agropecuÁria · “art. 1o parágrafo 1o — considera-se reforma agrária o conjunto de medidas...

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ECONOMIA AGRÁRIA AGROPECUÁRIA A POSIÇÃO NA ECONOMIA BRASILEIRA E O ANTIDEMOCRÁTICO SISTEMA DE ACESSO À TERRA

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  • ECONOMIA AGRÁRIA

    AGROPECUÁRIA A POSIÇÃO NA ECONOMIA BRASILEIRA E O

    ANTIDEMOCRÁTICO SISTEMA DE ACESSO À

    TERRA

  • “...] Na verdade, estamos muito longe de uma

    sociedade de cidadãos. Nossas tradições

    históricas e nossos dilemas históricos não-

    resolvidos nos empurram perigosamente em

    outra direção.

    A propriedade latifundista da terra se propõe

    como sólida base de uma orientação social e

    política que freia, firmemente, as possibilidades

    de transformação social profunda e de

    democratização do País. [...]

    No Brasil, o atraso é um instrumento de poder.” (José de Souza Martins, O poder do atraso. Ensaios de sociologia da história lenta, p. 12 e 13.)

  • Reforma Agrária para quê ???

    *Justiça Social

    * Democratização da

    Terra (valor vital)

    * Desenvolvimento Socioeconômico

  • DONATÁRIOS

  • Desde os primórdios da colonização, a ocupação das terras brasileiras pelos

    portugueses assumiu as características de uma colonização de exploração, que consistia em retirar da terra tudo o que

    ela pudesse oferecer para atender às necessidades do mercado consumidor

    europeu.

    Das Sesmarias à Lei de Terras de 1850:

    a Reafirmação do Latifúndio

  • O espaço geográfico brasileiro foi transformado e produzido prioritariamente

    segundo as necessidades do mercado externo em detrimento da formação de uma

    economia interna. Desse modo produziram-se, desde o início, “espaços voltados para

    fora”.

  • A Doação da Terra “[...] era baseada na avaliação do

    pretendente, o que implicava

    considerar o seu status social, suas

    qualidades pessoais e seus serviços

    prestados à Coroa. Desta forma, a

    aquisição de terras, apesar de

    regulamentada pela lei, derivava

    do arbitrium real e não de um

    direito inerente ao pretendente”. (Emília Viotti da Costa, Política de terras no Brasil e nos Estados unidos, in Da

    Monarquia à República: momentos decisivos, p. 129.)

  • No período colonial, os poucos trabalhadores livres que existiam estavam vinculados aos

    engenhos, formando o grupo de assalariados. Além deles, havia os mercadores, os clérigos e

    os que se estabeleciam em um pedaço de terra que não havia sido doado pela Coroa

    (os posseiros), onde se dedicavam à agricultura de subsistência. A posse, dentro dos parâmetros oficiais, era ilegal, mas foi o que deu origem às pequenas propriedades

    rurais no Brasil.

  • “Esses tipos, que foram a gênese dos pequenos agricultores no Brasil, sempre

    foram tidos como ‘vadios’, ‘ociosos’ e qualificações semelhantes.

    Sempre foram considerados como marginais pelas autoridades da Colônia e pela ideologia dominante na época. Não

    resta dúvida de que esses ‘marginais’ nada mais são do que reflexos criados

    pelo próprio sistema latifundiário implantado no Brasil”.

    (J. F. Graziano da Silva, Estrutura agrária e produção de subsistência na agricultura brasileira, p. 20.)

  • Em 1822 foi suprimido o regime de sesmarias (3-6 léguas), e não surgiu, logo de

    imediato, nenhuma regulamentação sobre a posse da terra.

    Durante os trinta anos seguintes, a ocupação de terras (Imigrantes) se

    intensificou por meio do sistema de posses (carta de 1824), o que ampliou

    consideravelmente o número das pequenas unidades rurais de produção.

  • •Extinguia o regime de acesso à

    terra através da posse, isto é, da

    ocupação pura e simples.

    •A terra somente poderia ser

    adquirida através da compra e por

    um preço mínimo estipulado (que

    geralmente era mais elevado que

    os vigentes na época).

    O QUE ESTABELECIA A LEI DE TERRAS DE

    1850? E a Lei Eusébio de Queirós?

  • Os lotes ou glebas de terra eram

    vendidos em hasta pública, ou

    seja, em leilões efetuados por

    leiloeiros oficiais, mediante

    pagamento à vista. (Esse critério

    — preço maior e pagamento à

    vista — excluía do acesso à terra

    os despossuídos,Imigrantes e

    favorecia plenamente os

    grandes proprietários.)

