afago ii 03 09boletim da afago página 03 diamantina, catequista ao lado de tia flora e, acima de...

20
Editorial Prêmio AFAGO de Monografias. AFAGO cria prêmio para as melhores monografias de conclusão de curso superior. A partir da constatação de que algo próximo de trezentos jovens residentes em Gouveia cursam faculdade em Diamantina, Serro ou Curvelo. A Diretoria da AFAGO está formatando um projeto para premiar as melhoras monografias apresentadas a cada ano por esses estudiosos. A premiação visa a estimular a qualidade dos trabalhos acadêmicos de nossos conterrâneos. Parte-se das seguintes premissas: 1. Alguns cursos exigem do aluno a apresentação de um trabalho de conclusão – monografia – como requisito para obtenção do diploma. 2. Muitas vezes esse trabalho é elaborado apenas para cumprir a exigência, com desprezo da qualidade comunicativa. 3. A falta de reconhecimento público pelo esforço despendido conduz a que o trabalho escolar seja realizado com empenho mínimo. 4. A multiplicação de escolas superiores tem levado diretores, professores e estudantes a desprezarem o apreço à qualidade. “O professor finge que ensina e o aluno finge que aprende” e firma-se com isso o pacto de mediocridade. Se constatarmos que, até a criação do ginásio Santo Antônio, o grau máximo a que um estudante morador em Gouveia poderia aspirar era o BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCIAÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DA GOUVEIA - N° 04 - JULHO - AGOSTO DE 2009 Acesse www .afagouveia.org.br diploma do Grupo Escolar Aurélio Pires e que ele garantia o desenvolvimento do conhecimento, vale a pena ponderar que o padrão de aprendizagem da escola garantia às crianças um conhecimento sólido para enfrentar a vida. Isso é o que deve ser esperado em qualquer grau de desenvolvimento do conhecimento. Há que se considerar também que o sucesso de qualquer aprendizagem está condicionado ao reconhecimento público. Premiar as melhores monografias é, por isso, um expediente de torná-las visíveis e estimular professores e alunos a ponderarem sua relevância para o desenvolvimento social, econômico e cultural da comunidade. Tendo em vista estas ponderações, a Diretoria da AFAGO deverá publicar edital na página de Projetos do sítio www .afagouveia.or g.br, determinando os critérios de inscrição, a composição da banca de premiação, os prêmios a serem conferidos e a data e local da cerimônia de entrega dos prêmios. Cogita-se ainda em ampliar o leque de premiações para as melhores poesias, os melhores contos, as melhores músicas, as melhores interpretações de textos, de peças teatrais, de dança, de arte. Para chegar a isso, a AFAGO espera mobilizar empresários e pessoas de boa vontade, dispostas a abrir a munheca. O Prêmio AFAGO de monografia inaugura o esforço de consolidação de um programa cultural em Gouveia que possa, em médio prazo, posicioná- la no rol dos contemplados como Ponto de Cultura, segundo a política nacional do Ministério de Cultura.

Upload: others

Post on 24-Jul-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Afago II 03 09BOLETIM DA AFAGO Página 03 Diamantina, catequista ao lado de tia Flora e, acima de tudo, um menino sonhador. Acredito que foram os sonhos que lhe fizeram mal. Ele acreditava

EditorialPrêmio AFAGO de Monografias.

AFAGO cria prêmio para as melhoresmonografias de conclusão de curso superior.

A partir da constatação de que algo próximo detrezentos jovens residentes em Gouveia cursamfaculdade em Diamantina, Serro ou Curvelo. ADiretoria da AFAGO está formatando um projetopara premiar as melhoras monografiasapresentadas a cada ano por esses estudiosos.A premiação visa a estimular a qualidade dostrabalhos acadêmicos de nossos conterrâneos.Parte-se das seguintes premissas:

1. Alguns cursos exigem do aluno aapresentação de um trabalho de conclusão– monografia – como requisito paraobtenção do diploma.

2. Muitas vezes esse trabalho é elaboradoapenas para cumprir a exigência, comdesprezo da qualidade comunicativa.

3. A falta de reconhecimento público peloesforço despendido conduz a que otrabalho escolar seja realizado comempenho mínimo.

4. A multiplicação de escolas superiores temlevado diretores, professores e estudantesa desprezarem o apreço à qualidade. “Oprofessor finge que ensina e o aluno fingeque aprende” e firma-se com isso o pactode mediocridade.

Se constatarmos que, até a criação do ginásioSanto Antônio, o grau máximo a que um estudantemorador em Gouveia poderia aspirar era o

BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCIAÇÃODOS FILHOS E AMIGOS DA GOUVEIA - N° 04 - JULHO -AGOSTO DE 2009

Acesse www.afagouveia.org.br

diploma do Grupo Escolar Aurélio Pires e que elegarantia o desenvolvimento do conhecimento, valea pena ponderar que o padrão de aprendizagem daescola garantia às crianças um conhecimento sólidopara enfrentar a vida. Isso é o que deve ser esperadoem qualquer grau de desenvolvimento doconhecimento. Há que se considerar também queo sucesso de qualquer aprendizagem estácondicionado ao reconhecimento público.Premiar as melhores monografias é, por isso, umexpediente de torná-las visíveis e estimularprofessores e alunos a ponderarem sua relevânciapara o desenvolvimento social, econômico ecultural da comunidade.Tendo em vista estas ponderações, a Diretoria daAFAGO deverá publicar edital na página deProjetos do sítio www.afagouveia.org.br,determinando os critérios de inscrição, acomposição da banca de premiação, os prêmios aserem conferidos e a data e local da cerimônia deentrega dos prêmios.Cogita-se ainda em ampliar o leque de premiaçõespara as melhores poesias, os melhores contos, asmelhores músicas, as melhores interpretações detextos, de peças teatrais, de dança, de arte.Para chegar a isso, a AFAGO espera mobilizarempresários e pessoas de boa vontade, dispostas aabrir a munheca.O Prêmio AFAGO de monografia inaugura oesforço de consolidação de um programa culturalem Gouveia que possa, em médio prazo, posicioná-la no rol dos contemplados como Ponto de Cultura,segundo a política nacional do Ministério deCultura.

Page 2: Afago II 03 09BOLETIM DA AFAGO Página 03 Diamantina, catequista ao lado de tia Flora e, acima de tudo, um menino sonhador. Acredito que foram os sonhos que lhe fizeram mal. Ele acreditava

BOLETIM DA AFAGO Página 02

Agenda, Notas, Correspondência� Franco Zaghen apresenta sua monografia

de conclusão de curso em Direito. A inconstitucionalidade do §5º do artigo 25 da Lei Nº1003/2005 do município de Gouveia-MG.É monografia de conclusão do curso de Direito apresentada àbanca examinadora da PUC Minas do Serro - 2009.O tema da monografia revela o interesse do autor em seaprofundar em assuntos relevantes de Direito Administrativoe a atenção que deve merecer do poder público municipal aelaboração, discussão e promulgação de leis. Com efeito, nãoé suficiente a vontade de legislar, por parte do executivo. Oprefeito precisa de ser assessorado por estudiosos do Direitocompetentes e atentos, devendo o mesmo acontecer da parteda câmara municipal, a instância do legislativo local. Para quea lei – toda lei – possa ter no seu preâmbulo: “O Povo deGouveia aqui representado pela Câmara Municipal Promulgae, eu Prefeito Municipal, em seu nome, sanciono a seguinteLei”, os vereadores devem se cercar de cuidados examinandocom os respectivos consultores jurídicos o emprego corretode termos e a possibilidade de conflito de interpretação comLeis Superiores, no caso, a Constituição da República.A importância da monografia de Franco é de chamar a atençãopara esse aspecto determinando os limites da autonomialegislativa dos municípios.

� Pedido público de desculpas a GeraldoBitencourt

As pessoas que compareceram à missa solene celebrada peloeminentíssimo senhor cardeal, dom Serafim Fernandes deAraújo, certamente registraram a entrada de três senhoresque se curvaram diante do celebrante, logo após a fala dosenhor prefeito e a entrega anunciada dos paramentos pelocasal Maria da Luz e Geraldo Carvalho. Os três senhoresforam coroinhas do padre Serafim nos anos de 1952 a 1957.Os que viveram nessa época, seguramente, sentiram a faltade muitos outros e, especialmente, de Geraldo Bitencourt,pessoa mais conhecida e admirada em nossa Gouveia.Tendo anunciado a presença dos coroinhas dessa época nesteBoletim Informativo, senti-me responsável pelo esquecimentodo nome desse prezado colega e amigo.Eu só me dei conta dessa falha imperdoável, quando procureio senhor secretário municipal, José João, que me garantiu comtoda firmeza o fato, confirmado posteriormente por Geraldo.Certo de que outros nomes também foram esquecidos, estendoo pedido de desculpas também a eles.Assinado,José Moreira de Souza [Zé de Flora]

� Geraldinho Cordeiro de volta para nossacasa.

