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ENCARTE DO INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 112 – DEZEMBRO/2005 1 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 112 – DEZEMBRO/2005 ENCAR ENCAR ENCAR ENCAR ENCARTE TE TE TE TE TÉCNICO TÉCNICO TÉCNICO TÉCNICO TÉCNICO 1 Diretor do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento, APTA/Pólo Regional do Centro-Sul, Piracicaba, SP; e-mail: [email protected] 2 APTA/DDD – Ação Regional, Av. Brasil, 2340, CEP 13070-178, Campinas, SP. 3 APTA/IAC – Centro de Solos e Recursos Agroambientais, Caixa Postal 28, CEP 13001-970, Campinas, SP. 4 UNICAMP/FOP – Departamento de Odontologia Social, Bioestatística, Caixa Postal 52, CEP 13414-903, Piracicaba, SP. 5 Instituto de Zootecnia, Bioestatística, Rua Heitor Penteado, 56, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP. PLANTAS PARA COBERTURA DO SOLO PLANTAS PARA COBERTURA DO SOLO PLANTAS PARA COBERTURA DO SOLO PLANTAS PARA COBERTURA DO SOLO PLANTAS PARA COBERTURA DO SOLO E ADUBAÇÃO VERDE APLICADAS E ADUBAÇÃO VERDE APLICADAS E ADUBAÇÃO VERDE APLICADAS E ADUBAÇÃO VERDE APLICADAS E ADUBAÇÃO VERDE APLICADAS AO PLANTIO DIRETO AO PLANTIO DIRETO AO PLANTIO DIRETO AO PLANTIO DIRETO AO PLANTIO DIRETO Edmilson J. Ambrosano 1 Nivaldo Guirado 1 Heitor Cantarella 3 Raffaella Rossetto 1 Paulo C. Doimo Mendes 1 Fabricio Rossi 1 INTRODUÇÃO A erosão do solo sem- pre foi uma grande preocupação na co- munidade agronômica e está fre- qüentemente ligada ao sucesso ou fracasso das civilizações. Com o de- correr da história da agricultura, a consciência da preservação do solo se desenvolveu e foram criadas práticas conservacionistas e de mínimo revolvimento do solo, atingindo sua plenitude com o plantio direto sobre a palha, o que tem garantido um excelente con- trole da erosão. Para tanto, foram criados estudos sobre rotação de cultivos e plantas de cobertura e adubação verde. A evolução social da coletividade moderna está na depen- dência cada vez maior dos recursos naturais, contudo, as práticas agrícolas muitas vezes arruínam o bem mais precioso dos agroecos- sistemas, que é o solo. Relatos bíblicos de mais de 3.000 anos des- crevem solos férteis onde hoje estão localizados os desertos da Pérsia (Irã), Mesopotâmia e Norte da África. Os restos culturais deixados pelas culturas anuais nem sem- pre estão em quantidade e permanência suficientes para uma prote- ção do solo que garanta a máxima eficiência do sistema de plantio direto na palha. Sendo assim, para garantir a devida proteção do solo, já é aceito que a quantidade mínima de resíduos deva chegar a cerca de 7 t ha -1 . A prática de rotação de culturas pode beneficiar quem dese- ja alcançar a máxima eficiência no sistema de plantio direto na palha, tendo-se observado que as gramíneas (Poaceae) são as que produ- zem resíduos com maior permanência; contudo, é das leguminosas (Fabaceae) os resíduos de melhor qualidade e que trazem melhores resultados. Com isso, a adubação verde ou as plantas de cobertura podem ser manejadas para proporcionar os melhores resultados. A definição mais difundida sobre adubo verde é aquela que diz: “denomina-se adubo verde a planta cultivada, ou não, com a finalidade precípua de enrique- cer o solo com sua massa vegetal, quer produzida no local ou importa- da” (KIEHL, 1979). Embora conside- re-se como adubação verde o cultivo de várias espécies vegetais, naturais ou cultivadas, as leguminosas (Faba- ceae) são as plantas mais utilizadas para essa finalidade. No Brasil, esta prática já era recomendada por Dutra (1919), autor da publicação “Adubos verdes: sua produção e modo de emprego”, destacando o efeito dessas culturas na recuperação dos solos e o fato universalmente aceito de que seu êxito depen- dia apenas da escolha das plantas a serem utilizadas para esse fim. A partir desse trabalho, o assunto mereceu atenção dentro dos vários programas realizados no Instituto Agronômico, intensi- ficando-se com Neme, no período de 1934 a 1958, que conduziu vários projetos visando determinar quais as principais leguminosas para cobertura e produção de adubo verde, e, ao mesmo tempo, os efeitos da matéria orgânica sobre a produção do milho, em várias localidades do Estado de São Paulo. Nestes trabalhos destacaram- se como produtoras de massa verde a mucuna-preta, a crotalária paulina e o feijão-de-porco, sendo que a mucuna se destacou tam- bém por ter proporcionado aumentos significativos na produção do milho, que seguiu o adubo verde. Foi notado, também, efeito da mucuna no controle de nematóide. Com a prática da adubação verde é possível recuperar a fertilidade do solo proporcionando aumento do teor de matéria or- gânica, da capacidade de troca de cátions e da disponibilidade de macro e micronutrientes; formação e estabilização de agregados; melhoria da infiltração de água e aeração; diminuição diuturna da amplitude de variação térmica; controle dos nematóides e, no caso das leguminosas, incorporação ao solo do nutriente nitrogênio (N), efetuada através da fixação biológica (IGUE, 1984). Gláucia M. B. Ambrosano 4 Roberto A. Arévalo 1 Eliana A. Schammas 5 Irineu Arcaro Júnior 2 Dulcinéia E. Foltran 1 Flor de Crotalaria juncea.

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ENCARTE DO INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 112 – DEZEMBRO/2005 1

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 112 – DEZEMBRO/2005

ENCARENCARENCARENCARENCARTE TE TE TE TE TÉCNICOTÉCNICOTÉCNICOTÉCNICOTÉCNICO

1 Diretor do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento, APTA/Pólo Regional do Centro-Sul, Piracicaba, SP; e-mail: [email protected] APTA/DDD – Ação Regional, Av. Brasil, 2340, CEP 13070-178, Campinas, SP.3 APTA/IAC – Centro de Solos e Recursos Agroambientais, Caixa Postal 28, CEP 13001-970, Campinas, SP.4 UNICAMP/FOP – Departamento de Odontologia Social, Bioestatística, Caixa Postal 52, CEP 13414-903, Piracicaba, SP.5 Instituto de Zootecnia, Bioestatística, Rua Heitor Penteado, 56, CEP 13460-000, Nova Odessa, SP.

PLANTAS PARA COBERTURA DO SOLOPLANTAS PARA COBERTURA DO SOLOPLANTAS PARA COBERTURA DO SOLOPLANTAS PARA COBERTURA DO SOLOPLANTAS PARA COBERTURA DO SOLOE ADUBAÇÃO VERDE APLICADASE ADUBAÇÃO VERDE APLICADASE ADUBAÇÃO VERDE APLICADASE ADUBAÇÃO VERDE APLICADASE ADUBAÇÃO VERDE APLICADAS

AO PLANTIO DIRETOAO PLANTIO DIRETOAO PLANTIO DIRETOAO PLANTIO DIRETOAO PLANTIO DIRETO

Edmilson J. Ambrosano 1

Nivaldo Guirado 1

Heitor Cantarella 3

Raffaella Rossetto 1

Paulo C. Doimo Mendes 1

Fabricio Rossi 1

INTRODUÇÃO

A erosão do solo sem-pre foi uma grandepreocupação na co-

munidade agronômica e está fre-qüentemente ligada ao sucesso oufracasso das civilizações. Com o de-correr da história da agricultura, a consciência da preservação dosolo se desenvolveu e foram criadas práticas conservacionistas ede mínimo revolvimento do solo, atingindo sua plenitude com oplantio direto sobre a palha, o que tem garantido um excelente con-trole da erosão. Para tanto, foram criados estudos sobre rotação decultivos e plantas de cobertura e adubação verde.

A evolução social da coletividade moderna está na depen-dência cada vez maior dos recursos naturais, contudo, as práticasagrícolas muitas vezes arruínam o bem mais precioso dos agroecos-sistemas, que é o solo. Relatos bíblicos de mais de 3.000 anos des-crevem solos férteis onde hoje estão localizados os desertos daPérsia (Irã), Mesopotâmia e Norte da África.

Os restos culturais deixados pelas culturas anuais nem sem-pre estão em quantidade e permanência suficientes para uma prote-ção do solo que garanta a máxima eficiência do sistema de plantiodireto na palha. Sendo assim, para garantir a devida proteção dosolo, já é aceito que a quantidade mínima de resíduos deva chegara cerca de 7 t ha-1.

A prática de rotação de culturas pode beneficiar quem dese-ja alcançar a máxima eficiência no sistema de plantio direto na palha,tendo-se observado que as gramíneas (Poaceae) são as que produ-zem resíduos com maior permanência; contudo, é das leguminosas(Fabaceae) os resíduos de melhor qualidade e que trazem melhoresresultados. Com isso, a adubação verde ou as plantas de coberturapodem ser manejadas para proporcionar os melhores resultados.

A definição mais difundida sobre adubo verde é aquelaque diz: “denomina-se adubo verde a planta cultivada, ou não,

com a finalidade precípua de enrique-cer o solo com sua massa vegetal,quer produzida no local ou importa-da” (KIEHL, 1979). Embora conside-re-se como adubação verde o cultivode várias espécies vegetais, naturaisou cultivadas, as leguminosas (Faba-ceae) são as plantas mais utilizadas

para essa finalidade.

No Brasil, esta prática já era recomendada por Dutra (1919),autor da publicação “Adubos verdes: sua produção e modo deemprego”, destacando o efeito dessas culturas na recuperaçãodos solos e o fato universalmente aceito de que seu êxito depen-dia apenas da escolha das plantas a serem utilizadas para essefim.

