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ALINNE CLAUDIA RODRIGUES PINTO Helicobacter pylori: uma revisão São Paulo 2007

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ALINNE CLAUDIA RODRIGUES PINTO

Helicobacter pylori: uma revisão

São Paulo

2007

CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

ALINNE CLAUDIA RODRIGUES PINTO

Helicobacter pylori: uma revisão

São Paulo

2007

Trabalho apresentado à disciplina

Trabalho de Conclusão de Curso,

do Curso de Farmácia/FMU, sob

a orientação da Profa. Dra. Maria

de Fátima Borges Pavan.

Dedico este trabalho aos meus pais, os senhores José Aleluia e Júlia, que com grande carinho e amor, doaram um pouco de suas vidas para a construção de um Novo Ser: EU. Amo muito vocês, são o que mais tenho de importante nesta Vida.

Deus e Mãe Maria; a Mãe de Jesus, o que seria de mim sem a fé que eu tenho em Vocês. Sou muito grata pelas obras que o Senhor faz na minha vida e pela intercessão da Virgem Santíssima.

Aos meus pais e minha irmãzinha Julianna que com muito carinho e apoio, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa

de minha vida. Ao meu namorado Carnywelliton pela amizade e principalmente a compreensão.

À Professora Fátima pela paciência na orientação e a atenção prestada durante este período, o que tornaram possível a conclusão

desta monografia. A todos os professores da FMU, que foram tão importantes na minha

vida acadêmica e, em especial quero agradecer aos Professores Gentilda e Alexandre que aceitaram fazer parte da minha banca

examinadora. Aos meus amigos e colegas da igreja, faculdade e trabalho, que estiveram ao meu lado nos momentos alegres e tristes. Agradeço com grande carinho as amigas Rita, Ivânia, Joana e Cíntia. A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.

“Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus escreva o que ele quer.”

(Santo Agostinho)

RESUMO

O escopo desta monografia tem por finalidade revisar os diversos aspectos

relacionados a H. pylori. Foram realizadas pesquisas, nas bases de dados Bireme e

PubMed, além de livros e fontes de informações em saúde disponíveis na internet,

atualizados e recentes. Concluiu-se, após análise da literatura, que a infecção por H.

pylori tornou-se um problema de saúde pública, fazendo-se necessário o

conhecimento da epidemiologia e do genoma da bactéria, bem como a adoção de

medidas que previnam e/ou controlem a infecção.

Palavras-chave: Helicobacter pylori, gastrite, úlcera, epidemiologia, tratamento,

erradicação.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - H. pylori invadindo as células epiteliais do estômago e duodeno..............12

Figura 2 - Biópsia gástrica de Marshall e numerosas células de H. pylori.................16

Figura 3 - Campylobacter jejuni em coloração de Gram............................................19

Figura 4 - H. pylori em coloração de Gram................................................................19

Figura 5 – Lâmina de H. pylori proveniente de cultivo em placa com ágar................20

Figura 6 - Estrutura do H. pylori.................................................................................21

Figura 7 - Microscopia eletrônica de varredura de H. pylori em uma cultura de

sete dias, indicando a presença de formas bacilares e cocóides..............22

Figura 8 - Processos envolvidos no mecanismo de injúria do tecido gástrico

por ação do H. pylori..................................................................................24

Figura 9 - Descrição anatômica do estômago humano..............................................29

Figura 10- Microvilosidades do epitélio gástrico e a localização

de H. pylori no estômago humano............................................................30

Figura 11- Visualização das microvilosidades do estômago em maior resolução.....31

Figura 12 - Imagens endoscópicas de úlcera duodenal e úlcera gástrica.................33

Figura 13 - Eletroforese de H. pylori em gel de agarose............................................41

Figura 14 - Detecção de H. pylori de uma biópsia gástrica após coloração

utilizando corante imunológico anti-Helicobacter....................................42

Figura 15 - Cultivo de H. pylori em placa de ágar sangue.........................................43

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Número de artigos publicados sobre H. pylori por ano.............................11

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Cronologia dos estudos das patologias

gastroentéricas........................................................................................14

Quadro 2 - Fatores de virulência associados ao H. pylori..........................................25

Quadro 3 - Afecções associadas ao H. pylori ...........................................................32

Quadro 4 - Distribuição geográfica da infecção por H. pylori.....................................36

Quadro 5 - Testes diagnósticos utilizáveis para a detecção da infecção

por H. pylori.............................................................................................39

Quadro 6 – Métodos sorológicos para diagnóstico da infecção

por H. pylori..............................................................................................45

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AINES Antinflamatórios Não Esteroidais

CagA Citotoxina Vacuolizante Associada

CLO Campylobacter-Like Organism

ELISA Método imunoenzimático

H. pylori Helicobacter pylori

HP-NAP Proteína ativadora de neutrófilos

HspB Proteína de Choque Térmico

IARC Agência Internacional para Pesquisa de Câncer

IBP Inibidor da Bomba de Prótons

IL-8 Interleucina-8

LPS Lipopolissacarídeos

MALT Tecido Linfóide Associado à Mucosa

PAF Fator de Ativação Plaquetária

PCR Reação em Cadeia da Polimerase

VacA Citotoxina Vacuolizante

SUMARIO INTRODUÇÃO ..........................................................................................................11

1. HISTÓRICO ..........................................................................................................14

2. CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA.........................................................................17

2.1. De Campylobacter A Helicobacter pylori .......................................................18

3. CARACTERÍSTICAS MICROBIOLÓGICAS..........................................................20

3.1. MORFOLOGIA ..............................................................................................20

3.1.1. CARACTERÍSTICAS MICROSCÓPICAS .............................................21

3.1.2. CARACTERÍSTICAS DAS COLÔNIAS .................................................22

3.2. REQUERIMENTOS NUTRICIONAIS E ATMOSFÉRICOS ...........................22

3.3. CARACTERÍSTICAS BIOQUÍMICAS............................................................23

4. PATOGENIA E IMUNIDADE.................................................................................23

4.1. MECANISMOS DE INJÚRIA NO TECIDO ....................................................24

4.2. FATORES DE VIRULÊNCIA .........................................................................25

4.3. INDUÇÃO DE INFLAMAÇÃO GÁSTRICA ....................................................26

4.4. ALTERAÇÃO DA BARREIRA DA MUCOSA GÁSTRICA..............................27

4.5. ALTERAÇÃO DA FISIOLOGIA GÁSTRICA ..................................................27

4.6. EVASÃO IMUNE ...........................................................................................28

5. Helicobacter pylori E AFECÇÕES ASSOCIADAS.................................................29

5.1. ÚLCERA PÉPTICA........................................................................................33

5.2. GASTRITES ..................................................................................................34

5.3. CARCINOMA E LINFOMA GÁSTRICO.........................................................34

5.4. DISPEPSIA FUNCIONAL..............................................................................35

5.5. AFECÇÕES EXTRADIGESTIVAS ................................................................35

6. EPIDEMIOLOGIA..................................................................................................35

6.1. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA ....................................................................36

6.2. FONTES DE INFECÇÃO E VIAS DE TRANSMISSÃO.................................37

6.2.1. TRANSMISSÃO POR VIA ORAL-ORAL ...............................................38

6.2.2. TRANSMISSÃO POR VIA FECAL-ORAL .............................................38

6.2.3. TRANSMISSÃO IATROGÊNICA OU GASTRO-GÁSTRICA.................38

7. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL.........................................................................39

