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BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ANO VI N° 05 - SETEMBRO- OUTUBRO 2013 Editorial Gouveia, sessenta anos de emancipação e três séculos de história, por que não registrar? Raimundo Nonato de Miranda Chaves No mundo globalizado, com o notável desenvolvimento das comunicações, especialmente, da internete fez com que o mundo se tornasse menor. O Mundo é Plano—Uma História Breve do Século XXI de Thomas Friedman publicado pela Objetiva, aborda o tema com propriedade. A informação pode ser transmitida em tempo real para todo o planeta, possibilitando a cada pessoa se manter atualizada na sua área de interesse. As coisas, no passado, não aconteceram assim; cientistas desenvolviam pesquisas sobre o mesmo tema, trabalhando simultaneamente, mas isolados uns dos outros. Um caso conhecido: Isaac Newton e Leibnitz desenvolveram a teoria do Cálculo Infinitesimal, simultaneamente, este na Alemanha aquele na Inglaterra. Quem fez o primeiro voo com o mais pesado do que o ar? No Brasil, Santos Dumont; Nos Estados Unidos, irmãos Wright (Orville e Wilbur); Na França, Clement Ader. O tema que abordarei a seguir não tem a magnitude daqueles explicitados, mas tem a proximidade e daí a relevancia: Vamos publicar um livro sobre Gouveia!? O professor José Moreira de Souza produziu excelente trabalho histórico: Gouveia e seus mitos. Trata-se de pre-livro com muitas cópias xerografadas circulando entre gouveiano interessados. O mesmo professor Moreira, Boletim Informativo N o. 01, janeiro/fevereiro de 2009, publicou comentário sobre o livro: Patos de Minas, meu bem querer de Antônio de Oliveira Mello, editado pela Prefeitura de Pato de Minas. Moreira comentou matéria do livro e acrescentou, entre outras: A lição que deve calar para o leitor deste Boletim Informativo é que se oferecem ao aluno todos os instrumentos para a compreensão da cidade e do município como espaço vivido. O ensino da geografia, da história, da cultura e das artes se mostra plenamente consolidado e prático. Trata-se da escola fazendo a escolha pela formação do cidadão. O espaço escolar passa a abrir as portas para a participação na vida local, da comunidade, do distrito e do município.” E, para completar o comentário: Não é para Copiar, é para Imitar. Ainda sobre Gouoveia x Livro: o Conselho de Administração da Afago em reunião conjunta com o Conselho Fiscal, noite de 12 de setembro de 2013, decidiu apresentar à administração do município a sugestão para edição de um livro sobre Gouveia, preparado por equipe de seus associados. A decisão publicada no Boletim Informativo N o. 04, julho/agosto de 2013, transcrita a serguir: “GOUVEIA 60 ANOS DE MUNICÍPIO Gouveia se prepara para celebrar sessenta anos de emancipação. Seria muito oportuno publicar uma obra para fixar essa data. Os membros da Afago já têm preparados originais que merecem publicação. Adilson do Nascimento discorre sobre a vila da Fábrica de São Roberto, Raimundo Nonato de Miranda Chaves, sobre a Zona Rural com destaque para Camilinho, Guido de Oliveira Araújo, sobre a atividade mineradora, Auxiliadora de Paula sobre memórias da infância e José Moreira de Souza, sobre um pouco do percurso histórico. Outros autores podem se somar a tempo. Quem se habilita a patrocinar essa publicação? Haverá interesse da Prefeitura Municipal? O convite está feito.” Por outro lado, a programação comemorativa dos 60 anos de emancipação do município inclui: reunião para discutir a edição de livro sobre Gouveia, no dia 30 de novembro, sob a coordenação do Secretário Municipal de Cultura e por sugestão dele. Esta decisão está de acordo com o interesse da Afago que se dispõe a participar. Dia destes, em Gouveia, fui questionado: o comentário publicado no BI de julho/agosto foi posto antes ou depois de programada a reunião de 30 de novembro, na Secretaria de Cultura? Esclareço e, é opinião da Afago: Este é um problema menor que, certamente, nem será comentado na obra a ser produzida. Apesar do Mundo Plano, mesmo com a massificação de uso da internete, ainda não temos todas as informações em tempo real, por isso surgem problemas como este: quem falou primeiro? Lá na cozinha de D. Helena, fogão de lenha, em Camilinho, meu bem querer, faz-se saborosa omelete e excelente frango ao molho pardo e ninguém se preocupa quem veio primeiro: o ovo ou a galinha?

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Page 1: Afago VI 05 013afagouveia.org.br/Afago05_13.pdf · Placidino Barbosa, o qual vivia batendo em latas. Talvez fosso funileiro. E não sei por que cargas d’água, João, meu irmão,

BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA -

ANO VI N° 05 - SETEMBRO- OUTUBRO 2013

EditorialGouveia, sessenta anos de emancipação etrês séculos de história, por que nãoregistrar?

Raimundo Nonato de Miranda Chaves

No mundo globalizado, com o notável desenvolvimento dascomunicações, especialmente, da internete fez com que o mundose tornasse menor. O Mundo é Plano—Uma História Brevedo Século XXI de Thomas Friedman publicado pela Objetiva,aborda o tema com propriedade. A informação pode sertransmitida em tempo real para todo o planeta, possibilitando acada pessoa se manter atualizada na sua área de interesse. Ascoisas, no passado, não aconteceram assim; cientistasdesenvolviam pesquisas sobre o mesmo tema, trabalhandosimultaneamente, mas isolados uns dos outros. Um casoconhecido: Isaac Newton e Leibnitz desenvolveram a teoriado Cálculo Infinitesimal, simultaneamente, este na Alemanhaaquele na Inglaterra. Quem fez o primeiro voo com o maispesado do que o ar? No Brasil, Santos Dumont; Nos EstadosUnidos, irmãos Wright (Orville e Wilbur); Na França, ClementAder.

O tema que abordarei a seguir não tem a magnitude daquelesexplicitados, mas tem a proximidade e daí a relevancia: Vamospublicar um livro sobre Gouveia!?

O professor José Moreira de Souza produziu excelente trabalhohistórico: Gouveia e seus mitos. Trata-se de pre-livro commuitas cópias xerografadas circulando entre gouveianointeressados. O mesmo professor Moreira, Boletim InformativoNo. 01, janeiro/fevereiro de 2009, publicou comentário sobre olivro: Patos de Minas, meu bem querer de Antônio deOliveira Mello, editado pela Prefeitura de Pato de Minas.Moreira comentou matéria do livro e acrescentou, entre outras:“A lição que deve calar para o leitor deste BoletimInformativo é que se oferecem ao aluno todos osinstrumentos para a compreensão da cidade e do municípiocomo espaço vivido. O ensino da geografia, da história,da cultura e das artes se mostra plenamente consolidadoe prático. Trata-se da escola fazendo a escolha pelaformação do cidadão. O espaço escolar passa a abrir asportas para a participação na vida local, da comunidade,do distrito e do município.”

E, para completar o comentário: Não é para Copiar, é paraImitar.

Ainda sobre Gouoveia x Livro: o Conselho de Administraçãoda Afago em reunião conjunta com o Conselho Fiscal, noite de12 de setembro de 2013, decidiu apresentar à administraçãodo município a sugestão para edição de um livro sobre Gouveia,preparado por equipe de seus associados. A decisão publicada

no Boletim Informativo No. 04, julho/agosto de 2013,transcrita a serguir: “GOUVEIA 60 ANOS DE MUNICÍPIOGouveia se prepara para celebrar sessenta anos deemancipação. Seria muito oportuno publicar uma obrapara fixar essa data. Os membros da Afago já têmpreparados originais que merecem publicação. Adilsondo Nascimento discorre sobre a vila da Fábrica de SãoRoberto, Raimundo Nonato de Miranda Chaves, sobrea Zona Rural com destaque para Camilinho, Guido deOliveira Araújo, sobre a atividade mineradora,Auxiliadora de Paula sobre memórias da infância e JoséMoreira de Souza, sobre um pouco do percursohistórico. Outros autores podem se somar a tempo. Quemse habilita a patrocinar essa publicação? Haveráinteresse da Prefeitura Municipal? O convite está feito.”

Por outro lado, a programação comemorativa dos 60 anosde emancipação do município inclui: reunião para discutir aedição de livro sobre Gouveia, no dia 30 de novembro, sob acoordenação do Secretário Municipal de Cultura e porsugestão dele. Esta decisão está de acordo com o interesseda Afago que se dispõe a participar.

Dia destes, em Gouveia, fui questionado: o comentáriopublicado no BI de julho/agosto foi posto antes ou depois deprogramada a reunião de 30 de novembro, na Secretaria deCultura?

Esclareço e, é opinião da Afago: Este é um problema menorque, certamente, nem será comentado na obra a serproduzida. Apesar do Mundo Plano, mesmo com amassificação de uso da internete, ainda não temos todas asinformações em tempo real, por isso surgem problemas comoeste: quem falou primeiro?

Lá na cozinha de D. Helena, fogão de lenha, em Camilinho,meu bem querer, faz-se saborosa omelete e excelente frangoao molho pardo e ninguém se preocupa quem veio primeiro:

o ovo ou a galinha?

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Jabuticabas do Prof. Moreira

Gonzaga Escultor de Mérito

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Prêmio Afago Textos selecionados-

Opiniões

11/10/2013 - Adilson do NascimentoFiz um levantamento de todos os autores das mensagensdeste site, desde o seu início em 10 de junho de 2009 e exluítodas aqueles que ficaram aquém de 3 postagens, durante operíodo. O resultado abaixo, em ordem cronológica, nosmostra que várias e várias pessoas poderiam ser mais atu-antes, além de algumas, até da diretoria da Afago, que nun-ca se fizeram presentes. Alex Mendes Santos 3/// AlvanirAlves de Lima 3/// Assessoria de Comunicação da Prefei-tura 3/// Ely Augusto Brasil 3/// Izanete Santos 3/// LucíolaGomes Rocha 3/// Marcos Brum Ribas 3/// Netos de Zico3/// Francisco S. Silva 4/// Gilberto Francisco de Almeida 4/// Junia Caroline 4/// Wilson Pereira 4/// Raquel Luiza 5///Elena Berenice Brum Ribas 6/// Andrea Gama Chaves 8///Frei Flávio Silva Vieira 8/// José Carlos Dias 8/// Maísa Nas-

cimento Dória 8/// João Lucas Chaves 9/// Jacqueline NaraCardoso Chaves 11/// Otomano Menezes 11/// Elizabete Gui-marães 15/// Geralda Antônia de Araújo 20/// Manoel LuizFerreira de Miranda 27/// Leila Karla da Cunha 31/// MiltonMaria Ferreira de Miranda 35/// Roberto Alves Nunes 40///Alyne Dória 41/// Padre Silvio Augusto Moreira 44/// GilMartins de Oliveira 56/// Hermes Nascimento Silva 72/// Afrâ-nio Gomes 102/// João de Jesus Saraiva 117/// Nilson PereiraMachado 150/// José Moreira de Souza 203/// Guido de Oli-veira Araújo 276/// Raimundo Nonato de Miranda Chaves304/// Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro 339/// Adilson doNascimento 591.

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Boletim Informativo da AFAGO página 3

Notícias & comentários

Alguns comentários e notícias registrados no sítio www.afagouveia.org.br de agostonovembro

Modernidade um tema para discussão

Jacqueline Nara Cardoso Chaves propôs no dia 27 de agosto:” Tempos modernos . Temos mesmo o mundo emnossas mãos . Mas sinceramente , não se fazem mais músicas como antigamente ; não se joga conversa fora enquantose espera na fila de um banco . Talvez esteja ficando difícil olhar nos olhos , respeitar os mais velhos e parar de acessara internet”.

