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XIII Congresso Brasileiro da Mandioca A Mandioca na Alimentação Animal João Luís Homem de Carvalho [email protected] Botucatu- SP 16 de Julho de 2009

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XIII Congresso Brasileiro da Mandioca

A Mandioca na Alimentação Animal

João Luís Homem de [email protected]

Botucatu- SP16 de Julho de 2009

POR QUE UTILIZAR A MANDIOCA, PLANTA INTEGRAL, NA

ALIMENTAÇÃO ANIMAL?

– Pelo bom valor nutritivo;– Pelo bom valor alimentar;– Pela quantidade significativa, de

biomassa,(Raiz+Subprodutos) que é disponibilizada pa ra os animais;

– Por ser uma opção na luta contra uma matriz tecnoló gica, de produção, adversa ao produtor rural.

A Raiz da Mandioca na Alimentação Animal

A RAIZ É UM ALIMENTO ENERGÉTICO

Animais Calorias Farelo integral de raiz*

Farelo de milho

Suínos Energia digestível* (kcal/kg) 4.000 4.055

Aves Energia metabolizável* (kcal/kg) 3.650 3.660

Bovinos Nutrientes digestíveistotais 90 91

Fonte: Mueller et al (1974)

Composição química da raiz da mandioca fresca, seca (farelo) e ensilada

Raiz Componentes

Fresca Seca Ensilada Matéria seca 35,0 90,0 45,0 Proteína bruta 1,25 3,21 1,61 Fibra 1,45 3,73 1,86 Gordura 0,29 0,75 0,37 Cinzas 1,43 3,68 1,84 Extrato não nitrogenado

30,84 79,30 39,40

Fonte: Buitrago (1978)

OS SUBPRODUTOS DA MANDIOCA NA ALIMENTAÇÃO

ANIMAL

• PARTE AÉREA DA MANDIOCA

• SUBPRODUTOS DE FABRICAÇÃO DE AMIDO, FARINHA DE MESA E FARINHA DE RASPA

– FARELO MASSA OU BAGAÇO– RESIDUO DA PRODUÇÃO DE FARINHA DE MESA– RESIDUO DA PRODUÇÃO DE RASPAS (FARINHA PANIFICÁVEL)– RESÍDUO NA LAVAGEM E VARREDURA(GERALMENTE

MISTURADOS A DEMAIS RESÍDUOS)

A PARTE AÉREA DA MANDIOCA NA

ALIMENTAÇÃO ANIMAL

Parte aérea: % de ramas, pecíolos e folhas da variedade SONORA, em função do crescimento (idade) e época do ano, na região Centro-Oeste.

Percentagem (%) Idade da

planta Época do ano

Ramas Pecíolos Folhas

04 meses

22/02 28,01 31,42 40,55

14 meses

23/12 42,70 22,10 35,19

16 meses

22/02 37,89 24,40 37,69

Fonte: Carvalho et ai (1984)

VALOR NUTRITIVO DA PARTE AÉREA DA

MANDIOCA

Constituintes da parte aérea da mandioca ramas, folhas e pecíolos, percentagem na planta e valor nutritivo aos 14 meses, com base na matéria seca

Constituintes Ramas Folhas Pecíolos % na planta 42,72 25,18 22,08 Matéria seca (MS)

32,30 26,00 16,72

Proteína bruta (PB)

4,32 28,30 8,41

FDN 63,62 32,98 50,52 Açúcar solúvel*

20,13 11,30 17,48

Cálcio (Ca)* 0,57 0,82 1,47 Fósforo (P) 0,10 0,27 0,15

Fonte: Carvalho et al (1984 a) FDN= Fibra em detergente neutro*

Composição nutricional da parte aérea da mandioca e de outras leguminosas.

Espécie Matéria

seca (%)

Proteína bruta (%)

Fibra bruta*

(%)

E.D (Mcal/kg)

NDT

Mandioca 28 5,6 6,6 0,85 19,5 Alfafa 27 5,4 9,1 0,79 18,1 Caupi 26 5,3 8,9 0,85 19,4 Soja 28 5,3 8,9 0,82 18,7 Kudzu 27 5,0 9,3 0,76 17,4 Trevo doce 28 4,7 9,4 0,78 17,6

Fonte: Buitrago (1990)E.D = Energia digestível (rum inantes)NDT = Nutrientes digestíveis totais

Valores médios de alguns componentes químicos do feno da parte aérea e das folhas frescas da mandioc a e de outros vegetais.