7.1.MÉTODOS INVASIVOS.................................................................................39

7.1.1 TESTES COM USO DE BIÓPSIA ..........................................................40

7.1.2. TESTES COM ESCOVADO GÁSTRICO ..............................................44

7.2 MÉTODOS NÃO INVASIVOS ........................................................................44

7.2.1. TESTE RESPIRATÓRIO COM URÉIA MARCADA...............................44

7.2.2. TESTES SOROLÓGICOS.....................................................................45

7.2.3. PCR EM ANTÍGENO FECAL ................................................................46

8. ESTUDO GENÔMICO......................................................................................46

9. TRATAMENTO.................................................................................................47

9.1. REGIMES ATUAIS PARA TRATAMENTO...............................................48

10. PREVENÇÃO E CONTROLE.........................................................................48

CONCLUSÃO............................................................................................................50

REFERÊNCIAS.........................................................................................................51

11

INTRODUÇÃO

Embora bactérias espirais, provavelmente H. pylori, tenham sido visualizadas

na mucosa gástrica já no ano de 1875, estes achados, bem como outros posteriores,

não foram considerados pela comunidade científica como relevantes para as

patologias gastroentéricas (1,2,3).

A partir da década de 80, no entanto, a bactéria H. pylori tornou-se alvo de

incontáveis e extensos estudos (4,5) e segundo Mincis (6), a sua redescoberta pelos

cientistas australianos Barry J. Marshall e J. Robin Warren foi um dos mais

importantes avanços na área da gastroenterologia. Gúzman (3) completa que não é

um exagero afirmar que H. pylori no campo da bacteriologia médica é o

microrganismo mais estudado, comparando-se ao vírus HIV no campo da virologia.

Para mensurar o interesse da comunidade médica e científica mundial na

infecção pelo H. pylori, Brea et al.(7), ilustrou no site Helicobacterspain.com, um

gráfico (Gráfico 1), o qual registra mais de 15.300 trabalhos publicados entre os anos

de 1983 a 2001 e Gúzman (3) em 2006 citou que até aquela data cerca de trinta mil

artigos tinham sido publicados sobre o agente em revistas científicas reconhecidas.

Gráfico 1 – Número de artigos publicados sobre H. pylori por ano (8)

12

Antes do cultivo, isolamento e identificação de H. pylori por Marshall e

Warren, o pensamento convencional e cético era que nenhuma bactéria poderia

viver no estômago humano, devido à extensa quantidade de ácido produzida neste

órgão (9), sendo considerados os fatores como o estilo de vida, tabagismo e

estresse os causadores de úlceras (10,11 e 12).

Kodaira et al. (13) em 2002 atribuíram a patogênese da gastrite, úlcera

gástrica e duodenal ao desequilíbrio entre mecanismos de defesa do hospedeiro e

secreção ácida.

Marshall e Warren (14,15) desafiaram dogmas preestabelecidos na

comunidade médica e, com a persistência unida ao recurso técnico do endoscópio

de fibra ótica, isolaram o microrganismo da mucosa de estômagos humanos e

cultivaram esta bactéria com sucesso, podendo afirmar que os casos de gastrites e

úlceras estomacais eram causados por colonização da mucosa gástrica pelo agente

H. pylori e não por estresse, como proposto anteriormente por outros pesquisadores.

Em reconhecimento ao trabalho de Marshall e Warren, foi atribuído no ano de

2005, o prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia (3,10,11,12). O site Designpoint (16),

produziu uma ilustração para um cartaz publicado pela Academia australiana de

Ciência sobre esse Prêmio Nobel, esquematizando a invasão das células epiteliais

do estômago e do duodeno pelo H. pylori (Figura 1).

Figura 1 – H. pylori invadindo as células epiteliais do estômago e duodeno (17)

13

A infecção por H. pylori é de distribuição cosmopolita e sua prevalência é uma

questão de saúde pública na população mundial, especialmente em países sob

desenvolvimento e em pessoas de baixa classe socioeconômica (18,19), onde se

estima que a incidência de colonização é de 70% a 90% da população, dos quais a

maior parte dos indivíduos adquire a infecção ainda na infância (20,21,22).

A presente monografia foi elaborada através de pesquisa bibliográfica, com o

uso de bases de dados como o Lilacs e Medline, bem como outros meios de

pesquisa, tendo por objetivo fazer uma revisão sobre a bactéria H. pylori, abordando

os mais diversos aspectos, tais como características morfológicas, formas de

diagnóstico, modo de transmissão, medidas de prevenção e controle, esquema

terapêutico e principalmente os aspectos epidemiológicos relacionados a esse

agente.

14

1. HISTÓRICO

O quadro 1, abaixo, apresenta a cronologia dos estudos das patologias

gastroentéricas, onde pode-se observar o ano em que o H. pylori foi cultivado com

sucesso.

1875

Bottchet/Letulle

Encontro de bactéria na margem da úlcera

1881 Klebs Colonização bacteriana e inflamação

1888 Letulle Gastrite aguda induzida por Staphylococcus sp. em cobaia

1889 Jaworski Vibrio rugula no estômago

1893 Bizzozero Espiroquetas no estômago de cão

1896 Salomon Transmissão de espiroquetas gástricas

1906 Krienitz Espiroquetas em estômago com câncer gástrico

1908 Turck Escherichia coli induz úlcera gástrica em cão

1916 Rosenow Streptococcus sp. induz úlcera gástrica

1917 Dragstedt Bactéria não induz úlcera gástrica

1919 Kasai, Kobayashi Transmissão de espiroquetas gástricas

1921 Edkins Experimento com Spirilla regaudi (H. felis)

1924 Luck Atividade da urease no estômago

1925 Hofman Bacilo de Hofman induz ulceração

1930 Berg Vagotomia parcial inibe infecção secundária da úlcera

1938 Doenges Espiroqueta induz gastrite em macacos e humanos

1940 Freedberg/Barron Espiroquetas gástricas não são patogênicos

1940 Gorham Bactéria acidófila induz úlcera gástrica

1954 Palmer Não detecção de espiroquetas usando hematoxilina e eosina em amostras de

biópsias.

1966 Aoyagi A mais alta atividade de urease no estômago

1975 Steer Pseudomonas aeruginosa induz inflamação gástrica na margem da úlcera

1979 Warren Bactéria espiral em estômago humano

1983 Warren Bactéria espiral gástrica associada com gastrite em humanos

1983 Marshall H. pylori isolado e cultivado

1984 Inoue Primeiro sucesso no cultivo de H. pylori no Japão

1985-1987 Marshall/Morris Inoculação com H. pylori atende ao 3º postulado

1989 Goodwin Nova bactéria espiral é nomeada H. pylori

Quadro 1 – Cronologia dos estudos das patologias gastroentéricas (23)

15

Um dos primeiros registros sobre o encontro de bactérias espirais na mucosa

gástrica é datado de 1875, porém, esses achados foram esquecidos, porque essas

bactérias não cresceram em culturas (apud BLASER (2)).

Em 1899, Jaworski (24) encontrou uma bactéria com forma espiral, em

lavagem gástrica sedimentada obtida de um humano, e a este achado deu o nome

de Vibrio rugula. O referido trabalho foi incluso no “Handbook of Gastric Disease”,

mas, por ter sido escrito em polonês não teve impacto na comunidade científica.

