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RSP 109 Revista do Serviço Público Brasília 64 (1): 109-122 jan/mar 2013 Ambientes virtuais de aprendizagem: desafios de uma escola de governo Andréa Filatro e Natália Teles da Mota Introdução Em mais de 20 anos de atuação, a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) vem consolidando sua missão de desenvolver competências de servido- res públicos para aumentar a capacidade de governo na gestão de políticas públi- cas por meio da oferta de diferentes eventos de aprendizagem, como cursos, oficinas, palestras e especializações. Referência no campo da formação e da capacitação continuada de servidores públicos, a Escola busca continuamente aprimorar seu ambiente tecnológico, a fim de sustentar o crescimento sistemático de seus serviços e capacitações. A incorpo- ração de tecnologias contemporâneas a seus eventos de aprendizagem não só con- tribui para um crescimento quantitativo, mas também torna o processo de ensino e aprendizagem mais dinâmico, flexível, contextualizado, empreendedor e inova- dor. Isso significa ampliar os espaços e tempos de aprendizagem e concretizar uma pedagogia de protagonismo, que valoriza o sujeito como autor de sua história.

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109Revista do Serviço Público Brasília 64 (1): 109-122 jan/mar 2013

Andréa Filatro e Natália Teles da Mota

Ambientes virtuais deaprendizagem: desafios

de uma escola de governo

Andréa Filatro e Natália Teles da Mota

Introdução

Em mais de 20 anos de atuação, a Escola Nacional de Administração Pública

(ENAP) vem consolidando sua missão de desenvolver competências de servido-

res públicos para aumentar a capacidade de governo na gestão de políticas públi-

cas por meio da oferta de diferentes eventos de aprendizagem, como cursos,

oficinas, palestras e especializações.

Referência no campo da formação e da capacitação continuada de servidores

públicos, a Escola busca continuamente aprimorar seu ambiente tecnológico, a fim

de sustentar o crescimento sistemático de seus serviços e capacitações. A incorpo-

ração de tecnologias contemporâneas a seus eventos de aprendizagem não só con-

tribui para um crescimento quantitativo, mas também torna o processo de ensino

e aprendizagem mais dinâmico, flexível, contextualizado, empreendedor e inova-

dor. Isso significa ampliar os espaços e tempos de aprendizagem e concretizar uma

pedagogia de protagonismo, que valoriza o sujeito como autor de sua história.

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Ambientes virtuais de aprendizagem: desafios de uma escola de governo

A decisão de ampliar as possibilidadeseducacionais da Escola por meio do usomais intenso de tecnologias de informaçãoe de comunicação implica prepará-la paralidar com contextos dinâmicos e mutáveis.O desafio maior é o de se evitar a rápidaobsolescência dos esforços em função dafluidez tecnológica do contexto em queestamos inseridos (ENAP, 2006, 2008, 2010;AMARAL, 2008).

Várias são as inovações tecnológicasque intentam dominar o mercado nofuturo próximo da educação – entre elas,podemos citar as apontadas pelo 2010Horizon Report (EDUCAUSE, 2010) para ospróximos quatro a cinco anos: compu-tação móvel1, conteúdos abertos2, livroseletrônicos, realidade aumentada3, compu-tação baseada em gestos4, análise visualde dados5.

A decisão sobre qual plataformatecnológica adotar, contudo, repousa sobreum modelo de gerenciamento de aprendi-zagem e de conteúdos que requerconsiderações em diversos níveis (metodo-lógicos, tecnológicos e jurídicos).

No campo da metodologia de ensino-aprendizagem, as principais tendênciasapontam para práticas pedagógicas maiscontextualizadas (socioconstrutivismo eabordagem situada) e para a perspectivaandragógica6, focada exclusivamente naeducação de adultos. Novos conceitos,como a heutagogia7 e o conectivismo8,emergem na tentativa de teorizar as trans-formações educacionais em curso, muitasdelas formadas fora das instituições deensino convencionais (HASE & KENYON,2000; SIEMENS, 2004).

O desafio logístico de ofertar opor-tunidades de aprendizagem a qualquerhora, em qualquer lugar e por quaisquermeios, inclusive móveis e tridimensionais,as novas formas de produzir, armazenar

e acessar informações, e a redefiniçãode papéis e atores envolvidos no proces-so educacional configuram uma novalógica de ensino-aprendizagem queprecisa ser considerada na decisão por umou outro ambiente virtual de aprendi-zagem (AVA)9.