- Você tem um menino de ouro.Foi o que disse a Geraldo Cordeiro, tão logo oencontrei, após a morte de meu pai.Acho que Geraldo, o pai, não entendeu bem a que eume referia. Contemplou-me espantado.Repito agora a todos os gouveianos e amigos de nossaGouveia.- Esse menino de ouro está de volta. Está conosco.Depende apenas de nós tirar todo o proveito dessajóia de pessoa que é o Geraldinho.No dia 13 de junho, fui visitar o Lar dos Idosos, comojá lembrei aos leitores em outro artigo. O João AntônioAzevedo – Marambaia – sempre atencioso, comunicou-me uma surpresa.- Sabe quem está aqui? O Geraldinho Cordeiro.Reservei para mim mesmo a parte final da vista aoGeraldinho. Ele havia sofrido mais um acidente vascularcerebral – AVC . Sentado em um banco, assistia àtelevisão. O encontro me emocionou. Locomovendo-se com ajuda de uma bengala, prejudicado por umaseqüela na fala, Geraldinho estava silencioso, masalegre. Ouviu com atenção tudo que lhe disse – muitopouco, a emoção o impediu. Agora Geraldinho éescritor. Esta é a forma de comunicação que estápreservada.Pelo que vi e senti, logo ele voltará a falar e, esperoque a emissora de Gouveia – a rádio Kobu – graveuma entrevista com ele. É uma obrigação. Geraldinhosonhou e lutou por esse veículo de comunicação emnossa cidade. Quando ele ainda não existia, corria aDiamantina para trazer mensagens aos gouveianos.Eu me entristeci muito, quando soube que Geraldinhohavia sofrido o primeiro AVC. Encontrei-o na padariaPapaulo, arrastando-se numa bengala e com a falaprejudicada. Talvez tenha interpretado como ironia meuscomprimentos e desejos de vê-lo novamente pleno devitalidade. Era sincero, mesmo que impotente.Esse desejo aumenta mais ainda quando o contemploafetado pelas seqüelas de um segundo acidente. Porém,tenho fé de que nossa Gouveia há de cobri-lo de carinhoe que ele há de recuperar todas as suas habilidades.Para espanar a memória de meus leitores, Geraldinhofoi coroinha do padre Luiz Barroso, seminarista em

Page 3: Afago II 03 09BOLETIM DA AFAGO Página 03 Diamantina, catequista ao lado de tia Flora e, acima de tudo, um menino sonhador. Acredito que foram os sonhos que lhe fizeram mal. Ele acreditava

BOLETIM DA AFAGO Página 03

Diamantina, catequista ao lado de tia Flora e, acima de tudo, ummenino sonhador. Acredito que foram os sonhos que lhe fizerammal. Ele acreditava que Gouveia era capaz de realizar os seus sonhos.Grande engano! Mas ainda é tempo. Agora Geraldinho sonha poucoe nós temos que sonhar mais do que ele.

Portal Gouveia se antecipou a esta notícia e anunciou:O 1º LOCUTOR DE GOUVEIA

Geraldinho Cordeiro é o seu nome. Ele está de volta, agoraem um novo lar, o lar dos idosos mas com certeza aindacontinua com a alma jovem e o coração de radialista. Sejabem vindo Geraldinho Cordeiro, que Deus esteja semprecom você, abraços de toda equipe do Folheto Cultural. Aquideixamos um lembrete a todos os amigos leitores: Quandopuder, faça uma visita a essa grande pessoa que através dorádio sempre visitou o seu lar.

� Diretoria da ACIASGO - Associação Comercial,Industrial, Agropecuaria e Serviços de Gouveia, eleita parao bienio: 2009/2010, conforme comunicado recebido pelaAFAGO. Presidente: Valquiria Nascimento Andrade/ Vice-Presidente: Celso Idalmo de Matos /Primeiro-tesoureiro: IldaFranco Prado/ Segundo-teoureiro: Wagner Lucas dos Santos/Primeiro-secretário: Lucilene Vieira Pimenta/ Segundo-secretário:Everaldo Matos de Lima. Conselho fiscal: José Antônio GomesPereira/Renato Franco Monteiro Prado/Geraldo Paulo TanosLacerda. A AFAGO se congratula com a nova diretoria e fazvotos de uma gestão profícua.

� GOUVEIA NAS ALTURAS.Dias 6 e 7de Setembro,aventura sobre o Pico doItambé,com hasteamento da Bandeira deGouveia.Maurício Miranda informou

A pé pela Estrada Real.

Nosso conterrâneo e associado da AFAGO,Afrânio Gomes, prossegue sua caminhada nospróximos dias pela Estrada Real. Esse valentecaminhante já percorreu, juntamente com seusamigos 630 quilômetros em quatro etapas –imaginem – é quase três vezes o percurso deGouveia a Belo Horizonte.Desta vez, o grupo é composto por quatrodispostos aventureiros: Afrânio Gomes, HelderMorães Pinto, Silmara Beatriz Brites e JuninhoCebola. Oh! Tem uma moça nesse grupo. Queanimação.A Estrada Real como circuito turístico tempropiciado essas aventuras. Antes, andar a péera ou uma penitência para alcançar graças ouem agradecimento por graças obtidas, ou então,imposição aos condenados ao trabalho forçado– aos escravos e trabalhadores desenraizados.Como penitência e agradecimento, as jornadasa pé se materializaram nas procissões, na buscade água em córregos ou rios para molhar oscruzeiros em anos de seca, ou para levar osdefuntos até o cemitério.Como condenação ao trabalho, escravos etrabalhadores da lavoura eram deslocados de ummercado a outro, expostos nas intendências, evendidos ao preço negociado. Gouveia teve suaintendência localizada em frente ao prédio ondese instalou em 1929 o Grupo Escolar AurélioPires.Finda a escravidão, os compradores de escravoscontinuaram a atividade como agenciadores demão de obra para os cafezais e canaviais da Matado Rio – região que se iniciava em Ponte Nova.O agenciador, é claro, ia a cavalo, e os pobrestrabalhadores, a pé. Alguns morriam no caminho.Ninguém até então, sonhava com as glórias depercorrer 630 quilômetros, ou 105 léguas a pé,fazendo disso uma epopéia.Os tempos mudaram. As cavalgadas tambémadquiriam lugar de destaque nas jornadasturísticas. Minha querida dona Vitalina, que

Page 4: Afago II 03 09BOLETIM DA AFAGO Página 03 Diamantina, catequista ao lado de tia Flora e, acima de tudo, um menino sonhador. Acredito que foram os sonhos que lhe fizeram mal. Ele acreditava

BOLETIM DA AFAGO Página 04

completou lindamente noventa anos no dia 6 de julho,ponderou ao ver o entusiasmo dos filhos:

- Hoje eles fazem disso uma festa, como sefosse uma grande vantagem. Antes, eu faziao mesmo percurso com o João Ribas todasemana e não achava vantagem nenhuma.

São os tempos. Novos tempos.Eis a narrativa de uma viagem a cavalo iniciada nodia 17 de fevereiro de 1896. A jornada se iniciavaem Diamantina e tinha como destino final o que éhoje a cidade de Matosinhos, aonde chegava a estradade ferro.

No dia 17 de fevereiro de 1896, saímosde Diamantina, a cavalo em direção aOuro Preto, então capital de Minas, eu,João Edmundo, Teodolindo Antônio daSilva Pereira e Bento Luís dos Santos.Levávamos como camaradas: FlorindoBatista, José Calazas, e um outro de cujonome não me recordo, empregado doTeodolindo.(...)Fizemos essa viagem em treze dias, pois otempo estava chuvoso e a Estrada deFerro Central do Brasil só trafegava entãoaté Matosinhos chamada “Estação daPaz”, por causa da recente pacificaçãodo Rio Grande do Sul, após a revoltafederalista. Esta estação passou adenominar-se posteriormenteMatosinhos, como o povoado.Após o primeiro dia de viagem, dormimosnum rancho de tropas na Gouvêa, a cercade seis léguas de Diamantina. Na manhãseguinte, continuando a jornada,passamos pela fazenda do Tigre, depropriedade do Sr. Leonel Alves, que tinhaumas filhas, moças muito interessantes,inteligentes e amáveis.O Sr. Leonel e as filhas gentilmente nosconvidaram a apear e nos serviram umamesa de excelentes doces e bons vinhos.Ali nos demoramos uma hora, mais oumenos, e seguimos depois até Camilinho,onde pernoitamos num rancho,juntamente com tropeiros e com doispresos algemados e os soldados que osconduziam, a pé, para Ouro Preto.Nos dias subseqüentes, percorremos oseguinte itinerário: Riacho do Vento, onderesidia com a família um excelente homemo Sr. João Alves, irmão do Sr. Leonel doTigre; Porto da Catarina, à margem doParaúna, afluente do Rio das Velhas.(...)

No dia seguinte, atravessamos o rio Paraúna, numajangada presa com correntes e carretinhas a um fortecabo de ferro, pregado em postes de madeira, de umamargem a outra.Continuamos o percurso penoso e martirizante, porqueviajar a cavalo, em terreno montanhoso e tãoacidentado, é um sofrimento atroz, para quem não temprática: nos primeiros dias, o corpo fica magoado edolorido, com se tivesse levado uma sova de pau.

A narração completa desse itinerário, o leitor encontra em Memóriasde um estudante de Ciro Arno – pseudônimo do diamantinense,Cícero Arpino Caldeira Brant. Obrigado a percorrer 12 dias a cavalonão havia motivo para alegria. Logo à frente, o narrador irá seencontrar com o moderno meio de locomoção – o trem de ferro.Como era o trem nessa época? Uma máquina a vapor que atiravafagulhas e fumaça, ao longo do trajeto, sujava as roupas dos viajantesobrigados a se cobrirem com o guarda-pó.Oh tempos! A tortura e o sacrifício de ontem torna-se lazer turísticode hoje. Parabéns ao Afrânio, aos seus companheiros e aos militantesdos Caminhos da Serra que desvendam para nós as belezas ocultasde nossa Gouveia.Com efeito, andar a pé por lazer é correr atrás de descobertas queos modos ágeis – rodoviários e aéreos - ocultam e insistem emocultar.

José Moreira de Souza

Pelas estradas de Minas. Arquivo Afrânio Gomes

Page 5: Afago II 03 09BOLETIM DA AFAGO Página 03 Diamantina, catequista ao lado de tia Flora e, acima de tudo, um menino sonhador. Acredito que foram os sonhos que lhe fizeram mal. Ele acreditava

BOLETIM DA AFAGO Página 05

PoesiasHomenagem a meu irmão, Noel, pelos seus

70 anos!Nos teus setenta anos,Em meu nome e de Maria,Em nome de todos os nossosQue estão no Céu,Com grande alegria,Parabenizamos-te,E a Deus, agradecemos,Por seres nosso irmão,Por estares vivo,Por te chamares Noel!

