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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO FUNDAMENTAL E GESTÃO ESCOLAR A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO CONTEXTO ESCOLAR Eder Adilã Gimenes da Silva Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo. BRASNORTE/2013

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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO FUNDAMENTAL E GESTÃO

ESCOLAR

A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO CONTEXTO ESCOLAR

Eder Adilã Gimenes da Silva

Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo.

BRASNORTE/2013

AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO FUNDAMENTAL E GESTÃO

ESCOLAR

A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO CONTEXTO ESCOLAR

Eder Adilã Gimenes da Silva

Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo.

“Monografia apresentada como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Metodologia do Ensino Fundamental e Gestão Escolar.”

BRASNORTE/2013

DEDICATÓRIA

Dedico a minha esposa e aos filhos pela compreensão e amor. Vocês são

a razão de minha vida. Amo Vocês!

Dedico também este trabalho ao meu orientador professor Ilso pela

compreensão, incentivo e ensinamentos que guardarei sempre e aos nossos amigos

que sempre me atenderam, diretamente ou indiretamente, que auxiliaram a

desenvolver este trabalho.

AGRADECIMENTOS

Eu, Eder, agradeço a Deus por ter iluminado a todos os momentos, à minha

família e principalmente a minha esposa que sempre apoiou para que fosse até o

fim deste curso.

ÂO que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano”

Isaac Newton

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................07

1.0 OS CONCEITOS E SEU QUADRO TEÓRICO ...................................................09

1.1. Ninguém escapa da educação....... ....................................................................09

1.2. Família: base da sociedade.................................................................................11

1.3. Escola: raiz da vida social ou diversidade humana.............................................15

1.4. Família e Escola: um ponto em comum..............................................................17

1.5. Participação: uma mudança na relação entre pessoas......................................19

1.6. Trabalho de campo..............................................................................................22

2.0 TRAJETÓRIA PERCORRIDA NA PESQUISA....................................................25

2.1. O que os sujeitos da pesquisa acreditam............................................................25

2.2. O entendimento sobre o conceito de participação e a importância da família no

contexto escolar.........................................................................................................25

2.3 Opinião dos pais e do educador sobre a participação na escola.........................27

2.4. Deveres dos pais e do professor referente à educação escolar.........................29

2.5 Relação dos pais e do educador com a escola....................................................30

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................33

REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS............................................................................35

ANEXOS....................................................................................................................37

RESUMO

Esta presente monografia realizou um estudo de campo na instituição de

ensino de 1º Grau do Ensino Fundamental da Escola Municipal de Educação Básica

Cerejal do município de Brasnorte, MT.

O objetivo foi analisar a importância da participação da família no contexto

escolar. Para a avaliação deste trabalho, foram realizadas uma observação de

campo e coleta de dados em forma de entrevista. A pesquisa investigou a possível

existência da participação escolar dos pais, qual a participação que a escola espera

da família, a relação da família com a escola, de que forma a família participa da

educação escolar dos seus filhos e as opiniões dos pais em relação à importância

da família. Os resultados mostram que pais e professores se aproximam do

entendimento do que seja participação, e que falta pouco para essa parceria

acontecer.

Palavras-chave: Educação, Família, Escola e Participação

INTRODUÇÃO

Tradicionalmente, a família tem sido apontada como parte fundamental do

sucesso ou fracasso escolar. A busca de uma harmonia entre família e escola deve

fazer parte de qualquer trabalho educativo que tem como foco a formação de um

indivíduo autônomo.

Essa harmonia entre escola e família baseia-se na divisão do trabalho de

educação de crianças, jovens e adultos, envolvendo expectativas recíprocas.

Levando em consideração que o ser humano aprende o tempo todo, nos mais

diversos interesses que a vida lhe apresenta, o papel da família é essencial, pois é

ela que determina, desde cedo, o que seus filhos precisam aprender, quais são

instituições que devem freqüentar, o que é necessário saberem para tomarem as

decisões que os beneficiem no futuro.

Com o passar do tempo, parecem não ter o mesmo objetivo em relação à

educação da criança. O objetivo deste presente trabalho compreender se é possível

à escola caminhar sem a participação da família e analisar quais são fatores que

contribuem e influenciam nessa participação e que, de certa forma, influenciam na

educação da criança.

É possível observar sem muitos estudos, em famílias de classe média, as

mães que acompanham assiduamente o aprendizado e o rendimento escolar do

filho, que organizam seus horários de estudo, verificam o dever de casa diariamente,

conhecem a professora e freqüentam as reuniões escolares. No estágio realizado,

foi possível também observar o discurso freqüente no âmbito da escola pública que

atende às famílias de baixa renda, as reclamações das professoras insatisfeitas com

as dificuldades de aprendizagem de seus alunos e que reclamam da falta de

participação dos pais.

Durante essas observações de campo realizadas na Escola Municipal de

Educação Básica Cerejal, localizada na comunidade Posto Paineira, município de

Brasnorte, MT. Percebeu-se que professores e coordenador sentem falta do

acompanhamento dos pais nas atividades escolares de seus filhos/dependentes.

Por isso, nasceu o interesse de entender qual é a participação que a escola espera

da família e o que a família espera da escola. Que participação é essa tão almejada

por ambas? Esse tema estudado é relevante devido à necessidade que a sociedade

contemporânea está passando, percebe-se os apelos que uma boa parte da

sociedade faz para as autoridades e comunidades, numa tentativa de resgatar a

família e seus valores. Participação familiar é uma necessidade contemporânea e

almejada por todos que fazem parte do contexto escolar. Daí a importância voltada

para identificar essa possível falta de participação da família no contexto escolar.

Porque educar é uma função de todo nós e quando a família participa da educação

da criança, elas podem sair-se muito melhor na escola e na vida.

Este trabalho monográfico está dividido em três capítulos.

O primeiro capítulo apresenta conceitos relevantes sobre as concepções de

educação, família, escola e participação, tendo como base os teóricos: BRANDÃO

(1982), (1993) MORAES (1997), LIBÂNEO (2002), MORIN (2006), TIBA (1996),

HEIDRICH (2009), PERRENOUD (2000), DEMO (2001), TEIXEIRA (2000),

BORDENAVE (1983).

O segundo capítulo, trata sobre as informações coletadas durante o trabalho

de campo. Também discorre sobre os recursos metodológicos usados durante o

estudo. A pesquisa se caracterizou como estudo de caso, o campo de atuação

explorado foi a Escola Municipal de Educação Básica Cerejal, e os sujeitos da

pesquisa, foram três pais dos alunos do ensino fundamental, composta por 112

(cento e doze) alunos, do turno matutino e noturno.

O terceiro capítulo retrata a análise de dados coletados durante a pesquisa,

utilizando o método indutivo e de caráter qualitativo. A abordagem metodológica

tomou como base, um estudo de caso, preconizado por LUDKE e ANDRÉ (1986),

que está ligado à pesquisa etnográfica, o estudo de caso serve para estudar o

funcionamento de uma instituição, determinar focos de mudanças ou de intervenção.

Precisa-se que o objeto de estudo seja escolhido e bem delimitado, é nesse sentido

que o estudo de caso veio a ser utilizado neste estudo.

E nas considerações finais, apresenta a conclusão dos dados obtidos, com

comentários críticos acerca da pesquisa desenvolvida.

.

08

1.0- OS CONCEITOS E SEU QUADRO TEÓRICO

Este capítulo apresenta conceitos relevantes sobre as concepções de

educação, família, escola e participação. A escola também exerce uma função

educativa junto aos pais, discutindo, informando, aconselhando, encaminhando os

mais diversos assuntos, numa tentativa conjunta de promover a educação. Não

podemos escapar dela, somente pela educação podemos sofrer transformações

contínuas. É uma ação intencional, pessoal e comunitária, é um elemento essencial

e permanente na vida do ser humano.

1.1- NINGUÉM ESCAPA DA EDUCAÇÃO

No ensino fundamental, por volta dos sete anos de idade, a educação torna-

se obrigatória. O Estado não pode deixar de atender à demanda por vagas de toda a

população infantil que nele ingressa e nem os pais devem deixar os filhos sem

freqüentar a escola, estando ambos sujeitos à penalidade legal. HEIDRICH (2009,

p.14), reconhece: "todos tem o direito de aprender. Ela deve visar o pleno

desenvolvimento da personalidade humana e capacitar todos a participar

efetivamente de uma sociedade livre.” Fica claro então que crianças, jovens devem

ter seus direitos assegurados não só pela família como também pela sociedade e

pelo Estado.

Conceituar educação não é nada fácil, já que ela envolve uma série de

conceitos e se amplia a diversas áreas como antropologia, sociologia, economia,

psicologia, biologia, história e pedagogia. LIBÂNEO (2002, p.70), especifica essa

amplitude quando diz que "para uns importa mais a educação como instituição

social; para outros, a educação como processo de escolarização.” Portanto, é

possível dizer que cada um conceitua educação de acordo com sua área de

atuação. LIBÂNEO (2002), enfatiza ainda que:

Talvez seja útil partirmos do sentido etimológico. Alguns autores que se ocupam em esclarecer o conceito apontam a origem latina de dois termos: educare (alimentar, educar, criar, referindo tanto às plantas, aos animais,

como às crianças); educere (tirar para fora de, conduzir para, modificar um estado). (p.72)

De acordo com BRANDÃO (1993, p.8-9),

educação são todos os processos sociais da aprendizagem, não há uma forma nem único modelo de educação, a escola não é um o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor (...).

