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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E EDUCACIONAL
APROVADA NOTA: 8,5
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM: DISLEXIA
MARILENE SERAFIM DE SOUZA FEITOSA
ORIENTADOR: PROF. DR. ILSO FERNANDES DO CARMO.
BRASNORTE/2015
AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E EDUCACIONAL
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM: DISLEXIA
MARILENE SERAFIM DE SOUZA FEITOSA
ORIENTADOR: PROF. DR. ILSO FERNANDES DO CARMO.
“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do Título de Especialização em Psicopedagogia Clínica e Educacional”.
BRASNORTE/2015
RESUMO
A escolha deste tema caracteriza-se pela necessidade de uma transmissão
de conhecimentos e informações a respeito da dislexia e suas particularidades.
O presente estudo faz uma abordagem sobre a dislexia, transtorno de
causas genéticas e neurológicas, que ocasiona dificuldades no aprendizado da
criança, principalmente na leitura e escrita.
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados on-line
compreendendo a problemática, utilizando as palavras chave dislexia, dificuldades e
aprendizagem.
O objetivo do estudo foi descrever a dislexia e suas manifestações na área
educacional.
Após a pesquisa, concluiu-se que existe a necessidade da realização de
novos pesquisas científicas sobre o tema a fim de obter maiores esclarecimentos
acerca das manifestações clínicas do distúrbio.
Palavras chave: Dislexia. Dificuldades. Aprendizagem.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..............................................................................................04
CAPÍTULO I- A dislexia.................................................................................06
CAPÍTULO II- Diagnóstico da dislexia...........................................................10
CAPÍTUILO III- Características da criança com dislexia...............................13
CAPÍTULO IV- Tipos de dislexia...................................................................16
CAPÍTULO V- Dificuldades provocadas.........................................................17
CAPÍTULO VI- O processo de aprendizagem dos dislexos ...........................20
CAPÍTULO VII- Aquisição da leitura e a escrita.............................................23
CAPÍTULO VIII – A dislexia e a alfabetização................................................25
CAPÍTULO IX – Tratamento...........................................................................28
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS...............................................................30
INTRODUÇÃO
Dislexia é a incapacidade de a criança ler e compreender o que lê. Apesar
da inteligência, visão e audição serem normais, oriundas de lares adequados, isto é,
que não passem privações de ordem doméstica ou cultural.
Definida como um transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e
soletração, a dislexia é um distúrbio de maior incidência nas salas de aula no mundo
todo, muitas vezes confundida como resultado de uma má alfabetização,
desatenção ou falta de motivação. Se não for tratada adequadamente, pode
comprometer a fase adulta da criança. É diagnosticada geralmente no ingresso da
criança na escola, aos seis ou sete anos de idade, quando os sintomas são
facilmente notados. Procura-se neste trabalho demonstrar os procedimentos a
serem adotados para crianças com dificuldades na leitura e a didática aconselhada
para esse distúrbio.
Os objetivos desta pesquisa são os seguintes: Identificar os principais
fatores que afetam no bom desempenho do processo de ensino-aprendizagem e/ou
conhecer novas metodologias, visando uma melhoria no desempenho de suas
atividades; aprofundar conhecimentos sobre o que é dislexia; investigar e analisar
causas da dislexia nas dificuldades de aprendizagem; compreender o processo
ensino/aprendizagem do disléxico; conhecer diferentes técnicas para trabalhar a
leitura no aluno disléxico.
A pesquisa partiu da seguinte problemática: toda a criança que possui atraso
na leitura pode ser considerada uma criança disléxica?
Assim, ser disléxico é condição humana. O disléxico pode ser portador de
alta habilidade. Em geral, podem ter talento em alguma área, como na arte, música,
teatro, esporte, mecânica, vendas, comércio, desenho, construção, engenharia e
não se descarta ainda que ele possa ser superdotado, com capacidade intelectual
singular, são criativos, produtivos e lideres.
O disléxico pode ser portador de conduta típica, com síndrome e quadro de
ordem psicológica, neurológica e linguística, de modo que sua síndrome
compromete a aprendizagem eficaz e eficiente da leitura e escrita, mas não chega à
competência seus ideais, talentos e sonhos.
A metodologia utilizada nesta monografia foi a pesquisa bibliográfica, onde
procurou-se explicar e estudar o problema a partir de referências teóricas publicadas
em documentos específicos como livros, revistas, periódicos, entre outros.
Dislexia é uma palavra grega que quer dizer distúrbio de linguagem, ou seja,
a pessoa com dislexia tem dificuldade na aprendizagem, tanto no que diz respeito ao
ritmo como na qualidade da aquisição das habilidades de leitura, soletração, escrita,
fala, em linguagem expressiva ou receptiva, em razão e cálculo matemáticos, como
na linguagem corporal e social. Não tem como causa falta de interesse, de
motivação, de esforço ou de vontade, como nada tem a ver com acuidade visual ou
auditiva como causa primária. Dificuldades no aprendizado da leitura, em diferentes
graus, é característica evidenciada em cerca de 80% dos disléxicos. Isto não quer
dizer que crianças disléxicas são menos inteligentes; aliás, muitas delas apresentam
um grau de inteligência normal ou até superior ao da maioria da população. Na
verdade, causa da dislexia está relacionada com o processamento de informações,
que ocorre diferentemente no cérebro de quem apresenta o distúrbio.
Diferentemente de outras pessoas que não sofrem de dislexia, disléxicos processam
informações em uma área diferente de seu cérebro; não obstante, os cérebros de
disléxicos são perfeitamente normais. A dislexia parece resultar de falhas nas
conexões cerebrais.
Em suma, o presente trabalho propõe um breve esclarecimento sobre a
Dislexia e seus pontos principais, destacando em seus capítulos que se seguem
sobre a dislexia e sua definição, o diagnóstico, características da criança com
dislexia, os tipos de dislexia, as dificuldades provocadas, o processo de ensino
aprendizagem dos dislexos, a aquisição da leitura e da escrita, alfabetização e
tratamento.
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CAPÍTULO I
A DISLEXIA
A definição mais utilizada segundo a ABD (Associação Brasileira de Dislexia)
(1994), caracteriza a dislexia como um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na
área de leitura, escrita e soletração. É o distúrbio de maior incidência nas salas de
aula, sendo uma alteração nos neurotransmissores cerebrais que impede uma
criança de ler e compreender com a mesma facilidade com que faz as outras
crianças da mesma faixa etária, independente de qualquer causa intelectual, cultural
ou emocional. Todo o desenvolvimento da criança é normal, até entrar na escola. É
um problema de base cognitiva que afeta as habilidades linguísticas associadas à
leitura e à escrita.