  • • O dinheiro obtido com a venda de

    terras deveria ser empregado no custeio

    da viagem de colonos estrangeiros que

    vinham trabalhar para a grande lavoura.

    • Toda área que não estivesse ocupada

    ou utilizada deveria voltar para as mãos

    do Estado e ser considerada terra

    pública.

  • A interpretação dessa lei leva a

    compreender, de forma inequívoca,

    que ela foi elaborada para reafirmar

    a grande propriedade rural no Brasil,

    mantendo assim os privilégios de que

    gozavam seus proprietários.

    Favoreceu principalmente os

    fazendeiros de café interessados em

    desenvolver a plantation e,

    sobretudo, desejosos de manter o

    poder político e econômico.

  • O “HOMESTEAD ACT” PROMULGADO

    EM 1862 NOS ESTADOS UNIDOS

    Um Exemplo de Política Agrária na América :

    40 milhões de Imigrantes

  • A CONQUISTA DO OESTE EUA

    http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/62/Us_historic_territories.jpg

  • Ferrovias da Integração

    leste - oeste

  • O acesso à terra continuou

    sendo um grande problema

    para as massas despossuídas da

    sociedade brasileira.

    Com a Proclamação da

    República, em 1889, que

    defendia a autonomia dos

    Estados, as terras devolutas e as

    questões relativas à terra em

    cada unidade da Federação

    brasileira passaram para o

    âmbito dos governos estaduais.

  • Com isso o uso da propriedade

    da terra como instrumento de

    poder tornou-se mais

    generalizado: as oligarquias

    empossadas nas

    administrações estaduais

    podiam distribuir as terras

    públicas segundo seus

    interesses e conveniências,

    inclusive com fins políticos

  • Os “coroneis (no caso, os donos de

    vastas propriedades), em termos locais

    e regionais, possuíam até mesmo

    forças repressivas privadas (tropas de

    jagunços ou capangas) prontas para

    sufocar qualquer ameaça ao status

    quo. Como eram eles que davam

    sustentação política ao governo

    federal, este, em troca, tolerava

    seus mandonismos locais.

  • AS LIGAS CAMPONESAS NASCERAM DE UMA

    SOCIEDADE CIVIL BENEFICENTE, VOLTADA A

    ENTERRAR COM DIGNIDADE O TRABALHADOR

    RURAL DE PERNAMBUCO .

    AS LIGAS CAMPONESAS (Anos 30)

  • Com três fins específicos:

    1. auxiliar os camponeses com despesas

    funerárias

    2. fornecer assistência médica, jurídica e

    educação aos camponeses;

    3. formar uma cooperativa de crédito

    capaz de livrar aos poucos o

    camponês do domínio do latifundiário.

  • A miséria era - e é - tanta que,

    até para adquirir um caixão

    mortuário para enterrar seus

    mortos, os trabalhadores rurais

    do Nordeste não possuíam

    condições. Utilizavam, para

    tanto, um caixão “de

    caridade” emprestado pela

    prefeitura do município até a

    beira da cova, onde o morto

    era retirado para que o caixão

    fosse devolvido para servir

    outro defunto.

  • Essa era uma extrema

    humilhação, tendo em vista a

    forte religiosidade cristã do

    camponês nordestino, para

    quem o cerimonial da morte

    era o momento de sua

    libertação, o ponto final de seu

    sofrimento, pois entendia que a

    vida não lhe pertencia. (Ensaio sobre o Nordeste, área explosiva, p. 29.)

  • Ligas Camponesas do Brasil As primeiras Ligas Camponesas ressurgiram no

    Brasil, em 1945, logo após a redemocratização

    do país depois da ditadura do presidente

    Getúlio Vargas.

  • Camponeses e trabalhadores rurais se organizaram em

    associações civis, sob a iniciativa e direção do recém

    legalizado Partido Comunista Brasileiro – PCB. Foram criadas

    ligas e associações rurais em quase todos os estados do

    país.

  • FAZENDA GALILEIA

  • A SAPPP até recebera apoio, no

    começo, do proprietário do

    Galileia. Porém aos poucos foi

    desgostando, e pressionando os

    camponeses para se desfazerem

    da liga; os camponeses

    resistiram, e com o apoio de

    Francisco Julião,

    institucionalizaram a associação.

  • FRANCISCO JULIÃO ARRUDA

  • Em janeiro de 1955, com a criação da Sociedade Agrícola de Plantadores e Pecuaristas de Pernambuco,

    a SAPP, localizada no Engenho Galileia, em Vitória de

    Santo Antão, Pernambuco, houve o ressurgimento das

    Ligas Camponesas no Nordeste.

