do uso de ambas as leguminosas terem propo

tos na produção de cana, o autor recomenda a Crotalaria juncea, mais

rústica, resistente às condições climáticas adversas.

O aumento da produtividade da cana-de-açúcar com a incorporação de

leguminosas ao solo ocorrem devido aos diversos beneficio que advem dessa

pratica (Myasaka, 1993), e principalmente pelos teo

leguminosas contem. Estas apresentam elevados valores de N e K2O que

poderão proporcionar a total substituição da fertilização mineral para a cana-de-

açúcar, pelo menos até o primeiro corte (tabelas 4 e 5) (Mascarenhas et al., 1994).

Tabela 4 – Quantidades de nutrientes deixados no solo pela leguminosas

Kg/ha Muc 31 una-preta 215 37 102 133 142

C. juncea 234 35 76 78 90 46

Fonte: Masc as et a 994) arenh l. (1

Soja 38 13 33 61 23 9

11

Page 12: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

Tabela 5. Quantidades de nutrientes N, P2O5 e K2O a serem incorporados pela

massa verde de quatro leguminosas

Nutrientes C. juncea* Soja* Mucuna* Lab-labe** Kg/ha

o 313 261 Nitrogêni 147 135

Fósforo 78 51 39 30

Fonte: * Glória e 1980

** Albuqu e et al., 1980

m um sistema de sucessão de culturas

envolvendo um único cultivo das leguminosas Crotalaria juncea, mucuna preta e

soja, e tratamentos em leguminosas (pousio), com ou sem aplicação de nitrogênio

minera

t al.,

erqu

Potássio 353 269 236 40

Mascarenhas et al,(1994) estudara

l. Em seguida a cana-de-açúcar foi plantada e efetuado três corte. Nos

últimos cultivos a produtividade de cana-de-açúcar após a Mucuna preta e

Crotalaria juncea foram semelhantes e superiores aos demais tratamentos. Na

média dos tre cultivos de cana-de-açúcar as sucessões com crotalaria juncea e

mucuna preta proporcionaram acréscimo de produtividade respectivos de 27 e 25

t/ha de cana e 3,0 e 3,2 t/ha de açúcar quando comparados com a testemunha

sem adubo verde. Por outro lado com a aplicação de N houve somente o aumento

de 9,0 t/ha de cana e 1,1 t/ha de açúcar, comprovando os benefícios físicos que o

pré-cultivo das leguminosas promove para a cultura da cana-de-açúcar (Tabela 6).

12

Page 13: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

Tabela 6 – Número de colmos, produção de cana e de açúcar durante três anos em Sales Oliveira, SP, Brasil.

Colmos cana Açúcar Nº t/ha Tratamentos

1984/85 Pousio 75.387 b 120 b 13,8 b

Pousio+N 76.368 ab 133 a 15,4 ab Soja

144 a 82.023 ab 134 a 15,5 ab

C.V. (%) 6,3 9,2 9,2

Pousio 61.696 c 120 c 13,8 d Pousio+N 73.065 b 128 bc 14,8 c

Soja

78.976 a 160 a 18,4 a C.V. (%) 4,6 3,2 3,2

Pousio 68.600 b 128 b 14,8 b Pousio+N 74.315 ab 133 b 15,4 b

Soja

80.029 a 155 a 17,8 a C.V. (%) 5,2 4,7 4,7

Média dos três anos Pousio 68.561 c 123 c 14,1 c

Pousio+N 74.583 b 132 b 15,2 b Soja

85 a 148 80.383 a 150 a 17,1 a

C.V. (%) 5,5 5,7 5,7 Masca (1994) Os acréscimo ios na pro

77.767 ab 122 b 14,1 ab Mucuna-preta 84.553 a 16,2 a

Crotalaria juncea

1985/86

66.309 c 132 b 15,2 c Mucuna-preta 77.470 ab 152 a 17,6 b

Crotalaria juncea

1986/87

75.089 a 130 b 15,0 b Mucuna-preta 79.732 a 151 a 17,4 a

Crotalaria juncea

75.055 b 128 bc 14,7 bc Mucuna-preta 80.5 a 17,3 a

Crotalaria juncea

Fonte: renhas et al.

s méd dutividade da cana-de-açúcar em relação aos

tratamentos sem adubo verde foram de 22, 20, 7 e 4% após, respectivamente

ja.

is anos de pousio com ou sem aplicação de

N min

Crotalaria, mucuna, pousio +N e so

Em outro estudo Mascarenhas et al, (1994) efetuaram cultivo na cana-de-

açúcar sucedendo a dois anos de leguminosas, crotalarias, mucuna e soja

consecutiva ou asssociativamente e do

eral, com o objetivo de avaliar o efeito de dois anos de leguminosas no

controle de nematóides, principalmente M. javanica.

13

Page 14: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

Nesse experimento, o cultivo de cana-de-açúcar, sucedendo a dois anos de

Crotalária, dois anos de mucuna e soja-mucuna, foi o melhor tratamento, não

diferindo entre si, quando se avaliaram os rendimentos bianuais da cana-de-

açúca

te pela mesma causa apontada anteriormente, ou seja, a

baixa

Produção de fitomassa , t/ha

r. Quando o segundo cultivo da leguminosa foi soja, independente da

espécie anterior, a produtividade de cana-de-açúcar foi menor que nos

tratamentos testados. Isso pode significar que o efeito da matéria orgânica

produzida pela mucuna no primeiro cultivo já havia desaparecido, mesmo som o

posterior cultivo da soja.

