aleitamento materno edesenvolvimento psicologico da criança

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ALEITAMENTO MATERNO E DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DA CRIANÇA Este artigo tem o objetivo de descrever os aspectos psicológicos presentes no aleitamento materno e sua influência no desenvolvimento psicológico da criança. Do ponto de vista simbólico, podemos dizer que o seio da mãe representa um prolongamento do cordão umbilical, que acabou de ser rompido após o nascimento. Este rompimento simboliza um começo de vida independente. Através da amamentação será resgatada a segurança e o calor que estavam garantidos no útero. O aleitamento materno ameniza este rompimento podendo acontecer lenta e progressivamente, até que se atinja um período em que o bebê não mais precise desse leite e nem dessa segurança tão estreita. Esta ruptura também afeta a mãe que depois de 9 meses de gestação vivencia uma situação nova com o nascimento do bebê. A amamentação atenua este processo e devolve à mãe toda a segurança que precisa nesta nova etapa. O desenvolvimento afetivo, então, inicia-se nesta relação que se estabelece entre mãe e bebê e este começo poderá ser decisivo para criar um vínculo de amor e confiança. O estabelecimento do vínculo é considerado como a contribuição principal da amamentação, do ponto de vista psicológico. Vários trabalhos descrevem a importância do contato pele a pele e do toque para os bebês; não só os recursos tecnológicos mais avançados dão conta de recuperar o ser humano em algumas situações. Prova disso é o método conhecido como “Mãe-canguru” usado na recuperação de bebês, principalmente prematuros - a mãe ou outra pessoa, de preferência da família, fazem o papel do útero, ficando com o bebê junto ao seu corpo em determinados períodos. A satisfação oral que a amamentação propicia ao bebê também é outro aspecto do desenvolvimento psíquico. O bebê nesta fase tem prazer na região da boca, por isso, muitas vezes recorre ao dedo, ou à chupeta, mesmo depois de satisfeito do ponto de vista nutricional. O desmame precoce, antes de um ano de vida, pode prejudicar esta satisfação e a conseqüente formação futura da capacidade de confiar nos outros e na capacidade de dar e receber. Com relação ao desenvolvimento cognitivo, as pesquisas demonstram que crianças amamentadas até o fim do segundo ano, mostraram melhor desempenho escolar do que as que não foram. A amamentação propicia um ótimo desenvolvimento cerebral por meio dos nutrientes e da interação, o leite materno protege os bebês de enfermidades que podem causar desnutrição e dificuldades de aprendizagem e audição; assegura interação freqüente e expõe o bebê à linguagem, ao comportamento social positivo e a estímulos importantes e, finalmente, desenvolve maior agudeza e enfoque visual levando à melhor disposição à aprendizagem e à leitura. Estas são apenas algumas das evidências que foram exploradas com relação ao tema, mas suficientes para que o leitor possa ter uma idéia das vantagens do aleitamento materno para um desenvolvimento mais satisfatório e saudável do ser humano. Autora: Silvia Marina Anaruma – Psicóloga e Docente do Depto de Educação Instituto de Biociências - UNESP, Campus de Rio Claro

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ALEITAMENTO MATERNO E DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DA

CRIANÇA

Este artigo tem o objetivo de descrever os aspectos psicológicos presentes no aleitamento materno e sua influência no desenvolvimento psicológico da criança. Do ponto de vista simbólico, podemos dizer que o seio da mãe representa um prolongamento do cordão umbilical, que acabou de ser rompido após o nascimento. Este rompimento simboliza um começo de vida independente. Através da amamentação será resgatada a segurança e o calor que estavam garantidos no útero. O aleitamento materno ameniza este rompimento podendo acontecer lenta e progressivamente, até que se atinja um período em que o bebê não mais precise desse leite e nem dessa segurança tão estreita. Esta ruptura também afeta a mãe que depois de 9 meses de gestação vivencia uma situação nova com o nascimento do bebê. A amamentação atenua este processo e devolve à mãe toda a segurança que precisa nesta nova etapa. O desenvolvimento afetivo, então, inicia-se nesta relação que se estabelece entre mãe e bebê e este começo poderá ser decisivo para criar um vínculo de amor e confiança. O estabelecimento do vínculo é considerado como a contribuição principal da amamentação, do ponto de vista psicológico. Vários trabalhos descrevem a importância do contato pele a pele e do toque para os bebês; não só os recursos tecnológicos mais avançados dão conta de recuperar o ser humano em algumas situações. Prova disso é o método conhecido como “Mãe-canguru” usado na recuperação de bebês, principalmente prematuros - a mãe ou outra pessoa, de preferência da família, fazem o papel do útero, ficando com o bebê junto ao seu corpo em determinados períodos. A satisfação oral que a amamentação propicia ao bebê também é outro aspecto do desenvolvimento psíquico. O bebê nesta fase tem prazer na região da boca, por isso, muitas vezes recorre ao dedo, ou à chupeta, mesmo depois de satisfeito do ponto de vista nutricional. O desmame precoce, antes de um ano de vida, pode prejudicar esta satisfação e a conseqüente formação futura da capacidade de confiar nos outros e na capacidade de dar e receber. Com relação ao desenvolvimento cognitivo, as pesquisas demonstram que crianças amamentadas até o fim do segundo ano, mostraram melhor desempenho escolar do que as que não foram. A amamentação propicia um ótimo desenvolvimento cerebral por meio dos nutrientes e da interação, o leite materno protege os bebês de enfermidades que podem causar desnutrição e dificuldades de aprendizagem e audição; assegura interação freqüente e expõe o bebê à linguagem, ao comportamento social positivo e a estímulos importantes e, finalmente, desenvolve maior agudeza e enfoque visual levando à melhor disposição à aprendizagem e à leitura. Estas são apenas algumas das evidências que foram exploradas com relação ao tema, mas suficientes para que o leitor possa ter uma idéia das vantagens do aleitamento materno para um desenvolvimento mais satisfatório e saudável do ser humano.

Autora: Silvia Marina Anaruma – Psicóloga e Docente do Depto de Educação Instituto de Biociências - UNESP, Campus de Rio Claro