Ao considerar a linha evolutiva paraesses sistemas identificada por SIQUEIRA

(2005) – que vai dos gerenciadores deferramentas (LMS), passando pelosgerenciadores de conteúdos (LCMS), parachegar aos mais recentes dedicados aogerenciamento de atividades (LAMS) e àpersonalização total da aprendizagem(PLE) –, delineia-se uma segunda geraçãode ambientes virtuais de aprendizagem(VLE 2.0)10. Esses sistemas são capazes deintegrar-se não apenas com ferramentasisoladas e fechadas, mas com todo umconjunto de dados, objetos e funciona-lidades (WELLER, 2007). Baseiam-se emuma nova lógica computacional ,pautada em padrões abertos de progra-mação e interoperabilidade técnica, queprecisam ser considerados na contrataçãode uma plataforma tecnológica.

Par e passo com essa evoluçãometodológica e tecnológica, questões rela-tivas à propriedade intelectual se revelamcríticas no que diz respeito ao debate“software livre” versus “software proprie-tário”11 e também à autoria colaborativa,ao reuso e ao compartilhamento institu-cional de recursos produzidos por meiodessas tecnologias.

Além disso, demandas que não se res-tringem apenas à aquisição de produtostecnológicos, mas abrangem tambémserviços intrínsecos a eles, manifestam anecessidade de uma nova lógica decontratação e de gestão de contratosque considere a complexidade inerente acontexto tão inovador.

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Situação atual da ENAP e cená-rios prospectados

Mesmo realizando aproximadamente34 mil capacitações/ano em mais de 150cursos voltados à formação do servidorpúblico – entre educação continuada eespecialização, nas modalidades mista,presencial e a distância – e contando comum fluxo mensal de cerca de 100 mil con-sultas às suas bases documentais (dadosde julho de 2010), a ENAP experimentahoje uma defasagem tecnológica, se consi-deradas as tendências externas delineadasanteriormente e as demandas internas porcrescimento.

Nesse sentido, está surpreendente-mente alinhada com instituições parceirasnacionais e internacionais que, insatisfeitascom a base tecnológica ora disponível paraas ações de aprendizagem e gestão de

conhecimento, necessitam simultanea-mente inovar e crescer.

A partir das demandas explicitadas pe-las diversas áreas da ENAP, foramprospectados – entre as inúmeras possibili-dades – três cenários que combinam ênfasesmetodológicas e níveis de apropriação dasTIC pela Escola, para apoiar a definição dotipo de plataforma tecnológica (produtos eserviços) a ser adotada nos próximos anos.

Para isso, foram consideradas as trans-formações de natureza técnica, pedagógicae produtiva que traçam uma linha evolutivana adoção de tecnologias em educação(FILATRO, 2008; LITTO & FORMIGA, 2008).Combinada a uma estimativa de expansãoqualitativa e à respectiva ampliação do nívelde absorção pela Escola, consideramos queessa linha evolutiva abriga três cenáriosbásicos representados na Figura 1 edescritos mais detalhadamente a seguir:

Figura 1: Cenários prospectados no âmbito do GT-AVA e suas respectivas ênfasesFonte: Elaboração própria.

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Cenário 1

O Cenário 1, que enfatiza o acessovia computador pessoal (PC) a ações eeventos concentrados em um ambientevirtual de aprendizagem fechado (AVA),mantém o foco atual de utilização detecnologias nas ações da ENAP, buscandoaperfeiçoamentos no que tange à incor-poração do recurso de videoconferência,bem como à solução de questões deinfraestrutura e atendimento a demandasinternas da Coordenação-Geral deEducação a Distância (CGEAD), configu-rando-se uma gestão mais rigorosa docontrato de fornecimento de serviços demanutenção, suporte ao usuário e atuali-zação.

O Sistema de Gestão de Aprendizagem(Learning Management System – LMS) em queesse cenário está apoiado restringe-se acentralizar e simplificar a administração ea gestão dos programas educacionais,permitindo matrícula de estudantes, arma-zenamento e consulta a informações, publi-cação de arquivos em diferentes formatos,comunicação síncrona e assíncrona entreusuários, criação e aplicação de testes,rastreamento de dados e geração de rela-tórios sobre o progresso dos participantes.

É, portanto, um modelo focado nogerenciamento de ferramentas, no qual aimplementação de conteúdos no ambienteon-line se dá de maneira artesanal. Hádescentralização na produção e noarmazenamento de conteúdos, sem aderên-cia a padrões de programação, descrição,busca e interoperabilidade técnica.

As equipes de EAD (interna e externa)realizam manualmente adaptações neces-sárias no caso de públicos diferenciados,correção de erros, atualização de versões,modificação de interfaces etc. A médio elongo prazo, representa uma oportunidade

de crescimento qualitativo da EAD, masem baixa escala.

