alimentação animal no período seco

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  • 8/14/2019 Alimentao Animal no Perodo Seco

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    ISSN 0103-9334

    Utilizao Estratgica das PastagensDurante o Perodo Seco

    Na Amaznia Ocidental, a explorao pecuria, seja de corte ou leite, tem naspastagens cultivadas a fonte mais econmica para a alimentao dos rebanhos, asquais, na maioria so formadas por gramneas. Na poca chuvosa, geralmente, hmaior disponibilidade de forragem de boa qualidade, o que assegura a obteno dendices zootcnicos satisfatrios. No entanto, na poca seca ocorre o oposto e, comoconseqncia, a baixa disponibilidade de forragem afeta seriamente o desempenhoanimal, implicando em perda de peso, declnio acentuado da produo de leite,diminuio da fertilidade e enfraquecimento geral do rebanho.

    A suplementao alimentar, durante o perodo de estiagem, torna-se indispensvel,visando amenizar o dficit nutricional do rebanho. Dentre as diversas alternativastecnicamente viveis para assegurar um melhor padro alimentar dos rebanhos

    durante a poca de escassez de forragem, a utilizao de capineiras, dos bancos-de-protena, da cana-de-acar + uria e do diferimento de pastagens so as queapresentam maior praticidade e economicidade.

    Capineiras

    O capim-elefante (Pennisetum purpureumSchum.), devido ao fcil cultivo, elevadaproduo de matria seca, bom valor nutritivo, resistncia a pragas e doenas, almda boa palatabilidade, tem sido a forrageira mais utilizada para a formao decapineiras na Amaznia Ocidental.

    A capineira deve ser localizada em terreno plano ou pouco inclinado, bem drenado e

    prximo ao local de distribuio do capim aos animais. A rea deve ser destocada,arada e gradeada para facilitar o desenvolvimento da planta e as atividades demanuteno e utilizao. Em geral, um hectare de capineira, bem manejada, podefornecer forragem para alimentar 10 a 12 vacas durante o ano.

    Nos solos cidos a calagem deve ser realizada pelo menos 60 dias antes do plantio,aplicando 1,5 a 3,0 t/ha de calcrio dolomtico (PRNT = 100%). No plantio recomenda-se a aplicao de 80 kg de P2O5/ha. A adubao orgnica poder ser feita utilizando-se10 a 30 t/ha de esterco bovino, no sulco de plantio, o que equivale a cerca de 50 a 70carroas de esterco/ha. Aps cada corte deve-se aplicar 5 t/ha de esterco e,anualmente, 50 kg de P2O5/ha. Caso a anlise qumica do solo apresente valoresbaixos de potssio (< 45 ppm), sugere-se aplicar 60 kg de K2O/ha, sendo metade noplantio e metade aps o segundo corte.

    O plantio deve ser realizado no incio do perodo chuvoso. As mudas devem ser retiradasde plantas com idade entre 3 e 12 meses. Deve-se aparar as plantas e retirar as folhas paraque ocorra uma melhor brotao. A quantidade de mudas necessrias para o plantio variade acordo com o espaamento. No sistema de duas estacas/cova, no espaamento de 1,0m entre sulcos e 0,8 m entre covas, necessita-se cerca de 25.000 estacas de 2 a 3 ns/ha.As mudas devem ser colocadas horizontalmente em sulcos com 10 a 15 cm deprofundidade. Em mdia, um hectare fornece mudas para o plantio de 10 ha de capineira.As cultivares recomendadas so Cameroon, Mineiro e Pioneiro.

    A freqncia entre cortes afeta marcadamente a produo de forragem, valor nutritivo,potencial de rebrota e persistncia (vida til da capineira). O primeiro corte aps o plantiodeve ser realizado quando as plantas estiverem bem entouceiradas, o que ocorre cerca de90 dias aps o plantio. Os cortes devem ser realizados a intervalos de 45 a 60 dias ou

    Circ

    ula

    Tcnica

    65

    PortoVelho, ROMaro, 2003

    Autores

    Newton de Lucena CostaEng. Agrn., M.Sc.,

    Embrapa Rondnia, Caixa Postal 406,CEP 78900-970, Porto Velho, RO

    E-mail: [email protected] .