Para ele, a educação existe onde não há escola, pois a educação é um

fragmento do modo de vida dos grupos sociais que criam e recriam entre tantas

outras invenções de sua cultura em sociedade, a educação é dinâmica. A educação

participa do processo de criação e idéias, de qualificações e especialidades que

envolvem as trocas de símbolos, bens e poderes que em conjunto constroem tipos

de sociedades. BRANDÃO (1982), refere-se também ao pensamento que o

educador tem sobre a educação, afirmando que o educador acredita que entre

homens, a educação é o que dá a forma e o polimento para que, a partir daí, a

pessoa possa se construir. A saber:

Na medida em que se transforma, pelo desafio que aceita e que lhe vem do meio para o qual volta sua ação, o homem se educa. E, na medida em que comunica os resultados de sua experiência, ele ajuda os outros homens a se educarem, tornando-se solidárioǁ (ROMANELLI, 2000,p. 23).

No entanto, a educação tem a possibilidade de nos dar um norte para

chegar onde queremos, pois já nascemos inclinados a aprender, com uma

potencialidade enorme, só precisamos de motivação, estímulos. Estímulos estes que

podem vir de professores, pais e amigos. Educação é um processo que se inicia

com o nascimento e nos acompanha em todos os momentos da nossa vida. É

vivência. É aprender a ser, no convívio com o outro, nas relações entre seus

conhecimentos e na vida cotidiana.

A educação pode existir livre e pode também ser imposta por um sistema

centralizado de poder, reforçando ainda mais a desigualdade social. Alguns autores

acreditam que educação e política não deveriam andar juntas, pois uma interfere na

outra. Apesar disso, muitas opiniões variam a esse respeito. Quando se fala em

educação, há uma tendência em relacioná-la à escola, predominando a idéia de que

a escola é a única responsável pela educação do indivíduo.

A educação está em constante crescimento, embora possua permanentes

atributos (transmissão de saberes), encontrando-se em constante variação, para se

adaptar às necessidades que vão surgindo no meio social. Acontece de modos

10

diferentes, nos mais diferentes lugares e ainda assim, todos participam dela, como

afirma MORAES (1997):

Para tanto, a educação deverá oferecer instrumentos e condições que ajudem o aluno a aprender a aprender, a aprender a pensar, a conviver e a amar. Uma educação que ajuda a formular hipóteses, construir caminhos, tomar decisões, tanto no plano individual quanto no plano coletivo. (p. 211).

A educação associa-se, pois, a processos de comunicação e interação pelos

quais os membros de uma sociedade assimilam saberes, habilidades, técnicas,

atitudes, valores existentes no meio culturalmente preparado e, com isso, ganham o

patamar necessário para produzir outros saberes, técnicas e valores.

Devemos aprender, sobretudo, a lidar com uma requilibração permanente

das sensibilidades, das emoções, da racionalidade, dos conhecimentos. Por que

nunca somos a mesma pessoa depois de ter aprendido alguma coisa significativa,

por menor que seja.

Segundo GADOTTI (1997, p. 162):

A mudança de qualidade nas relações que mantêm a sociedade ativa é fruto de uma lenta e por vezes violenta maturação quantitativa, no interior dessas mesmas relações. É uma guerra surda, cotidiana, e, até certo ponto, inglória. É o trabalho muitas vezes anônimo, do professor, por exemplo. A educação só pode ser transformadora nessa luta surda, no cotidiano, na lenta tarefa de transformação da ideologia, na guerrilha ideológica travada na escola.

É notório que o mundo na contemporaneidade pensa em educação e isso é

importante para que haja uma mudança real e profunda. E para que esta mudança

ocorra é necessário que cada um, Estado, sociedade, escola e família assumam

suas responsabilidades.

1.2 - FAMÍLIA: BASE DA SOCIEDADE

Família: conjunto de parentes por consangüinidade ou por afinidade;

descendência, linhagem, estirpe; conjunto de pessoas da mesma seita, fé, sistema,

profissão, etc. Esse é o significado de família o qual o dicionário Aurélio (FERREIRA,

2004), nos mostra. É notório que no ambiente familiar, as pessoas também se unem,

por amor, situação financeira e pela sobrevivência. A família sempre nos foi

apresentada como instância formadora e socializadora da criança. Battaglia apud

11

NOBRE (1987) conceitua a família dizendo que a família pode também ser

considerada como:

(...) um sistema aberto em permanente interação com seu meio ambiente interno e/ou externo, organizado de maneira estável, não rígida, em função de suas necessidades básicas e de um modus perculiar e compartilhado de ler e ordenar a realidade, construindo uma história e tecendo um conjunto de códigos (normas de convivências, regras ou acordos relacionais, crenças ou mitos familiares) que lhe dão singularidade. (p.118-119).

Dessa forma, escolher a escola adequada às esperanças da família e que,

ao mesmo tempo, seja do agrado da criança, é um empreendimento cujo sucesso

depende, em grande parte da habilidade dos pais ao avaliarem diferentes propostas.

Estar atento ao projeto educativo e ao perfil disciplinar da instituição que auxilia a

optar por aquela cujos valores e embasamento mais se assemelhem aos da família

em termos de exigências, posturas, visão de mundo. Conhecer as dependências e

possibilidades da escola, seus diferenciais, bem como os profissionais que estarão

encarregados da educação de seu filho, é importante para os pais avaliarem a

escola.

Segundo FALCÃO (2007, p.07), "(...) a Família foi perdendo seus principais

atributos, de tal forma e com tanta rapidez que se chegou a proclamar o seu fim."

Atualmente, observa-se que não existe um modelo tradicional de família, mas

apenas uma estruturação familiar e que dentre essa nova realidade, pode-se incluir

pais que trabalham por uma necessidade de sustentar família e os que deixaram de

estudar antes mesmo de serem alfabetizados, o que dificulta a participação

desejada no desenvolvimento escolar do filho.

A participação da família é uma necessidade contemporânea, almejada por

todos que fazem parte do contexto escolar, independente de ser ensino fundamental

ou educação infantil. Lidar com famílias hoje, é lidar com a diversidade. Famílias

intactas, famílias em processos de separação e muitas outras. Pode-se observar,

que existe, sem dúvida, uma alteração radical no modelo tradicional de família, em

que o homem era o único provedor, ficando evidente a mudança do papel da mulher

na família. Conforme BATTAGLIA, pode-se dizer:

Como construções sociais relativamente recentes, estas complexas reformulações familiares encontram-se sem modelo preestabelecido. Sendo assim, cada família necessita lidar com seus padrões e conceitos preestabelecidos para deles fazer emergir uma maneira original de constituir um grupo familiar com funções, direitos e deveres que atendam aos que dele participam. Nesta reformulação, as questões de gênero são

12

inevitavelmente questionadas e pressionadas a transformarem-se. (2002, p, 7).

A família tem um papel imprescindível na vida de seus filhos; é onde

acontece o desenvolvimento das primeiras habilidades, os primeiros ensinamentos

através da educação doméstica na qual o filho aprende a respeitar os outros, a

conviver com regras que foram criadas e reformuladas no decorrer da formação da

sociedade. E a escola, ela vem para reforçar esses valores primeiros,

acrescentando, mas não assumindo para si o papel inicial da família. Dessa forma,

podemos dizer que:

Teoricamente, a família teria a responsabilidade pela formação do indivíduo, e a escola, por sua informação. A escola nunca deveria tomar o lugar dos pais na educação, pois os filhos são para sempre filhos e os alunos ficam apenas algum tempo vinculados às instituições de ensino que freqüentam. (TIBA, 1996, p. 111).

Família e escola são pontos de apoio e sustentação ao ser humano, são

marcos de referência existencial. Quanto melhor for a parceria entre ambas, mais

positivos e significativos serão os resultados na formação do sujeito.

A participação dos pais na educação formal dos filhos deve ser constante e

consciente. Vida familiar e vida escolar são simultâneas e complementares e é

importante que pais, professores, filhos/alunos compartilhem experiências,

entendam e trabalhem as questões envolvidas no seu cotidiano sem cair no

julgamento ― culpado x inocente, porém buscando compreender as nuances de

cada situação.

A educação é responsável pela herança cultural, compreendendo assim, um

processo de socialização, uma vez que:

A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontrem ainda preparadas para a vida social; tem por objeto suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e pelo meio especial que a criança particularmente se destine. (DURKHEIM, 1978, p, 41)

Percebe-se que alguns pais usam desculpas, dizem que tem pouco tempo

para os filhos e não tem tempo para educá-los, usando essa desculpa como

argumento. E para recompensar o tempo que não estão disponíveis, os pais usam

da lei da compensação, quando estão juntos, no pouco tempo que tem, deixam os

filhos fazerem tudo o que querem, sem nenhuma cobrança. TIBA (1996), ressalta

que o tempo deveria ser usado para reforçar a educação dos filhos e não deseducá-

13

los. Enquanto que OLIVEIRA (1999), vem alertar que se deve utilizar a

compensação de forma positiva e educativa quando diz que:

Quando um indivíduo adota, por exemplo, os mesmos valores organizacionais e comunga o conhecimento transmitido pela organização, ele é recompensado de diversas maneiras: o elogio afetuoso, a recompensa valiosa ou o alívio de ter escapado ao castigo. (p.77).

