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CURSO DE DIREITO
“Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental”
Elaine Aparecida Galichio
R.A. 441.374-1
Turma: 315-C
Telefones: 3849-6789 e 9960-3401
e-mail: [email protected]
Professora Orientadora: Márcia Dominguez Nigro Conceição
São Paulo
2004
CURSO DE DIREITO
Elaine Aparecida Galichio
Monografia apresentada à Banca Examinadora
do Centro Universitário das Faculdades
Metropolitanas Unidas, como exigência parcial
para obtenção do título de Bacharel em Direito,
sob orientação da Professora Márcia
Dominguez Nigro Conceição
São Paulo
2004
CURSO DE DIREITO
BANCA EXAMINADORA
________________________________ NOTA ______(__________________)Professora Márcia Dominguez Nigro Conceição
________________________________ NOTA ______(__________________)Professor Argüidor
________________________________ NOTA ______(__________________)Professor Argüidor
Dedico este trabalho aos
meus pais Tadeu e Lenice,
aos meus irmãos Rosamara e
Valter e à minha avó Rosa
pelo eterno carinho, incentivo,
paciência e compreensão.
Agradeço à minha orientadora
professora Márcia Dominguez
Nigro Conceição pela ajuda,
paciência, orientação,
profissionalismo e
preocupação que sempre
demonstrou no decorrer de
todo o trabalho.
SINOPSE
Este trabalho destina-se ao estudo da argüição de descumprimento de
preceito fundamental, que não havia sido regulamentado até o advento da Lei n. º
9.882, de 1999; um instrumento constitucional, objetivo, destinado,
essencialmente a evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato
do Poder Público.
O Referido instituto veio completar o nosso sistema de controle jurisdicional
de constitucionalidade, fortalecendo o chamado controle abstrato de normas,
antes exercido apenas por meio da ação direta de inconstitucionalidade – ADIn
(tem como campo material lei ou ato normativo federal ou estadual, com efeito
erga omnes e vinculante) e da ação declaratória de constitucionalidade – ADC (
tem como campo material leis e atos normativos federais, com efeito erga omnes
e vinculante )
A pesquisa foi realizada através de doutrinas especializadas e
jurisprudência, com o intuito de tentar abranger de forma clara e objetiva o
instituto constitucional da argüição de descumprimento de preceito fundamental.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................09
CAPÍTULO I ...........................................................................................................10
1- EVOLUÇÃO NO DIREITO COMPARDO............................................................10
1.1. O Sistema Alemão ..........................................................................................101.2. O Sistema Austríaco........................................................................................141.3. O Sistema Espanhol........................................................................................16
CAPÍTULO II ..........................................................................................................19
1 EVOLUÇÃO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITOBRASILEIRO..........................................................................................................19
1.1. A Constituição de 1824 ..................................................................................191.2. A Constituição de 1891...................................................................................201.3. A Constituição de 1934...................................................................................211.4. A Constituição de 1937...................................................................................221.5. A Constituição de 1946...................................................................................241.5.1 A Emenda Constitucional 16/65....................................................................241.6. A Constituição de 1967...................................................................................241.6.1 Emenda Constitucional 01/69........................................................................251.6.2 Emenda Constitucional 07/77........................................................................261.7 A Constituição de 1988.....................................................................................26
CAPÍTULO III..........................................................................................................28
1. ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL..........28
1.1 Espécies de Argüição.......................................................................................291.2 Preceito fundamental........................................................................................311.3 Descumprimento ..............................................................................................351.3.1 Espécies de Descumprimento.......................................................................36
CAPÍTULO IV..........................................................................................................38
1. ASPECTOS PROCESSUAIS DA ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO..........38
1.1Competência Jurisdicional.................................................................................381.2. Legitimidade Processual..................................................................................401.3 Procedimento da Argüição ...............................................................................431.4 Efeitos da Argüição ..........................................................................................461.4.1 Possibilidade de Restrição dos Efeitos da Decisão do STF ........................481.5 Princípio da Subsidiariedade............................................................................49
CAPÍTULO V..........................................................................................................52
1.Argüição de Descumprimento e a Ação Direta de Inconstitucionalidade...........522 .Argüição de Descumprimento e o Mandado de Injunção ..................................543. Argüição de Descumprimento e a Ação Declaratória de Constitucionalidade....55
CAPÍTULO VI..........................................................................................................60
1. DECISÕES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL...........................................60
1.1Violação do Princípio de Constitucionalidade de Separação de Poderes.........601.2 Princípio da Subsidiariedade............................................................................601.3 Legitimidade......................................................................................................67
CONCLUSÃO.........................................................................................................69
ANEXOS.................................................................................................................73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................88
INTRODUÇÃO
O tema do presente estudo é a argüição de descumprimento de preceito
fundamental, que surge no Brasil com a Constituição de 1988, inserida no artigo
102, §1º, posteriormente regulamentada pela Lei 9.882/99.
Em um primeiro momento, apresentar-se-á os institutos afins no direito
comparado, Estados que adotam o sistema de constitucionalidade concentrado,
depois a evolução do controle de constitucionalidade no direito brasileiro.
Após serão estudados os temas relacionados ao objeto de trabalho, ou
seja, a argüição e suas espécies, a expressão “preceitos fundamentais” e por fim o
descumprimento e suas espécies.
Em seguida serão apresentados os aspectos processuais da argüição de
descumprimento de preceito fundamental, como a competência jurisdicional, a
legitimidade processual, o procedimento da argüição e os efeitos da decisão de
argüição.
Por fim será utilizado o método comparativo para a diferenciação entre a
argüição de descumprimento de preceito fundamental e a ação direta de
inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade e também em
relação ao mandado de injunção.
CAPÍTULO I
1. Evolução no Direito Comparado.
1.1 O sistema alemão
O instituto alemão Verfassungsbeschwerde (recurso constitucional), trata de
um meio processual colocado à disposição de qualquer pessoa física ou jurídica,
que sofreu uma infração em algum de seus direitos constitucionais pelo Poder
Público.
A utilização do recurso está associada a uma violação de direito que seja
pessoal, atual e imediata. O prazo para proposição do recurso constitucional é em
regra, de um mês, exceto quando o mesmo se dirige contra uma lei ou contra ato
do Poder Público, contra o qual não se admita controle judicial, quando o prazo
então será de um ano, contado a partir da entrada em vigor do ato. 1
Para a interposição do recurso constitucional perante o Tribunal
Constitucional alemão é necessário que haja a violação de direitos fundamentais
ou direitos assemelhados a esses por parte do Poder Público, no entanto não é
admitido a defesa de direitos fundamentais de terceiros ou a defesa de ameaça
virtual.
____________1.Conforme artigo 93 da Lei do Tribunal Constitucional Alemão.
Segundo o doutrinador Daniel Sarmento “A doutrina tem traçado um
paralelo entre a argüição incidental pátria e o recurso de amparo, do Direito
constitucional espanhol, e o recurso constitucional (Verfassungsbeschwerde) do
Direito germânico o que, em nosso entendimento, deve ser visto com cautela, em
razão das diferenças marcantes entre, de um lado, o sistema brasileiro de controle
de constitucionalidade, e, do outro, os sistemas espanhol e alemão, estes muito
semelhantes entre si. De fato, tanto na Espanha como na Alemanha, não existe o
controle difuso2 de constitucionalidade, razão pela qual, diferentemente do que
ocorre no Brasil, os juízes e tribunais ordinários não estão, em nenhum destes
países, autorizados a tutelar direitos violados, quando a ofensa decorrer da
aplicação de lei contrária à Constituição. Os juízes e tribunais podem apenas
suscitar a questão de inconstitucionalidade, que será decidida pelas respectivas
Cortes Constitucionais, em decisão dotada de caráter erga omnes”3.
Na Alemanha, o recurso constitucional é um instrumento para provocar a
tutela, pelo Tribunal Constitucional, de direitos fundamentais violados por atos do
Poder Público, desde que exauridas as demais instâncias judiciais. Pelo mesmo
recurso, podem ser impugnados atos normativos, administrativos e judiciais, que
atinjam diretamente o direito de um cidadão. No julgamento do recurso
constitucional, a Corte Constitucional tem o poder de reconhecer, a
_____________
2. Controle difuso (de exceção), consiste basicamente na argüição de inconstitucionalidade deuma lei ou ato normativo dentro de um processo judicial comum.
3.Daniel Sarmento, Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental: Análises à Luz da Leinº9.882/99, p.88.
inconstitucionalidade de norma cuja aplicação tenha lesado o direito fundamental
do requerente, com eficácia erga omnes4.
Ao lado da função subjetiva, com efeito cassatório casuístico e efeito
educador geral, o recurso constitucional também tem uma função objetiva, ou
seja, proteção não só de um direito individual lesionado, mas da defesa da própria
Constituição, apresentando características relacionadas a um controle de
constitucionalidade.
Podem ser objeto do recurso constitucional alemão tanto as ações como as
omissões do Poder Público alemão. São mencionados, portanto, como objetos
possíveis:
a) por parte do Poder Legislativo: as leis em sentido
formal sejam federais, estaduais, ou, ainda, pré-
constitucionais ou pós-constitucionais, como, também, as
normas jurídicas materiais e as omissões, sejam absolutas
ou relativas 5;
b) por parte do Poder Executivo: os atos
administrativos federais, estaduais e municipais e as
omissões relacionadas a este poder.
___________4.eficácia erga omnes significa que a declaração da constitucionalidade ou inconstitucionalidade da
lei se estende a todos os feitos em andamento, paralisando-os com o efeito da decisão proferida.Diferentemente da decisão inter partes, no qual os efeitos desta se operam apenas entre as partes doprocesso
5. Lei inconstitucional em sentido formal, ocorre quando tais normas são formadas por autoridadesincompetentes ou em desacordo com formalidades estabelecidas na Constituição. Lei em sentido material,ocorre quando o conteúdo de tais leis contraria preceito ou princípio da Constituição.
c) por parte do Poder Judiciário: as decisões dos
tribunais da Federação (exceto as do Tribunal Constitucional
Federal) e dos Estados (incluindo as constitucionais
estaduais), bem como as omissões relacionadas a este
poder. 6
A argüição de descumprimento de preceito fundamental brasileira recebeu
do legislador infraconstitucional características semelhantes à
Verfassungsbeschwerde do direito alemão, no entanto não recebeu outras que
seriam de grande importância para evidenciar a identidade entre os institutos.
São semelhanças entre os dois institutos:
a) a apreciação originária do instituto pelo tribunal
guardião da Constituição;
b) a possibilidade de exercício de controle de
constitucionalidade sobre ato do Poder Público, seja
comissivo ou omissivo;
c) a possibilidade de exercício do controle sobre atos
pré-constitucionais;
d) o princípio da subsidiariedade7;
e) a preocupação com um controle objetivo de
constitucionalidade.
_______________6. Roberto Mendes Mandelli Junior, Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental,p.797.Subsidiariedade, não será admitida argüição quando houver outro meio para sanar a lesividade.
No entanto, determinadas características diferenciam os dois institutos:
a) a impossibilidade de ajuizamento da argüição
brasileira por qualquer indivíduo que teve lesionado seu
direito fundamental (a argüição só pode ser ajuizada pelos
legitimados do artigo 103 da Constituição Federal);
b) a Verfassungsbeshwerde refere-se à violação,
genericamente, dos direitos fundamentais, sem precisá-los,
enquanto a argüição de descumprimento do direito
brasileiro absorve a lesão aos preceitos constitucionais
fundamentais – sejam direitos fundamentais, ou outros
preceitos;
c) os atos passíveis de impugnação pela ação direta
de inconstitucionalidade, no direito brasileiro, devem ser
excluídos da argüição, em virtude do princípio da
subsidiariedade,
d) o prazo para proposição dos institutos, existente no
direito alemão e ausente no direito brasileiro.
1.2 O sistema austríaco
Com a Beschwerde austríaca permite-se que, por meio de um incidente de
constitucionalidade, seja suspenso um processo ou na primeira instância ou no
tribunal, submetendo a questão constitucional à decisão do Tribunal
Constitucional. O recurso austríaco deve ser interposto no prazo de seis meses a
contar da prática do ato inconstitucional do Poder Público. 8
O Tribunal Constitucional resolve a questão que envolve a
constitucionalidade de uma norma impugnada e depois devolve a conhecimento
da matéria ao tribunal competente para proceder ao julgamento, o qual estará
delimitado pela questão constitucional já resolvida. O próprio Tribunal
Constitucional tem a possibilidade de escolher os casos em que verificará a
constitucionalidade de uma lei e também exerce seus imperativos como guardião
dos direitos constitucionais, pelo fato de que qualquer pessoa pode socorrer-se
dele com a Beschwerde, na qual se discute lesão ao direito do indivíduo, em face
da prática de um ato, normativo ou administrativo, inconstitucional, realizado pelo
Poder Público.
Os requisitos para a admissibilidade do recurso austríaco são:
a) alegação de lesão a um direito constitucional;
b) existência de um ato ou de uma medida
supostamente inconstitucional;
c) na existência de um caso concreto, a prova de que
o próprio demandante é vítima dessa pretendida violação;
___________
8.Alexandre de Moraes, Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental: análises à Luz daLei nº9.882/99,p.20
d) prazo de seis meses a contar da prática do ato
inconstitucional do Poder Público.
O recurso austríaco é semelhante à Verfassungsbeschwerde, no que diz
respeito a lesão a um direito constitucional; a possibilidade de ajuizamento pelo
indivíduo lesado; a existência de um ato do Poder Público que se considere
inconstitucional.
1.3. O sistema espanhol
Na Constituição espanhola de 1978, instituiu-se um controle de
constitucionalidade semelhante ao criado pelo direito alemão, com algumas
variações.
Com semelhanças à Verfassungsbeschwerde alemã, ou à Beschwerde
austríaca, encontra-se na Espanha o recurso de amparo, meio que proporciona a
proteção direta dos direitos fundamentais, permitindo aos indivíduos, após esgotar
as vias judiciais ordinária, socorrer-se diretamente do Tribunal Constitucional, por
prazo determinado, para a proteção dos seus direitos.9
___________
9. Roberto Mendes Mandelli Junior, Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental,p.79
O instituto recebe procedimento especial e representa um processo
substantivo e independente, com, o objetivo de proteger os direitos fundamentais
e as liberdades públicas reconhecidas pela Constituição, como, por exemplo, o
princípio da igualdade, o direito à vida, à integridade física e moral, à liberdade
religiosa, ideológica e de culto, à liberdade e à segurança, à honra, à intimidade e
à própria imagem, à inviolabilidade do domicílio. 10
O recurso de amparo, visa à proteção dos direitos fundamentais, e
também a defesa do conteúdo essencial da Constituição espanhola, esclarecendo
que os princípios regentes da política social e econômica gozam da mesma
intensidade de proteção que os direitos fundamentais. Neste sentido, há uma
semelhança com a argüição de descumprimento, regulamentada pelo direito
brasileiro, como protetora dos preceitos fundamentais da nossa Constituição.
O recurso de amparo espanhol e o recurso constitucional alemão têm
disciplinas muito semelhantes. Ambos podem ser utilizados pelos cidadãos que
tiverem seus direitos fundamentais lesados por atos do Poder Público, os mesmos
estão destinados a suscitar tutela, respectivamente pela Constituição espanhola e
pela Corte Constitucional, quando esgotada todas as instâncias judiciais ordinárias
e o julgamento do recurso têm eficácia erga omnes.
___________
10. Zeno Veloso, Controle de Constitucionalidade,p.327 e ss.
O instituto, portanto, proporciona, além da proteção de um direito do
indivíduo (aspecto subjetivo), a defesa da própria Constituição, garantindo o
cumprimento dos direitos fundamentais (aspecto objetivo).
O recurso de amparo apresenta pontos semelhantes com a argüição de
descumprimento brasileira por propiciar um controle concreto concentrado de
constitucionalidade no Tribunal Constitucional, sob um prisma de defesa objetiva
da própria Constituição, permitindo a declaração definitiva da inconstitucionalidade
de ato do Poder Púbico.
CAPÍTULO II
1. Evolução do Controle de Constitucionalidade no Direito Brasileiro
1.1 A Constituição de 1824
A primeira Constituição brasileira foi outorga aos 25 de março de 1824, a
“Constituição Política do Império do Brasil”.