    A partir do seu ressurgimento, as Ligas deixaram de ser

    organizações e passaram a ser um movimento agrário,

    que contagiou um grande contingente de trabalhadores rurais e também urbanos.

  • A pendência se prolongou até 1959, quando foi

    aprovada a proposta de desapropriação do

    engenho, encaminhada à Assembleia Legislativa

    pelo governador Cid Sampaio com base num

    antigo projeto de Julião. A questão deu

    notoriedade aos camponeses de Galileia e, ainda

    mais, transformou o primeiro núcleo das Ligas

    Camponesas no símbolo da reforma agrária que os

    trabalhadores rurais almejavam.

  • Assassinato de João Pedro, morto em uma emboscada em

    dia 2 de abril de 1962, fato que marcou a história das Ligas

    Camponesas. O casal teve 11 filhos e morou em muitos sítios

    e cidades até assentar-se numa parcela da terra de Manoel

    Justino. Só que João Pedro começou a militar na organização

    dos trabalhadores do campo. Tornou-se líder da Liga

    Camponesa de Sapé para profundo desgosto do sogro.

    Sob liderança do fazendeiro Agnaldo Veloso Borges,

    encomendou-se a eliminação do incômodo organizador dos

    trabalhadores. O que foi feito, por dois policiais, em abril de

    1962. Agnaldo, que era quinto suplente na Assembleia

    Legislativa da Paraíba, viu o titular da vaga e quatro suplentes

    renunciarem para que ele tomasse posse e adquirisse

    imunidade parlamentar. Depois do triunfo do golpe militar de

    1964, os dois policiais foram “inocentados”.

  • A expansão e a atuação das ligas

    camponesas preocupava não

    somente os grandes proprietários de

    terra do Brasil, mas até mesmo os

    Estados Unidos. Em vista da

    Revolução Cubana, feita nas “barbas

    do tio Sam”, e temendo o seu

    desdobramento em outros países da

    América Latina, o governo J.F.K.

    A QUESTÃO GEOPOLÍTICA DAS

    “LIGAS CAMPONESAS”

  • começou a preparar as

    bases para uma contra-

    revolução, através da

    criação, em 1961, da

    Aliança para o Progresso e

    do envio de militares norte-

    americanos disfarçados em

    comerciantes, religiosos,

    industriais etc., para o Nordeste.

  • Em 1962 cerca de 5 mil norte-americanos entraram

    no Brasil. Essa cifra nunca tinha sido tão elevada :

    “boinas-verdes” (green berets).

    Na mesma década em que foram criadas as ligas

    camponesas (1950), ocorreram confrontos entre posseiros e grileiros em outros pontos do Brasil -

    como o norte do Paraná e Mato Grosso do Sul - e

    formaram-se sindicatos rurais em vários lugares.

  • As reformas de base do governo João Goulart (1962)

    incluíam a reforma agrária. Sua

    orientação política contrariava

    os interesses dos grandes

    proprietários rurais, dos

    banqueiros, dos industriais e

    dos grandes comerciantes, pois

    a esse tempo os três últimos já

    tinham também se

    transformado em donos de

    terras.

    O Estatuto do Trabalhador Rural (ETR)

  • 1. Estabilidade no trabalho após dez anos de

    serviços prestados.

    2. Jornada de trabalho de oito horas.

    3. Salário mínimo.

    4. Férias remuneradas.

    5. Repouso semanal remunerado.

    6. Aviso-prévio em caso de demissão por parte

    do empregador ou do empregado.

    7. Proteção ao trabalho da mulher e do

    menor.

    8. Além disso, foi criado o Funrural .

    A “SAÍDA” ENCONTRADA PELO SISTEMA PARA NÃO

    ASSUMIR OS ENCARGOS SOCIAIS: O BOIA-FRIA.

  • TRADIÇÃO, FAMÍLIA E PROPRIEDADE

    1960

    PLÍNIO

    CORRÊA

  • ERA MILITAR : 1964 – 1985

    A ANTI-DEMOCRACIA )

  • A criação do Estatuto da Terra no

    final de 1964, mais precisamente em

    30/11/1964.

    A expansão do capitalismo no

    campo.

    A expansão da fronteira agrícola em

    direção à Amazônia.

    A militarização da questão agrária.

    OS GOVERNOS MILITARES, A QUESTÃO DA TERRA

    A EXPANSÃO DO CAPITALISMO NO CAMPO.

    I.N.C.R.A.

