adubaÇÃo verde em cultivo consorciado para produÇÃo de pimenta biquinho (capsicum chinense) em...

88
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO RURAL ADUBAÇÃO VERDE EM CULTIVO CONSORCIADO PARA PRODUÇÃO DE PIMENTA BIQUINHO (Capsicum chinense) EM SISTEMA ORGÂNICO GABRIEL FERRAZ DE ARRUDA DEDINI Araras 2012

Upload: gabriel-dedini

Post on 21-Nov-2015

34 views

Category:

Documents


13 download

DESCRIPTION

Dissertação: Mestrado em Agroecologia e Desenvolvimento Rural - UFSCar, 2012

TRANSCRIPT

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO CARLOS CENTRO DE CINCIAS AGRRIAS

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM AGROECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO RURAL

    ADUBAO VERDE EM CULTIVO CONSORCIADO PARA PRODUO DE PIMENTA BIQUINHO (Capsicum chinense) EM SISTEMA ORGNICO

    GABRIEL FERRAZ DE ARRUDA DEDINI

    Araras 2012

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO CARLOS CENTRO DE CINCIAS AGRRIAS

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM AGROECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO RURAL

    ADUBAO VERDE EM CULTIVO CONSORCIADO PARA PRODUO DE PIMENTA BIQUINHO (Capsicum chinense) EM SISTEMA ORGNICO

    GABRIEL FERRAZ DE ARRUDA DEDINI

    ORIENTADOR: PROFa. Dr. ANASTCIA FONTANETTI

    CO-ORIENTADOR: PROF. Dr. FERNANDO CESAR SALA

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Agroecologia e Desenvolvimento Rural como requisito parcial obteno do ttulo de MESTRE EM AGROECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO RURAL

    Araras

    2012

  • MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA DA DISSERTAO DE MESTRADO

    DE

    GABRIEL FERRAZ DE ARRUDA DEDINI

    APRESENTADA AO PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM

    AGROECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO RURAL, DA UNIVERSIDADE

    FEDERAL DE SO CARLOS, EM 04 DE MAIO DE 2012.

    BANCA EXAMINADORA:

    __________________________________

    PROFA. DRA. ANASTCIA FONTANETTI

    ORIENTADORA

    PPGADR-UFSCar

    ____________________________________

    PROF. DR. FABRCIO ROSSI

    FZEA-USP

    _____________________________________________________

    PESQUISADORA DRA. IZABEL CRISTINA DOS SANTOS

    EPAMIG

  • Quem anda no trilho trem de ferro, sou gua que corre entre pedras: liberdade caa jeito.

    Manoel de Barros

  • Dedico este trabalho aos que

    vivem da terra e dela cuidam.

  • AGRADECIMENTOS

    famlia, Lineu (in memorian), Llia (in memorian), Tislio, Eliana, Remo,

    Rosana, Marina e Bruno. Que sem dvida o meu maior prmio, maior

    orgulho.

    minha orientadora professora Dra. Anastcia Fontanetti, por ter acreditado

    que seria possvel e mesmo com todas as dificuldades, ns conseguimos.

    Foram dois anos de trabalho duro no campo e no laboratrio, foram inmeras

    reunies de planejamento, inmeras horas escrevendo e reescrevendo,

    interpretando anlises, laudos e tabelas. Hoje encerro esse ciclo satisfeito, feliz

    e honrado por ter sido seu orientado.

    Ao meu Co-orientador professor Dr. Fernando C. Sala, que foi um articulador

    fundamental para o desenvolvimento do trabalho.

    Aos meus professores e amigos da ps-graduao em Agroecologia e

    Desenvolvimento Rural - PPGADR. Em especial a Cludia Junqueira, e aos

    professores Dr. Luiz A. C. Margarido e Dr. Marcos S. Vieira.

    CAPES (Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior)

    pelo auxlio financeiro.

    Aos coordenadores da ps-graduao em Agroecologia e Desenvolvimento

    Rural por acreditarem e batalharem em prol do curso.

    Aos amigos da Seo Agrcola - CCA-UFSCar, Marcos, Joo Marcos, Gilberto

    e Pereira pela colaborao nas atividades de campo ao longo do projeto.

    Aos amigos do Laboratrio de Alimentos Orgnicos - CCA-UFSCar, Ricardo,

    Joo e ao professor Dr. Castilho pelo apoio.

    Aos meus professores e amigos da Universidade Federal de Santa Catarina,

    onde me formei e dei meus primeiros passos como Engenheiro Agrnomo.

    Aos amigos que ficaram longe, mas que esto sempre conosco, aos que

    conhecemos pelo caminho, e tambm aqueles dos quais j no temos mais

    notcias.

    Obrigado.

  • SUMRIO

    NDICE DE TABELAS .......................................................................................... i

    NDICE DE FIGURAS .................................................................................... ivv

    RESUMO ............................................................................................................ v

    ABSTRACT ....................................................................................................... vii

    CAPTULO 1 ...................................................................................................... 1

    INTRODUO GERAL ...................................................................................... 1

    INTRODUO ................................................................................................... 2

    REVISO BIBLIOGRFICA ............................................................................... 4

    2.1. Pimentas: Contextualizao .................................................................... 4

    2.2. Adubao Verde ...................................................................................... 5

    2.3. Adubao verde na produo de hortalias ............................................. 7

    2.4. Decomposio e mineralizao de fitomassa de adubos verdes............. 9

    2.5. Demanda nutricional da Pimenteira ....................................................... 10

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................. 13

    CAPTULO 2 .................................................................................................... 20

    ADUBAO VERDE EM CULTIVO CONSORCIADO PARA PRODUO DE PIMENTA BIQUINHO ...................................................................................... 20

    RESUMO ......................................................................................................... 21

    ABSTRACT ...................................................................................................... 22

    INTRODUO ................................................................................................. 23

    MATERIAIS E MTODOS ............................................................................... 25

    RESULTADOS E DISCUSSO ....................................................................... 27

    CONCLUSO .................................................................................................. 31

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................. 31

    CAPTULO 3 .................................................................................................... 41

    PRODUO DE FITOMASSA, ACMULO DE NUTRIENTES E DECOMPOSIO DE ADUBOS VERDES EM CULTIVO CONSORCIADO COM A PIMENTA BIQUINHO. ......................................................................... 41

    RESUMO ......................................................................................................... 42

    ABSTRACT ...................................................................................................... 43

    INTRODUO ................................................................................................. 44

  • MATERIAIS E MTODOS ............................................................................2546

    RESULTADOS E DISCUSSO ....................................................................... 49

    CONCLUSO .................................................................................................. 52

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................. 31

  • i

    NDICE DE TABELAS CAPTULO 2

    Tabela 1. Valores mdios do dimetro transversal das copas e altura das pimenteiras (Capsicum chinense) aos 140 dias aps o transplantio (DAT) em funo das espcies de adubos verdes e das formas de manejo do consrcio (Mean values of the transverse diameter of the canopy and height the pepper pout plants (Capsicum chinense) to 140 days after transplanting (DAT) as a function the green manure species and yours forms of management.) Araras, UFSCar, 2011. ................................................................................................. 34

    Tabela 2. Estimativas dos contrastes entre as mdias dos cultivos consorciados e a testemunha, adubao mineral, para as variveis dimetro transversal das copas e alturas das pimenteiras (Capsicum chinense) (Estimates the contrasts between the means of intercropping crop and the control, with mineral fertilizer, for the variables - canopy diameter and heights of pepper pout plants (Capsicum chinense) Araras, UFSCar, 2011. ................ 35

    Tabela 3. Valores mdios da produtividade e nmero de frutos de pimenta (Capsicum chinense) aos 140 dias aps transplantio (DAT) em funo das formas de manejo dos adubos verdes (Mean values of yield and number of fruits of pepper (Capsicum chinense) at 140 days after transplanting (DAT) as a function of the forms of management of green manure) Araras, UFSCar, 2011. ......................................................................................................................... 36

    Tabela 4. Estimativas dos contrastes entre os cultivos consorciados e a testemunha, adubao mineral, para as variveis produtividade e n de frutos de pimentas (Capsicum chinense) aos 140 dias aps o transplantio (DAT). (Estimates of contrasts among crops intercropping and control, mineral fertilizer, for the variables - productivity and number of fruits of pepper (Capsicum chinense) to 140 days after transplanting (DAT)). Araras, UFSCar, 2011. ...... 37

    Tabela 5. Valores mdios dos teores foliares de macronutrientes em Capsicum chinense aos 75 dias aps o transplantio (Mean values of foliar nutrients in Capsicum chinense, 75 days after transplanting) Araras, UFSCar, 2011. ....... 38

    Tabela 6. Valores mdios dos teores foliares de P e K em Capsicum chinense aos 110 dias aps transplantio em funo das espcies de adubos verdes (Average values of the contents of P and K in Capsicum chinense to 110 days after transplanting, in depending on the species of green manure) Araras, UFSCar, 2011.. ................................................................................................ 38

  • ii

    Tabela 7: Estimativas dos contrastes entre os cultivos consorciados e a testemunha, adubao mineral para os teores foliares de N e P de Capsicum chinense, aos 110 dias aps transplantio (Estimates of contrasts among cultives intercropping and the control, mineral fertilizer for the leaf content the N and P from Capsicum chinense, 110 days after transplanting). Araras, UFSCar, 2011. ................................................................................................................ 40

    CAPTULO 3 Tabela 1. Valores mdios de massa verde das espcies de adubos verdes em funo das pocas de corte 75 e 90 dias aps a emergncia (DAP) (Mean values of green mass of green manure species on according to cutting times 75 and 90 days after emergence (DAP)) Araras, UFSCar, 2011. .................... 57

    Tabela 2. Valores mdios de massa seca (MS) e de acmulos de nitrognio (N), fsforo (P) e Magnsio (Mg) das espcies de adubos verdes em funo das pocas de cortes 75 e 90 dias aps a emergncia (DAP) (Mean values of dry matter (DM) and the accumulation of nitrogen (N), phosphorus (P) and magnesium (Mg) of green manure species on the basis of epochs of cuts 75 and 90 days after emergence (DAP)) Araras, UFSCar, 2011. ......................... 58

    Tabela 3. Acmulos de potssio (K) e clcio (Ca) nos adubos verdes e nas pocas de cortes 75 e 90 dias aps a emergncia (DAP) (accumulations of potassium (K) and calcium (Ca) in green manures and in times of cuts 75 and 90 days after emergence (DAP)) Araras, UFSCar, 2011. ................................ 59

    Tabela 4. Equaes das estimativas da decomposio da massa seca com as respectivas constantes de decomposio (k) em funo do tempo (t) de decomposio e tempo de meia vida (T) das leguminosas (Equations of the estimates of the dry mass of the decomposition with the respective constants of decomposition (k) a function of time (t) decomposition and half-life time (t ) of leguminous plants) Araras, UFSCar, 2011. ...................................................... 60

    Tabela 5. Equaes das estimativas da mineralizao do nitrognio com as respectivas constantes de decomposio (k) em funo do tempo (t) de decomposio e tempo de meia vida (T) das leguminosas (Equations of estimates mineralization of nitrogen with the respective constants of decomposition (k) a function of time (t) decomposition and half-life time (t ) of leguminous plants) Araras, UFSCar, 2011. ...................................................... 61

