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DEZEMBRO 2012 | 01 1. CRéDITO à HABITAçãO A 9 de Novembro de 2012 foram publicadas em Diário da República alterações ao regime do crédito à habitação, operadas pelas Leis n.º 57/2012, n.º 58/2012 e n.º 59/2012, todas de 9 de Novembro, cada uma delas regulando uma matéria distinta do referido regime. 1.1 Lei n.º 57/2012 Entrará em vigor no dia 1 de Janeiro de 2013 e vem proceder à segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 158/2002, de 2 de Julho que regula os planos de poupança, permitindo o reembolso do valor desses planos para pagamento de prestações de crédito à habitação. A principal novidade traduz-se na possibilidade dos participantes pedirem o reembolso do valor dos planos de poupança-reforma/educação (PPR/E) para “utilização para pagamento de prestações de crédito à aquisição de habitação própria e permanente”. 1.2 Lei n.º 58/2012 Veio criar um regime extraordinário de protecção de devedores de crédito à habitação em situação económica muito difícil. Este novo regime entrou em vigou no passado dia 10 de Novembro de 2012. O regime indicado é aplicável às situações de incumprimento de contratos de mútuo celebrados no âmbito do sistema de concessão de créditos à habitação, desde que previstas as seguintes situações cumulativas (art. 4.º): (i) o crédito à habitação esteja garantido por hipoteca que incida sobre imóvel que seja a habitação própria permanente e única habitação do agregado familiar do mutuário e para o qual foi concedido, (ii) o agregado familiar se encontre em situação económica muito difícil, (iii) o valor patrimonial tributário do imóvel não exceda € 90 000, € 105 000 ou € 120 000, dependendo do coeficiente de localização do imóvel hipotecado, e (iv) o crédito à habitação não esteja garantido por outras garantias reais ou pessoais, salvo se, neste último caso, os garantes se encontrem também em situação económica muito difícil. A Lei define como situação económica muito difícil a situação de desemprego de um membro do agregado familiar e outros indicadores do rendimento e património do respectivo agregado. Contencioso e Arbitragem ALTERAçõES AO REGIME DO CRéDITO à HABITAçãO E PENHORA DE IMóVEIS BRIEFING

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DEZEMBRO 2012 | 01

1. Créditoàhabitação

A 9 de Novembro de 2012 foram publicadas em Diário da República alterações ao regime do crédito à habitação, operadas pelas Leis n.º 57/2012, n.º 58/2012 e n.º 59/2012, todas de 9 de Novembro, cada uma delas regulando uma matéria distinta do referido regime.

1.1 Lein.º57/2012Entrará em vigor no dia 1 de Janeiro de 2013 e vem proceder à segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 158/2002, de 2 de Julho que regula os planos de poupança, permitindo o reembolso do valor desses planos para pagamento de prestações de crédito à habitação.

A principal novidade traduz-se na possibilidade dos participantes pedirem o reembolso do valor dos planos de poupança-reforma/educação (PPR/E) para “utilização para pagamento de prestações de crédito à aquisição de habitação própria e permanente”.

1.2 Lein.º58/2012Veio criar um regime extraordinário de protecção de devedores de crédito à habitação em situação económica muito difícil. Este novo regime entrou em vigou no passado dia 10 de Novembro de 2012.

O regime indicado é aplicável às situações de incumprimento de contratos de mútuo celebrados no âmbito do sistema de concessão de créditos à habitação, desde que previstas as seguintes situações cumulativas (art. 4.º): (i) o crédito à habitação esteja garantido por hipoteca que incida sobre imóvel que seja a habitação própria permanente e única habitação do agregado familiar do mutuário e para o qual foi concedido, (ii) o agregado familiar se encontre em situação económica muito difícil, (iii) o valor patrimonial tributário do imóvel não exceda € 90 000, € 105 000 ou € 120 000, dependendo do coeficiente de localização do imóvel hipotecado, e (iv) o crédito à habitação não esteja garantido por outras garantias reais ou pessoais, salvo se, neste último caso, os garantes se encontrem também em situação económica muito difícil.

A Lei define como situação económica muito difícil a situação de desemprego de um membro do agregado familiar e outros indicadores do rendimento e património do respectivo agregado.

Contencioso e

Arbitragem

AltERAçõEs AO REgiME DO CRéDitO à hABitAçãO E pEnhORA DE iMóvEis

BRiEfing

02Contencioso e Arbitragem

O acesso ao regime de protecção de devedores de crédito à habitação, inicia-se por requerimento apresentado pelo mutuário à instituição de crédito com quem tenha celebrado o contrato de mútuo no âmbito do sistema do crédito à habitação e por apresentação da documentação que ateste que se encontra numa situação económica muito difícil. O requerimento pode ser apresentado até ao final do prazo para oposição à execução relativa a créditos à habitação e créditos conexos garantidos por hipoteca ou até à venda executiva do imóvel sobre o qual incide a hipoteca do crédito à habitação.

Saliente-se ainda que o pedido de acesso ao regime deve ser deferido ou indeferido no prazo de 15 dias pela instituição de crédito. Em caso de deferimento do acesso a este regime, a instituição de crédito fica obrigada a apresentar ao mutuário uma proposta de plano de reestruturação que inclui várias medidas e a comunicar esse deferimento ao tribunal em que corre o processo de execução, suspendendo-se automaticamente o processo de execução hipotecário relativo às dívidas decorrentes do crédito à habitação.