  • “Art. 1o

    Parágrafo 1o — Considera-se

    Reforma Agrária o conjunto de

    medidas que visem a promover

    melhor distribuição da terra,

    mediante modificações no regime

    de sua posse e uso a fim de atender

    aos princípios de justiça social e ao

    aumento de produtividade.

    O Estatuto da Terra: um Instrumento

    Legal que Poderia Viabilizar a Reforma

    Agrária

  • Parágrafo 2o — [...] Política Agrícola [...] o conjunto de providências de

    amparo à propriedade da terra, que

    se destinem a orientar, no interesse

    da economia rural, as atividades

    agropecuárias, seja no sentido de

    garantir-lhes o pleno emprego, seja

    no de harmonizá-las com o processo

    de industrialização do país”.

  • •Minifúndio — imóvel rural com

    área explorável inferior ao módulo

    fixado para a respectiva região.

    •Empresa rural — imóvel rural com

    área de até 600 vezes o módulo

    rural da respectiva região,

    explorada econômica e

    racionalmente.

    QUANTOS HECTARES POSSUI UM

    MÓDULO RURAL ???

  • Latifúndio por exploração — todo imóvel rural

    cuja dimensão não exceda aquela admitida

    como máxima para empresa rural (600 vezes o

    módulo rural), mas que seja mantida

    inexplorada em relação às possibilidades físicas,

    econômicas e sociais do meio, com fins

    especulativos, ou que seja deficiente ou

    inadequadamente explorada, de modo a

    vedar-lhe a classificação como empresa rural (latifúndio improdutivo).

    Latifúndio por dimensão — todo imóvel rural

    com área superior a seiscentas vezes o módulo

    rural fixado para a respectiva região.

  • “Área explorável que, em determinada

    posição do país, direta e pessoalmente

    explorada por um conjunto familiar

    equivalente a quatro pessoas adultas,

    correspondendo a 1.000 jornadas anuais, lhe

    absorva toda a força de trabalho em face do

    nível tecnológico adotado naquela posição

    geográfica, proporcione um rendimento

    capaz de assegurar-lhe a subsistência e o

    progresso social e econômico”.

  • Multiplique o

    Número de

    Por Para obter o

    equivalente em

    are 100 metros quadrados

    acres 4.047 metros quadrados

    acres 0,4047 hectares

    hectares 10.000 metros quadrados

    alqueires paulistas 2,42 hectares

    alqueires mineiros 4,84 hectares

    alqueires baianos 9,68 hectares

    alqueires do norte 2,72 hectares

  • Com base nesses conceitos, o Instituto Nacional de

    colonização e Reforma

    Agrária (Incra), na época

    responsável pela execução

    da política agrária (que substituiu o Instituto Brasileiro de

    Reforma Agrária -IBRA), em 1970,

    realizou o cadastramento

    dos imóveis rurais em 1972,

    facilitando a compreensão

    da situação agrária

    brasileira, marcada por

    grandes contrastes.

  • Um setor da Igreja

    Católica, denominado

    “progressista”, ligado à

    Teologia da libertação

    de Leonardo Boff,

    posicionou-se ao lado

    dos trabalhadores rurais

    e urbanos, aumentando

    a politização e as lutas, no campo e na cidade,

    por uma sociedade

    justa.

    Teologia da Libertação

  • Dom Tomás Balduíno,

    Comissão Pastoral da

    Terra (CPT) é um órgão

    da Conferência

    Nacional dos Bispos do

    Brasil (CNBB),

    vinculado à Comissão

    Episcopal para o

    Serviço da Caridade, da

    Justiça e da Paz e

    nascido em 22 de

    junho de 1975, durante

    o Encontro

    de Pastoral da

    Amazônia, convocado

    pela CNBB e realizado

    em Goiânia (GO).

  • Por volta de 1960 formaram-se as

    primeiras comunidades eclesiais de

    base (CEBs), entidades articuladas à

    comissão Pastoral da Terra (CPT),

    órgão da conferência Nacional dos

    Bispos do Brasil (CNBB), que, ao longo

    dos anos, têm atuado ativamente nas

    comunidades rurais, apoiando a luta

    dos posseiros, dos peões, dos boias-

    frias, e acompanhado os conflitos no

    campo, denunciando-os e

    pressionando os governos a resolvê-los

    a contento.

  • Para se ter ideia, entre 1965 e 1981, portanto no decorrer de 16 anos, foram baixados apenas

    124 decretos de desapropriação de terras para

    fins de reforma agrária. Nesse período alastraram-se os conflitos no campo,

    calculados em mais de 70 anualmente. A

    omissão do governo federal foi muito grande em decorrência das pressões dos interessados

    na manutenção do status quo, ou seja, os

    latifundiários e as empresas rurais (já a esse tempo integrados por comerciantes, industriais

    e banqueiros).