Emanas vida,Humano calor,Contagia-nos a tua energia,Ternura e fortaleza!No teu fraterno amor,És irmão, pai, protetor!

Trazes n’almaPaz, fé em Deus,Muita devoção!Nos traços físicos,Personificas a saudadeDos que partiram,Nossos irmãos!

Pelos teus setenta anos,Rejubilamos-nos, Noel! Na escalada de tua vida,Sempre foste apoio,Em ti, nossa guarida,Dos três que ficamos,Único e portentoso Varão!

Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro

Frio!É, apenas, um climático,Agente!Importância não tem!Agasalha-se com o cobertor...E o frio não nos faz refém!Mas o que fazer com o frioD’alma na gente,Na ausência de humanoCalor, Quando não se tem um grande amor?

Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro

Em Gouveia a criançada respira e transpira Poesia.Sueli Vieira França, professora de Língua Portuguesa na escolaestadual Joviano Aguiar, editou uma coletânea de poesias dos alunosda 5ª Série do ano de 2008. Gouveia, lugar pra gente morar ... Lugarque mora na gente! É o título da obra.Trata-se de trabalho de valor inestimável. Sentimento poético mora emtodos nós, mas precisa ser despertado para se descobrir a forma deexpressá-lo. A partir desta edição este Boletim estará publicando aspoesias criadas pelos adolescentes de Gouveia. Obedece-se a ordemdisposta na publicação original.

ConviteClarisse Lima Simões – 5ª B1

Da minha terraVárias histórias ouço contarMas a que mais me encanta

É a da portuguesa que aqui veio morar.

Seu nome era Maria GouveiaE um arraial aqui ela fundou.

Roubava da igreja o Santo AntônioQue nosso padroeiro virou.

Na minha terra, a naturezaTambém é de se admirar

Os ipês, antes da primaveraToda a cidade já estão a enfeitar.

Na cidadezinha cheia de graçaHá muitas praças com belas flores

Pássaros alegres e uma fonteÉ o cenário de muitos amores.

O povo aqui é festeiroTudo é motivo pra comemorar

A famosa KobufestAtrai turistas de todo lugar.

Uma broa chamada cobuFaz parte da nossa cultura.

Couve com angu, frango com quiaboE a gosotsa rapadura!

Lá no alto da cidadeUma visão a todos encanta

A Capelinha das Dores, Sobre as pedras se agiganta.

Na minha cidadezinhaAté o luar é diferente.

Vovó disse que quando era moçaA lua era sua confidente!

As pessoas deste lugarSão humildes e de bom coração

Receber bem os visitantesAqui já é tradição.

Gouveia é o seu nomeSeus ideais são a paz e a justiça

Cidadezinha cheia de graçaQue a todos enfeitiça.

Page 6: Afago II 03 09BOLETIM DA AFAGO Página 03 Diamantina, catequista ao lado de tia Flora e, acima de tudo, um menino sonhador. Acredito que foram os sonhos que lhe fizeram mal. Ele acreditava

Artigos O mundo digital e as pequenas comunidades

interioranas

Raimundo Nonato Chaves

Quarenta e poucos anos atrás fiz o primeiro contato comum computador, na Universidade Federal de Viçosa. Depoisde muita caixa de embalagem, manuais de instruções detodos os tipos e tamanhos, cabos de conexão, operários:pedreiros, carpinteiros, eletricistas, adequando as salas dorecém criado Centro de Processamento de Dados – CPD.Depois de muitas verificações e testes, conduzidos pelostécnicos da IBM – a fabricante do equipamento, lá estavaele, o computador, aguardando a presença do reitor,executivo maior da universidade. Era a solenidade deinauguração.A sala, limpa como uma de cirurgia, nenhum papel, nenhumcabo de conexão visível; no centro da sala: a CPU ou UCP– Unidade Central de Processamento; à direita: a leitora decartões; à esquerda: a impressora e, mais atrás, uma unidadede leitura e gravação de fita magnética. Estes eram osperiféricos, todos conectados à CPU por cabos, sob o pisofalso. O teto, rebaixado, cobria toda a tubulação de arcondicionado.O conjunto, feito sob medida e conforme o figurino, era asala de visitas da universidade; todos queriam ver ocomputador e, podiam faze-lo, mas através da divisória devidro. Lá dentro, apenas o operador.Comunicava-se com o computador através de cartõesperfurados. O cartão, um retângulo de papel, com certarigidez, dividido: verticalmente, em oitenta colunas. E, nosentido horizontal, em duas áreas: a inferior constava dedez linhas onde se codificava os dez algarismos, de zero anove, em função da linha com perfuração. A área superiorcontinha três linhas, chamadas zonas, de modo queperfuração na primeira zona, combinada com as perfuraçõesdo item anterior, representavam as dez primeiras letras doalfabeto. Perfurações na segunda zona, e, nas dez linhasda área inferior simbolizavam as dez letras seguintes e assimpoder-se-ia codificar todo o alfabeto e os dez dígitos dosistema decimal.Principio muito simples: o cartão, de material isolante,permitia o contato elétrico apenas nas perfurações; e, aposição relativa delas indicava a letra ou número que sequeria transmitir.Antes da entrada de dados, tem-se que responder à questão:o que fazer com eles? Entra então, a noção de programa,que é um conjunto de ações ou comandos, que indica ao

computador o que fazer com os dados que serão fornecidos.Alias, a capacidade de interpretar o programa é o quediferencia o computador das calculadoras. O programa écodificado numa linguagem especifica, e, naquela ocasião,duas delas se destacavam: FORTRAN formada com osprefixos de “FORmulas TRANslation”, era consideradalinguagem cientifica porque tinha mais recursos para amanipulação de números. A outra, COBOL, era consideradalinguagem comercial porque tinha mais recursos para aelaboração de relatórios contábeis.O programador tinha que contornar muitas dificuldadesquando da codificação do programa de computador. Sejaporque não havia, ainda, programas de caráter genérico, osdenominados aplicativos. Então, tinha-se, por exemplo, quecodificar a inversão de uma matriz para resolver o problemade solução do sistema de equações lineares. Também aslinguagens, numa forma ainda primitiva, apresentavamdeficiências tais como: Em uma variável, seja em umaposição de memória, era possível armazenar até quatrocaracteres; daí para se ler o cartão com oitenta colunaster-se-ia que usar um vetor de vinte posições, cada umacom quatro caracteres ou letras. E, a simples impressão deuma listagem com o nome dos alunos, em ordem alfabética,era transformada num problema de complexidade razoávelpela necessidade de ordenação dos nomes.Invenções, tais como: energia elétrica, radio, motor aexplosão, tv, raio lazer, computador e milhares de outras;em qualquer época, modificam o comportamento daspessoas. Sempre ocorreu certo tempo entre a invenção esua aplicação prática, chamemo-lo de demora. O que sepode observar é que esta demora vem diminuindo ao longodo tempo. Isto é, a aplicação prática da invenção ocorrecada vez em menor tempo. Nestes quarenta anos, asmodificações no sistema, como um todo, são formidáveis,conforme se mostrará; Imaginem então, o que deveráocorrer nos próximos quarenta anos, iniciando em posiçãomais avançada e de forma mais acelerada.Dentre os incontáveis acontecimentos, neste período,selecionarei apenas três, que considero suficiente para omeu propósito.O primeiro deles é o surgimento do Senhor Bill Gates, suaMicrosoft e o sistema operacional Windows. Este sistemarevolucionou completamente, a concepção de programaçãode computador. Problemas tais como a ordenação de umacoluna, de nomes ou de números, se faz com dois cliquesdo mouse, um para selecionar a(s) coluna(s) e outro paraexecutar a ordenação, ainda, com o luxo de opção: ordenarcrescendo ou decrescendo. A programação está todacodificada e é executada com o simples clique do mousesobre um ícone. Pode-se gravar e remover arquivos; pode-se mover ou copiar arquivos; pode-se criar pastas, manipulartextos, tabelas, imagens, desenhos e música, tudo comsimples clique de mouse.

BOLETIM DA AFAGO Página 06

Page 7: Afago II 03 09BOLETIM DA AFAGO Página 03 Diamantina, catequista ao lado de tia Flora e, acima de tudo, um menino sonhador. Acredito que foram os sonhos que lhe fizeram mal. Ele acreditava

.