Esta Constituição, sob influência das idéias de Benjamin Constant, formula
uma divisão quadripartida dos poderes políticos, com a presença dos Poderes
Legislativo, Executivo, Judiciário e Moderador. Entre as atribuições do Poder
Moderador, encontra-se a disponibilidade de dissolução da Câmara dos
Deputados e a suspensão dos magistrados, na forma prevista pela lei.
Este amplo poder de coordenação e manipulação dos demais poderes nas
mãos do imperador praticamente inviabiliza o exercício do controle de
constitucionalidade. Não cabia ao Judiciário resolver os problemas entre os
poderes políticos, mas, sim, ao Poder Moderador.11
____________
11.Roberto Mendes Mandelli Junior, Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental,p.79
1.2. Constituição de 1891
A Constituinte e a “Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil”
nasceram de um grande movimento de idéias, as quais acompanharam a crise
política do Segundo Reinado até alcançar o trono constitucional de D. Pedro II e o
seu Poder Moderador, introduzindo um novo regime.12
Através das influências do constitucionalismo norte-americano13, inaugura-
se o controle judicial da constitucionalidade das leis. O art. 59 §1º, da Constituição
de 1891, primeira norma jurídica legal a determinar a inaplicabilidade, pelos juízes,
de leis e decretos incompatíveis com a Constituição.14
O controle exercido pode ser classificado como difuso15, concreto, incidental
e sucessivo, podendo a questão constitucional ser levada até o Supremo Tribunal
Federal, mediante recurso.
____________
12.Paes de Andrade e Paulo Bonavides,História constitucional do Brasil,p20513.A origem formal do constitucionalismo é a Constituição Norte-Americana de 1787 e a Constituição
da França de 1791, que se contrapuseram ao Absolutismo reinante, transferindo-se ao povo a titularidade dopoder.
14.Ao STF compete: §1º. Das sentenças das justiças dos Estados em última instância haverárecurso para o STF quando se contestar a validade de leis ou actos dos governos dos Estados em face ... daConstituição, ou das leis federais, e a decisão do tribunal do Estado considerar validos esses actos, ou essasleis impugnadas.
15. Na forma de controle difuso, discute-se o caso concreto.Deve haver um situação concretana qualo interessado se utiliza da prestação jurisdicional para evadir-se da incidência da norma.
1.3 A Constituição de 1934
Essa Constituição trouxe novidades ao sistema de controle de
constitucionalidade, apesar de manter o método difuso, concreto, incidental e
sucessivo.
Das novidades estabelecidas pela Constituição de 1934, na área do
controle de constitucionalidade, têm-se as seguintes:
a) a inconstitucionalidade passou a poder ser declarada
somente pelo voto da maioria absoluta dos membros do tribunal,
como já acontecia no direito americano, com as decisões da
Suprema Corte16
b) preocupou-se, também, o constituinte de 1934 em
proporcionar meios para suspender, no todo ou em parte, a
execução de lei ou ato governamental declarado inconstitucional
pela Corte Suprema. A competência para realizar a suspensão foi
atribuída ao Senado Federal, órgão incumbido de coordenar os
Poderes da República entre si 17;
c) o mandado de segurança é arrolado entre os direitos e
garantias individuais, sendo remédio concernente à defesa de
_____________16. Conforme artigo 179 da Constituição de1934.17. Conforme artigos 91, IV, e 96 da Constituição de1934.
direito certo e incontestável, ameaçado ou violado por ato manifestante
inconstitucional ou ilegal de qualquer autoridade18.
d) atribuiu importantes competências ao Procurador Geral
da República, como a comunicação da decisão de
inconstitucionalidade da Corte Suprema ao Senado Federal e a
participação ativa na provocação de intervenção federal em
Estados-membros que não observassem, na elaboração de suas
Constituições e leis, determinados princípios, por meio da
representação interventiva.19
A criação de um instrumento que propicia um controle jurisdicional de
constitucionalidade concentrado, possuindo, dessa forma, certas semelhanças
com a argüição de descumprimento de preceito fundamental, que, por sua vez,
possibilita um controle originário pelo Supremo Tribunal Federal, inclusive, de um
ato concreto do Poder Público.
1.4 A Constituição de 1937
Após a revogação da Constituição de 1934, em 1937, instituidora do Estado
Novo, com a ditadura de Getúlio Vargas, sob o “imperativo de salvação nacional”.
__________
18. Conforme artigos 113,n.33 da Constituição de1934.19. Conforme artigos.96 e 12,§2º, da Constituição de 1937.
Nessa Constituição, o controle de constitucionalidade retornou,
basicamente, ao modelo instituído pela Constituição de 1891, excluindo a
possibilidade de representação interventiva e a suspensão, pelo Senado Federal,
da execução da lei declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.
A grande novidade, no que se refere ao controle é que: “No caso de ser
declarada a inconstitucionalidade de uma lei que, a juízo20 do Presidente da
República, seja necessária ao bem-estar do povo, à promoção ou defesa de
interesse nacional de alta monta, poderá o Presidente da República submetê-la
novamente ao exame do Parlamento; se este a confirmar por dois terços de votos
em cada uma das Câmaras, ficará sem efeito a decisão do Tribunal”.21
Essa Constituição fortaleceu o Poder Executivo, permitindo um efetiva
participação no processo legislativo reduzindo o papel do Parlamento e as
autonomias dos Estados. O Poder Executivo, na pessoa do Chefe Soberano do
Estado concentrava a maior parte dos Poderes, apresentando assim um traço
autoritário.
_____________
20.Juízo discricionário, ou seja, depende do critério de oportunidade e conveniência, no caso supra,do Presidente da República.
21.Conforme artigo 96, parágrafo único da Constituição de 1937.
1.5 A Constituição de 1946
A “Constituição dos Estados Unidos do Brasil” de 1946 tem origem em um
movimento nacional de repúdio ao Estado Novo.
No âmbito da fiscalização de constitucionalidade, mantém-se um controle
difuso, concreto, incidental e sucessivo. É excluída dos demais poderes a
possibilidade de manutenção de uma lei declarada inconstitucional. O Poder
Judiciário tem de volta sua competência em dar a última palavra em questão de
natureza constitucional
1.5.1 A Emenda Constitucional 16/65
Foi, pela primeira vez, em nosso país, instituído o sistema de controle
abstrato de constitucionalidade de atos normativos federais e estaduais, que
guarda certas semelhanças com a fiscalização observada nos sistemas europeus
de constitucionalidade, influenciados desde 1920 pela Constituição austríaca.22
1.6. A Constituição de 1967
A “Constituição do Brasil” de 1967 foi elaborada por um Congresso
__________
22.Roberto Mendes Mandelli Junior, Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental,p.79
Nacional que não dispunha de mandato popular para elaborar nova Constituição.
No que concerne ao controle de constitucionalidade, essa Constituição
manteve, em regra, o sistema da Constituição anterior.
1.6.1 Emenda Constitucional 01/69
A Constituição de 1967 durou pouco tempo, pois em 1969 foi promulgada
pelos Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica, os quais
exerciam a atividade da Presidência da República, em virtude do Ato Institucional
12.
O controle de constitucionalidade sofreu apenas uma alteração, com o
acréscimo da representação interventiva23 de inconstitucionalidade instituída pelos
Estados-membros, com as mesmas regras da interventiva federal, que ensejou a
possibilidade de fiscalização da lei municipal ante os princípios constitucionais
sensíveis relacionados na Constituição estadual.24
_____________
23. Representação interventiva é aquela que depende da autonomia do ente federado.24. Conforme artigo 15, parágrafo 3º, alínea d.
1.6.2 Emenda Constitucional 07/77
A emenda trouxe como novidades ao sistema de controle de
constitucionalidade a competência do STF de processar e julgar originariamente:
”a representação do Procurador–Geral da República, por inconstitucionalidade ou
para interpretação de lei ou ato normativo federal ou estadual”, e “o pedido de
medida cautelar nas representações oferecidas pelo Procurador-Geral da
República”.
1.7. A Constituição de 1988
A Constituição vigente, promulgada a 5 (cinco) de outubro de 1988,
manteve os sistemas difuso e concentrado de constitucionalidade.
Contudo acrescentou novos mecanismos de controle. As modificações
foram as seguintes:
a) alterou a nomenclatura da representação de
inconstitucionalidade para ação direta de inconstitucionalidade,
mantendo como objeto lei ou ato normativo federal e estadual;25
____________
25. Conforme artigo102, I, a,da Constituição Federal de 1988
b)ampliou o rol dos legitimados para propositura da ação direta de
inconstitucionalidade, antes somente o Procurador-Geral da
República, agora o Presidente da República, a Mesa do Senado
Federal, a Mesa da Câmara dosDeputados, a Mesa da
Assembléia Legislativa, o Governador do Estado, o Procurador-
Geral da República, o Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil, o partido político com representação no
Congresso Nacional e a confederação sindical ou entidade de
classe de âmbito nacional26;
b) admitiu a instituição de representação de
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou
municipais em face da Constituição Estadual, vedando a
atribuição da legitimação para agir a um único órgão;27.
c) instituiu a ação direta de inconstitucionalidade por
omissão 28 e o mandado de injunção 29 para controlar a inércia
dos Poderes Públicos;
d) encarregou o Advogado-Geral da União de defender ato
impugnado de inconstitucionalidade nas ações diretas 30; e
e) instituiu, dependendo de regulamentação, a argüição de
descumprimento de preceito fundamental da Constituição 31
_____________26. Conforme artigo 103, incisos de I a IX, da Constituição Federal.27. Conforme artigo 125, parágrafo 2º, da Constituição Federal28.Conforme artigo 103, parágrafo 2º, da Constituição Federal.29.Conforme artigo 5º, inciso LXXI, da Constituição Federal.30.Conforme artigo 103, parágrafo 3º, da Constituição Federal.31.Conforme artigo 102, parágrafo único, renumerado com a E/C 03/93, para art.102, §1º da CF
CAPÍTULO III
1. Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental
Esse dispositivo constitucional não havia sido regulamentado até o advento
da Lei n. º 9.882, de 1999, que veio dispor sobre o processo e julgamento da
chamada Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF.32
O Referido instituto veio completar o nosso sistema de controle jurisdicional
de constitucionalidade, fortalecendo o chamado controle abstrato de normas,
antes exercido apenas por meio da ação direta de inconstitucionalidade – ADIn e
da ação declaratória de constitucionalidade – ADC.
Segundo o professor Celso Seixas Ribeiro Bastos: “Com a argüição, tem-se
a complementação do sistema pátrio de controle da constitucionalidade, com uma
medida extremamente aberta à correção dos atos estatais violadores da
Constituição”33.
________________
32. A Constituição Federal em seu artigo 102,§1º, trouxe o advento da argüição de descumprimento,no entanto com uma eficácia normativa genérica. Sendo assim a Lei.9.882/99 veio regulamentar, este Institutoatravés de uma eficácia normativa plena – é aquela que reúne todos os elementos necessários para àprodução imediata dos efeitos previstos na lei.
33. Celso Bastos, Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental:análises à luz da leinº9.882/99, p.78.
1.1. Espécies de Argüição.
A argüição, quanto ao momento de lesão ao preceito fundamental, pode ser
classificada em: argüição preventiva e argüição repressiva. Essas espécies de
argüição decorrem do caput do art.1º da Lei 9882/99: “Argüição prevista no § 1º.
do art.102 da CF será proposta perante o STF, e terá por objeto evitar ou reparar
lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público”
O dispositivo permite concluir a possibilidade de ajuizamento de uma
argüição preventiva para evitar condutas do Poder Público que possam colocar
em risco os preceitos constitucionais fundamentais e, de outro lado, a argüição
repressiva para fazer cessar condutas do Poder Público lesivas aos preceitos
fundamentais.34
Segundo Alexandre de Moraes: “Caberá, preventivamente, argüição de
descumprimento de preceito fundamental perante o STF com o objetivo de se
evitarem lesões a princípios, direitos e garantias fundamentais previstos na
Constituição Federal, ou, repressivamente, para repará-las, quando causadas pela
conduta comissiva ou omissiva de qualquer dos poderes públicos”.35
______________________
34. Argüição autônoma, prevista no caput do artigo 1º da Lei9.882/99. Esta modalidade de argüiçãoocorre direta e originariamente perante o Supremo Tribunal Federal, sem qualquer processo judicial anterior.
35.Alexandre de Moraes, Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental:análises à luz da leinº9.882/99, p.19.
Ao lado da modalidade direta, a Lei n. º 9.882/99 cogitou, do mesmo modo,
da argüição de descumprimento de preceito fundamental indireta ou incidental, o
que fez em seu art. 1º, parágrafo único.
A argüição incidental pressupõe um processo anterior36 submetido a
qualquer juízo ou tribunal, envolvendo uma questão constitucional, cujo parâmetro
de controle seja preceito constitucional fundamental. Da mesma forma que os
incidentes de inconstitucionalidade do direito estrangeiro (a
Verfassungsbeschwerde, a Beschwerde e o recurso de amparo) possibilitam a
suspensão da jurisdição ordinária até a solução da controvérsia constitucional pelo
tribunal guardião da Constituição.
Esta modalidade apropriada de argüição permite, assim, a antecipação do
deslinde de questão constitucional prévia, por acórdão do Supremo Tribunal
Federal, necessário ao julgamento final do pleito, arredando dessa forma, a
necessidade de que seja percorrido todo um conjunto procedimental, até que a
decisão definitiva da Corte seja comunicada ao Senado Federal, que poderá
suspender, sendo hipótese de lei ou ato normativo, com a vantagem adicional da
eficácia erga omnes e do efeito vinculante.
_______________________
36.É pressuposto obrigatório para demonstração de argüição incidental, haver divergência jurisprudencial –controvérsia judicial – em processo anterior.
1.2. Preceito fundamental
O legislador constituinte ao classificar a argüição de descumprimento de
preceito fundamental, não enumerou o que considera serem os preceito
fundamentais, no entanto a maior parte da doutrina entende ser preceito
fundamental, àqueles preceitos, explícitos ou implícitos que caracterizam a
essência da Constituição.
Preceito é um termo usado para designar regra, dispositivo, princípio, seja
ele expresso ou implícito no texto constitucional; também são englobados os
direitos e garantias fundamentais da Constituição, bem como os fundamentos e
objetivos fundamentais da República, de forma a consagrar maior efetividade às
previsões constitucionais.
Primeiramente vamos esclarecer o significado da expressão “preceito
fundamental” usada tanto pelo constituinte como pelo legislador ordinário. Embora
do ponto de vista jurídico-formal, inexiste hierarquia entre as normas da
constituição, é certo que algumas são mais relevantes do que as outras, na ordem
de valores em que se esteie o direito positivo.
São preceitos fundamentais aqueles que moldam a essência de um
conjunto normativo-constitucional, conferindo-lhe identidade, exteriorizando o
suporte da própria Constituição. Estariam entre eles os princípios fundamentais
(forma federativa do Estado, soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana,
valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, pluralismo político, independência e
harmonia entre os Poderes), os direitos e garantias individuais37, bem assim as
cláusulas pétreas, princípios sensíveis, fundamentais e das relações
internacionais 38,
Tendo em vista que a Lei nº9.882/99, não enumera os preceitos
fundamentais, dá-se então, a oportunidade para que os doutrinadores possam
expressar seus conhecimentos.