Por outro lado, com o apoio de ferra-mentas integradas em um LMS conven-cional, as diferentes estratégias pedagógicasusadas nos cursos presenciais são facil-mente transportadas (e até expandidas,como é o caso das comunidades virtuais)para o ambiente digital, requerendo paraisso apenas capacitação dos docentes e dasequipes responsáveis por eventos presen-ciais com relação ao uso dessas tecnologias.Entretanto, nesse cenário, o uso dosambientes virtuais de aprendizagem perma-nece quase restrito à oferta de cursos adistância. O uso de comunidades virtuaisem apoio a eventos presenciais de apren-dizagem funciona mais como repositório12

de arquivos do que como ambiente dediscussão, integração e construção coletivade conteúdos.

Esse é, em boa medida, o modeloadotado pela ENAP hoje, ressalvando asdificuldades no uso de chats e webconferências,recursos críticos para a efetividade da rela-ção aluno-tutor. O mesmo públicoatendido atualmente pode beneficiar-se dodesenvolvimento natural dos recursostecnoeducacionais, por exemplo, pela atua-lização de novas versões do LMS eintegração com computação móvel e semfio, o que implicaria uma sofisticação daoferta, provavelmente a um custo maiselevado por aluno.

Cenário 2

O Cenário 2 dá maior destaque àgestão profissional de conteúdos educa-cionais e genéricos, apoiando-se no modelode produção “fábrica de conteúdos” e naorganização desses conteúdos por meio derepositórios de recursos e objetos de apren-dizagem13.

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O foco da disponibilização deconteúdos se traduz em uma ênfase consi-derável nas mídias de entrega, que reque-rem uma produção de profissionais,especializada e geralmente cara, segundoprocessos padronizados, que permitemo desenvolvimento de soluções educa-cionais em larga escala. Por esse motivo,exige-se grande atenção ao equilíbrio custo-benefício.

O Cenário 2 compreende, além dosrecursos mencionados no Cenário 1 (LMSe webconferência), a utilização doconceito de sistema de gerenciamento deconteúdos (Learning Content ManagementSystem – LCMS), que fornece os meiospara armazenar, indexar, recuperar,referenciar e reutilizar conteúdos deaprendizagem de forma mais eficiente,visando à gestão, organização e aoreaproveitamento parcial ou integral deconteúdos e reduzindo, assim, os esforçosde desenvolvimento.

Além dos LMS para gestão de acessose registro de participações, os gerenciadoresde conteúdo (LCMS) são adotados poroferecerem mecanismos de indexaçãobaseados em metadados14, e repositóriospara armazenamento centralizado de con-teúdos institucionais. O acervo é disponi-bilizado a desenvolvedores, conteudistas,educadores e alunos para maior utilizaçãoe reutilização.

Esse modelo de elaboração de con-teúdos e entrega on-line permite umcrescimento do número de servidoresatendidos, o que pode representar umaestratégia de expansão quantitativa,inclusive no que diz respeito à amplia-ção de uso da plataforma em apoio aoscursos presenciais. O uso do ambientevirtual de aprendizagem tende a extra-polar os cursos a distância e se expandirpara outras áreas da Escola.

Ao possibilitar a integração de dadose a interoperabilidade de recursos, estendeo escopo da solução tecnológica paraatender a demandas por otimização dosesforços de construção e disseminação dedocumentos e informações relativos aeventos de aprendizagem comuns a dife-rentes áreas da ENAP, além de favorecero compartilhamento de cursos e eventosde aprendizagem pela Rede Nacional deEscolas de Governo.

Cenário 3

O Cenário 3 tem foco em atividadesde aprendizagem personalizadas, baseadasem situações didáticas contextualizadas. Paraisso, adere plenamente à web 2.015, à compu-tação móvel e sem fio, às redes sociais einovações como realidade aumentada e afins,em larga escala.

“... barreirasculturais e geracionaispodem retardar autilização de toda agama de recursosdisponíveis e aintegração emambientes virtuais desegunda geração.”

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LMS de segunda geração permitemacoplamento de conteúdos gerenciados porLCMS e de eventos e atividades de apren-dizagem planejadas por Learning ActivityManagement System – LAMS (softwares paraplanejamento pedagógico). Esses sistemasde gerenciamento de atividades de apren-dizagem possibilitam o desenho e execuçãode unidades de aprendizagem estruturadasa partir de atividades individuais e coletivas,com base na ideia de que o que interessa éo que as pessoas fazem com os conteúdoseducacionais, e o que as ferramentas comoe-mail, fórum, chat etc. permitem que aspessoas façam, a fim de que a aprendiza-gem ocorra.