    REFORMA AGRARIA FICTICIA

  • Os governos militares adaptaram a questão agrária ao modelo político-econômico

    implantado, ou seja, de capitalismo

    associado, dependente e excludente. O modelo seguido privilegiou a instalação de

    grandes empresas rurais nacionais e

    estrangeiras e de latifúndios. Para executar essa política, escancarou o crédito rural

    subsidiado e os incentivos fiscais. Boa parte do dinheiro originário do crédito rural não foi aplicado na agropecuária mas para outros

    fins: compra de imóveis urbanos, de imóveis

    rurais com fins ou não de especulação, de veículos de passeio, iates, abertura de

    estabelecimentos de comércio etc.

  • O Estatuto da Terra serviu de instrumento

    de controle das tensões sociais no

    campo, ou seja, foi utilizado pelos

    governos como “tábua de salvação” nos

    momentos em que estas ameaçaram

    atingir níveis insustentáveis.

    Nesses momentos realizaram-se alguns

    assentamentos e também

    reassentamentos de pequenos

    proprietários que tinham sido vítimas de

    grileiros ou de grandes fazendeiros. Os

    conflitos continuaram intensos da

    década de 1960 até hoje.

  • Entre 1964 e 1994 foram assassinados

    1.937 trabalhadores rurais no Brasil,

    número que corresponde apenas ao

    que a comissão Pastoral da Terra (CPT)

    e outras entidades, como sindicatos

    rurais e Movimento dos Trabalhadores

    Sem-Terra, conseguiram registrar,

    supondo-se que deve ter sido muito

    maior, pois durante o período da

    ditadura militar era difícil comprovar

    esses assassinatos.

    CRIMES NOS CAMPOS DO BRASIL

  • Os conflitos entre as partes que

    disputam um lugar no espaço

    territorial amazônico têm causado

    muitas mortes. Foi muito comum,

    quando da implantação dos grandes

    projetos agropecuários, contratar

    pistoleiros e jagunços (assassinos

    pagos) para expulsar posseiros e

    índios das terras dos projetos.

    PISTOLEIROS E AÇÚCAR ENVENENADO FORAM

    USADOS PARA DESOCUPAR TERRAS NA AMAZÔNIA

  • É conhecido o “massacre do paralelo 11”, em

    que pistoleiros assassinaram todos os indígenas

    de uma aldeia da tribo dos Cinta-Larga, para

    desocupar uma área de terra. É também

    conhecido o caso em que muitos índios

    “Beiço-de-Pau” morreram porque comeram

    açúcar envenenado fornecido pelo branco.

    De 1.100 assassinatos de trabalhadores rurais no

    Brasil no período de 1964 a 1985, portanto no

    período dos governos militares, 535 ocorreram na

    Amazônia. Desses, 489 ocorreram no período de

    1974 a 1985, justamente quando foram

    implantados os grandes projetos agropecuários.

  • Dentro da orientação ideológica da

    segurança nacional, desenvolvida na

    Escola Superior de guerra, os governos

    militares elaboraram vários planos para a

    “ocupação” da Amazônia. O território

    amazônico, sendo um “espaço vazio”, era

    visto como bastante vulnerável à

    penetração externa e à cobiça

    internacional a exemplo do ocorrido na

    Antártida. Assim, por questão de segurança

    nacional, ela deveria ser “ocupada”.

    A expansão da fronteira agrícola em direção à

    Amazônia e a militarização da questão agrária

  • A “ocupação” da Amazônia, sendo a

    ideologia oficial, traria grandes

    benefício: melhoraria a vida do caboclo

    regional, a do nordestino e de outros

    brasileiros das regiões Sul e Sudeste,

    principalmente onde a fronteira agrícola

    já se apresentava “esgotada” e onde as

    relações entre proprietários de terra e os

    sem-terra estavam se tornando tensas.

    em outras palavras, ela serviria de

    “válvula de escape” ou de “segurança”

    para os conflitos no campo.

  • “[...] O projeto de reforma agrária foi, assim, esquecido [...]. Permaneceu o

    problema clássico: muita terra na mão de

    pouca gente, muita gente com pouca

    terra. [...] Assim, o problema da terra foi

    trazido aos nossos dias. como uma revolta

    da cidadania em face das injustiças

    sociais. [...] A questão agora é outra: é

    inaceitável que existam latifúndios e,

    conseqüentemente, terras improdutivas,

    enquanto milhões de famílias passam

    fome.[...]” (Francisco Graziano, Qual reforma agrária? Terra, pobreza e cidadania, p. 55.)

