efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

59
I UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja marinha Cliona varians ALEXANDRE FLÁVIO SILVA DE QUEIROZ Natal / RN 2008

Upload: ledat

Post on 10-Jan-2017

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

I

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Efeito pró-inflamatório de uma lectina

purificada da esponja marinha Cliona varians

ALEXANDRE FLÁVIO SILVA DE QUEIROZ

Natal / RN

2008

Page 2: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

III

ALEXANDRE FLÁVIO SILVA DE QUEIROZ

Efeito pró-inflamatório de CVL, uma lectina

purificada da esponja marinha Cliona varians

Tese a ser apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciências da Saúde da

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte como requisito para obtenção do

título de Doutor em Ciências da Saúde.

Orientador: Prof. Dr. Maurício Pereira de Sales

Natal / RN

2008

Page 3: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja
Page 4: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

IV

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Efeito pró-inflamatório de uma lectina

purificada da esponja marinha Cliona varians

ALEXANDRE FLÁVIO SILVA DE QUEIROZ

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde

Prof. Dr. Aldo da Cunha Medeiros

Natal / RN

2008

Page 5: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

V

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Efeito pró-inflamatório de uma lectina

purificada da esponja marinha Cliona varians

Presidente da Banca: Prof. Dr. Maurício Pereira de Sales (UFRN)

Banca Examinadora: Prof. Dr. Maurício Pereira de Sales (UFRN)

Profª. Dra. Edda Lisboa Leite (UFRN)

Prof. Dr. Elizeu Antunes dos Santos (UFRN)

Profª. Dra. Patrícia Maria Guedes Paiva (UFPE)

Proª Dra. Sumika Kiyota (USP)

Natal / RN

2008

Page 6: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

VI

Dedico este trabalho a Instituição que foi

responsável por quase toda minha

formação acadêmica, que tenho como

minha casa e que sempre a defenderei

intransigentemente. A Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, meu muito

obrigado.

Page 7: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

VII

AGRADECIMENTOS

Meu agradecimento inicial vai ao Prof. Dr. Maurício Pereira de Sales, meu orientador e amigo. Agradeço pela determinação com que conduz suas pesquisas, pela amizade, pelos ensinamentos e pelo exemplo de competência e visão institucional na sua atuação como docente da UFRN;

Aos amigos do Laboratório e membros da confraria, Raniere Moura, Fabiano Teixeira, Carlos Gomes e Ivan Rui, agradeço a amizade e cumplicidade em todos os momentos em que convivemos;

Agradeço a Raniere Moura por ter iniciado os estudos com a Cliona varians o que me permitiu dar continuidade aos estudos e resultando na presente tese;

Agradeço as Professoras Carmem Veríssima e Gizele Zenker pela oportunidade que me deram em trabalhar ao lado de tão competentes e simpáticas pessoas na Universidade de Campinas;

Ao Prof. Elizeu Santos agradeço o apoio, colaboração e tão preciosas sugestões para esse trabalho;

Ao Prof. Ronaldo Amaral, pelo apoio junto à chefia do Departamento de Biofísica e Farmacologia;

Aos alunos de Biomedicina Renato Cesar, Cristina e Juliana pela ajuda nos ensaios iniciais como alunos de iniciação científica;

Aos alunos de Biomedicina, Ibson e Jannison pela ajuda com os ensaios de inflamação em camundongo;

Aos demais componentes e amigos do LQFPB: Adeliana, Kátia Anaya, Ticiane, Gioconda, Norberto, Ana Celi e Cleysyvan pela amizade e boa convivência;

Ao Departamento de Bioquímica na pessoa do seu Chefe, Prof. Luiz Abreu por permitir a realização desse trabalho utilizando toda a infra-estrutura do departamento.

Ao Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde por viabilizar a realização do meu curso de doutorado.

Page 8: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

VIII

RESUMO

A lectina denominada CvL, com especificidade para D-galactose e sacarose foi

purificada da esponja marinha Cliona varians através de fracionamento com acetona

seguido por cromatografia de afinidade em Sepharose CL 4B. No presente trabalho, foi

estudada a atividade inflamatória de CvL in vivo através dos modelos de edema de pata

e migração de leucócitos em peritonite induzida em camundongos. Foram analisados

os efeitos de carboidratos na inibição da peritonite, o efeito da lectina na ativação de

macrófagos e o efeito de antiinflamatórios no modelo de peritonite provocada pela CvL.

Os resultados mostraram que o edema de pata induzido pela CvL foi dose dependente

até 50 μg/pata. Essa mesma dose quando administrada na cavidade peritoneal, foi

capaz de induzir migração celular (9.283 células/μL) com pico em 24 horas após a

administração. Este efeito foi inibido quando a CvL foi previamente incubada com os

carboidratos D-galactose e sacarose. O pré-tratamento dos camundongos com 3% de

tioglicolato aumentou a população de macrófagos em 2,3 vezes o que provocou o

aumento da migração de neutrófilos em 75,58% (p<0,0001) após 24 horas da injeção

da CvL. No entanto, com a injeção de fMLP não foi observado nenhum efeito

significativo. O pré-tratamento dos camundongos com dexametasona (corticóide

antagonista de citocinas) reduziu a migração de neutrófilos em 65,6% (p<0,001), com

diclofenaco ( antiinflamatório não esteróide não seletivo) reduziu em 34,5% (p<0,001) e

com Celecoxibe (antiinflamatório não esteróide seletivo) não apresentou efeito. Os

resultados do presente trabalho são indicativos de que a CvL possui atividade pró-

inflamatória, induzindo a migração de neutrófilos, provavelmente através da indução da

liberação de citocinas quimiotácticas na ativação de macrófagos residentes no

peritônio.

Page 9: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

IX

SUMÁRIO

�AGRADECIMENTOS .................................................................................................................... VII RESUMO ......................................................................................................................................VIII

LISTA DE ABREVIATURAS ...........................................................................................................X LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................................... XI

1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................1

2. REVISÃO DA LITERATURA .....................................................................................................3 3. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................................17

4. RESULTADOS .........................................................................................................................23 5. DISCUSSÃO.............................................................................................................................30

6. CONCLUSÕES ........................................................................................................................34 7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .............................................................................................35

8. ABSTRACT...............................................................................................................................48

Page 10: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

X

LISTA DE ABREVIATURAS

Con A - Concanavalina A CRP - Proteína C Reativa CvL - Cliona varians Lectin DRC - Dominio de reconhecimento a carboidratos EDTA - Ácido etileno diamino tetra acético fMLP - formil-Metil-Leuil-fenilalanina IL - Interleucina kDa - Kilodalton LsL - - Litopenaeus setiferus Lectin M - Molar mM - Milimolar nM - Nanomolar p/v - Peso / volume SAP - componentes P amilóide do soro

SDS-PAGE - -

Eletroforese em Gel de poliacrilamida com dodecil sulfato de sódio

tg - Tioglicolato TNF-α - Fator de necrose tumoral UI - Unidades Internacionais

Page 11: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

XI

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Tipos de galectinas

FIGURA 2: Estrutura das esponjas

FIGURA 3: Imagem de Cliona varians

FIGURA 4: Edema de pata em camundongo induzido por CvL

FIGURA 5: Efeito da CvL na migração de células para a cavidade peritoneal de

camundongos

FIGURA 6: Efeito inibitório de carboidratos na migração neutrofílica induzida por CvL na

cavidade peritoneal de camundongos

FIGURA 7: Análise da participação de macrófagos na migração neutrofílica induzida por CvL

FIGURA 8: Efeito de drogas antiinflamatórias na migração de neutrófilos para a cavidade

peritoneal de camundongos induzida por CvL

Page 12: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

1

1. INTRODUÇÃO

A esponja Cliona varians (Demospongiae: Spirastrellidae) foi identificada inicialmente

na costa atlântica do Caribe e classificada por Duchassaing e Michelotti no ano de 1864.

Está distribuída de forma endêmica em toda costa americana tropical Atlântica (1). Sua cor

externa é marrom e a interna entre o cinza e o amarelo. Pode exibir três formas distintas, a

forma varians que se apresenta ramificada e é tipicamente encontrada em lagunas rasas,

recobrindo pequenas áreas de substrato com alguns ramos atingindo aproximadamente 40

cm na coluna d’água (2). As formas rigida e incrustans ocorrem simultaneamente,

apresentam-se irregularmente espalhadas e penetrando o substrato (2). As formas rígida e

incrustans ocorrem sempre em áreas com abundância de predadores e/ou correntes

intensas como as zonas de arrebentação e entre marés (3). Estas duas formas conferem

proteção contra os predadores e resistência às correntes e movimentos de marés (4). Na

forma incrustans a Cliona varians geralmente recobre vários metros do substrato rochoso

formando uma camada superficial que pode variar de 0,5 a 10 cm de espessura, mas

penetra apenas cerca de 1,5 a 2 cm abaixo da superfície, escavando câmaras e galerias que

são completamente preenchidas com tecido amarelo escuro (5).

Recentemente, nosso grupo de pesquisa purificou e caracterizou uma lectina da

esponja marinha Cliona varians, denominada CvL. Esta apresentou dependência pelo íon

cálcio, especificidade pelos carboidratos galactose e sacarose, efeito tóxico contra bactérias

Gram positivas, como Bacillus subtilis e Staphylococcus aureus e a capacidade de aglutinar

formas promastigotas de Leishmania chagasi (6).

Várias lectinas, especialmente as de origem vegetal demonstraram habilidade em

ativar células do sistema imune de mamíferos, especialmente aquelas com especificidade

para monossacarídeos como a D-galactose e a D-manose (7-9). Por exemplo, Lectinas de

Pisum sativum, Dioclea grandiflora, Glycine max, Vatairea macrocarpa, Artocarpus

Page 13: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

2

intergrifolia, Artocarpus incisa e Talisia esculenta foram hábeis em induzir a migração de

neutrófilos e células mononucleares in vivo e in vitro em modelos de inflamação usando

camundongos e ratos (7-14).

No presente trabalho, nós relatamos, pela primeira vez na literatura, o efeito pró-

inflamatório de uma lectina inibida por D-galactose/sacarose purificada da esponja marinha

Cliona varians (CvL). O objetivo do presente trabalho foi purificar a CvL e investigar o efeito

dessa lectina em mamíferos, usando camundongos nos modelos de inflamação. Para isso

foi necessário avaliar a ação da CvL na formação de edema de pata nos camundongos,

avaliar o efeito da CvL na migração de leucócitos in vivo através do modelo experimental de

peritonite, investigar a participação da CvL na indução de macrófagos e a possível via

mediadora da migração de neutrófilos.

Page 14: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

3

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Considerações Gerais sobre Lectinas

As lectinas foram descobertas por S. Weir Mitchell, em 1860, no veneno da

cascavel Crotalus durissus e por Hermann Stillmark, em 1888, quando observou que

extratos das sementes de Ricinus comunis, , possuíam um fator proteináceo denominado

por ele de ricina, que aglutinavam eritrócitos de diferentes animais, de forma seletiva (15).

Este fato tem sido considerado o marco inicial da pesquisa de lectinas (16). Posteriormente

verificou-se atividade hemaglutinante em extratos de plantas não tóxicas como o feijão

(Phaseolus vulgaris), as lentilhas Pisum sativum e Lens culinaris (17).

Em 1936, Sumner e Howell (18) conseguiram inibir a hemaglutinação

produzida pela Concanavalina A (Con A) da Canavalia ensiformis através da adição de

glicose. Este estudo foi de fundamental importância para o estudo das lectinas, pois

possibilitou aos autores sugerirem que a Con A interagia com carboidratos presentes na

superfície dos eritrócitos, revelando assim a principal característica das lectinas, ou seja, a

afinidade por carboidratos.

Embora muitas lectinas reconheçam e se liguem a açúcares simples, tais

como, glicose, manose, galactose, N-acetilgalactosamina, N-acetilglucosamina ou fucose,

algumas mostram afinidade muito maior para com os constituintes de glicoproteínas

encontradas apenas em animais que contém cadeias de glicanos como ácido siálico e N-

acetilgalactosamina,. (19, 20).