    Claudio Ramalho TownsendZootecnista, M.Sc., Embrapa Rondnia.E-mail: [email protected].

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    Utilizao Estratgica das Pastagens Durante o Perodo Seco2

    quando as plantas atingirem de 1,5 a 1,8 m de altura(Gonalves & Costa, 1986a,b).

    A altura de corte em relao ao solo depende do nvelde fertilidade e umidade do solo. Quando as condiespara as brotaes basilares forem satisfatrias (solo bemadubado ou de alta fertilidade natural), o corte pode serfeito rente ao solo; caso contrrio, deve ser efetuadoentre 20 a 30 cm acima do solo (Gonalves & Costa,1986c). Os melhores resultados so obtidos com cortesfeitos com terado, foice ou enxada. Cortes mecanizadospodem prejudicar a longevidade da capineira. Nascondies edafoclimticas da Amaznia Ocidental, osrendimentos de forragem do capim-elefante variam entre6 e 10 t/ha/corte de matria seca.

    Para facilitar o manejo a capineira deve ser divididaem talhes. Cada talho deve ser totalmente utilizadonuma semana e deve descansar por um perodo entre45 e 60 dias at o prximo corte. Quanto menor o

    perodo de descanso maior ser o valor nutritivo emenor a produo de forragem. Se um talho no forcompletamente utilizado em uma semana, o seu restodeve ser colhido e o material fornecido a outrosanimais ou distribudos na rea como cobertura morta,visando no comprometer obom manejo da capineira. Por exemplo: para um

    rebanho leiteiro de 25 vacas seria necessrio 2,5 hade capineira, a qual poderia ser dividida em oitotalhes principais mais dois de reserva para situaescrticas. Deste modo, utilizando-se um talho a cadasete dias, o perodo de descanso entre cortes, nummesmo talho, seria de 49 dias. Neste caso, ostalhes poderiam ter uma rea de 2.500 m2 (50 x 50m).

    Apesar da capineira fornecer altas produes deforragem durante o perodo seco, seu maior rendimentoocorre durante o perodo chuvoso, quandonormalmente as pastagens apresentam altadisponibilidade de forragem. No entanto, se na pocachuvosa a capineira no for manejada, a gramnea ficarpassada e com baixo valor nutritivo (muita fibra e poucaprotena). Logo, quando for utilizado durante o perodo deestiagem no proporcionar efeitos positivos naprodutividade animal. A utilizao da capineira deve sersuspensa no final do perodo chuvoso (maro-abril),

    visando o acmulo de forragem de boa qualidade parautilizao durante o perodo seco. Em Rondnia, Costa(1989), para capineiras de capim-elefante cv. Cameroondiferidas em abril e utilizadas em julho e agosto, obtiveramrendimentos de MS de 5,71 e 6,11 t/ha, teores de PB de8,32 e 7,84% e coeficientes de digestibilidade in vitrodaMS de 58,24 e 53,76%, respectivamente (Tabelas 1,2 e3).

    Tabela 1. Rendimento de matria seca verde (t/ha) de capim-elefante cv. Cameroon, em funo das pocas dediferimento e utilizao. Vilhena, Rondnia.

    pocas de utilizaopocas dediferimento Junho Julho Agosto Setembro

    Fevereiro A 7,38 b A 8,47 a A 7,14 bc AB 6,15 bcMaro B 6,05 b A 7,98 a A 7,33 a A 6,77 abAbril C 3,95 c B 5,71 a A 6,11 a B 5,04 ab

    - Mdias seguidas de mesma letra, maisculas na coluna e minsculas na linha, no diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey.

    Tabela 2. Teores de protena bruta (%) de capim-elefante cv. Cameroon, em funo das pocas de diferimento eutilizao. Vilhena, Rondnia.

    pocas de utilizaopocas dediferimento Junho Julho Agosto Setembro Mdia

    Fevereiro 7,52 7,10 6,27 5,76 6,66 bMaro 8,21 7,63 7,20 6,30 7,34 aAbril 8,88 8,32 7,84 6,97 7,88 a

    Mdia 8,20 a 7,68 b 7,10 b 6,34 c- Mdias seguidas de mesma letra no diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey.

