agricultura familiar e alimentação escolar sob a vigência ... · todos apresentam...
TRANSCRIPT
Vitória, 22 a 25 de julho de 2012
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
1
Agricultura Familiar e Alimentação Escolar sob a Vigência da Lei
11.947/2009: Adequação das Chamadas Públicas e Disponibilidade de
Produtos no Estado de São Paulo em 20111
Family agriculture and school feeding under the term of Law
11.947/2009: Adequacy of public calls and availability of products in state
of São Paulo in 2011.
Grupo de Pesquisa: Agricultura Familiar e Ruralidade
Resumo
Foram analisadas características de um conjunto de 48 chamadas públicas da alimentação
escolar para compra de produtos da agricultura familiar praticadas em 2011 no Estado de
São Paulo. Também se estimou o potencial de atendimento do consumo escolar no Estado
e em suas 15 regiões administrativas pela produção de 10 produtos oriundos da agricultura
familiar estadual. Mais de 40% das chamadas exigem que os produtos sejam entregues em
muitos locais. A frequência de entrega mais comum é a semanal e predomina a demanda
por produtos in natura, especialmente os de origem vegetal. O leite e seus derivados se
destacam entre os de origem animal presentes nas chamadas públicas. Há boa
disponibilidade da produção de leite de vaca, dos ovos de galinha e da carne de frango
pelos agricultores familiares no Estado de São Paulo. Entre os de origem vegetal, há
grande disponibilidade produtiva nos casos das frutas (banana e laranja), da batata, da
mandioca e do tomate. Registrou-se pequena deficiência na produção de feijão e grande
deficiência na produção de arroz pelas 15 regiões administrativas paulistas. Alguns
produtos, como a batata, apresentam produção mais concentrada entre as regiões
administrativas, enquanto produtos, como o leite, estão mais distribuídos em todo o estado.
Palavras-chaves: agricultura familiar, alimentação escolar, Lei 11.947/09, Estado de São
Paulo.
Abstract
Were analyzed characteristics of a set of 48 public calls of school feeding for purchase of
products from family agriculture practiced in 2011 in state of São Paulo. Was also
1 Este artigo foi possível com informações obtidas em desenvolvimento de Projeto de Pesquisa financiado
pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Vitória, 22 a 25 de julho de 2012
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
2
estimated the potential of school care consumption in the state and its 15 administrative
regions from the production of 10 products derived from family agriculture. It was
observed that over 40% of all calls require that the products need to be delivered
in multiple locations. The most common frequency of delivery is weekly and predominate
the requests for fresh products, especially those of vegetable origin. The milk and its
derivatives stand out among the products of animal origin in public calls. There is good
availability of cow’s milk production, chicken eggs and chicken meat from family
farmers in the state of São Paulo. Among the vegetal products, there is wide availability of
fruit production (banana and orange), of potato, cassava and tomatoes. It was
recorded slight deficiency in the production of beans and big deficiency in rice production
by the 15 administrative regions of São Paulo. Some products, such as potatoes, have a
production more concentrated between the administrative regions, as products, like milk,
are more distributed throughout the state.
Key Words: family agriculture, school feeding, Law 11.947/09, state of São Paulo.
1. INTRODUÇÃO
Em 16 de junho de 2009 foi aprovada a Lei Federal 11.947 que regulamenta o
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), vigente no Brasil desde a década de
1950. Seu Artigo 14 determina que, do total de recursos financeiros repassados pelo Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) aos estados e municípios para gastos
na alimentação escolar, no mínimo 30% devem ser utilizados na aquisição de gêneros
alimentícios oriundos de agricultores familiares ou de suas organizações.
No que tange às políticas direcionadas aos agricultores familiares, bem como à
questão da segurança alimentar, o Artigo 14 da Lei 11.947 pode ser visto como um
desdobramento do Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA),
instituído a partir da aprovação da Lei Federal 10.696, de 2 de Julho de 2003.
O PAA procura alcançar dois objetivos principais: garantir renda aos agricultores
familiares e contribuir para alimentação de pessoas em insegurança alimentar. Os recursos
orçamentários são administrados pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome e pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e são executados diretamente pelo
Governo Federal, através da Companhia Nacional do Abastecimento (CONAB), ou em
convênios firmados com os estados e municípios. Todavia, no PAA não são estabelecidos
porcentuais mínimos de gasto e não existe obrigação de adesão dos entes federados.
Sendo assim, o Artigo 14 da lei do PNAE se apresenta de forma mais incisiva,
estabelecendo porcentagem mínima de aplicação obrigatória quanto aos recursos
repassados pelo FNDE aos entes da federação que executam ações de alimentação escolar.
Ademais, o Artigo 3 da Lei 11.947 relata a intenção do Programa Nacional de Alimentação
Escolar contribuir para o desenvolvimento local, na medida que sugere que se priorize as
compras de alimentos produzidos pela agricultura familiar em âmbito local. A
regulamentação da Lei do PNAE instituiu que se deva usar a Chamada Pública como
instrumento para aquisição dos produtos da agricultura familiar.
O atendimento dos artigos 3 e 14 da Lei do PNAE traz importantes desafios para os
agricultores familiares e suas organizações produtivas, bem como para os gestores públicos
da alimentação escolar. Entre eles, a adequação do cardápio e da logística da alimentação
escolar à produção da agricultura familiar. Neste caso, pode-se destacar, por exemplo, o
Vitória, 22 a 25 de julho de 2012
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
3
grau de processamento que se exige nos produtos da alimentação escolar e a capacidade da
agricultura familiar promover esse processamento. Outra questão a ser considerada diz
repeito à existência de produtos da agricultura familiar no município ou na região onde são
desenvolvidas as ações de alimentação escolar.
1.1. Objetivos e Organização do Trabalho
O presente trabalho refere-se ao ano de 2011 e tem como região de estudo o Estado
de São Paulo e suas regiões administrativas. O primeiro objetivo procura analisar, para um
conjunto significativo de Chamadas Públicas de municípios paulistas, itens como natureza
do produto, grau de processamento exigido, periodicidade e locais de entrega e duração do
contrato. O segundo objetivo, a partir de uma estimativa da demanda de diversos produtos
na alimentação escolar, procura verificar a disponibilidade de sua produção pelos
agricultores familiares nas diversas regiões administrativas e no estado como um todo.
Além da introdução, o trabalho contém outras cinco seções. A segunda, baseada na
literatura existente, faz comentários sobre mudanças institucionais que levaram à
elaboração de legislação para compra de produtos da agricultura familiar e de aspectos da
agricultura familiar no Estado de São Paulo. Na terceira seção discorre-se sobre questões
metodológicas, referentes às análises das chamadas públicas e às estimativas de consumo e
de produção de produtos para a alimentação escolar. A quarta seção apresenta os resultados
das análises de um conjunto de 48 chamadas públicas consideradas no estudo. Na quinta,
confrontam-se as estimativas de consumo escolar e da produção de dez produtos da
agricultura familiar no Estado e em suas regiões administrativas. Algumas considerações
finais fecham o trabalho.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Histórico institucional: alimentação escolar e o desenvolvimento da agricultura
familiar O Artigo 14 da Lei 11.947 advém, na esfera institucional, da Política de Garantia de
Preços Mínimos (PGPM) e, mais especificamente, do Programa de Aquisição de
Alimentos da Agricultura Familiar (PAA).
A PGPM foi instituída em 1945 e seu gerenciamento ficava a cargo da Comissão
para Financiamento da Produção (CFP), órgão constituído em 1943 (WEDEKIN, 2005).