Até 1935 não se sabia que as lectinas poderiam apresentar especificidades

para diferentes grupos sanguíneos do sistema ABO. Foi então que se observou que a lectina

da enguia Anguilla japonica, aglutinava preferencialmente eritrócitos do grupo O. Extratos de

Vicia cracca e as lectinas de Phaseolus limensis possuíam seletividade pelo grupo A (21,

22).

Page 15: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

4

Somente em 1954, Boyd e Shapleigh (23) utilizaram pela primeira vez o termo

lectina (do latim “legere” que significa selecionar, escolher) para enfatizar a habilidade de

algumas hemaglutininas em diferenciar as células sanguíneas do sistema ABO. Em 1980,

Goldstein (24) definiu as lectinas como proteínas de origem não imune, capazes de se ligar

reversivelmente a carboidratos e de aglutinar células ou precipitar polissacarídeos e

glicoconjugados. Em 1998, Lis e Sharon (25) definiram lectinas como proteínas ou

glicoproteínas de origem não-imune, com um ou mais sítios por subunidade, que podem

ligar-se reversivelmente a segmentos glicídicos específicos através de pontes de hidrogênio

e interações de Van Der Waals. Atualmente, o termo lectina é superior ao de hemaglutininas

e é amplamente empregado para designar todas as proteínas que possuem ao menos um

domínio não-catalítico, que se liga reversivelmente e especificamente a mono ou

oligossacarídeos ou a glicoconjugados (26, 27).

Em 1995, Peumans e Van Damme (26) propuseram a seguinte classificação

para as lectinas: As Merolectinas que são proteínas de pequeno tamanho e que possuem

um único domínio de ligação a carboidratos sendo, portanto, incapazes de aglutinar células;

As Hololectinas possuem, no mínimo, dois domínios idênticos ou bastante similares que se

ligam ao mesmo carboidrato ou a açúcares de estrutura similar. As hololectinas são o grupo

mais estudado de lectinas da atualidade e são capazes de aglutinar células e precipitar

glicoconjugados; As Quimerolectinas são moléculas que possuem um ou mais domínio

ligantes a carboidratos e um outro domínio que possui outra atividade biológica, catalítica ou

não e independente do domínio ligante a carboidrato. Em 1998, Van Damme e

colaboradores sugeriram a existência de um quarto grupo, o das Superlectinas, que seriam

proteínas de natureza quimérica que consistem de, no mínimo, dois domínios ligantes a

carboidratos, que são estruturalmente diferentes e reconhecem carboidratos distintos.

Page 16: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

5

2.2 Classificação das Lectinas Animais

Segundo KILPATRICK (2002) (28), as lectinas animais são classificadas de acordo

com a homologia de suas estruturas primárias em diversos grupos e famílias. Dessa forma,

já foram mencionadas cerca de pelo menos 10 famílias de lectinas pertencentes ao reino

animal: Tipo-S, Tipo-I, Tipo-P, Tipo-L, Anexinas, Calreticulinas/Calnexinas, Discoidinas,

Eglectinas, Eel aglutininas, Tipo fibrinogênio, Pentraxinas, além das galectinas e lectinas do

Tipo-C, que compreendem as duas maiores famílias de lectinas do referido reino.

2.2.1 Tipo C

A família das lectinas do tipo C é constituída por lectinas dependentes de Ca2+ (28).

Apresenta grande diversidade quanto à estrutura, localização celular e especificidade com o

açúcar, mas um elevado nível de conservação na estrutura dos seus domínios de

reconhecimento a carboidratos (DRC) que geralmente é composto por 120 resíduos de

aminoácidos (29). Os DRCs das lectinas tipo-C encontram-se incorporados em variados

contextos de organização molecular, o que permite classificá-las em duas categorias: as

lectinas do tipo-C solúveis (ex. colectinas) e as lectinas do tipo-C transmembrana como, por

exemplo, as selectinas. Estas lectinas formam uma família de glicoproteínas dependentes de

cátions divalentes, que se ligam a carboidratos fucosilados. A sub-família das selectinas

inclui três membros: selectina endotelial (E-selectina), selectina de leucócito (L-selectina) e

selectina de plaqueta (P-selectina). Todas possuem domínios extracelulares com motivos de

reconhecimento de carboidratos e um motivo de reconhecimento tipo fator de crescimento

epidermal, possuindo ainda, um número pequeno de domínios repetidos, relacionados a

proteínas regulatórias do complemento (28). Os membros da família das selectinas estão

intimamente evolvidos no processo de adesão de leucócitos à parede do endotélio. Essa

adesão é iniciada por fracas interações, que permite o rolamento do leucócito na superfície

do endotélio. Mediando esse processo inicial estão envolvidas a P-selectina e a L-selectina e

Page 17: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

6

depois, interações mais fortes são estabelecidas pela E-selectina, o que proporciona a

diapedese dos leucócitos para o tecido linfóide e sítios inflamatórios subjacentes.

2.2.2 Galectinas

As galectinas formam uma família altamente conservada de lectinas animais que se

ligam a ß-galactosídeos (30). Sua atividade independe de íons metálicos, não apresentam

pontes dissulfeto e glicosilações. As galectinas têm sido mencionadas em várias funções

essenciais, entre elas, desenvolvimento, diferenciação, adesão célula-célula, interação

célula matriz, regulação do crescimento, apoptose e metástase tumoral. Elas podem ser

encontradas no núcleo ou acumuladas em sítios citosólicos (31). Cada membro da família de

galectinas contém no mínimo um domínio com cerca de 130 aminoácidos, que é

responsável pela ligação com o carboidrato (DRC). De acordo com sua estrutura, as

galectinas foram classificadas em proto (domínios idênticos), quimera (um domínio de

galectina e um domínio não lectínico) e tandem (dois domínios distintos) (figura 1) (32).

Figura 1 Tipos de Galectinas Adaptada do site: www.glycoforum.gr.jp/science/word/lectin/LE_E.html Acesso em 04/12/2007.

Page 18: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

7

2.2.3 Tipo I

As lectinas do tipo I formam um grupo de moléculas protéicas, proposto por POWELL

& VARKI, em 1995 (33), pertencentes à superfamília das imunoglobulinas devido à sua

similaridade estrutural com as imunoglobulinas. Dentre as lectinas do tipo I, destacam-se as

Siglecs que reconhecem especificamente o ácido siálico, derivado de monossacarídeo

encontrado em abundância na superfície das células (34).

2.2.4 Tipo P

As lectinas do tipo P caracterizam-se por possuírem DRCs com afinidade para

manose-6-fosfato. Dois tipos de receptores intracelulares reconhecem resíduos de manose-

6-fosfato em oligossacarídeos de hidrolases, direcionando-os do complexo de Golgi para os

lisossomos (35).

2.2.5 Eglectinas

As eglectinas foram purificadas e caracterizadas dos grânulos corticais em ovos do

anfíbio Xenopus laevis por Chang e colaboradores, em 2004 (36). Essas lectinas são cálcio

dependente, N-glicosiladas, apresentam domínio de fibrinogênio e especificidade para

galactose. Suas possíveis funções são a participação na formação e fertilização dos ovos,

estimulação da fagocitose e inibição da polispermia. Com base na estrutura conservada do

sítio de ligação a carboidratos, lectinas de vários animais, desde ascídia ao vertebrado

superior, foram reunidas nesta família (36, 37).

Page 19: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

8

2.2.6 Discoidinas

As Discoidinas foram isoladas do muco celular da ameba Dictyostelium discoideum e

apresentaram afinidade para oligossacarídeos com resíduos de galactose. Duas espécies de

discoidinas I e II são potentes hemaglutininas com composição aminoacídica similar e, com

subunidades de massas moleculares relativas variando entre 26-36,5 kDa e 24-27 kDa para

as discoidinas I e II, respectivamente. Além disso, essas subunidades apresentam afinidade

por carboidratos distintos. Embora sua função fisiológica ainda não seja totalmente

esclarecida, há indicações de sua participação nos processos de adesão celular e ao

substrato (38, 39).

2.2.7 Pentraxinas

As Pentraxinas são um grupo de lectinas plasmáticas que incluem a proteína C

reativa (CRP) e componentes P amilóide do soro (SAP) (40). Elas são moléculas compostas

por subunidades protéicas, arranjadas em ciclo e em uma simetria pentamérica (41) que se

ligam a múltiplos ligantes de forma cálcio dependentes (42). As pentraxinas possuem

múltiplas funções biológicas, incluindo ativação do sistema complemento e estimulação da

fagocitose pelos macrófagos (43).

2.2.8 Anexinas

As anexinas compreendem uma família de proteínas com a capacidade de se ligar ao

Ca2+ e fosfolipídios. Apresentam uma massa molecular variando entre 30 e 40 kDa (exceto

anexina VI que possui 66 kDa). A região N-terminal apresenta uma grande diversidade em

seqüência e comprimento, variando entre 11 a 196 resíduos. Contudo, a região C-terminal

apresenta elevada conservação estrutural, constituída de quatro domínios em α-hélice com

70 resíduos aminoacídicos com alto grau de conservação (exceto a anexina VI que possui

oito domínios). Os sítios de ligação para o Ca+2 e os fosfolipídios encontram-se na região C-

terminal (44).

Page 20: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

9

A primeira evidência de atividade lectínica foi observada na anexina IV, que apresenta

um motivo de ligação para sialoglicoproteínas e glicosaminoglicanos (45).

Há ainda, muitas lectinas que não se encontram agrupadas dentro das várias famílias

de lectinas já estabelecidas, por não possuírem homologia em suas seqüências, por

exemplo: interleucinas, citocinas, dentre outras. Futuros conhecimentos acerca de suas

estruturas e propriedades bioquímicas, possivelmente, permitirão o enquadramento dessas

lectinas em famílias preestabelecidas, ou formarão novas famílias de lectinas (28, 37).

2.3 Distribuição nos organismos

Abundantes na natureza, as lectinas são encontradas em quase todos os organismos,

sendo amplamente distribuídas entre vegetais, vírus, bactérias, mamíferos e vários grupos

de invertebrados (28, 46). Em 1998, PEUMANS e VAN DAMME (47) estudaram os relatos

de ocorrência de lectinas em plantas superiores e observaram que estas proteínas já haviam

sido detectadas em cerca de 500 espécies. Muitas das lectinas vegetais são encontradas

nas sementes, embora sua presença já tenha sido observada em todos os tipos de tecidos

vegetativos, como casca, folhas, caule, frutos e raízes. As lectinas de sementes de

leguminosas representam o grupo destas proteínas vegetais mais bem estudados, com mais

de 100 representantes isolados e caracterizados (48).

Em bactérias, protozoários e vírus, a ocorrência de lectinas parece desempenhar o

papel de auxiliar e/ou promover a adesão destes microorganismos às estruturas celulares

onde são encontrados (25). Em um trabalho desenvolvido em 1992, por GLICK e

colaboradores (49) na infecção causada pelo vírus da influenza, foi constatado que o

processo de adesão viral à célula alvo era mediado por uma lectina que se liga a resíduos

de ácido siálico presente na face externa da superfície celular. Na bactéria da espécie

Pseudomonas aeruginosa foi isolada uma lectina que se liga à superfície das células do

hospedeiro, causando danos aos tecidos de pacientes infectados (50).

Page 21: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

10

Nos animais vertebrados distinguem-se duas categorias de lectinas: as

citoplasmáticas, que são extraídas com soluções aquosas e salinas e as lectinas de

membrana que requerem o uso de detergentes para sua solubilização (51). Dessa forma, já

foram detectadas lectinas do cordão umbilical humano (52), em veneno de cobras (53), em

ovos de peixes teleósteos (54) e em soro do peixe Salmo salar (55). No ano de 1974,

STOCKERT e colaboradores (56) descreveram uma aglutinina do fígado de coelho, que

aglutinava eritrócitos humanos. Essa lectina ficou conhecida como a primeira lectina isolada

de mamífero. Embora as lectinas presentes nos animais apresentem uma incontestável

variedade de funções, a maioria delas pode ser considerada, em termos gerais, como

moléculas de reconhecimento, uma vez que agem no processo de defesa contra patógenos

e participam do tráfico celular (28). Além disso, as lectinas podem promover estimulação

mitogênica de linfócitos e aglutinação de células neoplásicas (57, 58).