    Tabela 6. Equaes das estimativas da mineralizao do fsforo com as respectivas constantes de decomposio (k) em funo do tempo (t) de decomposio e tempo de meia vida (T) das leguminosas (Equations of the estimates of the mineralization of phosphorus to their respective decomposition

  • iii

    constants (k) a function of time (t) decomposition and half-life time (t ) of leguminous plants) Araras, UFSCar, 2011. ...................................................... 62

    Tabela 7. Equaes das estimativas da mineralizao do potssio com as respectivas constantes de decomposio (k) em funo do tempo (t) de decomposio e tempo de meia vida (T) das leguminosas (Equations estimates of potassium, Mineralization of the respective constants of decomposition (k) a function of time (t) decomposition and half-life time (t ) of leguminous plants) Araras, UFSCar, 2011. ...................................................... 63

  • iv

    NDICE DE FIGURAS ANEXOS. IMAGEM: ......................................................................................................... 64

    Localizao da rea experimental. Destaque em amarelo para a rea til (800 m) destinada ao experimento: Adubao verde em cultivo consorciado para produo de pimenta biquinho. ........................................................................ 64

    FIGURAS: ........................................................................................................ 65

    Figura 1. Instalao do experimento CCA/UFSCar. ..................................... 65

    Figura 2. Transplantio das mudas de pimenta biquinho (Capsicum chinense). ......................................................................................................................... 66

    Figura 3. Semeadura dos adubos verdes, crotlaria-jncea (Crotalaria juncea L.) e feijo-de-porco (Canavalia ensiformis D.C.). ........................................... 67

    Figura 4. Desenvolvimento vegetativo das plantas, 15 dias aps o transplantio das mudas de pimenta biquinho e da semeadura dos adubos verdes, em primeiro plano, plantas de crotalria-jncea. ................................................... 67

    Figura 5. Desenvolvimento vegetativo das plantas, 30 dias aps o transplantio das mudas de pimenta biquinho e da semeadura dos adubos verdes, em primeiro plano, plantas de feijo-de-porco. ...................................................... 69

    Figura 6. Corte da crotalria-jncea aos 75 dias aps o trasnplantio das mudas de pimenta biquinho e da semeadura dos adubos verdes. .............................. 70

    Figura 7. Frutos de pimenta biquinho na primeira colheita. ............................. 71

  • v

    ADUBAO VERDE EM CULTIVO CONSORCIADO PARA PRODUO DE PIMENTA BIQUINHO (Capsicum chinense) EM SISTEMA ORGNICO Aluno: Gabriel Ferraz de Arruda Dedini Orientadora: Profa. Dra. Anastcia Fontanetti Co-orientador: Prof. Dr. Fernando Cesar Sala RESUMO: O cultivo das pimentas ocorre praticamente em todas as regies do pas e uma das culturas que melhor exerce a integrao pequeno agricultor-agroindstria, entretanto, existem poucas referncias na literatura sobre seu cultivo. Aliada a falta de estudos sobre o cultivo da pimenta est a necessidade de prticas de cultivo com menor impacto ao ambiente. Dessa forma desejvel o desenvolvimento de tecnologias que conciliem a produo de pimentas com a conservao dos recursos naturais, permitindo a recuperao dos solos, o incremento da biodiversidade local e a estabilidade econmica das famlias que dependem desse sistema, bem como a comercializao em mercados certificados, que valorizam os produtos associados a agricultores familiares, utilizao de insumos biolgicos e ao aumento da diversificao. O objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito das espcies e pocas de manejos dos adubos verdes na nutrio mineral, crescimento e produtividade da Pimenta Biquinho (Capsicum chinense). O experimento foi conduzido no ano agrcola 2010/2011 no Centro de Cincias Agrrias, UFSCar, municpio de Araras-SP. Os tratamentos foram constitudos pela combinao entre as espcies de adubos verdes: feijo-de-porco (Canavalia ensiformis D.C.) e crotalria-jncea (Crotalaria juncea L.), e trs formas de conduo dos adubos verdes em consrcio com a pimenta biquinho: adubos verdes cultivados durante todo o ciclo das pimenteiras; adubos verdes manejados (cortados) na florao das pimenteiras (75 dias aps transplantio-DAT); adubos verdes manejados por ocasio da primeira colheita das pimenteiras (90 DAT). E um tratamento adicional (testemunha), cultivo exclusivo das plantas de pimenta biquinho com utilizao da adubao mineral. Os resultados obtidos permitiram concluir que as espcies crotalria-jncea e feijo-de-porco conduzidos em consrcios com as plantas de pimenta biquinho, quando manejados at aos 75 dias aps o transplantio da olercola, promoveram aumento na altura e no dimetro de copa das pimenteiras, e produtividade de frutos semelhante ao cultivo exclusivo da pimenteira com uso de adubao mineral. De forma geral, as liberaes dos nutrientes dos resduos vegetais acompanharam a demanda nutricional das plantas de pimenta biquinho, independente da poca de corte. Porm, o feijo-de-porco conduzido durante todo o ciclo da pimenteira reduziu a produtividade de frutos, provavelmente pela competio estabelecida entre o adubo verde e a pimenteira.

  • vi

    Palavras chaves: leguminosas, taxa de decomposio, produtividade, pocas de cortes. ABSTRACT: The cultivation of peppers occurs in virtually all regions by the country and this is a cultures with one of the best exercises that integrate small farmers an agribusiness, however, there are few references in the literature about its cultivation. Coupled with the lack of studies on the cultivation of pepper we have yet, the need of cultivation practices with less impact to the environment. Thus it is desirable to develop technologies that reconcile to produce peppers with the conservation of natural resources, allowing the recovery of soils, increasing local biodiversity and economic stability of families that depend on this system, as well as marketing in markets certificates, who value these products, associated on family farmers, and yet with the use of organic inputs and increased diversification. The aim of this study was to evaluate the effect of species and ages of managements of green manures on mineral nutrition, growth and yield of pepper pout (Capsicum chinense). The experiment was carried out during 2010/2011 at the Center for Agricultural Sciences, UFSCar, city of Araras-SP. The treatments were a constituted of the combination a species of green manure, yard-long beans (Canavalia ensiformis DC) and sunn-hemp (Crotalaria juncea L.), and three ways of driving the green manure intercropped with pepper pout: green manure cultivated throughout the cycle of pepper, and green manure managed (cut) in the flowering of pepper (75 days after transplanting, DAT); the green manure cut at the first harvest of pepper (90 DAT). The treatments were a constituted of the combination between of green manure, yard-long beans (Canavalia ensiformis DC) and sunn-hemp (Crotalaria juncea L.), and three ways of driving the green manure intercropped with pepper pout: green manures cultivated throughout the cycle of pepper, the green manure managed (cut) in the flowering of pepper (75 days after transplanting, DAT) and the green manure cut at the first harvest of pepper (90 DAT). And an additional treatment (control), culture of pepper plants single, with using mineral fertilizers. The results showed that the species Crotalaria juncea-and bean-to-pig conducted in consortia with the pout pepper plants when handled up to 75 days after transplanting of the vegetable crop, caused an increase in height and crown diameter of pepper and fruit, very similar to the single pepper cultive with the use a mineral fertilizer. In general, the releases of nutrients from plant residues accompanying the nutritional demand of pepper plants pout, regardless of time of cutting. However, the bean-to-pig conducted during the all cycle of pepper, generated a worst fruit yield, probably due to the established competition between green mulch and pepper. Key words: leguminous plants, decomposition rate, productivity, epochs by cutting.

  • vii

  • viii

  • 1

    CAPTULO 1

    INTRODUO GERAL

  • 2

    INTRODUO

    A produo agrcola familiar est cada vez ganhando maior validade

    poltica, social e acadmica, em parte pela sua importncia econmica, mas

    tambm correlacionada e respaldada por questes sociais e ambientais. No

    ano de 2005 a agropecuria nacional foi responsvel por 27,9% do PIB

    nacional, sendo que o segmento familiar da agropecuria brasileira e as

    cadeias produtivas a ela interligadas representaram 9,0% do PIB, evidenciando

    a importncia da agricultura familiar na gerao de riqueza do pas (Guilhoto et

    al., 2007). A agricultura familiar representa mais de 85% dos estabelecimentos

    rurais, com quase 14 milhes de pessoas, o estabelecimento rural familiar

    possui vocao natural para a diversificao e para a menor utilizao de

    insumos externos propriedade e j possui tendncia natural a modelos mais

    sustentveis de produo, como a agricultura orgnica (Didonet et al., 2006).

    O fortalecimento desse setor no depende apenas da valorizao do

    potencial econmico da produo familiar, mas tambm do reconhecimento da

    sua contribuio para a segurana alimentar e do seu papel social. Para que

    isso acontea necessria intensificao das aes de incluso social e

    tecnolgica, permitindo a fuso do saber popular e do conhecimento

    tecnolgico, visando aperfeioar o uso dos recursos locais, produzirem em

    quantidade e com qualidade, minimizando os riscos ao ambiente, permitindo

    sua insero nos mercados cada vez mais competitivos (Fontanetti & Santos,

    2010).

    O cultivo de pimentas ajusta-se muito bem aos modelos de agricultura

    familiar e de integrao pequeno agricultor-agroindstria. Sua importncia

    socioeconmica muito grande, por permitir a fixao de pequenos produtores

    rurais e suas famlias no campo, a contratao sazonal de mo-de-obra

    durante o perodo de colheita e o estabelecimento de novas indstrias

    processadoras e conseqentemente, a gerao de novos empregos (Pinto et

    al., 2010).

    No entanto, algumas especificidades da produo das pimenteiras,

    como o ciclo de cultivo com variao entre 7 a 9 meses, conforme a espcie, e

  • 3

    o espaamento entre as fileiras de 1,2 a 1,5 m (Pinto et al., 2007), favorecem a

    exposio do solo aos processos erosivos. Solos descobertos, compactados

    superficialmente ou demasiadamente movimentados so mais propensos ao

    processo erosivo e, consequentemente, ao menor acmulo de matria orgnica

    no perfil. A manuteno da fertilidade em solos tropicais passa primeiramente

    pela sua proteo. Nesse sentido, prticas agrcolas que aumentem a

    cobertura do solo so essenciais para a manuteno da fertilidade do sistema

    (Fontanetti & Santos, 2010). .

    Dentre os processos biolgicos aplicados a agricultura, a adubao

    verde tem sido amplamente divulgada e estudada, principalmente em relao a

    sua contribuio para a melhoria das caractersticas fsicas, qumicas e

    biolgicas do solo.

    A adubao verde um exemplo de manejo eficiente para a cobertura

    do solo e da matria orgnica. Alm disso, seu cultivo nas entrelinhas das

    pimenteiras pode trazer vantagens adicionais como o fornecimento de

    nitrognio e o controle das ervas espontneas. Porm, os processos que

    regulam a consorciao entre as pimenteiras e as espcies de adubos verdes

    precisam ser mais bem estudados. Um dos principais desafios esta em definir

    quais as espcies de adubos verdes mais se ajustam ao sistema consorciado,

    e que ao mesmo tempo tambm se adaptem as caractersticas climticas de

    cada regio. Assim, existe a necessidade de avaliar o comportamento das

    espcies de adubos verdes associadas s pimenteiras, sua poca de manejo

    para fornecimento de nutrientes e reduo de sua interferncia.

