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  • 7/25/2019 Adubao Verde para Pimento.pdf

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    Desempenho de duas Cultivaresde Pimento sob Manejo Orgnicoem Consrcio com Crotalria

    Marcius Nei Zanin Cesar1

    Raul de Lucena Duarte Ribeiro2

    Thomaz Costa Manera2

    Patrcia Diniz de Paula2

    Jos Carlos Polidoro2

    Jos Guilherme Marinho Guerra3

    1

    Instituto de Desenvolvimento Agrrio, Pesquisa, Assistncia Tcnica e Extenso Rural do Mato Grosso do Sul (IDATERRA-MS). Rod. MS 080, km 10,CEP 79114-000, Campo Grande/MS. E-mail: [email protected] Federal Rural do Rio de Janeiro BR 465, km 07, CEP 23890-000, Seropdica/ RJ.3 Centro Nacional de Pesquisa de Agrobiologia (Embrapa Agrobiologia) - BR 465, km 07, C. Postal 74505, CEP 23890-000, Seropdica/RJ. E-mail:

    [email protected]

    Introduo

    Dentre as solanceas cultivadas no estado doRio de Janeiro, o pimento (Capsicum annuum

    L.) assume lugar de destaque (CEASA/RJ,2002). Na Regio Serrana, o cultivo realizado evitando-se os meses frios, em queo desenvolvimento da olercola prejudicado(PDUA, 1982). Por outro lado, nas regiesquentes, como a Baixada Fluminense, opimento pode ser cultivado com sucessodurante o inverno, proporcionando maiorlucratividade aos produtores, em funo daoferta reduzida e da forte demanda domercado. A produo de pimento, como deoutras solanceas cultivadas no Rio deJaneiro, baseia-se no uso muitas vezesexcessivo de insumos externos, o que tornarecomendvel a adoo de prticas culturaisalternativas e direcionadas conservao dosolo e aproveitamento dos recursos naturaislocalmente disponveis (EHLERS, 1999;

    ALTIERI, 2002). Uma dessas prticas, dereconhecido valor, a adubao verde,particularmente pelo emprego de leguminosasem pr-cultivo ou consorciadas com ashortalias (CORAK et al., 1991; OLIVEIRA,

    2001; RIBAS et al., 2002). Alm dofornecimento de nitrognio, via fixaobiolgica (FBN), leguminosas de porte erectopodem tambm acelerar o desenvolvimentovegetativo de culturas consorciadas por efeitodo sombreamento inicial (PDUA, 1982).Outra tcnica com potencial de trazerbenefcios quanto ao rendimento agronmicodo pimento, em termos de produtividade epadro comercial dos frutos, o desbaste de

    ramos (brotaes) durante o ciclo da cultura,funo da influncia exercida sobre a relaofonte : dreno (BEARZI et al., 1988).

    Este estudo teve por objetivo avaliar os efeitosdo consrcio com a leguminosa Crotalariajuncea e do desbaste de ramos nodesempenho de duas cultivares de pimento,submetidas ao manejo orgnico, nascondies edafoclimticas da BaixadaFluminense, Regio Metropolitana do estadodo Rio de Janeiro.

    O experimento foi conduzido no SistemaIntegrado de Produo Agroecolgica (SIPA -"Fazendinha Agroecolgica Km 47"), emSeropdica-RJ, de abril a outubro de 2003. Osolo da rea experimental classificado como

    Argissolo vermelho-amarelo e o delineamentoutilizado foi o de blocos ao acaso com quatrorepeties, constituindo um fatorial 2 x 2 x 2em parcelas subdivididas. Os tratamentoscorresponderam as duas cultivares depimento, Magda Super e Magali R,consorciadas ou no com C. juncea(parcelas)e conduzidas com ou sem desbaste de ramos(subparcelas), a partir da terceira bifurcaodo caule. As parcelas constituram-se de seis

    linhas de pimento no espaamento de 0,90 x0,50 m, ocupando uma rea de 27 m2com umtotal de 44 indivduos (croqui / pg. 2). Paraavaliao do rendimento, foram colhidos osfrutos de 06 plantas desbastadas e de igualnmero das que no sofreram desbaste deramos, nas duas linhas centrais de cada sub-parcela, totalizando 12 plantas por parcela,(rea til). O pimento recebeu uma adubaopr-transplantio, aplicando-se 150g de esterco

    ISSN 1517-8862Abri l /2006

    Ser opdi ca /RJ

    Comun i c a d o85T cn i c o

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    Desempenho de duas cultivares de pimento sob manejo orgnico em consrcio com crotalria2

    bovino e 50g farinha de ossos em cada cova,alm de trs adubaes de cobertura duranteo ciclo, com 100g de cama de avirio e 50 gde farinha de ossos por planta. As mudasforam produzidas na casa- de- vegetao, embandejas de Isopor (128 clulas) preenchidascom substrato orgnico. A crotalria foisemeada nas entrelinhas do pimento, emcarreiras duplas espaadas de 0,30 m entre si,na densidade de 30 sementes por metro linear

    de sulco, sete dias antes do transplantio dopimento. As linhas centrais ou interioresforam cortadas rente ao nvel do solo, 27 diasaps o transplantio do pimento (DAT), sendoo corte das restantes efetuado aos 45 DAT. Ascaractersticas avaliadas foram: produocomercial, nmero de frutos por planta, pesomdio do fruto e incidncia de sintomas devirose (mosaico).