Os tratamentos soja-soja e mucuna-soja proporcionaram respostas

estatisticamente semelhantes entre si e ligeiramente superiores ao pousio-pousio

+ N mineral, provavelmen

produção de matéria orgânica da soja (tabela 7). A testemunha pousio–

pousio foi o pior tratamento, e os demais tratamentos apresentaram acréscimos

percentuais de 39% (crotalaria-crotalaria), 33% (mucuna-mucuna), 27% (mucuna-

soja), 26% (soja-soja) e 20% (posio-pousio).

Tabela 7 – Produção de fitomassa verde da parte aérea das espécies empregadas como adubo verde e grãos de soja. Sales Oliveira, SP, Brasil, 1983/84, 1984/85,1986/87

Tratamentos 1983/84 1984/85 Pousio-Pousio --- ---

Pousio-Pousio+N --- --- Soja-soja 2,1 2,1

21,0 1 8,7

Soja-mucuna 2,2 2,1

19 1986/87 85/86Pousio-Pousio --- ---

--- Soja-soja 2,2 2,3

26,6

Soja-mucuna 2,3 2,2

Fonte: Mascarenhas et al., 1994

Mucuna-mucuna 18,6 Crotalaria-crotalaria 18,0

19,5 Mucuna-soja 18,2

Pousio-Pousio+N ---

Mucuna-mucuna 20,7 Crotalaria-crotalaria 23,4 21,5

23,8 Mucuna-soja 22,9

14

Page 15: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

A pratica da adubação verde c leguminosas na cultura da cana-de-

açúca rma do canavial (C so 1956),

proporcionando as seguintes vantagens: não implica na perda de um ano agrícola;

não in

e a facilidade de obtenção de sementes. Contudo Caceres (1994)

conclu

guminosas (Caceres, 1994).

om

refo ardor é recomendada durante a

terfere na germinação da cana; apresenta custos relativamente baixos;

promove aumentos significativos nas produções cana e de açúcar em pelo menos

dois cortes; protege o solo contra erosão e evita a multiplicação de ervas

daninhas.

Diversas leguminosas podem ser usadas na adubação verde, sendo a

definição de espécie condicionada a adaptação local, à produção de massa verde,

ao preço

iu que os melhores adubos verdes para a cultura de cana-de-açúcar foram

a Crotalaria juncea e C. spectabilis obtendo respectivamente em produções de

primeiro corte 133,1 e 133,9 t/ha de colmos.

A Tabela 8 apresenta a extração de nutrientes por diversas leguminosas.

Tabela 8. Extração de macronutrientes por le

Leguminosa N P K Ca Mg S ------------------------------------Kg/ha ---------------------------------

Crotalaria juncea 235 18,5 101,5 53,3 29,1 16,3

C.rotalaria spectabilis 113,4 8,8 94,5 7,6

Guandu

27,3

F

63 15,5

141,9 10,5 62,2 25,3 10,5 8,8

Mucuna anã 81 6,3 36,6 18,6 7,5 4,2

Mucuna preta 105,3 6,6 41 9 5,5

Lablabe 94,5 8,8 48,7 22,8 9,1 8,1

eijão-de-porco 190 10 67,5 50,5 18 10,5

pres os re ados ime btido a Us o

João (Araras – SP) utilizando adubos verdes.

A seguir são a entad sult exper ntais o s n ina Sã

15

Page 16: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

EXPE

OMPARAÇÕES DE MÉDIAS ENTRE FATORES EXPERIMENTO 02 - LE - LATOSSOLO – DISTRÓFICO

RIMENTO 02 - LE - LATOSSOLO – DISTRÓFICO

Produção expressa em t/ha.

4- P.D. Calagem Após Sulc Com Leg 127,6a 78,9a 100,6a 59,5a 91,6a5- P. Convencional Sem Leguminosa 119,4a 74,5a 91,3a 59,2a 86,1a6- P. Convencional Com Leguminosa 131,3a 84,7a 105,3a 70,7a 98,0aMÉDIA/CORTE 124,7 78,3 99,7 63,4 91,5

Tratamentos MÉDIA1o 2o 3o 4o TRAT.

1 102,3a 67,1a 92,7a2 om Leg 125,1a 81,5a 100,0a 61,9a 92,1a3- P.D. Calagem Após Sulc Sem Leg 122,4a 71,1a 98,5a 61,6a 88,4a

CORTE

- P.D. Calagem Antes Sulc Sem Leg 122,3a 79,1a- P.D. Calagem Antes Sulc C

C

PLANTIO DIRETO 124,3a 77,7a 100,4a 62,5a 91,2aPLANTIO CONVENCIONAL 125,4a 79,6a 98,3a 65,0a 92,1aDiferença = P.D. - P.C. -1,0 -1,9 2,0 -2,4 -0,8

CALAGEM SUP. ANTES SULCAÇÃO 123,7a 80,3a 101,a 64,5a 92,4aCALAGEM SUP. APÓS SULCAÇÃO 125,0a 75,0b 99,6a 60,6a 90,0aDiferença = Antes - Depois -1,3 5,3 1,6 4,0 2,4

MÉDIAS1o 2o 3o 4o MÉDIA

81,7a 102,0a 64,0a 93,9ab 97,4a 62,7a 89,1b

Diferença = C/L - S/L 6,6 6,8 4,6 1,4 4,8

CORTE

COM LEGUMINOSA 128,0aSEM LEGUMINOSA 121,4a 75,0

16

Page 17: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR (TCH) EXPERIMENTO 01 - PV - PODZÓLICO - EUTRÓFICO

COMPARAÇÕES DE MÉDIAS ENTRE FATORES EXPERIMENTO 01 - PV - PODZÓLICO – EUTRÓFICO

5- P.Convencional S/L 125,0a 83,6a 100,9a 75,8a 96,3a6- P. Convencional C/L 141,2a 87,7a 95,3a 81,6a 101,5aMÉDIA/CORTE 134,5 85,8 97,5 76,0 98,5

Tratamentos MÉDIA1o 2o 3o 4o TRAT.