A partir desse trabalho, o assunto mereceu atenção dentrodos vários programas realizados no Instituto Agronômico, intensi-ficando-se com Neme, no período de 1934 a 1958, que conduziuvários projetos visando determinar quais as principais leguminosaspara cobertura e produção de adubo verde, e, ao mesmo tempo, osefeitos da matéria orgânica sobre a produção do milho, em váriaslocalidades do Estado de São Paulo. Nestes trabalhos destacaram-se como produtoras de massa verde a mucuna-preta, a crotaláriapaulina e o feijão-de-porco, sendo que a mucuna se destacou tam-bém por ter proporcionado aumentos significativos na produçãodo milho, que seguiu o adubo verde. Foi notado, também, efeito damucuna no controle de nematóide.

Com a prática da adubação verde é possível recuperar afertilidade do solo proporcionando aumento do teor de matéria or-gânica, da capacidade de troca de cátions e da disponibilidade demacro e micronutrientes; formação e estabilização de agregados;melhoria da infiltração de água e aeração; diminuição diuturna daamplitude de variação térmica; controle dos nematóides e, no casodas leguminosas, incorporação ao solo do nutriente nitrogênio (N),efetuada através da fixação biológica (IGUE, 1984).

Gláucia M. B. Ambrosano 4

Roberto A. Arévalo 1

Eliana A. Schammas 5

Irineu Arcaro Júnior 2

Dulcinéia E. Foltran 1

Flor de Crotalaria juncea.

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ENCARTE DO INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 112 – DEZEMBRO/2005 2

Durante as últimas décadas, devido à intensificação doscultivos e aumento da disponibilidade de fertilizantes químicos debaixo custo, houve um declínio no uso da adubação verde (SINGHet al., 1991).

O manejo inadequado do solo pode trazer, com os cultivos,sérias conseqüências, exaurindo-o de suas reservas orgânicas eminerais, transformando-o em terras de baixa fertilidade. Nos solostropicais, suscetíveis a esse fenômeno, torna-se necessário o em-prego constante de práticas que visam minimizar esse problema(MELLO e BRASIL SOBRINHO, 1960).

Atualmente, observa-se a procura de um sistema de produ-ção agrícola que seja capaz de recuperar a fertilidade do solo, in-cluindo a utilização de leguminosas como cobertura no outono-inverno, e que tenha apresentado resultados satisfatórios na ob-tenção de renda extra e efeitos benéficos na cultura subseqüente(BULISANI et al., 1987).

No Brasil, a prática da adubação verde vem sendo utilizadahá mais de 30 anos com excelentes resultados, sob as mais diversascondições de produção (MIYASAKA, 1984), sendo observadosresultados positivos quanto ao fornecimento de N para a culturaseguinte, nas culturas de milho cultivado após a soja (MASCA-RENHAS et al., 1986), algodão após a soja, cana-de-açúcar após asoja, em áreas de reforma, e milho após o tremoço (GALLO et al.,1983 e 1986; PEREIRA et al., 1988; KANTHACK et al., 1991;TANAKA et al., 1992).

Embora encontrem-se dados de pesquisa obtidos nas maisdiversas instituições do país, indicando o efeito favorável naprodução agrícola, a prática da adubação verde ainda continuarestrita a um reduzido número de agricultores (FREITAS et al.,1984).

USO DE LEGUMINOSAS NA ADUBAÇÃO VERDE

A razão da preferência pelas leguminosas na adubação ver-de é, principalmente, pelo fato destas, em simbiose com bactériasdo gênero Rhizobium e Bradyrhizobium, fixarem N do ar em quan-tidade suficiente para satisfazer suas necessidades e gerar exce-dentes para a cultura que a sucede. Sua composição química erelação C/N são outras importantes características. Assim, as legu-minosas, em comparação com as gramíneas, são mais ricas em N,fósforo (P), potássio (K) e cálcio (Ca). Porém, a adubação verde nãosupre o solo em relação às suas deficiências minerais totais. Emsolos deficientes em P, K, Ca e magnésio (Mg) há necessidade de seaplicar os referidos elementos, de preferência nas culturas econô-micas usadas em sucessão ou rotação. Por outro lado, é preciso tercuidado com o desequilíbrio na fertilidade, principalmente em fun-ção da disponibilidade de N, em determinada fase da decomposiçãoda matéria orgânica.

O enterrio de restos vegetais pobres em N nem sempre pro-porciona os resultados esperados, isto porque a flora microbiananão tem à sua disposição quantidade suficiente de N para seu de-senvolvimento. A porção de N não utilizada pelas bactérias é que,transformada em nitrato, fica disponível para as plantas cultivadasou para se perder por lixiviação. A leguminosa em decomposiçãoapresenta proporção de N mais favorável à biologia do solo e con-seqüente efeito positivo nas lavouras.

Segundo Franco e Souto (1984), as leguminosas comumenteusadas em adubação verde fixam e adicionam ao solo, em média,188 kg ha-1 ano-1 de N, podendo-se, assim, racionalizar o uso de N.Com esta prática pode-se recuperar a fertilidade do solo, perdidadevido ao manejo inadequado e à adoção de monocultivo, obter N

para a cultura seguinte e evitar, assim, adubos altamente solúveisque podem poluir o ambiente (KOHL et al., 1971).

Além dessa associação, é conhecida, também, a capacidadedas leguminosas em formar relações simbióticas mutualísticas comfungos, dando origem às micorrizas. Essas são relações fundamen-tais na agricultura ecológica, que não dispõe de insumos solúveis eprontamente disponíveis para as plantas. Com isso, as leguminosastêm uma grande vantagem: as micorrizas proporcionam aumento naárea explorada pelas raízes, colaborando para o desenvolvimentode plantas mais tolerantes à seca, com maior capacidade de nutri-ção, principalmente de fósforo, nitrogênio e outros elementos es-senciais, e a fixação biológica do nitrogênio é garantida pelas bacté-rias (rizóbio).

É de fundamental importância para a agricultura ecológicaque se tenha plantas micorrizadas, e isso é muito fácil de se obterpois são raras as famílias de plantas em que não se observa essetipo de associação. Sua presença é constatada em 80% das espé-cies vegetais estudadas até o momento (AZCÓN et al., 1991).

Os fungos formadores de micorrizas são simbiontes obriga-tórios e não crescem fora das raízes. Devido a isso, até pouco tempopassavam desapercebidos pelos microbiologistas e, levando-se emconta que também não são produzidas mudanças morfológicas nasraízes, sua presença foi tampouco detectada pelos fisiologistas. Emcontraste com a grande quantidade e diversidade de plantas queformam micorrizas, somente cerca de 150 espécies de fungos sãoresponsáveis pela infecção dessas plantas.

Além dos benefícios citados acima, as micorrizas são impor-tantes também no combate às doenças causadas pelo complexo defungos de solo. A planta micorrizada adquire uma certa resistência àinfecção pelos fungos patogênicos. Se pensarmos num sistemaconduzido ecologicamente, onde os adubos verdes utilizados emrotação de cultivos propiciam um equilíbrio de elementos nutrien-tes no solo, juntamente com as plantas micorrizadas atuando naproteção contra os fungos patogênicos, teremos uma completa pro-teção dessas plantas.

Algumas das razões para essa proteção das plantas micor-rizadas contra os fungos patogênicos são listadas por Azcón (1999)como sendo: melhor nutrição da planta, assegurada pelas mi-corrizas; grande competição por sítios de infecção que agora es-tão tomados pelas micorrizas; competição por fotossintetizados emudanças fisiológicas e anatômicas do sistema radicular. Alémdisso, a presença das micorrizas desencadeia uma resposta dosistema de defesa da planta, que tenta se defender da própriainfecção das micorrizas até que elas possam ser identificadas eaceitas pelo hospedeiro.

Outro fato importante a considerar é o sistema radicular dasleguminosas, que pode alcançar grandes profundidades, absorverágua e extrair elementos minerais destas camadas do solo, proporcio-nando, assim, reciclagem e redistribuição de nutrientes. Contudo, oefeito das raízes na adubação verde é pouco estudado devido àsdificuldades em se obter os dados.

Deve-se considerar também a proteção oferecida pela co-bertura vegetal ao solo na diminuição diuturna da amplitude devariação térmica, contra o impacto das gotas de chuva e o escor-rimento superficial, proporcionando temperatura mais estabilizadae protegendo-o contra importantes perdas de água e nutrientes.

Sendo assim, um sistema de rotação de culturas empregan-do leguminosas traz, além dos benefícios citados, incremento naprodutividade e economia de adubo nitrogenado na cultura que asucede no esquema de sucessão ou de rotação.

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O fato de certas leguminosas serem más hospedeiras denematóides formadores de galhas e a facilidade de produção desementes contribuem para a difusão de seu uso em sistemas deprodução. A ação das leguminosas sobre os nematóides, segundoMascarenhas et al. (1984), pode ser caracterizada sob dois aspec-tos: primeiro, pela ação direta na inadequada hospedagem de algu-mas espécies e, segundo, pelo maior equilíbrio microbiológico queas leguminosas utilizadas conferem ao solo por ocasião da distri-buição da fitomassa.

FATORES LIMITANTES À IMPLANTAÇÃO E

DESENVOLVIMENTO DE LEGUMINOSAS

Não se considerando os fatores sócio-econômicos e cultu-rais da implantação dos sistemas agrícolas que incluem leguminosascomo cobertura do solo, no período de outono-inverno, podem serapontados como fatores limitantes ao pleno desenvolvimento dasplantas:

• Temperatura

As diversas espécies vegetais estão divididas segundo aadaptação térmica em leguminosas de verão e de inverno, incluindonas primeiras as mais conhecidas, cuja semeadura é efetuada naprimavera-verão; e outras menos conhecidas, de semeadura no ve-rão-outono.

