caracterizaÇÃo e avaliaÇÃo de genÓtipos de pimenta-de-cheiro ( capsicum chinense jacq.)

Upload: silfran

Post on 02-Mar-2016

132 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

    FACULDADE DE CINCIAS AGRRIAS

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM AGRONOMIA

    TROPICAL

    CARACTERIZAO E AVALIAO DE GENTIPOS DE

    PIMENTA-DE-CHEIRO (Capsicum chinense Jacq.)

    SILFRAN ROGRIO MARIALVA ALVES

    MANAUS

    2009

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

    FACULDADE DE CINCIAS AGRRIAS

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM AGRONOMIA

    TROPICAL

    SILFRAN ROGRIO MARIALVA ALVES

    CARACTERIZAO E AVALIAO DE GENTIPOS DE

    PIMENTA-DE-CHEIRO (Capsicum chinense Jacq.)

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-

    Graduao em Agronomia Tropical da

    Universidade Federal do Amazonas, como

    requisito parcial para a obteno do ttulo de

    Mestre em Agronomia, rea de concentrao

    Produo Vegetal.

    Orientador: Dr. Ricardo Lopes

    Co-Orientador: Dr. Raimundo Nonato Vieira da Cunha

    MANAUS

    2009

  • Catalogao Biblioteca Central da Universidade Federal do Amazonas

    A474c Alves, Silfran Rogrio Marialva.

    Caracterizao de gentipos de pimenta-de-cheiro (Capsicum chinese Jaq.) / Silfran Rogrio Marialva Alves.-- Manaus: UFAM, 2009. 74f. : il.; color 30 cm. Orientador : Prof. Dr.Ricardo Lopes .

    Dissertao (Agronomia Tropical) Universidade Federal Do Amazonas.

    1Agronomia Produo vegetal. 2. Pimenta -de -cheiro. I. Ttulo

    CDU 633.843(043.3) CDD 633.84

  • SILFRAN ROGRIO MARIALVA ALVES

    CARACTERIZAO E AVALIAO DE GENTIPOS DE

    PIMENTA-DE-CHEIRO (Capsicum chinense Jacq.)

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-

    Graduao em Agronomia Tropical da

    Universidade Federal do Amazonas, como

    requisito parcial para a obteno do ttulo de

    Mestre em Agronomia, rea de concentrao

    Produo Vegetal.

    Aprovado em 04 de Junho de 2009

    BANCA EXAMINADORA

  • A minha me Izabete Marialva

    e aos meus irmos pelo estmulo,

    apoio e compreenso

    Ofereo

    A minha companheira

    Lucifrancy Costa e a minha filha

    Izabelle que, com amor e pacincia,

    foram fundamentais no decorrer do

    trabalho.

    Dedico

  • AGRADECIMENTOS

    Primeiramente a Deus pelo Dom da vida;

    Ao meu orientador, Dr. Ricardo Lopes, pelo apoio e dedicao para o sucesso deste

    trabalho;

    A minha me Izabete, aos meus irmos Sidney, Saulo, Savio e Joo Batista (JB);

    meus sobrinhos e tios, em especial aos tios Mateus e Helida pelo carinho e auxlio

    nas horas difceis;

    A Lucifrancy Vilagelim Costa pelo amor, apoio e companheirismo e tambm pela

    minha filha linda Izabelle;

    Aos professores do Curso de Ps-graduao em Agronomia Tropical da

    Universidade Federal do Amazonas;

    A todos os colegas do Curso de Ps-graduao em Agronomia Tropical;

    Aos amigos Daniel Azevedo, Janurio Macedo, Rosibel Rodrigues e Erica Sousa,

    em especial a Liliane Oliveira, que foi pea fundamental para o desenvolvimento

    desse trabalho;

    Aos tcnicos do laboratrio de dend da Embrapa Amaznia Ocidental pela ajuda;

    Universidade Federal do Amazonas (UFAM) pela oportunidade de obter nvel de

    Ps-graduao na Amaznia;

    Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq) pela

    concesso da bolsa;

    Embrapa Amaznia Ocidenta,l na pessoa do gerente do Escritrio de Negcios da

    Amaznia, Rosildo Simplicio da Costa pelo apoio recebido.

    AGRADEO

  • v

    RESUMO

    As pimentas do gnero Capsicum so consumidas em todo o Brasil por diferentes

    classes sociais e de variadas formas. Apesar de o pas ser importante centro de

    diversidade gentica de Capsicum, esta ainda pouco estudada e tem sido pouco

    explorada nos programas de melhoramento. Essa afirmativa vlida tambm para a

    espcie Capsicum chinense Jacq., a qual pertence o grupo das pimentas-de-cheiro,

    que tem como principal centro de diversidade a Bacia Amaznica. Essa ampla

    variabilidade tem resultado em baixa produtividade dos plantios comerciais de

    pimenta-de-cheiro, pois como no existem cultivares e as sementes utilizadas para o

    plantio so obtidas de frutos sem origem gentica definida, verifica-se grande

    segregao para as caractersticas de fruto que definem o preo de venda. Este

    estudo teve como objetivo caracterizar e avaliar gentipos de pimenta-de-cheiro

    para serem utilizados no desenvolvimento de cultivares. O experimento foi

    conduzido na Embrapa Amaznia Ocidental em Manaus/AM. Foram avaliados 23

    gentipos, oriundos de diferentes locais da amaznia, empregando o delineamento

    experimental blocos ao acaso com trs repeties e seis plantas por parcela. Na

    caracterizao, foram analisados 21 descritores morfolgicos definidos pelo

    International Plant Genetic Resources Institute (IPGRI) para o gnero Capsicum,

    incluindo caractersticas de flores e frutos. Na avaliao foram realizadas colheitas

    semanais e registrada a produo; peso (PF) e nmero (NF) por planta, e a

    qualidade dos frutos; peso mdio (PMF), comprimento (CF), dimetro (DF) e relao

    comprimento/dimetro (RCD) de frutos produzidos por planta. Inicialmente foi

    determinado o tamanho adequado de amostra para avaliao das caractersticas de

    fruto utilizando simulao com reamostragem de amostras originais. Os dados da

    caracterizao foram utilizados na anlise de similaridade gentica entre os

  • vi

    gentipos usando o coeficiente de similaridade geral de Gower. Os gentipos foram

    agrupados pelo mtodo hierrquico das mdias das distncias (UPGMA -

    Unweighted Pair-Group Method Using an Arithmetic Average) e a representao

    grfica da similaridade entre eles realizada pelo mtodo da Anlise de Coordenadas

    Principais (PCO). O clculo da similaridade e a anlise de agrupamento foram

    realizados no programa computacional Multi-Variate Statistical Packge (MVSP

    v.3.13p). Os dados de produo foram submetidos ANOVA e testes de mdias

    utilizando o Aplicativo Computacional em Gentica e Estatstica GENES. Dos 21

    descritores avaliados apenas tamanho de semente no apresentou variao. Foram

    observadas cinco cores de frutos imaturos e sete no estdio maduro, quatro formas

    de fruto e grande variao no tamanho e peso dos frutos. O coeficiente de

    similaridade variou de 0,54 a 0,93. Verificou-se efeito significativo de gentipos para

    todas as caractersticas analisadas e diferenas significativas entre as mdias. Foi

    determinado que amostras de 25 frutos so adequadas para avaliao de

    caractersticas de fruto de gentipos de pimenta-de-cheiro. Verificou-se que no

    existem gentipos similares entre o material avaliado, sendo importante para

    preservao da variabilidade gentica a manuteno desse germoplasma. Os

    gentipos avaliados apresentam alta variabilidade gentica para produo e

    caracterstica de fruto de interesse comercial, o que dever possibilitar o

    desenvolvimento de cultivares com alta rentabilidade para o produtor.

    recomendada a autofecundao e recombinao no delineamento gentico dialelo

    parcial dos gentipos GUA-I, MPR-III, MPR-V, ORX-II e SGC-XI.

    Palavras chave: Diversidade gentica, tamanho da amostra, germoplasma e

    caracterstica de fruto.

  • vii

    CHARACTERIZATION AND EVALUATION OF PIMENTA-DE-CHEIRO

    (Capsicum chinense Jacq.) GENOTYPES.

    ABSTRACT

    The peppers of the genus Capsicum are consumed in all Brazil by different social

    classes in several ways. Although the country is an important centre of genetic

    diversity of Capsicum, this one is still few studied, and it has been few explored in

    breeding programs. This afirmation is true also to the specie Capsicum chinense

    Jacq., that belongs to the pimentas-de-cheiro group, wich has as main center of

    diversity the Amazon Basin. This large variability has resulted in low productivity of

    pimenta-de-cheiro comercial planting, for as there are not cultivars and the seeds

    used in the planting are obtained of fruits without defined genetic origin. It is verified

    high segregation on the fruit characteristics that define the sale price. This study

    objected to characterize and verify genotypes of pimenta-de-cheiro in order to be

    used in cultivars development. The experiment was conduzed at Embrapa Amaznia

    Ocidental in Manaus/AM. Twenty-three (23) genotypes origined from different places

    of the Amazon were evaluated in randomized blocks design with three replicates

    containing six plants per plot. In the characterization, 21 morphological descriptors

    recomended by the International Plant Genetic Resources Institute (IPGRI) to the

    Capsicum genus were evaluated, includding the flowers and fruits characteristics. In

    the evaluation, weekly harvests were done and the fruit production was registered;

    weight (FW) and number (FN) per plant, and the fruit quality; average weight (FAW),

    length (FL), diameter (FD) and FL/FD (RLD). Inicially, it was determined the

    adequate size of the sample in order to evaluate the fruit characteristics using

    simulation with resampling (bootstrap) of original samples. The dates of the

  • viii

    characterization were used in the genetic similarity analysis among the genotypes

    using the general similarity coefficient of Gower. The genotypes were grouped by the

    Unweighted Pair-Group Method Using an Arithmetic Average (UPGMA) and the

    graphic representation of similarity among them was done by Principal Coordinates

    Analysis (PCO). The calculation of similarity and the grouping analyzes were done in

    the Software Multi-Variate Statistical Packge (MVSP v.3.13p). The datas of

    production were submitted to ANOVA and averages tests using the Software for

    Experimental Statistics in Genetics (GENES). From the 21 descriptors analyzed, only

    seed size did not present variation. Five fruit colours at intermediat stage were

    observed and seven on the mature stage, four fruit shape and large variation on fruti

    length and weight. The coefficient of similarity varied from 0,54 to 0,93. It was verified

    significative effect of genotypes to all characteristics analysed and significative

    differences among the averages. It was determined that samples of 25 fruits are

    adequates to evaluation of characteristics of pimenta-de-cheiro genotypes fruits. It

    was verified that there are not similar genotypes among the genotypes analized,

    being important to preservation of genetic variability and germplasm manteinance.

    The genotypes evaluated present high genetic variability to production and fruit

    commercial characteristics, it might possibilitate cultivars development with high

    profitability to the producers. It is recommended the self-fecundation and

    recombination on the genetic design partial diallel of the genotypes GUA-I, MPR-III,

    MPR-V, ORX-II and SGC-XI.