Muitos deles não sabem que o processo educativo começa ali mesmo, no

seio da família, a partir do momento em que a criança nasce. Afinal de contas, a

família é o primeiro ambiente de formação de valores, idéias e comportamento. Os

pais convivem com as crianças e muitas vezes não se dão conta de que suas

atitudes poderão influenciar positivamente ou negativamente na formação de seu

filho.

Conforme BRANDÃO (1982, p.12), “a educação existe sob tantas formas e é

praticada em situações tão diferentes, que algumas vezes parece ser invisível.”

Fazendo-nos, compreender que a vida é essencialmente educativa.

Tanto a convivência quanto o relacionamento familiar são fatores

fundamentais para o desenvolvimento individual. Entender o indivíduo como parte de

um sistema de um todo organizado, com elementos que interagem entre si,

influenciando cada parte e sendo por ela influenciado, traz uma luz à compreensão

acerca do desenvolvimento humano, contribuindo para a reflexão sobre os contextos

familiar e escolar, que tanto podem ser elementos de moderação, inclusão e

segurança.

Uma criança que vive num ambiente familiar harmonioso, com pais

compreensivos, certamente desenvolverá atitudes positivas em relação a ela e aos

outros que estão ao seu redor. Mas se isso não ocorre, existe uma grande

probabilidade dela se tornar uma criança sem personalidade e insegura, o que

poderá afetar a sua vida social.

Com um olhar atento, pode-se perceber quando uma criança está sendo

pressionada ou passando por algum problema familiar. Durante a fase de

observação, constatou-se que algumas crianças ficam inseguras durante as

atividades avaliativas, outras mostram comportamento e rejeição nas atividades e

deixam como se quisessem, de alguma forma chamar a atenção de alguém,

confirmando a importância de um bom relacionamento familiar no processo

educativo.

14

1.3 – ESCOLA: RAIZ DA VIDA SOCIAL OU DIVERSIDADE HUMANA

Nem sempre houve escola e nem sempre ela foi do jeito que a conhecemos.

Em vários momentos da história, tipos diversos de sociedades criaram diferentes

caminhos para percorrer a estranha aventura de lidar com o saber e os poderes que

ele carrega consigo.

A escola atual vem sendo objeto de estudo, críticas e projetos que muitas

vezes não levam em consideração os que fazem parte dela.

É notório que a presença dos pais na escola muitas vezes causa um certo

desconforto. Quando participam ou solicitam explicações, era entendido como

queixa e até como invasão. Hoje, a presença dos pais e da comunidade está sendo

considerada como uma ampliação das possibilidades de uma boa relação, tanto da

escola quanto das famílias.

O papel da escola, assim como o da família é ajudar no desenvolvimento e

formação da criança. A escola em todos os lugares representa o saber, a cultura e

às vezes se confunde com a própria educação. No conceito de muitas pessoas, a

escola é o lugar onde nasce a educação. Para HEIDRICH (2009, p.25), a escola foi

criada para servir à sociedade. Por isso, ela tem a obrigação de prestar conta de seu

trabalho, explicar o que faz e como conduz a aprendizagem das crianças e criar

mecanismos para que a família acompanhe a vida escolar dos filhos”,mas não é

apenas a escola que educa. A sociedade também tem uma parcela de contribuição

nesse processo, com as mais variadas manifestações culturais que exercem, de

algum modo, influência sobre o ser humano e segundo TIBA (1996, p. 121)

Cada aluno traz dentro de si sua própria dinâmica familiar, isto é, seus próprios valores (em relação a comportamento, disciplina, limites, autoridades, etc.) cada um têm suas características psicológicas pessoais.

A formação do caráter e personalidade do indivíduo ocorre ainda na infância

e as principais instituições responsáveis por este desenvolvimento são, sem dúvida,

a escola e a família. A escola, como segunda instância, oferece um maior grau de

socialização que a família. É lá que a criança passa a conviver com outras crianças,

experimenta um ambiente novo, com novas regras e novos conceitos educativos. É

um lugar para formar pessoas inteligentes.

Segundo MORIN (2006, p.24), "a escola, em sua singularidade, contém em

si a presença da sociedade como um todo”. É um local que possibilita novas

15

experiências, uma vivência social diferente daquele grupo familiar, no sentido de

proporciona um contato com o conhecimento sistematizado e com um universo de

interações com pessoas e ambientes diferentes, capazes de provocar

transformações no processo de desenvolvimento e formação. TIBA (1996, p. 189),

ainda complementa dizendo que “a escola oferece também atividades especificas

conforme a idade das crianças, o que geralmente não acontece em casa.”

A escola é, como qualquer outra instituição social, uma disseminadora de

saberes e ideologias e o professor que não é mais visto como um transmissor de

conhecimento e sim como um gestor de conhecimento, alguém que dá a direção na

aprendizagem e na relação da escola com esse aluno. LIBÂNEO (2002), coloca que

as práticas educativas é que, verdadeiramente, podem determinar as ações da

escola e seu comprometimento social com a transformação. E o professor é fonte de

informação, dentre outras tantas que estão discutidas atualmente, é também

transmissor de ideologia e o seu papel na sociedade é fundamental.

O papel do professor na sociedade seria o de um profissional que pode

colaborar para que os alunos tenham uma visão crítica do mundo, levando-os a ter

uma postura autônoma. E para um bom funcionamento desse papel, é conveniente

que haja uma ligação direta dessa instância com o educando.

Ter consciência da importância da educação é estabelecer um canal de

comunicação com as famílias, para criar confiança entre pais e escola. Segundo

MORAES (1997, p. 209), "a paz e a solidariedade, harmonia é alguma coisa que se

aprende sim na escola, e a escola é profundamente responsável por isso, não

através dos conteúdos que ela cria para pessoas e principalmente para as crianças”.

A escola é importante para o convívio em sociedade, mas é necessário também

estar preparado para aceitar a atualidade e os novos paradigmas. E GADOTTI

(1997, 160), vem ressaltar que:

A educação hoje está se repensando a partir de outra concepção que os educadores estão tendo dela: longe de ser um lugar imutável, ela está sendo descoberta como um lugar provisório, inacabado, precário, prolongamento de uma sociedade. E descobrindo sua precariedade abre-se para o profissional do ensino uma situação extremamente desconfortante, conflitante.

A precariedade está por toda parte. Ajudando ao aluno adquirir a entender e

participar socialmente e politicamente dos problemas de sua comunidade.

16

1.4 – FAMÍLIA E ESCOLA: UM PONTO EM COMUM

É um ponto em comum entre a escola e a família a necessidade de se

buscar formas de articulação entre a família e a escola. Fácil falar sobre ela, difícil

construí-la. Além do mais, hoje se vê a educação como algo permanente, por toda

vida, um processo continuado e não mais como uma etapa a ser realizada.

Talvez, segundo DEMO (2001), o atual desejo da escola como instituição

seja a família mais próxima dela, para enfrentar as atuais dificuldades, as

intencionalidades e obrigações decorrentes para efetivar a parceria desejada. Essa

relação não diz respeito apenas aos filhos/alunos, mas a todos, familiares,

professores e comunidade em geral.

Para que uma casa, uma comunidade, uma família ou uma escola, funcione,

segundo DEMO (2001), é necessário que funcione é necessário que cada uma

execute bem a sua respectiva função da melhor forma possível, para que os

objetivos sejam atingidos. Alguns atuam sozinhos e outros em equipe, mas todos

atuam em alguma parte da instituição de ensino, seja vigilante, bibliotecário,

merendeira e outros que também fazem parte do contexto escolar. São todos

educadores, apesar de, muitas vezes, não saberem disso.

A escola, com certeza, não quer que a família seja responsável pelos

conteúdos dados, mas que estimule ao filho em suas atividades. É uma parceria

entre instituições distintas. O papel da família seria o de estimular no filho o

comportamento de estudante e cidadão e o da escola seria orientar aos pais nos

objetivos que a escola espera que o aluno atinja e de criar momentos para que essa

integração aconteça. Embora PERRENOUD (2000, p.104), afirme que não seria

possível essa cooperação dos que fazem parte do contexto escolar se não houvesse

uma facilitação do diretor. Para Içami Tiba (1996, p.63),

as crianças precisam ser protegidas e cobradas de acordo com suas necessidades e capacidades, protegidas nas situações das quais não seguem se defender, e cobradas naquilo que estão aptas a fazer.

Por essa razão, escola e família possuem funções que se assemelham e se

aproximam, funções estas que poderiam se resumir, sinteticamente, em como

proteger e educar, dar autonomia à criança, pode permanecer no espaço da troca e

de suplementariedade, sem cair na armadilha da disputa, buscando acertos e

corrigindo erros. E entender que a relação que o aluno mantém com a escola está

relacionada não só com o tipo de família, como, também com as relações que seus

17

membros mantêm entre si. Porque é no momento que o filho é colocado na escola

que o sistema familiar fica exposto.

Por esses motivos, a parceria entre essas duas instituições é fundamental

para que o processo de aprendizagem tenha sucesso.

Se as desejamos eficazes temos de reconhecer as características de cada

uma e descobrir as pontes possíveis existentes para essa parceria. Ambas,

Segundo DEMO (2001), estão em ―crise, sendo criticadas pelo que ―não fazem e

deveriam fazer numa realidade de grandes transformações, embora em meio de

tantas críticas, ambas ainda sejam instituições valorizadas.

Podem ser compreendidas a escola e a família ou consideradas como

sistemas humanos em constantes interações que possuem como elemento de união

o filho-aluno. O aluno chega, segundo SZYMANSKI (2001), à escola com seus

modelos, seus medos, dificuldades e desejos, tendo que aprender os valores da

instituição e conviver com a diversidade. É um momento rico e delicado para ele,

sua família e para a escola.