  • GUERRILHA ARAGUAIA – 1972-74 Foi a tentativa de dissidentes do Partido Comunista do Brasil (PC do B) de organizar uma luta armada, a partir do campo,

    para enfrentar a ditadura militar.

  • PROJETOS COLONIAIS DA AMAZôNIA

    “ Ocupar para não ser Ocupado “ (Médici)

  • O Projeto Integrado de Colonização (PIC),

    que fez o assentamento das famílias de

    colonos, prestou assistência técnica e

    concedeu empréstimos em dinheiro.

    O Projeto de Assentamento (PA) ,que fez

    a demarcação das terras de cada família

    e forneceu o documento da

    propriedade, um tipo de assentamento

    sem assistência técnica nem financeira.

    POLÍTICA DE COLONIZAÇÃO

    DIRIGIDA

  • “As empresas desmatam áreas

    maiores e em ritmo crescente.

    Utilizam o trabalho assalariado, que

    possibilita rápido desmatamento, e

    nas operações seguintes dispõem

    de aviões que espalham

    desfolhantes, defensivos e sementes

    de capim, que em três dias realizam

    uma operação equivalente a um

    ano de trabalho vivo”.

    PROJETO DE “OCUPAR” A AMAZÔNIA

  • A chegada dos grandes projetos

    agropecuários (e também minerais) na

    Amazônia representou uma grande

    destruição do meio ambiente, além de

    acirrar os conflitos de territorialidade, ou seja,

    a disputa por territórios. Esses conflitos

    representam o choque de interesses das

    partes envolvidas na “ocupação” recente da

    Amazônia, ou seja, as grandes empresas

    agropecuárias e minerais, os trabalhadores

    sem-terra, os pequenos e médios

    proprietários, os posseiros, os garimpeiros, os

    indígenas, os grileiros, os seringueiros e os

    castanheiros.

  • De 1966 a 1985, portanto no

    período dos governos militares, 581

    projetos agropecuários foram

    aprovados pela Superintendência

    do Desenvolvimento da Amazônia

    (Sudam), abrangendo 134

    municípios da Amazônia Legal.

    A eles somam-se 40 projetos

    agroindustriais e 52 de serviços,

    todos incentivados pelo governo

    federal.

  • • Volkswagen (Companhia Vale do Rio Cristalino, localizada no sul do Pará,

    abrangendo uma área de 140 mil hectares);

    • Suiá-Missu (700 mil hectares, área quatro vezes maior do que a Baía de

    Guanabara), vendida posteriormente ao grupo italiano Liquifarm;

    • a Companhia de Desenvolvimento do Araguaia — Codeara (600 mil hectares, de

    propriedade do Banco de Crédito Nacional, da família Conde);

    • Bradesco,

    • Bamerindus (HSBC),

    • Tamakavy (rede de lojas de Sílvio Santos),

    • Sadia (Brasfoods),

    • Camargo Corrêa,

    • Frigorífico Atlas (de que participam empresas alemãs),

    • Drury’s Amazônica S.A. (norte-americana),

    • Projeto Jari (1,5 milhão de hectares, pertencente durante anos ao milionário norte-

    americano Daniel Ludwig);

    • Georgia Pacific (500 mil hectares)

    • Toyomenka (300 mil hectares) , etc.

  • “A questão [...] tem origens na legislação a respeito do

    assunto que, até 1984, dizia que todos aqueles

    projetos que não cumprissem com as normas

    poderiam ser cancelados, e então deveriam ressarcir o

    Tesouro Nacional pelos valores históricos, ou seja, a

    mesma quantia de dinheiro recebida através dos

    incentivos. Isto equivale a dizer que não é imputada

    aos golpistas ou falsários a correção monetária

    sobre os valores incentivados. Foi por esta razão que

    a maioria dos grandes grupos econômicos, nacionais

    ou estrangeiros, criou suas agropecuárias para dessa

    forma descarregar/desviar dinheiro do imposto de

    renda que deveria ser recebido pelo governo [...]”.

  • EXPORTAR É O QUE IMPORTA !!!

    Projeto Militar para o Campo

    (Banco do Brasil)

  • União Democrática Ruralista (UDR) X Movimento

    dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e CONTAG

  • ÁREAS DE CONFLITO

  • 17 de abril de 1996

  • Em prosseguimento às discussões e

    embates em torno da reforma agrária, em

    25 de fevereiro de 1993 foi sancionada a

    Lei nº 8.629 pelo presidente Itamar Franco.

