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Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 ISSN: 2178-6135 Artigo número: 03 Alfabetização Científico-Tecnológica: Elementos para um protagonismo político em C&T Miliana Campos dos Santos Fernandes Álvaro Chrispino Resumo O artigo apresenta resultados de uma pesquisa realizada com estudantes e profissionais de ciência e tecnologia ressaltando dois aspectos: os atores sociais responsáveis pelo processo de tomada de decisão em C&T e o acesso a informações relativas a C&T na sociedade. A partir disso, busca-se debater a necessidade de difusão e popularização dos conceitos de Ciência e Tecnologia de modo a permitir o fortalecimento dos processos de formação política para participação social e democrática. A ACT – Alfabetização científico - tecnológica é identificada como um importante instrumento para o alcance deste objetivo. Palavras-chave: ciência, tecnologia, política e alfabetização científico tecnológica. Abstract Scientific and Technological Literacy: Elements for a political player in S & T The paper presents results of a survey of students and professionals in science and technology emphasizing two aspects: social actors responsible for the process of decision making in science and technology and access to information on S & T in society. From this, we seek to discuss the need for dissemination and popularization of the concepts of science and technology to enable the strengthening of the processes leading to political participation and social democratic. Scientific Literacy-Technology is identified as an important instrument

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Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT

II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia

07 a 09 de outubro de 2010 ISSN: 2178-6135

Artigo número: 03

Alfabetização Científico-Tecnológica: Elementos para um protagonismo político em C&T

Miliana Campos dos Santos Fernandes

Álvaro Chrispino

Resumo

O artigo apresenta resultados de uma pesquisa realizada com estudantes e

profissionais de ciência e tecnologia ressaltando dois aspectos: os atores sociais

responsáveis pelo processo de tomada de decisão em C&T e o acesso a

informações relativas a C&T na sociedade. A partir disso, busca-se debater a

necessidade de difusão e popularização dos conceitos de Ciência e Tecnologia de

modo a permitir o fortalecimento dos processos de formação política para

participação social e democrática. A ACT – Alfabetização científico - tecnológica é

identificada como um importante instrumento para o alcance deste objetivo.

Palavras-chave: ciência, tecnologia, política e alfabetização científico

tecnológica.

Abstract

Scientific and Technological Literacy: Elements for a political player in S &

T

The paper presents results of a survey of students and professionals in

science and technology emphasizing two aspects: social actors responsible for the

process of decision making in science and technology and access to information on

S & T in society. From this, we seek to discuss the need for dissemination and

popularization of the concepts of science and technology to enable the

strengthening of the processes leading to political participation and social

democratic. Scientific Literacy-Technology is identified as an important instrument

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for achieving this goal.

Keywords: science, technology, policy and scientific technological literacy.

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Introdução

Falar de ciência é trazer à tona questões existenciais: O que é real? O que é a vida? Para

onde vamos? Estas e outras perguntas são nortes no caminho da chamada evolução. Elas

acompanham o homem desde os primórdios da sua existência e estão aliadas a um desejo de

encontrar verdades absolutas.

Visando discutir os impactos da ciência na atualidade e contribuir para a construção de

novos paradigmas, o presente trabalho inicialmente apresenta categorias tradicionais construídas

relativas à ciência e à tecnologia que contribuem para que as mesmas, ainda hoje, sejam

percebidas como atividades neutras e suficientes para a resolução de todos os problemas na

humanidade. Em seguida, o artigo aborda os estudos CTS, como uma alternativa a estas

concepções, pois incorporam na interpretação da C&T os valores e aspectos sociais, políticos,

econômicos e éticos.

Uma das principais ferramentas de atuação no campo educacional de CTS para mudança da

imagem pública da ciência é a ACT - alfabetização científico-tecnológica. Entende-se que a ACT

pode ocorrer em dimensão restrita (limitada e descontextualizada) ou em dimensão ampliada

(incorporando a multiplicidade de dimensões da humanidade). O foco principal deste trabalho é

discutir a importância da ACT ampliada como instrumento para a formação política de cidadãos

visando a participação nas decisões em C&T.