1- P . Cal. Sup. Antes Sulc S/L 130,4a 80,0a 92,3a 69,1a 92,9aa 84,7a 92,6a 75,0a 98,6a

101,4a 78,9a 101,3a4- P.D. Cal. Sup Pós Sulc C/L 133,6a 88,8a 102,7a 75,8a 100,2a

CORTE

.D2- P.D. Cal. Sup.Antes Sulc C/L 142,33- P.D. Cal. Sup Pós Sulc S/L 134,7a 90,2a

RESUMO GERAL - PRODUÇÃO - (t/ha)

PLANTIO CONVENCIONAL 133,1a 85,7a 98,1a 78,7a 98,9Diferença = P.D. - P.C. 2,2 0,3 -0,8 -4,0 -0,6

Tratamentos MÉDIA1o 2o 3o 4o TRAT.

LE - LATOSSOLO DISTRÓFICO 124,7 78,3 99,7 63,4 91,5PV - PODZÓLICO EUTRÓFICO 134,5 85,8 97,5 76,0 98,5

CORTE

MÉDIAS 1o 2o 3o 4o MédiaCOM LEGUMINOSA 139,0a 87,1a 96,9a 77,5a 100,1S 7 96,9Difere a = COM - SEM 9,0 2,5 -1,3 2,9 3,3

a 97,3a 74,7a 98,3

EM LEGUMINOSA 130,0a 84,6a 98,2a 4,6anç

PLANTIO DIRETO 135,2a 85,9

DIFERE ÇA = PV - LE 9,8 7,5 -2,1 12,7 7,0N

17 -50

0

50

100

150

Prod

ução

(t/h

a)

1o 2o 3o 4o MÉDIA

PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR (t/ha). Usina São João. Exp. Plantio Direto

LEPVDIFER.

Page 18: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

4. Benefícios da adubação verde

As vantagens da adubação verde são inúmeras como: auxilio na

s que sã orvidos e retidos na planta, aumento da

matéria orgânica entre outros. Esses podem ser divididos em químicos, físicos e

biológicos.

4.1. Efeito sobre os atributos químicos

A adubação verde no solo pode proporcionar, dependendo das condições,

diversos efeitos como: aumentos no teor de matéria orgânica e maior

disponibilidade de N e outros nutrientes; redução temporária da disponibilidade de

N; redução na lixiviação e aumento da nitrificação e da desnitrificação;

concentração dos nutrientes na camada arável.

Muzzili (1986) lembra que, à exceção do nitrogênio, cuja maior parte é

fixada do ar a partir da simbiose, os demais nutrientes são retirados do próprio

solo, isso ocorre pelos efeitos de reciclagem e mobilização de nutrientes de

formas pouco assimiláveis para formas mais disponíveis às culturas comerciais,

associadas a outros benefícios proporcionados pela adubação verde na melhoria

da produtividade do solo, mostram que a pratica vem constituindo excelente

complemento da adubação mineral em solos com limitações de fertilidade.

Yadov et al. (1986) citados por Caceres (1994) encontraram aumentos nos

teores de matéria orgânica e N do solo após 6 ciclos de utilização de adubação

verde com Crotalaria juncea plantada em anos alternados entre a colheita e o

replantio de cana-de-açúcar, propiciando inclusive a obtenção de altas produções

de cana durante os 12 anos de cultivo intensivo.

4.2. Efeito sobre os atributos físicos

O efeito da adubação verde aos atributos físicos do solo pode ser encarado

como resultante do incremento da matéria orgânica do solo; assim promovendo

conservação dos nutriente o abs

18

Page 19: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

melhoria na estrutura do sub-solo visto que suas raízes aprofundam criando assim

um melhor ambiente para o desenvolvimento da cultura;

Os adubos verdes ainda em desenvolvimento, previamente à incorporação,

exercem presença marcante sobre a proteção do solo, principalmente nas

camadas superficiais, contra os fatores ambientais, sobretudo radiação solar,

impacto das gotas de chuvas, que destroem os agregados do solo promovendo a

obstrução dos poros superficiais pelo acumulo de argilas, resultando na redução

da capacidade de infiltração de água no solo, favorecendo o escorrimento

horizo afeta sensivelmente a amplitude de

variações térmica, armazenamento e evaporação de água do solo e perdas por

erosão

studando a recuperação

de sol

senvolvimento, estabelecendo a partir da natureza

do ma

ísicas do solo

pela proliferação de minhocas.

ntal do excesso de água. Esta proteção

; indiretamente também suprime ou diminui a infestação de plantas

daninhas principalmente gramíneas; também propicia um aumento na capacidade

de retenção de água do solo.

Olsen & Jnes (1989) citado por Caceres (1994) e

os decapitados (sem o horizonte superficial), observaram que a adubação

verde promoveu aumento no teor de matéria orgânica dos solos, porem com um

modesto efeito sobre a densidade da camada de 0 a 30 cm, que apesar de tudo,

recuperou a capacidade produtiva, comparável à de solos erodidos.