A busca de uma boa relação entre família e escola, segundo SZYMANSKI

(2001), deve fazer parte de qualquer trabalho educativo que tem como foco a

criança. Além disso, a escola também exerce uma função educativa junto aos pais,

discutindo, informando, aconselhando, encaminhando os mais diversos assuntos,

para que família e escola, em colaboração mútua, possam promover uma educação

integral da criança. Uma relação baseada na divisão do trabalho de educação de

crianças e jovens, envolvendo expectativas recíprocas.

Quando se fala em parceria desejável e convoca-se os pais na participação

na educação, principalmente pelo dever de casa que é uma estratégia de promoção

de sucesso escolar, segundo SZYMANSKI (2001), não se leva em consideração as

mudanças históricas e as diversidades culturais nos modos de educação e

reprodução social.

Os professores da rede pública que trabalham com crianças das classes

populares têm reclamado muito do acúmulo de funções que estão tendo que

exercer. As questões sociais atingem diretamente a escola: crianças com fome,

guardando a merenda para levar para casa, crianças doentes ou com piolho, que

sofrem maus tratos, que revezam cadernos e materiais escolares com os irmãos,

junto com crianças arrumadas, penteadas, falantes, bem alimentadas.

18

Com o art.18 do Estatuto da Criança e do adolescente (E.C.A) rege que,―é

dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo

de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou

constrangedor. (BRASIL, 2004, p.13).

Dessa forma, quando a escola básica é, concebida como um campo em que

estão em jogo as conjunturas políticas, sociais e econômicas sobrepostas na

produção e disseminação dos códigos culturais e hegemônicos. Significa envolver

com o dado ampliador em que estão implicados o poder e suas múltiplas

dependências com o saber.

Não se pode deixar de citar algumas informações dadas por HEIDRICH

(2009, p. 26-30), conselhos que certamente podem auxiliar nessa participação tão

almejada por todos. São eles: acolhimento; apresentar a escola e os funcionários à

família; fazer uma entrevista com os pais e os alunos; assegurar a participação no

projeto político pedagógico. Essa clareza e exposição da situação deixam todos

mais tranqüilos e conscientes dos problemas e das possíveis soluções e imprevistos

que poderiam aparecer no caminho nos quais todos estariam ali, para dar sugestões

e escolher juntos possíveis soluções.

1.5 - PARTICIPAÇÃO: UMA MUDANÇA NA RELAÇÃO ENTRE PESSOAS

A participação tão desejada possui características de ser um processo, de

ter um meio e um fim. É um caminho para alcançar seus objetivos. Segundo DEMO

(2001), "dizemos que participação é conquista para significar que é um processo, no

sentido legítimo do termo: infindável, em constante vir-a-ser, sempre se fazendo."

(p.18).

No entanto, é possível acabar com esse jogo de culpado e inocente se a

família e a escola buscarem ações coordenadas, o que poderia garantir a ela que os

problemas seriam resolvidos ou, pelo menos, teriam um parceria, mas para que isso

aconteça é necessário que os professores sejam conscientizados em relação às

novas formações familiares e qual é o papel da família. E em contrapartida, a família

deveria conhecer melhor a escola na qual o seu filho será inserido e procurar a

melhor forma para ajudá-lo no seu desenvolvimento.

19

De acordo com PALATO (2009, p. 102-104), seria positivo se a família em

conversas com professores e coordenadores explicasse sua situação e qual seria a

melhor forma de participação para a educação de seu filho, com certeza tudo

poderia ser bem melhor. Ela relata que alguns mitos deveriam ser revistos ou

deixarem de existir. Neste trabalho, serão citados apenas três dos mitos

considerados mais importantes.

O primeiro seria conceber a família desestruturada como problema, quando

não é formada por pai, mãe e filhos; a dinâmica familiar mudou muito, hoje existe

uma diversidade familiar muito grande. É homossexual, mono parental, união livre,

mas isso não que dizer que o filho não esteja bem e que a família independente de

qualquer formação, não seja capaz de dar um suporte para a escola, acredito que

essa postura é uma questão de escolha.

O segundo mito seria a responsabilidade da família no aprendizado escolar

dos filhos. É do conhecimento que a família é responsável por boa parte da

educação e a escola ficaria com a menor parte. A família e a escola compartilham da

educação só que ambas com focos diferentes. A escola se responsabiliza pela

formação e a família compartilha da educação informal.

O terceiro mito seria dizer que os pais nunca estão presentes em atividades

escolares, mas como contar com pais se os horários não são adequados para o seu

comparecimento e não são promovidos trabalhos pedagógicos. DEMO (2001),

aponta a problemática entre participação e envolvimento:

Muitas desculpas são justificativas do comodismo, já que participação supõe compromisso, envolvimento, presença em ações por vezes arriscadas e até temerárias. Por ser um processo, não pode também ser totalmente controlada, pois já não seria participativa a participação tutelada, cujo espaço de movimento fosse previamente delimitado. (DEMO, 2001. p.19-20).

Quando DEMO (2001), fala em participação, ele mostra uma realidade que a

maioria das escolas públicas, os pais, professores e coordenadores não enxergam,

ou acham melhor não perceber para não ter que tomar uma posição que muitas

vezes é trabalhosa. Se os pais percebessem que a escola pública também tem sua

colaboração, que também é contribuição recolhida com seus impostos, ficaria mais

fácil perceber que a escola pública não é ―de graça, sendo que se os impostos

fossem somados, sairiam bem mais caros que uma escola particular. E o mais

impressionante, é que pais e responsáveis muitas vezes não acreditam que podem

20

cobrar da escola pública, o mesmo comportamento não acontece com os pais das

escolas particulares, pois consideram um alto investimento o pagamento das

mensalidades escolares.

Conforme BORDENAVE (1983), desde o começo da humanidade, os

homens têm participação no meio social, no meio familiar, nas tarefas de

subsistência e nos cultos religiosos. E essas participações são por ele definidas

como: participação de fato, a espontânea, a imposta, a voluntária, a provocada e a

concedida, uma vez que:

A participação social é transferida deste modo da dimensão superficial do mero ativismo imediatista, em geral sem conseqüência sobre o todo, para o âmago das estruturas sociais, políticas e econômicas. Em harmonia com o conceito, se uma população apenas produz e não usufrui dessa produção, ou se ela produz e usufrui, mas não toma parte da gestão, não se pode afirmar que ela participe verdadeiramente. (BORDENAVE, 1983, p.25).

Se todos que fazem parte da escola pública começassem a cobrar do

Governo e dos integrantes da escola o que lhe é de direito, a escola pública seria

muito mais valorizada. Como justifica BORDENAVE (1983), quando se refere à

educação e à qualidade da participação:

A qualidade da participação se eleva quando as pessoas aprendem a conhecer sua realidade; a refletir; a superar contradições reais ou aparentes; a identificar premissas subjacente; a antecipar conseqüência; a entender novos significados das palavras; a distinguir efeitos de causas, observações de inferência e fatos de julgamentos. (BORDENAVE, 1983, p.72-73).

É essa participação que se faz necessária, uma participação coerente e

consistente. É o poder que se tem nas mãos. Os pais das escolas públicas têm que

resistir ao processo histórico que nos impõe tais condições, como se pode ver:

Quem acredita em participação, estabelece uma disputa com o poder. Trata-se de reduzir a repressão e não de montar a quimera de um mundo naturalmente participativo. Assim, para realizar participação, é preciso encarar o poder de frente, partir dele, e, então, abrir os espaços de participação, numa construção arduamente levantada, centímetro por centímetro, para que não se recue nenhum centímetro. (DEMO, 2001, p. 20).

A escola deveria trabalhar a participação como proposta que oriente os

caminhos que possam ser construídos e percorridos pela comunidade escolar,

juntamente com a família e com outros grupos que podem apoiar o trabalho

realizado por todos os envolvidos no desenvolvimento cognitivo, psicológico, afetivo

do filho/aluno. Não é tarefa fácil mudar uma cultura, leva tempo, mas deve-se tentar,

21

afinal. Como foi dito anteriormente, ― participação é um processo, como afirma

TEIXEIRA (2000):

Não obstante, é necessário delimitar o conceito de participação. Para isso, é fundamental na sua caracterização o elemento poder político, que não se confunde com autoridade nem com Estado, mas supõe uma relação em que atores, usando recursos disponíveis nos espaços públicos, fazendo valer seus interesses, aspirações e valores, construindo suas identidades, afirmando-se como sujeitos de direitos e obrigações. (p.37).

Essa participação deve ser vista como uma ampliação das possibilidades de

acertos na educação do filho/aluno sendo uma esperança de fazer ficar visível à

criança com seus problemas e potencialidades. Afinal, a escola é um lugar que

possibilita novas experiências, uma vivência social diferente daquela do grupo

familiar, no sentido, em que proporciona um universo de interações pessoais e

ambientes diferentes, capazes de provocar transformações no processo de

desenvolvimento e na formação do indivíduo.

1.6-TRABALHO DE CAMPO

O método escolhido foi o indutivo, ou seja, a cadeia do raciocínio que

estabelece conexão ascendente do particular para o geral.

Por ter escolhido como campo de observação a escola de 1º Grau Cerejal,

localizado no Posto Paineira- Brasnorte no ensino fundamental. Este trabalho se

caracterizou como estudo de caso.