Gil Martins de Oliveira comentou, no dia seguinte:“Falando em tempos de antanho, eu vou deixar as visitas de lado e vou ater-me à facilidade de aproximação entre ascrianças. Eu, um pobre habitante da Rua Laurindo Ferreira, 610, não encontrava nenhuma dificuldade em brincar edivertir-me, ora com os meninos de Efigênio, vizinhos, ora com os do Sr. Durval, ora com os de Cruzelina, de Vicentede Sá Genária, e com próprio Moreira, de cuja casa a gente não saía, Dingo de Aurélio e tantos outros. Gouveia setransformava num grande parque de diversões. Os movimentos separatistas, de ordem política, se restringiam à esferados adultos e ficavam por lá. Agora, São Roberto sempre foi, para mim, um pouco como a “Cidade Proibida”, daDinastia Ming. Não consegui criar intimidade com o lugar, apesar de lá ter ido muitas vezes ajudar missas e depoistomar café na casa do Dr. Rômulo. Durante um longo tempo levei almoço para minhas tias Zezé e Luiza, quetrabalhavam na fábrica. Elas “tinham” uma morada na rua de entrada, que dava fundos para a cassa do senhorPlacidino Barbosa, o qual vivia batendo em latas. Talvez fosso funileiro. E não sei por que cargas d’água, João, meuirmão, me deu o apelido de Placidino Barbosa o qual carreguei por um bom tempo. Às vezes, levava almoço para meutio, Aristides Librelon, que trabalhava na olaria. Esse meu tio, — a gente começa num assunto e pula para outro –,Aristides, nos tempos do Dr. Jurandir, construiu o Hospital e a Casa Paroquial, além de outras obras, em Gouveia.Quando estava para aposentar, contudo, precisou averbar algum tempo, em carteira, mas não houve ninguém, docomando da cidade, que pudesse ajudá-lo. Ele se foi com essa mágoa. Mas voltando às nossas origens, a únicaconcorrência que enfrentávamos era Gerônimo, o herói do sertão e a novela O Direito de Nascer. Meu avô, Aprígio,não perdia um Gerônimo. Às vezes, eu lhe fazia companhia. Resumindo conversa, Adilson, nós nos formamos numaótima faculdade chamada Gouveia, com excelentes mestras em sala de aula, mas a pós graduação aconteceu foi nasruas e campos de nossa terra abençoada.”

Adilson do Nascimento acrescentou no dia 5 de setembro:“Tenho gratas e saudosas lembranças dos amigos que fiz, tanto na infância, quanto na vida adulta, lá na Vila Operária daFábrica São Roberto ou em Gouveia. Vários já se foram! Outros estão por aí às voltas com as incertezas desse mundoconturbado, inseguro e imprevisível e a maioria eu nem sei por onde anda. Atualmente a AFAGO se tornou um ponto dereferência e de reencontros muito gratificantes com parte deles. Até mesmo na política eu mantive os meus amigos e fiznovos; embora se saiba que em política o que se conta é a conjunção de interesses. Quando são convergentes criam umaamizade sólida, sincera. Se, porém, forem ou se tornarem divergentes, ainda que apenas no plano das ideias, podem levara uma inimizade mortal. E pior! O inimigo político geralmente faz tudo para parecer seu amigo, resguardando-se para ocaso de vir a necessitar do seu apoio, em qualquer circunstância, no futuro. Um amigo que eu levei da “vida normal” paraa “vida política” e cuja amizade permaneceu e se fortaleceu de uma forma extraordinária, fazendo com que até hoje eutenha por ele um carinho muito especial, embora ele esteja hoje em outro plano, foi IDALINO RIBAS. Impressionantecomo Idalino era amigo! Eu ainda era criança quando o conheci. Ainda nos meus tempos de criança, ele me atendia comose eu fosse “gente grande” e eu recebia dele uma atenção especial, fazendo despertar em mim um sentimento muito fortede respeito e admiração. Idalino tinha um jeito próprio que cativava pela simplicidade, pela sinceridade, pela honestidade,pelo caráter e pela polidez. De família tradicional, quando o conheci ele já era reconhecidamente um empresário bemsucedido. Logo depois que comecei a trabalhar na Fábrica São Roberto, no início de 1962, com quinze anos, ainda “demenor”, surgiu no mercado uma camisa muito bonita, de cores vivas, chamada, parece-me, “banlon”; muito cara secomparada com as nossas tradicionais camisas de brim ou de morim, da época e, principalmente, para as minhas posses.Na loja dele havia uma da cor verde e que eu admirava, enquanto aguardava o horário de início das aulas do Ginásio

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Boletim Informativo da AFAGO página 4

Notícias & comentários

Santo Antônio. O Idalino percebendo o meu interesse medisse que eu poderia levá-la e deixar para pagar quandorecebesse o meu salário. Eu então lhe falei que eu tinha ocompromisso de entregar “todo” o meu dinheiro para o meupai e ele só me devolvia alguns trocados, de forma que eunão poderia pagá-la. Aí ele me disse que dividiria, sem ju-ros, para que eu pudesse pagar. Eu, então, feliz da vida,comprei a camisa e, ainda, aproveitei para comprar umacalça preta, formando um conjunto que fazia o maior su-cesso com as meninas. A cada salário recebido eu ia até aloja e pagava uma parte. Passei uns cinco meses pagando(santa pobreza!). Interessante é que era tudo apalavradoentre um comerciante bem sucedido e um adolescente semrecursos. Nada estava escrito. Ah, que saudade! Bons tem-pos! Outra experiência que tive com Idalino e que demons-tra a sua retidão, o seu caráter, a sua personalidade e prin-cipalmente, a sua honestidade, foi quando em 1976 odiretório municipal iria se reunir para lançar a chapa únicacom candidato a prefeito. O Idalino me procurou e me dis-se que eu seria o candidato que ele iria apresentar na con-venção do diretório. Com muito custo eu lhe convenci quenão gostaria de ser candidato, pois eu não poderia misturaras minhas atividades da fábrica com as da prefeitura, alémdo que eu não poderia optar unicamente pela prefeitura,deixando a fábrica, naquela ocasião. Idalino aceitou, meioa contragosto, mas no dia da convenção disse para todosos convencionais que eu seria o candidato dele, mas umavez que eu não aceitara o convite ele então apoiaria o entãocandidato indicado. Isso, em política, é muito raro. Eu po-deria citar inúmeras outras passagens que marcaram o nos-so relacionamento e a minha proximidade com ele. Lamen-tei, por demais, a sua morte que deixou-me profundas mar-cas e tenho perfeita consciência de que Gouveia perdeu umdos seus melhores e mais queridos filhos. Eu que fui alunode Nia e de Dôca, de quem fui colega de vereança e souamigo até hoje, assim como fui amigo de Jacques e de IldaRibas e sou amigo de Elza, tenho pela família uma profundaadmiração e pelo Idalino uma imensa saudade.”

E trouxe novas contribuições no dia 13 de setembro:“Não pretendo aqui fazer uma homenagem, até porque fal-ta-me competência para isso, mas gostaria de fazer justiçaa um casal típico da “República da Rua da Frente”, que nãocompartilhava daquela infâmia discriminatória com o pes-soal da Vila da Fábrica, principalmente. É possível que exis-tissem outros, claro! Porém, com esse eu convivi muito di-retamente e discutia a respeito. Ele, João de Miranda Ribas;ela Dona Vitalina Alves Ribas. Nos meus tempos de “Au-rélio Pires” (1955/1958) D. Vitalina já era vice-diretora e,portanto, nunca foi minha mestra diretamente, embora te-

nha substituído Dona Ritinha Abaeté em uma ou duas even-tualidades, o que fez com que eu, pela sua delicadeza, aten-ção, cordialidade e simpatia, tivesse por ela uma admira-ção somente devotada à professora efetiva. No ano finaldo meu ginásio (1964), colega e amigo de Yolanda, fre-quentava, às vezes, a casa dela. Sempre recebi uma aten-ção e um carinho dispensado a amigos qualificados, sendosempre convidado para a cozinha da casa. Adulto (1970),quando me meti em política fui chamado por João Ribas enaquele dia ele me disse com todas as letras; - “o MEUvoto é SEU, mas preste atenção a uma coisa: eu pretendodedicar o meu voto e eleger vereador um cidadão íntegro,honesto, e trabalhador, mas que conheça as seus direitos eos seus deveres e os exerça com dignidade”. Em seguidaele me expôs tudo (quase nada) inerente e tudo (muito) quenão competia ao cargo. Lembro que eu imaginava, errone-amente, que poderia abrir ruas, construir pontes e uma sé-rie de coisas e ele então me garantiu: - “tudo isso é da com-petência do executivo e, na hipótese de que ele não se dis-ponha a fazer, você não terá como fazer com que ele faça”.Certa vez quando conversávamos a três: eu, ele e D. Vitalina,eles me disseram: “e elite gouveana são vocês da fábrica,que têm emprego fixo e salário com data certa para serpago”. João Ribas havia sido vereador na primeira legislaturado município emancipado e vice-prefeito na segunda admi-nistração que teve o gerente da fábrica Pedro Cezarini comoprefeito. Sua larga experiência dentro e fora da política, suavivência de fazendeiro bem sucedido, sua retidão na con-duta da sua vida familiar, fez com que ele fosse para mimum mestre, até para a minha vida pessoal. Dona Vitalina...bem essa ocupa a prateleira de cima das minhas idolatrias”.

Manoel Miranda concluiu no dia 19 de setembro:“ADILSON- gostei imensamente de seu comentário dia17.09. sobre o casal JOÃO DE MIRANDA RIBAS EDONA VITALINA ALVES RIBAS, porque são e forampessoas dignas de suas palavras e porque não dizer de suashomenagens.Pelos exemplos que foram de HONRADEZE AMABILIDADES.Somente quem teve o prazer de con-viver com o João Ribas e tem com D. Vitalina tem conheci-mento da tranquilidade,paz e prazer do papo com osmesmos.Minhas melhores recordações da infância emGouveia,era quando de passagem p/ Gouveia em compa-nhia de meus pais, pernoitávamos em sua casa e dormía-mos naquela cama gostosa de colchão de palha e traves-seiro de paina e o carinho dos mesmos e de suafamília.Aprendemos a adora-los.Parabéns aos filhos e ne-tos pelos pais e avós e pelos exemplos que lhes deixaram edeixam.”

Em 23 de setembro Foi mais uma vez o Adilson

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Boletim Informativo da AFAGO página 5

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“CARTA ABERTA PARA JOAQUIM ALVES DO NAS-CIMENTO – Nascido no que eles chamavam de sítio, bemacima da “Cruz das Almas”, no caminho para o Pedro Pe-reira, em 23 de setembro de 1924, esse menino foi fazer ocurso primário, no Grupo Escolar Aurélio Pires, quando jáestava com onze anos. Diplomou-se, com louvor, confor-me diploma assinado pela professora D. Antônia, em de-zembro de 1938 e em 1940 ingressou, como carpinteiro,na Fábrica São Roberto. Casou-se em 28 de setembro de1946 e teve dez filhos, sendo que nove estão vivos e ummorreu, na infância, com dois meses de idade. Veio a fale-cer em 31 de janeiro de 1983, vítima de uma septicemiageneralizada, após sofrer um acidente em uma serra elétri-ca, que lhe amputou o dedo polegar da mão esquerda. Oacidente, embora grave, não parecia indicar que lhe adviriaa morte, mas como toda certeza da vida é que morrere-mos, foi a sua vez. Portanto, se vivo estivesse, estaria com-pletando hoje 89 anos, embora tenha vivido apenas 58.Porém, senhor Joaquim, Quinzinho, para a família e para osamigos, a sua curta passagem pelo planeta terra serviu deexemplo e serve até hoje para toda a sua família, para to-dos os seus filhos, mesmo aqueles que tiveram uma curtaconvivência com o senhor. Lembro-me, com muita clareza,de várias, incontáveis, das suas lições. Lições que eramdadas com o conhecimento de quem as praticava e queapesar de serem tantas vou relembrar aqui apenas duas: -“se você ficar velho e tiver nada, veja se você tem nome. Aívocê terá tudo”; “honestidade não é qualidade que se pre-ze. Honestidade é obrigação”. Pratiquei, por toda a vida aprimeira e pratico a segunda sem sequer imaginar que sejamérito ou que poderia ser diferente. Apesar de que a suamorte já passa dos trinta anos, tenho imensas saudades danossa convivência e às vezes me pego imaginando ir atéGouveia para lhe contar uma particularidade. Sei que a suamorada atual é infinitamente melhor que a minha, mas, semegoísmo, gostaria imensamente que você ainda estivesseaqui comigo! Para quem não sabe digo que tive a honra deter esse senhor fantástico, extraordinário, excepcional, ami-go, educador, conselheiro, como meu PAI.”

Vale a pena acompanhar na página de Mensagem es-sas conversas saborosas. Que tal, nossos jovens tam-bém entrarem nessa onda. Afinal foi a jovemJacqueline Nara que acendeu a primeira chama.

Garimpo: só para continuar a conversa.

Algum cara muito apressado disse que o mineirocaminha de olhos baixos, sempre olhando para o chão,devido à opressão vivida durante o período colonial.Mineiro é humilde porque aprendeu a ser humilhadopelos mandões. É para isso que servem as ideologias.Contudo, mineiro que é mineiro mesmo busca na terraindícios de riqueza. O menor brilho lhe chama a atenção.Nosso diretor e animador, Adilson do Nascimento, deunova vitalidade ao assunto ao chamar a atenção paracasos que merecem ser temas nas escolas, para estudode nosso modo de ser mineiro de Gouveia, Datas, CostaSena, São João da Chapada, Serro, Tijucal... Minas,enfim.