    Tabela 3. Coeficientes de digestibilidade "in vitro" da matria seca verde de capim- elefante cv. Cameroon, emfuno das pocas de diferimento e utilizao. Vilhena, Rondnia.

    pocas de utilizaopocas dediferimento Junho Julho Agosto Setembro Mdia

    Fevereiro 55,12 51,01 48,71 44,10 49,74 cMaro 58,64 54,95 50,08 48,37 53,01 bAbril 63,19 58,24 53,76 51,85 56,76 aMdia 58,98 a 54,73 b 50,85 c 48,11 c- Mdias seguidas de mesma letra no diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey.

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    Utilizao Estratgica das Pastagens Durante o Perodo Seco 3

    Capim-elefante sob Pastejo

    O manejo do capim-elefante atravs de cortes nemsempre acessvel a todos os produtores, surgindoa utilizao sob pastejo como uma alternativabastante vivel, tanto em cultivo puro como emconsorciao com leguminosas forrageiras. Devido

    alta produo de nutrientes, o capim-elefanteproporciona elevadas produes de leite ou carnepor animal e por rea, desde que sejam adotadasprticas de manejo adequadas. No pastejo, possvel manter quatro a cinco vacas por hectare,nmero de animais superior aos que as pastagensformadas com outras gramneas suportam.

    A rea da pastagem definida em funo donmero de animais e da carga animal (UA/ha - 1UA = 450 kg de peso vivo) a ser utilizada. Apastagem deve ser dividida em piquetes. AEmbrapa Gado de Leite recomenda dividir em 11

    piquetes de forma que os animais pastejam trsdias em cada piquete, com descanso de 30 dias.As divises internas devem ser com cerca eltrica,que consiste de um s fio de arame liso na alturade 1 m, com suportes distanciados de 10 a 15 m.Os esticadores so colocados a 50 m ou mais umdo outro. A cerca de contorno deve ser a comumcom arame farpado. A fonte de energia pode sereltrica, bateria ou energia solar.

    Quando as plantas atingirem 160 cm a 180 cm de

    altura, deve-se fazer um pastejo suave para

    uniformizao da pastagem, seguida de uma roagem

    realizada a 20 cm de altura. Os animais devem entrar

    no pasto quando o capim estiver com altura entre 1,50

    m-1,70 m. Nessa altura obtm-se maior equilbrio

    entre produo e qualidade da forragem disponvel.

    Devido as altas taxas de crescimento do capim-

    elefante, recomenda-se a utilizao de carga animal

    entre 4 e 5 UA/ha. Em Rondnia, para pastagens de

    capim-elefante cultivar Mineiro consorciado com

    Pueraria phaseoloides, os maiores rendimentos de

    matria seca e protena bruta, bem como altura de

    plantas satisfatrias para o pastejo, foram obtidas com

    a utilizao de 2 a 3 UA/ha com 42 dias de descansono perodo chuvoso e, 1 a 2 UA/ha, com 28 a 42 dias

    de descanso, respectivamente, durante o perodo de

    estiagem.

    Os animais devem ser retirados da pastagem quandoas plantas estiverem com 0,80 a 1,00 m de altura,levando-se em conta o desfolhamento da pastagem.Deve-se deixar um resduo de 15 a 20% de folha, parapermitir uma rebrota mais rpida, mas

    sempre com permanncia dos animais em torno de

    trs dias em cada piquete. No h necessidade de

    roar o capim aps a sada dos animais dos piquetes.As poucas folhas que permanecem nos caules

    favorecem a uma recuperao mais rpida da

    pastagem. Caso o resduo de forragem aps o pastejo

    seja elevado aps os trs dias de utilizao, os

    animais podem permanecer mais tempo ou utilizar

    outros animais, como vacas secas ou novilhas, para

    ajudar a consumir a forragem ainda disponvel. Na

    Embrapa Gado de Leite, utilizando-se capim-elefante

    cv. Pioneiro sob pastejo rotativo foram obtidas

    produes de 10 e 12 litros de leite/vaca/dia, com

    lotao de 5 vacas por hectare e ganhos de peso

    entre 800 e 1.000g/animal/dia para gado de corte.