BOLETIM DA AFAGO Página 07

O segundo acontecimento, da minha lista, foi o surgimentodo PC – “Personal Computer”. Antes, um computadordistante, isolado numa sala com iluminação artificial, arcondicionado, totalmente asséptica; endeusado, místico,chegaram a denomina-lo: cérebro eletrônico. Agora, é umeletrodoméstico que se compra nos supermercados, trazpara a residência e pluga em qualquer tomada. Quandonão funciona é levado a uma loja da esquina, onde alguémtroca algumas placas, formata o disco rígido, aumenta amemória e seu PC fica turbinado. E são milhões deles, cadaresidência de classe média dispões de um, de dois ou maiscomputadores. Acrescente-se que são muito mais eficientes:com mais velocidade de processamento, com maiscapacidade de armazenamento e também com maiorcapacidade de se conectar a muito mais periféricos, paratransmissão de som, de imagem e de texto.O terceiro acontecimento, a famosa “World Wide Web”,ou www, nossa conhecida Internet; cujo sucesso deve sercreditado aos acontecimentos anteriores, isto é, a facilidadede programação e a popularização dos PC”s. A Internet éuma rede de grandes computadores interligados entre si e,cada um deles, trazendo pendurado, milhares de PC’s oude redes de PC’s formando pequenas redes chamadasIntranet’s.Tentarei explicar porque a Internet se tornou tão importante,descrevendo algumas partes do seu conteúdo:Primeiro, o internauta tem acesso à wikipedia. Formadacom as palavras wiki + pedia. Wiki, na língua nativa doHawai, significa veloz. pedia é sufixo de enciclopédia, então,wikipedia quer representar uma enciclopédia rápida ou veloz.Wikipedia é resultado de serviço colaborativo, idealizadopor Jimmy Wales, qualquer pessoa pode inserir artigos, açãonunca testada antes e com resultado extraordinário, Iniciouem janeiro de 2001 e hoje é um monumento que lida commais de 10 bilhões de páginas vistas por mês e está sepreparando para uma explosão de conteúdo digital comnovos servidores e mais armazenamento para lidar comum aumento no número de fotos e vídeos oferecidos.Alem da wikipedia há outras enciclopédias online, como abritânica, a Barsa e a Encarta da microsoft. E ainda,enciclopédias especificas: de História, de Geografia, deQuímica, e muitas outras. Isto é mais informação do quequalquer seção de referências das maiores bibliotecas domundo. Disponível em um pequeno computador conectadoà internet.Segundo, Google, maior mecanismo de busca do mundo,acessa 1,3 bilhões de paginas na www e responde 100milhões de consultas por dia, atende consultas em 257idiomas, mundo afora.Google é trocadilho da palavra Googol que os americanosusam para expressar o número escrito com o algarismo 1seguido de 100 zeros.Terceiro, agora uma série: Os sites oficiais, da ReceitaFederal, onde pode-se falar diretamente com o Leão; Osite do INSS, onde pode-se saber a situação previdenciária;

os sites dos organismos de transito como a BHTrans , comos mapas do tipo: onde estou e para onde quero ir. Os sitesdos bancos, onde se pode fazer todas as transaçõesfinanceiras. Os sites das lojas virtuais; no Brasil temos, duasgrandes: Submarino e Americanas.com ; nos Estados Unidostem empresas que fornecem um endereço, de modo que sepode fazer uma triangulação: loja virtual, empresa contratada,comprador. Desta forma tem-se acesso a lojas virtuais noexterior. O correio eletrônico. A vídeo conferencia, coisa dogênero, já é usado no Estado de São Paulo, pelo poderjudiciário, para audiência de julgamento. O contato com afamília distante, transmitindo som e imagem. Tem muito mais,permitam-me citar apenas mais um acontecimento:Laboratórios de exames de imagens, nos Estados Unidos,seja ressonância, tomografia, ulatrassom e outras, transmitemas imagens para ser interpretadas por médicos indianos, emlaboratórios situados na Índia.Devido à diferença de fuso horário as imagens encaminhadasàs 18:00 horas, têm o retorno dos laudos às 6:00 horas do diaseguinte.Isto, é o Mundo Plano de que nos fala Thomas L. Friedmanno seu livro O Mundo é Plano – Uma breve história do SéculoXXI.Simbolicamente, o desenvolvimento da tecnologia dainformação reduz as distancias físicas. E, se odesenvolvimento foi rápido no passado, certamente, será maisrápido no futuro. Já falei em demora como sendo o tempoentre a invenção e sua utilização prática. Acrescento o fatode paises submetidos a regimes políticos fortes e economiafechada, refiro-me à China, Índia e Rússia que, agora, sevoltam para o ocidente. Daí resulta que centenas de milhares,milhões talvez, de cientistas e pesquisadores se somarão àquantidade equivalente do mundo ocidental, fazendo duplicara força da pesquisa., e, resultando num mundo mais plano,ou com distâncias mais reduzidas.Fazendo analogia com o procedimento de um Chefe deCozinha, deixo esta massa em reserva, enquanto preparo orecheio.Dias destes, estava em Camilinho, junto com produtores dehortaliças. Aguardávamos transporte, eles para a Feira doProdutor, eu, de carona, até a rodovia próxima. Um deles,aparentemente o líder, ao longo de nossa conversa, questionouque visão eles poderiam ter do mundo se nunca tinham saídoda localidade. Disse-me ele: Ninguém aqui conheceParaopeba. O local, mais distante, que conhecem é Curvelo;onde vão assistir à festa de São Geraldo. Saltam de ônibusespecial na frente do Santuário; entram e rezam; comem ebebem nas barraquinhas do largo do Santuário; e aguardamo ônibus para o retorno.Em uma frase, o meu amigo, descreveu uma localidadeisolada, onde seus moradores, envolvidos com as tarefas dodia a dia, estão totalmente alheios aos acontecimentosexteriores à própria comunidade. Estes, homens e mulheres,de meia idade, já estão adaptados a uma rotina e, mais ainda,são resistentes à mudanças. Contudo, os filhos destesprodutores rurais, estudantes da Escola João Baiano, seis,

Page 8: Afago II 03 09BOLETIM DA AFAGO Página 03 Diamantina, catequista ao lado de tia Flora e, acima de tudo, um menino sonhador. Acredito que foram os sonhos que lhe fizeram mal. Ele acreditava

BOLETIM DA AFAGO Página 08

sete, até dez filhos por casal, certamente, sairão da localidadeporque a propriedade dos pais não é suficiente para todos osfilhos. Estes jovens têm que estar preparados para concorreremem igualdade de condições com seus competidores. Primeiro,quando freqüentarem o segundo grau, em Gouveia. Depois, nauniversidade e/ou na atividade profissional.Não só Camilinho, mas todas as demais comunidades, em igualcondição, têm que ser incorporadas ao mundo digital. A Tortatem que ser completada, introduzindo o recheio na massa.Parece algo inatingível, problema insolúvel, que, no entanto, podeser resolvido com alguns microcomputadores ligados à Internet.Antes de finalizar quero colocar duas questões: Empresários,profissionais liberais, famílias, repartições públicas, na maioriatrocam seus computadores a cada dois ou três anos, o que éfeito dos computadores substituídos?Por que não encetar campanha para adquirir, por doação, estesPC’s; contratar um profissional que faça formatação do discorígido, acrescente uma placa de memória, e, os disponibiliza parao estudante nas escolas municipais? Fica, no entanto, o alerta:Computador nas escolas primárias, sem internet, não resolve oproblema proposto de inserção no mundo digital.

A Arte Culinária Gouveiana

Fazer comida é uma arte. Nossa mãe é uma artista. MaurícioMiranda, nosso conterrâneo, afirma poeticamente:

O homem, desde a pré-história, descobriu o grãopara se alimentarEngolir a seco ficava difícil, por isso, ele precisavadar um jeito de triturar Quebrar o grão seria asolução, tornando tudo em farinha, fácil de sepreparar Começou a bater a semente com pedra, atéesta esfarinharMas a fadiga era grande e outra idéia passou aprocurar

O centenário antropólogo, Claude Levi-Straus, em O cru e ocozido, fixa as transformações por que passou a humanidade aoincorporar suas horas de folga na descoberta de investir arte nalabuta diária, corroborando a intuição poética de nossoconterrâneo. Em O Pensamento selvagem Levi-Straus frisa queos instrumentos de pedra polida que definem o período neolíticonão são mais úteis do que os de pedra lascada, utilizadosanteriormente pelos povos ditos “selvagens”. São mais belos.Tornar o fazer objeto de arte, buscar o belo acima do útil podeser uma marca da trajetória humana. Transformar ruídos emsons articulados, desenvolver a musicalidade, transformar sinaismnemônicos em caligrafia, tudo isto é arte. Busca-se o belo acimado que é simplesmente útil.Faço esta pequena introdução para afirmar que nós seres humanose nós gouveianos em especial podemos avaliar as pessoas pelamaior ou menor dose de arte de que se reveste sua práticaalimentar. O leitor, logo perguntará, eu penso: “como assim, Zé,a arte pode ser medida em quantidades, em maior ou menor?”Penso que pode. Comecemos pela nossa casa. Vamos compararcom a de nosso vizinho, ou com a pessoa que possua a mais belaresidência de Gouveia. “Estamos contentes com a moradia, ela

tem três quartos, sala, cozinha e banheiro; luz e águaencanada. Há uma televisão na sala, um quadro com aestampa do Sagrado Coração de Jesus, tem também umquintal pequeno. Para construí-la chamamos um pedreiro emostramos a planta que imaginávamos. Nós ajudamos opedreiro, e ela ficou pronta. Não é a casa dos sonhos, masnão estamos no tempo, abriga-nos das intempéries.” Comtodo o conforto narrado pelo nosso suposto conterrâneo –ele existe e compõe a maioria dos que vivem em Gouveia –podemos afirmar que esta casa tem pouca arte. Por quê?Seu morador registra que ela é principalmente útil.Isso é mais visível ainda quando tratamos dos alimentos. Oangu, a batata doce, o cará cozido, a garapa para fazercafé, a mandioca cozida, têm menos arte do que o cobu, abroa, o doce de batata doce, a sopa de cará, a rapadura, afarinha de mandioca seja como grude, seja como farofa.Não é utilidade que conta, mas a beleza. E beleza exigeemprego de tempo, de lazer, de horas extras, de sobra dabusca pela satisfação de necessidades imediatas. É por issoque os senhores alimentavam os escravos com angu. É porisso que o prato básico dos pobres se resumia em feijão,angu e couve, como nos lembra Eduardo Frieiro em suaobra que se tornou clássica sobre a comida dos mineiros.Uma boa dieta, com pouca arte.Há, porém, um ponto no qual eu quero me deter. Alimentoscom pouca arte, hoje têm se convertido em centro de atençãodos mestres de cozinha e os festivais de arte culinária têmse esmerado em exibir esses resíduos como grandesdescobertas da culinária. A cidade de Vespasiano se orgulhahoje de exibir como prato máximo o angu, com costelinhade porco e cansação. Como, uma urtiga pode se converterem prato central num festival de arte? Ora pro nobis comangu e carne moída é servido em Diamantina, com gemidosde satisfação dos turistas bem instruídos. Pastel de angu écartão para o turista de Itabirito. O que eles adquirem denovo, como se convertem em arte superior tem a ver agoracom o discurso que os torna atraentes. Isto tambémaconteceu com nosso cobu.É por isso que quero registrar alguns alimentos preparadosem Gouveia e que nunca chegaram ao menu dosrestaurantes. Nós estamos comendo mosca. Já é tempo deGouveia colocar no calendário um festival de arte culináriainédito.Eis o cardápio, só nosso.Para começar uma feijoada de broto de imbaúba. Feijoadatotalmente “light”, talvez, “diet” como quer a moda. Vocêjá prestou atenção que o broto de imbaúba se parece comorelha de porco?Mais um prato, cará de corda ensopado, acompanhado defeijão roxinho, angu e fato de boi ou miolo de boi.