    Essa lei dispõe sobre a regulamentação

    dos dispositivos constitucionais relativos à

    reforma agrária previstos no Capítulo III

    (Da política agrícola e fundiária e Da

    reforma agrária), título VII (Da ordem

    econômica e financeira) da Constituição

    Federal.

    A NOVA LEI AGRÁRIA (1993)

  • A Variação do Módulo Fiscal no Território Brasileiro é de 5 a 110 Hectares.

  • Minifúndio – todo imóvel rural cuja dimensão é

    inferior ao módulo fiscal fixado para o município.

    Pequena propriedade – o imóvel rural cuja

    dimensão esteja compreendida entre

    1 (um) e 4 (quatro) módulos fiscais.

    Média propriedade – o imóvel rural cuja

    dimensão esteja compreendida entre mais de 4

    (quatro) e 15 (quinze) módulos fiscais.

    Grande propriedade – o imóvel rural cuja

    dimensão é superior a 15 (quinze) módulos

    fiscais.

    MÓDULO FISCAL

  • Tomando-se como exemplo o município de Ribeirão Preto (SP), o módulo fiscal foi fixado em 10 hectares.

    Assim, nesse município, será:

    Minifúndio: o imóvel rural com menos de e10 ha.

    Pequena propriedade: aquele cuja dimensão

    estiver compreendida entre 10,01 e 40 hectares.

    Média propriedade: entre 40,01 até 150 hectares.

    Grande propriedade: mais de 150 hectares.

    A Variação do Módulo Fiscal no Território

    Brasileiro é de 5 a 110 Hectares.

  • Tomando-se como exemplo o município do Pantanal Matogrossense (MS), o módulo fiscal foi fixado em

    110ha. Assim, nesse município, será:

    Minifúndio: o imóvel rural com menos de 110ha.

    Pequena propriedade: entre 110,01 e 440 ha.

    Média propriedade: entre 440,01 até 1500 ha.

    Grande propriedade: mais de 1500 ha.

  • A Lei 8.629 também estabeleceu, com o

    intuito de acalmar os ânimos e os mal-

    entendidos, que “são insuscetíveis de

    desapropriação para fins de reforma agrária

    a pequena e a média propriedade rural,

    desde que o seu proprietário não possua

    outra propriedade rural”.

    Mas não podemos nos esquecer de que,

    mesmo nesses casos, a função social da terra

    esteja sendo cumprida. É condição,

    portanto, prioritária.

  • A ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO NA AGRICULTURA

    BRASILEIRA E AS RELAÇÕES DE TRABALHO

    1. O latifúndio.

    2. A unidade familiar produtora de

    mercadorias.

    3. A unidade familiar de subsistência.

    4. A empresa agropecuária capitalista,

    em que se inclui a agroindústria.

    5. Fundo das Terras (Banco de Terras).

  • • O Morador ou agregado

    • O parceiro

    • O trabalhador assalariado

    • O boia-fria

    RELAÇÕES DE TRABALHO

  • O Pronaf foi criado em 1996, durante o governo de Fernando Henrique

    Cardoso, através do Decreto 1.946,1 com o objetivo de

    promover o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar".

    O Pronaf é mais conhecido pelo crédito aos agricultores familiares mas vai além disso. Atualmente o programa

    conta com o subprograma de Assistência Técnica e Extensão Rural - ATER, que busca fomentar a geração de renda pela agroindústria, turismo

    rural, biocombustíveis, plantas medicinais, cadeia produtiva, seguro agrícola, seguro de preço e seguro

    contra calamidade por seca na Região

    Nordeste.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Programa_de_Fortalecimento_da_Agricultura_Familiar

  • 1. INSUMOS

    2. PRODUTO

    AGRICOLA

    3. INDUSTRIALIZACAO

    4. ENVAZAMENTO

    5. DISTRIBUIR

    6. CONSUMO FINAL

    CADEIA PRODUTIVA

    Cultura Intensiva

    Cultura Extensiva

    • Itinerante

  • Lavouras Permanentes 18,5 milhões de ha.

    Lavouras Temporárias 80,4 milhões de ha.