2.4 Lectinas de invertebrados: Distribuição e Funções

Os invertebrados não possuem um sistema imune adaptativo baseado na magnitude

de anticorpos altamente específicos e receptores de antígenos como aqueles que ocorrem

nos vertebrados (59). A hemolinfa circulante em invertebrados marinhos contém substâncias

biologicamente ativas como lectinas, fatores de coagulação e peptídeos antimicrobianos

(60). Todos esses fatores contribuem para o sistema de auto defesa em invertebrados

marinhos contra a invasão de microorganismos que podem chegar a um número acima de

106 bactérias/mL e 109 vírus/mL na água do mar. A sobrevivência dos invertebrados

marinhos nesse ambiente sugere que seus sistemas imunes inatos são efetivos e robustos

(61).

Na ausência de imunoglobulinas mediadoras da imunidade adquirida as lectinas

presentes em tecidos de organismos invertebrados agem como anticorpos naturais,

fornecendo a primeira linha de defesa e podendo desencadear um importante mecanismo

Page 22: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

11

efetor na eliminação potencial de patógenos (28, 62, 63). Devido ao fato das lectinas terem a

habilidade de se ligar a carboidratos e promover a aglutinação de diferentes células, tais

como bactérias invasoras, uma das funções mais prováveis em invertebrados marinhos seria

de atuar como fator humoral, assim como as imunoglobulinas em vertebrados. É razoável

assumir que essas moléculas possuem um considerável papel nas reações de

reconhecimento do não-próprio nos invertebrados. Assim como as imunoglobulinas dos

vertebrados, as lectinas dos invertebrados podem aglutinar microrganismos e favorecer sua

fagocitose, por mediar a ligação entre a superfície do hemócito e o corpo estranho (papel de

opsonização). Contudo em contraste com as imunoglobulinas, a especificidade das

aglutininas desses organismos é restrita somente para os resíduos de açúcares(59). Essa

proposição é fundamentada em algumas observações, tais como, a ativação de fagócitos

pela ligação das lectinas em células e o aumento da expressão de lectinas nos fluidos após

a injeção de substâncias estranhas (64).

Existem três diferentes rotas para o reconhecimento de partículas estranhas, nas

quais as lectinas podem interagir: a primeira é através da interação célula do invertebrado

com o carboidrato da membrana do microorganismo; a segunda ocorre pela ligação entre a

lectina do patógeno e o açúcar presente na membrana de células de invertebrados; e a

terceira rota, através da ligação de aglutininas humorais a superfície de glicoconjugados

presentes em microorganismos, formando um complexo que se une ao receptor de opsonina

da célula de defesa dos invertebrados (65).

Nos invertebrados, já foram detectadas e estudadas lectinas nos diversos filos. Entre

os cnidários, a anêmona Bunodeopsis antilliensis apresenta duas aglutininas que se ligam a

eritrócitos humanos com características bem distintas (66). Na espécie de anelídeo marinho

Chaetopterus variopedatus, pertencente à classe poliqueta, foi isolada uma lectina

específica para galactose e com atividade anti-HIV-I (67). Lectinas com especificidade para

D-galactosídeos também foram purificadas da parede corporal do equiúro, Urechis

unicinctus e dois anelídeos, Neanthes japonica e Marphysa sanguinea (68).

Page 23: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

12

No filo molusca, lectinas isoladas do bivalve Ruditapes philippinarum, popularmente

conhecido como mexilhão, exibiu forte atividade anti-bacteriana, indicando que lectinas

desencadeiam o papel de eliminação de bactérias, participando desse mecanismo de defesa

(69). Na hemolinfa da espécie Belamya bengalensis, pertencente à classe gastropoda, foi

purificada uma lectina com forte ligação para a glicoproteína mucina. A proteína isolada

apresentou uma potente atividade mitogênica, uma vez que estimulou a proliferação dos

linfócitos T, especificamente do tipo Th1 (70). Aplysia dactylomela é uma espécie de

molusco que contém em sua glândula púrpura uma lectina com atividade hemaglutinante

para eritrócitos de coelhos, a qual é inibida pela glicoproteína fetuína (71). Nos ovos e na

hemolinfa do molusco do gênero Aplysia também foram encontradas aglutininas que foram

inibidas por D-galacturônico (72).

Uma lectina com atividades biológicas como mitogenicidade e quimiotaxia foi

encontrada no veneno das pedicelarias do ouriço-do-mar Toxopneustes pileolus, sugerindo

seu envolvimento como agente tóxico (64). Outras funções para as lectinas de invertebrados

marinhos têm sido sugeridas para lectinas do tipo C: como a cristalização do carbonato de

cálcio nas cracas da espécie Megabalanus rosa, morfogênese no tunicado Polyandrocarpa

misakiensis, e lise da membrana vitelínica do mexilhão azul Mytilus edulis. Estes exemplos

indicam a existência de várias lectinas envolvidas em diferentes funções fisiológicas de

invertebrados marinhos (73-75)

Com relação às lectinas de crustáceos, alguns estudos relatando a purificação e

caracterização dessas moléculas vêm sendo realizados. Nesse filo, lectinas já foram

detectadas nas seguintes espécies: Penaeus indicus (76), Penaeus japonicus (77) e

Penaeus paulensis (59). Na hemolinfa da espécie Litopenaeus schimitti foi detectada a

presença de uma lectina que aglutina eritrócitos de diferentes animais e possui

especificidade para açúcares acetilados, particularmente o ácido siálico (78). Aglutinina do

soro encontrada na espécie de camarão branco Fenneropenaeus indicus foi purificada e

caracterizada (79). Sua massa molecular nativa, determinada em coluna de gel filtração, foi

Page 24: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

13

de 200 kDa e, em SDS-PAGE, sob condições redutoras, foram detectadas subunidades de

27 kDa. Além disso, a lectina reconheceu grupos acetilados e sua atividade foi independente

de íons bivalentes. No ano de 2005, Alpuche e colaboradores (80) isolaram da hemolinfa do

camarão Litopenaeus setiferus uma lectina com capacidade de aglutinar eritrócitos de

coelhos, porquinhos da índia e ovelhas, no entanto, a mesma não aglutinou eritrócitos de

humanos, galinha e cavalo, dentre outros. A lectina purificada foi denominada de LsL e se

apresentou como uma proteína heterotetrâmera, com duas subunidades de 80 kDa e duas

de 52 kDa.

2.5 Lectinas em Esponjas

O filo Porifera contém aproximadamente 5.000 espécies de esponjas, que tiveram sua

origem no período cambriano inferior. As esponjas são animais aquáticos, na maioria

marinhos, e não possuem tecidos bem definidos, nem órgãos estabelecidos. Sua

organização é muito simples e apresentam um crescimento assimétrico, com grande

diversidade de cores e tamanhos. São animais filtradores, que realizam digestão intracelular,

e cuja respiração e excreção ocorrem por difusão direta entre células e a água circulante

através dos canais do corpo (81) (figura 2).

Page 25: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

14

A parede do seu corpo é formada pela epiderme, pelo mesênquima e pelo

revestimento interno de células flageladas chamadas coanócitos, que realizam a digestão do

alimento que chega ao interior do animal. No mesênquima, encontram-se os amebócitos que

distribuem o alimento pelas diversas células do corpo. Existem poros inalantes (óstios) por

onde a água entra no porífero; e um poro exalante (ósculo) por onde a água sai do porífero.

A cavidade central, forrada de coanócitos, é o átrio. No mesênquima, podem ser

encontradas espículas calcárias ou silicosas que fazem parte da sustentação do corpo do

animal (figura 2). Há, contudo, esponjas sem espículas (esponjas córneas), com esqueleto

de fibras de espongina (81). As esponjas, em sua maioria, são hermafroditas e sua

reprodução pode ser assexuada (por brotamento) ou sexuada (por meio de fecundação

cruzada e interna). No segundo caso, do ovo resulta uma larva que é eliminada pelo ósculo,

nada e se fixa às rochas, originando outras esponjas (82).

Esponjas marinhas se apresentam como um reservatório biológico de lectinas e

outras moléculas bioativas ainda pouco estudadas. Possivelmente, esse fato decorre do

Figura 2 Estrutura das Esponjas. Imagem demonstrando os principais tipos celulares das esponjas e sua forma geral. (http://fossil.uc.pt/pags/fbm-porifera.dwt). Acesso em: 04/12/ 2007.

Page 26: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

15

longo período evolucionário que esses animais sofreram, ao longo de seus 800 milhões de

anos de existência, convivendo com uma ampla diversidade de ambientes e outros seres

vivos, numa luta incessante pela conquista do ambiente. As esponjas produzem uma ampla

variedade de toxinas e outros componentes moleculares com o objetivo de repelir

predadores (83), competir por espaço com outros organismos sésseis e para a comunicação

e proteção contra infecções (84). O interesse em estudar esponjas marinhas foi intensificado

após o isolamento e caracterização de uma lectina anti-HIV chamada niphatevirin presente

na esponja Niphates erecta (85).

Historicamente, o primeiro registro de lectinas isoladas de esponja foi feita por Dood e

colaboradores em 1968 (86), embora não tenha sido caracterizada. No ano de 2000,

Miarons e Fresno (87) investigaram 21 espécies de 12 famílias de espojas tropicais. Dentre

elas, 10 apresentaram atividades hemaglutinantes com destaque para as lectinas das

esponjas do gênero Aplysina, que apresentaram atividade aglutinante para eritrócitos de

vários animais, inclusive quando esses foram submetidos a vários tratamentos enzimáticos.

Das três espécies do gênero Aplysina, duas espécies tiveram suas lectinas purificadas: A.

lawnosa e A. archeri, ambas as proteínas exibiram uma massa molecular de 63 kDa (em sua

forma nativa) e quando submetidas a condições redutoras apresentaram massa molecular

em torno de 16 kDa, sugerindo serem homotetrâmeras. Elas apresentaram dependência de

cátions bivalentes e afinidade para galactosídeos. De outra esponja, Haliclona cratera, foi

isolada uma lectina de 29 kDa, dependente de íons metálicos sem pontes dissulfeto e com

afinidade para galactose. Essa lectina apresentou atividade citotóxica sobre células tumorais

HeLa (câncer cervical) e FemX (melanoma), e atividade mitogênica em linfócitos (88).

Efeitos mitogênicos em leucócitos também foram observados para lectinas de esponjas de

várias espécies como Pellina semitubulosa (89), Cinachyrella alloclada (90) e Geodia

cydonium (91).

Esponjas da espécie Axinella polypoide possuem quatro lectinas (lectinas – I, II, III e

V) com especificidade para galactose e uma com afinidade para ácido hexurônico (lectina

Page 27: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

16

IV) (92). Posteriormente Buck e colaboradores (93), observaram que as lectinas I e II dessa

espécie apresentavam 65% de homologia em sua região N-terminal, massa molecular muito

similar, pontes dissulfeto entre os resíduos de aminoácidos 4 e 46 e ausência de

glicosilações.

Na esponja Aaptos papillata já foram isoladas três lectinas, conhecidas como Aaptos

lectina I, II e III, respectivamente. A primeira delas apresentou uma especificidade para N-

Acetil-glicosamina, enquanto as outras duas foram inibidas por N-Acetil-galactosamina, N-

Acetil-glicosamina e ácido siálico (94). Lectina também foi purificada da espécie Suberites

domuncula. A mesma possui massa molecular de 27 kDa e atividade bactericida (95). Na

espécie Aphrocallistes vastus foram encontradas duas lectinas do tipo C com afinidade para

galactose e com atividade de adesão celular (96). Em 2006, Xiong e colaboradores (97)

isolaram da esponja Craniella australiensis uma lectina com massa molecular de 54 kDa

(nativa), a qual apresentava três subunidades de 18 kDa unidas por pontes dissulfeto,

especificidade para a glicoproteína mucina e independência dos íons Ca+2 e Mg+2 para a

aglutinação de diferentes eritrócitos.

