Água na medida certa

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       D   ’    Á   G   U

       A

       S   A   T    É   L   I   T   E

    Agência Nacional de ÁguasMinistério do Meio Ambiente

    Brasília – DF2012

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    © Agência Nacional de Águas (ANA), 2012.Setor Policial Sul, Área 5, Quadra 3, Blocos B, L, M e T.CEP 70610-200, Brasília, DFPABX: (61) 2109 5400 / (61) 2109-5252

    www.ana.gov.br

    Equipe Editorial

    Elaboração do TextoAntonio Cardoso NetoColaboraçãoEurides de Oliveira

    Coordenação GeralValdemar Santos GuimarãesEurides de OliveiraCláudio Henrique de Oliveira BrandãoAntonio Cardoso NetoBruno Pagnoccheschi

    Fotografias:Banco de Imagens ANA, Shutterstock e Stock.XCHNG

    Projeto gráfico e editoração

    Direção de Arte – Carlos André CascelliEditoração e Ilustração – Rael LamarquesRevisão – Danúzia Queirozwww.tdabrasil.com.br

    Todos os direitos reservados.É permitida a reprodução de dados e de informações contidos nessa publi-cação, desde que citada a fonte.

    Catalogação na fonte: CEDOC / BIBLIOTECA

    A265a Agência Nacional de Águas (Brasil).Água na medida certa: a hidrometria no Brasil / Agência Nacional de

    Águas ; textos elaborados por Antonio Cardoso Neto. -- Brasília: ANA, 2012.

    72 p.: il.

    1. Recursos hídricos, Brasil 2. Hidrometria 3. Bacia hidrográfica I. Agência Nacional de Águas (Brasil) II. Cardoso Neto, Antonio III. Título

    CDU 556.08 (81)

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    SUMÁRIO

     DO QUE É FEITOO NOSSO PLANETA? 

     POR QUE O NOSSO PLANETA SE CHAMA TERRA? 

     EXISTE MUITA ÁGUA NO MUNDO? 

    O QUE É OCICLO HIDROLÓGICO? 

     A ÁGUA É FARTA OU ESCASSA? 

    COMO É USADA A ÁGUA NO MUNDO? 

    O QUE É BACIA HIDROGRÁFICA? 

     PARA QUE MEDIR AVAZÃO DE UM RIO? 

    COMO MEDIR AVAZÃO DE UM RIO? 

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    DO QUE É FEITOO NOSSO PLANETA?

    O planeta em que vivemos, chamado Terra, tem aforma aproximada de uma esfera, com pouco mais de12.000 quilômetros de diâmetro, e gira em torno deuma estrela que chamamos de Sol. Para os propósitosdesta cartilha, o assunto que nos interessa é a compo-sição deste planeta, que, para simplificar, dividimos em

    Núcleo (interno e externo), Manto e Crosta.

    O Núcleo interno é representado como uma figuraquase esférica, de uns 2.500 quilômetros dediâmetro, constituída basicamente de ferro e níquel,submetida a uma pressão tão gigantesca que se

    mantém sólida, mesmo estandoa uma temperatura de quase6.000o C . Envolvendo o Núcleointerno há o Núcleo externo,constituído de uma camada visco-sa de quase 2.300 quilômetros

    de espessura, sendo compostodo mesmo material do Núcleointerno e com aproximadamentea mesma temperatura, porém,por estar sujeita a uma pressãomenor, apresenta-se como umacamada de metal derretido.

    O Manto, que envolve oNúcleo, é formado por umacamada pastosa de uns 2.800quilômetros de espessura,composta por substâncias ricasem ferro e magnésio.

    A Crosta é uma capa quereveste o Manto e é basica-mente composta de silicatos deComposição geológica do planeta.

    Manto

    2.833 km3.488 km

     6. 3 7 1  k 

     mNúcleo

    Crosta

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    a Exosfera, uma camada rarefeitaem que vagam solitárias algumasmoléculas de hidrogênio e dehélio, além da qual está o vazioentre os corpos celestes, chama-do Espaço Sideral.

    Nem todos os fenômenosatmosféricos decorrem dapresença de água, o que faz quetambém ocorram fenômenosimportantes além da troposfera,como, por exemplo, as auroras

    polares, que costumam ocorrer auma altura de aproximadamente150 quilômetros. Em termospráticos, podemos considerar quea atmosfera que separa a CrostaTerrestre do Espaço Sideral temuns 200 quilômetros de altura.

    Para que possamos conceberessas proporções, imaginemos

    uma bola de futebol feita decouro. A bola de futebol oficialtem 22 centímetros de diâmetro,e o couro de que é feita é umacapa com menos de 2 milíme-tros de espessura. A nossa bola,

    em vez de estar cheia de ar, estácheia de uma liga metálica.

    Na capa de couro da bola estãoos cumes de todas as mon-tanhas e os fundos de todosos mares; é nela que estão as

    nossas indústrias e as minasmais profundas; é nela que estãoas cidades, as plantações, os de-sertos e as florestas; é nela que

     jazem os restos dos dinossaurose o petróleo; deslizam rentes aela nossos aviões mais possan-

    tes; a atmosfera é uma películagasosa com 4 milímetros de es-pessura; as estações orbitais em

    que trabalham alguns cosmo-nautas e a maioria dos satélitesartificiais giram em torno da bola,descolados a pouco mais de 5centímetros de sua capa de cou-ro. Vivemos todos na superfície

    dessa capa.

    Há um pequeno número deartefatos em órbita, utilizadosbasicamente para telecomuni-cação (denominados satélitesgeoestacionários) que, nessa

    proporção, situam-se a uns 65centímetros da bola. A Lua, olugar mais distante a que já che-garam alguns poucos indivíduosde nossa espécie, é uma bola detênis a pouco mais de 7 metrosde distância. O Sol é uma bola

    de 25,66 metros de diâmetro,a 2.750 metros de distância danossa bola de futebol

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    EXISTE MUITAÁGUA NO MUNDO?

    Há muito mais animais e plantas no mar do que emterra firme. Abastecemo-nos com muitos deles.Os portugueses, os gregos, os holandeses, os chile-nos, os japoneses, os noruegueses e muitos outrospovos possuem dietas baseadas grandemente noque lhes fornece o mar. Porém, por ser salgada,

    essa água toda não se presta ao consumo diretodos animais terrestres (entre os quais nos inclu-ímos) nem à irrigação das plantas terrestres quealimentam esses animais.

    Estima-se que 96,54% da água que existe nomundo esteja no mar. Há também muitos lagos sal-

    gados e presume-se que mais da metade da águasubterrânea também seja salgada. No cômputogeral, portanto, podemos dizer que 97,5% da águaque existe é salgada.

    Apesar de o sal poder ser separado da água pormeio de usinas de dessalinização, recorrer a tal

    procedimento só se justifica em casos extremos,devido, principalmente, ao dispêndio descomunalde energia no processo.

    O Coveite é um país árabe doGolfo Pérsico, mais conhecidoentre nós pelo nome inglêsKuwait. A quase totalidade daenergia elétrica consumida noCoveite provém de centrais

    movidas a gás natural. Partedesta energia é utilizada pelasusinas de dessalinização paraproduzir água potável. Não éde causar surpresa o fato de oscoveitianos pagarem mais porum litro de água do que por um

    litro de gasolina.

    Entre os 2,5% do volume restan-te, há ainda muita água que não ésalgada, mas que não é propria-mente doce. É a chamada águasalobra, o que significa que é “um

    pouquinho” salgada. Essa águasalobra pode ser encontradaem alguns lagos, lagoas, deltas,

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    pântanos e até no solo. Emboraas técnicas de dessalinizaçãode águas salobras sejam maissimples que as de água salgada,continuam sendo financeiramen-te dispendiosas, principalmente

    por conta da energia requeridapelos processos. De qualquermaneira, no contexto desta car-tilha, podemos considerar comosendo doce toda água que não ésalgada. Dessa forma, podemosconsiderar que 2,5% da água

    que existe no mundo é doce.

    Acontece que mais de 2/3 daágua doce fica nas geleiras e nacobertura permanente de nevesobre as montanhas e as regiõespolares. O uso dessa água

    pela sociedade requereria umesforço colossal de transporte,com consumo energético talvez

    superior ao requerido pelosprocessos de dessalinização.

    Resta ainda quase 1/3 da águadoce existente. Contudo, maisde 96% dessa água doce

    restante está confinada nosporos ou entranhada nas fissurasdas rochas subterrâneas, emformações conhecidas comoaquíferos. De acordo comdiversos estudos confiáveis,cerca de 20% do suprimento de

    água no mundo é provenientede água subterrânea. O esforçoutilizado para a captação daágua subterrânea é inferior aoque seria necessário para obtera mesma quantidade de águapor meio de dessalinização

    ou de transporte de geleiras.Infelizmente, boa parte da águadoce encerrada em depósitos

    subterrâneos está em repousohá milhões de anos e, uma vezutilizada, não é devolvida aoslocais em que jazia. De maneirasimilar ao que ocorre com o pe-tróleo, essas águas (conhecidas

    como águas fósseis) constituemum recurso não renovável. Há,no entanto, alguns aquíferos deágua doce que a própria natu-reza se encarrega de recarregare, se forem bem administrados,podem fornecer água de boa

    qualidade durante um períodoteoricamente infinito.

    Ainda resta um pouco de águadoce (pouco mais de 0,3%).Porém, mais de 3/4 dessevolume restante são placas

    de gelo flutuantes, estão empântanos ou em forma de umi-dade do solo em grande parte

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    permanentemente congelado.O acesso a essa água tambémexigiria um esforço considerávelpor parte da sociedade.

    A outra quarta parte que restou

    está nos rios e nos lagos, naatmosfera — em forma de vapore de nuvens — e na composi-ção do corpo dos vegetais e dosanimais da Terra.