  • 4

    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1. Pimentas: Contextualizao

    As pimentas e os pimentes pertencem famlia Solanaceae e ao gnero Capsicum. Este gnero possui entre 20 a 25 espcies, normalmente

    classificadas de acordo com o nvel de domesticao. O gnero Capsicum,

    incontestavelmente exclusivo das Amricas, se expandiu com grande

    velocidade por outras partes do mundo a partir do sculo XVI, quando o

    relacionamento entre as populaes europias e os povos indgenas foi

    intensificado. Vale ressaltar, que o plantio de pimenta por tribos indgenas

    continua at hoje, como entre os ndios Mundurucus, na Bacia do Rio Tapajs

    (Rufino & Penteado, 2006).

    O Brasil destaca-se por possuir ampla diversidade em todas as classes

    de pimentas, e contempla quatro espcies domesticadas, dentre estas se

    destaca a Pimenta Biquinho (Capsicum chinense). Essa espcie endmica e

    possui seu centro de origem na bacia amaznica (Garcia, 1991); esta entre as

    mais utilizadas pela agricultura familiar por sua elevada produtividade, e valor

    gastronmico, permitindo ao agricultor obter a sua comercializao na forma

    processada.

    A rea cultivada com pimentas no Brasil de cerca de dois mil hectares

    e os principais estados produtores so Minas Gerais, Gois, So Paulo, Cear

    e Rio Grande do Sul. A produtividade mdia depende da espcie de pimenta

    cultivada, variando de 10 a 30 t ha-1. Na atualidade h crescente demanda do

    mercado, estimado em 80 milhes de reais ao ano, o que vem impulsionando o

    aumento da rea cultivada e o estabelecimento de pequenas agroindstrias

    familiares, tornando o agronegcio de pimentas (doces e picantes) importante

    ao pas. Alm do mercado interno, parte da produo brasileira de pimentas

    exportada em diferentes formas, como pprica, pasta, desidratada e conservas

    (Rufino & Penteado, 2006).

  • 5

    2.2. Adubao Verde

    A adubao verde consiste em cultivar plantas que favoream e sirvam

    como elemento de manejo dinmico e conservacionista do solo; estreitando a

    relao solo-planta-microorganismos, devido a uma srie de interaes

    positivas na ecologia do sistema como um todo. Dentre os efeitos da adubao

    verde sobre as propriedades do solo, destacam-se: o aumento do teor de

    matria orgnica que favorece a disponibilidade de nutrientes para a planta,

    pela maior capacidade de troca de ctions efetiva do solo, aumento do poder

    tampo do solo, alm do favorecimento da produo de cidos orgnicos, os

    quais so de fundamental importncia para a solubilizao de minerais e a

    diminuio do teor de Al trocvel (Franchini et al., 2003; Alcntara et al., 2000).

    Em curto prazo constitui- se ainda em uma alternativa vivel de

    fornecimento de nutrientes para culturas semeadas em sucesso. No entanto,

    sabe-se que esses efeitos so bastante variveis, dependendo da espcie

    utilizada, do manejo dado biomassa, da poca de plantio e corte do adubo

    verde, do tempo de permanncia dos resduos no solo, das condies locais e

    da interao entre esses fatores (Alcntara et al., 2000).

    Dentre as leguminosas encontram-se as espcies mais utilizadas na

    adubao verde, por fixarem o nitrognio atmosfrico por meio de simbiose

    com bactrias do gnero Rhyzobium e Bradyrhyzobium nas razes e tambm

    pela presena de um sistema radicular profundo e ramificado, capaz de extrair

    nutrientes das camadas mais profundas do solo liberando-os gradualmente nas

    camadas superficiais, durante o processo de decomposio (Fiorin, 1999).

    A produo de biomassa dos adubos verdes de grande importncia,

    pois dela depende a quantidade de matria orgnica a ser fornecida ao solo.

    Na literatura, de modo geral, observa-se grande variao nos valores de

    produo de biomassa dos adubos verdes, pois essa pode ser influenciada por

    diversos fatores: como densidade da semeadura, poca de plantio e corte.

    Alm disso, algumas espcies apresentam sensibilidade ao fotoperodo, e as

    condies edafoclimticas. A densidade de plantio tem grande influncia na

    produo de biomassa principalmente nas espcies de adubos verdes de porte

  • 6

    ereto, estatura baixa a mdia e arquitetura cnica, o que no se verifica nas

    espcies rasteiras (Fernandes et al., 1999).

    O manejo dado biomassa tambm interfere na eficincia dos adubos

    verdes. A incorporao, por exemplo, tende a acelerar a decomposio e

    conseqentemente, a liberao de nutrientes, propiciando efeitos benficos nas

    propriedades qumicas do solo (Alcntara et al., 2000).

    Amado et al. (2000) estudando a velocidade de decomposio de

    adubos verdes e liberao de nitrognio para a cultura do milho, verificaram

    que sob preparo convencional a velocidade de decomposio e a liberao de

    nutrientes foi mais rpida quando comparada com o sistema de plantio direto;

    esse fato pode ser atribudo ao efeito dos sistemas de preparo na incorporao

    e fracionamento fsico dos resduos, que permitiram maior contato solo-resduo,

    e ao incremento da aerao, fatores que combinados, favoreceram maior

    atividade biolgica. Porm, quando os resduos vegetais so incorporados, o

    solo fica exposto e alguns efeitos benficos da adubao verde so perdidos

    como o controle da eroso e a reduo das amplitudes dirias da variao

    trmica e hdrica na camada superficial do solo.

    A poca de corte dos adubos verdes outro fator que interfere na

    decomposio e liberao de nutrientes no solo. Nos primeiros meses do

    perodo vegetativo ocorre a mais alta porcentagem de nitrognio nos tecidos

    das leguminosas, mas a maior quantidade se encontra na florao, sendo o

    momento mais oportuno para o manejo, pois as folhas e os talos tenros, que

    constituem as partes de mais fcil decomposio so imediatamente

    consumidos como substrato pelos microrganismos, que comeam a formar

    amnio e nitratos utilizveis pelas plantas. Por isso, vrios autores

    recomendam que o corte ocorra no incio da florao (Monegat et al., 1991;

    Calegari et al., 1993; Carvalho & Amabile et al.; 2006).

    No entanto, em regies que apresentam umidade e temperatura

    elevadas na maior parte do ano, a decomposio normalmente muito rpida,

    diminuindo o tempo de permanncia dos resduos do adubo verde sobre o solo,

    e, conseqentemente o perodo de proteo, o que favoreceria processos de

    lixiviao dos nutrientes e eroso. De acordo com Diniz et al. (2007) o tempo

  • 7

    de meia vida do nitrognio presente na biomassa de mucuna-preta (Mucuna

    aterrina) foi de 24 dias, e o da matria seca foi de 35 dias aps a incorporao;

    esses resultados sugerem que o nitrognio liberado no solo ainda mais

    rpido do que a prpria decomposio da biomassa, o que pode acarretar alm

    de pouca proteo do solo perdas de nutrientes. Nesse caso, uma opo seria

    o manejo tardio dos adubos verdes, estando planta mais lignificada, o que

    tornaria a decomposio mais lenta, aumentando o tempo de proteo do solo,

    e proporcionando melhor aproveitamento dos nutrientes pela cultura em

    sucesso. Por isso, a poca de manejo dos adubos verdes deve ser melhor

    estudada para situaes especficas, ou seja, considerando qual ou quais dos

    benefcios da adubao verde: fornecimento de nitrognio, proteo do solo,

    controle de nematides, etc; so de maior interesse para a cultura que se

    pretende implantar em determinada condio edafoclimtica. Considerando-se

    que o aproveitamento dos nutrientes liberados pela decomposio dos

    resduos ir depender do sincronismo entre a decomposio da biomassa e a

    demanda da cultura ao longo de seu ciclo (Amado et al., 2000; Diniz et al.,

    2007).

    2.3. Adubao verde na produo de hortalias

    Nos sistemas orgnicos de produo, no permitido adio de

    adubos sintticos de alta solubilidade; e o composto orgnico um dos

    fertilizantes mais utilizados. Sua utilizao implica na realizao de

    compostagem e requer meio de transporte e aplicao, o que eleva os custos

    da produo. Outra dificuldade levantada em relao ao uso de composto na

    produo de hortalias em sistema orgnico em relao ao volume

    necessrio para se obter produtividades equivalentes a produo por rea do

    sistema convencional. De acordo com Souza et al. (2008) o composto orgnico

    representa 28,8% da entrada energtica do sistema de produo orgnico de

    hortalias, demonstrando que a produo baseada em compostagem no

    sustentvel.

    A otimizao de processos biolgicos como a adubao verde uma

    alternativa eficiente e menos dispendiosa para o fornecimento de nutrientes e

  • 8

    manuteno da fertilidade do sistema. A utilizao da adubao verde como

    complemento ao composto orgnico, mesmo no primeiro ano de cultivo

    orgnico, o qual representa um sistema em incio de converso, permitiu a

    obteno de cabeas comerciais de alface americana e de repolho com peso

    satisfatrio para o mercado, demonstrando que a adubao verde pode ser

    considerada uma prtica promissora na produo de hortalias em sistema

    orgnico (Fontanetti et al., 2006).

    Castro et al. (2004) verificaram que o uso de leguminosas como

    adubao verde em pr-cultivo e em consrcio, contribui significativamente

    para o fornecimento de N para a cultura da berinjela. A quantidade de N

    introduzida pela fixao biolgica derivada da adubao verde de pr-cultivo e

    em consrcio com berinjela suficiente para compensar o N exportado pela

    colheita de frutos. J Ribas et al. (2003) observaram que o uso da crotalria-

    jcea como adubo verde, em consrcio com o quiabeiro, mostrou-se importante

    para fornecimento de N e ciclagem de nutrientes no sistema, proporcionando

    aumento de produtividade do quiabeiro. De acordo com Pereira (2007), o

    cultivo de repolho em sistema plantio direto na palhada de crotalria em pr-

    cultivo proporcionou rendimento semelhante ao cultivo em sistema de plantio

    convencional, onde se aplicou 200 kg de N ha-1. Desse modo, a palha de

    crotalria forneceu os nutrientes necessrios ao desenvolvimento do repolho,

    descartando assim a necessidade de adubao suplementar em cobertura para

    a cultura. Resultados semelhantes foram encontrados por Oliveira et al. (2003),

    que ao avaliar os efeitos do pr-cultivo de crotalria sobre o desempenho do

    repolho em sistema de plantio direto, verificaram maior produtividade e peso

    mdio das cabeas de repolho quando comparados ao plantio direto na palha

    da vegetao espontnea. Tambm a cultura do inhame apresentou maior

    produtividade quando cultivado em sucesso a crotalria (Oliveira et al. 2004).

    A utilizao do consrcio das culturas agrcolas com plantas

    leguminosas possibilita a pronta disponibilidade de N para a cultura principal.

