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  • 7/25/2019 Advocacia e Mediao Sinergias e Oportunidades

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    Advocacia e mediao Sinergias e oportunidades

    MEDIAO, 19/1/!1"

    KATIA JUNQUEIRA, DI#E$O#A %'DI(A DO )#&*O )AS +A$A -E+OSA

    .#ASI

    1. Introduo

    A advocacia vem sorendo com o a0arrotamento de processos ue atinge o *oder %udici2rio no.rasi34

    De ato, no se trata de entender essa situao cr5tica como 0en6ica aos advogados porrepresentar maior n7mero de processos e, teoricamente, maior campo de tra0a38o, 2 ue isso seriagrande eu5voco, a uma porue uma uantidade signiicativa desses processos tem origem nos

    %ui:ados Especiais (5veis onde, nas causas at6 ! sa32rios m5nimos, a presena do advogado 6opciona34 A duas, porue esse a0arrotamento aeta todo o uncionamento do sistema udici2rio, acomear pe3os magistrados ue muitas ve:es acumu3am un;es erc5cio cumu3ativo de urisdio, o ue 3eva ao ac7mu3o dos acervos de processos udiciais,

    preudicando os interesses de partes e advogados4

    +o caso dos advogados, a36m dos pro03emas ocasionados pe3a demora no des3inde das causas, oue, em regra, posterga o rece0imento dos 8onor2rios, a 3og5stica do tra0a38o do proissiona3 doDireito tam06m 6 preudicada, na medida em ue audi?ncias c5veis so designadas muitos meses

    ap@s a distri0uio das a;es4 Ademais disso, outro pro03ema so as pautas a0arrotadas deaudi?ncias ue so agendadas de " em " minutos, por6m ue o0rigam o proissiona3 a aguardar8oras e, com isso, aca0am por ter co3id?ncia de 8or2rios com outros compromissos e at6 mesmooutras audi?ncias, dei>ando o proissiona3, muitas ve:es, a necessitar de apoio de co3egas, gerandoainda custos4 *or im, mas no menos importante, 6 a imprevisi0i3idade uanto ao progn@stico dedurao do processo e do andamento processua3, o ue, no raro, gera pro03emas entre o advogadoe seus c3ientes, aetando sua credi0i3idade e imagem4

    O %orna3 O )3o0oB, na edio de !/C/!1C, resumiu essa situao a ue nos reerimos da

    seguinte orma

    444F muito tra0a38o por a:er e u5:es soterrados em montan8as de processos4 $udo isso somado aum n7mero sem im de novas a;es, ue no param de a:er crescer os estoues do %udici2rio4Esse 6 o retrato ragmentado das varas de %ustia de primeiro grau no .rasi3, os 3ocais ondecomeam a tramitar os processos comuns4 Ao 3ongo do 73timo m?s, O )3o0o visitou varas maiscongestionadas do pa5s4 O ac7mu3o de processos 6 to grande ue, em uma vara de So *au3o, ums@ ui: precisa dar conta de G1 mi3 processos4 2, so 1,"H mi38o de causas divididas para cinco

    u5:es4 O n7mero supera, e muito, a m6dia naciona3, de ",H mi3 processos por ui: da primeirainstncia4 J o cen2rio de uma %ustia ue no anda4

    http://www.editorajc.com.br/subcategoria/mediacao/http://www.editorajc.com.br/autor/katia-junqueira/http://www.editorajc.com.br/autor/katia-junqueira/http://www.editorajc.com.br/subcategoria/mediacao/
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    O! de!a'io! do ace!!o 0 "u!tia am$lo e democrtico !omado 0! e7i3/ncia! con!titucionai! deceleridade e ualidade 'icam e&idenciado! no uantitati&o de a;e! ue tramitam ein3re!!am no oder Judicirio ra!ileiro a cada ano.

    8. Mediao F O$ortunidade $ara o! Ad&o3ado!

    (laro ue a !oluo do! $rolema! atuai!% conte7tuali=ado! de 'orma re!umida no! iten!anteriore!% no ? to !im$le!% ma! a $o!!iilidade mai! $ra3mtica no momento ? a de !eatuar na! con!eu/ncia! do $rolema% o ue ? $o!!#&el $or meio do! meio! alternati&o! dere!oluo de con'lito! e% em e!$ecial% $or meio da mediao.

