alberto caeiro - exp.oral de portugues (2)

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Alberto Alberto Caeiro Caeiro

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Page 1: Alberto Caeiro - Exp.oral de Portugues (2)

Alberto CaeiroAlberto Caeiro

Page 2: Alberto Caeiro - Exp.oral de Portugues (2)

Alberto CaeiroAlberto CaeiroConteúdos a abordar:

A “vida” do heterónimo; Temáticas e características da obra do heterónimo; A Filosofia de vida expressa em Caeiro;Opinião crítica sobre essa filosofia de vida;Comparação entre Caeiro e Cesário Verde; “Mestre dos outros”;Análise de um poema de “O Guardador de Rebanhos”.

“(…) foi a 8 de Março de 1914 – acerquei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase (…)”

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Alberto CaeiroAlberto CaeiroA “vida” do heterónimo:

Nasceu em Lisboa, a 16 de Abril de 1889; Órfão de pai e mãe, vivia com uma velha tia-avó; Viveu quase toda a sua vida no campo; Teve uma educação muito básica – instrução primária – e não teve profissão; Era considerado o mestre ingénuo dos restantes heterónimos; Era um poeta ligado à Natureza; Era de estatura média, frágil, loiro e de olhos azuis; Era menos culto e complicado do que Ricardo Reis, mas mais alegre e franco; Morreu de tuberculose em 1915; A sua principal obra é “O Guardador de Rebanhos”.

Alberto Caeiro segundo o pintor Almada Negreiros.

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AlbertoAlberto CaeiroCaeiroTemáticas e características da obra do

heterónimoTemáticas

Defesa da objectividade – nada existe para além daquilo que, de facto, é perceptível para o ser humano, para além daquilo que captamos através dos órgãos dos sentidos.

Predomínio da sensação sobre o pensamento – o Homem deve renunciar ao pensamento, pois este implica que se deturpe o significado das coisas que existem e que não consigamos ver o real, o objectivo, o que está mesmo diante de nós, “pensar é estar doente dos olhos”; recusa do metafísico, da filosofia, do mistério e do misticismo.

Sensacionismo – predomínio das sensações visuais e auditivas, essencialmente; “(…) a sensação é a única realidade para nós.”

Comunhão total entre o Homem e a Natureza – o ser humano deve submeter-se às leis naturais e não deve racionalizar processos que existem naturalmente (por exemplo, as ideias de vida ou de morte, que existem enquanto verdades absolutas); é através da Natureza, da simplicidade e da calma que se alcança a felicidade plena.

Ideia de que o ser humano é insignificante – “ (…) Assim é a acção humana pelo mundo fora. /Nada tiramos e nada pomos; passamos e esquecemos; /E o sol é sempre pontual todos os dias.

Neopaganismo – visão pagã da existência, que consiste na descrença total na transcendência; a única verdade é a sensação.

Panteísmo sensorial – adoração das forças da natureza, representadas por deuses; segundo o sujeito poético Deus não existe, é imaginação das pessoas e, se existe algum Deus, é o da Natureza, o real, o natural.

“Desculturalização” – pensar nas coisas é não compreender, assim é necessário aprender a não pensar, a que o sujeito poético chama de “aprendizagem de desaprender.

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AlbertoAlberto CaeiroCaeiroTemáticas e características da obra do

heterónimoCaracterísticas estilísticas

Linguagem simples – orações ligadas por coordenação (paratácticas);

Verso livre, não respeitando quaisquer esquemas métricos, rimáticos ou melódicos;

Prosaísmo dos versos – “Por mim escrevo a prosa dos meus versos.”;

Léxico objectivo (termos que remetem directamente para o objecto);

Predomínio do Presente do Indicativo; Adjectivação quase ausente; Raras metáforas, metonímias e sinestesias; Frequentes os paralelismos, as imagens e as comparações; Ausência da rima.

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A Filosofia de vida expressa em Caeiro

O Poeta da Natureza e das Sensações Pela crença na Natureza, Caeiro revela-se um poeta

pagão, que sabe ver o mundo dos sentidos, centrando-se num realismo sensorial. Assim, Caeiro, ao procurar ver as coisas como elas realmente são, sublima o real, numa atitude panteísta de divinização das coisas da Natureza. É nesta atitude, que o sujeito poético valoriza cada momento e, recusando o pensamento metafísico, defende que na Natureza devemos apenas sentir e aproveitar cada novidade que ela nos dá a conhecer, não importando saber o que ela realmente é, pois o sentido das coisas reduz-se à percepção da cor, da forma e da existência.