    Key words: Genetic diversity, size sample, germoplasm and fruits characteristics

  • SUMRIO

    RESUMO ..................................................................................................................... v

    ABSTRACT ............................................................................................................... vii

    1. INTRODUO ..................................................................................................... 14

    2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 17

    3. REVISO DE LITERATURA ................................................................................ 18

    3.1 O Gnero Capsicum ........................................................................................... 18

    3.2 Origem e Domesticao ..................................................................................... 20

    3.3 Recursos genticos ............................................................................................ 23

    3.4 Tamanho amostral .............................................................................................. 26

    3.5 Caracterizao morfolgica de Capsicum chinense Jacq. ................................. 28

    3.6 Importncia Econmica ...................................................................................... 30

    4. MATERIAL E MTODOS ..................................................................................... 35

    4.1 Localizao do experimento ............................................................................... 35

    4.2 Gentipos ........................................................................................................... 35

    4.3 Delineamento Experimental ................................................................................ 36

    4.4 Plantio e manejo ................................................................................................. 39

    4.5 Tamanho da amostra .......................................................................................... 42

    4.6 Caracterizao morfolgica dos gentipos ......................................................... 43

    4.7 Avaliaes da produo e qualidade de frutos ................................................... 46

    4.8 Variabilidade gentica ........................................................................................ 46

    5. RESULTADOS E DISCUSSO ........................................................................... 49

    5.1 Tamanho da amostra .......................................................................................... 49

    5.2 Caracterizao dos gentipos ............................................................................ 52

    5.3 Produo e qualidade de frutos .......................................................................... 65

    6. CONCLUSES .................................................................................................... 72

    REFERNCIAS ........................................................................................................ 73

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1. Identificao da origem dos 23 gentipos de Capsicum chinense Jacq.

    avaliados e caracterizados. Embrapa Amaznia Ocidental, Manaus (AM), 2009. ... 36

    Tabela 2. Tamanho mnimo de amostra com representao semelhante a amostra

    de 40 frutos para avaliao das caractersticas de frutos de trs gentipos de

    pimenta-de-cheiro. Embrapa Amaznia Ocidental, Manaus (AM), 2009. ................. 49

    Tabela 3. Valores dos descritores morfolgicos de 23 gentipos de pimenta-de-

    cheiro. Embrapa Amaznia Ocidental, Manaus (AM), 2009. .................................... 54

    Tabela 4. Freqncias de classes e valores das caractersticas de fruto observados

    em 23 gentipos de pimenta-de-cheiro. Embrapa Amaznia Ocidental, Manaus

    (AM), 2009. ............................................................................................................... 57

    Tabela 5. Valores do coeficiente de similaridade geral de Gower entre 23 gentipos

    de pimenta-de-cheiro. Embrapa Amaznia Ocidental, Manaus (AM), 2009. ............ 59

    Tabela 6. Resumo das anlises de varincia das caractersticas peso total de frutos

    por planta (PTF), nmero de frutos por planta (NF), peso mdio de frutos (PMF),

    comprimento de fruto (CF), dimetro de fruto (DF), relao comprimento dimetro de

    fruto (RCDF), espessura da polpa (EP) e tamanho da semente (TS) avaliadas em 23

    gentipos de pimenta-de-cheiro. .............................................................................. 66

    Tabela 7. Mdias (*) das caractersticas peso total de frutos por planta (PTF),

    nmero de frutos por planta (NF), peso mdio de frutos (PMF), comprimento de fruto

    (CF), dimetro de fruto (DF), relao comprimento dimetro de fruto (RCDF),

    espessura do fruto (EP) e tamanho de semente (TS) avaliadas em 23 gentipos de

    pimenta-de-cheiro. .................................................................................................... 70

  • Tabela 8. Correlaes genticas das caractersticas peso total de frutos por planta

    (PTF), nmero de frutos por planta (NF), peso mdio de frutos (PMF), comprimento

    de fruto (CF), dimetro de fruto (DF), relao comprimento dimetro de fruto (RCDF),

    espessura da polpa (EP) e tamanho da semente (TS), avaliadas em 23 gentipos de

    pimenta-de-cheiro. .................................................................................................... 71

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1. Proteo floral de botes dos gentipos de Capsicum chinense Jacq. para

    obteno de sementes de autofecundao. Embrapa Amaznia Ocidental, Manaus

    (AM), 2009. ............................................................................................................... 37

    Figura 2. Frutos dos gentipos da coleo de Capsicum chinense Jacq. Embrapa

    Amaznia Ocidental, Manaus (AM), 2009. ............................................................... 38

    Figura 3. Semeio de Capsicum chinense Jacq. em tubetes de PVC preenchidos com

    substrato comercial Plantimax HT. ......................................................................... 39

    Figura 4. Preparo da rea de plantio (calagem) e mudas prontas para irem a campo.

    ................................................................................................................................. 40

    Figura 5. rea experimental onde foram avaliados os 23 gentipos de Capsicum

    chinense Jacq. Embrapa Amaznia Ocidental, Manaus (AM), 2009. ....................... 41

    Figura 6. Colheita semanal de frutos dos 23 gentipos de Capsicum chinense Jacq.

    Embrapa Amaznia Ocidental, Manaus (AM), 2009. ................................................ 41

    Figura 7. Paqumetro digital de preciso, modelo Stainless Hardened e balana de

    preciso Bioprecisa modelo JH2102, 2100g. ........................................................... 43

    Figura 8. Grficos de representao das mdias das caracteristicas: Comprimento

    de fruto (CF), dimetro de fruto (DF), peso do fruto (PF), nmero de sementes (NS) e

    peso de sementes (PS) dos trs gentipos. ............................................................. 51

  • Figura 9. Agrupamento hierrquico pelo mtodo UPGMA dos 23 gentipos de

    pimenta-de-cheiro. Embrapa Amaznia Ocidental, Manaus (AM), 2009. ................. 62

    Figura 10. Disperso grfica de 23 gentipos de pimenta-de-cheiro (Capsicum

    chinense Jacq.) obtida pelo mtodo de anlise das Coordenadas Principais (PCO)

    nos dois primeiros eixos. Embrapa Amaznia Ocidental, Manaus (AM), 2009. ....... 64

  • 14

    1. INTRODUO

    O gnero Capsicum, pertencente famlia Solanaceae, tribo Solaneae,

    subtribo Solaninae inclui aproximadamente 20 a 25 espcies e compreende as

    pimentas e pimentes cultivados e seus parentes silvestres, sendo ambos

    originrios do continente americano (BUSO et al., 2001). Dentre essas espcies

    encontra-se Capsicum chinense Jacq., a qual pertence o grupo das pimentas-de-

    cheiro, muito apreciadas no Brasil, principalmente na regio Norte.

    Pimentas do gnero Capsicum vm sendo utilizadas de diferentes formas por

    muitas culturas humanas ao redor do mundo. No Brasil encontrada ampla

    variabilidade desse gnero, mas so poucas as iniciativas voltadas para a

    explorao das espcies silvestres e semi-domesticadas. De acordo com Pickersgill

    (1997) tambm a diversidade disponvel dentre as espcies domesticadas tem sido

    pouco explorada no melhoramento do gnero Capsicum.

    A espcie Capsicum chinense tem como principal centro de diversidade a

    Bacia Amaznica, sendo considerada a mais brasileira entre as espcies

    domesticadas (REIFSCHNEIDER, 2000), e com ampla variabilidade gentica,

    principalmente para caractersticas de fruto. No existem cultivares melhoradas de

    pimenta-de-cheiro e as sementes utilizadas para o plantio so obtidas de frutos sem

    origem gentica definida, sendo verificado nos plantios grande segregaco para as

    caractersticas comerciais como tamanho, forma e cor do fruto, resultando em baixo

    preo de mercado.

    Na Amaznia, o cultivo de pimentas do gnero Capsicum uma importante

    fonte de gerao de renda para pequenos produtores (REIFSCHNEIDER, 2000).

  • 15

    Barbosa et al. (2002), afirmam que embora o sistema regional de manejo possa ser

    considerado deficiente, do ponto de vista de comercializao interna e externa, o

    cultivo de pimentas do gnero Capsicum pode ser uma importante fonte alternativa

    de gerao de renda para os agricultores locais.

    Os seus frutos podem ser consumidos na forma in natura ou processados

    como condimentos, conservas, corantes, na composio de remdios e indstria

    blica (spray de pimenta). A principal caracterstica do fruto de pimenta a

    pungncia, conferida por substncias alcalides denominadas capsaicinoides. Existe

    mercado tanto para frutos com alta pungncia (pimentas picantes e pomadas base

    de capsaicina) como frutos sem pungncia (pimentes e pimentas doces para

    consumo in natura e corantes).

    No Amazonas os produtores tm encontrado srias dificuldades no processo

    produtivo principalmente as relacionadas escolha do material de plantio. Existem

    vrios caracteres importantes para a seleo de pimentas, que podem variar

    dependendo do mercado a que se destinam. Dentre esses fatores possvel

    destacar a produtividade, o tamanho, peso dos frutos, cor do fruto e espessura da

    polpa.

    Apesar do Brasil ser importante centro de diversidade gentica de Capsicum,

    existem poucos estudos realizados sobre a variabilidade gentica do gnero. Para

    que esses recursos genticos sejam efetivamente utilizados como fonte de genes de

    interesse para o melhoramento gentico fundamental a sua adequada

    caracterizao, avaliao e documentao, bem como, so necessrios estudos que

    elucidem a base gentica do carter a ser melhorado para que sejam adotadas

    estratgias eficientes pelos programas de melhoramento gentico.

  • 16

    Uma coleo de gentipos de pimenta-de-cheiro no-pungentes de diferentes

    origens foi estabelecida na Embrapa Amaznia Ocidental visando formao de uma

    populao base para obteno de cultivares. Os gentipos passaram por uma

    seleo preliminar para eliminao daqueles que apresentavam pungncia, visto

    que o objetivo o desenvolvimento de cultivares no pungentes. Aps essa seleo

    preliminar, a primeira etapa compreende a caracterizao, avaliao e

    documentao desses gentipos, de acordo com metodologias estabelecidas para o

    gnero Capsicum. Aps a primeira etapa, foram selecionados os gentipos

    superiores e que apresentaram divergncia gentica para cruzamentos seguindo

    delineamentos genticos, como cruzamentos diallicos, que permitam estabelecer

    uma populao base e conhecer o controle gentico das caractersticas de

    interesse. Finalmente, deve-se ento definir a estratgia de melhoramento gentico

    e conduzir a populao segregante at a obteno das cultivares.

    Neste estudo foi realizada a caracterizao, avaliao e documentao de 23

    gentipos da coleo de pimentas-de-cheiro da Embrapa Amaznia Ocidental e

    foram selecionados cinco gentipos para recombinao e formao da populao

    base.