Nas décadas seguintes, vários pesquisadores confirmaram a presença de

bactérias espiraladas no estômago humano, tais como Bizzozero e Salomon (apud

MARSHALL (1)) que observaram bactérias espirais presentes no estômago de gatos

e cachorros; Doenges (apud MARSHALL (25)) em 1938 que observou formas

espiroquetas em estômago humano e, em 1940, Freedberg e Barrom (apud

GOODWIN (26)) que utilizando a técnica de coloração com prata detectaram na

mucosa gástrica a presença de formas espiroquetas.

Quatorze anos após, Palmer (apud MARSHALL (26)) negou a existência de

bactérias espirais, promovendo uma estagnação nas pesquisas e posterior retomada

apenas nos anos 60.

Este retrocesso na linha de pesquisa, sobre a participação de bactérias na

patogênese das doenças do trato gastrintestinal, durou mais de duas décadas (25),

até que Sterr e Colin-Jones (27) no ano de 1975 foram os primeiros pesquisadores

que, fazendo uso de microscopia eletrônica, demonstraram a presença de bactérias

sob a camada de mucosa do estômago em pacientes com doença ulcerosa. Neste

trabalho, foi cultivada Pseudomonas aeruginosa, provavelmente por contaminação

endoscópica.

A comunidade médica da época não reconhecia a bactéria H. pylori como um

agente responsável por potencializar e/ou contribuir para o aparecimento de úlceras

estomacais e gastrites (3). A terapia medicamentosa e procedimentos cirúrgicos

serviam para inibir a liberação de ácido, pois, os médicos tinham a convicção de que

a mucosa gástrica fosse corroída por ação do ácido (10,28).

A partir da década de 80, iniciou-se um processo de modificação com relação

aos pensamentos de pesquisadores, principalmente pelos bons resultados

apresentados nos estudos concluídos por Warren e Marshall (14,15).

O patologista Warren deu início às pesquisas no ano de 1979 (apud

WEYDEN (10), apud DUNN (22)) e através do exame histológico observou que os

16

microrganismos presentes na camada de muco do tecido gástrico eram muito

parecidos aos descritos em trabalhos de outros patologistas ao final do século IX.

Marshall era um médico jovem e se interessou pelas observações de Warren.

A união dos médicos teve por objetivo encontrar respostas para a literatura revisada,

onde constava o registro de pelo menos 100 anos de achados de microrganismos na

mucosa gástrica, porém, sem um padrão clínico consistente. Exploraram o

significado das bactérias espirais reunindo material clínico e cultivando o

microrganismo de mucosa gástrica obtido através de exames endoscópicos (10,22).

Em 1981, Warren e Marshall iniciaram um estudo com 100 pacientes (15,

apud MARSHALL (25)), com o qual puderam demonstrar a presença de bactérias

espiraladas ou curvas, com papel importante na patogenia da gastrite e da úlcera

péptica. Consta o registro de dados preliminares da pesquisa publicados na revista

Lancet (14).

Um dos estudos de grande repercussão, que pela revista Medical Journal of

Australia (29) é o segundo artigo mais citado ao longo de 60 anos, foi a experiência

de Marshall (30) ingerindo uma cultura de H. pylori (109 microrganismos), então

conhecido por Campylobacter pylori, o qual promoveu o aparecimento de sintomas

da gastrite e que puderam ser visualizados por cultura e exame histológico no 10º

dia após a ingestão (Figura 2).

Figura 2 - Biópsia gástrica de Marshall e numerosas células de H. pylori (31)

17

Com o papel do H. pylori no antro-gástrico estruturado na sociedade, muitos

fatores sofreram e ainda sofrem mudanças, como a estratégia de tratamento e o

procedimento cirúrgico para os casos mais graves (3).

2. CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA

Até o momento foram descritas 30 espécies do gênero Helicobacter,

conforme consta no site “List of Prokaryotic names with Standing in Nomenclature” e

que apresentamos abaixo, porém, esta classificação muda constantemente e de

forma rápida (32).

1. Helicobacter acinonychis 2. Helicobacter anseris 3. Helicobacter aurati 4. Helicobacter bilis 5. Helicobacter bizzozeronii 6. Helicobacter brantae 7. Helicobacter canadensis 8. Helicobacter canis. 9. Helicobacter cetorum 10. Helicobacter cholecystus 11. Helicobacter cinaedi 12. Helicobacter cynogastricus. 13. Helicobacter equorum. 14. Helicobacter felis 15. Helicobacter fennelliae 16. Helicobacter ganmani. 17. Helicobacter hepaticus 18. Helicobacter marmotae 19. Helicobacter mastomyrinus. 20. Helicobacter mesocricetorum. 21. Helicobacter muridarum 22. Helicobacter mustelae 23. Helicobacter nemestrinae 24. Helicobacter pametensis 25. Helicobacter pullorum 26. Helicobacter pylori 27. Helicobacter rodentium 28. Helicobacter salomonis. 29. Helicobacter trogontum 30. Helicobacter typhlonius

As espécies de Helicobacter são caracterizadas de acordo com a análise da

seqüência de seus genes de rRNA 16S, seus ácidos graxos celulares e pela

presença de flagelos polares (21).

18

É possível localizar o gênero Helicobacter no Bergey’s Manual of

Determinative Bacteriology, porém, o mesmo não foi incluso no Bergey’s Manual of

Systematic Bacteriology (apud PINHEIRO JÚNIOR (33)).

Estas espécies pertencem à subdivisão epsilon do filo Proteobacteria e são

classificadas como espirilos, portanto, proteobactérias gram-negativas, móveis e

espiraladas (34). Dentre as espécies mais estudadas do gênero, a espécie H. pylori

exibe maior destaque.

2.1. DE Campylobacter A Helicobacter pylori

H. pylori é um bastonete gram-negativo espiralado e sua classificação

científica sofreu alterações desde o período de sua redescoberta, recebendo

diferentes denominações (7).

Uma das primeiras culturas de H. pylori obtidas de biópsia gástrica foi

inicialmente denominada como Campylobacter-Like Organism (CLO). A partir de

observações microscópicas, os pesquisadores Marshall e Warren (15) designaram à

bactéria isolada o nome Campylobacter pyloridis e por motivos gramaticais foi

denominada mais tarde de Campylobacter pylori (35).

A partir do sequenciamento do RNA de Campylobacter pylori realizado em

1989 (36), associado às técnicas de biologia molecular, à caracterização de

proteínas e lipídios da parede celular e à caracterização sorológica e análise das

propriedades bioquímicas (21), foi possível demonstrar que esta espécie não

pertencia ao gênero Campylobacter, sendo necessário reclassificá-la para um novo

gênero, o Helicobacter, adequando a classificação taxonômica do microrganismo

para Helicobacter pylori.

Apesar de classificado em um novo gênero, H. pylori exibe diversas

características em comum com as espécies de Campylobacter, como podemos

observar pela comparação das figuras 3 e 4.

19

Figura 3 - Campylobacter jejuni em coloração de Gram (37)

Figura 4 – H. pylori em coloração de Gram (38)

20

Vandamme (39) definiu que os gêneros Helicobacter, Campylobacter,

Arcobacter e Wolinella são constituintes da superfamília VI de bactérias gram-

negativas.

3. CARACTERÍSTICAS MICROBIOLÓGICAS

3.1. MORFOLOGIA

Etimologicamente, o nome Helicobacter pylori deriva das raízes (21):

helix = espiral

bacter = bastonete

pylorus = parte inferior do estômago

A bactéria possui formato bacilar com uma discreta curvatura, ou em forma de

“S”, lembrando um Campylobacter sp., como é possível visualizar na figura 5.