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-IV (1995)
caracteriza a dislexia como comprometimento acentuado no desenvolvimento das
habilidades de reconhecimento das palavras e da compreensão da leitura. O
diagnóstico é realizado somente se esta incapacidade interferir significativamente no
desempenho escolar ou nas atividades da vida diária (AVD’s) que requerem
habilidades de leitura. A leitura oral no disléxico é caracterizada por omissões,
distorções e substituições de palavras e pela leitura lenta e vacilante. Neste
distúrbio, a compreensão da leitura também é afetada.
FONSECA (1995) coloca que a dislexia trata-se de uma desordem
(dificuldade) manifestada na aprendizagem da leitura, independentemente de
instrução convencional, adequada inteligência e oportunidade sociocultural. E,
portanto, dependente de funções cognitivas, que são de origem orgânica na maioria
dos casos.
CONDEMARIM (1986), expressa seu pensamento sobre dislexia dizendo
que é um conjunto de sintomas reveladores de uma disfunção parietal (o lobo do
cérebro onde fica o centro nervoso da escrita), geralmente hereditário, ou às vezes
adquirida, que afeta a aprendizagem da leitura num contínuo que se estende do leve
sintoma ao severo. É frequentemente acompanhada de transtorno na aprendizagem
da escrita, ortografia, gramática e redação.
Conforme ressalta SILVA (2009), a dislexia representa um déficit na
capacidade de simbolizar, começa a se definir a partir da necessidade que tem a
criança de lidar receptivamente ou expressivamente com a representação da
realidade, ou antes, com a simbolização da realidade, ou poderíamos também dizer,
com a nomeação do mundo.
Segundo um levantamento feito pela Associação Brasileira de Dislexia
(ABD), em média 40% dos casos diagnosticados na faixa mais crítica, entre 10 a 12
anos, são de grau severo, 40% são de grau moderado e 20% de grau leve.
Segundo LIMA (2002), a compreensão de como aprendemos as coisas, e o
porquê de muitas pessoas apresentarem dificuldades paralelas em seu caminho de
aprendizagem, é um dos desafios que a ciência vem procurando desvendar, em
mais de 100 anos de pesquisas. Além disso, com o avanço da tecnologia atual, em
especial com a utilização da ressonância magnética funcional, as pesquisas dos
últimos dez anos têm trazido respostas significativas sobre alguns distúrbios de
aprendizagem, especialmente sobre a dislexia.
Acredita-se que atualmente no Brasil existam cerca de 15 milhões de
pessoas que possuem algum tipo de necessidade especial, e estas podem ser bem
diferenciadas como, por exemplo, a mental, auditiva, visual, física, de conduta ou
várias deficiências em conjunto. Diante deste panorama, avalia-se que cerca de 90%
das crianças que estão cursando a educação básica enfrentam alguma dificuldade
de aprendizagem relacionada à linguagem como a disgrafia, disortografia e a
dislexia que é o tema central dessa pesquisa (DAVIS, 2004; MC CABE, 2002).
Também pode ser citado que cerca de 10 a 15% da população mundial sofre
de dislexia. Muitos não acreditam que a pessoa que possui esse transtorno tem um
cérebro absolutamente normal, mas de acordo com muitos pesquisadores, o
problema pode ser decorrente de algumas falhas nas conexões cerebrais (MC
CABE, 2002). São vários os fatores que podem influenciar, positiva ou
negativamente, o processo de aprendizagem de uma língua. Entre os fatores que
atrapalham, prejudicam ou até mesmo impedem este processo estão os distúrbios
de aprendizagem. Os distúrbios de aprendizagem se manifestam em grande parte
da população mundial. Estima-se que só nos Estados Unidos, entre 20 e 30% dos
estudantes possuem déficit de aprendizagem maior que a média para a idade.
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Para ROTTA (2006), as diferenças estruturais entre o cérebro das pessoas
com dislexia e o das pessoas sem dislexia concentram-se fundamentalmente no
plano temporal. Além da simetria incomum dos planos temporais, o cérebro de
leitores disléxicos tem alterações na cito arquitetura e alterações do cerebelo e suas
vias. Isso ocorre provavelmente porque houve algum tipo de agressão nos primeiros
estágios do desenvolvimento. Finalmente, os neurônios de tecido cerebral dos
leitores disléxicos parecem ser menores que a média, pelo menos em algumas
áreas de cérebro (por exemplo, o tálamo). O tamanho menor dos neurônios
talâmicos pode muito bem estar ligado às anormalidades tanto do sistema visual
quanto no sistema auditivo de indivíduos com dislexia..
De acordo com a definição estabelecida no de 1981 pelo National Joint
Comitee for Learming Disabilities (Comitê Nacional de Dificuldades de
Aprendizagem). Nos Estados Unidos da América:
Distúrbios de aprendizagem é um termo genérico que se refere a um grupo heterogêneo de alterações manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Estas alterações são intrínsecas ao indivíduo e presumivelmente devidas à disfunção do sistema nervoso central. Apesar de um distúrbio de aprendizagem poder ocorrer concomitantemente com outras condições desfavoráveis (por exemplo, alteração sensorial, retardo mental, distúrbio social ou emocional) ou influências ambientais (por exemplo, diferenças culturais, instrução insuficiente/inadequada, fatores psicogênicos), não é resultado direto dessas condições ou influências. (COLLARES e MOYSÉS, 1992, p.32).
Ainda temos a seguinte definição de distúrbio de aprendizagem:
Etimologicamente, a palavra distúrbio compõem-se do radical turbare e do prefixo dis. O radical turbare significa alteração violenta da ordem natural. O prefixo dis tem como significado alteração com sentido anormal, patológico e possui valor negativo. (ROSS, 2003, p. 65).
Nesta perspectiva, a expressão distúrbios de aprendizagem apresenta
significado de anormalidade patológica por alteração violenta na ordem natural da
aprendizagem, portanto distúrbio de aprendizagem remete a um problema ou a uma
doença que acomete o sujeito em nível individual e orgânico.
Os distúrbios de aprendizagem não são óbvios e são vários, ou seja,
segundo LIMA (2002), há variadas maneiras de se manifestarem e se combinarem.