Roberto Mandelli Junior explica que: “As regras constitucionais e os
princípios constitucionais são espécies de normas jurídicas constitucionais, as
quais, portanto, podem ser divididas em normas-princípios e em normas-
disposições. O direito não é mero somatório desses preceitos, mas é um conjunto
que implica coerência, funcionando como sistema, devendo seus elementos estar
relacionados, procurando constituir uma estrutura organizada. Da idéia de sistema
retira-se a unidade da Constituição”.39
____________37. Conforme artigo 5º da CF.38. Conforme artigo 60, parágrafo 4º, da CF.39. Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental,p.113
Para o Professor José Afonso da Silva "preceitos fundamentais não é
expressão sinônima de princípios fundamentais. É mais ampla, abrange a estes e
todas as prescrições que dão o sentido básico do regime constitucional, como são,
por exemplo, as que apontam para a autonomia dos Estados, do Distrito Federal
e especialmente as designativas de direitos fundamentais (Título II da CF)”. 40
Daniel Sarmento entende que: “o legislador agiu bem ao não arrolar
taxativamente quais dentre os dispositivos constitucionais, devem ser
considerados como preceitos fundamentais. Ao valer-se de um conceito jurídico
indeterminado, a lei conferiu a maleabilidade maior à jurisprudência, que poderá
acomodar com mais facilidade mudanças no mundo dos fatos, bem como a
interpretação evolutiva da Constituição. Caberá, sobretudo ao Supremo Tribunal
Federal, definir tal conceito, sempre baseando-se na consideração do dado
axiológico subjacente ao ordenamento constitucional”.41
Daniel Sarmento entende também que: “Entre os preceitos fundamentais
situam-se sem dúvidas, os direitos fundamentais, as demais cláusulas pétreas
inscritas no artigo 60, §4º, da Constituição da República, bem como os princípios
fundamentais da República, previstos nos artigos 1º ao 5º do Texto Magno”.42
40. in Curso de Direito Constitucional Positivo, p. 530.41.Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental:análises à luz da Lei 9.882/99,p.9142.Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental:análises à luz da Lei 9.882/99,p.91
André Ramos Tavares entende que: “Os preceitos fundamentais de uma
Constituição cumprem exatamente o papel de lhe conferir identidade própria.
Albergam, em seu conjunto, a alma de uma Constituição. E, embora se permita a
mudança ou até a supressão de alguns desses preceitos, pela via reformadora ( já
que nem todos encontram-se acobertados pela garantia explícita de
intangibilidade), pode-se seguramente afirmar que uma alteração mais extensa
provocaria a mudança da própria concepção da Constituição até então vigente”43
A possibilidade de que “preceito fundamental” seja toda e qualquer norma
contida na Lei Fundamental deve ser afastada, pois se a Constituição denomina
categoria de “preceitos fundamentais”, não se poderia pretender que fossem todos
os preceitos (constitucionais). Apenas parcela deles deverá diferenciar-se dos
demais preceitos constitucionais, parcela esta unida por uma qualidade comum, a
fundamentalidade.
A invocação da Constituição espanhola é extremamente apropriada. Já que
aquela se Carta refere, expressamente, aos “valores superiores”.
Não que os preceitos sejam expressões equivalentes ou idênticas a esses
valores superiores. Todos as preceitos fundamentais baseiam-se em uma idéia
central, encartada na Constituição.
_______________43.Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental:análises à luz da Lei
9.882/99,p.113p.53/54
Os preceitos fundamentais realmente diferenciam-se dos demais preceitos
constitucionais por sua importância, o que se dá em virtude da imediatidade dos
valores que encampam e da relevância desses mesmos valores para o
desenvolvimento ulterior de todo o Direito.
3. Descumprimento
O termo “descumprimento” significa deixar de cumprir, não satisfazer, não
realizar.
Dentro de um sistema normativo é possível a ocorrência da violação da
Constituição, o que dizer da violação decorrente de um mundo concreto. Nesse
sentido, qualquer pessoa pode atentar contra a Constituição. Assim, o cidadão
comum pode deixar de pagar um imposto, que está previsto na Constituição; um
detetive particular pode invadir a privacidade de um individuo. A própria realidade
destoa da Constituição.
Determinado fato ou comportamento, objetivamente considerado – e
independentemente de sua causa -, é capaz de ser surpreendido por destoar do
mandamento constitucional. Essa ocorrência, ainda objetivamente falando,
significa que a Constituição não se fez presente ou, em outras palavras, foi
contrariada em sua vontade.44
Há, neste sentido, uma desconformidade, embora se tenha caminhado aqui
para longe do que é juridicamente relevante. Trata-se mais bem de uma
compreensão sociológica (por vezes até naturalística) do conceito. É por isso que
se adota, no caso da argüição, o vocábulo descumprimento, no qual se embute
noção nitidamente mais circunscrita que a de mera desconformidade (falta de uma
relação de conformidade entre o que preceitua a Constituição e os fatos e atos
verificados no mundo fenomênico).45
3.1 Espécies de Descumprimento
Para Roberto Mandelli Junior: “o descumprimento pode ser formal ou
material. Formal quando decorre de vício de incompetência do órgão que expede
o ato do Poder Público ou quando não foi adotado procedimento fixado na
Constituição. Material quando se verifica uma incompatibilidade com o conteúdo
de preceito fundamental”.46
______________________44. André Ramos Tavares. Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental:análises à luz da
Lei 9.882/99,p.5545. André Ramos Tavares. Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental:análises à luz da
Lei 9.882/99,p.5546. Roberto Mandelli Junior Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental,p.111.
O descumprimento pode ser total ou parcial. Total quando vicia todo o ato
ou parcial se viciar apenas parte dele. A Constituição pode ser também
descumprida tanto por ação como por omissão do Poder Público. Descumpre-se
por ação quando por ato comissivo, ao praticar uma conduta, viola-se a
Constituição.
O descumprimento pode ser antecedente, decorre da violação, direta e
imediata, de um preceito constitucional por um ato do Poder Público, ou
conseqüente, deriva de um efeito reflexo do descumprimento antecedente, em
virtude da relação de dependência que pode existir entre os atos do Poder
Público.
CAPÍTULO IV
1.Aspectos Processuais da Argüição de Descumprimento
1.1Competência Jurisdicional
Segundo Alexandre de Moraes: “Em face do artigo 4º, caput e §1º, da Lei
9.882/99, que autoriza a não-admissão da argüição de descumprimento de
preceito fundamental quando não for caso ou quando houver outro meio eficaz de
sanar a lesividade, foi concedida certa discricionariedade ao Supremo Tribunal
Federal, na escolha das argüições que deverão ser processadas e julgadas,
podendo, em face de seu caráter subsidiário, deixar de conhecê-las quando
concluir pela inexistência de relevante interesse público, sob pena de tornar-se
uma nova instância recursal para todos os julgados dos tribunais superiores e
inferiores”.47
Dessa forma é entendido que o Supremo Tribunal Federal poderá exercer
um juízo de admissibilidade discricionário48 para a utilização desse importante
instrumento de efetividade dos princípios e direitos fundamentais, lavando em
conta o interesse público e a ausência de outros mecanismos jurisdicionais
efetivos.
________________
47. Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental:análises à luz da Lei 9.882/99,p28.48. Juízo de admissibilidade discricionário, significa dizer que o STP, decidirá as questões
apresentadas de acordo com seu juízo de oportunidade e conveniência
Alexandre de Moraes entende que é: “Importante ressaltar que essa
discricionariedade concedida ao Supremo Tribunal Federal decorre do fato de que
toda a Corte que exerce a jurisdição jurisdicional não é somente um órgão
judiciário comum, mas órgão político diretivo das condutas estatais, uma vez que
interpreta o significado dos preceitos constitucionais, vinculando todas as
condutas dos demais órgãos estatais e como tal deve priorizar os casos de
relevante interesse público”49
Por se tratar de instituto que proporciona a jurisdição constitucional, a
própria Constituição no artigo 102, §1º, estabelece que o Supremo Tribunal
Federal será competente para processar e julgar a argüição de descumprimento
de preceito fundamental.
É possível admitir a existência de argüição de descumprimento decorrente
da Constituição Estadual. A ausência de previsão constitucional não pode ser
considerada uma negativa implícita. O federalismo supõe diversidade entre as
unidades federadas e não há impossibilidade de um Estado-membro apresentar
um preceito constitucional estadual próprio que lhe seja fundamental. A
competência jurisdicional, neste caso, seria do Tribunal de Justiça do Estado,
seguindo parâmetro estabelecido pelo art.125, § 2º, da CF. O próprio objeto da
ação justifica esta possibilidade, basta que ocorra um ato lesivo pó parte do Poder
Público, seja no nível Estadual ou no nível Municipal.
___________________
49.Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental:análises à luz da Lei 9.882/99,p.29
1.2. Legitimidade Processual
Artigo 2º Podem propor argüição de descumprimento de preceito
fundamental:
I – os legitimados para a ação direta de inconstitucionalidade;
O inciso II do art. 2º da Lei 9.882/99, que conferia legitimidade à “qualquer
pessoa lesada ou ameaçada em decorrência de ato do Poder Público”. Foi vetado
pelo Presidente da República.
Apesar disso, restou facultado a qualquer interessado, lesado ou ameaçado
de lesão por ato do Poder Público, através de representação, a propositura de
argüição de descumprimento de preceito fundamental por meio do Procurador-
Geral da República que, examinando os fundamentos jurídicos da pretensão,
decidirá do cabimento, ou não, do seu ingresso em juízo.
“A expressão ‘se for o caso’ do art.3º, parágrafo único, refere-se
especificamente, ao Procurador-Geral da República, o qual não apresentará
instrumento de mandato. Todos os demais legitimados para propor argüição de
descumprimento necessitam estar representados judicialmente por advogado”.50
______________
50.Roberto Mandelli Junior, Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental, p.156.
Em sentido contrário, Alexandre de Moraes salienta que: “as autoridades
descritas nos incisos I a VII, do art. 103 da Constituição Federal possuem plena
capacidade postulatória extraída diretamente do texto constitucional, não se lhes
exigindo a representação por meio de advogado”.51
Segundo André Ramos Tavares: “Embora haja parcela ponderável da
doutrina nacional e até estrangeira que propugna por uma abertura ampla da
legitimidade para a promoção do controle concentrado, ao pretender estendê-la ao
cidadão, ou mesmo a qualquer pessoa, não foi esta linha adotada pela legislação,
nem se encontra qualquer indício na Constituição de que a argüição deverá
necessariamente contar com esta abertura pretendida. De qualquer forma, como
se verá, no caso da argüição incidental, qualquer pessoa interessada (envolvida
em processo judicial) pode submeter a questão constitucional fundamental
diretamente ao Supremo Tribunal Federal, baseando-se em seu processo
originário. Essa medida já representa um significativo alargamento democrático da
legitimidade para a provocação direta do Supremo Tribunal Federal”.52
Argüição de descumprimento de preceito fundamental, não é mais um
recurso, em meio a um sistema consideravelmente vasto. Trata-se, de um
instrumento apto a provocar o conhecimento imediato do Supremo Tribunal
Federal, e isto tanto ocorre, no caso da argüição, por via de ação quanto por via
de incidente.
__________________51. Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental:análises à luz da Lei 9.882/99,p.2652. Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental:análises à luz da Lei 9.882/99,p.61
A lei é bastante esclarecedora, em seu artigo 2º, inciso I, quando pretendeu
o legislador por se tratar de uma modalidade de controle concentrado de
constitucionalidade, estabelecer uma simetria perfeita com a ação direta de
inconstitucionalidade, no que se refere à legitimidade ativa. No entanto essa
“abrangência” do dispositivo já citado não visa o caráter incidental da argüição.
Celso Seixas Ribeiro Bastos entende que consoante com o artigo 2º, I os
legitimados para propor a argüição de descumprimento são: “o Presidente da
República, as Mesas do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e de
Assembléia Legislativa, o Procurador-Geral da República, Governador de Estado,
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, partidos políticos com
representação no Congresso Nacional, confederações sindicais e entidades de
classe de âmbito nacional”.53
O Professor Celso Bastos entende também que: “O Supremo Tribunal
Federal manterá as mesmas restrições de legitimidade plena ou universal quando
se tratar de Governador de Estado, Assembléia Legislativa, confederação sindical
e entidade de classe de âmbito nacional. Em tais hipóteses, mister a comprovação
do interesse de agir”.54
____________
53. Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental:análises à luz da Lei 9.882/99,p.8054. Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental:análises à luz da Lei 9.882/99,p.80
Daniel Sarmento afirma que: ”No que tange ao pólo passivo, entendemos
que, diante de seu caráter predominantemente objetivo, a ADPF é uma ação sem
réu. Pode-se no máximo, considerar que as entidades responsáveis pelo ato
impugnado sejam legitimados passivos, constituindo, no entanto, parte em sentido
meramente formal. Mesmo na argüição incidental, em que as partes do processo
judicial em que se suscitou a ADPF sofrem diretamente os efeitos da decisão,
estas, a rigor, não integram nenhum dos pólos da relação processual, como se
depreende do disposto no art. 6º, § 1º, que apenas faculta ao relator da ação
ouvir, se entender necessário, tais partes”.55
“Não vislumbramos nisso qualquer inconstitucionalidade, porque o Supremo
Tribunal Federal já deixou assentado, no julgamento proferido na Adcon nº 1-1
DF, que as garantias constitucionais do contraditório e ampla defesa não se
estendem aos processos de índole objetiva, cuja finalidade não é tutela de
direitos, mas a proteção da higidez da ordem constitucional”56.
1.3. Procedimento da Argüição
Artigo 3º A petição inicial deverá conter:
I- a indicação do preceito fundamental que se considera violado;
_________________55. Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental:análises à luz da Lei 9.882/99,p.107
56. Daniel Sarmento, Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental:análises à luz da Lei9.882/99,p.107.
II- a indicação do ato questionado;
III- a prova da violação do preceito fundamental;
IV- o pedido, com sua especificações;
V- se for o caso, a comprovação da existência de controvérsia
judicial relevante sobre a aplicação do preceito fundamental que se
considera violado.
Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de instrumento de
mandado, se for o caso, será apresentada em 2(duas) vias, devendo conter
cópias do ato questionado e dos documentos necessários para comprovar a
impugnação.
A liminar poderá ser deferida pelo Ministro relator ou pelo Ministro que
estiver de plantão, em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou
ainda, durante o recesso.
O plenário do Supremo Tribunal Federal tem a competência para a análise
do pedido de medida liminar, que somente poderá se deferida por maioria
absoluta de seus membros.
A Lei contempla expressamente a possibilidade de medida liminar, e netse
sentido, Celso Ribeiro Bastos afirma que: “o instituto em comento tem também a
finalidade de uniformizar e harmonizar a atividade jurisdicional, como já
demandava a lógica e o bom senso. Não se pode mais admitir que o sistema
judicial se preste à atividade obstativa e baderneira dos insatisfeitos, que
conseguem operá-lo de modo a causar um caos jurídico de difícil reparação”.57
Segundo Alexandre de Moraes:” Analisado o pedido de liminar, se houver,
o relator solicitará informações às autoridades responsáveis pela prática de ato
questionado, no prazo de 10(dez) dias e , entendendo necessário, poderá ouvir as
partes nos processos que ensejam a argüição, requisitar informações adicionais,
designar perito ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão,
ou ainda, fixar data para declarações, em audiência pública, de pessoas com
experiências e autoridades na matéria. Conforme estabelece a lei, poderão ser
autorizadas, a critério do relator, sustentação oral e juntada de memoriais, por
requerimento dos interessados no processo. Decorrido o prazo das informações, o
relator lançará o relatório, com cópia a todos os ministros, e pedirá dia para
julgamento”.58
Segundo o doutrinador Alexandre de Moraes: “A liminar poderá consistir na
determinação de que juízes e tribunais suspendam o andamento de processo ou
efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação
com a matéria objeto da argüição de descumprimento de preceito fundamental,
salvo se decorrentes de coisa julgada”.59
_____________
57. Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental:análises à luz da Lei 9.882/99,p.8258. Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental:análises à luz da Lei 9.882/99,p.3159. Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental:análises à luz da Lei 9.882/99,p.31
1.4. Efeitos da Argüição
A decisão do Supremo Tribunal Federal em sede de argüição de
descumprimento de preceito fundamental terá eficácia contra todos (erga omnes),
efeitos retroativos (ex tunc) e vinculantes relativamente aos demais órgãos do
poder público.
A referida lei conferiu eficácia erga omnes e efeito vinculante às decisões
proferidas na argüição de descumprimento de preceito fundamental, passando a
existir, no direito brasileiro, três previsões expressas concessivas de efeito
vinculante às decisões do Supremo Tribunal Federal:
1- uma previsão constitucional, para as decisões de mérito proferidas em
sede de ADC 60;
2- uma previsão legal, para o caso de decisão proferida em ADIn61; e
3- outra previsão legal, para a argüição de descumprimento de preceito
fundamental - ADPF 62.