Dia 21 de setembro:

“Professor Guido Araújo, falando em garimpo, meu avô, Jo-aquim Marcos, pai do meu pai, dizia que ali, um pouco abaixode onde é hoje a Barragem do Gama, nos terrenos da Fábri-ca São Roberto, em Gouveia, existia um sítio chamado “Fa-zenda Velha”, com uma próspera mineração de diamantesque utilizava mão de obra de escravos negros, antes, eviden-temente, da abolição em 1888. Como a produção era muitofarta, multiplicando a fortuna do senhor das minas, um escra-vo de nome Fiel furtava os diamantes maiores que apareci-am no fundo das suas peneiras, principalmente aquelas debitola mais grossa, utilizando a técnica de engolir as pedras erecuperá-las no dia seguinte, quando ele ia “ao mato”, sem-pre à noite, e ali as guardava em um pequeno pote de barro,similar a uma garrafa (embora o vidro já houvesse sido intro-duzido no Brasil desde 1810), e de novo o enterrava a duasbraças (mais ou menos 4 metros e meio) de afastamento doenorme tronco de um pequizeiro, bem ao pé do lado oeste daSerra de Santo Antônio. Certa noite, surpreendido pelo feitordas minas com o pote na mão, Fiel atirou a “sua fortuna” emuma frincha (espécie de fresta) entre as várias existentesnas rochas da serra e, contornando-a, disparou no sentido doPalmital. Somente voltou a ser visto, depois da abolição, emum sítio existente, em Gouveia, bem acima da Cruz das Al-mas (que quando eu conheci era o sítio de Antônio de Almeida),e onde meu avô havia nascido e ouviu todo o relato do pró-prio Fiel. Embora ficasse a dúvida de que o feitor houvessepartido na captura dele ou preferido ir atrás do pote, certa-mente, destruído, meu pai, inúmeras vezes me fez descer(quando eu menino), amarrado a uma corda, por aquelas frin-chas, onde algumas delas, lá em baixo, serviam de caminhopara o curso d’água, para que eu verificasse, lá no fundo, aexistência de cascalhos e os colocassem em um saco de panopara que fossem içados até a borda para que ele os analisas-se, na esperança de encontrar os diamantes atirados. Sabeo resultado dessas buscas? Meu pai morreu pobre feito Jó e

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Boletim Informativo da AFAGO página 6

Notícias & comentárioseu estou indo para o mesmo caminho. Da Serra de SantoAntônio eu, até hoje, só já consegui retirar “canela de ema” emocó.”

João de Jesus Saraiva acrescentou no mesmo dia:

“Adilson,ao ler sua mensagem,muito me interessou sobre otesouro da serra de Santo Antonio,como eu e você conhece-mos bem aquele local e sempre ia com meu pai garimpar nasfolgas de final de semana no cabo verde próximo doBatieiro,tenho certeza que você também fez essa aventurasem ter êxito,ESTA NA HORA DE NOS RECUPERAR OTESOURO PERDIDO.Chamar o Hermes também tenhocerteza que ele irá topar,como você é mais velho de que nosdois,você não aguenta subir na serra de Santo Antonio,maseu aguento e topo.Quem sabe nos conseguiremos,e você seráresponsável pela venda deste tesouro e fazer apartilha.kkkkkkkkkkkkk,isso não é uma utopia,basta cavar.Umabração Adilson e Hermes”

Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro – Dorinha deDona Antônia – não deixou por menos e trouxe novocomentário:

“Li seu artigo, Adilson, e posso lhe afirmar que meu pai,não sendo escravo, também passou a vida a procurar dia-mantes que vira ingleses jogar em latas no rio de Costa Sena.Como era muito generoso, deixava que os garimpeiros fais-cassem, após o trabalho, sendo deles o que, por ventura, en-contrassem. Já disse isto nesse espaço e repito, agora. Umdos faiscadores ficou, subitamente, rico; mora em Curvelo,mas tem a vida atormentada por problemas familiares e poruma doença que sobre ele se abateu. Com isto não estou mevangloriando, absolutamente NÃO. Com isso, quero dizer quea lavra toma o que deu. Também, quero expressar que meupai, desgostoso, porque praticamente dera a sua parte, sobforte pressão do sócio, voltava triste e abalado para casa,quando, num terrível acidente, a lavra lhe tomou tudo, até osseus pertences pessoais. Por milagre, não perdeu a vida, masficou com um dos braços defeituoso. Do garimpo a que dedi-cara sua vida, nada lhe restou. Morreu desgostoso, ainda quemuitos anos após. Garimpo só traz trabalho, preocupação,discórdias e quando não leva o indivíduo à morte, leva-o àpobreza. Meu pai morreu pobre, tendo visto enormes dia-mantes, cuja pequena balança , de que me recordo muitobem, revelava grandes e ricos quilates.”

Hermes Nascimento da Silva não perdeu tempo. Nodia 23 de setembro trouxe sua contribuição:

“Quando falam de garimpo, eu me lembro de uma conversacom O Sr Tunico de Mario. Um dia ele me perguntou, “Cadêo Nivaldo e o Vicente, não estão vindo jogar buraco, por quê?”Então eu disse, estão tocando um garimpo no RioJequitinhonha. Ele falou, “já falei para esses meninos larga-rem isso de lado, o que eles ganharam tá bom porque o ga-

rimpo dá com uma mão e tira com as duas.” Continuou, “co-nheci um fulano Ribas ( não me lembro o nome que ele disse) De Datas, que levava diamantes e ouro no lombo de burrospara vender no Rio de Janeiro. Quando morreu se foi enter-rado com paletó foi de algum amigo, pois não tinha nem umaroupa sem ser remendada.” Já trabalhei nas chamadas bom-bas de garimpo ( dragas ) não tenho saudades não. JoãozinhoSaraiva, nessa expedição, deixo todo tesouro para você oNilson e Adilson que façam bom proveito kkk.”Aí, deu corda para Auxiliadora:

“Hermes, acabo de ler a sua mensagem e concordo, plena-mente, com o que dizia Tonico de Mário Gomes e o que pen-sa você. É isso aí... O que o garimpo dá com uma mão, eletoma com as duas, se não levar o garimpeiro à morte. Não ésuperstição ou coisa parecida. Analisando a vida de inúme-ros garimpeiros, cheguei à mesma conclusão. Ninguém ficarico, garimpando. Como a natureza reage com inundações,desmoronamentos, terremotos, maremotos, tsunamis, destrui-ção e morte, buscando o espaço que foi seu e que o homemtomou, no garimpo, o rio, parte intrínseca da Natureza, tam-bém o faz. Ele busca o que sempre foi seu e que a mão dohomem tomou. A vítima continua a ser o próprio homem ,que, dele, as riquezas roubou. O rio estava lá, correndo no seucurso normal, quando, de repente, vê suas águas desviadas,enquanto ele se torna, naquele local, apenas um filete d’água..Homens lhe invadem o sossego. O rio “chora” pelo descon-forto que lhe produz o ruído das máquinas, que lhe roubam aserenidade, a paz. Ele se vê devastado em sua margens, sen-te-se prisioneiro do homem que dele enxota os peixes e avegetação. -Por que e para que o homem o devasta? -Parase enriquecer, tirando dele as riquezas do sub-solo. Já li sobreisso e parece um absurdo , mas não o é. Quando o garimpei-ro pensa já lhe ter tirado tudo, abandona-o, deixando paratraz uma cratera imensa. Hoje já é mais fiscalizado e oIBAMA, tanto quanto possível, investiga, aplica multas, con-dena. Mas, outrora não era assim... Dragas enormes e ga-rimpeiros de peneira em punho, chapéu para se esconder dosol eram uma ameaça constante para o rio que, antes, corriaserenamente. Como a Natureza não perdoa, o garimpeirosofrerá por tanta devastação! O rio que chorou ao se verferido o pune, fortemente. É claro que o rio que não pensa,mas sente... Ele sabe que jamais será o mesmo e após semagoar, se vinga. Como já ouvi falar, aí está o feitiço do ga-rimpo, difícil de acreditar pela força negativa da palavra fei-tiço, que não existe, se não captarmos o pensamento maléfi-co de quem o faz...E todos sabemos que o pensamento émais veloz do que a luz e o som.- Não sei! Há um magnetis-mo no ar... Há algo que não consigo compreender, apesar dever tantos garimpeiros na pobreza, após terem lidado comtanto dinheiro, fruto da extração de ricos diamantes, que, de-pois, se tornam amargura e dor. Um dia vou lhes falar deoutra profissão. Por enquanto, pensem no que vou lhes per-

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guntar:-Vocês já viram algum açougueiro morrer rico? Isso,sem discriminar a profissão, mas olhando para os animaissacrificados, embora o “Velho Testamento” nos fale de ani-mais sacrificados para louvar a Deus.”

A conversa não vai terminar aqui. Vejam a entrada doGuido Araújo e o comentário de Adilson do Nascimen-to:

“DIAMANNTES, GARIMPEIROS E TESOUROS Estesdias estive retirado das leituras do Site da Afago por motivode força maior, resolvendo problemas de meu apartamento,da Rua Samuel Pereira, em recuperação pela empresa cons-trutora do Shopping Anchieta, e fazendo check-up médico:exame de vista, próstata, coração, dentes e condição geralda saúde. E ainda curti o nascimento de mais dois netos Es-tou retomando a leitura do Livro de Mensagem espantadocom a quantidade e qualidade das mensagens e com a varie-dade de interlocutores. Li com atenção, principalmente, aspostagens sobre diamantes, garimpeiros e tesouros. Con-cordo com umas, discordo em parte de outras, mas apreciotodas. Enquanto a esperança para todos é a última que mor-re, no garimpo o último a morrer é o garimpeiro. A esperançacontinua disfarçada em novos frentes e história de tesouros.O garimpeiro se alimenta da esperança dos antepassados, dehistórias, das lendas, de superstições e sonhos. Sonho, maté-ria de que é feita a vida do garimpeiro. Garimpeiro rico épouco, porque é só o que menos sonha e consegue sair dogarimpo logo que bamburra. A felicidade, contudo, não o acom-panha. O castigo dele não vem da vingança da natureza, vemdele mesmo. Dos outros que continuam, felizes, “a lavra tomao que deu”. A perdição deles é o excesso de sonho, de espe-rança. Não param de garimpar por sonhar demais e por nãoterem outra opção além da lavra. Um desses foi meu pai e,parece, o pai da Auxiliadora, segundo ela comenta. Meu paiconseguiu sair do garimpo, já idoso, mas Inêz já era morta.Caro Adilson, muito bonita sua história do tesouro da Serrade Santo Antônio. Gouveia e sua tradição sempre me surpre-endem. Você contou enxutamente a tradição, parecendo adi-vinhar o que o leitor (no caso, eu) queria saber sobre o assun-to, na sua curiosidade de ver logo o desfecho. Da Serra doSanto Antonio meu avô Manoel Branco, ex-tropeiro falido egarimpeiro por falta de opção, além dos mocós, caçou umaonça e retirou alguns diamantes ali do Boqueirão. Quanto aotesouro da Serra do Santo Antônio, acredito piamente nele.Não há tradição mentirosa. Esta ainda tem a chancela do seuavô que conheceu o Fiel, personagem autêntica. Tesourosdeve haver outros muitos em Gouveia, mas sem história etradição. Na região temos a história do Isidoro e do PadreBrasão, em Diamantina. O da Serra de Santo Antônio estána mesma linha, só falta ser encontrado, como o foram osoutros. Mas, pelo visto, com o planejamento do João de JesusSaraiva, o tesouro da Serra de Santo Antônio está com ashoras contadas para ser descoberto. Pena que não fui convi-dado para integrar a comitiva bandeirante, tão ilustre. Tives-se sido, teria aceitado sem pestanejar, apesar do conselho ealerta de Auxiliadora: “não mexa com isto”. Gostaria de co-

mer uns mocós, escondido do Ibama. Vários motivos militama favor da empreitada: 1) Auxiliadora não argumentou paraconvencer os audaciosos. 2) está fácil encontrar as pedras,“basta cavar”, diz o João. 3) “não é utopia”, dedução lógicada narrativa do Adilson. 4) O Fiel colecionou as pedras mai-ores, fáceis de serem vistas, até de longe. Se encontrarem,me contem, que eu conto aqui.”Adilson: “Professor Guido Araújo, sinta-se à vontade parafazer parte da comitiva “Bandeirantes do Século XXI”, paradesbravar a Serra de Santo Antônio em busca de tesouroperdido. Faço apenas uma ressalva: nessa história de garim-po estou mais para Auxiliadora que para Joãozinho Saraiva.Portanto, me “inclua” fora desta.”