Por exemplo, distúrbios psicomotores e distúrbios afetivos estão estreitamente
ligados se influenciam e se esforçam mutuamente, indicam perturbações ou falhas
na aquisição e utilização de informações ou na habilidade para a solução de
problemas, implica na modificação dos padrões de assimilação e transformação seja
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por vias internas ou externas no/ao individuo. Distúrbios psicomotores são os de
ordem física.
A psicomotricidade sempre leva em conta o individuo como um todo, tendo
como características, além da coexistência de problemas motores de maior ou
menor gravidade, transtornos na área do ritmo, da atenção, do comportamento,
esquema corporal, orientação espacial e temporal, lateralidade e maturação.
Segundo SILVA (2009, p.14) a “Educação psicomotora: Abrange todas as
aprendizagens da criança, processando-se por etapas progressivas e específicas
conforme o desenvolvimento geral de cada indivíduo.” Quando docentes se detém
em observações detalhadas dos sintomas percebe-se que estes se manifestam e
combinam-se de diferentes modos de sujeito a sujeito.
Contribuindo com a importância da psicomotricidade no processo de
aprendizagem e a prevenção dos distúrbios neste, BESSA (2010, p.83), coloca que:
A prática psicomotora na Educação é uma atividade de caráter essencialmente educativo e preventivo. Esta se utiliza do movimento corporal e de atividades lúdicas para estimular o desenvolvimento psicomotor, promover a integração dos aspectos motores, cognitivos e socioafetivos, além de preparar as crianças para aprendizagens futuras, favorecendo consideravelmente a alfabetização e prevenindo distúrbios de aprendizagem.
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CAPÍTULO II
DIAGNÓSTICO DA DISLEXIA
A palavra diagnóstico provém de dia (através de) e gnosis (conhecimento). Se nos atemos à origem etimológica e não ao uso comum (que pode significar rotular, definir, etiquetar), podemos falar de diagnóstico como” um olhar-conhecer através de”, que relacionaremos com um processo, com um transcorrer, com um ir olhando através de alguém envolvido mesmo como observador, através da técnica utilizada e, nesta circunstância, através da família. (FERNANDEZ, 1991,p. 37 ).
A avaliação é muito importante. Ela é fundamental para entender o que está
acontecendo com o indivíduo que está apresentando distúrbios na aprendizagem. É
através da avaliação multidisciplinar, Segundo FERNANDEZ (1991), que se tem
condições de um encaminhamento adequado a cada caso considerando as várias
possibilidades, inclusive de manifestação de dislexia. O diagnóstico diferencial é a
chave do assunto. Há alterações que possuem alguns sintomas de outra e podem
ser confundidas. Pessoas com simples atraso de desenvolvimento de linguagem,
dispraxia da fala, desordem programático-semântico, agnosia auditiva, falhas
auditivas falta de estimulação no lar e/ou retardo mental ou hiperatividade, muitas
vezes são confundidos com disléxicas. As grandes dificuldades aparecem quando a
criança começa a enfrentar temas acadêmicos mais complexos, por volta dos oito ou
nove anos, quando as notas baixas e o fraco desempenho escolar são
companheiros do aluno disléxico.
Segundo orientação da ABD (Associação Brasileira de Dislexia), o
diagnóstico só pode ser feito após a alfabetização, entre a primeira e a segunda
série. Pois a escola alfabetiza precocemente, e a criança não acompanha porque
não tem maturidade neurológica suficiente indicam um distúrbio de aprendizagem,
não confirmam a dislexia. Os mesmos sintomas podem indicar outras situações,
como lesões, síndromes, entre outras. Identificado o problema de rendimento
escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos na escola ou mesmo em
casa, deve-se procurar ajuda especializada. Uma equipe multidisciplinar, formada
por psicóloga, fonoaudióloga psicopedagoga clinica deve iniciar uma minuciosa
investigação. Essa mesma equipe deve garantir uma maior abrangência do
processo de avaliação, verificando a necessidade do parecer de outros profissionais,
como neurologista, oftalmologista e outros, conforme o caso.
A equipe de profissionais, segundo CONDEMARIN (1986), diz que o objetivo
principal do tratamento re-educativo é solucionar as dificuldades localizadas no
diagnóstico, que impedem ou dificultam o desenvolvimento normal do processo da
leitura. Deve verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o
diagnóstico de dislexia. Outros fatores deverão ser descartados, como déficit
intelectual, disfunções ou deficiências auditivas e visuais, lesões cerebrais
(congênitas ou adquiridas), desordens afetivas anteriores ao processo de fracasso
escolar, pois, com os constantes fracassos escolares o disléxico irá apresentar
prejuízos emocionais, mas estes são consequências, não causa da dislexia, e outros
distúrbios de aprendizagem, como: o déficit de atenção, a hiperatividade (ambas
podem ocorrer juntas com Hiperatividade, lembrando que a hiperatividade também
pode ocorrer em conjunto com a dislexia). Nesse processo ainda, é muito
importante: tomar o parecer da escola, dos pais e levantar o histórico familiar e de
evolução do paciente.
Essa avaliação não só identifica as causas das dificuldades apresentadas,
assim como, permite um encaminhamento adequado do caso, através de um
relatório por escrito. No caso da dislexia, o encaminhamento orienta o
acompanhamento consoante às particularidades de cada caso, o que permite que
este seja mais eficaz e mais proveitoso, pois o profissional que assumir o caso não
precisará de muito tempo, para identificação do problema, e ainda terá acesso a
pareceres importantes. Conhecendo as causas das dificuldades e os potenciais do
indivíduo, o profissional pode utilizar a linha que achar mais conveniente. Os
resultados irão aparecer de forma consistente e progressiva. O acompanhamento
profissional dura de dois a cinco anos, dependendo do caso.
Ao contrário do que muitos pensam o disléxico, segundo ABD (Associação
Brasileira de Dislexia), sempre contorna suas dificuldades. Ele responde muito bem
a tudo que passa para o concreto. Tudo o que envolve os sentidos é mais facilmente
absorvido. O disléxico também tem sua própria lógica, sendo muito importante o
bom entrosamento entre o profissional e o paciente.
Outro passo importante a ser dado, segundo ABD, é definir um programa de
etapas, somente passando para a seguinte, após confirmar se a anterior foi
devidamente absorvida, retomando sempre as anteriores.