Componentes Feno – terço

superior

Folhas desidratada

Folhas fresca

Outros vegetais

Proteína 20,69 27,87 - 34,4 (feno/soja)

7,8 (fubá/milho)

Beta-caroteno (mg/ 1 00g)

2,73 5,43 - 2,4-5,0 (moranga

Vitamina C (mg/ 1 00g) 65,43 78,56 290 48 (limão) Riboflavina* 132 (Mg/1009)

- - 0,27 0,12 (trigo)

Niacina* (mg/100g) - - 1,7 4,4 (trigo) Cálcio (mg/100g) 16,20 126 - 57 (espinafre) Fósforo(qual unid.?) 200 280 - 213 (feijão) Ferro (mg/ 100g) 36,92 12,46 - 2,2-3,0 (couve)

Fonte: Pedrosa (1981) Wu-Leung & Flores (1977), adaptado

O BOM VALOR ALIMENTAR DA

PARTE AÉREA DA MANDIOCA

Estimativa de consumo de feno e de sílagem da parte aérea da mandioca por categoria de bovinos .

Categorias Feno (kg/dia) Silagem (kg/dia) Touro 4,60 15,75 Vaca 3,70 12,60 Animais de 3 meses a 1 ano

0,90 3,15

Animais de 1 a 2 anos 1,85 6,10 Animais de 2 a 3 anos 2,80 9,45 Animais de tração 4,60 15,75

Fonte: Tiesenhausen (1987)

A PRODUÇÃO POR HECTARE

Produção de parte aérea e de raízes (t/ha de matéria seca) das Variedades* recomendadas para o Centro-Oeste.

Cultivares Produção (t/há) →→→→(t(MS/há) Parte aérea Raízes Cultivares de mesal 1 IAC:? 24-2 (mantiqueira) 16 20 IAC 24-28 12 20 IAC 352-6 17 19 IAC 352-7 18 17 Cultivares forrageiras 1 Cacau vermelho 32 16 Cultivares bravas 2 IAC 12-829 18 34 IAC 7-127 (Iracema) 22 27 Sonora 18 23 Fonte: Perin & Costa (1983) e Costa & Perin (1983)

1) Produção aos 14 meses;2) Produção aos 19 meses.

COMO UTILIZAR A PARTE AÉREA DA MANDIOCA

• “IN NATURA”• Em forma de silagem• Em forma de feno• Misturada com outras forrageiras• Como conservante de silagem de capim

Composição química da parte aérea fresca, desidrata da ao sol e ensilada (%)

Parte fresca da mandioca Componentes Fresca Desidratada ao sol Ensilada Matéria seca 25,95 89,00 31,99 Proteína bruta 14,99 10,84 11,50 Fibra em detergente

42,53 49,81 48,85

neutro - - - Gordura 2,66 2,44 2,96 Cálcio 1,34 1,12 1,21 Fósforo 0,21 0,17 0,14 Fonte: Carvalho (1983)

Em forma de silagem

Fonte: Carvalho et al (1983)

boa2240,81b9,51a165,45a022,55c375,9c3,68b25%PAM 75%C.E.

boa2135,52c11,31a159,25a023,78c396,4c3,90ab75%PAM 25%C.E.

boa1935,93c10,17a204,82a054,09b901,5b3,83ab50%PAM 50%C.E.

medíocre1550,32a6,16b161,02a0101,78a1696,3a3,93ab100%C.E.

boa2136,55bc9,36a181,93a027,06c451c3,99a100%PAM

ApreciaçãoPontosN-soluvel/ N-total

NH3 / N total

Ácido Lático g/kg M.S.

Ácido Butíricog/kg M.S.

Acido Acético g/kg M.S.

AGV Mil/kg M.S.