Figura 5 – Lâmina de H. pylori proveniente de cultivo em placa com ágar (40)

O microrganismo exibe múltiplos flagelos polares, que lembra um “saca-rolha”

ou hélice, permitindo alta mobilidade, por isto denominada de helicoidal (7,15,18,21).

21

3.1.1. CARACTERÍSTICAS MICROSCÓPICAS

Através da coloração de Gram, o H. pylori é classificado como uma bactéria

gram-negativa, apresentando comprimento de 2,5 a 5,0 µm e largura de 0,5 a 1,0

µm. (Figura 6) (18,22,33,34,41).

Figura 6 - Estrutura do H. pylori (42)

Quando o esfregaço é feito a partir de colônias provenientes de culturas

jovens, observam-se bacilos na forma espiral, enquanto as provenientes de cultura

velha exibem a forma esférica, também conhecida como forma cocóide (21,22,41).

A conversão morfológica da forma espiral para cocóide pode se dar em uma

diversidade de condições ambientais, como incubação prolongada, temperatura

elevada, pH alcalino, aerobiose, entre outros fatores adversos (7). Culturas com

formas cocóides são metabolicamente ativas, porém não podem ser repicadas, pois

o microrganismo já não seria capaz de produzir colônias no novo meio. (22).

22

3.1.2. CARACTERÍSTICAS DAS COLÔNIAS

A morfologia das colônias de Helicobacter para a espécie H. pylori pode variar

conforme o meio de cultura utilizado ou mesmo com a idade da cultura (Figura 7).

Figura 7 – Microscopia eletrônica de varredura de H. pylori em uma cultura de sete

dias, indicando a presença de formas bacilares e cocóides (43)

H. pylori é identificado através da formação de colônias puntiformes

translúcidas e não pigmentadas, com o diâmetro de 1-2mm (33)

3.2. REQUERIMENTOS NUTRICIONAIS E ATMOSFÉRICOS

Para o crescimento do microrganismo H. pylori é necessário meio complexo

suplementado com sangue, plasma, carvão, amido ou gema de ovo, incubado em

condições microaerófilas, na presença de ar enriquecido com 10% de CO2, numa

temperatura entre 30º e 37º C, com crescimento ideal a 35-37ºC (33).

23

Por ser microaerófila, requer oxigênio em baixas quantidades e contem

hidrogenase, que pode ser usada para obter energia através de oxidação do

hidrogênio molecular (44).

3.3. CARACTERÍSTICAS BIOQUÍMICAS

Características bioquímicas marcantes observadas em H. pylori são as provas

de oxidase e catalase positivas, a não produção de H2S e a presença abundante da

enzima urease, sendo esta última a responsável por hidrolisar a uréia em

bicarbonato e amônia (9,33).

4. PATOGENIA E IMUNIDADE

Muitos mecanismos foram propostos para explicar o processo de colonização

pelo H. pylori no estômago humano (18).

Estudos apontam que fatores ambientais, da bactéria e do hospedeiro

contribuem no aparecimento de patologias como úlceras e gastrites (45), porém,

dentre os citados, os mais estudados são os relacionados à bactéria. Os fatores

patogênicos relacionados ao hospedeiro ainda não estão totalmente elucidados (46).

A forma espiralada e os flagelos do H. pylori refletem na predileção pelo muco

gástrico, além de possibilitar melhor locomoção pelo muco de uma forma impossível

para outros tipos de bactérias que possuem flagelos normais e ficam aprisionadas

no muco, porque são incapazes de se mover para adiante (18,47,48).

Além da resposta inflamatória, uma resposta imune ocorre em decorrência

das lesões no tecido invadido pelo H. pylori (18).

24

4.1. MECANISMOS DE INJÚRIA NO TECIDO

A invasão do H. pylori na porção inferior do estômago, com conseqüente

inflamação da mucosa gástrica tem potencial para ser causa da úlcera ou gastrite e,

nos casos mais graves da úlcera, provocar hemorragias. O processo de injúria que

ocorre no epitélio gástrico é apresentado de forma sucinta no esquema abaixo

(Figura 8).

Figura 8 – Processos envolvidos no mecanismo de injúria do tecido gástrico por ação do H.

pylori (49)

25

4.2. FATORES DE VIRULÊNCIA

Estão envolvidos múltiplos fatores de virulência nas patologias associadas ao

H. pylori, conforme descrito abaixo, no quadro 2 (18,21, 22).

Fatores de Virulência

Função

Urease

Neutraliza ácidos gástricos; estimula a quimiotaxia de monócitos e neutrófilos; estimula a produção de citocinas inflamatórias.

Proteína de choque térmico (HspB)

Amplifica a produção de urease

Proteína inibidora de ácidos

Induz hipocloridria durante a infecção aguda por bloquear a secreção ácida das células parietais

Flagelos

Permite a penetração para o interior da camada de muco gástrico e a proteção contra o ambiente ácido

Adesinas

Medeia a ligação a células do hospedeiro; exemplos de adesinas são hemaglutininas, adesina de ligação ao ácido siálico, adesina do grupo sanguíneo de Lewis

Mucinase

Degrada o muco gástrico

Fosfolipases

Degrada o muco gástrico

Superóxido dismutase

Impede a destruição fagocítica por neutralizar metabólitos do oxigênio

Catalase

Impede a destruição fagocítica pode neutralizar peróxidos

Citotoxina vacuolizante

Induz a vacuolização em células epiteliais; estimula a migração de neutrófilos para a mucosa

Fatores mal definidos

H. pylori: Estimula a secreção de interleucina-8 pelas células epiteliais gástricas, que recruta e ativa neutrófilos Estimula as células da mucosa gástrica a produzir fator ativador de plaquetas, que estimula a secreção de ácidos gástricos Induz o óxido nítrico sintase em células epiteliais gástricas, que medeia a lesão tecidual

Quadro 2 – Fatores de virulência associados ao H. pylori (50)

Os fatores apresentados acima compõem os mecanismos patogênicos ao

tecido epitelial gástrico e contribuem com três principais efeitos do H. pylori: a

inflamação gástrica, o rompimento da barreira da mucosa gástrica e a alteração da

fisiologia gástrica (22).

26

4.3. INDUÇÃO DE INFLAMAÇÃO GÁSTRICA

Os fatores de aderência do microrganismo H. pylori ao epitélio gástrico

favorecem a colonização e contribuem para a patogenicidade desta bactéria (47).

A degeneração na superfície do epitélio ocasionada pela infecção pelo H.

pylori provoca a indução de infiltração inflamatória constituído por leucócitos,

neutrófilos, linfócitos e plasmócitos (18,33). Um indutor da quimiotaxia de neutrófilos

às células endoteliais é o gene “neutrophils-activating protein” (HP-NAP) (47).

Neste processo, os produtos tóxicos produzidos pela bactéria são liberados e

há estimulação da produção e secreção de citocinas pró-inflamatórias pela célula

epitelial, como a interleucina-8 (IL-8). (18, 21). A IL-8 funciona como um mediador

inflamatório potente (18,22) e está relacionada ao predomínio de neutrófilos na

mucosa gástrica (47).

Um mediador de fosfolipídios é o fator de ativação plaquetária (PAF). A lyso-

PAF estimula a secreção gástrica por receptores de células parietais específicos,

portanto, este provoca a hipersecreção de ácido gástrico. Os lipopolissacarídeos

(LPS) bacterianos respondem interferindo com o receptor da mucosa gástrica,

estimulando a resposta inflamatória e contribuindo para a destruição e lesão tecidual

(21,22,48,51).