    Neste caso, a cultura principal se beneficia do N fixado pelas bactrias em

    simbiose com a leguminosa, seja pela excreo direta de compostos

    nitrogenados e pela decomposio dos ndulos e razes, ou mais intensamente

  • 9

    pelo corte da parte area da leguminosa que ir se decompor sob o solo,

    promovendo e ativando a biota do solo liberando os nutrientes durante o

    desenvolvimento do ciclo da cultura principal (acompanhando seu ciclo de

    absoro). Normalmente, as leguminosas contm altos teores de N em seus

    tecidos no perodo de florao, o que significa uma contribuio acima de 150

    kg/ha/ano de N, com um percentual de 60% a 80% do N proveniente da fixao

    biolgica de nitrognio (FBN) (Giller, 2001).

    As leguminosas apresentam fitomassa bastante lbil, que favorece a

    reduo da relao C/N, aumentando a atividade microbiana e

    conseqentemente, a mineralizao do material vegetal, e disponibilizando o N,

    evitando a imobilizao deste no solo pela microbiota (Palm et al., 2001). Com

    isso, espera-se promover maior sincronizao entre a mineralizao e a

    demanda de nutrientes pelas culturas, aumentando a produtividade e

    contribuindo para a reduo dos custos de produo nos sistemas agrcolas

    familiares (Menezes et al., 2002).

    2.4. Decomposies e mineralizao de fitomassa de adubos verdes

    Em sistemas conservacionistas, o tempo de permanncia, a

    decomposio, e a liberao de nutrientes dos resduos das plantas de

    cobertura so fatores que merecem ateno especial (Crusciol et al., 2005).

    Principalmente nas regies do domnio tropical onde o clima favorece a

    acelerao da decomposio dos restos culturais, deve-se estar atento s

    caractersticas dos resduos vegetais produzidos pela espcie antecessora

    cultura principal (Alves et al., 1995). Por esse fato o manejo do adubo verde

    torna-se o gargalo para a interao mxima entre o solo (nutrientes) e a

    cultura agrcola principal. A poca do corte ou tombamento do adubo verde, a

    metodologia para se fazer essa prtica, ou at mesmo a manuteno da

    biomassa viva no solo so questes importantes a serem estudadas para a sua

    eficincia.

    A decomposio do material vegetal adicionado ao solo um processo

    biolgico, relacionado com diversos fatores como composio qumica dos

    resduos vegetais, temperatura, umidade, pH e teor de nutrientes do solo (Paul

  • 10

    & Clark, 1989). Ao trabalharem com doze diferentes espcies e partes de

    adubos verdes; Cobo et al. (2002) verificaram que mesmo plantas da mesma

    espcie podem apresentar concentraes de nutrientes diferentes, o que

    influencia diretamente nas taxas de decomposio. Os autores observaram

    tambm que as partes das plantas possuem taxas de decomposio diferentes.

    Partes mais tenras podem ter sua taxa de decomposio acelerada em relao

    s partes que possuem mais folhas.

    Experimentos conduzidos na Zona da Mata de Minas Gerais resultaram

    que, em 24 dias aps a incorporao da parte area de Mucuna cinza, 50% do

    nitrognio inicialmente presente j haviam sido liberados (Diniz et al., 2007).

    Como o tempo de meia vida da massa seca foi de 35 dias, a taxa de

    mineralizao do nitrognio foi maior do que a da massa seca.

    A comparao da dinmica de decomposio e liberao de nitrognio

    de resduos culturais provenientes de plantas de cobertura de solo, solteiras e

    consorciadas relatado por (Giacomini, 2003). O consrcio entre aveia-preta e

    ervilhaca propiciou efeito na reduo da velocidade de liberao de nitrognio

    na fase inicial de decomposio. Assim, a consorciao resultou em maior

    sincronia entre a liberao de nitrognio dos resduos culturais e a demanda

    por nitrognio pelas culturas subseqentes. Trabalhando com trs tipos de

    leguminosas herbceas perenes e vegetao espontnea, Espindola et al.

    (2006) encontraram uma rpida liberao de nutrientes nas leguminosas em

    ordem decrescente K, Mg, P, N e Ca.

    2.5. Demanda nutricional da pimenteira.

    Compreender e manejar o processo de liberao dos nutrientes, dos

    resduos da adubao verde, em sincronia com a demanda nutricional da

    cultura um dos grandes desafios dos sistemas de cultivo, que privilegiam os

    processos biolgicos. O objetivo da pesquisa esta em definir espcies de

    adubos verdes e pocas de cortes a fim de proporcionar o aporte nutricional

    necessrio, de acordo com o estdio de desenvolvimento da planta (florao e

    frutificao) e a curva de absoro de nutrientes da pimenteira.

  • 11

    Para alcanar a nutrio ideal das plantas deve-se analisar, no

    somente a quantidade absorvida de nutrientes, mas tambm, sua concentrao

    nos diferentes estdios de desenvolvimento da planta (Haag et al., 1970), pois

    esses indicam se o fornecimento de nutrientes acompanhou a necessidade da

    cultura e determinam sua produtividade. Alm dos fatores edafoclimticos, as

    concentraes de nutrientes consideradas adequadas dependem de uma srie

    de fatores, tais como: produtividade a ser obtida, rgo escolhido para anlise,

    idade da planta, interao dos nutrientes no solo e na planta, entre outros.

    Marcussi et al. (2004) observaram que o perodo de maior extrao de

    nutrientes em plantas de pimenta doce, ocorreu entre 120 e 140 dias aps o

    transplantio (DAT), coincidindo com o maior acmulo de fitomassa seca. O

    maior acmulo de magnsio (Mg) e de clcio (Ca) ocorreram nas folhas;

    nitrognio (N), potssio (K) e fsforo (P) foram mais acumulados nos frutos.

    Apenas 8% a 13% da quantidade total de macronutrientes acumulados aos 140

    dias aps o trasnplantio (DAT) foram absorvidos aos 60 DAT; 60% do total

    acumulado de N, P e Ca foram absorvidos no final do ciclo, a exceo do K que

    foi mais absorvido no incio do ciclo.

    Os nutrientes mais exigidos pelas plantas de pimento so o potssio e

    o nitrognio, seguidos de fsforo, enxofre, clcio e magnsio (Haag et al.,

    1970; Negreiros, 1986). Haag et al. (1970) verificaram que o maior acmulo de

    N, P, K, Ca e Mg, por grama de massa seca de plantas por dia, ocorreu nos

    estdios iniciais do ciclo da planta at os primeiros frutos. Entretanto, em

    condies de campo os mesmos autores observaram que a partir de 75 DAT a

    absoro de nutrientes acentua-se.

    Sabe-se que o nitrognio muito relevante na fase inicial de emergncia

    da planta, e o potssio fundamental na fase de frutificao. Porm, a

    quantidade de fsforo absorvidas do solo pelas hortalias so relativamente

    baixas quando comparada com os outros macronutrientes. Apesar dessa

    aparente reduzida exigncia, os teores desse nutriente na soluo do solo,

    bem como a velocidade do seu restabelecimento na mesma, no so

    suficientes para atender s necessidades das culturas. Como conseqncia,

  • 12

    para um estabelecimento pleno da cultura necessita-se de adubaes com

    fsforo em maiores propores (Coutinho et al., 1993).

    A necessidade de nutrientes em cada etapa do crescimento e

    desenvolvimento da planta uma informao essencial para aplicao eficiente

    de fertilizantes. O conhecimento prvio da demanda essencial no

    planejamento do parcelamento das adubaes (Pinto et al., 2006). Esse

    conhecimento, tambm deve ser utilizado para definir as pocas de manejo dos

    adubos verdes visando a sua liberao de nutrientes para as culturas

    econmicas.

    De forma geral a transferncia de nitrognio da fixao biolgica das

    leguminosas para a cultura econmica baixa. Diniz et al. (2007) verificaram

    que a mucuna-cinza adicionou 177 kg ha-1 de nitrognio, dos quais 74% eram

    provenientes da fixao biolgica. Entretanto, no houve diferena significativa

    na transferncia do nitrognio do adubo verde proveniente da FBN para as

    plantas de brcolis que receberam a adubao verde. Em mdia 23,6 % do N

    nos brcolis foram provenientes da FBN da mucuna incorporada.

    Avaliando a dinmica do nitrognio, Ambrosano, (1995) utilizou a

    crotalria e a mucuna-preta (Mucuna aterrima) marcadas com 15N, e

    determinou que de 60 a 80% do nitrognio da leguminosa permaneceu no solo,

    e que de 20 a 30% deste foi absorvido pelas plantas de milho e 5 a 15% deixou

    o sistema solo-planta em forma de perdas.

    A avaliao da transferncia do nitrognio derivado da FBN da crotalria

    (C. juncea) em pr-cultivo de milho, sem complementao de adubao

    mineral relatada por Silva et al. (2006). Neste trabalho, foi adicionado 9,19 t

    ha-1 da leguminosa, equivalentes a 179 kg ha-1 de nitrognio total, sendo 64 kg

    ha-1 derivado da FBN. A crotalria proporcionou ao milho 12,45 % do nitrognio

    derivado da FBN.

    Para se evitar as perdas de nitrognio e dos demais nutrientes no

    sistema, esses devem ser liberados da fitomassa (mineralizado) em sincronia

    com a demanda nutricional da pimenteira. Nesse sentido, verificar qual a

    espcie e poca de manejo do adubo verde fundamental para aperfeioar o

    processo.

  • 13

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    AMBROSANO, EJ. Dinmica do nitrognio dos adubos verdes, crotalria-

    jncea (Crotalaria juncea) e mucuna-preta (Mucuna aterrima), em dois

    solos cultivados com milho. Piracicaba. 1995. Escola Superior de Agricultura

    USP-ESALQ. 83p. (Tese doutorado).

    ALCNTARA FA; NETO, AEF; PAULA, MB; MESQUITA, HA; MUNIZ, JA.

    2000. Adubao verde na recuperao da fertilidade de um Latossolo

    Vermelho-Escuro degradado. Braslia, Pesquisa Agropecuria Brasileira 35:

    277-288.

    ALMEIDA, DL; GUERRA, JGM; ESPINDOLA JAA. 2007. Adubao verde. In:

    HENZ, G. P.; ALCNTARA, F. A. de; RESENDE, F. V. (Eds.). 2007

    Produo orgnica de hortalias. Braslia: Embrapa Informao

    Tecnolgica. 308 p.

    ALVES, AGC; COGO, NP; LEVIEN, R. 1995. Relaes da eroso do solo com

    a persistncia da cobertura vegetal morta. Viosa. Revista Brasileira de

    Cincia do Solo 19: 127-132.

    AMADO, TJC; MIELNICZUK, J; FERNANDES, SBV. 2000. Leguminosas e

    adubao mineral como fontes de nitrognio para o milho em

    sistemas de preparo do solo. Braslia. Revista Brasileira de Cincias

    do Solo: 24: 179-189.

    CALEGARI, A; MONDARDO, A; BULISANI, EA; COSTA, MBB. da; MIYASAKA,

    S.; AMADO, T. J. C. 1993. Aspectos gerais da adubao verde. In: COSTA,

    M. B. B. (Coord.). 1993. Adubao verde no sul do Brasil. 2. ed. Rio de

    janeiro: Assessoria e Servios a Projetos em Agricultura Alternativa. 56 p.