Tal política se dava através de dois instrumentos básicos, a Aquisição do Governo Federal
(AGF) e o Empréstimo do Governo Federal (EGF). A AGF é executada com recursos
provenientes do Tesouro Nacional e contribui para a formação de estoques reguladores
públicos. Já o EGF se baseia em crédito de comercialização, com recursos provenientes do
Sistema Nacional de Crédito Rural (BACCARIN, 2009).
Na década de 1990 a PGPM foi marcada por importantes alterações institucionais.
Seu gerenciamento passou a ser feito pela Companhia Nacional de Abastecimento
(CONAB) e foram criados novos instrumentos, como o Prêmio de Escoamento de Produto
(PEP), o Contrato de Opção de Venda e o Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (PEPRO).
Todos apresentam características baseadas na equalização de preços, ou na diferença entre
o preço de mercado e o Preço Mínimo fixado pelo Governo Federal.
Apesar da sofisticação dos instrumentos utilizados e todo arcabouço administrativo,
a PGPM não conseguiu contemplar as necessidades de garantia de renda, especialmente
dos agricultores familiares. “Em sua maioria, as formas de acesso à PGPM exigem, por
Vitória, 22 a 25 de julho de 2012
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
4
exemplo, contratação de pregoeiro, contrato com armazém cadastrado, volume de
produtos, e outros elementos que de alguma forma dificultam a participação da agricultura
familiar.” (MÜLLER, 2010).
Em 2 de julho de 2003, na esfera do Programa Fome Zero do Governo Federal, foi
criado o PAA, através da Lei 10.696/03, regulamentada inicialmente pelo Decreto 4.772 de
2 de julho de 2003. De forma concomitante, o PAA se apresentava como um programa de
preços mínimos para determinados produtos e garantia de renda ao agricultor familiar,
como também se propunha contribuir com a segurança alimentar de segmentos da
população brasileira.
Atualmente, o PAA é executado através de quatro modalidades. O Ministério do
Desenvolvimento Agrário, especificamente, destina recursos orçamentários à
operacionalização da Compra Direta e de Formação de Estoque pela Agricultura Familiar.
Já o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome executa as modalidades de
Compra com Doação Simultânea e Incentivo à Produção e ao Consumo de Leite,
específico para a região do Semi Árido brasileiro. Desde seu início estabeleceu-se limite
monetário anual para benefício individual para cada agricultor familiar. No começo o valor
era de R$ 2.500,00 e, em 2010, o limite atingia de R$ 8.000,00 por ano.
Em parte, tais modalidades supracitadas são executadas diretamente pela CONAB,
porém é bastante comum que sejam executadas por estados e municípios conveniados com
o Governo Federal. Entre os grupos beneficiados com o recebimento dos produtos estão os
atendidos por asilos, orfanatos, pessoas abaixo da linha da pobreza e crianças de creches e
escolas públicas que recebem alimentação escolar (BACCARIN et al, 2011).
No que diz respeito à alimentação escolar, no ano de 1955 foi criado o Programa
Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), com intuito de combater as deficiências
nutricionais do alunado brasileiro. Em 2003, a alimentação escolar aparece como uma das
ações priorizadas pelo Programa Fome Zero do Governo Federal.
Atualmente, os recursos federais destinados à alimentação escolar são geridos pelo
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) do Ministério da Educação,
que os repassa a estados e municípios obedecendo a um valor per capita único e o número
de alunos matriculados. No caso do Estado de São Paulo, o Governo Estadual e muitos
municípios aportam recursos complementares para a alimentação escolar (BACCARIN et
al, 2011).
As normas gerais e diretrizes do PNAE encontram-se agrupadas, desde 16 de junho
de 2009, na Lei Federal 11.947/2009 que, entre outros objetivos, dispõe sobre o
atendimento da alimentação escolar. Especificamente, são tratados aspectos relativos à
diversidade e qualidade nutricional da alimentação escolar e, em seu Artigo 14, é instituída
a obrigatoriedade de destinação de no mínimo 30% dos recursos repassados pelo FNDE à
alimentação escolar para a compra direta de produtos da agricultura familiar.
Tal regulação está inserida em um contexto de mudança da concepção sobre o
fornecimento da alimentação escolar, atrelada ao desenvolvimento local e à alimentação
saudável e diversificada. Ademais, o artigo 3 da Lei 11.947 estabelece que se priorizem as
compras de produtos produzidos no âmbito local, o que contribuiria para o
desenvolvimento local. Não sendo possível, deve-se estabelecer a seguinte ordem de
prioridade: compra de agricultores da região, do território rural, do estado e, finalmente, de
outros estados.
Vitória, 22 a 25 de julho de 2012
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
5
2.2. A agricultura familiar no Estado de São Paulo e adequação à lei 11.497 A Agricultura Familiar no Estado de São Paulo apresenta características únicas de
uma região extremamente dinâmica. Por ser um estado cuja base está amparada na
economia industrial, a agricultura por vezes não tem recebido a devida importância.
Todavia, é necessário se dar conta das potencialidades existentes na agricultura familiar
paulista, no sentido de promoção do desenvolvimento local, inclusive através da gestão da
alimentação nas escolas.
De acordo com o Censo Agropecuário de 2006 (IBGE, 2012), o Estado de São
Paulo possuía 151.015 estabelecimentos de agricultura familiar, ocupando área de 2,5
milhões de hectares. A agricultura familiar ocupava 328.177 trabalhadores, equivalente a
36,1% da mão de obra empregada na agricultura paulista. Entre os agricultores familiares,
o Censo Agropecuário contou 6.228 assentados e 5.176 ocupantes de terras.
Em termos de valor da produção, a agricultura familiar apresentava participação de
15,7% do valor gerado nos campos paulistas (NUTRE-SP, 2012). Ainda discorrendo sobre
a participação do valor da produção da agricultura familiar, cabe o destaque à horticultura,
que responde por 41,0% do valor total (familiar e não familiar) gerado neste ramo da
agricultura, além de outros produtos com forte presença na alimentação, o arroz, com
34,1% e o feijão, com 19,9%.
Outro dado pertinente diz respeito à organização e formalização dos agricultores
familiares no Estado. Não é possível encontrar informações sobre o número de associações
e de cooperativas dos agricultores familiares paulistas. Entretanto, em 2011 foi constatado
que 97.717 agricultores familiares apresentaram a Declaração de Aptidão ao PRONAF
(DAP) ativa em São Paulo, número expressivo frente aos 151.015 estabelecimentos de
agricultura familiar elencados no Censo de 2006 (IBGE, 2012, MDA, 2012).
Acrescente às variáveis supracitadas a questão de que o Estado de São Paulo
concentra 36 dos 100 maiores municípios do país em relação aos repasses do FNDE.
Nestes grandes centros, a implementação da Lei 11.947 se apresenta de forma mais
complexa. Como os recursos do FNDE são proporcionais ao número de alunos
matriculados, grande parcela destes se concentram nas cidades populosas e com pequena
área agrícola. De acordo com Nutre (2012), as 100 maiores prefeituras brasileiras (1,7% do
total) recebem cerca de 30% dos recursos de alimentação escolar repassados aos
municípios. Visto o elevado grau de urbanização, o número de agricultores familiares
locais tende a ser menor. Se por um lado tais regiões dispõem de um mercado institucional
de peso, por outro, não possuem quantidade compatível de agricultores familiares.
2.3. Chamadas Públicas: instrumento de compra para agricultura familiar.
A Resolução nº 38 do FNDE, que regula os repasses federais para a alimentação
escolar prevê que se utilize a Chamada Pública para a aquisição direta de gêneros
alimentícios da agricultura familiar, modalidade diferente das tradicionais previstas na Lei
8.666/1993, comumente chamada de Lei das Licitações. A chamada pública se apresenta
como instrumento necessário para implementar o que está previsto na Lei nº 11.947 e deve
atuar como elo entre prefeituras e agricultores.
