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Santo Antônio de Goiás, GO Dezembro, 2003 Autores 61 Cleber Morais Guimarães Engenheiro Agrônomo, Doutor em Fisiologia Vegetal, Embrapa Arroz e Feijão, Caixa Postal 179, 75375-000 Santo Antônio de Goiás, GO. Luís Fernando Stone Engenheiro Agrônomo, Doutor em Solos e Nutrição de Plantas, Embrapa Arroz e Feijão. Flávio Breseghello Engenheiro Agrônomo, Mestre em Genética e Melhoramento, Embrapa Arroz e Feijão. José Almeida Pereira Engenheiro Agrônomo, Mestre em Fitotecnia, Embrapa Meio Norte. Emílio da Maia de Castro Engenheiro Agrônomo, Doutor em Genética e Melhoramento, Embrapa Arroz e Feijão. ISSN 1678-9636 5 Arroz de Terras Altas: Espaçamento e Densidade... Arroz de Terras Altas: Espaçamento e Densidade de Semeadura Introdução O arroz de terras altas deixou de ser cultivado apenas nas áreas recém- desmatadas, onde geralmente se adota baixo nível de tecnologia, para participar de sistemas de produção mais tecnificados, como nas áreas de produção de soja ou nas de integração lavoura-pecuária. Nestes sistemas, sua produtividade tem passado dos 4.000 kg/ha, quando as condições climáticas são favoráveis e se adotam cultivares produtivas e manejo fitotécnico adequado. Para estes sistemas, estão disponibilizadas várias cultivares produtivas, tendo algumas delas qualidade de grãos altamente competitiva, adequando-se ao mercado consumidor mais exigente. A maioria delas foi desenvolvida pela Embrapa Arroz e Feijão com seus parceiros. A primeira a ser lançada com ganhos em qualidade foi a ‘Caiapó’, fruto de um esforço iniciado com maior ênfase no início da década de 90. Posteriormente foram lançadas outras, como a Canastra, BRS Primavera, BRS Bonança, BRS Talento e BRS Soberana. Todas elas são precoces a semiprecoces, permitindo tanto a liberação mais cedo da área para o cultivo da safrinha com outras culturas, como ter sua época de semeadura melhor ajustada ao regime pluvial das diversas regiões produtoras do país. Com exceção da ‘Caiapó’, são de porte ereto, com arquitetura foliar compacta, o que permite um melhor aproveitamento da área de cultivo, e apresentam comportamento agronômico com resposta diferenciada aos tratos culturais, como espaçamentos menores aos das cultivares tradicionais, que são de porte decumbente. A produtividade do arroz de terras altas aumenta com o número de plantas por unidade de área até o ponto em que a competição intra- específica por nutrientes, água, luz e outros fatores de produção limita o processo produtivo. A maior população de plantas também aumenta a competitividade com as plantas daninhas. As cultivares tradicionais demandam espaçamentos de 40 a 60 cm entrelinhas, embora algumas, como a ‘Guarani’, tenham sua produtividade maximizada com a densidade de semeadura de 40 sementes/m em linhas espaçadas de 30 cm, e a ‘Araguaia’, com o espaçamento de 40 cm, independentemente da densidade de semeadura. Desconsiderando-se o aspecto fitossanitário associado à susceptibilidade diferenciada das cultivares às doenças, aquelas menos perfilhadoras requerem no plantio mais sementes por área que as mais perfilhadoras. Por outro lado, um excessivo número de plantas/m 2 acarreta maior auto-sobreamento, provocando um menor aproveitamento da luz solar e maior possibilidade de acamamento e susceptibilidade às doenças. Estas condições propiciam microclima mais úmido, que favorece o desenvolvimento de doenças, como a brusone, e aumentam a demanda da cultura por água e o risco de perda pela ocorrência de veranicos. Por outro lado, baixas populações induzem ao subaproveitamento da área e à emissão de perfilhos tardios e improdutivos, indesejáveis na lavoura. Em estudos conduzidos no município de Santo Antônio de Goiás, GO, na Fazenda Lorena, no ano agrícola 2002-2003, no Sistema Plantio 6 Arroz de Terras Altas: Espaçamento e Densidade... Agradecimentos Aos proprietários das Fazendas Santa Luzia, em São Raimundo das Mangabeiras, MA, Alto da Glória e Lorena, em Santo Antônio de Goiás, GO; ao pesquisador Renato Campbel Rocha, da Merck S.A. Indústrias Químicas, de Barra do Corda-MA e ao estagiário Fernando Xavier da Silva, na condução dos experimen- tos. Referências Bibliográficas ANDRADE, D. de; GALVÃO, J. D.; BRANDÃO, S. S.; GOMES, F. R. Efeito do espaçamento entre fileiras e densidade de plantio sobre a produção do arroz “de sequeiro”. Experientiae, Viçosa, v.11, n.3, p.135-161, fev. 1971. AZEVEDO, D. M. P. de; MENDES, A. M.; COSTA, N. de L. Comportamento do arroz de sequeiro em diferentes populações de plantas. Porto Velho: Embrapa Rondônia, 1997. 