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CURSO DE DIREITO DIREITO DOS ANIMAIS NO DIREITO PENAL Michele de Oliveira Candeira RA: 441368/1 Turma: 3209 G nº 36 e-mail: [email protected] Telefone: 4426-4489 Profª. Orientadora: Ilma Calixtho São Paulo 2004

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CURSO DE DIREITO

DIREITO DOS ANIMAIS NO DIREITO PENAL

Michele de Oliveira CandeiraRA: 441368/1

Turma: 3209 G nº 36e-mail: [email protected]

Telefone: 4426-4489Profª. Orientadora: Ilma Calixtho

São Paulo2004

CURSO DE DIREITO

DIREITO DOS ANIMAISNO DIREITO PENAL

Monografia apresentada a BancaExaminadora do Curso de Direito doUniFMU – Centro Universitário dasFaculdades Metropolitanas Unidas comorequisito parcial para a obtenção do graude Bacharel em Direito, sob a orientaçãodo Professora Ilma Calixtho.

São Paulo2004

Banca Examinadora:

Professor orientador____________________

Professor argüidor_____________________

Professor arguïdor_____________________

São Paulo2004

Introdução

O objetivo dessa monografia é o Direito dos Animais no Brasil.

No Brasil, em 1934 foi criado o Decreto nº 24.265, no governo de Getúlio

Vargas. Foi o primeiro passo brasileiro sobre a proteção aos animais. Este

decreto se equiparou a Lei por ter a mesma força e valor, proibindo em seu

artigo 3º a crueldade e os maus tratos contra os animais. Continua vigendo em

nosso ordenamento salvo pequenas derrogações.

Em 03.10.1941, ainda no governo de Getúlio Vargas, editou-se a Lei das

Contravenções Penais, tipificando em seu artigo 64, contravenção a prática de

crueldade contra os animais.

Em 03.01.1967, foi criada a Lei de Proteção à Fauna n.º 5197, e em

28.02.1967, o Decreto-Lei 221 , também conhecido como Código de Pesca.

Em 1978, foi proclamada a Declaração Universal dos Direitos dos

Animais, pela Assembléia da Unesco, em Bruxelas. O Brasil foi um dos países

subscritores desse documento, porém não o ratificou para vigir em nosso

ordenamento interno. Desde então demonstrou-se uma maior preocupação

com os animais, principalmente frente ao Direito Internacional, aumentando a

pressão sobre a questão dos animais.

Em 1981, foi editada a Lei nº 6.938 estabelecendo a Política Nacional do

Meio Ambiente;

Após o advento da Constituição Federal de 1988 estes passaram a ser

protegidos constitucionalmente em seu título VII, capítulo VI, artigo 225, e

independente de pertencerem a fauna brasileira ou não, possuem uma

sustentação da Carta Magna, pois qualquer situação jurídica deve aceitar os

preceitos constitucionais.

“Encontramos ainda, nas Constituições estaduais proteção legal para os

animais, como podemos citar: Constituição do Acre, art. 206, §1ºV;

Constituição de Alagoas, art. 218, VI; Constituição do Amazonas, art. 230, VII;

Constituição da Bahia, art. 214, VII; Constituição do Ceará, art. 259, parágrafo

único, XI; Constituição do Espírito Santo, art. 186, parágrafo único, III;

Constituição de Goiás, art. 127, §1º, V e art. 128, VI; Constituição do

Maranhão, art. 241, II; Constituição de Mato Grosso, art. 263, parágrafo único,

IX e artigos 275 e 276; Constituição de Mato Grosso do Sul, art. 222, §2º, XV;

Constituição de Minas Gerais, art. 214, §1º, V; Constituição do Pará, art. 255,

III; Constituição do Paraíba, art. 227, parágrafo único, II; Constituição do

Paraná, art. 207, §1º, XIX; Constituição do Pernambuco, art. 210,III e art. 213;

Constituição do Piauí, art. 237, §1º, VIII; Constituição do Rio de Janeiro, art.

258, §1º, IV; Constituição do Rio Grande do Norte, art. 150, §1º, VII;

Constituição de Rondônia, art. 219, I e art. 221, VI; Constituição de Santa

Catarina, art. 182, III; Constituição de São Paulo, art. 193, X e art. 204;

Constituição de Sergipe, art. 232, §1º, V; Constituição do Tocantins, art. 110,

III.” 1

Por fim, em 1998, criou-se a Lei 9.605 estabelecendo sanções

___________1. Edna Cardozo Dias – A Tutela Jurídica dos Animais – P. 95 - 101

administrativas, penais e, onde encontramos no capítulo V, seção I, Dos

Crimes contra a Fauna, nos artigos 29 à 37, condutas típicas de maus tratos a

animais.

Nosso estudo se dirigirá a partir de 1988, com ênfase principalmente na

Lei Federal supra citada de 1998, com pequenas citações sobre Leis anteriores

para que possamos entender o que está acontecendo na atualidade.

1. Meio Ambiente

Devemos ter em mente ao estudarmos direito dos animais, que estes

fazem parte da nossa fauna, do nosso meio ambiente. E que o meio ambiente

não é objeto de alguém, mas sim, patrimônio da humanidade que convive e

necessita da contribuição social de todos, para que haja natureza para nossas

gerações futuras. Para que a vida continue de forma saudável, havendo

equilíbrio entre todos os elementos que compõem esse meio

Na palavra meio ambiente, verificamos que há uma certa redundância,

conforme já visto pelo Dr. José Afonso da Silva e advertido por Ramón Martin

Mateo em sua obra Derecho Ambiental. Redundância, porque na própria

palavra ambiente encontramos o sentido da palavra meio, pois ambiente indica

a esfera, o círculo que nos cerca. Ao estudarmos esse aspecto passamos a

entender melhor o porquê de ser direito ambiental e não direito do meio

ambiente.2

De qualquer forma, meio ambiente é uma expressão consagrada na

Língua Portuguesa, utilizada pela doutrina, lei e jurisprudência de nosso país. E

será usada a palavra, diversas vezes no decorrer de nosso trabalho.3

Consoante José Afonso, In verbis “O ambiente integra-se, realmente, de

um conjunto de elementos naturais e culturais, cuja interação constitui e

condiciona o meio em que se vive... Por isso é que a preservação, a

___________2. José Afonso da Silva – Direito Ambiental Constitucional – P. 193. Carlos Ernani Constantino – Delitos Ecológicos – P. 19

recuperação e a revitalização do meio ambiente hão de constituir uma

preocupação do Poder Público e, conseqüentemente, do Direito, porque ele

forma a ambiência na qual se move, desenvolve, atua e se expande a vida

humana.” 4

Podemos encontrar através desse conceito, três aspectos sobre o meio

ambiente, que são: meio ambiente cultural (patrimônio histórico, artístico,

arqueológico, etc); meio ambiente artificial ( edificações, e equipamentos

públicos, tais como ruas, praças; todos os assentamentos de reflexos

urbanísticos) e meio ambiente natural (solo, água, flora, fauna, ar).5 O meio

ambiente natural é o que trataremos, pois no meio ambiente natural

encontramos a interação dos seres vivos e seu meio.

1.1 Desenvolvimento Econômico e Consciência Ecológica

O Brasil, desde seu descobrimento, foi marcado pela extração de suas

riquezas naturais para ter um melhor desenvolvimento econômico.

Começamos pela extração vegetal, passando para a mineral e por fim o

extrativismo vegetal e animal. Daí para o desenvolvimento industrial foi um

avanço marcado por uma intensa devastação ambiental. 6

Com tudo, porém, esqueceu-se que qualidade de vida e dinheiro não

___________4. José Afonso da Silva – Op. Cit. – P. 20-215.Vladimir/ Gilberto Passos de Freitas – Crimes Contra a Natureza – p.206. José Geraldo da Silva – Leis Penais Especiais Anotadas – P. 48

andam juntos. Pensando em dinheiro fácil, nossa colonização foi marcada por

perdas irreversíveis para a Natureza, como desaparecimento de animais e

vegetais. Essa cultura que atualmente busca uma melhor qualidade de vida, é

a mesma que esquece que a natureza é o melhor meio para obter essa

qualidade de vida, e que para isso não precisa ser degradada. 7

A tutela do meio ambiente é necessária posto que a degradação ameaça

não somente o bem estar, mas podendo vir a ameaçar a própria sobrevivência

do ser humano. “Agora a visão ecológica é outra. A escassez de água potável,

os riscos da diminuição da camada de ozônio, o degelo do terreno polar e o

aquecimento global do planeta levaram a humanidade a repensar o meio

ambiente”.8 Hoje, devemos ter em mente que uma exploração equilibrada é o

ideal, satisfazendo as necessidades do bem estar da população, havendo

reprodução de materiais extraídos evitando exageros, mantendo animais no

seu habitat natural, verificando o alto índice de espécies em extinção. Devemos

incentivar florestamento e reflorestamento de espécies nativas.

Não podemos esquecer também da poluição ambiental, que tem sido

uma das maiores causadoras da degradação em que vivemos.

Encontramos antes da data do nosso estudo, citações sobre poluição,

com o seguinte conceito: considera-se poluição do meio ambiente a presença,

o lançamento ou a liberação, nas águas, no ar ou no solo, de toda e qualquer

forma de matéria ou energia, com intensidade, em quantidade de

___________7. José Afonso da Silva – Op. Cit.- P. 258. José Geraldo da Silva – Idem

concentração ou com características em desacordo com as que forem

estabelecidas em decorrência desta Lei, ou que tornem ou possam tornar as

águas, o ar ou o solo...III- danosos aos materiais, à fauna e à flora.” 9

Também, verificamos outro conceito: entende-se por poluição “a

degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou

indiretamente afetem desfavoravelmente a biota.” 10

Para nós, preferimos ficar com o conceito de Hely Lopes Meirelles,

“poluição é toda alteração das propriedades naturais do meio ambiente de

modo a torna-lo impróprio às formas de vida que ele normalmente abriga” 11.

Por fim, devemos conservar o meio ambiente pensando não somente no

hoje, mas principalmente nas nossas gerações futuras.

A poluição faz e fará parte sempre do nosso dia a dia, mas, quando

objeto do nosso estudo, é citada como prejudicial quando passa a influir de

maneira nociva, quer seja direta ou indiretamente na vida, seja essa vida

humana, animal ou vegetal.

1.2 Direito Ambiental

Podemos dizer, que há pouco tempo começou verdadeiramente a

preocupação com o meio ambiente. Embora nós tenhamos citados legislações

___________9. Lei Paulista n° 997 de 31/05/1976.10. Lei n° 6938/ 81, art. 3°, II, alínea “c”. Política Nacional do Meio Ambiente11. Hely Lopes Meirelles – Direito Administrativo Brasileiro -

desde 1934, na verdade tínhamos apenas normas especificas. A Tutela

Jurídica só aparecia raramente nos diplomas legais. Hoje, já podemos dizer

que o Direito Ambiental é um ramo do Direito Público, com forte presença e

atuação do Poder Público, e uma disciplina autônoma, pois não se confunde

com outros ramos do Direito.

Carlos Gomes de Carvalho, define direito ambiental sendo um “conjunto

de princípios e regras destinados à proteção do meio ambiente,

compreendendo medidas administrativas e judiciais, com a reparação

econômica e financeira dos danos causados ao ambiente e aos ecossistemas

de uma maneira geral”. 12

O Direito Ambiental é, portanto, um novo ramo do direito, mas com

peculiaridades especiais, pois une-se à biologia, engenharia florestal, química,

etc.

Assim, fomos buscar na biologia o real significado da palavra

ecossistema: “é o conjunto formado pela comunidade e pelo meio ambiente. O

Ecossistema – considerado a unidade ecológica básica – compreende o

conjunto das influências mútuas existentes entre a comunidade ou biocenose

e o mundo físico ou biótopo.” 13

O Direito Ambiental pode ser considerado sobre dois aspectos: um

___________12. Carlos Gomes de Carvalho – Introdução ao Direito Ambiental – P. 140

13. Wilson Roberto Paulino – Biologia Atual – Volume 3 – P. 187

objetivo, que consiste no conjunto de normas jurídicas disciplinadoras da

proteção da qualidade do meio ambiente; e outro como ciência, que tem por

finalidade o conhecimento sistematizado das normas e princípios ordenadores

da qualidade do meio ambiente. 14

1.3 Referências Constitucionais

A primeira Constituição do Brasil a tratar sobre o Meio Ambiente foi a de

1988. O Brasil passou a dar maio valor a questão ambiental, inserindo inclusive

um capítulo específico sobre o meio ambiente.

1.3.1 Principais referências explícitas sobre o meio

ambiente e em especial a fauna

As principais referências encontradas são:

Art. 5º, LXXIII que confere legitimação a qualquer cidadão para propor

ação popular 15 que vise a anular ato lesivo ao meio ambiente e ao patrimônio

histórico e cultural;

Art. 20, II, considera-se entre os bens da União, as terras devolutas

indispensáveis à preservação do meio ambiente.

___________14. Vladimir / Gilberto Passos Freitas – Crimes contra a Natureza – P. 23Art. 23, reconhece a competência comum da União, Estados, Distrito

Federal e Municípios para “proteger as paisagens naturais notáveis e o

meio ambiente”, combater a poluição em qualquer de suas formas” e “para

preservar as florestas, a fauna e a flora”.

Art. 24, VI, dá competência concorrente à União, aos Estados e ao

Distrito Federal para legislar sobre “florestas, caça, pesca, fauna, conservação

da Natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção ao meio

ambiente e controle de poluição”

Entrando no título da “Ordem Social”, encontramos a seguinte

expressão:

“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,

impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e

preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder

Público:

VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que

coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de

___________15. Ação popular é o meio constitucional posto à disposição de qualquer cidadão,

sendo um instrumento de defesa dos interesses da coletividade, utilizável porqualquer de seus membros. Por ela não se amparam direitos próprios, mas siminteresses da comunidade. É promovida em nome da coletividade. Estáregulamentada pela Lei n° 4717/65.

espécies ou submetam os animais a crueldade.” 16

Entendemos portanto, que o meio ambiente é de uso comum do povo, e

que todos nós temos o dever de preservá-lo, pois não pertence a um

particular, ou a uma pessoa pública ou privada, mas pertence e deve ser

respeitado por toda a coletividade.

O objeto da tutela ambiental não é na verdade o meio ambiente, mas

sim a qualidade do meio ambiente, e a saúde, o bem estar e a segurança da

coletividade.

___________16. Art. 225, § 1°, VII – Constituição Federal2. Proteção dos animais

Os animais já existiam antes mesmo dos homens habitarem o planeta, e

por diversas épocas pregou-se a proteção dos animais. Aristóteles, foi o que

mais se preocupou com o assunto, sendo autor da primeira obra que se tem

notícia sobre o assunto. Escreveu um grupo de escritos sobre animais e

plantas, desenvolvidos em dez livros. 17

2.1 Importância dos animais

No início, os animais viviam em perfeita harmonia com a natureza e seus

elementos. Passaram a servir os homens, primeiro como alimentos, depois

como vestimentas, enfeites. Hoje também fazem diversão nos circos, touradas.