    Para percebermos essas pro-

    porções, podemos proceder daseguinte forma:1.  Enchemos de água 2 gar-

    rafas de 1 litro cada.2.  Abrimos uma das garrafas

    e, com um conta-gotas1,

    transferimos 694 gotaspara um copo.

    3.  A seguir, pingamos 304gotas que estavam nagarrafa em uma caneca.

    4.  Pingamos 9 gotas em

    uma xícara.5.  Pingamos 3 gotas em umpires. Se o conta-gotas aindativer água dentro, recoloca-mos esse excesso de águana garrafa e a fechamos.

    Coloquemos esses recipienteslado a lado e imaginemos quetoda a água que existe no mun-do possa ser representada por2 litros. Poderemos notar queuma garrafa nem foi tocada,

    >> 1  O volume de uma gota de água destilada a 250 C  produzida por um conta-gotas padrão é de 1 /20 de mililitro ( em outraspalavras, um litro tem cerca de 20.000 gotas).

    e que a outra continua quasecheia. A água das garrafasrepresenta a água salgada.

    A água que está no copo equi-vale, em nossa escala, à água

    doce das geleiras dos polos edas neves eternas das monta-nhas. A água da caneca faz opapel da água doce subterrâ-nea. A que está na xícara é aágua dos pântanos e dos solos.

    Restam três gotas no pires.Além da água doce dos rios edos lagos, essas gotas tambémrepresentam a água que está naatmosfera e a que compõe oscorpos de todos os seres vivos.

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    a manutenção da vida. Vistopor este prisma, a água é umrecurso bem farto.

    Chegamos a duas conclusõesaté certo ponto contraditórias

    e não respondemos satisfa-toriamente à pergunta se aágua é um recurso escasso ouabundante. Antes de afirmar-mos qualquer coisa de maneiracategórica, temos de consideraroutros fatores que serão esclare-

    cidos ao respondermos a outrasperguntas mais adiante

    Após compararmos a ocor-rência da água doce disponívelcom toda a água existente,que, por sua vez, já havia sidocomparada com a composiçãogeológica do planeta, chegamos

    à conclusão de que a água quepode ser usada pela socieda-de é, na verdade, um recursoextremamente escasso.

    Olhemos para as três goti-nhas solitárias no pires. Se

    pudéssemos dividi-las em 140partes iguais, 122 dessas partes

    representariam a água docedos rios e dos lagos, 17 partescomporiam a água que circulana atmosfera e 1 parte repre-sentaria a água presente noscorpos de todos os seres vivos.

    Ao focarmos nossa atençãoapenas nessas três gotas,concluímos que a água docedos rios e dos lagos é cerca de122 vezes maior que a águacontida em todos os animais e

    vegetais da Terra. Há, portan-to, água em abundância para

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    O QUE É OCICLO HIDROLÓGICO?

    Ao falarmos agora há pouco da quantidade deágua que há no mundo, e mesmo quando falamossobre a água representada pelas gotas no pires,não fizemos qualquer referência, por exemplo, aofato de que a água na Atmosfera se transformaem nuvens e, posteriormente, em chuva; omitimos

    mencionar que as águas dos rios correm e queas dos lagos também não ficam paradas e que

    os organismos se reproduzeme morrem para dar lugar aosmais jovens. Em resumo, nãonos referimos ainda ao fato deque toda a água do mundoestá em constante movimento.

    Os valores de que falamos sãovalores médios.

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    O movimento da água na Ter-ra é uma sucessão de deslo-camentos e mudanças que sedenomina Ciclo Hidrológico.

    Uma minúscula parte da

    energia emanada pelo Solchega à Terra em forma de luze calor. Ao aquecer a super-fície na qual há água, ocorrea evaporação da superfície. Jásabemos que a maior parteda superfície em que há água

    é a dos oceanos e dos mares.A superfíc ie líquida transfor-ma-se em vapor d’água queinicia seu movimento de ascen-são na atmosfera, deixando o salpara trás. Ao subir na Troposfera,essa água destilada, em forma

    de vapor, vai se tornando cadavez mais fria. Os movimen-tos complexos das gotículas

    acabam por fazê-las se cho-carem entre si e se uniremem gotas maiores, fenômenoconhecido como coalescência ,formando as nuvens.

    Fenômenos al tamentecomplexos – em que influemo calor do sol, a rotação daTerra, a conformação doscontinentes e a temperaturados oceanos ent re inúmerosoutros – fazem que a atmos-

    fera se movimente.

    Os ventos carregam asnuvens para lugares distantesde onde se originaram asgotículas de vapor. As gotassão mantidas suspensas,

    devido a movimentos turbu-lentos no interior das nuvens.Esses movimentos caóticos e

    bruscos permitem que as go-tas não caiam, mas tambémfazem que a coalescênciaocorra com maior frequên-cia, acarretando aumento dotamanho das gotas. Ao atingi-

    rem determinado tamanho,as gotas, até então susten-tadas pelas correntes de ar,tornam-se suficientementepesadas para que a atraçãogravitacional as faça se preci-pitarem de volta à superfície.

    Dependendo das condiçõesatmosféricas elas podemchegar à superfície em formade pequenas esferas degelo (granizo), flocos gela-dos (neve) ou simplesmentecomo gotas de água (chuva).

    Embora o granizo, a neve e achuva sejam diferentes mani-festações do que se conhece

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    por precipitação, chamare-mos, nessa cartilha, de chuva,qualquer precipitação. Comoé de se esperar, a maior parteda chuva cai no oceano.

    Em terra firme, as chuvas po-dem cair nas regiões urbanasou nas zonas rurais. As quecaem nos telhados das casasse concentram nas calhas. Daíescorrem para pavimentos evias públicas, onde são coleta-

    das pelas galerias pluviais queas escoam para os rios.

    As chuvas que caem noscampos encharcam as folhasdas árvores e escorrem peloscaules, atravessam os vãos entre

    as folhas e chegam ao chão,preenchem as tocas dos animaise os troncos ocos. As primeiras

    gotas a tocar o solo começama se infiltrar nos poros da terra.A água que se infiltrou no solocomeça a se movimentarlentamente, cada vez mais emdireção ao fundo. Os vegetais

    aproveitam para absorver essaágua por meio de suas raízes.A água que chegou a um pontomais abaixo das raízes podecontinuar seu movimento des-cendente até chegar a um lugaronde não há mais poros vazios.

    Essa região onde todos osporos estão saturados de águaé chamada de lençol freático,sendo a água subterrânea demais fácil acesso. É aquela águaque fica no fundo daquelespoços tão comuns na zona rural.

    Mas a água pode continuardescendo até encontrar umarocha, penetrar por suas fendas

    e ir parar em locais de acessodifícil e dispendioso embaixo dasrochas impermeáveis. Esses sãoos chamados lençóis cativos ouaquíferos confinados. Muitasvezes, devido à conformação

    topográfica ou a rachaduras nasrochas, os lençóis freáticos eaté mesmo os cativos afloramna superfície e formam oschamados olhos d’água, minasou fontes. Alguns riachos sãoformados por essas minas.

    Parte da água subterrânea podeaflorar no mar.

    Se a intensidade da chuvafor superior à capacidadedo solo de absorver a água,as depressões na superfí-

    cie do solo começam a sealagar. Se a chuva continuar,esses alagados começam

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    a transbordar e surgempequenos filetes d’água nosterrenos. Os filetes vão se

     juntando e formando en-xurradas que vão descendoas colinas, se dirigindo aos

    fundos dos vales e cor rendopara os rios. Esse excessode água é levado pelos rios,que desembocam em ou-tros, e assim por diante, atéchegar ao mar. Durante esse

    trajeto, a água da superfíciedos rios e dos lagos nãopara de se evaporar.

    A água absorvida pelas plantasparticipa do processo metabóli-

    co de seu crescimento corporal.Um dos processos é a trans-piração, que devolve parte daágua absorvida para a atmosfe-ra em forma de vapor.

    O Ciclo Hidrológico é um

    processo em que intervêmincontáveis fatores. Há pesso-as que dedicam a vida inteiraao aprofundamento de seusdetalhes, e existem institui-ções de pesquisa que tratamexclusivamente dessa sequên-

    cia intrincada de fenômenos.Mas, de maneira geral, você jásabe do que se trata

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    A ÁGUA É FARTAOU ESCASSA?

    Uma das conclusões a que havíamos chegadofoi que, até certo ponto, há abundância de águadisponível no mundo.

    Porém, a abundância de água doce diz respeitoapenas a valores médios. A distribuição de água doce

    no mundo está longe de ser homogênea. Por umlado, nas selvas tropicais da Amazônia, do Congo

    e de Bornéu, por exemplo, hágrande quantidade de águae uma variedade enorme defauna e de flora. Por outro lado,nas vastidões dos desertos deAtacama, de Gobi e do Saara, a

    água é quase inexistente, e osvegetais e animais resumem-se a

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    pouquíssimas espécies com um

    número também muito reduzidode indivíduos. Em suma, a vidaem terra firme se concentra ondehá abundância de água e escas-seia nas regiões em que a água érara. De qualquer forma, com suadistribuição não uniforme, a água

    doce que existe é suficiente paraa manutenção da fauna e da floraexistentes na natureza.

    Assim foi durante milhões deanos. Porém, a difusão dahumanidade em praticamente

    todos os quadrantes da Terra, osurgimento das comunidadeshumanas nos mais diversos luga-res do mundo, a diversidade detarefas dos grupos da sociedade,a especialização dos inúme-ros serviços dos indivíduos, o

    desenvolvimento tecnológico e arede cada vez mais emaranhadade atividades humanas passaram

    a exigir, cada vez mais, grande

    variedade de usos da água.