• Solo

Apesar das leguminosas apresentarem ampla adaptação aosdiversos tipos de solo, elas são exigentes a um mínimo de fertilida-de, traduzido principalmente por uma disponibilidade adequada deP, K Ca e Mg.

Dos poucos ensaios de adubação mineral executados comleguminosas adubos verdes (MASCARENHAS et al., 1994a), ficapatente que plantas dessa família respondem mais à fertilidade dosolo do que à adubação direta. Por esse motivo, nos sistemas queenvolvem rotação com essas plantas, a cultura econômica principalé a que deve ser racionalmente adubada, não se podendo prescin-dir do monitoramento da fertilidade do solo através de sua análiseperiódica, enquanto a leguminosa aproveitaria o efeito residual da-quela adubação. Ainda em relação à disponibilidade de nutrientes,deve-se considerar a presença de alumínio (Al) e de manganês (Mn)em níveis tóxicos . Segundo as pesquisas, as leguminosas são maissensíveis ao Mn do que as gramíneas, portanto exigem quantida-des mais elevadas de corretivo para imobilizá-lo. Por outro lado, asgramíneas são mais sensíveis à toxicidade de alumínio do que asleguminosas.

• Disponibilidade hídrica

A quantidade e a distribuição pluvial irão definir o maior oumenor desenvolvimento da planta no outono-inverno. Conside-rando-se a implantação das culturas já no final da estação chuvosa,portanto em condição marginal de distribuição hídrica, é normal,principalmente para semeaduras mais tardias, a ocorrência de déficitacentuado, tanto mais freqüente e intenso quanto mais ao norte doparalelo 22oS. Assim, semeaduras mais antecipadas em sentido in-verso a essa tendência são garantia de menor risco.

A fase crítica na implantação das leguminosas é, sem dúvi-da, a da germinação e emergência das plântulas, ocasião em que afalta de água restringe ou impede a obtenção de população adequa-da. Posteriormente, pela natureza do sistema radicular, pela menordemanda de água devido o avançar do outono-inverno e pelo está-

dio de desenvolvimento das plantas, exceto a soja no florescimentoe frutificação e a crotalária nas fases iniciais de crescimento, osprejuízos por deficiência hídrica são poucos aparentes.

BENEFÍCIOS DA ADUBAÇÃO VERDE

NO PLANTIO DIRETO NA PALHA

Com a prática da adubação verde pode-se alcançar a sus-tentabilidade agrícola na medida em que a fertilidade do solo podeser preservada e até ser incrementada pelos seguintes benefícios:

• Proteção contra a erosão do solo. Com o terreno cobertocom planta ou palha a energia das gotas de chuva é dissipada,impedindo a desagregação do solo e evitando o selamento super-ficial.

• Aumento da infiltração de água no corpo do solo, possibi-litando maior armazenamento e evitando o escorrimento superficial.

• Possibilidade de se aumentar a matéria orgânica do solo,pelo uso contínuo dessa prática.

• Diminuição da amplitude de variação térmica do solo, man-tendo a temperatura mais amena, o que permite o crescimento dosmicrorganismos e o retorno da vida no solo.

• Funciona como um arado biológico, uma vez que as raízesdas leguminosas são profundas e a sua decomposição futura criagalerias e macroporos que são interessantes para promover o cres-cimento de microrganismos em profundidade e com isso romperbarreiras físicas do solo.

• Promove reciclagem de nutrientes pelo crescimento vigo-roso do sistema radicular das leguminosas, que tem capacidade deexplorar um volume maior de solo e com isso promover eficientereciclagem de nutrientes. Foram encontradas raízes de lablabe a até3,4 metros de profundidade, o que comprova a exploração de maiorvolume do solo (Figura 1).

Figura 1. Plantio de lablabe, planta multi-funcional (adubo verde eforrageira).

• Promove aumento da CTC efetiva do solo e na disponibi-lidade de macro e micronutrientes.

• Colabora para a diminuição da acidez potencial do solocom conseqüente aumento na soma de bases e no V%.

• Fornece nitrogênio, no caso de se utilizar leguminosas(Fabaceae), para as culturas seguintes pelo processo de fixaçãobiológica do nitrogênio.

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• Atua na redução da população de plantas daninhas pelosprocessos de supressão e alelopatia. Neste caso, é preciso um co-nhecimento das relações entre espécies. No caso do feijoeiro, cons-tatou-se inibição na germinação em extrato aquoso de plantas denabo forrageiro e tremoço e no seu desenvolvimento em extratos detrigo, aveia, centeio, tremoço e nabo forrageiro.

• Melhora a eficiência no aproveitamento de adubos mine-rais pelas culturas seguintes e diminui a lixiviação de nutrientes,principalmente de nitrogênio.

• Promove a integração das atividades agrícolas, uma vezque as leguminosas podem ser utilizadas como forragem na alimen-tação de animais.

• Atua no controle de fitonematóides, principalmente aque-les formadores de galhas e cistos, e na redução de inóculos dedoenças e pragas, atuando na quebra do ciclo.

Assim, a prática da adubação verde deve ser introduzida nosistema de plantio direto na palha porque as plantas utilizadas sãode alta eficiência de desenvolvimento e, no caso das leguminosas,incrementam o solo em N e micorrizas e combatem nematóides for-madores de galhas.

EFICIÊNCIA NO USO DE NITROGÊNIO DAS

LEGUMINOSAS UTILIZADAS NA ADUBAÇÃO VERDE

Fala-se muito no benefício do fornecimento de N com a prá-tica da adubação verde, contudo, são poucos os trabalhos quequantificam a transferência de N para os diversos compartimentosdo sistema agrícola.

Com a adoção da técnica nuclear, usando-se marcador 15N,foi possível quantificar a passagem do N da leguminosa para osolo, para a planta e o perdido para fora do sistema (AMBRO-SANO, 1995). O estudo foi feito em casa de vegetação usando omilho como planta subseqüente à adubação verde, em dois tiposde solo, um argiloso e outro arenoso, e os resultados foram osseguintes:

• A eficiência da adubação verde chegou a 36%; isso signi-fica que, do total de N presente no milho, 36% veio da leguminosa.

• A mineralização do nitrogênio foi maior em solo arenososendo maior, também, a transferência desse N para as plantas demilho.

• A decomposição foi muito rápida, não havendo predomi-nância de imobilização de N.

• A adubação verde contribui para preservação da matériaorgânica original do solo, economizando-se, assim, o N original dosolo.

Em estudos desenvolvidos no IAC utilizando-se as legumi-nosas mucuna-preta e crotalária juncea, incorporadas em dois so-los, sendo um de textura argilosa e outro arenosa, com posteriorcultivo de milho, pôde-se observar que de 60% a 80% do N daleguminosa permaneceu na matéria orgânica do solo, de 15% a 30%foi para a planta de milho e de 5% a 10% perdeu-se do sistema solo-planta. Nestes estudos, utilizando-se isótopos traçados (15N), pôde-se determinar com precisão que o fornecimento de N para o milho sedá de forma constante no tempo.

Outros pontos importantes observados foram: o N é mi-neralizado preferencialmente da nova fonte de N, ficando preserva-do o N nativo do solo; a mucuna-preta teve maior participação noN recuperado no milho e o solo de textura arenosa facilitou a

Figura 2. Balanço de nitrogênio em leguminosas usadas como adubaçãoverde.

mineralização e a liberação de N para o milho. Os principais resulta-dos estão na Figura 2.

A = Crotalaria juncea, parte aérea, Latossolo Vermelho eutroférricoB = Crotalaria juncea, raízes, Latossolo Vermelho eutroférricoC = Mucuna-preta, parte aérea, Latossolo Vermelho eutroférricoD = Mucuna-preta, raízes, Latossolo Vermelho eutroférricoE = Crotalaria juncea, parte aérea, Argissolo Vermelho-Amarelo distróficoF = Crotalaria juncea, raízes, Argissolo Vermelho-Amarelo distróficoG = Mucuna-preta, parte aérea, Argissolo Vermelho-Amarelo distróficoH = Mucuna-preta, raízes, Argissolo Vermelho-Amarelo distrófico

RESULTADOS DE PESQUISA UTILIZANDO-SE

LEGUMINOSAS COMO ADUBO VERDE NAS

CULTURAS DE CANA-DE-AÇÚCAR, CITROS E ARROZ

Pesquisas com leguminosas adubos verdes em

cana-de-açúcar

O Brasil é um dois maiores produtores de cana-de-açúcar domundo, atendendo aos mercados internos e externos de açúcar,atuando como gerador de divisas e, também, tendo como meta subs-tituir alguns derivados de petróleo pelo etanol nacional (MURAO-KA et al., 1995).

Com a expansão da cultura canavieira e a incorporação denovas áreas, geralmente de baixa fertilidade, para a produção deaçúcar e energia renovável, é de fundamental importância recuperare manter a fertilidade para alcançar produções econômicas. Portan-to, os adubos verdes têm um papel de destaque como condiciona-dores do solo, fornecedores de nutrientes, N no caso de leguminosas,além de exercer controle contra nematóides e plantas daninhas.

No Estado de São Paulo, o estudo do comportamento dacana-de-açúcar em sucessão a adubos verdes foi iniciado por Car-doso (1956), que verificou maior rendimento nesta gramínea após ocultivo de Crotalaria juncea do que após mucuna-preta. Em outrasregiões testadas, as duas espécies tiveram rendimentos semelhan-tes, mas sempre superiores aos das espécies guandu, lablabe etestemunha.

Wutke e Alvarez (1968) observaram que o resíduo deCrotalaria juncea proporcionou aumento da produtividade dacana-de-açúcar e, para o primeiro corte, o efeito da leguminosa foisuperior ao do N mineral. Em estudo semelhante, Caceres (1994)observou que a adubação verde teve efeito sobre a produtividadeda cana-de-açúcar apenas no primeiro corte.