  • 17

    2. OBJETIVOS

    Caracterizar e avaliar gentipos de pimenta-de-cheiro, bem como analisar a

    diversidade gentica dos mesmos a partir de mtodos multivariados.

    Recomendar gentipos para obteno de populao base, visando ao

    desenvolvimento de cultivares de pimenta-de-cheiro com alta produtividade e

    qualidade de frutos.

  • 18

    3. REVISO DE LITERATURA

    3.1 O Gnero Capsicum

    O gnero Capsicum pertencente famlia Solanaceae, tribo Solaneae,

    subtribo Solaninae, possui entre 20 a 25 espcies, todas originadas do continente

    americano (CARVALHO, 2003). O nmero de espcies mencionado varia entre os

    autores, principalmente no que tange s no domesticadas visto que acredita-se que

    ainda existam espcies selvagens no descritas, porm, todos concordam com a

    existncia de cinco espcies domesticadas: Capsicum annuum var. annum

    (pimento), Capsicum baccatum var pendulum (Wild) (pimenta dedo-de-moa),

    Capsicum chinense Jacq. (pimenta-de-cheiro), Capsicum frutescens L. (pimenta

    malagueta) e Capsicum pubescens (BUSO et al., 2003).

    O nome cientfico Capsicum deriva do grego kapso (picar) e a palavra

    pimenta derivada do latim pigmenta, plural de pigmentum, corante (NUEZ et al.,

    1996). As espcies de Capsicum apresentam ampla variabilidade quanto aos seus

    principais caracteres morfolgicos, como formato, tamanho, cor e posio de flores e

    frutos, nmero de pedicelo por n e folhas, o que condiciona ampla diversidade de

    tipos. A distino entre as diferentes espcies tem sido feita considerando-se vrias

    caractersticas morfolgicas, bioqumicas e citolgicas, em conjunto (McLEOD et al.,

    1982).

    As espcies domesticadas do gnero Capsicum so, preferencialmente,

    autgamas com uma taxa de alogamia que pode variar de 3 a 46%, dependendo da

    morfologia floral, da cultivar e da presena e nmero de insetos polinizadores

    (SACCARDO, 1992).

  • 19

    Uma das principais caractersticas do gnero Capsicum a pungncia,

    produzida por um conjunto de substncias alcalides, denominadas capsaicinides.

    Esses ocorrem apenas no gnero Capsicum e so produzidos em glndulas

    presentes nas placentas dos frutos. Dos aproximadamente 14 capsaicinides

    existentes, os que ocorrem em maior quantidade so a capsaicina, a

    dihidrocapsaicina e a nordihidrocapsaicina (BOSLAND, 1993). Tais alcalides

    acumulam-se na superfcie da placenta (tecido localizado na parte interna do fruto) e

    so liberados quando o fruto sofre qualquer dano fsico. O teor de capsainide

    avaliado pela escala de unidades de Calor Scovile (em ingls, Scoville Heat Units -

    SHU), por meio de aparelhos especficos onde o valor SHU varia de zero (pimentas

    doces) a 300.000 (pimentas picantes) (PICKERSGILL, 1991).

    A espcie Capsicum chinense tambm apresenta alta variabilidade e tem

    como caractersticas morfolgicas as flores que se apresentam em nmero de duas

    a cinco por n (raramente solitrias). Na antese, os pedicelos so geralmente

    inclinados ou pendentes, porm, podem se apresentar eretos. Apresenta duas ou

    mais flores em cada n, a corola branca esverdeada sem manchas (raramente

    branca ou com manchas prpuras) difusas na base das ptalas e com lobos planos

    (que no se dobram) possui uma constituio marcante na base do clice em

    formato de sino (SILVA; SOUZA, 2005). As anteras so geralmente azuis, roxas ou

    violetas. Os clices dos frutos maduros so pouco dentados e, tipicamente,

    apresentam uma constrio anelar na juno com o pedicelo.

    Os frutos so de vrias cores e formas, geralmente pendentes, persistentes,

    com polpa firme; as sementes so cores de palha. Na espcie C. chinense so

    encontrados em tom amarelo leitoso, amarelo-claro, amarelo-forte, alaranjado,

    salmo, vermelho e at preto e predomina no nordeste, norte e centro-oeste do

  • 20

    Brasil. Na realidade, pode ser considerada um grupo em razo da expressiva e bela

    variabilidade no formato e cor dos frutos.

    De maneira geral, esta hortalia apresenta flores hermafroditas e como

    sistema de reproduo a autofecundao, sendo, portanto, autocompatvel. Porm,

    os nveis de polinizao cruzada variam entre e dentro das espcies. Costa (2007),

    encontrou taxa de hibridao que variou de 8,9 a 40%. Na ndia, foi observado at

    68% de polinizaes cruzadas o que possibilita coloc-las no grupo intermedirio

    entre algamas e autgamas. Na polinizao cruzada em condies amaznicas

    Costa et al. (2008), obteveram taxas de cruzamento que variaram de 3,3 a 63,4%

    para Capsicum chinense. O elevado grau de polinizaes cruzadas se deve

    presena de nmerosos insetos polinizadores e ao fato das anteras permanecerem

    deiscentes durante dois a trs dias aps a abertura da flor mas, antes da deiscncia,

    o estigma j receptivo ao plen de outras plantas (BREESE, 1989).

    Nas espcies domesticadas, o estigma se encontra no mesmo nvel das

    anteras aumentando a possibilidade de autopolinizao, enquanto que nas espcies

    selvagens o estigma est acima das anteras facilitando a fecundao cruzada

    (CASALI; COUTO, 1986). A auto-incompatibilidade observada neste gnero est

    restrita apenas algumas espcies ou exemplares centralizadas na Bolvia e reas

    adjacentes e do tipo gametoftica (PICKERSGILL, 1991).

    3.2 Origem e Domesticao

    Os registros mais antigos do consumo de pimentas datam de

    aproximadamente 9 mil anos, resultado de exploraes arqueolgicas em Tehuacn,

    Mxico. Outros stios arqueolgicos pr-histricos (2.500 a.C.) so conhecidos no

  • 21

    Peru, nas localidades de Ancon e Huaca Prieta. Evidncias arqueolgicas

    encontradas no Mxico e Peru indicam a utilizao de espcies deste gnero pelas

    civilizaes antigas de 5.000 anos a.C. e 7.000 anos a.C. Estas espcies foram

    levadas para o Velho Mundo pelos primeiros exploradores, sendo introduzidas na

    Espanha por Cristvo Colombo, em 1493 (ANDREWS, 1984).

    Ampla distribuio do gnero Capsicum ocorreu da Regio Mediterrnea para

    a Inglaterra em 1548 e para a Europa Central, onde tiveram uma aceitao imediata.

    Em 1585, os portugueses levaram variedades de Capsicum do Brasil para as ndias,

    onde foram prontamente adotadas, sendo que o cultivo dessas espcies foi

    registrado, posteriormente na China, no ano de 1.700. Aps sua introduo na

    Europa, o gnero foi disperso por vrias partes do mundo, incluindo a Amrica do

    Norte (ANDREWS, 1984).

    O cultivo de pimentas era uma caracterstica de tribos indgenas brasileiras

    quando do descobrimento do Brasil. A variabilidade de Capsicum chinense

    bastante grande, especialmente na bacia amaznica na regio norte do Brasil

    (BRETO, 1993 citado por BLAT et al., 2006). Com a imensa variabilidade de

    pimentas nativas, certamente pode-se supor que diversas tribos cultivavam e

    colhiam pimentas; e o plantio de pimenta por tribos indgenas continua at hoje,

    como entre os ndios mundurucus, da bacia do rio Tapajs (EMBRAPA, 2003).

    As pimentas foram, provavelmente, os primeiros temperos utilizados pelos

    ndios para dar cor, aroma e sabor aos alimentos. Alm de tornar carnes e cereais

    mais atraentes, as pimentas tinham outras funes importantes, pois ajudavam a

    conservar os alimentos protegendo-os da ao de fungos e bactrias. Com a

    chegada dos portugueses e espanhis Amrica e ao Brasil apartir do sculo XV,

    as pimentas e pimentes foram disseminados pelo mundo e hoje fazem parte da

  • 22

    culinria tpica de vrios pases. Alm de atuarem como conservantes so ricos em

    vitamina C, antioxidantes e outras substncias benficas ao organismo, prevenindo

    algumas doenas (REIFSCHNEIDER, 2000). Segundo Ribeiro et al. (2004), a

    pimenta comumente usada como remdio no combate a artrites, dores

    musculares, dor de dente, m digesto, dor de cabea e gastrite na medicina

    natural.

    O melhoramento de espcies de Capsicum comeou desde sua

    domesticao por indgenas das Amricas e a diversificao desse grupo aumentou

    pela introduo de raas crioulas e de seleo natural pelas comunidades. O gnero

    Capsicum vem sofrendo intensa degradao pela presso antrpica no decorrer das

    ltimas dcadas.

    Vrias mudanas ocorreram nas espcies de Capsicum em funo da

    domesticao. Pimentas e pimentes selvagens apresentam frutos pequenos,

    eretos, vermelhos, pungentes e decduos. Suas sementes so dispersas por

    pssaros que so atrados pela cor dos frutos expostos. Sob cultivo, uma das

    primeiras mudanas ocorridas foi a perda do mecanismo de disperso. Uma vez que

    o homem plantou as sementes, ele selecionou, consciente ou inconscientemente,

    para frutos no decduos, que permanecem nas plantas at serem colhidos. Alm

    disso, o carter fruto decduo dominante e fcil de ser eliminado por seleo. A

    posio do fruto mudou de ereto para pendente, talvez como conseqncia do

    aumento no tamanho e peso dos frutos nas formas cultivadas, ou para proteger as

    plantas contra danos por pssaros, uma vez que frutos pendentes se escondem

    mais facilmente na folhagem (PICKERSGILL, 1969, 1971).

    O tamanho, a forma e a cor dos frutos variaram bastante sob seleo humana

    levando generalizao de que, a variabilidade maior, na parte da planta que

  • 23

    economicamente importante. Frutos vermelhos, laranja, amarelo e marrom se

    desenvolveram independentemente em todas as formas cultivadas, assim como

    variadas formas. Outro efeito da domesticao foi o aumento da autopolinizao

    (PICKERSGILL, 1971).

    3.3 Recursos genticos

    Os recursos genticos envolvem a variabilidade de espcies de plantas,

    animais e microorganismos integrantes da biodiversidade, de interesse

    socioeconmico atual ou potencial para utilizao em programas de melhoramento

    gentico, biotecnologia e reas afins (NASS et al., 2001), Tais recursos apresentam

    um valor inestimvel sendo considerados como reservatrio gentico. Sendo assim,

    o principal objetivo da conservao de recursos genticos relacionados s plantas

    cultivadas o resgate e manuteno da diversidade gentica existente, para o uso

    no melhoramento gentico (BREESE, 1989).

    De acordo com Pickersgill (1997) os recursos genticos de Capsicum spp.,

    so pouco explorados mediante a ampla diversidade disponvel nas espcies

    domesticadas.