    Há lugares, como a Amazônia,onde há uma imensidão de águadoce e poucos habitantes e luga-res no Sertão do Nordeste em queos poucos rios chegam a secar

    por completo de tempos em tem-pos, e concentram uma populaçãoconsideravelmente grande.

    O fato de determinada águanão ser salgada não é con-dição suficiente para que ela

    possa ser consumida. Naregião Sudeste do Brasil, háproblemas seriíssimos comrelação à má qualidade daágua. Existem muitas enfer-midades cujo principal veículode propagação é a água. São

    as chamadas doenças deveiculação hídrica. Água docenão significa água limpa.

    Também tínhamos visto que a

    água se movimenta o tempotodo. Tal propriedade da águafaz que, mesmo em lugaresem que há normalmente águaem abundância, surjam àsvezes épocas prolongadas deestiagem, com consequências

    às vezes devastadoras. Outrasépocas há em que o excessode água pode causar gravescalamidades, como é o casode inundações das várzeasdos rios e deslizamentos deencostas de morros.

    Assim sendo, do ponto de vistada civilização, concluímos quea água, devido à sua mobili-dade e à sua distribuição nãouniforme, deve ser conside-rada como sendo um recurso

    limitado, cujos usos devem serplanejados da maneira maiseficiente possível

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    COMO É USADA AÁGUA NO MUNDO?

    De acordo com dados da Organização das NaçõesUnidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) eda Organização das Nações Unidas para a Educa-ção, a Ciência e a Cultura (Unesco), há evidênciasde que atualmente cerca de 54% da água doceacessível contida em rios, lagos e aquíferos já

    esteja sendo utilizada pela sociedade. Em termosglobais, 69% dessa água destina-se à irrigaçãodas lavouras, 23% é usada pela indústria e 8%destina-se aos diversos usos domésticos.

    Assim como a distribuição da água doce nomundo não é uniforme, também não é o seu

    uso. Por exemplo, 88% da água captada pelosafricanos destina-se à agricultura, enquanto oseuropeus utilizam para a irrigação apenas 33%da água que captam; 13% da água captadapelos europeus é gasta em usos domésticos, aopasso que os africanos usam 7% do que captampara suas necessidades básicas; enquanto

    a indústria europeia consome 54% da águacaptada, o parque industrial africano empregasomente 5% da água obtida.

    Ainda segundo as informaçõesoficiais das Nações Unidas, umbilhão de pessoas não têmacesso a água potável de qua-lidade confiável, e dois bilhõese meio vivem em condições

    sanitárias inadequadas.

    Os dados fornecidos pelasagências internacionais quetratam dos recursos hídricos nãosão nada animadores: 70% dosdejetos industriais nos países em

    desenvolvimento são despejadosdiretamente nos corpos d’água,sem qualquer tipo de tratamen-to. Estima-se que 2 milhões detoneladas de dejetos humanossão despejados diariamente nosrios, na forma de esgoto bruto;

    cerca de 1/5 da humanidadevive em locais nos quais o uso aágua excede os níveis mínimos

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    Utilização da água relacionada com usos e funções

    Utilização Usos consuntivos Usos não consuntivos

    Doméstica Bebida, alimentação, higiene, limpeza, saúde,climatização, decoração/paisagismo

    Pública(municipal/urbana)

    Limpeza, irrigação de jardins, fontes decorativas ecombate a incêndio/segurança

    Lazer

    Agricultura/pecuáriaAgricultura irrigada, dessedentação de animais(bebida), geração de alimentação para pecuáriae higiene

    Piscicultura, aquicultura

    Industrial/agroindustrial

    Produção com uso de água no processo defabricação, reprocessamento, refrigeração, higiene,limpeza e preparo de alimentos

    Conservação, transporte hidráulico

    EnergéticaHidroeletricidade, refrigeração eprodução matriz

    Navegação Transporte e suporte aos meios de transporte

    Recreação/lazer Paisagismo, efeito estético e turismo Desporte e lazer

    Águas minerais/termais/terapêuticas

    Bebida e alimentação Lazer, turismo, saúde e terapêutica

    Diluição/destinofinal (rejeição)

    Diluição, transportes de resíduos e recuperação doscorpos d’água

    (1)

    Controle/ecológica

    Controle de cheias, microdrenagem urbana,drenagem agrícola, macrodrenagem, controlede erosão/assoreamento e conservação da

    flora e da fauna (proteção de ecossistemas)Fonte: adaptado de Frade e Alves (1991).(1) Do ponto de vista de quantidade e qualidade da água e de sua utilização, há situações em que ela pode ser considerada como uso não consuntivo.

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    de recarga, o que tem levado

    à diminuição gradual da água

    disponível. A continuar inalterada

    a tendência atual, 1 bilhão e

    800 milhões de pessoas estarão

    vivendo com escassez absoluta

    de água, e 2/3 da populaçãomundial pode passar a viver sob

    condições de escassez modera-

    da, por volta de 2025.

    AGRICULTURAE SAÚDEAs práticas ineficientes de irriga-

    ção e drenagem em diversas re-

    giões têm levado à salinização e à

    erosão de aproximadamente 10%

    das terras irrigadas do mundo.

    Estima-se que o consumode água pela agricultura na

    Península Arábica, no Norte

    da África, nos Estados Unidos,na Índia e na China supera em

    160 trilhões de litros por ano a

    capacidade de recarga natural

    dos corpos d’água de que se

    utilizam. Essa quantidade equi-

    vale à vazão de quase três riosdo porte do São Francisco.

    A agricultura é a maior respon-sável pela diminuição da águaarmazenada nos aquíferos.Ademais, a produção de ali-

    mentos é imprescindível para ahumanidade. Há pesquisas queindicam que 60% das cidades

    europeias com mais de 100.000habitantes estão retirando águados reservatórios subterrâneosa taxas de extração superiores àcapacidade de recarga.

    Um estudo da FAO demonstrouque, durante o século passado,enquanto a população mundialtriplicou, o consumo de águaaumentou mais de seis vezes.O consumo global de águatem dobrado a cada 20 anos,ao mesmo tempo em que aextração a taxas superiores às dareposição, somada ao aumento

    Consumo de água no mundo

    Mundo Am. NC Am. Sul África Ásia Europa

    Doméstico 8 8 14 6 6 18

    Industrial 22 41 24 4 8 34

    Agrícola 70 51 58 90 86 52

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    paulatino da poluição, vemreduzindo a cada dia que passa acapacidade natural de suprir essacrescente demanda por água.

    Presume-se que em 1989 cada

    pessoa dispunha de 9.000.000de litros de água doce paragastar durante o decorrer do ano.Esse valor caiu para 7.800.000litros no ano 2000, e as previ-sões indicam que deverá baixarpara 5.100.000 litros em 2025.

    Se o consumo de água continuara crescer nas taxas atuais, esti-ma-se que, por volta de 2025, ahumanidade estará usando 90%das fontes renováveis de águadoce disponíveis na Terra.

    A taxa incessante de aumentopopulacional tem feito que ademanda por água doce cresçaem 64 trilhões de litro por ano

    a cada ano. Esse valor é aproxi-madamente igual à vazão médiada foz do rio São Francisco. Paraclassificar a “saúde hídrica” dasnações, adota-se o critério deque um país está sob estresse

    hídrico se a reserva anual deágua for inferior a 1.700 me-tros cúbicos per capita. Se esseparâmetro for inferior a 1.000metros cúbicos, diz-se que o

    país enfrenta escassez severa.Estima-se que 54 países estarãoenfrentando escassez severa, porvolta de 2050. De acordo comas projeções demográficas, apopulação desses países será de

    4 bilhões de pessoas, ou 40%da população global projetadapara essa época. As regiões maispreocupantes são o continenteafricano e o Oriente Médio.

    Catastroficamente baixa

    Muito baixaBaixa

    Média

    Alta

    Muito alta Fontes: Agência Nacional de Águas - ANA, Embrapa e Pnuma.

    Disponibilidade per capita  de água doce por país

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    Relatórios da ONU sugeremque cada pessoa necessitadiariamente de 20 a 50 litrosde água doce de qualidadeaceitável para garantir suasnecessidades básicas de

    dessedentação, alimentação ehigiene. Em um grupo de seispessoas, pelo menos uma delasnão tem acesso a essa quanti-dade mínima de água doce dequalidade aceitável.

    Em termos globais, a diarreiaé a principal causa de enfer-midades e de morte. Aproxi-madamente 88% das mortespor diarreia são causadas porfalta de saneamento básico, poringestão de água infectada e por

    escassez de água para asseiopessoal. Dois bilhões e meio depessoas, incluindo um bilhão de

    crianças, vivem desprovidas dasmais elementares condiçõessanitárias. Calcula-se que acada 20 segundos morre umacriança vitimada pela falta desaneamento. Ainda de acordo

    com a ONU, de cada 25 dólaresgastos pelos governos africanosao sul do Sahara, 3 dólares sãoconsumidos para o tratamentode diarreia. Mais da metade dosleitos hospitalares da África Sub--sahariana estão continuamente

    ocupados por pacientes em tra-tamento de doenças causadaspor má qualidade da água.

    A Organização Mundial deSaúde (OMS) recomenda quecada pessoa deve beber de

    2 a 4 litros de água diaria-mente. Segundo cálculos daFAO, a alimentação diária de

    uma pessoa exige de 2.000 a5.000 litros para ser produzida.

    A título ilustrativo, podemos citarque a produção de 1 quilogramade arroz (que sabemos ser um

    dos cereais mais consumidos nomundo) consome de 1.000 a3.000 litros de água, desde suagerminação até a colheita; a deum quilograma de carne bovina,de 13.000 a 15.000 litros.

    Na maioria dos cultivos, a irriga-ção artificial duplica (chegandoaté a quintuplicar) a produti-vidade agrícola. Atualmente,a agricultura artificialmenteirrigada é responsável por 40%da produção.

