agostinho - as razões seminais

2
As Razões seminais – Santo Agostinho Embora todas as coisas tenham sido criadas por Deus simultaneamente quanto as suas essências, observamos, contudo, o surgimento de seres sempre novos. Importa distinguir, por isso, entre as criaturas que foram criadas desde o início na plena perfeição de suas formas, e as que foram apenas “esboçadas”, isto é, feitas em estado latente. Santo Agostinho admitia uma evolução apenas no sentido de as formas seminais ocultas, e criadas por Deus, virem à luz em tempos ou épocas diversas, isto é, embora Deus tenha criado tudo simultaneamente quanto as suas formas substanciais, algumas criaturas ele deu logo de inicio a perfeição das formas, outras ele as fez em estado latente para surgir cada uma no seu devido tempo . Este sentido que Agostinho dá a evolução não é o que hoje se entende por evolução, como alteração e transformação da espécie. As coisas foram criadas de duas formas: uma de modo a se formarem imediatamente sem qualquer progresso de crescimento, e outras pelas quais transcorrem os tempos normais, em suas formações e desenvolvimentos . Assim, para Agostinho desde o inicio da criação as causas de todas as coisas futuras foram inseridas no mundo. (Cf. Comentários sobre o Gênesis) São Gregório de Nissa “O Homem pode ser encarado sob um duplo aspecto: o visível e o invisível. O germe humano, produto da concepção, já contém em si, de maneira invisível, o homem inteiro. Como a semente, o homem só se desenvolve com o tempo, desdobrando gradativamente as potencialidades contidas no germe. O Homem nada assume de novo ou de essencial; seu desenvolvimento se opera de dentro para fora, por suas próprias virtualidades internas. Esta energia interior é a alma, integralmente presente desde a concepção.” Meditação do dia Giovanni Colombo, Arcebispo de Milão Muitas pessoas acham-se boas por não fazerem nada de mal. Desculpam-se alguns: eu não faço nada de mal: não roubou, não odeio, não mato, não blasfemo, etc. Mas não basta não fazer nada de mal: o não fazer nade de bem já é fazer mal. Se tivesses um servo que não rouba, não sinta ódio, não

Upload: api-3828204

Post on 07-Jun-2015

677 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Agostinho - As Razões Seminais

As Razões seminais – Santo Agostinho

Embora todas as coisas tenham sido criadas por Deus simultaneamente quanto as suas essências, observamos, contudo, o surgimento de seres sempre novos. Importa distinguir, por isso, entre as criaturas que foram criadas desde o início na plena perfeição de suas formas, e as que foram apenas “esboçadas”, isto é, feitas em estado latente. Santo Agostinho admitia uma evolução apenas no sentido de as formas seminais ocultas, e criadas por Deus, virem à luz em tempos ou épocas diversas, isto é, embora Deus tenha criado tudo simultaneamente quanto as suas formas substanciais, algumas criaturas ele deu logo de inicio a perfeição das formas, outras ele as fez em estado latente para surgir cada uma no seu devido tempo . Este sentido que Agostinho dá a evolução não é o que hoje se entende por evolução, como alteração e transformação da espécie. As coisas foram criadas de duas formas: uma de modo a se formarem imediatamente sem qualquer progresso de crescimento, e outras pelas quais transcorrem os tempos normais, em suas formações e desenvolvimentos. Assim, para Agostinho desde o inicio da criação as causas de todas as coisas futuras foram inseridas no mundo. (Cf. Comentários sobre o Gênesis)

São Gregório de Nissa

“O Homem pode ser encarado sob um duplo aspecto: o visível e o invisível. O germe humano, produto da concepção, já contém em si, de maneira invisível, o homem inteiro. Como a semente, o homem só se desenvolve com o tempo, desdobrando gradativamente as potencialidades contidas no germe. O Homem nada assume de novo ou de essencial; seu desenvolvimento se opera de dentro para fora, por suas próprias virtualidades internas. Esta energia interior é a alma, integralmente presente desde a concepção.”

Meditação do dia

Giovanni Colombo, Arcebispo de Milão

Muitas pessoas acham-se boas por não fazerem nada de mal. Desculpam-se alguns: eu não faço nada de mal: não roubou, não odeio, não mato, não blasfemo, etc. Mas não basta não fazer nada de mal: o não fazer nade de bem já é fazer mal. Se tivesses um servo que não rouba, não sinta ódio, não tumultue, porém, um servo sóbrio, contido, quieto e sem vícios, mas que no entanto não faz nada, e o dia todo fica estirado num cantinho, onde não perturba, mas não te serve, não é verdade que você o despediria num instante ? Pois bem: nós somos servos de Deus, e se, nos contentarmos somente em não fazer nada de mal, sem trabalhar pela nossa alma, ouviremos um dia a eterna condenação: Servo preguiçoso e mal, retira-te (Mt 25, 26)