    No Brasil, apesar do uso comum, algumas espcies de Capsicum so

    desconhecidas ou ainda no caracterizadas morfolgica e agronomicamente, o que,

    segundo BIANCHETTI (1996) representa um material gentico que pode

    potencialmente ser empregado em programas de melhoramento, sendo fundamental

    o conhecimento e a organizao do banco de germoplasma para que haja maior uso

    dos gentipos disponveis.

  • 24

    A diferena entre a pimenta e o pimento de natureza gentica. A presena

    de capsaicina, que confere pungncia s pimentas controlada por um gene

    dominante. Esta substncia acumulada pela planta no tecido de superfcie da

    placenta, e liberada pelo dano fsico as clulas quando se extraem as sementes ou

    corta-se o fruto para qualquer fim (CASALI; SOUZA, 1984 citados por SANTOS,

    2001).

    A maioria das cultivares registradas de pimentas plantadas no Brasil como a

    Malagueta (C. frutescens), Dedo-de-Moa (C. baccatum), Cumari (C. baccatum

    var. praetermissum) e Cumari do Par (C. chinense) tem caractersticas de frutos

    bem definidas. Normalmente, o produtor produz sua prpria semente, e as

    diferenas existentes dentro destes grupos esto relacionadas s diferentes fontes

    de sementes utilizadas para o cultivo. Para a especie C. chinense, existiam at 24

    de abril de 2009 onze cultivares registradas no servio nacional de proteo de

    cultivares (MAPA, 2009): Biquinho, BRS Moema, Caribean Red Habanero, Caribean

    Yellow Habanero, Cumari do Par, Murupi, Piozinho, TSA, TSHC, TSP, TSV. No

    existe, portanto, ainda nenhum registro de cultivar de pimenta-de-cheiro. Cabe

    ressaltar que alguns registros so realizados em nvel de morfotipo mas no tratam-

    se de cultivares desenvolvidas em programas de melhoramento, exemplos como

    biquinho e murupi. O registro no Registro Nacional de Cultivares (RNC) necessrio

    para legalizar a comercializao de sementes e mudas realizadas por empresas

    produtoras de sementes ou viveiristas e necessrio ainda que para

    comercializao de materiais com finalidade ornamental, o que leva a solicitao do

    registro mesmo quando no foram desenvolvidas cultivares propriamente ditas.

    Muitas espcies silvestres associadas a espcies cultivadas possuem genes

    de importncia agronmica, que so em sua maior parte subutilizados (HOYT,

  • 25

    1992). O longo perodo necessrio das primeiras hibridaes e a liberao de

    cultivares com bom desempenho agronmico e altos rendimentos so as principais

    razes para a sua baixa utilizao. Apesar de todo o valor e potencial demonstrado,

    os parentes silvestres dos cultivos geralmente so considerados pelos melhoristas

    como ltimo recurso. Poucos melhoristas conhecem bem o material a ser trabalhado

    (HOYT, 1992), quanto taxonomia, biologia reprodutiva, gentica e s vezes faz-se

    necessrio recorrer s tcnicas de cultura de tecidos (STALKER, 1989) para que

    seja possvel seu uso.

    Embora o Brasil seja rico em diversidade e variabilidade para o gnero

    Capsicum, iniciativas voltadas para a explorao da potencialidade de espcies

    silvestres e semidomesticadas mostram-se incipientes. Uma das razes para a

    pequena utilizao a existncia de barreiras genticas entre espcies

    domesticadas que impedem a incorporao dos genes desejados.

    Apesar do crescente interesse no cultivo de pimentas, grande parte do cultivo

    feito por pequenos produtores que produzem suas prprias sementes ou compram

    frutos maduros em mercados e feiras e deles extraem as sementes que sero

    utilizadas para plantio. Normalmente estas sementes so de qualidade varivel,

    apresentam baixa germinao e podem transmitir doenas, j que so obtidas sem

    seguir regras bsicas para a produo de sementes (EMBRAPA, 2003).

    Existem poucos estudos sobre produtividade e caracteres primrios e

    secundrios relacionados produo de frutos de pimenta, quando comparados

    com culturas mais estudadas como, por exemplo, aveia, trigo, milho e soja. Poucas,

    tambm so as pesquisas sobre correlao entre caracteres morfolgicos e

    fenolgicos e estudos sobre a base gentica destes caracteres.

  • 26

    3.4 Tamanho amostral

    Os estudos realizados com pimenta-de-cheiro apresentam poucos subsdios

    para a mensurao de seus caracteres relacionados produo. Assim, as

    pesquisas efetuadas com a cultura necessitam da determinao de um melhor

    tamanho e forma de parcela e tamanho de amostra para a espcie. Onde o tamanho

    da amostra, na experimentao agrcola, um dos principais problemas a ser

    definido pelos pesquisadores (STUKER; BOFF, 1998), pois a determinao deste

    parmetro depende do grau de preciso desejado e da homogeneidade dos

    elementos populacionais (CAMPOS, 1985).

    Segundo Zanon et al. (1997), a amostra definida como um subconjunto da

    populao por meio do qual se estabelecem ou estimam as propriedades e

    caractersticas dessa populao. A amostragem consiste em observar uma poro

    da populao para obter estimativas representativas do todo. Sendo o objetivo da

    amostragem fazer inferncias corretas sobre a populao, as quais so

    evidenciadas se a populao amostral uma representao verdadeira da

    populao objeto.

    Braga Jr. (1986) se refere a amostragem como tcnica amplamente utilizada

    no estudo de populaes, decorrente das vantagens que este processo proporciona,

    como o menor custo e rapidez na obteno e na anlise dos dados. Todavia na

    utilizao da amostragem os resultados esto sujeitos a um certo grau de incerteza,

    pois os dados mensurados em amostras podem conduzir a uma variao aleatria

    relativa ao mtodo de medio e ao prprio material e tambm por considerar

    apenas uma parte da populao (HEATH, 1981). Tais erros podem ser reduzidos

    com a amostra dimensionada para a preciso desejada e usando-se instrumentos

  • 27

    de medio mais precisos. Sabe-se, porm que somente o erro de amostragem

    diminui medida que o tamanho da amostra aumenta. Isto acontece at certo

    tamanho, a partir do qual amostras adicionais praticamente no o afetam (SILVA et

    al., 1998).

    Erros de outra natureza tm efeitos iguais, seja para uma amostra pequena

    ou grande. Portanto, o coeficiente de variao experimental tende a diminuir at

    certo tamanho de amostra, e, a partir deste ponto, praticamente no afetado por

    observaes adicionais. Mas o problema da determinao do tamanho da amostra

    tem implicaes que vo alm da preciso (SILVA et al., 1998).

    Para a maioria dos experimentos, quanto maior for o tamanho amostral, maior

    ser o tempo e os gastos desprendidos com a amostragem, tendo como

    contrapartida que amostras pequenas demais podem resultar em menor preciso,

    que tambm indesejvel, por isso, ao dimensionar uma amostra, necessita-se do

    conhecimento prvio da varincia da populao e do grau de preciso desejado, e

    quando no se dispem de informaes sobre esta variabilidade, deve-se realizar

    uma pr-amostragem, para que se possam obter as estimativas dos parmetros

    populacionais (mdia e varincia) que sero usados na obteno do melhor

    tamanho da amostra (SILVEIRA Jr. et al., 1980). Quanto maior o tamanho da

    amostra, maior a preciso e, conseqentemente, o coeficiente de variao amostral

    tende a diminuir (FERNANDES; SILVA 1996), porque um aumento no tamanho da

    amostra (n) reduz a varincia da mdia amostral ( sx2 ), desde que a varincia

    amostral ( s2 ) permanea constante, pois sx 2 = s2/n.

    A eficincia na discriminao do germoplasma depende, em grande parte, do

    procedimento de amostragem, particularmente do tamanho da amostra. Para que a

    avaliao seja realizada com eficincia e dispndio mnimo de recursos, devem-se

  • 28

    determinar tamanhos mnimos de amostras que no comprometam a preciso das

    estimativas. A partir da anlise feita originalmente com tamanho de amostra

    considerado adequado para representar o material, emprega-se procedimentos de

    simulao com amostragens de tamanho reduzido, e determina-se o tamanho

    mnimo da amostra que represente to bem o material quanto a amostra original.

    O estudo do tamanho da amostra tem sido empregado em variveis de

    produo tanto para culturas anuais: alface e couve-chinesa (SILVA et al., 2008),

    pepino (LORENTZ et al., 2004), pimento (LUCIO et al., 2003), milho (SILVA et al.,

    1998), feijo (CARGNELUTTI FILHO et al., 2008) e abbora (SOUZA et al., 2002);

    como perenes: eucalyptus (ZANON et al., 1997). No existem informao sobre

    amostragem para avaliao de caractersticas de fruto na caracterizao e avaliao

    de germoplasma de pimenta-de-cheiro.

    3.5 Caracterizao morfolgica de Capsicum chinense Jacq.

    A espcie destaca-se pela ampla adaptao s condies tropicais (clima

    quente e mido), principalmente quanto resistncia a doenas. As representantes

    desta espcie so: Murupi, pimentas-de-cheiro, Cumari-do-par, Bode e Habanero

    (CARVALHO et al., 2003). O seu nome significa uma planta "da China", embora,

    como todas as espcies de Capsicum, originaram-se no Mundo Novo. O equvoco

    do nome originou-se quando o mdico holands, Nikolaus von Jacquin, que deu o

    nome espcie em 1776, coletou sementes da espcie no Caribe em nome do

    Imperador Francis I, que acreditou serem originrias da China (REIFSCHNEIDER,

    2000).

  • 29

    As caractersticas de C. chinense que a diferem das demais espcies do

    gnero so:

    Flores em nmero de duas a cinco por n (raramente solitrias);

    Pedicelos geralmente inclinados ou pendentes, porm, podendo se

    apresentarem eretos;

    Corola branca esverdeada sem manchas (raramente branca ou com

    manchas prpuras) e com lobos planos (que no se dobram);

    Anteras geralmente azuis, roxas ou violetas;

    Clices dos frutos maduros pouco dentados e, tipicamente, com constrio

    anelar na juno com o pedicelo;

    Frutos de vrias cores e formas, geralmente pendentes, persistentes, com

    polpa firme e,

    Sementes cor de palha.

    A espcie C. chinense Jacq. apresenta grande variao dentre os caracteres

    morfolgicos o que confere uma grande quantidade de morfotipos existentes. A

    variabilidade de frutos resulta em menor rentabilidade para os produtores, visto que

    na comercializao o preo determinado pela classificao da qualidade dos

    frutos. A caracterizao do germoplasma silvestre uma importante etapa para a

    conservao e utilizao dos recursos genticos. necessrio que a variabilidade

    gentica seja adequadamente estudada para que a mesma seja conservada e

    efetivamente til no desenvolvimento de cultivares adaptadas s regies tropicais e

    sub-tropicais.