  • 14

    CARVALHO, AM; AMABILE, RF. 2006. Plantas condicionadoras de solo:

    interaes edafoclimticas, uso e manejo. In: CARVALHO, AM de,

    AMABILE, RF. Cerrado: adubao verde. Planaltina. DF: Embrapa

    Cerrados. p. 143-170.

    CASTRO, CM; ALVES, BJR; ALMEIDA, DL; RIBEIRO, RLD. 2004.

    Adubao verde como fonte de nitrognio para a cultura da berinjela em

    sistema orgnico. Pesquisa Agropecuria Brasileira 39: 779-785.

    CESAR, MNZ; RIBEIRO, RLD; MANERA, T. C.; PAULA, PD; POLIDORO, JC;

    GUERRA, JGM. 2006. Desempenho de duas Cultivares de Pimento sob

    Manejo Orgnico em Consrcio com Crotalria. Seropdica-RJ: Embrapa

    Agrobiologia. Comunicado Tcnico 85. 4p.

    COUTINHO, ELM; NATALE, W; SOUZA, ECA. 1993. Adubos e corretivos:

    aspectos particulares na olericultura. In: FERREIRA, M.E.;

    CASTELLANE, PD; CRUZ, MCP. 1993. Nutrio e adubao das hortalias.

    Piracicaba: POTAFOS. p. 85-140.

    COBO, JG; BARRIOS, E; KASS, DCL.; THOMAS, RJ. 2002. Decomposition

    and nutrient release by green manures in a tropical hillside

    agroecosystem. Plant and Soil, Dordrecht 240: 331 342.

    CRUSCIOL, CAC; COTTICA, RL; LIMA, E do V; ANDREOTTI, M; MORO E;

    MARCON, E. 2005. Persistncia de palhada e liberao de nutrientes do

    nabo forrageiro no plantio direto. Braslia, Pesquisa Agropecuria

    Brasileira 2: 161-168.

    ESPINDOLA, JAA; GUERRA, JGM; ALMEIDA, DL. de; TEIXEIRA, MG;

    URQUIAGA., S. 2006. Decomposio e liberao de nutrientes acumulados

    em leguminosas herbceas perenes consorciadas com bananeira.

    Revista Brasileira de Cincia do Solo 30: 321-328.

  • 15

    FERNANDES, MF; BARRETO, AC; EMIDIO FILHO, J. 1999. Fitomassa de

    adubos verdes e controle de plantas daninhas em diferentes densidades

    populacionais de leguminosas. Pesquisa Agropecuria Brasileira 37: 1593-

    1600.

    FIORIN, JE. Plantas recuperadoras da fertilidade do solo. In: 1999. CURSO

    sobre aspectos bsicos de fertilidade e microbiologia do solo em plantio

    direto: resumos de palestras. Passo Fundo: Aldeia Norte. p. 39-55.

    FONTANETTI, A; SANTOS, IC dos. 2010. Manejo da fertilidade do

    agroecossistema e a sustentabilidade da agricultura familiar In:Tecnologia

    para a agricultura familiar: produo vegetal. Informe Agropecurio, Belo

    horizonte 31: p.07-13.

    FONTANETTI A; CARVALHO GJ; GOMES, LAA; ALMEIDA, K; MORAES,

    SRG; TEIXEIRA, CM. 2006. Adubao verde na produo orgnica de

    alface americana e repolho. Horticultura Brasileira 24:146-150.

    FRANCHINI, JC; HOFFMAN-CAMPO, CB; TORRES, E; MIYAZAWA, M &

    PAVAN, MA. 2003. Organic composition of green manure during growth

    and its effects on cation mobilization in an acid Oxisol. Comm. Soil Sci. Plant

    Anal 34: 2045-2058.

    GARCIA, AJV. El aji 1991. (Capsicum chinense Jacq.) - Patrimnio cultural y

    filogentico de las culturas Amazonicas. Colombia Amazonica 5: p. 161-

    185.

    GIACOMINI, SJ; AITA, C; VENDRUSCOLO, ERO; CUBILLA, M; NICOLOSO,

    RS; FRIES, MR. 2003. Matria seca, relao C/N e acmulo de nitrognio,

    fsforo e potssio em misturas de plantas de cobertura do solo. Revista

    Brasileira de Cincia do Solo 27: 325-334.

  • 16

    GILLER, KE. 2001. Nitrogen fixation in tropical cropping systems. 2nd ed.

    Wallingford: CAB International. 448p.

    GUILHOTO, JJM. et al. 2007. A importncia da agricultura familiar no Brasil e

    em seus estados. In: ENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA 35.

    Recife, PE. Anais. ANPEC.

    HAAG, HP; HOMA, P.; KIMOTO, T. 1970. Nutrio mineral de hortalias V:

    absoro de nutrientes pela cultura do pimento. Piracicaba. O Solo 62:

    p. 7-11.

    MARCUSSI, FFN; VILLAS BAS, RL; GODOY, LJG de; GOTO, R. 2004.

    Macronutrient accumulation and portioning in fertigated sweet pepper

    plants. Scientia Agrcola 61: p. 62-68.

    MENEZES, RSC; SAMPAIO, EVSB; SILVEIRA, LM; TIESSEN, H & SALCEDO,

    IH. 2002. Produo de batatinha com incorporao de esterco e/ou crotalria

    no Agreste paraibano. In: SILVEIRA, L.; PETERSEN, P & SABOURIN, E,

    orgs. 2002. Agricultura familiar e agroecologia no semi-rido: avanos a

    partir do agreste da Paraba. Rio de Janeiro, AS-PTA. p. 261-270.

    MONEGATI, C. 1991. Plantas de cobertura do solo: Caractersticas e manejo

    em pequenas propriedades. Chapec: Ed. do autor. 337p.

    NEGREIROS, MZ; NOGUEIRA, ICC; PEDROSA, JF; LIMA e SILVA, OS. 1986.

    Efeito da cobertura morta sobre o comportamento de cultivares de

    pimento na microrregio salineira do Rio Grande do Norte. Horticultura

    Brasileira 4: p. 44-76.

  • 17

    OLIVEIRA, F. L.; GUERRA, J. G. M.; JUNQUEIRA, R. M.; SILVA, E. E.;

    OLIVEIRA, F. F.; ESPINDOLA, J. A. A.; ALMEIDA, D. L.; RIBEIRO, R. L. D.;

    URQUIAGA, S. 2008. Crescimento e produtividade do inhame cultivado

    entre faixas de guandu em sistema orgnico. Horticultura Brasileira 24: p.

    53-58.

    OLIVEIRA, FL; GUERRA, JGM; JUNQUEIRA, R M; SILVA, E. E; OLIVEIRA, F.

    F; ESPINDOLA, JAA; ALMEIDA, DL; RIBEIRO, RLD; URQUIAGA, S. 2006.

    Crescimento e produtividade do inhame cultivado entre faixas de guandu em

    sistema orgnico. Horticultura Brasileira 24: p. 53-58.

    OLIVEIRA, FL; RIBEIRO, RLD; SILVA, VV; GUERRA, JGM; ALMEIDA, DL.

    2004. Desempenho do inhame (taro) em plantio direto e no consrcio com

    crotalria, sob manejo orgnico. Horticultura Brasileira 22: p.638-641.

    OLIVEIRA, FL; RIBAS, RGT; JUNQUEIRA, RM; PADOVAN, MP; GUERRA,

    JGM; ALMEIDA, DL; RIBEIRO, RLD. 2003. Uso do pr-cultivo de Crotalaria

    juncea e de doses crescentes de cama de avirio na produo do

    repolho sob manejo orgnico. Agronomia 37: 60 66.

    PALM, CA; GILLER, KE; MAFONGOYA, PL & SWIFT, MJ.

    2001. Management of organic matter in the tropics: translating theory into

    practice. Nutr. Cycling Agroecosy. 61: p. 63-75.

    Paul, EA & Clark, FE. 1989. Soil Microbiology and Biochemistry. San Diego

    Academic Press Inc. 273 p.

    PEREIRA, AJ. 2007. Caracterizao agronmica de espcies de Crotalria L.

    em diferentes condies edafoclimticas e contribuio da adubao verde

    com crotalria-jncea no cultivo orgnico de brssicas em sistema de

    plantio direto. Seropdica, RJ - Universidade Federal Rural do Rio de

    Janeiro. 72p. (Tese Doutorado).

  • 18

    PINTO, CMF; PINTO, CL de O; SANTOS, IC dos; SILVA, AF. 2010. Plantas

    condimentares: do uso domstico comercializao In:Tecnologia para a

    agricultura familiar: produo vegetal. Informe Agropecurio, Belo horizonte

    31: p.07-13.

    PINTO, CMF; CALIMAN, FRB; MOREIRA, GR; MATTOS, RN; ROCHA, PRR;

    PAULA JNIOR, TJ de. 2007. Pimenta (Capsicum spp.) In: PAULA

    JNIOR, TJ; VENZON, M. 101 culturas: manual de tecnologias agrcolas,

    Belo Horizonte: EPAMIG. 800p.

    PINTO, CMF; LIMA, PC; SALGADO, LT; CALIMAN, FRB. 2006. Nutrio

    mineral e adubao para pimenta. In: Cultivo da Pimenta. Informe

    Agropecurio, Belo Horizonte 27: p.50-57.

    RUFINO, JL dos; PENTEADO, DCS. 2006. Importncia econmica,

    perspectivas e potencialidades do mercado para pimenta In: Cultivo da

    Pimenta. Informe Agropecurio 27: p. 30-39.

    RIBAS, RGT; JUNQUEIRA, RM; OLIVEIRA, FL, GUERRA, JGM.; ALMEIDA,

    DL; ALVES, BJR; RIBEIRO, RLD. 2003. Desempenho do quiabeiro

    (abelmoschus esculentus) consorciado com Crotalaria juncea sob manejo

    orgnico. Agronomia, Itaguai, RJ 37: p. 80 84.

    SANTOS, IC; MENDES, FF; LIMA, JS; VENZON, M; PINTO, CMF; SALGADO,

    LT. 2006. Desenvolvimento de plantas de pimenta malagueta e produo de

    frutos em cultivo intercalar com adubos verdes anuais e perenes. In: Cultivo

    da Pimenta. Informe Agropecurio, Belo Horizonte 27: p. 68-74.

    SILVA, EC; MURAOKA, T; BUZETTI, S; VELOZO, MEC; TRIVELIN, PCO.

    2006. Aproveitamento do nitrognio (15N) da crotalria e do milheto pelo

  • 19

    milho sob plantio direto em Latossolo Vermelho de Cerrado. Cincia Rural,

    Santa Maria 36: p. 739-746.

    SILESHI, G; MAFONGOYA, PL. 2003. Effect of rotational fallows on abundance

    of soil insects and weeds in maize crops in eastern Zambia. Applied Soil

    Ecology, Amsterdam 23: p. 211-222.

    SOUZA, JL; CASALI, VWD; SANTOS, RHS; CECCON, PR. 2008. Balano

    e anlise da sustentabilidade energtica na produo orgnica de

    hortalias. Horticultura brasileira 26: p. 433-440.