5 p. (Embrapa Rondônia. Comunicado Técnico, 136). CAMPOS, V. C. Influência do espaçamento e densidade de semeadura sobre algumas características agronômicas e qualidade de sementes de arroz (Oryza sativa L.) de sequeiro, c.v. Guarani , 1991. 93 f. Disserta- ção (Mestrado em Fitotecnica) – Escola Superior de Agricultura de Lavras, Lavras. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão (Goiânia, GO). Inventário tecnológico do arroz - 1975. Goiânia, 1975. 342 p. GALVÃO, J. D; BRANDÃO, S. S; GOMES, F. R. Efeito da população de plantas e níveis de nitrogênio sobre a produção de grãos e sobre o peso médio das espigas de milho. Experientiae, Viçosa, v. 9, n. 2, p. 39-82, maio 1969. GASTAL, F. L. C. Densidade de semeadura experimental em arroz. A Granja, Porto Alegre, v. 30, n. 318, p. 27-28, jul. 1974. GUIMARÃES, C. M.; BEVITORI, R. O arroz em sistema de rotação de culturas. In: VIEIRA, N. R. de A.; SANTOS, A. B. dos; SANT’ANA, E. P. (Ed.). A cultura do arroz no Brasil . Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 1999. p.148-171. MENDES, M. C. Espaçamentos e densidades de semeadura para a cultura do arroz de sequeiro no sul do Estado de Mato Grosso. Dourados: Embrapa-UEPAE de Dourados, 1978. 26 p. (Embrapa-UEPAE de Dourados. Comunicado Técnico, 2). MORAIS, O. P. de; SILVA, J. G. da; SILVA, S. C. da. Método, espaçamento, densidade, profundidade e época de plantio. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 14, n. 161, p. 25-31, 1989. RASSINI, J. B. A cultura do arroz (Oryza sativa L.) de sequeiro na região dos cerra- dos: resultados de pesquisa com arroz no CPAC, nos anos agrícolas 75/76 e 76/77. Planaltina: Embrapa-CPAC, 1978. 12 p. (Embrapa-CPAC. Comunicado Técnico, 3). SANTOS, A. B. dos. Comportamento de variedades de arroz de sequeiro em diferen- tes populações de plantas, com e sem irrigação suplementar. 1990. 94 f. Tese (Doutorado em Fitotecnica) - Escola Superi- or de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba. SANTOS, A. B. dos; FERREIRA, E.; AQUINO, A. R. L. de; SANT’ANA, E. P.; BALDT, A. F. População de plantas e con- trole de pragas em arroz com complementação hídrica. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 23, n. 4, p. 397-404, abr. 1988. SILVA, G. B. da; CEZAR, M. C.; FILIPPI, M. C.; PRABHU, A. S. Resposta de cultivares melhoradas de arroz ao tratamento de se- mentes com pyroquilon no controle de brusone nas folhas. Summa Phytopathologica, Botucatu, v. 28, n. 3, p. 289-291, jul./set. 2002. SOARES, P. C.; MORAIS, O. P. de; SOUZA, A. F. de; DEL GIUDICE, R. M. Preparo do solo, época e densidade de plantio. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 5, n. 55, p. 33-39, jul. 1979. SOBRAL, C. A. M.; OLIVEIRA, J. N. S. Espaçamento x densidade de plantio para a cultura do arroz de sequeiro no Município de Porto Velho – Rondônia. Porto Velho: Embrapa-UEPAE de Porto Velho, 1983. 4 p. (Embrapa-UEPAE de Porto Velho. Pesquisa em Andamento, 31). YOSHIDA, S. Rice. In: ALVIM, P. de T.; KOZLOWSKI, T. T. (Ed.). Ecophysiology of tropical crops. New York: Academic Press, 1977. p. 57-87. Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Embrapa Arroz e Feijão Rodovia Goiânia a Nova Veneza km 12 Zona Rural Caixa Postal 179 75375-000 Santo Antônio de Goiás, GO Fone: (62) 533 2123 Fax: (62) 533 2100 E-mail: [email protected] 1 a edição 1 a impressão (2003): 1.000 exemplares Presidente: Carlos Agustin Rava Secretário-Executivo: Luiz Roberto R. da Silva Membro: Agostinho D. Didonet Alberto Baêta dos Santos Supervisor editorial: Marina A. Souza de Oliveira Revisão de texto: Marina A. Souza de Oliveira Revisão bibliográfica: Ana Lúcia D. de Faria Tratamento das ilustrações: Clauber H. Vieira Editoração eletrônica: Clauber H. Vieira Comitê de publicações Expediente Circular Técnica, 61 CGPE 4396