A fim de ilustrar e embasar este pensamento, além da revisão bibliográfica relativa à crítica

aos principais conceitos, são apresentados resultados da pesquisa Avaliação de Atitudes

Relacionadas com a Ciência, a Tecnologia e a Sociedade realizada pelo PIEARTCTS - Projeto

Ibero-Americano realizada com o público do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de

Janeiro, CEFET – RJ.

O artigo visa debater sobre a necessidade de estabelecer formas de difusão e popularização

da C&T que contribuam para que as mesmas sejam partes integrantes das soluções para uma vida

em um mundo melhor, onde decisões sejam tomadas de forma mais consciente, responsável e a

partir de um debate mais democratizado.

1.1. A ciência essêncialista ou salvacionista

Segundo Bazzo, Lisingen e Pereira (2003), a concepção clássica caracteriza a ciência como

uma atividade autônoma, objetiva, inteiramente neutra, baseada na aplicação de procedimentos

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racionais, rígidos sobre os quais não incidem emoções ou condições externas ao objeto

pesquisado. A ciência, com o início da idade moderna passou a criar expectativas de que poderia

sempre produzir conhecimentos reais e verdadeiros sobre o mundo. Atribuiu-se um valor

essencial a ela. Desta forma, o emprego do tradicional método científico está diretamente ligado

à idéia de busca da verdade para o bem-estar-social, tendo paradoxalmente como condição, à

não-interferência de valores sociais.

O caráter neutro e salvador atribuído à ciência são abordados em diferentes estudos. Auler

e Delizoicov (2001) argumentam que há uma visão de que os problemas atuais e das gerações

futuras serão solucionados de forma automática mediante o desenvolvimento de C&T, estando

assim a finalização dos problemas condicionada ao crescimento da C&T, colocando em segundo

plano o contexto social em que esses conhecimentos são concebidos e empregados.

Em Vieira Pinto (1987) a técnica só tem sentido quando associada a valores de atos e

pessoas. Há, entretanto uma razão ideológica que tende a expressar uma noção de técnica em

que é ocultada a figura do homem, convertendo-a em entidade autônoma. Desta forma, busca-se

velar as intenções do emprego ético e moral da técnica em benefício de segmentos específicos.

Para Pacey (1990) a espera de uma solução apenas técnica, que não inclua as medidas

sociais, culturais e morais adequadas é o mesmo que “mover-se em um terreno ilusório”. O autor

afirma que a C&T, por si só, não altera a realidade e, portanto, as soluções para os problemas

existentes nunca serão só técnicas. Assim, alterar este “modo de fazer e existir” torna-se condição

para a reorganização de uma sociedade com bases mais conscientes e democráticas. Entende-se

que é o padrão das relações sociais o que define que tipos de resultados (positivos ou negativos)

o emprego da C&T trará à sociedade.

De acordo com Rattner (2000), apesar de todas as verdades produzidas, pela atividade

científica os principais problemas que ainda afligem a humanidade como fome, pobreza,

ignorância e injustiça, continuam sem solução.

Sendo assim, a imagem absoluta de solução e evolução da ciência vem perdendo força

fazendo com que a atenção da sociedade esteja cada vez mais voltada aos acontecimentos

relacionados à C&T.

1.2. A ciência tecnocrática

A categoria ciência tecnocrática foi codificada a partir das obras de Bazzo Lisingen e Pereira

(2003) quando utilizam o termo “argumentação tecnocrática”, e pela leitura de Auler e Delizoicov

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(2001) quando empregam a expressam “mito tecnocrático”. A ciência tecnocrática, na abordagem

deste trabalho é aquela que está concentrada nas mãos dos especialistas e cientistas por terem

sido “reconhecidos” como os mais habilitados ou os únicos suficientemente preparados para as

tomadas de decisões em C&T. No contexto tecnocrático a democracia não consegue manter

espaço como princípio para decisões que se referem à C&T, já que a visão cientificista prevalece,

sendo a participação pública limitada para que se reduzam os elementos conflitantes, conforme

afirma Pacey (1990).

Segundo Lujan (1996) este modelo está fundamentado no princípio de que é possível

diminuir ou anular a participação dos sujeitos comuns em qualquer processo relacionado à C&T.