    1.000.000 Pecuaristas 221mi ha.

    740 indústrias de carnes e derivados

    Aumento 83,5% área de lavouras (1996-2006)

    Norte maior crescimento lavouras (275%)

    Se (50%) Sul (48,8%) Medida Provisória 458

    (Regulariazação Amazônia Legal)

    Monoculturas: 54,6% estabelecimentos

    2,8 milhões estabelecimentos

    81% valor da Produção Nacional

    Cana 14%

    Soja 13%

    Gado 10%

    Cereais 9% 1.Agricultura Familiar (32% Pib) Pronaf

    2.Agricultura Patronal (68% Pib)

  • Medida Provisória 458

    (Regulariazação Amazônia Legal)

    Posseiros formalizem juridicamente seu direito a

    essas propriedades.

    As propriedades até 1Km²(100 ha), 55% do total dos lotes, serão doadas aos posseiros.

    Quem tiver até 4 Km²(400 ha) terá de pagar um

    valor simbólico.

    Proprietários com até 15 Km² (1,5 mil ha) pagam

    preço de mercado.

  • Os posseiros interessados em adquirir as

    terras precisam ainda atender a

    algumas condições, entre elas, ter na

    propriedade sua principal fonte

    econômica e ter obtido sua posse de

    forma pacífica até dezembro de 2004.

    Após a transferência, o proprietário terá

    ainda de cumprir certas obrigações,

    como por exemplo, recuperar áreas que

    tenham sido degradadas. Pelo Código

    Ambiental, pelo menos 80% de cada

    propriedade na Amazônia deve ser

    preservada.

  • Características da Agricultura

    1. Agricultura de Auto-subsistência,

    Subsistência e Comercial.

    2. Técnicas de Jardinagem, Rotação de

    Culturas, Rotação de Terras, Hidroponia,

    Curvas de Nível, Terraceamento...

    3. Produção Intensiva e Extensiva.

    4. Produção Comercial e Familiar.

    5. Plantations ....

  • REVOLUÇÃO VERDE

    Revolução Verde refere-se à invenção e disseminação de novas sementes e práticas agrícolas que permitiram um vasto aumento na

    produção agrícola em países menos desenvolvidos durante as décadas de 60 e 70. É um amplo programa idealizado para

    aumentar a produção agrícola no mundo por meio da alteração genética de sementes, uso INTENSIVO de insumos industriais,

    mecanização e redução do custo de manejo. O modelo se baseia na intensiva utilização de sementes

    geneticamente alteradas (particularmente sementes híbridas), insumos industriais (fertilizantes e agrotóxicos), mecanização,

    produção em massa de produtos homogênicos e diminuição do custo de manejo. Também são creditados à revolução verde o uso

    extensivo de tecnologia no plantio, na irrigação e na colheita, assim como no gerenciamento de produção.

    Combater a Fome no Mundo ???

  • Integração entre campo e cidade, caracterizada

    pela subordinação da agricultura à indústria, pois

    é esta que fornece os insumos/implementos

    (Indústria para atender o campo)

    Ao mesmo tempo, a indústria é o principal destino

    dos produtos agrícolas, transformando-os

    (beneficiando)em alimentos, medicamentos e

    outros...

    Ao mesmo tempo, a indústria é o principal destino

    dos produtos agrícolas, transformando-os em

    alimentos, medicamentos e outros...

    AGROINDÚSTRIA

  • Os insumos agrícolas são insumos de produção

    que são utilizados na obtenção de produtos

    agrícolas, sejam vegetais ou animais.

    Podem ser categorizados em:

    Insumos mecânicos: Todos os equipamentos e

    máquinas usadas para a preparação e

    manutenção dos produtos. Ex: tratores, sistemas

    de irrigação, etc.

    Insumos biológicos: Elementos que são de

    origem vegetal ou animal. Ex: Adubos, plantas,

    etc;

    Insumos minerais ou químicos: Produtos

    provenientes de rochas ou fabricados em

    laboratórios. Ex: fertilizantes, agrotóxicos, etc.

  • Complexo agroindustrial é a integração técnica

    intersetorial entre a agropecuária, as indústrias que

    produzem para a agricultura (máquinas e insumos) e as

    agroindústrias (que processam matérias-primas

    agropecuárias e as transformam em produtos

    industrializados: queijo, manteiga, óleos vegetais, extratos

    de tomate, suco de laranja, álcool etílico, açúcar etc.).

  • Modernização no Brasil

  • Práticas Agrícolas dos EUA

    1 – Dry farming (culturas irrigadas)

    2 – Pecuária extensiva

    3 – Wheat belt (trigo de primavera ao norte e de inverno ao sul)

    4 – Dairy belt (laticínios) e Green belt (hortifrutigrangeiros)

    5 – Corn belt (milho, as vezes soja e suinos)

    6 – Cotton belt (algodão, as vezes tabaco)

    7 – Produtos tropicais