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11 a 14 de dezembro de 2012 – Campus de Palmas
ADUBAÇÃO DE MICRONUTRIENTES EM MUDAS DE
ABACAXIZEIROS ‘PÉROLA’ PROVENIENTES DE CAULES
SECCIONADOS
Edio Lemes da Silva Neto¹; Susana Cristine Siebeneichler² 1Aluno do Curso de Engenharia Agronômica; Campus de Gurupi; e-mail: [email protected]
“PIBIC/UFT” 2Orientador(a) do Curso de Engenharia Agrônomica; Campus de Gurupi; e-mail: [email protected]
RESUMO
Tendo como alternativa a produção de mudas seccionadas de abacaxizeiro, o trabalho
foi realizado no campo experimental da Universidade Federal do Tocantins, campus de
Gurupi, com mudas obtidas a partir do seccionamento do caule de abacaxizeiro ‘Pérola’,
tendo como objetivos: avaliar o crescimento das mudas de abacaxi ‘Pérola’ produzidas a
partir do seccionamento de caule conduzidas com seis níveis de adubação com
micronutrientes; confirmar sintomas e efeitos de deficiência ou toxidez de
micronutrientes nas mudas. Foram utilizados seis tratamentos com diferentes
percentuais de adubação com micronutrientes e uma testemunha sem nenhuma
adubação, as mudas foram transplantadas para garrafas plásticas com volume de 1,5 L
de areia lavada e mantidas dentro de um ambiente com cobertura plástica. A
concentração da solução de micronutrientes aplicada via solo teve como base as
seguintes recomendações de adubação: 1,76g/l (ZnSO4.7H2O) , 0,79g/l (CuSO4.5H2O),
0,57g/l (H3BO3), 1,44g/l (MnCl2.4H2O), 0,05g/l (Na2MoO4.2H2O), 2,49g/l
(FeSO4.7H2O), valores esses enquadrados como solução padrão, referida aqui como
100%. Os tratamentos seguiram estas dosagens com variações em níveis percentuais de
concentração sendo: T1, uma testemunha sem qualquer adubação; T2, 0%; T3, 50%;
T4, 75%; T5, 100%; T6, 125% e T7, 150%. de micronutrientes (Zn, Cu, B, Mn, Mo e
Fe). A crescente adubação com micronutrientes foi prejudicial para o desenvolvimento
das mudas. Os altos teores de micronutrientes levaram a uma formação irregular do
sistema radicular assim como uma coloração avermelhada nas folhas. A reserva
nutricional das mudas proveniente do caule seccionado foi suficiente para suprir o
desenvolvimento inicial das mudas de abacaxizeiro ‘Pérola’.
Palavras-chave: Ananas comosus var. comosus; adubação; mudas de abacaxi.
INTRODUÇÃO
O método convencional de propagação do abacaxizeiro é de forma assexuada a
partir de brotações laterais da planta, denominadas filhote, filhote-rebentão ou rebentão.
Na região produtora de abacaxi do Tocantins se adotada o uso da muda tipo filhote, em
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destaque cv. Pérola, como sendo variedade mais cultivada no Estado. Segundo Carvalho
et al. (2005) a qualidade das mudas utilizadas nos plantios na região produtora do
Tocantins é preocupante onde um pequeno número de produtores utiliza mudas isentas
de doença. O uso de mudas sem contaminação seria o ideal para a implantação de uma
lavoura sadia e que apresentasse altos rendimentos no final do ciclo.
O desenvolvimento das mudas de abacaxi produzidas no viveiro depende em
parte dos tratos culturais utilizados durante o seu desenvolvimento. A adubação com
macro e micronutrientes é de grande importância para obter uma muda vigorosa que
permita a produção de frutos com tamanho comercial adequado no campo
(REINHARDT et al., 2003).
O fornecimento adequado de macro e micronutrientes para as mudas de abacaxi
ainda precisa ser definido, a fim de permitir a produção de mudas com maior
uniformidade e rápido crescimento, além disso, evitar o uso excessivo de fertilizantes,
que pode causar competição na absorção ou fitotoxidez (COELHO, 2005), e ainda
elevar o preço das mudas.