O homem vem tentando modificar até mesmo a genética dos animais.

Milhares de espécies já foram extintas, algumas domesticadas e

inclusive confinadas. Na natureza o homem tem sido considerado o maior dos

predadores.

A revista Isto É 18 noticiou que o tráfico de animais movimenta cerca de

U$$ 10 bilhões por ano no mundo e acelera o extermínio de várias espécies.

Os animais estão em todos os cantos do planeta, e são classificados sob___________17. Diomar Ackel Filho – Direito dos Animais – P. 2618.Revista Isto É – Tráfico Animal – P. 80-83

os mais variados aspectos. Consoante Edna Cardozo Dias, encontramos a

seguinte classificação:

“◊ Fauna Doméstica - E constituida de todas as especies que foram

submetidas a processos tradicionais de manejo, possuindo caracteristicas

biologicas e comportamentais em estreita dependencia do homem para sua

sobrevivencia, sendo passivel de transação comercial e, alguns, de utilização

econômica.

◊ Fauna Domesticada – É constituída por animais silvestres, nativos ou

exóticos, que, por circunstâncias especiais, perderam seus habitats na

natureza e passaram a conviver pacificamente com o homem, dele

dependendo para sua sobrevivência, podendo ou não apresentar

características comportamentais dos espécimes silvestres. Os animais

domesticados perdem a adaptabilidade aos seus habitats naturais e, no caso

de serem devolvidos à natureza, deverão passar por um processo de

readaptação antes da reintrodução.

◊ Fauna Silvestre Nativa – É constituida de todas as espécies que

ocorram naturalmente no território ou que utilizem naturalmente esse território

em alguma fase de seu ciclo biológico.

◊ Fauna Silvestre Exótica – É constituída de todas as espécies que não

ocorram naturalmente no território, possuindo ou não populações livres na

natureza.” 19

___________19. Edna Cardozo Dias – A Tutela Jurídica dos Animais – P. 103 – 104

A lei nos dá a resposta de fauna silvestre no art. 29, § 3°: “São

espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas,

migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham, todo ou

parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro,

ou águas jurisdicionais brasileiras”.20

Os animais também se dividem em invertebrados, mamíferos, aves,

répteis, anfíbios, mas nosso trabalho, está utilizando a fauna como um todo,

citando em seu decorrer apenas a palavra animais, abstratamente.

2.2 Princípios sobre o Direito dos Animais

Como já dissemos, as normas que protegem o direito dos animais no

Brasil são fragmentadas, mas reunidas em um único contexto, dentro do Direito

Ambiental. Encontramos abaixo os princípios do direito do direito dos animais.

21

2.2.1 Princípio da Subsistência

A palavra subsistência significa conservação das coisas, permanência,

estabilidade; conjunto do que é necessário para conservar a vida.22

___________20. Lei 9.605/98, art. 29, § 3°.21. Diomar Ackel Filho – Direito dos Animais – P. 48-4922 – Dicionário Aurélio Buarque de Holanda

Direito à vida, ao habitat, à alimentação, são expressões encontradas na

Lei, na Declaração Universal do Direito dos Animais, e nada mais são do que

expressões de dever de assegurar a subsistência do reino animal.23

2.2.2 Princípio do Respeito Integral

Respeito integral é exigência ética, nos mostrando que o tratamento aos

animais deve ser bom, repudiando assim, qualquer forma de crueldade,

exploração e maus tratos. Podemos encontrar esse princípio, nas normas que

tipificam como crime diversas condutas contra os animais. A influência

principiológica do respeito integral é, pois, manifesta em todas as normas que

versam sobre a consideração devida aos animais e a proibição de atos que, de

qualquer modo, possam afetar-lhes a integridade física, psíquica ou o seu bem

estar. 24

2.2.3 Princípio da representação adequada

Esse princípio reflete sobre a representação dos animais, que devem ser

representados adequadamente, incumbindo ao Poder Público e à coletividade

o dever de defender, proteger e vedar atos que maltratem os animais. Com

esse princípio, a lei deve assegurar aos animais a representação para que

possa Ter seus direitos e interesses protegidos frente ao Estado, obtendo

assim, o reconhecimento e a tutela devidos.

___________23 – Diomar Ackel Filho – Op. Cit. – P. 2324 - Idem – P. 242.3 Natureza Jurídica dos Animais

Atualmente, os animais não podem mais serem tratados como coisas ou

bens , pois providos de vida biológica já receberam o reconhecimento jurídico

em diversas partes do mundo. E se normas dispõe sobre a representação dos

animais em Juízo, há que se falar em natureza jurídica dos animais.

Em 1934, o Decreto n° 24.645 com força de Lei, estabeleceu em seu

artigo 3°, § 3°, que os animais são representados em Juízo pelo Ministério

Público ou pelos representantes das Sociedades Protetoras dos Animais.

Após o advento dessa norma, o legislador vem se preocupando

constantemente sobre a tutela dos animais, editando sucessivas normas a

respeito. Assim, podemos dizer que não são coisas, pois o legislador tem dado

maior importância a eles, e também não são pessoas, pois essa condição é

reservada aos humanos. Porém, são titulares de direitos.

“Assim, chegará o tempo em que a crueldade e o menosprezo aos

direitos dos animais será memória triste de um passado, hoje presente. Mas

para tanto é imprescindível que se reformulem determinados conceitos,

rompendo grilhões de uma mentalidade tacanha.

A etapa mais importante para que se obtenha essa renovação de

conceitos, situa-se justamente na redefinição da natureza jurídica dos animais:

sujeitos com personalidade jurídica própria à sua condição e não coisas; seres

e não números, criaturas da mesma Natureza e não meros elementos

econômicos ou materiais, para exploração e diversão do homem”. 25

__________25. Ibiden – P. 693. Os Direitos dos Animais

Para poder viver em paz, o ser humano estabeleceu um regime de

normas e regulamentos, reconhecendo e instituindo direitos.

Contudo, os animais foram esquecidos e submetidos a crueldades sem

fim. Podemos, verificando florestas nos dais atuais e há algumas décadas,

verificar a velocidade da devastação ambiental, que faz com que a fauna lute

para tentar sobreviver em seu habitat natural.

Não é somente de animais selvagens que estamos falando. Os cães,

animais domésticos, são submetidos a verdadeiras torturas, como as os

Centros de Controle de Zoonoses, conhecidos vulgarmente por “carrocinhas”,

ou mesmo o abandono, doente, com fome e frio.

Mas, em meio a toda essa discussão surge a dúvida:

Animais têm direitos?

A palavra direito possui diversas acepções etimológicas, e para que

possamos considerar o direito dos animais, deveremos usar a acepção mais

ampla do termo.

O direito é dividido em direito privado e direito público. Encontramos os

animais em ambos.

No direito privado, os animais domésticos são tratados como bens

móveis semoventes, objetos de direito, o que não faz parte do nosso estudo.

Os animais da fauna silvestre brasileira, pertencem à União, e o órgão

responsável por esses animais é o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que na maioria dos Estados,

faz convênio com a Polícia Florestal, que auxilia na fiscalização da Lei.

No direito público, encontram resguardo em normas que nos mostram

que os animais pertencem ao meio ambiente e que, embora sejam objetos de

propriedade, são tutelados pelo Estado, e possuem direitos básicos, com

normas penais e administrativas sobre o assunto.

Por estarem no âmbito do Direito Público, são tratados como direitos

indisponíveis, não podendo seus direitos serem reduzidos ou fragmentados em

favor de outra natureza.

O jurista Miguel Reale entendia que o direito é fato, valor e norma,

havendo apenas uma variação do ângulo, isto é, há uma correlação direta

entre elas. Essa teoria foi denominada tridimensional ou trivavente. Para

interpretar e aplicar uma norma ou regra, os juristas devem pensar que fato,

valor e norma existem simultaneamente.

Por essa teoria, passamos a afirmar que existe sim o direito dos animais,

e que para isso basta verificar que deve haver um fato, podendo citar os maus

tratos; um valor, como a concretização da idéia da justiça; e uma norma, como

a Lei de Crimes Ambientais.

3.1. Fundamento do Direito dos Animais

Diomar Ackel Filho, em seu livro sobre o tema, nos dá três fundamentos

dos direitos dos animais. “O fundamento natural, o fundamento moral e o

fundamento da necessidade.”26

3.1.1. Fundamento Natural

No fundamento natural, os animais são filhos da natureza, exercendo

uma função vital. Devem ser reconhecidos aos animais direitos inalienáveis,

pois formam colocados para habitar a natureza junto com os homens, trazendo

direitos imanentes a sua própria existência.

O fundamento natural existe pela própria natureza das coisas, pois,

independente de normas feitas pelo homem deve se respeitar o direito natural,

que é constantemente fonte inspiradora do direito.

In verbis, “As normas elaboradas para manter a paz, e a integridade da

ordem humana e do planeta devem, pois, se identificar com os valores

naturais, que necessariamente lhe servem de fonte e orientação permanente.

Isso é

___________26. Diomar Ackel Filho – Direito dos Animais – P. 31

regra milenar de sabedoria...o homem na elaboração dos seus regulamentos

nunca deve divorciar-se daquelas verdades postas que emanam como lei da

natureza das coisas e que, por isso, devem servir-lhe de subsídio.” 27

3.1.2 Fundamento Moral

A moral é a expressão do bom, a ciência que estuda e aplica os

princípios da ética de acordo com os costumes. É algo inato ao ser humano,

que o faz distinguir o que é bem do que é mal.

O direito positivo não separa da moral, pois embora hajam normas

imorais, elas acabam por não se consolidarem no tempo. Direito e moral

devem caminhar juntos.

Ao analisar os princípios da moral, pensamos: é bom matar os animais

imotivadamente? É admissível submetê-los à crueldades, ou destruir seus

habitats naturais?

Os animais possuem sim direitos, e esses direitos vertem do conteúdo

moral da Natureza.

A luta pelo reconhecimento dos direitos dos animais, não tem sido muito

fácil, mas é tudo questão de tempo, pois o homem não pode renegar os direitos

dos animais, contrariando a natureza das coisas. Analisamos, por exemplo, na

___________27. Diomar Ackel Filho – Op. Cit. P - 33

época do Brasil Colônia, quem diria que os índios, ou os escravos tinham

direitos? Eram tratados como coisas e seus donos muitas vezes tinham poder

de vida e morte sobre eles.

Mas, pelos tratados que surgiram, como a assembléia da UNESCO, ou a

Lei de Crimes Ambientais, ou mesmo a nossa Carta Magna, percebemos que

está ocorrendo o renascimento moral do homem em relação aos seus

parceiros naturais. “Cumpre à humanidade apenas reconhecer esses direitos,

insculpindo-os em seus ordenamentos normativos positivos, para que sejam

devidamente cumpridos por todos, sob pena de efetivas sanções...Assim,

alimentada pela Moral, a lei poderá impor sanções concretas para os infratores

e permissões jurídicas expressas para a tutela processual dos direitos

subjetivos dos animais,

já que eles não são meras coisas...” 28

3.1.3 Fundamento da Necessidade

O fundamento da necessidade existe, posto que os animais são vitais

para a vida na Terra.

O homem depende dos animais para sua sobrevivência, e se o homem

depende deles, é imperativo que deve reconhecer e respeitar os direitos que

lhes são devidos. A natureza reage às ações que lhes são contrárias, e não

podemos imaginar a vida sem os animais para polinizar as plantas, ou sem o

leite, o mel.

___________28. Diomar Ackel Filho – Op. Cit. P. 38

Para que não ocorra e lei de ação e reação, deve evitar atos de afronta,

pois a maior prejudicada será a própria humanidade.

Analisando portanto esse fundamento, verificamos que os animais são

necessários para a continuação da nossa vida, e por isso possuem sim,

direitos.

4. Tutela Penal

Nos crimes previstos na lei n° 9605/98 a ação penal é pública e

incondicionada. Qualquer cidadão poderá recorrer ao Ministério público que é

o titular da ação penal, através de uma representação.

A defesa do meio ambiente, tem encontrado no Direito Penal, um grande

instrumento, pois são muitas as hipóteses onde sanções administrativas ou

civis não são suficientes para repreender as agressões contra o meio

ambiente. Somente com a aplicação da lei penal, podemos refrear e prevenir

as atitudes lesivas ao meio ambiente. 29

A função do Direito Penal no meio ambiente, é proteger os valores

reconhecidos como importantes para a sociedade, com criação e aplicação de

sanções.30

4.1. Pena e sua aplicação

A Lei de Crimes Ambientais, mostra uma certa preferência pelas penas

___________29. Vladimir e Gilberto Passos Freitas – Crimes contra a Natureza – P. 32-3330. Celeste Leite dos Santos – Crimes contra o Meio Ambiente – P. 19

restritivas de direitos e pecuniárias, embora permita pena privativa de

liberdade. Essa preferência, porque a pena de prisão, em razão do perfil

diferenciado do delinqüente ambiental, tem se mostrado inadequada, por impor

a sociedade um duplo castigo: suportar o dano e pagar a conta do presídio. 31

No Direito Penal Moderno, pena é a sanção de caráter aflitivo, imposta

pelo Estado, por meio do devido processo legal, ao autor da infração da lei

penal, como retribuição pelo fato censurável por ele praticado e com o fim de

se evitarem novos delitos. 32

4.1 Pena Privativa de Liberdade

Penas Privativas de Liberdade são as tradicionais penas de reclusão e

detenção, para os crimes e prisão simples para as contravenções.

A maioria das infrações penais, pela quantidade da pena cominada,

enseja a aplicação dos institutos de transação penal, suspensão do processo e

suspensão condicional da pena.

Pelo redação do artigo 16, nos crimes previstos nesta Lei, a

suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação

a

___________31. Édis Milare – Direito do Ambiente – P. 78532. Damásio E. Jesus – Direito Penal – P. 517

a pena privativa de liberdade não superior a três anos.

4.2 Penas Restritivas de Direito

As penas restritivas de direito, são tratadas nos artigos 7° e ss. da Lei

de Crimes Ambientais.

São autônomas e substituem as penas privativas de liberdade. Estas

penas, terão a mesma duração da pena privativa de liberdade e compreendem:

I – prestação de serviços à comunidade;

II – interdição temporária de direitos;

III – suspensão parcial ou total de atividades;

IV – prestação pecuniária;

V – recolhimento domiciliar;

Porém, é possível a conversão da pena restritiva de direitos em pena

privativa de liberdade, em caso de descumprimento injustificado da restrição

imposta ou de superveniente condenação a Pena Privativa de Liberdade, por

outro crime, diante da subsidiariedade da Lei Penal. 33

4.3 Pena de multa

___________33. Art. 79, Lei n° 9605/98“ A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se

revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada

até 3 (três) vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida. “34

O Código Penal, estabelece como será o pagamento ao fundo

penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. O valor

do dia-multa será fixado pelo juiz, não podendo ser inferior a um trigésimo do

maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco)

vezes esse salário. 35

Pelos cálculos, verificamos que o valor máximo da sanção penal não

ultrapassa R$ 5.000,00 (Cinco mil reais). O que, não obstante o intuito do

legislador de revalorizar a pena pecuniária, sua eficácia dissuasiva ainda

permanece tímida, principalmente se comparada com a congênere

administrativa que não é objeto de nosso estudo, mas vale ressaltar, pois o

valor dessa multa administrativa, será no mínimo R$ 50,00 (Cinqüenta reais) e

no máximo R$ 50.000.000,00 (Cinqüenta milhões de reais). 36

Encontramos também na fixação da pena, as circunstâncias agravantes

e atenuantes, nos artigos 15 e 14 respectivamente.