O especialista seria a figura capaz de solucionar os problemas de forma eficiente sem qualquer

interferência externa, de forma imparcial garantindo a solução certa para cada situação, evitando

desgastes em função de oposições, caso sejam ampliadas as discussões. Para Thuillier (1989) a

tecnocracia transfere a “especialistas” técnicos ou cientistas o poder de decisão que pertence a

todos os cidadãos, na medida em que as escolhas políticas são reduzidas aos pequenos comitês

mantendo assim um sistema distante e equivocado que contribui para a manutenção de poderes.

Ao contrário desta tendência inúmeros autores como Carl Mitcham (1997) e Daniel Fiorino

(1990) argumentam através de alternativas visões a importância da sociedade na tomada de

decisões. Sendo assim, é necessário e imperativo o investimento na formação de atores sociais

para debate político para que estejam preparados para participar ativamente representando a

possibilidade de defesa dos direitos da sociedade no que tange as práticas em C&T.

1.3. O enfoque CTS

Os estudos CTS iniciados entre as décadas de 60 e 70, têm como prática constante a

elaboração de uma visão alternativa à concepção tradicional de ciência e de tecnologia em

relação à sociedade, além de contribuir para a formulação de críticas sobre os modelos vigentes

de decisão, formulação e implementação de ações políticas ligadas ciência e tecnologia,

No entender de García (1996), Linsingen, Pereira, e Bazzo (2003), dentro dos estudos CTS é

possível identificar duas grandes tradições: uma de origem européia e outra de origem norte-

americana. A primeira mais focada nos fatores sociais que antecedem as decisões e práticas

científico-tecnológicas e a segunda centrada nas conseqüências sociais, ambientais e nos

problemas éticos gerados a partir das mudanças.

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A motivação do enfoque CTS surge em função do clima de incertezas gerado pelo

surgimento das armas nucleares, pela guerra fria, e em função do movimento contra-cultura dos

anos 60, ocasião em que as lutas políticas protestam diretamente contra tecnologia, e contra

impactos ambientais sem precedentes, além da manutenção das desigualdades e das injustiças

sociais.

A perspectiva CTS tem estabelecido ações em diferentes campos como: a pesquisa

(produção de conhecimentos alternativos); a formulação de políticas públicas (criação de

espaços democráticos de decisões) e os programas de educação (formação de atores e

preparação dos mesmos para intervenções).

2. A alfabetização Científico-Tecnológica

O estudo CTS no campo dirigido à educação científica tem apresentado a ACT –

Alfabetização Científico-Tecnológica como um dos caminhos para a construção de um novo

cenário no campo da produção científico tecnológica.

Auler e Delizoicov (2001) utilizam duas categorias para a compreensão da educação

científica: ACT reducionista e ACT ampliada. Na dimensão reducionista, ela está limitada ao ensino

de conceitos tradicionais de ciência e tecnologia, contribuindo para que a compreensão seja

reduzida aos aspectos técnicos fortalecendo uma visão ingênua de ciência. Já na perspectiva

ampliada os conteúdos são apenas possíveis abordagens, isto é, meios para a compreensão das

diferentes dimensões dos termos.

Na visão de Marco Stiefel (2001) mediante a perspectiva de uma alfabetização ampliada os

cidadãos do futuro deverão ser capazes de ver a ciência e a tecnologia como algo que os afeta

diretamente em várias dimensões. Em sua visão, o futuro da ciência dependerá de uma cidadania

que adquira “gosto pelos fenômenos”. Logo, a formação educacional precisará então estar

carregada de informações e conteúdos que traduzam o teor das mensagens científicas e

tecnológicas de forma viável à compreensão da natureza destes conhecimentos.

Segundo a autora, o marco inicial do termo alfabetização científico-tecnológica foi a

publicação do artigo emblemático de Paul Dehart Hurd na revista Educational Leadership (Hurd,

1958) com uma abordagem sobre a importância do ensino de ciências. Para ele fundamental seria

que os estudantes desenvolvessem a capacidade de acompanhar e aprender sobre as mudanças

encarando a ciência como um aspecto também cultural.

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Para Paulo Freire (1970) a alfabetização não pode se configurar como um jogo mecânico de

juntar letras. Alfabetizar muito mais do que ler palavras deve propiciar a “leitura do mundo”.