A compra por meio de chamada pública não fere a Lei nº 8.666/1993 já que esta
última institui normas para licitações e contratos da administração pública, enquanto que a
Lei nº 11.947 é específica para a aquisição direta de gêneros alimentícios da agricultura
familiar com as verbas do PNAE.
Vitória, 22 a 25 de julho de 2012
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
6
Nas chamadas públicas acaba se verificando o parcelamento da compra entre vários
agricultores familiares, definido pelo limite atual de R$ 9 mil em venda de produtos para o
PNAE por ano para cada Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) física. No caso de
municípios que recebem repasses anuais do PNAE acima de R$ 100 mil, é obrigatório que
as compras sejam efetuadas por meio de organizações formais (associações ou
cooperativas) detentoras da DAP jurídica. Neste caso o limite de venda resulta da
multiplicação daquele limite individual pelo número de integrantes dessas organizações.
A Lei 11.947, mais especificamente a chamada pública, impõe para os gestores
públicos novos desafios nas compras da alimentação escolar. Ela exige mudanças diretas
no setor de compras e licitações municipal ou estadual com intuito de adequar tais compras
às exigências legais ao Artigo 14 do PNAE, devendo-se estabelecer envolvimento maior
entre agricultores e os entes públicos. Segundo Nutre (2012), previamente ao lançamento
da chamada pública, cabe às prefeituras: conhecer a produção agropecuária do município e
proximidades; saber da existência de organizações formais da agricultura familiar do
município e proximidades; verificar a existência de DAPs entre os produtores; caracterizar
as estruturas de produção/comercialização que os agricultores e suas organizações
possuem.
Ressaltando que, como apontado pela Resolução 38 do FNDE, a chamada deve ser
divulgada em diversos meios de comunicação, para que os agricultores familiares tenham
acesso à sua abertura.
Além disso, a lei do PNAE disserta sobre diversos pontos relevantes acerca da
elaboração e normatização das chamadas públicas, tais como: necessidade de substituição
dos produtos, formas de definição do preço de referência, dependendo do valor da
chamada, análises prévias das amostras dos produtos que serão entregues nas escolas, entre
outros.
3. METODOLOGIA
3.1. Características das Chamadas Públicas
A priori, realizou-se um estudo avaliativo das chamadas públicas para aquisição de
produtos oriundos da agricultura familiar destinados à alimentação escolar no Estado de
São Paulo. Foram analisadas 48 chamadas (de cidades distintas e escolhidas
aleatoriamente), amostragem que corresponde a 7,4% do total de 645 municípios do
estado. Todas essas chamadas foram anunciadas no segundo semestre de 2011.
A avaliação dos proclames abordou aspectos quantitativos e qualitativos. Sob um
caráter exploratório, a pesquisa teve como premissa discutir a adequação da produção da
agricultura familiar paulista e sua consonância com a Lei 11.947 frente algumas variáveis
pertinentes contidas nas chamadas públicas. São estas: aspectos logísticos da entrega dos
produtos, tais como unidades de recebimento (UR) e periodicidade das entregas; grau de
processamento dos produtos; vigência dos contratos; origem dos alimentos (vegetal ou
animal) e porcentuais de aparições dos produtos de origem animal.
Convém relatar que, em grande parte das chamadas, um fator não exclui a presença
de outro. Por exemplo, o mesmo edital pode demandar produtos com alto grau de
processamento e também produtos in natura. Também podem se exigir diferentes prazos
no cronograma de entrega: quinzenal, semanal ou mesmo duas vezes na semana. Sendo
assim, os valores totais obtidos comumente ultrapassam o número de chamadas analisadas.
Vitória, 22 a 25 de julho de 2012
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
7
No que tange à análise dos aspectos logísticos, foram elencadas as informações
acerca dos pontos de entrega por parte dos produtores e recebimento pelas unidades
demandantes (escolas, creches, entre outros). Por conseguinte, foram caracterizadas quatro
possibilidades por município. Uma delas chamada de muito descentralizada, com mais de
50 UR (unidades de recebimento). Na descentralizada, a entrega deveria ser realizada entre
11 e 50 UR e na pouco descentralizada, entre 2 e 9 UR. Finalmente, na centralizada,
previa-se uma única unidade de entrega, como exemplo, um almoxarifado central ou
mesmo uma cozinha piloto.
Paralelamente, observou-se também a periodicidade de entrega nas UR. Tal
indicador foi dividido nas seguintes categorias: a) entregas de 2 a 5 vezes por semana; b)
entregas semanais; c) entregas de 1 a 2 vezes por mês; d) não consta a informação.
O segundo trajeto metodológico na avaliação das chamadas se refere à
discriminação dos produtos demandados. Para tal, verificou-se o grau de processamento
dos mesmos considerando três grupos: a) produtos in natura que não passam por nenhum
grau de processamento; b) médio grau de processamento (MGP) para os alimentos
passíveis de transformação e ou acondicionamento e higienização realizados pelo próprio
agricultor, considerando as especificações legais em vigor e; c) alto grau de processamento
(AGP) para os produtos que exigem necessariamente a transformação industrial fora do
espaço produtivo do agricultor familiar ou suas organizações (BACCARIN et al, 2011).
Concomitantemente, verificou-se a diversidade de produtos nestes três grupos (in
natura, MGP e AGP). Tal levantamento é importante porque, como relatado na lei do
PNAE, é necessário a compra, por parte dos gestores públicos, de gêneros alimentícios
diversificados e de alto valor nutricional.
Outro ponto abordado na avaliação das chamadas foi a vigência dos contratos. Tal
análise é estritamente quantitativa, sem um aprofundamento real sobre as vantagens e/ou
desvantagens acerca do período de vigência dos contratos entre os produtores habilitados e
as prefeituras contratantes. Foram determinados cinco indicadores: a) de 1 a 5 meses; b) 6
meses; c) de 7 a 11 meses; d) 12 meses; e) não consta a informação.
Na última etapa de avaliação das chamadas, discriminou-se a origem dos produtos
demandados em vegetal ou animal. Neste segundo grupo, avaliou-se ainda a participação
de cada tipo de produto: ovos de galinha, carne bovina, carne suína, carne de frango, peixe,
leite de vaca fluido e leite em pó, derivados lácteos e mel.
3.2. Demanda de produtos na alimentação escolar e sua produção familiar Além da análise para o estado todo, neste caso verificou-se a situação de cada uma
das 15 regiões administrativas paulistas, delimitadas segundo os critérios estabelecidos
pelo Instituto de Economia Agrícola (São Paulo). Foram considerados os seguintes
produtos: frango, leite de vaca, ovos de galinha, arroz, banana, batata, feijão, laranja,
mandioca, tomate.
Na estimativa da demanda da alimentação escolar levou-se em conta o número de
alunos matriculados, com base no Censo 2010, realizado pelo IBGE – Ensino: matrículas,
docentes e rede escolar (IBGE, 2012a). Foram contabilizadas as matrículas do ensino pré-
escolar, fundamental e médio nas escolas municipais, estaduais e federais, excluindo as
privadas, resultando em 7.534.429 alunos matriculados. No anexo 1 são registrados os
números de alunos matriculados em cada uma das regiões administrativas.
Vitória, 22 a 25 de julho de 2012
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
8
Na determinação do consumo médio anual de cada aluno o ideal seria trabalhar
com informações de cardápios praticados na alimentação escolar em São Paulo. Como isso
não foi possível, neste trabalho foram usadas informações do consumo per capita no Brasil
dos produtos considerados, no caso dos vegetais conforme o registrado pela Pesquisa de
Orçamentos Familiares – POF 2008/2009 (IBGE, 2012b) e nos animais conforme o
Anuário da Pecuária Brasileira (ANUALPEC, 2010). Os valores obtidos de consumo per
capita foram: arroz 26,5Kg, banana 7,6Kg, batata 5,7Kg, feijão 9,1Kg, laranja 5,4Kg,
mandioca 7,9Kg, tomate 4,9Kg, frango 38,6Kg, leite 137,1 Kg e ovo de galinha 9,3Kg.