    Devido ao aumento populacionalcontínuo, as estimativas da FAO

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    Água na produção de bens industriais

    Produto Unidade Litros de água

    Automóvel Veículo 38.000

    Cimento portland Tonelada 550 a 2.500

    Revestimento cerâmico Tonelada 1.800 a 2.000

    Carvão de pedra (hulha) Tonelada 1.000 a 3.000

    Explosivos Tonelada 80.000 a 83.500

    Vidro Tonelada 88.000

    Lavadora T (produto lavado) 30.000 a 50.000

    CouroTonelada

    m2 de courom2 (pela peq. animais)

    50.000 a 125.00020 a 440

    110

    Borracha sintética- butadiene

      bunas- grade GR-S

    ToneladaToneladaTonelada

    83.500 a 2.750.000125.000 a 2.630.000117.000 a 2.800.000

    Polvilho/amido Tonelada 10.000 a 18.000

    Fonte: WE (1990).

    A água na produção de alimentos

    São necessários Água necessária para produzir 1kg de alimento

    2.000 litros de água para cultivar 1 quilograma de sojaProduto 1 kg Água necessária (litros)

    Batata 500Trigo 900

    500 litros de água para cultivar 1 quilograma de batatasAlfafa 900Sorgo 900

    100.000 litros de água para criar 1 boi(manutenção, pastagens e rações)

    Milho 1.100Arroz 1.900Soja 2.000

    Fonte: Bioscience pesquisadores da Universidade de Cornell / David Pimentel (1997).

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    são de que até 2050 a águado mundo deverá ser capaz desustentar sistemas agrícolas quepossam alimentar e criar con-dições de vida para 2 bilhões e700 milhões de pessoas a maisdo que as que existem nos dias

    de hoje. Não nos esqueçamosde que atualmente já há muitagente passando fome.

    A área artificialmente irrigadaem todo o mundo é de 277milhões de hectares2, que cor-

    responde a 1/5 de toda a áreacultivável do planeta. Os restan-tes 80% da terra arável utilizamágua diretamente da chuva.

    O IPCC3 prevê que, emdecorrência das mudanças

    climáticas globais, a área agrí-cola que depende diretamenteda chuva deverá sofrer umaredução de 50% até 2020.O Painel também conjecturaque, devido às mudançasclimáticas, a neve e o gelo

    da Cordilheira do Himalaia –cuja regularidade sazonal dodegelo garante uma enormequantidade de água para aagricultura asiática – deverãoter sofrido uma redução de20% por volta de 2030.

    O aumento do uso de fertili- zantes na produção de alimen-tos e seu despejo nos corposd’água durante as três últimasdécadas dão a entender quehaverá um aumento em nível

    global entre 10% e 20% nadescarga de nitrogênio para osrios e daí para os ecossistemascosteiros. Hoje em dia, o setorde alimentação dos paísesricos é responsável por 40%da produção de poluentes

    orgânicos de suas águas; ospaíses pobres, por 54%.

    ENERGIAA geração de energia elétricapor meio de usinas hidroe-létricas é a fonte de energia

    renovável mais amplamenteusada no mundo, represen-tando 19% da produção mun-dial de eletricidade. Os dadosde diversas organizações daONU dão conta de que amaioria das áreas inundadas

    >> 2  Um hectare corresponde a 10.000 metros quadrados. Em outras palavras, é um quadrado de 100 metros de lado.

     3  Sigla inglesa do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (International Panel on Climatic Change).

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    >> 4  Programa Mundial de Avaliação de Recursos Hídricos (WWAP/Unesco).

    pelos reservatórios criadospara a geração de energiaelétrica e/ou irrigação sãoterras produtivas. A propósi-to, estima-se que a irrigaçãoproveniente de reservatórios

    artificiais é responsável pelaprodução de 16% da comi-da do mundo. Além disso, aprodução de energia elétricapor meios hidráulicos (o quese chama hidroeletricidade )desempenha um enorme

    papel na redução de ga-ses de efeito estufa quandocomparada com as usinastermoelétricas a carvão ouóleo diesel. Segundo cálculosde agências internacionais dasNações Unidas, se metade do

    potencial hidroelétrico ainda

    intocado fosse utilizado emsubstituição às usinas termoe-létricas, as emissões de gasesde efeito estufa poderiam serreduzidas em cerca de 13%da atual taxa de emissão.

    Porém, não se pode perderde vista que a construção derepresas modifica as condi-ções biológicas preexisten-tes, levando a alterações dafauna e flora aquáticas, comconsequências muitas vezes

    dramáticas para a economia,a ecologia, a sociedade e acultura locais.

    SEGURANÇAAssim como há tragédiascausadas pelos longos perí-

    odos de estio, há também as

    decorrentes de inundações,avalanches torrenciais edeslizamentos de encostas demorros. De acordo com dadosconfiáveis4, 90% dos desastresnaturais ocorridos entre o ano1991 e o ano 2000 foram ca-lamidades relacionadas à água.

    Um outro problema relacionado

    com os recursos hídricos tem

    a ver com as relações entre as

    nações, envolvendo a diplomacia,

    os serviços de inteligência e atéas Forças Armadas. Três em

    cada quatro países compartilham

    bacias hidrográficas entre si.

    Essas bacias, chamadas bacias

    transfronteiriças, são, às vezes,o objeto principal de discórdia

    entre dois ou mais países. Muitas

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    desses usos pode prejudicaros outros, pois nem sempreesses usos são compatíveisentre si. Não são raros osconflitos entre os setores detransportes, elétrico, pes-queiro, agrícola e ambien-tal pelos usos destinadosà navegação, à geração deenergia, à pesca, à irrigaçãoe à preservação natural, res-pectivamente. Tal conjunturaleva a restrições de uso pelos

    diversos setores, o que requerplanejamento

    fronteiras são delineadas a partirdos leitos de rios. Em consequên-cia disso, esses rios acabam porserem submetidos a legislaçõesdiferentes: há atividades quepodem ser feitas na margem di-reita e são proibidas na margemesquerda; algumas restrições sãoimpostas em uma margem, e ou-tras (às vezes inconciliáveis entresi), na outra margem.

    Por ser um recurso escasso, a

    multiplicidade dos usos da águaleva frequentemente a conflitos

    pela sua apropriação. Uma repre-sa, por exemplo, pode servir tantopara a geração de eletricidadequanto para o armazenamentode água para irrigação de lavou-ras ou para o abastecimento de

    uma cidade. Também pode serutilizada para regularizar a vazãode um rio e atenuar os efeitosde enchentes. No caso de haverum período de estio muito pro-longado, essa mesma represapode ter de ser utilizada para

    armazenamento de emergência.A preponderância de um

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    O QUE É BACIAHIDROGRÁFICA?

    Agora há pouco falamos em bacia hidrográfica enão explicamos o que vem a ser. Este é um termoque, se você ainda não ouviu falar, deve se pre-parar para ouvir cada vez mais. Então vamos, empoucas palavras, explicar do que se trata.

    Em primeiro lugar, devemos esclarecer que osrios, os ribeirões, os igarapés, os arroios, os

    riachos, os córregos e quais-quer corpos d’água que sigamum curso na superfície daterra firme são chamados decursos d’água.

    Bacia hidrográfica, tambémchamada bacia de drenagem,

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    é uma área delimitada dasuperfície da terra firme emque as águas decorrentesdas chuvas ou do derreti-mento do gelo e da neve dasmontanhas convergem paraum único ponto. Tipicamente,esse ponto é a foz do rio quedá nome à bacia. A bacia écomo se fosse um funil quefaz que toda a água queentra depois saia por umaárea menor que a entrada. Abacia é, portanto, um enormecoletor de água da atmosfera.

    Por exemplo, uma chuva quecai no chão e escorre até o lei-to do riacho do Navio acaba de-

    sembocando no rio Pajeú que,

    por sua vez, vai despejar a águano rio São Francisco, que vaibater “no meio do mar”. Nessaconhecida canção, do grandecompositor brasileiro Luiz Gon-

     zaga, podemos perceber que oriacho do Navio é afluente dorio Pajeú, que é afluente do rioSão Francisco, que desembocano Oceano Atlântico. Observe-mos que a bacia do riacho doNavio está dentro da bacia dorio Pajeú, que é parte da baciado rio São Francisco.

    As bacias hidrográficas sãoseparadas topograficamenteumas das outras pelos cumesdos morros, pelos espinhaços

    das serras e pelas montanhas,

    que, nesse contexto, são cha-mados de divisores de água.

    Ao adotarmos o conceito debacia hidrográfica no lugar doconceito de curso d’água, es-tabelecemos uma abordagemmais racional de planejamentodos recursos hídricos, pois asregras às quais estão subme-tidas as águas da margem di-reita passam a ser as mesmasque regem o planejamento damargem esquerda. Este foi umdos motivos que levou a cha-mada Lei das Águas do Brasila decretar a bacia hidrográficacomo sendo a unidade deplanejamento dos recursoshídricos da União

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    Amazônica

    Tocantins-Araguaia

    Atlântico Nordeste Ocidental

    Parnaíba

    Atlântico Nordeste OrientalSão Francisco

    Atlântico Leste

    Atlântico Sudeste

    Paraná

    Paraguai

    Uruguai

    Atlântico Sul

    As regiões hidrográficas do Brasil

    Fonte: Agência Nacional de Águas - ANA.

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    PARA QUE MEDIR AVAZÃO DE UM RIO?

    Se navegarmos por um curso d’água desde assuas cabeceiras até a sua foz, notaremos queàs vezes passamos pelas desembocaduras deafluentes vindos de ambas as margens. Tambémobservaremos que o rio vai se tornando maiscaudaloso à medida que nos aproximamos da foz.Ao chegarmos à foz, teremos visto que a vazãodo rio foi mudando desde o começo da nossaviagem. Concluímos que a vazão de um rio nãoé constante, mas depende do local do rio a queestamos nos referindo.

