amálgama dental

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Amálgama Dental Introdução Um amálgama é um tipo especial de liga que contém mercúrio como um de seus constituintes. Como o mercúrio é líquido à temperatura ambiente, pode formar ligas com outros metais que estejam no estado sólido. Essas ligas podem ser classificadas como: ligas ricas em cobre, ligas pobre em cobre, ligas de fase dispersa ou ligas de composição única. Existem vários fatores que afetam a qualidade das restaurações de amálgama como por exemplo: relação mercúrio:liga, condensação, escultura e acabamento, alterações dimensionais, deterioração marginal, etc. Esse trabalho visa esclarecer e salientar vários desses pontos e aspectos. Composição da liga A especificação N°1 da ADA exige que as ligas de amálgama contenham, predominantemente, prata e estanho. Quantidades não especificadas de outros elementos, como cobre, zinco, ouro e mercúrio, são permitidas em concentrações menores do que o conteúdo de prata e estanho. Durante a década de 70, muitas ligas de amálgama contendo entre 6 e 30% de cobre foram desenvolvidas. Muitas destas ligas ricas em cobre produzem amálgamas que são superiores em muitos aspectos aos amálgamas tradicionais pobres em cobre. Para produzir o amálgama dental, o mercúrio é misturado com o pó da liga de amálgama. O produto da mistura é uma massa plástica igual à que ocorre na fundição das ligas a temperaturas entre as do liquidus e do solidus. Instrumentos especiais são usados para forçar a massa plástica dentro da cavidade preparada pelo processo conhecido como condensação. A transformação da mistura pó-mercúrio em uma massa plástica é seguida pela presa e endurecimento do amálgama, quando o mercúrio líquido é consumido na formação de novas fases sólidas.

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Page 1: Amálgama Dental

Amálgama Dental

Introdução

Um amálgama é um tipo especial de liga que contém mercúrio como um de seus constituintes. Como o mercúrio é líquido à temperatura ambiente, pode formar ligas com outros metais que estejam no estado sólido. Essas ligas podem ser classificadas como: ligas ricas em cobre, ligas pobre em cobre, ligas de fase dispersa ou ligas de composição única.

Existem vários fatores que afetam a qualidade das restaurações de amálgama como por exemplo: relação mercúrio:liga, condensação, escultura e acabamento, alterações dimensionais, deterioração marginal, etc.

Esse trabalho visa esclarecer e salientar vários desses pontos e aspectos.

Composição da liga

A especificação N°1 da ADA exige que as ligas de amálgama contenham, predominantemente, prata e estanho. Quantidades não especificadas de outros elementos, como cobre, zinco, ouro e mercúrio, são permitidas em concentrações menores do que o conteúdo de prata e estanho.

Durante a década de 70, muitas ligas de amálgama contendo entre 6 e 30% de cobre foram desenvolvidas. Muitas destas ligas ricas em cobre produzem amálgamas que são superiores em muitos aspectos aos amálgamas tradicionais pobres em cobre. Para produzir o amálgama dental, o mercúrio é misturado com o pó da liga de amálgama. O produto da mistura é uma massa plástica igual à que ocorre na fundição das ligas a temperaturas entre as do liquidus e do solidus. Instrumentos especiais são usados para forçar a massa plástica dentro da cavidade preparada pelo processo conhecido como condensação.

A transformação da mistura pó-mercúrio em uma massa plástica é seguida pela presa e endurecimento do amálgama, quando o mercúrio líquido é consumido na formação de novas fases sólidas.

Fases Metalúrgicas do Amálgama Dental: são designadas pelas letras gregas ? (gama).

A Influência das Fases Ag-Sn sobre as Propriedades do Amálgama: se a concentração de estanho ultrapassa 26,8%, forma-se uma mistura da fase ? com uma fase rica em estanho. A presença da fase rica em estanho aumenta a quantidade da fase estanho-mercúrio formada, quando a liga é amalgamada. A fase estanho-mercúrio não resiste à corrosão e é o componente mais fraco do amálgama dental. Amálgamas de ligas ricas em estanho demonstram menor expansão do que as ligas ricas em prata.

Fabricação do pó da liga

Pó Usinado: as aparas produzidas geralmente têm forma de agulha.

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Recozimento para Homogeneização: o lingote fundido de uma liga de prata-estanho contendo grãos não-homogêneos com composição variável. Para restabelecer a relação de equilíbrio de fases, é executado um tratamento térmico homogeneizador.

Tratamentos da Partícula: o tratamento ácido das partículas da liga é há anos uma rotina de fabricação. A função exata deste tratamento não está totalmente compreendida, porém, está relacionada com a dissolução preferencial de componentes específicos da liga. Amálgamas produzidos a partir de pós lavados em ácidos tendem a ser mais reativos que aqueles feitos com pós não-lavados.

Atomização do Pó: o metal liquefeito é atomizado em gotículas esféricas. Estes pós atomizados são chamados de pós esféricos. Estes pós recebem um tratamento térmico que altera os grãos e torna lenta a reação dessas partículas com mercúrio. E são, também, geralmente tratados com ácido.

Tamanho das Partículas: o tamanho médio das partículas dos pós modernos varia entre 15 e 35 micrômetros. A influência mais significativa sobre as propriedades do amálgama se relaciona com a distribuição dos tamanhos das partículas em torno da média. As partículas podem ser classificadas de acordo com os tamanhos e, desta maneira, são misturadas para produzir um pó com uma distribuição de tamanho ótimo. A tendência atual da técnica do amálgama favorece o emprego de partículas com tamanho médio a pequeno, para produzir um endurecimento mais rápido do amálgama com uma resistência inicial maior.

Ligas Usinadas Comparadas com Ligas Atomizadas: amálgamas produzidos de pós usinados ou pós derivados da mistura de limalhas e ligas esféricas tendem a resistir melhor à condensação do que os amálgamas produzidos totalmente de pós esféricos. Ligas esféricas exigem menor mercúrio do que as ligas usinadas típicas porque as ligas esféricas têm uma área de superfície menor por volume do que as ligas usinadas. Amálgama com menos quantidade de mercúrio geralmente tem propriedades melhores.

Amalgamação e estrutura resultante

Ligas Pobres em Cobre: a amalgamação ocorre quando o mercúrio entra em contato com a superfície das partículas da liga de Ag-Sn. O mercúrio se difunde dentro das partículas da liga. O mercúrio tem um limite de solubilidade para a prata e para o estanho. Quando esta solubilidade é ultrapassada, cristais de dois compostos metálicos binários precipitam dentro do mercúrio. Estes são os corpos centrais cúbicos do composto Ag2Hg3 (a fase ?) e o composto hexagonal fechado Sn7-8Hg ( a fase ?2). Por ser menor a solubilidade da prata no mercúrio do que a do estanho, a fase ?1 precipita primeiro que a fase ?2. À medida que o mercúrio desaparece o amálgama cristaliza. Um típico amálgama pobre em cobre é um composto em que as partículas não-consumidas estão presentes nas fases ?1 e ?2.

As propriedades físicas do amálgama endurecido dependem da percentagem relativa das fases microestruturais. As partículas Ag-Sn não-consumidas têm um efeito forte. Quanto mais dessas fases forem retidas na estrutura final, mais resistente será o amálgama. O componente mais fraco é a fase ?2. a alta proporção de fase ? não-consumida não aumenta a resistência do amálgama, a menos que as partículas estejam destinadas à matriz.

Ligas Ricas em Cobre: tem propriedades mecânicas melhoradas, características de corrosão e melhor integridade marginal, em comparação com as ligas tradicionais pobres em cobre.

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Ligas de Fase Dispersa: o pó final é uma mistura de pelo menos duas espécies de partículas. Os materiais compostos podem se tornar mais resistentes pela adição de agentes de carga potentes, conferindo rigidez à matriz do amálgama.

Não há uma definição precisa para uma liga de amálgama a ser qualificada com um sistema "rico em cobre", porém em geral aceita-se que é uma formulação onde o ?2 é praticamente eliminado durante as reações de cristalização. Para que isto aconteça, pode ser necessário que haja uma concentração líquida de cobre de pelo menos 12% no pó da liga.