Deve-se registrar que, embora o consumo per capita no Estado de São Paulo seja,
normalmente, maior que o do Brasil, embutiu-se uma sobre estimativa no consumo escolar,
por dois motivos. O primeiro é que não se prevê que a alimentação escolar cubra toda a
necessidade do consumo diário de cada alimento, mas em torno de 30% dela. O segundo é
que o número de dias letivos é bem menor que o número de dias do ano civil.
Por sua vez, os dados de produção em 2011 foram obtidos do acervo estatístico do
Instituto de Economia Agrícola (IEA). Para todos os produtos os informes de produção
foram obtidos diretamente, exceto para o frango em que o número de cabeças foi
transformado em Kg2. Nos anexos 2 e 3 são anotados os dados de produção de cada um
dos produtos analisados em cada uma das regiões administrativas.
Como os dados do IEA se referem à produção da agricultura em geral (familiar e
não familiar), utilizou-se o Censo Agropecuário 2006 para estimar a produção advinda da
agricultura familiar. Obteve-se, assim, a participação da agricultura familiar de 33,1% no
caso do arroz, de 21,5% para o feijão; 36,3% no frango; 40,7% no leite; 38,5% na
mandioca e 7,8% no ovo. Para os outros quatro produtos, que não apresentaram
informações específicas no Censo 2006, utilizou-se a participação de 41,0% da agricultura
familiar. Como já afirmado esta é a participação do valor da produção dos produtos
hortícolas da agricultura familiar no valor da produção dos produtos hortícolas de toda a
agricultura paulista, número que pode se obtido a partir do Censo 2006.
A partir da estimativa da produção originária da agricultura familiar, consideraram-
se duas situações quanto a sua disponibilidade para a alimentação escolar. A primeira em
que se supôs que toda aquela produção pudesse ser destinada para o atendimento dos
alunos da rede pública de ensino, que será chamada de disponibilidade máxima. A segunda
em que se supôs que 18,2% daquela produção fossem usados na alimentação escolar, que
será chamada de disponibilidade mínima. Esse porcentual é a participação da população
estudantil aqui considerada na população paulista.
O passo seguinte foi comparar, para cada um dos produtos, as duas produções ou
disponibilidades estimadas com sua demanda estimada na alimentação escolar.
4. AVALIAÇÃO DAS CHAMADAS PÚBLICAS
É importante reiterar que a discussão dos resultados se desdobra sob a ótica do
agricultor familiar, entendendo-o como importante agente social para concretização da
política de gestão alimentar nas escolas. A participação efetiva deste agente neste mercado
2 Para tanto usou-se o seguinte critério: taxa de abate de 281,1%; peso médio por animal abatido de 2,4 Kg;
rendimento de carcaça de 75%; aproveitamento de carcaça comercializada de 55% (FELICIO apud
BACCARIN et al, 2011).
Vitória, 22 a 25 de julho de 2012
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
9
institucional trará resultados na geração de renda no campo e também para o
desenvolvimento local.
Acerca dos resultados obtidos, a Tabela 1 diz respeito aos aspectos logísticos
presentes nas chamadas, vinculados diretamente à operacionalização das entregas dos
produtos a serem realizadas pelos agricultores familiares. Em 47,9% dos editais analisados,
a entrega se dá em uma única unidade de recebimento, como por exemplo, os
almoxarifados centrais ou cozinhas pilotos das prefeituras. Em 50% das chamadas as
entregas são centralizadas e pouco descentralizadas. Neste cenário, é passível supor que o
agricultor ou organização familiar consiga cumprir suas responsabilidades da entrega,
planejar melhor as questões logísticas e de transporte e ainda atender a distribuição dos
alimentos para as escolas do município.
Tabela 1: Unidades de recebimento dos produtos da agricultura familiar para a
alimentação escolar.
Categorias Editais (%) UR (média)
Muito descentralizada 8 16,7 102
Descentralizada 13 27,1 30,4
Pouco descentralizada 1 2,1 7
Centralizada 23 47,9 1
Não consta 3 6,2 -
Fonte: dados da pesquisa.
Em contrapartida, 43,8% dos editais exigem entregas descentralizadas e muito
descentralizadas, sendo que no primeiro caso a média atinge 102 pontos de entrega. Parece
ser excessivo ao agricultor familiar já que a Lei 11.947 não prevê o pagamento de fretes e
serviços vinculados à distribuição, que, consequentemente, recai sobre o produtor. Em uma
chamada, por exemplo, prevê-se 165 URs no roteiro de entrega. Por fim, três editais não
constam as informações sobre as UR, distanciando de forma mais acentuada a articulação
entre gestores e agricultores locais.
É fato que a logística de distribuição e a comercialização na produção agropecuária
são fatores vitais de sucesso, porém em muitos casos se tornam entrave para os agricultores
familiares visto a falta de recursos e gestão (BATALHA & SCARPELLI, 2002;
GUANZIROLI, 2002).
Discorrendo ainda sobre as questões da distribuição, a Tabela 2 relata que 66,7%
das chamadas preveem entregas semanais e 33,3% entregas quinzenais ou mensais. Pode-
se salientar que, quando o cronograma de entrega se apresenta mais previsível e detalhado,
o produtor terá redução nos custos de transporte e possibilidade de planejamento mais
eficaz de suas obrigações
Tabela 2: Periodicidade de entrega dos produtos da agricultura familiar para a
alimentação escolar
Periodicidade Número de Editais (%)
2 a 5 vezes na semana 10 20,8
Semanal 32 66,7
1 a 2 vezes no mês 16 33,3
Não consta 8 16,6
Fonte: dados da pesquisa.
Vitória, 22 a 25 de julho de 2012
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
10
Por outro lado, 20,8% das prefeituras exigem entregas de 2 a 5 vezes na semana e
16,6% não definem a periodicidade das entregas na chamada. Ou seja, o agricultor só terá
ciência de sua real possibilidade de distribuição após sua habilitação, o que implicará em
menor tempo de planejamento para suas atividades. Uma possibilidade para maior
adequação dos agricultores exigiria melhor elaboração das chamadas públicas, ou seja, ir
além da simples citação da periodicidade da entrega. Mais interessante seria elaborar um
cronograma descritivo com datas e quantidades estipuladas3 (para cada produto) nas
entregas, sejam estas mensais, semanais ou mais de uma vez na semana. Outro tópico importante da análise diz respeito ao grau de processamento dos
produtos demandados nas chamadas públicas. Segundo Guilhoto et al (2006), os produtos
de caráter familiar têm menor articulação com o setor industrial que os produtos
provenientes da agricultura patronal. Sendo assim, em cumprimento à Lei 11.947, os
municípios devem priorizar a diversidade de produtos direcionados à alimentação escolar,
principalmente na forma in natura.
De acordo com a Tabela 3, os produtos in natura merecem destaque, aparecendo
em 81,2% das chamadas. Ademais, nos 48 editais foi observada uma diversidade de 66
produtos in natura, sendo que tais produtos somam 711 aparições. A banana é o produto
desta categoria com maior número de aparições (33), seguida da alface (28), cenoura (28),
tomate (27) e beterraba (26).
Tabela 3: Grau de processamento e diversidade dos produtos da agricultura familiar
para a alimentação escolar.
Grau de Processamento Nº de chamadas (%) Diversidade de
produtos
in natura 39 81,2 64
MGP - Médio grau de processamento 23 47,9 13
AGP - Alto grau de processamento 18 37,5 15
Fonte: dados da pesquisa
Por sua vez, 47,9% das chamadas demandam produtos com médio grau de
processamento, sendo que 13 produtos se enquadram neste indicador e obtiveram 48
aparições4.