Agora, pelo estudo dos artigos de Crimes contra a Fauna, podemos

dizer que a transação penal cabe nos artigos 29, cáput e § 1; artigo 31; artigo

32,

___________34. Art. 18, Lei 9605/9835. Art. 49, Código Penal36. Édis Milaré – Direito do Ambiente – P. 788cáput e § 1.

A suspensão condicional do processo, cabe nas hipóteses dos artigos

29, § 4; artigo 30; artigo 32 § 2; artigo 33, cáput e parágrafo único; artigo 34,

cáput e parágrafo único; artigo 35.

5. Crueldade contra os Animais

Sabemos que existem diversas crueldades contra os animais, mas para

nós não alongarmos muito o assunto, citaremos e explicaremos os mais

comuns e conhecidos meios de judiar de um animal.

5.1. Circos

Há muita discussão sobre o emprego de animais em circos. Ficamos

imaginando como é o tratamento que os animais recebem para fazerem seus

shows. Primeiro, esses animais são “arrancados” do seu habitat natural e do

convívio harmônico com as demais espécies, sendo obrigado a conviver em

um ambiente totalmente estranho ao seu. Inclusive animais nascidos em

cativeiro, pois há sempre o instinto que prevalece. Esses animais criam uma

dependência tão forte que não conseguem mais sobreviver sem o homem ao

seu lado.

Acontece, que para esses animais poderem dar o seu espetáculo,

muitas vezes são submetidos, a verdadeiras atrocidades. São forçados a subir

em banquinhos, andar de bicicleta segurando um guarda-chuva.

Por trás, como seria o treinamento?

O cientista russo, Ivan Pavlov 37 disse que os circos adestram os

animais

___________38. Eurípedes Kühl – Animais: Amor e Respeito – P. 41

pelo condicionamento através da dor. No Brasil, os donos de circos alegam

que seus animais são bem tratados, mas reportagens demonstram que

chimpanzés têm seus dentes arrancados, são acorrentados no escuro,

recebendo banho gelado, choque elétrico, etc. 38

Assim, podemos observar que o animal fica condicionado a sinais dados

pelo seu adestrador, e que com o tempo, o medo substituirá o afeto, onde o

não cumprimento de ordens, desencadeadas por senhas, redundará em

castigo. 39

Nós não temos legislação específica sobre circos no nosso país, mas

sabemos que maus tratos é crime, e podemos verificar através do olhar desses

animais, se em seus olhos há algum sinal de felicidade.

Os animais em circo, não passam nenhuma forma educativa, mas sim

recreativa de se divertir, e não é certo nós nos divertimos com o

sofrimento alheio. Não é uma forma saudável de lazer e nem constitucional.

Podemos afirmar que não é necessário o ser humano usar a crueldade para se

divertir.

5.2 Rodeios

O rodeio não é de origem brasileira, foi importado dos Estados Unidos,

___________37. Eurípedes Kühl – Animais: Amor e Respeito – P. 41

38. www.apasfa.org39. Eurípedes Kühl – Op. Cit.

mas infelizmente, está se tornando um costume entre nós.

Simula, a doma de cavalos indomáveis, o que é falso, já que os mesmos

são mansos. E os bois, é estranho o seu emprego já que não são animais de

montaria.40

Os rodeios, são na verdade, simulações de touradas, o que é proibido

pelo Decreto n.º 24.645/34.

In verbis: : “Os maus tratos a esses animais se caracterizam pelo uso de

sedém (espécie de corda amarrada na parte traseira dos animais, de forma

a

comprimir os órgãos genitais): quando a corda é bruscamente comprimida, no

instante da largada, os animais sentem dor intensa, daí, seus desesperados

corcovos (saltos, pinotes). Houve casos do sedém ser usado com instrumentos

pontiagudos (esporas). De qualquer forma, é de se observar que os animais,

até então calmos, só quando o sedém é repentinamente apertado,

simultaneamente com a abertura do brete (dispositivo para conter o animal),

entram e desespero; enganosamente, tal é tido à conta de indomabilidade...” 41

5.3 . Vivissecção

___________40.Eurípedes Kühl – Op. Cit. P. 4641. IdemVivissecção é o procedimento utilizado para prática experimental e

didática com animais. Esses animais sofrem lesões em nome da pesquisa,

ciência e educação. 42

Seria ilusão tentar interromper todas as pesquisas científicas com o

emprego de animais. Mas, grandes avanços temos encontrado. Hoje,

caracteriza crime realizar experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda

para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.43

As práticas mais conhecidas são: Draize Eye Irritancy Test - são testes

em olhos de coelhos conscientes para verificar shampoos, produtos de

limpeza. É um teste condenado, pois os olhos dos coelhos são estruturalmente

diferente dos olhos humanos. Nesses testes, coelhos albinos são presos em

aparelho de contenção; testes de toxidade alcoólica e tabaco; testes na

área de psicologia – estudos comportamentais, incluindo privação da proteção

materna e privação social, para observação de medo; uso de choques, dor,

privação de alimentos para aprendizagem; submissão a estados estressantes

para testes de soníferos, tranqüilizantes; testes da indústria de armas -

radiações de armas químicas e biológicas; exposição a gases, são baleados na

cabeça (o que não é justificável, pois “não se justifica infligir dor aos animais

com o propósito de destruir a nós mesmos”; pesquisas dentárias – dietas

nocivas com açucares e hábitos alimentares nocivos; teste de colisão; prática

médico – cirúrgica. 44

Encontramos métodos alternativos aos maus tratos, que recorrem a

química, matemática, radiologia e outros meios que permitem evitar o emprego

___________42. Diomar Ackel Filho – Op. Cit. – P. 10343. Art. 32, § 1°, Lei n° 9.605/9844.Edna Cardozo Dias – A Tutela Jurídica dos Animais – P. 163 e ss.de animais vivos em experiência de laboratório.

5.5 Caça

A caça autorizada necessita de normas, licenças. No Brasil, só pode ser

realizada em algumas áreas específicas e sempre mediante autorização.

Em qualquer modalidade, a caça é um ato de crueldade contra os

animais.

A caça é “a utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha de

espécimes da fauna silvestre, quando consentidas na forma da lei.” 45

Caçar é o “ato de perseguir animais silvestres para apanhá-los vivos ou

matá-los”. 46

5.5.1 Caça Profissional

A caça profissional era permitida pelo Código de Caça de 1943, mas foi

proibida pela Lei de Proteção à Fauna.

___________45. Art. 7°, Lei n° 5197 de 03 de janeiro de 1967.46. Dicionário Aurélio Buarque de HolandaA caça profissional é aquela que o indivíduo se dedica com o intuito de

lucro, pela venda do animal vivo ou morto, ou dos produtos e subprodutos do

animal.47

5.5.2 Caça de controle

Caça de controle será permitida, mediante licença de autoridade

competente. É aquela que permite a destruição de animais silvestres

considerados nocivos à agricultura ou à saúde pública. 48

A caça de controle tem finalidade de reequilibrar as relações naturais

com os animais, mas a permissão da autoridade competente deve ser

motivada, demonstrando “os perigos concretos ou iminentes, a área de

abrangência, as espécies nocivas e a duração da atividade destruidora”. 49

5.5.3 Caça amadorista

É a caça que é permitida pela nossa legislação.

Devemos ao analisar direito dos animais, pensar que não é correto nem

a caça amadora, pois incide no mesmo erro dos circos, isto é, a diversão

pelo

___________47. www.pr.gov.br/bpflo/fauna.html48. Art. 3°, § 2°, Lei n° 5.197/6749. www.direitodosanimais.hpg.ig.com.br/caça.htmlsofrimento.

A Lei de Proteção à Fauna, previu a formação de clubes e sociedades

amadoristas de caça, mas a Lei do SNUC – Sistema Nacional de Unidades de

Conservação da Natureza, n° 9.985 de 18 de julho de 2000, em seus artigos

18, § 6° e 19 § 3°, proibiu expressamente a caça amadora ou profissional.

Assim, podemos dizer que a caça é inconstitucional, mesmo a que era

autorizada, pois é dever proteger a fauna, vedadas na forma da lei as práticas

que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de

espécies ou submetam os animais à crueldade.50 Entendemos ser

inconstitucional e estarem tacitamente revogadas qualquer modalidade de

caça, pois ferem a proteção constitucional dos animais.

5.5.4 Caça de Subsistência

Caça de subsistência é aquela que os primeiros seres humanos

praticavam, e que os índios ainda praticam nos dias atuais.

Não há previsão legal, embora podemos verificar que o artigo 37 da Lei

n° 9605/98, I, caracteriza excludente de ilicitude o abate de animais para saciar

a fome do agente ou de sua família.

___________50. Art. 225, Constituição Federal5.5.5 Caça científica

Caça científica, é aquela concedida a cientistas, com licença especial

para a coleta de material destinado a fins científicos, em qualquer época. 51

Podemos citar como exemplo, o recolhimento de determinada espécie

para análise de sua origem, comportamento, etc.

Mas, pelos atuais estudos avançados da tecnologia, dificilmente deveria

ser autorizada essa caça, pois situações alternativas são cada vez mais

viáveis, sendo essa prática totalmente desnecessária

5.6 ANIMAIS NAS RUAS

Não havendo proibição, podem os animais circularem livremente pelas ruas.

Os Municípios, em razão de política sanitária, ambiental, ou de segurança,

estabelecem algumas normas para essa circulação de animais.

Animais nocivos, poderão ser eliminados se prejudicarem, mas somente com

autorização prévia da autoridade competente que é federal (IBAMA) e não municipal;

os animais silvestres, serão capturados e devolvidos ao habitat natural; os animais

domésticos, como os cães, são a nossa grande dúvida.

___________51. Art. 14, Lei n° 5197/67

Os que possuem donos, têm direito a circulação acompanhada. Mas, os

que não possuem, denominados, animais vadios, são diversas vezes alvos de

debates. Por não possuírem donos, a responsabilidade será da administração pública,

mas isso não significa que a administração pública poderá tratar de qualquer maneira

esses animais.

Os Municípios, possuem Centros de Controle de Zoonoses (CCZ). Acontece,

que esses CCZ, ou simplesmente “carrocinhas” como são conhecidos, são

verdadeiras penas de morte para esses animais. Não iremos generalizar, pois alguns

municípios, já pensa em campanhas de castração ao invés da matança desenfreada.

Verificamos, que a apreensão desses animais ocorre de modo cruel, por

pessoas despreparadas, que muitas machucam o animal. Após, ficam presos alguns

dias e se não aparecer ninguém para retirá-los serão sacrificados. Ocorre, que o

Poder Publico, não tem o poder de vida ou morte sobre os animais, mas o dever de

zelar por eles.

Pelo nosso estudo prático, pudemos verificar que a realidade é bem diferente

do que deveria, pois falta zelo e embora sabendo da responsabilidade que devem

possuir, seus funcionários pouco se importam com a legislação protetora. A

responsabilidade deveria vir acompanhada de pressupostos morais, pois no intimo do

ser humano, sabemos que não devemos violar o direito a vida (humana ou não). Com

isso, já que verificamos que não poderemos evitar as mortes, devemos ao menos

lutar para que seja pela eutanásia, e por pessoas preparadas.

No canil de São Bernardo do Campo 52, entidades de proteção aos animais,

denunciaram maus tratos onde animais são submetidos a verdadeiras torturas

(anexo).

A veterinária Kenia de Meneses Pinto, fez um laudo afirmando53: “Eles

(funcionários) não sabem a diferença entre uma aplicação intravenosa e uma

intramuscular, o que pode levar o animal a sofrer longo tempo antes de morrer”.

Também afirmou que a medicação utilizada demonstra total falta de preparo. “Um

mililitro para um cachorro pode ser fatal, mas para outro é insignificante”. Verificou a

falta de higiene e inclusive ”um cachorro doente que estava abandonado em um

carrinho de pedreiro”.

No canil da cidade de São Paulo, na época da apuração dos fatos, os animais,

ou são mortos por asfixia (anexo), ou doados para servirem para vivissecção. Há

diversas campanhas de ONG’S lutando para que modifique esse quadro. Em Campos

do Jordão, há fotos de animais mortos em um lixão, enquanto a cidade aguarda a

chegada de turistas (anexo).

Mas, nem tudo é ruim. A cidade de Araraquara, Santo André e algumas outras,

fazem diversas campanhas de castração, onde o objetivo é evitar a proliferação de

“animais vadios”, mas não o seu extermínio.

5.7 – ZOOLÓGICO

DE SÃO PAULO

_________52. www,carrocinhanuncamais.com53. Idem

Desde o dia 24 de janeiro de 2004, diversos animais já morreram no Zoológico

de São Paulo. A Polícia Judiciária e o Ministério Público estão investigando o caso,

mas evitando maiores comentários para não prejudicar o trabalho.

Faremos uma breve exposição dos fatos, com recortes de jornal em anexo.

Segundo exame feito pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), houve a

confirmação de envenenamento dos animais. Na Folha de São Paulo54, dia 16. 04.

2004, a polícia tinha três hipóteses levantadas: “1) doses de veneno de rato teriam

sido levadas para dentro das jaulas pela água da chuva; 2) o veneno chegou aos

bichos nas fezes e nas patas dos ratos; e 3) há um assassino agindo em série no

zoológico”. Na mesma semana, a promotoria começou a investigar o caso. O promotor

Carlos Alberto Sales4, destacou o fato de todos os animais serem herbívoros. “A carne

é mais difícil de ser contaminada. Ração, capim, vegetais e frutas são mais suscetíveis

de contaminação por veneno, dolosa ou acidentalmente.”

A preocupação era evitar mais mortes. Ocorre que, antes do término da

semana, mais nove animais do Zôo de São Paulo foram encontrados mortos. A

bióloga responsável pela alimentação dos animais do Zôo, disse que a necropsia

indicou outras possíveis mortes. A polícia prefere esperar laudos do Instituto de

Criminalística.

__________54. . Reportagem local – Folha de São Paulo – dia 16.02.2004, Cotidiano, C4 –“Animais morreram em menos de uma hora”.