  • 20

    CAPTULO 2

    Adubao verde em cultivo consorciado para produo de pimenta biquinho

    (Verso submetida Revista Brasileira de Horticultura)

    Data de envio: 12/04/2012

  • 21

    RESUMO: O cultivo intercalar de adubos verdes com as culturas econmicas

    apresenta-se como uma opo para aumentar a cobertura do solo e diversificar

    o sistema, principalmente em pequenas propriedades. Porm, existem poucas

    informaes sobre o desempenho das espcies econmicas em sistemas

    consorciados. O objetivo desse trabalho foi avaliar o consrcio das espcies e

    pocas de manejo dos adubos verdes no crescimento, produtividade e nutrio

    da Pimenta Biquinho (Capsicum chinense). O delineamento utilizado foi o de

    blocos ao acaso em esquema fatorial 2x3+1 com quatro repeties. O primeiro

    fator foi constitudo por duas espcies de adubos verdes: feijo-de-porco

    (Canavalia ensiformis D.C.) e crotalria-jncea (Crotalaria juncea L.). O

    segundo fator por trs formas de conduo dos adubos verdes em consrcio

    com a pimenta biquinho. No tratamento adicional (testemunha) as pimenteiras,

    em cultivo exclusivo, receberam adubao mineral. Avaliou-se altura das

    plantas, dimetro transversal da copa, produtividade de frutos e teor foliar de

    nutrientes das pimenteiras. As espcies crotalria-jncea e feijo-de-porco

    conduzidos em consrcios com as plantas de pimenta biquinho, quando

    manejados aos 75 dias aps o transplantio da olercola, promoveram aumento

    na altura e no dimetro de copa das pimenteiras, e produtividade de frutos

    semelhante ao cultivo exclusivo da pimenteira com uso de adubao mineral.

    O feijo-de-porco conduzido durante todo o ciclo da pimenteira reduziu a

    produtividade de frutos, provavelmente pela competio estabelecida entre o

    adubo verde e a pimenteira.

    Palavras-Chaves: Capsicum chinense, leguminosas, consrcio

  • 22

    ABSTRACT

    Green manuring on the mineral nutrition and by pepper pout production

    The mid-term cultivation of green manure and economic cultures is presented

    as an option to increase ground cover and diversify the system, especially on

    small farms. However, little information exists about the performance of

    economic species in intercropping systems. The aim of this study was to

    evaluate the consortium of species and management times of green manure on

    growth, productivity and nutrition of pepper pout (Capsicum chinense). The

    experimental design was randomized blocks in factorial scheme 2x3 +1 with

    four replications. The first factor was composed of two species of green

    manure, yard-long beans (Canavalia ensiformis DC) and sunn-hemp (Crotalaria

    juncea L.). The second factor are the three forms of management of green

    manure intercropped with pepper pout. In the further treatment (control) the

    pepper pout, without consortiation, like a single culture, received mineral

    fertilization. We evaluated plant height, transverse diameter of the canopy, fruit

    yield and leaf nutrient content of pepper. The species sunn hemp and jack bean

    conducted in consortiation with the pepper plants pout, when handled with 75

    days after your transplanting of vegetable crop, caused an increase in height,

    canopy diameter of pepper and in your fruit production, similar to single culture

    of pepper produced with the use of mineral fertilizer. The jack bean conducted

    in the same area during all the cycle of pepper fruit production a caused a

    decreased in the yeld, probably due to the established competition between

    green manure and pepper plants.

    Keywords: Capsicum chinense, leguminous, consortium

  • 23

    INTRODUO

    Algumas culturas agrcolas foram de certa forma, ao longo dos anos,

    desvalorizadas pela pesquisa acadmica por serem consideradas restritas a

    agricultura familiar, ou porque seu cultivo limita-se a pequenas reas, como no

    caso da produo de pimentas. Praticamente todas as regies do pas

    produzem pimentas e esta cultura uma das que melhor exerce a integrao

    pequeno agricultor-agroindstria (Buso et al., 2001).

    A explorao de pimentas Capsicum spp alm de representar uma fonte

    importante de gerao de emprego e renda na agricultura tambm permite a

    agregao de valor na forma processada, como molhos, conservas, gelias,

    pimenta desidratada em p (pprica), dentre outras. Na atualidade h

    crescente demanda do mercado, estimado em 80 milhes de reais ao ano, o

    que vem impulsionando o aumento da rea cultivada e o estabelecimento de

    pequenas agroindstrias familiares, tornando o agronegcio de pimentas

    (doces e picantes) importante ao pas (Rufino & Penteado, 2006). A cadeia

    produtiva da pimenta apresenta-se como um segmento de grande importncia

    social, pois se trata de uma cultura que utiliza elevada mo-de-obra em todas

    as etapas, da produo ao processamento (Nascimento et al., 2006).

    O Brasil destaca-se por possuir ampla diversidade em todas as

    categorias de pimentas, e contempla quatro espcies domesticadas, dentre

    estas a Pimenta Biquinho (Capsicum chinense), que endmica e possui seu

    centro de origem na bacia amaznica (Garcia, 1991). A espcie est entre as

    mais utilizadas pela agricultura familiar por sua elevada produtividade e valor

    gastronmico, permitindo ao agricultor sua comercializao na forma

    processada.

    Porm, h necessidade do desenvolvimento de sistemas de produo

    sustentveis que conciliem a produo de pimentas com a conservao dos

    recursos naturais, permitindo a recuperao dos solos, o incremento da

    biodiversidade local e a estabilidade econmica das famlias que dependem do

    sistema. Permitindo ao agricultor familiar o acesso aos mercados certificados,

    que valorizam os produtos da agricultura de base ecolgica.

  • 24

    Dentre os processos biolgicos aplicados na agricultura, a adubao

    verde tem sido amplamente divulgada e estudada, principalmente em relao a

    sua contribuio para a melhoria das caractersticas fsicas, qumicas e

    biolgicas do solo. Solos descobertos, compactados superficialmente ou

    demasiadamente movimentados so mais propensos ao processo erosivo e,

    conseqentemente, ao menor acmulo de matria orgnica no perfil. A

    manuteno da fertilidade em solos de ambientes tropicais passa

    primeiramente pela manuteno da matria orgnica. Nesse sentido, prticas

    agrcolas que aumentem a cobertura do solo, adicionem resduos vegetais,

    biomassa microbiana, razes e hmus so essenciais para a manuteno da

    fertilidade dos solos (Bayer & Mielniczek, 2008).

    Alguns estudos evidenciaram o potencial da utilizao de adubos verdes

    na produo de pimento (Capsicum annuum L) e pimenta. Cesar et al. (2007)

    verificaram aumento da produtividade de pimento quando as plantas foram

    produzidas em consrcio com Crotalaria juncea, provavelmente pelo aporte

    suplementar de nutrientes; os frutos produzidos em consrcio com a

    leguminosa tambm apresentaram maior teor de nitrognio em relao

    monocultura. Santos et al.(2004), avaliando a produtividade de pimenta

    malagueta verificaram que os tratamentos conduzidos em consrcios com

    puerria (Pueraria phaseoloides), calopognio (Calopogonium muconoides) e

    Crotalaria juncea apresentaram produtividades semelhantes s do tratamento

    em que a pimenta em cultivo exclusivo foi adubada com nitrognio mineral.

    Contudo, h uma deficincia de informaes agronmicas sobre

    sistemas de produo que consorciam culturas agrcolas com adubos verdes.

    Principalmente no tocante a seleo das espcies, espaamento e sobre as

    pocas de manejo dos adubos verdes. Tambm, conhece-se pouco sobre a

    dinmica da decomposio e liberao de nutrientes dos resduos de adubos

    verdes em cultivos consorciados.

    A elucidao desses processos essencial para o estabelecimento de

    sistemas de produo de base ecolgica que permitam a manuteno da

    fertilidade dos solos e a estabilidade econmica das famlias que dependem do

    sistema. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar o consrcio das espcies e

  • 25

    pocas de manejo dos adubos verdes no crescimento, produtividade e nutrio

    da Pimenta Biquinho (Capsicum chinense).

    MATERIAIS E MTODOS

    O experimento foi conduzido entre os meses de outubro de 2010 e julho

    de 2011 em rea experimental do Departamento de Agroecologia (DAe) no

    Centro de Cincias Agrrias, pertencente Universidade Federal de So

    Carlos - UFSCar, situado no municpio de Araras-SP.

    O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados em

    esquema fatorial 2x3+1 com 4 repeties. O primeiro fator foi constitudo por

    duas espcies de adubos verdes: feijo-de-porco (Canavalia ensiformis D.C.) e

    crotalria-jncea (Crotalaria juncea L.) O segundo fator por trs formas de

    conduo dos adubos verdes em consrcio com a pimenta biquinho: adubos

    verdes cultivados durante todo o ciclo das pimenteiras; adubos verdes

    manejados (cortados) na florao das pimenteiras (75 dias aps transplantio-

    DAT); adubos verdes manejados por ocasio da primeira colheita das

    pimenteiras (90 DAT). E um tratamento adicional (testemunha), cultivo

    exclusivo das plantas de pimenta biquinho com utilizao da adubao mineral.

    As parcelas experimentais foram formadas por cinco linhas de 5 m de

    comprimento com o espaamento de um metro entre as linhas. As plantas de

    pimentas foram espaadas em 1 m entre si. Totalizando 25 (vinte e cinco)

    plantas de pimentas por parcela. Para as avaliaes foram utilizadas as 3 (trs)

    plantas de pimentas (centrais) das 3 linhas centrais de cada parcela.

    As mudas das pimentas biquinho, variedade Iracema Biquinho, foram

    formadas em dez bandejas de poliestireno expandido de 128 clulas, no setor

    de Horticultura do Departamento de Biotecnologia e Produo Vegetal e Animal

    (DBPVA-CCA-UFSCar), utilizando-se o substrato comercial Bioplanta entre

    os meses de outubro 2010 e dezembro de 2010.

    O solo da rea experimental foi classificado como Latossolo Vermelho e

    sua anlise qumica revelou as seguintes caractersticas: pH 5; 15 mg dm-3 de

    P; 2,1 mmolc dm-3 de K; 34 mmolc dm-3 de Ca; 16 mmolc dm-3 de Mg; 58 mmolc

  • 26

    dm-3 de H+Al; 27 g dm-3 de matria orgnica; SB = 52,1 mmolc dm-3; CTC =

    110,1 e V% = 47%.

    O transplante das mudas das pimenteiras ocorreu no incio do ms de

    janeiro de 2011; concomitantemente com a semeadura dos adubos verdes nas

    entrelinhas de plantio. A crotalria-jncea foi semeada na densidade 30

    sementes por metro linear (estande final de 120 plantas de crotalria por

    entrelinha), e o feijo-de-porco na densidade de 3 sementes por metro linear

    (estande final de 12 plantas de feijo-de-porco por entrelinha). As pimenteiras

    das parcelas com os adubos verdes foram adubadas com 20 t ha-1 de

    composto orgnico, 10 t ha-1 foram aplicados nos sulcos de plantio no

    momento do transplantio das mudas e 10 t ha-1 aplicados sobre o solo, nas

    linhas de cultivo no perodo de florao das pimenteiras. No tratamento

    testemunha as plantas de pimentas receberam doses de adubao mineral de

    acordo com as recomendaes para a cultura do pimento (Raij et al., 1996),

    equivalentes a: 240 kg ha-1 de P2O5; 180 kg ha-1 de K2O e 150 kg ha-1 de N,

    parcelados em 70 kg ha-1 no transplantio e 80 kg ha-1 no incio da florao das

    pimenteiras.