Em relação a todos os juízos e tribunais, o controle difuso de
constitucionalidade, estará vinculado não só à decisão do Supremo Tribunal
Federal, mas também à interpretação constitucional que foi dada a norma.
_____________
60. Conforme artigo. 102, parágrafo 2º da Constituição Federal61. Conforme Lei 9.882/99, art. 28, parágrafo único.62. Conforme Lei n. º 9.882/99 art. 10, § 3º.
As autoridades administrativas não poderão aplicar a norma declarada
incompatível com o preceito fundamental previsto na Constituição Federal, ou no
caso de improcedência da ação, deixar de respeitar as normas declaradas
constitucionais e compatíveis com os preceitos fundamentais e deverão pautar
suas condutas pela interpretação dada pelo Supremo Tribunal Federal.
“Consoante determinação expressa do art. 11, tem-se que, ao reconhecer o
descumprimento (a lei fala em inconstitucionalidade), e com fundamento em
razões de segurança jurídica ou de interesse excepcional da sociedade, fica o
Supremo Tribunal Federal autorizado, desde que por maioria de dois terços de
seus membros, a restringir os efeitos da declaração ou decidir que esta só tenha
efeito a partir do trânsito em julgado de sua decisão ou mesmo de outro momento
que eventualmente possa ser fixado na decisão. Trata-se de prática originada no
seio da Corte Constitucional alemã e já incorporada à realidade brasileira pelo
Supremo Tribunal Federal”
O efeito vinculante vem contemplado constitucionalmente para os casos de
decisão decorrente do julgamento da ação declaratória de constitucionalidade e,
por força da Lei, pretende-se sua aplicação para a hipótese da argüição.
Sendo assim, é possível à lei estabelecer o efeito vinculante às decisões
proferidas em sede de argüição de descumprimento de preceito fundamental, pela
semelhança com a ação declaratória de constitucionalidade, pela
circunstância de que à lei é dado disciplinar a força das decisões judiciais,
especialmente aquela decorrente da argüição, esta hipótese é remetida
diretamente à vontade da lei.
1.4.2 - Possibilidade de Restrição dos Efeitos da Decisão do STF.
Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, no processo de
argüição de descumprimento de preceito fundamental, e tendo em vista razões de
segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal
Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela
declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado
ou de outro momento que venha a ser fixado (Lei n. º 9.882, art. 11).
Esse dispositivo estabeleceu, a possibilidade de o Supremo Tribunal
Federal, em casos excepcionais e mediante quorum qualificado de dois terços,
conferir limites aos efeitos da declaração de inconstitucionalidade, proferindo a
inconstitucionalidade com eficácia ex nunc ou pro futuro.
A nosso ver, agiu bem o legislador, pois a declaração de
inconstitucionalidade com eficácia sempre retroativa (nulidade), de leis
aplicadas há muitos anos, pode acarretar problema de difícil solução, razão por
que, muitas vezes, os tribunais se vêem impossibilitados de declarar a
inconstitucionalidade, para evitar situação de comoção social ou de grande
instabilidade jurídica.
Ora, a Emenda nº 03/93, ao trabalhar com o chamado efeito erga omnes e
ainda, vinculante, limitou-se, exclusivamente, a Ação Direta de Constitucionalidade
(ADC), ou seja, não estendendo esse efeito, expressamente, ao instituto da
argüição de descumprimento de preceito fundamental.
1.5 Princípio da subsidiariedade.
Conforme dispõe o artigo 4º, §1º da Lei nº9.882/99, “não será admitida a
argüição de descumprimento de preceito fundamental quando houver outro meio
eficaz de sanar a lesividade”63.
Esse princípio inspirou-se em instituto semelhante no recurso constitucional
alemão e no recurso de amparo espanhol, onde há a necessidade do
esgotamento de toda as demais instâncias judiciais para a tutela do direito
fundamental.
____________63.ADPF nº03
O Supremo Tribunal Federal, já aplicou o referido princípio, ao rejeitar a
ação proposta contra decisão judicial do Tribunal de Justiça, em virtude do
cabimento de outros meios para sanar a lesividade.
Para Daniel Sarmento: “Não há duvida de que o princípio em questão exclui
a possibilidade da argüição, sempre que outro instrumento de fiscalização abstrata
de constitucionalidade for suficiente para sanar a lesão ou ameaça ao preceito
fundamental. Assim, por exemplo, não cabe ADPF para a retirada do mundo
jurídico de lei ou ato normativo estadual, posterior à Constituição, pois para isso já
existe a Adin. Do mesmo modo, a ADPF será inadmissível para a declaração de
constitucionalidade de lei ou ato normativo
federal superveniente à ordem constitucional, pois para tal finalidade é possível o
uso da Adcon.”64
Gilmar Ferreira Mendes, no entanto, defende entendimento diverso,
baseando-se na premissa de que o objetivo que prevalece na ADPF, mesmo
incidental, é tutela da higidez da ordem jurídica, e não a defesa dos interesses
concretos do Autor. Segundo o eminente Professor, “Não se pode admitir que a
existência de processos ordinários e recursos extraordinários deva excluir, a priori
, a utilização da argüição de descumprimento de preceito fundamental. Até porque
como assinalado, o instituto assume entre nós, feição marcadamente objetiva.
________________
64. Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental:análises à luz da Lei 9.882/99,p.103
Nestas hipóteses, ante a inexistência de processo de índole objetiva apto a
solver, de uma vez por todas, a controvérsia constitucional, afigura-se
integralmente aplicável a argüição de descumprimento de preceito fundamental. É
que as ações originárias e o próprio recurso extraordinário não parecem capazes,
a mais das vezes, de resolver a controvérsia constitucional de forma geral,
definitiva e imediata. A necessidade de interposição de uma pletora de recursos
extraordinários idênticos poderá, em verdade, constituir-se em ameaça ao livre
funcionamento do Supremo Tribunal Federal.”65
Na argüição incidental, existem razões fortes para aderir a tal instituto, uma
vez que a dimensão objetiva desta ação é ainda mais pronunciada, o que fica
evidenciado pela sua legitimidade ativa restrita como pelos efeitos erga omnes de
sua decisão.
Em nosso entendimento, esta argüição incidental, sem a prévia exaustão
das instâncias ordinárias, só pode ser admitida naqueles casos em que existir um
grande número de processos idênticos, gravitando em torno da mesma questão
constitucional. Nessas hipóteses, quando não for cabível a resolução da questão
constitucional por meio dos instrumentos abstratos de controle de
constitucionalidade, será possível emprego da ADPF. Isso evitará que se estenda
desnecessariamente a insegurança jurídica decorrente da dúvida sobre a
constitucionalidade de certos atos estatais, e evitará o congestionamento
desnecessário do Poder Judiciário, que será poupado do ônus de julgar um sem-
número de processos rigorosamente iguais.66
_______________________65. Argüição de descumprimento de preceito fundamental:demonstração de inexistência de outro
meio eficaz.Revista Jurídica Virtual nº13, jun.200066. Daniel Sarmento Argüição de descumprimento de Preceito Fundamental:análises à luz da Lei
9.882/99,p.105.
CAPÍTULO V
1. Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental e Ação
Direta de Inconstitucionalidade.
A argüição de descumprimento de preceito fundamental e a ação direta de
inconstitucionalidade proporcionam um controle concentrado de
constitucionalidade realizado pelo STF.
Diferenciam-se, no entanto, quanto ao objeto apreciado o controle por meio
da ação direta de inconstitucionalidade (art.102, I, a, da Constituição Federal), são
“a lei ou ato normativo federal ou estadual”.
O Supremo Tribunal Federal entende que são impugnáveis por meio da
ação direta de inconstitucionalidade as leis e atos normativos federais e estaduais
dotados do atributo de generalidade e abstração, produzidos posteriormente à
promulgação da Constituição Federal. Assim, excluem-se deste controle às leis
meramente formais e os ato administrativos de efeitos concretos.
“São considerados atos normativos passíveis de sindicabilidade pela ação
direta de inconstitucionalidade: emendas constitucionais, leis complementares, leis
ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias e decretos legislativos e
resoluções, caso veiculem atos com características
normativas. São considerados impugnáveis também: as Constituições Estaduais,
os regulamentos autônomos – que invadem esfera reservada à lei – e os
regimentos internos dos Tribunais – caso ofendam diretamente a Constituição. De
outro lado, o STF já considerou impugnável lei estadual criadora de município,
com base no art.18, §4º, da CF, embora a mesma tenha efeitos concretos”67
A argüição de descumprimento completou o controle abstrato de
constitucionalidade realizado pelo Supremo Tribunal Federal, que estabeleceu a
Lei 9.882/99, no seu art. 1º parágrafo único, I que “caberá argüição de
descumprimento de preceito fundamental quando for relevante o fundamento da
controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou
municipal, incluídos os anteriores à Constituição”.
Dessa forma passam a ser suscetíveis do controle concentrado abstrato de
constitucionalidade, as leis e os atos normativos municipais e as leis e os atos
normativos das unidades autônomas da federação, anteriores à Constituição.
Do mesmo modo, a argüição de descumprimento de preceito fundamental
também completou o controle concentrado de constitucionalidade realizado pelo
Supremo Tribunal Federal, permitindo um controle concreto de constitucionalidade
dos atos do Poder Público, de efeitos concretos, contrários a preceito
fundamental.
67.Roberto Mandelli Junior, Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental, p.133.
“Diante dos atos impugnáveis pela ação direta de inconstitucionalidade e da
característica de subsidiariedade da argüição de descumprimento, é possível
vislumbrar alguns exemplos de atos sindicáveis por esta última: a) edição de
decreto legislativo designado plebiscito para aprovar pena de morte; b) edição de
medida provisória ampliando mandato político do Presidente da República, em
exercício; c) eleição da Mesa das Casas do Legislativo para mandato
imediatamente subseqüente; d) edição de lei orçamentária que contenha
dispositivo contrário a preceito fundamental; e) lei concessiva de autorização de
doação ou venda de bem público. “.68
A argüição de descumprimento de preceito fundamental tem um caráter
residual se comparada à ação direta de inconstitucionalidade. A ação direta de
inconstitucionalidade permite a fiscalização concentrada de constitucionalidade de
leis e atos normativos federais e estaduais, posteriores à Constituição, contrários a
quaisquer normas constitucionais. Já a argüição de descumprimento possibilita a
mesma fiscalização dos demais atos do Poder Público, no entanto, adota como
parâmetro de sindicabilidade somente os preceitos constitucionais fundamentais.
2.Argüição de Descumprimento e o Mandado de Injunção
O sistema jurídico brasileiro prevê mecanismos judiciais de controle da omissão doPoder Público, seja em relação à falta de atos concretos (especialmente o mandado desegurança), ou em relação à falta de atos
68. (Roberto Mandelli Junior, Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental, p.133)”
normativos (a ação direta de inconstitucionalidade por omissão, como modo de
fiscalização abstrata da inconstitucionalidade por omissão, e o mandado de
injunção, como modo de fiscalização concreta).
“Aliás, talvez seja justamente o insucesso do mandado de injunção, com
base na tacanha leitura de suas possibilidades (restritas, às mais das vezes, à
censura do órgão estatal omisso, sem que se dê ao mandado de injunção a
condição de suprir, ele próprio, a omissão de norma regulamentadora de direito
constitucional), que justifique a utilidade da argüição de descumprimento de
preceito fundamental em casos de omissão estatal. Não fora esse esvaziamento
do mandado de injunção e seria sempre ele a primeira alternativa diante de lesões
concretas a direitos constitucionais fundamentais provocadas por omissões do
Poder Público, em face do caráter subsidiário da argüição (art. 4º §1º, da Lei nº
9.882). Contudo, a inocuidade que se tem emprestado ao mandado de injunção
tira-lhe a condição de ‘outro meio eficaz de sanar a lesividade’, de modo que ele
lamentavelmente não concorre com a argüição de descumprimento de preceito
fundamental “69
3. Argüição de Descumprimento e a Ação Declaratória de
Constitucionalidade.
A ação declaratória de constitucionalidade foi trazida pela Emenda
Constitucional n.3/93, sendo também tratada pela Lei n. 9.868/99 que veio a
conferir eficácia plena à norma constitucional, determinando os meios
processuais71 para sua aplicabilidade.
69. Walter Claudius Rothenburg, Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental: Análises àLuz da Lei nº9.882/99, p.216
70. Art. 102, §1º da Lei 9.882/99.
A argüição de descumprimento de preceito fundamental e a ação
declaratória de constitucionalidade surgem para possibilitar um controle
concentrado de constitucionalidade, no ordenamento jurídico pátrio.
O campo material da ação declaratória de constitucionalidade é mais
restrito do que o campo material da argüição de descumprimento. Na primeira só
leis e atos normativos federais. Já na segunda lei ou ato normativo federal,
estadual ou municipal, inclusive anteriores à Lei Maior. Ressalte-se que, porém,
não foram todos os atos municipais e anteriores à Constituição que passaram a
ser objeto de controle concentrado, somente aqueles que tiverem relevante
fundamento da controvérsia constitucional, a critério certamente do Supremo
Tribunal Federal.
Os autores legitimados para propor ação declaratória de constitucionalidade
são todos neutros ou universais. Indicados pelo artigo 103, §4º, da Carta Federal:
a) o Presidente da República;
b) a Mesa do Senado Federal;
c) a Mesa da Câmara dos Deputados;
d) o Procurador-Geral da República
O legitimados para a propositura da argüição de descumprimento são os
mesmos da ação direta de inconstitucionalidade, no entanto deve-se verificar se
versa sobre autor neutro ou universal (cuja legitimidade é reconhecida pelo
Supremo Tribunal Federal sem qualquer demonstração de interesse) ou sobre
autor interessado ou especial (aquele que deverá demonstrar seu interesse no
reconhecimento da inconstitucionalidade).
Vejamos: o Presidente da República (universal), a Mesa do Senado Federal
(universal), a Mesa da Câmara dos Deputados (universal), a Mesa da Assembléia
Legislativa (especial), o Procurador-Geral da República (neutro), Governador de
Estado (especial), Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (neutro),
partidos políticos com representação no Congresso Nacional (neutro),
confederações sindicais e entidades de classe de âmbito nacional (especial).
A finalidade da ação declaratória de constitucionalidade, em um sistema de
controle que admite os modelos concentrado e difuso de fiscalização, é a solução,
desde logo, pelo Supremo Tribunal Federal da questão constitucional para
proveito da economia e celeridade processuais.
No entanto, tal objetivo não pode ser perseguido pela argüição de descumprimento, sóexpressa previsão constitucional. A argüição é de descumprimento e não decumprimento. É da própria essência do instrumento a verificação do descumprimento,não podendo ser utilizado para ratificar a constitucionalidade de um ato do PoderPúblico. Já a ação declaratória de constitucionalidade é instrumento utilizado paraconfirmar a presunção de constitucionalidade de uma lei ou de um ato do Poder Público,qual seja, lei ou ato normativo federal.
Ademais, o parâmetro de sindicabilidade, adotado pelo texto constitucional na argüiçãode descumprimento, é somente preceito constitucional fundamental. O parâmetro limitaa atuação do Supremo Tribunal Federal, pois deve apenas verificar se o objeto da açãodescumpre preceito constitucional fundamental e não qualquer preceito constitucional,impossibilitando, uma declaração de cumprimento da Constituição.
Por esses motivos, a argüição de descumprimento de preceito fundamental
não complementa o sistema de controle de constitucionalidade no que tange à
declaração e ratificação de constitucionalidade de leis e atos do Poder Público.
Os efeitos também são peculiares. Quando se trata de ação declaratória de
constitucionalidade e julgado definitivamente o mérito (o que se entende pela
procedência ou improcedência), a decisão tem efeito erga omnes e vinculante
para todos os Poderes Judiciário e Executivo (artigo 102 §2º da Constituição
Federal). A decisão do Supremo Tribunal Federal em sede de argüição de
descumprimento de preceito fundamental terá eficácia contra todos (erga omnes),
efeitos retroativos (ex tunc) e vinculantes relativamente aos demais órgãos do
poder público.