A produção de urease bacteriana também atua nesta fase. A enzima urease é

uma proteína responsável pela conversão da uréia em amônia e bicarbonato (47).

Responsável por fornecer estímulo de ativação de fagócito mononuclear e produção

de citocina inflamatória, a urease também possui efeitos tóxicos sobre as células

epiteliais gástricas, funcionando, portanto, como fator de virulência da bactéria

(22,47).

27

4.4. ALTERAÇÃO DA BARREIRA DA MUCOSA GÁSTRICA

H. pylori pode inibir a resposta secretora de células do muco in vitro, e é

propício causador de efeito danoso neste mecanismo de defesa primário da mucosa

gástrica (22).

A lesão do tecido gástrico é mediada não somente por subprodutos da

urease, mas também pela mucinase, fosfolipases e atividade da citotoxina

vacuolizante. (20). As fosfolipases contribuem afetando a integridade da célula e a

barreira gástrica em sua camada hidrofóbica (18) e as mucinases tem a capacidade

de degradar a mucosa gástrica, ou seja, atividade endopeptidásica (33).

O gene que codifica a citotoxina vacuolizante (VacA) e o gene que codifica

uma proteína denominada citotoxina vacuolizante associada (CagA) estão presentes

em todas as cepas de H. pylori e são considerados fatores importantes de virulência

para induzir danos ao DNA (21,47,52).

Neutrófilos geram espécies reativas de oxigênio e/ou de nitrogênio quando

são ativados e podem induzir danos oxidativos no DNA relacionado às células

epiteliais na fase precoce de infecção pelo H. pylori (47).

A indução de apoptose, ou seja, a produção de fatores que estimulam a morte

celular programada de células epiteliais gástricas (21), dependerá da resposta

inflamatória associada dos produtos bacterianos e bactérias em geral. Mecanismos

importantes para a indução de apoptose referem-se à aderência associada a

extratos de H. pylori ou altas doses de LPS (7).

4.5. ALTERAÇÃO DA FISIOLOGIA GÁSTRICA

A motilidade permite ao H. pylori atravessar o muco estomacal, atingindo o

epitélio e evitando o efeito destrutivo do suco gástrico. Tem-se demonstrado in vitro

a predileção do agente pela mucosa do estômago, por ser capaz de aderir às células

epiteliais de origem gástrica (33).

A proteção contra a fagocitose e destruição intracelular é realizada pela

produção de superóxido dismutase e catalase (21), enzimas extracelulares

fundamentais para sobrevivência da bactéria na mucosa inflamada (33). Além disso,

28

são considerados fatores de resistência do H. pylori aos mecanismos líticos

oxidativos dos polimorfonucleares (33).

É proporcionado um aumento da atividade da urease bacteriana por ação da

proteína de choque térmico (HspB), co-expressada pela urease na superfície da

bactéria (21).

4.6. EVASÃO IMUNE

Anticorpos contra H. pylori geralmente estão presentes em pacientes

infectados; no entanto, estes não têm atividade protetora, assim como não impedem

a colonização. A infecção por este microrganismo estabelece uma resposta

imunológica sistêmica humoral específica, elevando os títulos de IgG e IgA, não

sendo comum elevação de IgM, caracterizando a cronicidade da infecção (33).

H. pylori exibe mecanismo potencial de evasão imune em relação à sua

morfologia, sendo que a forma bacilar adquire forma cocóide em culturas velhas,

mas ainda não são conhecidos relatos com características da forma cocóide na

infecção. Pesquisadores descreveram que a forma cocóide não infecta cobaias em

laboratório, mas é resistente ao ambiente e pode permanecer em fase latente,

podendo também ser induzida a se modificar para forma bacilar virulenta in vivo (22).

29

5. Helicobacter pylori E AFECÇÕES ASSOCIADAS

Anatomicamente, o estômago humano (Figura 9) é constituído pelo fundo,

região da curvatura superior do estômago; cárdia, região do estômago que fica

entre o esôfago e o estômago; corpo, porção central do estômago; antro, localizado

entre o corpo do estômago e o piloro, este último, uma porção que se comunica

com a parte inicial do duodeno (53, 54).

Figura 9 – Descrição anatômica do estômago humano (55)

30

O microrganismo H. pylori coloniza a mucosa gástrica, especificamente nas

microvilosidades gástricas, localizadas acima da camada de células epiteliais do

estômago (Figura 10). Esta bactéria tem preferência pela região do antro gástrico,

onde reconhece antígenos fucosilados da membrana do grupo sanguíneo

(45,46,48,56).

Figura 10 – Microvilosidades do epitélio gástrico e a localização de H. pylori

no estômago humano (57)

31

Há predominância de células parietais no corpo do estômago, as quais são

responsáveis pela secreção ácida; além da presença de células principais,

produtores de pepsinógeno e outros produtores de muco (Figura 11). O antro tem

pequena quantidade de células parietais, mas possui células G, que são seus

precursores (56).

Figura 11 – Visualização das microvilosidades do estômago em maior resolução (58,59)

32

Várias patologias têm sido continuamente associadas à infecção pelo H. pylori

nestes últimos anos, como ilustra o quadro 3, porém, algumas doenças clínicas

permanecem ainda com sua etiologia desconhecida e/ou duvidosa ou ainda

possuem apenas estudos preliminares (6,60).

Quadro 3 – Afecções associadas ao H. pylori (61)

De acordo com o I e II Consensos realizados no Brasil, nos casos como

úlcera péptica, a indicação de tratamento contra H. pylori é aceita mundialmente,

mas ainda há casos em que o papel da terapêutica passa por estudos

experimentais, como no linfoma do tecido linfóide associado à mucosa (MALT)

(4,60).

33

5.1. ÚLCERA PÉPTICA

Uma úlcera péptica é uma patologia na qual se observa macroscopicamente

uma lesão na membrana mucosa intestinal (duodeno) ou gástrica (Figura 13). Esta

lesão é resultante da produção excessiva de gastrina, a qual estimula produção de

suco gástrico com a diminuição da capacidade da barreira mucosa duodenal de

proteção, em paralelo com fatores ambientais, como o tabagismo, o uso

indiscriminado e/ou prolongado de antiinflamatórios não esteroidais (AINES) e outros

agentes (6,48,62,63).

Figura 12 – Imagens endoscópicas de úlcera duodenal (A) e úlcera gástrica (B) (64)

A úlcera gástrica tem maior complexidade quando comparada à úlcera

duodenal (9).

A B

34

5.2. GASTRITES

Considerado um dos processos inflamatórios mais freqüentes no ser humano,

a gastrite pode ser encontrada nas formas aguda e crônica (6,7). A gastrite tanto

pode ser assintomática quanto poderá ocorrer dores e até indigestão (48).

Estudos sugerem que a infecção bacteriana da mucosa gástrica é a

causadora da maioria das gastrites (62) e outras pesquisas apontam que 95% dos

casos de gastrites crônicas tem como agente etiológico o H. pylori (6)

Com relação à gastrite aguda, esta possui um infiltrado com predomínio de

neutrófilos, que pode ocasionar uma inflamação apenas superficial ou escoriações

da mucosa gástrica pela própria secreção do estômago (62).

Alguns indivíduos com gastrite crônica têm o predomínio de células

mononucleares e o desenvolvimento de uma atrofia da mucosa que pode levar a

acloridria, ou seja, o estômago deixa de secretar o ácido clorídrico (6,62).