Já os produtos que exigem alto grau de processamento estão presentes em 37,5%
dos proclames com 15 variedades. Neste grupo, chama atenção a presença de produtos
sofisticados como: biscoito tipo “cookie” gotas de chocolate com glúten e pó químico,
bebida láctea U.A.T ou U.H.T sabor chocolate, barra de cereal, óleo de soja refinado tipo
1, macarrão de sêmola.
Ademais, os produtos supracitados apresentam grande quantidade de corantes,
aromatizantes e outras substâncias químicas. Em princípio, é difícil acreditar que
agricultores familiares estariam aptos a fornecer tais alimentos. Neste caso, fica a dúvida se
os gestores públicos têm conhecimento da produção destes produtos na agricultura familiar
de São Paulo ou mesmo de agricultores de outros estados. Em última instância, a chamada
poderia ser anulada por indisponibilidade de oferta.
3 Dez editais elaboraram tal cronograma, 20,8% do total.
4 O arroz e feijão lideram nas aparições entre os produtos com MGP, ambos aparecem 11 vezes, seguido pelo
ovo (9) e o mel (5).
Vitória, 22 a 25 de julho de 2012
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
11
Acerca da vigência da contratação, observa-se na Tabela 4 que 37,5% dos editais
preveem contratos de 12 meses. Os contratos de 1 a 5 meses e 6 meses são observados em
29,2% e 25,0% das chamadas, respectivamente. Apenas uma chamada não dispõe
informação específica sobre o período de vigência contratual.
Tabela 4: Vigência dos contratos entre as prefeituras e produtores habilitados.
Vigência do contrato Número de Editais (%)
1 a 5 meses 14 29,2
6 meses 12 25,0
7 a 11 meses 3 6,2
12 meses 18 37,5
Não consta 1 2,1
Fonte: dados da pesquisa
Dando prosseguimento aos resultados, cabe agora analisar a origem dos alimentos
presentes nas chamadas. Dos 92 produtos levantados, 82 (89,1%) são de origem vegetal e
apenas 10 (10,9%) de origem animal. Destarte, 93,7% das chamadas demandaram produtos
de origem vegetal e menos da metade (41,6%) demandaram produtos de origem animal.
Entre os produtos de origem animal, a Tabela 5 mostra que o leite UHT aparece em
10,4% das chamadas e os demais derivados em 25,0% delas. Não deixa de surpreender,
pois esses produtos exigem transformação, normalmente em laticínios de grande porte. O
ovo de galinha, que não passa por transformação industrial, teve sua presença registrada
em 18,7% das chamadas, enquanto o mel aparece em 6,2% delas.
Tabela 5: Tipo de produto de origem animal demandados dos agricultores familiares
para alimentação escolar.
Tipo de produto Número de chamadas (%)
Leite UHT 5 10,4
Derivados do Leite* 12 25,0
Ovo de Galinha 9 18,7
Mel 5 10,4
Frango 3 6,2
Peixe 2 4,2
Ovo de codorna 1 2,1
Fonte: dados da pesquisa.
*bebida láctea sabor chocolate, leite em pó, iogurte e doce de leite.
Nota-se também pequena demanda por carne, sendo que o frango aparece em
apenas 3 chamadas, seguido do peixe com presença em 2 chamadas. Por sua vez, as carnes
bovina e suína sequer são solicitadas. Dentre as 3 aparições do frango, fora solicitado a
salsicha de frango, filé de frango e peito de frango com osso. A pequena participação das
carnes nas chamadas está relacionada com a necessidade de sua transformação em
frigoríficos, normalmente de grande porte, antes que seja destinado ao consumo.
5. DISPONIBILIDADE DE PRODUTOS DA AGRICULTURA FAMILIAR À
ALIMENTAÇÃO ESCOLAR.
As Tabelas 6, 7, 8 e 9 apresentam os porcentuais estimados de disponibilidade
máxima e mínima dos produtos selecionados da agricultura familiar para a alimentação
escolar em São Paulo, conforme critérios definidos anteriormente.
Vitória, 22 a 25 de julho de 2012
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
12
Como só serão apresentados os resultados finais, convém destacar/reforçar a forma
como foram obtidos. A demanda de cada produto foi estimada multiplicando-se seu
consumo per capita pelo número de alunos matriculados. A produção originária da
agricultura familiar foi obtida multiplicando-se a produção da agricultura paulista pela
participação da agricultura familiar em cada um dos produtos. A seguir, em uma situação,
considerou-se que toda a produção da agricultura familiar fosse direcionada para a
alimentação escolar e, dividindo seu valor pela demanda estimada obteve-se a
disponibilidade máxima, registradas nas tabelas a seguir em termos porcentuais. Na outra
situação, considerou-se que 18,2% (participação da população estudantil na população
paulista) da produção fossem destinados à alimentação escolar e, a partir daí, procederam-
se os cálculos de maneira semelhante à anterior, obtendo-se a disponibilidade mínima.
A Tabela 6 refere-se aos produtos de origem animal. Ovos de galinha e leite, como
já visto, foram os que mais apareceram nas chamadas públicas, enquanto a carne de frango
foi a única carne registrada. Em análise preliminar dos dados, pode-se inferir que os
agricultores familiares de São Paulo poderiam garantir bom atendimento de produtos de
origem animal à alimentação escolar. A produção familiar de carne de frango se apresenta
com maior disponibilidade, seguida do ovo de galinha e leite.
Tabela 6: Disponibilidade porcentual para os alunos de produtos de origem animal da
agricultura familiar do Estado de São Paulo e Regiões Administrativas.
Região Administrativa Frango Leite Ovo de galinha
máxima mínima máxima mínima máxima mínima
Araçatuba 45,4 8,3 395,3 72,0 315,8 57,5
Baixada Santista 0,0 0,0 11,8 2,1 0,5 0,1
Barretos 239,9 43,7 139,2 25,3 31,5 5,7
Bauru 495,7 90,2 90,7 16,5 484,7 88,2
Campinas 768,7 139,9 86,9 15,8 142,7 26,0
Central 1.442,7 262,6 153,8 28,0 22,2 4,0
Franca 559,8 101,9 197,0 35,9 56,4 10,3
Marília 10,6 1,9 169,9 30,9 2.956,3 538,1
Presidente Prudente 161,0 29,3 452,7 82,4 387,9 70,6
Registro 0,0 0,0 71,5 13,0 0,0 0,0
Ribeirão Preto 171,4 31,2 107,4 19,6 108,0 19,7
São José do Rio Preto 535,1 97,4 466,6 84,9 73,7 13,4
São José dos Campos 1,9 0,3 153,2 27,9 24,8 4,5
São Paulo 0,0 0,0 3,6 0,7 10,2 1,9
Sorocaba 843,7 153,5 155,5 28,3 293,3 53,4
Estado São Paulo 252,4 45,9 85,7 15,6 149,8 27,3
Fonte: adaptado pelo autor: IEA (2011); IBGE (2006, 2010); ANUALPEC (2010).
Se toda a produção (disponibilidade máxima) familiar de frango em São Paulo
fosse destinada à alimentação escolar sua disponibilidade seria de aproximadamente 2,5
vezes o consumo capita dos alunos. Se 18,2% da produção (disponibilidade mínima)
fossem para alimentação escolar, a agricultura familiar teria condições de atender 45,9% da
demanda escolar estimada de carne de frango. Ademais, a produção de frango se apresenta
bem distribuída no estado. As regiões administrativas de Campinas, Central, Franca e
Vitória, 22 a 25 de julho de 2012
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
13
Sorocaba merecem destaque, pois mesmo utilizando a disponibilidade mínima, a produção
familiar apresenta potencial de suprir, às vezes com folga, o consumo por aluno.