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Santo Antônio deGoiás, GO

Dezembro, 2003

Autores

61

Cleber Morais GuimarãesEngenheiro Agrônomo, Doutor

em Fisiologia Vegetal, EmbrapaArroz e Feijão, Caixa Postal 179,

75375-000 Santo Antônio deGoiás, GO.

Luís Fernando StoneEngenheiro Agrônomo, Doutor

em Solos e Nutrição de Plantas,Embrapa Arroz e Feijão.

Flávio BreseghelloEngenheiro Agrônomo, Mestreem Genética e Melhoramento,

Embrapa Arroz e Feijão.

José Almeida PereiraEngenheiro Agrônomo, Mestreem Fitotecnia, Embrapa Meio

Norte.

Emílio da Maia de CastroEngenheiro Agrônomo, Doutorem Genética e Melhoramento,

Embrapa Arroz e Feijão.

ISSN 1678-96365 Arroz de Terras Altas: Espaçamento e Densidade...

Arroz de Terras Altas: Espaçamento eDensidade de Semeadura

Introdução

O arroz de terras altas deixou de ser cultivado apenas nas áreas recém-desmatadas, onde geralmente se adota baixo nível de tecnologia, paraparticipar de sistemas de produção mais tecnificados, como nas áreasde produção de soja ou nas de integração lavoura-pecuária. Nestessistemas, sua produtividade tem passado dos 4.000 kg/ha, quando ascondições climáticas são favoráveis e se adotam cultivares produtivas emanejo fitotécnico adequado. Para estes sistemas, estãodisponibilizadas várias cultivares produtivas, tendo algumas delasqualidade de grãos altamente competitiva, adequando-se ao mercadoconsumidor mais exigente. A maioria delas foi desenvolvida pelaEmbrapa Arroz e Feijão com seus parceiros. A primeira a ser lançadacom ganhos em qualidade foi a ‘Caiapó’, fruto de um esforço iniciadocom maior ênfase no início da década de 90. Posteriormente foramlançadas outras, como a Canastra, BRS Primavera, BRS Bonança, BRSTalento e BRS Soberana. Todas elas são precoces a semiprecoces,permitindo tanto a liberação mais cedo da área para o cultivo dasafrinha com outras culturas, como ter sua época de semeadura melhorajustada ao regime pluvial das diversas regiões produtoras do país. Comexceção da ‘Caiapó’, são de porte ereto, com arquitetura foliarcompacta, o que permite um melhor aproveitamento da área de cultivo,e apresentam comportamento agronômico com resposta diferenciadaaos tratos culturais, como espaçamentos menores aos das cultivarestradicionais, que são de porte decumbente.