Segundo LUDKE e ANDRÉ (1986, p.17), o estudo de caso

é sempre bem delimitado, devendo ter seus entorno claramente definidos no desenrolar. “O caso pode ser similar a outros, mas é ao mesmo tempo distinto, pois tem um interesse próprio, singular.

E que, de acordo com LUDKE e ANDRÉ (1986), possuem características

fundamentais, são elas: visa a descoberta; enfatiza a interpretação do contexto;

busca retratar a realidade de forma completa e profunda; usa uma variedade de

fontes de informações; revela experiência vicária e permite generalização

naturalista; procura representar os diferentes e às vezes conflitantes pontos de vista

numa situação social e utiliza uma linguagem acessível.

As estratégias utilizadas foram as observações realizadas durante o período

do estágio na escola selecionada para a pesquisa e as entrevistas aplicadas ao

22

professor e pais de alunos. A observação é uma estratégia que abrange não só a

observação direta, mas todo um conjunto de técnicas metodológicas implicando uma

grande inclusão do pesquisador na situação estudada.

A estratégia de aplicação de entrevista foi escolhida pela necessidade de

ouvir os pais, suas opiniões e reações ao serem questionados, pois segundo

LAKATOS & MARCONI (2002):

A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional, é um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social. (p.92).

Sendo assim, a entrevista é uma estratégia que exige disponibilidade de

tempo do entrevistador e do entrevistado, pois de acordo com THOMPSON (1992),

afirma o seguinte:

O argumento em favor de uma entrevista completamente livre em seu fluir fica mais forte quando seu principal objetivo não é a busca de informações ou evidências que valham por si mesmas, mas sim fazer um registro ―subjetivo de como um homem, ou uma mulher, olha para trás e enxerga a própria vida, em sua totalidade, ou em uma de suas partes. (p.258).

Foi realizada uma pesquisa de campo por meio de entrevista com Três pais,

cujos filhos fazem parte da Escola Municipal do 1º Cerejal , situada no Posto

Paineira.

Essa escola foi escolhida como objeto do estudo qualitativo, durante o

período de julho de 2012 a setembro 2012, referente à participação no curso de Pós-

Graduação proporcionado pela Faculdade Vale do Juruena para conclusão do curso

Metodologia do Ensino fundamental e Gestão escolar.

Os sujeitos desta pesquisa foram: um professor e três pais de alunos da

escola selecionada.

Essa entrevista se caracterizou em sete questões relacionadas aos pais e ao

educador. Concernentes às questões relacionadas aos pais, tenho: O que é

participação? O que você acha que a escola espera de você? O que você espera da

escola? Como é sua relação com a escola de seu filho? Quais são os seus deveres

como responsável por seu filho? De que forma? Você participa da educação escolar

de seu filho? Qual é a importância da família na educação escolar de seu filho?

23

Referente às questões relacionadas ao professor tenho: O que é

participação? O que você acha que a escola espera de você? Quais são os seus

deveres como professor na escola? De que forma você incentiva a participação dos

pais na escola? Qual é a participação que você espera da família? Na sua época de

escola, como era a participação da família na escola?

As questões aplicadas na entrevista foram escolhidas de modo a perceber o

que realmente estava por trás da pergunta chave: participação no contexto escolar.

Segundo LAKATOS & MARCONI (2002, p. 88), afirma que: "não consiste apenas

em ver ou ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se deseja

estudar.”

E o objetivo dessa entrevista foi chegar o mais perto possível da resposta e

da confirmação de algumas questões levantadas na observação de campo

realizada.

24

2.0 TRAJETÓRIAS PERCORRIDAS NA PESQUISA

Este capítulo trata das trajetórias percorridas durante o estudo, realizado na

Escola de 1º Grau Cerejal, onde se analisa as respostas dos entrevistados a partir

de várias categorias de análise. As categorias de análise foram divididas em quatro:

o entendimento sobre o conceito de participação e a importância da família no

contexto escolar; opiniões dos pais e dos educadores sobre a participação na

escola; deveres dos pais e do professor referentes à educação do filho/aluno;

relação dos pais e educadores com a escola.

A análise de dados está presente em vários estágios da investigação,

tornando-se mais sistêmica e mais formal após o encerramento da coleta de dados.

Para a análise de dados, foi escolhido um critério de seleção dos nomes a

serem usados para proteger a identidade dos participantes. Foram usados números

e letra P. Exemplo: P1, P2 E P3 para pais. Para professor as letras PR. Como

afirma LUDKE E ANDRÉ (1986, p.48):

O primeiro passo nessa análise é a construção de um conjunto de categoria descritiva. O referencial teórico do estudo fornece geralmente a base inicial de conceitos a partir dos quais é feita a primeira classificação dos dados.

Com isso, as categorias de análise foram dividas em quatro: o entendimento

sobre o conceito de participação e a importância da família no contexto escolar;

opiniões dos pais e dos educadores sobre a participação na escola dos pais e do

professor referente à educação do filho/aluno; a relação dos pais e educadores com

a escola.

2.1 O QUE OS SUJEITOS DA PESQUISA ACREDITAM

Neste tópico será apresentado o que os sujeitos da pesquisa acreditam,

suas indagações, experiências e esperanças.

2.2 O ENTENDIMENTO SOBRE O CONCEITO DE PARTICIPAÇÃO E A

IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO CONTEXTO ESCOLAR

Ao ser questionado sobre o conceito de participação, o P1, disse que ―é

você tá presente nos momentos de dificuldade dele (...) é participar do lazer, das

coisas que ele venha fazer e desenvolver na escola, em casa ou na rua, para P2 ―

é tá presente e P3 diz que ―é está presente no dia-a-dia não só da criança, (...) na

sociedade também. (...) é está presente em tudo, em reuniões de escola, nos

afazeres do colégio ou qualquer tipo de afazeres que a crianças venham ter. Para o

C, é ―acompanhar cada desenvolvimento, cada tarefa, cada matéria. É está

sempre ali, atento a casa situação, a cada trabalho que eles têm que fazer.

Em relação ao professor, participação é ―estar em comum acordo nas

normas e nas regras, aqui dentro da escola. É ajudar na compreensão e fazer aquilo

que deve ser feito para ajudar não só o professor, mas também à escola

Ao tratar da importância da família no contexto escolar, o pai P1, diz que ―é

importante para dar apoio à escola nas dificuldades do filho, o P2, ―para saber se

ela está estudando, se está freqüentando a escola, P3 comenta ―que achava

importante que os pais viessem à escola pelo menos o primeiro dia, e acredito que

muitas violências que ocorrem nas escolas é porque os pais não acompanham o

filho e que as famílias deixam os filhos soltos relata que ―a família tem que corrigir

os erros da criança, sabe! Ou em casa ou na escola.

Observando os depoimentos desses pais, pode-se perceber que eles têm

um entendimento do que seja participação, embora de forma restrita. O pensamento

deles se aproxima do conceito dado por DEMO (2001), quando confirma o que

esses pais vêm dizendo durante toda essa pesquisa, que participação é um

processo e como processo precisa de acompanhamento diário e inacabado, mas

não podemos achar que a participação é algo corriqueiro, que acontece sem

obstáculos. Observa-se que o professor não comunga da mesma opinião dada pelos

pais dos alunos. Ele percebe a participação como um cumprimento de regras e

normas e como ajuda. Não vê a participação como um processo diário e voluntário.

Os pais, P1,P2 E P3 falam que a participação da família na escola é

importante para dar um bom desenvolvimento escolar das crianças. O P2 acha que

é importante para dar apoio nas dificuldades e P3 acredita que diminui a violência na

escola. Para ele é importante para saber se o filho está estudando e freqüentando a

escola. Com esses depoimentos, pode-se observar que os pais acreditam que é

importante a participação da família no contexto escolar e da sua importância para o

26

desenvolvimento de seu filho. O que precisa ficar claro para esses pais é que a

escola e a família educam de forma diferente, não há como uma substituir a outra. A

escola visa a formação intelectual e profissional do aluno e a família a formação do

caráter.

É no lar que a criança aprende a controlar seus impulsos e emoções,

respeitando pai, mãe, irmãos e as regras familiares para em seguida transferir para

as autoridades.

Estudos nos mostram a importância da presença da família na escola, as

crianças que pais participam têm um desenvolvimento melhor do que aqueles no

qual os pais pouco freqüentam. A troca de experiência entre família e escola

favorece ainda mais o desenvolvimento da criança. Como foi dito anteriormente por

TIBA (2007), é na família que a criança adquirir seus primeiros ensinamentos e é

fundamental, pois é ela quem vai ensinar as regras de convivência em sociedade e

seus valores. Compartilhando do mesmo pensamento a mãe DD no depoimento diz

que: ― (...) a educação começa em casa, e a base que ele leva da família é o que

ele vai se dedicar lá fora (...).

Quando os pais relatam sobre a importância da família no contexto escolar,

pode-se observar que eles sentem uma necessidade de participação maior, tanto

dos pais como dos professores.