Geralmente, estudantes que apresentavam alguma dificuldade para falar, ler
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ou escrever, eram rotulados imediatamente como "disléxicos", pelos educadores,
sem que fosse realizada uma avaliação sobre seus antecedentes individuais.
O diagnóstico diferencial, segundo LIMA (2002), é a chave do assunto. Há
alterações que compartilham alguns sintomas de outra, ou se confundem com esta.
As grandes dificuldades aparecem por volta dos oito ou nove anos de idade, quando
a criança começa a enfrentar temas acadêmicos mais complexos, as notas baixas e
fraco desempenho escolar são características básicas na vida escolar de crianças
disléxicas.
Reconhecer as características é o primeiro passo para que possam evitar
anos de dificuldades e sofrimentos. Induzindo esta criança, fatalmente ao
desinteresse pela escola e a tudo o que está em torno dela, gerando ás vezes
quadros de fobia, desta criança em relação á tarefas que exijam a leitura e a escrita.
Crianças com dificuldades escolares sejam qual for à raiz do problema, necessitam
da educação, atenção e ensino diferenciados para que possam desenvolver suas
habilidades, e quanto mais cedo for detectado o problema, melhores serão os
resultados.
Crianças com dificuldades escolares sejam qual for a raiz do problema,
necessitam, segundo FONSECA (1995), de educação, atenção e ensino
diferenciados para que possam desenvolver suas habilidades, e quanto mais cedo
for detectado o problema, melhores serão os resultados.
Para autores como CORREA (2006) e FONSECA (1995), seria interessante
que todas as crianças fossem avaliadas para se detectar se sofrem ou não de
dislexia. No entanto, o sistema educacional brasileiro é de certa maneira deficiente
nesse aspecto, bem como ainda existe uma escassez de recursos na maior parte
das escolas brasileiras. Sendo assim, é importante que pais, professores e até
mesmo profissionais estejam atentos a um mínimo sinal de dislexia para que tenham
condições de ajudar seus filhos e alunos.
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CAPÍTULO III
CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS COM DISLEXIA
NUNES (1992), mostra que as crianças disléxicas são as que têm
dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita e essas dificuldades são maiores
do que se esperaria a partir do seu nível intelectual. Essas crianças, embora com as
mesmas condições que as outras crianças para aprender a ler, recebendo
motivação adequada, apoios satisfatórios dos pais e capacidades intelectuais
normais ou até mesmo acima do normal, avançam na alfabetização de forma mais
lenta do que seus colegas da mesma idade e da mesma condição intelectual.
As crianças que possuem dificuldades de aprendizagem na leitura e na
escrita aprendem conforme os outros alunos, mas com lentidão, portanto, todas as
crianças aprendem a ler e escrever basicamente da mesma forma, mas alguns
vencem as dificuldades dessa aprendizagem com maior facilidade do que outras.
“Para a criança, independente de ser disléxica ou não, a aprendizagem é muito
importante, pois com a repetição combinada em números suficientes de vezes, ela
aprenderá a pensar no objeto ao ver a palavra impressa (leitura). Tempos depois, o
objeto, um retrato do objeto, a palavra às palavras, reagindo aos estímulos
simultâneos, a criança chegará a pensar no objeto ao ver a palavra. (NUNES, 1992).
A renovação da prática pedagógica, nos últimos anos refere-se, exatamente às
tentativas de tornar a leitura e a escrita mais significativa na escola. Observa-se que
a leitura e a escrita são duas habilidades complexas e imprescindíveis para a
aquisição das demais habilidades escolares e para o conhecimento.
Segundo MARTINS (2003),
a dislexia é uma dificuldade específica de leitura. É um transtorno inesperado que professores e pais observam no desempenho leitor da criança. Os sintomas da dislexia podem ser observados no ato de ler, de escrever ou de soletrar.
A característica mais marcante da criança que possui dificuldade de
aprendizagem é a acumulação e persistência de seus erros ao ler e escrever. Os
problemas mais comuns, de acordo com CONDERMARIN (1986), são os seguintes:
¾ Confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças sutis de grafia: a-o; c-o;
e-c; f-t; h-n; v-u; etc. ¾ Confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia similar,
mas com diferente orientação no espaço: b-d; b-p; b-q; d-p; n-u; w-m; a-e. .
Muitas vezes, nós educadores acabamos rotulando alunos com dificuldade
de leitura como uma criança disléxica, porém nem sempre a criança com essa
dificuldade pode ser assim considerada. O que acontece muitas vezes, é que a
criança possui dificuldade de alfabetização devido a métodos deficientes e a pouca
motivação para a leitura. A dislexia pode ser específica e é restrita a dificuldade de
leitura em crianças normalmente desenvolvida nos demais setores os quais não
estão ligados à linguagem e onde os distúrbios não são explicados por condições
físicas ou ambientais negativas, dificuldades sensoriais, intelectuais ou emocionais.
As verdadeiras dislexias são distúrbios circunscritos que resultam de
limitações sensoriais discretas ou de anomalias na organização dinâmica dos
circuitos cerebrais, responsáveis pela coordenação viso-auditiva-verbal, que
asseguram o complexo ato da compreensão da linguagem escrita. A criança,
portanto, não é capaz de realizar um comportamento léxico eficaz partindo das
formas do esquema de exercícios que, habitualmente, levam o aluno a adquirir o
mecanismo da leitura. (REY, apud NOVAES, 1984. p. 229)
Segundo ABD, a dispersão é a primeira característica a ser percebida entre
as crianças com dislexia. Elas demonstram dificuldades em manter a atenção
durante a realização de atividades. Geralmente é perceptível no início da
alfabetização e pode ser confundida com inteligência baixa ou desmotivação.
Características, predominantes: dificuldades com a linguagem e escrita; dificuldades
em escrever; dificuldades com a ortografia; lentidão na aprendizagem da leitura.
Haverá muitas vezes: disgrafia (letra feia); discalculia, dificuldade com a matemática,
sobretudo na assimilação de símbolos e de decorar tabuada; dificuldades com a
memória de curto prazo e com a organização; dificuldades em seguir indicações de
caminhos e em executar sequências de tarefas complexas; dificuldades para
compreender textos escritos; dificuldades em aprender uma excessiva ou o
‘’palhaço’’ da turma; bom desempenho em provas orais.