    O composto orgnico utilizado no ensaio apresentou a seguinte

    composio qumica: 29,02 dag kg-1 de carbono total; 0,31 dag kg-1 de P; 0,36

    dag kg-1 de K; 1,05 dag kg-1 de Ca; 0,20 dag kg-1 de Mg; 1,17 dag kg-1 de N

    total; 22 % de umidade e 0,87 g cm-3 de densidade.

    As plantas de feijo-de-porco e crotalria foram cortadas rentes ao solo

    com uso de faco e distribudas na parcela entre as linhas da cultura principal,

    conforme os tratamentos (corte no florescimento ou na frutificao das

    pimenteiras).

    A altura das pimenteiras foi medida da insero do caule no solo at a

    extremidade mais alta da copa, e o dimetro da copa foi medido

    transversalmente linha de plantio, em duas pocas: na 1 colheita dos frutos

    (90 DAT) e na ltima colheita dos frutos (140 DAT).

    Foram realizadas colheitas dos frutos das pimenteiras aos 90, 110 e 140

    DAT. Os frutos colhidos foram contados e pesados, determinando-se o nmero

    e a produo total de frutos. Avaliou-se tambm o estado nutricional das

  • 27

    pimenteiras na poca do florescimento (75 DAT) e na segunda colheita dos

    frutos (110 DAT), utilizando-se as folhas da parte superior da planta. Foram

    coletadas 15 folhas de plantas alternadas em cada parcela experimental, que

    aps secas em estufa a 60C, foram modas e encaminhadas para anlise de

    macronutrientes segundo a metodologia descrita por Malavolta et al. (1989). Os

    resultados das anlises foliares aos 75 DAT foram comparados com os teores

    de nutrientes foliares sugeridos para as pimenteiras por Jones Jnior et al.

    (1991). Para essa avaliao utilizou-se a mdia de todos os tratamentos:

    consrcio pimenta/crotalria, consrcio pimenta/ feijo-de-porco e testemunha,

    visto que nesse momento ainda no havia sido realizado o corte dos adubos

    verdes.

    Para cada varivel avaliada foram realizadas duas anlises de

    varincias. A primeira anlise para o fatorial 2 x 3 (duas espcies de adubos

    verdes x trs formas de conduo dos adubos verdes) sem o tratamento

    adicional (testemunha), nesse caso, quando a interao entre os fatores foi

    significativa, realizou-se o desdobramento dos fatores e as mdias foram

    comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

    Para comparar o tratamento adicional (testemunha) com os demais

    realizou-se a segunda anlise de varincia com os seguintes tratamentos:

    feijo-de-porco cultivado durante todo o ciclo, feijo-de-porco cortado aos 75

    DAT, feijo-de-porco cortado aos 90 DAT, crotalria-jncea cultivada durante

    todo o ciclo, crotalria juncea cortada aos 75 DAT, crotalria-jncea cortada

    aos 90 DAT e testemunha. As mdias, nesse caso, foram comparadas por

    meio de contrastes pelo teste F a 5% de probabilidade.

    RESULTADOS E DISCUSSO

    As anlises de varincias realizadas para o dimetro da copa e altura

    das pimenteiras revelaram efeito significativo da interao, espcies de adubos

    verdes x formas de conduo dos adubos verdes, na segunda poca de

    avaliao, realizada na 3 colheita das pimenteiras (140 DAT).

  • 28

    Analisando o desdobramento da interao (Tabela 1), observou-se que

    nos consrcios com a crotalria-jncea, no houve diferena no dimetro da

    copa das pimenteiras entre os trs tipos de manejo da leguminosa. Mas, no

    consrcio com o feijo-de-porco obteve-se maior dimetro de copa da

    pimenteira quando esse foi cortado aos 75 DAT (Tabela 1). Este fato sugere

    que o feijo-de-porco competiu com as plantas de pimenta biquinho,

    provavelmente por luz. Observou-se tambm que o consrcio com o feijo-de-

    porco cortado aos 90 DAT reduziu a altura das pimenteiras (Tabela 1).

    O feijo-de-porco uma planta de hbito determinado, crescimento

    inicial rpido, ereta e possui hastes com 0,6 a 1,6 m de altura (Favero et

    al.,2001). Diferentemente do feijo-de-porco a espcie crotalria-jncea uma

    planta subarbustiva de caule ereto e crescimento inicial lento, apesar de atingir

    at 2 m de altura no florescimento; aos 70 dias aps emergncia recobre cerca

    de 80% do solo, enquanto que a espcie feijo-de-porco aos 50 dias aps a

    emergncia apresenta 100% de recobrimento do solo (Alvarenga et al., 1995).

    As diferenas na arquitetura e desenvolvimento das espcies de adubos

    verdes provavelmente interferiram na quantidade e qualidade da luz que

    alcanou as plantas de pimenteira. De acordo com os resultados,

    possivelmente a crotalria-jncea permitiu maior luminosidade e favoreceu o

    crescimento das pimenteiras, independente do manejo.

    As anlises de varincias para dimetro de copa e altura das

    pimenteiras realizadas com o objetivo de comparar testemunha (cultivo

    exclusivo da pimenteira com adubao mineral) com os demais tratamentos

    revelaram efeitos significativos na primeira e segunda avaliao (90 e 140 DAT

    respectivamente). Os contrastes entre as mdias dos consrcios versus a

    mdia da testemunha indicaram, na primeira avaliao (90 DAT), que ambos

    os adubos verdes proporcionaram aumento no dimetro de copa das

    pimenteiras em comparao testemunha (Tabela 2). Porm, na segunda

    avaliao (140 DAT) os tratamentos, feijo-de-porco cultivado durante todo o

    ciclo da pimenteira e feijo-de-porco cortado na frutificao da pimenteira (90

    DAT) no diferiram da testemunha (Tabela 2).

  • 29

    Para a altura das pimenteiras aos 90 DAT observou-se que todos os

    consrcios, independentes do manejo, proporcionaram aumento da altura das

    pimenteiras em comparao ao tratamento testemunha. J na avaliao

    realizada aos 140 DAT o tratamento feijo-de-porco cortado na frutificao das

    pimenteiras (90 DAT) no diferiu da testemunha (Tabela 2).

    As espcies de adubos verdes utilizadas, apesar de terem sido

    semeadas simultaneamente ao transplante das mudas da pimenteira para o

    campo, possuem rpido crescimento inicial e maior porcentagem de

    recobrimento do solo em comparao s pimenteiras. Assim, a manuteno

    dos adubos verdes, at a frutificao da olercola, possivelmente gerou um

    microclima favorvel, o que favoreceu o crescimento e o desenvolvimento da

    mesma.

    Vale ressaltar que a maioria das espcies brasileiras de pimentas habita

    ambientes fechados e midos (Carvalho, 2005), sendo a regio amaznica a

    rea de maior diversidade da espcie C. chinense (Reifshneider, 2000). Fato

    que destaca a necessidade de sombra, principalmente no incio do

    desenvolvimento vegetativo das pimenteiras. Estudo realizado com pimento

    cultivado em consrcio com crotalria- jncea revelou efeito positivo do mesmo

    sobre a produtividade de frutos. De acordo com os autores parte do benefcio

    pode ter sido proveniente do sombreamento inicial promovido pela crotalria,

    acelerando o pegamento das mudas transplantadas de pimento e retendo

    umidade no solo. Os autores ainda ressaltam que o pimento, tolera certo

    nvel de sombreamento, que pode melhorar seu desenvolvimento vegetativo

    (Cesar et al., 2007). Santos et al. (2004), avaliando o desenvolvimento de

    plantas de pimenta malagueta em cultivo intercalar com adubos verdes

    perenes e anuais verificaram que as condies ambientais proporcionadas

    pelos consrcios pimentas/adubos verdes favoreceram o equilbrio do sistema,

    uma vez que no afetaram a produtividade da mesma e no foi necessrio

    aplicao de inseticidas e fungicidas durante o ciclo produtivo da pimenta.

    As anlises de varincias realizadas para o nmero de frutos e a

    produtividade das pimenteiras revelaram efeito significativo apenas na 3

    colheita (140 DAT). Observou-se efeito isolado das formas de conduo dos

  • 30

    adubos verdes, independente da espcie. O consrcio dos adubos verdes

    durante todo o ciclo das pimenteiras reduziu o n de frutos e a produtividade da

    mesma (Tabela 3). No houve diferena significativa entre os cortes dos

    adubos verdes realizados no florescimento e na frutificao das pimenteiras.

    As anlises de varincias para o nmero de frutos e produtividade das

    pimenteiras, realizadas para comparar a testemunha com os demais

    tratamentos revelaram efeitos significativos tambm apenas para a 3 colheita

    (140 DAT). Os contrastes entre as mdias dos cultivos consorciados versus a

    testemunha demonstraram que o nmero de frutos e a produtividade das

    pimenteiras foram semelhantes entre os cultivos consorciados e a testemunha;

    exceto para o tratamento feijo-de-porco mantido em consrcio ao longo de

    todo o ciclo da pimenta biquinho, esse reduziu o nmero de frutos (-234 frutos

    ha-1) e conseqentemente a produtividade (-122,97 Kg ha-1) em relao ao

    tratamento testemunha (Tabela 4). Provavelmente, como mencionado

    anteriormente devido competio por luz exercida pelas plantas de feijo-de-

    porco, visto que a espcie de adubo verde possui arquitetura de planta

    semelhante s das plantas de pimenta biquinho.

    A avaliao do estado nutricional das plantas de pimenta em todos os

    tratamentos realizado aos 75 DAT, ou seja, na florao das pimenteiras,

    anterior ao corte dos adubos verdes demonstrou que todos os macronutrientes

    exceto o Ca estavam em nveis satisfatrios quando comparados com os

    mencionados por Jones Jnior et al. (1991) para o gnero Capsicum annuum.

    O teor foliar de Ca foi considerado baixo em todos os tratamentos (Tabela 5).

    De acordo com Marcussi et al. (2004) o perodo de maior extrao de

    nutrientes em plantas de pimenta-doce ocorre entre 120 e 140 dias aps o

    transplantio, apenas 8% a 13% da quantidade total de nutrientes acumulados

    pelas plantas de pimenta aos 140 DAT so absorvidos at os 60 DAT. O que

    indica que mesmo anterior ao corte dos adubos verdes a quantidade de

    nutrientes disponvel no solo, adubao mineral ou orgnica, foram suficientes

    para atender as necessidades das plantas at aos 75 DAT.

    A anlise de varincia para os teores de nutrientes foliares da

    pimenteira aos 110 DAT revelou efeito significativo para o P e K. De acordo

  • 31

    com a tabela 6 verificou-se que a espcie crotalria-jncea, independente da

    forma de manejo proporcionou maiores teores de P e K nas folhas de pimenta.

    J a anlise de varincia realizada para comparar o tratamento testemunha

    com os demais revelou efeito significativo apenas para os nutrientes N e P. Os

    contrastes entre as mdias do tratamento testemunha (cultivo exclusivo de

    pimenta com adubao mineral) com o consrcio do feijo-de-porco, sem corte,

    com a pimenteira, revelaram uma reduo de 14,6 g kg-1 de nitrognio nas

    folhas de pimenta em comparao com tratamento testemunha (Tabela 7).