1.3 Lein.º59/2012Esta Lei vem criar salvaguardas também para os mutuários de crédito à habitação e alterar o Decreto-Lei n.º 349/98, de 11 de Novembro que regula a concessão de crédito à aquisição, construção, beneficiação, recuperação ou ampliação de habitação própria, secundária ou de arrendamento. Os aditamentos e as respectivas alterações entram em vigor no dia 9 de Dezembro de 2012.

A Lei vem alterar o artigo 22.º do Decreto-Lei n.º 349/98, de 11 de Novembro relativo à apreciação e decisão dos pedidos, acrescentando-lhe um n.º 5 que prevê que “a aprovação dos empréstimos e fixação das respectivas condições deve atender ao perfil de risco da operação de crédito”.

Adita ainda seis artigos ao mesmo Decreto-Lei, criando ressalvas para os mutuários de crédito à habitação. A saber:

i) O mutuário pode designar a prestação correspondente ao crédito à habitação para cumprimento.

ii) Passa a ser possível a resolução ou qualquer outra forma de cessação do contrato de concessão de crédito à habitação por parte das instituições de crédito com fundamento no incumprimento, apenas quando verificadas três prestações vencidas e ainda não pagas pelo mutuário.

iii) Cria um regime especial de garantias do empréstimo por acordo entre a instituição de crédito mutuante e o mutuário e um direito de retoma ao crédito à habitação por parte do mutuário, desde que se verifique o pagamento das prestações vencidas não pagas, bem como os juros de mora e as despesas em que a instituição de crédito incorreu. Proíbe-se as instituições de crédito mutuantes de aumentarem os encargos com o crédito em caso de renegociação motivada por qualquer uma das situações previstas no artigo em causa.

A principal novidade traduz-se na possibilidade dos participantes pedirem

o reembolso do valor dos planos de poupança-reforma/educação

(PPR/E) para “utilização para pagamento

de prestações de crédito à aquisição de habitação

própria e permanente”

Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva e Associados, Sociedade de Advogados, R.L. – Sociedade de Advogados de Responsabilidade Limitada Nota: A informação contida neste briefing é necessariamente de carácter geral e não constitui nem dispensa uma consulta jurídica apropriada.

lisboaRua Castilho, 1651070-050 LisboaTel.: (+351) 213 817 400Fax: (+351) 213 817 [email protected]

portoAv. da Boavista, 3265 - 5.2 Edifício Oceanvs – 4100-137 PortoTel.: (+351) 226 166 950 Fax: (+351) 226 163 [email protected]

MadeiraAvenida Arriaga, Edifício Marina Club, 73, 1ºSala 113 – 9000-060 FunchalTel.: (+351) 291 200 040Fax: (+351) 291 200 [email protected]

Procurando responder às necessidades crescentes dos seus Clientes um pouco por todo o mundo, nomeadamente nos países de expressão portuguesa, a MORAIS LEITÃO, GALVÃO TELES, SOARES DA SILVA estabeleceu parcerias institucionais com sociedades de advogados líderes de mercado no Brasil, Angola, Moçambique e Macau.

São Paulo, Brasil (em parceria)Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados

Luanda, Angola (em parceria)Angola Legal Circle Advogados

Maputo, Moçambique (em parceria)Mozambique Legal Circle Advogados

Macau, Macau (em parceria)MdME | Lawyers | Private Notary

Contencioso e Arbitragem

Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva e Associados, Sociedade de Advogados, R.L. – Sociedade de Advogados de Responsabilidade Limitada Nota: A informação contida neste briefing é necessariamente de carácter geral e não constitui nem dispensa uma consulta jurídica apropriada.

lisboaRua Castilho, 1651070-050 LisboaTel.: (+351) 213 817 400Fax: (+351) 213 817 [email protected]

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MadeiraAvenida Arriaga, Edifício Marina Club, 73, 1ºSala 113 – 9000-060 FunchalTel.: (+351) 291 200 040Fax: (+351) 291 200 [email protected]

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Procurando responder às necessidades crescentes dos seus clientes um pouco por todo o mundo, nomeadamente nos países de expressão portuguesa, a MORAIS LEITÃO, GALVÃO TELES, SOARES DA SILVA estabeleceu parcerias institucionais com sociedades de advogados líderes de mercado no Brasil, Angola, Moçambique e Macau.

iv) Cria um regime de avaliação dos fogos levado a cabo pela instituição de crédito mutuante.

2. CódigodeProCessoCiviL–Penhoradeimóveis

A Lei n.º 60/2012 de 9 de Novembro de 2012, veio alterar o Código de Processo Civil, modificando as regras relativas à ordem de realização da penhora e de determinação do valor de base da venda de imóveis em processo de execução. As alterações entraram em vigor no passado dia 10 de Novembro de 2012.

O regime de penhora de bens imóveis ou de estabelecimento comercial torna-se mais restritivo. A penhora de imóvel que seja habitação própria permanente do executado só pode iniciar-se quando a penhora de outros bens não permita presumir a satisfação integral do credor no prazo de doze meses (para dívidas até €2.500) ou dezoito meses (para dívidas superiores a €2.500). Aquele prazo é reduzido para seis meses para a penhora de outros imóveis e estabelecimentos comerciais. O valor de base dos bens imóveis passa agora a corresponder ao valor patrimonial tributário, nos termos de avaliação efectuada há menos de seis anos ou ao valor de mercado, conforme o que seja mais elevado.

Por último, o valor a anunciar para a venda executiva passa a ser igual a 85% do valor base dos bens, em vez dos 70% que vigoravam até agora.

Contacto Helena Soares de Moura | [email protected]

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Luanda, Angola (em parceria)Angola Legal Circle Advogados

Maputo, Moçambique (em parceria)Mozambique Legal Circle Advogados

Macau, Macau (em parceria)MdME | Lawyers | Private Notary

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