Ligas de Composição Única: diferente dos pós de ligas misturadas, cada partícula desses pós de ligas apresenta a mesma composição química. Os componentes principais das partículas são geralmente prata, cobre e estanho.

A fase indesejável ?2 pode formar-se também nos amálgamas de composição única. Isto é particularmente verdadeiro quando o pó atomizado não foi submetido a tratamento térmico ou quando foi tratado por muito tempo em temperatura muito elevada. Na maioria dos amálgama de composição única, forma-se pouca ou nenhuma fase ?2.

Estabilidade dimensional

Uma variedade de fatos influencia a dimensão inicial sobre a cristalização e a estabilidade dimensional do amálgama no decorrer do tempo.

Alterações Dimensionais: o amálgama pode expandir-se ou contrair-se, dependendo da sua manipulação. Uma contração acentuada pode conduzir à microinfiltração e cárie recidivante. Expansão exagerada pode produzir pressão sobre a polpa e sensibilidade pós-operatória. A protrusão de uma restauração pode resultar também de uma expansão excessiva.

Teoria da Alteração Dimensional: o quadro clássico de alteração dimensional é aquele em que a amostra sofre uma contração inicial cerca de 20 minutos depois do inicio da trituração e, então, começa a se expandir. Quando a liga e o mercúrio são misturados, surge a contração, pois as partículas se dissolvem e cresce a fase ?1. À medida que os cristais ?1 crescem, colidem uns contra os outros. Se as condições estiverem corretas, essa colisão do ?1 pode produzir uma pressão para o exterior tendendo a se opor à contração. Se houver mercúrio líquido suficiente para formar uma matriz plástica, ocorrerá expansão quando os cristais ?1 colidirem.

Efeito da Contaminação por Umidade: alguns amálgamas de fase dispersa continuam a se expandir por 2 anos pelo menos. Esta expansão pode estar relacionada com o desaparecimento de parte ou de toda a fase ?2 nestes amálgamas ricos em cobre ou outras transformações do estado sólido que continuam a ocorrer por períodos prolongados.

Se um amálgama que contenha zinco, for contaminado pela umidade durante a trituração ou condensação, poderá ocorrer uma grande expansão. Esta expansão, geralmente, tem início depois de 3 a 5 dias e pode continuar por meses. Este tipo de expansão é conhecido como tardia ou expansão secundária. A expansão tardia está associada ao zinco do amálgama.

Resistência

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Resistência suficiente à fratura é um requisito básico para qualquer material restaurador. A fratura acelera a corrosão e a recidiva de cárie. Os defeitos nas margens estão entre os defeitos nos amálgamas que ocorrem com mais freqüência.

Mensuração da Resistência: a resistência à compressão de um amálgama satisfatória seria de, pelo menos, 310 Mpa. Quando manipulada adequadamente, a maioria dos amálgamas irá exibir uma resistência à compressão acima deste valor. As resistências à tração dos amálgamas ricos em cobre não são significativamente diferentes daquelas dos amálgamas pobres em cobre.

Efeito da Trituração: depende do tipo de liga de amálgama, do tempo de trituração e da velocidade do amalgamador.

Efeito do Conteúdo de Mercúrio: mercúrio suficiente deve ser misturado com a liga para banhar as partículas da liga e permitir uma amalgamação perfeita. Cada partícula da liga deve ser umedecida pelo mercúrio, caso contrário, surge uma mistura seca e granulosa. Esta mistura produz uma superfície rugosa e porosa, que estimula a corrosão. Qualquer excesso de mercúrio deixado na restauração pode produzir uma redução acentuada de resistência. Os amálgamas ricos em cobre estão particularmente enfraquecidos pela presença de uma pequena quantidade de ?2.

Efeito de Condensação: a pressão de condensação, a técnica e a forma da partícula da liga afetam as propriedades dos amálgamas. São necessárias pressões maiores de condensação para minimizar a porosidade e expulsar o mercúrio dos amálgamas de partículas usinadas. Por outro lado, os amálgamas de partículas esféricas condensados com pressão mais suave produzem resistência adequada.

Efeito da Porosidade: a porosidade está relacionada com diversos fatores que, incluindo a plasticidade da mistura. Também diminui com a subtrituração. Para as ligas esféricas, o condensador será simplesmente puncionado através do amálgama, quando são empregadas pressões fortes. Felizmente, os espaços vazios não constituem um problema com esses amálgamas. Desse modo, podem ser usadas pressões mais suaves, sem perigo de prejudicar as propriedades.

Velocidade de Cristalização do Amálgama: os amálgamas não ganham resistência tão rapidamente quanto seria desejado. A resistência à compressão em uma hora, de amálgamas de composição única ricos em cobre, é excepcionalmente alta. A fratura é menos provável. Mesmo quando é usado um amálgama de cristalização rápida, é provável que sua resistência seja inicialmente baixa. Mesmo no final de um período de seis meses, alguns amálgamas podem ainda estar aumentando em resistência. Estas observações sugerem que as alterações entre as fases da matriz e as partículas da liga podem continuar indefinidamente. É duvidoso que as condições de equilíbrio entre elas sejam algum dia alcançadas.

Escoamento

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Significado do Escoamento no Desempenho do Amálgama: a taxa de escoamento mostra correlação com a deterioração marginal dos amálgamas convencionais pobres em cobre, isto é, quanto mais alto é o escoamento, maior é o grau de deterioração marginal.

Para os amálgamas ricos em cobre, o escoamento não é necessariamente um bom precursor da fratura marginal. Muitos desses amálgamas apresentam valores de escoamento de 0,4% ou menos. É prudente selecionar uma liga comercial que possua um escoamento abaixo do nível de 3%.

A Influência da Microestrutura sobre o Escoamento: a fase ?1 exerce uma influência fundamental sobre os valores do escoamento com amálgama de baixo conteúdo de cobre. Os valores de escoamento aumentam com frações maiores de ?1 e decrescem com os tamanhos maiores dos grãos de ?1. a presença de ?2 está associada a taxas mais altas de escoamento.

Efeitos das Variáveis de Manipulação sobre o Escoamento: fatores de manipulação minimizam a taxa de escoamento em qualquer tipo de amálgama. As proporções mercúrio:liga devem ser minimizadas; a pressão de condensação deve ser exercida ao máximo nas ligas usinadas ou dispersas, e deve-se prestar muita atenção ao tempo de trituração e condensação.

Desempenho clínico das restaurações de amálgama

O excelente desempenho clínico está ligado à sua tendência para minimizar a infiltração marginal. Na melhor das hipóteses, o amálgama apresenta uma adaptação apenas razoavelmente íntima às paredes da cavidade preparada. Por esta razão, vernizes cavitários são usados para reduzir a infiltração. Quando a restauração é colocada adequadamente, a infiltração decresce à medida que a restauração envelhece na boca. Isto pode ser causado pelos produtos de corrosão que se formam na interface dente/restauração, selando a mesma e impedindo desse modo a infiltração. O acúmulo dos produtos de corrosão é mais lento com as ligas ricas em cobre. A vida limite de uma restauração de amálgama é determinada por alguns fatores: => o material, => o profissional e o assistente, e => o meio bucal do paciente.

Mancha e Corrosão: o grau de manchamento e a descoloração resultante parecem depender muito do meio bucal do indivíduo e da liga em particular empregada.

A corrosão ativa das restaurações recentemente colocadas ocorre na interface dente/restauração. A formação de produtos de corrosão veda gradualmente esse espaço, fazendo do amálgama dental uma restauração auto-selante. Há evidências indiretas de que a fase ?2 implica falha marginal e corrosão ativas nas ligas tradicionais, porém tal correlação não é possível para as ligas ricas em cobre.

Os produtos de corrosão mais comuns encontrados são os óxidos e os cloretos de estanho. São encontrados na interface dente/amálgama e penetrando na massa de restaurações antigas de amálgamas. Deve-se fazer todo o esforço para produzir uma superfície homogênea e lisa na restauração para minimizar as manchas e a corrosão. O processo de corrosão do amálgama pode liberar mercúrio livre, que pode contaminar e enfraquecer uma restauração de ouro. Efeitos biológicos como o galvanismo devem ser evitados.