    Digamos que, assim que chegarmos ao final daviagem, comece a chover. Daí também vamosobservar que, mesmo sem sair do lugar, a vazãodo rio vai aumentando, e já sabemos o porquê.

    Deduzimos que deve estarchovendo em outros lugaresda bacia, e que os afluentesque vimos durante a viagemdevem estar, nesse momento,derramando mais água pelassuas desembocaduras do quequando passávamos por eles.Teremos compreendido que avazão de um rio varia de lugarpara lugar e de tempos emtempos. Quando ouvir um hi-drólogo dizer que a vazão variacontinuamente no espaço e notempo, você já saberá o queele quer dizer com isso.

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    d’água genérico é a vazão mí-nima estatisticamente garantidaem 95% do tempo. Esse parâ-metro, conhecido como Q95,é essencial para a alocação daágua. Trata-se de um índiceestatístico extraído a partir deuma curva denominada Curvade Permanência, que é obtidaa partir de uma série conheci-da de vazões observadas. Essasséries que narram a cronologiadas vazões devem abranger

    um período de diversos anospara que as variações sazonaispossam ser levadas em conta.Quando a região em estudo ti-ver sofrido modificações muitograndes de atividade humana,o período observado deve ser,

    a rigor, maior para que essasalterações também sejamlevadas em consideração

    Desde tempos imemoriais,algumas pessoas vêm se pre-ocupando em saber quanto deágua os agrupamentos huma-nos dispõem para suas tarefasvitais, como beber água, regar asplantas, dar de beber aos animaisdomésticos, cozinhar, banhar-see outras atividades fundamentais.Com a evolução das atividadessociais, o conhecimento da quan-tidade de água disponível paraos diversos usos tem se tornado

    uma informação indispensávelpara as decisões a serem toma-das quanto às quotas destinadasa cada setor da sociedade.

    Fazendo uso de um instru-mental matemático apropria-

    do, é possível inferir criterio-samente a disponibilidade deágua, com margens de erro

    aceitáveis, desde que estejamdisponíveis séries de vazõesobservadas nos lugares deinteresse durante um períodoadequado de tempo.

    Essas observações não se limi-tam à quantidade de água quepassa por determinada seçãode um rio em certo dia, mastambém às substâncias quecompõem a água, a parâmetrosquímicos, físicos e biológicos

    que dizem respeito à qualidadeda água. Porém, no âmbitodesta cartilha, discutiremosapenas o conhecimento daquantidade disponível.

    Um parâmetro muito utilizado

    no planejamento da distribui-ção dos recursos hídricos emdeterminado local de um curso

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       F

       o   t   o   :   Z   i   g   K   o   c   h    /   B   a   n   c   o   d   e   I   m   a   g   e   n   s   d   a   A   N   A

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    COMO MEDIR AVAZÃO DE UM RIO?

    Acabamos de ver que o conhecimento das vazõesdurante um período adequado de tempo é essen-cial para delimitar a disponibilidade de água emdeterminado local de determinado curso d’água.Logo, o dado fundamental para produzir a infor-mação necessária para as tomadas de decisão noque diz respeito à partilha dos recursos hídricos dedeterminado trecho de um rio é a vazão.

    Medir a vazão de determinado local de um rio nãoé uma tarefa trivial. Há inúmeros métodos. Para ci-tar apenas um deles, pode-se estrangular a seçãotransversal5 de um riacho pouco caudaloso comuma prancha e fazer toda sua água verter por umaabertura conhecida pelo nome de vertedouro ouvertedor. Esses vertedouros possuem equaçõesmatemáticas previamente determinadas a partirde suposições baseadas na mecânica clássica querelaciona a altura com que a água passa por eles

    e a respectiva vazão. Um riode grande porte, no entanto,não pode ser obstruído por umvertedouro para simplesmentepermitir que sua vazão sejamensurada.

    Imagine um longo canal, comseção transversal retangular.É intuitivo perceber que aquantidade de água que passapelo canal é tanto maior quan-to mais alta for a superfície daágua (maior a profundidadedo escoamento) e maior for avelocidade com que a água es-coa. Num curso d’água naturalnão é diferente. Quanto maislargo e profundo for um rio,

    >> 5  Seção transversal é o corte transversal à direção e ao sentido do escoamento de um curso d’água.

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    mais altas estiverem suas águase maior for sua velocidade,maior será a vazão.

    No entanto, a seção transversalde um curso d’água naturaltem os formatos mais diversose mudam não apenas ao longodo percurso, como também

    localmente com o passar do tem-po. Além disso, é fácil observarque a velocidade da superfície daágua nas proximidades das mar-gens não é mesma que no meiodo rio. Menos fácil de observar,porém não tão difícil de concluir,é que as velocidades abaixo dasuperfície também variam desde

    o fundo até em cima. O cálculoda medição da vazão de umdeterminado local de interesse deum curso d’água deve, então,levar em conta o formato daseção transversal e as veloci-dades de diversos pontos daseção no instante em que amedição foi realizada.

    0

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    01 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 2021 22 232425 25,4

    ME

    Largura (m)

       P   r   o   f   u   n   d   i   d   a   d   e    (   m    )

    Sessão transversal simplificada

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    Um instrumento utilizado desdehá muito tempo nas mediçõesde velocidades de escoamentode cursos d’água é o molinete.Esse instrumento tem o formatode um torpedo que o possibilitapermanecer com a popa voltadapara o sentido da correnteza. Naproa há uma hélice cuja veloci-dade de rotação é proporcional àvelocidade da água que a faz gi-rar. O número de voltas da héliceé registrado por um conta-giros,que fica com um hidrometristaque está no barco, e é ligado aomolinete por um cabo elétrico.Quando o molinete se estabilizaem determinada posição, o hi-drometrista6 “zera” o conta-girose o dispara simultaneamente

    a um cronômetro. Após al-guns minutos, o hidrometristainterrompe a contagem doconta-giros e do cronômetro eanota seus valores na caderneta.Geralmente, essas operações demedição de velocidade são feitaspara quatro posições em cadavertical: a 20%, 40%, 60% e80% de profundidade.

    Durante muito tempo, osprocedimentos para mensurara vazão de um curso d’águaseguiram as seguintes etapas:1.  No caso de rios estreitos,

    esticava-se um cabo deaço transversalmente aorio e um barco se engan-chava a ele enquanto fazia

    as medições com moli-nete. Como as distânciasentre o barco e a margemeram conhecidas por meiode marcas previamentefeitas no cabo de aço,os dados eram anotadostendo como referênciaa distância a um pontoconhecido da margem.Após fazer as mediçõesem uma vertical, o barcose deslocava até a marcaseguinte e repetia os pro-cedimentos. As operaçõesse repetiam em intervalosregulares até o barcochegar à outra margem.

    2.  No caso de rios maislargos, era colocado um

    >> 6  Os hidrometristas são técnicos em medição da água em diversas etapas do Ciclo Hidrológico. As mediçõesmais frequentemente feitas pelos hidrometristas são as de vazão dos cursos d’água.

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    topógrafo em cada margemdo rio. O barco ancoravaem determinado pontodo rio, esforçando-se paraficar alinhado com estacaspré-fixadas nas margens.Por meio de comunica-ção com bandeirolas, ostripulantes informavam ostopógrafos o início e o finaldas medições que estavamfazendo naquele momento.Os topógrafos mediam aposição angular do barcoe anotavam seus valoresde maneira sistemática emsuas cadernetas. O barcose deslocava para o pontoseguinte, e as operaçõesse repetiam até chegar ao

    outro lado do rio.3.  Em se tratando de riosainda mais caudalosos, é

    praticamente impossívelancorar o barco em umponto fixo no meio do rio.Nesses casos, as bandeirolasdos tripulantes informavamaos topógrafos os momentosinicial e final de cada sériede operações que deveriamter sido feitas com o barcoancorado, mas que foramfeitas com a proa da embar-cação voltada para montantee o motor ligado para que acorrente arrastasse pouco obarco durante as mediçõesem cada vertical. Em suasrespectivas cadernetas,os topógrafos anotavamas posições angulares doinício e do fim de cada

    série de operações emcada vertical. Nesse caso, asoperações de medição eram

    cronometradas e anotadaspelos hidrometristas. Obarco se deslocava para oponto seguinte e iniciavatodo o processo, até atingira outra margem.

    As medições que eram feitas emcada ponto previamente escolhidodo rio eram as seguintes:1.  Um lastro pesado era

    pendurado em um cabode aço que, por sua vez,ficava em um carretel emum guincho. O objeto eralançado ao rio e atingiarapidamente o fundo.Por meio de uma mani-vela conectada por umaengrenagem ao carretel,

    era anotado o número devoltas da manivela paraiçar o lastro desde o fundo

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    até a superfície. Conhe-cendo o número de voltasdo carretel, passava-se asaber a profundidade dorio naquele ponto.

    2.  Por meio de um outroguincho, semelhante aoanterior, posicionava-seo molinete em pontospredeterminados da ver-tical que l igava o fundodo rio à superfície.

    No início e no final dasoperações, um observador liaas marcas da superfície daágua em uma régua fixada aolocal. A régua era (e continuasendo) um instrumento quefica fixo em uma das margens

    do rio e serve para observar acota da superfície da água emrelação a um plano horizontal

    de referência conhecido como zero da régua.

    A caderneta com os dados eas observações dos hidrome-tristas, dos topógrafos e do ob-servador da régua eram entãoenviadas ao escritório, ondeuma equipe se encarregava deextrair das anotações os dadosrelevantes. Os primeiros dadosa serem registrados eram ascotas da régua no início e nofim da medição.