    Bancos-de-protena

    A utilizao de leguminosas forrageiras surge como a

    alternativa mais vivel para assegurar um bom padro

    alimentar dos animais, notadamente durante o perodo

    seco, j que estas, em relao s gramneas,

    apresentam alto contedo protico, melhor

    digestibilidade e maior resistncia ao perodo seco.Alm disso, face capacidade de fixao do

    nitrognio da atmosfera, incorporam quantidades

    considerveis deste nutriente, contribuindo para a

    melhoria da fertilidade do solo. As leguminosas podem

    ser utilizadas para a produo de feno, farinha para

    aves e sunos, como cultura restauradora da

    fertilidade do solo, consorciadas com gramneas ou

    plantadas em piquetes exclusivos denominados de

    bancos-de-protena.

    Espcies RecomendadasNa escolha de uma leguminosa para a formao de

    bancos-de-protena deve-se considerar sua

    produtividade de forragem, composio qumica,

    palatabilidade, competitividade com as plantas

    invasoras, persistncia, alm da tolerncia a pragas e

    doenas. Para as condies edafoclimticas de

    Rondnia, as espcies recomendadas so amendoim-

    forrageiro (Arachis pintoi), acacia (Acacia

    angustissima), guandu (Cajanus cajan), leucena

    (Leucaena leucocephala), pueraria (Pueraria

    phaseoloides), desmdio (Desmodium ovalifolium),

    centrosema (Centrosema macrocarpum), stylosantes

    (Stylosanthes guianensis) e calopognio

    (Calopogonium mucunoides), cujas principais

    caractersticas agronmicas esto apresentadas na

    Tabela 4.

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    Utilizao Estratgica das Pastagens Durante o Perodo Seco4

    Tabela 4. Caractersticas agronmicas das leguminosas forrageiras recomendadas para a formao de bancos-de-protena na Amaznia Ocidental.

    Leguminosas Resistncia secaTolerncia ao

    encharcamentoExigncia em

    solo PalatabilidadeHbito de

    crescimento

    Leucena alta baixa mdia/alta alta arbustivoGuandu alta baixa mdia/alta alta arbustivoStilosanthes alta baixa baixa alta ereto/semi-ereto

    Centrosema mdia mdia baixa/mdia alta prostradoArachis baixa alta mdia/alta alta prostradoPueraria baixa/mdia mdia baixa mdia/alta prostradoCalopognio baixa mdia baixa baixa/mdia prostradoDesmodio alta baixa/mdia baixa baixa/mdia decumbenteAccia mdia/alta baixa/mdia baixa alta arbustivo

    Estabelecimento

    O preparo do solo atravs da arao e gradagem

    constitui o melhor recurso para o estabelecimento das

    leguminosas, alm de facilitar as prticas de

    manuteno e manejo. No entanto, pode-se realizar o

    plantio em reas no destocadas aps a queima da

    vegetao. Os mtodos de plantio podem ser lano,

    em linhas ou em covas, manual ou

    mecanicamente. A profundidade de semeadura

    deve ser de 2 a 5 cm, pois, em geral, as

    leguminosas forrageiras apresentam sementes

    pequenas. A densidade de semeadura depende da

    qualidade das sementes (valor cultural), do mtodo

    de plantio e do espaamento utilizado (Tabela 5).

    Tabela 5. Nmero de sementes/kg, espaamento entre linhas e densidade de semeadura de leguminosasforrageiras recomendadas para a formao de bancos-de-protena.

    Densidade de semeadura (kg/ha)Leguminosas Sementes/kg Espaamentoentre linhas (m) Lano Linhas

    Arachis 8.300 0,5 - 1,0 ---- 8,0 - 12,0Accia 95.000 1,0 - 2,0 4,0 - 6,0 3,0 - 4,0

    Calopognio 66.000 0,5 - 1,0 3,0 - 4,0 2,0 - 3,0Centrosema 41.800 0,5 - 1,0 4,0 - 6,0 3,0 - 4,0Desmodio 500.000 0,5 - 1,0 2,0 - 3,0 1,5 - 2,0Guandu 16.400 1,0 - 2,0 ---- 12,0 - 15,0Leucena 26.400 1,0 - 2,0 ---- 10,0 - 20,0Pueraria 88.000 0,5 - 1,0 3,0 - 4,0 2,0 - 3,0Stylosanthes 338.800 0,5 - 1,0 2,0 - 4,0 1,5 - 2,0

    Quebra de dormncia das sementes

    A maioria das leguminosas tropicais apresenta alta

    percentagem de sementes duras, ou seja, que no

    germinam logo aps a semeadura. Em geral, essapercentagem situa-se entre 60 e 90% e a dormncia

    devida a presena de uma cobertura impermevel

    penetrao da gua, o que impede a germinao. Em

    condies naturais, a cobertura torna-se gradualmente

    permevel e ocorre a germinao de uma certa

    proporo de sementes a cada perodo, o que

    contribui para assegurar a

    sobrevivncia da espcie, principalmente em regiesonde ocorrem secas prolongadas (Seiffert & Thiago,1983; Seiffert, 1984).