    Tais recursos genticos podem ser utilizados como fonte de variao gentica

    para caractersticas desejveis e necessrios para o melhoramento de plantas

    (RODRIGUEZ et al., 1999). Segundo Chies; Longhi-Wagner (2003), a caracterizao

  • 30

    morfolgica dos organismos corresponde a base de todo e qualquer estudo, uma

    vez que a primeira determinao de um ser comea pelo seu fentipo, isto , pelo

    seu aspecto comum do ponto de vista morfolgico.

    Para estimar a diversidade fenotpica entre os acessos de um banco de

    germoplasma, necessrio que estes sejam caracterizados e avaliados (BUENO et

    al., 2001). O uso de descritores para caracterizao permite uma discriminao

    rpida e fcil entre fentipos (LANES, 2007; LUZ, 2007; FONSECA, 2007; NEITZKE,

    2008). Caractersticas morfolgicas de alta herdabilidade podem ser facilmente

    observados sem a necessidade de equipamentos e so igualmente expressas em

    ambientes variados (IPGRI, 1995).

    3.6 Importncia Econmica

    Atualmente, as pimentas so consumidas por um quarto da populao

    mundial, principalmente como condimentos. Alm disso, representam um importante

    nicho de mercado para a agricultura brasileira e para as indstrias alimentcia,

    farmacutica e cosmtica (CARVALHO, 1984).

    As culturas de pimenta e pimento so hoje parte fundamental do

    agronegcio brasileiro, ocupando cerca de 12.000 ha, e com produo de mais de

    280.000 toneladas de frutos por ano (BUSO et al., 2001). De acordo com Henz

    (2004), a produo estimada de pimenta Capsicum no Brasil situa-se em torno de 40

    mil toneladas, produzidas anualmente em cerca de 2.000 ha, espalhados por quase

    todas as regies do Pas.

    O cultivo da pimenta no Brasil praticado por agricultores de base familiar,

    que exploram pequenas reas, at 2ha, com o uso intensivo de mo-de-obra. Este

  • 31

    sistema tem alcanado at 30 toneladas por hectare, com aceitvel retorno

    econmico.

    Segundo a FAO (1998), o segmento da produo de pimentas do gnero

    Capsicum tem registrado altos crescimentos em todos os pases do mundo,

    especialmente na sia. Em funo do aumento do consumo dos temperos base

    deste tipo de pimenta, de 1994 at 1998 a produo mundial aumentou 21%.

    Os tailandeses e coreanos so considerados os maiores consumidores de

    pimenta do mundo; o consumo atinge at oito gramas por dia por pessoa. No Brasil,

    no h dados sobre o consumo, mas o cultivo feito em praticamente todas as

    regies, com destaque para Bahia, Cear, Minas Gerais, Gois, So Paulo e Rio

    Grande do Sul (EMBRAPA, 2003).

    Segundo Reifschneider (2000), a China um importante pas produtor de

    pimentas. No ano 2000, cultivou 700.000 hectares do gnero Capsicum. Na safra

    2003, a China e a ndia juntas cultivaram mais de 1 milho de hectares de pimenta

    do gnero Capsicum. (RIBEIRO et al., 2004).

    Outros pases tambm se destacam na produo, como: Tailndia, Coria do

    Sul, ndia, Japo, Mxico, Estados Unidos, Brasil, Argentina, Espanha, Romnia,

    Bulgria, Hungria, Grcia, Ucrnia, Turquia, a antiga Iugoslvia, Gana, Nigria,

    Egito, Tunsia e Arglia. (HENZ, 2004).

    No Brasil, praticamente todos os estados produzem esta solancea, porm a

    maior produo est concentrada nos estados de So Paulo e Minas Gerais, que

    so responsveis pelo plantio de 5.000 ha e produo de 120.000 toneladas.

    Somente o mercado de sementes movimenta US$ 1,5 milho (RIBEIRO; CRUZ,

    2003).

  • 32

    A crescente demanda do mercado, tem impulsionado o aumento da rea

    cultivada e o estabelecimento de agroindstrias, tornando o agronegcio de

    pimentas (doces e picantes) e pimentes um dos mais importantes do pas,

    estimado em R$ 80 milhes/ano (RIBEIRO et al., 2005).

    Pode-se dizer, sem exagero, que as perspectivas e as potencialidades do

    mercado de pimentas so praticamente ilimitadas pela versatilidade de suas

    aplicaes culinrias, industriais e ornamentais (HENZ 2004).

    O mercado brasileiro de pimentas do gnero Capsicum marcado pela

    informalidade e, consequentemente, a carncia de estatsticas regulares sobre os

    tipos ou cultivares mais comercializados e as principais regies produtoras (LUZ et

    al., 2006).

    O mercado para as pimentas pode ser dividido de acordo com o objetivo da

    produo (consumo interno ou exportao) e forma de apresentao do produto (in

    natura ou processado). Praticamente toda a produo destinada exportao na

    forma processada, enquanto para o mercado interno tanto as formas processadas

    como in natura (pimentas sem processamento) so importantes.

    O mercado para as pimentas nas formas processadas muito diferente das

    pimentas comercializadas in natura pela variedade de produtos e subprodutos que

    utilizam pimentas como matria-prima. O mercado de pimentas processadas

    explorado por todos os tipos de empresas, desde familiares ou de pequeno porte at

    grandes empresas processadoras especializadas em derivados de Capsicum para

    exportao (HENZ 2004).

    O mercado para as pimentas no Brasil sempre foi considerado como

    secundrio em relao s outras hortalias, provavelmente devido ao baixo

    consumo e ao pequeno volume comercializado. Este cenrio est modificando-se

  • 33

    rapidamente pela explorao de novos tipos de pimentas e o desenvolvimento de

    novos produtos, com grande valor agregado, como conservas ornamentais, gelias

    especiais e outras formas processadas.

    As pimentas brasileiras quando destinadas ao mercado interno, so aceitas

    tanto na forma in natura quanto processadas. J o mercado externo extremamente

    exigente quanto qualidade do produto. Para atender a esta demanda, essencial

    a escolha da cultivar adequada, com polpa grossa, alto teor de pigmentos, elevado

    rendimento industrial e que produza um p com grande estabilidade. (LOPES;

    VILA, 2003). As exportaes so realizadas com o produto na forma processada

    comercializado para o mercado europeu. (HENZ 2004).

    Um dos mercados da pimenta brasileira in natura o argentino, que em

    funo de crises econmicas reduziu o volume importado nos ltimos anos.

    Entretanto, continuou sendo um mercado potencial a ser mantido (HENZ 2004).

    Alm do uso na alimentao, medicina natural e confeco de cosmticos, a

    pimenta aparece como elemento importante na confeco do spray de pimenta

    utilizado pela polcia no mundo inteiro nas disperses de pessoas em ocasies de

    tumultos. Devido a presena do alcalide capsaicina, que responsvel pela

    pungncia das pimentas, esta a nica substncia que, usada externamente no

    corpo, gera endorfinas internamente promovendo sensao de bem-estar, e

    acionando a defesa imunolgica.

    Embora tenha baixo valor nutritivo, pode-se destacar o teor vitamnico das

    pimentas malaguetas verde e vermelha que apresentam valores de 10.500 e 11.000

    UI de vitamina A, respectivamente, prximo ao teor de 13.000 UI encontrado na

    cenoura, considerada uma das melhores fontes desta vitamina.

  • 34

    Os teores de vitamina C total variam entre as espcies de pimenta, de 160 a

    245mg/100g, valores estes comparveis ao da goiaba (200mg/100g) e superiores ao

    da laranja (60mg/100g). Quanto composio mineral, os teores de clcio, ferro e

    fsforo so bem inferiores aos de outras hortalias.

  • 35

    4. MATERIAL E MTODOS

    4.1 Localizao do experimento

    O experimento foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Amaznia

    Ocidental, Km 29 da Rodovia AM-010, (latitude sul 2 53 28.68 e longitude oeste 59

    58 13.08 a uma altitude de 92 m) Manaus (AM), localizada no bioma de floresta

    tropical mida. O Solo da rea classificado como do tipo Latossolo Amarelo, textura

    argilosa, distrfico. O clima local caracterizado como Afi no esquema de Kppen,

    registrando 2.450 mm de chuva, com uma estao seca no perodo de julho a

    setembro (EMBRAPA, 1982).

    4.2 Gentipos

    Foram avaliados 23 gentipos de pimenta-de-cheiro (Capsicum chinense

    Jacq.) de diferentes origens (Tabela 1), predominantemente, de municpios do estado

    do Amazonas, entre eles: Manaus, Rio Preto da Eva, So Gabriel da Cachoeira,

    Tabatinga, Benjamin Constant e Manacapuru, e de outros estados: como do

    municpio de Oriximin no Par e Guajar Mirim em Rondnia. Os gentipos foram

    obtidos em reas de produtores, feiras e mercados. Alguns desses gentipos j se

    encontravam em avaliao no campo experimental da EMBRAPA e fez-se necessrio

    a reproduo atravs da proteo do boto floral (Figura 1).

  • 36

    4.3 Delineamento Experimental

    O experimento foi estabelecido de acordo com o delineamento experimental

    blocos casualizados, com 23 tratamentos (gentipos), trs repeties e seis plantas

    por parcela, plantadas em linha. Foram utilizadas bordaduras externas.

    Tabela 1. Identificao da origem dos 23 gentipos de Capsicum chinense Jacq.

    avaliados e caracterizados. Embrapa Amaznia Ocidental, Manaus (AM), 2009.

    Cdigo do gentipo Local de origem

    BEN III Benjamin Constant/AM

    BEN IV Benjamin Constant/AM

    DBI - I Mercado de Manaus/AM

    GUA - I Guajar Mirin/RO

    MAN - I Manaus/AM

    MAN - II Manaus/AM

    MAO - III Rodovia AM-010/AM

    MAO IX Rodovia AM-010/AM

    MAO - VII Rodovia AM-010/AM

    MPR III Manacapuru/AM

    MPR V Manacapuru/AM

    ORX - I Oriximin/PA

    ORX - II Oriximin/PA

    ORX - III Oriximin/PA

    ORX IV Oriximin/PA

    ORX - V Oriximin/PA

    RPE - V Rio Preto da Eva/AM

    SGC XI So Gabriel da Cachoeira/AM

  • 37

    SGC - XVIII So Gabriel da Cachoeira/AM

    TAB - I Tabatinga/AM

    TAB - II Tabatinga/AM

    TAB - III Tabatinga/AM

    TAB - V Tabatinga/AM

    Figura 1. Proteo floral de botes dos gentipos de Capsicum chinense Jacq. para

    obteno de sementes de autofecundao. Embrapa Amaznia Ocidental, Manaus

    (AM), 2009.

  • 38

    Figura 2. Frutos dos gentipos da coleo de Capsicum chinense Jacq. Embrapa

    Amaznia Ocidental, Manaus (AM), 2009.

  • 39

    4.4 Plantio e manejo

    Para a formao das mudas, as sementes dos gentipos foram semeadas em

    20 de dezembro de 2007 em tubetes de PVC para mudas (MECPREC T280) com

    capacidade para 280cm, preenchidos com substrato comercial Plantimax HT para

    hortalias e frutos conforme Figura 3.