2.3- OPINIÕES DOS PAIS E DOS EDUCADORES SOBRE A PARTICIPAÇÃO NA

ESCOLA

Ao perguntar aos pais como eles participam da educação escolar do seu

filho, o P1, participa (...) ―ajudando na lição, é dando o lazer, porque para que ele

sinta que como eu não só trabalho, ele também não pode só estudar. É tirando da

rua, porque se a rua fosse boa e tivesse boas coisas a violência não existia e assim

a gente vai ajudando a mãe com educação, educando e dando bons exemplos,

chamando atenção(...)Para você cobrar, você tem que dar o exemplo. E lá em casa

a gente trabalha assim. A gente cobra quando a professora dele fala assim, cobra,

pega no pé mesmo.(...) Ele faz a parte dele e a gente faz a nossa. A dele é estudar e

a nossa é fazer com que os momentos de lazer dele valham a pena todo o estudo.

(...)Ele tem o que merece, se estudar ele tem direito a tudo, mas se não estudar, não

27

tem direito a nada! Para P2, ―eu incentivo a ela estudar para ter uma boa educação

para amanhã ele ter um futuro na vida dela. P3 diz que:―eu tento participar da

melhor maneira possível, aquilo que eu vou fazendo e aquilo que eu posso fazer, eu

faço! De está ali tentando, ali orientando, olhe é por aqui, não é por aqui! Você tem

que obedecer, não pode ficar conversando na sala de aula, prestar a atenção a cada

palavra que está sendo dita, tem que obedecer a seus professores

Analisando os dados, o P1 diz que participa ajudando nas atividades

escolares, dando lazer, tirando da rua, educando e dando bons exemplos. P2e P3,

entendem que participa ajudando nas atividades escolares.

Perguntei aos pais o que eles acham que a escola espera deles, o P1 disse

que a escola espera ―(...) sempre acompanhando ele, sempre vindo às reuniões,

quando eu não posso a mãe vem, às vezes vem os dois, e procurar ajudar na escola

no que for necessário para que ele, quero dizer eles, não só ele, como também os

colegas deles(...), O P2 diz que a escola ―espera participação, dedicação e que

acompanhe a criança. Segundo o P3, a escola espera:― (...) que eu tenha mais

participação. É participar do desenvolvimento do aluno, não só pegue e eles

colocam na escola e deixam que a escola faça tudo (...).

Pode-se observar que os pais P1, P2 e P3 compartilham do mesmo

pensamento, dizendo que a escola espera que eles acompanhem e participem das

reuniões. Enquanto que a Mãe AC acredita que a escola espera uma boa educação

para sua filha.

Ao questionar o pai sobre o que você espera da escola de seu filho, P1

respondeu: ―eu espero que cumpram com o projeto pedagógico que eles tanto

falam e que tanto pedem. (...). É só isso que eu espero da escola, uma boa

educação, P2 espera ― que ela seja uma boa escola e que tenha bons professores

para eles e que ensinem a ela melhor e P3 diz: ― espero que eles ensinem bem,

um bom ensino, um bom desenvolvimento e que cada criança e cada aluno que

estiver aqui venha a aprender, venham somar e não diminuir.

Foi observado que todos os pais desejam que a escola tenha um bom

ensino, no entanto o P1 deseja também que a escola cumpra com o que promete e

a P3 deseja de que a escola dê ao seu filho uma boa base de ensino para competir

no mercado. Segundo TIBA (1996), ao falar da parceria entre escola e família, ele

28

retrata que quando ambas falam a mesma linguagem todos lucram. A família e a

escola devem demonstrar coerência e segurança, o que favorece o desenvolvimento

do aluno/filho. Com isso, a educação é uma ação ou soma de atos educativos

encadeados em função do desenvolvimento do ser humano, em vista de um fim.

2.4-DEVERES DOS PAIS E DO PROFESSOR REFERENTE À EDUCAÇÃO

ESCOLAR.

Perguntei aos pais quais são os seus deveres como responsável pelo seu

filho, cada pai mostrou sua particularidade. P1disse que ―meus deveres é dar boa

alimentação, dar uma boa educação doméstica, para que quando ela chegar aqui na

escola ele não peque, porque os filhos são o espelho dos pais. É dar carinho, amor,

afeto que ele tem e a senhora já teve a oportunidade de ver. E o meu dever com ele

é trabalhar para dar uma boa educação. P2 diz que ―é perguntar ao Colégio como

ela está saindo no Colégio, como é o relacionamento dela com os colegas, se está

recebendo uma boa educação, acho que é isso. É um direito meu chegar ao Colégio

e perguntar! O P3 respondeu que ―é incentivar a estudar, incentivar na educação.

Porque não adianta a gente pegar e colocar na escola e esperar que a escola faça o

seu papel! Eu tenho que fazer a minha parte!

Os pais apresentam diferentes pensamentos. O P1 fala que seus deveres

estão relacionados a dar uma boa alimentação, educação doméstica, carinho, amor

e afeto. Os pais P2 e P3 compartilham o mesmo pensamento, dizendo que seus

deveres são cuidar e saber da sua convivência com professores e colegas. Como

responsável do aluno é saber como o aluno está no colégio e seu relacionamento

com colegas e professores. De acordo como o artigo 4º do Estatuto da Criança e do

Adolescente (ECA, BRASIL 2004):

é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade a efetivação dos direitos referente à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, e à convivência familiar e comunitária (p.11).

Observa-se que o discurso dos pais condiz com o Estatuto quando se refere

aos deveres em relação ao aluno/filho. Porque segundo o Estatuto, a sociedade, a

família, a comunidade e o poder público têm o dever de acompanhar o

29

desenvolvimento da criança para que os pais tenham uma visão melhor do filho em

relação à escola, é necessário que ele esteja bem informado e escutar à professora

com toda sua experiência em sala de aula, com alunos que têm a mesma idade de

seus filhos pode ser útil para a família, pois ambas podem trabalhar juntas as

dificuldades e o melhoramento do filho/aluno. E TIBA (1996, p.189-190), afirma ao

falar da escola, que deveria ser um trabalho em conjunto, no qual poderia ser ouvida

a voz do coração e a voz da razão dos personagens da educação: a mãe, o pai e a

escola.

O professor ao ser entrevistado, respondeu que seus deveres seriam ―

atender todas os alunos, transmitir para eles pra os alunos aprenderem ajudar no

que for possível dentro do Regulamento, dentro do que eles vêm para obter e que

eu estou aqui para transmitir conhecimentos; e fazer o possível para transmitir o

máximo para eles.

Observa-se que o professor entrevistado tem uma visão restrita do seu

papel como educador, acreditando que ele é apenas um mero transmissor de

conhecimentos e informações, sabe-se que o papel do professor é também refletir

sobre o seu compromisso social e ético. Conforme LIBÂNEO (2002), a característica

mais importante da atividade profissional do professor é o intermédio entre o aluno e

a sociedade, entre as condições de origem do aluno e sua destinação social na

sociedade, papel que cumpre provendo às condições e os meios que respaldem o

encontro do aluno com as matérias estudadas. Esses objetivos educacionais estão

ligados uns aos outros, pois “o processo de ensino é ao mesmo tempo um processo

de educação.” (LIBÂNEO, 1991, p. 71)

Ainda de acordo com LIBÂNEO (1991), a didática e as tarefas do professor

buscam os seguintes objetivos primordiais: assegurar ao aluno domínio do

conhecimento científico mais seguro e duradouro; criar meios para desenvolver

habilidades e capacidades intelectuais, para dominarem os métodos de estudo e de

trabalho intelectual para uma futura autonomia; e orientar as tarefas de ensino com o

objetivo educativo da formação da personalidade.

2.5- RELAÇÃO DOS PAIS E DO EDUCADOR COM A ESCOLA

30

Para finalizar a entrevista com os pais, perguntei sobre a sua relação com a

escola de seu filho, o P1 diz que tem uma ―boa, muito boa! Primeiro porque eu sou

funcionário da escola, e depois porque eu gosto daqui, eu gosto da escola (...).o P2

―tenho uma boa relação. P3 disse: ―bem, estou sempre acompanhando! Cada

reunião quando posso eu estou presente e quando eu não posso, eu venho procurar

saber depois!

Pode-se observar que P1, P2 e P3 comentam que têm uma boa relação com

a escola.

Segundo TIBA (1996,p.187),

a educação escolar é diferente da educação familiar. Não há como uma substituir a outra, pois ambas são complementares. Não se pode delegar à escola parte da educação familiar, pois esta é única e exclusiva, voltada à formação do caráter e aos padrões de comportamentos familiares.

A escola é um ambiente importante de convívio no qual recebem estímulos,

espaço para a socialização e tem o objetivo de preparar o aluno profissionalmente.

31

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O procedimento da pesquisa proporcionou observar além das possibilidades

teóricas ou estereotipadas do ensino público e da participação dos pais no contexto

escolar. Como foi apresentado nos capítulos anteriores que a educação precisa ser

vista a partir de novas concepções que precisam ser transformadas, para assumir

seu papel nesse contexto atual como agente de mudanças, uma educação geradora

de mudanças, de conhecimentos, de formação de sujeitos independentes e

habilitados para intervirem e agirem na sociedade de forma crítica e, principalmente,

criativa. A família e a escola são as pontes para ajudarem ao aluno perceber,

através do espaço e do tempo, essas mudanças ocorridas no mundo, sem prejuízo

para seu desenvolvimento humano.

Participação familiar é uma necessidade contemporânea e desejada por

todos que fazem parte do contexto escolar. Quando da minha primeira vontade de

fazer Pedagogia aflorou em mim profissionalmente, foi a necessidade que tinha em

trabalhar com comunidades carentes que envolvessem crianças. Sempre considerei

importante o valor que a família tem em relação a tudo e por acreditar que uma boa

parte da solução do que vem ocorrendo no mundo seria minimizada se a família

estivesse por perto.