Os produtos resultantes são armaze-nados em repositórios acessíveis a toda acomunidade de aprendizagem envolvida,configurando-se inclusive um espaço decolaboração interinstitucional para cons-trução e compartilhamento de cursos econteúdos.

Nesse cenário, o uso dos ambientesvirtuais se dá de forma sistêmica por todasas áreas da Escola, expandindo-se exter-namente em apoio a ações educacionaiscom parcerias nacionais e internacionais.

Os alunos acessam os recursos pormeio de seus próprios Personal LearningEnvironment – PLE (ambientes virtuais per-sonalizados, organizados pelos própriosalunos e baseados fortemente no que seconvencionou chamar de web 2.0), nos quaisdefinem e atualizam suas preferênciastecnológicas e metodológicas, optando, porexemplo, por estudar sozinhos ou de formacolaborativa, não apenas em um cursoespecífico, mas em qualquer ação de apren-dizagem realizada no decorrer de sua vidaeducacional. Esses dados de perfil e histó-rico individual são intercambiados com osistema de gerenciamento da aprendizageminstitucional no momento em que o aluno

se inscreve em um curso ou unidade deestudo. Da mesma forma, dados de desem-penho do aluno em situações didáticasespecíficas retroalimentam seu portfólioindividual, além de ficarem armazenadosno ambiente institucional.

Pela provisão de serviços de alta quali-dade a um custo menor (por exemplo, pelasubstituição de redução de pacotes com-plexos de software por softwares disponíveisem “nuvens”16 e pelo planejamentocontextualizado e uso compartilhado dosrecursos – desde que garantidas, em ambosos casos, a privacidade, a manutenção e oresgate das informações), esse modelo deprodução permitiria um crescimento emescala do número de servidores atendidos.

Essa perspectiva pressupõe descola-mento do padrão PC-AVA, presente nosCenários 1 e 2, alargando as possibilidadesde construção de redes de aprendizagem,de ensino e de parcerias. Pela natureza ine-rentemente inovadora, implica açõescontinuadas e parcerias para pesquisa edesenvolvimento, reforçando o papel deliderança da ENAP no cenário nacionale internacional de formação do servidorpúblico.

Há de se considerar, contudo, que, porser um modelo bastante inovador, muitasdas funcionalidades necessárias para darsuporte a esse cenário ainda não estãocompletamente disponíveis ou encontram-se em caráter experimental. Portanto, paraa efetividade dessa análise, elencamosalgumas funcionalidades já plenamenteoperacionalizáveis que, utilizadas emconjunto, proporcionam o mínimo neces-sário para a adoção do cenário proposto.

Outro ponto a ser destacado é a neces-sidade de uma curva de aprendizagemrelativamente grande antes da utilizaçãodo ferramental de planejamento peda-gógico pelos docentes e pela equipe de

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coordenação. Além disso, barreiras culturaise geracionais podem retardar a utilização detoda a gama de recursos disponíveis e aintegração em ambientes virtuais de segundageração.

Nesse cenário arrojado, a ENAP assu-miria um papel mais pró-ativo, na medidaem que nem todas as questões envolvidas– como direitos autorais na era digital –estão encaminhadas. Isso significaria arcarcom o ônus do pioneirismo, em especialno cenário nacional, capitaneando mudançade paradigma não apenas no âmbitotecnológico, mas principalmente de natu-reza cultural.

Considerações quanto aoscenários

Independentemente da decisão sobreo cenário a ser adotado, algumas conside-rações se fazem necessárias à atenção degestores e tomadores de decisão para quea solução tecnológica adotada possacorresponder, em médio ou longo prazo,às demandas metodológicas, tecnológicase jurídicas emergentes.

Considerações de natureza meto-dológica

Uma das questões mais críticas aodecidir que tipo de plataforma tecnológicaadotar remete aos perfis dos públicos-alvoatendidos pela instituição. Emboradistintos, esses públicos refletem diferençasprofundas nas concepções sobre o quesignifica aprender e ensinar, que se tradu-zem em abordagens pedagógicas maisautênticas e contextualizadas e em práticasandragógicas e heutagógicas emergentes.