A produtividade do arroz de terras altas aumenta com o número deplantas por unidade de área até o ponto em que a competição intra-específica por nutrientes, água, luz e outros fatores de produção limitao processo produtivo. A maior população de plantas também aumenta acompetitividade com as plantas daninhas. As cultivares tradicionaisdemandam espaçamentos de 40 a 60 cm entrelinhas, embora algumas,como a ‘Guarani’, tenham sua produtividade maximizada com adensidade de semeadura de 40 sementes/m em linhas espaçadas de 30cm, e a ‘Araguaia’, com o espaçamento de 40 cm, independentementeda densidade de semeadura.

Desconsiderando-se o aspecto fitossanitário associado àsusceptibilidade diferenciada das cultivares às doenças, aquelas menosperfilhadoras requerem no plantio mais sementes por área que as maisperfilhadoras. Por outro lado, um excessivo número de plantas/m2 acarretamaior auto-sobreamento, provocando um menor aproveitamento da luzsolar e maior possibilidade de acamamento e susceptibilidade àsdoenças. Estas condições propiciam microclima mais úmido, quefavorece o desenvolvimento de doenças, como a brusone, e aumentama demanda da cultura por água e o risco de perda pela ocorrência deveranicos. Por outro lado, baixas populações induzem aosubaproveitamento da área e à emissão de perfilhos tardios eimprodutivos, indesejáveis na lavoura.

Em estudos conduzidos no município de Santo Antônio de Goiás, GO,na Fazenda Lorena, no ano agrícola 2002-2003, no Sistema Plantio

6 Arroz de Terras Altas: Espaçamento e Densidade...

Agradecimentos

Aos proprietários das Fazendas Santa Luzia,em São Raimundo das Mangabeiras, MA, Altoda Glória e Lorena, em Santo Antônio deGoiás, GO; ao pesquisador Renato CampbelRocha, da Merck S.A. Indústrias Químicas, deBarra do Corda-MA e ao estagiário FernandoXavier da Silva, na condução dos experimen-tos.

Referências Bibliográficas

ANDRADE, D. de; GALVÃO, J. D.;BRANDÃO, S. S.; GOMES, F. R. Efeito doespaçamento entre fileiras e densidade deplantio sobre a produção do arroz “desequeiro”. Experientiae, Viçosa, v.11, n.3,p.135-161, fev. 1971.

AZEVEDO, D. M. P. de; MENDES, A. M.;COSTA, N. de L. Comportamento do arrozde sequeiro em diferentes populações deplantas. Porto Velho: Embrapa Rondônia,1997. 5 p. (Embrapa Rondônia. ComunicadoTécnico, 136).

CAMPOS, V. C. Influência do espaçamentoe densidade de semeadura sobre algumascaracterísticas agronômicas e qualidade desementes de arroz (Oryza sativa L.) desequeiro, c.v. Guarani, 1991. 93 f. Disserta-ção (Mestrado em Fitotecnica) – EscolaSuperior de Agricultura de Lavras, Lavras.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa deArroz e Feijão (Goiânia, GO). Inventáriotecnológico do arroz - 1975. Goiânia, 1975.342 p.

GALVÃO, J. D; BRANDÃO, S. S; GOMES, F.R. Efeito da população de plantas e níveisde nitrogênio sobre a produção de grãos esobre o peso médio das espigas de milho.Experientiae, Viçosa, v. 9, n. 2, p. 39-82,maio 1969.

GASTAL, F. L. C. Densidade de semeaduraexperimental em arroz. A Granja, PortoAlegre, v. 30, n. 318, p. 27-28, jul. 1974.