Page 28: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

17

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Material Biológico

3.1.1 Esponja Marinha

Espécimes adultos da esponja marinha Cliona varians (Figura 3) foram coletados sobre

rochas situadas na zona de arrebentação da praia de Santa Rita, localizada no município de

Extremoz, no Estado do Rio Grande do Norte, Brasil (5°4’36.42’’ latitude sul e 35º11’44.99’’

longitude oeste). O material foi lavado em água do mar e mantido sob refrigeração em gelo

até a chegada ao laboratório, onde foi armazenado a -20 ºC.

Classificação Filogenética:

� Filo Porifera

� Classe Demospongiae

� Ordem Hadromerida

� Família Clionidae

� Gênero Cliona

� Espécie Cliona varians

3.1.2 Camundongos

Os Camundongos Swiss foram gentilmente fornecidos pelo Biotério Central da

Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Ceará, Brasil. Os animais pesavam entre 25 a

35g e foram mantidos em biotério com acesso livre a alimento e água, em temperatura

ambiente e ciclo de 12/12 horas de claro e escuro.

Figura 3. Esponja de poça. (Cliona varians)

Page 29: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

18

3.2 Drogas

Os antiinflamatórios Dexametasona (9-fluoro-11β,17,21-triidroxi-16α-

metilpregna-1,4-dieno-3,20-diona), Celecoxibe (4-[5-(4-methylphenyl)-3-(trifluoromethyl)

pyrazol-1-yl]benzenesulfonamide) e diclofenaco (2-(2-(2,6-dichlorophenylamino) phenyl)

acetic acid) foram adquiridos no comércio local. A dose de cada droga utilizada foi a

recomendada pelo fabricante.

3.3 Purificação da lectina da esponja marinha Cliona varians (CvL)

Os espécimes coletados foram divididos em pequenos fragmentos com auxílio de

bisturis. Posteriormente, estes pedaços foram triturados em um liquidificador, e submetidos

ao processo de extração em tampão TRIS-HCl 50 mM pH 7,5 (1:2, p/v) em temperatura

ambiente. As partículas insolúveis foram retiradas com o uso de uma peneira comum. Após

tal procedimento, o material foi centrifugado a 10.000 g durante 30 minutos e a uma

temperatura de 4 oC. O material precipitado foi desprezado, sendo o sobrenadante recolhido

e designado extrato bruto. O extrato bruto foi fracionado em três etapas de precipitação com

acetona utilizando 0,5; 1,0; e 2,0 volumes de acetona em relação ao volume do extrato

bruto. Em cada etapa, após a adição da acetona, a solução foi deixada em repouso por no

mínimo quatro horas e refrigerada a 4 oC. Após esse período, a fração com 1 volume de

acetona foi centrifugada a 8000 g na temperatura de 4 oC. O precipitado foi recolhido,

secado a vácuo e, então, ressuspenso em tampão Tris-HCl 50 mM pH 7,5 e armazenado a -

20 oC. A fração obtida foi denominada de F1.

A concentração protéica da amostra foi determinada pelo método colorimétrico de

Bradford (1976) (98), utilizando albumina sérica bovina como padrão.

A leitura dos eluatos cromatográficos foi feita em absorbância a 280 ηm. Uma coluna

cromatográfica de Sepharose CL 4B (5,5 X 3,5 cm) foi montada e sua própria resina utilizada

como ligante para lectinas com afinidade para galactose. A resina foi tratada previamente

Page 30: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

19

com uma solução de HCl 0,1M, com o objetivo de romper o polímero e expor um maior

número de resíduos de galactose. A coluna foi equilibrada em tampão Tris-HCl 50 mM,

CaCl2 20 mM, pH 7,5. Um volume de 8 ml (0,2 mg/ml) da fração F1 foi aplicada na coluna. O

pico não retido foi eluído com tampão Tris-HCl 50 mM pH 7,5, contendo 20 mM de CaCl2. O

pico retido foi eluído com tampão Tris-HCl 50 mM, pH 7,5 contendo 20 mM de EDTA. O pico

retido foi coletado em tubos de hemólise (1,5 ml/tubo) e monitorados por espectrofotometria

a 280 ηm.

A atividade hemaglutinante durante o processo de purificação foi feita em placas de

microtitulação com poços em V (Nunc Brand products, Dinamarca) utilizando o procedimento

de diluição seriada. Foram utilizados eritrócitos humanos do tipo A tratados com papaína de

acordo com Benevides et al (1998), (99).

3.4 Avaliação da ação de CvL sobre o edema de pata em camundongos

O modelo experimental de edema de pata em camundongos, induzido pela CvL foi

utilizado para testar capacidade dessa lectina em produzir um processo inflamatório agudo.

Os animais foram separados em grupos de seis camundongos. Cada animal recebeu na

superfície plantar da pata dianteira direita 5, 10 ou 50μg de CvL dissolvida em 100μL de

solução estéril de NaCl a 0,15 M. Na pata dianteira esquerda foi injetado 100μL de solução

de NaCl estéril a 0,15 M. No grupo controle foi injetado na pata direita 100μL de carragenana

na concentração de 1% em solução de NaCl estéril a 0,15 M. Após o período de 4 horas os

animais foram mortos e as patas foram amputadas no nível da junta tarso-crural e o peso

das patas foi mensurado em balança analítica digital (11). A diferença de peso entre as

patas direita e esquerda indicava o grau de inflamação. A média do aumento do tamanho da

pata para cada grupo foi calculada.

Page 31: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

20

3.5 Avaliação do efeito de CvL in vivo na migração de leucócitos através do

modelo experimental de peritonite

Para avaliar o efeito indutor da CvL em atrair leucócitos para a cavidade peritoneal, 50

μg da lectina foi solubilizada em solução salina estéril (NaCl 0,15 M) e injetada na cavidade

peritoneal dos camundongos. Um grupo controle negativo recebeu o mesmo volume de

solução salina apenas e um grupo controle positivo recebeu 100ng de fMLP diluído em

salina estéril em substituição a solução de lectina. Cada um dos três grupos era formado por

subgrupos contendo seis animais para cada tempo de leitura. Os tempos determinados

foram: 4, 12, 24, 48, 72 e 96 horas. Depois de transcorridos os tempos referidos, os animais

foram mortos e as células presentes na cavidade peritoneal foram coletadas através da

injeção de 3 mL de solução salina contendo 5 UI/mL de heparina em cada peritônio. O

líquido injetado foi coletado e o número total de células presentes foi estabelecido por

microscopia óptica. A contagem foi realizada em câmara de Newbauer utilizando-se os

quadrantes externos para a contagem de leucócitos (100). Os resultados foram descritos

como sendo a média mais o desvio padrão do número de células por mililitro do lavado

peritoneal.

3.6 Efeito dos carboidratos D-galactose, D-frutose e sacarose na migração

leucocitária induzida por CvL

Para avaliar o efeito inibitório de carboidratos na migração leucocitária induzida pela

CvL, a lectina foi dissolvida em 100μL de solução salina estéril (NaCl a 0,15 M) contendo 0,2

M de D-galactose ou 0,2 M de D-sacarose ou 0,2 de D-frutose e depois incubada por 30

minutos em temperatura ambiente. Cada grupo contendo seis camundongos recebeu uma

injeção de uma das três soluções de lectina (50 μg) pré-incubadas com um dos açúcares na

cavidade peritoneal. Como controle, três grupos de seis animais receberam apenas uma das

Page 32: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

21

soluções de carboidratos. O resultado do efeito de cada carboidrato foi avaliado 24 horas

após a injeção através da contagem do número de leucócitos que migraram para o peritônio

e comparado com os grupos controle que receberam apenas solução salina estéril ou

apenas uma das soluções de carboidratos. O procedimento de contagem dos leucócitos

utilizado foi o mesmo do ensaio anterior.

3.7 Relação entre o aumento da população de macrófagos residentes no

peritônio de camundongos e a migração de neutrófilos induzida por CvL

Para verificar o envolvimento de macrófagos como indutores da migração de

neutrófilos foi injetado na cavidade peritoneal dos camundongos 100μL de tioglicolato na

concentração de 3% peso/volume. Quatro dias após a injeção as células presentes na

cavidade peritoneal foram coletadas e os macrófagos contados por microscopia óptica em

câmara de Newbauer. Um grupo que recebeu apenas solução salina estéril foi estabelecido

como grupo controle para efeito de comparação (101). Após 4 dias, tanto os animais do

grupo tratado com tioglicolato como nos animais que receberam apenas solução salina,

foram injetados com 50μg de CvL dissolvidos em 100μL de salina ou com 100μL de solução

salina apenas por peritônio. Além disso, dois grupos adicionais tratados previamente (4 dias)

com tioglicolato ou com salina receberem 100 μL de fMLP (um conhecido quimioatrativo

para neutrófilos) na concentração de 10-10M. Após 24 horas da administração de CvL, os

animais foram mortos e as células que migraram para a cavidade peritoneal foram contadas

em câmara de Newbauer.

Page 33: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

22

3.8 Efeito de drogas antiinflamatórias na migração de neutrófilos induzida por

CvL

Para a determinação das possíveis vias envolvidas na migração de neutrófilos

induzida por CvL foi planejado um ensaio em que foram utilizados os seguintes compostos

antiinflamatórios: um antagonista de citocinas, a dexametasona (0,5mg/kg); Um inibidor

específico de ciclooxigenase, o celecoxibe (2,8mg/kg); e um inibidor inespecífico de

ciclooxigenase, o diclofenaco (1mg/kg). Cada droga foi administrada, seguido instruções dos

fabricantes, em grupos de seis animais. Um grupo de 6 animais foi usado como controle e

neste foi administrado 100μL de solução salina estéril. A lectina CvL (50μg) foi injetada nos

peritônios dos animais tratados com salina e com os antiinflamatórios após 30 minutos. Após

4 horas, os animais foram mortos, o líquido peritoneal recolhido e os neutrófilos que

migraram para a cavidade peritoneal de cada animal foram contados.

3.9 Análises estatísticas

Todos os resultados foram expressos como sendo a média mais o desvio padrão dos

seis animais de cada grupo experimental. As avaliações estatísticas foram feitas através de

análise de variância (ANOVA) seguida pelo teste de Bonferroni para múltiplas comparações.

O valor de p considerado estatisticamente significante foi menor que 0,001.

Page 34: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

23

4. RESULTADOS

4.1 Purificação de CvL

A cromatografia de afinidade em Sepharose CL 4B apresentou um pico protéico retido

(Figura 3A) que foi reunido e dialisado contra Tris-HCl 50mM, CaCl2 20mM, pH 7,5, para a

recuperação da atividade hemaglutinante. Para averiguar o grau de purificação obtido pela

cromatografia de afinidade, o material do pico retido foi aplicado em um gel de poliacrilamida

desnaturante (SDS-PAGE) a 12% (Figura 3B). Uma única banda revelada com prata foi

observada no gel, esta proteína apresentou uma massa molecular de ~114 kDa, calculada

pela curva construída pela relação entre os RFs das proteínas marcadores e suas

respectivas massas moleculares (dados não mostrados), e quando reduzida por beta-

mercaptanol revelou uma única banda de 28 kDa (figura 3B) calculada pela curva construída

pela relação entre os RFs das proteínas marcadores e suas respectivas massas moleculares

(dados não mostrados). A lectina purificada foi denominada de CvL (Cliona varians lectin) e

os resultados comprovaram que CvL é uma lectina tetramérica com suas sub-unidades

ligadas por pontes dissulfetos. Nossos resultados de purificação publicados anteriormente

mostraram que CvL é uma glicoproteína, inibida por galactose e sacarose e que aglutina

preferencialmente eritrócitos humanos papainizados do tipo A.