Adultos com dislexia que não tiveram um acompanhamento adequado na
fase escolar ou pré-escolar, o adulto disléxico ainda apresentará, as seguintes
dificuldades: Continuada dificuldade na leitura e escrita; Memória imediata
prejudicada; Dificuldade na aprendizagem de uma segunda língua; Dificuldade em
nomear objetos e pessoas (disnomia); Dificuldade com direita e esquerda;
Dificuldade em organização. Segunda língua. Haverá às vezes: dificuldades com a
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linguagem falada; dificuldade com a percepção espacial; confusão entre direita e
esquerda. (ABD).
Característica de acordo com a fase escolar. É importante o professor ficar
atento caso o aluno apresentar os sintomas relacionados abaixo. O fato de
apresentar alguns desses sintomas, segundo CONDEMARIM (1986), não indica
necessariamente que a criança seja disléxica; há outros fatores a serem
observados. Porém, com certeza, estaremos diante de um quadro que pede uma
maior atenção e/ou estimulação. Pré-escola dispersão; Fraco desenvolvimento da
atenção; Atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem; Dificuldade em
aprender rimas e canções; Fraco desenvolvimento da coordenação motora.
Dificuldade com quebra cabeça; Falta de interesse por livros impressos. Idade
escolar. Nesta fase, se a criança continua apresentando alguns ou vários dos
sintomas a seguir, é necessário um diagnóstico e acompanhamento adequado, para
que possa prosseguir seus estudos junto com os demais colegas e tenha menos
prejuízo emocional. Dificuldade na aquisição e automação da leitura e escrita; Pobre
conhecimento de rima (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no
início das palavras); Desatenção e dispersão; Dificuldade em copiar de livros e da
lousa; Dificuldade na coordenação motora fina (desenhos, pintura) e/ou grossa
(ginástica, dança, etc.); Desorganização geral pode citar os constantes atrasos na
entrega de trabalhos escolares e perda de materiais escolares; Confusão entre
esquerda e direita; Dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas,
etc... Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou sentenças longas e
vagas; Dificuldade na memória de curto prazo, como instruções, recados, etc...
Dificuldades em decorar sequências, como meses do ano, alfabeto, tabuada, etc..
Dificuldade na matemática e desenho geométrico; Dificuldade em nomear objetos e
pessoas (disnomias). Troca de letras na escrita; Dificuldade na aprendizagem de
uma segunda língua; Problemas de conduta como: depressão, timidez.
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CAPÍTULO IV
TIPOS DE DISLEXIA
De acordo com PESTUN (2003), a dislexia pode ser dividida nos seguintes
subtipos:
Dislexia Disfonética: Dificuldades de percepção auditiva na análise e síntese de
fonemas, dificuldades temporais, e nas percepções da sucessão e da duração (troca
de fonemas-sons, grafemas- diferentes, dificuldades no reconhecimento e na leitura
de palavras que não tem significado, alterações na ordem das letras e das sílabas,
omissões e acréscimos, maior dificuldade na escrita do que na leitura, substituições
de palavras por sinônimos).
Dislexia auditiva: Deficiência na percepção auditiva, na memória auditiva (não
audiabiliza cognitivamente o fonema).
CARACTERÍSTICAS DE DISLEXIA AUDITIVA OU DISFONÉTICA:
A psicóloga americana Eleanor Boder em 1973 constatou distintos erros na
leitura e escrita em diferentes crianças, com isso classificou as crianças em três
tipos de disléxicos, o primeiro grupo, denominado “disfonéticos” é o maior, e inclui as
crianças que apresentam dificuldades de consciência fonológica, são insensíveis à
rima e à estrutura fonológica das palavras, portanto, têm dificuldade em usar as
correspondências letra-som na leitura e escrita. Já, o segundo grupo é bem reduzido
e utiliza bem a correspondência letra-som tanto na escrita como na leitura, porém,
apresenta dificuldade visual e é denominado “diseidético”. Por último, o terceiro
grupo, que não apresenta uma denominação específica, apresenta os dois tipos de
dificuldades citadas acima. Portanto, através disso pode-se concluir que algumas
crianças sem dificuldade de leitura tendem a utilizar mais as correspondências letra-
som, enquanto outras utilizam mais o visual em geral (NUNES; BUARQUE;
BRYANT, 2001).
CAPÍTULO V
DIFICULDADES PROVOCADAS
São muitos os sinais que identificam a dislexia. Crianças disléxicas, segundo
CONDEMARIM (1986), tendem a confundir letras com grande frequência.
Entretanto, esse indicativo não é totalmente confiável, pois muitas crianças, inclusive
não disléxicas, frequentemente confundem letras do alfabeto e as escrevem
espelhadas. Na Educação Infantil, crianças disléxicas demonstram dificuldades ao
tentar rimar palavras e reconhecer fonemas. Na primeira série, elas não conseguem
ler palavras curtas e simples, têm dificuldade em identificar fonemas e reclamam que
ler é muito difícil. Da segunda à quinta série, crianças disléxicas têm dificuldades em
soletrar, ler em voz alta e memorizar palavras; elas também frequentemente
confundem palavras. Essas são apenas algumas das dificuldades provocadas em
uma criança que sofre de dislexia.
Conforme SELIKOWITZ (2001, p.14), a leitura do disléxico pode ser lenta e
hesitante, com erros elementares. Ao ler, ele pode formar a história baseado nas
ilustrações para dissimular dificuldades ou pode tentar adivinhar as palavras de
forma desordenada. Pode ser incapaz de soletrar as palavras em sua ortografia,
apesar de tentar arduamente. Sua letra pode permanecer muito imatura ou ilegível,
apesar de grande esforço. Outro sinal é quando ela consegue escrever claramente
apenas se o fizer extremamente devagar.
Suas habilidades aritméticas, segundo FONSECA (1995), são afetadas, ela
parece confusa quando lhe pedem para fazer cálculos que se espera de uma
criança de seu nível de escolaridade. A criança tem grandes dificuldades para
entender o significado das operações aritméticas, como adição, subtração e
multiplicação.
Uma outra indicação de que a criança pode ter uma dificuldade específica de
aprendizagem, segundo BRUCK ( 1990), é a lentidão da fala. Ela pode encontrar
dificuldade para se expressar ou sua fala pode ser imatura e confusa. É a dificuldade
da criança entender a linguagem que é primeiramente percebida, ela pode ficar
confusa diante de uma situação complexa e não entender histórias adequadas à sua
idade.