GUIMARÃES, C. M.; BEVITORI, R. O arrozem sistema de rotação de culturas. In:VIEIRA, N. R. de A.; SANTOS, A. B. dos;SANT’ANA, E. P. (Ed.). A cultura do arrozno Brasil. Santo Antônio de Goiás: EmbrapaArroz e Feijão, 1999. p.148-171.

MENDES, M. C. Espaçamentos e densidadesde semeadura para a cultura do arroz desequeiro no sul do Estado de Mato Grosso.Dourados: Embrapa-UEPAE de Dourados,1978. 26 p. (Embrapa-UEPAE de Dourados.Comunicado Técnico, 2).

MORAIS, O. P. de; SILVA, J. G. da; SILVA,S. C. da. Método, espaçamento, densidade,profundidade e época de plantio. InformeAgropecuário, Belo Horizonte, v. 14, n. 161,p. 25-31, 1989.

RASSINI, J. B. A cultura do arroz (Oryzasativa L.) de sequeiro na região dos cerra-dos: resultados de pesquisa com arroz noCPAC, nos anos agrícolas 75/76 e 76/77.Planaltina: Embrapa-CPAC, 1978. 12 p.(Embrapa-CPAC. Comunicado Técnico, 3).

SANTOS, A. B. dos. Comportamento devariedades de arroz de sequeiro em diferen-tes populações de plantas, com e semirrigação suplementar. 1990. 94 f. Tese(Doutorado em Fitotecnica) - Escola Superi-or de Agricultura “Luiz de Queiroz”,Piracicaba.

SANTOS, A. B. dos; FERREIRA, E.;AQUINO, A. R. L. de; SANT’ANA, E. P.;BALDT, A. F. População de plantas e con-trole de pragas em arroz comcomplementação hídrica. PesquisaAgropecuária Brasileira, Brasília, v. 23, n. 4,p. 397-404, abr. 1988.

SILVA, G. B. da; CEZAR, M. C.; FILIPPI, M.C.; PRABHU, A. S. Resposta de cultivaresmelhoradas de arroz ao tratamento de se-mentes com pyroquilon no controle debrusone nas folhas. SummaPhytopathologica, Botucatu, v. 28, n. 3, p.289-291, jul./set. 2002.

SOARES, P. C.; MORAIS, O. P. de; SOUZA,A. F. de; DEL GIUDICE, R. M. Preparo dosolo, época e densidade de plantio. InformeAgropecuário, Belo Horizonte, v. 5, n. 55,p. 33-39, jul. 1979.

SOBRAL, C. A. M.; OLIVEIRA, J. N. S.Espaçamento x densidade de plantio para acultura do arroz de sequeiro no Municípiode Porto Velho – Rondônia. Porto Velho:Embrapa-UEPAE de Porto Velho, 1983. 4 p.(Embrapa-UEPAE de Porto Velho. Pesquisaem Andamento, 31).

YOSHIDA, S. Rice. In: ALVIM, P. de T.;KOZLOWSKI, T. T. (Ed.). Ecophysiology oftropical crops. New York: Academic Press,1977. p. 57-87.

Exemplares desta edição podem ser adquiridos na:Embrapa Arroz e FeijãoRodovia Goiânia a Nova Veneza km 12 Zona RuralCaixa Postal 17975375-000 Santo Antônio de Goiás, GOFone: (62) 533 2123Fax: (62) 533 2100E-mail: [email protected]

1a edição1a impressão (2003): 1.000 exemplares

Presidente: Carlos Agustin RavaSecretário-Executivo: Luiz Roberto R. da SilvaMembro: Agostinho D. Didonet Alberto Baêta dos Santos

Supervisor editorial: Marina A. Souza de OliveiraRevisão de texto: Marina A. Souza de OliveiraRevisão bibliográfica: Ana Lúcia D. de FariaTratamento das ilustrações: Clauber H. VieiraEditoração eletrônica: Clauber H. Vieira