    (onorme deine a (arti38a (omisso de Mediao de (on3itos da OA./#%, intitu3ada O ue 6MediaoB,

    444F na Mediao, pretendese orta3ecer a capacidade negocia3 dos participantes, para ue possame>ercitar, em conunto, seu poder decis@rio, por meio de um processo de comunicao enegociao assistidas, condu:ido pe3o mediador4 As decis;es tomadas em Mediao tendem a sermais 0em inormadas e mais adeuadas Ks necessidades e possi0i3idades genu5nas de todos osenvo3vidos, promovendo a percepo de ustia e a sustenta0i3idade dos acordos4

    A mediao ? um meio autocom$o!iti&o de re!oluo de con'lito!% o ue !i3ni'ica di=er ue !ecaracteri=a $ela !i!temtica coo$erati&a entre a! $arte!% condu=ida $or um terceiro neutro eim$arcial% ue ? o mediador. O $a$el de!!e terceiro% mediador% ? le&ar a! $r-$ria! $arte! a

    alcanar a !oluo da ue!to com !ati!'ao e ene'#cio! rec#$roco!. G a teoria do 3an)aH3an)a ue% em ,ltima anli!e% ? o re!ultado de e7cel/ncia em uma ne3ociao.

    O in!tituto tem tudo $ara tomar 3rande im$ul!o no ra!il% a$-! a $romul3ao de dua!im$ortante! le3i!la;e! ue adotam a mediao e a e7$ectati&a ? a de ue% com ela!% )a"auma de!acelerao da "udiciali=ao de demanda!.

    A $rimeira dela!% o no&o (-di3o de roce!!o (i&il *Bei 4ederal no18.1:9% de 1

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    Assim, a pergunta 6 como o advogado pode encontrar oportunidades nesse cen2rio de potencia3desenvo3vimento da mediao no .rasi3

    +esse particu3ar, a mediao se apresenta no apenas como uma promissora orma de redu:ir a

    udicia3i:ao de demandas, como tam06m um nic8o de mercado para os advogados, tanto naassessoria de seus c3ientes nas reuni;es de mediao, como tam06m nas demais etapas do processomediat@rio, e ainda na condio de mediadores, mediante a devida capacitao t6cnica para oe>erc5cio da uno4

    Pa3e destacar ue o advogado, a36m de e>ercer uno socia3, como previsto na ei -edera3noQ49H/199C ce3?ncia e, ademais disso,deve atuar com 6tica, em o0edi?ncia ao (@digo de Jtica e Discip3ina da Advocacia, veamos

    Art4 !o4 O advogado, indispens2ve3 K administrao da %ustia, 6 deensor do Estado democr2tico

    de direito, da cidadania, da mora3idade p703ica, da %ustia e da pa: socia3, su0ordinando aatividade do seu Minist6rio *rivado K e3evada uno p703ica ue e>erce4

    *ar2grao 7nico4 So deveres do advogado

    444F

    PI R estimu3ar a conci3iao entre os 3itigantes, prevenindo, sempre ue poss5ve3, a instaurao de3it5gios4

    Ainda recorrendo ao conte7do da (arti38a (omisso de Mediao de (on3itos da OA./#%,intitu3ada O ue 6 MediaoB, tra:emos o seguinte ensinamento uanto Ks perspectivas dosadvogados na mediao

    O advogado pode atuar como mediador se tiver capacitao t6cnica para tanto, ou como assessorur5dico de um dos participantes4 +o pape3 de assessor ur5dico, sua uno ser2 a mesma deua3uer outro m6todo de reso3uo de con3itos a 0usca pe3a concreti:ao dos interesses de seuc3iente4 Entretanto, dierentemente do ue ocorre no processo adversaria3, sua postura deve serco3a0orativa4 Ao advogado compete au>i3iar na esco38a do mediador na identiicao dos

    interesses de cada um dos participantes no oerecimento dos marcos 3egais na 0usca por so3u;esmutuamente inc3usivas na redao de um acordo com va3idade e eic2cia 3ega3 e, no caso deacordo parcia3, conerir seguimento ao processo udicia3 ou a outro m6todo adeuado de reso3uode con3itos4 +a Mediao, 6 preer5ve3 ue as pessoas e>primamse 3ivremente, em0ora osadvogados possam maniestarse, uando pertinente4 O pape3 mais importante do advogado naMediao consiste na propositura de so3u;es criativas de m7tuo 0ene5cio, mesmo porue, paraos envo3vidos no con3ito, costuma ser mais di5ci3 a tarea de vis3um0rar novas op;es4