Desta forma, a alfabetização científico-tecnológica seria o estágio que cidadãos comuns poderiam

em processos de tomada de decisão se sentir capazes de entender propostas, expressar idéias,

opiniões, contribuindo de forma consciente e democrática para o desenvolvimento de

formulações respeitantes à produção em C&T.

Visando o desenvolvimento de um enfoque interdisciplinar, a ACT precisa ser ampliada nos

diferentes espaços de formação formais ou não formais, abrangendo conhecimentos distintos

como nuances sociais, humanas, econômicas e éticas.

Kemp (2002) apresenta sua visão prática sobre uma alfabetização que consiste saber obter

informações sobre ciência, compreender a divulgação científica e as mensagens transmitidas

pelos meios de comunicação de massas, entender as relações entre ciência e sociedade, conhecer

alguns conceitos básicos e apreciar a ciência sendo consciente também de suas limitações.

Para Marco Stiefel (2001), já mencionada, minimamente um “cidadão cientificamente

culto” deve conhecer as notícias científicas fundamentalmente pelos meios de comunicação

entendendo seus conteúdos, formando uma idéia geral sobre o tema e sobre seus possíveis

desdobramentos. A interseção entre cidadania e alfabetização científico tecnológica ocorre, neste

aspecto, porque a partir disso este mesmo cidadão poderá fazer escolhas políticas, dizendo o que

de fato deseja em relação a determinado tema, direito que poderá exercitar em espaços como

partidos, grêmios e associações.

É preciso que sejam criados meios para que estudantes desenvolvam capacidades de

abstração, motivação e ligação afetiva com tais campos do conhecimento, visando a construção

de alternativas ao ensino tradicional de modo que a ciência e a tecnologia estejam mais

próximas dos educandos com a finalidade de mudar a visão sobre a “natureza da ciência”

(Salomon,1996) .

A alfabetização científica e tecnológica que se pretende através da abordagem CTS é a que

estabeleça base para a produção de uma cultura científica, como destaca Salomon1

1 SALOMON, J.J: Uma búsqueda incierta: ciência, tecnologia y dasarrollo. México,

FCE/ED. Univ. Naciones Unidas, 1996.

(1996):

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“O que necessitamos enquanto cultura científica para a maioria dos

estudantes que não chegarão na ser investigadores científicos é um conhecimento

amplo, sobre ciência e um entusiasmo por ela que alimentará sua confiança no

uso fácil e vivo de sua linguagem. Este é o tipo de compreensão que a pesquisa

tem demonstrado como essencial para que jovens participem da discussão sobre

temas sociais sobre ciência e tecnologia” (p. 8 e 9).

3. Resultados sobre a pesquisa: Projeto Ibero-Americano avaliação de atitudes relacionadas com a ciência, a tecnologia e a sociedade – Piearcts

Uma pesquisa realizada em 2008/2009 apresenta a percepção sobre os conceitos de ciência e

tecnologia de um público com forte vivencia relativa à temática. A fim de contribuir com as

argumentações expostas voltadas para a propagação da ACT, serão apresentados os resultados

relativos a dois aspectos: acesso a informações e participação social em decisões no âmbito da

C&T.

Os dados apresentados no trabalho representam fragmentos dos resultados da pesquisa

PIEARCTS que vem sendo realizada com apoio do CNPq para a ação brasileira e também do

Ministério da Educação e Ciência da Espanha, para as ações de coordenação dos 7 países

envolvidos. A pesquisa baseia-se na resposta de 2 questionários cada um deles com 15 perguntas.

No Rio de Janeiro, para o tema de nosso interesse, o universo pesquisado foi composto por 445

pessoas (professores e alunos), com idades de 15 a 68 anos, atuantes em curso de ensino médio e

superior de educação tecnológica, sendo 258 mulheres e 187 homens.

Foram submetidas a este público duas questões do Formulário 2 relacionadas aos conceitos

de ciência, tecnologia e suas interações com sociedade: 40131 e 40211.

A questão 40131 trata do acesso da sociedade às informações científicas relativas as novas

descobertas e também ao investimento dos recursos públicos, discutindo a responsabilidade dos

cientistas e a capacidade que os cidadãos médios têm de assimilar as temáticas.

A questão 40211 trata sobre o processo de decisão em C&T que por tradição é encarado

como de responsabilidade apenas de cientistas e engenheiros. Assim ressalta-se a importância do

debate político a da participação social para a democratização do processo.