De um lado, encontram-se servidoresformados por um tipo de escolarizaçãotradicional, desafiados a aprender continua-mente e a rever suas práticas profissionais

para adequar-se às novas demandas detrabalho, em boa parte capitaneadas pelaadesão maciça a soluções tecnológicas, porexemplo, na digitalização de processos, nacomunicação por meios eletrônicos e nacriação e manutenção de comunidadesvirtuais de prática, para citar algumas. Deoutro lado, observam-se novos ingressantesnas carreiras públicas que apresentam perfilmais próximo da chamada “geração digital”(TAPSCOTT, 1999), nascida e criada em umacultura midiatizada, globalizada e mundial-mente conectada, em que aprender é umaatividade constante, realizada de formaindividual e coletiva, a partir e por meiodo grande acervo de recursos informa-cionais, humanos e ferramentais providopela web.

É importante realçar que, embora arealidade de boa parte do serviço públicoseja de restrições tecnológicas e a exclusãodigital persista entre algumas instituições eservidores, a disposição para o avançotecnológico e pedagógico se relaciona a umcontexto organizacional mais amplo, favo-rável à mudança de mentalidade e à adoçãode tecnologias e recursos mais avançados.

Nesse sentido, ambos os perfis citadosimpulsionam e reivindicam formas diferen-ciadas de aprender, distintas da oferta deeducação tradicional e em grande medidabaseadas em maior autonomia por partedo aluno sobre o que e como aprender, emconvergência de mídias para criar e apre-sentar conteúdos e em possibilidade depersonalizar percursos didáticos e modali-dades de aprendizagem (a distância,presenciais, mistas), segundo necessidadesparticulares e temporais.

Acrescente-se que essa mudança depostura reflete-se também no corpodocente, que vislumbra as possibilidadesde planejar e apresentar soluções deaprendizagem de forma mais colaborativa,

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beneficiando-se mais ativamente de ferra-mentas e espaços virtuais voltados àorganização e ao compartilhamento dotrabalho pedagógico.

A evolução dos sistemas para aprendi-zagem em meio eletrônico – de LMSfocados na gestão de ferramentas paraLCMS focados na gestão de conteúdos;para LAMS focados na gestão de atividadesde aprendizagem; e, por fim, para os PLEfocados na personalização dos ambientesde aprendizagem – reforça a compreensãode que a educação – mesmo aquela total-mente mediada por tecnologias, como é ocaso da educação mediada por tecnologiastotalmente a distância – implica ação indi-vidual e interação entre pessoas.

Isso equivale a dizer que apenas ferra-mentas – ou apenas conteúdos – nãotraduzem a complexidade dos processos deensino-aprendizagem; portanto, qualquersolução tecnológica adotada por uma insti-tuição não pode se limitar à aquisição deprodutos (hardware, software, rede), mas devetambém e principalmente estar voltada àcontratação de serviços (manutenção, aten-dimento ao usuário, planejamento e desen-volvimento de conteúdos, atividades eferramentas, capacitação da equipe).

Considerações de natureza tecno-lógica

Um requisito que emerge da análisede tendências tecnológicas é a compreen-são da natureza dinâmica, inovadora emutante das tecnologias aplicadas àeducação, e, por consequência, da necessi-dade de gestão profissional e estratégicados diferentes aspectos envolvidos.

As inovações tecnológicas anunciadascolocam em uma nova perspectiva omodelo ora predominante de transmissãode informações de um para muitos(broadcasting), pois possibilitam formas

diferenciadas de criação, armazenamento,distribuição, acesso, manuseio e reutilizaçãode conteúdos, eventos e atividades. Isso fazcom que sejam extrapolados os limites dasala de aula convencional, seja pelo acessoem sala de aula a um repositório mundialde conteúdos e pessoas, como é a web, sejapela possibilidade de consultar essesconteúdos e pessoas de qualquer lugar, emqualquer hora, por meio de dispositivosmóveis e sem fio. A hierarquia professor-aluno (na medida em que os usuáriosdeixam de ser apenas consumidores deinformações e se tornam eles mesmosprodutores) e até mesmo o próprioconceito de sistema da informação (com aintegração entre diferentes softwares, disposi-tivos e informações) são também refor-mulados nesse novo contexto.

A multiplicidade de soluções dispo-níveis, cada qual com vantagens e desvan-tagens específicas, torna mandatória aadesão a padrões tecnológicos abertos euniversais, a fim de assegurar a capacidadede acoplagem a novas ferramentas, areutilização de recursos e a interoperabi-lidade de dados.

Destaca-se a importância de cultivaruma filosofia de “abertura”, que possibi-lite a criação e utilização de recursosabertos (conteúdos, metodologias e ferra-mentas). Isso reforça a necessidade de umplanejamento integrado para as áreas deeducação, gestão do conhecimento etecnologia, que considere as interfaces entreas áreas e as possibilidades de compartilha-mento de hardware, software e redes.