    A escarificao causa o rompimento da pelcula das

    sementes, o que ir aumentar a permeabilidade gua e, consequentemente, estimular a germinao.Esta ruptura poder ser obtida por diversos mtodosmecnicos, qumicos ou fsicos, que dependem dascaractersticas da leguminosa. Na Tabela 6 soapresentados os principais mtodos de quebra dedormncia utilizados em leguminosas forrageirastropicais.

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    Tabela 6. Mtodos de quebra de dormncia de sementes de leguminosas forrageiras tropicais.

    Leguminosas Mtodos de escarificao Germinao (%)

    Accia a) imerso em gua a 80C por cinco minutos 90

    Arachis No necessita de quebra de dormncia ---

    Calopognio a) imerso em cido sulfrico concentrado por 20 minutos 90b) imerso em soluo de soda castica a 20% por 20 minutos 90c) imerso em gua fervente por 10 minutos 40

    Centrosema a) imerso em cido sulfrico concentrado por 7 minutos 95b) imerso em soluo de soda castica a 20% por 10 minutos 90c) imerso em gua a 80C por 10 minutos 90

    Leucena a) imerso em cido sulfrico concentrado por 20 minutos 95b) imerso em soluo de soda castica a 20% por 1 hora 90c) imerso em gua a 80C por cinco minutos 80

    Desmdio a) imerso em gua a 80C por 5 minutos 85

    Guandu No necessita de quebra de dormncia ---

    Pueraria a) imerso em cido sulfrico concentrado por 25 minutos 90b) imerso em soluo de soda castica a 20% por 30 minutos 90

    c) imerso em gua a 80C por 5 minutosStylosantes a) imerso em cido sulfrico concentrado por 10 minutos 95

    b) imerso em soluo de soda castica a 20% por 5 minutos 90c) imerso em gua fervente por 10 segundos 90

    Fonte: Seiffert, 1984.

    Manejo

    A rea a ser plantada depende da categoria e do nmerode animais a serem suplementados, de suas exignciasnutritivas e da disponibilidade e qualidade da forragem daspastagens. Normalmente, o banco de protena deve

    representar de 10 a 15% da rea da pastagemcultivada com gramneas.Recomenda-se suautilizao com vacas em lactao ou animaisdestinados engorda. Em mdia, um hectare temcondies de alimentar satisfatoriamente 15 a 20 e de10 a 15 animais adultos, respectivamente durante osperodos chuvoso e seco.

    O perodo de pastejo deve ser de uma a duas horas/dia, durante a poca chuvosa, preferencialmente apsa ordenha matinal. Gradualmente, medida que oorganismo dos animais se adapta ao elevado teorprotico da leguminosa, o perodo de pastejo pode ser

    aumentado para duas a quatro horas/dia,principalmente durante o perodo seco, quando aspastagens apresentam baixa disponibilidade equalidade de forragem. Perodos superiores a quatrohoras/dia podem ocasionar distrbios metablicos(timpanismo ou empazinamento), notadamentedurante a estao chuvosa, em funo dos altosteores de protena da leguminosa. Dois a trs mesesantes do final do perodo chuvoso, recomenda-sedeixar a leguminosa em descanso para que acumuleforragem para utilizao durante a poca seca, a qualdeve estar em torno de duas a trs t/ha de matriaseca. Quando os animais tm livre acesso eo pastejo no controlado, deve-se ajustar a cargaanimal, de modo que a forragem produzida seja bemdistribuda durante o perodo de suplementao.