Se o leitor não deu valor a esta conversa, saiba que oAdilson deu continuidade à elaboração de um assuntoque pode virar tese de mestrado ou de doutorado. Osaber do garimpeiro e seu imaginário são mais precio-sos do que o ouro e as pedras que encontra. O garim-peiro sabe mais de pesquisa mineralógica do que osdoutores em mineralogia. Conhece onde há lavras de“boa pinta”, sabe distinguir as formações e hierarquizá-las, o que indica uma “pedra Santana” uma “crisota”,a qualidade de cada pedra para se tornar joia, as jaças,o “chapéu de padre”, as aluviões e seus depósitos. Crialendas, muitas lendas. Conhece a “mãe do ouro” deverdade. Pior ainda, sabe como está sendo exploradona produção de riqueza e não desanima. Eu me dei con-ta de morar numa região de garimpo, no dia em que umbarranco matou Zé Leocádio... Gouveia que abrigouos restos mortais do descobridor oficial dos diamantes,tem obrigação moral de criar um “Centro de Memóriado Garimpo”. Isto é mais do que um simples Museu doDiamante. Para não esquecer, o primeiro Centro deMemória do Garimpo foi ensaiado no Museu do Ouroem Sabará pelo seu diretor Antônio Joaquim de Almeida,- paulista e irmão de Guilherme de Almeida – príncipedos poetas brasileiros. Antônio Joaquim era casado comLúcia Machado de Almeida, autora entre outras obrasde Viagem a Diamantina. Com a criação do Centro deMemória do Garimpo – o melhor local seria no Pombal– Gouveia celebraria com orgulho os 60 anos de eman-cipação e seus Três Séculos de História.Peço licença aos autores para publicar essas conversasno Carranca, boletim da Comissão Mineira de Folclo-re.

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Estreitamento de laçosAos poucos, os encontros dos membros da Afago semultiplicam espontaneamente, na alegria e na tristeza,na saúde e na doença, sempre, sempre, sempre!

Adilson noticiou no dia 28 de agosto

Hoje quem está soprando velinhas é o meu querido amigo,presidente do conselho fiscal da Afago, Doutor MiltonMaria Ferreira de Miranda, uma das pessoas maissensíveis, sinceras e cordiais com a qual tenho o prazer deconviver. Sei, Milton, que se Deus, os anjos e os santos,derramarem sobre você e sua família todas as bênçãospossíveis e imagináveis, ainda ficarão faltando várias paraque cubram toda a extensão do seu merecimento. Portanto,somente posso lhe dizer que faço votos para que você sejafeliz hoje, amanhã e sempre e possa trilhar com saúde plenaa estrada da vida extraordinária que o Camilinho lhe pôs àfrente. PARABÉNS!

E o doutor Raimundo Nonato de Miranda Chavesdocumentou em 03/09

Doutor Milton Miranda comemorou seu niver, em primeirode setembro, quando recebeu para almoço, familiares eamigos, na sua residência da Rua Juiz Costa Val no SãoLucas. Milton sabe receber, como poucos: atento e gentilcom cada um dos seus convidados, num ambiente alegre edescontraído, servia Jonnhie Walker rótulo green e gentetomando cerveja sem álcool. O sambista Bezerra da Silvadiria: parece festa de bíblia. Compareceram acompanhados;irmãos e primos – Miranda estava saindo pelo ladrão – emais os cunhados além da turma da Afago. Parabéns Milton!Você é o amalgama que mantém os Mirandas ligados.

Afrânio de PlantãoAfrânio tem sido importante jornalista em Gouveiaconfiram:

11 de setembro:“A igreja do Cuiabá teve seu telhado, cúpula da torre einstalações elétricas inteiramente refeitos. A comunidadeagora pede a ajuda de seus amigos para fazer a pinturado templo. Ligue para a Selma Dória (38) 9982 2781 esaiba como enviar seu donativo.”

12 de setembro:CANAL GOUVEIA youTube http://www.youtube.com/channel/UCBEfmVg0ukP_3YOul1Hx0ag

Vejam as entrevista do Dr. Pércio . Ele tem umaparticularidade, foi o único médico de fora que escolheuviver e criar família em nossa cidade.

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Mais uma campanha iniciada por Adilsondo Nascimento:

“E A AFAGO ESTÁ MUITO VIVA, APESAR DAS DIFI-CULDADES! Ontem estiveram reunidos os membros dosConselhos de Administração e Fiscal quando puderam deli-near uma sequência de trabalhos. Ficaram definidas as co-missões que escolherão, aqui em BH, os 15 trabalhos queconcorrerão ao Prêmio Afago de Literatura, bem como acomissão que definirá os 4 ganhadores, em Gouveia, dia 4 deoutubro. Foi estabelecido que o prêmio aos 4 ganhadores, semordem de grandeza, será de R$ 1.000,00 cada, uma vez quehouve doação de diretor, para essa finalidade. A Afago pre-tende se envolver nos esforços de recuperação do Hospital eMaternidade Dr. Aureliano Brandão, restando definir o mo-delo. Também irá envidar esforços para publicar um livro,com artigos de gouveanos a respeito da cidade e de sua histó-ria, uma vez que conta com material suficiente para tanto,mas está aberta a receber novas colaborações. A ideia cen-tral é de que os autores doem seus direitos autorais para aassociação. Em março de 2014 teremos nova eleição pararenovação da atual diretoria. Aqueles que se propuserem acolaborar poderão se manifestar através do [email protected] Iremos estudar uma data paraconcedermos o título de sócio honorário a algumas personali-dades gouveanas, vivas, que se destacaram ou se destacamnos segmentos: religioso, educacional, esportivo, social, saú-de e musical. Como se vê, estamos trabalhando!”

Mensagem de LEILA KARLA DA CUNHA em 27 desetembro

Caríssimos servidores públicos da Prefeitura de Gouveia, in-formamos, com grande satisfação, que o Sindicato dos Servi-dores Públicos do Município de Gouveia-SINDSGOVE, fun-dado desde 13 de setembro de 2012 para representar a cate-goria, ativos ou aposentados, finalmente possui existência le-gal sob o CNPJ 18847626/0001-01. Portanto, é o momentode nos reunirmos para falar sobre ele. Solicitamos a presençade todos vocês para uma reunião no dia 01 de outubro de2013, às 19 horas, no Salão Paroquial. Sua presença é muitoimportante para o fortalecimento do coletivo e defesa de nos-sos direitos. Atenciosamente, diretoria do sindicato.

Seja bem-vindo José Carlos Dias

“Queridos Amigos, Hermes e Adilson: é com grande alegriaque visito o site da AFAGO, um pouquinho da (ouso dizer)minha Gouveia,também. Meu carinho e gratidão por Gouveiae a tantos amigos que por aí conquistei. Foi em Gouveia ondeaprendi um pouco da “arte de viver”. São Roberto me deu arégua e o compasso e eu saí por aí, na minha querida Minas

Gerais, desenhando minha história. Ano passado, eu me apo-sentei e voltei para o Rio, agora em Niterói. Mas minha sau-dade é tão grande que meus olhos marejam sempre que opor-tunidades como essa se apresentam. Parabéns por esta belainiciativa, por esse espaço que vocês criaram para mantersempre acesa a chama do amor que todos nós que experi-mentamos em viver nesta terra querida. Quantos amigos,quantas histórias...hoje, estou feliz, uma afetuoso abraço atodos.”

28/09/2013 - José Carlos Dias – Niterói

Gouveia 60 anos de município

Adilson do Nascimento 27/09/2013Estamos em plena comemoração dos 60 anos de emancipa-ção de Gouveia e revivendo o passado fico relembrando umafigura exponencial da nossa história, dentre outras, evidente-mente. Um gouveano nato, de boa cepa, que lutou com todasas forças possíveis e imagináveis contra todas as adversida-des e buscou, depois da vitória da emancipação, com o seuespírito de empresário, empreendedor, vereador e presidenteda câmara municipal, dotar o município de uma série debenfeitorias que lhe proporcionassem, assim como ao seupovo, melhores condições de vida. De uma inteligênciaincomum, tinha uma visão de negócio que somente encontreiem poucos empresários com os quais convivi. Já o vi fazercompras milionárias, negociando desconto para pagamentoà vista, quando ele me dizia: - “viu como se negocia? O des-conto é lucro direto para o meu bolso, que posso repassarpara os preços, vendendo mais barato que os armazéns deDiamantina, beneficiando o povo de Gouveia e ganhando, denovo, na quantidade vendida”. Ele tinha uma obstinação paraacumular dinheiro, com certeza tinha! Mas tinha, também,uma enorme preocupação em ser justo e honesto nos seusempreendimentos. Aprendi muito com ele. Aprendi técnicasde gestão, inclusive que o relacionamento há que estar asso-ciado e vir à frente do resultado. Aprendi normas de introdu-ção ao direito trabalhista e constitucional, nos quais ele eraautodidata, e muito... muito sobre a história de Gouveia. Eletinha para com a cidade um apego, um entusiasmo, um amortão grande que não media esforços para ajudar em tudo quelhe fosse solicitado, além de concluir tudo aquilo que era desua iniciativa própria. Batalhou pela emancipação da cidade.Ajudou, demais, o município a se consolidar. Cobrava, comrigor, dos seus deputados, tanto federal quanto estadual, paraque equiparassem Gouveia ao nível de outras cidades maio-res onde eles também eram votados, de forma que obtives-sem verbas para construção e asfaltamento de ruas e estra-das; construção do jardim da praça; da praça de esportes; derede de esgoto; de captação e distribuição de água; do Giná-sio Santo Antônio; do Colégio Cristo Rei; do Hospital AurelianoBrandão; do clube recreativo; da reforma da igreja; daestadualização do Grupo Escolar Aurélio Pires; da implanta-

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ção das Escolas Estaduais Augusto Aires da Mata Machadoe Joviano de Aguiar; da realização de várias edições da Fes-ta do Alho; da instalação de repetidora de televisão etc. Em-bora muitos o considerassem como “Tio Patinhas”, e issonão fosse de todo uma inverdade, ele sempre me dizia quepara ajudar as pessoas e a comunidade não significava, ne-cessariamente, distribuir dinheiro como fazia Silvio Santos.Ele ajudava batalhando para conseguir os benefícios, geran-do emprego e renda, praticando preços justos e recolhendoseus impostos aos cofres da cidade. Gouveia, tenho certeza,tem uma dívida de gratidão para com o meu amigo JoséManços Gomes Pereira, popularmente conhecido comoJUCA DE MÁRIO.

100 anos da EM João Baiano

Quem imaginaria que uma Escola Rural, em épocaem que os governos mal prestavam atenção àqualidade de ensino nesses lugares, tivesse talqualidade que muitos de seus alunos alcançassem ospostos mais elevados em universidades federais?É o caso da Escola Municipal João Baiano doCamilinho. Nosso presidente, professor doutorRaimundo Nonato de Miranda Chaves, cursou osprimeiros anos do primário nessa escola e foi Pro-Reitor na Universidade Federal de Viçosa, um dos maisimportantes estabelecimentos de ensino superior desteBrasil. O professor doutor Jadir, se tornou diretor daEscola de Veterinária da Universidade Federal deMinas Gerais. Nessa mesma linha, prosseguiram osadvogados e contabilistas, Manuel e Milton Ferreirade Miranda e seus irmãos. Em Camilinho se respiroueducação de qualidade. Geraldo da ConsolaçãoMiranda e Diva Miranda são exemplos. Nasceram láe brilham em Belo Horizonte.Cem anos tem que ser celebrado com muita festa e apequena escola deve ser preservada como Centro deMemória da Educação para Gouveia e Minas Gerais.

02/11/2013 - José Leonardo M Silva - Nova Friburgo- RJParabéns Prof. Raimundo pelo fantástico trabalho comrelação aos 100 anos da EM João Baiano. Um atonão só comemorativo, mas respeitoso, ao homenageara escola e todos aqueles que, de certa e qualquerforma, contribuíram para a formação de inúmeraspessoas que ali estudaram. Pessoas que hoje são de

lavradores a mestres como o senhor, mas que têm algoem comum. O orgulho de terem passado pela EM JoãoBaiano e, graças a isto, hoje são o que são. A educaçãoé o mais precioso bem que um ser humano pode ter.Não pode ser usurpada, roubada ou consumida. É algo

que quanto mais dividimos, mais ela cresce em nós.Com muito orgulho apreço e carinho, meus parabéns.

Estaremoslá.

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Prêmio Afago 2013

O mundo não foi feito em um dia.Não se dá um passo maior do que as pernas!

Não se põe a cabeça onde as mãos não alcançam!Três provérbios populares sintetizados numa frase lapidar do Padre Antônio Vieira:

“O querer e o poder, juntos e unidos, são tudo. Separados são nada!”