Efeitos de Composição sobre a Vida Útil da Restauração de Amálgama: os amálgamas ricos em cobre com zinco têm a melhor duração, próximo de 90% em 12 anos. Os amálgamas ricos em cobre sem zinco são os próximos com aproximadamente 80%. O pior desempenho foi exibido pelos amálgamas pobres em cobre sem zinco. Este sistema fracassou em 50%. As

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razões para essas diferenças vistas na duração não são completamente claras. Todavia, a combinação e os efeitos sinérgicos da adição do cobre e do zinco provavelmente oferecem um aumento da proteção à corrosão nas restaurações.

Fatores que afetam a qualidade das restaurações de amálgama

Uma boa liga para amálgama dental moderna pode ser manipulada de modo que a restauração tenha durabilidade média de 12 a 15 anos. Restaurações que apresentam falhas, na maioria das vezes, estão associadas ao cirurgião-dentista, seu auxiliar, ou ao paciente e não ao material, muito embora o amálgama seja frágil e deve ser manipulado tendo-se em mente esta deficiência. O uso de ligas e técnicas que estimulem a padronização da manipulação e da aplicação do amálgama aumenta a qualidade da restauração final. Todavia parece óbvio que os sistemas de ligas com alto teor de cobre são os preferidos atualmente. Isto se deve à melhoria das propriedades físicas, à eliminação da fase ?2 e à melhor resistência à corrosão que estão associadas a estas ligas, que conduzem a um desempenho clínico superior. Existe apenas um requisito para o mercúrio de uso odontológico: sua pureza.

Relação mercúrio:liga

As ligas disponíveis atualmente são planejadas para a manipulação com relações mercúrio/liga reduzidas. Este método é conhecido como técnica do mercúrio mínimo. A mistura original deve conter uma quantidade de mercúrio suficiente, de modo a proporcionar uma massa coesiva e plástica após a trituração. Porém esta quantidade deve ser baixa, de maneira a conseguir-se um nível aceitável de mercúrio na restauração. O conteúdo de mercúrio em uma restauração terminada deve ser comparável à relação original mercúrio:liga, usualmente da ordem de 50%, podendo ser ainda menor nas ligas com partículas esféricas.

Proporcionamento: a relação recomendada varia com as diferentes composições das ligas, com os tamanhos e formas das partículas e com o tipo de tratamento térmico. A relação mercúrio:liga recomendada para a maioria das ligas modernas em forma de limalha é de 1:1; poderá haver pequenas variações em partes percentuais. Com as ligas esféricas, a quantidade de mercúrio recomendada é de aproximadamente 42%. Independentemente da relação, o proporcionamento é crítico quando se usa a técnica do mercúrio mínimo. Neste caso, se o conteúdo do mercúrio for ligeiramente menor, a mistura ficará seca e granulosa. O uso de pouco mercúrio nas ligas para amálgama com alto teor de cobre aumenta a resistência. Ocorre também a redução da resistência à corrosão.

As cápsulas descartáveis que contêm quantidades pré-proporcionadas de mercúrio e liga são largamente utilizadas atualmente. A despeito do método utilizado, a quantidade apropriada de mercúrio e liga deve ser sempre proporcionada antes de iniciar-se a trituração. A adição do mercúrio após a trituração é contra-indicada.

Trituração mecânica

Originalmente, a liga e o mercúrio eram misturados utilizando-se um gral e um pistilo. Atualmente, a amalgamação mecânica economiza tempo e padroniza o procedimento.

O objetivo da trituração é propiciar a amalgamação adequada entre o mercúrio e a liga. Um grande número de marcas comerciais de amalgamadores encontra-se disponível no

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mercado. As cápsulas descartáveis normalmente contêm um pistilo apropriado. Quando a cápsula é presa no amalgamador os braços que prendem a cápsula passam a oscilar em alta velocidade. Encontram-se também cápsulas reutilizáveis, fechadas pro fricção ou rosqueamento. As cápsulas descartáveis nunca devem ser reutilizadas, devido à probabilidade de vazamento ou fratura.

As ligas esféricas necessitam de menos tempo de amalgamação que as em forma de limalha.

Consistência da Mistura: quando a mistura apresenta-se um tanto granulosa pode-se afirmar que está subtriturada. Não apenas a restauração de amálgama obtida a partir desta mistura será frágil, como também a superfície rugosa deixada após a escultura aumentará à suscetibilidade ao manchamento.

Se a trituração for realizada adequadamente, a resistência será máxima e a superfície será lisa, o que possibilitará a maior retenção do brilho após o polimento.

Condensação

O objetivo da condensação é compactar a liga na cavidade preparada de maneira a se obter a maior densidade possível, com uma quantidade de mercúrio suficiente para assegurar uma completa continuidade da fase matriz entre as partículas de liga remanescente. Se este objetivo for conseguido, a resistência do amálgama será aumentada e o escoamento diminuído. Após o término da trituração, a condensação do amálgama deve ser iniciada imediatamente. A maioria das ligas modernas que usam quantidades mínimas de mercúrio endurece com rapidez considerável. Por este motivo, a condensação deve ser a mais rápida possível.

Condensação Manual: o amálgama manipulado nunca deve ser tocado com as mãos. A umidade existente na superfície da pele constitui-se numa fonte de contaminação do amálgama.

Uma vez inserido o incremento de amálgama na cavidade preparada, ele deve ser imediatamente condensado com pressão suficiente para remover os vazios e adaptar o material às paredes da cavidade. Após a condensação de um incremento, sua superfície deve ter uma aparência brilhante.

Pressão de Condensação: quanto menor for o condensador, maior será a pressão exercida sobre o amálgama. Se a ponta do condensador for muito grande, o operador não poderá desenvolver uma pressão de condensação suficiente. A força de condensação deve ser tão grande quanto a liga permitir, de modo a manter o conforto do paciente. Uma das vantagens das ligas esféricas é a de oferecerem uma leve resistência à força de condensação.

Condensação Mecânica: os procedimentos e os princípios são os mesmos aplicados para a condensação manual, incluindo a necessidade do uso de pequenos incrementos de amálgama. Diversos mecanismos provocam uma força do tipo impacto, enquanto outros usam uma vibração rápida.

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Escultura e acabamento

Após o amálgama ter sido condensado na cavidade preparada, a restauração é esculpida para reproduzir a anatomia correta do dente. Se a técnica adequada for seguida, o amálgama deverá estar pronto logo após o término da condensação. Após a escultura, a superfície da restauração deve ser alisada. Este processo pode ser feito através de um brunimento. Durante o brunimento, não deve ser exercida uma pressão exagerada. Ainda que as superfícies da restauração tenham sido cuidadosamente acabadas, brunidas e alisadas, elas são rugosas a nível microscópico. Se estes defeitos não forem por um polimento posterior, após o completo endurecimento do amálgama, poderão provocar corrosão. A restauração não estará completa se suas margens não estiverem adequadamente ajustadas e suas superfícies perfeitamente lisas.

Significância clínica da alteração dimensional

Após a condensação do amálgama, ocorre uma variedade de alterações, tanto no nível de microestrutura como no visual. Os amálgamas deterioram e muitos são considerados fracassos eventuais. O cirurgião-dentista deve esperar e observar o tipo de deterioração que ocorre em vários períodos de tempo.

Expansão: existem várias causas para esta expansão. Uma delas é trituração e condensação insuficientes; outra é a expansão tardia em função da contaminação, pela umidade, de amálgamas que contenham zinco, durante a trituração ou a condensação.

Expansão tardia é provavelmente causada pela pressão interna exercida pelo hidrogênio, que é um dos produtos de corrosão entre o zinco do amálgama e a umidade incorporada. A maior expansão começa 4 a 5 dias após a condensação. A expansão tardia do amálgama freqüentemente causa dor intensa. Essa dor pode aparecer de 10 a 12 dias após a inserção da restauração. Sem dúvida, a umidade foi incorporada ao se manipular o amálgama.

Contração: a subtrituração provoca a diminuição da resistência e uma expansão indevida durante o endurecimento. Uma ligeira contração ocorre com muitas ligas para amálgama modernas, quando são adequadamente trituradas.