Em contrapartida, embora pareça existir disponibilidade suficiente de produção de
frangos em estabelecimentos familiares no Estado de São Paulo, é necessário levar em
consideração as exigências sanitárias para sua distribuição/comercialização, como
inspeção, procedência dos animais, especificações para o abate, realização de testes
químicos e físicos na carne.
Já o leite, se analisado sobre o critério de disponibilidade máxima, seria o único
produto animal que não atingiria toda a demanda dos alunos. Ao utilizar como base a
disponibilidade mínima, sua produção representaria apenas 15,6% do consumo estimado
dos alunos. Entretanto, apenas as regiões da Baixada Santista e São Paulo, com alto nível
de urbanização, apresentam deficiências efetivas na produção familiar do leite. Inclusive
são estas regiões que rebaixam a disponibilidade do produto no estado.
Por sua vez, a produção da agricultura familiar de ovos de galinha apresenta-se bem
distribuída entre as regiões administrativas, com destaque para Araçatuba, Bauru,
Campinas, Marília, Presidente Prudente, Ribeirão Preto e Sorocaba. No cenário de máxima
disponibilidade, a agricultura familiar paulista atenderia 49,8% do consumo dos alunos. A
disponibilidade mínima seria suficiente, por sua vez, para atender 27,3% do consumo por
aluno.
Ainda dissertando sobre o leite e o ovo de galinha, é perceptível o peso da
agricultura familiar e suas potencialidades. O cerne da questão parece estar também na
adequação do sistema produtivo familiar à legislação e certificações pelas quais esses
produtos têm que passar para ser comercializados. Para o leite, por exemplo, é necessário
que haja certificação do rebanho, armazenamento e equipamentos específicos. No caso do
ovo, a granja deve atender aos padrões sanitários e os ovos devem passar por várias etapas
como classificação, embalagem e armazenagem adequadas, porém a industrialização
poderia ser dispensada (BACCARIN et al, 2011).
A Tabela 7 registra os valores obtidos para a batata, a mandioca e o tomate. No
caso da batata, ambos os porcentuais de disponibilidade são superiores ao consumo escolar
estimado, 636,9% no critério máximo e 115,9% no mínimo. Porém, percebe-se que a
produção estadual se mostra centralizada, com algumas regiões administrativas
apresentando grande potencial de oferta aos alunos, enquanto sete delas nem sequer tem
produção de batata na agricultura familiar.
Além da expressiva produção de batata das regiões de Franca e Registro, existe
também forte produção familiar nos Escritórios de Desenvolvimento Rural de Itapetininga,
Sorocaba, Itapeva e Avaré (pertencentes a RA de Sorocaba) e São João da Boa Vista (RA
de Campinas), regiões com históricos de sucesso nesta cultura que alavancam a produção e
disponibilidade estadual (FILHO & CAMARGO, 2008).
A mandioca também apresenta dados interessantes acerca da produção da
agricultura familiar paulista. A disponibilidade para alimentação escolar se apresenta
viável e com valores porcentuais acima do consumo pelos alunos, no critério máximo.
Entretanto, sob a ótica do critério mínimo, a produção familiar não atinge o consumo dos
alunos em nenhuma região administrativa, tal qual no estado, onde responde por apenas
18,4% do que é consumido pelos alunos.
No que se refere ao tomate, a disponibilidade é bastante alta, 960,1% no critério
máximo e 174,7% no mínimo. Destaque para as regiões administrativas de Araçatuba,
Vitória, 22 a 25 de julho de 2012
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
14
Barretos, Bauru, Campinas, Central, Marília, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, São José
do Rio Preto e Sorocaba, todas com grande capacidade de abastecimento para a
alimentação escolar.
Tabela 7: Disponibilidade porcentual para os alunos de batata, mandioca e tomate da
agricultura familiar do Estado de São Paulo e Regiões Administrativas.
Região Administrativa Batata Mandioca Tomate
máxima mínima máxima mínima máxima mínima
Araçatuba 0,0 0,0 181,6 33,0 1.871,2 340,6
Baixada Santista 0,0 0,0 49,6 9,0 0,0 0,0
Barretos 0,0 0,0 230,0 41,9 12.573,0 2.288,3
Bauru 0,0 0,0 119,2 21,7 1.307,8 238,0
Campinas 1.822,9 331,8 235,4 42,8 678,6 123,5
Central 0,0 0,0 243,3 44,3 709,7 129,2
Franca 297,1 54,1 109,2 19,9 86,9 15,8
Marília 0,0 0,0 262,7 47,8 1.332,0 242,4
Presidente Prudente 7,2 1,3 412,8 75,1 2.331,7 424,4
Registro 153,0 27,8 204,9 37,3 0,0 0,0
Ribeirão Preto 86,5 15,7 65,9 12,0 1.514,7 275,7
São José do Rio Preto 0,0 0,0 245,0 44,6 2.086,3 379,7
São José dos Campos 10,1 1,8 69,2 12,6 109,9 20,0
São Paulo 12,1 2,2 7,2 1,3 13,3 2,4
Sorocaba 4.822,8 877,7 216,3 39,4 6.000,6 1.092,1
Estado São Paulo 636,9 115,9 100,9 18,4 960,1 174,7
Fonte: adaptado pelo autor: IEA (2011); IBGE (2006, 2010).
Conforme Tabela 8, o arroz oriundo da agricultura familiar apresenta baixa
disponibilidade para o alunado paulista. No critério máximo, representa apenas 16,4% do
seu consumo estimado e no critério mínimo, este porcentual cai para 3%. Apenas as
regiões administrativas de Registro e São José dos Campos poderiam, em parte, suprir as
necessidades de consumo do arroz para alimentação escolar. Aliás, diversos municípios da
região de São José dos Campos têm produtores familiares que se destacam na produção
deste produto, além das hortaliças (SÃO PAULO, 2000).
O feijão apresenta porcentuais superiores ao do arroz. No cenário de critério
máximo adotado, os agricultores familiares paulistas têm capacidade de disponibilizar no
estado 82,2% do consumido na alimentação escolar. No critério mínimo, o porcentual de
disponibilidade por aluno seria de 15%. A região de Sorocaba é a única região com
potencial de abastecimento de feijão que superaria os valores de consumo escolar. De
acordo com o Plano de Manejo do PETAR (2011), os municípios de Apiaí, Ribeirão
Grande e Ribeirão Branco estão entre os 30 maiores produtores de feijão do Estado de São
Paulo. Ademais, o PETAR relata alguns casos de sucesso onde assentamentos e quilombos
produzem feijão e comercializam o excedente localmente.
Por fim, a Tabela 9 mostra o porcentual estimado de disponibilidade de banana e
laranja para os alunos em São Paulo e regiões administrativas. Verifica-se nos dois
produtos um enorme potencial da agricultura familiar suprir a demanda escolar.
Vitória, 22 a 25 de julho de 2012
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
15
Tabela 8: Disponibilidade porcentual para os alunos de arroz e feijão da agricultura
familiar do Estado de São Paulo e Regiões Administrativas.