AlbertoAlberto CaeiroCaeiro

“Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,/ Mas porque a amo, e amo-a por isso.”“As coisas não têm significado: têm existência.”

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AlbertoAlberto CaeiroCaeiroA Filosofia de vida expressa em Caeiro

Car pe diem – “aproveita o dia” / “tira partido do momento”

Filosofia Epicurista – Filosofia Epicurista – encontramos a felicidade se procurarmos os pequenos prazeres da vida e não desejarmos nem ambicionarmos nada. Assim teremos uma vida calma, tranquila e aprazível, sem medos ou receios da morte e com ausência de dor.

“Sejamos simples e calmos/ (…) E Deus amar-nos-á (…)/ E não nos dará mais nada, porque dar-nos mais seria tirar-nos mais.”

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AlbertoAlberto CaeiroCaeiroA Filosofia de vida expressa em Caeiro

Car pe diem – “aproveita o dia” / “tira partido do momento”

A Eterna Novidade das Coisas A Eterna Novidade das Coisas – cada momento é único e irrepetível e, em cada um há uma eterna novidade, da qual devemos tirar o máximo de partido e proveito, pois é a partir daí que se alcança a felicidade.

“Nada torna, nada se repete, porque tudo é real.”“E o que vejo a cada momento/ É aquilo que nunca antes tinha visto.”“Sinto-me nascido a cada momento/ Para a eterna novidade do mundo.”

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AlbertoAlberto CaeiroCaeiroA Filosofia de vida expressa em Caeiro

Car pe diem – “aproveita o dia” / “tira partido do momento”

A desvalorização do “tempo” – A desvalorização do “tempo” – todos os instantes são a unidade do tempo; Caeiro não quer saber do passado, porque afirma que recordar é atraiçoar a Natureza e não quer saber do futuro pois este é campo das conjecturas e das miragens. Ora, sendo Caeiro um poeta do real objectivo apenas o presente, o concreto e o imediato lhe interessam, pois estes fazem parte do momento.

“A Natureza nunca se recorda, e por isso é bela.”“Não quero incluir o tempo no meu esquema.”

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Opinião crítica sobre essa filosofia de vida

Car pe diem – “aproveita o dia” / “tira partido do momento”

A Eterna Novidade das CoisasA Eterna Novidade das Coisas

A desvalorização do “tempo” A desvalorização do “tempo”

A recusa do pensamento A recusa do pensamento

Importância das Sensações Importância das Sensações

AlbertoAlberto CaeiroCaeiro

Page 11: Alberto Caeiro - Exp.oral de Portugues (2)

Comparação entre Caeiro e Cesário Verde

Sendo Caeiro um poeta da Natureza, das sensações e da simplicidade que “pensa vendo e ouvindo” e que defende que a vida deve reduzir-se ao “puro sentir”, facilmente faz lembrar Cesário Verde, através da objectividade visual presente em ambos os poetas. Assim, Cesário Verde é várias vezes citado nos poemas do “Guardador de Rebanhos” pelo interesse que imprime na Natureza, pelo verso livre e pela linguagem simples e familiar.

AlbertoAlberto CaeiroCaeiro

À esquerda, Alberto Caeiro.À direita, Cesário Verde.

Page 12: Alberto Caeiro - Exp.oral de Portugues (2)

AlbertoAlberto CaeiroCaeiroComparação entre Caeiro e Cesário

Verde

Há duas características essenciais que aproximam Caeiro de Cesário Verde:

O deambulismo O deambulismo – o sujeito poético em Cesário Verde vagueava pelas ruas de Lisboa e reflectia sobre o que via através de uma forte objectividade visual, sendo as suas temáticas a crítica social e o binómio cidade-campo. Em Caeiro, o sujeito poético vagueia pelo campo, utilizando essa mesma objectividade para descrever o que vê.

A valorização das sensações A valorização das sensações visuais.visuais.

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Comparação entre Caeiro e Cesário Verde

AlbertoAlberto CaeiroCaeiro

Ao entardecer, debruçado pela janela, E sabendo de soslaio que há campos em frente, Leio até me arderem os olhos O livro de Cesário Verde.

Que pena que tenho dele! Ele era um camponês Que andava preso em liberdade pela cidade. Mas o modo como olhava para as casas, E o modo como reparava nas ruas, E a maneira como dava pelas cousas, É o de quem olha para árvores, E de quem desce os olhos pela estrada por onde vai andando E anda a reparar nas flores que há pelos campos …

Por isso ele tinha aquela grande tristeza Que ele nunca disse bem que tinha, Mas andava na cidade como quem anda no campo E triste como esmagar flores em livros E pôr plantas em jarros...