Virtualmente é impossível detectar-se a abertura de margens em níveis de poucos micrômetros, seja pela visão ou pelo uso de instrumentais.

Ligas de Zinco: é importante que a restauração seja colocada antes que a contaminação por umidade ocorra. A condensação deve ser feita preenchendo-se a cavidade preparada com grandes incrementos, em vez de pequenos. O zinco pode apresentar efeitos indesejáveis, associados à expansão tardia.

Efeitos colaterais do mercúrio

Diversos países estão evitando o uso do amálgama dental devido às preocupações ambientais, bem como aos alegados efeitos colaterais experimentados pelos pacientes.

Alergia: os efeitos colaterais fisiológicos mais prováveis com o uso do amálgama dental são representados pelas dermatites de contato, tais reações são experimentadas por menos

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de 1% da população tratada. No caso de tal reação ter sido constatada por um alergista ou dermatologista, deve-se utilizar um material alternativo.

Toxicidade: pode existir um perigo real para o cirurgião-dentista ou seu assistente, quando ocorre inalação de vapor de mercúrio durante a manipulação, colocação e remoção do material. O mercúrio da restauração penetra na estrutura dentária e pode ser responsável por uma descoloração subseqüente do dente. O uso de mercúrio radioativo em amálgama de preta também tem revelado que certa quantidade de mercúrio pode até atingir a polpa.

O contato do paciente com o vapor de mercúrio durante a inserção da restauração é breve, e a quantidade total de vapor de mercúrio liberada neste momento é muito pequena para provocar injúrias. O principal risco da equipe odontológica está relacionado com a inalação. O nível máximo de exposição ocupacional considerada segura é de 50 microgramas de mercúrio por metro cúbico de ar durante um dia padrão de trabalho. Gotas muito pequenas de mercúrio contém quantidade suficiente deste elemento que pode saturar o ar existente em um consultório padrão. Todavia, somente poucos casos de intoxicações sérias devidas ao mercúrio têm sido reportadas. Os riscos potenciais do mercúrio podem ser grandemente reduzidos de algumas medidas de precauções.

Influência do Conteúdo de Mercúrio na Qualidade da Restauração: a análise clínica das restaurações indica uma grande variação no conteúdo de mercúrio. A concentração de mercúrio é maior nas áreas marginais (em média 2 a 3%) que no corpo da restauração. Este alto teor de mercúrio nas margens é importante, porque estas áreas são críticas em termos de corrosão, fratura e cárie recorrente. Quanto mais alto o teor de mercúrio, maior será a incidência e a gravidade das falhas que ocorrem com o envelhecimento da restauração.

Deterioração marginal

Os exames de restaurações clínicas permitiram associar o aparecimento de cáries recorrentes à ocorrência de discrepâncias marginais. Muitas dessas restaurações são substituídas como uma medida preventiva. As fraturas marginais das restaurações de amálgama podem ser causadas ou estarem relacionadas com diversos fatores:

Preparo Cavitário Impróprio ou Acabamento Inadequado: se o esmalte sem suporte for deixado nas áreas marginais dos preparos cavitários, a própria estrutura do dente poderá fraturar com o tempo. Deve-se fazer o acabamento das margens, após a escultura, com uma taça mole, para polimento com uma fina pasta profilática. Uma ligeira pressão deve ser utilizada.

Escoamento: se o escoamento de uma liga é indevidamente alto, o potencial de degradação marginal é consideravelmente aumentado. Parece haver uma pequena correlação entre o escoamento e a fratura marginal.

Vários mecanismos podem ser responsáveis pela degradação marginal. O exato mecanismo da fratura marginal e estas propriedades específicas ainda estão sob estudo. É aconselhável selecionar ligas que tenham baixo escoamento e possuam máximo de resistência à corrosão.

Restaurações de amálgamas reparadas

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Uma nova mistura de amálgama é condensada contra o material remanescente da restauração antiga. A resistência da união entre o amálgama velho e o novo é importante. A resistência á flexão do amálgama reparado é menor do que a metade daquela conseguida a partir do amálgama que não sofreu reparo. A união entre elas é a região mais fraca.

Conclusão

Nesse trabalho pode-se verificar a importância da qualidade de uma boa liga de amálgama e seu desempenho clínico. As vantagens e desvantagens de se utilizar esse tipo de material em clínica. A importância de uma exata proporção entre liga metálica e mercúrio para se obter corretamente o material sem que haja excesso de mercúrio e assim causar uma possível contaminação da equipe clínica e, por ventura, de um paciente que tenha hipersensibilidade à essa substância. É importante ressaltar também a importância de uma boa condensação e um bom brunimento do material para que não haja uma infiltração na interface dente/liga e que isso possa evoluir para uma cárie.

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I - AMÁLGAMA ODONTOLÓGICO1 - Introdução:.obtido a partir da mistura de uma liga metálica com o

mercúrio(Hg).no Brasil, o amálgama representou 80% das restaurações diretas em dentes posteriores.apresenta baixo custo, fácil manipulação e desempenho clínico altamente comprovado2 - Histórico:.300 a.C. - Teofrasto da Grécia.70 - Plínio, o Ancião.1819 – Bell (inglaterra) - desenvolvimento do amálgama.1826 - Taveau - limalha a partir de moeda de prata.1833 - irmãos Graucore - publicação no “Royal Mineral Succedaneum”.1845 - guerra do amálgama.1850 - aplicação da pena.metade do século XIX - Towsend - desenvolvimento de liga com quantidades iguais de Ag e Sn; Flagg,desenvolveu uma liga com 60% de Ag, 35% de Sn e 5% de Cu.1890 - G.V.Black - determinou a composição química e a técnica adequada para o uso do amálgama.1919 - Souder, Chauncey e Peters, estabeleceram as normas de qualidade para o amálgama, a pedido da American Dental Association e do National Bureau of Standards.1962 - Demaree e Taylor - desenvolvimento das partículas esferoidais (processo de nebulização).1963 - Innes e Youdellis (Universidade Alberta no Canadá) - desenvolvimento das ligas de dispersão(partícula esferoidal de liga eutética Ag-Cu + liga convencional em forma de limalha).1964 - Asgar - liga enriquecida com cobre, de partícula única esferoidal.1994 - a FDI (Federação Dentária Internacional, publicou o anteprojeto do governo sueco, requisitanto aabolição do uso do amálgama em adultos, a partir de 1997 e a eliminação total do uso do Hg, no ano 2000.3 - Apresentação comercial:3.1 - Liga:.a granel (pó) - vidros ou frascos com 30 g.comprimidos (liga pré amalgamada, com 3% de Hg)3.2 - Hg:.a granel - vidro com 100 g3.3 - Cápsulas contendo liga e Hg separado por um invólucro plástico ou de alumínio, o qual será rompidoantes da mistura. Nesta apresentação comercial, tornou-se possível uma variedade de ligas com composiçõesquímicas e formatos diferentes de partículas, além de quantidades também diferentes.4 - Indicações:.cavidades de classe I, II e V (dentes posteriores).dentes decíduos.núcleo de preenchimento.amálgama reforçado com lâmina de prata.amalgapin.amálgama retido a pino.amálgama adesivo - associado a adesivo dentinário ou a uma resina dual5 - Contra-indicações:.dentes anteriores, com exceção de cavidades localizadas na face lingual.face mesial do primeiro pré-molar superior .cavidade em que o amálgama estabeleça contato com restaurações com ligas de ouro.cavidades extensas e com paredes frágeis6 - Composição química, função dos componentes e processo de obtenção:6.1 - Função dos componentes:6.1.1 - Prata:- principal componente- aumenta a resistência da restauração, diminui o escoamento e aumenta a expansão de presa

6.1.2 - Estanho:- representa cerca de 25% da composição química das ligas

atuais- facilita a amalgamação à temperatura ambiente- reduz a quantidade de prata- reduz a expansão da prata- aumenta o escoamento6.1.3 - Cobre:- substitui parcialmente a prata- aumenta a dureza e resistência mecânica- diminui o escoamento e à corrosão6.1.4 - Zinco:- anti-oxidante6.1.5 – Índio:- aumenta a

