água purificada obtenção e controle de qualidade

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS FACULDADES INTEGRADAS DEFERNANDÓPOLIS ALINE ALMEIDA FREITAS CRISLAINE OLIVEIRA DE AMORIM JOSÉ RICARDO SANTOS MENEGASSO JULIANA APARECIDA TEIXEIRA ÁGUA PURIFICADA: OBTENÇÃO E CONTROLE DE QUALIDADE FERNANDÓPOLIS 2011

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Page 1: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS FACULDADES INTEGRADAS DEFERNANDÓPOLIS

ALINE ALMEIDA FREITAS

CRISLAINE OLIVEIRA DE AMORIM

JOSÉ RICARDO SANTOS MENEGASSO

JULIANA APARECIDA TEIXEIRA

ÁGUA PURIFICADA: OBTENÇÃO E CONTROLE DE QUALIDADE

FERNANDÓPOLIS

2011

Page 2: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

ALINE ALMEIDA FREITAS

CRISLAINE OLIVEIRA DE AMORIM

JOSÉ RICARDO SANTOS MENEGASSO

JULIANA APARECIDA TEIXEIRA

ÁGUA PURIFICADA: OBTENÇÃO E CONTROLE DE QUALIDADE

Trabalho de conclusão de curso apresentado à

Banca Examinadora do Curso de Graduação em

Farmácia da Fundação Educacional de

Fernandópolis como exigência parcial para obtenção

do título de bacharel em farmácia.

Orientadora: Profa. Esp. Rosana Matsumi Kagesawa Motta

Co-orientadora: Profa. Esp. Lígia Maria Trolezi

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS

FERNANDÓPOLIS – SP

2011

Page 3: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

ALINE ALMEIDA FREITAS

CRISLAINE OLIVEIRA DE AMORIM

JOSÉ RICARDO SANTOS MENEGASSO

JULIANA APARECIDA TEIXEIRA

ÁGUA PURIFICADA: OBTENÇÃO E CONTROLE DE QUALIDADE

Trabalho de conclusão de curso aprovado como

requisito parcial para obtenção do título de bacharel

em farmácia.

Aprovado em: ___de novembro de 20__.

Banca examinadora Assinatura Conceito

Profa. Esp. Rosana Matsumi

Kagesawa Motta (Orientadora)

Profa. Esp. Lígia Maria Trolezi

(Co-orientadora / Avaliadora 1)

Profa. Ms. Vânia Luiza Ferreira

Lucatti Sato (Avaliadora 2)

Profa. Esp. Rosana Matsumi Kagesawa Motta

Presidente da Banca Examinadora

Page 4: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

Dedicamos esta monografia primeiramente a Deus por ter nos iluminado durante todo esse trabalho, dedicamos também a nossos familiares que são pessoas muito importantes em nossas vidas e que em nenhum momento mediram esforços para realização dos nossos sonhos, que nos guiaram pelos caminhos corretos, nos ensinaram a fazer as melhores escolhas, nos mostraram que a honestidade e o respeito são essenciais à vida, e que devemos sempre lutar pelo que queremos.

Page 5: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

AGRADECIMENTOS

A Deus que nos iluminou e nos deu forças, que nos ajudou a não desistir diante das

barreiras.

A vocês pais que sonharam conosco e nos amaram antes que existíssemos,

alegraram-se com a nossa chegada ao mundo como alguém que recebe um lindo presente.

Acompanharam nosso crescimento e muitas vezes renunciaram aos seus sonhos para que

os nossos se realizassem. São exemplos de fé e esperança, nos dão forças e coragem para

sempre lutar e vencer. Seus gestos de carinhos, a prontidão, suas atitudes mais amáveis

enchem nossas vidas de gratidão por vocês. Obrigado, muito obrigado pelo silêncio quando

reclamávamos e pelas palavras de estimulo quando nós calávamos. Nessa nossa grande

batalha, creiam a vitória também é de vocês... A vocês pais que sonharam antes de nós

com este dia, jamais poderemos ser suficiente pela realização deste ideal. Nossa

homenagem admiração e gratidão.

A nossa amiga e orientadora Rosana Matsumi Kagesawa Motta que desde o

primeiro semestre da faculdade nos encantou com seu companheirismo e dedicação para

conosco, pela orientação, por sempre estar pronta a nos atender, pelo carinho, dedicação,

respeito e acima de tudo por acreditar em nossa capacidade sempre querendo mostrar qual

o melhor caminho a seguir como futuros profissionais nosso muito obrigado

A co-orientadora professora Lígia Maria Trolezi, pela atenção, dedicação, carinho,

pelos materiais emprestados, por sempre estar disposta a nos ouvir e ajudar.

A todos os professores, em especial à professora Vânia Luiza Ferreira Lucatti Sato,

que de forma direta ou indiretamente colaboraram para obtenção de nosso conhecimento e

saber. Nosso muito obrigado.

Page 6: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em nossa vida. Se Deus nos permitisse passar através de nossas vidas sem quaisquer obstáculos, ele nos deixaria aleijados. Nós não iríamos ser tão forte como poderíamos ter sido e nós nunca poderíamos voar.