Desconhece o que é um fato? Escute este pregão:- Quem quer comprar fato? / É lá da casa de seuAtaíde./ Foi sá Idalina que limpou.

Page 9: Afago II 03 09BOLETIM DA AFAGO Página 03 Diamantina, catequista ao lado de tia Flora e, acima de tudo, um menino sonhador. Acredito que foram os sonhos que lhe fizeram mal. Ele acreditava

BOLETIM DA AFAGO Página 09

Ah, o cará de corda! Encontrei-me recentemente com meuamigo e conterrâneo Raul Martins de Oliveira e admirei ocuidado com que trata sua plantação de cará de corda.O cará assado pode também ser apresentado como opçãodo café da manhã em nossos hotéis. Agora, não basta colocá-lo na bandeja. É um cará com discurso.É preciso dizer ao hóspede:

-Você sabe o que é isto?- Huuum! ???- Cará de corda. É muito cultivado nos quintais destaregião. De manhã serve para o tira-jejum. Ele éassado. É preciso tirar-lhe a casca e saboreá-loainda quente. Pode besuntá-lo com mel, melado, oumanteiga.- Maravilha!

Responde o hóspede, antes mesmo de saborear a invençãocom a marca de Gouveia.

Nos meses de outubro, nossos muros de pedra, aqueles queainda resistem à onda de modernidade que assola a Gouveia,se revestem de brotos de saborosa, em seguida, de botões,de flores e, finalmente, a partir de dezembro, as saborosasamadurecem.Ninguém dá importância a isso. No mercado de São Paulo,uma saborosa é vendida pela irrisória importância deR$20,00. Há uma outra espécie similar que não é cultivadaem Gouveia; leva o nome de pitaia e tem sido apresentadacomo “o que há” pelos mestres da culinária. É um enfeitebelíssimo na salada, ou mesmo no arranjo de assados..Pois bem, em Gouveia, algumas pessoas, tia Chica, emprimeiro lugar, fazia um prato de broto de saborosa que erauma delícia. Imaginem; ao picar o broto de saborosa emfatias, cada pedaço toma a forma de uma estrela. Ele podeser servido junto com costelinha de porco, carne passada àmáquina, peito de frango, e, é claro, angu e feijão.A saborosa pode também gerar um prato com o caule dosbotões. Aí, o que aparece como esteticamente perfeito sãoas rodelas. O fruto amadureceu? Então é hora de enfeitar asalada com a fruta. Abra e deixe a casca. A visão éparadisíaca. O veludo vermelho e a polpa branca. É claro,este prato não tem preço.Certa vez eu propus a apresentação desse prato num festivalde comida exótica no Central Shopping em Belo Horizonte.Foram convidadas apenas as cozinheiras que soubessemfazer comida caseira. Entre outros restaurantes compareceuo Chico da Cafua, preferido por artistas, especialista em“mexidos” e traíra sem espinho. O pessoal não encontrousaborosa para lançar o prato.Vou parar por aqui, se não eu esgoto minha imaginação.Não vou me referir à farofa de bunda de tanajura que, emboraseja conhecida em Gouveia, já foi divulgada porpesquisadores da cidade de Mogi das Cruzes em São Paulo.Esse apetitoso prato de origem indígena, bem apimentado,pode ser atraente para os apreciadores de comida exótica.Ponho de lado também um ótimo adereço à salada que é o“bicho de coco uricuri”, semelhante ao “bicho de taquara”

consumido pelos antigos bandeirantes, segundo relato deEduardo Frieiro. Eu asseguro, o “bicho do coco uricuri” ésaboroso. Doce como a castanha do coco e tem sabor demanteiga ou de creme de leite. Quando criança ia, ia comtia Chica ao quintal de Sá Bernardina colher coco para fazerpaçoca. Em alguns dos grãos, encontrava o delicioso“bicho”.Porém, antes de me despedir, quero insistir em duas coisas.Gouveia está perdendo tempo ao se esquecer de que foipioneira em fabricação de queijo, muito antes de o Serro seempolgar com isso. Não o digo por ufanismo. A historiadorado Serro, dona Maria Eremita – que, aliás, foi inspetoraescolar em Gouveia -, afirma com todas as letras no seulivro Aconteceu no Serro. Dona Maria, como era chamada,escreveu com muito humor caber uma paródia deShakespeare ao Rei dos Ratos: “Meu reino por um queijo”.Desmistificou em seguida: “Nem sempre foi o queijo aprincipal indústria do Serro, que começou com a mineraçãodo ouro ou do diamante (...) e caiu nos cinco ‘p’ (potepanela, pito, peneira e pente) e ressuscitou na indústria delaticínios.”Em abono de sua afirmação a autora convoca outro grandeserrano, Nelson de Senna, editor por muitos anos, desde1903, do Anuário de Minas Gerais, onde examina odesenvolvimento de cada povoado de Minas Gerais, e autorde A Terra Mineira, obra publicada em 1922, ano docentenário da Independência. Pois bem, lembra dona Maria,“O Prof. Nelson de Senna, com todo o seu bairrismo, nãomenciona o queijo do Serro, sinal de que ainda não eraexportável o hoje festejado queijo tipo Serro.”Já que o Nelson que era bairrista não pode mencionar oqueijo do Serro, eu, agora sem nenhum bairrismo registroque o queijo tipo serro foi criado em Gouveia. E nós, digopoder público, encarregados de promover e coordenar apolítica cultural continuamos dormindo.Vejam esta transcrição que coloquei no Gouveia e seusmitos e que repeti no diagnóstico do Plano Diretor;

Os habitantes deste lugar só se remedeiam comalguns queijos que fazem e mandam vender emTejuco, ou na Villa do Príncipe;

Encontrando um monte de defeitos em Gouveia no ano de1832, cem anos antes de o queijo do Serro se tornar famoso,Vicente Ferreira da Cruz escreve para o governador daProvíncia de Minas Gerais, o queijo de Gouveia é vendidoem Tejuco – Diamantina – ou na Vila do Príncipe – atualcidade do Serro. Ora, o queijo do Ribeirão é displicentementevendido todos os sábados na feira sem qualquer discursoque aumente seu valor simbólico. A Secretaria Municipalde Agricultura e a EMATER, além do departamento deCultura e Turismo têm que se mobilizar.Por último, eu quero chamar a atenção para uma sobremesa.Não vou falar do doce de leite que é muito especial,principalmente se se tiver o cuidado de impedir que a fumaçaentre no tacho enquanto o leite é levado ao ponto. Doce deleite não combina com defumação. Vou me referir à

Page 10: Afago II 03 09BOLETIM DA AFAGO Página 03 Diamantina, catequista ao lado de tia Flora e, acima de tudo, um menino sonhador. Acredito que foram os sonhos que lhe fizeram mal. Ele acreditava

BOLETIM DA AFAGO Página 10

Dom Paulo Lopes de Faria: um cristão deverdade.

No auge da emoção, escrevi, no dia 16 de julho um pequenoartigo sobre dom Paulo, o qual se encontra noportalgouveia.com.br. Informei também, aos internautas dowww.afagouveia.org.br o falecimento às 13:30 minutosdesse grande mensageiro de Deus.

No dia seguinte, às 6:30 horas, com minha esposa, Adélia,dirigi-me à Igreja de Nossa Senhora da Piedade no bairrodas Indústrias, em Belo Horizonte. Nessa igreja, o corpoestava sendo velado desde as 22:00 horas do dia anterior.

Pude testemunhar ali o carinho das pessoas que conviveramcom ele, das crianças que receberam o batismo de suasmãos, dos jovens agraciados com a bênção matrimonial.Uma das primeiras pessoas com quem me encontrei sechamava também Paulo. Emocionado, afirmou: “Completei90 anos, em maio. Dom Paulo foi à minha casa, celebrou amissa de ação de graças.”

Este é dom Paulo. Presença constante num bairro deperiferia, do qual foi o primeiro pároco. Ninguém lhe passavadespercebido. Todas as pessoas mereceram seu carinhopastoral – cristão. Antes da missa de réquiem, inúmeraspessoas ocuparam o microfone para registrar depoimentossobre dom Paulo, sobre o padre Paulo. Num deles, odepoente declarou:que, ao deixar Diamantina, o bisporecebeu abrigo na Cidade dos Meninos, da Conferência SãoVicente de Paulo, localizada em Ribeirão das Neves, atéque dom Walmor, arcebispo metropolitano de BeloHorizonte, lhe ofereceu uma casa para morar.

Chamam-me a atenção duas coisas: Dom Paulo eraarcebispo, ou seja, alcançou um dos postos mais elevadosna hierarquia da Igreja Católica. Ao deixar Diamantina, foisocorrido pela Conferência de São Vicente. Eis a contradiçãoque só pode ser compreendida atentando para um homemque se entregou a Deus e deixou que Ele provesse a suasubsistência. Fé, firme e sincera.