Também se faz desejável a provisãode serviços profissionais por empresascertificadas internacionalmente, a fim degarantir a estabilidade do sistema, a quali-dade dos serviços prestados e a constanteatualização tecnológica necessária à evo-lução incessante das tecnologias.

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Considerações de natureza jurídicaDos cenários elencados para contra-

tação de uma plataforma tecnológicaadvirão um ou mais contratos administra-tivos. Estabelecer condições (cláusulas) efiscalizar seu cumprimento requer servidordevidamente qualificado, preparado paraa missão e atento a algumas premissasbásicas:

• Definição clara e transparente dasregras e condições de contratação e fiscali-zação do contrato pela instituição, possi-bilitando julgamento objetivo, célere eeficiente.

• Definição do objeto de contrataçãoe identificação das ofertas do mercadofornecedor por uma equipe técnicaformada por profissionais da área de TI,das áreas de ensino demandantes, da áreade contratos e outras afins, sendo possívela realização de consulta pública com vistasa promover o debate sobre as especifi-cações e características de determinadobem ou serviço a ser contratado, em estritaobediência aos princípios da isonomia epromoção da competitividade.

• Designação e preparação de gestor oucomissão gestora do contrato para acom-panhamento e fiscalização sistemática, a fimde garantir atendimento às exigências erequisitos previamente estabelecidos eaplicação de sanção administrativa pela insti-tuição contratante, se cabível.

• Caso seja feita opção por um modelode licitação que implique contratação dediversas empresas, cada uma oferecendodeterminada ferramenta ou tecnologia, hánecessidade de atentar para as questõesde interoperabilidade. Não há garantias nomercado de que a comunicação entretecnologias diferentes, especialmente asmais recentes, ocorra de forma transpa-rente ao usuário. Nesses casos, o estudopormenorizado dos requisitos de

interoperabilidade a serem definidos nodocumento de licitação contribui paraminimizar os problemas na fase posteriorde prestação do serviço.

Considerações de natureza econô-mica

Os cenários 1, 2 e 3 não são excludentes;pelo contrário, complementam-se aoespelhar a evolução tecnológica emetodológica, descrita neste artigo, bem

como níveis de apropriação das TIC paraconstrução e oferta de soluções educa-cionais, sejam elas presenciais apoiadas portecnologias, mistas ou totalmente a distância.

O cenário 1 é o que mais se aproximadas práticas em curso e, ainda assim, nãoestá plenamente consolidado entre as ins-tituições que optam por incorporartecnologias às ações educacionais.

“... qualquersolução tecnológicaadotada por umainstituição não podese limitar àaquisição deprodutos (hardware,software, rede), masdeve também eprincipalmente estarvoltada àcontratação deserviços...”

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O cenário 2 é bastante factível nomomento atual e está relativamente absor-vido pela comunidade de EAD nacional,especialmente nas ações de educaçãocorporativa privada. Representa um avan-ço na produção de eventos de aprendi-zagem, uma vez que permite desenhosdidático-pedagógicos mais elaborados,implicando uma mudança efetiva no papeldocente, de principal fonte de transmissãode conhecimentos a mediador e orientadordos aprendizes.

Com as demandas por atendimento emlarga escala no curto prazo, e as especi-ficações técnicas e metodológicas levan-tadas neste estudo, recomenda-se a adoçãodo Cenário 2 para a oferta de alguns cursos,visando a atender a outras áreas, em espe-cial a área de Comunicação e Pesquisa, eampliar as parcerias para compartilhamentode cursos e recursos no âmbito da RedeNacional de Escolas de Governo e outras

instituições parceiras. Essa recomendaçãose aplica especialmente a uma projeção depúblico total atendido próxima ou acimade 1 mil alunos.

Ressalta-se que essa recomendaçãorepresenta uma etapa intermediária emdireção ao cenário 3, o qual requer esforçosmais significativos não apenas para inte-gração das ferramentas aqui descritas, mastambém para formação e desenvolvimentodos profissionais internos que levarão acabo sua implementação.

Embora não se observe a mesmaredução de custos em função do númerode usuários atendidos como acontece noCenário 2, o Cenário 3 representa umaevolução qualitativa em termos de materiaisapresentados em diversas mídias e do tipode interação entre todos os participantes,justificando sua adoção futura.

(Artigo recebido em abril de 2012. Versão finalem março de 2013).

Notas

1 Computação móvel: paradigma computacional advindo da tecnologia de rede sem fios e dossistemas distribuídos, em que são utilizados dispositivos móveis, tais como celulares, PDAs etc.