(Autor Desconhecido)

Page 7: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

RESUMO

A água potável provinda de rede de abastecimento público é o ponto de partida para a obtenção da água purificada. Esta por sua vez, deve ser tratada em um sistema que assegure a obtenção da água conforme as especificações farmacopéicas. Seu controle deve ser periódico para garantir que o sistema de purificação utilizado esteja apropriado com as condições de uso, conforme estabelecido pelo Ministério da Saúde, na Portaria nº 518, de 25 de março de 2004. A obtenção desta água para uso farmacêutico se da através de métodos de purificação, dentre eles os mais utilizados são: a destilação, a deionização e a osmose reversa. Os procedimentos para a obtenção da água purificada devem ser realizados corretamente, pois a execução incorreta pode danificar suas características, comprometendo assim a qualidade do produto final. Dentre os métodos de purificação o que mais se destaca por fornecer uma água purificada de alta pureza química e microbiológica é através do processo de osmose reversa, pois consegue remover com efetividade material particulado, microorganismos, materiais orgânicos e inorgânicos e material insolúvel. De acordo com a RDC 67/07, a água purificada tem validade de 24 (vinte e quatro) horas, portanto a mesma deve ser armazenada por um período inferior, a fim de garantir a manutenção da qualidade. Quando se obtém um resultado insatisfatório na análise da água purificada, ou seja, quando os mesmos não estão em conformidade com os testes físico-químicos e microbiológicos, faz-se necessário a execução de uma nova análise através de uma ação corretiva. Neste caso, é necessário a realização de todos os testes novamente, não bastando apenas a farmácia encaminhar uma nova amostra para análise, é obrigatório realizar o registro e avaliação das tomadas de decisão para a correção da não conformidade. Para verificar a efetividade do equipamento, alguns testes básicos como pH e condutividade podem ser realizados periodicamente dentro da própria farmácia.

Palavras chaves: Água potável. Água purificada. Destilação. Deionização Osmose reversa. Controle de Qualidade

Page 8: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

ABSTRACT

The drinking water coming from the public supply network is the starting point for obtaining purified water. This in turn, must be treated in a system that ensures the achievement of water as the pharmacopoeial specifications. Your control should be done periodically to ensure that the purification system is used SUITABLE with the terms of use, as established by the Ministry of Health, in Ordinance No. 518 of March 25th, 2004. Obtaining this water for pharmaceutical use is through the purification methods, including the most common are: distillation, deionization and reverse osmosis. The procedures for obtaining purified water should be carried out correctly, because incorrect execution can damage their characteristics, thus compromising the quality of the final product. Among the methods of purification which stands out for providing a purified water of high purity chemical and microbiological analysis is through the reverse osmosis process, as it can act effectively remove particulate matter, microorganisms, organic and inorganic materials and insoluble material. According to RDC 67/07, the purified water is valid for 24 (twenty four) hours, so it must be stored for a shorter period, to ensure quality maintenance. When you get a poor result in the analysis of purified water, or when they are not in accordance with the physic-chemical and microbiological, tests is necessary to perform a new analysis by a corrective action. In this case, it is necessary to perform all the tests again, not just by the pharmacy send a new sample for analysis, it is obligatory to register and evaluation of decision making for the correction of the nonconformity. To verify the effectiveness of the equipment, some basic tests such as pH and conductivity can be performed periodically within the pharmacy.

Keywords: Drinking water. Purified water. Distillation. Deionization. Reverse Osmosis. Quality Control.

Page 9: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Padrão de potabilidade para substâncias químicas que apresentam risco a

saúde ............................................................................................................................. 17

Tabela 2 – Padrão organoléptico e físico-químico de aceitabilidade para água potável . 18

Tabela 3 – Padrão microbiológico de potabilidade da água para consumo humano ...... 20

Tabela 4 – Laudo de análise de água purificada ........................................................... 30

Tabela 5 – Modelo de ficha para registros de limpeza ................................................... 31

Tabela 6 – Modelo de ficha para registros de manutenção ............................................ 32

Tabela 7 – Modelo de ficha para registros da avaliação periódica da água purificada

produzida ....................................................................................................................... 32

Page 10: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fases do procedimento para coleta de água para análise ............................ 26

Page 11: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

RDC – Resolução Colegiada da Anvisa

VMP – Valor máximo permitido

uH – Unidade Hazen

UNT – Unidade Nefelométrica de Turbidez

Page 12: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 12

1 – OBJETIVOS ............................................................................................................ 14

1.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 14

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 14

2 – MÉTODOS ............................................................................................................... 15

3 – ÁGUA POTÁVEL .................................................................................................... 16

3.1 CONTROLE DE QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICO DA ÁGUA POTÁVEL .............. 16

3.2 PARÂMETROS ORGANOLÉPTICOS E FÍSICO-QUÍMICOS DA ÁGUA POTÁVEL

....................................................................................................................................... 16

3.3 PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS MÍNIMOS QUE DEVEM SER AVALIADOS NA

ÁGUA POTÁVEL UTILIZADA NA FARMÁCIA ............................................................... 18

3.4 CONTROLE DE QUALIDADE MICROBIOLÓGICO DE ÁGUA POTÁVEL. .......... 20

3.5 PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS QUE DEVEM SER AVALIADOS NA ÁGUA

POTÁVEL UTILIZADA NA FARMÁCIA .......................................................................... 20

4 – ÁGUA PURIFICADA ............................................................................................... 22

4.1 DESTILAÇÃO ...................................................................................................... 23

4.2 DEIONIZAÇÃO .................................................................................................... 23

4.3 OSMOSE REVERSA ........................................................................................... 24

5 – CONTROLE DE QUALIDADE DA AGUA PURIFICADA ......................................... 24

5.1 COLETA DE AMOSTRA DE ÁGUA (LABORLAB, 2011) ..................................... 24

5.2 ENSAIOS DE PUREZA EM ÁGUA PURIFICADA (LABORLAB, 2011) ................ 26

5.3 ENSAIOS EXIGIDOS NAS MONOGRAFIAS E COMPÊNDIOS OFICIAIS

(LABORLAB, 2011) ........................................................................................................ 30

5.4 VERIFICAÇÃO PERIÓDICA DA ÁGUA PURIFICADA ......................................... 30

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 33

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 34

Page 13: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

12

INTRODUÇÃO

A água é amplamente utilizada para fins farmacêuticos, abrangendo desde

manipulações de fórmulas farmacêuticas como preparações de uso tópico ou oral,

além de lavagem de vidrarias.