    Detalhe da parcela experimental

    = sub-parcela c/ desbaste de ramos

    = sub-parcela s/ desbaste de ramos

    X = imento

    = fileiras interiores de crotalriacortadas aos 27 dias pstransplantio do pimento.

    = fileiras restantes de crotalriacortadas aos 45 dias pstransplantio do pimento.

    X

    X

    X

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    X

    X

    X X X X

    Produtividade (produo comercial)

    O consrcio com crotalria teve influncia positivana produtividade, considerando-se as mdias dasduas cultivares testadas (Tabela 1).

    Tabela 1. Efeito do consrcio com Crotalariajuncea e do desbaste de ramos na produtividadede duas cultivares de pimento submetidas aomanejo orgnico (Seropdica-RJ/2003).

    Produtividade (t/ha)

    Consrcio MonocultivoDesbastes de ramos

    Cultivar

    Com Sem Com Sem

    MAGALI R 31,9Ab1 41,2Aa 43,3Aa 37,4Ab

    MAGDA SUPER 39,0Aa 36,7Aa 31,3Aa 35,6Aa

    Efeito Consrcio ( x ) 37,5a 36,9b

    CV (%) 7,601Os valores representam mdias de quatro repeties; mdiasseguidas da mesma letra minscula nas linhas e maiscula nas

    colunas dentro de cada sistema (consrcio e monocultivo) nodiferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

    Isto possivelmente deveu-se ao aportesuplementar de nutrientes que a adubao verdeproporcionou. Sabe-se que aps a roada deplantas de cobertura do solo ocorre umaimobilizao temporria de nutrientes contidos nabiomassa deixada na superfcie, com progressivaliberao durante sua decomposio (RIBAS etal., 2002). O efeito estimulante detectado,resultaria do fato que os cortes da crotalria foramrealizados com 27 e 45 DAT, muito antes,portanto, do incio da florao do pimento.

    Considerando esse estmulo ao potencialprodutivo do pimento, verificado j no primeiroano de consrcio, seria de se esperar benefciosainda maiores com a repetio do sistema aolongo do tempo.

    Desempenho das cultivares

    Magali R superou ?Magda Super quanto ao pesomdio do fruto, independentemente do manejo. Odesbaste de ramos proporcionou aumento nopeso do fruto em ambos os sistemas de plantio

    (consrcio e monocultivo), tomando-se por baseas mdias computadas (Tabela 2). Resultadossemelhantes foram encontrados por Negreiros

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    Desempenho de duas cultivares de pimento sob manejo orgnico em consrcio com crotalria 3

    (1995), em experimentos com pimento no estadode Minas Gerais.

    Tabela 2. Efeito do consrcio com Crotalariajuncea e do desbaste de ramos no peso mdiodos frutos (g) de duas cultivares de pimento

    submetidas ao manejo orgnico (Seropdica-RJ/2003).

    Peso mdio (g/planta)

    Consrcio Monocultivo

    Desbastes de RamosCultivar

    Com Sem Com Sem

    MAGALI R 79,84Aa1 93,49Aa 107,47Aa 93,47Ab

    MAGDA SUPER 106,53Ba 86,76Bb 80,69Ba 77,54Bb

    CV(%) 10,631

    Os valores representam mdias de quatro repeties; mdiasseguidas da mesma letra minscula nas linhas horizontais emaiscula nas colunas no diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%de probabilidade.

    Somente para a cultivar Magda Super encontrou-se menor nmero de frutos por efeito do desbastede ramos, tanto no consrcio como nomonocultivo (Tabela 3). As duas cultivares nodiferiram entre si quanto ao nmero de frutosproduzidos por planta no tratamento sem desbastede ramos.

    Tabela 3. Efeitos do consrcio com Crotalariajunceae do desbaste de ramos no nmero total defrutos por planta de duas cultivares de pimentosubmetidas ao manejo orgnico (Seropdica-RJ/2003).

    Nmero total de frutos/planta

    Consrcio Monocultivo

    Desbastes de RamosCultivar

    Com Sem Com Sem

    MAGALI R 18,03Aa1 19,58Aa 18,29Aa 18,12Aa

    MAGDA SUPER 16,62Ab 19,16Aa 17,37Ab 20,58Aa

    CV(%) 6,911Os valores representam mdias de quatro repeties; mdiasseguidas da mesma letra minscula nas linhas horizontais emaiscula nas colunas no diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%de probabilidade.