A falta de participação da família no contexto escolar já foi debatida no meio

acadêmico, tratado por diversos autores consagrados na área da Pedagogia,

Psicologia e Educação, além de ainda ser pano de fundo para várias questões

abordadas pela LDB, mas percebemos que ainda não foi dada a resposta para essa

questão sobre a participação dos pais na escola pública.

Portanto, o objeto de estudo deste trabalho, a Escola de 1º grau Cerejal,

vem apontar não para realidades estáticas ou conclusivas, mas vem propor algumas

diretrizes, de como ainda será possível encontrar elementos motivadores dessa

relação Escola-Família. Com base na observação in loco, nas informações

levantadas e nos dados obtidos, pode-se avaliar que a referida escola está

composta por alguns professores que já não têm mais o estímulo para conviver com

crianças, já não conseguem acompanhar o ritmo das novas crianças, em que estão

sendo educadas na era da tecnologia e da informação. O professor não é visto mais

como o único mediador da educação formal, a criança está aprendendo fora dela, o

que muitas vezes dificulta o controle da escola e da família.

Com as análises das falas dos pais, percebi que há um desejo enorme em

dar uma educação aos filhos e que eles não estão conseguindo atingir: uma

educação para um futuro melhor. Um futuro em que as crianças disponham de um

sistema de ensino público efetivo e eficiente, onde possam se sentir seguras e

capazes de ―competir com as crianças das escolas particulares (esta frase foi dita

por uma das mães entrevistadas durante o levantamento de dados). Ao ouvir os pais

sinto que o real desejo deles é que se criem escolas, não diria mais no modelo

tradicional, mas que tenham uma postura mais séria, de comprometimento com o

ensino de qualidade e que sejam profissionais capacitados, no intuito de garantir

para as crianças da rede pública condições para competir no mercado.

O que percebo é que participação sempre vai existir e existe nessa escola,

apenas alguns pais que participam mais do que outros. E muitas vezes, a postura de

alguns professores frente à essa falta de participação pode ser vista como senso

comum, como se incomodasse ou interferisse no comodismo da sala de aula. Ainda

tenho uma inquietude em relação a essa questão: será que os professores,

realmente querem essa participação?

Chego à conclusão de que o conceito de participação é muito complexo, que

envolve conceitos sociais, pessoais, históricos, dentre tantos outros. Os pais dos

alunos e os professores têm uma compreensão do que é participação. Pude

perceber que os pais sabem muito bem quais são seus deveres perante à escola de

seus filhos, ao mesmo tempo em que eles têm consciência da participação que a

escola espera da família.

Participação essa, que segundo o P3, usou de muita simplicidade e

coerência quando disse que participação ―é estar sempre presente em tudo, em

reuniões de escola, nos afazeres do colégio ou em qualquer tipo de afazeres que as

crianças venham ter. É realmente acompanhar o desenvolvimento da criança não só

na escola, mas em sua vida, como já foi dito anteriormente, quando foi escrito o

significado de participação, no qual DEMO (2001), confirma o que essas mães vêm

dizendo durante toda essa pesquisa, que participação é um processo e como

processo precisa de acompanhamento diário.

33

Observa-se que o professor não comunga da mesma opinião dada pelos

pais dos alunos. Ele percebe a participação como cumprimento de regras e normas

e como ajuda, não vê a participação como um processo diário e voluntário.

Assim, reafirmo a importância dessa parceria entre essas duas instituições

(escola e família) para o desenvolvimento e para o benefício de algo que ambas têm

em comum, isto é, a educação dos alunos/filhos. Sem pensar em facilidade, mas em

simplicidade, assim como fez o P1, ao dar um motivo para que o menino de 09 anos

estudasse a tabuada para uma prova no dia seguinte na escola. Em casa, fez com

que entrasse no quarto e olhasse ao seu redor.

O pai disse para o filho: ―Vê tudo isso que você tem aqui? É seu. Imagine

como se o seu quarto fosse um castelo e você, o príncipe. Imagine que para você

sair daqui, terá que conquistar muitos reinos. E explicou mais claramente que para

ele passar de ano sem recuperação, ele teria que estudar a tabuada e as outras

disciplinas para não perder o que já tinha conquistado anteriormente. Usou uma

didática de dar inveja a qualquer um. O resultado desse diálogo entre pai e filho, foi

excelente, que surpreendeu a todos, inclusive sua própria professora. Esse exemplo

mostra o quanto é importante a relação direta e firme, ao mesmo tempo, terna e

positiva, entre pais, filhos e a escola. A família e a escola necessitam uma da outra,

é uma parceira que ainda vale à pena.

Espero que este trabalho possa ter continuidade, pois esse tema gera

muitas discussões e é inesgotável. E que as escolas, principalmente as públicas

olhem para seus direitos e democraticamente busquem melhorar o ensino e ter

profissionais qualificados para a nova geração que vem passando por grandes

mudanças.

E aos que acreditam na parceria entre família/escola, que procurem seguir

exemplos daquelas que com muito trabalho e força de vontade conseguiram trazer

os pais à escola.

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ANEXOS

PRIMEIRA QUESTÃO: O QUE É PARTICIPAÇÃO PARA VOCÊ? RESPOSTA DOS PAIS P1: ―Participação é você tá presente nos momentos de dificuldades dele, se ele tiver uma dificuldade procurar ajudar, também participar do lazer dele, das coisas que ele venha fazer e desenvolver na escola, em casa ou na ruaǁ. P2: ―Participação pra mim é que tem que tá presenteǁ. P3: ― É a gente estar presente no dia-a-dia na vida não só da criança, não só na vida dos filhos, na sociedade também. Para mim participação é isso! É estar sempre presente em tudo, em reuniões de escola, nos afazeres do colégio ou qualquer tipo de afazerer que as crianças venham terǁ. SEGUNDA QUESTÃO: O QUE VOCÊ ACHA QUE A ESCOLA ESPERA DE VOCÊ? RESPOSTA DOS PAIS P1: ―Espero o que eu venho fazendo, sempre acompanhando ele, sempre vindo as reuniões, quando eu não posso a mãe vem, às vezes vem os dois, e procurar ajudar na escola no que for necessário para que ele, quero dizer eles, não só ele, como também os colegas deles possam ter uma escola mais, como posso falar: uma escola mais unidade, mais junta, mais completa, porque eu sempre achei que a escola é a extensão da casa. Então se ele vem de casa, eu trabalho aqui para fazer com que ele venha de casa e aqui ele estaria no quintal, se assim posso dizer!ǁ. P2: ―Espera participação, dedicação e que acompanhe a criançaǁ. P3:―Eu acho que a escola espera de mim, é que eu tenha mais participação. É participar do desenvolvimento do aluno, não só pegue e eles colocam na escola e deixam que a escola faça tudo, mas está sempre ali procurando saber como ele está, como está meu filho e como não tá. Pra mim participação é isso!ǁ TERCEIRA QUESTÃO: O QUE VOCÊ ESPERA DA ESCOLA DE SEU FILHO? RESPOSTA DOS PAIS P1: ―Eu espero que cumpram com o projeto pedagógico que eles tanto falam e que tanto pedem. Eles pedem a participação da gente e ai, eu como pai, eu quero que eles cumpram com que eles prometeram. Porque nós como pais vão participar e eles como professores já vivem nessa situação. Eu sei que às vezes é muito chato, o salário é pouco, mas quando eles escolheram essa área, eles escolhem por amor, não é pelo valor. Se fosse para falar do valor, eles seriam médicos advogados, doutores. E o que eu espero da escola é isso, que eles cumpram com que eles prometem fazer, para que meu filho amanhã ou depois o meu filho venha a ser professores se eles quiserem, ou escolha outra área. acho que ele tem uma base de educação. É só isso que eu espero da escola, uma boa educaçãoǁ P2: ―Espero que ela seja uma boa escola e que tenha bons professores para eles e que ensinem a ela melhorǁ. P3:―Eu espero que eles ensinem bem, um bom ensino, um bom desenvolvimento e que cada criança e cada aluno que estiver aqui venha a aprende, venham somar e não diminuir.ǁ QUARTA QUESTÃO: DE QUE FORMA VOCÊ PARTICIPA DA EDUCAÇÃO ESCOLAR DE SEU FILHO? RESPOSTA DOS PAIS P1: ―Já falei que eu já trabalho aqui, é vindo, é ajudando na lição, é dando o lazer, porque para que ele sinta que como eu não só trabalho, ele também não pode só