5.3. CARCINOMA E LINFOMA GÁSTRICO

Considerado como a segunda causa mundial mais freqüente de morte por

câncer, com incidência de 800 mil casos por ano (6,19,13), o carcinoma gástrico

possui uma relação causal parcialmente esclarecida com a infecção pelo H. pylori

(65). Estudos apresentam diversos casos de indivíduos com inflamação crônica que

ao estágio de atrofia do estômago, desenvolvem câncer no estômago, o que leva, o

H. pylori a ser considerado um fator de risco para tal enfermidade (7,48,63).

O estômago não possui tecido linfóide e pode apresentar o MALT em

condições patológicas. Esta patologia ocorre pela presença de infiltrado MALT

adquirido, dando origem ao linfoma do tecido linfóide não associado à mucosa (62).

A Internacional Agency for Research on Cancer (IARC), no ano de 1994,

classificou o microrganismo H. pylori como um carcinógeno tipo I, após relacionar

alguns dados e evidências sobre o papel do H. pylori na patogênese do câncer de

estômago (13,48,66).

Muitos pesquisadores relutam sobre a questão do H. pylori ser uma das

causas definitivas do câncer de estômago, e acreditam que ele se enquadre como

35

um co-fator. Contudo, dentre as formas de câncer de estômago, o tipo mais comum

tem 89% de correlação com a infecção pelo H. pylori (48).

5.4. DISPEPSIA FUNCIONAL

Dispepsia funcional ou idiopática foi definida como uma alteração no sistema

digestório que ocasiona dor e desconforto na parte superior do abdome, os quais

não têm fundamento orgânico ou morfológico (4,67).

A associação com H. pylori ainda é controversa, pois apesar de alguns

estudos relatarem que esta bactéria desempenha papel na fisiopatologia da

dispepsia funcional, estes dados ainda não foram totalmente elucidados (6,67).

5.5. AFECÇÕES EXTRADIGESTIVAS

A ligação entre H. pylori e doenças extradigestivas ou formas especiais de

gastrite precisa ser melhor estudada, através de casos e controles bem desenhados,

com acompanhamento a longo prazo para reduzir ao máximo os fatores de confusão

(68).

6. EPIDEMIOLOGIA

Quando se trata da epidemiologia relacionada ao H. pylori, é possível afirmar

que ainda permanecem desconhecidos os dados relacionados à via de transmissão,

ocasionando grande dificuldade na elaboração de normas para prevenir as doenças

associadas a esta bactéria (13).

Com relação aos dados de prevalência, o H. pylori é uma bactéria de

distribuição universal e em razão da impossibilidade de se detectar o início da

infecção, sua incidência é determinada de forma indireta, com base nos dados de

prevalência (13).

Idade, etnia e condição socioeconômicas são alguns dos fatores que

influenciam a incidência e prevalência da infecção pelo H. pylori (20).

36

Com relação à idade, é na infância que há o predomínio da infecção pelo H.

pylori e, quando se trata do sexo, esta prevalência é igual tanto para o homem

quanto para a mulher (13).

A infecção pelo H. pylori provoca grande desconforto em milhares de pessoas

e leva à morte pelo menos 1 milhão de indivíduos ao ano. Mesmo com estes dados,

especialistas em doenças infecciosas e autoridades da saúde pública denotam

pouco caso a estes fatos (13).

6.1. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA

Globalmente estima-se que cerca de um pouco mais da metade da população

esteja acometida por H. pylori (Quadro 4). Um terço das pessoas dos Estados

Unidos e da Europa ocidental abrigam o H. pylori, ocorrendo uma proporção ainda

mais elevada na Ásia e nos países subdesenvolvidos (13,18,48).

Quadro 4 - Distribuição geográfica da infecção por H. pylori (69)

A alta prevalência da bactéria em determinadas áreas isoladas de alguns

países é atribuída à imigração. Em países ocidentais, H. pylori afeta

aproximadamente 20% de pessoas com idade inferior a 40 anos e 50% daquelas

37

com idade acima de 60 anos, sendo que nesta faixa etária a curva de prevalência

atinge um patamar ou entra em leve declínio (9).

Nos países em desenvolvimento, a maior parte dos adultos são infectados.

Os grupos com úlcera são menores e o grupo com câncer gástrico pode ser maior,

como no norte do Brasil, havendo relato de predominância dessa patologia em

homens (9).

Aproximadamente 50% dos adultos assintomáticos, em países desenvolvidos,

têm infecções crônicas e 80% dos pacientes com úlcera gástrica apresentam

afecções associadas ao H. pylori (51).

As úlceras pépticas são responsáveis por cerca de 46.000 cirurgias e 14.000

mortes por ano, com prevalência superior a 90% a nível mundial, das quais 95% são

úlceras duodenais e 70% úlceras gástricas (48).

O perfil da curva de prevalência relacionado a idade se mantém constante,

independentemente do nível de desenvolvimento no país, porém, nos países em

desenvolvimento, a prevalência da infecção é mais alta em todas as faixas etárias,

com acentuada diferença na infância (13).

6.2. FONTES DE INFECÇÃO E VIAS DE TRANSMISSÃO

De um modo geral, considera-se o ser humano o único reservatório natural do

H. pylori; entretanto, estudos apontam para achados de colônias em gatos

domésticos, indicando que esta bactéria pode também ter transmissão cruzada com

animais que mantenham contato próximo com o homem (13,18,33,51).

A via de transmissão do H. pylori tem sido um dos assuntos mais estudados e

controvertidos desde a redescoberta desta bactéria (18) e, embora até o momento

não tenha sido totalmente estabelecida, dados sugerem que a transmissão de H.

pylori ocorre por meio do contato inter-hospedeiros e pela ingestão de alimentos ou

água contaminados (51).

Dentre as causas gerais da sua atual taxa de prevalência estão a falta de

saneamento básico, de água potável, de higiene básica e a superpopulação, sendo

aceitas como formas de transmissão as vias oral-oral; fecal-oral e iatrogênica

(18,20).

38

6.2.1. TRANSMISSÃO POR VIA ORAL-ORAL

A presença da bactéria no suco gástrico indica a possibilidade de transmissão

oral-oral. O vômito e o refluxo esofágico são considerados meios de propagação do

microrganismo, além de indícios em estudos da permanência do H. pylori em placa

dentária ou saliva (18).

6.2.2. TRANSMISSÃO POR VIA FECAL-ORAL

Um trabalho de 1992 é considerado o primeiro relato do isolamento do H.

pylori a partir de fezes humanas. Outros estudos evidenciaram que a sobrevivência

da bactéria neste material clínico é incomum e consideraram a água um provável

meio de propagação desse agente (apud SIQUEIRA (18)), porém, outro estudo

relata que a bactéria não sobrevive na água clorada, mantendo-se como indefinido o

papel desta como disseminadora do patógeno (33).

6.2.3. TRANSMISSÃO IATROGÊNICA OU GASTRO-GÁSTRICA

O material clínico que contém o H. pylori utilizado para procedimentos

diagnósticos realizados por via endoscópica pode servir como uma fonte de

infecção. Mesmo com procedimentos de desinfecção, instrumentos utilizados

durante biópsia por via endoscópica também são a causa de infecções (13).

39

7. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

Para a detecção da infecção pelo H. pylori são disponibilizados diferentes

testes diagnósticos, embora nenhum deles seja eficaz o suficiente a ponto de ser

aceito como o padrão ouro (Quadro 5) (70,71,72).