    Depois, o engenheiro determi-nava as posições das verticaisem que o barco ficou para-do. Dependendo do métodoutilizado, essas posições eram

    calculadas diretamente apartir das marcas do cabo emrelação a um referencial fixo

    (geralmente a própria régua)ou por meio das observaçõesfeitas pelos topógrafos. Nocaso de medições feitas combarco ancorado, as posiçõesdas verticais eram determina-das mediante triangulação dasobservações dos topógrafos. Nocaso de barcos em movimento,as triangulações das observa-ções topográficas forneciamos pontos inicial e final de cadasérie de medições.

    O engenheiro fornecia asposições das verticais a umdesenhista que, de posse dosdados de profundidade medidoscom o guincho do lastro, seencarregava de desenhar a se-

    ção transversal do curso d’águaem papel milimetrado. A partirdesse desenho, obtinha-se a

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    área da seção transversal, cha-mada área molhada, por meiode um instrumento chamadoplanímetro, e o perímetro dofundo, chamado de perímetromolhado, mediante um outroaparelho, denominado curvíme-tro. Um dado medido imediata-mente a partir do desenho eraa largura do rio. Ao dividir a áreamolhada pela largura, obtinha--se a profundidade média.

    A posição de cada verticalpermitia também ao dese-nhista marcar no desenho daseção transversal todas asposições em que o molinetefoi posicionado.

    Geralmente era um estagiárioque costumava calcular as

    velocidades de rotação da

    hélice do molinete para cadaponto. Bastava dividir o nú-

    mero de rotações pelo tempo

    cronometrado. Ambas asinformações estavam disponí-veis na caderneta.

    Como se trata de um instrumen-to mecânico, cada molinete temsua própria equação que rela-ciona a velocidade de rotaçãode sua hélice com a velocidadeda água que a provocou. A partirdas velocidades de rotação dahélice, o engenheiro calculava asvelocidades da corrente líquidaem cada ponto e as anotava nodesenho da seção transversal.

    Havia diversos métodos decalcular a vazão, sendo que osmais populares eram o da meiaseção e o da seção média.

    Ambos fatiavam a seção trans-versal em verticais e calculavamas velocidades médias de cadafatia. Os produtos das velocida-des médias e das fatias erampartes da vazão que, somadasfatia a fatia, forneciam a vazãoque passava por toda a seçãotransversal. A diferença entre osdois métodos era basicamentea maneira de fatiar a seção.

    Um outro procedimento usualera encarregar o desenhista de,a partir do desenho com os va-lores das velocidades nos pon-tos, desenhar curvas de igualvelocidade, chamadas isótacas.A partir das isótacas, o enge-nheiro calculava as áreas entre

    essas curvas com o planímetro,multiplicava essas áreas pelasvelocidades correspondentes,

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    e as somava, obtendo a vazão.O quociente da vazão pela áreamolhada fornecia a velocidademédia da corrente.

    Se, no entanto, as cotas da réguaobservadas no início e no final dasoperações de medição fossemmuito diferentes uma da outra (oque acontecia com frequência nocaso de medições em grandes

    rios), era ainda necessário fazer

    ajustes para compatibilizar as

    medições feitas com a variaçãodos níveis da superfície.

    Obtinha-se, dessa maneira, a lar-gura do rio, a profundidade mé-dia, a área molhada, o perímetromolhado, a cota da superfície, a

    velocidade média e a vazão.

    AVANÇOSTECNOLÓGICOSCom o avanço tecnológico,muitos procedimentos forampaulatinamente mudando. Umdeles foi a troca da utilização

    de bandeirolas de sinalizaçãoentre a tripulação do barco

    e os topógrafos por rádios

    transmissores, walkie-talkies e,

    posteriormente, por telefones

    celulares. A comercialização a

    preços não muito altos de um

    sonar chamado ecobatímetro possibilitou mapear o fundo

    do rio sem o incômodo do

    uso do lastro pendurado em

    um guincho. Outra alteraçãoradical na medição foi causada

    pelo surgimento do GPS7, que

    tornou obsoleta a função dostopógrafos na determinação

    das posições do barco.

    No escritório, os cálculos eramfeitos com réguas de cálculoou calculadoras mecânicase anotadas a lápis no papel.Depois surgiram as calculado-ras eletrônicas que tornaramo trabalho mais rápido. Com osurgimento dos grandes com-putadores, foram construídosprogramas especializados quepassaram a fazer a maioriadas tarefas do escritório. Pormeio de um método numéricochamado Método dos Ele-mentos Finitos, os desenhosda seção transversal e dasisótacas também passaram a

    >> 7  Sigla inglesa para Sistema de Posicionamento Geográfico.

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    ser feitos automaticamente.Quando os computadoresde mesa passaram a serinstrumentos pessoais decada um dos funcionários doescritório, todas as etapas decálculo passaram a ser feitaspor uma mesma pessoa.

    Com relação à medição devazão propriamente dita, houve

    enorme mudança metodológi-ca com a chegada no mercadodo Perfilador de CorrenteDoppler-Acústico.Esse aparelho é uma sondaque se utiliza do chamadoefeito Doppler-Fizeau paramedir a velocidade de partículassuspensas na água. O aparelhoé colocado na água, ao ladodo barco, e conectado a um

    computador portátil em que háum aplicativo específico para talfinalidade. O barco atravessa orio e, ao chegar à outra margem,o programa já fornece todos osparâmetros essenciais: velocida-de média, área molhada, vazão,largura e profundidade média.Para medir a vazão de um rio,hoje em dia, são suficientes opiloto do barco e o hidrometrista.

     Ecobatímetro.

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    Para exemplificar, podemos citarque a medição da vazão do rioSolimões na cidade amazonen-

    se de Manacapuru chegava a

    demorar 7 horas, sem contar o

    tempo despendido no escritório

    para calcular finalmente a vazão.Hoje em dia, a medição demora

    35 minutos, que é o tempo

    necessário para cruzar o rio

    Solimões em Manacapuru.

    SÉRIE HISTÓRICADE VAZÕESA informação sobre a vazão emdeterminado dia não é suficien-te para subsidiar tomadas dedecisão que envolvem disponibi-lidade hídrica, pois já vimos que

    é necessário conhecer uma sériehistórica de vazões que ocorre-ram durante certo período detempo no local em consideração.

    A rigor, seria necessário medir avazão no local todos os dias du-rante anos, mas, mesmo hoje,após o surgimento do Perfiladorde Corrente Doppler-Acústicoisso não é viável, por motivosfinanceiros e logísticos.

    É árduo medir a vazão, mas,em compensação, observaro nível da água na régua eanotar seu valor na cadernetasão tarefas bastante fáceis.Tão fáceis que são geralmentefeitas duas vezes por dia: às 7

    da manhã e às 5 da tarde.

    E é aí que está o pulo do gato.

    Pode-se medir a vazão de umrio em qualquer lugar que sequeira. Porém, ao escolher os

    locais mais apropriados parainstalar uma régua limnimé-trica8, o hidrólogo9 obedecea certas normas e respeitadeterminadas restrições paraque seja um local em quehaja uma relação biunívoca

    entre cota e vazão. Relaçãobiunívoca entre cota e vazãosignifica que cada vazão tenhasua própria cota e que cadacota só corresponda a umavazão. As normas e restriçõespara a escolha dos locais mais

    >> 8 É esse o nome com que são chamadas essas réguas.

    9  Hidrólogo é o nome que se dá ao profissional que trata de assuntos relacionados à hidrologia. De maneira geral e típica,a formação profissional do hidrólogo é a engenharia civil.

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    apropriados estão fora doescopo desta cartilha, mas éconveniente mencionar quenão são regras arbitrárias,sendo oriundas de estudosda Hidráulica e da Mecânicados Fluidos.

    Se o local de instalação da ré-gua for estabelecido levandoem conta os critérios corretos,a cada vazão corresponderáuma e somente uma marca

    na régua. A correspondênciaentre essas duas grandezasé estabelecida pela equipede hidrologia após diversasmedições nas estações secase úmidas e observação contí-nua das marcas da linha d’água

    na régua, durante vários anos.A essa correspondência entrecota da régua e vazão do rio

    dá-se o nome de curva-cha-ve, que possui equações àsvezes um pouco complicadas.

    Uma das imposições quefogem das regras hidráu-licas para escolher o localde instalação de uma de-terminada régua é que hajaalgum morador minimamentealfabetizado nas redondezase que aceite ficar responsávelpela observação, anotação emanutenção da régua. Pe-

    riodicamente, uma equipe dehidrometria passa por lá para

    fazer a medição de vazão,

    recolher a caderneta, entregar

    cadernetas virgens e pagar o

    soldo do observador.

    Por meio da curva-chave, asérie de cotas fornece a série

    de vazões que será utilizadadas mais diversas maneiras,sendo que uma delas é a ob-tenção da curva de permanên-cia e a consequente determi-nação do valor do Q95.

    No entanto, a vastidão do Brasilnão permite que haja observa-dores à disposição em todos osrincões do país, principalmentena Amazônia em que há tantosrios a serem medidos. Hoje em

    dia há diversos equipamentoseletrônicos que possibilitam oenvio automático e periódicodo valor da cota observadado nível dos rios, via satélite.Porém, o preço desse tipode equipamento é um fator

    limitante para sua utilização.Essa limitação não é tanto comrelação à sua aquisição, mas

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    chamada de hidrologia espa-cial e há enorme possibilidadede que você venha a ouvirfalar dela cada vez mais

    muito mais pela sua alta pro-babilidade de perda por furto.O vandalismo também tem semostrado bastante frequente.