A criança, segundo GARCIA (1998), pode ser inquieta, impulsiva e incapaz
de se concentrar em uma tarefa por um determinado período de tempo, pode ter
grande dificuldade para colocar as coisas na ordem correta ou para aprender a
diferenciar as noções de direita e esquerda. Aprender a dar laço no sapato ou dizer
as horas pode estar além de suas capacidades, mesmo com idade em que outras
crianças dominam estas habilidades facilmente.
Uma dificuldade específica de aprendizagem apresenta-se inicialmente
como um problema de comportamento ou como uma dificuldade de relacionamento
com os colegas, isto pode ser uma armadilha para os menos atentos, já que o
problema pode ser atribuído à indisciplina e, consequentemente, não surgir a
suspeita de uma dificuldade de aprendizagem. A criança pode recusar-se a fazer as
tarefas escolares ou ludibriar ao fazê-las, pode tornar-se arredia, agressiva ou hostil,
ela pode ser rejeitada pelas outras crianças e tornar-se socialmente isolada. Estes
comportamentos podem indicar autoestima baixa como resultado das dificuldades
com as tarefas escolares. Dificuldade de concentração que resulta em inquietação e
impulsividade pode também se interpretada erroneamente como indisciplina
(SELIKOWITZ, 2001, p. 14).
A dislexia está muitas vezes, associada a outros termos e perturbações,
como é o caso da DISGRAFIA, DISCALCULIA, HIPERATIVIDADE E
HIPOATIVIDADE. (MORAES,2003).
A - DISGRAFIA é uma inabilidade ou atraso no desenvolvimento da Linguagem
Escrita, especialmente em escrita cursiva. Escrever em computador pode ser muito
mais fácil para o disléxico. Na escrita manual, as letras podem se mal grafadas,
borradas ou incompletas, com tendência à escrita em letra de forma. Os erros
ortográficos, inversões de letras, sílabas e números e a falta ou troca de letras e
números ficam caracterizados com muita frequência.
B - DISCALCULIA é a dificuldade de calcular, porque encontram dificuldades de
compreender o enunciado das questões.
C - HIPERATIVIDADE que se refere à atividade psicomotora excessiva, o jovem ou
criança hiperativa tem um comportamento impulsivo, é aquela criança que fala sem
parar e nunca espera por nada, não consegue esperar por sua vez, interrompendo e
atropelando tudo e todos, não consegue focar a atenção em um único tópico. Assim,
dá a falsa impressão de que é desligada, mas ao contrário, é por estar ligada em
18
tudo, ao mesmo tempo em que não consegue concentrar-se em um único estimulo,
ignorando os outros.
D – HIPOATIVIDADE se caracteriza por um nível baixo de atividade psicomotora,
com reação lenta a qualquer estimulo, trata-se daquela criança chamada “boazinha”,
que parece estar sempre no “mundo da lua”, “sonhando acordada”. Comumente, o
hipoativo tem memória pobre e comportamento vago, pouca interação social e
quase não se envolve com seus colegas. (MARTINS, 2003).
19
CAPÍTULO VI
O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DOS DISLEXOS
O processo de aquisição da leitura e da escrita acontece naturalmente
dentro e fora da escola. Inseridas no ambiente familiar as crianças já tem contato
com um universo construtor da linguagem escrita e falada, daí a necessidade do
estímulo dos familiares para que ela se desenvolva gradativamente, este processo
pode ser interrompido ou desviado pelos distúrbios de aprendizagem, de “Face aos
desafios atuais, o professor precisa desenvolver as competências adquiridas na
formação inicial e na maioria das vezes de construir competências inteiramente
novas.” (PERRENOUD, 2000, p. 158)
Segundo FONSECA (1995), o trabalho com o aluno disléxico deve ser
realizado primeiramente por profissionais de saúde, o que não exclui o trabalho do
professor, da família e do próprio aluno no processo de aquisição da leitura e escrita.
Logo, a escola exerce o papel mais significativo no processo de transformação da
situação da criança com dislexia. O tratamento com o aluno disléxico deve acontecer
onde o problema surge, ou seja, se ocorrer na sala de aula é lá que o professor deve
fazer a intervenção. Não se pode simplesmente rotular uma criança, é necessário
conhecer a fundo o 48 comportamento da mesma, para assim, através de uma
análise geral, realizar as intervenções e encaminhamentos necessários.
De acordo com IANHEZ e NICO (2002), as crianças que possuem dislexia
aprendem de forma diferente, mas é possível que acompanhem o ensino tradicional
se o professor preocupar-se em dar a ela apoio necessário para superar suas
dificuldades. O professor deve promover ao aluno a possibilidade de relacionar o
aprendizado com o concreto, pois o disléxico apreende melhor o conteúdo se no
processo houver a estimulação dos órgãos sensoriais: tato, paladar, visão,
sensação, etc. “Todo aprendizado que envolva os vários sentidos funciona de
maneira positiva para os disléxicos e, convém ressaltar, também para os não
disléxicos.” (IANHEZ; NICO, 2002, p. 78). IANHEZ e NICO (2002) apresentam ainda
várias estratégias para o trabalho com alunos disléxicos. A primeira delas é o jogo
da memória, onde os alunos são estimulados a desenvolver habilidades de
concentração, observação e memória e também auxilia no trabalho a memorização
de objetos, letras ou números. “Escrever no céu” ou “escrever no ar” também é um
ótimo exercício, pois, reforça o padrão neurológico.
Para o trabalho com a matemática, segundo FONSECA (1995), sugere-se a
permissão do uso de calculadora ou tabuada, pois o trabalho com materiais
concretos facilita a aprendizagem. O computador também é um aliado, pois permite
que a criança cometa erros sem punições, mas deve-se tomar o devido cuidado,
procurando escolher programas que se adaptem ao perfil do aluno. O gravador
também pode ser usado no processo de aprendizagem, ele auxiliará o aluno,
possibilitando que o mesmo possa gravar a leitura de textos e aulas, entre outras
coisas, para posterior revisão.
Além dessas estratégias apresentadas pelas autoras citadas anteriormente,
a Associação Nacional de Dislexia (2002), elenca algumas sugestões para que o
professor possa garantir o sucesso na aprendizagem do aluno, são elas: Certifique-
se de que as tarefas de casa foram compreendidas e anotadas corretamente;
Certifique-se de que seu aluno pode ler e compreender o enunciado ou a questão.