4.3. Efeitos sobre atributos biológicos

Assim como os atributos físicos do solo, a atividade biológica é afetada pela

adubação verde devido ao efeito exercido sobre a matéria orgânica do solo que,

por sua vez, supre os microrganismos presentes com as substancias orgânicas e

inorgânicas necessárias ao de

terial vegetal adicionado, um maior desenvolvimento de determinados

organismos microbianos, intensificando processos bioquímicos, que resultam na

melhoria da capacidade produtiva dos solos. Esta melhoria provém desde a

liberação de nutrientes antes indisponíveis, melhorias na absorção de nutrientes e

água devidos a fungos micorrízicos, até a melhoria das condições f

19

Page 20: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

Outro efeito importante exercido por determinadas espécies utilizadas como

adubos verdes é no controle de nematóides. Resck et al. (1982) observaram que s

tratam

tância aos mesmos. Os efeitos da matéria orgânica nos solos são de

ordem química, física e biológica, sendo seu conteúdo, em quantidade

aixa adição de resíduos vegetais, propiciando nessa

situação, processos de degradação das propriedades químicas, físicas e

biológicas e conseqüentemente queda de produtividade das culturas e manejo não

sustentável.

cuperação dos teores de matéria

orgânica nos sistemas de cultivo irrigado de feijão é medida de extrema

import

entos de adubos verdes diminuíram drasticamente a população de

nematóides.

Macedo & Botelho (1995) citados por Caceres (1994) avaliando os efeitos

de seis espécies de leguminosas sobre a população de nematóides e cupins, e a

produção de cana-de-açúcar, concluíram que a Crotalaria juncea reduziu a

população de cupins e a C. spectabilis teve maior efeito sobre a inibição da

população de nematóides.

5. Matéria Orgânica

5.1. Importância em solos tropicais

Em solos tropicais altamente intemperizados, a matéria orgânica possui

grande impor

significativa, indispensável para as correlações entre estas propriedades.

Entretanto, o uso agrícola altera esse conteúdo, sendo observada redução

acentuada quando são utilizados métodos de preparo com intenso revolvimento

do solo e sistemas com b

Neste sentido a manutenção ou re

ância para a manutenção da capacidade produtiva dos mesmos e

manutenção de sistema sustentável.

20

Page 21: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

5.1.1. Efeitos Químicos da matéria orgânica

Entre as características químicas afetadas pela matéria orgânica,

destacam-se disponibilidade de nutrientes para as culturas, a capacidade de troca

de cátions e a complexação de elementos tóxicos e micronutrientes, fundamentais

em so

matéria orgânica pode representar grande

percentual da CTC total do solo (70 a 90%). Desta forma é fundamental para a

retenção de nutrientes e na diminuição da lixiviação dos mesmos.

uanto à complexação de micronutrientes metálicos por substancias

húmicas (Canellas et al., 1999), a diminuição da toxidez de elementos tóxicos e o

aumento da disponibilidade de micronutrientes são muito influenciados pela

presen

e cobre, entre outros, por ácidos

orgâni

o,

decorr

nica é

a agre

los tropicais.(Bayer & Mielniczuk, 1999)

A matéria orgânica é fonte fundamental de nutrientes para as plantas,

disponibilizando principalmente ânions como nitrogênio, fósforo, enxofre e boro.

Em solos tropicais, a CTC da

Q

ça de ácidos orgânicos de baixo peso molecular na solução do solo.

Em relação aos micronutrientes, a formação de complexos com compostos

orgânicos reduz a possibilidade da precipitação como óxidos nos solos. Dessa

forma, a complexação (quelação) de zinco

cos de baixo peso molecular aumenta a sua disponibilidade, pois o quelato

torna-se forma de deposito desses elementos. A meia-vida muito curta do quelat

ente da rápida decomposição do composto orgânico pelos

microorganismos, resulta na liberação de forma contínua e gradativa dos

micronutrientes para as plantas. (Bayer & Mielniczuk, 1999).

5.1.2. Efeitos físicos da matéria orgânica

A principal característica física do solo influenciada pela matéria orgâ

gação. A partir do seu efeito sobre a agregação do solo, indiretamente são

afetadas as demais características físicas do solo, como a densidade, a

porosidade, a aeração, a capacidade de retenção e a infiltração de água, entre

21

Page 22: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

outras, que são fundamentais para a capacidade produtiva do solo. (Bayer &

Mielniczuk, 1999)

Uma vez sendo os agregados, unidades básicas da estrutura do solo, a

matéria orgânica por sua vez tem papel fundamental nos fatores que regem a

estabilização destes agregados.

.1.3. Efeitos Biológicos da matéria orgânica

sobressaem em quantidade e importância no solo. O efeito da

matéri

solo. (Bayer & Mielniczuk, 1999)

tais. (Bayer &

Mielniczuk, 1999).

5

A matéria orgânica atua diretamente nas características biológicas do solo,

pois atua como fonte de carbono, energia e nutrientes para os microrganismos

quimioheterotróficos e, através da mineralização do nitrogênio e enxofre orgânico

atua como fonte de energia aos microrganismos quimiautróficos. Esses dois tipos

de microrganismos

a orgânica sobre os microrganismos pode ser avaliado a partir da biomassa

e atividade microbiana, parâmetros que representam integração de efeitos desta

sobre as condições biológicas do

6. Manejo da matéria orgânica

Como dito anteriormente, em regiões tropicais, a degradação da fração

orgânica do solo em condições inadequadas de manejo é rápida e vem

acompanhada de processo global de degradação de características químicas,

física e biológica dos solos. Sendo assim nessas regiões, o manejo adequado

para conservação do solo e produtividade das culturas deve ter como premissa a

utilização de métodos de preparo com mínimo ou nenhum revolvimento (plantio

direto) e sistemas de rotação/sucessão de culturas que incluam plantas

leguminosas e culturas com alta produção de resíduos vege

22

Page 23: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

7. Recomendações para adubação verde em cana-de-açúcar

As espécies mais indicadas atualmente para a adubação verde em cana-

de-açúcar são as crotalárias, dentre elas a que mais se destaca é a Crotalaria

juncea.