Mascarenhas et al. (1998), em estudos realizados em SalesOliveira (SP), mostraram que crotalária juncea e mucuna foram osmelhores tratamentos para o plantio posterior de cana. Outra vanta-gem atribuída à adubação verde, utilizando-se essas espécies, é ofato de ambas atuarem no controle dos nematóides M. incognita eM. javanica (SHARMA et al., 1984).

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Campos (1977) instalou ensaios demonstrativos em solosde tabuleiro do norte do Estado do Rio de Janeiro e obteve resulta-dos positivos utilizando Crotalaria juncea e lablabe. Apesar deambas as leguminosas terem proporcionado aumentos na produ-ção de cana, o autor recomenda a C. juncea, por ser mais rústica eresistente às condições climáticas adversas.

O aumento da produtividade da cana-de-açúcar com a incor-poração de leguminosas ao solo ocorre devido aos diversos benefí-cios que advêm desta prática (MIYASAKA et al., 1983; MIYASAKAe OKAMOTO, 1993), principalmente pelos teores de nutrientes es-senciais que as leguminosas contêm. Estas apresentam elevados va-lores de N e K que poderão proporcionar a total substituição dafertilização mineral para a cana-de-açúcar, pelo menos até o primeirocorte (Tabela 1) (ALBUQUERQUE et al., 1980; GLÓRIA et al., 1980).

Tabela 1. Quantidade de nutrientes deixados no solo pelas leguminosas.

Espécie N P K Ca Mg S

- - - - - - - - - - - - - (kg ha-1) - - - - - - - - - - -

Mucuna-preta 215 37 102 133 142 31

Crotalaria juncea 234 35 76 78 90 46

Soja 38 13 33 61 23 9

Figura 3. Análise econômica da rotação de culturas em cana-de-açúcar.Receita líquida após adubação verde.

Mascarenhas et al. (1994a)estudaram um sistema de suces-são de culturas envolvendo umúnico cultivo das leguminosasCrotalaria juncea, mucuna-pre-ta e soja, e tratamentos sem legu-minosas (pousio), com ou sem aaplicação de N mineral. Em se-guida, a cana-de-açúcar foi im-plantada e foram efetuados trêscortes. Nos últimos cultivos, asprodutividades da cana-de-açú-car após a mucuna-preta e a cro-talária foram semelhantes e su-periores aos demais tratamentos.Na média dos três cultivos decana-de-açúcar, as sucessõescom crotalária e mucuna propor-cionaram acréscimos de produ-tividade de 27 t ha-1 e 25 t ha-1

de cana e 3,0 t ha-1 e 3,2 t ha-1 de açúcar, respectivamente, quandocomparados com a testemunha, sem adubo verde. Por outro lado,com a aplicação de N houve aumento de somente 9,0 t ha-1 decana e 1,1 t ha-1 de açúcar, comprovando os benefícios físicos queo pré-cultivo das leguminosas traz à cana-de-açúcar.

Com a soja não foram observadas as mesmas taxas de incre-mento, provavelmente devido à menor capacidade de produção dematéria orgânica, comparada aos outros adubos verdes testados. Osistema radicular menos vigoroso e a ineficiência no controle denematóides podem, também, ter contribuído para a menor resposta.

Os acréscimos médios na produtividade de cana-de-açúcarem relação aos tratamentos sem adubo verde foram de 22%, 20%, 7%e 4%, após, respectivamente, crotalária, mucuna, pousio + N e soja.

Em outro estudo com rotação de culturas, Mascarenhas etal. (1994b) efetuaram cultivo de cana-de-açúcar sucedendo a doisanos de leguminosas – crotalária, mucuna e soja –, consecutiva ouassociativamente, e dois anos de pousio com ou sem a aplicação de

Nesse ensaio, o cultivo de cana-de-açúcar sucedendo a doisanos de crotalária, dois anos de mucuna e soja-mucuna, foi o me-lhor tratamento, não diferindo entre si, quando se avaliaram os ren-dimentos médios bianuais da cana-de-açúcar. Quando o segundocultivo da leguminosa foi soja, independente da espécie anterior, a

produtividade da cana-de-açúcarfoi menor que a dos tratamentostestados. Isso pode significarque o efeito da matéria orgânicaproduzida pela mucuna no pri-meiro cultivo já havia desapare-cido, mesmo com o posterior cul-tivo da soja.

Os tratamentos soja-sojae mucuna-soja proporcionaramrespostas estatisticamente seme-lhantes entre si e ligeiramente su-periores ao pousio-pousio + Nmineral, provavelmente pelamesma causa apontada anterior-mente, ou seja, baixa produçãode matéria orgânica pela soja. Atestemunha pousio-pousio foi opior tratamento, e os demais tra-tamentos apresentaram acrésci-mos percentuais de 39% (crota-

lária-crotalária), 33% (mucuna-mucuna), 27% (mucuna-soja), 26%(soja-soja) e 20% (pousio-pousio).

Não obstante o pequeno retorno em produção de cana parao tratamento sucedendo a soja, economicamente este leva vanta-gem devido à possibilidade de venda dos grãos, uma vez que suaprodutividade de massa é pequena.

Trabalhos mais recentes realizados no Pólo Centro-Sul rea-firmam que a adubação verde exerce um importante papel na recu-peração da fertilidade do solo, proporcionando aumento da capaci-dade de troca de cátions; disponibilidade de macro e micronutrientes;formação e estabilização de agregados; melhoria da infiltração deágua e aeração; diminuição diuturna da amplitude de variação tér-mica; controle de nematóides e, no caso de leguminosas, incorpo-ração de N ao solo através da fixação biológica.

Observa-se na Tabela 2 o efeito da mucuna nas característi-cas químicas mais importantes do solo, que ajudam a melhorar suafertilidade.

Seqüência de tratos culturais utilizando-se adubo verde: a massavegetal é triturada, o solo é sulcado, depositado composto orgânicoa base de torta de filtro e efetuado o plantio e cobertura da cana-de-açúcar.

N mineral, com o objetivo de avaliar o efeito de dois anos de legu-minosas no controle de nematóides, principalmente M. javanica(Figura 3).

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Nota-se que a presença do adubo verde provocou algumasalterações no solo que puderam ser detectadas pela sua análise,como incremento significativo na soma de bases, devido ao aumen-to de cálcio e magnésio e, conseqüentemente, maiores valores deCTC. A presença de ácidos orgânicos na massa vegetal pode ser acausa dessa mudança. Observou-se também um acréscimo signifi-cativo na acidez potencial da testemunha, sem leguminosa comoadubo verde.

Com o objetivo de quantificar a produtividade da cana-de-açúcar cultivada em sistema de rotação com leguminosas, foi insta-lado um experimento em Piracicaba, SP, em área do Pólo RegionalCentro-Sul (DDD/APTA), durante os anos de 2000 e 2001. A rota-ção da cana-de-açúcar foi realizada com sete culturas, das quaisseis eram leguminosas: amendoim Tatu, amendoim IAC-Caiapó,Crotalaria juncea, mucuna-preta, soja, girassol, feijão mungo e umtratamento testemunha. Cada parcela foi constituída por cinco li-nhas de 10 metros de comprimento, espaçadas 1,35 metros entre si.O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizadoscom cinco repetições. A Tabela 3 contém as características do solono qual o experimento foi instalado.

Em relação à presença de micorrizas nasraízes, pode-se observar maior porcentagem (72%)nas raízes do tratamento 2 (amendoim Caipó) se-guido do tratamento 6 (girassol – IAC Uruguai)(Tabela 4, Figuras 4 e 5).

Quanto à produção de massa seca, somada parte aérea com as raízes, observa-se maior pro-dução do girassol IAC-Uruguai (15.100 t ha-1) se-guido da Crotalaria juncea (10.542 t ha-1). Já aprodução de grãos alimentícios foi maior na sojaIAC-17 (1.805 t ha -1).

Na Tabela 5 são apresentados o peso deamostras de cana-de-açúcar e suas produtividades.

Observa-se que os melhores resul-tados de produtividade da cana-de-açú-car ocorreram após rotação com girassolIAC-Uruguai (138,9 t ha-1), amendoim IACcaipó (135,1 t ha-1), soja IAC-17 (135 t ha-1)e Crotalaria juncea (131,72 t ha-1). Hágrande evidência de que as relações mi-crobiológicas possam estar afetando po-sitivamente o desempenho da cana-de-açúcar nessa rotação.

Isso também fica evidente com ocomportamento dos insetos-pragas. A Fi-gura 6 apresenta os dados de colmos infes-

tados com broca da cana-de-açúcar, onde se observa que o tratamentocom soja apresentou o menor índice de infestação.

Tabela 2. Resultado da análise de solo coletado na profundidade de 0-20 cm, na época dacolheita das mucunas.

Tratamento K Ca Mg H + Al CTC SB

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - (mmolc dm-3) - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Mucuna-anã 0,43 b* 41,8 ab 28,0 ab 19,50 ab 89,83 ab 70,27 ab

Mucuna-preta 0,30 b 39,0 ab 27,0 ab 18,16 b 84,65 ab 66,30 ab

Mucuna-cinza 0,43 b 34,0 b 23,3 b 20,67 ab 78,65 b 57,76 b

Mucuna-verde 0,26 b 45,6 a 33,3 a 18,50 ab 97,98 a 79,26 a

Testemunha 0,80 a 34,0 b 22,8 b 21,33 a 79,37 b 57,63 b

CV% 43,79 20,86 27,56 11,83 15,76 23,29

* Médias seguidas de letras distintas na vertical diferem entre si pelo teste de Duncan(p < 0,05).

Figura 4. Percentagem de infecção de raízes por micorrizas.

Tabela 4. Produtividade de material vegetal verde e seco e produtividadede grãos de culturas utilizadas em sistema de rotação com cana-de-açúcar. IAC/APTA, Piracicaba, 2002.