A água potável, geralmente fornecida por abastecimento público com

características apropriadas para consumo, obedecendo aos parâmetros

microbiológicos, físicos, químicos e radioativos, que atendem ao padrão de

potabilidade conforme Portaria n° 518, de 25 de março de 2004, do Ministério da

Saúde, pode ser utilizada em aplicações farmacêuticas desde que purificada por

métodos apropriados, obtendo assim a água purificada. Entende se por água

purificada a água que possui carência de compostos orgânicos, inorgânicos e íons,

sendo assim composta, teoricamente, „somente‟ pelos átomos de hidrogênio e

oxigênio (BRASIL, 2004).

Devido a sua estrutura química, a água tem grande facilidade em formar

ligações de hidrogênio, se tornando um excelente meio para suspender, solubilizar,

ou até carrear contaminantes capazes de alterar a pureza e a eficácia de um produto

farmacêutico; portanto a purificação da água potável se faz necessária (BRASIL,

2010).

De acordo com a RDC 67/07 a água purificada utilizada para fins

farmacêuticos deve ter sua qualidade monitorada periodicamente, sendo analisada

mensalmente conforme especificações farmacopéicas. Estas análises por sua vez

têm por objetivo avaliar os processos de obtenção de água através de teste físico-

químicos e microbiológicos (BRASIL, 2007).

Dentre os processos mais utilizados na purificação da água destacam-se: a

destilação, deionização e osmose reversa.

A destilação é um processo de purificação no qual ocorrem mudanças no

estado físico da água, passando esta do estado líquido para vapor a 100° C, e após

este, por condensação, do vapor para o estado líquido. O equipamento utilizado

para a obtenção da água destilada é o destilador. Este método é eficaz na remoção

Page 14: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

13

de microorganismos contaminantes, porém não é eficaz na remoção de íons sólidos

dissolvidos (FERREIRA, 2008).

Através da deionização, é possível produzir água purificada por trocas iônicas

específicas para cátions e ânions. As resinas catiônicas capturam os íons liberando

o íon H+ na água e as aniônicas liberam OH-. Utiliza-se como equipamento para

obtenção da água deionizada o deionizador, através deste processo é possível

remover sólidos e gases orgânicos que se encontram dissolvidos na água. A água

deionizada não deve ser armazenada, visto que após seu preparo esta se contamina

com muita facilidade (FERREIRA, 2010).

A osmose reversa é uma tecnologia de purificação baseada em membranas

semipermeáveis e com propriedades especiais de remoção de íons. Através deste

processo é possível remover com eficiência microorganismos, materiais orgânicos e

inorgânicos dissolvidos e materiais insolúveis. Remove de 90 a 99% da maioria dos

contaminantes. Não remove gases ionizáveis dissolvidos. As membranas do

aparelho podem ser danificadas pelo cloro livre, presentes na água potável, assim

como outros agentes oxidantes, sólidos em suspensão e dureza da água. Portanto

recomenda-se que a água seja tratada a fim de remover estas impurezas (BRASIL,

2010).

Page 15: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

14

1 OBJETIVOS

1.1 OBJETIVO GERAL

Este estudo tem por objetivo apresentar como são realizadas as

diferentes etapas de purificação da água, bem com seus respectivos testes de

controles de qualidade conforme regulamentado pela RDC n° 67/2007 da ANVISA e

pela Farmacopéia Brasileira.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar os riscos de não conformidade dos testes realizados no controle

de qualidade dos diversos tipos de água purificada, sendo eles:

a) Testes qualitativos;

b) Análises físico-químicas

c) Análises microbiológicas.

Page 16: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

15

2 MÉTODOS

Para realização deste trabalho foi necessária uma cuidadosa busca

bibliográfica em livros sobre processos de obtenção e controle de qualidade da água

purificada em farmácia de manipulação.

Para a conclusão deste trabalho foi necessário a utilização de um laudo

de análise da água purificada, verificando assim se a mesma se encontra em

condições de uso.

Page 17: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

16

3 ÁGUA POTÁVEL

Segundo descrito na Farmacopéia Brasileira (5ª edição, pág.392) o ponto de

partida para qualquer processo de purificação de água para fins farmacêuticos é a

água potável. Esta é obtida por tratamento da água retirada de mananciais, por meio

de processos adequados para atender às especificações da legislação brasileira.

Na opinião desses autores a água potável é aplicada, normalmente, nas

etapas iniciais de procedimentos de limpeza e como fonte de obtenção de água de

mais alto grau de pureza.

O controle intransigente e a manutenção de conformidade dos parâmetros

de potabilidade da água são essenciais, críticos e de responsabilidade do usuário do

sistema de purificação que será alimentado. O controle deve ser periódico para

garantir que o sistema de purificação utilizado esteja apropriado para as condições

da fonte de alimentação e que não houve alteração na qualidade da água fornecida.

No entanto, a maioria das aplicações requer tratamento adicional da água potável,

seja por destilação, deionização, osmose reversa, ou outro processo adequado para

produzir a água purificada, livre da interferência de contaminantes que possam

afetar a qualidade dos medicamentos produzidos (BRASIL, 2010).

3.1 CONTROLE DE QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICO DA ÁGUA POTÁVEL

Para obtenção de água purificada para uso farmacêutico é imprescindível

uma água potável de boa qualidade.

A Portaria n° 518, de 25 de março de 2004, do Ministério da Saúde,

estabelece os parâmetros para água potável, definindo os parâmetros

microbiológicos, físicos, químicos e radioativos, que atendem ao padrão de

potabilidade (BRASIL, 2004).

3.2 PARÂMETROS ORGANOLÉPTICOS E FÍSICO-QUÍMICOS DA ÁGUA

POTÁVEL

A água potável deve estar em conformidade com o padrão de substâncias

químicas que representam risco para a saúde expresso na tabela 1 a seguir:

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17

Tabela 1 Padrão de potabilidade para substancias químicas que apresentam risco a saúde.