Caso contrário, leia as instruções para ele; Leve em conta as dificuldades
específicas do aluno e as dificuldades da nossa língua quando corrigir os deveres;
Estimule a expressão verbal do aluno; Dê instruções e orientações curtas e simples
que evitem confusões; Dê "dicas" específicas de como o aluno pode aprender ou
estudar a sua disciplina; Oriente o aluno sobre como organizar-se no tempo e no
espaço; Não insista em exercícios de fixação repetitivos e numerosos, pois isso não
diminui a sua dificuldade; Dê 49 explicações de "como fazer" sempre que possível,
posicionando-se ao seu lado; Esquematize o conteúdo das aulas quando o assunto
for muito difícil para o aluno. Assim, a professora terá a garantia de que ele está
adquirindo os principais conceitos da matéria através de esquemas claros e
didáticos; "Uma imagem vale mais que mil palavras": demonstrações e filmes podem
ser utilizados para enfatizar as aulas, variar as estratégias e motivá-los. Auxiliam na
integração da modalidade auditiva e visual, e a discussão em sala que se segue
auxilia o aluno organizar a informação. Por exemplo: para explicar a mudança do
estado físico da água líquida para gasosa, faça-o visualizar uma chaleira com a
água fervendo; Não insista para que o aluno leia em voz alta perante a turma, pois
ele tem consciência de seus erros. A maioria dos textos de seu nível é difícil para
ele.
IANHEZ e NICO (2002), afirmam que a dislexia é um distúrbio que
21
acompanhará o disléxico por toda sua vida, mas isso não é uma condição que o
tornará incapaz, ele pode com ajuda superar suas dificuldades e aprender a conviver
com elas. A ajuda de pais e professores contribuirá para que ela vença a frustação e
alcance o sucesso. Todos nós, seres humanos, disléxicos ou não, possuímos
limitações, porém o que nos move é a esperança de sermos reconhecidos por aquilo
que fazemos de melhor. Entre eles o mais encontrado em salas de aulas, a dislexia.
22
CAPÍTULO VII
A AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA
Diferentemente do que se pensava até pouco tempo, o processo de
aquisição da leitura e da escrita não se dá somente no ambiente escolar, pelo
contrário, o ambiente escolar atua como uma espécie de organizador do processo
de letramento, o qual se inicia no ambiente familiar e na comunidade que a criança
pertence. Diante desta afirmação sabe-se o quanto é importante a estimulação que
a criança recebe no seu dia-a-dia para que se sinta seduzida a entrar no universo da
palavra.
A alfabetização é um processo de construção de hipóteses sobre o
funcionamento do sistema alfabético da escrita. Para aprender a ler e escrever, o
aluno precisa participar de situações que colocam a necessidade de refletir,
transformando informações em conhecimento próprio e enfrentando desafios.
Quanto ao processo de construção da escrita, segundo FERREIRO ( 1992) ,
pode-se afirmar que a criança passa por diferentes níveis estruturais da linguagem,
descrita a seguir:
NÍVEL PRÉ-SILÁBICO
- Não se busca correspondência com o som; as hipóteses das crianças são
estabelecidas em torno do tipo e da quantidade de grafismo.
A criança tenta neste nível:
- Diferenciar entre desenho e escrita;
- utilizar no mínimo duas ou três letras para poder escrever palavras;
- Reproduzir os traços da escrita, de acordo com seu contato com as formas gráficas
(imprensa ou cursiva), escolhendo a que lhe é mais familiar para usar nas suas
hipóteses de escrita;
- Percebe que é preciso variar os caracteres para obter palavras diferentes.
(FERREIRO 1992, p.69).
O nível silábico subdivide-se em: Silábico e Silábico alfabético.
NÍVEL SILÁBICO:
A criança compreende que as diferenças na representação escrita está
relacionada ao ”som” das palavras, o que leva a sentir a necessidade de usar uma
forma de grafia para cada som. Utiliza os símbolos gráficos de forma aleatória,
usando, ora apenas consoante, ora apenas vogal, ora letras inventadas, repetindo-
as de acordo com o número de sílabas das palavras.
SILÁBICO ALFABÉTICO:
Convivem com as formas de fazer corresponder os sons, as formas silábicas
e alfabéticas ela pode escolher as letras ou de forma ortográfica ou fonética.
O nível alfabético é o último nível na aprendizagem da escrita. Momento em
que o aluno chega aos seguintes entendimentos:
- A sílaba não pode ser considerada uma unidade e que pode ser separada em
unidades menores;
- A identificação do som não é garantia da identificação da terra, o que pode gerar
as frequentes dificuldades ortográficas;
- a escrita supõe a necessidade da análise fonética das palavras. (FERREIRO,
1992, p. 69.).
Para a aquisição da leitura é necessário conhecer o princípio alfabético,
saber que as letras do alfabeto têm um nome e representam um som da linguagem,
saber analisar e segmentar as palavras em sílabas e fonemas, saber realizar as
fusões fonêmicas e silábicas e encontrar a pronúncia correta que concorde com o
significado das palavras.
Os fatores motivacionais são muito importantes no desenvolvimento da
capacidade leitora dado que a melhoria desta competência está altamente
relacionada com o querer, com a vontade de persistir, embora as dificuldades
sentidas e a não obtenção de resultados imediatos tenham forte influência na
aquisição da leitura e também da escrita.
24
CAPÍTULO VIII
A DISLEXIA E A ALFABETIZAÇÃO
Aprender a ler e escrever é um grande desafio, os envolvidos no processo
de alfabetizar, inclusive a família, precisam parar e refletir um pouco sobre tudo o
que está envolvido no processo de alfabetização.
São muitas as dificuldades das crianças no início do processo de
aprendizagem da língua escrita, ainda que apresente um perfil normal de
desenvolvimento. Segundo FERREIRO E TEBEROSKY (1986), a escrita não reflete
uma exata correspondência com a fala. Ela representa por meio de letras, fonemas,
mas nem sempre um fonema corresponde a uma letra; muitas vezes a palavra
escrita tem mais letras do que os sons que pronunciamos (grafemas). Raramente
usamos os fonemas isoladamente, sendo que, de início, a unidade mais facilmente
aprendida pela criança é a sílaba, um dos motivos pelos quais, aliás, a criança antes
de chegar à fase alfabética se utiliza da representação silábica. Conforme
FERREIRO e TEBEROSKY (1986), a divisão em sílabas se dá praticamente em
todas as culturas.