Testes não invasivos

Testes invasivos

Biópsia

Escovado gástrico

Teste respiratório

Histologia

Citologia

Testes sorológicos

Teste da urease

Cultura

PCR em antígeno fecal

PCR

Imunohistoquímica

Cultura

Modificado de: Libera e cols15, Hung e cols9, Leodolter e cols14, Suerbauem & MIchetti28. Drum e cols5, Howden e cols8;

Quadro 5 – Testes diagnósticos utilizáveis para a detecção da infecção por H. pylori. (73)

São classificados em invasivos, quando dependem da realização de

endoscopia para detectar a infecção no material clínico, e não-invasivos, quando o

teste tem como princípio os métodos sorológicos, teste respiratório e PCR em

antígeno fecal, não requerendo a endoscopia (7,18,74).

Atualmente utiliza-se uma combinação de métodos diagnósticos e o uso

adequado dos mesmos promove um tratamento correto e conseqüente erradicação

do H. pylori (70).

7.1.MÉTODOS INVASIVOS

Abrangem dois grupos: técnicas com uso de biópsia como a histologia, o teste

da urease, PCR, a imunohistoquímica, cultura e a técnica do escovado gástrico com

os métodos de citologia e cultura (70,71).

40

Estas técnicas já foram tidas como padrão, entretanto, a biópsia pode causar

erro de amostragem, assim como o cultivo pode ser um método de baixa

sensibilidade (72).

Alguns autores consideram que o método só deve ser aplicado nas suspeitas

de maior gravidade (7).

7.1.1 TESTES COM USO DE BIÓPSIA

Histologia

Este teste é realizado após a endoscopia, obtendo-se dois ou mais

fragmentos da região do corpo e antro gástrico, que serão corados para identificação

da bactéria (6,18,74); entretanto, não tem sido realizado como diagnóstico de rotina

por ser demorado, oneroso e invasivo. O método de histologia fornece dados importantes sobre o estado da mucosa

gástrica (7,18,74), sendo que a análise histológica possui sensibilidade e

especificidade altas (18,74).

Teste da urease

O teste de urease tem como princípio a coleta de material da mucosa do antro

gástrico e a colocação deste em meio contendo uréia e indicador de pH. É detectada

presença do H. pylori, quando ocorre alteração de cor no indicador por aumento do

pH (6,75).

A sensibilidade do exame direto em amostras de biópsia varia de 75% a 95%;

entretanto, a especificidade é próxima a 100%, sendo que este método permite

detectar a presença de urease de H. pylori em curto tempo (7,21).

Um estudo concluiu que a melhor associação para a acurácia da infecção por

H. pylori é a do teste rápido da urease com a histologia (70).

41

PCR

A Polymerase Chain Reaction, ou Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) é

uma técnica que permite descobrir a informação genética do H. pylori, além de servir

para a busca de possíveis fatores de patogenicidade (7).

Possui extrema especificidade e sensibilidade, permitindo identificar uma

única cópia de DNA do microrganismo no material examinado (5,18).

Sua maior aplicação é em estudos epidemiológicos, como por exemplo, na

determinação da transmissão desta bactéria (7,18).

A eletroforese em gel é uma das técnicas para detecção do DNA da bactéria

e na Figura 13 é possível visualizar a separação do DNA em função do peso

molecular.

Figura 13 - Eletroforese de H. pylori em gel de agarose (76)

42

Imunohistoquímica

O método de imunohistoquímica é baseado na detecção de antígeno por um

anticorpo (monoclonal ou policlonal) em conjunto com outros processos de

visualização, com métodos de coloração (65).

Esta técnica é aplicada principalmente em estudos de doenças neoplásicas e

infecciosas, permitindo a identificação da expressão dos oncogenes visualizados em

cortes histológicos, para verificar a evolução de linfomas gástricos, que têm estreita

relação com a infecção por H. pylori (Figura 14) (65).

Figura 14 – Detecção de H. pylori de uma biópsia gástrica após coloração utilizando corante

imunológico anti-Helicobacter (77)

43

Cultura

A cultura é um teste diagnóstico mais específico e importante para a

determinação da sensibilidade aos antimicrobianos e também pode caracterizar o

tipo de bactéria (7).

Os melhores resultados têm sido com inoculação do fragmento em meio não

seletivo, como o ágar sangue (Figura 15).

Figura 15 - Cultivo de H. pylori em placa de ágar sangue (78)

Este tipo de método necessita de atmosfera com 5-6% de oxigênio, 8 -10% de

hidrogênio, 7-10% de dióxido de carbono, 80 % de nitrogênio, além de umidade (5).

Sua limitação é o custo oneroso em relação ao teste da urease, tendo sido

comumente usado para fins de pesquisa (18).

44

7.1.2. TESTES COM ESCOVADO GÁSTRICO

Caracterizado pelo modo como é coletado o material, a obtenção dos

fragmentos é a partir de um escovado da mucosa gástrica para realizar o preparo de

um esfregaço em lâmina (70).

Citologia

A citologia do esfregaço gástrico é um teste que possui embasamento

científico, porém é uma técnica pouco divulgada (74).

Estudos sugerem que a citologia gástrica possui maior e/ou igual

sensibilidade quando comparado aos métodos que fazem uso de biópsia para

identificar H. pylori, sendo de fácil execução e com resultados em um menor tempo

em comparação as técnicas histológicas (74).

Com o intuito de aumentar a acurácia do diagnóstico, este método é

associado a outras técnicas existentes (18).

7.2 MÉTODOS NÃO INVASIVOS

Mesmo com a facilidade de uso, os testes não-invasivos necessitam de

validação de método e equipamento específico para determinado grupo de uma

população (70).

7.2.1. TESTE RESPIRATÓRIO COM URÉIA MARCADA

Este exame diagnóstico se baseia na capacidade que o H. pylori tem para

hidrolisar uréia em amônia e carbonato. O indivíduo ingere uréia marcada com

carbono 13 (não-radioativo) ou 14 (radioativo). Em seguida, é possível medir a

quantidade de dióxido de carbono marcado que foi liberado, após o paciente expirar

em um recipiente para detectar a presença dos marcadores isotópicos por

espectrografia ou cintilação (5,7).

45

Por não ser invasivo, considera-se como o método de escolha para controle

da erradicação da infecção (18).

7.2.2. TESTES SOROLÓGICOS

Os testes sorológicos, além de econômicos, não se restringem a um ou mais

fragmentos do órgão para realizar a pesquisa da infecção e tem como princípio

identificar anticorpos específicos (Quadro 6).

Testes sorológicos ELISA Fixação do complemento Aglutinação Hemaglutinação Imunoblot

Quadro 6– Métodos sorológicos para diagnóstico da infecção por H. pylori (79)

Apesar de haver registros desses exames logo depois da redescoberta do H.

pylori, os exames sorológicos ainda estão em desenvolvimento. Além disso, um

método sorológico requer validação e padronização local antes do uso (80).

Atualmente, pesquisadores e laboratórios clínicos podem ter à disposição

métodos como fixação do complemento, aglutinação, hemaglutinação, Imunoblot; no

entanto, o método imunoenzimático (ELISA) tem sido o mais utilizado por seus

resultados satisfatórios quanto à sensibilidade e especificidade da técnica, embora

não se descarte a probabilidade da ocorrência de resultados falso-negativos

(5,18,80).