O Prêmio Afago foi criado por resolução do Conselho deAdministração em reunião do dia 19 de novembro de 2010,em duas versões: Prêmio Afago de Monografias e PrêmioAfago de Literatura.O primeiro tinha como objetivoconferir visibilidade aos inúme-ros trabalhos de conclusão decurso de graduação cujos temasfossem relevantes para o desen-volvimento de conhecimento darealidade histórica, social, eco-nômica, administrativa, ecológi-ca ou geográfica do município.A premiação aos textos de cri-anças e jovens do Fundamentalao nível Médio teria origem empoesias e contos selecionadospelas bancas para tal constituí-das.Até o momento, a Afago aindanão obteve êxito na proposta depremiar monografias e esta par-te do projeto encontra-se em re-cesso. Porém, chegamos à ter-ceira edição do Prêmio Afagode Literatura. Participam todasas escolas municipais e estadu-ais do município de Gouveia nasquais haja alunos que cursem séries a partir do 5º ano doFundamental.A seleção para premiação é feita em três etapas. Na primei-ra, as professoras e professores selecionam os textos de alu-nos que julguem em condição de serem avaliados. Na se-gunda, são selecionados até 15 textos para apresentaçãopública na data da premiação por uma banca constituída porassociados da Afago residentes em Belo Horizonte.Na terceira, as obras selecionadas para premiação são ava-liadas pela sua apresentação pública por uma banca consti-tuída em Gouveia.Defende-se a comunicação como valor. Isto quer dizer que aAfago tem uma bandeira:“Mais do que premiar, a mensagem mais importante paranossos jovens é esta: O que nos distingue dos demaisanimais é nosso poder de dizer. Exercitar a palavra éassumir a condição de ser humano pleno. Hoje nós as-sistimos as pessoas que não têm a quem falar saírem poraí pondo fogo e quebrando tudo. Nossa mensagem é esta:Tem gente muito atenta para tudo o que querem dizer.Escrevam e falem em público. Engolir palavras não é

uma boa opção. Jogar pedra, também. Boca foi feita paraduas coisas, engolir alimentos e proferir palavras. Asmãos, para trabalhar e escrever. Quando quaisquer des-

ses recursos humanos falham, apelamospara hipotálamo: perdemos nossa con-dição de seres humanos e nos tornamosapenas humanóides.”Isto é chamado de ação afirmativa em con-fronto com as ações reativas. As açõesreativas enfatizam a “redução de danos”.As afirmativas a promoção das pessoas atéos seus limites de poder. Exemplos: proje-tos que tenham como objetivos “retirar ascrianças da rua”, “combater a delinquênciajuvenil”, são reativos. Isto é diferente deprojeto que valorizem o saber dessas cri-anças e deem atenção a esse saber qual-quer que seja esse saber.Todo projeto afirmativo convoca as pesso-as a conversarem e desenvolverem críti-cas em seu favor. Quando se discutiu oprimeiro edital, um dos diretores – GeraldoFabiano Chaves - ponderou que o prêmionão promove os alunos. São os bons quesão premiados. Um projeto plenamenteafirmativo teria que promover exatamenteaqueles alunos com dificuldade na comu-nicação escrita e na exposição pública das

próprias ideias.Esta crítica é procedente. Devemos ter como objetivo premi-ar todos os alunos que se dispuserem a apresentar seus tex-tos e que se prepararem para apresentação pública. Paraalcançar esse nível muita coisa teria que mudar. Uma dasalternativas seria a de todo mundo apostar na proposta daAfago e o número de associados aumentar dos atuais 60, dosquais apenas 40 contribuem para a manutenção, para 300 atéalcançar 3.000. A melhor alternativa, porém, seria a de todasas famílias valorizarem a comunicação como necessária auma vida humana saudável. Melhor ainda seria se ninguém,nem pais, nem as crianças e nem os jovens valorizassem prê-mio em dinheiro como coisa importante. Nesse caso, é a co-municação que se torna o valor maior e o prêmio seria “ape-nas” um diploma, uma placa, uma medalha. Para alcançareste objetivo, Gouveia teria que mudar muito. Aumentar aconfiança nas relações entre as pessoas. Todos nós teríamosde perder o medo de dizer o que pensamos por que teremoscerteza de que a outra pessoa está disposta a nos ouvir cien-te de que também pode expor todo seu saber.José Moreira de Souza

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Boletim Informativo da AFAGO página 12

Prêmio Afago 2013

Prêmio Afago Textos selecionadosRelação nominal dos estudantes, finalistas, candidatos ao Prêmio Afago de Literatura edição 2013 e sua Produção LiteráriaNome do Estudante Produção Literária link para visualizar no sítio www.afagouveiaAna Letícia Lopes Moreira Ser jovem Ana LetíciaBárbara Aparecida Andrade Araújo Pai Bárbara AparecidaBárbara da Cunha Almeida A natureza pede socorro Bárbara CunhaCamila Simões Um lobo diferente CamilaCassiana Aparecida Ferreira Gouveia, minha cidade CassianaDavidson Bruno da Silva Mãe de Amor DavidsonÉrica Guedes Pereira de Oliveira Minha segunda casa ÉricaHelcinária Cristina dos Santos Almeida O que eu faço? HelcináriaIsadora Georgia dos Reis Fases da vida IsadoraLarissa Estéfany Vieira dos Santos Ser jovem LarissaMateus Mendes de Moura O lugar onde vivo MateusNislane Damiane Silva Minha comunidade NislaneOtávio de Moura Ávila Maioridade penal OtávioPedro Rodrigues Junior Efêmeros PedroRosana Aparecida de Almeida Ser jovem Rosana

Comentários de José Moreira de SouzaA apresentação pública fez a diferença. Segundo os avaliadores dos textos escritos, a apresentação de algunscandidatos ao prêmio alterou significativamente a classificação. Dois casos se tornaram evidentes. Ana LetíciaLopes Moreira que foi a primeira a se apresentar se prejudicou bastante pelo uso indevido do microfone. Nasituação inversa, Camila Simões, encantou o público ao superar todas as contingências. Também o prêmio dadoa Otávio de Moura Ávila se deveu mais à sua maneira de domínio do texto ao apresentá-lo do que ao conteúdo eà redação.Observação: estes comentários são de quem apreciou sem participar de nenhum momento do processo de avaliação.

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Prêmio Afago 2013

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Minha segunda casa.

Érica Guedes Pereira de Oliveira - 7º ano Escola MunicipalJoão Baiano – Camilinho – GouveiaProfessora Geralda Eunice Moreira de Rocha.

No Camilinho não háLugar melhor para estudar,É a escola João Baiano,Que agora vou lhe apresentar!

É uma escola pequeninaQue hoje está a transformar,E quando ficar prontaTodos vamos comemorar!

Lá tem muito amor,Que nos inspira a continuarSempre pensando no futuroIsso é que não nos deixa desanimar.

Essa escola tem muitas histórias,Muitos passaram por lá,Meus avós, tios se casaramcom pessoas desse lugar.

Eu estou estudando muitoLogo quero me formarPois ainda nessa escolaEu ainda hei de trabalhar.

Comentários:Venceu a simplicidade poética. José Moreira

de SouzaA aluna Érica Guedes , da Escola Municipal

João Baiano, da Comunidade do Camelinho,surpreendeu pela desenvoltura na apresentaçãode seu texto. Olhos de purpurina , já maquiadospara a apresentação que se seguiria, a garotabrilhou. Mas seu brilho não vinha dos olhos esim do olhar, de dentro. Érica poetizou sua escola,na qual, um dia, quer ser professora. Que seusonho se realize, Érica.Você vai encantar seusalunos, pois tem um brilho que é só seu e temcanto na voz! Ivonete de Lima Ávila

Mãe de Amor

Davidson Bruno da Silva 3º. Ano médio – Escola Estadual“Joviano Aguiar”Professor não consta

Amor verdadeiro de uma mulherAmor de mulher incondicionalAmor passivo de intrigasAmor muitas vezes irracional

Amor que dói na ausênciaAmor que aquece a almaAmor que fortalece a esperançaAmor que conduz à calma

Amor que conforta o coraçãoAmor que na ausência nos faz chorarAmor que dispara no peitoAmor que nos faz amar

Amor no singular sentimentoAmor que cuida da genteAmor que nunca desapareceAmor de alma, de corpo e de mente

Amor que provoca o coraçãoAmor muito além do pensamentoAmor que vive na essênciaAmor que pulsa por dentro

Amor intangível, imaterial, abstratoAmor concreto, efetivo, literalAmor valioso, precioso, caroAmor que não se abate pelo mal

Amor puro, doce e inocenteAmor que não guarda rancorAmor profundo, subjacenteAmor de mãe: mãe de amor!

Comentários:Venceu a sucessão imagens em caleidoscópio. José

Moreira de Souza

Assistimos à apresentação de Davidson, da EscolaEstadual Joviano de Aguiar. Apresentaçãoprimorosa. Impecável. Emocionante. Em seupoema, o “Amor de Mãe”: “amor que nos fazamar”, “amor que cuida da gente”. E enquanto elefalava, nós, mães que ali estávamos, sentíamossuas palavras adentrando o coração. E a gente iase sentido mãe de Davidson, e Davidson era maisum de nossos filhos, e a gente o amava com o

mesmo amor que ele derramava ali, no seu

poema...Puro encantamento! Ivonete de LimaÁvila

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Prêmio Afago 2013

UM LOBO DIFERENTE

Camila Simões – 5º Ano Escola Estadual “Aurélio Pires” Profª: Lourdes Dumont

Em um belo dia, eu, o lobo, resolvi ir à floresta procuraro meu almoço. Quando eu estava andando ouvi uma vozinhadelicada cantar, logo me animei, poderia ser o meu almoço.Corri em sua direção, me escondi atrás de uma árvore e armeio bote, mas quando fui atacar, vi que era uma bela meninacom um capuz vermelho e com uma cestinha na mão. Quando ela me viu, uma surpresa! Ela não sentiu medo,foi me cumprimentar e perguntar o meu nome. Eu lhecumprimentei e falei o meu nome. Ela me disse o seu e meconvidou para almoçar na casa de sua vovozinha. Fomos conversando pelo caminho e cada vez eu iasimpatizando mais com ela. Chegamos. Almoçamos , e a suavovozinha achou normal a presença de um lobo em sua casa.Resolvemos então cochilar um pouco. Mas neste pequenotempo a vovozinha foi à cozinha fazer um bolo para o lanchesem que a gente percebesse. Acordei assustado com os gritos de socorro, fui onde avovozinha estava para lhe socorrer. Dei de cara com outrolobo segurando a vovó. Peguei a assadeira, bati em suacabeça, dei um golpe e amarrei os seus braços. Para a minha surpresa um caçador que estava passando,vendo a confusão, entrou e foi me atacar, mas a vovozinha ea Chapeuzinho gritaram para me soltar.Ele olhou para elaspedindo uma explicação, então contamos a ele o que tinhaacontecido, ele compreendeu e levou o lobo mau para a prisão. Fiquei muito triste por saber que eu fazia o mesmo, masao mesmo tempo feliz por saber que me transformei em umlobo bom, um lobo diferente.

Comentários:Venceu a maturidade literária de uma

criança. Imaginação, domínio de linguagem e dacomunicação. José Moreira de Souza

- Acompanhamos depois a apresentação de CamilaSimões, da Escola Estadual Aurélio Pires, em suareinvenção da história de Chapeuzinho Vermelho,na qual o lobo tinha desaprendido seu ofício deser mau. Camila, tiquinho de gente, com leiturade gente grande: nem toda gente grande pois quenem toda ela consegue lê como Camila. À medidaque a menininha ia lendo seu texto, ela iacrescendo juntamente com ele...E quando desceudo palco, não era a mesma que tinha subido, masoutra: Camila enoooooorme, gigante, pelagrandeza de sua apresentação! Ivonete de LimaÁvila

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Prêmio Afago 2013

Maioridade PenalOtávio Moura Ávila. 9º ano – Escola Estadual “AugustoAires da Mata Machado” – Gouveia.Professora Noali Aparecida da Rocha Silva

Começo minha rima com um papo legalVamos refletir sobre a maioridade penal.Os moleques estão agindo como adultos e saindo ilesos.Estão pintando e bordando, mas não podem ser presos.

Então me diz que justiça é essa protegendo ladrão?!O cara rouba, mata, faz o que tem intenção,Mas no fim é advertido, nada mais e só.O júri declara perdoado o réu menor.

Me fala pra que sonhar com um país de esperançaSe ladrão rouba e mata e ainda é comparado com criança?!Criança brinca de carrinho e também vai à escolaMoleque mata, rouba, estupra e cheira cola.

Meu caro senhor, preste atenção.Cuidado com o menor que te pede um pão.Cuidado meu menino com seu amiguinho deconfiança.Pode ser um bandido fingindo de criança.

Para que tentar mudar se continua normal.Oh, Presidente, por favor, para de defender marginal.Sou a favor da diminuição da idade penal.Não deixe o país acabar dominado por marginal.