7.1. Crotalaria juncea

A Crotalaria juncea, é espécie originária da Índia, com ampla adaptação às

regiões tropicais. As plantas são arbustivas, de crescimento ereto e determinado,

produzem fibras e celulose de alta qualidade, próprias para a indústria de papel e

outros guminosas

para adubação verde de mais rápido crescimento, 3,0 a 3,5 metros de altura. A

produt

Crotalaria juncea, como adubo verde, apresenta as seguintes vantagens:

Diminui o assoreamento dos sulcos de plantio, facilitando a germinação;

spécie em adubação verde, consiste em semeadura

durante o período de outubro e novembro, podendo esta ser realizada à lanço em

área to

linha com espaçamento de 0,5 m (25kg de sementes por ha, densidade de 25

semen o

florescimento (cerca de 100 dias) proceder com a roçagem, picação ou

fins. Recomendada para adubação verde, é uma das espécies le

ividade normal pode atingir cerca de 10 a 15 t/ha de matéria seca e 500 a

1000 kg/ha de sementes.

A

• Controla a erosão;

• Recicla nutrientes percolados;

• Reduz a adubação nitrogenada de plantio;

• Diminui a incidência de ervas daninhas;

• Descompacta o solo;

• Aumenta a produtividade.

O manejo desta e

tal (30kg de sementes por ha, densidade de 60 sementes por m2), ou em

tes por m linear), sendo a profundidade de semeadura entre 2 e 3 cm; e a

23

Page 24: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

acama o 90 dias para manejo da

Crotal da biomassa em termos de custo

benefício, ou seja, se o manejo for feito antes de 90 dias, a biomassa produzida

não justificará a prática. Caso a área tenha sido submetida a preparo de solo

adequado antes da implantação do adubo verde, pode-se realizar a operação de

sulcaç

ação ecológica, recomendada para adubação

verde.

e é

recom

.3. Crotalaria paulina schrank

Apresenta plantas arbustivas, eretas, de crescimento determinado,

desen

mento. Recomenda-se esperar no mínim

aria, para que haja melhor aproveitamento

ão logo após a roçada da Crotalária, sendo este o manejo mais correto do

ponto de vista conservacionista.

As espécies Crotalárias também são excelentes opções para controle de

nematóides. Estas atuam atraindo nematóides juvenis, permitindo a acomodação

localizada destes no sistema radicular até abortarem estes pontos infestados,

promovendo assim a morte destes parasitas no interior das raízes infectadas.

A Crotalaria juncea é considerada má hospedeira de nematóides

formadores de galhas e cistos.

7.2. Crotalaria spectabilis roth

Espécie de ampla adapt

Sugere-se seu emprego como planta-armadilha em solos infestados por

nematóides formadores de galhas. Suas plantas são arbustivas de crescimento

ereto e determinado, relativamente precoces, apresentando, quando maduras, 1 a

1,5 de altura, tendo porem, desenvolvimento inicial lento. Esta espéci

endada para a região nordeste do Brasil, onde se tem problemas sérios

devido a nematóides.

7

volvimento inicial lento, ciclo tardio acima de 240 dias recomendada para

adubação verde, podendo atingir normalmente 3- 3,5 m de altura, em semeaduras

no inicio do ano agrícola.

24

Page 25: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

7.4. Crotalaria ochroleuca

Possui a vantagem de desenvolvimento em solos quimicamente pobres e

com baixo teor de matéria orgânica.

as tabelas abaixo são apresentados todas as características necessárias

para o

N

cultivo das Crotalárias tais como, espécie, cultivar, família, semeadura,

ciclo, entre outras informações.

25

Page 26: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

Tabela 9: Crotalaria breviflora Tabela 10: Crotalaria juncea

Espécie - Cultivar - Família Nome Comum Crotalária breviflora

Cultivar Comum Nome Científico Crotalaria breviflora

Família Leguminosa

Características da Espécie Massa Verde (t/ha) 15-20 Massa Seca (t/ha) 3-5

N (kg/ha) 98-160 Altura (m) 0,8-1,0

Hábito de Crescimento Arbustiva ereto Hábito de Crescimento ArCiclo até o florescimento

(dias) 90-100

Peso de 1.000 sementes (g) 19,0

eadura

Espaçamento (m) Sementes/metro

linear 33 Linha

Densidade (kg/ha) 12 Sementes / m² 80o

Densidade (kg/ha) 15 Ideal Época

Set/Dez

Germinaç

té o florescimento (dias) 90-120

Peso de 1.000 sementes (g) 49,0

adura

Espaçamento (m) Sementes/metro

linear 25 Linha

Densidade (kg/ha) 25 Sementes / m² 60

Densidade (kg/ha) 30 Ideal Época

Set/Mar

Germinaç

Sem

Profundidade (cm) 2 a 3

0,50

Em

A lanç

Out/Nov Possível

Qualidade da Semente ão (%) 75 Padrões mínimos

Pureza (%) 98

Espécie - Cultivar - Família Nome Comum Crotalária juncea

Cultivar IAC-KR1 Nome Científico Crotalaria juncea

Família Leguminosa

Características da Espécie Massa Verde (t/ha) 50-70 Massa Seca (t/ha) 15-20

N (kg/ha) 300-400 Altura (m) 2,0-3,0

Qualidade da Semente ão (%) 70 Padrões mínimos

Pureza (%) 98

Out/Nov Possível

A lanço

Seme

Profundidade (cm) 2 a 3

0,50

Em

bustiva ereto Ciclo a

26

Page 27: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

Tabela 11: Crotalaria spectabilis Tabela 12: Crotalaria ochroleuca

Espécie ília - Cultivar - FamCrotalária spectabilis

Cultivar CCrotalaria spectabilis

Características da Espécie

) 20-30

Espécie lia - Cultivar - FamíCrotalária ochroleuca

Cultivar CCrotalaria ochroleuca

Características da Espécie

) 20-30

Nome Comum omum

Nome Científico Família Leguminosa

Massa Verde (t/haMassa Seca (t/ha) 4-6

N (kg/ha) 60-120 Altura (m) 1,2-1,5

Hábito de Crescimento Arbustiva ereto Hábito de Crescimento ArbuCiclo até o florescimento