Capítulo VI
1.Decisões Do Supremo Tribunal Federal
1.1 Violação do Princípio Constitucional da Separação de Poderes
Essa argüição de descumprimento foi distribuída em 1º de fevereiro de
2000, sendo ajuizada pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B) em relação a ato
praticado pelo Prefeito do Município do Rio de Janeiro71.
Essa argüição tem como objetivo declarar inconstitucional veto parcial, de
forma imotivada, pelo chefe do Poder Executivo daquele Município, a projeto de lei
aprovado pela Câmara municipal, em virtude de violar o princípio constitucional da
separação de Poderes (art. 2º da CF).
O Supremo Tribunal Federal, em 03 de fevereiro de 2000, resolvendo
questão de ordem apresentada pelo relator Ministro Néri da Silveira, não
conheceu dessa argüição de descumprimento em virtude de o veto ser um ato
político, insuscetível de ser enquadrado no conceito de ato do Poder Público,
previsto no artigo 1º da Lei 9.882/99.
1.2 Princípio da Subsidiariedade
Essa argüição foi distribuída em 11 de abril de 2000, ao relator Ministro
______________71.Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental 01-7 – Anexos 1 – Violação ao Princípio
Constitucional da Separação dos Poderes.
Sydney Sanches e ajuizada pelo Governador do Estado do Ceará em relação a
ato do Tribunal de Justiça do Ceará.72
O objetivo desta argüição era discutir ato do Tribunal de Justiça que deferira
reclamação em mandado de segurança para determinar o pagamento de
gratificações, sem a observância de preceito constitucional que proíbe a
concessão “em cascata”, conforme o artigo 37, inciso XIV, da Constituição
Federal, com redação datada pela Emenda Constitucional 19/98.
O plenário do Supremo Tribunal Federal, em 18 de maio de 2000,
aplicando o princípio da subsidiariedade (admitindo existir outra medida eficaz
para sanar a lesividade), por meio de questão de ordem, considerou incabível a
presente argüição, não conhecendo da mesma.
Também, aplicando o princípio da subsidiariedade, o Supremo Tribunal
Federal considerou incabível a argüição, distribuída em 21 de setembro de 2001,
ao relator Ministro Néri da Silveira, promovida pela Confederação Brasileira de
Trabalhadores Civis – Cobrapol – em relação ao Governo do Estado do Ceará,
que após demitir servidor público não cumpria decisão proferida em ação ordinária
ajuizada em primeira instância que concedia tutela antecipada para reintegração
deste.73
_____________72.Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental 03-3. Anexos – 2 Princípio da
Subsidiariedade.73.Argüição de descumprimento de preceito fundamental 18. Anexos – 2 Princípio da
Subsidiariedade.
Essa argüição de descumprimento-04-01 foi ajuizada pelo Partido
Democrático Trabalhista (PDT) em relação à Medida Provisória 2.019/00, editada
pelo Presidente da República, que fixa o valor do salário mínimo.
Foi distribuída, em 28 de abril de 2000, ao relator Ministro Octavio Gallotti, o
julgamento foi suspenso em virtude de ocorrer empate na votação, quando em
discussão o princípio da subsidiariedade.
Os Ministros Octavio Gallotti, relator, Nelson Jobim, Maurício Corrêa,
Sydney Sanches e Moreira Alves não conheciam da argüição de descumprimento,
tendo em vista a existência de outro meio eficaz para sanar a lesividade. Já os
Ministros Celso de Mello, Marco Aurélio, Sepúlveda Pertence, Ilmar Galvão e
Carlos Velloso conheciam da mesma por entenderem que a medida judicial
existente – ação direta de inconstitucionalidade por omissão – não seria, em
princípio, eficaz para sanar a alegada lesividade.
Ainda, no mesmo julgamento, em 28 de junho de 2000, foi afastada
preliminar de que o exame da questão relativa à regularização do instrumento de
mandato precederia ao da incidência do princípio da subsidiariedade, vencidos os
Ministros Celso de Mello, Marco Aurélio, Sepúlveda Pertence e Carlos Velloso.
Já em 17 de abril de 2002, o Ministro Néri da Silveira, que ainda não havia
votado, apresentou voto de desempate, conhecendo da argüição de
descumprimento por entender que, em princípio, a medida judicial existente não
seria eficaz para sanar a lesividade. Em seguida, suspendeu-se a conclusão do
julgamento, encaminhando-se os autos à Ministra Ellen Gracie
Essa argüição foi distribuída, 23 de fevereiro de 2000, ao relator Ministro
Celso de Mello, foi ajuizada pelo Presidente da República em relação a ato do
Tribunal Regional Federal da 2º Região foi suspenso74.
O motivo aduzido pelo relator para a suspensão do processo foi a
existência ação direta de inconstitucionalidade, com pedido cautelar (ADin 2.231-
DF, relator Ministro Néri da Silveira) a qual impugna, em sua totalidade, a validade
jurídico-constitucional da Lei 9.882/99. Determinou-se, ainda, que após julgamento
do pedido cautelar na respectiva ação direta de inconstitucionalidade voltassem os
autos conclusos para prosseguimento.
Com o mesmo argumento também foram suspensas: a ação, distribuída em
23 de abril de 2001, a relatora Ellen Gracie, promovida pela Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Transporte Aquaviário, Aéreo, na Pesca e nos
Portos (Contimaf) em relação a decreto do Presidente da República75;a ação
76distribuída em 21 de setembro de 2001, ao relator Ministro Néri da Silveira,
promovida pela Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis
(Cobrapol) em relação a ato do Governador do Estado do Ceará; a argüição de
descumprimento-26 foi distribuída em 21 de dezembro de 2001, ao relator
________________74.Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental 06-8 Anexos – 2 Princípio da
Subsidiariedade.75. Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental 14-9 Anexos – 2 Princípio da
Subsidiariedade.
76. Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental 18-1 Anexos – 2 Princípio daSubsidiariedade.
Ministro Maurício Corrêa, promovida pelo Partido do Movimento Democrático
Brasileiro (PMDB) em relação a ato do Governador do Piauí.
Essa argüição de descumprimento foi ajuizada pelo Partido da Social
Democracia Brasileira (PSDB), em relação a decisão do Presidente do Superior
Tribunal de Justiça, e distribuída em 19 de março de 2001 ao relator Ministro Ilmar
Galvão, que em decisão monocrática aplicou o princípio da subsidiariedade,
considerando incabível a presente argüição, indeferindo liminarmente a inicial.77
Trata-se de ação que pretendi reforma de decisão do Presidente do
Superior Tribunal de Justiça, passível de reexame por meio de agravo regimental,
o qual já havia sido interposto e aguardava julgamento. Por sua vez, a falta de
feito suspensivo da decisão no agravo regimental também não foi considerada
pelo Ministro relator, para superar o princípio da subsidiariedade, tendo em vista
haver meio idôneo para obtê-lo. Com essas razões foi determinado i arquivamento
do feito.
Da mesma forma que a Argüição de Descumprimento de Preceito
Fundamental 12-2, essa argüição também foi indeferida liminarmente, em 29 de
março de 2001, por decisão monocrática do relator Ministro Ilmar Galvão,
determinando o seu arquivamento, em virtude do princípio da subsidiariedade,
obstáculo ao seu cabimento78
77.Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental 12-2 Anexos – 2 Princípio daSubsidiariedade.
78.Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental 13-1 Anexos – 2 Princípio daSubsidiariedade.
Tratava-se de argüição de descumprimento proposta pela Mesa da
Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo em relação ao Conselho Superior
de Magistratura do Tribunal de Justiça do mesmo Estado com o objetivo de
impugnar Provimento do Tribunal de n.747/00, o qual por possuir características
de ato normativo poderia ser sindicalizado por meio de ação direta de
inconstitucionalidade, meio eficaz para sanar a lesividade. Inclusive, determinada
ação (ADin 2415) já havia sido proposta pela Associação do Notários e
Registradores do Brasil ( Anoreg), procurando impugnar o mesmo provimento do
Tribunal.
Nessa argüição79, de decisão monocrática do Ministro Celso Mello, o
princípio da subsidiariedade, como pressuposto negativo de admissibilidade do
instituto e causa obstativa do seu ajuizamento, ficando prejudicado o pedido de
medida cautelar. Reconheceu-se na decisão a existência de outro meio apto a
neutralizar a situação de lesividade que emerge dos atos impugnados, qual seja, a
ação popular constitucional, inclusive já anteriormente ajuizada.
A Argüição de descumprimento-10-06 foi ajuizada pelo Governador do
Estado do Amapá em relação ao Tribunal de Justiça do mesmo Estado e ao
Governador do Estado anterior com o objetivo de obter a declaração de nulidade
dos atos de nomeação e de investidura de seis Desembargadores do Tribunal
local, os quais haviam sido feitos sem a estrita observância do artigo 235, incisos
V, VI da Constituição Federal.
_________________79 Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental 17-3 Anexos – 2 Princípio daSubsidiariedade.
Em sua decisão em 20 de setembro de 2001 o Ministro Celso de Mello,
apesar de aplicar o princípio da subsidiariedade, revela que tal pressuposto
negativo não pode e não deve ser invocado para impedir o exercício da argüição
de descumprimento , devendo ser instrumento vocacionado a viabilizar, em
dimensão estritamente objetiva, a realização jurisdicional de direitos básicos, de
valores essenciais, quando ausente outro instrumento, mesmo disponível, mas
que não se mostre apto a sanar, de modo eficaz, a situação de lesividade.
Em 05 de maio de 2002, o Tribunal manteve a decisão do Ministro Celso de
Mello, não conhecendo da argüição de descumprimento, em virtude da existência
de outro meio idôneo para sanar a lesividade.
Após ter seu julgamento suspenso pelos mesmos motivos alegados na
ADPF 06-8 (existência de ação direta de inconstitucionalidade da Lei 9.882/99), foi
concedida liminar pelo relator Ministro Maurício Corrêa, em 4 de abril de 2001.
Essa argüição de descumprimento foi ajuizada pelo Governador do Estado
de Alagoas com a finalidade de suspender a vigência de dispositivos do regimento
interno do Tribunal de Justiça do mesmo Estado, que estabeleciam uma ação de
reclamação para a preservação de sua competência e garantia de suas decisões.
Na liminar, o Ministro relator deferiu ad referendum do Tribunal Pleno,
pedido de suspensão do andamento de todas as reclamações em tramitação no
Tribunal de Justiça de Alagoas, bem como de decisões que envolviam a aplicação
dos preceitos suspensos e que não tenham transitado em julgado, até o final do
julgamento dessa argüição, por restar evidente o risco de dano irreparável ou de
difícil reparação e o fundado receio de grave lesão ao direito do requerente, em
virtude de possível desestabilização das finanças daquele Estado.
1.3 Legitimidade
Essa argüição foi distribuída em 14 de fevereiro de 2001, ajuizada por
Fábio Monteiro de Barros Filho em relação a decisões do juiz federal da 12ª Vara
da Seção Judiciária de São Paulo e do juiz de direito da 8ª Vara Cível da
Comarca de São Paulo.80
O processo foi distribuído ao relator Ministro Sydney Sanches, pretendendo
o requerente a intervenção do Supremo Tribunal Federal, na qualidade de
guardião da Constituição e do Estado de Direito, para suspender o bloqueio de
seus bens e de suas empresas, a fim de poder desenvolver suas atividades, bem
como a suspensão de sentença falimentar da Construtora Ikal Ltda. até o final da
ação civil pública, diante da indisponibilidade de seus bens, créditos e valores
depositados em conta corrente.
______________80.Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental 11-4 - Anexos – 3Legitimidade.
O Ministro relator, em 30 de janeiro de 2001, negou prosseguimento à
argüição de descumprimento, determinado seu arquivamento, por não ser o autor
titular de legitimidade processual ativa, considerando que poderão propor a
presente ação os mesmo legitimados para a ação direta de inconstitucionalidade,
podendo, no entanto, o interessado solicitar ao Procurador-Geral da República
que a proponha, nos termos do artigo 12, § 1º, da Lei 9.882/99.81
____________________
81.Da mesma forma negou-se prosseguimento ao pedido, indeferindo liminarmente a inicial nasseguintes argüições de descumprimento de preceito fundamental: a)ADPF 19-0, distribuída em 03 de outubrode 2001, ao relator Ministro Sepúlveda Pertence, promovida pó Gerson Carlos da Silva em relação a atos daPresidência da República do Ministério da Educação, do Ministério da Justiça, do Ministério da Saúde, doDepartamento de Imprensa Nacional, da Reitoria da Universidade Federal Fluminense e do Hospital dosServidores do Estado do Rio de Janeiro; b) ADPF 20-3, distribuída em 09 de outubro de 2001, ao relatorMinistro Maurício Corrêa, promovida por Carlos Antonio de Freitas em relação a decisão do Tribunal RegionalFederal da 1ª Região; c) ADPF 27, distribuída em 25 de janeiro de 2002, ao relator Ministro Néri da Silveira,promovida por Marcos Rogério Baptista em relação a decisão da Relatora do HC 81348-8 do SupremoTribunal Federal; d) ADPF 29, distribuída em 04 de março de 2002, ao relator Ministro Carlos Velloso,promovida por Vicente Boaventura dos Santos em relação a decisão da Juíza do Trabalho da 13ª Vara deBelo horizonte; e) ADPF 30, distribuída em 12 de março de 2002, ao relator Ministro Carlos Velloso,promovida por Marcos Rogério Baptista em relação a ato do Presidente do Tribunal Regional Federal da 2ªRegião; f) Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental 31, distribuída em 12 de março de 2002, aorelator Ministro Maurício Corrêa, promovida por Marcos Rogério Baptista em relação ao Conselho Federal daOrdem do Advogados do Brasil.
CONCLUSÃO
A argüição de descumprimento de preceito fundamental foi instituída de fato
no Brasil, pela Constituição de 1988 – art. 102, §1º- e regulamentada pela Lei
9.882/99. Tendo como base no direito comparado os Institutos da
Verfassungsbeschwerde do direito alemão, a Beschwerde do direito austríaco e o
recurso de amparo do direito espanhol.
A argüição de descumprimento de preceito fundamental é um controle de
constitucionalidade concentrado abstrato (cujas características se resumem na
existência de uma ação cujo propósito único e exclusivo seja a declaração de
inconstitucionalidade de uma norma) e que tem como objetivo reparar lesão
causada por ato do Poder Público.
O legislador constituinte, ao classificar a argüição de descumprimento de
preceito fundamental, não enumerou o que considera serem os preceitos
fundamentais, no entanto a maior parte da doutrina entende ser preceito
fundamental, aqueles preceitos, explícitos ou implícitos que caracterizam a
essência da Constituição.
A lei 9.882/99 em seu artigo 4º, caput e §1º, entende que o Supremo
Tribunal Federal poderá exercer um juízo de admissibilidade discricionário, ou
seja, depende do critério de oportunidade e conveniência do próprio Supremo
Tribunal Federal82, para processar e julgar a argüição de descumprimento de
preceito fundamental.
________________
82. Conforme exposto na página23 do mesmo.
São considerados legitimados (art. 2º, I da Lei 9.882/99) para a propositura
da Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental, os mesmos da Ação
Direta de Inconstitucionalidade, ou seja, o Presidente da República, as Mesas do
Senado Federal, da Câmara dos Deputados e de Assembléia Legislativa, o
Procurador-Geral da República, Governador de Estado, Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil, partidos políticos com representação no
Congresso Nacional, confederações sindicais e entidades de classe de âmbito
nacional. Trata-se, conforme o exposto de legitimidade extraordinária universal e
legitimidade extraordinária não universal.83
Apesar do inciso II do artigo 2º da Lei 9.882/99 ter sido vetado pelo
Presidente da República, que conferia legitimidade a qualquer pessoa lesada ou
ameaçada por ato do Poder Público, resta ainda a qualquer interessado, através
da representação, a propositura da argüição de descumprimento de preceito
fundamental, por meio do Procurador-Geral da República que depois de examinar
os fundamentos da pretensão decidirá se ingressa ou não com a ação em juízo.