Sozinho não mudo a lei, masNão sou só eu que quero eu sei.OH, Juiz, por favor. Deixa o país se orgulhar,Comece dando segurança por João, pra Mariatrabalhar.

Oh, Presidente, pode me escutar?Eu só quero segurança pro meu filho estudar.Esse pedido não é só meu, é de todo mundo.De que adianta ser menor, se a atitude é de adulto?!

Termino com um apelo, peço segurança.Seu juiz, prenda o malandro que não é mais criança.Faça o que lhe foi incumbido,Mas, por favor, pare de dar apoio a bandido!

Comentários:Venceu a ousadia de colocar uma prosa em

versos. No texto não há poesia, apenas formapoética. Venceu o autor ter conseguido passarpela comissão de avaliação sem considerar asfalhas de redação – concordância e ortografia -. Venceu o uso de argumentos utilizados comosofismas. Maioridade penal é objeto de mudançada Lei e o autor cobra do presidente e do juizaplicar uma Lei que ainda não existe.Manda opresidente e o juiz desobedecerem a Lei. Venceuo autor abraçar a causa defendida emprogramas de rádio e televisão que analisam

superficialmente a questão da delinquênciajuvenil sem atenção às causas mais profundas.O autor defendeu um Estado Autoritário no qualo presidente e o juiz podem criar a Lei semobedecer a Lei que foi instituída e sancionada.José Moreira de Souza

- Então foi a vez de Otávio de Moura, daEscola Estadual Augusto Aires da MataMachado. Tudo de bom esse garoto. Jeitinho meiomoleque, irreverência saindo por todos osporos...Jogou no lixo a polêmica que envolve otema e defendeu, ou melhor, exigiu a redução damaioridade penal. Dono da situação, Otávio nãose intimidou diante da plateia e chamou às falaso “senhor juiz” e a senhora “presidente doBrasil”.Sorte mesmo foi a da presidente Dilmanão estar ali presente, pois que se veria em mauslençóis com os argumentos do garoto. Enfim, umshow de apresentação! Ivonete de Lima Ávila

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Prêmio Afago 2013

Mais comentários

07/11/2013 - Raimundo Nonato de Miranda ChavesProfessora Ivonete de Lima Ávila participou, com asprofessoras: Auxiliadora de Paula e Anita Pinto, da Comissãoque indicou quatro autores premiados pela Afago, noconcurso Prêmio Afago de Literatura, edição 2013.Transcrevo a mensagem que ela postou no FacebookNo dia 1º/11, sexta-feira, aconteceu em Gouveia oPrêmio Afago de Literatura”. Iniciativa da Afago, oConcurso se destina aos alunos dos ensinos fundamentale médio das escolas estaduais e municipais de Gouveia.Neste ano, nós, os jurados, deveríamos selecionar, entreos 15 textos que nos foram apresentados, quatro deles,cujos autores receberiam um prêmio no valor deCR$1.000,00. Entre os quesitos a serem avaliados, aapresentação dos textos pelos seus autores foi o pontoalto do evento.Já em casa, me preparando para dormir, pensei que Deustinha me visitado naquela noite. Porque Ele está sempreem tudo o que é bonito e iluminado!Mais uma vez meus parabéns à Afago por esse incentivodado aos nossos estudantes. Esse prêmio é umverdadeiro “afago” no coração de todos nós,gouveianos, que queremos o melhor para nossos jovens.Obrigado Ivonete! Elogios vindos de você valem pordois. Concordo com a mensagem de sua amiga nofacebook.Cópias de 15 textos produzidos pelos estudantes candidatosao Prêmio Afago de Literatura, edição 2013, estãodisponiveis neste sitio. Clique em Retornar e sobre o botãode comando Premio Afago Textos Selecionados. Os 15textos foram selecionados no universo de algumas dezenasenviados à Afago por cinco escolas. Estaduais: Aurélio Pires,Augusto Aires da Mata Machado e Joviano de Aguiar. EMunicipais: João Baiano da comunidade de Camilinho eProfa. Zezé Ribas da comunidade de Pedro Pereira.Colaboraram na seleção as professoras: Adélia Anis Raiesde Souza, Diva Maria de Miranda e Ana Maria GamaChaves. Os 15 trabalhos foram apresentados, durantesolenidade, no Centro de Eventos Dom Paulo Lopes deFaria, pelos respectivos autores, em 01/09/2013, e delesforam indicados os ganhadores do Prêmio Afago.Colaboraram na indicação dos premiados a comissãocomposta pelas professoras: Maria Auxiliadora de Paula

Ribeiro, Ivonete Lima Ávila e Anita Pinto de Oliveira. Osucesso do Prêmio Afago de Literatura, a Afago credita àsescolas de Gouveia pelo apoio, imprescindível. A Afagoagradece aos diretores, ao corpo docente e aos estudantespela participação e pela colaboração. Agradece, emespecial, à direção da E.E.Joviano de Aguiar, parceira daAfago para a realização desta terceira edição do concurso.Ao jovem professor Douglas, diretor da Joviano, a dinâmicavice diretora Margarete pelo empenho, pela recepção, comKobu e pão de queijo, pela organização da solenidade depremiação.

02/11/2013 - Maria Auxiliadora de Paula RibeiroOntem, 1º de novembro de 2013, enquanto em Curvelocarreatas, com carros abertos, ornamentados de balões,faixas, slides e muita alegria de alunos, mestres, pais econvidados desfilavam pelas ruas da cidade, comemorandoa POESIA, Gouveia também se engalanava para, noConcurso PRÊMIO AFAGO DE LITERATURA,celebrara Cultura, em prosa e em versos. Alunos, pais mestres econvidados lotaram o Centro de Eventos Dom Paulo Lopesde Faria, para, numa promoção idealizada pelo professor esociólogo, Sr José Moreira de Souza, desenvolvida pelaAFAGO, sempre a apresentar uma eficaz e brilhante festaCultural. Festa presidida pelo presidente da Associação deFilhos e Amigos de Gouveianos ausentes e presentes que,numa demonstração de fé e orgulho pela Língua Pátria,assistiram à apresentação dos quinze trabalhos literários dealunos selecionados dentre muitos, por uma equipe deilustres mestres, previamente convidada pelaASSOCIAÇÃO. Coube à Escola Joviano Aguiar,homenageada pela AFAGO, apresentar a terceira ediçãodo Prêmio. Enquanto o diretor da referida Escola abria afestiva Solenidade e a passava ao nosso presidente, Dr.Raimundo Nonato de Miranda Chaves, que a dirigiu, houvegratificante ansiedade, não tão somente dos alunosconcorrentes, mas de todos os presentes e, principalmente,da Comissão julgadora, composta pela professora e ex-diretora graduada em Língua Portuguesa, especializada emanálise e correção de textos literários, Ivonete de Ávila,Anita Pinto de Carvalho, também professora e ex- diretoracom cursos Superior de aperfeiçoamento na Área e eu,Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro, ex-professora, membro

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Prêmio Afago 2013da Academia Curvelana de Letras, com prêmios literáriosno Brasil e em Portugal, porém, graduada, apenas, pelaEscola da Vida. Enquanto empreendíamos a gratificante eárdua tarefa de escolher entre quinze pérolas de Literaturaas 04 melhores, números artísticos eram apresentados.Confesso que todos os quinze alunos, sem exceção,mereciam o prêmio e os sinto premiados pelos belostrabalhos apresentados. Porém, necessário se fez que, dentrequinze, selecionássemos quatro. A apresentação das obrasliterárias feita pelos próprios autores foi essencial para quedecidíssemos. Cabendo a nós três da Comissão acimamencionada a difícil tarefa da decisão, analisados todos ositens, emoldurados pela apresentação, sagraram-sevencedores os quatro nomes que se seguem: Otávio deMoura Ávila com o trabalho titulado MAIORIDADEPENAL, Davidson Bruno da Silva com MÃE DE AMOR,Érica Guedes de Oliveira com MINHA SEGUNDA CASAe Camila Simões com UM LOBO DIFERENTE. Queroaqui salientar que os trabalhos apresentados foram dediferentes séries, cabendo ao júri após os observar peloano cursado, analisar e concluir. Foi uma festa Literáriabelíssima e ganhou a Cultura Gouveiana que há muito temlegado a Minas e ao Brasil nomes do mais alto gabaritointelectual. De Parabéns estão os mestres de Gouveia, cujadedicação ao ensino da Língua Pátria ficou mais uma vezevidenciada através dos trabalhos de alunos a eles confiados,envolvendo as escolas da sede do município e do meio rural.Merecedores de Parabéns estão: o Professor José Moreirade Souza, pela louvável ideia de promover Cultura, atravésde certames como esse; a Escola Joviano Aguiar; aSecretária Municipal de Ensino, Sra. Maísa de FátimaNascimento Dória, pela organização; a AFAGO na pessoade seu presidente, Dr. Raimundo Nonato de MirandaChaves e toda a diretoria, pela determinação e garra delevar à frente atividade tão importante à Cultura. Enquantocongrega alunos, mestres, equipes para a Comissão deseleção dos trabalhos e comissão de julgamento, a nossaAssociação promove, com grande êxito, uma Festa Cultural,despertando no aluno o gosto pela Literatura. Meusagradecimentos por ser convidada a integrar a ComissãoJulgadora, ao mesmo tempo em que cumprimento, as minhasilustres parceiras, Ivonete de Ávila e Anita Pinto de Carvalhocom quem tive o prazer de dividir a responsabilidade dejulgar, numa demonstração de trabalho coeso que,responsáveis e orgulhosamente, executamos. A vocês duas,conterrâneas e partícipes desse grande, responsável e

gratificante momento, além de conterrâneas, a certeza deque as terei por amigas para sempre..

Literata – novo nome se a prefeitura aderir como programaCultural.Nossa sempre criativa Maria Auxiliadora de Paula Ribeirografou o termo “literata” para se referi r a uma escritora.Podemos nos apropriar dessa ideia para criar a Literata deGouveia e ampliar o alcance do Prêmio Afago de Literatura.Assim, teríamos a Vesperata de Diamantina, a Bolerata doSerro e a Literata de Gouveia, com direito a uma festa totaldo saber viver nessas montanhas do Ivituruí, do Camilinhoao Juá. A Comissão Mineira de Folclore já se oferece comoparceira.

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ART IGOS

Um dia em Camilinho – Parte I

Raimundo Nonato de Miranda Chaves

Dia morno de setembro, manhã de céu muito azul, a majestosaSerra de Camilinho tremeluzindo sob o sol, pastagensressequidas, ipês amarelos ainda floridos, linda visão dasmargens do córrego coloridas com o roxo das quaresmeiras.Pássaros cantando. Eu vejo, ouço e reflito, enquanto cuidode minhas orquídeas: Só o macho canta, objetivando atrair afêmea para o acasalamento. Atingido seu intento, encontradaa fêmea, disponível e disposta, forma com ela o casal prontopara cumprir sua missão: a preservação da espécie.

Os parceiros iniciam sua nobre tarefa com a construção doninho: um graveto aqui, um raminho seco acolá, crina deanimal, mecha de algodão, pedaços de palha: de milho, de

coqueiro ou de bananeira.

Importante: material rígidopara a sustentação doninho e material maciopara tornar o ambienteconfortável. Os parceiros,incansáveis e atentos à suamissão, intercalam, entreum graveto e outro, umaalegre trepadinha. Elessabem que o ovo, para

gerar filhotes, depende do concurso do macho. Senão, torna-se apenas aquele ovo bobo de galinha de granja. O óvulo,formado no ovário da fêmea, fecundado pelo esperma domacho torna-se ovo, mas este ovo não está pronto para serposto no ninho ao tempo de um estalar de dedos.

Quanto tempo demora a formação do ovo?

Não sei! Minha questão é outra: No instante em que osparceiros terminam de construir o ninho, a fêmea está pronta,se deita nele, e põe o primeiro ovinho!

Coincidência?

Não pode ser, pois é uma ação que se repete com todos oscasais de pássaros. O calendário instintivo funciona.

Durante os próximos dias a fêmea permanece, durante todoo tempo, deitada no ninho, o calor do seu corpo vai incubar osovos, resultando na formação dos filhotes. O macho, então,pode se dedicar, tempo integral, ao seu canto. E, o faz commuita disposição, com muito orgulho, mostrando ao mundoque ele tem uma parceira, um ninho, e, terá filhotes em poucosdias; principalmente, o macho alerta aos incautos: aqueleterritório é seu e ninguém tasca, disposto e com coragempara enfrentar aquele que se arriscar. Dias depois nascemos filhotes, dois ou três, sempre de bicos abertos, famintos,pedindo mais comida. O macho, já não pode cantar todo otempo, se dedica à alimentação dos filhotes, ombreado com afêmea. A situação é outra, a temporada de chuvas já se inicioue eles contam com revoadas de insetos alados, de larvas:

gordas, saborosas e nutritivas além de formas adultas nãoaladas. Garantia da sobrevivência das crias.

