África heróica: análise icônica, contextual e simbólica
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DISCIPLINA: LINGUAGENS DA COMUNICAÇÃO 1
AlunosDanilo Farias - [email protected]
Mônica Nubiato - [email protected]
ProfessoraGabriela Pereira de Freitas
Outubro/2010
ÍCONE, CONTEXTO E SÍMBOLO
Análise da linguagem aplicada à imagem
Atividade
Organização
Maison Européenne de la Photographie
Missão
Conservação e difusão da fotografia contemporânea.
CARACTERÍSTICAS
• Situado em pleno centro histórico de Paris, França. • Conta com um grande centro de exposições, biblioteca especializada, videoteca,
auditório e coleções. • Oferece a um grande público o que considera os três suportes essenciais de difusão
da fotografia: tiragem de exposição, a página impressa e o filme.
ÁFRICA HERÓICA
Philippe Bordas
Análise da Exposição
ÁFRICA HERÓICAPHILIPPE BORDAS
Escritor e fotógrafo • Entre 1988 e 2008, Philippe Bordas começou sua jornada africana compartilhando a
vida dos pugilistas quenianos em Mathare Valley, numa favela da África. O destino dos pugilistas e lutadores são a moldura do livro " África, com os punhos nús" (Seuil, 2004).
• Em 1993, ele conheceu o artista Frederic Bruly Bouabre escritor. Ele comemora a poética viagem à invenção da escrita (Fayard, 2010).
• De 1994 a 1999, ele entrou no mundo fechado de wrestling (lutas) do Senegal. • No início de 2001, em Bamako, Philippe Bordas descobre o ressurgido exército de
caçadores de toda a África Ocidental, esquecido por quase sete séculos. Ele seguiu seus movimentos há sete anos.
• A exposição reúne os trabalhos na África em 20 anos, entre 1988 e 2008.
ÁFRICA HERÓICAPHILIPPE BORDAS
Ícone:Grupos de caçadores cobertos com amuletos e talismãs. Homens armados com rifles e acompanhandos de animais. Ao centro, homem em destaque, trajando vestes tribais em vermelho, em contraste com as outras roupas em tons mais pardos.
Contexto:Descendentes do corpo de elite do Império do Mali, eles usam o mesmo uniforme e obedecem às mesmas leis que os cavaleiros e os soldados do rei Sundiata Keita (1190-1255).
Os caçadores ignoram fronteiras nascidas da colonização e vivem em quase todos os locais da África Ocidental (atuais, Mali, Senegal, Gâmbia, Guiné, Guiné-Bissau, Mauritânia e parte da Costa do Marfim).
Eles ignoram os regimes coercivos e seguem o código do império Keita, Democracia oral, que se estendia do Saara para a floresta tropical, e do Oceano Atlântico a Curva do Níger.
Os caçadores do Mali
ÁFRICA HERÓICAPHILIPPE BORDAS
Símbolo: Lei e Religião
Os caçadores formam um tipo de irmandade maçônica, na qual os homens são recrutados por cooptação, independentemente da origem do nascimento, ou de classe. Eles são a autoridades lendárias de suas comunidades, os guardiões da justiça, da tradição oral e poética, da genealogia e os mestres do conhecimento (dárias terapêuticos, profundos conhecedores da caça e magia).
Os caçadores do Mali
A foto representa elementos de uma identidade baseada no poder,coletividade/liderança, crenças e forma de organização autônoma. Os animais, selvagens, se relacionam com o próprio estilo de vida dos caçadores - livres e em contato com as forças da natureza.
ÁFRICAHERÓICAPHILIPPE BORDAS
Ícone: um caçador Mali, em cenário pobre,aparentemente seu lar, segurando uma ave (pós-caça). A luz, que penetra pela janela, revela o olhar profundo do homem retratado.
Contexto: o Reino Keita foi uma época de paz e prosperidade, durante o qual coexistiu o Islão e animismo (culto ao cosmo e natureza), tempo em que a escravidão foi abolida.
Depois de séculos de guerras tribais e tráfico de seres humanos, exércitos Keita formados de pequenos reinos suplantou as tropas de seu rival Soumaoro Kante em 1235. Ele estabeleceu sua capital em Niani, Guiné, perto da fronteira com Mali.