Região Administrativa
Arroz Feijão
máxima mínima máxima mínima
Araçatuba 1,1 0,2 55,6 10,1
Baixada Santista 0,0 0,0 0,1 0,0
Barretos 0,1 0,0 238,7 43,5
Bauru 2,0 0,4 5,5 1,0
Campinas 4,1 0,7 64,3 11,7
Central 1,0 0,2 8,8 1,6
Franca 2,7 0,5 16,8 3,1
Marília 36,1 6,6 121,0 22,0
Presidente Prudente 3,9 0,7 78,0 14,2
Registro 122,5 22,3 11,5 2,1
Ribeirão Preto 6,3 1,2 3,9 0,7
São José do Rio Preto 15,0 2,7 74,8 13,6
São José dos Campos 190,2 34,6 17,5 3,2
São Paulo 0,0 0,0 0,3 0,1
Sorocaba 34,1 6,2 810,0 147,4
Estado São Paulo 16,4 3,0 82,2 15,0 Fonte: adaptado pelo autor: IEA (2011); IBGE (2006, 2010)
No critério máximo, apenas as regiões de Barretos, Ribeirão Preto e São Paulo
apresentaram disponibilidade de produção de banana abaixo do consumo escolar estimado.
Ao utilizar o critério mínimo de disponibilidade por aluno, o estado e mais sete regiões
administrativas superam os valores de consumo desta fruta. Destaque para a região de
Registro, maior produtora do estado. Segundo Pinto (2010), a bananicultura, especialmente
a familiar está em franca expansão e a região conta com municípios que possuem
organizações de agricultores familiares, além do auxílio do SEBRAE na comercialização
do produto.
A produção agrícola familiar da laranja também apresenta grande capacidade de
abastecer o alunado paulista. É perceptível que a produção da laranja se encontra bem
distribuída entre as regiões administrativas, sendo que apenas 5 regiões não atingem, no
critério mínimo, os valores do consumo por aluno. Aliás, a respectiva fruta foi bastante
demandada nas chamadas públicas analisadas, 23 vezes na forma in natura e 4 aparições como
suco de laranja.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A lei 11.947/2009 é bastante recente e, especificamente, seu Artigo 14 traz
inovações que impõe mudanças na gestão da alimentação escolar, particularmente na
aquisição dos produtos, já que parte considerável deve originar-se de agricultores
familiares, e na formulação de cardápios, com maior presença de produtos in natura,
facilitando a participação direta dos agricultores familiares. Para estes, a nova legislação
traz perspectivas e desafios, especialmente no que se refere à disponibilidade da produção
primária e às possibilidades de sua transformação industrial, que especialmente para os
Vitória, 22 a 25 de julho de 2012
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
16
produtos de origem animal devem ocorrer antes de seu consumo pelos alunos da rede
pública de ensino.
Tabela 9: Disponibilidade porcentual para os alunos de frutas da agricultura familiar
do Estado de São Paulo e Regiões Administrativas.
Região Administrativa Banana Laranja
máxima mínima máxima mínima
Araçatuba 725,8 132,1 5.301,2 964,8
Baixada Santista 1.071,2 195,0 4,1 0,7
Barretos 54,1 9,9 179.308,5 32.634,1
Bauru 117,3 21,3 74.936,1 13.638,4
Campinas 170,1 31,0 28.277,3 5.146,5
Central 125,4 22,8 119.839,5 21.810,8
Franca 216,1 39,3 6.293,6 1.145,4
Marília 708,5 128,9 17.976,8 3.271,8
Presidente Prudente 277,6 50,5 79,7 14,5
Registro 70.519,9 12.834,6 5,8 1,1
Ribeirão Preto 90,8 16,5 9.049,5 1.647,0
São José do Rio Preto 1.680,3 305,8 69.818,0 12.706,9
São José dos Campos 836,6 152,3 109,9 20,0
São Paulo 1,4 0,3 3,4 0,6
Sorocaba 623,7 113,5 36.413,2 6.627,2
Estado São Paulo 877,2 159,6 15.823,9 2.880,0
Fonte: adaptado pelo autor: IEA (2011); IBGE (2006, 2010).
Ao analisar um conjunto de chamadas públicas para compra de produtos da
agricultura familiar no Estado de São Paulo em 2011 observou-se que em mais de 40%
delas exige-se a entrega de produtos em um número muito grande de locais, dificultando a
participação dos agricultores familiares. A frequência exigida de entrega parece ser mais
adequada, assim como o grau do processamento dos produtos, com grande predominância
dos produtos in natura. Os produtos de origem vegetal são amplamente predominantes e,
entre os produtos de origem animal, o leite e seus derivados revelam importância razoável,
o contrário ocorrendo com as carnes, com registro apenas da carne de frango de peixe e
não das bovina e suína. Devem-se procurar maiores informações sobre as razões que
possibilitaram os agricultores familiares paulistas terem acesso a laticínios, fato que
praticamente não ocorreu no caso dos frigoríficos.
A priori, há boa disponibilidade da produção de produtos de origem animal no
Estado de São Paulo, o que permitiria sua maior participação nas chamadas públicas da
alimentação escolar. Isso se evidenciou nos casos do leite de vaca, dos ovos de galinha e da
carne de frango.
Entre os produtos de origem vegetal analisados, a produção da agricultura familiar
no Estado de São Paulo apresenta grande possibilidade de atendimento do consumo escolar
nos casos das frutas (banana e laranja), da batata, da mandioca e do tomate. Registrou-se
pequena deficiência na produção de feijão e grande deficiência na produção de arroz.
A Lei 11.947/2009 procura também, em seu Artigo 3, associar as mudanças no tipo
de produto oferecido na alimentação escolar com o desenvolvimento local. Sugere-se,
Vitória, 22 a 25 de julho de 2012
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
17
neste sentido, que as compras de produtos da agricultura familiar priorizem a produção
local e, se não for possível, sigam a seguinte ordem de prioridade: regional, estadual em
outros estados.
No trabalho fez-se uma desagregação dos dados, apresentando a disponibilidade de
produtos da agricultura familiar distribuída pelas 15 regiões administrativas paulistas.
Alguns produtos, como a batata, apresentam produção mais concentrada, enquanto
produtos, como o leite, estão mais distribuídos em todo o estado.
Sob o ponto de vista da produção primária, sugere-se aos gestores municipais que
procurem especificar a análise da disponibilidade dos produtos da agricultura familiar na
área de seus municípios, inclusive de vários (hortaliças, por exemplo) que não foram
considerados neste estudo. E que adotem ações de estímulo à produção e ao processamento
dos produtos de seus agricultores familiares, garantindo maior oferta local e circulação dos
recursos da alimentação escolar em seus limites geográficos.
7. BIBLIOGRAFIA
ANUALPEC 2010: Anuário da Pecuária Brasileira. São Paulo: FNP Consultoria e
Comércio, 2010. 360 p.
BACCARIN, J. G. Sistema de produção agropecuário brasileiro: evolução recente. São
Paulo: Cultura Acadêmica: Universidade Estadual Paulista, Pró-Reitoria de Graduação,
2009. 237p.
BACCARIN, G, J; ALEIXO, S, S; SILVA, P, B, D; MENDONÇA, G, G. Alimentação
Escolar e Agricultura Familiar: Alcance e Dificuldades para Implantação do Artigo 14 da
Lei 11.947/2009 no Estado de São Paulo in 49º Congresso da Sociedade Brasileira de
Economia, Administração e Sociologia Rural – Belo Horizonte, MG – 2011.
BATALHA, M. O.; SCARPELLI, M. Gestão da cadeia agroindustrial. In: Workshop
agronegócio na sociedade da informação, 2002, Brasília. Programa Sociedade da
Informação - MCT, 2002.
CAMARGO FILHO, W. P. et al. Produção de Batata no Brasil, 1999-2007: Contribuição
da Área e da Produtividade, Horticultura Brasileira. Brasília-DF v.26, n.2, suplemento CD-
ROM, abr-jun, 2008b.
GUANZIROLI, C. E.; CARDIM, S. E. C. S. Novo retrato da agricultura familiar: o
Brasil redescoberto. Brasília: 2000. Projeto de cooperação técnica INCRA/FAO.