Coincidência?

Não pode ser, pois éuma ação que serepete com todos oscasais de pássaros –a exceção é o safadodo melro que explorao tico-tico. Ocalendário instintivofunciona mais umavez

Sapos, rãs ou giascoaxam ao anoitecere continuam durante anoite. Sempre o macho e com o mesmo objetivo: atrair aatenção e o interesse da fêmea. Se os parceiros chegam aum acordo, o macho sempre menor, fisicamente, cavalga afêmea e a aperta num amplexo forte e não solta mesmo queribombem os trovões. A coisa é séria. Ali, na rasura do lagoou no brejo a fêmea expele uma massa gelatinosa, de corbranca, com pontinhos escuros como os nós de uma rede –são os óvulos –, o macho expele esperma sobre aquelagelatina e seus espermatozóides os fecundam. A fecundaçãoé, portanto, externa. Trepada sem graça e sem penetração.Mas, o macho deve gostar, caso contrario não ficariacoaxando alto e, assim, se expondo a se tornar o jantar dealgum predador: cobra ou jacaré, que poderia estar de plantãonas proximidades e nem precisaria de sonar para o localizar.É a natureza privilegiando a espécie! O macho, arriscandosua vida por um acasalamento. A natureza privilegie a espécieem detrimento do individuo.

Por que, só agora, a tesão destes batráquios? Coincidência?

Não pode ser, pois é uma ação que se repete com todos ossapos, nesta época. O calendário instintivo funciona maisuma vez

A natureza tem suas idiossincrasias.

Primeira delas: o eixo imaginário do nosso planeta, que passapelos pólos norte e sul, é inclinado em relação aos raiossolares, isto é, os raios solares, regra geral, não incidemperpendicularmente à superfície da terra.

Segunda idiossincrasia: A órbita da terra girando entorno dosol tem forma elíptica – oval –, portanto, a terra está oramais perto, ora mais longe do sol.

Consequentemente, tem-se dias com mais calor, com maisluminosidade, com maior número de horas de luz, em umamesma posição geográfica, dependendo da posição da terrana sua órbita. Esta variação cresce com a latitude, isto é,cresce à medida que se afasta da linha do equador; além

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ARTIGOSdisso, possibilita certa simetria entre os hemisférios norte esul; pode-se pensar, grosso modo, que condições deluminosidade no trópico de Capricórnio em dezembro sãosemelhantes à condições de luminosidade no tropico de Câncer

em Junho.

O homo sapiensdispõe dec a l e n d á r i o s ,f o l h i n h a s ,informação sobreo tempo, horáriode verão e outrosbabados, mas,regra geral, nãosente a natureza,perdeu aqueleinstinto primitivo,foi burilado pelacivilização. Ohomo sapiens

dividiu o ano em quatro estações: verão, outono, inverno eprimavera. Cada uma delas se inicia no dia 21, pouco mais,pouco menos, respectivamente dos meses: dezembro, março,junho e setembro. E nós, o povo, associamos: inverno ao frio,verão ao calor, primavera às flores e outono aos frutosmaduros. Nem todos usam as informações disponíveis, donderesultam interpretações incorretas: repórteres de jornaltelevisivo, depois de noticias sobre o tempo, comentam:

— Maio com este frio! Imaginem quando chegar o inverno!

Ora, em vinte e um de junho inicia o inverno, nãonecessariamente o frio. A terra, na sua órbita, está seafastando do sol, já se aproximando do ponto mais distante –afélio – depois retorna. Então, deve haver certa simetria,função das distancias, entre as temperaturas de maio e dejulho: a terra está indo, frio aumentando; a terra está voltando,frio diminuindo. Maio é outono e julho é inverno, mas não háporque estranhar o frio de maio, quando comparado ao friode julho.

Também, conseqüências de interpretações incorretas:irritantes discussões entre novos ricos que excursionam pelasregiões de maiores latitudes, zonas temperadas: Canadá, LesteEuropeu, Sul do Chile. O primeiro se vangloria da viagem ediz:

— Lá, são 22 horas, é dia claro e o sol ainda não se pós! Ooutro rebate:

— Não vi isto! Aliás, o sol se pos muito mais cedo do que sepõe aqui.

Tenho vontade de interferir: tudo bem! Os dois estão certoum viajou durante o verão e o outro no inverno, mas mecontenho. Certamente, vão me questionar:

— Você já foi lá? Eu digo:

— Não! Nunca!

— Então você não sabe! Vão me responder.

Observo, também, as plantas: aquela arvore que, na semanapassada, estava completamente desnuda, sem uma folhasequer, galhos aparentemente ressequidos; hoje, as gemasnos galhos: intumescidas, crescendo, parecem cheias de vida;na próxima semana, nova e tenra folha vai se desenvolvendoe dai novos galhos, novas folhas, botões florais, flores e frutoscom suas sementes que garantirão a continuidade da espécie.

Plantas decíduas perdem as folhas na estação seca para evitara evaporação. Não havendo perda, a água é acumulada naquantidade suficiente para dar partida ao processo derenovação, quando a oportunidade se apresentar. Logo anatureza fornecerá as chuvas para continuidade do processo.A água com sais diluídos sobe pela planta até as folhas, ondese processa a fotossíntese. Nas folhas água mais gás carbono,na presença da clorofila – substância natural da planta – e aluz solar, produz substancias orgânicas, a seiva elaborada,que alimenta a planta, que produz a multiplicação e adiferenciação das células, portanto, novas folhas, novos galhos,e flores e frutos e sementes e novas plantas.

A energia transformada em matéria.

Muito bem! São onze horas, terminei de adubar minhasorquídeas e devo comparecer à cozinha de Helena para ocompromisso das onze. A porteira do curral está aberta eposso ver a distribuição de silagem para as vacas de leite.Penso, novamente, em reprodução – parece o canto do cisne–, e inevitavelmente a comparação:

A vaca, com o concurso do touro, gera, pare, lambe e aleitaseu filhote; enquanto o macho sai a procura de outra fêmeano cio. O compromisso dele: transmitir seus genes para omaior numero de descendentes.

Apenas a mãe cuida da criação do filhote.

Os batráquios, irresponsáveis, não agem assim. Depositamseus ovos nas águas dos brejos e os entrega à mãe natureza– também ninguém quer ter filhos com cara de sapo. Nenhumdos pais cuida de suas crias.

Os pássaros, pelo contrário, formam o casal e permanecemjuntos desde a construção do ninho até a criação dos filhotes.Em muitas espécies o casal permanece junto durante toda avida.

O homem, na sua concepção, a criação suprema da natureza,se julga tão perfeito e tão bem acabado que esquece a naturezaou, pior, vive a contrariá-la agindo como: homem-pássaro –felizmente, a maioria deles –, homem-batráquio e, também,homen-vaca, neste caso, é o que se costuma denominar:produção independente.

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Sociais

Vai com Deus, Baxinho!No dia 6 de setembro, Maria Auxiliadora de Paula Ribeirodeu a notícia:

Acabo de chegar do velório e sepultamento deum digno e honrado gouveiano, irmão docriador de nossa Associação, Dr Waldir deAlmeida Ribas, por nome: GERALDO DEALMEIDA RIBAS. Geraldo, com 84 anos,faleceu hoje no Hospital Imaculada Conceiçãoàs 08 h, sendo sepultado, agora, às 17 horas.Só fiquei sabendo pelo conterrâneo eacadêmico Edson Gandra, que me telefonoupelas 15 h, razão porque não avisei a AFAGO.Reunida estava, inda está toda a família e pudeme encontrar com todos e com D. Elena, viúvado Dr. Waldir e seu filho Marcos. Estimadíssimona cidade, Geraldo deixou uma legião deamigos e muita saudade.

Em seguida, as condolências se multiplicaram. Gil, Guido,Adilson. Em nome da família, expressou-se Julianne deCastro Almeida, filha de Geraldo, o Baixinho:

Dizer algo nesse momento é confuso, pois, eu,Julianne, como filha do Geraldo de AlmeidaRibas, me faltam palavras, mas, ao mesmo tempo,sobram histórias... Histórias de vida doGeraldo...histórias de vida do meu pai... históriasde vida de um “homem” que grande foi.Gouvêa!!!!!Como lembro. Quantas vezes com elelá estive e de tantas histórias participei.”GeraldoBaixinho da Gouveia”! Uma saudade enorme, umvazio gigantesco acomete meu coração. Pois foiesse “homem” que me ensinou a dar os primeirospassos, a nadar, a andar de bicicleta. Era ele queme colocava para dormir, me aconselhava e mecompreendia. Era o meu amigo, meu confidente.Aos finais de semana na minha infância, entreGouveia e Diamantina, saíamos só nós dois paraprocurar passarinhos. Hoje, não mais aqui eleestá. Fiquei como um pássaro, com uma asaquebrada, ainda sem conseguir voar. O silêncioinvade a casa, a alma, mesmo c a grande certezaque ele não está só...e sim com Jesus Cristo. Deixoaqui nesse momento as minhas lágrimas e o meuagradecimento à todos aqueles que um dia fizeramparte da vida do meu pai.

Julianne trouxe à nossa memória o célebre “Baixinho” e juntocom ele as grandes peripécias que marcaram momentos deglória para nossa Gouveia. Certa vez, propus ao nosso DoutorWaldir apresentar um artigo sobre o transporte de passageirosem Gouveia, do qual seu pai, Antônio Almeida, foi um dospioneiros. O Doutor me respondeu: “Isto é com o Geraldo.Ele é que sabe tudo.” O tempo passou, Geraldo adoeceu; emseguida, nosso Doutor se despediu e o artigo ficou na intenção.Nada está perdido, Gilberto e Eustáquio têm contribuição adar.

Geraldo foi um grande companheiro de seu pai na aventurados transportes. Aventura, eu disse. Aqui merece uma reflexãosobre o espírito empresarial em Gouveia. A criação daEmpresa Santo Antônio de Transportes Ltda. É um momentotão importante quanto o da criação das Lapidações nos anosde 1870, da Fábrica de São Roberto em 1887, das tropas deburros de João Baiano e da Empresa de Transportes XavierLtda. Cada um dos empreendimentos tem momentosespecíficos e exige pessoas especiais.Lapidação se vale da aliança entre a crise internacional demercado de pedras preciosas e à localização de quedasd’água. Indústria têxtil, do ocaso da escravidão, de mão deobra disponível e de força motriz abundante. Nesses doiscasos, não há crise de capital, mas o desafio de como empregá-lo produtivamente. Não há mercado de capitais que incentivea poupança. Dinheiro tem que ser empregado ou no consumoou na produção. Pessoas inteligentes optaram pela produção.Gouveia não era povoado suficiente para o capital ser investidono comércio e a jornada de trabalho era mal remuneradapara manter o trabalhador sempre necessitado.Os serviços de transporte começaram a se impor comonecessários em novo modelo a partir da animação por estradasde ferro. Há que distinguir o transporte de cargas e o depassageiros. O transporte de cargas, mesmo após ainauguração do ramal ferroviário da Estrada de Ferro VitóriaMinas em 1914, ainda exigiu animais de tração e o velhotropeiro. Exigiu até mais. O inteligente João Baiano visualizouesse grande nicho de mercado e se enricou.Veja este registro do doutor Raimundo:

“João Baiano tinha interesse especial em muares, eraprofundo conhecedor deste animal. O primeiro queele adquiriu, em 1915, foi uma besta; não uma bezerra,como faziam quase todos. A bezerra era investimentode longo prazo A besta lhe dava retorno imediato,transportando e vendendo lenha em São Roberto. Nadécada de vinte foi tropeiro, no trecho: SabinópolisCurvelo, com dois lotes, um deles só de bestasdouradas, trabalhavam com ele o sobrinho JoséHipólito e o irmão Hermano Chaves, este era ocozinheiro.”