    Figura 3. Semeio de Capsicum chinense Jacq. em tubetes de PVC preenchidos com

    substrato comercial Plantimax HT.

    A correo da acidez do solo e a adubao de plantio foram realizadas com

    base no resultado da anlise qumica do solo (Figura 4). Para correo da acidez at

    a de pH 6,0 foram aplicadas 2,38 ton/ha de calcrio dolomtico (PRNT 80%), 60 dias

    antes do plantio. O plantio foi realizado no espaamento de 1,0 m entre linhas e 0,8 m

    entre plantas em covas de 20cm x 20cm (Figura 5). Varas de bambu foram

    empregadas para o tutoramento durante o desenvolvimento das plantas utilizando

    fitas de polietileno para amarrar o caule junto vara guia. Durante o cultivo foram

  • 40

    empregados os tratos culturais usuais para a cultura, como capina manual, irrigao e

    controle de pragas de acordo com as recomendaes de Filgueira (2000).

    Figura 4. Preparo da rea de plantio (calagem) e mudas prontas para irem a campo.

    Antes do plantio nas covas, foram aplicados 2,0g de uria; 24,0g de

    superfosfato triplo; 6,0g de cloreto de potssio e 1,5kg de esterco de galinha curtido.

    Aps o transplantio foram realizadas adubaes de cobertura mensais utilizando

    150g/planta de NPK sob a frmula 10-10-10 e adubaes foliares quinzenais

    utilizando 3g/L do produto YOGEN 2.

    O plantio no campo foi realizado no dia 20 de fevereiro de 2008, aps 52 dias

    do incio da germinao, quando as plantas apresentavam de seis a oito folhas

    definitivas e cerca de 10cm de altura. A primeira colheita foi realizada no dia 22 de

    abril de 2008, 62 dias aps o plantio, sendo realizadas uma colheita a cada sete dias.

  • 41

    Figura 5. rea experimental onde foram avaliados os 23 gentipos de Capsicum

    chinense Jacq. Embrapa Amaznia Ocidental, Manaus (AM), 2009.

    Figura 6. Colheita semanal de frutos dos 23 gentipos de Capsicum chinense Jacq.

    Embrapa Amaznia Ocidental, Manaus (AM), 2009.

  • 42

    4.5 Tamanho da amostra

    Na definio do tamanho de amostra para anlise das caractersticas de frutos

    dos gentipos, considerou-se inicialmente como referncia uma amostra de 40 frutos

    como adequada. Posteriormente determinou-se o nmero mnimo de frutos por

    amostra que representa o gentipo com preciso semelhante de 40 frutos. Utilizou-

    se a tcnica de simulao com reamostragem de subamostras para as quais foram

    analisadas as estatsticas: mdia ( ) varincia (S2) e coeficiente de variao

    (CV%) das caractersticas de fruto.

    Foram analisados tamanhos de amostras reduzidos, variando de 2 a 38 frutos,

    com 100 amostragens para cada tamanho simulado em um processo de amostragem

    com reposio de dados, por exemplo, para obter estimativas de mdia, varincia e

    CV%. Considerando uma amostra de dois frutos, foram feitos 100 sorteios

    consecutivos de dois frutos da amostra de 40, sempre com reposio de dados aps

    cada sorteio; a partir dos valores das 100 amostras de dois frutos foram calculadas as

    estatsiticas , S2 e CV%.

    O mesmo procedimento foi repetido para cada tamanho de amostra analisado

    sendo posteriormente plotado em um grfico os valores das estatsticas obtidas para

    cada tamanho de amostra para visualizao da estabilizao das estimativas, o que

    ocorre quando o tamanho de amostra reduzido passa a representar adequadamente a

    amostra original (40 frutos), ou seja, ter a mesma preciso que esta. Considerou-se

    que a amostra de tamanho reduzido representa a amostra original quando os valores

    obtidos situaram-se dentro do intervalo de confiana (IC) com probabilidade de 95%.

    As anlises foram realizadas com amostras de frutos de trs gentipos com formas de

    fruto diferentes.

  • 43

    Foram avaliadas as seguintes caractersticas: comprimento de fruto (mm) (CF)

    e dimetro de fruto (mm) (DF), medidas com um paqumetro digital, modelo Stainless

    Hardened, preciso 0,01mm (Figura 7), peso de fruto (g) (PF), e o peso de sementes

    (g) (PS), analisados com balana de preciso Bioprecisa, modelo JH2102, 2100g

    110v, preciso 0,01g (Figura 7) e nmero de sementes (NS), contadas manualmente.

    Figura 7. Paqumetro digital de preciso, modelo Stainless Hardened e balana de

    preciso Bioprecisa modelo JH2102, 2100g.

    4.6 Caracterizao morfolgica dos gentipos

    Para a caracterizao dos gentipos foram utilizados, os descritores

    morfolgicos definidos pelo IPGRI (International Plant Genetic Resources Institute)

    para o gnero Capsicum (IPGRI, 1995), com pequenas modificaes. Alguns

    descritores foram suprimidos em funo de no serem essenciais, devido a

    dificuldade para anlise ou pouca importncia para o melhoramento gentico,

    evitando-se medidas excessivas e minuciosas, perodos de avaliao prolongados e

    informaes no discriminantes dos gentipos.

  • 44

    Foram avaliados 21 descritores incluindo caractersticas referentes a flores,

    frutos e sementes.

    Descritores:

    Flores: medidas com flores totalmente abertas nas primeiras floraes.

    1. Margem do clice: (1) inteira; (2) intermediria; (3) dentada

    2. Constrio anelar do clice observada na juno do clice e do pedicelo na

    maturao completa do fruto: (0) ausente; (1) presente

    Frutos: tomados com frutos maduros na primeira colheita.

    3. Cor do fruto no estdio intermedirio tomado logo antes da maturao: (1)

    branco; (2) amarelo; (3) verde; (4) laranja; (5) violeta ; (6) violeta escuro (roxo); (7)

    amarelo esverdeado; (8) verde amarelado; (9) branco amarelado; (10) marrom; (11)

    trs cores (especificar qual)

    4. Cor do fruto no estdio maduro: (1) branco; (2) amarelo limo; (3) amarelo-laranja

    plido; (4) amarelo-laranja; (5) laranja plido; (6) laranja; (7) vermelho claro; (8)

    vermelho; (9) vermelho-escuro; (10) violeta; (11) marrom; (12) preto; (13) amarelo;

    (14) amarelo plido; (15) salmo

    5. Forma do fruto: (1) alongado; (2) arredondado; (3) triangular; (4) campanulado; (5)

    retangular (em bloco); (6) outro

    6. Comprimento do fruto (cm) mdia do comprimento de 10 frutos maduros na

    segunda colheita: (1) at 1; (2) > 1 a 2 ; (3) > 2 a 4; (4) > 4 a 8; (5) > 8 a 12; (6) acima

    de 12

    7. largura do fruto (cm) medida na parte mais larga de 10 frutos maduros na

    segunda colheita: (1) at 1; (2) > 1 a 2,5 ; (3) > 2,5 a 5; (4) > 5 a 8; (5) acima de 8

    8. Massa de fruto (g) mdia da massa de 10 frutos maduros na segunda colheita:

    (1) at 1; (2) > 1 a 2 ; (3) > 2 a 4; (4) > 4 a 8; (5) > 8 a 12; (6) acima de 12

  • 45

    9. Comprimento do pednculo (cm) mdia do comprimento de 10 pednculos na

    segunda colheita: (1) at 2; (2) > 2 a 4 ; (3) > 4 a 6; (4) acima de 6

    10. Espessura da parede do fruto (mm) mdia de 10 frutos maduros na segunda

    colheita, medido no ponto de maior largura: (1) at 1; (2) > 1 a 2 ; (3) > 2 a 3; (4) > 3 a

    4; (5) > 4 a 5; (6) acima de 5

    11. Ombro do fruto na insero do pedicelo: (1) agudo; (2) obtuso; (3) truncado; (4)

    cordato; (5) lobado

    12. Pescoo na base do fruto: (0) ausente; (1) presente

    13. Formato da ponta do fruto mdia de 10 frutos: (1) pontiagudo; (2) truncado

    (blunt); (3) afundado; (4) afundado com ponta

    14. Apndice na ponta do fruto: (0) ausente; (1) presente

    15. Corrugao na seo transversal do fruto mdia de 10 frutos, medido h 1/3 do

    final do pedicelo: (3) levemente corrugado; (5) intermedirio; (7) corrugado

    16. Nmero de lculos tomado de 10 frutos: (1); (2); (3); (4); (5)

    17. Superfcie do fruto: (1) liso; (2) semi-rugoso; (3) rugoso; (4) liso com estrias; (5)

    semi-rugoso com estrias

    18. Pungncia: (1) doce; (2) pungncia baixa; (3) pungncia mdia; (4) pungncia alta

    19. Aroma: (1) baixo; (2) mdio; (3) alto

    Sementes:

    20. Superfcie da semente: (1) lisa; (2) rugosa; (3) corrugada

    21. Nmero de sementes por fruto - mdia de 10 frutos de 10 plantas selecionados ao

    acaso: (1) < 20; (2) 21- 50; (3) > 51

  • 46

    4.7 Avaliaes da produo e qualidade de frutos

    Para as avaliaes da produo e qualidade de frutos foram realizadas

    colheitas semanais de frutos, da 9 semana (22/04/08) a 34 semana (31/10/08) aps

    o plantio, realizando-se 25 colheitas, e avaliadas as seguintes caractersticas:

    produo total de frutos por planta (PTF), em gramas, obtidos em balana de preciso

    Bioprecisa, modelo JH2102, 2100g 110v, preciso 0,01g; nmero de frutos por planta

    (NF), contados manualmente; peso mdio de frutos (PMF), obtido pela relao

    PTF/NF; comprimento do fruto (CF) e, dimetro do fruto (DF) em milmetros, medido

    de uma extremidade a outra do fruto usando um paqumetro digital de preciso,

    modelo Stainless Hardened, preciso 0,01mm, em uma amostra de 25 frutos por

    planta; relao comprimento/dimetro (RCDF), obtida pela relao CF/DF e tamanho

    da semente (TS) em milimetros, medido de uma extremidade a outra usando

    paqumetro digital de preciso, modelo Stainless Hardened, preciso 0,01mm, em

    uma amostra de 20 sementes por fruto.

    Os dados foram submetidos anlise de varincia e teste de mdias. As

    anlises foram realizadas no Aplicativo Computacional em Gentica e Estatstica -

    GENES (CRUZ, 2006).

    4.8 Variabilidade gentica

    A variabilidade gentica dos gentipos foi analisada empregando tcnicas de

    anlises multivariadas unificando os descritores dicotmicos (Ex.: com ou sem

    constrio anelar do clice), qualitativos multicategricos (Ex.: cor e forma de fruto) e

  • 47

    quantitativos (Ex.: peso do fruto). A similaridade entre os gentipos foi calculada

    usando o Coeficiente de Similaridade Geral de Gower (GOWER, 1971).