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema III"

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“Mestre dos outros”

Os ensinamentos de Caeiro, pela simplicidade do seu quotidiano, pela sua relação com a Natureza e pela importância que este imprime à essência do sensacionismo, tornaram-no mestre da outra humanidade: Pessoa ortónimo e heterónimos. O próprio Pessoa confessa, na carta a Adolfo Casais Monteiro “Aparecera em mim o meu mestre”.

Para o ortónimo, para Álvaro de Campos e para Ricardo Reis, Caeiro representa o regresso ao paganismo primitivo e à sinceridade plena, ensinando-lhe a filosofia do não filosofar.

AlbertoAlberto CaeiroCaeiro

Heterónimos Pessoanos, segundo o pintor Almada Negreiros.

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“Mestre dos outros”Fernando Pessoa ortónimo Fernando Pessoa ortónimo – descrê da possibilidade de

compreender o mundo tal como Caeiro, mas enquanto este aceita, tacitamente, a realidade, o Ortónimo decepciona-se e experimenta o desespero.

Álvaro de Campos Álvaro de Campos – como Caeiro, este heterónimo, recorre aos versos livres, é o homem da cidade, que procura aplicar a lição sensacionista ao mundo da máquina. No entanto, pela desordem das suas sensações, sente-se frustrado. Falta a Campos a tranquilidade de Caeiro.

Ricardo Reis Ricardo Reis – adquiriu a lição de paganismo espontâneo de Caeiro, cultivando o neopaganismo e recorrendo à mitologia greco-latina. Considera a brevidade da vida, pois sabe que o tempo passa e tudo é efémero; Caeiro vê o mundo sem necessidade de explicações, sem princípio nem fim, e confessa que existir é um facto maravilhoso. Caeiro aceita a vida sem pensar; Reis talvez a aceite apesar de pensar.

AlbertoAlberto CaeiroCaeiro

Page 16: Alberto Caeiro - Exp.oral de Portugues (2)

“Mestre dos outros”

AlbertoAlberto CaeiroCaeiro

“ Caeiro é o sol e em torno de si giram Reis, Campos e o próprio Pessoa. Em todos eles há partículas de negação ou de irrealidade: Reis crê na forma, Campos na sensação, Pessoa nos símbolos. Caeiro não crê em nada: existe […] Caeiro é tudo o que não é Pessoa e, aliás, tudo o que não pode ser nenhum poeta moderno: o homem reconciliado com a Natureza.”

Octavio Paz, poeta mexicano (1965)“ Caeiro tem uma disciplina: as coisas devem ser sentidas tais como são. Ricardo Reis tem outra disciplina diferente: as coisas devem ser sentidas, não como são, mas também de modo a integrarem-se num certo ideal de medida e regras clássicas.”

Fernando Pessoa in Páginas Íntimas e Auto-Interpretação

Page 17: Alberto Caeiro - Exp.oral de Portugues (2)

Análise de um poema de “O Guardador de Rebanhos”

AlbertoAlberto CaeiroCaeiroSe, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,Não há nada mais simples.Tem só duas datas – a da minha nascença e a da minha morte.Entre uma e outra coisa todos os dias são meus.

Sou fácil de definir.Vi como um danado.Amei as coisas sem sentimentalidade nenhuma.Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras;Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.

Um dia deu-me o sono como a uma criança.Fechei os olhos e dormi.Além disso, fui o único poeta da Natureza.

Verso 2 – Simplicidade (na vida e na morte).Verso 6 – Importância da visão.Verso 7 – Amar sem sentimentalidade – Epicurismo.Verso 8 – Felicidade (porque sempre pôde ver).Verso 9 – A audição apenas acompanha a visão (sendo esta a mais importante das sensações).Verso 10 – A eterna novidade das coisas.Verso 11 – Recusa do pensamento.Verso 12 – O pensamento torna as coisa uniformes e falsifica-as.Verso 13 – Simplicidade, pureza e inocência de criança.Verso 15 – Poeta da Natureza.

Page 18: Alberto Caeiro - Exp.oral de Portugues (2)

AlbertoAlberto CaeiroCaeiro

Alberto Caeiro segundo o pintor Almada Negreiros.

Mapa astral de Alberto Caeiro.

Trabalho realizado Trabalho realizado por:por:

Bárbara Amorim, 12ºD