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resistência à compressão- diminui o creep e a quantidade de Hg necessária à amalgamação- diminui o brilho após o polimento6.2 - Convencionais (baseada na composição química, preconizada por Black):6.2.1 - Composição química: prata - mínimo de 65% em peso; estanho - máximo de 29%; cobre - máximo de6% em peso; zinco - máximo de 2% em peso; mercúrio(ligas pré-amalgamadas) - máximo de 3%

6.2.2 - Obtenção das limalhas:.fusão dos metais puros(Ag - 960,8oC; Cu - 1083oC; Zn - 420oC; Sn - 231,9oC) e obtenção dos lingotes.homogeneização, por meio de recozimento a 400-

425oC, por 24 horas, seguido do resfriamento lento até atemperatura ambiente,

com o objetivo de restabelecer o equilíbrio de fase..fresagem ou usinagem - obtenção da limalha(corte grosso 45

µm; corte fino - 35µm e microfino 25µm).envelhecimento(aquecimento a 100oC por algumas horas), para liberação das microtensões induzidasdurante o

corte, tornando as partículas estáveis; haverá formação de camada de óxido, envolvendo aspartículas..tratamento superficial das partículas - lavagem em solução ácida 6.2.2.1 - Limalha de corte grosso:.obtidas diretamente da usinagem do lingote.apresentam partículas com a seguinte constituição de granulometria: 50% de partículas que passam atravésdo tamiz de 44

µm; 40% tem tamanho entre 44 e 74µm e 10% tem entre 105 e 149µm6.2.2.2 - Limalha de corte fino:.após a usinagem, as partículas serão

submetidas a um processo de moagem em moinho de molas e depoismisturadas na seguinte proporção: 85% das partículas são de tamanho menores que 44

µm e 15%, temtamanho variando entre 44 e 74µm.6.2.2.3 - Micropartículas.em variados tamanhos6.2.2.4 - Vantagens das

limalhas de corte fino e microfino sobre as de corte grosso:.melhores características

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de manipulação.melhores condições de manipulação.superfície lisa.presa mais rápida.resistência obtida em menor tempo.menor ocorrência de fraturas.menor corrosão superficial6.2.3 - Obtenção das partículas esferoidais (Demaree e Taylor):.após a fusão dos componentes, o produto será borrifado em ambiente com gás inerte, originando, aspartículas com formato esferoidal.separação das partículas, segundo o seu tamanho

37 6.2.3.1 - Vantagens sobre as limalhas:.na 1ahora após a manipulação 25% mais de resistência à compressão e 30-40%

mais de resistência àtração.. menor ocorrência de fratura marginal ou do istmo. menos corrosão. superfície mais lisa. alteração dimensional desprezível. menor escoamento dinâmico(creep). necessita de menos Hg 6.2.3.2 - Desvantagens..maior custo.dificuldade para condensar o amálgama 6.3 - Ligas enriquecidas com cobre:6.3.1 - Liga de fase dispersa, liga misturada ou amálgama de dispersão:.1962 - Innes e Youdellis (primeira liga rica em cobre comercializada no mundo).constituída por 2/3 de liga convencional na forma de limalha e 1/3 de fase eutética Ag(72%) e Cu(28%), naforma de partículas esferoidais – maior resistência, pela dispersão das partículas do eutético na massa domaterial..Dispersalloy/ Dentsply(12% de cobre); Valiant PhD/ Ivoclar; Permite C/ SDI; GS-80/ SDI; Pratic NG2/Vigodent6.3.2 - Liga de composição única esferoidal:.segundo Kamal Asgar, os componentes Ag(60%); Cu(13 a 29%); Sn(27%), são fundidos conjuntamente eatravés do processo de nebulização, originam as partículas esferoidais.Tytin FC/ Kerr; Spheralloy/ SDI; Lojic Plus/ SDI; Velvalloy Plus/ SSWhite; Megalloy/ Dentsply6.4 - Ligas com ou sem zinco:.desoxidante da liga durante a sua obtenção.desnecessário atualmente.evita a expansão tardia 7 - Reação de presa ou amalgamação:7.1 - Ligas convencionais: as limalhas ou particulas esferoidais, apresentam em sua combinação, o sistema Ag

3Sn(fase gama), que durante a trituração e devido a solubilidade da Ag no

Hg(0,035%) e do Sn no Hg(6%),tem a superfície da partícula dissolvida, formando a matriz metálica, denominada de gama 1 e 2a)Fase gama(Ag

3Sn)- Fase dura e com resistência de 4900kg/cm2- corresponde de 26,16 a 31% do amálgama endurecido(em volume)b) Fase

gama 1(Ag2Hg3):-grade espacial pertencente ao sistema cúbico de corpo centrado-resistência

à compressão de 1750 Kg/cm2-devido a sua menor solubilidade, precipita-se primeiro-corresponde a 66,09%

do amálgama endurecidoc) Fase gama 2 (Sn7-8

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Hg):-a sua grade espacial pertence ao sistema hexagonal-fase menos resistente(700 kg/cm

2)-baixa resistência à corrosão-representa 7,75% do amálgama endurecido(em

peso)Imediatamente após a trituração e estendendo-se até a condensação, a liga coexiste com Hg livre e amistura apresenta consistência plástica, com os cristais de gama 1 e 2 crescendo à medida que o Hgremanescente dissolve as partículas da liga. A fase gama 1, cristaliza-se primeiro, apesar da velocidade decrescimento da fase gama 2, ser maior; a quantidade dessas duas fases, depende da quantidade de Hg e dasvariáveis de manipulação.Reação de presa ou cristalização citada por Mahler, 1986:16,78 Ag

3Sn + 37 Hg→12 Ag2Hg3+ Sn7-8Hg + 8,78 Ag3Sn + POROS

fase gama fase gama 1 fase gama 2 fase gama(liga) (60%) (10%) (27%) Após a presa, o remanescente de liga(fase gama),

encontra-se circundado e unido por cristais de gama 1 e 2;segundo a ADA, 15 minutos após a presa, a resistência tensil diametral é de 20,3 Kg/cm

2 Ligas convencionais:.Aristalloy/ Baker .Velvalloy/ SS White.New True

Dentalloy/ Caulk.Standalloy/ Degussa7.2 - Ligas enriquecidas com cobre, de fase dispersa: são constituidas por limalhas(fase gama) + partículasesferoidais(eutético Ag5Cu2)Leinfelder e Lemmons, 1988: Ag

3Sn + Ag5Cu2+ Hg→Ag3Sn + Ag2Hg3+ Sn

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7-8Hg + Ag5Cu2+ POROS gama eutético gama gama 1 gama 2 eutéticoLIGA Existindo suficiente eutético Ag5Cu2, a reação prossegue, formando o composto Eta (Cu6Sn5)+ gama 1(Ag2Hg3) - os átomos de cobre do eutético, passam a atrair o estanho da fase gama 2,

devido a grandeafinidade química existente (processo de dispersão atômica no estado sólido)Sn

7-8Hg + Ag5Cu2 →Ag2Hg3+ Cu6Sn5gama 2 eutético gama 1 eta7.3 - Ligas ricas em cobre de fase única, esferoidal - Asgar, K. , Universidade de

MichiganO fenômeno do desaparecimento do Hg, ocorre da seguinte maneira: o Hg ao entrar em contato comas partículas de ligas, penetra na sua superfície, combinando-se preferencialmente com a Ag (em maior quantidade na periferia), formando gama 1 e depois gama 2; a atração do estanho pelo cobre, origina a faseeta(Cu5Sn6), liberando o Hg, que reage com a Ag, formando mais gama 1.Ag, Sn, Cu + Hg→Ag

2

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Hg3+ Cu5Sn6+ (Cu, Sn, Ag) + porosliga gama 1 eta ligaLigas com alto teor de cobre:.Dispersalloy/ Dentsply.Tytin/ Kerr -