Comitê depublicações

Expediente

CircularTécnica, 61

CGPE 4396

Convencional (SPC), após pastagem (Figura1), observou-se que os genótipos de arroz deterras altas, com arquitetura moderna, CNA8557, ‘BRS Talento’, ‘BRS Bonança’, ‘BRSPrimavera’ e ‘BRS Soberana’ foram maisprodutivas no espaçamento de 30 cmentrelinhas, comparativamente aosespaçamentos de 20, 40 e 50 cm. A cultivarCaiapó, com arquitetura tradicional, além deter apresentado potencial produtivo menor,comparativamente à média dos demaisgenótipos desenvolvidos mais recentementefoi influenciada menos expressivamente pelosespaçamentos (Figura 2).

2 Arroz de Terras Altas: Espaçamento e Densidade... 3 Arroz de Terras Altas: Espaçamento e Densidade... 4 Arroz de Terras Altas: Espaçamento e Densidade...

Espaçamento entrelinhas

40 cm 50 cm 30 cm 20 cm

Fig. 1. Ajustamento do espaçamento do arroz de terrasaltas. Fazenda Lorena, Santo Antônio de Goiás, GO. Anoagrícola 2002-2003.

Fig. 2. Produtividade do arroz de terras altas no SistemaPlantio Convencional após pastagem, nos espaçamentos de20, 30, 40 e 50 cm entrelinhas. Fazenda Lorena, SantoAntônio de Goiás, GO. Ano agrícola 2002-2003.

Na Fazenda Santa Luzia, em São Raimundodas Mangabeiras, MA, no ano agrícola 2002/2003, sob SPC, constatou-se o melhorcomportamento das cultivares de arroz deterras altas BRS Primavera e BRS Aimoré,classificadas como precoce e superprecoce,respectivamente, nos espaçamentos maispróximos (Figura 3). A cultivar BRS Primaveraapresentou um potencial produtivo superiorao da BRS Aimoré, quando cultivada noespaçamento de 16 cm, entretanto, ajustou-se menos eficientemente às mudanças noespaçamento, por ser menos perfilhadora.

Fig. 3. Produtividade do arroz de terras altas no SistemaPlantio Convencional após soja, nos espaçamentos de 16,22, 28, 34, 40 e 46 cm entrelinhas. Fazenda Santa Luzia,São Raimundo das Mangabeiras, MA. Ano agrícola 2002-2003.

Experimentos conduzidos no ano agrícola2000-2001, em Santo Antônio de Goiás,GO, e Barra do Corda, MA, confirmam omelhor comportamento das cultivares dearroz de terras altas BRS Bonança e BRSPrimavera, com arquitetura moderna, nosespaçamentos entrelinhas mais estreitos.Nestes experimentos avaliou-se também oefeito da densidade de semeadura.Verificou-se que ambas as variáveisafetaram a produtividade das cultivares,diferindo do comportamento das cultivarestradicionais que, na maioria das vezes, nãorespondem à densidade de semeadura.

A produtividade da ‘BRS Bonança’, emSanto Antônio de Goiás, aumentou com aredução do espaçamento, registrando-se

produtividades máximas quando foramutilizadas de 60 a 80 sementes/m, nosespaçamentos de 20 a 30 cm entrelinhas(Figura 4). Esta mesma cultivar, quandotestada em Barra do Corda, MA, alcançoumaiores produtividades no mesmoespaçamento, mesmo com menorquantidade de sementes (Figura 5),provavelmente por perfilhar mais naquelaregião, que apresenta intensidade luminosamaior. A ‘BRS Primavera’, em SantoAntônio de Goiás, também aumentou suaprodutividade com a redução doespaçamento até 30-40 cm entrelinhas,porém a reduziu com a diminuição dadensidade de semeadura. Esta cultivar, emambiente climático que limita a expressãodo seu potencial de produtividade, pelomenor crescimento das plantas, ou pelodesfavorecimento do perfilhamento, requermaiores densidades de semeadura. Para ascondições climáticas que prevaleceram emSanto Antônio de Goiás, durante o períodode condução do experimento, aprodutividade da cultivar BRS Primavera foimaximizada com a adoção de 80-100sementes/m, no espaçamento de 30-40 cmentrelinhas (Figura 4). Esta mesma cultivar,quando cultivada em Barra do Corda, MA,que apresentou condições climáticasfavoráveis ao desenvolvimento das plantas,aumentou também sua produtividade com aredução do espaçamento até 30-40 cmentrelinhas, porém, demandou menordensidade de semeadura, pelos mesmosmotivos descritos para a ‘BRS Bonança’. Aquantidade demandada de sementes paramaximizar a produtividade desta cultivar foide 40-60 sementes/m (Figura 5).