A petição inicial da argüição deverá conter os requisitos elencados no artigo
3º, incisos I a V e parágrafo único da Lei 9.882/99. A lei também contempla a
possibilidade do pedido de medida liminar, que terá a competência
83. Consoante o exposto na página 57 do mesmo.
para análise do plenário do Supremo Tribunal Federal e somente poderá ser
deferida por maioria absoluta de seus membros.
A decisão do Supremo Tribunal Federal terá eficácia erga omnes (contra
todos), efeitos ex tunc (retroativos) e vinculantes relativamente aos demais órgãos
do Poder Público. Quando se trata de ação declaratória de constitucionalidade a
decisão tem efeito erga omnes e vinculante para todos os Poderes Judiciário e
Executivo.
A introdução do efeito vinculante por lei ordinária, e não, por emenda
constitucional levou o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil a
requerer a declaração de inconstitucionalidade total da Lei. 9.882/99, por verificar-
se que o efeito vinculante em sede de controle abstrato acabou por ser introduzido
em 1993, com a criação - por emenda constitucional – da ação declaratória de
constitucionalidade.
Esta argumentação não pode ser sustentada, tendo em vista que em
relação à argüição de descumprimento de preceito fundamental, o legislador
ordinário autorizou a regulamentação da norma constitucional abrangendo todos
os aspectos a ela relacionados, inclusive os efeitos da decisão. Transformando
sua eficácia genérica em eficácia plena.
A argüição de descumprimento de preceito fundamental tem um caráter
residual se comparada à ação direta de inconstitucionalidade. A ação direta de
inconstitucionalidade permite a fiscalização concentrada de constitucionalidade de
leis e atos normativos federais e estaduais, posteriores à Constituição, contrários a
quaisquer normas constitucionais. Já a argüição de descumprimento possibilita a
mesma fiscalização dos demais atos do Poder Público, no entanto, adota como
parâmetro somente os preceitos constitucionais fundamentais.
Ë importante ressaltar que as decisões proferidas pelo Supremo Tribunal
Federal, em sua maioria estão relacionadas ao princípio da subsidiariedade, ou
seja, o Plenário entende que há outro meio eficaz para sanar a lesividade nas
questões apresentadas, tendo em vista os acórdãos que seguem anexo.
ANEXOS
1. Violação ao Princípio Constitucional de Separação de Poderes
ADPF 1 / RJ - RIO DE JANEIROARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTALRelator(a): Min. NÉRI DA SILVEIRARel. AcórdãoMin.Julgamento: // Órgão Julgador: Tribunal Pleno
EMENTA: Argüição de descumprimento de preceito fundamental. Lei nº 9882, de3.12.1999, que dispõe sobre o processo e julgamento da referida medidaconstitucional. 2. Compete ao Supremo Tribunal Federal o juízo acerca do que se háde compreender, no sistema constitucional brasileiro, como preceito fundamental. 3.Cabimento da argüição de descumprimento de preceito fundamental. Necessidade deo requerente apontar a lesão ou ameaça de ofensa a preceito fundamental, e este,efetivamente, ser reconhecido como tal, pelo Supremo Tribunal Federal. 4. Argüiçãode descumprimento de preceito fundamental como instrumento de defesa daConstituição, em controle concentrado. 5. Argüição de descumprimento de preceitofundamental: distinção da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratóriade constitucionalidade. 6. O objeto da argüição de descumprimento de preceitofundamental há de ser "ato do Poder Público" federal, estadual, distrital ou municipal,normativo ou não, sendo, também, cabível a medida judicial "quando for relevante ofundamento da controvérsia sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal,incluídos os anteriores à Constituição". 7. Na espécie, a inicial aponta comodescumprido, por ato do Poder Executivo municipal do Rio de Janeiro, o preceitofundamental da "separação de poderes", previsto no art. 2º da Lei Magna da Repúblicade 1988. O ato do indicado Poder Executivo municipal é veto aposto a dispositivoconstante de projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal da Cidade do Rio deJaneiro, relativo ao IPTU. 8. No processo legislativo, o ato de vetar, por motivo deinconstitucionalidade ou de contrariedade ao interesse público, e a deliberaçãolegislativa de manter ou recusar o veto, qualquer seja o motivo desse juízo, compõemprocedimentos que se hão de reservar à esfera de independência dos PoderesPolíticos em apreço. 9. Não é, assim, enquadrável, em princípio, o veto, devidamentefundamentado, pendente de deliberação política do Poder Legislativo - que pode,sempre, mantê-lo ou recusá-lo, - no conceito de "ato do Poder Público", para os fins doart. 1º, da Lei nº 9882/1999. Impossibilidade de intervenção antecipada do Judiciário, -eis que o projeto de lei, na parte vetada, não é lei, nem ato normativo, - poder que aordem jurídica, na espécie, não confere ao Supremo Tribunal Federal, em via decontrole concentrado. 10. Argüição de descumprimento de preceito fundamental nãoconhecida, porque não admissível, no caso concreto, em face da natureza do ato doPoder Público impugnado
PartesARGTE. : PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL - PC DO BADVDOS.: RODRIGO LOPES E OUTROARGDO. : PREFEITO DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
2. Violação ao Princípio da Subsidiariedade
ADPF 3 / CE – CEARÁARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTALRelator(a): Min. SYDNEY SANCHESRel. AcórdãoMin.Julgamento: // Órgão Julgador: Tribunal PlenoPublicação: Ementa
Ementa: - Direito Constitucional. Argüição De Descumprimento De PreceitoFundamental (Art. 102, § 1º, Da Constituição Federal, 1º E Seguintes Da Lei Nº 9.882,De 3 De Dezembro De 1999). Vencimentos De Servidores Públicos Ativos E ProventosDe Inativos. Gratificações. Vantagens. Cálculo De Acréscimos Pecuniários. Teto DeVencimentos E Proventos. Impugnações De Decisões Monocráticas E Colegiadas DoTribunal De Justiça Do Ceará, Proferidas Em Reclamações. Alegação De Violação AosArts. 5º, Liv E Lv, 37, "Caput" E Inciso Xiv, 100, § 2º, Da C.F. De 1988, Bem Como AoArt. 29 Da Emenda Constitucional Nº 19/98. Questão De Ordem. Medida Cautelar. 1. AConstituição Federal de 5.10.1988, no parágrafo único do art. 102, estabeleceu: aargüição de descumprimento de preceito fundamental decorrente desta Constituiçãoserá apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. Esse texto foireproduzido como § 1o do mesmo artigo, por força da Emenda Constitucional nº 3, de17.03.1993. 2. A Lei nº 9.882, de 03.12.1999, cumprindo a norma constitucional,dispôs sobre o processo e julgamento da argüição de descumprimento de preceitofundamental. No art. 1o estatuiu: "Art. 1o - A argüição prevista no § 1o do art. 102 daConstituição Federal será proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá porobjeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do PoderPúblico." Trata-se, nesse caso, de Argüição autônoma, com caráter de verdadeiraAção, na qual se pode impugnar ato de qualquer dos Poderes Públicos, no âmbitofederal, estadual ou municipal, desde que para evitar ou reparar lesão a preceitofundamental da Constituição. 3. Outra hipótese é regulada no parágrafo único domesmo art. 1o da Lei nº 9.882/99, "in verbis": "Parágrafo único. Caberá tambémargüição de descumprimento de preceito fundamental: I - quando for relevante ofundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadualou municipal, incluídos os anteriores à Constituição." 4. Cuida-se aí, não de uma Açãoautônoma, qual a prevista no "caput" do art. 1o da Lei, mas de uma Ação incidental,que pressupõe a existência de controvérsia constitucional relevante sobre lei ou atonormativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição. 5. Ocaso presente não é de Argüição Incidental, correspondente a um incidente deconstitucionalidade, pois não se alega na inicial a existência de qualquer controvérsia
entre as decisões focalizadas, pois todas elas foram no mesmo sentido, deferindomedidas liminares em Reclamações, para os efeitos nelas mencionados. 6. Cogita-se,isto sim, de Argüição autônoma prevista no "caput" do art. 1o da Lei. 7. Dispõe,contudo, o § 1o do art. 4o do diploma em questão: "§ 1o - Não será admitida argüiçãode descumprimento de preceito fundamental quando houver qualquer outro meioeficaz de sanar a lesividade". 8. E ainda há meios judiciais eficazes para se sanar aalegada lesividade das decisões impugnadas. 9. Se, na Corte estadual, não conseguiro Estado do Ceará obter medidas eficazes para tal fim, poderá, em tese, renovar aArgüição de Descumprimento de Preceito Fundamental. 10. Também assiste aoGovernador, em tese, a possibilidade de promover, perante o Supremo TribunalFederal, Ação Direta de Inconstitucionalidade do art. 108, VII, "i", da Constituição doEstado, bem como do art. 21, VI, "j", do Regimento Interno do Tribunal de Justiça doCeará, que instituíram a Reclamação destinada à preservação de sua competência egarantia da autoridade de suas decisões. É que, segundo entendimento desta Corte,não compete aos Tribunais legislar sobre Direito processual, senão quandoexpressamente autorizados pela Constituição (RTJs 112/504, 117/921, 119/1145).Assim, também, os Estados, mesmo em suas Constituições. 11. E as decisõesatacadas foram proferidas em processos de Reclamação. 12. Questão de Ordem queo Supremo Tribunal Federal resolve não conhecendo da presente Argüição deDescumprimento de Preceito Fundamental, ficando, em conseqüência, prejudicado opedido de medida liminar.Partes
ARGTE. : GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁARGDO. : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ
ADPF 18 AgR / CE – CEARÁAG.REG.NA ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTALRelator(a): Min. NÉRI DA SILVEIRAJulgamento: 22/04/2002 Órgão Julgador: Tribunal PlenoPublicação: DJ DATA-14-06-02 PP-00127 EMENT VOL-02073-01 PP-00001Ementa
EMENTA: - Argüição de descumprimento de preceito fundamental. Agravo regimental.2. Visa a ação desconstituir ato do Governador do Estado do Ceará que, concordandocom a conclusão a que chegou a Comissão Processante da Procuradoria de ProcessoAdministrativo-Disciplinar - PROPAD, da Procuradoria-Geral do Estado - PGR, nosautos do Processo Administrativo-Disciplinar n.º 270/97, determinou a lavratura de atode demissão de policial civil. 3. Negado seguimento por despacho, ao fundamento deque "não será admitida argüição de descumprimento de preceito fundamental quandohouver outro meio eficaz de sanar a lesividade", nos termos da Lei n.º 9.882/99, art. 4º,§ 1º. 4. Agravo regimental em que se defende a inexistência de outro meio eficaz parasanar a lesividade que aponta. Aduz suspeição do TJCE. 5. Os vícios do processodisciplinar e a nulidade do ato de demissão estão sendo objeto de ação ordinária emcurso na Justiça local cearense, ajuizada com pedido de antecipação de tutela, jádeferida. 6. Se ainda não ocorreu o cumprimento da decisão judicial de primeiro grau,não seria a medida judicial ora ajuizada no STF a via adequada a assegurar a imediataexecução do decisum. Incabível discutir a alegada parcialidade da Corte de Justiça do
Ceará para processar e julgar as medidas judiciais requeridas. 7. Agravo regimental aque se nega provimento.
Observação
Votação: unânime.Resultado: desprovido.N.PP.:(08). Análise:(MML). Revisão:(CTM/AAF).Inclusão: 26/08/02, (MLR).Alteração: 04/09/02, (MLR).Partes
AGTE. : CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE TRABALHADORES POLICIAIS CIVIS - COBRAPOLADVDOS.: JOSÉ BRASILINO DE FREITAS E OUTROSAGDO. : GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁLegislação
LEG-FED CFD-****** ANO-1988 ART-00102 PAR-00001 ****** CF-88 CONSTITUIÇÃO FEDERALLEG-FED LEI-009882 ANO-1999 ART-00004 PAR-00001 ART-00009 ART-00010 ART-00011 ART-00012Indexação
(CÍVEL)- DESCABIMENTO, ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITOFUNDAMENTAL,DESCONSTITUIÇÃO, ATO, GOVERNADOR DE ESTADO, DEMISSÃO, POLÍCIACIVIL //OCORRÊNCIA, AJUIZAMENTO, AÇÃO ORDINÁRIA, JUSTIÇA LOCAL, PEDIDO,ANTECIPAÇÃO DE TUTELA, REINTEGRAÇÃO, INTERESSADO, CARGO PÚBLICO.
ADPF 17 AgR / AP – AMAPÁAG.REG.NA ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTALRelator(a): Min. CELSO DE MELLOJulgamento: 05/06/2002 Órgão Julgador: Tribunal PlenoPublicação: DJ DATA-14-02-2003 PP-00058 EMENT VOL-02098-01 PP-00001
Ementa
E M E N T A: ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL(CF, ART. 102, § 1º) - AÇÃO ESPECIAL DE ÍNDOLE CONSTITUCIONAL - PRINCÍPIODA SUBSIDIARIEDADE (LEI Nº 9.882/99, ART. 4º, § 1º) - EXISTÊNCIA DE OUTRO
MEIO APTO A NEUTRALIZAR A SITUAÇÃO DE LESIVIDADE QUE EMERGE DOSATOS IMPUGNADOS - INVIABILIDADE DA PRESENTE ARGÜIÇÃO DEDESCUMPRIMENTO - RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. - O ajuizamento daação constitucional de argüição de descumprimento de preceito fundamental rege-sepelo princípio da subsidiariedade (Lei nº 9.882/99, art. 4º, § 1º), a significar que nãoserá ela admitida, sempre que houver qualquer outro meio juridicamente idôneo apto asanar, com efetividade real, o estado de lesividade emergente do ato impugnado.Precedentes: ADPF 3/CE, ADPF 12/DF e ADPF 13/SP. A mera possibilidade deutilização de outros meios processuais, contudo, não basta, só por si, para justificar ainvocação do princípio da subsidiariedade, pois, para que esse postulado possalegitimamente incidir - impedindo, desse modo, o acesso imediato à argüição dedescumprimento de preceito fundamental - revela-se essencial que os instrumentosdisponíveis mostrem-se capazes de neutralizar, de maneira eficaz, a situação delesividade que se busca obstar com o ajuizamento desse writ constitucional. - A normainscrita no art. 4º, § 1º da Lei nº 9.882/99 - que consagra o postulado dasubsidiariedade - estabeleceu, validamente, sem qualquer ofensa ao texto daConstituição, pressuposto negativo de admissibilidade da argüição de descumprimentode preceito fundamental, pois condicionou, legitimamente, o ajuizamento dessaespecial ação de índole constitucional, à observância de um inafastável requisito deprocedibilidade, consistente na ausência de qualquer outro meio processual revestidode aptidão para fazer cessar, prontamente, a situação de lesividade (ou depotencialidade danosa) decorrente do ato impugnado.Partes
AGTE. : GOVERNADOR DO ESTADO DO AMAPÁADVDO.: PGE-AP - JOÃO BATISTA SILVA PLÁCIDOAGDO. : GOVERNADOR DO ESTADO DO AMAPÁAGDO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAPÁLegislação
LEG-FED CFD-****** ANO-1988 ART-00001 INC-00003 ART-00005 INC-00037 INC-00053 INC-00054 ART-00102 PAR-00001 INC-00001 LET-N ART-00103 ART-00235 INC-00005 INC-00006 ****** CF-88 CONSTITUIÇÃO FEDERALLEG-FED LEI-004717 ANO-1965 ART-00005 PAR-00004LEG-FED LEI-009882 ANO-1999 ART-00002 ART-00004 PAR-00001Indexação
(CÍVEL)- EXISTÊNCIA, PRESSUPOSTOS NEGATIVOS, ADMISSIBILIDADE, AJUIZAMENTO,AÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL,CONDICIONAMENTO,INSTAURAÇÃO, PROCEDIMENTO, PRÉVIO EXAURIMENTO, MECANISMOSPROCESSUAIS,CAPACIDADE, CESSAÇÃO, SITUAÇÃO, LESIVIDADE, POTENCIALIDADE, DANOS,CONSEQÜÊNCIA, ATOS ESTATAIS // CARACTERIZAÇÃO,
INCONSTITUCIONALIDADE,NÃO-OBSERVÂNCIA, PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE, VALIDADE,INSTITUIÇÃO,REQUISITOS, PROCEDIBILIDADE, LEGISLADOR ORDINÁRIO.- OCORRÊNCIA, AJUIZAMENTO, AÇÃO POPULAR, (STF), PEDIDO, MEDIDALIMINAR,INVALIDADE, ATOS IMPUGNADOS, IDÊNTICO FUNDAMENTO, AÇÃO DE DESCUMPRIMENTODE PRECEITO FUNDAMENTAL // RECONHECIMENTO, (STF), EXISTÊNCIA,MEDIDAPROCESSUAL, APTIDÃO, CASSAÇÃO, LESIVIDADE, ATO // POSSIBILIDADE,DESCONSTITUIÇÃO, ATO SEDE, AÇÃO POPULAR.