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As questões apresentadas devem ser respondidas utilizando uma escala de valores de 1 a 9,

onde 1 significa total desacordo e 9 total acordo com a afirmativa. Os respondentes recebem a

seguinte orientação para suas respostas:

As respostas, por sua vez, foram categorizadas por juízes em: adequadas, ingênuas e

plausíveis. Na tabulação final, a cada uma dessas categorias foi atribuído um valor estatístico de

forma que a respostas 9 a uma questão adequada possuirá maior peso, assim como uma resposta

1 a uma questão ingênua também possuirá alto valor, visto que são indicações que se aproximam

da categorização prévia desejada. Esses pesos estatísticos foram transformados em coeficiente

que estão classificados entre 1 e -1. Sendo que quanto mais próximo de 1 o coeficiente, mais a

resposta se aproxima do consenso entre os juízes.

As tabelas e os gráficos que serão apresentados são algumas das possíveis representações

da pesquisa. Ambos evidenciam os conceitos relativos a cada sentença (ingênua, plausível e

adequada) e os pesos possíveis de serem escolhidos para cada uma delas de acordo com a

opinião dos respondentes que podem variar entre os níveis “não concordo” (1 a 3), “indeciso” (4 a

6 ), “concordo muito” (7 a 9) e outros (E - não entende ou S - não sabe). Esta categorização do

tipo de respostas funciona como um balizador das percepções deste público em relação aos

referidos conceitos.

As respostas obtidas, ao serem categorizadas conforme indicado anteriormente,

apresentam o seguinte quadro:

3.1. Questão 40131 (%) – responsabilidade social e informação:

40131 - Os cientistas deveriam ser considerados responsáveis por informar o público em

geral sobre as suas descobertas, de modo que o cidadão médio pudesse entendê-los.

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Os cientistas deveriam ser considerados responsáveis:

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Gráfico 1 – Responsabilidade Social e Informações

3.2. Síntese de resultados da questão

A questão 40131 é relativa à responsabilidade na divulgação e ao acesso de informações

científicas. Nela são apresentadas as possibilidades de realização do fluxo, onde cientista e

cidadãos médios podem estabelecer diferentes níveis de interação.

Análise da Tabela 1- Resultado 1: Os três primeiros índices de alta concordância são 77,1%,

61,3% e 51,2% (questões B, C e D ) são relativos a questões consideradas adequada, plausível e

adequada respectivamente. Estas informações refletem que o público pesquisado parece

perceber a importância do compartilhamento da informação científica e acredita que esta não

seja atribuição exclusiva dos cientistas, mas de interesse de toda a sociedade. Há uma disposição

em conhecer novos avanços e descobertas, como também é visível a percepção dela sobre seu

papel no acompanhamento das informações relativas aos gastos públicos em C&T.

Análise da Tabela 1 - Resultado 2: Os índices 49,2% e 56,4%, ambos referentes a respostas

“F” e “G”, categorizadas como ingênuas foram os dois itens mais escolhidos no quesito de

discordância. Isto significa que os respondentes não estão de acordo com a argumentação de que

os cidadãos médios não entendem ou não estão interessados em informações científicas.

Análise do Gráfico 1- Resultado 3: O gráfico demonstra que as alternativas adequadas B e C

tiveram altos coeficientes, correspondendo as expectativas ideais. O segundo maior coeficiente

por outro lado foi, aproximadamente 4 foi alcançado pela sentença G, categorizada como

ingênua. Desta forma, é possível concluir que pelo total das adequadas os entrevistados

40131 Resp. social informações

-,2000-,1000,0000,1000,2000,3000,4000,5000,6000,7000

4013

1A_P

4013

1B_A

4013

1C_A

4013

1D_P

4013

1E_I

4013

1F_I

4013

1G_I

respostas

coef

icei

nte

Total

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evidenciam o desejo de maiores informações sobre CT. Contudo, o resultado das sentenças

ingênuas ressaltam contradição, pois foram muito pontuadas, com coeficiente bem maiores que

1, o que não significa um bom resultado, mas apenas reforça a visão ingênua sobre a questão.