PARÂMETRO UNIDADE VMP(1)

INORGÂNICAS

Antimônio mg/L 0,005

Arsênio mg/L 0,01

Bário mg/L 0,7

Cádmio mg/L 0,005

Cianeto mg/L 0,07

Chumbo mg/L 0,01

Cobre mg/L 2

Cromo mg/L 0,05

Fluoreto(2) mg/L 1,5

Mercúrio mg/L 0,001

Nitrato (como N) mg/L 10

Nitrito (como N) mg/L 1

Selênio mg/L 0,01

ORGÃNICAS

Acrilamida μg/L 0,5

Benzeno μg/L 5

Benzo[a]pireno μg/L 0,7

Cloreto de Vinila μg/L 5

1,2 Dicloroetano μg/L 10

1,1 Dicloroeteno μg/L 30

Diclorometano μg/L 20

Estireno μg/L 20

Tetracloreto de Carbono μg/L 2

Tetracloroeteno μg/L 40

Triclorobenzenos μg/L 20

Tricloroeteno μg/L 70

Fonte: (BRASIL, 2004)

NOTAS: (1) Valor Maximo Permitido (2) Os valores recomendados para concentração de íons fluoreto devem observar à legislação específica vigente relativa a fluoretação da água em qualquer caso devendo ser respeitado o VMP desta tabela.

Page 19: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

18

A tabela abaixo relaciona o padrão de características físico-químicas

aceitáveis para água potável, descrito na legislação pertinente.

Tabela 2 Padrão organoléptico e físico-químico de aceitabilidade para água potável

PARÂMETRO UNIDADE

VMP*

Alumínio mg/L 0,2

Amônia (como NH3) mg/L 1,5

Cloreto mg/L 250

Cor aparente uH** 15

Dureza mg/L 500

Etilbenzeno mg/L 0,2

Ferro mg/L 0,3

Manganês mg/L 0,1

Monoclorobenzeno mg/L 0,12

Odor - Não objetável (1)

Sabor - Não objetável (1)

Sódio mg/L 200

Sólidos dissolvidos totais mg/L 1.000

Sulfato mg/L 250

Sulfeto de Hidrogenio mg/L 0,05

Surfactantes mg/L 0,5

Tolueno mg/L 0,17

Turbidez UNT *** 5

Zinco mg/L 5

Xileno mg/L 0,3 Fonte ( BRASIL,2004) (1) critério de referência. *VMP = Valor Maximo permitido ** uH: Unidade Hazen(mg Pt-Co/L). ***UNT = Unidade Nefelométrica de Turbidez

3.3 PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS MÍNIMOS QUE DEVEM SER AVALIADOS

NA ÁGUA POTÁVEL UTILIZADA NA FARMÁCIA (BRASIL, 2007)

Segundo a RDC nº 67, de outubro de 2007, a água potável utilizada na

farmácia magistral deve ter sua qualidade monitorada periodicamente, de acordo

com a legislação em vigor. Os parâmetros físico-químicos mínimos que deverão ser

avaliados são:

Odor: Ferreira (2010) afirma, que “a água em sua forma pura não

possui odor. Águas para consumo doméstico, processos industriais como alimento e

industria farmacêutica necessitam ser livres de odor”

Especificação para água potável: Não objetável (BRASIL, 2004).

Page 20: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

19

Cor Aparente: este termo define a cor verdadeira, que é a cor da água

da qual a turbidez tenha sido removida. O termo “cor aparente” inclui não apenas a

cor devido a substâncias presentes na solução, mas também devido a materiais em

suspensão. A cor aparente é determinada na amostra original sem filtração ou

centrifugação.

Especificação para água potável: Maximo 15 uH (BRASIL , 2004).

pH : é a medida da concentração de íons H+ na água com o uso de um

pHmetro. O balanço dos íons hidrogênio e hidróxido (OH-) determina quão acida ou

básica ela é.

Segundo a Portaria MS 518/2004, o pH da água potável deve estar entre 6,0

e 9,5. Contudo, o ideal para uma melhor qualidade microbiológica é recomendável

que o pH esteja compreendido entre 6,0 e 8,3, alcançando no Máximo o valor de

8,5.

Turbidez (Método Nefelométrico): Segundo Macedo (2007) “a

turbidez da água é decorrência da alteração da penetração da luz devido à presença

de partículas em suspensão (ex: plâncton, argilas, bactérias, poluição, etc.),

promovendo sua difusão e absorção”. A cor da água interfere negativamente na

medida da turbidez, devido a sua propriedade de absorver luz.

Especificação para água potável: Maximo de 5 UNT (BRASIL ,2004)

Dureza: corresponde a presença de íons Ca+ e Mg+ na água formando

possíveis incrustações ou seja crostas por onde a água passar, como em caixas d‟

água, tubulações e torneiras (BRASIL, 2004).

Cloro residual livre: compreende a parte de cloro adicionada à água

que não reagiu com agentes contaminantes ou com matéria orgânica. Este por sua

vez, se torna essencial para eliminar microorganismos nocivos. Sua presença é um

indicativo que a água que está sendo utilizada na farmácia recebe tratamento

correto, sendo considerado um dos parâmetros de potabilidade da água.

Especificação para água potável: mínimo de 0,2mg/L e no Maximo 2,0mg/L

(BRASIL , 2004).

Sólidos totais dissolvidos (STD): corresponde ao peso total dos

constituintes minerais presente na água por unidade de volume. Estes materiais

passam pelos filtros, uma vez que se encontram dissolvidos. Dependendo da

quantidade de substancias dissolvidas na água, as propriedades físicas e químicas

Page 21: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

20

da água sofrem alterações. Para a potabilidade da água o valor de sólidos

Dissolvidos Totais não deverá ser maior que 1000mg/L( BRASIL ,2004).