    Neste caso, o pastejo poderia ser realizado em diasalternados ou trs vezes/semana. Em Rondnia, autilizao de bancos de protena com Desmodiumovalifolium, em complemento a pastagens deBrachiaria brizanthacv. Marandu, resultou emprodues de 7,25 e 7,43 kg de leite/vaca/dia,

    respectivamente para os perodos chuvoso e seco, asquais superaram quelas obtidas por vacaspastejando apenas a gramnea (7,03 e 6,50 kgleite/vaca/dia).

    Cana-de-acar + uria

    A mistura cana-de-acar (Saccharum officinarumL.)mais a uria um suplemento alimentar para o gadobovino, cujos ingredientes servem como fonte deenergia e protena. Para a obteno de melhores

    resultados do uso da cana mais uria fundamentalque existam pastagens com boa disponibilidade deforragem, ou seja, bastante pasto seco. A cana-de-acar uma cultura perene, relativamente fcil deser implantada e manejada, que apresenta baixo custode produo. Pode atingir rendimentos de at 120 t dematria verde por hectare (36 t de matria seca ecerca de 15 t de nutrientes digestveis totais/ha),atravs de cortes realizados a cada 12 a 18 meses,coincidindo com o perodo seco (junho a setembro).Nesse perodo a disponibilidade e a qualidade deforragem das pastagens cultivadas so limitantes aobom desempenho animal, havendo a necessidade de

    suplementao alimentar do rebanho para que sejamobtidos bons nveis de produtividade. Sendo a cana-de-acar mais uria uma excelente alternativa, paraesse fim.

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    Utilizao Estratgica das Pastagens Durante o Perodo Seco6

    Ao contrrio das demais gramneas tropicais, a canamantm seu valor nutritivo por perodos relativamentelongos, pois a medida que vai atingindo suamaturao (12 a 18 meses) aumenta a concentraode sacarose (acar), que representa uma excelentefonte de energia de alta degradabilidade no rmen dosbovinos. No entanto, deve-se considerar que a cana uma forrageira que apresenta baixos teores deprotena (1,5 a 3% na MS) e minerais, principalmentede clcio, fsforo e enxofre. Tambm contm cerca de50% de fibra de baixa digestibilidade, fatores queinterferem negativamente sobre o desempenho deanimais alimentados exclusivamente com cana.

    A fim de minimizar estas deficincias, deve-seadicionar cana-de-acar alimentos que venhamsuprir estes nutrientes, desta forma a incluso de uria cana picada vem sendo bastante utilizada edifundida em outras regies do pas, apresentandoresultados bastante satisfatrios sobre o desempenho

    de vacas em lactao e novilhas em crescimento.

    A escolha da variedade a ser cultivada defundamental importncia, pois deve ser adaptada scondies edafoclimticas da regio e apresentar asseguintes caractersticas: capacidade produtiva,elevada concentrao de sacarose (acar), pouco ounenhum florescimento (pendoamento) e resistncia apragas e doenas.

    Por ser de fcil aquisio a custo relativamente baixo

    e tomando-se as devidas precaues, a uria tem sido

    bastante difundida como fonte de nitrognio no

    protico (NNP) a ser adicionada cana picada. Auria contm 45% deste elemento, portanto, a sua

    incluso em 1% na cana picada aumenta os teores de

    protena bruta na MS de 3 para cerca de 11%.

    As bactrias existentes no rmen dos bovinos socapazes de transformar o NNP da uria em protenamicrobiana, para tanto utilizam a energia provenienteda cana e do enxofre. Como a cana-de-acar deficiente deste mineral (0,03% na MS), hnecessidade da incluso de fontes de enxofre a uria,mantendo-se a relao N:S em 14:1. Sugerem-se as

    seguintes misturas: 50 kg de uria (9 par tes) mais5,5 kg de sulfato de amnia(1 parte) ou 50 kg de uria (8 partes) mais 12,5 kgsulfato de clcio-gesso (2 partes). A mistura deve ficarbem homognea, ensacada e armazenada em localseco, fora do alcance dos animais.

    Fornecimento

    Na colheita da cana as folhas secas devem serretiradas, mantendo-se as ponteiras, colhendo-sequantidade suficiente para o fornecimento de nomximo dois dias, armazenado-se em local ventilado e

    sombra, pois pode fermentar, o que diminui apalatabilidade e consumo. A cana s ser triturada nomomento do fornecimento aos animais.