USA.Duralloy S/ Degussa.DFL Alloy/ DFL.Vivalloy 70/ Vigodent8 - Considerações técnicas:8.1 - Seleção da liga e do Hg:.qualidade.grau de pureza da liga e do Hg.formato das partículas.composição química das partículas.tamanho das partículas de liga8.2 - Proporção liga/Hg:8.2.1 - Por volume:.dispensador para liga e para Hg.amalgamador com dispositivo para proporcionar a liga e o Hg8.2.2 - Por peso:.é o meio mais fiel de se obter a proporção da liga e do Hg.balança de Crandal.comprimidos(pré-amalgamada)8.2.3 - Cápsulas descartáveis, contendo liga e Hg, previamente proporcionados

8.2.4 - Lembretes:.a proporção por volume, não é confiável, principalmente para a liga de fase dispersa.o reservatório da liga, deve ser mantido preenchido até a metade no mínimo, para que a quantidade de ligaseja mais ou menos padrão.as ligas misturadas, são mais difícies de serem proporcionadas8.3 - Trituração, amalgamação:8.3.1 - “Nenhum outro passo clínico durante o preparo do amálgama, é tão importante quanto esse”8.3.2 - Objetivo:.promover um íntimo contato entre a liga e o Hg e dissolução superficial das partículas de liga, pela remoçãoda camada de óxido que as envolve superficialmente; as limalhas são abrasionadas e fraturadas, enquanto aspartículas esferoidais, terão a superfície limpa, pelo atrito de uma contra a outra8.3.3 - Tipos:8.3.3.1 - Manual:.gral de vidro, com saliência interna e pistilo.180 a 200 r.p.m..tempo: 1 minuto.pressão do pistilo no gral: preensão do mesmo como caneta (1 a 2 kg) ou punhal (3 a 4,5 kg).proporção da liga: por peso ou por volume, dependendo do tipo de liga e da preferência do profissional8.3.3.2 - Mecânica:.o amalgamador com cápsula recambiável preso em forquilha - proporção por peso e por volume.o amalgamador com proporcionador automático de liga e Hg, com cápsula recambiável e pistilo, de peso etamanho variado - proporção por volume.a frequência deve ser de 60 Hertz (3600 oscilações por minuto) e a relação entre o comprimento da cápsulae amplitude de movimento é de 0,5.quanto maior o número de movimentos, na unidade de tempo, maior será a energia de trituração Energiacinética = massa x velocidade

1/ 2.a amalgamação com utilização de cápsulas não descartáveis, permitem o

vazamento do Hg sob a forma deaerossóis (Jorgensen & Okuda, 1971) e o vedamento entre cápsula e amalgamador é sempre incompleto(Ribeiro et al, 1986). 8.3.3.3 - Lembretes:.o tempo real de trituração, depende da distância que a cápsula “viaja” por um dado período de tempo, dotamanho, da densidade do pistilo e da “trilha do movimento”.o amalgamador possibilita economia de tempo, padronização do procedimento, apesar do meio de proporçãoliga/Hg, ser por volume.o tempo de trituração e a velocidade empregada, depende do tipo e volume de liga.a cápsula deve apresentar pistilo metálico e estar totalmente vedada.as ligas ricas em cobre, necessitam de maior quantidade de energia para a sua trituração, devido a maior oxidação sofrida durante a estocagem.a cápsula deve estar totalmente limpa, isenta

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de restos de amálgama manipulado8.3.3.4 - Características do produto:8.3.3.4.1- Ideal: massa plástica, brilhante, dobrando-se sobre si mesma e com adequado tempo de trabalho.Segundo Peyton “o produto recem manipulado deveria permitir a confecção de uma pequena esfera, quequando deixada cair de uma altura de 25 cm, sobre uma superfície plana, sofrerá achatamento e apresentaráaspecto homogêneo e brilhante.8.3.3.4.2 - Supertriturada: amálgama excessivamente brilhante, quase fluído e apresentando adesão àsparedes do gral8.3.3.4.3 - Subtriturado: seco, pulverulento, sem brilho. A presa é mais rápida, com maior quantidade deporos, com menor resistência mecânica, de difícil escultura e polimento, baixa resistência à corrosão e maior a possibilidade de fraturas no corpo, e os nos bordos da restauração8.4 - Homogeneização: com dedeira de borracha e completa a trituração(trituração em gral e pistilo).8.5 -Eliminação do excesso de Hg(proporção da liga e Hg em balança ou por volume):.com camurça ou linho(10 x 10 cm)

.não tocar o amálgama, com dedos ou mãos.recolher o Hg eliminado e colocá-lo num recipiente, contendo água ou solução fixadora de radiografias)8.6 - Transporte do amálgama para a cavidade:.o produto recém manipulado, será colocado num pote Dappen ou mesmo na camurça e transportado para acavidade através do porta-amálgama.8.7 - Matrizes e porta matrizes:.as matrizes devem apresentar 0,03 a 0,05 mm, de espessura, com 5 ou 7 mm de largura. Devem ser de fácilcolocação; os porta matrizes, devem promover suporte para matrizes.o porta matriz Tofflemire utiliza-se de matriz reta ou curva e a matriz individual tipo cinta ou soldada, poderáser fixada com godiva de baixa fusão.a finalidade do encunhamento é impedir que o excesso de amálgama se dirija para a cervical, provocandoalteração no periodonto e a adaptação da matriz deve proporcionar um correto contorno à restauração.8.8 - Condensação:9.8.1- Objetivos:.compactar o amálgama recem manipulado (massa plástica), de tal modo que a cavidade será completamentepreenchida, assegurando-se a maior densidade possível, com eliminação de poros e remoção do excesso deHg, deixando apenas o necessário para assegurar a continuidade da matriz metálica entre os remanescentesde partículas. O amálgama rico em Hg ou o excesso deste, será levado à superfície e removido antes dacolocação de uma nova porção ou incremento.8.8.2 - Tempo de trabalho: é o tempo que o amálgama permanece no estado plástico, brilhante e com asuperfície “úmida”.8.8.3 - Tipos:8.8.3.1 - Manual: utiliza-se de condensadores ou calcadores de Black, Black modificado,Bennet, Ash, Bronner, Markley em diversos tamanhos de ponta ativa, formato e angulagem cabo/ponta ativa.Pressão = carga(kg)área xπ. r

2.pressão de 4,5 kg, em ponta ativa com 2mm de diâmetro(140Kgcm2).pressão de 4,5 kg, em ponta ativa com 3,5 mm de diâmetro(47 kg/cm2)8.8.3.2 - Mecânica: utiliza-se de condensadores pneumáticos de Hollemback,

Maletor, Midwest, Kerr modificado ou ultrassônicos, de diferentes formatos de ponta ativa - padronização do procedimento, composterior liberação de Hg. Não é utilizado clinicamente, somente em laboratório.8.8.4 - Princípios:.o campo deve estar seco, pois o contato do amálgama com a saliva ou água, antes ou durante a presa eincorporação da mesma no material que está sendo condensado, provoca a

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expansão tardia, corrosão, perdado brilho e diminuição da resistência.. o amálgama será levado em pequenas porções(incremento), proporcionais ao tamanho da cavidade;iniciamos a condensação com instrumento de menor diâmetro e aumentamos gradativamente, nas limalhasou com instrumento que preencha quase toda a largura da cavidade, no caso de partículas esferoidais..sempre deverá existir 4 paredes e um assoalho; nos molares e pré-molares, quando estiver ausente uma oumais paredes circundantes, se faz necessário o uso de matriz e porta matriz..as cavidades extensas deverão ser preenchidas com amálgama preparado em uma ou mais porções.o tempo de trabalho é de 3-4 minutos e após 6 a 7 minutos, a resistência mecânica deve ser de 50% dovalor máximo..o excesso de Hg ou o amálgama com excesso de Hg, deve ser removido antes da colocação de novoincremento.a condensação deve ser iniciada pela caixa proximal e pelos ângulos diedros e triedros, através demovimentos perpendiculares e oblíquos em relação ao plano horizontal ou pulpar..a cavidade deve ser preenchida com um excesso de cerca de 1 mm além do bordo cavo-superficial.o ideal é que ao final da condensação, em função da pressão utilizada, o profissional sinta cansaço na regiãodo punho8.9 - Pré-brunidura ou brunidura pré-escultura:.realizada com brunidor grande, antes do início da escultura ou da remoção da matriz