3.4 CONTROLE DE QUALIDADE MICROBIOLÓGICO DE ÁGUA POTÁVEL

De acordo com a Portaria MS nº 518/2004, a água potável deve estar em

conformidade com o padrão microbiológico descrito no quadro abaixo:

Tabela 3 Padrão microbiológico de potabilidade da água para consumo humano

Água Parâmetro Valor máximo permitido

Agua para consumo humano E. coli ou coliformes

termotolerantes

Ausência em 100 ml

Água na saída do tratamento Coliformes totais Ausência em 100 ml

Água tratada no sistema de

distribuição (reservatórios e

rede)

E.coli ou coliformes

termotolerantes

Ausência em 100 ml

Coliformes totais 1) Sistemas que analisam 40 ou

mais amostras por mês:

- ausência em 100 mL em 95%

das amostras examinadas

2) Sistemas que analisam

menos de 40 amostra poderá

apresentar mensalmente

resultado positivo em 100 mL

Fonte (BRASIL, 2004) Nota: Em 20% das amostras mensais para análise de coliformes totais no sistema de distribuição, deve ser efetuada a contagem de bactérias heterotróficas e, uma vez excedidas 500 unidades formadoras de colônia (UFC) por mL, devem ser providenciadas imediata recoleta, inspeção local e, se constatada irregularidade, outras providências cabíveis (BRASIL, 2004).

3.5 PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS QUE DEVEM SER AVALIADOS NA

ÁGUA POTÁVEL UTILIZADA NA FARMÁCIA

A água potável na farmácia magistral deve ter sua qualidade microbiológica

monitorada periodicamente de acordo com a legislação em vigor para as farmácias.

Os microorganismos pesquisados e as contagens máximas aceitáveis são:

Page 22: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

21

Contagem total de bactérias (bactérias heterotróficas, fungos

estreptococos): determinação da densidade de bactérias que são capazes de

produzir unidades formadoras de colônias (UFC), na presença de compostos

orgânicos contidos em meio de cultura apropriada, sob condições pré-estabelecidas

de incubação: 35,0 ± 0,5°C por 48 horas.

Especificação para água potável: a contagem total de bactérias

heterotróficas na água potável não deverá ser superior a 500 UFC/mL (BRASIL,

2004).

Coliformes totais: compreendem as bactérias do grupo coliforme,

incluindo bacilos gram-negativos ou anaeróbios facultativos, não formadores de

esporos, oxidase-negativa, capazes de desenvolver na presença de sais biliares ou

agentes tensoativos que fermentam a lactose com produção de ácido, gás e aldeído

a 35,0 ± 0,5°C em 24-48 horas, e que podem apresentar atividade da enzima β –

galactosidase. Este grupo de microorganismos é composto por cerca de 20

espécies, dentre as quais se encontram tanto bactérias originárias do trato intestinal

de humanos como de outros animais de sangue quente. A maioria das bactérias do

grupo coliforme pertence aos gêneros Escherichia, Citrobacter, Klebsiella e

Enterobacter, embora vários outros gêneros e espécies pertençam ao grupo.

Especificação para água potável: ausência em 100 ml (BRASIL, 2004).

Escherichia coli: a E. coli é uma bactéria do grupo coliforme que

fermenta a lactose e manitol, com produção de ácido e gás a 44,5 ± 0,2ºC em 24

horas, produz indol a partir do triptofano, oxidase negativa, não hidrolisa a uréia e

apresenta atividade das enzimas ß galactosidase e ß glucoronidase, sendo

considerada o mais específico indicador de contaminação fecal recente e de

eventual presença de organismos patogênicos.

Especificação para água potável: ausência em 100 mL (BRASIL, 2004).

Coliformes termorresistentes (Coliformes fecais, Coliforme

termotolerantes): compreendem um subgrupo de bactérias do grupo coliforme que

fermentam a lactose a 44,5 ± 0,2ºC em 24 horas; tendo como principal representante

a Escherichia coli, de origem exclusivamente fecal. Os coliformes termorresistentes

distintos da E.coli podem ser provenientes de águas organicamente enriquecidas

(contaminadas) como, por exemplo, com efluentes industriais ou matérias vegetais e

solos em decomposição. Como os coliformes termorresistentes são detectados com

Page 23: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

22

facilidade, eles podem desempenhar uma importante função secundária como

indicadores da eficácia dos processos de tratamento da água para bactérias fecais.

Especificação para água potável: ausência em 100mL (BRASIL, 2004).

4 ÁGUA PURIFICADA

Segundo a RDC nº 67, de outubro de 2007 que dispõe sobre Boas Práticas

de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em

farmácias, no item 7.5, diz que a água utilizada na manipulação de produtos é

considerada matéria-prima produzida pela própria farmácia por purificação da água

potável, devendo as instalações e reservatórios serem devidamente protegidos para

evitar contaminação.

Além disso, no item 7.5.2, traz a definição de água purificada:

Água purificada: A água utilizada na manipulação deve ser obtida a partir da água potável, tratada em um sistema que assegure a obtenção da água com especificações farmacopéicas para água purificada, ou de outros compêndios internacionais reconhecidos pela ANVISA, conforme legislação vigente (BRASIL, 2007).

De acordo com Ferreira (2008) a água purificada é obtida por diferentes

processos, como a destilação, a deionização (troca iônica) ou a osmose reversa,

podendo ser empregada na preparação de formas farmacêuticas não estéreis.

É empregada também como excipiente na produção de formas

farmacêuticas que não seja de uso parenteral e em formulações magistrais,

contando que não haja nenhuma exigência de pureza superior no seu uso podendo

ser utilizada ainda na lavagem de material e diluições diversas (BRASIL, 2010).

Para Santo e Cruz (2008) a água purificada pode ser considerada uma das

matérias-primas mais importantes, pois é empregada diretamente na manipulação

de uma série de preparações e também em alguns tipos de lavagem de materiais

em que se emprega água purificada.