Na Folha55 do dia 26.02.2004, a polícia confirmou a suspeita que o

envenenamento de animais do Zoológico de São Paulo é criminoso e foi cometido por

um grupo, provavelmente formado por cinco pessoas. “Uma das possibilidades é o

envenenamento ter como objetivo desmoralizar a direção do zoológico”. Especialistas

em toxicologia, também desconfiam da hipótese de envenenamento acidental.,

O promotor que investiga o caso, afirmou que: “a pena deve ser bastante

reduzida (A Lei de Crimes Ambientais prevê no máximo a pena de um ano), mas quem

fez isso terá de arcar com uma forte reparação civil, terá de arcar com uma forte

reparação civil, terá de pagar pelo dano patrimonial à Fundação Parque Zoológico e

ao ambiente.” 56

Já o delegado disse que: “se as suspeitas da polícia se confirmarem, os

envolvidos podem ser indiciados por formação de quadrilha e dano ao patrimônio

público. ‘Ainda vamos analisar isso. Se no crime ambiental a pena é pequena,

podemos somar outros artigos’”. 57

Na parte que cuida da alimentação, nas bandejas têm os nomes dos grupos

dos animais, o que facilitaria a escolha daqueles que seriam envenenados.

A Promotoria e a Polícia acreditam que as mortes foram dolosas,

___________55. Gilmar Penteado e Fabiana Leite – Folha de São Paulo – dia 26.02.2004,Cotidiano, C1 – “Para polícia, grupo envenenou animais”.56. Reportagem local – Folha de São Paulo – dia 19.02.2004 – “Promotoria começa ainvestigar casos”.57. Idem – dia 26.02.2004

intencionais, pois: ”morreram espécies em extinção e reprodutoras, que valem muito

no mercado; os quadros de intoxicação foram agudos, o que indica que a dose de

veneno foi calculada para matar; outros 600 herbívoros comiam a mesma alimentação

de parte dos animais mortos e estão bem”.

Cem mortes já foram investigadas desde o dia 24 de janeiro. Aos menos 61

morreram envenenados. O veneno utilizado é o fluoracetato de sódio, que é altamente

letal, age dentro das células, impedindo que elas respirem. Tem a comercialização

proibida no país. Não há antídoto para neutralizar o veneno.58

Embora, a conclusão dos laudos está demorada, esperamos que as

investigações demonstrem quem são os verdadeiros culpados, ou melhor, criminosos;

que a lei realmente seja aplicada com Justiça, e que, possamos ter uma solução para

o caso das mortes no Zoológico, com um final não tão feliz, mas com os criminosos

sendo punidos pelos seus atos.

_______________58.

www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u90773.shtml

6. A Lei 9.605/98 e os crimes contra animais

Faremos comentários sobre os artigos elencados na seção I, capítulo V,

Dos Crimes contra o Meio Ambiente, com base na doutrina estudada.

Podemos afirmar que a objetividade jurídica é a preservação da fauna

silvestre, incluindo fauna nativa, aquática, domésticas ou domesticados, nativos

ou exóticos. É o equilíbrio ecológico advindo da necessária preservação da

fauna. 59

O objeto material é:

◊ artigo 29 os animais da fauna silvestre, ameaçados ou não de

extinção;

◊ no artigo 30, os répteis e os anfíbios. Mais precisamente peles e

couros.

◊ no artigo 31, qualquer espécie animal introduzida no país sem

licença; animal exótico, isto é, estrangeiro, não nativo, vindo de outro

país.60

___________59. Carlos Ernani Constantino - Delitos Ecológicos – P. 12060. Idem◊ no artigo 32, são os animais silvestres, domésticos ou domesticados,

nativos ou exóticos, vítimas de maus tratos;

◊ no artigo 33, as espécies da fauna aquática, quer sejam de água

doce ou salgada;

◊ no artigo 34, as espécies de peixe em período especial,

normalmente de reprodução;

◊ no artigo 35, são todas as espécies da fauna aquática.

O sujeito ativo é qualquer pessoa física ou jurídica, posto que a Lei de

Crimes Ambientais inovou no aspecto de a pessoa jurídica ter responsabilidade

penal (artigo 3°), sendo que a responsabilidade das pessoas jurídicas não

exclui a das pessoas físicas.

O sujeito passivo é a coletividade e a União, uma vez que os animais

são objetos materiais do delito e não sujeitos passivos dele.

O elemento objetivo que nós encontramos são as condutas descritas

nos verbos:

◊ verbos transitivos 61 do cáput do artigo 29, que são matar, perseguir,

caçar, apanhar ou utilizar e outras condutas encontradas no parágrafo primeiro

do respectivo artigo(impedir, modificar, danificar destruir, vender, exportar,

____________61. Verbo transitivo é aquele que necessita de complementação.

adquirir, etc.); matar significa eliminar a vida de; perseguir significa ir ao

encalço de; 62 apanhar tem o sinônimo de pegar ou capturar, seja diretamente

com as mãos ou através de armadilhas;63 utilizar é fazer o uso de.

Por fim, trata-se de crime de ação múltipla ou de conteúdo variado.

◊ a conduta de exportar no artigo 30;

◊ pelo artigo 31 a conduta de introduzir (entrar) ilegalmente no país;

◊ no artigo 32 praticar (efetuar) atos de abuso (uso errado ou

excessivo), maus tratos, ferir (provocar ferimentos) ou mutilar (cortar ou

decepar membros ou partes do corpo), sendo um tipo penal aberto,

encontrando também outras condutas no parágrafo primeiro;

◊ no artigo 33, a conduta de provocar o perecimento (morte) de

espécimes da fauna aquática;

◊ no artigo 34, encontramos diversas condutas: a figura central consiste

em pescar em períodos e/ou lugares proibidos, mas em seus incisos

encontramos algumas tipificações dessa conduta de pescar;

◊ no artigo 35, é a conduta de pescar, porém mediante explosivos ou

substâncias tóxicas.

___________62. Dicionário Aurélio Buarque de Holanda63. Carlos Ernani Constantino – Delitos Ecológicos - P. 115O elemento subjetivo é o dolo, não havendo para os crimes estudados

a conduta culposa.

O elemento normativo é encontrado nas seguintes expressões:64

◊ no artigo 29, “sem a devida permissão, licença ou autorização da

autoridade competente, ou em desacordo com a obtida.”

◊ no artigo 30, “sem a autorização da autoridade competente”.

◊ no artigo 31, “sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida

por autoridade competente”.

◊ no artigo 32, § 1°, “quando existirem recursos alternativos”.

◊ no artigo 33, parágrafo único, II, “sem licença, permissão ou

autorização da autoridade competente”.

◊ no artigo 35, II, “outro meio proibido pela autoridade competente”.

A consumação ocorre:

◊ do artigo 29 ocorre com uma das condutas descritas no tipo penal,

uma vez que o tipo é de ação múltipla;

___________64. José Geraldo da Silva – Leis Penais Especiais Anotadas – p.52 a 58◊ do artigo 30, no momento que a pele ou o couro é remetido para o

exterior;

◊ do artigo 31, no momento que ocorre a introdução do espécime

animal no Brasil;

◊ do artigo 32, citaremos as palavras citadas por Carlos Ernani

Constantino: No cáput: com referência aos verbos ferir ou mutilar, trata-se de

crime de dano, perfazendo-se somente com o efetivo ferimento ou mutilação;

quanto a prática de abusos ou maus-tratos, trata-se de crime de perigo,

consumando-se portanto, com a exposição do objeto material a perigo de dano,

mediante o tratamento abusivo ou violento.

No parágrafo primeiro: aqui, há tanto crime de dano, quanto crime de

perigo; explicaremos melhor: na experiência dolorosa, parece-nos haver delito

de perigo, uma vez que este se consuma com a exposição do objeto material,

ou seja, do animal vivo, a perigo de dano, por meio da dor (a dor em si nem

sempre pressupõe um ferimento); entretanto, na experiência com crueldade,

cremos que haja delito de dano, pois a crueldade em si é, normalmente,

causada por meio de ferimentos ou mutilações. 65

◊ do artigo 33 no cáput ocorre com a morte dos espécimes da fauna

aquática. Os demais incisos tratam de crimes formais e de perigo;

___________65.Carlos Ernani Constantino – Delitos Ecológicos – P. 123◊ do artigo 34 e do artigo 35, com a realização da pesca nas situações

descritas nos tipos penais.

A tentativa é admitida na maioria dos casos. Só não é admitida nas

condutas de perseguir, caçar, pois são crimes de mera conduta, mas depende

também da análise do caso concreto. No caso do artigo 31, os últimos atos

executórios devem ocorrer fora do território nacional.

“A competência para processar e julgar os crimes contra a Fauna era

da Justiça Federal, nos termos da Súmula 91 do STJ. Com o cancelamento da

referida Súmula, os crimes contra a Fauna passaram para a competência em

regra, da Justiça Comum Estadual, mantendo sob a competência da justiça

Federal os crimes que atingirem bens e interesses da União.” 66 Essa súmula

foi cancelada em 08. 11. 2000, conforme publicação do Diário Oficial da União.

O artigo 36, nos explica o que vem a ser para os fins dessa lei, o

vocábulo pesca. Trata-se de uma interpretação autêntica, uma interpretação

dada pelo próprio legislador.

6.1 Normas Penais em Branco

Em matéria de proteção do meio ambiente, tem se utilizado com

freqüência a técnica legislativa denominada norma penal em branco, isto é, o

preceito lacunoso ou incompleto, necessitando da complementação de outros

___________59 - Fernando Capez. Legislação Especial. P. 53-54.

dispositivos legais, que podem ser até mesmo extrapenais.67

Podemos citar no nosso objeto de estudo, as seguintes normas que

necessitam de complementação:

“◊ art. 29, § 4° , I e VI- Não estão discriminadas as espécies raras ou

consideradas em extinção; por igual, não estão definidos os métodos ou

instrumentos capazes de provocar destruição em massa;

◊ Art. 34, cáput e parágrafo único, I e II – não diz qual é o período de

pesca proibida, nem quais os lugares interditados; não fala quais são as

espécies aquáticas que devem ser preservadas ou o tamanho dos espécimes

cuja pesca é proibida; não estabelece a quantidade de pescado permitida, e

quais aparelhos, métodos que não serão permitidos;

◊ Art. 35, I e II, não dá a definição do que são explosivos ou

substancias tóxicas proibidas.

◊ Art. 36 – As listas oficiais devem ser buscadas junto aos órgãos

oficiais de gestão ambiental integrantes do SISNAMA. “68

6.2 Excludentes de ilicitude

___________67 – Édis Milaré Op. Cit. . p.77361. Édis Milare – Direito do Ambiente – P. 773 à 774.O artigo 37, trata nos casos específicos dessa lei, as causas excludentes

da antijuridicidade, onde estabelece algumas hipóteses de estado de

necessidade.

Como a Lei de Crimes Ambientais não nos dá a definição do que é

estado de necessidade, pegaremos a resposta no Código Penal, uma vez que

o artigo 79 da Lei nos autoriza a aplicar subsidiariamente a Lei de Crimes

Ambientais as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.

Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de

perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo

evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstancias, não era

razoável exigir-se.

§. 1° Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal

de enfrentar o perigo.

§. 2° Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a

pena poderá ser reduzida de um a dois terços.69

Encontramos na doutrina o seguinte conceito de estado de necessidade:

”é a situação de perigo atual, não provocado voluntariamente pelo agente, em

que este lesa bem de outrem, para não sacrificar direito seu ou alheio, cujo

sacrifício não podia ser razoavelmente exigido.” 70

Agora veremos, uma a uma, as causas excludentes de ilicitude

encontradas na Lei estudada.

___________69. Art. 24, §§1° e 2°, Código Penal.70. Celso Delmanto. Código Penal Comentado. P. 47O inciso I, trata do abate famélico de animais silvestres. Encontramos

dois bens jurídicos em confronto. De um lado, a vida humana, que necessita se

alimentar, e de outro lado, o equilíbrio ecológico que depende da preservação

dos espécimes existentes na fauna silvestre. Um ser humano, na luta por

sobrevivência, poderá abater um animal para alimentar-se de sua carne. Nesta

hipótese pode ocorrer tanto o estado de necessidade do agente como de

terceiros. Neste caso o fato será típico, mas não antijurídico.

No inciso II o sujeito ativo deverá legal e expressamente obter

autorização da autoridade competente para abater animais predadores ou

destruidores, mesmo que não considerados nocivos, se for para proteger

lavouras, pomares e rebanhos. Mesmo com autorização, esse abate só poderá

ser realizado, quando surgir a necessidade, evidenciada pelo perigo atual ou

iminente do ataque aos bens jurídicos protegidos.

O inciso III foi vetado, pois citava a expressão legítima defesa, e a

mesma não é admitida em Direito Penal contra ataque de animais, mas sim, de

pessoas, pois, a legítima defesa só ocorre frente a uma agressão injusta.

contra ataques de animais portanto, cabe apenas estado de necessidade, j[a

que não são condutas.

O inciso IV nos mostra que não será crime o abate de animal, se este for

nocivo e assim for caracterizado pelo órgão competente. O órgão competente

neste caso é o Ibama, porém este ainda não emitiu qualquer lista oficial do que

é animal nocivo ou não. Mas, mesmo com uma lista de animais considerado

nocivos, só devemos pensar no abate aqueles animais que se aproximarem da

área urbana, ou outros agrupamentos urbanos, gerando um perigo atual ou

iminente à saúde individual ou pública. Em seus abrigos naturais, sem contato

com o ser humano, nenhum mal podem fazer.

Conclusão

Podemos dizer, que com o desenvolvimento desse trabalho os animais

são possuidores de direito, amparados pela Carta Magna do nosso país, e com

Leis Esparsas sobre sua tutela.

O que percebemos, é que na prática, muitos animais sofrem com maus

tratos e atos de crueldade, e que a aplicação da lei ainda é muito precária.

Muitos desconhecem seu conteúdo e não sabem o que fazer quando se vêem

diante de tal situação.

O dia que o homem se conscientizar que animais não são brinquedos,

sentindo fome, dor e medo, certamente viveremos em mundo melhor. As

plantas e os animais, antes da criação do homem, sempre conseguiram se

manter sozinhos. Mas, o homem não consegue sobreviver sem a natureza.

Deve ser buscado o respeito pelos seres vivos de uma maneira em

geral, e a conscientização de que se continuarmos com a vasta degradação

ambiental, não teremos animais para mostrar às nossas gerações futuras,

salvo por fotos e desenhos como acontece com os dinossauros. Devemos dar

valor ao ditado que “só se dá valor a algo quando perdemos”, e assim evitar

que usemos esse ditado com os animais.

Concluímos, então, que necessitamos dos animais, e que a educação

ambiental deve começar em casa, com atitudes das crianças para com seus

animais de estimação.

A lei estudada que trata sobre crimes ambientais, é reflexão de

evolução. Chegou na hora exata para evitar que o caos ocorresse no meio

ambiente. Terminamos, com um apelo: vamos cuidar de nosso planeta, de

animais, e lutar enquanto ainda é tempo.

Anexos:

LEI N° 5.197, de 03 de janeiro de 1967

Dispõe sobre a Proteção à Fauna

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono aseguinte Lei:

Artigo 1° - Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase doseu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro,constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos ecriadouros naturais, são propriedades do Estado, sendo proibido a suautilização, perseguição, destruição, caça ou apanha.