    A cultivar Magali R destacou-se como maisresistente aos agentes causais do mosaico,apresentando apenas 15% de plantas comsintomas, ao final do ciclo produtivo, contra 38%

    da cultivar Magda Super (Figura 1). Todavia, estaltima demonstrou certa tolerncia s viroses,tendo em vista que sua produtividade foi

    estatisticamente equivalente da cultivar MagaliR. A cultivar Magda Super, embora apresentandoincidncia mais elevada de sintomas de mosaico,tambm produziu alto percentual de frutos depadro comercial no manejo adotado, em

    quantidade comparvel cultivar hbrida Magali R,cujas sementes so muito mais caras nocomrcio.

    0

    10

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    50

    60

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    1 2 3 4 5 6 7

    Colheitas semanais

    MR

    MS

    AA A

    B

    A

    B

    A

    B

    A

    B

    A

    B

    A

    B

    Plantascom

    sintomasdemosaico(%)

    MR = Magali RMS = Magda Super

    *

    Figura 1. Incidncia de sintomas de mosaico em duas cultivares depimento, Magali R (MR) e Magda Super (MS), sob manejo orgnico.

    (Seropdica-RJ, 2003).

    *Os valores representam mdias de quatro repeties; letras iguais,referentes a cada cultivar, indicam valores que no diferem entre si

    pelo teste de Tukey ao nvel de 5% de probabilidade.

    Concluses

    O estudo aponta para a viabilidade do cultivoorgnico do pimento, com semeadura deoutono, nas condies edafoclimticas daBaixada Fluminense.

    A adubao verde, atravs do consrciosimultneo com C. juncea, acarreta benefciosquanto ao rendimento agronmico da culturado pimento em sistema orgnico de produo

    O desbaste de ramos capaz de estimular odesenvolvimento do fruto (peso mdio), pormsem interferir na produtividade.

    Referncias Bibliogrficas

    ALTIERI, M. Agroecologia: bases cientficas parauma agricultura sustentvel. Guaba:

    Agropecuria, 2002. 592 p.

    BEARZI, N. T. de; FAVARO, J. C.; CABRAL, J. L.Manejo de la poda de pimiento cultivado en

    invernadero. Horticultura Argentina, Mendoza, v.7,n. 17, p. 28-31, 1988.

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    Desempenho de duas cultivares de pimento sob manejo orgnico em consrcio com crotalria4

    CEASA/RJ CENTRAIS DE ABASTECIMENTODO ESTADO DO RIO DE JANEIRO S/A. Ofertade pimento no entreposto Grande Rio e pormunicpios no ano de 2002. Disponvel em:. Acesso em: 23 nov. 2002.CORAK, S. J.; FRYE, W. W.; SMITH, M. S.Legume mulch and nitrogen fertilizer effects on soilwater and corn production. Soil Science Societyof America Journal, Madison, v. 55, p. 1305-1400, 1991.

    EHLERS, E. Agricultura sustentvel: origens eperspectivas de um novo paradigma. 2. ed.Guaba: Agropecuria, 1999. 157 p.

    NEGREIROS, M. Z. de. Crescimento, partiode matria seca, produo e acmulo demacronutrientes de plantas de pimento

    (Capsicum annuum L.) em cultivo podado ecom cobertura morta. 1995. 187 p. Tese(Doutorado) - Universidade Federal de Viosa,Viosa.

    OLIVEIRA, F. L. de. Manejo orgnico da culturado repolho (Brassic a oleracea var. capitata):

    adubao orgnica, adubao verde econsorciao. 2001. 87 p. Dissertao(Mestrado) Universidade Federal Rural do Rio

    de Janeiro, Seropdica, RJ.PDUA, J. G. de. Aspectos climticos na culturado pimento (Capsicum annuum L.). In: MLLER,J. J. V.; CASALI, V. W. D. (Ed.). Seminrios deOlericultura. 2. ed. Viosa: Universidade Federalde Viosa, 1982. v. 2. p. 387-413.

    RIBAS, R. G. T.; JUNQUEIRA, R. M.; OLIVEIRAF. L.; GUERRA J. G. M.; ALMEIDA D. L. de;RIBEIRO R. de L. D. Adubao verde na formade consrcio no cultivo do quiabeiro sobmanejo orgnico. Seropdica: Embrapa CNPAB,

    2002. 4 p. (Embrapa Agrobiologia. ComunicadoTcnico, 54).

    ComunicadoTcnico, 85

    Exemplares desta publicao podem

    ser adquiridos na:

    Embrapa Agrobiologia

    BR465 km 7Caixa Postal 7450523851-970 Seropdica/RJ, BrasilTelefone: (0xx21) 2682-1500Fax: (0xx21) 2682-1230

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    1 impresso (2006): 50 exemplares

    Comit depublicaes

    Expediente

    Eduardo F. C. Campello (Presidente)Jos Guilherme Marinho GuerraMaria Cristina Prata NevesVernica Massena ReisRobert Michael BoddeyMaria Elizabeth Fernandes CorreiaDorimar dos Santos Felix (Bibliotecria)

    Revisor e/ou ad hoc: Marcelo GrandiTeixeira e Bruno Jos Rodrigues Alves

    Normalizao bibliogrfica: Dorimar dosSantos Felix.Editorao eletrnica: Marta MariaGonalves Bahia.