    Os gentipos foram agrupados pelo mtodo hierrquico das mdias das

    distncias (UGPMA - Unweighted Pair-gorup Method Using an Arithmetic Avarege) e

    a anlise de disperso grfica de similaridade entre eles realizada pelo Mtodo da

    Anlise de Coordenadas Principais (Principal Coordinates Analysis - PCO). As

    anlises foram realizadas utilizando o programa computacional Multi-Variate

    Statistical Packge (MVSP v.3.13p).

    Para se realizar o clculo do coeficiente de similaridade geral de Gower entre

    os gentipos, os dados foram analisados como dicotmicos e multicategricos, uma

    vez que os descritores quantitativos foram agrupados em classes, sendo o

    coeficiente, para esta situao, expresso pela seguinte frmula:

    =

    ==

    n

    kijk

    n

    kijkijk

    ij

    w

    sw

    GGSc

    1

    1

    )(

    onde:

    1=ijks para coincidncia de dados dicotmicos ou multicategricos

    0= para discordncia de dados dicotmicos ou multicategricos

    0=ijkw para discordncia de dados dicotmicos

    1= em qualquer outra situao

  • 48

    Para o mtodo das mdias das distncias (UPGMA) o critrio utilizado para

    formao dos grupos a mdia das distncias entre todos os pares de gentipos que

    formam cada grupo e a distncia intergrupo a mdia das distncias pareadas dos

    gentipos dos dois grupos (DIAS, 1998). Numericamente a distncia entre os

    gentipos i e j, para i j, dada por

    ))( ( ijij dmnd =

    A distncia entre o gentipo k em relao ao grupo formado pelos gentipos i e

    j, com k de i e j, definida por

    )()( (2/1 jkikkij ddd +=

    A distncia entre dois grupos (ij) e (kl), com i, j k, l, dada por

    )(4/1 )()()()())(( jljkilikklij ddddd +++=

    Consecutivamente os grupos vo sendo formados e gradualmente fundidos

    uns com os outros at que todos os gentipos sejam includos em um nico grupo

    sendo gerado um dendrograma.

  • 49

    5. RESULTADOS E DISCUSSO

    5.1 Tamanho da amostra

    Para o tamanho da amostra foram obtidos os intervalos de confiana (IC) (P =

    95%), e o tamanho mnimo considerado foi aquele a partir do qual todas as rplicas

    da simulao proporcionaram valores da mdia dentro do IC. Para os trs gentipos

    foram obtidos os seguintes tamanhos mnimos de amostra: PF = 19, 21 e 22, CF =

    15, 21 e 22, DF = 20, 21 e 24, NS = 19, 21 e 25 e PS = 23, 23 e 25 (Tabela 2).

    Tabela 2. Tamanho mnimo de amostra com representao semelhante a amostra

    de 40 frutos para avaliao das caractersticas de frutos de trs gentipos de

    pimenta-de-cheiro. Embrapa Amaznia Ocidental, Manaus (AM), 2009.

    Caracterstica*

    Tamanho mnimo da amostra

    Gentipo

    MPR-V MAN-I TAB-V

    CF 15 21 22

    DF 20 21 24

    PF 19 21 22

    NS 19 21 25

    PS 23 23 25

    *Comprimento de fruto (CF), dimetro de fruto (DF), peso do fruto (PF), nmero de

    sementes (NS) e peso de sementes (PS).

  • 50

    Os maiores valores encontrados foram 22, 24, 22, 25 e 25 para as variveis,

    comprimento de fruto (CF), dimetro de fruto (DF), peso do fruto (PF), nmero de

    sementes (NS) e peso de sementes (PS) respectivamente, demonstrando o

    tamanho mnimo para a avaliao dessas caractersticas. As estimativas dos

    tamanhos ideais das amostras variaram entre as caractersticas e para a mesma

    caracterstica entre os gentipos com diferentes formas de fruto. Na Figura 8 foi

    plotado um grfico os valores estatsticos das medias obtidas para cada tamanho de

    amostra para visualizao da estabilizao das estimativas.

    Para assegurar que sejam obtidas estatsticas com preciso adequada das

    caracterticas de fruto de gentipos de pimenta-de-cheiro, embora tenha o tamanho

    de amostra mnimo variado entre caractersticas e gentipos, coerente sugerir a

    utilizao dos valores mximos verificados, pois este permitir padronizar o tamanho

    de amostra para todas as caractersticas e gentipos sem perda de preciso nas

    estatsticas obtidas, visto que utilizar tamanhos de amostra variados trariam

    inconveniente para o processo de avaliao. Dessa forma, pode-se considerar que

    amostras de 25 frutos representam adequadamente os gentipos de pimenta-de-

    cheiro para avaliao de CF, DF, PF, NS e PS.

  • 51

    Figura 8. Grficos de representao das mdias das caracteristicas: Comprimento

    de fruto (CF), dimetro de fruto (DF), peso do fruto (PF), nmero de sementes (NS) e

    peso de sementes (PS) de trs gentipos.

    MPR-V MAN-I TAB-V

  • 52

    5.2 Caracterizao dos gentipos

    Os valores para os descritores analisados nos 23 gentipos so apresentados

    na Tabela 3. Dos (21) descritores avaliados apenas um (tamanho de semente) no

    apresentou variao, demonstrando que, embora os gentipos sejam pertencentes a

    um mesmo morfotipo h existncia de grande variabilidade gentica entre eles.

    As caractersticas de fruto, geralmente utilizadas na distino dos morfotipos

    de pimenta de uma mesma espcie, apresentaram grande variao de classes:

    foram identificadas cinco cores diferentes de frutos no estdio intermedirio de

    maturao e sete no estdio maduro com quatro formas de fruto e grande variao

    no tamanho e peso dos frutos, Fonseca (2007) em estudo similar com Capsicum

    chinense com gentipos pungentes encontrou sete e nove cores diferentes,

    respectivamente, alm de quatro formas de fruto iguais. Segundo Carvalho et al.

    (2003), a grande variabilidade gentica expressada na diversidade de cores e

    formas dos frutos inerente espcie C. chinense.

    Para Ribeiro (2004), necessrio que se conhea a diversidade gentica dos

    gentipos cultivados e silvestres mantidos em colees de pimentas e pimentes.

    Tal conhecimento e organizao de germoplasma do gnero Capsicum

    fundamental para que haja maior uso dos gentipos disponveis, para um contnuo

    desenvolvimento de cultivares de maior resistncia a doenas e mais produtivas.

    Com exceo da caracterstica tamanho da semente (TS), verificou-se ampla

    variabilidade entre os gentipos. As caractersticas cor do fruto no estdio

    intermedirio (CFEI), cor do fruto no estdio maduro (CFEM) e forma do fruto (FF)

    apresentaram maior variabilidade, sendo verificadas cinco classificaes para CFEI,

    sete para CFEM e quatro para FF. Para superfcie do fruto (SF), ombro do fruto na

  • 53

    insero do pedicelo (OFIP) foram verificadas quatro classes, para comprimento do

    pednculo (CP), aroma (AR), nmero de lculos (NL), corrugao na seo

    transversal do fruto (CST), formato da ponta do fruto (FPF) e peso de fruto (PF) trs

    classes e para margem do clice (MC), constrio anelar do clice (CAC),

    comprimento do fruto (CF), diametro do fruto (DF), espessura da parede do fruto

    (EP), pescoo na base do fruto (PBF), apndice na ponta do fruto (APF), pungncia

    (PUG) e nmero de lculos (NL) duas classes.

  • 54

    Tab

    ela 3.

    Valo

    res

    dos

    desc

    rito

    res

    morf

    ol

    gic

    os d

    e 2

    3 ge

    ntip

    os

    de p

    imenta

    -de-c

    heir

    o.E

    mbr

    apa A

    maz

    nia

    Oci

    denta

    l, M

    an

    aus

    (AM

    ), 2

    00

    9.

    MC

    - M

    arge

    m d

    o c

    lice;

    CA

    C -

    Cons

    tri

    o a

    nela

    r do

    clic

    e; C

    FE

    I -

    Cor

    do f

    ruto

    no e

    stdi

    o i

    nte

    rmed

    iri

    o; C

    FE

    M -

    Cor

    do

    fruto

    no

    est

    dio

    mad

    uro;

    FF

    - F

    orm

    a do

    fru

    to;

    PF

    -

    Peso

    de

    fruto

    ; C

    F -

    Com

    prim

    ent

    o d

    o fr

    uto;

    DF

    - D

    iam

    etr

    o d

    o f

    ruto

    ; E

    P -

    Esp

    essu

    ra d

    a p

    are

    de d

    o fr

    uto

    ; C

    P -

    Com

    pri

    men

    to d

    o p

    edncu

    lo;

    OF

    IP -

    Om

    bro

    do

    fruto

    na in

    ser

    o

    do

    pedic

    elo

    ; P

    BF

    - P

    esco

    o n

    a b

    ase

    do f

    ruto

    ; F

    PF

    -

    Form

    ato

    da p

    onta

    do

    fru

    to;

    AP

    F -

    Ap

    ndic

    e na p

    onta

    do f

    ruto

    ; C

    ST

    - C

    orr

    uga

    o

    na s

    e

    o t

    rans

    vers

    al d

    o f

    ruto

    ; N

    L -

    Nm

    ero

    de

    lcu

    los;

    SF

    -S

    uper

    fci

    e do

    fruto

    ; P

    UG

    - P

    ung

    ncia

    ; A

    RM

    - A

    rom

    a; T

    S -

    Tam

    anh

    o d

    e se

    ment

    e e

    NS

    - N

    m

    ero

    de

    sem

    ent

    es

    por

    frut

    o.