Findo o solene pontifical, no qual estiveram presentes, alémdo arcebispo de Belo Horizonte e seus auxiliares, dom JoséMaria Pires, do alto de seus noventa e tantos anos,plenamente saudável, dom Lírio, presidente da ConferênciaNacional dos Bispos do Brasil. Dom João Bosco Olivier,arcebispo de Diamantina, narrou comovidamente os últimosdias de vida de dom Paulo. Estávamos numa manhã fria desexta feira. Dom Paulo havia subido aos céus, no dia anterior.Pois bem, até o domingo, no leito de dor, dores atrozes, opaciente suportou todos os sofrimentos do câncer que oconsumia e que aceitava como expressão da vontade deDeus. Dores são dons de Deus, traduzo eu, os sofrimentosde dom Paulo. Se Ele me faz padecê-las, também me dá

compota de laranja cravina. Mais uma vez, acho que épreciso valorizar esse produto. Impar. Todo mundo sabefazer compota de laranja da terra e muitas outras, mas acompota de laranja cravina é especial.Para encerrar este artigo, quero manifestar minhaindignação de não ser levado a sério quanto à oferta emnossas sobremesas da compota do cajuzinho do campo. Senós prestarmos atenção e servirmos o caju em calda nasfestas de fim de ano, teremos ganho muitos pontos. Emprimeiro lugar, estaremos mais atentos às queimadas quedestroem nossa flora e fauna nos meses de agosto, setembroe outubro. Em segundo, ofereceremos às pessoas umproduto local que ganha de longe em sabor do caju arbóreo.Outras frutas do campo podem também adornar a nossamesa – e aqui me torno adepto incondicional de DarciRibeiro, esse magnífico brasileiro de Montes Claros quepregou para o mundo inteiro as maravilhas de nossa flora:pequi, araticum, araçá, murici, guabiroba. Já pensou numamesa adornada com cabacinha, espuma de sapo, marmeladade cachorro, café de são josé?A comida sem arte dos dias de hoje tem a marca dos “fastfood”, dos McDonald, são apenas úteis, nada mais do queúteis. Um festival de arte culinária, não pode ser realizadosó com apresentação de pratos. Ele necessita de muitaconversa, muita música, dança. Enfim festival de arteculinária é a festa da Arte, de tudo que se situa muito alémda utilidade. Aqui só conta o que é belo. A última coisa quepode acontecer é que alguém compareça a um festival dearte culinária para “matar a fome”.

José Moreira de Souza

Page 11: Afago II 03 09BOLETIM DA AFAGO Página 03 Diamantina, catequista ao lado de tia Flora e, acima de tudo, um menino sonhador. Acredito que foram os sonhos que lhe fizeram mal. Ele acreditava

BOLETIM DA AFAGO Página 11

forças para suportá-las. Com esta fé inabalável, o preladocristão aceitava o sofrimento como prova de fé.

No sermão panegírico, dom Walmor já havia narrado, adificuldade de convencer, até mesmo de arrastar oconvicto colega a se internar no hospital Madre Tereza,onde viveria os últimos dias, sob proteção médica. DomPaulo estava mais uma vez convicto de que a morte éconseqüência natural da vida e que Deus lhe haviadeterminado o final de seu percurso neste mundo.

Não posso me esquivar de colocar meu leitor a par destedepoimento da filósofa judia Hannah Arendt. Em um artigo“Ângelo Giuseppe Roncalli: um cristão no trono de SãoPedro”, esta autora – insisto uma judia muito especial -,escreve:

[Ele, o papa] à sua própria maneira estranhae incomum, consegue dar uma resposta claraa duas perguntas que estavam na mente demuitas pessoas, quando se deitou em seu leitode morte no Vaticano, em final de maio e iníciode junho de 1963. Trouxe-as à minha atenção,de modo muito simples e inequívoco, umacamareira romana: ‘ Senhora’, disse ela, ‘essepapa era um verdadeiro cristão. Como podiaser isso? E como aconteceu que um verdadeirocristão se sentasse no trono de São Pedro?Ele primeiro não teve que ser indicado bispo,e arcebispo, e cardeal até finalmente ser eleitopapa? Ninguém tinha consciência de quem eleera?’ Bem, a resposta à última de suas trêsperguntas parece ser “Não”.

O espanto de que comunga a camareira do papa e afilósofa parece coincidir. Ela quer afirmar que subir nahierarquia eclesiástica é perder o sentido da mensagemcristã. “Ele saudou sua morte dolorosa e prematura, comouma confirmação de sua vocação: o ‘sacrifício’ que eranecessário para o grande empreendimento”. E Arendtainda acrescenta: “Não é difícil entender a relutância daIgreja em indicar para altos cargos aqueles poucos cujaambição era imitar Jesus de Nazaré”. (...) “Ele realmentedesejou ser ‘esmagado, desdenhado, desprezado por amora Jesus”.

Esta é Hannah Arendt maravilhada com a mensagem dopapa João XXIII, na obra Homens em tempos sombrios.No prefácio, a autora lembra ao leitor: “Olhos tãohabituados às sombras, como os nossos,dificilmenteconseguirão dizer se sua luz era de uma vela ou de umsol resplandecente.”

Agora posso retornar a dom Paulo. No ano de 1966,chegou ao bairro das Indústrias o primeiro pároco. Atéentão uma pequena capela servia ao culto divino.Atendiam-na os padres passionistas da paróquia São

Paulo da Cruz do Barreiro de Baixo. A primeira ocupaçãodo novo pároco não foi a de construir uma nova igreja, masde confirmar seus irmãos na fé. Visitava as casas, socorriaa todos em suas necessidades, sem perguntar pela adesão acredos. Salim Seliman Al-Reis era um migrante libanês, quelia diariamente o Alcorão. O padre o visitava e ouviaatentamente suas orações – as suratas “Em nome de Deuso clemente, o misericordioso” e certo, da mesma atençãodo interlocutor, lia para ele salmos, parábolas, episódios dosevangelhos. Ambos se confirmavam na fé.

Faço novamente uma pausa. Prezado leitor, você já teveoportunidade de ler o Alcorão? Vale a pena percorrer aspáginas em que Muhamad – que nós chamamos de Maomé– narra a anunciação e nascimento de Jesus.

E quando os anjos disseram: “Ó Maria, Deuste anuncia a chegada de Seu Verbo, chamado oMessias, Jesus, filho de Maria. Será ilustre nestemundo e no outro, e será um dos favoritos deDeus.

Ainda no berço, falará aos homens; e falar-lhes-á quando adulto. E será um dos justos.”

E ela perguntou: “Senhor meu, como poderei terum filho quando nenhum mortal me tocou?”Respondeu: “Deus cria o que lhe apraz. Quandodetermina algo, basta-Lhe dizer: ‘Sê!’ para queseja.

A confirmação na fé tal como a compreendia o padre Pauloé muito diferente do proselitismo religioso. Seu testemunhocristão não argüia o outro de erro, convocava-o à Verdade.Certa vez, alguns freqüentadores da paróquia se indignaramcom crentes que mais do que se mostrar certos de sua fébuscavam atrair os outros argüindo-os de erro. Um grupoexasperado depredou o barracão improvisado em templo.Sabedor do episódio, padre Paulo ponderou com serenidadee sem ar de repreensão. “Isto não se faz”. O padrecompreendia em profundidade o espírito do ConcílioEcumênico. Não se trata de transformar a religião emsupermercado de crenças, onde as pessoas desesperadascorrem em busca de prodígios, mas de viver a fé, respeitandoa todos os que a têm firmemente.

A atenção por uma vida digna, tornou-o conhecido como“prefeito do bairro”. Esteve junto com os sem casa,interpondo-se entre as famílias e a polícia, recebendo nolugar dos pobres as primeiras cassetetadas dos milicos queagiam em cumprimento da lei; lutou pela iluminação elétricadas ruas, pela instalação de água nas casas, por escolas,postos de saúde e emprego. Aparentemente, o padre seocupava das coisas mundanas. Nada disso, ele vivia dacerteza de que os filhos de Deus merecem também umavida digna para poderem louvá-Lo.

Page 12: Afago II 03 09BOLETIM DA AFAGO Página 03 Diamantina, catequista ao lado de tia Flora e, acima de tudo, um menino sonhador. Acredito que foram os sonhos que lhe fizeram mal. Ele acreditava

BOLETIM DA AFAGO Página 12

pára aí. Eu sei que o senhor, ao contrário do Curad’Ars é pessoa de elevada instrução.

A referência ao Vianei, era também do Arcebispo.Em artigo divulgado pelo cônego Paulo Nicolau,em homenagem ao dom Paulo, lê-se: “O presbitériodeve tender constantemente para a santidade, comoo fez São João Maria Vianney.”

Dom Paulo viveu isto como verdade e hoje todosnós podemos dizer com fé:

São Paulo Lopes de Faria: ora pro nobis – rogaipor nós.

José Moreira de Souza

Nos meios eclesiásticos circula a anedota de que ospadres de congregação fazem voto de pobreza e osseculares o cumprem. Como meu leitor não temobrigação de saber a diferença, lembro que os padresde congregação são os que vivem juntos em umconvento – redentoristas, lazaristas, franciscanos, porexemplo. Já os padres seculares, são os que vivemjunto ao povo em suas paróquias.

Dom Paulo cumpriu à risca a pobreza, sem serobrigado a ela por nenhum voto ou juramento. Aomorrer levou até Deus a sua alma, sem deixar nestemundo nenhum bem.

Outra marca da ação do padre no Bairro das Indústriasfoi sua aproximação dos jovens. Tornou-se admiradoda juventude que percorria as ruas em barulhentasmotocicletas, inundando a igreja nas horas de cultocom possantes decibéis. Ao contrário de recriminá-los, o padre convidou-os a se concentrarem na portada igreja para dar à benção aos veículos.

Eu conheci dom Paulo de perto, quando faleceu umasenhora que vivia só e abandonada com uma filhinhade treze anos e um filhinho de sete anos. Essa senhoramorreu e não tinha nenhum parente, nem amizade. Osvizinhos logo foram procurar o “prefeito” do bairro.Era o padre Paulo. Ele imediatamente providenciou ofuneral e encaminhou os órfãos a famílias moradoras,acompanhando o seu desenvolvimento.