De forma geral os resultados adequados reforçam a idéia de que os entrevistados

acreditam fortemente que ter conhecimento sobre ciência e tecnologia trás impactos e melhorias

para suas vidas. Já os resultados ingênuos que ressaltam contradição existente impõem sentido

de urgência na ampliação no acesso à informação.

Sendo assim, é preciso criar canais para a disseminação do conhecimento em ciência e

tecnologia, mas principalmente criar possibilidade de desenvolvimento de uma mentalidade

científico-tecnológica para a sociedade, visando o preparo de atores sociais para entender e usar

os conhecimentos científicos em processo de tomadas de decisões.

3.3. Questão 40211 (%) decisões sociais

40211- Os cientistas e engenheiros deveriam ser os únicos a decidir os assuntos científicos

do nosso país porque são as pessoas que melhor conhecem estes assuntos.

Por exemplo, os tipos de energia adequada ao futuro (nuclear, hidráulica, solar, queimando

carvão, etc.), os índices permitidos de contaminação do ar no nosso país (emissões industriais de

dióxido de enxofre, controlo da contaminação pelos carros e caminhões, emissões de gases ácidos

dos poços de petróleo, etc.), o futuro da biotecnologia no nosso país (DNA recombinante,

engenharia genética, desenvolvimento de bactérias eliminadoras de minerais ou criadoras de

neve, etc.), técnicas aplicadas ao feto (amniocentese para analisar os cromossomas do feto,

alterar o desenvolvimento do embrião, os bebês provetas, etc.), ou sobre o desarmamento

nuclear.

Os cientistas e engenheiros são quem deveria decidir:

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3.4. Síntese de resultados da questão

A questão 40211 do segundo formulário da pesquisa se refere ao processo de tomada de

decisão relativo à C&T, onde indaga ao respondente quem são os principais atores capazes de

intervir nestas decisões. Desta forma, cientistas, especialistas burocratas e cidadãos são

apresentados como os possíveis agentes deste cenário.

Análise da tabela 2 - Resultado 1: A tabela demonstra que as sentenças “A” e “B”

categorizadas como ingênuas receberam uma alta pontuação de concordância, o que significa que

41,6% e 45% dos respondentes de cada uma delas respectivamente acredita que engenheiros e

cientistas são os que deveriam decidir sobre CT porque sua formação lhes confere melhor

compreensão sobre as mesmas, mesmo quando comparados a representantes do governo ou de

empresas. Tal resultado não é bom, pois se afasta do tipo de resposta desejado, que seria uma

alta pontuação no quesito desacordo.

Análise da tabela 2 -Resultado 2: A sentença “C” que apresenta 68,8% e a sentença “D”

63,8%, classificadas como plausível e adequada respectivamente, apresentam os maiores índices

de alta concordância. Isto demonstra que é percebida a importância da participação da sociedade

neste processo visando a garantia da democracia nas decisões sobre CT. Entretanto, este

resultado é bem divergente do resultado 1, onde técnicos e cientistas foram reconhecidos como

mais capazes.

Análise do gráfico 2 - Resultado 3: O gráfico de decisão social permite avaliar que a

questão apresenta duas alternativas ingênuas (A e B), quatro plausíveis (C, E, G e H) e duas

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adequadas (D e F). As respostas no campo negativo demonstram que os respondentes não

acompanharam a categorização prévia. As respostas apresentadas no gráfico permitem perceber

um certo equilíbrio nas respostas, sendo que a resposta plausível C foi aquela que mais tendeu

para -1, isto é, caminhou fortemente no caminho contrário ao desejado. Por sua vez, das duas

respostas consideradas adequadas, a F manteve a média não desejada enquanto a letra D

alcançou uma posição de coeficiente próximo de 0,6, o que pode ser considerada uma boa

resposta.

Os resultados apresentados pela análise dos diferentes instrumentos refletem o quanto a

questão da participação social em decisões relativas a CT ainda é pouco compreendida.

Em síntese, observa-se um contra-senso na pontuação das alternativas, visto que em uma

mesma questão que possui duas sentenças consideradas adequadas, elas recebem níveis de

escolha muito opostos, um muito alto (referência 40211 D_ A) e outro muito baixo (referência

40211F_ A). Este tipo de controvérsia manifestou-se ao longo dos outros itens que compõem o rol

de respostas do PIEARCTS.