    No incio do fornecimento de cana mais uria maisfonte de enxofre, os animais devem passar por umperodo de adaptao (7 dias), quando se acrescenta0,5% de uria mais fonte de enxofre diluda em 4 litrosde gua, na cana picada, aps este perodo passa-sea fornecer 1%. Caso o fornecimento venha a serinterrompido por mais de um dia os animais deveroser novamente adaptados, animais em jejum oudebilitados no devem receber a mistura.

    A mistura cana mais uria deve ser fornecida avontade (vacas em lactao podem consumir at 20kg/dia da mistura, quando fonte exclusiva devolumoso). As sobras deixadas no cocho de um diapara outro devem ser jogadas fora. Durante ofornecimento da cana mais uria manter sempre adisposio dos animais gua e mistura mineral de boaqualidade, pois a cana-de-acar deficiente emalguns minerais, como fsforo, clcio, zinco emangans. Os cochos devem ser bem dimensionados

    (espaamento mnimo de 0,70 m/animal), com fundoperfurado para permitir o escoamento da gua.

    Esquema de fornecimento

    Do primeiro ao stimo dia, misturar 100 kg de canapicada mais 0,5 kg de uria, diludas em quatro litrosde gua. A partir do oitavo dia, misturar 100 kg decana picada mais 1,0 kg de uria, diludas em quatrolitros de gua. A uria mais a fonte de enxofre devemser bem diludas em quatro litros de gua e com oauxlio de um regador, distribuir uniformemente sobrea cana picada.

    Cuidados no fornecimento

    Se todas as recomendaes forem seguidas,dificilmente ocorrero problemas de intoxicao poruria. Os bovinos toleram o consumo de at 40 g deuria para cada 100 kg de peso vivo. Se este nvel forextrapolado sero observados os seguintes sintomas:desconforto, tremores musculares e de pele, salivaoexcessiva, dejees (fezes e urina) freqentes,respirao rpida, falta de coordenao motora,paralisia das patas dianteiras, prostrao, tetania

    seguida de morte. Em caso de intoxicao,imediatamente deve-se forar o animal a ingerir de 3 a4 litros de vinagre e a beber gua fresca.

    Diferimento de pastagens

    A conservao do excesso de forragem produzidadurante o perodo chuvoso, sob a forma de feno ousilagem, embora constitua soluo tecnicamentevivel, uma prtica ainda inexpressiva no Estado.Logo, a utilizao do diferimento, feno-em-p oureserva de pastos durante a estao chuvosa surge

    como alternativa para corrigir a defasagem daproduo de forragem durante o ano.

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    O diferimento consiste em suspender a utilizao dapastagem durante parte de seu perodo vegetativo, demodo a favorecer o acmulo de forragem parautilizao durante a poca seca. A sua utilizao deveser bem planejada para que a rea diferida no seconstitua em um foco de incndio. O uso de aceiros ea localizao de reas distanciadas das divisas dapropriedade so imprescindveis. Ademais, o uso dodiferimento facilita a adoo de outras tecnologias, taiscomo o banco de protena, a mistura mltipla e asuplementao campo com uria pecuria,associada ou no com a cana-de-acar.

    O perodo de diferimento est diretamente relacionadocom a fertilidade do solo. Em solos de baixa fertilidadepode ser necessrio o diferimento da pastagem porperodos de tempo mais longos, porm, com autilizao de adubaes, o perodo pode ser reduzido,em funo das taxas de crescimento da plantaforrageira. O diferimento requer a associao da rea

    vedada com uma outra explorao de forma maisintensiva e com uma espcie forrageira de altopotencial produtivo onde a maioria dos animaisestaro concentrados. Isso permitir que a pastagemdiferida acumule matria seca, na ausncia dosanimais. A extenso da rea a ser diferida e daexplorada intensivamente devem ser calculadas emfuno das necessidades nutricionais dos animais, nosperodos chuvoso e seco, e do potencial decrescimento das plantas forrageiras utilizadas. Como ofeno-em-p planejado para utilizao durante operodo seco, seu consumo elimina a necessidade douso das queimadas.