    Fato que indica uma possvel competio por nitrognio entre as plantas de

    pimenta e o adubo verde.

    CONCLUSO

    As espcies crotalria-jncea e feijo-de-porco conduzidos em

    consrcios com as plantas de pimenta biquinho, quando manejados at aos 75

    dias aps o transplantio da olercola, promoveram aumento na altura e no

    dimetro de copa das pimenteiras, e produtividade de frutos semelhante ao

    cultivo exclusivo da pimenteira com uso de adubao mineral. O feijo-de-

    porco conduzido durante todo o ciclo da pimenteira reduziu a produtividade de

    frutos, provavelmente pela competio estabelecida entre o adubo verde e a

    pimenteira.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ALVARENGA, RC; COSTA, LM da; MOURA FILHO, W; REGAZZI, AJ. 1995.

    Caractersticas de alguns adubos verdes de interesse para a conservao e

    recuperao de solos. Pesquisa Agropecuria Brasileira 30: 175-185.

    BAYER, C; MIELNICZUK, J. 2008. Dinmica e funo da matria orgnica. In:

    SANTOS, G de A; SILVA, LS da; CANELLAS, LP; CAMARGO, FAO (eds).

  • 32

    Fundamentos da matria orgnica do solo ecossistemas tropicais &

    subtropicais. Porto Alegre: Metrpole. p.7-16

    BUSO GSC; LOURENO RT; BIANCHETTI LB; LINS TCL; POZZOBON MT;

    AMARAL ZPS; FERREIRA ME. 2001. Espcies silvestres do gnero

    Capsicum coletadas na mata atlntica brasileira e sua relao gentica com

    espcies cultivadas de pimenta: uma primeira abordagem gentica utilizando

    marcadores moleculares. Braslia: Embrapa Recursos Genticos e

    Biotecnologia. 22p.

    CARVALHO, SIC. 2005. Subsdios a coleta de germoplasma de espcies de

    pimentas e pimentes do gnero Capsicun (Solanceas). In: WALTER, BMT;

    CAVALCANTI, TB (eds). Fundamentos para a coleta de germoplasma

    vegetal: teoria e prtica. Braslia: Embrapa Recursos Genticos e

    Biotecnologia. p. 355-385.

    CESAR, MNZ; RIBEIRO, RLD; PAULA, PD; POLIDORO, JC; MANERA, TC;

    GUERRA, JGM. 2007. Desempenho do pimento em cultivo orgnico,

    submetido ao desbaste e consrcio. Horticultura Brasileira 25: 322-326.

    FAVERO, C; JUCKSCH, I; ALVARENGA, RC; COSTA, LM. 2001. Modificaes

    na populao de plantas invasoras na presena de adubos verdes. Pesquisa

    Agropecuria Brasileira 36:1355-1362.

    GARCIA, AJV. El aji (Capsicum chinense Jacq.). 1991. Patrimnio cultural y filogentico de las culturas Amazonicas. Colombia Amazonica 5: 161-185.

    HAIJ, B van; CANTARELLA, H; QUAGGIO, JA; FURLANI, AMC (ed.). 1996.

    Recomendaes de adubao e calagem para o Estado de So Paulo.

    Campinas: IAC. 256p.

  • 33

    JONES JNIOR, JB; WOLF, B; MILLS, HA. 1991. Plant analysis handbook.

    Athens, Gergia: Micro-Macro. 213p.

    MALAVOLTA, E; VITTI, GC; OLIVEIRA, SA. 1989. Avaliao do estado

    nutricional de plantas, princpios e aplicaes. Piracicaba: POTAFOS. 210p.

    MARCUSSI, FFN; VILLAS BAS, RL; GODOY, LJG de; GOTO, R. 2004.

    Macronutrient accumulation and portioning in fertigated sweet pepper

    plants. Scientia Agrcola 61: 62-68.

    NASCIMENTO, WM; DIAS, DCFS; FREITAS, RA. 2006. Produo de

    sementes de pimenta. In: Cultivo da Pimenta. Informe Agropecurio 27: 30-

    39.

    REIFSCHNEIDER, FJB (Org). 2000. Capsicun: pimentos e pimentos no Brasil.

    Braslia: Embrapa Comunicao para Transferncia de

    Tecnologia/Embrapa Hortalias. 113p.

    RUFINO, JL; PENTEADO, DCS. 2006. Importncia econmica, perspectivas e

    potencialidades do mercado para pimenta In: Cultivo da Pimenta. Informe

    Agropecurio 27: 30-39.

    SANTOS, IC; MENDES, FF; LIMA, I da S; PINTO, CMF; SALGADO, LI. 2004.

    Desenvolvimento de plantas de pimenta malagueta e produtividade de frutos

    em cultivo intercalar com adubos verdes anuais e perenes. In: Congresso

    Brasileiro de Olericultura, 44. Campo Grande: Horticultura Brasileira,

    Campinas.

  • 34

    Tabela 1. Valores mdios do dimetro transversal das copas e altura das

    pimenteiras (Capsicum chinense) aos 140 dias aps o transplantio (DAT) em

    funo das espcies de adubos verdes e das formas de manejo do consrcio

    (Mean values of the transverse diameter of the canopy and height the pepper

    pout plants (Capsicum chinense) to 140 days after transplanting (DAT) as a

    function the green manure species and yours forms of management.) Araras,

    UFSCar, 2011.

    Mdias seguidas pelas mesmas letras, minscula na linha e maiscula na coluna, no diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade ( Means followed by same letters, lowercase and uppercase on the line in the column do not differ by Tukey test at 5% probability).

    Manejos Crotalria-jncea

    Feijo-de-porco

    Crotalria-jncea

    Feijo-de-porco

    Dimetro de copa Altura de planta -----------------------------------cm---------------------------------------- Sem corte 90,95 a A 78,05 ab B 32,82 a A 32,46 a A Corte aos 75 DAT

    83,46 a A 88,91 a A 30,45 a A 32,69 a A

    Corte aos 90 DAT

    89,39 a A 75,84 b B 32,86 a A 29, 77 a B

    CV (%) 7,41 5,72

  • 35

    Tabela 2. Estimativas dos contrastes entre as mdias dos cultivos

    consorciados e a testemunha, adubao mineral, para as variveis dimetro

    transversal das copas e alturas das pimenteiras (Capsicum chinense)

    (Estimates the contrasts between the means of intercropping crop and the

    control, with mineral fertilizer, for the variables - canopy diameter and heights

    of pepper pout plants (Capsicum chinense) Araras, UFSCar, 2011.

    Contrastes

    Dimetro de copa Altura de plantas

    90 DAT 140 DAT 90 DAT 140 DAT ------------------------------cm----------------------- C. juncea corte 75 DAT 24,70* 21,41* 4,35* 2,90*

    C. juncea corte 90 DAT 31,17* 27,34* 6,71* 4,73*

    C. juncea sem corte 31,94 * 28,89* 6,67* 5,09*

    F. de porco corte 75 DAT 29,78* 26,86* 6,55* 4,31*

    F. de porco corte 90 DAT 20,92* 13,79

    ns 3,62 ns 1,07 ns

    F. de porco sem corte 26,89* 15,99

    ns 6,31* 4,31*

    CV% 12,34 10,97 6,24 5,91 DAT- dia aps transplantio, (*) significativo de acordo com o teste de F a 5% de

    probabilidade, (ns) no significativo. (DAT days after transplanting, (*) significant in according to the F test at 5% probability (s) not significant).

  • 36

    Tabela 3. Valores mdios da produtividade e nmero de frutos de pimenta

    (Capsicum chinense) aos 140 dias aps transplantio (DAT) em funo das

    formas de manejo dos adubos verdes (Mean values of yield and number of

    fruits of pepper (Capsicum chinense) at 140 days after transplanting (DAT) as a

    function of the forms of management of green manure) Araras, UFSCar, 2011.

    Mdias seguidas pelas mesmas letras, na coluna, no diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ( Means followed by same letters in column do not differ by Tukey test at 5% probability.)

    Manejos Produtividade kg ha-1 N de frutos ha

    Corte aos 75 DAT 381,10 A 589 A

    Corte aos 90 DAT 297,00 A B 474 A B

    Sem corte 255,05 B 400 B

    CV % 23,14 23,04

  • 37

    Tabela 4. Estimativas dos contrastes entre os cultivos consorciados e a

    testemunha, adubao mineral, para as variveis produtividade e n de frutos

    de pimentas (Capsicum chinense) aos 140 dias aps o transplantio (DAT).

    (Estimates of contrasts among crops intercropping and control, mineral fertilizer,

    for the variables - productivity and number of fruits of pepper (Capsicum

    chinense) to 140 days after transplanting (DAT)). Araras, UFSCar, 2011.

    Valores negativos indicam produtividade e ou n de frutos inferior ao tratamento

    testemunha, (*) significativo de acordo com o teste de F a 5% de probabilidade, (ns) no significativo. (Negative values indicate yield and/or number of fruit lower than the control treatment (*) is significant mean according to the F test at 5% probability (s) not significant.)

    Contrastes

    Produtividade

    N de frutos

    kg ha-1 ha C. juncea corte 75 DAT 74,33

    ns 64 ns

    C. juncea corte 90 DAT -38,67

    ns -93 ns

    C. juncea sem corte -15,46 ns -49 ns F. de porco corte 75 DAT 39,33

    ns 29 ns

    F. de porco corte 90 DAT 15,89

    ns -42 ns

    F. de porco sem corte -122,97 * -234*

    CV (%) 22,24 22,74

  • 38

    Tabela 5: Valores mdios dos teores foliares de macronutrientes em Capsicum

    chinense aos 75 dias aps o transplantio (Mean values of foliar nutrients in

    Capsicum chinense, 75 days after transplanting) Araras, UFSCar, 2011.

    Consrcios N P K Ca Mg ----------- g kg-1 -------------- Crotalria-jncea 36,0 30,0 36,1 5,8 3,7 Feijo-de-porco

    35,8

    31,0

    37,7

    5,5

    3,6

    Testemunha

    37,0

    32,0

    38,3

    5,0

    3,6

    Valores de referncia 35,0 22,0 35,0 13,0 3,0 Valores de referncia para os teores de nutrientes foliares citados Jones Jnior, et

    al.(1991). ( values for the levels of foliar nutrients cited Jones, Jr., et al. (1991))

  • 39

    Tabela 6: Valores mdios dos teores foliares de P e K em Capsicum chinense

    aos 110 dias aps transplantio em funo das espcies de adubos

    verdes (Average values of the contents of P and K in Capsicum

    chinense to 110 days after transplanting, in depending on the

    species of green manure) Araras, UFSCar, 2011.

    Adubos verdes P K ------------------g kg-1---------------- Crotalria-jncea 30,0 A 34,0 A Feijo-de-porco 26,0 B 31,0 B CV(%) 11,0 9,2 Mdias seguidas pelas mesmas letras, na coluna, no diferem entre si pelo teste de F a 5 % de probabilidade. ( Means followed by same letters in column do not differ by F test at 5% probability.)

  • 40

    Tabela 7: Estimativas dos contrastes entre os cultivos consorciados e a

    testemunha, adubao mineral para os teores foliares de N e P de Capsicum

    chinense,