Segundo essas autoras, conforme uma perspectiva pedagógica, o problema
da aprendizagem da leitura e da escrita tem sido exposto como uma questão de
método. A preocupação dos educadores tem-se voltado para a busca do “melhor” ou
“mais eficaz”, levantando, assim, uma polêmica em torno de dois tipos fundamentais:
métodos sintéticos, que partem de elementos menores que a palavra, e métodos
analíticos, que partem da palavra ou de unidades maiores.
O método sintético consiste, fundamentalmente, na correspondência entre o
oral e escrito, entre o som e a grafia. Outro ponto chave para esse método é
estabelecer a correspondência a partir dos elementos mínimos, num processo que
consiste em ir das partes ao todo. Os elementos mínimos da escrita são as letras.
Durante muito tempo se ensinou a pronunciar as letras, estabelecendo-se as regras
de sonorização da escrita. Os métodos alfabéticos mais tradicionais abonam tal
postura. (FERREIRO E TEBEROSKY, 1986).
Sob a influência da linguística, desenvolve-se o método fonético, propondo
que se parta do oral. A unidade mínima de som da fala é o fonema. O processo,
então, consiste em iniciar pelo fonema, associando-o a sua representação gráfica. É
preciso que o sujeito seja capaz de isolar e reconhecer os diferentes fonemas, para
poder, a seguir, relacioná-los aos sinais gráficos (FERREIRO E TEBEROSKY,
1986).
Como a ênfase está posta na análise auditiva para se separar os sons e
estabelecer as correspondências grafema-fonema (isto é, letra-som), estabelecem-
se duas questões como prévias:
- que a pronúncia seja correta para evitar confusões entre os fonemas e
- que as grafias de formas semelhantes sejam apresentadas separadamente para
evitar confusões visuais entre as grafias.
Outro dos importantes princípios para o método é ensinar um par fonema –
grafema por vez, sem passar ao seguinte enquanto a associação não esteja bem
fixada. Na aprendizagem, está em primeiro lugar a mecânica da leitura que,
posteriormente, dará lugar à leitura inteligente (compreensão do texto lido),
culminando com uma leitura expressiva, onde se junta a entonação.
Segundo FERREIRO e TEBEROSKY (1986, p.19), a aprendizagem da
leitura e da escrita é uma questão mecânica; trata-se de adquirir a técnica para o
decifrado do texto. Porque se concebe a escrita como transcrição gráfica da
linguagem oral, ler equivale a decodificar o escrito em som.
Nessa perspectiva, é evidente que o método será tanto mais eficaz quanto
mais o sistema da escrita estiver de acordo com os princípios alfabéticos. Isto é,
quanto mais perfeita seja a correspondência som-letra. Em nenhum sistema de
escrita existe uma total coincidência entre a fala e a ortografia; segundo COLELLO
(1995), recomenda-se começar com aqueles casos da ortografia regular, palavras
onde a grafia coincida com a pronúncia. As cartilhas ou os livros de iniciação à
leitura nada mais são do que a tentativa de conjugar todos esses princípios: evitar
confusões auditivas e/ou visuais; apresentar um fonema (e seu grafema
correspondente) por vez; e finalmente trabalhar com os casos de ortografia regular.
As sílabas sem sentido são utilizadas regularmente, o que acarreta a consequência
inevitável de dissociar som da significação e, portanto, dissociar a leitura da fala.
“O processo de aprendizagem da leitura é visto, simplesmente, como uma
associação entre respostas sonoras e estímulos gráficos.” (FERREIRO e
26
TEBEROSKY, 1986, p.20).
27
CAPÍTULO IX
TRATAMENTO
Foram desenvolvidos diversos programas para curar a dislexia. Não há um
só tratamento que seja adequado a todas as pessoas. Contudo, a maioria dos
tratamentos, segundo FONSECA (1995), enfatiza a assimilação de fonemas, o
desenvolvimento do vocabulário, a melhoria da compreensão e fluência na leitura.
Esses tratamentos, ajudam o disléxico a reconhecer sons, sílabas, palavras e, por
fim, frases. É aconselhável que a criança disléxica leia em voz alta com um adulto
para que ele possa corrigi-la.
Alguns estudos, segundo ABD, sugerem que um tratamento adequado,
administrado ainda cedo na vida escolar de uma criança, pode corrigir as falhas nas
conexões cerebrais ao ponto que elas desapareçam por completo. Nunca é tarde
demais para ensinar disléxicos a ler e a processar informações com mais eficiência.
Entretanto, diferente da fala – que qualquer criança acaba adquirindo – a
leitura precisa ser ensinada. Utilizando métodos adequados de tratamento e com
muita atenção e carinho, segundo FONSECA (1995), a dislexia pode ser derrotada.
IANHEZ e NICO (2002), afirmam que a dislexia é um distúrbio que
acompanhará o disléxico por toda sua vida, mas isso não é uma condição que o
tornará incapaz, ele pode com ajuda superar suas dificuldades e aprender a conviver
com elas. A ajuda de pais e professores contribuirá para que ela vença a frustação e
alcance o sucesso. Todos nós, seres humanos, disléxicos ou não, possuímos
limitações, porém o que nos move é a esperança de sermos reconhecidos por aquilo
que fazemos de melhor.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É reconhecido que a dislexia se apresenta como uma das causas de
dificuldade na aprendizagem da leitura e escrita. No entanto, esse distúrbio pode ser
superado ou reduzido por meio de intervenções coerentes. Devido à incompreensão
do problema, a criança pode ser considerada como problemática e não como uma
criança com dificuldade que necessita de auxílio para superar o obstáculo, pois por
não conseguir ler e escrever, seu comportamento pode ser contrário ao esperado.
Ela se sente incapaz ao ser comparada com os colegas que são competentes.
Dessa forma, é aconselhável que professores e demais envolvidos compreendam as
dificuldades dessa criança, entendam os processos de leitura, métodos e estratégias
para que se providenciem intervenções adequadas. É necessário que a relação
afetiva seja fortalecida, para que as práticas educativas tenham efeito, respeitando e
aceitando a criança como ser em construção que, por alguma razão, necessita de
uma atenção mais centrada. Nessa interação, deve-se sobrepor o respeito, o
carisma e a empatia para que o vínculo de confiança seja construído, visando à
integração da criança na sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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