.tem por objetivo, melhorar a adaptação marginal, diminuir a corrosão e a porosidade superficial eproporcionar relativa adaptação do amálgama às paredes cavitárias.8.10 - Escultura:8.10.1 - Objetivo: reconstruir a anatomia e a função dental8.10.1.1- Cuidados:.deve ser iniciada somente quando o amálgama apresenta certa resistência ao corte do instrumento(normalmente entre 4 a 13 minutos após a trituração), o que é identificado pelo “ruído metálico” ou “grito doamálgama”, durante a escultura.evitar escultura com excesso de material sobre as vertentes e/ou sulcos excessivamente profundos, os quaisenfraquecem a restauração e representam riscos de exposição do material de proteção.8.10.2 - Instrumental:.esculpidores de Fhran, números 2, 6 e 10.instrumental discóide-cleóide.espátula Hollemback 3 s, nova.sonda exploradora8.11 - Brunidura pós-escultura:.com um brunidor esférico atuando na região de sulcos e fossas e o brunidor achatado atuando na região dasvertentes e brunidor pontiagudo, na região da crista marginal8.12 - Acabamento e polimento:8.12.1 - Objetivos do acabamento: eliminar excesso de material; definir as características anatômicas dodente e remover os pontos de contato prematuros(pontos brilhantes)8.12.2 – Objetivo do polimento: eliminar ranhuras e irregularidades superficiais, proporcionando brilho àrestauração8.12.3 - Cuidados: deve ser realizado após um intervalo mínimo de 48 horas após a trituração e sobrefrigeração ou com emprego de pastas, para evitar o aquecimento da restauração a temperaturas superioresa 60o

C, com o objetivo de evitar a evaporação do Hg.9 - Instrumentos:.brocas multilaminadas(12 ou 30 lâminas), em alta ou baixa rotação.borrachas abrasivas.escova de Robson ou taças de borrachas, com pastas de polimento.lixas metálicas e não metálicas, para as proximais, sem remover o ponto de contato10 - Propriedades gerais do amálgama:10.1 - Plasticidade e tempo de trabalho: determinam o íntimo contato do material restaurador-parede cavitáriae a porosidade interna do amálgama10.1.1 - Tempo de trabalho: entre a trituração e o final da condensação, a plasticidade do material deve ser elevada, e após este momento, a cristalização deve ser iniciada, evoluindo rapidamente até o final

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dacristalização.10.1.2 - A plasticidade depende:.da composição química: o estanho é um componente altamente solúvel em Hg, seguido da Ag e do Cu(respectivamente 100: 10: 1).do tratamento térmico do lingote.do tamanho, forma e mistura das partículas.da velocidade de resfriamento das partículas esferoidais: elas tornam-se mais reativas, devido a presença dafase gama.do envelhecimento das partículas usinadas, o que reduz a velocidade de reação entre a limalha e o Hg.da relação liga/Hg.da oxidação superficial das partículas: as ligas ricas em cobre, necessitam de maior energia de trituração,pois apresentam uma camada mais extensa de óxidos.da trituração10.2 - Alterações dimensionais: de acordo com a Especificação no1 da ADA, a contração de presa deve estar em torno de 20µm/cm, nas primeiras 24 horas, sendo seguida de uma expansão. O teste é realizadoutilizando-se um corpo de prova em forma de cilindro com 10 mm de altura e 5 mm de diâmetro, que é 42 mantido em temperatura de 37o

C, e tendo as suas medidas tomadas aos 5 minutos e 24 horas após atrituração..as ligas convencionais apresentam maior alteração dimensional que as ligas ricas em cobre..a maior quantidade de estanho, induz a uma maior contração nas primeiras 24 horas.os amálgamas obtidos de partículas microfinas, mostram menor expansão que as de corte grosso.quanto mais Hg for usado, maior será a quantidade de fases gama 1 e 2 formadas, levando a uma maior expansão. A Ag e o Sn, são dissolvidos superficialmente pelo Hg, formando gama 1 (2 a 3 seg) e gama 2, queconduzem a uma maior contração inicial; porém á medida que gama 1 e 2 crescem, os cristais dos primeirosse afastam, permitindo a colocação dos cristais de gama 2..quando contaminados pela umidade, os amálgama que contem zinco, sofrem após 3 a 5 dias, uma expansãoexagerada, denominada de “expansão tardia”, que apresenta valor em torno de 400µm/cm10.3 - Propriedades mecânicas de resistência: indicam a capacidade do material suportar os esforçosmastigatórios. A baixa resistência mecânica é a responsável por 26% dos insucessos das restaurações deamálgama; a fratura, mesmo que seja em pequena área, acelera a corrosão, a recidiva e as falhas clínicas..resistência á compressão do amálgama é 3200Kg/ cm

2e da dentina é de 2800 Kg/cm2e a resistência átração do amálgama no istmo da restauração é de 560 Kg/cm2 .a força mastigatória é de cerca de 78 kg(variando entre 11 a 125 kg), aplicada

na cúspide(área de 0,04 mm2),provoca uma tensão de compressão de 1950 kg\cm2- O. ROURKE, J. Signiface of Tests for Biting Strengh,Jour. of Amer. Dent. Assoc.38: 627-33, May, 1949.10.3.1 - Resistência à compressão inicial: medida 1 hora

após a trituração, sendo ideal que se apresente valor elevado, mínimo pelo padrão internacional 50 MPa e de 80 MPa, pelo padrão americano10.3.1.1 - Resistência final: medida após a completa cristalização do material. Depende de(a):.qualidade do material.proporção liga\Hg.correta amalgamação.condensação adequada, com o objetivo de eliminar porosidade e excesso de Hg10.3.2 - Escoamento:10.3.2.1 - Flow:

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é a deformação sob carga de compressão, obtida após 3 horas da trituração10.3.2.2 - Creep: é a deformação plástica(permanente), obtida após o completo endurecimento do amálgamae ao longo do tempo(no mínimo 7 dias após a presa).10.3.2.3 - Teste para determinação do escoamento: “um cilindro de amálgama com 4 mm de diâmetro e 8 mmde altura, é submetido a uma carga de 365 kg, num meio a 37o

C. A deformação obtida será mensurada,calculando-se o escoamento”.10.3.2.4 - Consequências do escoamento do amálgama: modificação dos contatos interoclusais e desajustenas margens gengivais das restaurações em cavidades compostas.10.4.3 - Fatores determinantes do creep:.composição química da liga: quanto mais elevado os teores de Ag e Cu e mais baixos os teores deSn, melhores serão as propriedades mecânicas e menor será o escoamento..forma e tamanho das partículas: as esferoidais, apresentam menor creep.variação da temperatura do meio bucal.conteúdo final de Hg: o ideal é que esse conteúdo final situe-se em torno de 45 a 53 %, em peso:com 55%, a resistência à compressão é de 2800 kg\cm

2; e com 60% de Hg, essa resistência situa-se emtorno de 1250 kg\cm2..variáveis de manipulação: uma maior velocidade, aumenta o creep e um

amálgama bemcondensado, apresenta menor creep.10.5- Dureza: é a resistência ao desgaste.10.6 - Resistência à corrosão: a capacidade de uma restauração de amálgama não se alterar no meio bucal,deve-se à nobreza ou passividade dos seus componentes.10.6.1 - Processo de corrosão eletroquímica: a fase gama 2 é a mais susceptível à corrosão, liberando Hg.Segundo Wagner, essa fase é passível de sofrer corrosão nos primeiros 6 meses de vida.10.6.2 - Processo químico: os constituintes da saliva e outros compostos nela contidos, reagem comcomponentes do amálgama, resultando na formação de sais(cloretos e sulfatos de estanho) e óxido deestanho, que poderão ser arrastados pelo meio fluído, onde o processo continua ou permanecer tenazmenteaderido à superfície do amálgama, onde o processo é inibido (Baratieri et al., 1984).A corrosão, depende do preparo do amálgama, da técnica de manipulação e do processo deobtenção da liga