§ 1° - Se peculiaridades regionais comportarem o exercício dacaça, a permissão será estabelecida em ato regulamentador do PoderPúblico Federal.

§ 2° - A utilização, perseguição, caça ou apanha de espécies dafauna silvestre em terras de domínio privado, mesmo quando permitidasna forma do parágrafo anterior, poderão ser igualmente proibidas pelosrespectivos proprietários, assumido estes a responsabilidade dafiscalização de seus domínios. Nestas áreas, para a prática do ato decaça é necessário o consentimento expresso ou tácito dos proprietários,nos termos dos Artigos 594, 595, 596, 597 e 598 do Código Civil.

Artigo 2° - É proibido o exercício da caça profissional.

Artigo 3° - É proibido o comércio de espécimes da fauna silvestree de produtos e objetos que impliquem na sua caça, perseguição,destruição ou apanha.

§ 1° - Excetuam-se os espécimes provenientes de criadourosdevidamente legalizados.

§ 2° - Será permitida, mediante licença da autoridadecompetente, a apanha de ovos, lavras e filhotes que se destinem aosestabelecimentos acima referidos, bem como a destruição de animaissilvestres considerados nocivos à agricultura ou à saúde pública.

Artigo 4° - Nenhuma espécie poderá ser introduzida no País, semparecer técnico oficial favorável e licença expedida na forma da Lei.

Artigo 5° - O Poder Público criará:

a) - Reservas Biológicas Nacionais, Estaduais e Municipais, onde asatividades de utilização, perseguição, caça, apanha, ou introdução deespécimes na fauna e flora silvestre e domésticas, bem comomodificações do meio ambiente a qualquer título são proibidas,ressalvadas as atividades científicas devidamente autorizadas pelaautoridade competente;

b) - Parques de Caça Federais, Estaduais e Municipais, onde oexercício da caça é permitido abertos total ou parcialmente aopúblico, em caráter permanente ou temporário, com fins recreativos,educativos e turísticos.

Artigo 6° - O Poder Público estimulará:

a) - a formação e o funcionamento de clubes e sociedadesamadoristas de caça e de tiro ao vôo, objetivando alcançar o espíritoassociativas para a prática desse esporte;

b) - a construção de criadouros destinados à criação de animaissilvestres para fins econômicos e industriais.

Artigo 7° - A utilização, perseguição, destruição, caça ou apanhade espécimes da fauna silvestre, quando consentidas na forma destaLei, serão considerados atos de caça.

Artigo 8° - O órgão público federal competente, no prazo de 120dias, publicará e atualizará anualmente:

a) - a relação das espécies cujas utilizações, perseguição, caçaou apanha será permitida indicando e delimitando as respectivas áreas;b) - a época e o número de dias em que o ato acima será permitido; c)- a quota diária de exemplares cuja utilização, caça ou apanha serápermitida.

Parágrafo Único - Poderão ser, igualmente, objeto de utilização,caça, perseguição ou apanha os animais domésticos que, porabandono, se tornem selvagens ou ferais.

Artigo 9° - Observado o disposto no Artigo 8° e satisfeitas asexigências legais, poderão ser capturados e mantidos em cativeiro,espécimes da fauna silvestre.

Artigo 10 - A utilização, perseguição, destruição, caça ou apanhade espécimes da fauna silvestre são proibidas:

a) - com visgos, atiradeiras, fundas, bodoques, veneno, incêndioou armadilhas que maltratem a caça;

b) - com armas a bala, a menos de três quilômetros de qualquervia férrea ou rodovia pública;

c) - com armas de calibre 22 para animais de porte superior aotapiti (Sylvilagus brasiliensis);

d) - com armadilhas constituídas de armas de fogo;

e) - nas zonas urbanas, suburbanas, povoadas e nas estânciashidrominerais e climáticas;

f) - nos estabelecimentos oficiais e açudes do domínio público,bem como nos terrenos adjacentes, até a distância de cincoquilômetros;

g) - na faixa de quinhentos metros de cada lado do eixo das viasférreas e rodovias públicas;

h) - nas áreas destinadas à proteção da fauna, da flora e dasbelezas naturais;

i) - nos jardins zoológicos, nos parques e jardins públicos;

j) - fora do período de permissão de caça, mesmo empropriedades privadas;

l) - à noite, exceto em casos especiais e no caso de animaisnocivos;

m) - do interior de veículos de qualquer espécie.

Artigo 11 - Os Clubes ou Sociedades Amadoristas de Caça e deTiro ao Vôo poderão ser organizados distintamente ou em conjunto comos de pesca, e só funcionarão validamente após a obtenção dapersonalidade jurídica, na forma da Lei Civil e o registro no órgãopúblico federal competente.

Artigo 12 - As entidades a que se refere o artigo anterior deverãorequerer licença especial para seus associados transitarem com armade caça e de esporte, para uso em suas sedes, durante o períododefeso e dentro do perímetro determinado.

Artigo 13 - Para exercício da caça, é obrigatória a licença anual,de caráter específico e de âmbito regional, expedida pela autoridadecompetente.

Parágrafo Único - A licença para caçar com armas de fogodeverá ser acompanhada do porte de arma emitido pela Polícia Civil.

Artigo 14 - Poderá ser concedida a cientistas, pertencentes ainstituições científicas, oficiais ou oficializadas, ou por estas indicadas,licença especial para a coleta de material destinado a fins científicos,em qualquer época.

§ 1° - Quando se tratar de cientistas estrangeiros devidamentecredenciados pelo país de origem, deverá o pedido de licença seraprovado e encaminhado ao órgão público federal competente, porintermédio de instituição científica oficial do país.

§ 2° - As instituições a que se refere este artigo, para efeito darenovação anual da licença, darão ciência ao órgão público federalcompetente, das atividades dos cientistas licenciados no ano anterior.

§ 3° - As licenças referidas neste artigo não poderão ser utilizadaspara fins comerciais ou esportivos.

§ 4° - Aos cientistas das instituições nacionais que tenham por Lei,a atribuição de coletar material zoológico, para fins científicos, serãoconhecidas licenças permanentes.

Artigo 15 - O Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas eCientíficas do Brasil ouvirá o órgão público federal competente toda vezque, nos processos e julgamento, houver matéria referente à fauna.

Artigo 16 - Fica instituído o registro das pessoas físicas ou jurídicasque negociem com animais silvestres e seus produtos.

Artigo 17 - As pessoas físicas ou jurídicas, de que trata o artigoanterior, são obrigadas à apresentação de declaração de estoques evalores, sempre que exigida pelas autoridades competentes.

Parágrafo Único - O não cumprimento do disposto neste artigo,além das penalidades previstas nesta Lei obriga o cancelamento doregistro.

Artigo 18 - É proibida a exportação para o exterior, de peles ecouros de anfíbios e répteis, em bruto.

Artigo 19 - O transporte interestadual e para o Exterior, de animaissilvestres, lepidópteros e outros insetos e seus produtos, depende de guiade trânsito, fornecida pela autoridade competente.

Parágrafo Único - Fica isento dessa exigência o materialconsignado a instituições científicas oficiais.

Artigo 20 - As licenças de caçadores serão concedidas mediantepagamento de uma taxa anual equivalente a um décimo do salário-mínimo mensal.

Parágrafo Único - Os turistas pagarão uma taxa equivalente a umsalário-mínimo mensal, e a licença será válida por 30 dias.

Artigo 21 - O registro de pessoas físicas ou jurídicas, a que se refereo Artigo 16, será feito mediante o pagamento de uma taxa equivalentea meio salário-mínimo mensal.

Parágrafo Único - As pessoas físicas ou jurídicas de que trata esteartigo pagarão, a título de licença, uma taxa anual para as diferentesformas de comércio até o limite de um salário-mínimo.

Artigo 22 - O registro de clubes ou sociedades amadoristas, deque trata o Artigo 11, será concedido mediante pagamento de umataxa equivalente a meio salário-mínimo mensal.

Parágrafo Único - As licenças de trânsito com arma de caça e deesporte, referidas no Artigo 12, estarão sujeitas ao pagamento de umataxa anual equivalente a um vigésimo do salário-mínimo mensal.

Artigo 23 - Far-se-á, com a cobrança da taxa equivalente a doisdécimos do salário-mínimo mensal, o registro dos criadouros.

Artigo 24 - O pagamento das licenças, registros e taxas previstosnesta Lei, será recolhido ao Banco do Brasil S.A., em conta especial, acrédito do Fundo Federal Agropecuário, sob o título “Recursos daFauna” .

Artigo 25 - A União fiscalizará diretamente pelo órgão executivoespecífico, do Ministério da Agricultura, ou em convênio com os Estadose Municípios, a aplicação das normas desta Lei, podendo, para tantocriar os serviços indispensáveis.

Parágrafo Único - A fiscalização da caça pelos órgãosespecializados não exclui a ação da autoridade policial ou das ForçasArmadas por iniciativa própria.

Artigo 26 - Todos os funcionários, no exercício da fiscalização dacaça, são equiparados aos agentes de segurança pública, sendo-lhesassegurado o porte de armas.

Artigo 27 - Constitui crime punível com pena de reclusão de 2(dois) a 5 (cinco) anos a violação do disposto nos Artigos 29, 39, 17 e 18desta Lei.

§ 1° - É considerado crime punível com a pena de reclusão de 1(um) a 3 (três) anos a violação do disposto no Artigo 1° e seusparágrafos, 4° e 8° e suas alíneas a, b e c, 10 e suas Alíneas a, b, c, d, e,f, g, h, i, j, l e m, e 14 e seu Parágrafo 3° desta Lei.

§ 2° - Incorre na pena prevista no caput deste artigo quemprovocar, pelo uso direto ou indireto de agrotóxicos ou de qualqueroutra substância química, o perecimento de espécimes da faunaictiológica existente em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou marterritorial brasileiro.

§ 3° - Incide na pena prevista no Parágrafo 1° deste artigo quempraticar pesca predatória, usando instrumento proibido, explosivo, ervaou substância química de qualquer natureza.

§ 4° - Revogado.

§ 5° - Quem, do qualquer maneira, concorrer para os crimesprevistas no caput e no Parágrafo 1° deste artigo incidirá nas penas aeles cominadas.

§ 6° - Se o autor da infração considerada crime nesta Lei forestrangeiro, será expulso do País, após o cumprimento da pena que lhefoi imposta. (VETADO), devendo a autoridade judiciária ouadministrativa remeter, ao Ministério da Justiça, cópia de decisãocominativa da pena aplicada, no prazo de 30 (trinta) dias do trânsitoem julgado de sua decisão.

Artigo 28 - Além das contravenções estabelecidas no artigoprecedente, subsistem os dispositivos sobre contravenções e crimes

previstos no Código Penal e nas demais leis, com as penalidades nelascontidas.

Artigo 29 - São circunstâncias que agravam a pena, afora aquelasconstantes do Código Penal e da Lei das Contravenções Penais, asseguintes:

a) - cometer a infração em período defeso à caça ou durante ànoite;

b) - empregar fraude ou abuso de confiança;

c) - aproveitar indevidamente licença de autoridade;

d) - incidir a infração sobre animais e seus produtos oriundos deáreas onde a caça é proibida.

Artigo 30 - As penalidades incidirão sobre os autores, sejam eles:

a) - direto;

b) - arrendatários, parceiros, posseiros, gerentes, administradores,diretores promitentes compradores ou proprietários das áreas, desdeque praticada por prepostos ou subordinados e no interesse dospreponentes ou dos superiores hierárquicos;

c) - autoridades que por ação ou omissão consentirem na práticado ato ilegal, ou que cometerem abusos do poder.

Parágrafo Único - Em caso de ações penais simultâneas pelomesmo fato, iniciadas por várias autoridades, o Juiz reunirá os processosna jurisdição em que se firmar a competência.

Artigo 31 - A ação penal independe da queixa, mesmo em setratando de lesão em propriedade privada, quando os bens atingidossão animais silvestres e seus produtos, instrumentos de trabalho,documentos e atos relacionados com a proteção da fauna disciplinadanesta Lei.

Artigo 32 - São autoridades competentes para instaurar, presidir eproceder a inquéritos policiais, lavrar autos de prisão em flagrante eintentar a ação penal, nos casos de crimes ou de contravençõesprevistas nesta Lei ou em outras leis que tenham por objeto os animaissilvestres, seus produtos, instrumentos e documentos relacionados comas mesmas indicadas no Código de Processo Penal.

Artigo 33 - A autoridade apreenderá os produtos da caça e/ouda pesca bem como os instrumentos utilizados na infração, e se estes,por sua natureza ou volume, não puderem acompanhar o inquérito,serão entregues ao depositário público local, se houver, e, na sua falta,ao que for narrado pelo Juiz.

Parágrafo Único - Em se tratando de produtos perecíveis, poderãoser os mesmos doados a instituições científicas, penais, hospitais e/oucasas de caridade mais próxima.

Artigo 34 - Os crimes previstos nesta Lei são inafiançáveis e serãoapurados mediante processo sumário, aplicando-se, no que couber, asnormas do TÍTULO II, CAPÍTULO V do Código de Processo Penal.

Artigo 35 - Dentro de dois anos a partir da promulgação desta Lei,nenhuma autoridade poderá permitir a adoção de livros escolares deleitura que não contenham textos sobre a proteção da fauna,aprovados pelo Conselho Federal de Educação.

§ 1° - Os programas de ensino de nível primário deverão conterpelo menos com duas aulas anuais sobre a matéria a que se refere opresente artigo.

§ 2° - Igualmente os programas de rádio e televisão, deverãoincluir textos e dispositivos aprovados pelo órgão público federalcompetente, no limite mínimo de cinco minutos semanais, distribuídosou não, em diferentes dias.

Artigo 36 - Fica instituído o Conselho Nacional de Proteção àFauna, com sede em Brasília, como órgão consultivo e normativo depolítica de proteção à Fauna do País.

Parágrafo Único - O Conselho, diretamente subordinado aoMinistério da Agricultura, terá sua composição e atribuiçõesestabelecidas por decreto do Poder Executivo.

Artigo 37 - O Poder Executivo regulamentará a presente Lei, noque for julgado necessário à sua execução.

Artigo 38 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação,

revogados o Decreto-Lei 5.894, de 20 de Outubro de 1943, e demais

disposições em contrário.

LEI N° 6.938, de 31 de agosto de 1981

Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins emecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono aseguinte lei:

Artigo 1° - Esta Lei, com fundamento no artigo 8°, item XVII, alíneas"c", "h" e "i", da Constituição Federal, estabelece a Política Nacional doMeio Ambiente, seus fins e mecanismo de formulação e a aplicação,

constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente e institui o CadastroTécnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental.

Da Política Nacional do Meio Ambiente

Artigo 2° - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivoa preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambientalpropícia à vida, visando assegurar, no País, condições aodesenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurançanacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos osseguintes princípios:

I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico,considerando o meio ambiente como um patrimônio público a sernecessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o usocoletivo;

II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; elargura;

III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreasrepresentativas;

V - controle e zoneamento das atividades potencial ouefetivamente poluidoras; (duzentos) metros;

VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadaspara o uso nacional e a proteção dos recursos ambientais;

VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;

VIII - recuperação de áreas degradadas;

IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;

X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive aeducação da comunidade, objetivando capacitá-la para participaçãoativa na defesa do meio ambiente.