Page 35: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

24

B

1 2 3

A

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

1 11 21 31 41 51 61 71 81 91

volume

O.D

. 280

nm

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

HU

x103

Figura 3 (A). Cromatografia de afinidade em Sepharose CL 4B. O matéria retido foi eluído com tampão Tris-HCl 50mM, EDTA 20mM, pH 7,5. Frações de 1,5 ml foram coletadas e lidas a 280 nm (--). Atividade hemaglutinante (●). (B) Análise por eletroforese em gel de poliacrilamida.(1) Marcadores de Peso molecular, (2) CvL e em condições desnaturantes e (3) CvL na presença de beta-mercaptoetanol.

114 kDa

28 kDa

Page 36: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

25

4.2 Indução do Edema de Pata pela CvL

Após aplicação de CvL nas patas dos camundongos nas concentrações de 5, 10 e 50

μg, foi observada uma indução de edema de dose-dependente, quando os pesos das patas

foi comparado com os daqueles que apresentaram edemas formados pela ação das doses

de 5, 10 e 50 μg. Na dose de 50 μg por pata foi observado que as patas tiveram um maior

peso do que aquele observado quando a pata dos animais foram injetadas com uma solução

de carragenana a 1%. Este maior valor mostrou então que CvL tem um grande potencial

pró-inflamatório (Figura 4) significativamente maior do que o da carragenana, um conhecido

potente agente pró-inflamatório. Esta dose foi utilizada para a realização dos demais

ensaios.

Figura 4. Edema de pata em camundongo induzido por CvL em concentrações variando de 5 a 50 μg por pata. As análises foram feitas 4 horas após a injeção. Os resultados referem-se às médias mais desvio padrão dos valores obtidos a partir de 6 camundongos. Letras iguais indicam que não existe diferença estatisticamente significante. Os testes foram estatisticamente significantes quando comparados com o controle com salina. p<0,01 (ANOVA-Bonferroni)

a

b

b b

c

Page 37: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

26

4.3 Ensaio de migração leucocitária para a cavidade peritoneal induzida por

CvL

O modelo de peritonite induzido em camundongos foi testado quando CvL na dose de

50 μg foi injetada no peritônio dos animais. Após 4 horas, a presença de CvL no peritônio

promoveu um aumento de 400% na migração de leucócitos para a cavidade peritoneal, na

fase aguda da inflamação, quando comparado com solução salina, usada como controle

negativo. A migração de leucócitos promovida por CvL foi semelhante àquela promovida por

fMLP (potente atractante de neutrófilos) a 0,05 μg por dose por animal. Após 24 horas da

injeção da CvL, na fase crônica da peritonite, foi observado a máxima migração leucocitária

que foi reduzido a 48 horas, mantendo-se estável até 72 horas e caindo novamente até 96

horas após a injeção da lectina. Mesmo assim, os níveis de migração leucocitária foram

cerca de 10 vezes maiores quando comparados com o controle negativo (solução salina)

(Figura 5).

Figura 5: Efeito da CvL na migração de células para a cavidade peritoneal. Utilizou-s 50 ug por cavidade e as células foram contadas em 4, 12, 24, 48, 72 e 96 horas após a injeção intraperitoneal de CvL (—) fMLP (0,05ug/cavidade —) e Salina (—). Os resultados referem-se às médias mais desvio padrão dos valores obtidos a partir de 6 camundongos. (p<0,01), (ANOVA-Bonferroni)

Page 38: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

27

4.4 Efeito de carboidratos na migração leucocitária induzida por CvL

O efeito a CvL após incubação com os açúcares D-galacotse, sacarose e D-Frutose

foi avaliado no modelo de peritonite em camundongos. Após 24 horas de injeção da mistura

(lectina+açúcar) foi observado que, em comparação ao grupo tratado apenas com CvL, a D-

galactose reduziu 2/3 da quantidade de leucócitos que migraram para o peritônio, enquanto

que a sacarose reduziu aproximadamente 1/3. Por outro lado, a D-frutose não apresentou

efeito significativamente diferente da CvL isoladamente. A injeção dos carboidratos

isoladamente na cavidade peritoneal também não apresentou efeito significativo no número

de leucócitos migrantes quando comparado com o grupo que recebeu apenas a solução

salina estéril (Figura 6). Esse resultado mostrou que o efeito na migração de leucócitos para

a cavidade peritoneal era causado pela presença da lectina na cavidade peritoneal dos

camundongos, visto que os açúcares ligantes inibiram a migração.

Figura 6: Efeito inibitório de carboidratos na migração neutrofílica induzida por CvL na cavidade peritoneal de camundongos. A migração dos neutrófilos foi avaliada 24 horas após a injeção de CvL (50 ug/cavidade (█) ou após a incubação com 0,1M de carboidratos específicos(D-galactose, sacarose) ou não específico (frutose) (█). As demais barras (█) representam a migração neutrofílica induzida pela injeção de solução salina ou dos carboidratos isoladamente. Os resultados referem-se às médias mais desvio padrão dos valores obtidos a partir de 6 camundongos. Letras iguais indicam que não existe diferença estatisticamente significante. (p<0,01), (ANOVA-Bonferroni).

Page 39: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

28

4.5 Envolvimento de macrófagos na migração de neutrófilos induzidos pela CvL

O envolvimento de macrófagos na indução da migração de neutrofilos produzida pela

lectina foi investigado através da alteração in vivo no número da população dos macrófagos

residentes no peritônio dos camundongos. A injeção intra-periotoneal de tioglicolato a 3% foi

feita 72 horas antes da administração de CvL. Após esse período, macrófagos foram

contados e foi observado um aumento em 2,3 vezes na população de macrófagos residentes

no peritônio. O efeito da injeção de CvL, após 24 horas, em animais previamente tratados

com tioglicolato produziu uma ampliação de 77% na migração de neutrófilos para a cavidade

peritoneal (Figura 7) quando comparado com àqueles animais que não foram sensibilizados

previamente por tioglicolato. Nenhum efeito significativo da migração de neutrófilos induzido

por fMLP foi observado no grupo previamente tratado com tioglicolato, indicando que a

atração dos neutrófilos foi um efeito único do atractante de neutrófilo.

Figura 7: Análise da participação de macrófagos na migração neutrofílica induzida por CvL (50 ug/cavidade). (A) População normal de macrófagos em animais não tratados (salina) e em animais tratados com solução de tioglicolato a 3% (Tg) após injeção de 100 uL de salina. (B) Migração de neutrófilos induzida por 100 uL de salina (sal), CvL (50 ug por cavidade) e fMLP (0,05 ug por cavidade em animais não tratados (salina) ou pré-tratados com tioglicolato a 3% (Tg). Os resultados referem-se às médias mas desvio padrão (n=6). Letras iguais indicam que as diferenças não são estatisticamente significativas. (p<0,01), (ANOVA-Bonferroni)

Page 40: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

29

4.6 Ensaio de Inibição da migração de neutrófilos induzida pela CvL através do

uso de antiinflamatórios

Uma hora antes da indução da migração de neutrófilos por CvL, os camundongos

foram tratados com Celecoxibe, um anti inflamatório não esteróide seletivo, com diclofenaco,

um antiinflamatório não esteróidal não seletivo e a dexametasona, um antiinflamatório com

efeito antagonista de citocinas. Os antiinflamatórios não esteroidais, Diclofenaco e a

dexametasona, ambos inibidores inibiram a migração induzida por CvL e o efeito de

dexametasona foi 66% mais efetivo, indicando uma inibição da liberação de citocinas.

Também foi observada uma diminuição da migração devido ao efeito do Diclofenaco, um

inibidor não seletivo de ciclooxigenases. O inibidor específico para ciclooxigenases,

Celecoxib não afetou a indução de migração de neutrófilo por Cvl. Os dados obtidos são

indicativos da participação de macrófagos na indução de migração de neutrófilo para a

cavidade peritoneal de camundongos, uma vez que citocinas liberadas por macrófagos,

especialmente IL8, são potentes quimioatractantes de neutrófilos (figura 8).

Figura 8. Efeito da dexametasona (antagonista de citocinas), diclofenaco (anti-inflamatório não esteróide não seletivo) e celecoxibe (anti-inflamatório não esteróide seletivo) na migração de neutrófilos para a cavidade peritoneal de camundongos induzida por CvL. Os animais foram tratados com salina, ou com uma das drogas refereidas antes de serem injetados com CvL (50 μg/cavidade). Os neutrófilos foram contados 24h após a injeção de CvL. Os resultados referem-se às médias mais desvio padrão dos resultados obtidos a partir de 6 camundongos. Letras iguais indicam que não há diferença estatisticamente significante. (p<0,01). (ANOVA Bonferroni).

Page 41: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

30

5. DISCUSSÃO

Diversas proteínas bioativas como as lectinas têm sido isoladas de invertebrados

marinhos incluindo os do filo Porifera. A lectina purificada da esponja marinha Cliona

varians, denominada de CvL (6), é uma glicoproteína de ~114 kDa, que hemaglutinou

preferencialmente eritrócitos humanos do tipo A papainizados. Essa lectina tem a atividade

dependente de íons cálcio e é formada por 4 sub-unidades de aproximadamente 28 kDa

cada, unidas por pontes dissulfetos. Na caracterização de CvL foi confirmado que a

galactose era o mais potente inibidor mostrando que CvL se comportou como uma lectina

galactose específica semelhante as de C. alloclada (90), P. semitubulosa (89), Axinella

polypoides (92) e Haliclona cratera (88). Quatro lectinas purificadas da Axinella polypoides

(92) e a lectina da esponja Haliclona cratera também apresentaram especificidade para D-

galactose, atividade independente de cátions divalentes e efeito citotóxico contras células

HeLa (88). A dependência por íons cálcio permitiu confirmar a inclusão dessa lectina no

grupo das lectinas do tipo C. Da mesma forma, outras lectinas de esponjas marinhas

também foram incluídas no Tipo C, como a lectina da Cinachyrella alloclada que também

apresentou especificidade para D-galactose e efeito mitogênico em linfócitos do sangue

periférico de humanos (90). A lectina da Pellina semitubulosa que mostrou forte efeito

mitogênico em linfócitos do baço de camundongos, sendo capaz de se ligar na superfície de

linfócitos B e T, de ser endocitada por macrófagos e de aumentar a liberação de interleucina

1 dos macrófagos do peritônio de camundongos (89). Além de que um considerável número

de lectinas de invertebrados marinhos, incluindo aquelas isoladas das esponjas, foram

relatadas como tendo especificidade em se ligar a D-galactose (102, 103). Esta

característica de ter a galactose como monossacarídeo específico, geralmente, aparecem

envolvidas de forma importante na modulação da resposta imune em animais marinhos

(104-106).

Page 42: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

31

Várias lectinas, especialmente as de origem vegetal demonstraram habilidade em ativar

células do sistema imune de mamíferos, especialmente aquelas com especificidade para

monossacarídeos como a D-galactose e a D-manose (7-9). No presente trabalho, nós

investigamos o efeito da CvL, lectina D-galactose específica, sobre a migração de leucócitos

in vivo, um importante evento celular que ocorre no processo inflamatório em mamíferos. De

acordo com os resultados obtidos, a CvL causou edema nas patas dos camundongos

tratados com CvL em todas as concentrações testadas de uma forma dose-dependente.

Sendo que na dose de 50 μg/pata a CvL foi significativamente superior a solução de

carragenana a 1%. Respostas semelhantes foram relatadas para lectinas de origem vegetal

como as lectinas da Artocarpus integrifólia (14), da Erythrina veluntina (107) e da Talisia

esculenta (11) que induziram edemas de patas em animais tratados com estas lectinas.