Parte aérea

Verde Seca

(%) - - - - - - - - - - (kg ha-1) - - - - - - - - - -

1* 62 2.370 1.609 1.287

2 72 7.165 1.905 1.192

3 49 17.960 6.231 -

4 62 20.160 5.247 -

5 57 15.532 5.436 1.805

6 70 21.090 14.404 -

7 55 9.340 4.920 966

* Tratamentos: 1 = amendoim Tatu, 2 = amendoim IAC-Caiapó, 3 =Crotalaria juncea, 4 = mucuna-preta, 5 = soja, 6 = girassol, 7 = feijãomungo.

Tratamento Micorrizas Produção

As leguminosas foram incorporadas ao solo com o auxíliode um triturador, em meados de abril de 2001, e em seguida plantadaa cana-de-açúcar (variedade IAC-87-3396). Porém, devido a umveranico prolongado, houve necessidade de replantio da cana-de-açúcar na primeira quinzena de outubro de 2001. Após o desenvol-vimento, durante o período de 12 meses, a cana-de-açúcar foi colhi-da em setembro de 2002, sendo avaliados o peso de uma amostra decana-de-açúcar contendo 15 colmos e sua produtividade. As pro-dutividades do material vegetal (verde e seco) e de grãos das cultu-ras utilizadas em rotação com cana-de-açúcar também foram avalia-das. Na Tabela 4 são apresentadas as produtividades do materialvegetal (verde e seco) e de grãos e a porcentagem de infecção pormicorrizas FMVA das culturas utilizadas em rotação com cana-de-açúcar.

Tabela 3. Características químicas do solo do experimento. Pólo Regional Centro-Sul (DDD/APTA),Piracicaba, SP, ano arícola 2000-2001. Médias dos tratamentos.

Solos Prof. MO pH P K Ca Mg H+Al SB CTC V

(g dm-3) (CaCl2) (mg dm-3) - - - - - - - - - (mmol

c dm-3) - - - - - - - - - - (%)

Solo sem 1* 17 5,0 9 0,4 17 11 34 28,4 62,7 45adubo verde 2 17 4,7 4 0,3 15 7 42 22,3 64,6 35

Solo com 1 21 5,6 12 0,2 32 20 22 52,2 74,7 70adubo verde 2 17 5,2 7 0,7 22 15 31 37,7 68,5 55

* Profundidade da amostragem 1 = 0-20 cm e da amostragem 2 = 20-40 cm.

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cana; apresenta custos relativamente baixos; promove aumentossignificativos nas produções de cana-de-açúcar em pelo menosdois cortes; protege o solo contra a erosão e evita a multiplicaçãode plantas daninhas.

Diversas leguminosas podem ser usadas na adubação ver-de, sendo a definição da espécie condicionada à adaptação local, àprodução de massa verde, ao preço e à facilidade da obtenção desementes.

Na Região Centro-Sul do país, as leguminosas mais empre-gadas são: Crotalaria juncea, mucuna-preta, soja e amendoim.No Nordeste, a mucuna-preta tem merecido especial atenção (Fi-gura 7).

A prática da adubação verde com leguminosas na culturada cana-de-açúcar é recomendada durante a reforma do canavial(CARDOSO, 1956), proporcionando as seguintes vantagens: nãoimplica na perda de um ano agrícola; não interfere na germinação da

T1 = amendoim TatuT2 = amendoim IAC-CaipóT3 = testemunhaT4 = Crotalaria juncea

T5 = mucuna-pretaT6 = sojaT7 = girassolT8 = feijão mungo

Figura 6. Índice de infestação média de Diatraea saccharalis (broca dacana-de-açúcar) em colmos de cana submetida à rotação comleguminosas em áreas de reforma.

Tabela 5. Dados referentes ao peso de uma amostra de cana-de-açúcarcontendo 15 colmos e produtividade de acordo com os diferen-tes tratamentos. APTA/IAC, Piracicaba, 2002.

Tratamentos Amostra Produção

(kg) (t ha-1)

Amendoim Tatu 17,5 B* 121,1 BAmendoim IAC-Caiapó 19,6 AB 135,1 ABTestemunha sem adubo verde 13,8 C 95,2 CCrotalaria juncea 19,1 AB 131,7 ABMucuna-preta 17,7 B 122,5 BSoja IAC-17 19,6 AB 135,0 ABGirassol IAC-Uruguai 20,2 A 138,9 AFeijão mungo (M146) 17,8 B 123,1 BCV (%) 8,63 8,68

* Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo testede Duncan a 5% de probabilidade.

Figura 5. Cultivo de girassol para rotação com cana-de-açúcar.

Figura 7. Cultivo de mucuna-preta. Além de adubo verde, das suassementes são extraídas substâncias medicinais.

Outro sistema de cultivo utilizado na cana-de-açúcar é ocultivo intercalar, segundo Romanini, citado por Lombardi e Carva-lho (1981). As culturas mais freqüentes são feijão, soja e amendoim,por aumentarem o excedente econômico do produtor sem alteraremsignificativamente a produtividade da cana-de-açúcar. Em geral, asnão-leguminosas têm um efeito competitivo, o que pode diminuir aprodutividade da cana-de-açúcar.

Esse sistema difere do uso de leguminosas para a adubaçãoverde pois, nesse caso, o retorno econômico aparece no aumentoda produtividade da cana-de-açúcar, bem como na economia de Nmineral.

Com a rotação cana-soja, nas áreas de reforma do canavial,a semeadura da soja é efetuada em outubro, permanecendo na áreaaté fevereiro, mantendo uma cobertura num período crítico de muitachuva. A receita da soja cobre praticamente 60% dos custos deprodução da cana, além de dispensar a adubação nitrogenada nacana-planta.

Antes de efetuar o plantio da leguminosa deve-se verificarse o controle de plantas foi efetuado com herbicidas, pois muitosprodutos usados recentemente podem ser prejudiciais às legu-minosas. Verificar, também, através da análise química do solo, anecessidade de correção de alguns elementos, pois as leguminosassão exigentes em P, Ca e Mg, além de serem pouco tolerantes àacidez do solo.

A leguminosa adubo verde deve ser incorporada quando50% das plantas apresentarem florescimento, recomendando-se oplantio da cana-de-açúcar aos 20 dias após esta operação.

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APROVEITAMENTO DO NITROGÊNIO DA

Crotalaria juncea E DO SULFATO DE AMÔNIO

PELA CANA-DE-AÇÚCAR

No final da década de 50, estudos realizados com adubosverdes em áreas de reforma do canavial indicavam incremento naprodutividade da cana-de-açúcar e no açúcar provável. Entretanto,tem sido dada pouca ênfase na quantificação do fornecimento denutrientes dos adubos verdes para as culturas. A técnica isotópica,utilizando o isótopo 15N, permite obter informações precisas da di-nâmica do nitrogênio no sistema solo-planta.

Com base no exposto, desenvolveu-se um experimento como objetivo de avaliar o desempenho da prática da adubação verde eda fertilização mineral com nitrogênio, aplicados juntos ou separa-damente, o aproveitamento dessas fontes de N e a produção dematerial vegetal natural e seco da cana-de-açúcar.

O experimento foi desenvolvido no Centro APTA/IAC, emPiracicaba, SP, em solo classificado como Argissolo Vermelho-Ama-relo distrófico e as características químicas em diferentes profundi-dades, antes do plantio da cana-de-açúcar, após corte do aduboverde nos tratamentos correspondentes, estão apresentadas na Ta-bela 6 (AMBROSANO et al., 2005).

vidade da cana-de-açúcar foram calculados o N-acumulado, NPPF(% e kg ha-1), QNPPF (kg ha-1) bem como a recuperação percentualdo N do fertilizante R (%).

Observa-se na Figura 8 que, três meses antes da colheita(amostra 3c), a percentagem de N na planta proveniente da fonteorgânica nos colmos da cana-de-açúcar foi baixa, menor que 5%, ena época da colheita ela aumentou para aproximadamente 10%. Essacaracterística foi observada com menor intensidade na época inter-mediária de amostragem e não foi confirmada pela análise estatísti-ca. Entretanto, na primeira época de amostragem (8 meses apósplantio), essas diferenças foram detectadas pela análise estatística,mostrando claramente maior percentagem de N na cana-de-açúcarproveniente da fonte orgânica de N. Nas amostragens de planta ede colmo de 28 de maio de 2002 (amostra 3 e 3c da Figura 8) obser-vou-se diferenças significativas, com maior proporção de N vindodo N-mineral.

Tabela 6. Características químicas do solo antes do plantio da cana-de-açúcar, nos tratamentos com e sem adubo verde, em duas pro-fundidades.

Solo sem adubo verde Solo com crotalária

0-20 cm 20-40 cm 0-20 cm 20-40 cm

pH 4,1 4,0 4,5 4,7MO (g dm-3) 26 22 24 22P (mg dm-3) 3 14 6 6S (mg dm-3) 12 15 8 8K (mmol

c dm-3) 0,7 0,5 0,3 0,3

Ca (mmolc dm-3) 7 6 12 11

Mg (mmolc dm-3) 6 5 11 10

H + Al (mmolc dm-3) 50 68 36 31

Al (mmolc dm-3) 10 11 2 2

SB (mmolc dm-3) 13,7 11,5 23,3 21,3

CTC (mmolc dm-3) 63,7 79,5 59,3 52,3

V % 22 14 39 41

Variáveis

O experimento constou de duas etapas, sendo a primeirareferente à semeadura e marcação do adubo verde com 15N, comodescrita por Ambrosano et al. (2003), que culminou com a obtençãode material vegetal marcado seco que continha 2,412% em átomosde 15N em excesso, em uma massa seca equivalente a 9,150 t ha-1

contendo 21,4 g kg-1 de N, totalizando um aporte de 195,8 kg ha-1 deN adicionados ao solo.

Na segunda fase do experimento estudou-se o aproveita-mento do N pela cana-de-açúcar fertilizada com adubo verdeCrotalaria juncea e sulfato de amônio (SA) marcados com 15N,utilizando-se cinco tratamentos: T1 = testemunha, sem adubo ver-de e sem SA; T2 = sem adubo verde, com SA-15N; T3 = com aduboverde-15N e com SA; T4 = com adubo verde-15N, sem SA; T5 = comadubo verde e com SA-15N .