Disponível em: <http://www.incra.gov.br/sade/doc/AgriFam.htm>. Acessado em: 18 jan.
2002.
GUILHOTO, J. J. M. et al . A importância do agronegócio familiar no Brasil. Rev.
Econ. Sociol. Rural, Brasília, v. 44, n. 3, set. 2006.
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Censo Agropecuário – Agricultura
Familiar 2006. Disponível em http://www.ibge.gov.br/servidor_arquivos_est/. Acesso
março de 2012.
IBGE. Censo 2010. Link: Ensino – matrículas, docentes e rede escolar 2009. Disponível
em: http://ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=sp&tema=educacao2009. Acesso em
março de 2012a.
IBGE. Pesquisa de Orçamento Familiar 2008-09. Disponível em http://www.ibge.gov.br.
Acesso em março de 2012b.
IEA (INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA). Banco de Dados – Área e Produção.
Disponível em: http://ciagri.iea.sp.gov.br/bancoiea/subjetiva.aspx?cod_sis=1&idioma=1
Vitória, 22 a 25 de julho de 2012
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
18
MEC (Ministério da Educação). Lei 11.947/2009. Disponível em www.educacao.gov.br.
Acesso em março de 2012.
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO - MDA. Extrato da DAP.
Disponível em http://smap13.mda.gov.br/ExtratoDap. Acesso em março de 2011.
MÜLLER, A. L. Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar e Programa
Nacional de Alimentação Escolar. Brasília, 2010, 30 p. Relatório de Consultoria.
NUTRE SÃO PAULO. Análise da inclusão da agricultura familiar na alimentação
escolar no estado de São Paulo. Paulo./Maria Amélia Jundurian Corá; Walter Belik ,
organizadores -São Paulo: Instituto Via Pública, 2012. 104p.:Ilust.
SÃO PAULO. A região administrativa de SJC. São Paulo, Assembleia Legislativa,
2000.
PARQUE ESTADUAL TURÍSTICO DO ALTO DO RIBEIRA. Plano de Manejo
PETAR – Versão Dez 2010 – Em análise no CONSEMA, 2011. Disponível em:
http://www.petaronline.com.br/Plano%de%Manejo%PETAR/6.20%Avalia%E7%E3o%20
do%20Meio%20Antr%F3pico%20%20pre%20consema.pdf. Acesso em março de 2012.
PINTO et al. Bananicultura: Realidade e perspectivas para a região de Tupã-SP.
Apresentação oral: 48º Congresso SOBER, 2010. Disponível em:
www.sober.org.br/palestra/15/944.pdf
WEDEKIN, I. A política agrícola brasileira em perspectiva. Revista de Política Agrícola,
Brasília, p. 17-32, outubro 2005 (Edição Especial).
Anexo 1 – Número de alunos matriculados na rede pública municipal, estadual e federal no
Estado de São Paulo e regiões administrativas, 2009.
Região Administrativa Total de alunos
Araçatuba 195.039
Baixada Santista 303.397
Barretos 73.343
Bauru 184.342
Campinas 1.070.409
Central 155.779
Franca 133.169
Marília 169.438
Presidente Prudente 149.756
Registro 65.470
Ribeirão Preto 209.876
São José do Rio Preto 226.518
São José dos Campos 418.329
São Paulo 3.613.332
Sorocaba 566.232
Estado - São Paulo 7.534.429
Fonte: IBGE/Censo 2010.
Vitória, 22 a 25 de julho de 2012
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
19
Anexo 2 – Produção da agricultura paulista (familiar e não familiar) de alguns produtos de
origem vegetal, em Kg, por regiões administrativas e no Estado de São Paulo em 2011.
Região Administrativa Arroz Banana Batata
Araçatuba 178.800,0 26.241.500,0 0,0
Baixada Santista 0,0 60.244.000,0 0,0
Barretos 8.400,0 736.000,0 0,0
Bauru 300.000,0 4.007.500,0 0,0
Campinas 3.471.372,0 33.747.680,0 271.269.100,0
Central 119.100,0 3.622.000,0 0,0
Franca 288.000,0 5.334.200,0 5.500.000,0
Marília 4.898.580,0 22.251.250,0 0,0
Presidente Prudente 462.360,0 7.706.000,0 150.000,0
Registro 6.419.400,0 855.823.000,0 1.392.250,0
Ribeirão Preto 1.064.760,0 3.530.800,0 2.524.200,0
São José do Rio Preto 2.714.580,0 70.553.100,0 0,0
São José dos Campos 63.687.060,0 64.871.000,0 587.000,0
São Paulo 2.400,0 927.000,0 6.100.000,0
Sorocaba 15.447.120,0 65.467.500,0 379.648.600,0
Estado de São Paulo 99.061.932,0 1.225.062.530,0 667.171.150,0
Fonte: IEA (2011).
Anexo 2 - Produção da agricultura paulista (familiar e não familiar) de alguns produtos de
origem vegetal, em Kg, por regiões administrativas e no Estado de São Paulo em 2011.
(Continuação)
Feijão Laranja Mandioca Tomate
4.593.948,0 136.178.731,2 7.266.300,0 43.616.000,0
6.600,0 163.118,4 3.089.000,0 0,0
7.411.200,0 1.732.085.582,4 3.461.750,0 110.207.500,0
431.472,0 1.819.388.851,2 4.508.075,0 28.811.375,0
29.114.460,0 3.986.559.840,0 51.708.125,0 86.811.500,0
582.600,0 2.458.774.831,2 7.777.500,0 13.212.000,0
946.200,0 110.384.889,6 2.984.500,0 1.382.500,0
8.674.611,6 401.173.670,4 9.133.500,0 26.972.500,0
4.941.600,0 1.572.391,2 12.685.000,0 41.732.000,0
319.920,0 49.980,0 2.752.250,0 0,0
350.040,0 250.149.206,4 2.838.000,0 37.991.750,0
7.167.180,0 2.082.956.443,2 11.389.125,0 56.480.000,0
3.090.120,0 6.052.680,0 5.944.000,0 5.493.000,0
460.615,8 1.619.352,0 5.357.500,0 5.745.000,0
194.124.090,0 2.715.582.679,2 25.130.300,0 406.072.750,0
262.214.657,4 15.702.692.246,4 156.024.925,0 864.527.875,0
Fonte: IEA (2011).
Vitória, 22 a 25 de julho de 2012
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
20
Anexo 3 – Produção da agricultura paulista (familiar e não familiar) de alguns produtos de
origem animal, em Kg, por regiões administrativas e no Estado de São Paulo em 2011.
Região Administrativa Frango Leite Ovo
Araçatuba 9.411.372,2 259.744.000,0 73.429.000,0
Baixada Santista 0,0 12.032.700,0 180.000,0
Barretos 18.710.760,9 34.390.000,0 2.755.000,0
Bauru 97.171.981,8 56.346.000,0 106.523.000,0
Campinas 874.908.710,2 313.354.000,0 182.119.920,0
Central 238.976.824,4 80.717.000,0 4.127.380,0
Franca 79.264.966,8 88.381.000,0 8.956.600,0
Marília 1.909.062,5 96.993.000,0 597.242.500,0
Presidente Prudente 25.644.331,4 228.357.000,0 69.259.300,0
Registro 0,0 15.775.000,0 0,0
Ribeirão Preto 38.248.401,9 75.962.000,0 27.036.000,0
São José Rio Preto 128.898.124,4 356.054.000,0 19.911.000,0
São José dos Campos 846.299,1 215.825.490,0 12.368.800,0
São Paulo 166.973,4 44.322.000,0 43.970.000,0
Sorocaba 507.983.981,9 296.677.140,0 198.029.500,0
Estado de São Paulo 2.022.141.791,0 2.174.930.330,0 1.345.908.000,0
Fonte: IEA (2011).