10.6.3 - Análise da corrosão do amálgama, sob o ponto de vista clínico:.corrosão na interface dente-restauração: é benéfica e considerada desprezível, pois os produtosformados não selam hermeticamente o dente preparado, não evitando a penetração de fluídos e o processode percolação, que resulta a médio ou longo prazo, cárie recidivante..alterações estéticas dos dentes restaurados: pode ser evitando, utilizando-se de uma camada deverniz convencional, como agente de selamento..alterações na superfície do amálgama, decorrentes da corrosão. Segundo Jorgensen(1965), o cloro eo oxigênio da saliva, tem grande afinidade pelo Sn. Portanto a fase gama 2, será “atacada” por esses íons,que combinar-se-ão com o Sn, formando óxido e cloreto de estanho, que serão dissolvidos na saliva,deixando em liberdade o Hg. O Hg livre voltará à saliva ou irá difundir-se pelo interior do amálgama,combinando-se com a fase gama, formando mais gama 1 e 2. A consequência, será a expansãomercurioscópica, que provoca deflexão dos bordos da restauração, tornando o amálgama sem suporte e maissusceptível à fratura. Os problemas clínicos, serão as fraturas marginais e no

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corpo da restauração, ovedamento marginal e a corrosão e o manchamento.10.7 - Toxicidade:.deve-se ao Hg e seus sais.o corpo humano adulto, apresenta cerca de 13 mg de Hg, dos quais 70% estão no tecido gorduroso,muscular, unhas e cabelos.o Hg apresenta afinidade pelo grupo tiol dos fluídos biológicos e tecidos. Os grupos tiol das proteínas eoutros compostos, se ligam ao Hg livre, formando complexos reversíveis- aglutinação de proteínas, inibição deenzimas e grumos de eritrócitos..Drusch e cols., em 1995, relataram que o Hg poderia ser transferido ao feto, via placentária, com o amálgamasendo contraindicado para gestantes..Radhe & Salvi, em 1992, afirmaram que um pequeno número de indivíduos apresentavam reação alérgica aoHg.10.7.1- Propriedades do Hg:.ponto de fusão (-39oC).densidade de 13,6 g\cm

3.tensão superficial elevada, o que permite a formação de gotículas de difícil

remoção, principalmente noscantos e irregularidades de pisos e carpetes.pressão de vapor - altamente volátil10.7.2 - Efeitos biológicos:.intoxicação aguda: náuseas, dor de cabeça, dor abdominal, diarréia, gosto metálico, albuminúria, estomatitee gengivite, delírios, alucinações.intoxicação crônica: eritismo(distúrbio psíquico - timidez, ansiedade, depressão, irritabilidade), distúrbiosrenais, salivação, gosto metálico, distúrbios motores e sensoriais, perda do apetite.10.7.3 - Excreção:.da média diária ingerida, 70 % é eliminado.da quantidade absorvida pela pele, apenas 30% é eliminada através das fezes.por meio da urina, fezes, ar expirado, suor e saliva10.7.4 - Avaliação dos níveis de exposição(limite):.ar(vapor) - valor médio de 0,05µg\ cm 3, por 8 horas\dia, em 5 dias da semana.urina 0,415 µg\l.saliva 0,15 mg\100 ml.sangue 0,1µg\ 100 ml.cabelo 7 ppm, 200 a 250.00 ppm.unhas 5,1 ppm10.7.5 - Fontes de Hg na natureza:.alimentos, ar, indústria de medicamentos, indústrias de herbicidas e pesticidas, Odontologia10.7.6 - Formas do Hg:.Hg puro ou elemental(valência 0): o vapor inalado, se dirige aos pulmões, cérebro, músculoscardíacos e fígado..Hg inorgânico(valência +1 e +2): é a forma encontrada no amálgama, onde após a ingestão, reagirácom o suco gástrico e será absorvido ou excretado pela urina.

Hg orgânico(Alquil e aril): é altamente tóxico sendo encontrado em alimentos contaminados, comopeixes, frutos do mar, produtos agrícolas10.7.7 - Fontes de contaminação no consultório:.derramamento acidental.trituração manual.amalgamadores mecânicos e condensadores ultrassônicos.remoção de restauracões antigas.esterilização à seco de instrumental contaminados.a esterilização à seco de instrumental contaminado com amálgama10.7.8 - Rota de absorção de Hg no consultório:.armazenagem do Hg - inalação.transferência e manipulação: inalação, absorção na pele e ingestão.corte mecânico de restaurações: inalação, ingestão.restaurações novas: inalação e ingestão.limpeza do equipamento e do local de trabalho: inalação, absorção e ingestão10.7.9 - Recomendações da ADA, relativas ao Hg:.o local de trabalho deve ser de fácil limpeza e bastante ventilado.coletar de resíduos, e colocá-los em recipientes fechados, contendo água;.na trituração mecânica, devemos usar cápsulas novas e bem vedadas;.não usar carpete no consultório.quando remover restauração, fazê-lo sob intensa refrigeração. preferir agentes de limpeza que contenham agente e sulfato10.7.10 - Normas regulamentares no7(Portaria do Ministério do Trabalho) nível de Hg normal - 50µg\ litro10.7.11 - Tratamento: compostos sulfurados, agentes de quelação e

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vitaminas A, E e C11 - Proteção pulpar:.verniz cavitário.cimento de hidróxido de cálcio.base de óxido de zinco e eugenol; fosfato de zinco e verniz cavitário.base forradora com cimento de ionômero de vidro12 - Fatores que governam a qualidade da restaurações;.pelo fabricante - composição química, apresentação comercial.pelo profissional - considerações técnicas e escultura13 - Preparos atípicos:. amálgama retido á pino.slots de Markley.amálgama com lâmina de prata.amalgapin.amálgama adesivo.preparos autoconservadores14 - Causas de insucessos(Phillips e Healey).o preparo incorreto da cavidade - 56%.preparo incorreto do amálgama - 40 %.alteração pulpar e outros 4%15- Vantagens:.adaptabilidade à parede cavitária.insolubilidade no meio bucal.resistência aos esforços mastigatórios.alteração dimensional tolerada pelo dente.condutibilidade térmica inferior aos metais puros.superfície brilhante.fácil manipulação.escultura fácil e imediata

.baixo custo16 - Desvantagens:.sofre galvanismo.baixa resistência de bordos.cor não harmoniosa17 - Longevidade das restaurações:.O amálgama é um material restaurador, considerado de uma grande longevidade, a qual estádiretamente dependente do material empregado, do operador e do paciente. Com relação ao material, aforma e tamanho da partículas de liga, sua composição química e a proporção liga/mercúrio, são osfatores mais importantes. Quanto ao operador, torna-se importante salientar a importância de uma corretaindicação clínica e planejamento, do preparo cavitário tecnicamente correto, do preparo e inserção domaterial segundo as orientações do fabricante, do polimento final e do uso do isolamento absoluto. Tãoimportantes quanto aos citados, é a atuação do paciente, principalmente com relação a higiene bucal emanutenção do trabalho executado..Embora as restaurações antigas de amálgama possam apresentar uma deteriorização marginal, osprodutos de corrosão formados, vedam esta interface, impedindo ou reduzindo a microinfiltração marginale as suas conseqüências.As principais falhas nas restaurações de amálgama, correspondem a cáries secundárias, fraturas,alterações dimensionais e descoloração excessiva.Vida útil das restaurações de dentes posteriores:.Amálgama:-10 a 20 anos: Leinfelder e cols., 1986 e Garone Filho, 1989-10 a 24 anos: Bayne, 1992.Restauração metálica fundida ou porcelana:-12 a 40 anos: Bayne, 1992.Resina composta:-7 a 15 anos: Bayne, 1992-10 anos: Garone Filho, 1989-5 a 10 anos: Leinfelder, 1996

** metade da duração de restauração de amálgama18 – Conclusões:.O

amálgama ainda é o material restaurador mais empregado em restaurações diretas de dentesposteriores, requerendo uma técnica simples, com aquisição de instrumentais simples e baixo custo..A expectativa de duração de uma restauração é das maiores entre os materiais restauradores , de 12 a 15 anos .Os relatos de reações alérgicas ou tóxicas pelos paciente são relativamente baixas.19 –

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