Artigo 3° - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I - meio ambiente: o conjunto de condições, leis, influências einterações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga erege a vida em todas as suas formas;

II - degradação da qualidade ambiental: a alteração adversadas características do meio ambiente;

III - poluição: a degradação da qualidade ambiental resultantede atividades que direta ou indireta:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar dapopulação;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrõesambientais estabelecidos.

IV - poluidor: a pessoa física ou jurídica, de direito público ouprivado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadorade degradação ambiental;

V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores,superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsoloe os elementos da biosfera.

Dos Objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente

Artigo 4° - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:

I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social coma preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrioecológico;

II - à definição de áreas prioritárias de ação governamentalrelativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interessesda União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dosMunicípios;

III - ao estabelecimento de critérios e padrões da qualidadeambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursosambientais;

IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionaisorientais para o uso racional de recursos ambientais;

V - à difusão de tecnologias de manejo ambiente, à divulgaçãode dados e informações ambientais e à formação de uma consciênciapública sobre a necessidade a necessidade de preservação daqualidade ambiental e do equilíbrio ecológico;

VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais comvistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, correndopara manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;

VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação derecuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, dacontribuição pela utilização de recursos ambientais com finseconômicos.

Artigo 5° - As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambienteserão formulados em normas e planos, destinados a orientar a ação dosGoverno da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos

Municípios no que se relaciona com a preservação da qualidadeambiental e manutenção do equilíbrio ecológico, observados osprincípios estabelecidos no artigo 2° desta Lei.

Parágrafo Único - As atividades empresariais públicas ou privadasserão exercidas em consonância com as diretrizes da Política Nacionaldo Meio Ambiente.

Do Sistema Nacional do meio Ambiente

Artigo 6° - Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do DistritoFederal, dos territórios e dos Municípios, bem como as Fundaçõesinstituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria daqualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do meioAmbiente - SISNAMA, assim estruturado:

I - Órgão Superior: o Conselho Nacional do meio Ambiente -CONAMA, com a função de assistir o Presidente da República naformulação de diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente;

II - Órgão Central: a Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA,do Ministério do Interior, à qual cabe promover, disciplinar e avaliar aimplementação da Política Nacional do Meio Ambiente;

III - Órgãos Setoriais: os órgãos ou entidades integrantes daAdministração Pública Federal Direta ou Indireta, bem como asFundações instituídas pelo Poder Público, cujas atividades estejam, totalou parcialmente, associados às de preservação da qualidadeambiental ou de disciplinamento do uso de recursos ambientais.

IV - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduaisresponsáveis pela execução de programas e projetos e de controle efiscalização das atividades suscetíveis de degradarem a qualidadeambiental;

V - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais responsáveispelo controle e fiscalização dessas atividades, nas ruas respectivasáreas de jurisdição.

§ 1° - Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas desua jurisdição, elaborarão normas supletivas e complementares epadrões relacionados com o meio ambiente, observados os que foremestabelecidos pelo CONAMA.

§ 2° - Os Municípios, observadas as normas e os padrões federais eestaduais, também poderão elaborar as normas mencionadas noparágrafo anterior.

§ 3° - Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais mencionadosneste artigo deverão fornecer os resultados das análises efetuadas e suafundamentação, quando solicitados por pessoa legitimamenteinteressada.

§ 4° - De acordo com a legislação em vigor, é o Poder Executivoautorizado a criar uma Fundação de apoio técnico e científico àsatividades da SEAMA.

Do Conselho Nacional do Meio Ambiente

Artigo 7° - E criado o Conselho Nacional do Meio Ambiente -CONAMA, cuja composição, organização, competência efuncionamento serão estabelecidos, em regulamento, pelo PoderExecutivo.

Parágrafo Único: Integrarão, também, o CONAMA:

a) representantes dos Governos dos Estados, indicados de acordocom o estabelecido em regulamento, podendo ser adotado, umcritério de delegação por regiões, com indicação alternativa dorepresentante comum, garantida sempre a participação de umrepresentante dos Estados em cujo território haja área crítica depoluição, assim considerada por decreto federal;

b) Presidentes das Confederações Nacionais da Indústria, daAgricultura e do Comércio, bem como das Confederações Nacionaisdos Trabalhadores na Indústria, na Agricultura e no Comércio.

c) Presidentes da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária eda Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza;

d) 2 (dois) representantes de Associações legalmente constituídaspara a defesa dos recursos naturais e de combate à poluição, a seremnomeados pelo Presidente da República.

Artigo 8° - Incluir-se-ão entre as competências do CONAMA:

I - estabelecer, mediante proposta da SEMA, normas e critériospara licenciamento de atividades afetiva ou potencialmentepoluidoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado pela SEMA;

II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudosdas alternativas e das possíveis conseqüentes ambientais de projetospúblicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais emunicipais, bem como a entidade privadas, as informaçõesindispensáveis ao exame da matéria;

III - decidir, como última instância administrativa em grau derecurso, mediante depósito prévio sobre as multas e outras penalidadesimpostas pela SEAMA;

IV - homologar acordos visando à transformação de penalidadespuniárias na obrigação de executar medidas de interesse para aproteção ambiental (vetado);

V - determinar, mediante representação da SEMA, a perda ourestrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em

caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participaçãoem linhas de financiamento em estabelecimento oficiais de crédito;

VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais decontrole da poluição por veículos automotores, aeronaves eembarcações, mediante audiência dos Ministérios competentes;

VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle eà manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao usoracional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos.

Dos Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente

Artigo 9° - São instrumentos da Política Nacional do MeioAmbiente:

I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;

II - o zoneamento ambiental;

III - a avaliação de impactos ambientais;

IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva oupotencialmente poluidoras;

V - os incentivos à produção e instalação de equipamento e acriação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria daqualidade ambiental;

VI - a criação de reservas e estações ecológicas, áreas deproteção ambiental e as de relevante interesse ecológico, pelo PoderPúblico Federal, Estadual e Municipal;

VII - O sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;

VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e instrumentos dedefesa ambiental;

IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não-cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dedegradação ambiental.

Artigo 10 - A construção, instalação, ampliação e funcionamentode estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais,considerados efetiva ou potencialmente poluidores, bem como oscapazes sob qualquer forma, de causar degradação ambiental,dependerão de prévio licenciamento por órgão estadual competente,integrante do SISNAMA, sem prejuízo de outras licenças exigíveis.

§ 1° - Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectivaconcessão serão publicados no jornal oficial do Estado, bem como emum periódico regional ou local de grande circulação.

§ 2° - Nos casos e prazos previstos em resolução do CONAMA, olicenciamento de que trata este artigo dependerá de homologação daSEAMA.

§ 3° - O órgão estadual do meio ambiente e a SEAMA, esta emcaráter supletivo, poderão, se necessário e sem prejuízo daspenalidades pecuniárias cabíveis, determinar a redução das atividadesgeradoras de poluição, para manter as emissões gasosas, os efluenteslíquidos e os resíduos sólidos dentro das condições e limites estipuladosno licenciamento concedido.

§ 4° - Caberá exclusivamente ao Poder Executivo Federal, ouvidosos Governos Estadual e Municipal interessados, o licenciamento previstono "caput" deste artigo quando relativo a pólos petroquímicos, bemcomo a instalações nucleares e outras definidas em lei.

Artigo 11 - Compete à SEMA propor ao CONAMA normas epadrões para implantação, acompanhamento e fiscalização dolicenciamento previsto no artigo anterior, além das que forem oriundasdo próprio CONAMA.

§ 1° - A fiscalização e o controle da aplicação de critérios, normase padrões de qualidade ambiental serão exercidos pela SEMA, emcaráter supletivo da atuação do órgão estadual e municipalcompetentes.

§ 2° - Inclui-se na competência da fiscalização e controle aanálise de projetos de entidades, públicas ou privadas, objetivando àpreservação ou à recuperação de recursos ambientais, afetados porprocessos de exploração predatórios ou poluidores.

Artigo 12 - As entidades e órgãos de financiamento e incentivosgovernamentais condicionarão a aprovação de projetos habilitados aesses benefícios ao licenciamento, na forma desta Lei, e aocumprimento das normas, dos critérios e dos padrões expedidos peloCONAMA.

Parágrafo Único - As entidades e órgãos referidos no "caput" desteartigo deverão fazer constar dos projetos a realização de obras eaquisição de equipamentos destinados ao controle de degradaçãoambiental e à melhoria da qualidade do meio ambiente.

Artigo 13 - O Poder Executivo incentivará as atividades voltadaspara o meio ambiente, visando:

I - ao desenvolvimento, no País, de pesquisas e processostecnológicos destinados a reduzir a degradação da qualidadeambiental;

II - à fabricação de equipamento antipoluidores;

III - a outras iniciativas que propiciem a racionalização do uso derecursos ambientais.

Parágrafo Único - Os órgãos, entidades e programas do PoderPúblico, destinados ao incentivo das pesquisas científicas etecnológicas, considerarão, entre as suas metas prioritárias, o apoio aosprojetos em que visem a adquirir e desenvolver conhecimentos básicose aplicáveis na área ambiental e ecológica.

Artigo 14 - Sem prejuízo das penalidades pela legislação federal,estadual e municipal, o não-cumprimento das medidas necessárias àpreservação ou correção dos inconvenientes e danos causados peladegradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:

I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, nomínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveisdo Tesouro Nacional - ORTN’s, agravada em casos de reincidênciaespecífica, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua cobrançapela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal,Territórios ou pelos Municípios;

II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscaisconcedidos pelo Poder Público;

III - à perda ou suspensão de participação em linhas definanciamento em estabelecimentos oficiais de crédito;

IV - à suspensão de sua atividade.

§ 1° - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas nesteartigo, é o poluidor obrigado, independentemente de existência deculpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e aterceiros, efetuados por sua atividade. O competência Público daUnião e dos Estados terá legitimidade para propor ação deresponsabilidade civil e criminal por danos causados ao meio ambiente.

§ 2° - No caso da omissão da autoridade estadual ou municipal,caberá ao Secretário do Meio Ambiente a aplicação das penalidadespecuniárias previstas neste artigo.

§ 3° - Nos casos previstos nos incisos II e III deste artigo, o atodeclaratório da perda, restrição ou suspensão será atribuição daautoridade administrativa ou financeira, cumprindo resolução doCONAMA.

§ 4° - Nos casos de poluição provocada pelo derramamento oulançamento de detritos ou óleo em águas brasileiras, por embarcaçõesr terminais marítimos ou fluviais, prevalecerá o disposto na Lei n° 5.357,de 17 de Novembro de 1967.

Artigo 15 - É da competância exclusiva do Presidente daRepública a suspensão prevista no inciso IV do artigo por anterior porprazo superior a 30 (trinta) dias.

§ 1° - O Ministro de Estado do Interior, mediante proposta doSecretário do Meio Ambiente e/ou por provocação dos Governos

locais, poderá suspender as atividades referidas neste artigo por prazonão excedente a 30 (trinta) dias.

§ 2° - Da decisão proferida com base no parágrafo anteriorcaberá recurso, com efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, parao Presidente da República.

Artigo 16 - Os Governantes dos Estados, do Distrito Federal e dosTerritórios poderão adotar medidas de emergência, visando a reduzir,nos limites necessários, ou paralisar, pelo prazo máximo de 15 (quinze)dias, as atividades poluidoras.

Parágrafo Único - Da decisão proferida com base neste artigo,caberá recurso, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, aoMinistro do interior.

Artigo 17 - É instituído sob a administração da SEMA, o CadastroTécnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental,para registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que dediquem àconsultoria técnica sobre problemas ecológicos ou ambientais àconsultoria técnica sobre problemas ecológicos ou ambientais e àindústria ou comércio de equipamentos, aparelhos e instrumentosdestinados ao controle de atividades efetiva ou potencialmentepoluidoras.

Artigo 18 - São transformadas em reservas ou estaçõesecológicas, sob a responsabilidade da SEMA, as florestas e as demaisformas de vegetação natural de preservação permanente,relacionadas no artigo 2° da Lei n° 4.771, de 15 de Setembro de 1995 -Código Florestal, e os pousos das aves de arribação protegidas porconvênios, acordos ou tratados assinados pelo Brasil com outras nações.

Parágrafo Único - As pessoas físicas ou jurídicas que, de qualquermodo, degradarem reservas ou estações ecológicas, bem como outrasáreas declaradas como relevante interesse ecológico, estão sujeitas àspenalidades previstas no artigo 14 desta Lei.

Artigo 19 - (Vetado).

Artigo 20 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Artigo 21 - Revogam-se as disposições em contrário.

Lei n.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998

Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadasde condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outrasprovidências.

O Presidente da República

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eusanciono a seguinte Lei:

Capítulo I

Disposições Gerais

Art. 1º. (VETADO)

Art. 2º. Quem, de qualquer forma, concorre para a práticados crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, namedida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, omembro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, opreposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da condutacriminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podiaagir para evitá-la.

Art. 3º. As pessoas jurídicas serão responsabilizadasadministrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, noscasos em que a infração seja cometida por decisão de seurepresentante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, nointeresse ou benefício de sua entidade.Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui adas pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.

Art. 4º. Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídicasempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento deprejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

Art. 5º. (VETADO)

Capítulo IIDa Aplicação da Pena

Art. 6º. Para imposição e gradação da penalidade, aautoridade competente observará:I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suasconseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente;II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislaçãode interesse ambiental;III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.

Art. 7º. As penas restritivas de direitos são autônomas esubstituem as privativas de liberdade quando:I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa deliberdade inferior a quatro anos;II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social epersonalidade do condenado, bem como os motivos e ascircunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficientepara efeitos de reprovação e prevenção do crime.Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere esteartigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade

substituída.

Art. 8º. As penas restritas de direito são:I - prestação de serviços à comunidade;II - interdição temporária de direitos;III - suspensão parcial ou total de atividades;IV - prestação pecuniária;V - recolhimento domiciliar.

Art. 9º. A prestação de serviços à comunidade consiste naatribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardinspúblicos e unidade conservação e, no caso de dano da coisaparticular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível.

Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são aproibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receberincentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como participarde licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, ede três anos, no de crimes culposos.

Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quandoestas não estiverem obedecendo às prescrições legais.

Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento emdinheiro à vitima ou à entidade pública ou privada com fim social, deimportância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nemsuperior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago serádeduzido do montante de eventual reparação civil a que forcondenado o infrator.

Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se naautodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, quedeverá, sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exerceratividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários defolga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradiahabitual, conforme estabelecido na sentença condenatória.

Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontâneareparação do dano, ou limitação significativa da degradaçãoambiental causada;III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente dedegradação ambiental;

IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e docontrole ambiental.

Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quandonão constituem ou qualificam o crime:I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;II - ter o agente cometido a infração:a) para obter vantagem pecuniária;b) coagindo outrem para a execução material da infração;c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde públicaou o meio ambiente;d) concorrendo para danos à propriedade alheia;e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, porato do Poder Público, a regime especial de uso;f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;g) em período de defeso à fauna;h) em domingos ou feriados;i) à noite;j) em épocas de seca ou inundações;l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura deanimais;n) mediante fraude ou abuso de confiança;o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorizaçãoambiental;p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, porverbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais dasautoridades competentes;r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensãocondicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação apena privativa de liberdade não superior a três anos.

Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2ºdo art. 78 do Código Penal será feita mediante laudo de reparaçãodo dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverãorelacionar-se com a proteção ao meio ambiente.. A redação do § 2º do art. 78 é a seguinte:"Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade defazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe foreminteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência doparágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadascumulativamente:a) proibição de freqüentar determinados lugares;b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorizaçãodo juiz;

c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, parainformar e justificar suas atividades.(A redação do art. 59, é a seguinte: "Art. 59. O juiz, atendendo àculpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidadedo agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime,bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conformeseja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:I - as penas aplicáveis, dentre as cominadas;II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;III - a substituição da pena privativa de liberdade, por outra espécie depena, se cabível."

Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios doCódigo Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valormáximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valorda vantagem econômica auferida.

Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental,sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado paraefeitos de prestação de fiança e cálculo de multa.Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cívelpoderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se ocontraditório.

Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre quepossível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos causadospela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelomeio ambiente.Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, aexecução poderá efetuar-se pelo valor fixado nos termos do caput,sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamentesofrido.

Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa oualternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto noart. 3º, são:I - multa;II - restritivas de direitos;III - prestação de serviços à comunidade.

Art. 22. As penas restritivas de direito da pessoa jurídicasão:

I - suspensão parcial ou total de atividades;II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obtersubsídios, subvenções ou doações.§ 1º. A suspensão de atividades será aplicada quando estas nãoestiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares,relativas à proteção do meio ambiente.§ 2º. A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ouatividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou emdesacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ouregulamentar.§ 3º. A proibição de contratar com o Poder Público e dele obtersubsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo dedez anos.

Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pelapessoa jurídica consistirá em:I - custeio de programas e de projetos ambientais;II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;III - manutenção de espaços públicos;IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.

Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada,preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar aprática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidaçãoforçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime ecomo tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.

Capítulo IIIDa Apreensão do Produto e do Instrumento deInfração Administrativa ou de Crime

Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seusprodutos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos.§ 1º. Os animais serão libertados em seu habitat ou entregues a jardinszoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, desde que fiquemsob a responsabilidade de técnicos habilitados.§ 2º. Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estesavaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais eoutras com fins beneficentes.§ 3º. Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serãodestruídos ou doados a instituições científicas, culturais oueducacionais.§ 4º. Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos,garantida a sua descaracterização através da reciclagem.

Capítulo IVDa ação e do Processo Penal

Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a açãopenal é pública incondicionada.Parágrafo único. (VETADO)

Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencialofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva dedireitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei n.º 9.099, de 26 de setembrode 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido aprévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 damesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade.. A redação dos arts. 74 e 76 é a seguinte, respectivamente:"Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e,homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia detítulo a ser executado no juízo civil competente.Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada oude ação penal pública condicionada à representação, o acordohomologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ourepresentação.Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de açãopenal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, oMinistério Público poderá propor a aplicação imediata de penarestritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.§ 1º. Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juizpoderá reduzi-la até a metade.§ 2º. Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, àpena privativa de liberdade, por sentença definitiva;II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cincoanos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos desteartigo;III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e apersonalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias,ser necessária e suficiente a adoção da medida.§ 3º. Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, serásubmetida à apreciação do Juiz.§ 4º. Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor dainfração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que nãoimportará em reincidência, sendo registrada apenas para impedirnovamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.§ 5º. Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelaçãoreferida no artigo 82 desta Lei.(A redação do art. 82 é a seguinte: "Art. 82 Da decisão de rejeição dadenúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá serjulgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeirograu de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.§ 1º. A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados daciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor,por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido dorecorrente.

§ 2º. O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no prazode dez dias.§ 3º. As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fitamagnética a que alude o § 3º do artigo 65 desta Lei.(A redação do parágrafo 3º do art. 65, é a seguinte: "3º. Serão objetode registro escrito exclusivamente os atos havidos por especiais. Osatos realizados em audiência de instrução e julgamento poderão sergravados em fita magnética ou equivalente.")§ 4º. As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pelaimprensa.§ 5º. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, asúmula do julgamento servirá de acórdão.§ 6º. A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo nãoconstará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os finsprevistos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aosinteressados propor ação cabível no juízo cível."

Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei n.º 9.099, de 26 desetembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivodefinidos nesta Lei, com as seguintes modificações:I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5º doartigo referido no caput, dependerá de laudo de constatação dereparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade previstano inciso I do § 1º do mesmo artigo;II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sidocompleta a reparação, o prazo de suspensão do processo seráprorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido no caput,acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição;Ill - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dosincisos II, III e IV do § 1º do artigo mencionado no caput;IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novolaudo de constatação de reparação do dano ambiental, podendo,conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período desuspensão, até o máximo previsto no inciso II deste artigo, observado odisposto no inciso III;V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração deextinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação quecomprove ter o acusado tomado as providências necessárias àreparação integral do dano."A redação do art. 89 é a seguinte:Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ouinferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público,ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, pordois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendoprocessado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentesos demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional dapena (artigo 77 do Código Penal).(A redação do art. 77 do Código Penal, é a seguinte: "Art. 77. Aexecução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois)

anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) anos a 4 (quatro) anos, desdeque:I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social epersonalidade do agente, bem como os motivos e as circunstânciasautorizem a concessão do benefício;III - não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 desteCódigo.§ 1º. A condenação anterior a pena de multa não impede aconcessão do benefício.§ 2º. A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 4(quatro) anos, poderá ser suspensa, por 4 (quatro) a 6 (seis) anos,desde que o condenado seja maior de 70 (setenta) anos de idade."§ 1º. Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença doJuiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo,submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintescondições:I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;II - proibição de freqüentar determinados lugares;III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, semautorização do Juiz;IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, parainformar e justificar suas atividades.§ 2º. O Juiz poderá especificar outras condições a que ficasubordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situaçãopessoal do acusado.§ 3º. A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiáriovier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivojustificado, a reparação do dano.§ 4º. A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a serprocessado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprirqualquer outra condição imposta.§ 5º. Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta apunibilidade.§ 6º. Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão doprocesso.§ 7º. Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, oprocesso prosseguirá em seus ulteriores termos.

Capítulo VDos Crimes contra o Meio Ambiente

Seção IDos Crimes contra a Fauna

Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimesda fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devidapermissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou emdesacordo com a obtida:Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.

§ 1º. Incorre nas mesmas penas:I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ouem desacordo com a obtida;II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouronatural;III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem emcativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimesda fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos eobjetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ousem a devida permissão, licença ou autorização da autoridadecompetente.§ 2º. No caso de guarda doméstica de espécie silvestre nãoconsiderada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando ascircunstâncias, deixar de aplicar a pena.§ 3º. São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes àsespécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas outerrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendodentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionaisbrasileiras.§ 4º. A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, aindaque somente no local da infração;II - em período proibido à caça;III - durante a noite;IV - com abuso de licença;V - em unidade de conservação;VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocardestruição em massa.§ 5º. A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercíciode caça profissional.§ 6º. As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca.

Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios erépteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambientalcompetente.Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecertécnico oficial favorável e licença expedida por autoridadecompetente:Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilaranimais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.§ 1º. Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa oucruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos,

quando existirem recursos alternativos.§ 2º. A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte doanimal.

Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes oucarreamento de materiais, o perecimento de espécimes da faunaaquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águasjurisdicionais brasileiras:Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambascumulativamente.Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações deaqüicultura de domínio público;II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas,sem licença, permissão ou autorização da autoridade competente;III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquernatureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamentedemarcados em carta náutica.

Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibidaou em lugares interditados por órgão competente:Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penascumulativamente.Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes comtamanhos inferiores aos permitidos;II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante autilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos nãopermitidos;III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimesprovenientes da coleta, apanha e pesca proibidas.

Art. 35. Pescar mediante a utilização de:I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzamefeito semelhante.II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridadecompetente.Pena - reclusão de um a cinco anos.

Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todoato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturarespécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetaishidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico,ressalvadas as espécies ameaçados de extinção, constantes nas listasoficiais de fauna e da flora.

Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado:I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou desua família;II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória oudestruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizadopela autoridade competente;Ill - (VETADO)IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgãocompetente.

Seção IIDos Crimes contra a Flora

Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada depreservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la cominfringência das normas de proteção:Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penascumulativamente.Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida àmetade.

Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada depreservação permanente, sem permissão da autoridade competente:Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penascumulativamente.

Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades deConservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto 99.274. de 6de junho de 1990, independentemente de sua localização:Pena - reclusão, de um a cinco anos.§ 1º. Entende-se por Unidades de Conservação as Reservas Biológicas,Reservas Ecológicas, Estações Ecológicas, Parques Nacionais, Estaduaise Municipais, Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais, Áreas deProteção Ambiental, Áreas de Relevante Interesse Ecológico eReservas Extrativistas ou outras a serem criadas pelo Poder Público.§ 2º. A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas deextinção no interior das Unidades de Conservação será consideradacircunstância agravante para a fixação da pena.§ 3º. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade."A redação do art. 27 do Decreto n.º 99.274/90 é a seguinte:" Art. 27. Nas áreas circundantes das Unidade de Conservação, numraio de dez quilômetros, qualquer atividade que possa afetar a biotaficará subordinada às normas do Conama.

Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis

meses a um ano, e multa.

Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões quepossam provocar incêndios nas florestas e demais formas devegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamentohumano:Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penascumulativamente.

Art. 43. (VETADO)

Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ouconsideradas de preservação permanente, sem prévia autorização,pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais:Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei,assim classificada por ato do Poder Público, para fins industriais,energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não,em desacordo com as determinações legais:Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.

Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ouindustriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origemvegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgadapela autoridade competente, e sem munir-se da via que deveráacompanhar o produto até o final beneficiamento:Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe àvenda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvãoe outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo otempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridadecompetente.

Art. 47. (VETADO)

Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural deflorestas e demais formas de vegetação:Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquermodo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ouem propriedade privada alheia:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas aspenas cumulativamente.Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, oumulta.

Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadasou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangue, objeto deespecial preservação:Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 51. Comercializar motoserra ou utilizá-la em florestas enas demais formas de vegetação, sem licença ou registro daautoridade competente:Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservaçãoconduzindo substâncias ou instrumentos próprios para caça ou paraexploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença daautoridade competente:Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena éaumentada de um sexto a um terço se:I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo oua modificação do regime climático;II - o crime é cometido:a) no período de queda das sementes;b) no período de formação de vegetações;c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que aameaça ocorra somente no local da infração;d) em época de seca ou inundação;e) durante a noite, em domingo ou feriado.

Seção IIIDa Poluição e outros Crimes Ambientais

Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveistais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ouque provoquem a mortandade de animais ou a destruiçãosignificativa da flora:Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.§ 1º. Se o crime é culposo:Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.§ 2º. Se o crime:I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupaçãohumana;

II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda quemomentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danosdiretos à saúde da população;III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção doabastecimento público de água de uma comunidade;IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, oudetritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com asexigências estabelecidas em leis ou regulamentos:Pena - reclusão, de um a cinco anos.§ 3º. Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quemdeixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente,medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ouirreversível.

Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursosminerais sem a competente autorização, permissão, concessão oulicença, ou em desacordo com a obtida:Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperara área pesquisada ou explorada, nos ternos da autorização,permissão, licença, concessão ou determinação do órgãocompetente.

Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar,comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter emdepósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva àsaúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com asexigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos:Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.§ 1º. Nas mesmas penas incorre quem abandona os produtos ousubstâncias referidos no caput, ou os utiliza em desacordo com asnormas de segurança.§ 2º. Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena éaumentada de um sexto a um terço.§ 3º. Se o crime é culposo:Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 57. (VETADO)

Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penasserão aumentadas:I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora ou aomeio ambiente em geral;II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de naturezagrave em outrem;

III - até o dobro, se resultar a morte de outrem.Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo somente serãoaplicadas se do fato não resultar crime mais grave.

Art. 59. (VETADO)

Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazerfuncionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos,obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ouautorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando asnormas legais e regulamentares pertinentes:Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penascumulativamente.

Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies quepossam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aosecossistemas:Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Seção IVDos Crimes contra o OrdenamentoUrbano e o Patrimônio Cultural

Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisãojudicial;II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalaçãocientífica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisãojudicial:Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a umano de detenção, sem prejuízo da multa.

Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação oulocal especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisãojudicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico,artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico oumonumental, sem autorização da autoridade competente ou emdesacordo com a concedida:Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou noseu entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico,ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico,etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridadecompetente ou em desacordo com a concedida:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 65. Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcaredificação ou monumento urbano:Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.Parágrafo único. Se o ato for realizado em monumento ou coisatombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, apena é de seis meses a um ano de detenção, e multa.

Seção VDos Crimes contra a Administração Ambiental

Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ouenganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamentoambiental:Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 67. Conceder o funcionário público licença,autorização ou permissão em desacordo com as normas, ambientais,para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de atoautorizativo do Poder Público:Pena - detenção, de um a três anos, e multa.Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a umano de detenção, sem prejuízo da multa.

Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratualde fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental:Pena - detenção, de um a três anos, e multa.Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a umano, sem prejuízo da multa.

Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do PoderPúblico no trato de questões ambientais:Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Capítulo VIDa Infração Administrativa

Art. 70. Considera-se infração administrativa ambientaltoda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo,promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.§ 1º. São autoridades competentes para lavrar auto de infraçãoambiental e instaurar processo administrativo os funcionários de órgãosambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente -SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, bem como os

agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.§ 2º. Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigirrepresentação às autoridades relacionadas no artigo anterior, paraefeito do exercício do seu poder de polícia.§ 3º. A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infraçãoambientar é obrigada a promover a sua apuração imediata,mediante processo administrativo próprio, sob pena de co-responsabilidade.§ 4º. As infrações ambientais são apuradas em processo administrativopróprio, assegurado o direito de ampla defesa e o contraditório,observadas as disposições desta Lei.

Art. 71. O processo administrativo para apuração deinfração ambiental deve observar os seguintes prazos máximos:I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação contra oauto de infração, contados da data da ciência da autuação;II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de infração,contados da data da sua lavratura apresentada ou não a defesa ouimpugnação;III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão condenatória àinstância superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA,ou à Diretoria de Portos e Costas, do Ministério da Marinha de acordocom o tipo de autuação;IV - cinco dias para o pagamento de multa, contados da data dorecebimento da notificação.