A qualidade da água purificada depende de uma serie de fatores como o

tipo de princípio utilizado para sua obtenção, a freqüência de manutenção e limpeza

do mesmo, bem como os procedimentos de armazenamento e distribuição desta

água produzida (SANTO e CRUZ, 2008).

Os procedimentos de obtenção da água purificada para Santo e Cruz (2008)

uma vez que não executados corretamente podem danificar suas características

Page 24: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

23

comprometendo assim a qualidade final do produto. Sendo assim, para garantir total

qualidade deste produto é necessária uma apropriada seleção, instalação, operação

e, por fim, validação dos processos de purificação da água, bem como dos sistemas

de armazenagem e distribuição.

Santo e Cruz (2008) considera que, a água purificada deve ser obtida a

partir da água potável e tratada em um sistema que assegure a obtenção de uma

água de acordo com as especificações farmacopéicas.

4.1 DESTILAÇÃO

Para Ferreira (2008) a destilação consiste em um processo de purificação no

qual envolve mudanças de fases da água, passando inicialmente do estado líquido

para vapor (100ºC) e após este para o estado líquido novamente através de

condensação. Com este processo as impurezas permanecem na caldeira do

destilador devido ao ponto de ebulição superior a 100ºC.

Na opinião deste mesmo autor, este método de purificação da água potável

consegue eliminar com efetividade a maioria dos contaminantes biológicos

(microorganismos), mas não ocorre a remoção de íons sólidos dissolvidos presentes

nesta água.

4.2 DEIONIZAÇÃO

A água deionizada é obtida através de resinas iônicas sintéticas onde

permitem a troca seletiva de íons H+ ou OH- por cátions (Ca++, Mg++, Na+,etc) e

anions (Cl-,SO42-, HCO3

-, sílica e NO3-) presentes como impurezas na água.

Normalmente utiliza-se uma resina catiônica e depois uma aniônica. Este processo

de purificação de água não elimina a matéria orgânica. Quando se comparada à

qualidade microbiológica da água deionizada com a destilada, verifica-se que a água

obtida por destilação apresenta uma qualidade superior a esta. (FERREIRA, 2008).

Segundo Ferreira (2008) a água deionizada é facilmente contaminável após

sua aquisição, não sendo, por este motivo, preconizado seu armazenamento. O

Page 25: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

24

equipamento empregado para obtenção da água deionizada é o deionizador, este

por sua vez é composto por resinas catiônicas e aniônicas em cartuchos separados

ou de forma mista, podendo assim serem regenerados. Nesse caso a regeneração

das resinas catiônicas podem ser feitas com acido clorídrico ou sulfúrico (2 a 4%) e

as resinas aniônicas com solução de hidróxido de sódio (2 a10%). A eficiência deste

processo se da pela capacidade de retirar íons da água sendo avaliada por meio da

medida de condutividade.

4.3 OSMOSE REVERSA

De acordo com Ferreira (2008) osmose reversa é o processo pelo qual

produz uma água de alta pureza química e microbiológica uma vez que este

promove a obtenção da água purificada por passagem através de menbranas

semipermeável contra um gradiente de concentração por ação da pressão mecânica

exercida por uma bomba onde é removido com eficiência material particulado,

microorganismos, materiais orgânicos, material inorgânico dissolvido e material

insolúvel.

5 CONTROLE DE QUALIDADE DA ÁGUA PURIFICADA

A água purificada precisa ser analisada no mínimo mensalmente de acordo

com as especificações farmacopéicas,conforme mencionado da RDC67/07 no item

7.5.2.2 que diz:

Devem ser feitos testes físico-químicos e microbiológicos da água purificada, no mínimo mensalmente, com o objetivo de monitorar o processo de obtenção de água, podendo a farmácia terceirizá-la (BRASIL, 2007).

5.1 COLETA DE AMOSTRA DE ÁGUA (LABORLAB, 2011)

PRINCIPIO

Coletas de amostras de água para análises microbiológicas e físico-químicas

devem ser realizadas corretamente, para evitar desvios nos resultados de análises.

Page 26: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

25

SEGURANÇA

Atenção especial no manuseio com álcool e fogo.

EQUIPAMENTOS E MATERIAIS NECESSÁRIOS

Algodão

Pinça metálica

Álcool 70, 90 ou 92%

Fósforo ou isqueiro

PROCEDIMENTO

As amostras devem ser coletadas em frascos de vidro ou plástico de boca

larga, com tampa bem ajustada, capacidade de 125 a 150 ml, previamente

esterilizados ou saco plástico estéril, descartável, contendo pastilha de tiossulfato de

sódio. Os frascos não descartáveis para a coleta de águas cloradas devem receber,

antes de serem esterilizados, 0,1 ml (2 gotas) de tiossulfato de sódio a 10% onde

tem como finalidade preservar possíveis microorganismos presentes neste água.

Roteiro para coleta

Lavar as mãos com água e sabão;

Limpar a torneira do usuário com um pedaço de algodão embebido em

álcool 70, 90, 92%;

Abrir a torneira e deixar escorrer a água durante 1 ou 2 minutos;

Fechar e flambar a torneira, utilizando uma pinça com algodão

embebido em álcool;

Abrir novamente a torneira e deixar escorrer por mais 2 ou 3 minutos;

Coletar a amostra de água;

Encher acima da marca de 100ml (1ml para bactérias heterotróficas);

Tampar o frasco ou fechar o saquinho plástico e Identificá-lo,

Marcar o frasco ou saquinho com o número da amostra,

correspondente ao ponto de coleta;

Preencher a ficha de identificação da amostra (protocolo de coleta),

anotando endereço, a hora e a data da coleta, o estado do tempo, o

nome do coletor e o teor de cloro livre no caso de águas tratadas, etc;

Page 27: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

26

Para análise físico-química, enxaguar três vezes com a própria água e

coletar em frasco limpo e seco de vidro ou plástico - 1000 ml;

Colocar os 2 frascos de amostra na caixa de isopor com gelo;

Lacrar, identificar e enviar a caixa para o laboratório;

Obs.: O tempo de coleta e o início de realização do exame não deve

exceder 24 horas;

FASES DO PROCEDIMENTO

1- 2- 3- 4- 5- 6-

7- 8- 9- 10- 11- 12-

Figura 1 Fases do procedimento para coleta de água para analise Fonte: (LaborLab,analise e consultoria técnica)

ANOMALIAS

Em caso de qualquer problema na coleta ou transporte da amostra, o

material deve ser descartado e outra coleta deve ser providenciada.