Sendo assim, faz-se necessário maior investimento em alfabetização científico tecnologia

em espaços formais ou não formais, visando a diminuição das contradições de modo que o maior

número de pessoas possa receber informações qualificadas, tendo em vista a compreensão dos

temas para uma efetiva intervenção democrática.

4. Alfabetização Científica para um protagonismo político em C&T

A dimensão da educação não se separa da dimensão política. Educar é um processo

dinâmico e a educação para a cidadania tem como objetivo a formação de atores para a

transformação.

Ferreira (1993) afirma que “a prática educativa sempre traz em si uma filosofia política,

tenha o educador consciência disso ou não" (Ferreira 1993, p.5 ). Também para Freire, "não é

possível separar política de educação, o ato político é pedagógico e o pedagógico é político".

(Freire, 2000, p. 127). Sendo assim, educa-se na mesma medida em que se instrui politicamente.

Aguillar (1999) argumenta que vem se intensificando a vinculação entre o ensino da ciência

e as práticas democráticas, de modo que o aprendizado científico diferenciado, onde se

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incorporam as dimensões sociais, culturais, políticas e econômicas favorece e ocorre

simultaneamente ao exercício da cidadania.

Para o mesmo autor o desenvolvimento de “competências democráticas” se dá mediante o

ensino e o aprendizado, fazendo com que estudantes se apropriem de saberes para construir

opiniões, fazer eleições, tomar decisões e atuar eficazmente. Desta forma, a aquisição de

competências (visão crítica, habilidade para solução de problemas, argumentação e comunicação)

é fator imprescindível para a qualificação de cidadãos que desejam exercitar a participação social,

pois impulsionam o sujeito a se questionar e a construir novas explicações e soluções para os

problemas existentes.

Solbes e Vilches (2004) expõem a necessidade de se conhecer a natureza do conhecimento

científico e tecnológico ao proporem sete competências a serem adquiridas pelos estudantes em

seu processo de formação para que possam atuar adequadamente em torno de questões que

envolvem a ciência e a tecnologia:

1 – Que eles tenham uma visão adequada sobre quais são os problemas atuais da

humanidade, suas causas e possíveis soluções;

2 – Que eles compreendam o papel da ciência e da tecnologia na resolução destes

problemas;

3 – Que eles sejam conscientes sobre a influência da sociedade e de interesses particulares

nos objetivos da ciência e da sociedade;

4 – Que eles sejam capazes de realizar avaliações sobre os desenvolvimentos científicos e

tecnológicos, em particular, seus riscos e impactos tanto sociais quanto ambientais;

5 – Que eles sejam capazes de avaliar, realizar juízos éticos em torno de tais

desenvolvimentos, adicionando suas próprias contribuições em prol das necessidades humanas;

6 – Que eles sejam capazes de traduzir os argumentos em políticas científicas, em

declarações e solicitações;

7 – Que eles compreendam a necessidade do controle social na investigação científica para

evitar a adoção de tecnologias apressadamente, sem as devidas análises (SOLBES & VILCHES,

2005).

Ser um ator político no cenário da C&T não pode ser percebido como uma atividade

demasiadamente complexa ou de profunda especialização. Na percepção de Acevedo Diaz e

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Stiefel (2005) existe a possibilidade de atores não especialistas participarem das decisões

científicas e tecnológicas. Tal atuação tem um teor não especialista, mas protagonista.

O conceito de protagonismo científico-tecnológico relaciona-se com a capacidade de

interferir nas temáticas de C&T de modo que os acontecimentos sejam não apenas percebidos

pelos cidadãos médios, mas escolhidos por eles. Reflete a capacidade de estar como sujeito em

um contexto e não apenas como espectador. A participação social é essencial na definição da

política para que a mesma expresse o interesse da coletividade. Por isso, é preciso reconstruir seu

prestígio.