O império do Mali estabeleceu uma sociedade anti-escravidão regida por regras igualitárias. Essa organização política foi capaz de antever as constituições posteriores democráticos do Ocidente branco.
Símbolo: confrontado com a corrupção e o caos gerado pelo neo-colonialismo, enfrentando o esquecimento fomentado pela globalização neoliberal e o poder transnacional, caçadores tradicionais são uma das bases espirituais e organizacionais da sociedade Áfricana. Fazem parte de uma utopia ativa e de um modelo de resistência a dominação cultural.
ÁFRICA HERÓICAPHILIPPE BORDAS
Imagem 3Ícone: Frederick Bruly Bouabre, artista africano de 3ª idade em cenário escolar (quadro negro e mapa da África ao fundo). Destacam-se na imagem em preto e branco a luz/sombra e o relevo.
Contexto: Num continente de grande índice de analfabetismo, Bouabre foi uma criança pobre da floresta de Daloa, no coração da Costa do Marfim. Fugiu do trabalho forçado imposto pelos colonizadores.Ele se matriculou na escola dos brancos e foi um brilhante auto-didata sob o feitiço de poetas e escritores do Ocidente. Bruly Bouabre é agora o maior artista vivo Africano. Suas obras estão expostas em todo o mundo.
ÁFRICA HERÓICAPHILIPPE BORDAS
Símbolo: Educação e Cultura
Bouabré é tocado por uma revelação divina. Missão confiada a inventar uma cultura escrita autenticamente Africana e salvá-la do esquecimento. O trabalho de Bruly Bouabre é uma arte poética, simboliza o Manifesto dos pobres. A imagem mostra uma cultura que precisa ser revelada, tendo o africano como seu protagonista e baseada em uma educação/iluminação sobre suas próprias perspectivas e olhares.
ÁFRICA HERÓICAPHILIPPE BORDAS
Imagem 4
Ícone: homem diante de um quadro negro, escrevendo com giz. Escrita em forma de imagens.
Contexto: Bruly Bouabre inventou uma escrita em preto, com base na concepção das sagradas pedras vulcânicas de sua região natal.Ele inventou pictogramas e um sistema silábico, criação saudada pelo cientista Theodore Monod.
Bruly Bouabre construiu uma prodigiosa obra enciclopédica, misturando contos, lendas e desenhos, que ele registrou em cadernos escolares ou nas costas de caixas pequenas.
Símbolo:O valor da educação e preservação da cultura nativa. O reconhecimento de formas de linguagens locais. Também representa o desafio/criatividade de se obter cultura em condições precáriase sobrevivência.
ÁFRICA HERÓICAPHILIPPE BORDAS
Imagem 5
Ícone: homens em combate, cabeça com cabeça, à sombra de uma árvore.
Contexto: o ritual dos homens escolhidos para lutar. Nestas terras de ninguém, devastados pela globalização, torrados pelo FMI, os homens sobrevivem sem terras. Pelos protocolos do boxe violento, devem lutar com os punhos nús para que se tornem heróis.
Símbolo: Sobrevivência
"África junta nua - Isto não é sobre esportes.Não há nenhum vencedor. Não há perdedor..." Philippe Bordas. A implantação de combate como poética e apontam para forças invisíveis.
A árvore na natureza, ao fundo, parece mostrar que também na natureza existe o movimento de colisão e repulsão, ao que os homens na luta se submetem.
ÁFRICA HERÓICAPHILIPPE BORDAS
Ícone: Jovem lutador, com corpo suado após a luta.
Contexto:O boxe se relaciona com as lutas diárias de muitos Africanos.Combate "tonturas", como a auto-destruição. Representa tanto a luta contra si mesmo,quanto, por outro lado, a luta em campo aberto.
Símbolo:Lutadores enraizados na sua terra. A espera pelo próximo combate. A possibilidade de vencer/perder. A necessidade de continuar lutando.
ÁFRICA HERÓICAPHILIPPE BORDAS
Referências
Imagens, informações historicas e sobre o museu, baseadas em nossas traduções, com auxílio de programas eletrônicos: http://www.mep-fr.org/actu/bordas.htm
Fotos na ordem da apresentação
Les chasseurs du Mali, 2001 Les chasseurs du Mali, 2002
Bruly Bouabré, 1993 Bruly Bouabré, 1993
Les lutteurs du Sénégal, 1995 Les lutteurs du Sénégal, 1995