A CvL também foi avaliada quanto a sua capacidade de induzir in vivo a migração de

leucócitos e foi observado que após 4 horas (fase aguda da inflamação) da injeção

intraperitoneal de CvL (50 μg/cavidade peritonial) em camundongos ocorreu uma

significativa migração de leucócitos, quando comparado com o grupo que recebeu apenas

solução salina e foi semelhante ao grupo tratado com fMLP (formyl-Met-Leu-Phe) (0,05

μg/cavidade), um tripeptídeo sintético de ação quimiotáctica que mimetiza a ação de

peptídeos bacterianos, sendo um potente indutor da migração leucocitária. A migração

leucocitária máxima foi observada após 24 horas do contato com CvL. A migração foi

significantemente reduzida quando a CvL foi previamente incubada com D-galatose e

injetada na cavidade peritoneal, indicando que a atividade indutora da migração leucocitária

causada pela CvL foi decorrente da sua habilidade em se ligar a sítios contendo D-galactose

e que estes sítios podem mediar essa atividade pró-inflamatória. Resultados semelhantes

foram obtidos para a lectina de Artocarpus integrifolia (14), e para a lectina purificada de

Erythrina veluntina (107), em modelos de peritonite em ratos.

O tioglicolato, (ácido tioglicólico), rotineiramente utilizado como recrutador de

macrófagos (108-110) foi usado nos modelos de peritonite em camundongos como indicativo

Page 43: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

32

da participação destas células ou de compostos liberados pelos macrófagos na indução da

migração de neutrófilos para a cavidade peritoneal. O tratamento com tioglicolato elevou a

população de macrófagos em 2,3 vezes, o que acarretou o aumento da migração de

neutrófilos induzida por CvL em 77%. Estes resultados mostraram que os invertebrados

marinhos também possuem lectinas com a habilidade de modular o recrutamento de

neutrófilos por um mecanismo indireto, como ocorre em outras lectinas de origem vegetal,

especialmente aquelas purificadas das sementes de E. veluntina (107), de Glycine max (8),

da T. esculenta (11), de Vatarea macrocarpa (7), de Lonchocarpus sericeus (111), e de

Pisum arvense (112). Para corroborar este resultado, os animais tratados com tioglicolato e

posteriormente injetados com fMLP, um típico quimioatractante de neutrófilo, não tiveram

aumento significativo da migração de neutrófilos quando comparados com os grupos

controles.

Nos estágios precoces do processo inflamatório, os macrófagos, mastócitos e linfócitos

participam no controle da migração neutrofílica. Esse controle é mediado via liberação de

fatores quimiotácticos como leucotrienos (113), componentes do sistema complemento

(114), citocinas, principalmente interleucina -1 (IL-1), interleucina -8 (IL-8) e fator de necrose

tumoral (TNF-α) (115, 116). Considerando que a migração de neutrófilos induzida pela CvL

seguiu uma via indireta, ou seja, mediada por macrófagos, o que ficou evidenciado através

do ensaio com o tioglicolato, resolvemos investigar os possíveis mediadores químicos

envolvidos neste evento. Para isso utilizamos as seguintes drogas: o celecoxibe um

antiinflamatório não esteróide seletivo para a ciclooxigenase II, o diclofenaco um

antiinflamatório não esteróide e não seletivo para a ciclooxigenase II e a dexametasona um

antiinflamatório esteróide que também é antagonista de citocinas. Entre esses inibidores da

inflamação, a dexametasona reduziu de forma significativa a migração de neutrófilos para a

cavidade peritoneal após a estimulação pela CvL. Este efeito inibitório da dexametasona

poderia ser explicado através do bloqueio causado por essa droga na liberação dos fatores

quimiotácticos pelos macrófagos estimulados pela lectina (117), especialmente IL-8. (101).

Page 44: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

33

Conseqüentemente, podemos postular que esses resultados favorecem a hipótese de que a

migração de neutrófilos induzida pela CvL poderia, possivelmente, ser mediada através da

liberação de citocinas pelos macrófagos residentes na cavidade peritoneal, uma vez que

estas células representam uma importante fonte de citocinas. Os resultados relatados neste

trabalho demonstram que a lectina galactose específica obtida da esponja marinha Cliona

varians possui atividade pró-inflamatória, que induz a migração neutrofílica provavelmente

via liberação de citocinas a partir de macrófagos. Estas descobertas indicam que estas

lectinas podem ser utilizadas como ferramentas para melhor compreender os mecanismos

envolvidos nas respostas inflamatórias e nos eventos celulares da inflamação.

Este trabalho mostra que o isolamento e a caracterização de proteínas de

invertebrados marinhos tem se tornado um vasto campo de pesquisa na área das ciências

da vida. Muitas moléculas bioativas de origem marinha têm atraído mais e mais atenção dos

cientistas graças as suas extensivas aplicações fisiológicas, biológicas e farmacológicas. A

importância biotecnológica dessas moléculas de origem marinha tem crescido imensamente

graças a descoberta desses novos produtos.

Page 45: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

34

6. CONCLUSÕES

• A lectina, denominada de CvL, purificada da esponja Cliona varians apresentou

atividade pró-inflamatória, sendo capaz de induzir a formação de edema de pata

dose dependente em camundongos.

• CvL aumentou em 400% a migração leucocitária no modelo experimental de

peritonite na fase aguda (4h) quando comparado com o controle mantendo-se

estável até 72h;

• A habilidade da CvL em induzir a migração leucocitária foi inibida

significantemente com a adição de D-galactose, indicando ser a ligação dessa

proteína com carboidratos o agente pró-inflamatório;

• Tioglicolato potencializou a migração de leucócitos induzida por CvL através da

estimulação dos macrófagos.

• A dexametasona, reduziu significativamente migração leucocitária induzida por

CvL.

• CvL induz a migração de neutrófilos por via indireta, ou seja, através da

estimulação de macrófagos a liberarem fatores quimiotácticos como citocinas,

componentes do sistema complemento e leucotrienos.

Page 46: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

35

7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

1. Hechtel GJ. Zoogeography of Brazilian Demospongiae. In: HARRISON FW, COWDEN

RR, editors. Aspects of Sponge Biology. 1 ed: Academic Press. ; 1976. vol 1 p. 237-60.

2. Hill MS. Morphological and genetic examination of phenotypic variability plasticity in

the tropical sponge Anthosigmella varians. In: Hooper JNA, editor. Proceedings of the 5th

International Sponge Symposium “Origin & Outlook.” Mem. Queens. Mus. ; 1999. vol 4 p.

239–48.

3. Vicente VP. An ecological evaluation of the West Indian demosponge Anthosigmella

varians (Hadromerida: Spirastrellidae). Bulletin of Mariner Science 1978;28:771–7.

4. Hill MS, Hill AL. Morphological plasticity in the tropical sponge Anthosigmella varians:

Responses to predators and wave energy. Biological Bulletin 2002;202(1):86-95.

5. Zea S, Weil E. Taxonomy of the Caribbean excavating sponge species complex

Cliona caribbaea – C. aprica – C. langae (Porifera, Hadromerida, Clionaidae). Caribbean

Journal of Science 2003;39(3):348-70.

6. Moura RM, Queiroz AFS, Fook JMSLL, Dias ASF, Monteiro NKV, Ribeiro JKC, et al.

CvL a lectin from the marine sponge Cliona varians: Isolation, characterization and its effects

on pathogenic bacteria and Leishmania promastigotes. Comparative Biochemistry and

Physiology a-Molecular & Integrative Physiology 2006;145(4):517-23.

7. Alencar NMN, Assreuy AMS, Alencar VBM, Melo SC, Ramos MV, Cavada BS, et al.

The galactose-binding lectin from Vatairea macrocarpa seeds induces in vivo neutrophil

migration by indirect mechanism. International Journal of Biochemistry & Cell Biology

2003;35(12):1674-81.

8. Benjamin CF, Figueiredo RC, Henriques MGMO, BarjaFidalgo C. Inflammatory and

anti-inflammatory effects of soybean agglutinin. Brazilian Journal of Medical and Biological

Research 1997;30(7):873-81.

Page 47: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

36

9. Bento CAM, Cavada BS, Oliveira JTA, Moreira RA, Barjafidalgo C. Rat Paw Edema

and Leukocyte Immigration Induced by Plant-Lectins. Agents and Actions 1993;38(1-2):48-

54.

10. Brando-Lima AC, Saldanha-Gama RF, Henriques MDMO, Monteiro-Moreira ACO,

Moreira RA, Barja-Fidalgo C. Frutalin, a galactose-binding lectin, induces chemotaxis and

rearrangement of actin cytoskeleton in human neutrophils: Involvement of tyrosine kinase

and phosphoinositide 3-kinase. Toxicology and Applied Pharmacology 2005;208(2):145-54.

11. Freire MGM, Desouza IA, Silva ACM, Macedo MLR, Lima MS, Tamashiro WMSC, et

al. Inflammatory responses induced in mice by lectin from Talisia esculenta seeds. Toxicon

2003;42(3):275-80.

12. Lima JE, Sampaio ALF, Henriques MDMO, Barja-Fidalgo C. Lymphocyte activation

and cytokine production by Pisum sativum agglutinin (PSA) in vivo and in vitro.

Immunopharmacology 1999;41(2):147-55.

13. Moreira RA, Barros ACH, Stewart JC, Pusztai A. Isolation and Characterization of a

Lectin from the Seeds of Dioclea-Grandiflora (Mart.). Planta 1983;158(1):63-9.

14. Santosdeoliveira R, Diasbaruffi M, Thomaz SMO, Beltramini LM, Roquebarreira MC.

Neutrophil Migration-Inducing Lectin from Artocarpus integrifolia. Journal of Immunology

1994;153(4):1798-807.

15. Rogers DJ, Swain L, Carpenter BG, Critchley AT. Binding of N-acetyl-a-D-

galactosamine by lectins from species of green marine alga genus Codium. In Lectins:

Biology, Biochemistry, Clinical Biochemistry (Van Driessche, E.;Fisher,J.;Beeckmans, S. &

Bog Hansen, T.C. eds). . T.C. eds 1994;10162-165, .

16. Rudiger H. Plant lectins - More than just tools for glycoscientists: Occurrence,

structure, and possible functions of plant lectins. Acta Anatomica 1998;161(1-4):130-52.

17. Landsteiner K, Raubitschek H. Beobachtungen über hamolyse and hamaglutination.

Zentrabl. Bakteriol. Parasitenik. Infektionskr Hyg. 1907;45(Abt. 1):p.660-7.

Page 48: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

37

18. Sumner JB, Howell SF. Identification of Hemagglutinin of Jack Bean with

Concanavalin A. J Bacteriol 1936;32(2):227-37.

19. Nicolson GL. The interactions of lectins with animal cell surfaces. Int Rev Cytol

1974;39:89-190.

20. Peumans WJ, VanDamme EJM. Prevalence, biological activity and genetic

manipulation of lectins in foods. Trends in Food Science & Technology 1996;7(4):132-8.

21. Boyd WC, Reguera RM. Hemagglutinating substances for human cells in various

plants. J Immunol 1949;62(3):333-9.

22. Renkonen KO. Studies on Hemagglutinins Present in Seeds of Some Representatives

of the Family of Leguminoseae. Annales Medicinae Experimentalis Et Biologiae Fenniae

1948;26(1):66-72.

23. Boyd WC, Shapleigh E. Separation of Individuals of Any Blood Group into Secretors

and Non-Secretors by Use of a Plant Agglutinin (Lectin). Blood 1954;9(12):1195-8.

24. Goldstein IJ, Hughes RC, Monsigny M, Osawa T, Sharon N. What Should Be Called a

Lectin. Nature 1980;285(5760):66-.

25. Lis H, Sharon N. Lectins: Carbohydrate-Specific Proteins That Mediate Cellular

Recognition. Chem Rev 1998;98(2):637-74.

26. Peumans WJ, Van Damme EJ. Lectins as plant defense proteins. Plant Physiol

1995;109(2):347-52.

27. Vaijayan M, Chandra N. Lectins. . Current Opinion of Structural Biology 1999;9:707–

14.