Sua elevação a bispo, ao mesmo tempo em que encheude orgulho os paroquianos - no dia de sua sagração,mais de vinte mil pessoas lotaram o ginásio Mineirinho– deixou-os também desamparados.

Infelizmente, cristãos como dom Paulo não se formamtodos os anos nos seminários. Na França, em todo oséculo XIX, houve um João Maria Batista Vianei, naItália, um João Bosco. Muitos cristãos pensam queum grande sacerdote é aquele que opera milagres, queatrai multidões ávidas de maravilhas. O Cura d’Arsera apenas um cristão que tinha fé no poder dosacramento. Assim também dom Paulo.

Eu comparei a ação do padre Paulo naqueles temposà do Santo Cura d’Ars – São João Maria Vianei. Cuideilogo de relativizar a comparação em carta a eleendereçada. Lembrei-lhe que a comparação terminavana lembrança de o Cura d’Ars ser colocado numaparóquia de periferia e que, numa bela hora, toda aFrança se deslocara para ser abençoada por essepároco onde contava apenas a fé. Insisti, a comparação

Page 13: Afago II 03 09BOLETIM DA AFAGO Página 03 Diamantina, catequista ao lado de tia Flora e, acima de tudo, um menino sonhador. Acredito que foram os sonhos que lhe fizeram mal. Ele acreditava

BOLETIM DA AFAGO Página 13

NA MÃO DE DEUS, NA SUA MÃO DIREITA,DESCANSOU AFINAL MEU CORAÇÃO!

Natalícia – 28 de dezembro de 1913 – 03de maio de 2009

Eu tenho uma sala de visitas preferida acima de todasem Gouveia. É a vila São Vicente de Paulo, onde selocaliza o Lar dos Idosos e recentemente, o Centro deEventos dom Paulo Lopes de Faria.No dia 13 de junho, lá fomos nós, minha família. Senti umlugar vazio, era o de Natalícia Moreira. Ela devia o nomeao fato de haver vindo ao mundo na semana do Natal.Filha de Augusto Teófilo e Maria Moreira, Natalíciacompunha com sua irmã Luíza uma dupla inconfundível.Pobres, trabalhavam no cabo de enxada ou em casas defamília lavando e passando roupas.Luiza se portava como líder, Natalícia era o eco.

- Zé, como vai? Dizia Luiza.- Zé, como vai? Secundava Natalícia.- Flora vai bem? Perguntava Luiza.- Flora vai bem? Ecoava Natalícia.- E Chica?- E Chica?

Certa vez, nos anos 80, cheguei a Gouveia e perguntei pelasduas irmãs. “Luiza morreu”, disse-me tia Flora. Ih! Quevai ser de Natalícia agora? Pensei.Fui à rua da Frente – Avenida JK para quem não sabe. E...encontrei-me com Natalícia.

- Zé, ocê tá bom? Os meninos vieram? Como vaiAdélia.- Natalícia, o que houve com sua perna? [Ela estavamancando.]- Ih! O reumatismo me pegou, Tá difícil de andar.

A conversa se prolongou. Natalícia sabia viver sem Luiza.Tinha vôo próprio, pensamento próprio, iniciativa.Passados alguns anos, eu não mais ouvi falar de Natalícia,nem me encontrar com ela. Certo dia, Conceição de OtávioMoreira informou-me. “Natalícia mora na casa dos pobresde São Vicente, está velha, mas muito espirituosa”.Ver Natalícia passou a ser a confirmação da minha alegriade estar em Gouveia. No apartamento que lhe era reservado,Natalícia era dona do pedaço. Um quarto e um banheiro.Ela se arrastava prontamente, cuidava sozinha da higienepessoal e mantinha um espírito de emocionar. É claro,conviver com pessoas desse tipo não se pode perder. Filmei,gravei entrevistas, fotografei.Eu me encho de orgulho quando conto as pessoas quepassaram dos noventa anos e continuam sua missão detransmitir a graça aos outros. Dona Lilita, dona IsaltinaTameirão, dona Odília, dona Olga, Efigênio, Marília GomesPereira, Eva de Josino, Maria das Dores Brasil, Floripes,dona Vitalina, Antônio de Nelo, dona Stael, tia Chica,Cordolina, Cupertino, Raimundo de Carlota, HermanoChaves. Eu penso que, quando a gente se encontra comessas pessoas, deve pedir a bênção. Elas dominam ossegredos do viver pleno e saudável.

Mas o que eu mais admirava em Natalícia era seu poder dese manter viva apesar de todas as situações adversas, semfamília, sem meios de subsistência. Quase reclusa. Admiroa vitalidade que imprimia ao encontro. Aquele abraço longo,muitos beijos. Muitos abraços, beijos infindos.O carinho que recebeu no Lar dos Idosos certamente lhefavoreceu essa vitalidade cheia de graça.

Ivone Ribas - 25 de julhoFaleceu, no dia 25 de julho, Yvone Maria Ribas Wilson comapenas 61 anos de idade. Pessoalmente, me lembro de Yvone,em Gouveia; jovem , linda, virtuosa pianista; filha detradicional família gouveiana: João Ribas e D. Vitalina. Yvonetambém era presença marcante nas festas deconfraternização da AFAGO. Para recordar, pode-se ver abeleza da jovem de 60 anos, neste “site”, no menuOrganização, confraternização de 2008, 3ª. Foto. A AFAGOregistra o sentimento de perda da associada e endereça aoesposo: George e aos filhos: Roberto, Liliane e Lucas e anetinha: Beatriz um abraço de solidariedade. D. Vitalina eos irmãos, especialmente, nossos associados: Yara, Yolandae Haroldo Antonio pedimos a Deus que lhes dê conforto. Afamília manda celebrar missa de sétimo dia, na sexta feira,dia 31, às 19:00 horas, na Igreja do Carmo

Otto Oliveira - 23 de junho Faleceu nosso companheiro e co-fundador da AFAGO, OttoGuerra de Oliveira, no dia 23 de junho. A AFAGO registrao sentimento de perda do seu associado e endereça, à famíliaenlutada, mensagem de solidariedade e de conforto. Otto foivitimado num acidente automobilístico, próximo à cidade deCorinto; quando se dirigia à sua fazenda. Residia em Curveloe, às terças-feiras, fazia sempre o mesmo percurso, dirigindo-se à Fazenda do Bueno, município de Monjolos, de suapropriedade. Otto faleceu aos 69 anos de idade e deixa viúva:D. Cleia Miranda de Oliveira e três filhos adultos: Otto, Rodrigoe Bruno.

Ivone no dia de sua primeira comunhão: 1952

Page 14: Afago II 03 09BOLETIM DA AFAGO Página 03 Diamantina, catequista ao lado de tia Flora e, acima de tudo, um menino sonhador. Acredito que foram os sonhos que lhe fizeram mal. Ele acreditava

BOLETIM DA AFAGO Página 14

NO ROSEIRAL DA ESPERANÇA!

ZICO - 80 ANOS - 13 DE JULHO

João de Miranda Chaves completou oitenta anos, no dia 13de julho p.p., e comemorou recebendo os familiares e osamigos oferecendo-lhes saboroso churrasco. O ponto altoda comemoração foi a missa de ação de graças celebradapelo Padre Mauro Carvalhais, do Santuário de São Geraldode Curvelo, grande amigo da família.Zico, como é mais conhecido, é o primogênito do lendárioJoão Baiano; estudou com D. Olga no Grupo Escolar AurélioPires e era um dos poucos filhos de Gouveia quefreqüentaram colégios de Diamantina, na década de 1940;primeiro no Seminário do Sagrado Coração; depois, noColégio Diamantinense. Contudo percebeu que estudar nãoera bem a sua praia e retomou as lides do campo, na fazendaCamilinho. Casou-se com Helena, uma destas poucas figurasque chegam junto. Helena é professora, líder comunitária,catequista e ministra da eucaristia. O casal, com quasecinqüenta anos de casados, tem cinco filhos que lhes deramonze netos, desde Carolina com vinte anos até Thiago, comapenas um, são a alegria da família.Zico é o último remanescente da primeira Câmara deVereadores de Gouveia. Onde, eleito por três vezes, prestouos melhores serviços, durante doze anos. Hoje, ele relembra,com orgulho e com respeito, de seus companheiros da

edilidade.

Na foto: Zico, Helena, filhos, netos, noras e genros.

Casaram-se, no dia 11 de julho, na tradicional Igreja de SantaEfigênia dos Militares, Hérica e Jáder. Ela, filha de Dr. Milton Ferreirade Miranda membro atuante do Conselho Fiscal da AFAGO. Nós,companheiros da AFAGO, agradecemos a gentileza do convite;pedimos a Deus que abençoe e proteja o jovem casal. Nós, tam-bém, nos congratulamos com o casal Milton e Lili pelo acompa-nhamento e formação de Dra. Hérica; e, os aplaudimos pela mag-nífica recepção aos convidados, no Salão da AMAGIS.

Dona Vitalina – 90 anos - 6 de julho

Dona Stael – 97 anos - 27 de junho.

Dona Vitalina na missa celebrada pelo cardeal dom Serafim, no dia 14 dejunho

Dona Stael no condecorada com a medalha Alexandre Mascarenhas - 8 dedezembro de 2007

Page 15: Afago II 03 09BOLETIM DA AFAGO Página 03 Diamantina, catequista ao lado de tia Flora e, acima de tudo, um menino sonhador. Acredito que foram os sonhos que lhe fizeram mal. Ele acreditava

BOLETIM DA AFAGO Página 15

Aniversariantes

�UTILIDADES E INUTILIDADES

MANEIRAS FÁCEIS DE VOCÊ TER MAISDINHEIRO NO BOLSO

Prepare-se para imprevistos

Algum gasto extra – o conserto do carro, umaemergência dentária ou mesmo a dispensa do emprego –sempre aparece para fazê-lo sair do orçamento. Para evitarque esses incidentes o coloquem no vermelho, faça um fundode emergência em uma conta de fácil acesso, de preferênciaconta poupança individual. Nela os rendimentos são isentosde impostos e você pode sacar o valor depositadoimediatamente quando precisar, pois não há prazos decarência para resgate como em outros investimentos. Masquanto é suficiente para tirá-lo de uma situação complicada?