Foram feitas quatro amostragens de folhas +3 e cortados2 metros lineares da cultura para estimativa da produtividade. Comos resultados dos teores de N (g kg-1) e da abundância isotópicade N (% em átomos de 15N) das amostras de folhas +3 e da produti-

Figura 8. Nitrogênio na Planta Proveniente da Fonte marcada (NPPF%)nas diferentes amostragens (3c = amostra de colmos e 4c =amostras de colmos na colheita final).

Com os resultados isotópicos apresentados na Tabela 7,constata-se que, na colheita final, não houve diferença nas quanti-dades de nitrogênio (QNPPF) encontradas na cana-de-açúcar pro-veniente das fontes de N, indicando que tanto a fonte orgânicaquanto a mineral foram capazes de suprir a demanda pela cana-de-açúcar; entretanto, na primeira época de amostragem pode-se ob-servar que houve mais N na cana-de-açúcar proveniente da fonteorgânica na presença do N-SA, seguida da fonte orgânica sem SAe, finalmente, só a fonte mineral.

Na colheita final não se observou diferença entre as fontesde nitrogênio, o que pode estar indicando, independente da formade N aplicada, que a percentagem de N na cana-de-açúcar prove-niente das duas fontes foram semelhantes, isto é, apresentaram amesma utilização pela cultura. Em adição, pode-se dizer que quandose efetua a adubação verde, em proporções semelhantes às do pre-sente estudo, pode-se suprimir a fertilização mineral nitrogenada decobertura em cana-planta, uma vez que os dados de produtividadeagrícola da Tabela 8 também apontam para esse fato.

Na última amostragem, as diferenças entre tratamentos noNPPF desapareceram, e se observa nitidamente uma crescente di-luição do N-fontes na planta de cana-de-açúcar que cresce rapida-mente (Figura 8). Outro fator que deve estar contribuindo para es-ses resultados observados na primeira época de amostragem podeser a conservação da umidade nos tratamentos com adubo verde eesta umidade estar favorecendo a atividade microbiológica, o cres-cimento da cana-de-açúcar e o melhor aproveitamento do nitrogê-nio; contudo, não foram feitas medidas da umidade a fim de darsuporte a estas inferências.

Dos resultados observados pode-se concluir que as maio-res percentagens de NPPF foram encontradas após 8 meses de

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Tabela 8. Peso de material vegetal de cana-de-açúcar natural e seco em diferentes amostragens.

Épocas de amostragem

29 de outubro 20 de fevereiro 28 de maio 24 de agosto Médiade 2001 de 2002 de 2002 de 2002

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Material natural (t ha-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Sem adubo verde e sem N mineral 7,2 24,9 32,5 85,9 37,6 BSem adubo verde e com N mineral* 9,8 31,2 36,6 106,2 46,0 BCom adubo verde* e sem N mineral 12,2 36,4 43,3 92,4 46,1 ABCom adubo verde* e com N mineral 13,1 36,3 37,7 128,7 54,0 AMédia 10,6 c 32,2 c 37,5 b 103,3 aCV % = 4,96

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Material seco (t ha-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -Sem adubo verde e sem N mineral 1,9 6,1 10,3 25,5 11,0 BSem adubo verde e com N mineral* 2,4 7,4 10,9 29,2 12,5 BCom adubo verde* e sem N mineral 2,9 8,8 13,9 27,6 13,3 ABCom adubo verde* e com N mineral 3,2 8,6 11,2 37,9 15,2 AMédia 2,6 c 7,7 c 11,6 b 30,1 aCV % = 7,98

*Fonte de N marcada com 15N.Médias seguidas de letras distintas maiúsculas na vertical e minúsculas na horizontal diferem entre si pelo teste de Tukey (p < 0,05).

plantio da cana para os tratamentos com adubo verde sem N-mine-ral, e adubo verde com N-mineral, e foram de 15,3% e 18,4%, res-pectivamente. A maior recuperação do N foi observada na colhei-ta, 18 meses após o plantio, sendo que o tratamento com N- mineralapresentou 34,8% e na soma N-mineral mais N-adubo verde apre-sentou 39,9%. Os tratamentos alteraram significativamente os valo-res de produtividade agrícola da cana-de-açúcar, indicando o me-lhor desempenho para o uso conjunto de adubo verde e N-SA,quando comparado com a testemunha, porém sem apresentar dife-rença com o tratamento utilizando-se somente adubo verde.

PESQUISAS COM LEGUMINOSAS ADUBOS

VERDES EM CITROS

No Estado de São Paulo, também chamado “Pomar do Mun-do”, cerca de 670 mil hectares são ocupados com laranja, produzin-do mais de 15 milhões de toneladas que, em grande parte, são ex-portadas e ajudam no superávit da balança comercial brasileira.

Não obstante, observa-se uma retração na área plantada e a neces-sidade de melhorar cada vez mais a produtividade dos pomares,com menor custo. E é nessa redução de custo que a prática daadubação verde pode colaborar com o agricultor, garantindo menoruso de insumos importados, como fertilizantes e herbicidas.

O manejo inadequado do solo pode trazer sérias conse-qüências com os cultivos, exaurindo-o de suas reservas orgânicase minerais, transformando-o em terras de baixa fertilidade. Nos so-los tropicais, suscetíveis a esse fenômeno, torna-se necessário oemprego constante de práticas que visem minimizar esse problema.

A prática da adubação verde permite recuperar a fertilidadedo solo proporcionando aumento do teor de matéria orgânica, dacapacidade de troca de cátions e da disponibilidade de macro emicronutrientes; formação e estabilização de agregados; melhoriada infiltração de água e aeração; diminuição diuturna da amplitudede variação térmica; controle dos nematóides, redução da infestaçãode plantas daninhas, aumento na infecção das raízes por fungos

Tabela 7. Quantidade de nitrogênio na planta proveniente da fonte marcada do fertilizante (QNPPF) e recuperação do nitrogênio em função donitrogênio aplicado nas diferentes épocas de amostragens.

Épocas de amostragem

29 de outubro de 2001 20 de fevereiro de 2002 28 de maio de 2002

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - QNPPF (kg ha-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -Sem adubo verde e com N mineral* 1,85 B b1 14,63 A a 16,11 A aCom adubo verde* e com N mineral 11,21 A a 16,34 A a 11,08 A aCom adubo verde* e sem N mineral 6,91 AB a 12,24 A a 10,73 A aCom adubo verde e com N mineral* 3,56 AB b 24,53 A a 21,65 A aCV% = 20,05

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Recuperação do N (%) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -Sem adubo verde e com N mineral* 2,64 A b 20,89 AB a 23,01 A aCom adubo verde* e com N mineral 5,72 A a 8,34 BC a 5,66 B aCom adubo verde* e sem N mineral 3,53 A a 6,25 C a 5,47 B aCom adubo verde e com N mineral* 5,09 A b 35,05 A a 30,93 A aCV% = 27,31

* Fonte de N marcada com 15N.1 Médias seguidas de letras maiúsculas distintas na vertical e minúsculas na horizontal, em cada variável, diferem entre si pelo teste de Tukey (p < 0,05).

Tratamentos

Tratamentos

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ENCARTE DO INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 112 – DEZEMBRO/2005 10

Tabela 10. Resultado das análises químicas de solo na projeção da copa de citros, nos anos agrícolas de 90/91, 91/92 e 92/93.

Tratamentos

Ano NPK 2NPK Crotalaria juncea Guandu Mucuna-preta Mucuna-anã Feijão-de-porco

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (mmolcdm-3) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

90/91 42 ab 49 a 34 b 37 ab 40 ab 38 ab 43 ab91/92 60 ab 70 a 40 c 43 c 42 c 42 c 47 bc92/93 56 ab 68 a 40 c 37 c 42 bc 40 c 50 bc

CV% 19,09

Médias seguidas por letras distintas na horizontal não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (p < 0,05).Fonte: SILVA (1995).

micorrízicos e, no caso das leguminosas, incorporação ao solo doN, efetuada através da fixação biológica.

Atualmente, observa-se a procura de um sistema de produ-ção agrícola que seja capaz de recuperar a fertilidade do solo, in-cluindo a utilização de leguminosas como cobertura no outono-inverno, que têm apresentado resultados satisfatórios na obtençãode ganhos de produtividade e economia de insumos.

USO ADEQUADO DOS ADUBOS VERDES EM CITROS

Atualmente, ocorre uma tendência mundial de busca poralimentos saudáveis provenientes de agricultura equilibrada, comuso de práticas agrícolas com um mínimo de degradação ambiental.

Neste contexto, e buscando reduzir os custos de produção,a utilização de adubação verde, ou de seus princípios, deve serincrementada no Brasil. Trabalhos científicos mostram os efeitosbenéficos desta prática milenar na agricultura, que são observadosquando sua aplicação é freqüente. Dentre eles pode-se destacar:

• Ciclagem de nutrientes

A prática da adubação verde permite maior ciclagem de nu-trientes para as camadas mais superficiais do solo, o que é impor-tante para a cultura de citros.

Nesta cultura, o emprego de adubos verdes intercalares con-tribui para a redução da aplicação de N mineral, sendo a Crotalariajuncea o mais indicado para pomares em formação.

A Tabela 9 apresenta as quantidades médias de nutrientesque são incorporadas ao solo pelas leguminosas.

Apesar de não ter sido observada alteração significativa daprodução de frutos pela diminuição da adubação nitrogenada, ostratamentos com crotalária e guandu apresentaram as maiores pro-duções. Veja detalhes na Tabela 11.

A adubação verde também reduz a incidência de plantasdaninhas e incrementa a reciclagem de nutrientes em pomares decitros.