    Destarte, 6 certo ue a mediao deve ser vista como grande oportunidade de tra0a38o para os

    advogados4 A uma, porue cria um nic8o de atuao do proissiona3 do Direito a duas porue,gerando os resu3tados ue de3a se espera de orma g3o0a3, a mediao tem o potencia3 de mitigar a

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    udicia3i:ao de demandas e, conseuentemente, via0i3i:ar maior rapide: e ua3idade naprestao da tute3a urisdiciona3, em pro3 do interesse das partes, advogados, do %udici2rio e dasociedade em gera34 Ou sea, ainda ue no atue como mediador ou como assistente da parte emum procedimento mediat@rio, o advogado se 0eneicia da agi3idade do instituto4

    *or outro 3ado, se ainda 8oe a mediao 6 rea3i:ada de orma gratuita por diversos organismos,especia3mente os vincu3ados ao *oder %udici2rio, 6 certo ue essa gratuidade no persistir2 pormuito tempo, principa3mente na medida em ue esse instituto passar a ser uti3i:ado em maioresca3a4 +essa ocasio, os advogados ue tiverem se antecipado em a0raar esse institutoseguramente tero uma vantagem estrat6gica perante os demais4

    J importante destacar ainda o entendimento do *residente do (onse38o -edera3 da Ordem dosAdvogados do .rasi3, o i3ustre Advogado Marcus Pinicius (o?38o, ue 2 maniestou

    pu03icamente sua viso so0re o assunto, nos seguintes termos

    Em primeiro 3ugar, 6 preciso uma mudana cu3tura3, encerrando a era do 3it5gio e a:endo apostana conci3iao, mediao e ar0itragem4 O advogado precisa entender ue o processo moroso noa: 0em a ningu6m4 +o a: 0em K sociedade porue ustia tardia 6 inustia4 +o a: 0em ao%udici2rio porue perde credi0i3idade4 +o a: 0em ao advogado, ue se desva3ori:a e demora arece0er4

    %2 para o i3ustre Advogado e *residente da OA., Seo #io de %aneiro, -e3ipe Santa (ru:, oinstituto da mediao possi0i3ita a me38ora na prestao urisdiciona3 e, conseuentemente,

    signiica um avano para o tra0a38o dos advogados4 *ara -e3ipe Santa (ru:,

    444F a popu3ari:ao da mediao vai modiicar a cu3tura do 3it5gio em nossa sociedade4 As pessoassero estimu3adas a 0uscar so3u;es para seus pro03emas e os advogados a a0andonar o v5cio docontencioso 444F $odas as iniciativas no sentido de moderni:ar e tornar a %ustia mais c63ere so

    0em vistas pe3a Ordem4 A diminuio no tempo de tramitao dos processos avorecer2 a c3asse,inc3usive inanceiramente4 +em todos os co3egas t?m condi;es de aguardar decis;es em

    processos ue se arrastam por anos4

    . A Atuao do Ad&o3ado (or$orati&o $ara a (on!olidao da Mediao

    +o caso dos advogados das corpora;es, ta3 como os demais, estes podem e devem atuar com oprop@sito de cumprir com seus deveres 6ticos, acrescentandose a isso o respeito devido aoprinc5pio da responsa0i3idade socia3 corporativa das compan8ias ue representam4 Os advogadoscorporativos t?m o pape3 undamenta3 de assessorar e conscienti:ar as pessoas ur5dicas para asuais prestam servios dos riscos e oportunidades, notadamente, uanto K adeuao de suas

    pr2ticas empresariais, devendo atuar de orma a prevenir, sempre ue poss5ve3, a instaurao de3it5gios ou, uando imposs5ve3 isso, de orma a a0reviar a sua durao, o ue reverte em proveitodas partes, acionistas, de co3egas advogados, do %udici2rio e da sociedade em gera34

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    +esse sentido, 6 importante demonstrar K corporao os 0ene5cios advindos da adoo dos meiosa3ternativos de so3uo dos 3it5gios, como os e3encados no *acto de MediaoB

    Esses mecanismos geram dr2stica reduo de custos e enseam 0ene5cios n5tidos para as

    empresas, como, por e>emp3o i3iar a sociedade na criao da

    cu3tura da mediao, pois cada uncion2rio ue tiver seu pro03ema so3ucionado por meio doinstituto servir2 como mu3tip3icador dessa pr2tica entre seus amigos e ami3iares4