O ano de 1915 não é casual. A inauguração da estrada deferro em Diamantina trouxe alegria para aquela cidade eindignação para boa parte da região. Liderados pelas elitesdo Serro, os proprietários passaram a levar suas tropas até aestação de Curvelo. João Baiano pegou a onda. Fixe-se: criou-se uma empresa familiar. Não há exploração de mão de obraestranha.Nos anos de 1930, Gouveia está animada por um novo meiode transporte, as estradas de rodagem. José Paulino e osprincipais proprietários de Gouveia colhem recursos paraabertura de uma estrada de rodagem de Gouveia aDiamantina. A estrada foi aberta no cabo da enxada. Nosanos 40 Antônio Almeida adquiriu um caminhão de duasboleias. Certamente era um veículo já usado e cansado. Logo

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Sociaisfoi abandonado por outro o qual fazia linha conduzindopassageiros, lenha e leite para Diamantina. Cabiam oitopessoas apertadas nas boleias e mais alguns acomodadossobre a lenha organizada na carroceria. As passagens tinhamdois preços, de “primeira” e de “segunda classe”. Os preçoseram também diferenciados conforme o passageiro ficasse ameio caminho: Água Fria, Lages, João Vaz, Maria Emília,Bandeirinha, ou Guinda. Duração da viagem? Três horas.Esse mesmo caminhão fazia também o trajeto até a estaçãode Barão do Guaicuí, seja pela estrada do Retiro de Torzinho(Heitor), seja pela que é ainda frequentada cujo entroncamentose dá na altura do JoãoVaz. Já no final dosanos 40, a frota deveículos de AntônioAlmeida se multiplicoupor cem, ou seja,dobrou. Incluiu-se umfurgão ou coisasemelhante apenaspara transporte depassageiros. Geraldotornou-se motoristanessa empresafamiliar.Por volta de 1954, aempresa adquiriu umônibus tipo lotação –aqueles em que oporta malas é umagrade sobre o teto, emotor ocupa umanarigão na frente -para fazer a linha deDiamantina a Curvelo,onde os passageiroscom destino a BeloHorizonte baldeavampara o “Expresso Bandeirante” de propriedade dos Tolentino.Beirando os anos 60, a ESA Transportes Ltda. assumiu oitinerário completo – de Diamantina a Belo Horizonte, componto de café em Gouveia, ponto de café em Paraúna –Presidente Juscelino, ponto de café em Curvelo, ponto decafé em Paraopeba, ponto de café em Sete Lagoas e pontode café em Matozinhos. Até o ano de 1958, a viagem tinhatambém paradas no Tigre e no Camilinho. Como empresafamiliar, viajei muitas vezes tendo o Geraldo como condutor.A marca de uma empresa familiar de transportes foi comumem todo o Brasil: do caminhão de lenha, ao lotação e,finalmente, o repouso do guerreiro numa fazenda confortável.Mas o maior segredo está na formação de capital. Imaginema aquisição de um caminhão nos anos 40 e a amortizaçãodesse capital. Em seguida, o lotação, a manutenção e asobrigações sociais. O chofer - como se dizia antigamente –não era apenas um motorista, era mecânico, atendente depassageiros e tudo mais. A família é a mão de obra básica;somente quando, a empresa se torna plenamente viável, o

“Diretor Proprietário” ousa ampliar a contratação de mão deobra externa à família. Geraldo viveu esses tempos heroicose deixou para todos esta contribuição para o engrandecimentode nossa Gouveia.Finalizo com esta homenagem prestada pela Dorinha:

Em se tratando do desastre, devo a GERALDODE ALMEIDA RIBAS, recentemente falecido,numa homenagem póstuma, publicamenteagradecer por ter naquele dia terrível voltadopara Gouveia o ônibus que dirigia. repleto depassageiros, socorrendo as vítimas e entregando-

as ao Hospital Aureliano Brandão. Contou-me ele,certa vez que, ao ser questionado pelo delegadosobre o porquê de não haver prendido omotorista, respondeu: -Meu objetivo foi salvarvidas e não me interessei saber por onde andavao motorista. – Obrigada, Geraldo Baixinho,GERALDO DE ALMEIDA RIBAS, para mim,eternamente o Geraldo altivo, capaz de praticarato de tamanha grandeza , caridade edesprendimento. De lá do Espaço Invisível, ondeagora habita, você deve estar espiritualmenteassistindo ao depoimento público de suaconterrânea, enquanto os anjos inda entoamhinos de alegria por sua recém- chegada aoParaíso.

José Moreira de Souza

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Para Lembrar de Zico de João Baiano

Para Lembrar de ZicoJoão de Miranda Chaves completou oitenta anos, nodia 13 de julho p.p., e comemorou recebendo osfamiliares e os amigos oferecendo-lhes saborosochurrasco. O ponto alto da comemoração foi a missade ação de graças celebrada pelo Padre MauroCarvalhais, do Santuário de São Geraldo de Curvelo,grande amigo da família.Zico, como é mais conhecido, é o primogênito dolendário João Baiano; estudou com D. Olga no GrupoEscolar Aurélio Pires e era um dos poucos filhos deGouveia que freqüentaram colégios de Diamantina, nadécada de 1940; primeiro no Seminário do SagradoCoração; depois, no Colégio Diamantinense. Contudopercebeu que estudar não era bem a sua praia eretomou as lides do campo, na fazenda Camilinho.Casou-se com Helena, uma destas poucas figuras quechegam junto. Helena é professora, líder comunitária,catequista e ministra da eucaristia. O casal, com quasecinqüenta anos de casados, tem cinco filhos que lhesderam onze netos, desde Carolina com vinte anos atéThiago, com apenas um, são a alegria da família.Zico é o último remanescente da primeira Câmara deVereadores de Gouveia. Onde, eleito por três vezes,prestou os melhores serviços, durante doze anos. Hoje,ele relembra, com orgulho e com respeito, de seuscompanheiros da edilidade.

Em 1 de outubro, dei esta notícia quemerece reparos:“NOTA DE FALECIMENTO: Faleceu hoje, em MontesClaros, Zico, irmão de nosso presidente, professor doutorRaimundo Nonato de Miranda Chaves. O sepultamento seráamanhã - dia 2 de outubro - em Gouveia - certamente noCemitério do Tigre. Sentimentos de toda a AFAGO.”Ao ligar para a casa do doutor Raimundo fui atendido pelasecretária que me informou o falecimento e que Raimundohavia seguido para Montes Claros – de fato era Diamantina-. Imaginei o Cemitério do Tigre pelo trabalho de valorizaçãodessa necrópole pela família. Em seguida, o doutor Manuelme ligou combinando nossa ida à Gouveia.03/10/2013 - Netos do ZICO - Camilinho, Gouveia, Vila A. eBelo HorizonteHoje dia 03 de outubro viemos aqui agradecer a todos os queestiveram presentes, que nos apoiaram neste momento tãodelicado de nossas vidas. Estamos sentindo muito esta grandeperda, nos fará muita falta, ele que foi um grande pai, avô,homem, guerreiro, agradecemos a deus por termos sido seusnetos por ter tido a oportunidade de conviver com ele eaproveitar a todos os momentos bons que tivemos. Homemquerido e amado, que deixou seus ensinamentos, que orgulhotemos. A dor da perda é tão grande, mas ele está melhoragora, nos braços de Maria. Em nosso peito apenas a dor deum punhal, infelizmente nem tudo acontece como imaginamos,mas deus sabe o que faz. e a culpa? A culpa é da vida quetem início, meio e fim. A nossa culpa está apenas em amartanto e sentir tanto por perder alguém. o tempo é remédio enele conquistamos o consolo.e no fim resta apenas a saudade.Não importa onde estejam, quem amamos sempre estaráconosco! Antecipaste a hora. Teu ponteiro enlouqueceu,enlouquecendo nossas horas. que poderias ter feito de maisgrave do que o ato sem continuação, o ato em si, o ato quenão ousamos nem sabemos ousar porque depois dele não hánada? (Carlos Drummond de Andrade) atenciosamente, NetosSempre nos reuníamos no Camilinho para matar as saudades,conversar, ouvir os casos contados pelo nosso avô. Mas namanhã de ontem nos encontramos para uma despedida. Onosso amado estará sempre em nossos corações.04/10/2013Agora sim a nossa vida mudará com o nosso AVÔ lá no céunada mais nos prejudicará, pois sabemos que ele nosacompanhará para sempre. A Dor esta quase insuportável,mas cremos em Deus e ele tem piedade de seus filhos. Atodo momentos pensamos nos momentos bons. Obs. nopróximo final de semana dia 11 nos os Netos estaremos todosno Camilinho para podermos ficar mais com a nossa Avó queprecisa muito da nossa presença. Atenciosamente, NETOS

Foram inúmeras as manifestações de pesar dosmembros da Afago.

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Sociais31/10/2013 - Adilson do NascimentoFaleceu sábado passado, dia 26, sendo enterrado nodomingo, dia 27, no Bosque da Esperança, o Sr. EdsonDias, irmão do meu amigo e ex-colega de Fábrica SãoRoberto José Carlos Dias. Como eu só soube doocorrido agora, fica aqui o registro da nossasolidariedade à família e nossas preces para que o SenhorDeus a conforte e o acolha em seu reino.

Nota de falecimento: Sinhá de Pedro deGinaFaleceu no mês de outubro, em data não confirmada, emBelo Horizonte, a senhora Sinhá de Pedro de Gina.Sinhá residiu por muitos anos em Diamantina, à ruaEspírito Santo, tendo se mudado para Belo Horizonte,após a aposentadoria do marido. Nosso companheiro GilMartins de Oliveira pode fornecer mais detalhes: nome deregistro, nome completo do marido que era seu xará,filhos e filhas.

Ana Júlia Oliveira LopesNa primeira edição do Prêmio Afago a menina Ana Júliateve seu trabalho selecionado para apresentação pública.Foi o maior desafio de toda sua vida até então.Reconheceu-se a qualidade do texto, mas a meninamoça recuou, cheia de medo de se apresentar. Tentou aprimeira vez e seu calou. Retornou ao lugar. Mas nãodesistiu. Foi à luta novamente. Iniciou trêmula, avançoualguns versos e desistiu por um momento.Ao completar 15 anos em grande celebração, a linda,querida e guerreira mocinha escolheu o mesmo textopara convidar a todos como vencedora. Gouveia teráque ouvir com atenção tudo que ela tem a dizer dasprofundezas de sua sensibilidade.Naquela oportunidade, a banca de avaliação de BeloHorizonte lamentou profundamente que a menina nãotenha podido concluir sua manifestação em público, masgarantiu que aquele era apenas um instante. Ela nãodesistiu. Foi à luta e registrou isto três anos depois. Oconvite apresentado ao lado reproduz o poema criadoem 2010.Vale fixar esses belos versos de Antônio Gonçalves Dias:

E as doces palavras que eu tinha cá dentro,A quem nas direi?

Acrescento:E as palavras amargas que tenho comigo,

Quando as direi, alto e bom tom?Dizer sempre, colocar em palavras é acreditar em nossaprópria condição humana de saber e do outro em nosouvir e dialogar. Ana Júlia é o melhor exemplo de que omenos importante do Prêmio Afago é o prêmio. É apenasconvite e oportunidade para as pessoas se manifestaremcom a certeza de que serão lidas, ouvidas acompanhadase compreendidas.Parabéns a Ana Júlia, aos seus pais, Francisco e Marilzae a toda nossa Gouveia por nos dar este prêmio maior,saber que nossas crianças serão melhores do que fomos.

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REMETENTEAFAGO - Associação dos Filhose Amigos de GouveiaAvenida Amazonas 115 - sala1709

CEP: 30180 - 000 - BELO HORI-ZONTE - MG

IMPRESSO

Boletim da AFAGOÓrgão Informativo da Associação do Filhos e Amigosde GouveiaAno VI – N ° 5-13 - Setembro- Outubro 2013.www.afagouveia.org.br

Diretor Responsável – Raimundo Nonato de MirandaChavesEditoração Gráfica: José Moreira de SouzaCrédito das Fotos: Raimundo Nonato de MirandaChaves, José Moreira de Souza, Marilza de OliveiraLopes

Diretoria da AFAGOPresidente de Honra: Waldir de Almeida Ribas inMemoriamPresidente: Raimundo Nonato de Miranda ChavesSecretário: Guido de Oliveira AraújoDiretor de Finanças: Adilson NascimentoPatrocinadores:Diretores da AFAGOComissão EditorialGuido de Oliveira Araújo.José Moreira de SouzaRaimundo Nonato de Miranda Chaves

Novembro Rita Alves Ferreira - Dona Ritinha - 1 Carolina Albuquerque Oliveira - 3Irene Vieira Policarpo - 4Claudinei Almeida Oliveira – 4 Marcus Vinícius de Miranda - 5Bernardo Antônio de Miranda – 6Ivone de Lourdes de Oliveira - 7 Maria Claudia Ribas – 9Tácio Linhares - 10 Juanna Carvalho Oliveira - 14Maria do Carmo de Miranda - 15 Dalva Ribas – 17Werly Oliveira - 18 Neuza Miranda Ribas – 20

DezembroLucimar Antônio de Souza - 3Adelaide Aparecida Rodrigues Souza - 4Cláudia Aparecida Caetano - 5Lucas Elesbom da Silva Miranda – 7Alberone Oliveira – 7Alberto Luiz Viana Cardoso – 7Gil Martins de Oliveira – 12Luzia Moreira Reis – 13Marina Miranda de Ávila Oliveira - 17Frederic Ellis Sotomayor Blass - 21Guido de Oliveira Araújo - 23

Aniversariantes