(dias) Peso de 1.000 sementes (g) 18,0

(cm) 2 a 3

(dias) Peso de 1.000 sementes (g) 5,0

(cm) 2 a 3

90-100

Semeadura

Profundidade

Espaçamento (m) 0,50 Sementes/metro

linear 33 Em Linha

Densidade (kg/ha) 12 Sementes / m² 80 A lanço

Densidade (kg/ha) 15 Ideal Out/Nov Época

Possível Set/Dez

Qualidade da Semente Germinação (%) 75 Padrões mínimos

Pureza (%) 98

Massa Verde (t/haMassa Seca (t/ha) 7-10

N (kg/ha) 133-200 Altura (m) 1,5-2,0

stiva ereto Ciclo até o florescimento 120-150

Semeadura

Profundidade

Espaçamento (m) 0,50 Sementes/metro

linear 30 Em Linha

Densidade (kg/ha) 4 Sementes / m² 75 A lanço

Densidade (kg/ha) 5 Ideal Out/Nov Época

Possível Set/Dez

Qualidade da Semente Germinação (%) 75 Padrões mínimos

Pureza (%) 98

omum Nome Científico

Família Leguminosa

Nome Comum

27

Page 28: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

8. Custo da adubação verde

Segundo Mascarenhas at al. (1994) em termos de prod a

o custo de ão desta sa em áreas de reforma equivale a, no

máximo, 10 t/ha de cana-de-açúcar. Mascarenhas et al. (1994) mostraram que o

sistema utilizando adubo verde proporciona, em m e

produtividade de 27 toneladas, restando 17 toneladas de lucro par

BSERVAÇÕES: Sabe-se que a Crotalaria possui ação nematicida,

portanto os custos com tratamentos nematicida podem ser reduzidos.

o em médias usados 30 kg de sementes/ha,

o custo do quilo da semente gira em torno de R$ 5,0 à 6,0 reais, portanto o custo

total s

utividade: -Crotalari

juncea- produç legumino

édia, um aumento d

a o agricultor.

O

• Em Termos Financeiros - (sã

eria de R$ 150,00 a 180,00 /ha + custo de aplicação).

• O custo de aplicação, dependendo da maneira de semeadura poderá

estar de R$ 20,00 a 25,00 / ha para aplicação a lanço e cerca de R$ 30,00 a 35,00

/ha para uso de semadora.

9. Formas de Semeadura

A semeadura de crotalaria pode ser feito de diversas formas: em linha, a

lanço ou ainda incorporando com o escarificador.

28

Page 29: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

a) Semeadura em linha utilizando semeadoras podendo ser convencional ou direto

ha

Figura 2. Semeadura convencional em lin

Fonte: Piraí Sementes

Figura 3. Semeadura direta em linha

Fonte: Piraí Sementes

29

Page 30: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

b) Distribuidor pendular

Figura 4. Distribuidor pendular de sementes em semeadura convencional

Fonte: Piraí Sementes

Figura 5. Distribuidor de discos de sementes em semeadura convencional

c) Distribuidor de discos

Fonte: Piraí Sementes

30

Page 31: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

d) Incorporação junto com escarificação

O equipamento atualmente disponível no mercado capaz de realizar este

tipo de operação é o Asa Laser KS produzido pela empresa Stara Sfil.

Subsolador com Kit de Sementes, descompacta, semeia e incorpora na

mesma operação.

O maior benefício deste equipamento é evitar o readensamento do solo,

pois as plantas terão oportunidade de expandir seu sistema radicular num solo

macio, ocupando rapidamente todo o volume de seu perfil, antes que ocorra o

readensamento natural, o que é comum em solos que não estão em boa estrutura

e/ou com baixos teores de MO, contribuindo assim, para sua reestruturação.

Por diminuir algumas operações como gradagens e semeadura, o uso do ASA

LASER lantação, nas quais é possível

a distribuição à lanço de culturas como: Aveia, azevém e milheto em áreas de

plantio direto e brachiárias em pastagens.

* Asa Laser com disco de corte e rolo nivelador destorroador;

* Descompacta, semeia e incorpora as sementes na mesma operação;

* Deixa o solo preparado, sem a necessidade da entrada subsequente de outras

máquinas para realizar a semeadura;

* Os discos de corte permitem o uso do Asa Laser mesmo depois da colheita, com

grande quantidade de restos culturais;

* O rolo nivelador e destorroador com molas helicoidais possui pressão regulável

de 1800Kg e incorpora as sementes ao solo;

* Pioneiro no mercado com sistema de desarme automático, rearma o braço com

um simples retorno de apenas 30 cm sem a necessidade de levantar o

implemento do solo, aumentando o tempo real de trabalho.