5.2 ENSAIO DE PUREZA EM ÁGUA PURIFICADA (LABORLAB, 2011)

PRINCÍPIO

Fundamenta-se em certificar as características da água deionizada ou

destilada através de ensaios de presença ou ausência de íons, sais, metais

pesados, pH, e outras substâncias como amônia e gás carbônico.

A água destilada é obtida a partir da destilação da água potável. A água

deionizada é obtida pela passagem de um trocador de íons.

Page 28: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

27

SEGURANÇA

Utilizar avental, luvas e óculos, apropriados para trabalho em laboratório

Químico.

RESULTADOS ESPERADOS

Verificar a pureza da água destilada ou deionizada de acordo com a

Farmacopéia Brasileira.

EQUIPAMENTOS

Balança Analítica;

Placa Aquecedora ou Bico de Bunsen;

Estufa de secagem.

VIDRARIAS, UTENSÍLIOS E OUTROS

Cadinho de porcelana ou cápsula de evaporação;

Erlenmeyers

Pipetas volumétricas de 10 e 1mL;

Proveta de 100mL;

Proveta de rolha esmerilhada;

Tubos de ensaio;

REAGENTES

Solução tampão 7;

Solução tampão 4;

Solução padrão de condutividade 1412 S;

Reagente de Nessler (Iodomercurato de potássio alcalino);

Oxalato de amônio;

Ácido nítrico 2N;

Nitrato de prata 0,1N;

Solução de Cloreto de bário;

Solução indicadora de Vermelho de metila;

Solução indicadora de Azul de bromotimol;

Solução de Hidróxido de cálcio 0,14g por cento;

Page 29: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

28

Solução de ácido acético glacial cerca de 2M;

Sulfeto de sódio

PROCEDIMENTO

Análise de pH

Ajustar o pHmetro com as soluções tampão com pH 4 e 7.

Medir o pH da amostra.

Obs.: Faixa padrão de pH: 5 – 7.

Análise de condutividade

Ajustar o condutivímetro com solução padrão de 1412 S.

Medir a condutividade da amostra.

Obs.: Faixa padrão de condutividade: 0 – 5 S.

Ensaio para Acidez

À 10mL de amostra, num tubo de ensaio, adicionar 2 gts de

solução indicadora de vermelho de metila. O líquido não deve

envermelhecer.

Ensaio para Alcalinidade

À 10mL de amostra, num tubo de ensaio, adicionar 5 gts de

solução indicadora de azul de bromotimol. O líquido não deve azulecer.

Ensaio para Amônia

À 10mL de amostra, num tubo de ensaio, adicionar 0,1mL de

reagente de Nessler. Agitar. A amostra não deve produzir-se senão

coloração levemente amarela.

Ensaio para Cálcio

À 10mL de amostra, num tubo de ensaio, adicionar 0,2mL de

oxalato de amônio. Agitar. Não deve produzir turvação nem

opalescência.

Page 30: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

29

Ensaio para Cloretos

À 10mL de amostra, num tubo de ensaio, adicionar 2 gts de

solução de ácido nítrico 2N, Agitar. Adicionar 0,2mL de solução de

nitrato de prata. Não deve produzir turvação nem opalescência.

Ensaio para Dióxido de Carbono

À 25 mL de amostra, numa proveta de rolha esmerilhada,

adicione 25mL de solução de Hidróxido de Cálcio. Tampe a proveta.

Agitar. A mistura deverá permanecer límpida.

Ensaio para Metais pesados

Á 40mL de amostra, num erlenmeyer, adicionar 2mL de ácido

acético glacial, Adicionar 1 gota de sulfeto de hidrogênio. Não deve

ocorrer alteração.

Ensaio para Sulfato

À 100mL da amostra, num erlenmeyer, adicionar 1mL de

solução de Cloreto de bário. A mistura deverá permanecer límpida.

Resíduo pela Evaporação

Evapore em banho- maria 100mL da amostra até secura e

seque o resíduo à 105ºC por 1 hora. A quantidade de resíduo deverá

ser menor que 0,001g/100mL.

Cálculos

R.S em g/100mL = P2 – P1

Onde:

P1 = massa do cadinho em gramas;

P 2 = massa do cadinho após a secagem da amostra em gramas.

Page 31: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

30

5.3 ENSAIOS EXIGIDOS NAS MONOGRAFIAS E COMPÊNDIOS OFICIAIS

(LABORLAB, 2011)

Tabela 4 Laudo de análise de água purificada Natureza da amostra: Destilação

TESTE QUALITATIVOS

PARÂMETROS REAGENTES

Acidez (H)+ Vermelho de metila

Alcalinidade (OH)- Azul de bromotimol

Amônia (NH3) Reagente de Nessler

Cálcio (Ca)-2 Oxalato de amônio

Metais pesados Sulfeto de hidrogênio – pH ácido

Cloreto (Cl)- Nitrato de prata em meio ácido

Sulfato (SO4)-2 Cloreto de bário

Dióxido de Carbono (CO2) Hidróxido de cálcio

ANÁLISES FISICOQUÍMICAS

PARÂMETROS METODOLOGIA

Condutividade ( uS/cm) Condutividade elétrica

Ph Potenciometria

Resíduo da Evaporação Gravimetria (105ºC)

ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS

PARÂMETROS METODOLOGIA

Bactérias Heterotróficas ( UFC/ml) Plate count Agar

Coliformes Totais Substrato Cromogênico

Coliformes Termotolerantes Substrato Cromogênico

Fonte : (LaborLab,analise e consultoria técnica)

5.4 VERIFICAÇÃO PERIÓDICA DA ÁGUA PURIFICADA

VALIDADE

A RDC 67/07 estipula o prazo de validade da água em 24 (vinte e quatro)

horas conforme descrito no item 7.5.2.5 que diz “a água purificada deve ser

armazenada por um período inferior de 24 horas e em condições que garantam a

Page 32: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

31

manutenção de qualidade da mesma, incluindo a sanitização dos recipientes a cada

troca de água”.