    AVANÇOS RECENTES

    Recentemente, vem surgin-do uma nova metodologiana medição da vazão dosrios. Essa metodologia tem

    fornecido resultados bastan-

    te promissores. Trata-se da

    medição da cota dos rios por

    meio de radares altimétricosinstalados em satélites orbitais

    que, associada a uma série de

    asserções para determinar as

    curvas-chave dos locais dosquais o satélite envia dados

    de cota, possibilita estimar

    a vazão, sem a necessidadede enviar equipes ao localnem de haver observador nas

    redondezas, além de evitarfurto ou qualquer ato devandalismo. Essa metodologia,ainda embrionária, tem sido

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    GLOSSÁRIO

    Afluente (ou Tributário)Curso d’água que deságuanum curso mais caudaloso ounum lago.

    Água doceÁgua cuja concentração de saisé baixa o suficiente para quepossa ser consumida.

    (ps) O fato de a água ser doce

    não é suficiente para garantirsua potabilidade.

    Água salgadaÁgua que possui concentra-ção de sais superior a 10.000miligramas por litro.

    Água salobraÁgua cuja concentração desais dissolvidos está normal-mente compreendida entre

    1.000 e 10.000 miligramaspor litro. Esta proporção desal é menor que a da águado mar.

    A jusanteNo sentido da foz de um

    curso d’água. Sinônimo deÁguas abaixo.

    A montanteNo sentido das cabeceiras deum curso d’água. Sinônimo deÁguas acima.

    Aquífero confinado ouAquífero cativoAquífero aprisionado emformações impermeáveis ou

    semipermeáveis.

    Aquífero não confinado (Aquífero livre,Aquífero freático ou Lençol freático) 

    Aquífero cuja superfície superioré livre. As águas dos poços co-muns que são vistos frequente-

    mente na zona rural são prove-nientes dos lençóis freáticos.

    Aquífero ou Reservatório deágua subterrâneaFormação subterrânea porosapermeável com capacidade de

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    armazenar água e possibilitar queessa água escoe entre seus poros.

    Há também aquíferos nos quais aágua ocupa o espaço criado porfendas e rachaduras em rochas.

    AvalancheMassa de neve, de gelo ou de água,que escoa bruscamente pelas

    encostas dos morros e das mon-tanhas, arrastando consigo terra,rochas, árvores e demais detritos.

    Balanço hídricoContabilidade baseada noprincípio racional de que, durantedeterminado intervalo de tempo,a variação do volume de águaarmazenado numa certa massad’água previamente delimitada

    (uma bacia, um trecho de cursod’água, uma região hidrográfi-ca, um corpo d’água qualqueretc.) é igual à diferença entre aquantidade de água que entroue a quantidade de água que saiudessa massa d’água durante o

    período de tempo considerado.

    BarragemConstrução elevada no leito deum curso d’água, dotada de

    mecanismos de controle de libe-ração da água armazenada, cujafinalidade é garantir a regulação

    da vazão, armazenar água parairrigação, prover abastecimentoa comunidades urbanas e rurais,

    assegurar a geração de ener-gia e permitir demais usos dorecurso hídrico.

    Cheia (ou Enchente)Elevação do nível de um cursod’água (ou de um corpo d’águaqualquer) geralmente decor-rente de um aumento de vazão.Normalmente as cheias doscursos d’água ocorrem periodi-

    camente durante a época daschuvas. Há, no entanto, cheiasque podem ser causadas, porexemplo, pela liberação de águaem uma barragem a montante.

    Cheia repentinaCheia súbita e de curta duraçãocom uma vazão máxima consi-deravelmente alta.

    ChuvaPrecipitação de partículas de águalíquida, sob a forma de gotas.

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    ChuviscoPrecipitação densa e razoa-velmente uniforme de gotasde água líquida com diâmetroinferior a ½ milímetro.

    Ciclo hidrológicoSucessão cíclica das fases pelasquais passa a água ao circularna atmosfera, na superfíciedos continentes e ilhas, nosoceanos e mares, e no subso-lo. O ciclo hidrológico envolveevaporação, transpiração,condensação, precipitação, infil-tração, percolação, escoamentosuperficial, escoamento subter-râneo, circulação de correntesmarítimas e todas as demaismaneiras em que a água ocorreno nosso planeta.

    ClimaÉ o padrão de tempo médio em

    um lugar durante muitos anos. Con-

     junto de condições meteorológicas

    predominantes em determinada

    região, caracterizado por estatísti-

    cas de longo prazo dos elementos

    meteorológicos nessa região.

    Condensação Passagem da fase de vapor daágua para a fase líquida.

    Curso d’águaCanal através do qual a águapode escoar. Pode ser naturalou artificial.

    Curso d’água efêmeroCurso d’água que flui ape-nas como resposta direta

    à precipitação. É o caso devincos na superfície do soloque formam ravinas atravésdas quais escoam enxurradascolina abaixo durante a chuva,e secam pouco após cessara chuva.

    Curso d’água intermitenteCurso d’água no qual sóhá escoamento durante aestação das chuvas, ficandoseco durante o restante doano. Na região semi-árida doNordeste do Brasil há muitosrios intermitentes.

    Curso d’água pereneCurso d’água que continuafluindo mesmo durante a esta-ção seca, e nunca fica seco.

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    Curva chaveCurva que relaciona o nível dasuperfície de um curso d’águaem determinado local e avazão que atravessa a sessãotransversal do curso d’águanesse mesmo local.

    Curva de permanênciaCurva que relaciona os valo-res de vazões em determina-do local de um curso d’águae a probabilidade dessesvalores serem igualados ousuperados. Por meio dessacurva, é extraído um valormuito utilizado pelos especia-listas em Recursos Hídricos,chamado Q95, equivalenteao valor da vazão que tem95% de probabilidade de ser

    igualada ou superada. Emoutras palavras, é a vazãomínima garantida estatistica-mente em 95% do tempo.

    Dessalinização É o processo a partir do qual

    a quantidade de sal naágua é reduzida até uma dosesuficientemente baixa paraque essa água possaser consumida.

    Eco-sondaInstrumento que emite umsinal acústico ao fundo deum corpo d’água e utiliza ointervalo de tempo entre aemissão e sua reflexão paradeterminar a profundidade docorpo d’água nesse local.

    Efluente Em termos gerais, é a água queflui de um recipiente. O efluentede uma indústria, por exemplo,é a vazão que sai da indústria; oefluente de um lago é a vazãoque sai do lago; o efluente de

    um rio é a vazão que sai deum rio. Pode-se dizer que é ocontrário de um afluente.

    Estuário Parte de um curso d’água, nasproximidades da foz, em queas águas se tornam geralmenterasas e largas.

    EvaporaçãoEmissão de vapor d’água dasuperfície livre de um corpod’água genérico.

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    Foz ou DesembocaduraÉ o local em que um cursod’água desagua num lago, nomar ou noutro curso d’água.

    Geada Cobertura de gelo produzida

    pela sublimação do vapord’água sobre objetos. Em suma,a geada é orvalho congelado.

    GranizoPrecipitação de partículas degelo de forma esférica ou irre-gular. Também conhecido porChuva de pedra.

    Hidráulica Ramo da Mecânica dos Fluidosque estuda o escoamento daágua em condutos fechados(tubos) e canais abertos.

    HidrogeologiaRamo da Hidrologia e/ou daGeologia que estuda a águasubterrânea e sua ocorrência.

    HidrografiaEm termos gerais, refere-se à

    ciência que trata da descrição eda medição de corpos d’água.Particularmente, trata-se daciência que se ocupa da carto-grafia de corpos d’água com ointuito de navegação.

    Hidrologia Ciência que estuda todas asfases do ciclo hidrológico.

    Hidrometria É a ciência que trata da medi-ção das fases do ciclo hidroló-gico e da análise da água.

    A instalação de réguas limni-métricas nas estações de me-dição, as medições de vazão, oseventuais reparos nos instrumen-tos e até a pilotagem de barcossão tarefas muitas vezes levadasa cabo por hidrometristas.

    Infiltração Movimento da água da su-perfície de um meio porosopara seu interior. Na natureza,quando a água da chuva pene-tra no solo logo após se chocarcom sua superfície, diz-se quehouve infiltração.

    Intercepção Processo por meio do qualparte da precipitação é retidapela vegetação e depressõesno terreno.

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    Inundação Submersão de áreas situadasfora dos limites normais de umcurso d’água. Logo, nem todaenchente pode ser chamada deinundação. A acumulação deágua proveniente de drenagens,

    em zonas que normalmente nãose encontram submersas, tam-bém é chamada de inundação.

    IrrigaçãoAplicação artificial de água comfinalidade agrícola.

    Isotácas Linhas de igual velocidade na seção

    transversal de um curso d’água.

    Leito de um curso d’águaA parte mais funda de um cursod’água, por onde passa a maior

    parte da água e dos sedimentosdurante o período entre cheias.

    Linígrafo Instrumento que regista asvariações do nível d’água emfunção do tempo.

    Mecânica dos FluidosÁrea da Mecânica Clássica quese encarrega da estabilidade,do movimento e da dinâmicados corpos deformáveis, taiscomo os líquidos e os gases.

    Meteorologia Ciência que estuda a atmosfera.

    Molinete Instrumento usado para me-dir a velocidade da água numponto, por meio da velocidade de

    rotação de uma hélice que giraem torno de um eixo paralelo aoescoamento que se deseja medir.

    NascenteLocal de onde a água brota na-turalmente de uma rocha ou do

    solo. Ela pode brotar tanto nasuperfície seca do solo quantoem uma massa d’água.

    Neve Precipitação de cristais de gelo,

    geralmente aglomerados em flocos.

    Órbita polarÓrbita que passa sobre o PoloSul e o Polo Norte.

    Orvalho Depósito de gotas d’água nosobjetos próximos ao solo,

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    provenientes da condensação

    do vapor d’água contido no ar.