28. Kilpatrick DC. Animal lectins: a historical introduction and overview. Biochimica Et

Biophysica Acta-General Subjects 2002;1572(2-3):187-97.

29. Drickamer K. 2 Distinct Classes of Carbohydrate Recognition Domains in Animal

Lectins. Journal of Biological Chemistry 1988;263(20):9557-60.

30. Rabinovich GA, Rubinstein N, Toscano MA. Role of galectins in inflammatory and

immunomodulatory processes. Biochim Biophys Acta 2002;1572(2-3):274-84.

Page 49: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

38

31. Danguy A, Camby I, Kiss R. Galectins and cancer. Biochimica Et Biophysica Acta-

General Subjects 2002;1572(2-3):285-93.

32. Liu FT, Patterson RJ, Wang JL. Intracellular functions of galectins. Biochimica Et

Biophysica Acta-General Subjects 2002;1572(2-3):263-73.

33. Powell LD, Varki A. I-type lectins. J Biol Chem 1995;270(24):14243-6.

34. Angata T, Brinkman-Van der Linden ECM. I-type lectins. Biochimica Et Biophysica

Acta-General Subjects 2002;1572(2-3):294-316.

35. Dahms NM, Hancock MK. P-type lectins. Biochimica Et Biophysica Acta-General

Subjects 2002;1572(2-3):317-40.

36. Chang BY, Peavy TR, Wardrip NJ, Hedrick JL. The Xenopus laevis cortical granule

lectin: cDNA cloning, developmental expression, and identification of the eglectin family of

lectins. Comp Biochem Physiol A Mol Integr Physiol 2004;137(1):115-29.

37. Varki A. Essentials of Glycobiology The “I-type” Lectins and the Siglecs. Lecture 23

2004 [cited 2007 20/10/2007]; Available from: http://grtc.ucsd.edu/lecture23.pdf.

38. Berger EA, Armant DR. Discoidins I and II: common and unique regions on two lectins

implicated in cell--cell cohesion in Dictyostelium discoideum. Proc Natl Acad Sci U S A

1982;79(7):2162-6.

39. Curat CA, Vogel WF. Discoidin domain receptor 1 controls growth and adhesion of

mesangial cells. Journal of the American Society of Nephrology 2002;13(11):2648-56.

40. Steel DM, Whitehead AS. The major acute phase reactants: C-reactive protein, serum

amyloid P component and serum amyloid A protein. Immunol Today 1994;15(2):81-8.

41. Emsley J, White HE, Ohara BP, Oliva G, Srinivasan N, Tickle IJ, et al. Structure of

Pentameric Human Serum Amyloid-P Component. Nature 1994;367(6461):338-45.

42. Tennent GA, Pepys MB. Glycobiology of the pentraxins. Biochem Soc Trans

1994;22(1):74-9.

43. Ni Y, Tizard I. Lectin-carbohydrate interaction in the immune system. Vet Immunol

Immunopathol 1996;55(1-3):205-23.

Page 50: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

39

44. Gerke V, Moss SE. Annexins: from structure to function. Physiol Rev 2002;82(2):331-

71.

45. Kojima K, Yamamoto K, Irimura T, Osawa T, Ogawa H, Matsumoto I. Characterization

of carbohydrate-binding protein p33/41: relation with annexin IV, molecular basis of the

doublet forms (p33 and p41), and modulation of the carbohydrate binding activity by

phospholipids. J Biol Chem 1996;271(13):7679-85.

46. Gerlach D, Schlott B, Zahringer U, Schmidt KH. N-acetyl-D-galactosamine/N-acetyl-D-

glucosamine-recognizing lectin from the snail Cepaea hortensis: purification, chemical

characterization, cloning and expression in E. coli. FEMS Immunol Med Microbiol

2005;43(2):223-32.

47. Peumans WJ, Van Damme EJM. Plant lectins: Specific tools for the identification,

isolation, and characterization of O-linked glycans. Critical Reviews in Biochemistry and

Molecular Biology 1998;33(3):209-58.

48. Sharon N, Lis H. The structural basis for carbohydrate recognition by lectins. Adv Exp

Med Biol 2001;491:1-16.

49. Glick GD, Toogood PL, Wiley DC, Skehel JJ, Knowles JR. Ligand recognition by

influenza virus. The binding of bivalent sialosides. J Biol Chem 1991;266(35):23660-9.

50. Gilboa-Garber N, Sudakevitz D. The hemagglutinating activities of Pseudomonas

aeruginosa lectins PA-IL and PA-IIL exhibit opposite temperature profiles due to different

receptor types. FEMS Immunol Med Microbiol 1999;25(4):365-9.

51. Liener IE, Sharon N, Goldstein IJ. Lectins: Properties, Functions and Aplications in

Biology and Medicine: Academic Press; 1986.

52. Kaneco M, Hyrabayashi J, Oda Y, Kasai KBD. D –Galactoside-binding lectin of human

umbilical cold: Purification, Characterization and distribuition. In: Kocourek J, Freud DLJ,

editors. Lectins: Biology, Biochemistry, clinical Biochemistry. : Sigma Chemical Company;

1990. vol 7 p. 77-82.

Page 51: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

40

53. Gartner TK, Ogilvie ML. Isolation and characterization of three Ca2+-dependent beta-

galactoside-specific lectins from snake venoms. Biochem J 1984;224(1):301-7.

54. Krajhanzl A, Kocourek J, Pancoska P, Nosek J. Studies on lectins LXIV. Fish oocyte

lectins: further physicochemical characterization of lectins from oocytes of the bream,

Abramis brama., and the pech, Perca fluviatilis L. Interation of the perch lectin I with

components of the mature egg jelly envelope. In: Bog-Hansen TC, Breborowicz J, editors.

Lectins: Biology, Biochemistry, Clinical Biochemistry. : Proceedings of the 6th Lectin Meeting;

1985. vol 4 p. 377–96.

55. Stratton L, Wu S, Richards RC, Ewart KV. Oligomerisation and carbohydrate binding

in an Atlantic salmon serum C-type lectin consistent with non-self recognition. Fish &

Shellfish Immunology 2004;17(4):315-23.

56. Stockert RJ, Morell AG, Scheinbe.Ih. Mammalian Hepatic Lectin. Science

1974;186(4161):365-6.

57. Liener IE. The nutritional significance of the plant lectin. In: ORY RI, editor.

Antinutrients and natural toxicants in foods. Westport: Food & Nutrition Press; 1981. p. 143-

57.

58. Lis H, Sharon N. The biochemistry of plant lectins (phytohemagglutinins). Annu Rev

Biochem 1973;42(0):541-74.

59. Marques MRF, Barracco MA. Lectins, as non-self-recognition factors, in crustaceans.

Aquaculture 2000;191(1-3):23-44.

60. Miyata T, Tokunaga F, Yoneya T, Yoshikawa K, Iwanaga S, Niwa M, et al.

Antimicrobial Peptides, Isolated from Horseshoe-Crab Hemocytes, Tachyplesin-Ii, and

Polyphemusin-I and Polyphemusin-Ii - Chemical Structures and Biological-Activity. Journal of

Biochemistry 1989;106(4):663-8.

61. Ammerman JW, Fuhrman JA, Hagstrom A, Azam F. Bacterioplankton Growth in

Seawater .1. Growth-Kinetics and Cellular Characteristics in Seawater Cultures. Marine

Ecology-Progress Series 1984;18(1-2):31-9.

Page 52: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

41

62. Bayne CJ, Boswell CA, Loker ES, Yui MA. Plasma Components Which Mediate

Cellular Defenses in the Gastropod Mollusk Biomphalaria glabrata. Developmental and

Comparative Immunology 1985;9(3):523-30.

63. Yang R, Yoshino TP. Immunorecognition in the Fresh-Water Bivalve, Corbicula-

Fluminea .2. Isolation and Characterization of a Plasma Opsonin with Hemagglutinating

Activity. Developmental and Comparative Immunology 1990;14(4):397-404.

64. Hatakeyama T. Lectins in marine invertebrates. Glycoforum

http://www.glycoforum.gr.jp/science/word/lectin/LEA07upE.html; 2007 [cited 2008

01/03/2008].

65. Rewrants L. Involvement of Agglutinins (Lectins) in Invertebrate Defense Reactions:

The Immunological Importance of Carbohydrate-specific Binding Molecules. . Developmental

and Comparative Immunology 1983;7(4):603-8.

66. Fenton-Navarro B, Garcia-Hernandez E, Heimer E, Aguilar MB, Rodriguez AC,

Arreguin-Espinosa R, et al. Purification and structural characterization of lectins from the

cnidarian Bunodeopsis antilliensis [corrected]. Toxicon 2003;42(5):525-32.

67. Wang JH, Jing K, Wei L, Molchanova V, Chikalovets I, Belogortseva N, et al. A beta-

galactose-specific lectin isolated from the marine worm Chaetopterus variopedatus

possesses anti-HIV-1 activity. Comparative Biochemistry and Physiology C-Toxicology &

Pharmacology 2006;142(1-2):111-7.

68. Ozeki Y, Tazawa E, Matsui T. D-galactoside-specific lectins from the body wall of an

echiuroid (Urechis unicinctus) and two annelids (Neanthes japonica and Marphysa

sanguinea). Comparative Biochemistry and Physiology B-Biochemistry & Molecular Biology

1997;118(1):1-6.

69. Bulgakov AA, Park KI, Choi KS, Lim HK, Cho M. Purification and characterisation of a

lectin isolated from the Manila clam Ruditapes philippinarum in Korea. Fish & Shellfish

Immunology 2004;16(4):487-99.

Page 53: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

42

70. Banerjee S, Chaki S, Bhowal J, Chatterjee BP. Mucin binding mitogenic lectin from

freshwater Indian gastropod Belamyia bengalensis: purification and molecular

characterization. Archives of Biochemistry and Biophysics 2004;421(1):125-34.

71. Melo VMM, Duarte ABG, Carvalho AFFU, Siebra EA, Vasconcelos IM. Purification of a

novel antibacterial and haemagglutinating protein from the purple gland of the sea hare,

Aplysia dactylomela Rang, 1828. Toxicon 2000;38(10):1415-27.

72. Kamiya H, Shimizu Y. A Natural Agglutinin Inhibitable by D-Galacturonic Acid in the

Sea Hare Aplysia Eggs - Characterization and Purification. Bulletin of the Japanese Society

of Scientific Fisheries 1981;47(2):255-9.

73. Hatakeyama T, Ohuchi K, Kuroki M, Yamasaki N. Amino-Acid-Sequence of a C-Type

Lectin Cel-Iv from the Marine Invertebrate Cucumaria echinata. Bioscience Biotechnology

and Biochemistry 1995;59(7):1314-7.

74. Muta T, Miyata T, Misumi Y, Tokunaga F, Nakamura T, Toh Y, et al. Limulus Factor-C

- an Endotoxin-Sensitive Serine Protease Zymogen with a Mosaic Structure of Complement-

Like, Epidermal Growth Factor-Like, and Lectin-Like Domains. Journal of Biological

Chemistry 1991;266(10):6554-61.

75. Takagi T, Nakamura A, Deguchi R, Kyozuka K. Isolation, Characterization, and

Primary Structure of 3 Major Proteins Obtained from Mytilus edulis Sperm. Journal of

Biochemistry 1994;116(3):598-605.

76. Maheswari R, Mullainadhan P, Arumugam M. Characterisation of a natural

haemagglutinin with affinity for acetylated aminosugars in the serum of the marine prawn,

Penaeus indicus (H. Milne Edwards). Fish & Shellfish Immunology 1997;7(1):17-28.

77. Kondo M, Itami T, Takahashi Y. Preliminary characterization of lectins in the

hemolymph of kuruma prawn. Fish Pathology 1998;33(4):429-35.

78. Cominetti MR, Marques MRF, Lorenzini DM, Lofgren SE, Daffre S, Barracco MA.

Characterization and partial purification of a lectin from the hemolymph of the white shrimp

Litopenaeus schmitti. Developmental and Comparative Immunology 2002;26(8):715-21.