    Isso sendo rea3i:ado por uma empresa, seguramente auda na diuso da mediao e na prevenoda udicia3i:ao, mas imaginem essa pr2tica sendo adotada por diversas empresas com atuaoestadua3 ou, ui2, naciona3V

    9. (onclu!o

    Atua3mente, vemos o %udici2rio sorendo as conseu?ncias de uma distorcida transer?ncia decompet?ncias e vivemos a era da cu3tura da sentena, em ue o cidado 0rasi3eiro tende audicia3i:ar os pro03emas vividos, em detrimento de outras ormas de so3uo de con3itos, tantope3a a3ta de con8ecimento da eici?ncia dos meios a3ternativos, como tam06m, por coniar naigura do %ui:, como aue3e ue vai di:er o direito R por meio dajuris dictio4

    $ratase de uma uesto cu3tura3 e, por isso, 6 premente ue se diunda na nossa sociedade, acu3tura da mediao entre a popu3ao, ustamente para ue as partes ten8am o seu direito deacesso K %ustia e K urisdio, adeuadamente prestados uando eetivamente necess2rio4

    +esse aspecto, os advogados t?m pape3 undamenta3, pois podem e devem estimu3ar o uso damediao, o ue, em 73tima instncia, tam06m os 0eneiciar2, 2 ue um %udici2rio potencia3mente

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    2gi3, eiciente, de ua3idade, ue 38es permita ter m5nimas condi;es de tra0a38o, comoprevisi0i3idade de rece0imento de 8onor2rios e maior preciso de inorma;es para seus c3ientes,contri0uir2 para a va3ori:ao da imagem do proissiona3 unto K sua carteira de c3ientes4

    Ademais, deve 8aver unio de esoros de todos os segmentos da sociedade para se diundir eestimu3ar a mediao, como eiciente moda3idade a3ternativa de reso3uo de con3itos, revestindoa de credi0i3idade e eic2cia4

    J c8egado o tempo de a3canarmos um n5ve3 de evo3uo do processo civi3i:at@rio ue se amo3deK cu3tura do apa:iguamento de con3itos e K crena de ue os seres 8umanos devem cu3tivar a pa:socia3 e a 0oa conviv?ncia, como i3osoia, a im de se evitarem con3itos e se estimu3ar oincentivo K educao, ao respeito ao pr@>imo e seu direito, K civi3idade e ao entendimento4

    +O$ASWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWW

    1%O#+A O )O.O4Juiz no Brasil acumula at 310 mil processos m6dia por magistrado 6 de",H mi3 processos4 ! a0r4 !1C4 Dispon5ve3 em X8ttp//og3o0o4g3o0o4com/0rasi3/ui:no0rasi3acumu3aateG1mi3processos1!!CH1QCY4 Acesso em 1C set4 !1"4

    !*ara desem0argador, paterna3ismo no pode orientar a;es de consumoB, (O+%,1C/9/!1", 8ttp//ZZZ4conur4com40r/!1"set1C/desem0argadorvepaterna3ismoe>agerado

    acoesconsumo, acesso em 1C/9/!1"4G )AA+$E#, Marc apud (A**EE$$I, Mauro4Acesso Justia4 $rad4 e #eviso da MinistraE33en )racie +ort83eet4 *orto A3egre Sergio Antonio -a0ris, !!4 p4 94

    CDispon5ve3 em Xtp//tp4cn4us40r/%usticaWemW+umeros/re3atorioWn!1C4pdY4 Acesso em 1Gset4 !1"4

    "O [ue 6 Mediao, (omisso de Mediao de (on3itos, OA./#%4

    HApudnota "4

    \Dr4 Marcus Pinicius (o?38o, *residente do (onse38o -edera3 da OA. em entrevista K revistaPE%A, de 1/Q/!1G4

    QMediao E>pectativa 6 de avano para advocacia4 Dispon5ve3 emX8ttp//ga:etadoadvogado4adv40r/!1"/\/!!/mediacaoe>pectativaedeavancoparaadvocacia/Y4 Acesso em 1! set4 !1"4

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    9(arta compromisso assinada em 11/11!1C na sede da -ederao das Ind7strias do Estado deSo *au3o