EFEITOS QUÍMICOS NO SOLO

A fertilidade do solo é bastante influenciada pelos efeitosdos adubos verdes, como o aumento do teor de matéria orgânicado solo ao longo dos cultivos, pela adição da fitomassa. Eles atuamna redução do alumínio e da acidez potencial, proporcionando in-cremento da saturação por bases do solo.

Observa-se na Tabela 10 o efeito da adubação verde sobre aredução de H+Al, o que acarreta um significativo aumento do pH eda saturação por bases do solo na área de projeção da copa decitros. Os resultados são claros em mostrar o efeito benéfico naredução da acidez potencial nos tratamentos com a utilização deadubos verdes.

• Efeitos físicos no solo

A prática da adubação verde proporciona aumento naporosidade total do solo, influenciando, principalmente, na macro-porosidade e redução na densidade do solo. Como conseqüência,tem-se um aumento da capacidade de armazenamento de água nosolo.

• Efeitos biológicos

A utilização da adubaçãoverde, segundo Silva et al. (1999),pode vir a constituir num dos mé-todos mais baratos no controle denematóides, Meloidogyne princi-palmente, desde que se escolha asespécies adequadas de plantas nosistema. Algumas espécies contri-buem para o incremento popula-cional, enquanto outras, como ascrotalárias, mucunas e guandu, re-duzem sua população no solo.

O manejo associado comvegetação espontânea, roçada portodo ano, e com uso de feijão-de-porco plantado nas águas e roça-

Tabela 9. Quantidades médias de nutrientes incorporadas ao solo pelas leguminosas após quatro anos desemeadura intercalar ao citros.

Macronutrientes (kg ha-1) Micronutrientes (g ha-1)

N P2O

5K

2O Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn

C. juncea 183,4 39,2 204,4 104,8 52,4 13,1 236 92 4.153 721 275

C. spectabilis 44,3 10,2 56,1 38,4 9,8 3,4 74 30 561 170 64

Guandu 143,6 29,9 131,3 54,7 20,5 9,6 157 82 3.119 506 144

Mucuna-preta 85,6 18,8 72,6 39,2 14,2 6,4 93 64 8.095 612 103

Mucuna-anã 91,0 15,3 54,6 31,5 14,0 7,0 91 74 5.768 714 105

Lablab 67,4 19,2 69,3 41,7 19,3 7,1 93 32 4.565 578 100

Feijão-de-porco 169,4 30,6 137,9 108,9 30,3 10,9 169 42 4.005 780 133

Obs: Quantidade de nutrientes considerando plantio em área total; para área de citros, considerar 50% dosvalores.Fonte: SILVA (1995).

Tratamentos

H + Al

Elementoanalisado

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do na seca, apresentaram os melhores resultados de colonizaçãoradicular por fungos, mas quando comparados aos métodos mecâ-nicos de controle do mato, por criarem condições mais favoráveis,no solo, para a permanência e multiplicação desse fungos. Dentreos métodos mecânicos, o manejo da leguminosa nas ruas da culturaapresentou o melhor resultado de colonização radicular em relaçãoà vegetação espontânea (CARVALHO et al., 1995).

ADUBAÇÃO VERDE EM CITROS

Trabalhos clássicos conduzidos por Rodrigues (1957, 1969),citados por Neves (1998), mostram que o uso contínuo de aduba-ção verde e cobertura morta propiciou aumentos significativos naprodutividade de citros, quando comparados com práticas comogradagens, herbicidas e arações.

A Tabela 11, extraída de Silva et al. (1999), dá uma visão clarado potencial da adubação verde e da possibilidade de redução daadubação química sem prejuízo na produtividade de laranja Pêra.

pleno florescimento, por apresentarem maiores teores de nutrientesna parte aérea e relação C/N baixa, devendo o material ficar sobre asuperfície do solo, protegendo-o.

A Tabela 12 apresenta um guia para a implantação ideal dosadubos verdes no cultivo intercalar dos citros.

SISTEMAS RECOMENDADOS

A semeadura de adubos verdes nos pomares novos ounas áreas de renovação ou implantação admitem semeadura emárea total, obtendo-se, assim, maior produção de biomassa e prote-ção do solo, sendo que as mudas de citros podem ser plantadas emárea manejada ou intercalar ao adubo verde. A sugestão para essesistema é utilizar o feijão guandu ou a Crotalaria juncea, semeadosentre setembro e dezembro (o ideal é outubro-novembro). O feijãoguandu pode permanecer na área por mais de um ano; procedendodesta forma pode-se optar por semear rua sim, rua não, para facilitaros tratos culturais nos citros.

Em caso de semeadura intercalar em pomares já instalados,porém em fase de formação, pode-se utilizar adubos verdes de ve-rão, como Crotalaria juncea ou feijão guandu, no sistema rua sim,rua não, até o quarto ano, ou, se optar por uma planta de portemenor, como feijão guandu-anão, Crotalaria breviflora (Figura 9),feijão-de-porco ou lablabe, pode-se semear em todas as ruas.

Tabela 11. Produção de frutos de laranja Pêra em pomar com diferentescultivos intercalares.

Produtividade (t ha-1)

90/91 91/92 92/93 Média

NPK 2,34 15,11 18,80 12,08 a2NPK 3,19 14,60 19,99 12,59 aCrotalaria juncea 3,85 19,09 21,81 14,92 aCrotalaria spectabilis 1,60 13,68 16,66 10,65 aGuandu 3,08 18,12 23,02 14,74 aMucuna-preta 3,49 18,80 19,63 13,97 aMucuna-anã 2,59 17,49 19,08 13,05 aLablabe 2,14 14,82 17,57 11,51 aFeijão-de-porco 1,68 13,84 18,18 11,22 a

Médias seguidas por letras distintas não diferem entre si estatisticamentepelo teste de Tukey (p < 0,05).Fonte: SILVA (1995).

MANEJO DOS ADUBOS VERDES

A semeadura de adubos verdes em pomares novos pode serrealizada com auxílio de grade leve, pois nesta fase as raízes doscitros ainda não atingiram a área intercalar, mas em pomares maisvelhos, com plantas adultas,essa prática poderá ser preju-dicial. Sempre que possível,adotar técnicas como uso doescarificador, para quebrarcamadas mais compactadas eremover plantas daninhas, ouplantio direto. O capricho naépoca de semeadura irá garan-tir o estande ideal e o melhorcrescimento das plantas.

Geralmente não sedeve adubar os adubos ver-des, a não ser para corrigiralguma deficiência nutricionalou como parte do manejo daadubação dos citros.

A época ideal para ocorte dos adubos verdes é no

Tratamentos

Tabela 12. Densidade de sementes e espaçamentos de adubos verdes mais utilizados em sistemas de produção comcitros1.

Sementes Densidade Espaçamento Semear Cortar(kg ha-1) (sem./m linear) entre linhas (m) - - - (meses) - - -

Crotalaria juncea 30 25 0,5 9/12 3/4Crotalaria spectabilis 15 38 0,5 9/12 3/4Cajanus cajan - feijão guandu 50 17 0,5 9/12 4/5Cajanus cajan - feijão guandu-anão 25 20 0,5 9/12 3/4Mucuna aterrima - mucuna-preta 65 4 0,5 9/12 4/5Mucuna deeringiana - mucuna-anã 80 8 0,5 9/12 3/4Dolichos labe-labe - lablabe 60 13 0,5 9/12 3/4Canavalia ensiformis - feijão-de-porco 100 5 0,5 9/12 3/4Milheto africano 15 70 0,3 9/12 3/4Nabo forrageiro 15 30 0,3 3/5 7/8

1 Recomendações baseadas no peso de 1.000 sementes e adaptadas para citros.Fonte: SILVA (1995).

Espécies

Figura 9. Crotalaria breviflora, espécie muito utilizada em cultivosconsorciados com citros.

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Para pomares em produção recomenda-se plantas de baixoporte e, de preferência, o uso de práticas de cultivo mínimo, comoplantio direto na palha, para não provocar danos nas raízes de citrosque, nessa idade, já invadiram a área central das ruas. Nesse caso,pode-se semear em todas as ruas, e os tratos culturais do citrospodem ser feitos sem dificuldade com os implementos passandopor sobre as leguminosas. Vale ressaltar que para pomares maisvelhos e mais fechados o feijão-de-porco tem se adaptado muitobem nessas condições. O manejo, nesse caso, deve ser feito com asplantas em pleno florescimento, entre abril e maio, liberando o po-mar para os meses de déficit hídrico, lembrando que a filosofia des-se manejo é a máxima produção de biomassa no verão e coberturamorta no inverno.

O manejo de plantas de cobertura no inverno também podeser utilizado em citros, sendo os melhores resultados obtidos com autilização de nabo forrageiro plantado de março a maio, com gran-des benefícios na descompactação do solo e com intensa produçãode flores, que abrigam e alimentam inimigos naturais para o equilí-brio biológico de pragas e doenças nos pomares. Outra opção inte-ressante é o uso de mistura de plantas de cobertura, o chamado“coquetel”, que tem a preferência principalmente dos produtoresorgânicos. Observe a Figura 10 para melhor compreender este sis-tema.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante das informações apresentadas, pode-se recomendara prática da adubação verde em citros, principalmente nas áreas demenor fertilidade do solo ou depauperadas pelo uso contínuo e,muitas vezes, com problema de erosão. Esta prática, bem aplicada,poderá contribuir para a recuperação da fertilidade do solo, a melhoriada produtividade e a conservação do solo e outros benefícios adicio-nais, como aumento da biodiversidade do sistema agrícola.

OUTRAS CULTURAS

Em estudos realizados com mandioca, Mondardo e Lavina(1998) demonstraram que as leguminosas Crotalaria mucronata,Crotalaria ochroleuca e guandu não influenciaram positivamentea produção desta cultura nos quatro primeiros anos, sendo neces-sária a utilização da adubação química recomendada.

Segundo Miller e Schaffrath (1998), a mucuna e a crotalária,em cultivo intercalar com a mandioca, proporcionaram apenas ummaior controle de plantas daninhas, sem melhorar o estado nutricionalda planta no mesmo ciclo.