    Um dos requisitos para a utilizao do feno-em-p aexistncia de grande volume de matria secaacumulada na pastagem, embora com menor valornutritivo, em funo do perodo de crescimento que asplantas forrageiras foram submetidas. Para as condiesedafoclimticas da Amaznia Ocidental, utilizando-se odiferimento em abril, as gramneas mais promissoras, emtermos de produo de matria seca, foram Brachiariahumidicola, Andropogon gayanuscv. Planaltina, Panicummaximumcv. Tobiat, Paspalum guenoarumFCAP-43 eBrachiaria brizanthacv. Marandu. A utilizao daspastagens em junho, mesmo fornecendo os maiores

    teores de protena bruta, mostrou-se invivel devido aosbaixos rendimentos de forragem. Visando conciliar osrendimentos de matria seca com a obteno de forragemcom razovel teor de protena bruta, as pocas deutilizao mais propcias foram julho, agosto e setembro.

    A forma mais recomendada para a prtica do diferimento o seu escalonamento, um tero em fevereiro, parautilizao nos primeiros meses de seca, e dois teros emmaro, para uso no perodo restante de seca. Com esteprocedimento, a qualidade do material acumulado podeser sensivelmente melhorada. Para B. brizantha cv.Marandu, cultivada num Latossolo Amarelo, textura

    argilosa, o diferimento em abril com utilizaes em junho ejulho proporcionou forragem com maiores teores deprotena bruta, contudo os maiores rendimentos deprotena bruta foram obtidos com o diferimento em

    fevereiro e utilizaes em agosto e setembro. Os maiorescoeficientes de digestibilidade in vitro da matria secaforam obtidos com o diferimento em maro ou abril eutilizao em junho. A partir dos resultados obtidos,recomenda-se o seguinte esquema: diferimento emfevereiro para utilizao em junho e julho e, diferimentoem abril para utilizao em agosto e setembro. J, para A.gayanuscv. Planaltina, quando o diferimento for realizadoem maro, as pastagens devem ser utilizadas em junhoou julho, enquanto que para o diferimento em abril, aspocas de utilizao mais adequadas so agosto esetembro. Em pastagens de P. maximumcv. Tobiat, comutilizaes em junho e julho, o diferimento em fevereiroproporcionou os maiores rendimentos de matria secaverde (MSV). J, com utilizaes em agosto e setembro, odiferimento em maro foi o mais produtivo.Independentemente das pocas de diferimento,observaram-se redues significativas dos teores deprotena bruta e coeficientes de digestibilidade in vitro daMSV.

    Outra alternativa para a subutilizao da pastagemconsiste no ajuste da carga animal de forma que, noincio do perodo seco, haja um excedente compatvelcom as necessidades dos animais, naquele perodo.Isto pode ser realizado quando as pastagens estosubmetidas a pastejo contnuo, no entanto, quando seutiliza o pastejo rotativo torna-se mais fcil oajustamento da carga animal ou da presso de pastejo.Recomenda-se diferir parte da pastagem em pocaapropriada, no perodo de crescimento, para se obter, noincio do perodo seco, cerca de 4 toneladas/hectare dematria seca. Um bom critrio deixar as folhas da

    pastagem a uma altura de 60 a 80 cm, pois alturassuperiores podem implicar em desperdcio, face maior proporo de talos, os quais apresentam altosteores de fibras indigestveis.

    Referncias Bibliogrficas

    COSTA, N. de L. Efeito da poca de diferimentosobre a produo de forragem e composio qumicado capim-elefante cv. Cameroon.Porto Velho:Embrapa-UEPAE Porto Velho, 1989. 4p. (Embrapa-UEPAE Porto Velho. Comunicado Tcnico, 83).

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    GONALVES, C. A.; COSTA, N. de L. Altura decorte de capim-elefante cv. Cameroon. Porto Velho:

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    SEIFFERT, N. F. Leguminosas para pastagens noBrasil central. Braslia: Embrapa-DDT, 1984. 131 p.(Embrapa-CNPGC. Documentos, 7).

    SEIFFERT, N. F.; THIAGO, L. R. L. S. Legumineira:cultura forrageira para a produo de protena.CampoGrande: Embrapa-CNPGC, 1983. 52 p. (Embrapa-

    CNPGC. Circular Tcnica, 13).

    ::

    Comit dePublicae

    PresidenteSecretrio-Executivo:Membros:

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    CircularTcnica, 65

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