46

7.2.3. PCR EM ANTÍGENO FECAL

H. pylori é raramente cultivado das fezes, mas a pesquisa de antígenos em

material fecal é um método que diagnostica a infecção e pode monitorar a resposta

pós-tratamento em adultos, sendo sua detecção eficiente e promissora também para

crianças (5,71).

É um teste qualitativo que precisa de equipamento adequado para a

interpretação da reação e é efetivo tanto para fins de diagnóstico como para controle

da erradicação (5).

8. ESTUDO GENÔMICO

Têm sido feitas várias tentativas para compreender a patogênese do H. pylori

e os trabalhos mais recentes são sobre o estudo genômico. Atualmente,

pesquisadores tentam desenvolver o mapa do genoma desta bactéria para produzir

vacinas seletivas e de amplo espectro (18).

Até o ano de 2003, a análise do genoma permitiu a identificação de cerca de

quarenta cepas da bactéria não-relacionadas epidemiologicamente. As variações

genômicas das cepas podem ser responsáveis pela codificação de diferentes fatores

de virulência, capazes de determinar diversos tipos de lesão no hospedeiro (apud

BLASER (47)).

A ilha de patogenicidade (cag-PAI) é um componente do genoma H. pylori

que contém genes homólogos aos de outras bactérias que codificam componentes

do sistema de secreção do tipo IV, que atua como agulha e serve para injetar

moléculas efetoras da bactéria na célula hospedeira, permitindo que a bactéria

module vias do metabolismo celular da célula hospedeira, incluindo a expressão de

proto-oncogenes (47,81).

Com relação ao progresso da descoberta das cepas de H. pylori através do

estudo genômico, há registros de duas cepas com sequenciamento completo; o

genoma das cepas 26695 e J99, tendo sido o genoma da cepa 26695 obtido de um

paciente com gastrite superficial e o genoma da cepa J99, obtido de um paciente

com úlcera duodenal (81,82).

47

Foram publicados estudos recentes sobre o uso de microarranjos (microarray)

para medir os níveis de expressão das cepas de H. pylori. Através desta técnica e de

outros métodos realizados, foi possível revelar extensa diversidade genética. Um

total de 1.282 genes foi achado em todas as 25 cepas e presumivelmente

representou o núcleo funcional comum do genoma de H. pylori (82).

9. TRATAMENTO

Hoje é universalmente aceita a recomendação de se tratar todos os pacientes

portadores de úlcera gástrica, péptica ou duodenal, infectados pelo microrganismo

H. pylori (60).

De acordo com o II Consenso Brasileiro (4), para a eliminação completa do H.

pylori deve-se considerar o custo-benefício e a opinião do paciente na decisão do

tratamento. Um tratamento adequado reflete na redução de reinfecções e o

benefício em longo prazo após o uso da medicação (6).

O conhecimento sobre a sensibilidade ou resistência aos antimicrobianos se

faz necessário, uma vez que a resposta terapêutica é variável de acordo com a

localidade, etnia e uso prévio do medicamento (7).

Ainda, estudo sugere que os fatores de virulência poderiam influenciar na

terapêutica, ocasionando falha na mesma e, um outro estudo (83) considera que a

resistência antibiótica, a complacência e a duração da terapia são fatores de risco

que também levam ao insucesso um tratamento contra o microrganismo H. pylori

(apud SIQUEIRA (20)).

Para a maioria dos pacientes de países em desenvolvimento, o tratamento

com medicamentos é de custo oneroso, o que preocupa muitos pesquisadores, que

buscam opções terapêuticas adicionais, como por exemplo o consumo de brotos de

brócolis constatado como uso potencial para erradicar o H. pylori, uma vez que este

legume contêm a sulforaphane, um agente de ação bactericida e bacteriostática.

Porém, ainda não foi determinada a dose ideal para a ingestão deste tipo de legume

(84).

48

9.1. REGIMES ATUAIS PARA TRATAMENTO

Apesar dos mais de 20 anos de experiência clínica em tratamento de H. pylori

com uma grande variedade de associações de antimicrobianos e tempos diversos de

tratamento escolhidos a partir de consensos mundiais, diretrizes e revisões médicas,

ainda hoje não existe um esquema terapêutico ideal para este tipo de infecção

(4,60,83).

De um modo geral, vem sendo utilizada a associação de um inibidor da

bomba de prótons (IBP), o qual pode ser omeprazol 20mg, lanzoprazol 30mg,

pantoprazol 40mg ou rabeprazol 20, com amoxicilina 1000 mg e claritromicina 500

mg (18).

Os esquemas terapêuticos utilizados são classificados como sendo de

primeira ou de segunda linha, sendo os de primeira opção tratamentos que

compreendem a ingestão de medicamentos duas vezes ao dia, durante um período

mínimo de sete dias, de um IBP ou citrato de ranitidina bismuto em dose padrão,

claritromicina 500 mg e amoxicilina 1.000 mg ou metronidazol 500 mg (6).

Quando não há sucesso com o esquema de primeira linha, a opção é o

esquema terapêutico de segunda linha, sendo então administrado IBP em dose

padrão duas vezes ao dia com subsalicilato ou subcitrato de bismuto 120 mg quatro

vezes ao dia, metronidazol 500 mg três vezes ao dia e tetraciclina 500 mg quatro

vezes ao dia, durante período mínimo de sete dias (6).

Um estudo no Brasil abordou uma terapêutica eficaz para países em

desenvolvimento, demonstrando que a terapia tríplice com lanzoprazol, amoxicilina e

claritromicina é bem tolerável e possui altos índices de erradicação (85).

10. PREVENÇÃO E CONTROLE

A prevenção e o controle da infecção por H. pylori tornou-se um assunto de

saúde pública (13) e há grande interesse na elaboração de estratégias para que esta

bactéria seja erradicada. Medidas educativas na área de saneamento e higiene

objetivando prevenir a transmissão do microrganismo são algumas das intervenções

necessárias e disponíveis (19).

49

O custo da medicação, a aderência ao tratamento, a seleção de cepas

resistentes, os possíveis efeitos adversos e a probabilidade de reinfecção após

tratamento ainda são limitantes para se adotar programas de erradicação de modo

universal, principalmente nos países em desenvolvimento (19).

Atualmente, é possível encontrar muitos estudos demonstrando o esforço e

empenho para o desenvolvimento de vacina contra o H. pylori, entretanto, é prevista

sua disponibilidade com eficácia e segurança apenas dentro de aproximadamente

10 a 15 anos (13,19).

Enquanto estudos sobre vacinas não são concluídos, dois fatores merecem

especial atenção: o controle da disseminação do agente na infância e o melhor

conhecimento da epidemiologia da bactéria (13).

50

CONCLUSÃO

Após leitura e revisão da literatura que foi utilizada para elaborar esta

monografia, é possível concluir que:

O H. pylori é uma bactéria fortemente relacionada aos casos de gastrites e

úlceras, sendo apontado ainda como co-fator do câncer gástrico.

É o único microrganismo capaz de sobreviver ao ambiente ácido do estômago

e isso graças a grande quantidade de urease que possui.

Após incontáveis estudos, aspectos como a via de transmissão permanecem

desconhecidos. Ainda não há teste disponível que possa ser aceito como o padrão

ouro para um diagnóstico e prognóstico assertivo e um esquema terapêutico ideal

para este tipo de infecção.

Recentes estudos buscam a codificação do genoma desse microrganismo,

com o objetivo de desenvolver vacinas para efetiva prevenção e erradicação do

agente.

51

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