KS, permite uma redução de custos na imp

31

Page 32: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

Especificações técnicas do Asa Laser KS – Stara Sfil

Especificações 5 hastes 7 hastes 9 hastes 11 hastes 13 hastes

Largura Trab. 2,00 m 2,80 m 3,60 m 4,40 m 5,20 m

Profundidade do Trab. 0,45 m

Potência exigida - cv 75 à 105 105 à 130 130 à 160 160 à 220 220 à 280

Peso (kit + subsolador) - kg 1535 1895 2035 3000 3385

Cap. Caixa de Sementes - l 225 315 405 495 585

Figura 6. Implemento Asa Lazer KS

Fonte: Stara Sfil

32

Page 33: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

9.1. Detalhe do sistema de plantio direto / cultivo mínimo Figura 7. Crotalaria em sistema plantio direto

Fonte: Piraí Sementes

Figura 8. Emergência da Crotalaria em preparo reduzido

Fonte: Piraí Sementes

33

Page 34: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

10. Sistema de utilização de adubos verdes

a) Incorporação ao solo Sistema pouco recomendado, pois:

• Não deixa “cobertura no solo”, expondo-o ao impacto da chuva e

conseqüentemente aos problemas de erosão

• Promove a rápida decomposição da matéria orgânica (solos

tropicais)

• Desagrega a superfície do solo, principalmente devido ao uso da

grade, interrompendo os benefícios físicos/biológicos dos adubos

verdes.

Equipamentos 1) Arado

b) Aivecas

Obs: Baixo rendimento operacional - = 0,4 a 0,6 ha/h

Figura 9. Aração da Crotalaria

a) Discos

Fonte: Piraí Sementes

34

Page 35: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

2) Grade a) P sada- “destruição de soqueira de cane a – aradoras

b)

c) Lev

Obs: Os rendimentos operacionais são bons - = 1,3 a 1,6 ha/h

Util r

grande para e

Figura 10. Gradagem da Crotalaria

Média – “aradoras”

e – “niveladoras

iza a média, pois a niveladora não opera bem e a pesada é muito

sse tipo de operação

Fonte: Piraí Sementes

35

Page 36: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

b) Na superfície do solo como cobertura morta

É o mais recomendado, pois:

nto reduz os

riscos

ição da matéria orgânica, possibilitando um

efeito mais prolongado

dos benefícios físicos /biológicos dos

adubos verdes

d) Auxilia no controle das plantas daninhas (competição por luz)

e) Ajuda na redução da perda de água do solo por evaporação

Equipamentos

1) Roçadeira a)Simples

b)Dupla

Observações:

Rendimentos operacionais:

simples = -0,5 a 0,8 ha /h (baixo)

Dupla = 1,0 a 1,2 ha/h (

− O material cortado é de grande tamanho. (Crotalária vs anuais)

− Necessita de um certo acabamento superficial do preparo do solo

para que as facas não cortem torrões – danos.

− Necessita de TDP, e freqüente afiamento das facas

− Operação para áreas de porte pequeno /médio, e para culturas

perenes e anuais posteriores

a) Protege o solo contra o impacto das gotas da chuva e porta

de erosão

b) Evita a rápida decompos

c) Permite uma maior persistência

médio)

36

Page 37: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

Figura 11. Roçagem da Crotalaria

Fonte: Piraí Sementes

2) Triturador Largura de trabalho = 2,0 a 3,0 m

Observações:

− l= 1,0 a 1,6 ha/h (médio)

− -Pica a matéria verde (fitomassa) em tamanho adequado

− l do preparo do solo

para que as facas não peguem os torrões

− -Exigente em esforço na TDP, e necessita de afiamento das facas

− te médio, e para culturas perenes e

anuais posteriores

-Rendimento operaciona

-As facas não atuam em superfície do solo

-Necessita de um bom acabamento superficia

-Operação para área de por

37

Page 38: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

Figura 12. Trituragem da Crotalaria

Fonte: Piraí Sementes

Lar r conhecido)

Ob v

édio /baixo)

− itar que a matéria verde

s posteriores. Para cana-de-açúcar não tem

problemas)

− -O tamanho do material picado é função do espaçamento das facas

no cilindro

− Operação para áreas de porte médio /grande, e para culturas

3) Rolo faca gu a de trabalho = cerca de 2,0 m (não tem fabricante

ser ações:

− Rendimento operacional = 0,8 a 1,0 ha/h (m

− Adequado para solos de textura média /arenosa (Argila ≤ 20%)

As facas necessita de afiamento para ev

fique mal cortada

− Deixa a superfície do solo irregular, podendo dificultar a semeadura

de culturas anuai

perenes e anuais

38

Page 39: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

Figura 13. Rolo-faca na destruição da Crotalaria

Fonte: Piraí Sementes

Figura 14. Área sulcada após destruição com rolo-faca

Fonte: Piraí Sementes

39

Page 40: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

Figura 15. Área plantada após destruição com rolo-faca

Fonte: Piraí Sementes

4) Tombador ou “ poste” Largura de trabalho = cerca de 5 a 6 m (não tem fabricante, é improvisado

na propriedade)

Observações:

− Alto rendimento operacional = 2,5 a 3,0 ha/h

− Equipamento muito rústico

− Necessita de um razoável controle de operação, pois o sentido de

operação condiciona o plantio posterior

− A largura de trabalho deve estar associada com múltiplos do

espaçamento da cultura posterior

− Poderá gerar problemas de embuchamento no sulcador

− Uso para culturas: tipo cana-de-açúcar, não necessita de um

acabamento rigoroso para o preparo do solo

− Uso de grandes sulcadores

40

Page 41: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

Figura 16. Utilização do poste para manejar a Crotalaria

Fonte: Piraí Sementes

Figura 17. Visão geral após passar o poste

Fonte: Piraí Sementes

41

Page 42: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

Figura 18. Crotalaria quebrada após passar poste

Fonte: Piraí Sementes

Figura 19. Sulcação em área manejada com poste.