DoutrinaOBRA: ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL- ANÁLISES À LUZ DA LEI Nº 9882/99AUTOR: ALEXANDRE DE MORAESPÁGINA: 15/37, 26-28 ANO: 2001EDITORA: ATLASOBRA: AÇÃO POPULARAUTOR: RODOLFO DE CAMARGO MANCUSOPÁGINA: 135-136 ANO: 1994EDITORA: RTOBRA: "HABEAS CORPUS", MANDADO DE SEGURANÇA, MANDADO DEINJUNÇÃO," HABEAS DATA" E AÇÃO POPULARAUTOR: J.M. OTHON SIDONEDIÇÃO: 5ª PÁGINA: 356 ANO: 1998EDITORA: FORENSE
CLASSE / ORIGEMADPF 10 / ALARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
RELATOR(A)MIN. MAURÍCIO CORRÊA DJ DATA-13/09/2001 P - 00005
JULGAMENTO04/09/2001DESPACHODECISÃO: O GOVERNADOR DO ESTADO DE ALAGOAS AJUIZOU A PRESENTEARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL, COM PEDIDODE CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR, OBJETIVANDO A SUSPENSÃO IMEDIATADA EFICÁCIA DOS ARTIGOS 353 A 360 DO REGIMENTO INTERNO DO TRIBUNALDE JUSTIÇA ESTADUAL, E, EM DECORRÊNCIA, QUE FOSSE DETERMINADO OSOBRESTAMENTO DE TODAS AS RECLAMAÇÕES EM TRAMITAÇÃO NAQUELEJUÍZO E SUSTADAS AS DECISÕES E PROCEDIMENTOS PROFERIDOS COM
BASE NOS REFERIDOS DISPOSITIVOS. 2. INICIADO O JULGAMENTO DO PEDIDOCAUTELAR NA SESSÃO DO DIA 30 DE AGOSTO DE 2001, O PLENO DOSUPREMO TRIBUNAL FEDERAL HOUVE POR BEM ADIAR SUA APRECIAÇÃO, ATÉO JULGAMENTO DA ADI Nº 2.231-9/DF, DISTRIBUÍDA AO EMINENTE MINISTRONÉRI DA SILVEIRA. 3. RESTA EVIDENTE, CONTUDO, O RISCO DE DANOIRREPARÁVEL OU DE DIFÍCIL REPARAÇÃO E O FUNDADO RECEIO DE QUE,ANTES DO JULGAMENTO DESTE PROCESSO, OCORRA GRAVE LESÃO AODIREITO DO REQUERENTE, EM VIRTUDE DAS ORDENS DE PAGAMENTO E DESEQÜESTRO DE VERBAS PÚBLICAS, DESESTABILIZANDO-SE AS FINANÇAS DOESTADO DE ALAGOAS. 4. ANTE TAIS CIRCUNSTÂNCIAS, COM BASE NO ARTIGO5º, § 1º, DA LEI Nº 9.882/99, DEFIRO, "AD REFERENDUM" DO TRIBUNAL PLENO, OPEDIDO CAUTELAR E DETERMINO A SUSPENSÃO DA VIGÊNCIA DOS ARTIGOS353 A 360 DO REGIMENTO INTERNO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DEALAGOAS, DE 30 DE ABRIL DE 1981, E, EM CONSEQÜÊNCIA, ORDENO SEJASUSTADO O ANDAMENTO DE TODAS AS RECLAMAÇÕES ORA EM TRAMITAÇÃONAQUELA CORTE E DEMAIS DECISÕES QUE ENVOLVAM A APLICAÇÃO DOSPRECEITOS ORA SUSPENSOS E QUE NÃO TENHAM AINDA TRANSITADO EMJULGADO, ATÉ O JULGAMENTO FINAL DESTA ARGÜIÇÃO. 5. COMUNIQUE-SE,COM URGÊNCIA, AO GOVERNADOR DO ESTADO DE ALAGOAS E AOPRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ESTADUAL. 6. PUBLIQUE-SE. BRASÍLIA,04 DE SETEMBRO DE 2001. MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA RELATOR
PARTESARGTE. : GOVERNADOR DO ESTADO DE ALAGOASADVDOS. : PGE-AL - PAULO LUIZ NETTO LÔBO E OUTROARGDO. : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ALAGOAS
CLASSE / ORIGEMADPF 14 / DFARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTALRELATOR(A)MIN. ELLEN GRACIE DJ DATA-08/11/2001 P - 00005JULGAMENTO29/10/2001
DESPACHODESPACHO: 1 - TRATA-SE DE ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITOFUNDAMENTAL AJUIZADA PELA CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOSTRABALHADORES EM TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, AÉREO, NA PESCA E NOSPORTOS - CONTTMAF CONTRA ATO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICACONSUBSTANCIADO NA EDIÇÃO DO DECRETO N.º 3.721, DE 8 DE JANEIRO DE2001, QUE ALTEROU O ART. 20, II E O ART. 31, IV E V DO DECRETO N.º 81.240,DE 20 DE JANEIRO DE 1978. ALEGA A AUTORA QUE O DECRETO IMPUGNADOTERIA RESTRINGIDO O DIREITO DE PERCEPÇÃO DE COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA DE ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA, POSSUINDOCARÁTER AUTÔNOMO, POR AFRONTA AOS ARTIGOS 5º, II; 6º; 10; 37, CAPUT; 84,IV; 170, CAPUT; 174, CAPUT; 192, CAPUT E INC. II; 202, CAPUT E §§ 4º, 5º E 6º;192, CAPUT E INC. II DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ALÉM DO ART. 25, CAPUT EINCISOS I E II DO ADCT/88. REQUER A CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINARVISANDO À SUSPENSÃO DA EFICÁCIA DO DECRETO N.º 3.721/01 ATÉ OJULGAMENTO DO MÉRITO DA PRESENTE ADPF. 2 - OBSERVO QUE O DECRETO
IMPUGNADO FOI OBJETO DA ADI Nº 2.387, TENDO O PLENÁRIO DESTA CORTE,NA SESSÃO DE 21.02.01, DEIXADO DE CONHECER DA AÇÃO SOB OFUNDAMENTO DE QUE O DECRETO ATACADO NÃO SE REVESTE DEAUTONOMIA, SENDO INSUSCETÍVEL, ASSIM, DE IMPUGNAÇÃO POR MEIO DEAÇÃO DIRETA. REALÇO, TAMBÉM, QUE A CONSTITUCIONALIDADE DA LEI Nº9.882/99, QUE DISPÕE SOBRE O PROCESSO E JULGAMENTO DA ARGUIÇÃO DEDESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ART. 102, § 1º DA CF), ESTÁSENDO DISCUTIDA NOS AUTOS DA ADI Nº 2.231. POR ESTE MOTIVO, OPLENÁRIO DESTA CASA, NA SESSÃO DE 10.10.01, SUSPENDEU O JULGAMENTODA ADPF Nº 18, REL. O MIN. NÉRI DA SILVEIRA. 3 - DIANTE DO EXPOSTO,SUSPENDO O PROCESSAMENTO DESTA ARGÜIÇÃO, ATÉ SOLUÇÃO DA ADI Nº2.231. PUBLIQUE-SE. BRASÍLIA, 29 DE OUTUBRO DE 2001. MINISTRA ELLENGRACIE RELATORA
PARTESARGTE. : CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES EM TRANSPORTES AQUAVIÁRIO, AÉREO, NA PESCA E NOS PORTOS - CONTTMAFARGDO. : PRESIDENTE DA REPÚBLICA
CLASSE / ORIGEMADPF 6 / RJARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
RELATOR(A)MIN. CELSO DE MELLO DJ DATA-19/09/2000 P-00033
JULGAMENTO08/09/2000
DESPACHODESPACHO: OUÇA-SE, PRELIMINARMENTE, NO PRAZO DE CINCO (5) DIAS, OTRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO (LEI Nº 9.882/99, ART. 5º, § 2º),QUE, SEM PREJUÍZO DE OUTRAS CONSIDERAÇÕES DE ORDEM JURÍDICA,TAMBÉM DEVERÁ PRONUNCIAR-SE SOBRE A OBSERVÂNCIA, NO CASO, PORPARTE DO ORA ARGÜENTE, DO PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE. COMO SESABE, O PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE - QUE REGE A INSTAURAÇÃO DOPROCESSO DE ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITOFUNDAMENTAL - ACHA-SE CONSAGRADO NO ART. 4º, § 1º, DA LEI Nº 9.882/99,QUE CONDICIONA, O AJUIZAMENTO DESSA ESPECIAL AÇÃO DE ÍNDOLECONSTITUCIONAL, À AUSÊNCIA DE QUALQUER OUTRO MEIO PROCESSUALAPTO A SANAR, DE MODO EFICAZ, A SITUAÇÃO DE LESIVIDADE INDICADAPELO AUTOR. É POR ESSA RAZÃO QUE O LEGISLADOR, AO DISPOR SOBRE ADISCIPLINA FORMAL DO NOVO INSTRUMENTO PROCESSUAL DE FISCALIZAÇÃOCONCENTRADA DE CONSTITUCIONALIDADE, PREVISTO NO ART. 102, § 1º, DACARTA POLÍTICA, ESTABELECEU, NO ART. 4º, § 1º, DA LEI Nº 9.882/99, QUE NÃOSERÁ ADMITIDA A ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITOFUNDAMENTAL, "QUANDO HOUVER QUALQUER OUTRO MEIO EFICAZ DESANAR A LESIVIDADE". OFICIE-SE, PORTANTO, AO TRIBUNAL ARGÜIDO,
ENCAMINHANDO-SE, À SUA EGRÉGIA PRESIDÊNCIA, CÓPIA DO PRESENTEDESPACHO. PUBLIQUE-SE. BRASÍLIA, 08 DE SETEMBRO DE 2000. MINISTROCELSO DE MELLO RELATOR
OBSERVAÇÃOALTERAÇÃO: 22/09/00, (SVF).PARTESARGTE. : PRESIDENTE DA REPÚBLICAARGDO. : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO
CLASSE / ORIGEMADPF 13 / SPARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
RELATOR(A)MIN. ILMAR GALVÃO DJ DATA-05/04/2001 P-00004
JULGAMENTO29/03/2001
DESPACHODESPACHO: VISTOS, ETC. ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITOFUNDAMENTAL AJUIZADA PELA MESA DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DOESTADO DE SÃO PAULO CONTRA ATO DO CONSELHO SUPERIOR DAMAGISTRATURA PAULISTA, CONSUBSTANCIADO NA EDIÇÃO DO PROVIMENTONº 747, DE 28 DE NOVEMBRO DE 2000, QUE REORGANIZOU AS DELEGAÇÕESDE REGISTROS E DE NOTAS NO ESTADO. ALEGA A ARGÜENTE QUE O ATO DEPODER IMPUGNADO É LESIVO AOS PRECEITOS FUNDAMENTAIS EXPRESSOSNOS ARTS. 2º E 5º, CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, QUE CONSAGRAM,RESPECTIVAMENTE, OS PRINCÍPIOS DA SEPARAÇÃO DOS PODERES E DALEGALIDADE. A ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITOFUNDAMENTAL, PREVISTA NO ART. 102, § 1º, DA CARTA DA REPÚBLICA EREGULADA PELA LEI Nº 9.882/99, É AÇÃO DE NATUREZA CONSTITUCIONALCUJA ADMISSÃO É VINCULADA À INEXISTÊNCIA DE QUALQUER OUTRO MEIOEFICAZ DE SANAR A LESIVIDADE DO ATO DE PODER ATACADO, CONFORMEDICÇÃO EXPRESSA DO ART. 4º, § 1º, DA MENCIONADA LEI Nº 9.882/99. NO CASODOS AUTOS, A IMPUGNAÇÃO SUSCITADA PELA MESA DA ASSEMBLÉIALEGISTATIVA DE SÃO PAULO PODERIA SER MANIFESTADA POR MEIO DE AÇÃODIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE, MEIO EFICAZ BASTANTE PARA SANAREVENTUAL LESIVIDADE DO PROVIMENTO SOB ENFOQUE. REGISTRE-SE, POROUTRO LADO, QUE O MENCIONADO PROVIMENTO Nº 747/2000 É OBJETO DAADI 2.415, DE QUE SOU RELATOR, FORMALIZADA PELA ASSOCIAÇÃO DOSNOTÁRIOS E REGISTRADORES DO BRASIL - ANOREG. EVIDENTE, DESSEMODO, A AUSÊNCIA DO REQUISITO PREVISTO NO REFERIDO ART. 4º, § 1º, DALEI Nº 9.882/99, UMA VEZ QUE OS EFEITOS LESIVOS DO ATO IMPUGNADOPODEM SER SANADOS POR MEIO EFICAZ QUE NÃO A ARGÜIÇÃO DEDESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. ANTE O EXPOSTO,INDEFIRO LIMINARMENTE A INICIAL, NA FORMA DO ARTIGO 4º, CAPUT, DA LEINº 9.882/99, DETERMINANDO O ARQUIVAMENTO DO FEITO. PUBLIQUE-SE.