estudar. É tirando da rua, porque se a rua fosse boa e tivesse boas coisas a violência não existia e assim a gente vai ajudando a mãe com educação, educando e dando bons exemplos, chamando atenção. Agora não adianta você chamar a atenção do filho e errar, --- e brigar. Então o que está fazendo para poder ....na minha casa é! A gente trabalha assim, dessa forma. A gente erra, todo casal discuti, mas a gente sempre atenção dele para que quando ele crescer não fique pensando que aquilo é um habito. Porque o que a gente ou o que os pais aprenderam é que eles hoje são o espelho dos pais deles e o filho dele é o espelho dele. Então não adianta eles exigirem, por um exemplo: um pai que é usuário de droga, quando o filho estiver usando dizer que não pode.ele como pai não vai ter a moral para dizer que está errado, que o filho não pode usar! Assim mesmo é o pais que bate. Se o pai dele bate na mãe dele, e o filho dele bater na filha de alguém ou a filha dele apanhar de alguém ele não vai poder falar! Pra você cobrar, você tem que dar o exemplo. E lá em casa a gente trabalha assim. A gente cobra quando a professora dele fala assim, cobra, pega no pé mesmo. É duzentos dias que ele passa sem moleza para quando chegar na vez dele ele também ter direito de dar uma saidinha. Ele faz a parte dele e a gente faz a nossa. A dele é estudar e a nossa é fazer com que os momentos de lazer dele valam apena todo o estudo. Dessa forma a gente acha que é a forma correta. Porque eu acho que cada pai age de uma forma de educar correta, e eu acho essa forma correta. Ele tem o que merece, se estudar ele tem direito a tudo, mas se não estudar, não tem direito a nada! P2: ―Eu incentivo a ela estudar para ter uma boa educação para amanhã ele ter um futuro na vida delaǁ. P3:―Eu tento participar da melhor maneira possível, aquilo que eu vou fazendo e aquilo que eu posso fazer, eu faço! De tá ali tentando, ali orientando, olhe é por aqui, não é por aqui! Você tem que obedecer, não pode ficar conversando na sala de aula, prestar a atenção a cada palavra que está sendo dita, tem que obedecer seus professores. É assim que eu faço! Sempre chamando a atenção: minha filha você é uma criança, você tem que se comportar. QUINTA QUESTÃO: QUAIS SÃO SEUS DEVERES DE RESPONSÁVEL PELO FILHO? RESPOSTAS DOS PAIS P1: ―Meus deveres é dá boa alimentação, dá uma boa educação doméstica, para que quando ela chegar aqui na escola ele não peque, porque os filhos são o espelho dos pais. É dá carinho, amor, afeto que ele tem e a senhora já teve a oportunidade de ver. E o meu dever com ele é trabalhar para dar uma boa educaçãoǁ. P2: ―É perguntar ao Colégio como ela está saindo no Colégio, como é o relacionando dela com os colegas, se está recebendo uma boa educação, acho que é isso. É um direito meu chegar ao Colégio e perguntar!ǁ P3: ―É incentivar a estudar, incentivar na educação. Porque não adianta a gente pegar e colocar na escola e esperar que a escola faça o seu papel! Eu tenho que fazer a minha parte!ǁ SEXTA QUESTÃO: COMO É A SUA RELAÇÃO COM A ESCOLA DE SEU FILHO? RESPOSTA DOS PAIS P1: ―Boa, muito boa! Primeiro porque eu sou funcionário da escola, e depois porque eu gosto daqui, eu gosto da escola. A educação não aqui, mas no modo

geral vem passando por mudanças----já vai fazer oito anos. E a gente vem acompanhando. No meu caso como eu ainda sou aluno também, ainda cria um vinculo, a gente fica com um diferencial do que eu aprendi com o que eu venho aprendendo. A metodologia é muito diferente, às vezes a gente quer ajudar em casa, mas não sabe, porque antigamente fazia português e na gramática tinha que aprender aqueles verbos todos e hoje em dia não, a forma é totalmente diferente, é um ensino totalmente diferente. Eu mesmo, no meu, eu às vezes me pego assim pensando: será que vou fazer uma avaliação boa, mas eu estou gostandoǁ. P2: ― tenho uma boa relação. P3: ―Bem, estou sempre acompanhando! Cada reunião quando posso eu to presente e quando eu não posso, eu venho procurar saber depois! Eu procuro o assunto, porque às vezes acontece que tenho que sair e não posso está presente! Mas sempre estou obtendo informações. SÉTIMA QUESTÃO: QUAL A IMPORTANCIA DA PRESENÇA FAMILIAR NA VIDA ESCOLAR DAS CRIANÇAS? PRESPOSTA DOS PAIS P1:― É importante para dar apoio a escola nas dificuldades do filhoǁ. P2: ―Para saber se ela está estudando, se está freqüentando a escolaǁ P3: Após parar de gravar, essa mãe ficou muito mais descontraída e eu mais atenta as coisas eu ela dizia. Ela desabafou dizendo que os alunos não respeitam o professores e que algumas famílias que ela já presenciou, não aceita ser chamado a atenção por causa de seus filhos. Que sempre dão razão a seus filhos e disse: ―se as professoras bem soubessem, gravariam o que as crianças fazem, para mostrar aos pais e continuou desabafando: ― e acredito que educação e algumas situações de comportamento do aluno vem de casa. A escola deveria ter uma psicóloga, para dar suporte a algumas crianças que tem problemas ou estão passando por alguma dificuldade emocional. Ela disse que achava importante que os pais viessem a escola pelo menos o primeiro dia, e acredita que muitas violências que ocorre nas escolas é porque os pais não acompanham o filho e que as famílias deixam os filhos ―soltosǁ. RESPOSTAS DO PROFESSOR ENTREVISTA COM PROFESSOR 1. QUAIS SÃO OS SEUS DEVERES COMO PROFESSORES NA ESCOLA? ―É atender todas a mães, transmitir pra eles –pra os alunos aprenderem -- ajudar no que for possível dentro do regularmente, dentro do eles que vem para obter e que eu estou aqui para transmitir; agora é faze o possível para transmitir o máximo que possível para eles; 2. O QUE É PARTICIPAÇÃO PARA VOCÊ?

―É está em comum acordo nas normas e nas regras, aqui dentro da escola. É ajudar na compreensão e fazer aquilo que deve ser feito para ajudar não só o professor, mas também a escola. 3. DE QUE FORMA VOCÊ INCENTIVA A PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NA ESCOLA? ―----tarefas e atividades dos filhos,’’’’o que acontece na escola, está sempre presente na escola procurando saber como é que está o filho para tentar ajudar também. Se não ---saber o que está acontecendo na escola, porque ele sempre dá razão ao filho errado. 4. O QUE VOCÊ ACHA QUE A ESCOLA ESPERA DE VOCÊ? ―Que eu cumpra com as minhas obrigações, que eu faça aquilo que eu vim aqui para fazer! A ajuda, a compreensão com as normas da escola também, ajudando também na escola, não só na sala de aula, mas na escola como um todo 58 5. QUAL A PARTICIPAÇÃO QUE VOCÊ ESPERA DA FAMÍLIA? ―É estar atento com o que ocorre na escola, procurando sempre saber sobre o seu filho com o professor, a professora dele---e ajudando também nas suas atividades e nas tarefasǁ. 6. NA SUA ÉPOCA DE ESCOLA, COMO ERA A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA? ―Na nossa época não existia tanta violência nas escolas, tantos problemas, como existe hoje! Então, no meu caso, como estudante, eu nunca dei trabalho a minha mãe é semi - analfabeta, apenas sabia ensinar o seu nome. Ela era da chapeira da Serdisc e meu pai trabalhava na previdência, mas não tinha problema. Ele sempre ia ou iam os dois para as reuniões e voltavam do mesmo jeito, porque graças a Deus eu só recebia elogios. Então quando não tinha reunião eles iam reclamar porque não tinha reunião, ai sempre a secretário do diretor que me conhecia, dizia assim: enquanto tem reunião e seus pais vêem, mas têm muitos outros que não vem. Então graças a Deus não tinha problema. Meus pais nas atividades sentavam e fazia—eu não tinha muito auxilio de pai e mãe ------eu já disse aos meus alunos que se eles continuam estudando tudo fica fácil, ------se você prestar atenção na aula, eles são capazes de sentar e fazer sozinho as atividades, então quando eu digo na escola particular. Participar da aula a mãe disse assim, meu filho chegou em casa pedindo para lhe ensinar, mas tem tanto tempo que não estudo, agora ....mas eu faço as atividades com eles, ai quando eu chego pra ensinar as atividades a eles daquele jeito que eu aprendi, ai ele diz que não mãezinha a pro me ensinou assim-----então porque ele vai ficar----porque ele prestou a atenção! Então a mãe vai ensinar pelo método dela, mas ai, pelo que aprendeu antes anterior, mas ai ele prestou atenção a aula e vai dizer que se faz assim, que a pro me ensinou assim....então se eles prestarem a tenção na aula eles vão saber fazer, vão errar? Vão! É claro!Mas ai fica fácil de corrigir, porque ele aprendeu e errando você vai aprender mais ainda, porque se

você aprendeu..então que bom ....você vai aprender mais ainda ....você fez sozinho, você consertou, você nunca mais vai esquecer. Então naquele tempo eu tinha... da minha mãe.... minha irmã que estudava.... não tínhamos problemas com isso, graças a Deus. Hoje não, cada um tem um problema...tem uns que é bom, presta atenção, mas tem outros conversa demais, tem outros que não presta atenção... todos já fazem atividades assim.... tem a irmã que já fez por ele....pra ele. Não vou dizer que não existia alunos assim, mas no meu caso não. 7. QUAL É A SUA ATITUDE AO SER QUESTIONADA POR UM PAI EM RELAÇÃO ÀS ATIVIDADES DO ALUNO? Geralmente quando os pais vem ...achando que tem razão. Os pais não chegam pra gente para questionar uma atividade ou que .....que é mentira. O aluno não copia a atividade, ai quando os pais vêem .... não tá passando atividades não? O que está acontecendo que na está levando para casa? Ai .... estão serve assim como agressão....ai se a gente pudesse também agiria da mesmo jeito (riso) ai procura saber ....procure saber dos colegas deles se alguém fez a atividade tal dia assim. Ele não copiou.... pergunte a ele se eu não reclamei com ele por ele não copiou o dever e todos copiaram. 60