Os resultados sugerem que a ‘BRS Bonança’se comportou melhor no espaçamento de20-30 cm entrelinhas. Se as condições declima e solo forem favoráveis aodesenvolvimento da planta, recomenda-se adensidade de semeadura de 40-60sementes/m, se não, 60-80 sementes/m. Poroutro lado, a ‘BRS Primavera’ se comportoumelhor no espaçamento de 30-40 cm. Assimcomo para a ‘BRS Bonança’, recomenda-sede 40-60 sementes/m se as condições declima e solo forem favoráveis, se não,recomenda-se, pelo menos, 80 sementes/m.

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Fig. 4. Produtividade do arroz de terras altas, cvs.BRS Bonança (A) e BRS Primavera (B), no SistemaPlantio Convencional, nos espaçamentos de 20, 30,40 e 50 cm entrelinhas, com 40, 60, 80 e 100sementes/m. Santo Antônio de Goiás-GO. Anoagrícola 2000 -2001.

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Fig. 5. Produtividade do arroz de terras altas, cvs. BRSBonança (A) e BRS Primavera (B), no Sistema PlantioConvencional, nos espaçamentos de 20, 30, 40 e 50 cmentrelinhas, com 40, 60, 80 e 100 sementes/m. Barra doCorda-MA. Ano agrícola 2000 –2001.

Para as condições que não propiciam altopotencial de produtividade das cultivares,por limitações de disponibilidade de água ounutrientes, é recomendável que não sejamadotadas altas populações de plantas, poisacirram a competitividade intra-específicadas cultivares por aqueles fatores, ou mesmointensificam o efeito do microclima sobre asplantas, criando condições favoráveis para o

desenvolvimento de doenças. Observou-se,no município de Santo Antônio de Goiás,no SPC após pasto, ano agrícola 2000-2001, quando ocorreu distribuição irregularde chuvas, que o potencial de produtividadedo arroz foi comprometido e a máximaprodutividade foi expressa no espaçamentode 40 cm (Figura 6) e não no de 30 cmcomo observado em área próxima, tambémno mesmo sistema de produção, porém, noano agrícola 2002-2003, quando ascondições climáticas foram favoráveis paraesta cultura (dados apresentadosanteriormente).

Fig. 6. Produtividade do arroz de terras altas no SistemaPlantio Convencional após pastagem, nos espaçamentos de20, 30, 40 e 50 cm entrelinhas. Fazenda Alto da Glória,Santo Antônio de Goiás, GO. Ano agrícola 2000-2001.

Conclusões

As cultivares com arquitetura moderna, emambientes favoráveis de clima e solo,maximizam suas produtividades emespaçamentos ao redor de 30 cm, com 40-60sementes/m. Em condições não favoráveis,deve-se aumentar o espaçamento, especial-mente quando se tratar da ‘BRS Primavera’,por ser esta mais sensível à brusone. A densi-dade de semeadura, de modo geral, nestascondições, deve ser de 60-80 sementes/m,entretanto para a ‘BRS Primavera’, por serpouco perfilhadora, deve ser de, aproximada-mente, 80 sementes/m.

Entretanto, é importante acrescentar que osespaçamentos muito próximos limitam asoperações de controle de plantas daninhas,sejam elas manuais ou tracionadas poranimais e tratores.

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