    Gen

    tipo

    Caracterstica

    Cdigo

    Origem

    MC

    CAC

    PF

    CF

    DF

    EP

    CFEI

    CFEM

    FF

    OFIP

    PBF

    FPF

    APF

    CST

    NL

    SF

    PUG

    ARM

    TS

    NS

    CP

    BEN III

    Ben

    jamin Constan

    t/AM

    3

    1

    4

    4

    2

    2

    8

    5

    4

    3

    0

    1

    0

    5

    3

    3

    1

    3

    2

    2

    2

    BEN IV

    Ben

    jamin Constan

    t/AM

    2

    1

    4

    4

    2

    2

    7

    4

    4

    4

    0

    2

    0

    7

    3

    3

    2

    2

    2

    2

    2

    DBI - I

    Mercado de Man

    aus/AM

    3

    1

    4

    4

    2

    2

    7

    5

    4

    4

    0

    1

    0

    7

    3

    3

    1

    2

    2

    2

    2

    GUA I

    Guajar Mirin/RO

    3

    1

    4

    4

    2

    2

    9

    5

    3

    4

    0

    1

    0

    5

    3

    4

    1

    1

    2

    2

    2

    MAN I

    Man

    aus/AM

    3

    0

    4

    3

    3

    2

    4

    7

    4

    3

    0

    1

    0

    5

    3

    2

    1

    2

    2

    2

    2

    MAN II

    Man

    aus/AM

    3

    0

    4

    4

    3

    2

    8

    5

    5

    3

    0

    2

    1

    5

    4

    4

    1

    2

    2

    3

    2

    MAO III

    Rodovia AM-010/AM

    2

    1

    5

    4

    2

    3

    8

    8

    4

    3

    0

    3

    0

    5

    3

    2

    1

    3

    2

    3

    2

    MAO IX

    Rodovia AM-010/AM

    3

    1

    4

    4

    2

    3

    2

    8

    5

    3

    0

    2

    0

    3

    3

    2

    2

    2

    2

    2

    2

    MAO VII

    Rodovia AM-010/AM

    2

    1

    4

    4

    2

    2

    8

    8

    4

    3

    0

    1

    0

    5

    3

    2

    1

    3

    2

    3

    2

    MPR III

    Man

    acap

    uru/AM

    3

    1

    4

    4

    2

    2

    4

    9

    3

    3

    0

    2

    0

    7

    3

    2

    2

    3

    2

    3

    2

    MPR V

    Man

    acap

    uru/AM

    2

    0

    4

    4

    2

    2

    4

    8

    4

    3

    0

    3

    1

    7

    3

    3

    2

    3

    2

    2

    2

    ORX I

    Oriximin/PA

    2

    1

    4

    4

    2

    2

    4

    8

    1

    1

    0

    1

    0

    5

    3

    3

    1

    3

    2

    3

    2

    ORX II

    Oriximin/PA

    3

    1

    5

    4

    2

    2

    4

    8

    1

    3

    1

    3

    1

    7

    3

    3

    1

    2

    2

    2

    2

    ORX III

    Oriximin/PA

    3

    1

    4

    4

    2

    2

    4

    6

    1

    2

    0

    3

    1

    5

    3

    2

    1

    3

    2

    3

    2

    ORX IV

    Oriximin/PA

    3

    1

    4

    4

    2

    2

    4

    8

    1

    2

    0

    1

    0

    5

    2

    3

    1

    2

    2

    2

    2

    ORX V

    Oriximin/PA

    3

    1

    3

    4

    2

    2

    7

    5

    4

    3

    0

    3

    1

    3

    3

    1

    1

    2

    2

    2

    1

    RPE V

    Rio Preto da Eva/AM

    3

    1

    4

    4

    2

    2

    9

    3

    4

    3

    0

    3

    1

    7

    3

    3

    2

    2

    2

    2

    2

    SGC XI

    So

    Gab

    riel da Cach

    oeira/AM

    2

    1

    5

    4

    3

    3

    4

    8

    4

    3

    0

    3

    0

    5

    3

    3

    2

    3

    2

    3

    1

    SGC XVIII

    So

    Gab

    riel da Cach

    oeira/AM

    2

    1

    4

    4

    2

    2

    4

    8

    4

    1

    0

    3

    0

    7

    3

    2

    2

    1

    2

    3

    2

    TAB - I

    Tab

    atinga/AM

    3

    1

    4

    4

    2

    2

    9

    5

    4

    3

    0

    3

    0

    7

    3

    2

    1

    2

    2

    2

    3

    TAB II

    Tab

    atinga/AM

    2

    1

    4

    4

    2

    2

    9

    3

    3

    1

    0

    1

    0

    5

    3

    2

    1

    2

    2

    2

    1

    TAB III

    Tab

    atinga/AM

    3

    1

    4

    4

    2

    2

    8

    5

    4

    3

    0

    3

    1

    7

    3

    2

    1

    3

    2

    2

    2

    TAB V

    Tab

    atinga/AM

    2

    1

    4

    4

    2

    2

    8

    5

    4

    3

    0

    3

    0

    5

    3

    2

    1

    3

    2

    2

    1

  • 55

    A freqncia de classes e valores dos descritores observados so

    apresentados na Tabela 4. Na caracterizao dos gentipos para os caracteres de

    fruto, verifica-se a predominncia de determinadas classes ou valores, como cor do

    fruto maduro vermelho (39,1% dos gentipos) e laranja-plido (34,8% dos

    gentipos), frutos campanulados (60,9% dos gentipos), comprimento de fruto entre

    4,0 e 8,0cm (95,6% dos gentipos), largura do fruto entre 1,0 e 2,5cm (87,0% dos

    gentipos), peso do fruto maior que 4 e menor que 8g (82,6% dos gentipos),

    superfcie do fruto semi-rugosa (47,8% dos gentipos), espessura da polpa de 1 a

    2mm (87,0% dos gentipos) e tamanho da semente sendo intermdiario para todos

    os gentipos. A variao de classes e valores observados para os descritores

    demonstra a grande variabilidade gentica existente entre os gentipos, essa

    variao em Capsicum tambm foi descrita por Fonseca (2007), Luz (2007), Neitzke

    (2008) e Bento et al. (2007).

    Foram encontrados frutos com duas classes de tamanho, variando de > 2cm

    a 4cm (4,4% dos gentipos), de > 4 cm a 8 cm (95,6% dos gentipos). Quanto

    largura, foram verificadas tambm duas classes, 13,0% dos gentipos < 1cm e

    87,0% > 1cm a 2,5cm. Para peso de furtos os gentipos apresentaram trs classes

    com os valores de > 2g a 4g (4,4% dos gentipos), > 4g a 8g (82,6% dos gentipos)

    e > 8g a 12g (13,0% dos gentipos). Foram identificados frutos com superfcie lisa

    (4,4% dos gentipos), semi-rugosa (47,8% dos gentipos), rugosa (39,1% dos

    gentipos) e lisa com estrias (8,7% dos gentipos). Para o tamanho da semente

    100% dos gentipos apresentaram o formato intermdiario variando entre 3,07 a

    3,84 milimetros.

    Luz (2007), em seu trabalho de caracterizao de acessos de Capsicum

    chinense tambm encontrou resultados semelhantes para o morfotipo pimenta-de-

  • 56

    cheiro onde o comprimento dos frutos predominante ficou acima dos 4cm e a largura

    at 2,5cm e o peso variou de 2 a 12g, e as sementes foram de tamanho

    intermedirio a grande, variando de 3 a mais de 4 milmetros.

    A variedade de cores e formas observadas em C. chinense na Amaznia, por

    si s, demonstram uma variabilidade gentica alta, e grande potencial para

    explorao em programas de melhoramento e tambm indica a necessidade de se

    realizarem esforos para conservao dessa diversidade, confirmando a afirmao

    de Pickersgill (1997), de que a diversidade gentica entre as vrias espcies

    domesticadas de Capsicum tem sido pouco explorada e ainda est longe de ser

    esgotada.

    Por ser a Amaznia um dos principais centros de diversidade gentica do

    gnero Capsicum (BARBOSA et al., 2002; REIFSCHNEIDER, 2000), encontrada

    na regio grande diversidade de tipos de pimentas consumidas e cultivadas por

    povos indgenas, ribeirinhos e comunidades tradicionais. Portanto, faz-se necessrio

    que tal variabilidade gentica seja estudada e conservada adequadamente, sendo

    til efetivamente para o desenvolvimento de variedades de pimentas doces

    totalmente adaptadas as regies tropicais e subtropicais, pois embora as pimentas-

    de-cheiro faam parte da culinria regional e tenham expressiva escala de produo

    e consumo na regio norte, no existem variedades definidas.

  • 57

    Tab

    ela 4.

    Fre

    q

    nci

    as

    de

    class

    es e

    valo

    res

    das

    cara

    cter

    stic

    as d

    e f

    ruto

    obse

    rvados

    em 2

    3 g

    ent

    ipos

    de p

    imenta

    -de

    -ch

    eiro

    .

    Em

    bra

    pa A

    maz

    nia

    Oci

    denta

    l, M

    ana

    us

    (AM

    ), 2

    00

    9.

    Car

    acte

    rst

    ica

    N

    mer

    o d

    e g

    ent

    ipo

    s (%

    )

    Cor

    do

    fru

    to m

    adu

    ro

    Am

    are

    lo-l

    ara

    nja

    pa

    lido

    A

    mar

    elo

    la

    ran

    ja

    Lar

    anja

    -pa

    lido

    La

    ran

    ja

    Ver

    me

    lho

    cla

    ro

    Ve

    rme

    lho

    V

    erm

    elh

    o e

    scur

    o

    02 (

    8.7

    ) 01

    (4

    .4)

    08 (

    34.8

    ) 01

    (4.

    4)

    01 (

    4.4)

    09

    (3

    9.1

    ) 0

    1 (4

    .4)

    For

    ma

    do

    frut

    o

    Alo

    ngad

    o

    Tri

    ang

    ula

    r C

    am

    pan

    ula

    da

    Ret

    an

    gula

    r

    04

    (17.

    4)

    03

    (13.

    0)

    14 (

    60.9

    ) 02

    (8.

    7)

    Com

    pri

    me

    to

    do

    frut

    o

    (cm

    )

    At

    1

    > 1

    a 2

    >

    2 a

    4

    > 4

    a 8

    >

    8 a

    12

    00 (

    0.0

    ) 00

    (0

    .0)

    01 (

    4.4

    ) 22

    (9

    5.6

    ) 00

    (0.

    0)

    Dia

    met

    ro d

    o fr

    uto

    (cm

    ) A

    t 1

    >

    1 a

    2,5

    >

    2,5

    a 5

    00 (

    0.0

    ) 2

    0 (8

    7.0)

    03

    (13

    .0)

    Pe

    so d

    e fr

    uto

    (g)

    > 2

    a 4

    >

    4 a

    8

    > 8

    a 1

    2

    01 (

    4.4

    ) 1

    9 (8

    2.6)

    03

    (13

    .0)

    Su

    per

    fci

    e do

    fru

    to

    Liso

    S

    emi-r

    ugo

    so

    Rug

    oso

    Li

    so c

    om

    est

    rias

    01 (

    4.4

    ) 1

    1 (4

    7.8)

    09

    (39

    .1)

    02

    (8.7

    )

    Esp

    ess

    ura

    da

    p

    olpa

    (mm

    )

    At

    1

    > 1

    a 2

    >

    2 a

    3

    > 3

    a 4

    00 (

    0.0

    ) 2

    0 (8

    7.0)

    03

    (13

    .0)

    00

    (0.0

    )

    Ta

    man

    ho

    da

    Sem

    ent

    e

    (mm

    )

    Peq

    uen

    a

    Inte

    rmd

    iari

    a

    Gra

    nde

    00(0

    .0)

    23(1

    00.

    0)

    00(

    0.0

    )

  • 58

    Na Tabela 5, so apresentadas as medidas de similaridade gentica entre os

    23 gentipos analisados. O coeficiente de similaridade tem amplitude de 0 a 1,

    representando gentipos sem similaridade e totalmente similares, respectivamente.

    Com base nos dados dessa, matriz foi gerado por meio do mtodo hierrquico das

    mdias das distncias, o dendrograma com os agrupamentos constantes na Figura

    9. Os valores de similari