Art. 72. As infrações administrativas são punidas com asseguintes sanções, observado o disposto no art. 6º:I - advertência;II - multa simples;III - multa diária;IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora,instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquernatureza utilizados na infração;V - destruição ou inutilização do produto;VI - suspensão de venda e fabricação do produto;VII - embargo de obra ou atividade;XIIII - demolição de obra;IX - suspensão parcial ou total das atividades;X - (VETADO)XI - restritiva de direitos.§ 1º. Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações,ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas.§ 2º. A advertência será aplicada pela inobservância das disposiçõesdesta Lei e da legislação em vigor, ou de preceitos regulamentares,sem prejuízo das demais sanções previstas neste artigo.§ 3º. A multa simples será aplicada sempre que o agente, pornegligência ou dolo:

I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar desaná-las, no prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA oupela Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha,II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou daCapitania dos Portos, do Ministério da Marinha.§ 4º. A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação,melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.§ 5º. A multa diária será aplicada sempre que o cometimento dainfração se prolongar no tempo.§ 6º. A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do caputobedecerão ao disposto no art. 25 desta Lei.§ 7º. As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadasquando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento nãoestiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares.§ 8º. As sanções restritivas de direito são:I - suspensão de registro, licença ou autorização;II - cancelamento de registro, licença ou autorização;III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamentoem estabelecimentos oficiais de crédito;V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo períodode até três anos.

Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de multaspor infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do MeioAmbiente, criado pela Lei n.º 7.797, de 10 de julho de 1989, FundoNaval, criado pelo Decreto nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932, fundosestaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos, conformedispuser o órgão arrecadador.

Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, metrocúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com oobjeto jurídico lesado.

Art. 75. O valor da multa de que trata este Capitulo seráfixado no regulamento desta Lei e corrigido periodicamente, combase nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo omínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais) e o máximo de R$50.000.000,00(cinqüenta milhões de reais).

Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados,Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal namesma hipótese de incidência.

Capítulo VIIDa Cooperação Internacional para aPreservação do Meio Ambiente

Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordempública e os bons costumes, o Governo brasileiro prestara, no queconcerne ao meio ambiente, a necessária cooperação a outro país,sem qualquer ônus, quando solicitado para:I - produção de prova;II - exame de objetos e lugares;Ill - informações sobre pessoas e coisas;IV - presença temporária da pessoa presa, cujas declarações tenhamrelevância para a decisão de uma causa;V - outras formas de assistência permitidas pela legislação em vigor oupelos tratados de que o Brasil seja parte.§ 1º. A solicitação de que trata este inciso será dirigida ao Ministério daJustiça, que a remeterá, quando necessário, ao órgão judiciáriocompetente para decidir a seu respeito, ou a encaminhará àautoridade capaz de atendê-la.§ 2º. A solicitação deverá conter:I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante;II - o objeto e o motivo de sua formulação;III - a descrição sumária do procedimento em curso no país solicitante;IV - a especificação da assistência solicitada;V - a documentação indispensável ao seu esclarecimento, quando foro caso.

Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta Lei eespecialmente para a reciprocidade da cooperação internacional,deve ser mantido sistema de comunicações apto a facilitar ointercâmbio rápido e seguro de informações com órgãos de outrospaíses.

Capítulo VIIIDisposições Finais

Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei asdisposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.

Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, osórgãos ambientais integrantes do SISNAMA, responsáveis pelaexecução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização dosestabelecimentos e das atividades suscetíveis de degradarem aqualidade ambiental, ficam autorizados a celebrar, com força de títuloexecutivo extrajudicial, termo de compromisso com pessoas físicas oujurídicas responsáveis pela construção, instalação, ampliação efuncionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras derecursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente

poluidores1.§ 1º O termo de compromisso a que se refere este artigo destinar-se-á,exclusivamente, a permitir que as pessoas físicas e jurídicasmencionadas no caput possam promover as necessárias correções desuas atividades, para o atendimento das exigências impostas pelasautoridades ambientais competentes, sendo obrigatório que orespectivo instrumento disponha sobre:I - o nome, a qualificação e o endereço das partes compromissadas edos respectivos representantes legais;II - o prazo de vigência do compromisso, que, em função dacomplexidade das obrigações nele fixadas, poderá variar entre omínimo de noventa dias e o máximo de três anos, com possibilidadede prorrogação por igual período;III - a descrição detalhada de seu objeto, o valor do investimentoprevisto e o cronograma físico de execução e de implantação dasobras e serviços exigidos, com metas trimestrais a serem atingidas;IV - as multas que podem ser aplicadas à pessoa física ou jurídicacompromissada e os casos de rescisão, em decorrência do não-cumprimento das obrigações nele pactuadas;V - o valor da multa de que trata o inciso anterior não poderá sersuperior ao valor do investimento previsto;VI - o foro competente para dirimir litígios entre as partes.§ 2º No tocante aos empreendimentos em curso até o dia 30 demarço de 1998, envolvendo construção, instalação, ampliação efuncionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras derecursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmentepoluidores, a assinatura do termo de compromisso deverá serrequerida pelas pessoas físicas e jurídicas interessadas, até o dia 31 dedezembro de 1998, mediante requerimento escrito protocolizado juntoaos órgãos competentes do SISNAMA, devendo ser firmado pelodirigente máximo do estabelecimento.§ 3° Da data da protocolização do requerimento previsto noparágrafo anterior e enquanto perdurar a vigência do correspondentetermo de compromisso, ficarão suspensas, em relação aos fatos quederam causa à celebração do instrumento, a aplicação de sançõesadministrativas contra a pessoa física ou jurídica que o houver firmado.§ 4º A celebração do termo de compromisso de que trata este artigonão impede a execução de eventuais multas aplicadas antes daprotocolização do requerimento.§ 5º Considera-se rescindido de pleno direito o termo de compromisso,quando descumprida qualquer de suas cláusulas, ressalvado o casofortuito ou de força maior.§ 6º O termo de compromisso deverá ser firmado em até noventa dias,contados da protocolização do requerimento.§ 7º O requerimento de celebração do termo de compromisso deveráconter as informações necessárias à verificação da sua viabilidadetécnica e jurídica, sob pena de indeferimento do plano.§ 8º Sob pena de ineficácia, os termos de compromisso deverão serpublicados no órgão oficial competente, mediante extrato.

Art. 80. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazode noventa dias a contar de sua publicação.

Art. 81. (VETADO)

Art. 81. Revogam-se as disposições em contrário.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DOS ANIMAIS

PREÂMBULO

Considerando que todo o animal possui direitos, Considerando que odesconhecimento e o desprezo destes direitos têm levado e continuam a levar ohomem a cometer crimes contra os animais e contra a natureza,Considerando que o reconhecimento pela espécie humana do direito à existência dasoutras espécies animais constitui o fundamento da coexistência das outras espéciesno mundo,Considerando que os genocídios são perpetrados pelo homem e há o perigo decontinuar a perpetrar outros.Considerando que o respeito dos homens pelos animais está ligado ao respeito doshomens pelo seu semelhante,Considerando que a educação deve ensinar desde a infância a observar, acompreender, a respeitar e a amar os animais,

PROCLAMA-SE O SEGUINTE:

Art. 1º - Todos os animais nascem iguais perante a vida e têm osmesmos direitos à existência.

Art.2º1.Todo o animal tem o direito a ser respeitado.2.O homem, como espécie animal, não pode exterminar os outros animais ouexplorá-los violando esse direito; tem o dever de pôr os seus conhecimentos aoserviço dos animais.3.Todo o animal tem o direito à atenção, aos cuidados e à proteção do homem.

Art.3º1.Nenhum animal será submetido nem a maus tratos nem a atos cruéis.2.Se for necessário matar um animal, ele deve de ser morto instantaneamente,sem dor e de modo a não provocar-lhe angústia.

Art.4º1.Todo o animal pertencente a uma espécie selvagem tem o direito de viverlivre no seu próprio ambiente natural, terrestre, aéreo ou aquático e tem odireito de se reproduzir.2.toda a privação de liberdade, mesmo que tenha fins educativos, é contrária aeste direito.

Art.5º1.Todo o animal pertencente a uma espécie que viva tradicionalmente no meioambiente do homem tem o direito de viver e de crescer ao ritmo e nascondições de vida e de liberdade que são próprias da sua espécie.2.Toda a modificação deste ritmo ou destas condições que forem impostas pelohomem com fins mercantis é contrária a este direito.

Art.6º1.Todo o animal que o homem escolheu para seu companheiro tem direito auma duração de vida conforme a sua longevidade natural.2.O abandono de um animal é um ato cruel e degradante.

Art. 7º - Todo o animal de trabalho tem direito a uma limitação razoávelde duração e de intensidade de trabalho, a uma alimentação reparadora e aorepouso.

Art.8º1.A experimentação animal que implique sofrimento físico ou psicológico éincompatível com os direitos do animal, quer se trate de uma experiênciamédica, científica, comercial ou qualquer que seja a forma de experimentação.2.As técnicas de substituição devem de ser utilizadas e desenvolvidas.

Art. 9º - Quando o animal é criado para alimentação, ele deve de seralimentado, alojado, transportado e morto sem que disso resulte para ele nemansiedade nem dor.

Art.10º1.Nenhum animal deve de ser explorado para divertimento do homem.2.As exibições de animais e os espetáculos que utilizem animais são incompatíveiscom a dignidade do animal.

Art. 11º - Todo o ato que implique a morte de um animal semnecessidade é um biocídio, isto é um crime contra a vida.

Art.12º1.Todo o ato que implique a morte de um grande número de animais selvagensé um genocídio, isto é, um crime contra a espécie.2.A poluição e a destruição do ambiente natural conduzem ao genocídio.

Art.13º1.O animal morto deve de ser tratado com respeito.2.As cenas de violência de que os animais são vítimas devem de ser interditasno cinema e na televisão, salvo se elas tiverem por fim demonstrar umatentado aos direitos do animal.

Art.14º1.Os organismos de proteção e de salvaguarda dos animais devem estarpreservados a nível governamental.2.Os direitos do animal devem ser defendidos pela lei como os direitos dohomem.

(*)A Declaração Universal dos Direitos dos Animais foi proclamada pelaUNESCO em sessão realizada em Bruxelas, Bélgica, em 27 de Janeiro de 1978

Fotos de crueldades com animais

Bibliografia

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Penais Especiais Anotadas. 4 ed. Campinas: Millennium, 2003.

Tráfico Animal. Isto É. São Paulo, n. 1.646, 18.04.2001, p. 80 – 83

Novo Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, 1° ed. , 15° impressão São Paulo

:nova fronteira, 1975

Animais morreram em menos de uma hora Jornal folha de São Paulo –

cotidiano reportagem local – dia 16.02.04

Promotoria começa a investigar casos Jornal folha de São Paulo – cotidiano

reportagem local – dia 19.02.04

Zoologico de SP registra mais nove mortes Jornal folha de São Paulo –

cotidiano reportagem local – dia 20.02.04

Para a policia, grupo envenenou animais. Jornal folha de São Paulo –

cotidiano Gilmar Penteado, Fabiane Leite – dia 26.02.04

Zoo confirma envenenamento de 56 animais Jornal folha de São Paulo –

cotidiano reportagem local – dia 27.02.04

http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u90773.shtm1

http://www.direitodosanimais.hpg.ig.com.br

http://www.apasfa.org

http://www.carrocinhanuncamais.com

http://www.pr.gov.br

http://www.ibama.gov.br/duvidas/lei _9605.htm

http://www.geocities.com/rainforest/2813/ambiente/declaracao.htm

http://www.suipa.org.br/portal/crueldades_outras.asp

A meus pais, razão da minha

existência e principais responsáveis por

minha formação profissional. A Mãe

Natureza, que nos deu a Terra de

presente, e que devemos preservar

sempre tudo o que ela nos proporciona de

bom. E, aos animais, nossos

companheiros no planeta.

Meus sinceros agradecimentos:

A Deus, por dar forças e coragem

nos momentos difíceis; ao professor

Antonio José Eça, por incentivar esse

tema; a minha orientadora Ilma Calixtho,

pela paciência no decorrer do ano e lições

de sabedoria; ao Rodrigo, pelo carinho,

compreensão e cooperação constante; e

aos meus avós (ele “in memorian”), por

terem me ensinado a amar e respeitar

verdadeiramente os animais.

SINOPSE

O Meio Ambiente passou por diversas degradações, onde podemos

observar uma vasta degradação da natureza. O reino animal está perdendo

seu habitat natural, e espécies estão entrando em extinção. Com isso passou

a questionar sobre O Direito dos Animais.

O homem tem o direito de gostar de um animal, mas o dever de

respeitá-lo, pois estes não são meramente coisas como afirma o Código Civil.

Os animais, têm servido os homens desde o início, mas sua essência

está em serem parceiros, não escravos, sendo submetidos a maus tratos.

Possuem direito à integridade física, moral e o que é mais importante: a vida.

Nós dependemos dos animais, a natureza depende dos animais, enfim o

Planeta Terra depende dos animais.

Nossa exposição pretende demonstrar a importância dos animais, e

principalmente seus direitos.

SUMÁRIO

Introdução...................................................................................................................01

1. Meio Ambiente.................................................................................................04

1.1 Desenvolvimento Econômico e Consciência Ecológica ............................05

1.2 Direito Ambiental ............................................................................................07

1.3 Referências Constitucionais .........................................................................09

1.3.1 Principais referências explícitas sobre o

meio ambiente e em especial a fauna...........................................................09

2. Proteção dos animais.....................................................................................12

2.1 Importância dos animais.................................................................................12

2.2 Princípios sobre o Direito dos Animais.........................................................14

2.2.1 Princípio da Subsistência...............................................................................14

2.2.2 Princípio do Respeito Integral........................................................................15

2.2.3 Princípio da representação adequada...........................................................15

2.3 Natureza Jurídica dos Animais......................................................................16

3. Os Direitos dos Animais.................................................................................18

3.1. Fundamento do Direito dos Animais.............................................................20

3.1.1. Fundamento Natural........................................................................................20

3.1.2 Fundamento Moral...........................................................................................21

3.1.3 Fundamento da Necessidade.........................................................................22

4. Tutela Penal......................................................................................................24

4.1. Pena e sua aplicação......................................................................................24

4.1 Pena Privativa de Liberdade..........................................................................25

4.2 Penas Restritivas de Direito...........................................................................26

4.3 Pena de multa..................................................................................................26

5. Crueldade contra os Animais.........................................................................29

5.1. Circos...............................................................................................................29

5.2 Rodeios............................................................................................................30

5.3 Vivissecção......................................................................................................31

5.4 Caça..................................................................................................................33

5.5.1 Caça Profissional............................................................................................33

5.5.2 Caça de controle..............................................................................................34

5.5.3 Caça amadorista..............................................................................................34

5.5.4 Caça de Subsistência......................................................................................35

5.5.5 Caça científica..................................................................................................36

5.6 Animais nas Ruas........................................................................................... 36

5.7 Zoológico de São Paulo..................................................................................38

6. A Lei 9.605/98 e os crimes contra animais....................................................42

6.1 Normas Penais em Branco.............................................................................47

6.2 Excludentes de ilicitude..................................................................................48

Conclusão........................................................................................................52

Anexos..............................................................................................................54

Bibliografia.......................................................................................................89