Wutke (1998), estudando o feijoeiro em rotação com milho eadubação verde, observou que a utilização de mucuna-preta e deCrotalaria juncea no outono-inverno promoveu efeitos favorá-veis no feijoeiro em sucessão, relativamente aos teores foliares deK, cobertura vegetal do solo e índice de área foliar.

A rotação de feijão com milho e adubos verdes também favo-receu a redução da resistência do solo à penetração, a manutençãodo teor normal de matéria orgânica do solo, a possibilidade de redu-ção da acidez e o aumento da saturação por bases em profundidade.

PESQUISAS COM LEGUMINOSAS ADUBOS

VERDES EM ARROZ

Experimentos foram realizados em Pindorama, SP, e Votu-poranga, SP, nas Estações Experimentais do IAC com o objetivo deavaliar a eficiência das leguminosas Crotalaria juncea e mucuna-preta, usadas como adubos verdes, em suprir a cultura do arroz comN e de estudar sua interação com outra fonte de N (uréia) e o fracio-namento diante da nova forma de cultivo com adubo verde (MU–RAOKA et al., 1999).

Inicialmente, as leguminosas foram cultivadas nos trata-mentos experimentais correspondentes e simultaneamente foramproduzidas leguminosas marcadas com 15N em área adjacente aoexperimento. As leguminosas foram cortadas logo após o flores-cimento e sua massa vegetal foi incorporada superficialmente antesdo plantio do arroz. O fertilizante nitrogenado foi aplicado fra-cionadamente (15 + 25 kg ha-1 ou 30 + 50 kg ha-1 de N). Tanto uréia-15N como leguminosas-15N foram aplicadas em sub-parcelas dentrode cada parcela principal.

Pôde-se observar que as leguminosas são excelentes fontesde N, equivalentes a 40 kg ha-1 de N como uréia para produção degrãos de arroz (Tabela 13). A produtividade obtida com a combinação

Tabela 13. Efeito dos adubos verdes crotalária e mucuna-preta quando aplicados separadamente ou em conjunto com uréia na produtividade de grãos dearroz cultivados em Pindorama e Votuporanga, SP.

Locais

Votuporanga Pindorama Análise conjunta

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Produtividade (kg ha-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -T

10 kg ha-1 N 1.830 1.936 1.883 d2

T2

80 (30 + 50) kg ha-1 N 3.183 (74%)1 3.900 (101%) 3.542 abT

340 (15 + 25) kg ha-1 N 2.513 (37%) 2.944 (52%) 2.727 c

T4

adubo verde mucuna (AVm) 2.459 (34%) 3.080 (59%) 2.770 c

T5

adubo verde crotalária (AVc) 2.480 (35%) 3.495 (80%) 2.988 bc

T6

AVm + N (15 + 25 kg ha-1) 3.517 (92%) 4.183 (116%) 3.850 a

T7

AVc + N (15 + 25 kg ha-1) 3.034 (66%) 3.314 (71%) 3.174 bc

CV% 18,72 19,62 19,34

1 Os valores entre parêntesis nas colunas de grãos correspondem aos incrementos em relação à testemunha.2 Médias seguidas por letras distintas diferem entre si pelo teste de Duncan (P < 0,05).

Tratamentos

Ago. Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul.

Espécies espontâneas

Leguminosas e/ou coquetel de verão

Nabo forrageiroe/ou coquetel

de de inverno

Figura 10. Esquema de manejo de sistemas de adubos verdes em citros.

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mucuna-preta e 40 kg ha-1 N superou aproduzida com 80 kg ha-1 N. Ambas forne-ceram praticamente a mesma quantidadede N para o arroz, sendo 26% e 25% do Ndo grão proveniente da mucuna-preta eCrotalaria juncea, respectivamente, emPindorama, e 38% e 37%, respectivamen-te, em Votuporanga. Estas leguminosaspodem suprir à cultura grandes quanti-dades de N (crotalária = 149 kg ha-1 N emucuna-preta = 362 kg ha-1 N). Os adubosverdes proporcionaram melhor uso do Ndo fertilizante nas aplicações de cobertu-ra, permitindo eficiência de até 79%. Maisdetalhes das produtividades de arrozpodem ser vistos na Figura 11.

Recentes trabalhos de pesquisatêm demonstrado o ganho em produtivi-dade com a rotação de cultivos utilizan-do-se de leguminosas.

Mascarenhas et al. (1998) trabalharam em Pindorama, SP,em um solo Podzólico Vermelho-Amarelo, fase arenosa, e avalia-ram o efeito da rotação entre milho, soja e arroz, com e semCrotalaria juncea de outono-inverno. A soja (leguminosa) nãorespondeu com aumentos de produtividade, porém o arroz e omilho (gramíneas) tiveram suas produções acrescidas, quandocomparadas com o monocultivo dessas culturas (Tabela 14).

PESQUISA COM LEGUMINOSAS

ADUBOS VERDES EM HORTALIÇAS

Tamiso et al. (2001) trabalharam em Piracicaba, SP, em umaassociação de solo Latossolo Vermelho Escuro e Podzólico Verme-lho Escuro latossólico e avaliaram o efeito da adubação verde comtremoço, crotalária juncea e chicharo nas culturas de pimentão, ce-noura e alface (Tabela 15).

Nota-se que o tremoço e a crotalária foram os adubos ver-des que apresentaram os melhores resultados para as culturas dealface e pimentão, porém na cultura de alface o tratamento comcrotalária não diferiu da testemunha. Interessante notar que a cul-tura de cenoura não se beneficiou da adubação verde.

A Figura 12 apresenta as leguminosas feijão-vigna eCrotalaria ocrholeuca em consórcio com alface– novas tecnologias que garantem a sustenta-bilidade do sistema.

CONCLUSÃO

O equilíbrio biológico e nutricional do solopode ser obtido com a utilização da adubação ver-de, como planta de cobertura.

A utilização de leguminosas no sistemapromove a reciclagem de nutrientes devido a suagrande capacidade de exploração do solo, pro-porcionando maior equilíbrio nutricional para asplantas e contribuindo para maior resistência dosistema ao aparecimento de pragas e doenças.

As leguminosas utilizadas em adubação verde fixam gran-des quantidades de nitrogênio, que é fornecido para as culturas emsucessão de maneira constante e equilibrada, colaborando para amelhor nutrição com este elemento, tão importante e de difícil apli-

Figura 11. Efeito dos adubos verdes crotalária e mucuna-preta quando aplicados separadamente ouem conjunto com uréia na produtividade de grãos de arroz cultivados em Pindorama eVotuporanga, SP.

cação em sistemas agroecológicos. A tríplice simbiose observadano sistema planta-bactéria-fungo micorrízico é de fundamental im-portância para o equilíbrio biológico e garante, também, maior pro-teção às plantas contra pragas e doenças.

Milho Arroz Soja- - - - - - - - (kg ha-1) - - - - - - - -

Tabela 14. Produtividade de milho, arroz e soja, no terceiro ano de ex-perimentação, sob diferentes rotações, intercaladas ou nãocom crotalária juncea, em Pindorama, SP.

Tratamentos1

S/C A/C M 7.470 aS A/C M 7.045 aS A M 7.595 aM M M 5.384 bM S/C A/C 2.996 aM S A/C 2.746 aM S A 2.735 aA A A 1.901 b

A/C M S/C 4.610 aA/C M S 4.694 aA M S 4.029 aS S S 4.280 a

C.V. (%) 10,64 11,90 9,74

1 C = Crotalaria juncea, M = milho, A = arroz e S = soja.Médias seguidas por letras distintas, nas colunas, diferem entre si peloteste de Duncan a 5%.

Tabela 15. Produtividade das culturas de cenoura, pimentão e alface em função da adubaçãoverde induzida.

Cenoura Pimentão Alface

Média1 s2 Média s Média s

- - - - - - - - - - - - - (g/parcela) - - - - - - - - - - - - - - - - - - (g/pé) - - - - -

Testemunha 2.676,67 a 404,15 1.602,23 b 298,76 134,88 b 20,06Tremoço 2.613,33 a 344,43 4.429,63 a 769,08 210,13 a 18,14Crotalária 2.626,67 a 557,52 3.460,00 a 563,20 154,33 ab 48,99Chicharo 2.693,33 a 401,04 2.171,77 b 651,94 157,19 ab29,47

1 Médias seguidas de letras distintas na vertical diferem entre si pelo teste de Duncan a 5%;2 s = desvio padrão.CV% dados transformados log (x) = 2,78.

Seqüência de rotação

Ano 1 Ano 2 Ano 3

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AGRADECIMENTO

Aos Técnicos de Apoio à Pesquisa Científica e TecnológicaÂngela Maria C. da Silva, Gilberto Farias, Benedito Mota e MariaAparecida C. de Godoy.

LITERATURA CONSULTADA E RECOMENDADA

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Figura 13. Feijão-mungo, opção de rotação e geração de renda com elevadovalor agregado. Seqüência da fabricação de brotos de feijão:limpeza da semente, molho por 12 horas, drenagem da água epermanência em local escuro para completar a germinação. Emquatro dias tem-se o broto pronto para consumo.

Deve-se estar sempre atento às novas oportunidades e al-ternativas que se apresentam no mercado, principalmente para agri-cultura familiar, como é o caso dos feijões – feijão-adzuki e feijão-mungo – que, além de fácil produção, podem ser comercializados naforma de broto de feijão (moyashi) (Figura 13), com maior valoragregado. Como todo o processo é realizado dentro da proprieda-de, a atividade restabelece e mantém a agricultura familiar, fazendorotação de cultivos e introduzindo N no sistema.

Figura 12. Leguminosas em cultivo intercalar com alface: (a) feijão-vigna,Caupi e (b) Crotalaria ocrholeuca, que, além de adubo verde,funciona como atrativo de pragas.

(a)

(b)

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