    Percolação Movimento descendente daágua desde a superfície do soloaté o lençol freático.

    Perímetro molhadoPerímetro da seção transversalde um curso d’água que estáem contato com a água.

    Pluviógrafo Instrumento que registra as

    alturas de água precipitada emfunção do tempo.

    PluviômetroDispositivo que mede a alturade água precipitada. Dife-rentemento do pluviógrafo, o

    pluviômetro não registra aaltura precipitada, exigindo queum observador o faça.

    Precipitação

    Partículas de água sob as for-mas líquida e/ou sólida, decor-rente da condensação do vapord’água, que caem sobre o solo.

    Raio hidráulicoRelação entre a área da seção

    transversal líquida e o perímetromolhado de um curso d’água.

    Reservatório Qualquer corpo d’água, naturalou artificial, utilizado paraarmazenar, regular ou controlar

    os recursos hídricos.

    Salmoura Solução salina com concen-tração superior a 100.000miligramas por litro.

    Satélite estacionárioSatélite com órbita equatorialcuja velocidade angular é

    igual à da rotação da Ter-

    ra. Como consequência, osatélite fica parado sobre ummesmo ponto da superfíciedo planeta, como se fosseuma antena com 35.900quilômetros de altura.

    Satélite geo-síncronoSatélite equatorial que sedesloca no sentido oeste--leste, a uma altitude de 35900 km, o que lhe permiteefetuar uma órbita completaem torno do equador terrestre

    a cada 24 horas. Sendo assim,ele passa diariamente sobre omesmo lugar do equador nomesmo horário.

    Satélite helio-síncronoSatélite cuja órbita é quase

    polar e sua altitude é tal quefaz com que sua velocidadeangular permita que cruze as

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    mesmas latitudes duas vezes

    por dia no mesmo horário.

    Secção transversal deum curso d’água Seção de um curso d’água per-pendicular à direção principaldo escoamento.

    Telemetria Registo remoto de dadostransmitidos via satélite, tele-fone celular, rádio eoutros meios.

    TempoÉ a combinação de eventosmeteorológicos (temperatura,pressão, umidade, precipitaçãoetc.) que ocorrem a cada diana atmosfera. O Tempo não éo mesmo em todos os luga-

    res. Pode estar quente, secoe ensolarado em um lugar, aomesmo tempo em que está

    nublado, chovendo ou até

    nevando em outros locais.

    Transpiração Processo pelo qual os vegetaise animais transferem águapara a atmosfera sob a formade vapor.

    Uso consuntivoUtilização da água de um corpod’água como insumo que aconsome durante os processosenvolvidos. Por exemplo, aágua consumida na fabricação

    de cerveja.

    Uso não consuntivoUtilização da água de um corpod’água como insumo que nãoa consome durante os proces-sos envolvidos. Por exemplo, a

    água utilizada para movimentarum monjolo não a consome;somente utiliza sua energia.

    Vazão

    Volume de água que passa pordeterminado local por unidadede tempo.

    Exemplos:1) A vazão de uma torneira

    de jardim é de uns 40 litros

    por minuto.2) A vazão média na foz do rio

    Amazonas é de aproxima-damente 210.000 metroscúbicos por segundo.

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    Há diversas maneiras de mediruma mesma grandeza. Porexemplo, podemos nos referira um mesmo volume comosendo de um metro cúbico, mil

    litros, ou até mesmo cinco milcopos americanos. Embora oBrasil adote o Sistema MétricoInternacional, há diversas uni-dades de medida muito usadasno comércio, na indústria e navida cotidiana em geral. Por

    isso, é bom conhecê-las.

    A polegada e as unidades quedela derivam são muito usadasna indústria e no comércio detubulações; também são usadasna marcenaria e na indústria de

    móveis. O quilômetro é a unida-de mais usual para se referir adistâncias entre localidades.

    TABELAS DE CONVERSÃO DE UNIDADES

    A milha náutica é a unidademais usada na navegação.

    O alqueire é a unidade prefe-rida para medir o tamanho de

    propriedades rurais. O m2 é aunidade de área mais usadana medição de lotes urbanos.O quilômetro quadrado é aunidade usada nas mediçõesdo tamanho dos Municípios, dosEstados e do nosso próprio país.

    A gota é uma unidade de volumebastante usual na indústriafarmacêutica. O barril é a uni-dade usada quando se trata depetróleo. O hectômetro cúbicoé a unidade mais usada para

    volumes de lagos e reservatórios.O galão é uma unidade aindausada no comércio de gasolina.

    O copo americano, o gill e o pintsão muito utilizados na indústriaalimentícia. A unidade de volumemais utilizada no balanço hídricoanual de grandes massas d’água

    é o quilômetro cúbico.

    Embora a libra seja a unidademonetária do Reino Unido, alibra desta tabela é a unidadede massa ainda usada em al-guns países de língua inglesa.

    A arroba é muito empregadano comércio e na produçãode carne. Não se esqueçade que grama é uma palavramasculina, diferentementedo vegetal grama; logo, assimcomo ninguém diz “uma qui-

    lograma”, você não deve dizer“duzentas gramas”, mas sim“duzentos gramas”.

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    No Brasil, é usual nos referir-mos a quilograma simples-mente como quilo. Porém, éconveniente saber que quiloé um prefixo que significa mil;portanto um quilograma é iguala mil gramas. Você também

    ouve bastante as palavrasmegabyte e gigabyte, e estácomeçando a ouvir cada vezmais frequentemente a palavraterabyte. Mega, giga e terasignificam, respectivamente, ummilhão, um bilhão e um trilhão.

    O prefixo mili significa a milési-ma parte (como em milímetro);micro é a milionésima parte(como em microscópio); nano éa bilionésima parte (como emnanotecnologia).

    O nó é a unidade de veloci-dade usada na navegação.Na Hidrometria utiliza-se

    normalmente metro por se-gundo. Nos assuntos relacio-nados a transportes em geral,usa-se quilômetros por hora.

    Na indústria e no comércio detorneiras, pias, chuveiros e de-

    mais equipamentos hidráuli-cos domésticos, usam-se mui-to as unidades lit ro por hora elitro por segundo. A variaçãode volume de reservatóriosé muitas vezes medida emhectômetros cúbicos por dia.

    As medições de evaporaçãoda água de um grande lago,dos mares e dos oceanos sãocomumente feitas em quilô-metros cúbicos por ano.

    O joule é a unidade de

    energia no Sistema MétricoInternacional. A quilocaloriaé a unidade de energia mais

    usada nas indústrias alimen-tícias e farmacêuticas, naMedicina e na Biologia.O quilowatt-hora é a unidadeusada para medir o consumoresidencial de energia.

    O Watt é a unidade de potênciado Sistema Métrico Interna-cional. Um watt equivale a um

     joule por segundo. O watt é aunidade usada pelo comérciode lâmpadas. O quilowatt éutilizado pelos fabricantes de

    eletrodomésticos, tais como ge-ladeiras e lavadouras de roupa.O megawatt é a unidade usadapara nos referirmos à potênciade usinas de geração de energiaelétrica. O gigawatt é a unidadeusada para compararmos as

    maiores usinas do mundo; porexemplo: a potência média deItaipu é de 14 gigawatts.

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    Comprimento

    1 centímetro 10 milímetros

    1 decímetro 10 centímetros

    1 metro 10 decímetros

    1 decâmetro 10 metros

    1 hectômetro 10 decâmetros

    1 quilômetro 10 hectômetros

    1 polegada 25,4 milímetros

    1 pé 12 polegadas

    1 jarda 3 pés

    1 estádio 220 jardas

    1 milha inglesa 8 estádios

    1 milha náutica 1.852 metros

    Área

    1 are 100 metros quadrados

    1 hectare 100 ares

    1 quilômetro quadrado 100 hectares

    1 alqueire paulista (ou alqueirinho) 2,42 hectares

    1 alqueire mineiro (ou alqueirão) 2 alqueires paulistas

    1 acre 4.840 jardas quadradas

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    Tempo

    1 minuto 60 segundos

    1 hora 60 minutos

    1 dia 24 horas

    1 ano 365,25 dias

    1 século 100 anos

    1 milênio 10 séculos

    Volume

    1 centímetro cúbico 1.000 milímetros cúbicos

    1 mililitro 1 centímetro cúbico

    1 decímetro cúbico 1.000 centímetros cúbicos

    1 litro 1 decímetro cúbico

    1 metro cúbico 1.000 litros

    1 hectômetro cúbico 1 bilhão de litros

    1 quilômetro cúbico 1 trilhão de litros

    1 copo americano 1/5 de litro

    1 gota d’água Aproximadamente 50 milímetros cúbicos

    1 mililitro Aproximadamente 20 gotas d’água

    1 gill 118,3 mililitros

    1 pint 4 gill

    1 galão inglês 8 pints

    1 barril Aproximadamente 159 litros

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    Velocidade1 metro por segundo 3,6 quilômetros por hora

    1 nó 1 milha náutica por hora

    Massa

    1 grama 1.000 miligramas

    1 quilograma 1.000 gramas

    1 tonelada 1.000 quilogramas

    1 arroba 14,688 quilogramas

    1 libra inglesa 453,6 gramas

    Potência

    1 quilowatt 1.000 watts

    1 megawatt 1.000 quilowatts

    1 gigawatt 1.000 megawatts

    Vazão

    1 litro por segundo 3,6 metros cúbicos por hora

    1 metro cúbico por hora 1.000 litros por hora

    1 quilômetro cúbico por ano Aproximadamente 31.710 litros por segundo

    1 hectômetro cúbico por dia Aproximadamente 11.574 litros por segundo

    Energia

    1 quilocaloria 4.186,8 joules

    1 quilowatt-hora Aproximadamente 860 quilocalorias

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