A idéia de que ciência e tecnologia são assuntos exclusivos de especialistas, só poderá ser

revertida quando a sociedade se apropriar destes temas, no intuito de exercitar uma participação

de cunho político e ideológico que fundamentalmente busque a garantia de direitos e de justiça

social. Reforça esta idéia Salvador Giner1

1 GINER, S, Sociología. Barcelona: Península, (1976).

:,

“(...) a democracia educou a maioria de quem vive nela, a ver os problemas

e aspirações com os quais se enfrenta a comunidade como situações que não

dependem da fatalidade e sim da vontade. Têm solução. Nossa tarefa, como

agentes racionais que somos, é identificá-las e colocá-las logo em prática através

da legislação, da atividade governamental e de outras medidas de origem política,

além do que podemos fazer como indivíduos, formando livremente nossas

associações ou movimentos cívicos, trabalhando com afinco. A democracia

difunde a convicção de que o mundo depende, em grande parte, de nós

mesmos”. (Giner, 1996, p.144).

Solbes, Vilches e Gil (2001) afirmam que o futuro dos estudos CTS está vinculado à

produção de um novo modelo de ensino de ciências, cujo papel central há de ser ocupado pela

alfabetização científico-tecnológica, essencial para a educação geral de todo os cidadãos e

cidadãs. Assim, entende-se que é preciso aprender sobre ciências para compreender a sociedade,

seus avanços, possibilitando transformações.

5. Considerações Finais

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A Ciência é produzida pelo homem e, portanto é uma construção de aspectos sociais. Como

produção, entendemos o resultado das interações entre os elementos que constituem a

humanidade: a política, a economia, a religião e a cultura, considerando sua história, seu lugar no

tempo e no espaço.

As concepções de ciência e tecnologia abordadas neste artigo (neutra e tecnocrática) não

são suficientes para a compreensão da complexidade destas atividades humanas, já que limitam-

nas ao campo da imparcialidade. Ciência e a tecnologia expressam na verdade padrões de

relações sociais construídas historicamente.

A discussão destes conceitos não é um reflexão que afeta apenas os técnicos, os burocratas

ou os cientistas. Este contexto abarca toda a sociedade, a qual tende a reproduzir por

desconhecimento ou formação deficiente a visão tradicional e limitada, que a distancia do seu

verdadeiro papel: participar ativamente dos processos relativos a decisões em C&T.

Tal distanciamento é ratificado, por exemplo, através do conjunto de resultados gerados

pela pesquisa apresentada que, ora evidencia contradições da sociedade quanto a participar ou

não das decisões em C&T e ora apresenta algumas opiniões ingênuas sobre quem deve se

responsabilizar por elas.

Os resultados da pesquisa relativos às questões 40131 (Responsabilidade Social e

Informação) e 40211 (Decisões Sociais) apresentados reforçam a idéia de que é preciso criar

canais para a disseminação do conhecimento em ciência e tecnologia, mas principalmente criar a

possibilidade de exercício de participação e decisão para a sociedade, visando o preparo de atores

sociais para melhor entender e usar os conhecimentos científicos, em processos cujos focos sejam

a tomada de decisões.

Visto que não se separam as dimensões da política e da educação, faz-se necessário maior

investimento quer de recursos financeiros quer metodológicos e estratégicos em ACT -

alfabetização científico tecnologia nos diferentes espaços (escolas, museus, centros de ciência e

cultura, entre outros) de modo que o maior número de pessoas possa receber informações

qualificadas visando à compreensão dos temas para uma efetiva intervenção democrática em

C&T.

Este estudo permite chamar atenção para a importância da participação social no âmbito

das decisões e políticas de C&T que efetivamente só poderá ocorrer mediante a formação

ampliada de cidadãos. A alfabetização científico-tecnológica é uma ferramenta fundamental e

indispensável que pode contribuir com este processo de desmitificação da ciência e da tecnologia

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na sociedade contemporânea e com a instrumentalização dos indivíduos para a participação

social por meio da aquisição de competências básicas.

Por fim, é urgente a multiplicação de metodologias, estratégias, práticas críticas

interdisciplinares e contextualizados em C&T visando o fortalecimento dos estudos de CTS e assim

a diminuição dos impactos negativos gerados pela ciência e pela tecnologia quando desassociados

dos interesses da sociedade.

6. Referências

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Autor A: Miliana Campos dos Santos Fernandes: Mestranda do Programa de Pós-graduação em

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Autor B: Álvaro Chrispino: Doutor em Educação pela UFRJ e professor dos programas de Pós-

graduação do CEFET-RJ: [email protected]

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