AÇÃO CORRETIVA

A RDC 67/07 no item 7.5.2.4 menciona “a farmácia deve estabelecer,

registrar e avaliar a efetividade das medidas adotadas, por meio de uma NOVA

ANÁLISE, em caso de resultado de analise insatisfatório da água purificada”.

A RDC 67/07 é clara e a não conformidade (físico-químico ou

microbiológico) será necessário fazer uma nova análise, ou seja, devem ser

realizados todos os testes novamente. Lembrando também que não basta à

farmácia encaminhar uma amostra para uma nova análise, é obrigatório realizar o

registro e avaliação das tomadas de decisão para a correção da não conformidade.

REGISTROS

Partindo-se do principio de que a água utilizada na manipulação de produtos

é considerada matéria-prima produzida pela própria farmácia por purificação da

água potável, é obrigatório o registro da limpeza e manutenção do equipamento da

água purificada segundo RDC nº67/07 no item 7.5.2.1 que menciona “deve haver

procedimentos escritos para limpeza e manutenção do sistema de purificação da

água com os devidos registros” (ANVISA, 2007).

Através destes registros é possível realizar o rastreamento, visando à

averiguação de uma não conformidade. As tabelas a seguir representam um modelo

de registro de limpeza e um modelo de registro de manutenção.

Tabela 5 Modelo de ficha para registros de limpeza

FICHA DE REGISTRO DE LIMPEZA

Marca do equipamento:

Data Produto empregado Observações Visto de responsável

Fonte (FERREIRA, 2000)

Page 33: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

32

Tabela 6 Modelo de ficha para registros de manutenção

FICHA DE REGISTRO DE MANUTENÇÃO

Marca do equipamento:

Data Manutenção realizada Observações Visto de responsável

Fonte (FERREIRA, 2000)

AVALIAÇÃO PERIÓDICA

Algumas farmácias antes de utilizar a água purificada possuem o habito de

avaliar a qualidade a qual o equipamento está produzindo a água, para isso são

feitos dois testes básicos que são pH e condutividade, que se registrados

periodicamente apresentarão um histórico da eficiência do equipamento. Abaixo

segue um modelo de registro da avaliação periódica da água purificada produzida.

Tabela 7 Modelo de ficha para registros da avaliação periódica da água purificada produzida

REGISTRO DA VERIFICACAO PERIÓDICA DA ÁGUA PURIFICADA

Data Condutividade(us/cm) pH Observações Visto do responsável

Fonte (FERREIRA, 2000).

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33

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com os estudos realizados através de uma boa revisão bibliográfica conclui-

se que dentre todos os processo de obtenção de água purificada descrito neste

trabalho o que mais se destaca por fornecer uma água de alta pureza química e

microbiológica livre de contaminantes é a partir do purificador osmose reversa,

porém não é o método mais utilizado uma vez que o seu custo é superior aos

demais. O processo de destilação consegue eliminar microorganismos não

ocorrendo a eliminação de íons dissolvidos na água potável. O processo de

deionização elimina íons e não matéria orgânica sendo assim facilmente

contaminável. A água purificada obtida pelo processo de osmose reversa se

processa através de passagem por membranas semipermeáveis removendo com

eficiência material particulado, microorganismos, materiais orgânicos e inorgânico e

material insolúvel, com isso torna-se fácil a aprovação da mesma após realização

de um rigoroso controle de qualidade de acordo com as especificações

farmacopéicas utilizadas em farmácia com manipulação.

Page 35: áGua purificada obtenção e controle de qualidade

34

REFERÊNCIAS

- BRASIL.RESOLUÇÃO-RDC nº67 de outubro de 2007: Dispõe sobre Boas Praticas

de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em

farmácias. Brasília: ANVISA, 2007.

- BRASIL. SVS/MS. Portaria nº 518 de 25 de março de 2004: Estabelece os

procedimentos e responsabilidades relativas ao controle e vigilância da qualidade da

água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências.

Brasília: SVS/MS, 2004.

- BRASIL. Farmacopéia Brasileira Volume 2 / Agência Nacional de Vigilância

Sanitária. Brasília: Fiocruz, 2010.

- FERREIRA, A.O. Guia Prático de Farmácia Magistral: Juiz de Fora: Laboratório

Ortofarma Controle de Qualidade, 2000.

- FERREIRA, A.O. Guia Prático de Farmácia Magistral Volume 1. 3ª ed. São

Paulo: Pharmabooks, 2008.

-FERREIRA, A.O. Água na farmácia. Disponível em:

http://magistralfarma.blogspot.com/. Acesso em 20 mai. 2011.

- MACEDO,J.A.B. Águas & Águas. 3ª ed. Juiz de Fora: editado pelo autor, 2007.

- SANTOS,K.A ; CRUZ,E.A. Sistema de Geração e distribuição da água

purificada na industria farmacêutica. Fármacos e Medicamentos, nº 50,

Jan/Fev,2008.p.34-42.

- TROLEZI,L.M. Análises e Consultoria Técnica: Votuporanga : Laborlab, 2011.