BRASÍLIA, 29 DE MARÇO DE 2001. MINISTRO ILMAR GALVÃO RELATOR
OBSERVAÇÃOALTERAÇÃO: 17/04/01, (SVF).PARTESARGTE. : MESA DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULOADVDOS. : ALEXANDRE ISSA KIMURA E OUTROSARGDO. : CONSELHO SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO TRIBUNAL DEJUSTICA DO ESTADO DE SAO PAULO
CLASSE / ORIGEMADPF 12 / DFARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
RELATOR(A)MIN. ILMAR GALVÃO DJ DATA-26/03/2001 P - 00003
JULGAMENTO20/03/2001
DESPACHODESPACHO: VISTOS, ETC. TRATA-SE DE ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DEPRECEITO FUNDAMENTAL AJUIZADA PELO PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIABRASILEIRA - PSDB CONTRA ATO DO PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNALDE JUSTIÇA, QUE, MANTENDO DECISÃO EM SUSPENSÃO DE SEGURANÇA,ENCAMINHOU A JULGAMENTO AGRAVO REGIMENTAL CONTRA ELAINTERPOSTO. ALEGA O ARGÜENTE QUE O ATO DE PODER ORA IMPUGNADO,AO MANTER A CASSAÇÃO DE SEGURANÇA LIMINARMENTE CONCEDIDA PELOTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA, PARA O FIM DEDECLARAR NULA A ELEIÇÃO PARA A MESA DIRETORA DA ASSEMBLÉIALEGISLATIVA CATARINENSE, DESCUMPRIU OS PRECEITOS FUNDAMENTAISEXPRESSOS NOS ARTIGOS 1º; 2º; E 5º, INCISOS XXXV, LIII, LIV, LV E LXIX,TODOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. A ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DEPRECEITO FUNDAMENTAL, PREVISTA NO ARTIGO 102, § 1º, DA CARTA DAREPÚBLICA E REGULADA PELA LEI Nº 9.882/99, É AÇÃO DE NATUREZACONSTITUCIONAL CUJA ADMISSÃO É VINCULADA À INEXISTÊNCIA DEQUALQUER OUTRO MEIO EFICAZ DE SANAR A LESIVIDADE DO ATO DE PODERATACADO, CONFORME DICÇÃO EXPRESSA DO ART. 4º, § 1º, DA MENCIONADALEI Nº 9.882/99. NO CASO DOS AUTOS, COMO SE CONSTATA DE SIMPLESLEITURA DA INICIAL, A ARGÜIÇÃO TEM POR OBJETIVO, EXATAMENTE, AREFORMA DE DECISÃO DO PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA,DECISÃO ESTA PASSÍVEL DE REEXAME POR MEIO DE AGRAVO REGIMENTAL,QUE, INCLUSIVE, FOI MANIFESTADO PELO ARGÜENTE EM 14.03.2001 E SEENCONTRA AGUARDANDO, ATUALMENTE, JULGAMENTO. EVIDENTE, DESSEMODO, A AUSÊNCIA DO REQUISITO PREVISTO NO REFERIDO ARTIGO 4º, § 1º,DA LEI Nº 9.882/99, UMA VEZ QUE A EVENTUAL LESIVIDADE DO ATOIMPUGNADO PODE SER SANADA POR MEIO EFICAZ QUE NÃO A ARGÜIÇÃO DEDESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. POR OUTRO LADO, NÃO HÁFALAR, COMO PRETENDE O ARGÜENTE, QUE TAL ÓBICE SERIA AFASTADOPELO FATO DE O AGRAVO REGIMENTAL INTERPOSTO NO STJ NÃO
APRESENTAR EFEITO SUSPENSIVO, TENDO EM VISTA HAVER MEIO IDÔNEOPARA OBTÊ-LO. ANTE O EXPOSTO, INDEFIRO LIMINARMENTE A INICIAL, NAFORMA DO ARTIGO 4º, CAPUT, DA LEI Nº 9.882/99, DETERMINANDO OARQUIVAMENTO DO FEITO. PUBLIQUE-SE. BRASÍLIA, 20 DE MARÇO DE 2001.MINISTRO ILMAR GALVÃO RELATOR
PARTESARGTE. : PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA – PSDBARGDO: PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
3. LEGITIMIDADE
CLASSE / ORIGEMADPF 20 / DFARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTALRELATOR(A)MIN. MAURÍCIO CORRÊA DJ DATA-22/10/2001 P - 00010JULGAMENTO15/10/2001
DESPACHODECISÃO : CUIDA-SE DE ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITOFUNDAMENTAL, AJUIZADA POR CARLOS ANTONIO DE FREITAS OBJETIVANDOSUA NOMEAÇÃO E POSSE NO CARGO DE JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO DOTRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO, SEM CONTUDO INDICAREXPRESSAMENTE O DISPOSITIVO QUE CONSIDERA VIOLADO. VERIFICA-SE,AINDA, QUE O REQUERENTE É PESSOA FÍSICA, NÃO RELACIONADA DENTREAS AUTORIDADES E ENTIDADES LEGITIMADAS PELO ARTIGO 103, CAPUT, DACARTA FEDERAL C/C O ARTIGO 2º, I, DA LEI 9.882/99. ANTE O EXPOSTO, VISTOQUE O AUTOR NÃO É TITULAR DA LEGITIMATIO AD CAUSAM ATIVA, NEGOSEGUIMENTO AO PEDIDO E DETERMINO O SEU ARQUIVAMENTO. PUBLIQUE-SE. BRASÍLIA, 15 DE OUTUBRO DE 2001. MINISTRO MAURÍCIO CORRÊARELATOR
PARTESARGTE. : CARLOS ANTONIO DE FREITASARGDO. : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO
ADPF 19 / DFARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTALRELATOR(A)MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE DJ DATA-11/10/2001 P - 00023JULGAMENTO04/10/2001
DESPACHODESPACHO: ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTALCUMULADA COM AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE DA L.1711/52: A LEGITIMAÇÃO ATIVA PARA AMBAS AS AÇÕES CONSTITUCIONAIS
PROPOSTA É RESTRITA ÀS AUTORIDADES E ENTIDADES ENUMERADA NACONSTITUIÇÃO: ART. 103, CAPUT (POR FORÇA DO ART. 9882/99, ART. 2º, I),QUANTO À ARGÜIÇÃO, E ART. 103, § 4º, RELATIVAMENTE À AÇÃODECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE. ENTRE OS LEGITIMADOS, NÃO SEINCLUI O REQUERENTE. INDEFIRO LIMINARMENTE A PETIÇÃO INICIAL,PREJUDICADO O PEDIDO LIMINAR. BRASÍLIA, 04 DE OUTUBRO DE 2001.MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE - RELATOR
PARTESARGTE. : GERSON CARLOS DA SILVAARGDA. : PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICAARGDO. : MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOARGDO. : MINISTÉRIO DA JUSTIÇAARGDO. : MINISTÉRIO DA SAÚDEARGDO. : DEPARTAMENTO DE IMPRENSA NACIONALARGDA. : REITORIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSEARGDO. : HOSPITAL DOS SERVIDORES DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CLASSE / ORIGEMADPF 27 / RJARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTALRELATOR(A)MIN. NÉRI DA SILVEIRA DJ DATA-01/04/2002 P - 0003
JULGAMENTO19/03/2002
DESPACHODESPACHO : VISTOS. CUIDA-SE DE PETIÇÃO AUTUADA PELA SECRETARIA DACORTE COMO ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITOFUNDAMENTAL, EM QUE MARCOS ROGÉRIO BAPTISTA REQUER SEJA"LEGALMENTE PROCESSADA UMA AÇÃO CÍVEL ARGUITIVA DE VIOLAÇÃO DEDIREITOS FUNDAMENTAIS", EM FACE DO ARQUIVAMENTO, NESTA CORTE, DOHABEAS CORPUS Nº 81.348-8, IMPETRADO PELO ORA REQUERENTE EM FAVORDOS "FAVELADOS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO - RJ". 2. O PRESIDENTEDA CORTE, MINISTRO MARCO AURÉLIO, DESPACHOU A INICIAL, NESTESTERMOS(FLS. 16): "1. DE ACORDO COM A PETIÇÃO Nº 2.440/DF, A INSCRIÇÃODO REQUERENTE NA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL FOI CANCELADA.COMPROVE ESTE O FATO DE AINDA CONTAR COM A CAPACIDADEPOSTULATÓRIA. JUNTE-SE TAMBÉM AOS AUTOS A REFERIDA INFORMAÇÃO. 2.PUBLIQUE-SE." 3. EMBORA DEVIDAMENTE INTIMADO (FLS. 19), DEIXOU OREQUERENTE DE ATENDER AO DESPACHO DO PRESIDENTE DO STF,CONFORME CERTIFICA A SECRETARIA, ÀS FLS. 25, FAZENDO PRESUMIR NÃOPOSSUA CAPACIDADE POSTULATÓRIA PARA INTERPOR QUALQUER AÇÃO, TALCOMO RECONHECIDO NA PETIÇÃO Nº 2.440-1/DF, EM QUE RELATOR OEMINENTE MINISTRO NELSON JOBIM (FLS. 23/24). 4. DE QUALQUER SORTE, ALEI Nº 9.882, DE 3 DE DEZEMBRO DE 1999, EM SEU ARTIGO 2º, ESTABELECEQUE PODEM PROPOR A ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITOFUNDAMENTAL OS LEGITIMADOS PARA A AÇÃO DIRETA DEINCONSTITUCIONALIDADE, FACULTANDO-SE AO INTERESSADO, NÃO INCLUÍDO
NO ROL DE LEGITIMADOS, CONSTANTE DO ART. 103, DA CONSTITUIÇÃOFEDERAL, MEDIANTE REPRESENTAÇÃO, SOLICITAR A PROPOSITURA DA AÇÃOAO "PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA, QUE, EXAMINANDO OSFUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO, DECIDIRÁ DO CABIMENTO DO SEUINGRESSO EM JUÍZO." 5. ASSIM, NÃO DETÉM O REQUERENTE LEGITIMIDADEATIVA AD CAUSAM PARA PROPOR A AÇÃO DE ARGÜIÇÃO DEDESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL, PREVISTA NO ART. 102, § 1º,DA CARTA MAGNA. 6. DO EXPOSTO, NEGO SEGUIMENTO À PRESENTEARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL, COMFUNDAMENTO NO ART. 21, § 1º, RISTF. PUBLIQUE-SE. ARQUIVE-SE. BRASÍLIA,19 DE MARÇO DE 2002. MINISTRO NÉRI DA SILVEIRA RELATOR
PARTESARGTE. : MARCOS ROGERIO BAPTISTAARGDA. : RELATORA DO HC Nº 81.348-8 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
CLASSE / ORIGEMADPF 30 / DFARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
RELATOR(A)MIN. CARLOS VELLOSO DJ DATA-26/03/2002 P - 00039
JULGAMENTO15/03/2002
DESPACHODECISÃO: - VISTOS. TRATA-SE DE ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DEPRECEITO FUNDAMENTAL, COM PEDIDO DE LIMINAR, PROPOSTA PORMARCOS ROGERIO BAPTISTA. AUTOS CONCLUSOS EM 15.03.2002. DECIDO. OPEDIDO NÃO TEM VIABILIDADE. É QUE A ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DEPRECEITO FUNDAMENTAL PODERÁ SER PROPOSTA PELOS LEGITIMADOSPARA A AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (LEI 9.882/99, ART. 2º, I),MAS QUALQUER INTERESSADO PODERÁ SOLICITAR AO PROCURADOR-GERALDA REPÚBLICA A PROPOSITURA DA ARGÜIÇÃO (ART. 2º, § 1º). AQUI, O AUTORNÃO É TITULAR DA LEGITIMATIO AD CAUSAM ATIVA. DO EXPOSTO, NEGOSEGUIMENTO AO PEDIDO (ART. 21, § 1º, DO R.I./S.T.F.). ARQUIVEM-SE OSAUTOS. PUBLIQUE-SE. BRASÍLIA, 15 DE MARÇO DE 2002. MINISTRO CARLOSVELLOSO - RELATOR -
PARTESARGTE. : MARCOS ROGERIO BAPTISTAARGDOS. : PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO E OUTROS
CLASSE / ORIGEMADPF 31 / DFARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
RELATOR(A)MIN. MAURÍCIO CORRÊA DJ DATA-01/04/2002 P - 0003
JULGAMENTO15/03/2002
DESPACHODECISÃO: MARCOS ROGÉRIO BAPTISTA, FUNDAMENTADO NO ARTIGO 102, I, §1º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, AJUIZOU A PRESENTE ARGÜIÇÃO DEDESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL, COM PEDIDO DE LIMINAR. 2.VERIFICO, PRELIMINARMENTE, QUE O ARGÜENTE NÃO É TITULAR DELEGITIMATIO AD CAUSAM ATIVA PARA PROPOR A PRESENTE AÇÃO, VISTOQUE NÃO ESTÁ RELACIONADO DENTRE AS AUTORIDADES E ENTIDADESLEGITIMADAS PELO ARTIGO 103, CAPUT, DA CARTA FEDERAL C/C O ARTIGO 2º,I, DA LEI 9.882/99 (ADPF 29-MG, CARLOS VELLOSO; ADPF 19-DF, PERTENCE,ENTRE OUTROS). 3. RESSALVO QUE, QUALQUER INTERESSADO PODERÁSOLICITAR AO PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA A PROPOSITURA DEARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL, NOSTERMOS DA LEI 9.882/99, ARTIGO 2º, § 1º. ANTE O EXPOSTO, NEGOSEGUIMENTO AO PEDIDO, COM FUNDAMENTO NO ARTIGO 21, § 1º DO RISTF,FICANDO PREJUDICADO O PEDIDO CAUTELAR NO ÂMBITO DESTA CORTE.PUBLIQUE-SE. APÓS ARQUIVE-SE. BRASÍLIA, 15 DE MARÇO DE 2002. MINISTROMAURÍCIO CORRÊA RELATOR
PARTESARGTE. : MARCOS ROGERIO BAPTISTAARGDOS. : CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL E OUTRO
CLASSE / ORIGEMADPF 29 / MGARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
RELATOR(A)MIN. CARLOS VELLOSO DJ DATA-11/03/2002 P - 0004
JULGAMENTO05/03/2002
DESPACHODECISÃO: - VISTOS. TRATA-SE DE ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DEPRECEITO FUNDAMENTAL, COM PEDIDO DE LIMINAR, PROPOSTA PORVICENTE BOAVENTURA DOS SANTOS E OUTRA. AUTOS CONCLUSOS EM04.03.2002. DECIDO. O PEDIDO NÃO TEM VIABILIDADE. É QUE A ARGÜIÇÃO DEDESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL PODERÁ SER PROPOSTAPELOS LEGITIMADOS PARA A AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (LEI9.882/99, ART. 2º, I), MAS QUALQUER INTERESSADO PODERÁ SOLICITAR AOPROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA A PROPOSITURA DA ARGÜIÇÃO (ART. 2º,
§ 1º). AQUI, OS AUTORES NÃO SÃO TITULARES DA LEGITIMATIO AD CAUSAMATIVA. DO EXPOSTO, NEGO SEGUIMENTO AO PEDIDO (ART. 21, § 1º, DOR.I./S.T.F.). ARQUIVEM-SE OS AUTOS. PUBLIQUE-SE. BRASÍLIA, 05 DE MARÇODE 2002. MINISTRO CARLOS VELLOSO - RELATOR -
PARTESARGTES. : VICENTE BOAVENTURA DOS SANTOSADVDOS. : GERALDO PAIXÃO JÚNIOR E OUTROARGDA. : JUÍZA DO TRABALHO DA 13ª VARA DE BELO HORIZONTE
CLASSE / ORIGEMADPF 11 / SPARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL
RELATOR(A)MIN. CARLOS VELLOSO DJ DATA-06/02/2001 P-00294
JULGAMENTO30/01/2001
DESPACHODECISÃO: - VISTOS. TRATA-SE DE ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DEPRECEITO FUNDAMENTAL, COM PEDIDO LIMINAR, PROPOSTA POR FÁBIOMONTEIRO DE BARROS FILHO, COM FUNDAMENTO NO ART. 102, § 1º, DACONSTITUIÇÃO FEDERAL E NA LEI 9.882/99, NA QUAL REQUER "AINTERVENÇÃO DO STF, NA QUALIDADE DE GUARDIÃO DA CONSTITUIÇÃO E DOESTADO DE DIREITO, NA FORMA DA LEI 9.882, COM A CONCESSÃO DE MEDIDALIMINAR" VISANDO À "A) SUSPENSÃO DO BLOQUEIO DE BENS DOREQUERENTE E SUAS EMPRESAS, PARA QUE POSSA DESENVOLVER SUASATIVIDADES, SE NECESSÁRIO FOR PARA QUE O MESMO OFEREÇA GARANTIAREAL NOS AUTOS DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA PROPORCIONAL A SUARESPONSABILIDADE" (FLS. 12/13), BEM COMO "B) SUSPENDER A SENTENÇAFALIMENTAR DA CONSTRUTORA IKAL LTDA., ATÉ AO FINAL DA AÇÃO CIVILPÚBLICA, EM FACE DA INDISPONIBILIDADE DE SEUS BENS, CRÉDITOS EVALORES DEPOSITADOS EM CONTA CORRENTE" (FL. 13). AUTOS CONCLUSOSNESTA DATA. DECIDO. A ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITOFUNDAMENTAL PODERÁ SER PROPOSTA PELOS LEGITIMADOS PARA A AÇÃODIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (LEI 9.882/99, ART. 2º, I), MAS QUALQUERINTERESSADO PODERÁ SOLICITAR AO PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA APROPOSITURA DA ARGÜIÇÃO (ART. 2º, § 1º). ASSIM POSTA A QUESTÃO,PORQUE O AUTOR NÃO É TITULAR DA LEGITIMATIO AD CAUSAM ATIVA, NEGOSEGUIMENTO AO PEDIDO E DETERMINO O SEU ARQUIVAMENTO. PUBLIQUE-SE. BRASÍLIA, 30 DE JANEIRO DE 2001. MINISTRO CARLOS VELLOSO -PRESIDENTE -
OBSERVAÇÃOALTERAÇÃO: 05/03/01, (SVF).PARTESARGTE. : FÁBIO MONTEIRO DE BARROS FILHO
ADVDOS. : PAULO SÉRGIO FEUZ E OUTROARGDO. : JUIZ FEDERAL DA 12ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃOPAULOARGDO. : JUIZ DE DIREITO DA 8ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO PAULO
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