Fonte: Piraí Sementes

42

Page 43: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

5) Para-choque

− Única operação: tombamento da crotalária e sulcação / adubação

− Maior economia

− Pode gerar problemas de visibilidade para o tratorista

− Problemas no paralelismo do sulco, porém amenizados com

adaptação do marcador de disco

− Rendimento operacional similar ao sulcação / adubação

Figura 20. Visão geral do “para-choque”

Fonte: Piraí Sementes

43

Page 44: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

Figura 21. Sulcação utilizando o para-choque

Fonte: Piraí Sementes

Figura 22. Visão geral do “para-choque” modelo Coopersucar

Fonte: Piraí Sementes

44

Page 45: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

Figura 23. Sulcação utilzando o “para-choque” modelo Coopersucar

Fonte: Piraí Sementes

Figura 24. Adapatação do maracador de disco para melhorar o paralelismo

dos sulcos

Fonte: Piraí Sementes

45

Page 46: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

11. Considerações finais

Considerando as condições da Usina São Manoel, sugere-se a utilização da

Crotalaria juncea como adubo verde antecedendo o plantio da cana-de-açúcar.

Com objetivo a maximizar o retorno da prática sugerida, recomenda-se:

a) Áreas: solos arenosos, de textura média e/ou argissolos (Podzólicos)

com sério potencial de conservação do solo e/ou baixa fertiliadade;

b) Semeadura b.1) A lanço: nessa operação obtem-se maior rendimento no plantio; 30

kg/ha de semente

b.2) Em linha: semeadura mais recomendada, pois com equipamento

pronto para este tipo de sem izar semeadura com preparo

convencional e/ou direta/reduzido; 25 kg/ha de semente

a é de meados de outubro a meados de novembro, visto que a

Crotalaria juncea é uma planta muito responsiva a fotoperíodo e tempo suficiente

para que se forme uma biomassa suficiente para seu manejo;

d) Manejo da Fitomassa: deve-se esperar no mínimo 90 dias para que se

realize o manejo, pois antes desse período o custo de sua produção não

compensará pela fitomassa produzida. O manejo mais simplificado da biomassa

produzida, é utilizando-se o rolo-faca, proporcionando bom rendimento

operacional, boa visibilidade na sulcação, menor embuxamento na sulcação e

menor erro de paralelismo de sulcos. Contudo o sistema de “Para Choque” evita

a necessidade de opração exclusiva para a Crotalaria juncea, pois a operação

de manejo da biomassa e sulcação/adubação são realizadas em uma única

operação.

Na tabela 13 está apresentado a seqüência e descrição das operações

básicas realizadas no empre ão verde.

eadora, é possível real

c) Época de semeadura: a época mais adequada para realizar a

semeadur

go da prática da adubaç

46

Page 47: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

Tabela 13 – Seqüência e descrição das operações realizadas no emprego da

prática da adubação verde.

Operações de Reforma / Expansão Preparo convencional Preparo reduzido / Plantio Direto

1- Gradagem pesada 1- Dessecação da soqueira

lagem 2- Calagem 2- Ca

3- Gradage 3- Gessagem m intermediária

4- Gessagem 4- Subsolagem / Reduzido

solagem 5- Sub 5- Fosfatagem

6- Fosfatag me 6- Semeadura da Crotalaria juncea

bamento – gradagem intermediária 7- Manejo da Fitomassa

eadura da Crotalaria juncea 8- Sulcação/Adu

7- Aca

8- Sem bação para cana-de-açúcar

9- Manejo da Fitomassa 9- Plantio da cana-de-açúcar

lcação/Adubação para cana-de-açúcar 10- Cobrição

antio da cana-de-açúcar

obrição

10- Su

11- Pl

12- C

2. Cronograma das operações Nas tabelas 14 e 15 estão apresentados os cronogramas das operações,

endo a tabela 14 referente ao cultivo com preparo de solo convencional e a

bela 15 referente ao cultivo com preparo reduzido.

1

s

ta

47

Page 48: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

Tabela 14: Cronograma das operações para cultivo com preparo de solo convencional

2005 2006

JUN JUL AGO NOV A FEV R ABR SET OUT DEZ J N MAOprações

. 2ª ª q. 2ª q. 1ª q. 2ª q. ª 1 1ª q. 2ª q. 1ª ª q. 1ª q. 2ª q 2ª q. 1ª q. 2ª q. 1ª q q. 1 1ª q. 2 q. ª q. 2ª q. q. 2 1ª q. 2ª q. . 1ª q.

1 Gradagem pesada

2 Calagem

3 Gradagem intermediária

4 Gessagem

5 Subsolagem

6 Fosfatagem

7 Acabamento - Gradagem interm á edi ria

8 Semeadura da Crotalaria junce a

9 Manejo da Fitomassa

10 Sulcação/Adubação para

cana-de-açúcar

11 Plantio da cana-de-açúcar

12 Cobrição

Page 49: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

Tabela 15: Cronograma das operações para cultivo com preparo reduzido

2005 2006

JU JUL AGO SE NO DE JA FEN T OUT V Z N V MAR ABR Oprações

1ª q 2ª q 1ª q 2ª q 1ª q 2ª q 1ª q 2ª q 1ª q 2ª q 1ª q 2ª q 1ª q 2ª q 1ª q 2ª q 1ª q 2ª q 1ª q 2ª q 1ª q 2ª q. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

1 Dessecação da

2 Calagem

3 Gessagem

4 Subsola

5 Fosfatage

6 Semeadura da Crotalaria juncea

7 Manejo da Fitomassa

8 cana-de-açúcar

Sulcação/Adubação para

9 Plantio da cana-de-açúcar

0 Cobrição

soqueira

gem / Reduzido

m

1

49

Page 50: Utilização de Adubação Verde na cultura da Cana-de-Açúcar

13. Referências Bibliográficas

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