É fácil. Faça os cálculos de seus gastos por um mês, do almoçona rua ao financiamento do apartamento, e multiplique o totalpor três. Esse orçamento operacional de três meses resultaem uma quantia assustadora? Mas isso é o mínimo que vocêdeve ter caso ocorra uma catástrofe – literal ou figurativa – evocê precise de dinheiro para superar momentos difíceis.

Evite o cartão de crédito

Sempre compramos por impulso. Do mais novoeletrodoméstico para a cozinha a um DVD. Fazer isso podelevá-lo a ficar no vermelho. Então, como evitar que gastossaiam de controle? Siga o conselho da vovó e deixe guardadoo seu cartão de crédito. É muito fácil usar o pedacinho deplástico quando acontece de você precisar apenas de leite.Em vez disso, calcule o quanto vai precisar por semana paraos gastos regulares – compras de supermercado, cafezinhosdiários etc. Dirija-se ao caixa eletrônico e saque a quantia

Nome Associado Data Mês

Adélia da Conceição Ribas 7 Agosto

Elza Dornas A.Martins 7 Agosto

Serafim Fernandes de Araújo (Dom) 13 Agosto Adélia Anis Raies de Souza 14 Agosto Diva Maria de Miranda 15 Agosto

Marcone Miranda Ribas 20 Agosto

Lívia Somalle Sai dos Santos 21 Agosto Zuleima Buitrago de Miranda 22 Agosto Alisson Wander Paixão 23 Agosto

Juliana Gomes 24 Agosto

Francisca Aparecida Lopes Bello 27 Agosto

Lynna Oliveira Santos 28 Agosto

Milton M. Ferreira de Miranda 29 Agosto Nilton Bechara de Miranda 29 Agosto

Stela Carvalho Oliveira 31 Agosto

Magda Maria Gomes Monteiro 1 Setembro

Silva Miranda Lacerda 8 Setembro

Dáfnis Raies Moreira de Souza 8 Setembro

Manoel Luiz Ferreira de Miranda 9 Setembro Jadir José Ferreira de Miranda 11 Setembro

Roseno Sergio Cordeiro Matos 13 Setembro

Noel Conceição de Paula 16 Setembro Maria Luiza Carvalho 21 Setembro

Page 16: Afago II 03 09BOLETIM DA AFAGO Página 03 Diamantina, catequista ao lado de tia Flora e, acima de tudo, um menino sonhador. Acredito que foram os sonhos que lhe fizeram mal. Ele acreditava

semanal. Com a quantia limitada, você terá de pensar duasvezes antes de comprar por impulso.

Faça e siga o orçamento

Um orçamento é o primeiro passo para conseguirorganização financeira em casa. Os economistas sugeremtrês passos para que você assuma o controle do orçamento:1º. passo – mantenha um registro dos gastos e sejaconservador ao estimar sua renda. 2º. passo – complete o orçamento mensal. Por exemplo,usando sugeridas no site www.informoney.com.br.3º. passo – avalie e reduza os gasto. Decida quais itens sãoessenciais e de quais você pode abrir mão.

Divida rendas inesperadas

Quando receber um dinheiro extra – um bônus,presente ou dinheiro por um trabalho extra – observe asdívidas diminuírem, usando as regras dos terços.

1)Um terço para o passado – use um terço do dinheiroextra para liquidar dívidas.

2)Um terço para o futuro – separe mais um terçopara, imediatamente, e coloque em uma conta depoupança.

3)Um terço para o presente – Use o terço restantepara fazer uma compra que queira, uma melhoriapessoal ou para sua casa.

Fonte: “Dicas Secretas” da Revista Seleções do Reader’sDigest. (Colaboração de Adilson Nascimento)

� H U M O R

A professora querendo ser solícita com um aluno queparecia estar atrapalhado na prova pergunta:

- Você está tendo dificuldade com alguma pergunta?

- Não, professora, estou atrapalhado é com a respostamesmo.

A recepcionista do consultório médico chamou uma clientepara atualizar o cadastro e foi logo perguntando:

- A sua data de aniversário mudou?

O noivo pretendia fazer uma reserva em um hotel de luxoe quando ligou para fazer a reserva a balconista perguntou:

- É para alguma ocasião especial?

- Sim, é para a minha lua de mel.

E a balconista

- Então serão quantos adultos?

Fonte: “Rir é o Melhor Remédio”, da Revista Seleções doReader’s Digest.(Colaboração de Adilson Nascimento)

Mamão: o filé do gouveiano

Sobre o mamão verde refogado conta-se que alguémconvidou o amigo para comer bife, no fim de semana, nasua residência. Convite aceito, aperitivo tomado, serviu-se o almoço: arroz, feijão e mamão verde refogado, commuito urucum. O convidado esperou pela carne que nãovinha, então, ele reclamou: - cadê o bife? E o anfitriãoexplicou: - Colhe-se o mamão com uma vara de bambu,comprida, quando ele cai no chão faz BIFE. Foi assimque o mamão ficou com status de filé.

Texto de Raimundo Nonato Miranda Chaves

Mamões e saborosas

BOLETIM DA AFAGO Página 16

Page 17: Afago II 03 09BOLETIM DA AFAGO Página 03 Diamantina, catequista ao lado de tia Flora e, acima de tudo, um menino sonhador. Acredito que foram os sonhos que lhe fizeram mal. Ele acreditava

BOLETIM DA AFAGO Página 17

REPORTAGEM FOTOGRÁFICA

Visita ao Centro de Eventos Dom Paulo Lopes de Faria - inaugurado no dia 31 de maio de 2009

Escola Estadual Aurélio Pires - 80 anos

Page 18: Afago II 03 09BOLETIM DA AFAGO Página 03 Diamantina, catequista ao lado de tia Flora e, acima de tudo, um menino sonhador. Acredito que foram os sonhos que lhe fizeram mal. Ele acreditava

REPORTAGEM FOTOGRÁFICA

COROINHAS DO PADRE SERAFIM - GERALDO AUGUSTO SILVA, GIL MARTINS DEOLIVEIRA E JOSÉ MOREIRA DE

SOUZA - GOUVEIA 13 DE JUNHO DE2009

É este o lugar da saborosa

BOLETIM DA AFAGO Página 18

Page 19: Afago II 03 09BOLETIM DA AFAGO Página 03 Diamantina, catequista ao lado de tia Flora e, acima de tudo, um menino sonhador. Acredito que foram os sonhos que lhe fizeram mal. Ele acreditava

Entrada solene do cardeal dom Serafim para receber o título de cidadão de Gouveia e a medalhaAlexandre Mascarenhas - 13 de junho de 2009

Capa do livro de poemas dos adolescentes da EscolaEstadual Joviano Aguiar

BOLETIM DA AFAGO Página 19

Page 20: Afago II 03 09BOLETIM DA AFAGO Página 03 Diamantina, catequista ao lado de tia Flora e, acima de tudo, um menino sonhador. Acredito que foram os sonhos que lhe fizeram mal. Ele acreditava

�Avisos

� Afago se reúne a cada 15 dias, anote oendereço: Avenida Amazonas 115, edifícioCaxias, sala 1709.

� Acesse e promova o portal http//www.afagouveia.com.br. Você estará em diacom a Gouveia.

� Atualize seu endereço eletrônico para receberoutras informações.

� Se você tem alguma idéia importante para odesenvolvimento de Gouveia, apresente-a àAFAGO

� Você recebeu o boleto da AFAGO? Lembre-

se de que pode quitá-lo em qualquer agência

bancária, inclusive nas casas lotéricas filiadas

à Caixa Econômica Federal.

� Informe seu CPF para ser incluido no boleto.

Comunique por e-mail ou por carta para o

endereço da AFAGO

� Comunique datas de aniversário de seus

parentes e amigos. Eles gostariam de receber um

abraço nesse dia especial.

� Ao navegar pelo site afagouveia.org.br, deixe

sua mensagem de apreciaçâo e sugestões.

NORMAS PARA PUBLICAÇÃONosso Boletim aceita artigos, notas, comentários, informesem geral de interesse dos filhos e amigos da Gouveia, desdeque encaminhados em meio digital.Formato em Word, fonte arial ou times new roman, corpo 12,espaço 1,5. Identificação do autor.As fotos devem ser encaminhadas já escaneadas em formatojpg.Artigos assinados são de inteira responsabilidade dos

autores.

Boletim da AFAGOÓrgão Informativo da Associação do Filhos e Amigos da

Gouveia

Ano II– N 04 - julho- agosto 2009.

Diretor Responsável – Waldir de Almeida Ribas

Editoração Gráfica: José Moreira de Souza

Fotos: Arquivo Afonso Ferreira Brasil; Afrânio Gomes, Adélia

Anis Raies, Dáfnis Raies Moreira de Souza, Raimundo Nonato

Chaves, Paulo Vieira e José Moreira de Souza;.

Expedição; Guido de Oliveira Araújo e Raimundo Nonato

Chaves

Diretoria da AFAGOPresidente: Waldir de Almeida RibasVice-presidente: José Mário Gomes Pereira

Endereço para CorrespondênciaAvenida Amazonas 115 - sala 1709CEP: 30.180-000 - Belo Horizonte - MG

E-mail: [email protected]

Dom Serafim, 85 anos no dia 13 de agosto, outro Serafim e Adélia -Gouveia 14 de junho de 2009