2 Conteúdos abertos: em inglês, open content. Qualquer tipo de trabalho criativo (por exem-plo, artigos, imagens, áudio, vídeo etc.) pode ser utilizado ou modificado sem (ou com poucas)restrições legais e distribuído num formato que, explicitamente, permite a cópia da informação.

3 Realidade aumentada: tecnologia que possibilita o enriquecimento do ambiente físico comelementos virtuais, criando um ambiente misto em tempo real. Os elementos podem variar desimples projeções sobre objetos físicos a projeções holográficas de personagens 3D que interagemcom pessoas reais.

4 Computação baseada em gestos: refere-se ao conjunto de dispositivos e softwares que reco-nhecem, interpretam e reagem a movimentos corporais controlados por movimentos naturaisdos dedos, mãos, braços e corpo, reduzindo a necessidade de aprender a interagir com os com-putadores, que passam a reagir aos comportamentos humanos.

5 Análise visual de dados: campo emergente que combina estatística, mineração de dados (datamining) e visualização que permite a qualquer pessoa navegar, exibir e compreender conceitos erelacionamentos complexos em grandes conjuntos de dados. Possibilita a descoberta e a compre-ensão de padrões por meio de interpretação visual e manipulação de modelos em tempo real.

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6 Andragogia (andros = adulto + agogus = guiar, conduzir, educar para a “formação de adultos”):conjunto de teorias e práticas educacionais que considera a maturidade biológica dos apren-dizes, juntamente com seu rol de experiências acumuladas, psicológicas, afetivas, profissionais eculturais, que implicam maior grau de autonomia nas decisões sobre como estudar.

7 Heutagogia (heuta = próprio + agogus = guiar, conduzir, educar): conjunto de teorias epráticas educacionais ainda em formação que pressupõe elevada (ou absoluta) autonomia porparte de quem aprende, não importa a faixa etária ou a formação acadêmica em questão, nocenário moderno em contínua transformação, que exige flexibilidade e proatividade para atuarem espaços de convivência e trabalho carregados de incertezas.

8 Conectivismo: teoria proposta por Siemens (2004) para o cenário de uma sociedade total-mente digital, na qual aprender é um processo de conectar fontes de informação especializadas.

9 Ambiente virtual de aprendizagem (AVA) é a expressão preferida pelos educadores paraenfatizar menos o monitoramento e o controle, e mais a ação e a interação entre as pessoas, emuma espécie de sala de aula on-line.

10 VLE 2.0, sigla em inglês para Virtual Learning Environment 2.0 (ambiente virtual deaprendizagem de segunda geração): refere-se ao conjunto de aplicativos interoperantes no qualferramentas de desenho e exibição permitem que conteúdos e atividades educacionais sejamreutilizados e recombinados de acordo com as necessidades e interesses do aluno.

11 O software livre fundamenta-se na socialização sistematizada dos códigos-fonte e dadocumentação dos programas em repositórios internacionais livres, utilizados para controlar emanter o desenvolvimento de soluções abertas. É pautado por um modelo horizontal e descen-tralizado de desenvolvimento, em que qualquer usuário da internet pode atuar na tradução, nodesign de interface gráfica, na codificação, nos testes e na programação. Já a distribuição desoftwares proprietários é pautada pela lógica de restrições e permissões de acesso, inclusive aocódigo fonte, onerosas ou não, estabelecidas pelo regime jurídico clássico comercial (TAURION,2004; RAYMOND, s/d).

12 Repositório: banco de dados que permite a catalogação, o armazenamento e a busca dosobjetos de informação e de aprendizagem.

13 Objetos de aprendizagem: em inglês, learning objects. Unidades de software autocontidas,organizadas em determinada ordem segundo padrões de empacotamento, o que permite que osobjetos sejam fechados em pacotes executáveis por diferentes sistemas e que os dados produzi-dos pelo usuário sejam rastreáveis por diferentes LMS (DUTRA, 2008; DUTRA & TAROUCO, 2006).

14 Metadados: descritores de identificação que podem ser pesquisados e compartilhados emações educacionais, que trazem detalhes sobre autores, palavras-chave, assunto, versão, localiza-ção, regras de uso e propriedade intelectual, requisitos técnicos, tipo de mídia utilizada, nível deinteratividade, entre outros, e permitem buscas rápidas em repositórios.

15 Web 2.0: conjunto de funcionalidades tecnológicas que caracterizam uma web não apenasconsumida (lida, acessada, pesquisada), mas também produzida pelos usuários, por meio deredes sociais e softwares como blogs e wikis.