Page 54: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

43

79. Maheswari R, Mullainadhan P, Arumugam M. Isolation and characterization of an

acetyl group-recognizing agglutinin from the serum of the Indian white shrimp

Fenneropenaeus indicus. Archives of Biochemistry and Biophysics 2002;402(1):65-76.

80. Alpuche J, Pereyra A, Agundis C, Rosas C, Pascual C, Slomianny MC, et al.

Purification and characterization of a lectin from the white shrimp Litopenaeus setiferus

(Crustacea decapoda) hemolymph. Biochimica Et Biophysica Acta-General Subjects

2005;1724(1-2):86-93.

81. Sethmann I, Worheide G. Structure and composition of calcareous sponge spicules: A

review and comparison to structurally related biominerals. Micron 2008;39(3):209-28.

82. Farabee MJ. Biological Diversity: Animals I.

http://www.emc.maricopa.edu/faculty/farabee/BIOBK/biobookdiversity_7.html#Sponges:%20

The%20Phylum%20Porifera. Estrella Mountain Community College; 2001 [cited 2007.

83. Pawlik JR, McFall G, Zea S. Does the odor from sponges of the genus Ircinia protect

them from fish predators? Journal of Chemical Ecology 2002;28(6):1103-15.

84. Becerro MA, Turon X, Uriz MJ. Multiple functions for secondary metabolites in

encrusting marine invertebrates. Journal of Chemical Ecology 1997;23(6):1527-47.

85. OKeefe BR, Beutler JA, Cardellina JH, Gulakowski RJ, Krepps BL, McMahon JB, et al.

Isolation and characterization of niphatevirin, a human-immunodeficiency-virus-inhibitory

glycoprotein from the marine sponge Niphates erecta. European Journal of Biochemistry

1997;245(1):47-53.

86. Dodd RY, Maclenna.Ap, Hawkins DC. Haemagglutinins from Marine Sponges. Vox

Sanguinis 1968;15(5):386-&.

87. Miarons PB, Fresno M. Lectins from tropical sponges - Purification and

characterization of lectins from genus Aplysina. Journal of Biological Chemistry

2000;275(38):29283-9.

Page 55: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

44

88. Pajic I, Kljajic Z, Dogovic N, Sladic D, Juranic Z, Gasic MJ. A novel lectin from the

sponge Haliclona cratera: isolation, characterization and biological activity. Comparative

Biochemistry and Physiology C-Toxicology & Pharmacology 2002;132(2):213-21.

89. Engel M, Bachmann M, Schroder HC, Rinkevich B, Kljajic Z, Uhlenbruck G, et al. A

Novel Galactose-Specific and Arabinose specific Lectin from the Sponge Pellina

semitubulosa - Isolation, Characterization and Immunobiological Properties. Biochimie

1992;74(6):527-37.

90. Atta AM, Barralnetto M, Peixinho S, Sousaatta MLB. Isolation and Functional-

Characterization of a Mitogenic Lectin from the Marine Sponge Cinachyrella alloclada.

Brazilian Journal of Medical and Biological Research 1989;22(3):379-85.

91. Opric MM, Poznanovic S, Kljajic Z, Sladic D, Pupic G, Perunovic B, et al. Labelling of

breast carcinoma, thyroid carcinoma and melanoma with manno- and galacto-specific lectins

from marine invertebrates. Eur J Histochem 1996;40(3):211-8.

92. Buck F, Luth C, Strupat K, Bretting H. Comparative Investigations on the Amino-Acid-

Sequences of Different Isolectins from the Sponge Axinella polypoides (Schmidt). Biochimica

Et Biophysica Acta 1992;1159(1):1-8.

93. Buck F, Schulze C, Breloer M, Strupat K, Bretting H. Amino acid sequence of the D-

galactose binding lectin II from the sponge Axinella polypoides (Schmidt) and identification of

the carbohydrate binding site in lectin II and related lectin I. Comparative Biochemistry and

Physiology B-Biochemistry & Molecular Biology 1998;121(2):153-60.

94. Bretting H, Kabat EA, Liao J, Pereira MEA. Purification and Characterization of

Agglutinins from Sponge Aaptos papillata and a Study of Their Combining Sites.

Biochemistry 1976;15(23):5029-38.

95. Schroder HC, Ushijima H, Krasko A, Gamulin V, Thakur NL, Diehl-Seifert B, et al.

Emergence and disappearance of an immune molecule, an antimicrobial lectin, in basal

Metazoa - A tachylectin-related protein in the sponge Suberites domuncula. Journal of

Biological Chemistry 2003;278(35):32810-7.

Page 56: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

45

96. Gundacker D, Leys SP, Schroder HC, Muller IM, Muller WEG. Isolation and cloning of

a C-type lectin from the hexactinellid sponge Aphrocallistes vastus: a putative aggregation

factor. Glycobiology 2001;11(1):21-9.

97. Xiong CN, Li W, Liu H, Zhang W, Dou JL, Bai XF, et al. A normal mucin-binding lectin

from the sponge Craniella australiensis. Comparative Biochemistry and Physiology C-

Toxicology & Pharmacology 2006;143(1):9-16.

98. Bradford MM. Rapid and Sensitive Method for Quantitation of Microgram Quantities of

Protein Utilizing Principle of Protein-Dye Binding. Analytical Biochemistry 1976;72(1-2):248-

54.

99. Benevides NMB, Holanda ML, Melo FR, Freitas ALP, Sampaio AH. Purification and

partial characterisation of the lectin from the marine red alga Enantiocladia duperreyi (C.

Agardh) Falkenberg. Botanica Marina 1998;41(5):521-5.

100. Desouza GEP, Ferreira SH. Blockade by Antimacrophage Serum of the Migration of

PMN Neutrophils into the Inflamed Peritoneal Cavity. Agents and Actions 1985;17(1):97-103.

101. Ribeiro RA, Flores CA, Cunha FQ, Ferreira SH. Il-8 Causes In vivo Neutrophil

Migration by a Cell-Dependent Mechanism. Immunology 1991;73(4):472-7.

102. Bretting H, Phillips SG, Klumpart HJ, Kabat EA. A Mitogenic Lactose-Binding Lectin

from the Sponge Geodia cydonium. Journal of Immunology 1981;127(4):1652-8.

103. Schroder HC, Kljajic Z, Wegner R, Reuter P, Gasic M, Uhlenbruck G, et al. The

galactose-specific lectin from the sponge Chondrilla nucula displays anti-human

immunodeficiency virus activity in vitro via stimulation of the (2’-5’) oligoadenylate

metabolism. Antiviral Chemistry & Chemotherapy 1990;1(2):99-105.

104. Kurata O, Hatai K. Activation of carp leukocytes by a galactose binding protein from

Aphanomyces piscicida. Developmental and Comparative Immunology 2002;26(5):461-9.

105. Mistry AC, Honda S, Hirose S. Structure, properties and enhanced expression of

galactose-binding C-type lectins in mucous cells of gills from freshwater Japanese eels

(Anguilla japonica). Biochemical Journal 2001;360:107-15.

Page 57: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

46

106. Yousif AN, Albright LJ, Evelyn TPT. Purification and Characterization of a Galactose-

Specific Lectin from the Eggs of Coho Salmon Oncorhynchus kisutch and Its Interaction with

Bacterial Fish Pathogens. Diseases of Aquatic Organisms 1994;20(2):127-36.

107. Moraes SMD, Cavada BS, Moreira RA, RoqueBarreira MC, SantosdeOliveira R, Pinto

VPT, et al. Purification, physicochemical characterization and biological properties of a lectin

from Erythrina velutina forma aurantiaca seeds. Brazilian Journal of Medical and Biological

Research 1996;29(8):977-85.

108. Denotter W, Degroot JW, Vanbasten CDH, Rademakers LHPM, Deweger RA, Pels E.

Brewer Thioglycollate Medium Induces Different Exudates in Guinea-Pigs and Mice.

Experimental and Molecular Pathology 1982;36(3):403-13.

109. Eichner RD, Smeaton TC. Agar Accumulates in Rat Peritoneal-Macrophages Elicited

with Thioglycollate Broth. Scandinavian Journal of Immunology 1983;18(3):259-63.

110. Spitalny GL. Dissociation of Bactericidal Activity from Other Functions of Activated

Macrophages in Exudates Induced by Thioglycolate Medium. Infection and Immunity

1981;34(1):274-84.

111. Alencar NMN, Cavalcante CF, Vasconcelos MP, Leite KB, Aragao KS, Assreuy AMS,

et al. Anti-inflammatory and antimicrobial effect of lectin from Lonchocarpus sericeus seeds

in an experimental rat model of infectious peritonitis. Journal of Pharmacy and Pharmacology

2005;57(7):919-22.

112. Alencar VBM, Assreuy AMS, Alencar NMN, Meireles AVP, Mota MRL, Aragao KS, et

al. Lectin of Pisum arvense seeds induces in-vivo and in-vitro neutrophil migration. Journal of

Pharmacy and Pharmacology 2005;57(3):375-81.

113. Rankin JA, Sylvester I, Smith S, Yoshimura T, Leonard EJ. Macrophages Cultured

Invitro Release Leukotriene-B4 and Neutrophil Attractant Activation Protein (Interleukin-8)

Sequentially in Response to Stimulation with Lipopolysaccharide and Zymosan. Journal of

Clinical Investigation 1990;86(5):1556-64.

Page 58: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

47

114. Whaley K, Ferguson A. Molecular Aspects of Complement Activation. Molecular

Aspects of Medicine 1981;4(3-4):209-73.

115. Cunha FQ, Ferreira SH. The Release of a Neutrophil Chemotactic Factor from

Peritoneal-Macrophages by Endotoxin - Inhibition by Glucocorticoids. European Journal of

Pharmacology 1986;129(1-2):65-76.

116. Staruch MJ, Wood DD. Reduction of Serum Interleukin-1-Like Activity after Treatment

with Dexamethasone. Journal of Leukocyte Biology 1985;37(2):193-207.

117. Ribeiro RA, SouzaFilho MVP, Souza MHLP, Oliveira SHP, Costa CHS, Cunha FQ, et

al. Role of resident mast cells and macrophages in the neutrophil migration induced by

LTB(4), fMLP and C5a des arg. International Archives of Allergy and Immunology

1997;112(1):27-35.

Page 59: Efeito pró-inflamatório de uma lectina purificada da esponja

48

8. ABSTRACT

A galactose and sucrose specific lectin from the marine sponge Cliona varians named CvL

was purified by acetone fractionation followed by Sepharose CL 4B affinity chromatography.

Models of leukocyte migration in vivo were used to study the inflammatory activity of CvL

through of mouse paw oedema and peritonitis. Effect of CvL on peritoneal macrophage

activation was analyzed. Effects of corticoids and NSAIDS drugs were also evaluated on

peritonitis stimulated by CvL. Results showed that mouse hind-paw oedema induced by sub

plantar injections of CvL was dependent dose until 50μg/paw. This CvL dose when

administered into mouse peritoneal cavities induced maxima cell migration (9283 cells/μL) at

24 hours after injection. This effect was preferentially inhibited by incubation of CvL with the

carbohydrates D-galactose followed by sucrose. Pre-treatment of mice with 3% thioglycolate

increases the peritoneal macrophage population 2.3 times, and enhanced the neutrophil

migration after 24h CvL injection (75.8%, p<0.001) and no significant effect was observed in

presence of fMLP. Finally, Pre-treatment of mice with dexamethason (cytokine antagonist)

decreased 65.6%, (p<0.001), with diclofenac (non-selective NSAID) decreased 34.5%,

(p<0.001) and Celecoxib (selective NSAID) had no effect on leukocyte migration after

submission at peritonitis stimulated by CvL, respectively. Summarizing, data suggest that

CvL shows pro-inflammatory activity, inducing neutrophil migration probably by pathway on

resident macrophage activation and on chemotaxis mediated by cytokines.