PhSilagem

Parâmetros

Avaliação da Qualidade da Silagem da Parte Aérea da Mandioca (PAM), do

Capim Elefante (CE); de 50% de PAM+50% de CE, de 75% de PAM+25% CE, e de

25% de PAM+75% CE

EM FORMA DE FENO, FARELO PARA BALANCEAMENTO DE RAÇÕES E NA

CONSERVAÇÃO DE SILAGENS

Fonte: Carvalho et al (1983)

boa2156,85a10,88bc73,03ab0,26a7,55a211,79a

4,10aCE + P. Comercial

boa2159,87a12,80a51,87c0,001a7,50a210,30a

4,20aCE + 2% Fubá

excelente2446,55c9,54c80,59a0,00a7,30a204,81a

4,20aCE + 5% PAM

boa2248,09bc11,95ab57,60bc1,52a6,70a190,13a

4,12aCE + 3% PAM

boa2154,07ab11,76ab56,60bc2,01a8,03a225,12a

4,14aCE + 2% PAM

boa2158,76a11,95ab45,80c0,86a7,99a224,09a

4,12aCE + 1% PAM

boa2158,35a12,78a46,01c0,53a7,60a213,03a

4,15aCapim Elefante (CE)

ApreciaçãoPontosN-

soluvel / N-total

NH3 / N total

Ácido Lático g/kg M.S.

Ácido Butíricog/kg M.S.

Acido Acético g/kg M.S.

AGV Mil/kg M.S.

PhSilagem

Parâmetros

Avaliação da Qualidade da Silagem do Capim Elefante (CE); do (CE) + 1%, 2%,

5%, de Parte Aérea da Mandioca (PAM), do CE + 2% de Fubá de Milho e do CE

+ Produto Comercial

Misturada com outros alimentos

A casquinha da raiz da mandioca

Composição da película* ou casquinha da raiz da man dioca

% na matéria seca (MS) Película MS % E.D (Mcal/kg

MS) PB FB MM EE EN

N PD Ca P

28,2 2,97 5,9 12,0 4,5 1,7 75,9 1,4 0,29 0,09

Fonte: Latin American Tabies os Feed Composition, citad o por Coelho (1983)MS - matéria seca, ED - energia digestível, PB - prote ína bruta, 1713 - fibra bruta, MM - mineral,EE - gordura, PD - proteína digestível

SUBPRODUTOS DE FABRICAÇÃO DE AMIDO, FARINHA DE MESA E FARINHA DE RASPA

Fonte: Melotti, L. 1972

6,900,030,3767,8114,576,660,853,0692,96Resíduo na lavagem e varredura

7,990,030,3876,032,308,691,363,8992,88Resíduo da produção de raspa

6,460,020,3277,621,856,920,863,7190,95Resíduo da produção de Farinha

9,820,020,4276,561,489,700,481,6489,85Farelo de bagaço

Celulose %

P %Ca %ENN %MM %FB %EE %PB %MS %Resíduos

Médias da análise bromatológicas de resíduos da industrialização da

mandioca

Outros sub produtos da lavoura mandioqueira

Atenções na utilização dos subprodutos mandioca na alimentação animal

• Baixo teor de matéria seca

• Lignina

• Toxidez

LIGNINA - Conceito

•A lignina é um polímero de natureza aromática com alto peso molecular que tem como base estrutural unidades de fenil-propano e provavelmente está ligada aos polissacarídeos (polioses) da madeira.

LIGNINA - Funções da lignina na planta

•Une (cimenta) as células umas as outras.

•Aumenta a rigidez da parede celular.

•Reduz a permeabilidade da parede celular àágua.

•Protege a madeira contra microorganismos (sendo essencialmente fenólica, a lignina age como um fungicida).

TOXIDEZ• Glicosídeos cianogênicos(linamarina e

lothaustralina)• No processo de hidrólise ácida ou

enzimática liberam o HCN

Causas estruturais das dificuldades enfrentadas pelo produtor rural

– Educação– Matriz tecnológica

Ao comprar R$ 100,00 de produtos agroindustrializados

esse dinheiro irá remunerar

30-40 às Grandes Agroindústrias (A)

5-10 Produtor (P)

25-30 aos Produtores de

Insumos (I)

20-25 à

Comercialização (C)

Uma matriz tecnológica difícil para o produtor

OBRIGADO PELA ATENÇÃO