16 A computação baseada em nuvens se refere à forma de armazenamento da informação(software e todos os dados) em um servidor central, cujo acesso é feito por meio de navegadorweb, independente de dispositivos.

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Referências bibliográficas

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RSP

121Revista do Serviço Público Brasília 64 (1): 109-122 jan/mar 2013

Andréa Filatro e Natália Teles da Mota

Resumo – Resumen – Absctract

Ambientes virtuais de aprendizagem: desafios de uma escola de governoAndrea Filatro e Natália Teles da Mota

Este estudo apresenta informações que buscam subsidiar gestores e tomadores de decisão noprocesso de contratação de solução tecnológica especializada para a gestão da aprendizagem e doconhecimento, que possibilite o desenvolvimento, implementação e oferta de eventos de aprendi-zagem – a distância, presenciais ou mistos. A síntese aqui apresentada consolida as discussões doGrupo de Trabalho “Ambientes Virtuais de Aprendizagem” (GT-AVA) realizadas no âmbito daEscola Nacional de Administração Pública (ENAP). Fundamenta-se em uma série de debatesinterdisciplinares promovidos internamente pelo Grupo em 2010, resultando na construção detrês cenários possíveis para o quadriênio 2011-2014, no que tange à infraestrutura tecnológica eimplicações pedagógicas para a oferta de ações de aprendizagem, disseminação de informações eintegração de recursos. Segue-se uma seção de considerações relativas aos fatores críticos a seremconsiderados para que a solução tecnológica adotada possa corresponder, em médio ou longoprazo, às demandas metodológicas, tecnológicas e jurídicas emergentes.

Palavras-chave: ambientes virtuais de aprendizagem; plataformas tecnológicas para edu-cação; cenários para oferta de EAD em organizações públicas

Entornos virtuales de aprendizaje: desafíos de una escuela de gobiernoAndrea Filatro y Natália Teles da Mota

En este artículo se presenta la información que busca subsidiar los administradores yencargados de adoptar decisiones en el proceso de contratación de una solución tecnológicaespecializada en la gestión del aprendizaje y los conocimientos necesarios para el desarrollo,aplicación y oferta de eventos de aprendizaje - a distancia, presencial o mixtos. El resumenpresentado aquí consolida las discusiones interdisciplinares del Grupo de Trabajo de EntornosVirtuales de Aprendizaje (GT-AVA) que se llevaron a cabo en la Escuela Nacional deAdministración Pública (ENAP). Se fundamenta en una serie de debates interdisciplinares pro-movidos internamente por el Grupo en 2010, lo que dio lugar a la construcción de tres escenariosposibles para 2011-2014, con respecto a la infraestructura tecnológica y alcances pedagógicospara la oferta de acciones de formación, difusión de información e integración de recursos. Acontinuación, se encuentra una de las secciones de las consideraciones sobre los factores críticosa considerarse, para que las soluciones tecnológicas adoptadas puedan responder, a medio olargo plazo, a las exigencias metodológicas, tecnológicas y jurídicas emergentes.

Palabras clave: Entornos virtuales de aprendizaje; plataforma tecnológica para la educación;los escenarios para oferta de educación a distancia en instituciones públicas

Virtual Learning Environment: challenges for a School of Public ServiceAndrea Filatro and Natália Teles da Mota

This study presents information that seek subsidize managers and decision makers in theprocess of hiring of technological solution specialist for the management of learning andknowledge to enable the development, implementation and offering of distance education, faceto face courses or mixed events of learning. The summary presented here consolidates thediscussions of Virtual Learning Environment Working Group (GT-AVA) carried out under theNational School of Public Administration - ENAP). It is based on a series of interdisciplinary

RSP

122 Revista do Serviço Público Brasília 64 (1): 109-122 jan/mar 2013

Ambientes virtuais de aprendizagem: desafios de uma escola de governo

debates promoted internally by the group in 2010, resulting in the construction of three possiblescenarios for 2011-2014, regarding the technological infrastructure for learning sharing, releaseof information and integration of resources. It concludes with a section of considerationsrelated to critical factors to be considered in choosing an e-learning technological solution, inorder to respond to emerging ethodological, technological and legal demands.

Keywords: virtual learning environments; technological platform for education; scenariosfor supply of distance education in public institutions

Andrea Filatro

Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo, consultora em educação a distância e especialista em designinstrucional. Contato: [email protected]

Natália Teles da Mota

Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Universidade de Brasília, coordenadora didático-metodológicada Coordenação-Geral de Educação a Distância da ENAP. Contato: [email protected]