O trabalho realizado no período do ano de 2010/2011 identificou sintomas
visuais de deficiência de micronutrientes onde não foi possível encontrar uma dose que
pudesse ser considera como adequada, desta forma foi preciso aumentar as dosagens
aplicadas para encontrar os níveis de tolerância quanto à nutrição com micronutrientes,
além de confirmar possíveis características visuais já identificadas.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na área experimental do Campus da Universidade
Federal do Tocantins, cidade de Gurupi, utilizando mudas produzidas a partir de
seccionamento de caule de abacaxi cv. Pérola.
Os talos seccionados foram colocados em substrato composto de solo mais
esterco bovino curtido na proporção de 2x1. As mudas utilizadas foram coletadas e
transplantadas quando atingiram a média de 10 a 12 folhas por planta para garrafas
plásticas com volume de 1,5 L de areia lavada e mantidas dentro de um ambiente com
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cobertura plástica. Uma adubação padrão com NPK: 45,71g/l de N (NH4 NO3), 12,21g/l
de P (Ca (H2PO4)2.H2O), 44,35g/l de K (K2SO4) e 25,35g/l de Mg (MgSO47H2O).
O delineamento experimental empregado foi de blocos casualizados, 7x3, cada
parcela dentro do bloco foi constituída de 10 plantas. A concentração da solução de
micronutrientes aplicada via solo teve como base as seguintes recomendações de
adubação: 1,76g/l (ZnSO4.7H2O) , 0,79g/l (CuSO4.5H2O), 0,57g/l (H3BO3), 1,44g/l
(MnCl2.4H2O), 0,05g/l (Na2MoO4.2H2O), 2,49g/l (FeSO4.7H2O), valores esses
enquadrados com o solução padrão, referida aqui como 100%. Os tratamentos seguiram
estas dosagens com variações em níveis percentuais de concentração sendo: T1, uma
testemunha sem qualquer adubação; T2, 0%; T3, 50%; T4, 75%; T5, 100%; T6, 125% e
T7, 150%. de micronutrientes (Zn, Cu, B, Mn, Mo e Fe). As adubações de
micronutrientes iniciaram a partir do transplante da muda com intervalos semanais num
total de 90 dias com irrigações diárias com água destilada.
Ao longo do tempo foram analisados altura, diâmetro em mm, e número de
folhas e ao final do experimento, comprimento e o volume radicular, a massa seca da
raiz, do caule, da folha e a área foliar,. Também foram observados e identificados
possíveis sintomas aparentes quanto aos tratamentos. Os dados foram submetidos à
análise estatística por meio do software Sisvar, utilizando a regressão para os dados
coletados ao longo do tempo e o teste de Tukey a 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A formação da raiz foi altamente influenciada quanto aos diferentes percentuais
de adubação. Para massa seca da raiz, a testemunha foi estatisticamente maior, seguida
das mudas que receberam 50% e 0% de adubação de micronutrientes. O comprimento
as doses de 0% e 50% foram estatisticamente melhores já para volume a dose de 75% se
equiparou a de 50% apontando a absorção da adubação para um maior desenvolvimento
radicular enquanto as maiores doses obtiveram redução (Tabela 1).
Para massa seca do caule não houve diferença estatística entre as doses aplicadas
(Tabela 1), evidenciando que neste estádio de desenvolvimento poucos fotoassimilados
e nutrientes são alocados no caule. Para massa seca da folha, massa seca total e área
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foliar, a dose 0% obteve estatisticamente os melhores resultados, seguido testemunha,
doses de 50% e 75% (Tabela 1).
Tabela 1: Massa seca da raiz (MSR), do caule (MSC), das folhas (MSF), total (MST),
área foliar (AF), comprimento da raiz (CR) e volume radicular (VR) das mudas de
abacaxi ‘Pérola’ adubadas com soluções de micronutrientes avaliadas aos 120 dias
*Médias seguidas com letras iguais não diferem entre si, pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
As avaliações ao longo do tempo apontaram que as mudas que só receberam
adubação com NPK foram estatisticamente mais eficientes seguida das doses de 50% e
75%, com prejuízo ao desenvolvimento nas maiores concentrações de adubação,
ressaltando que as altas doses de micronutrientes são prejudiciais ao desenvolvimento
inicial das mudas (figura 1).
Figura 1 – Altura foliar (cm), diâmetro caulinar (mm) e número de folhas (uni.) das
mudas de abacaxizeiro ‘Pérola’ submetidas a doses crescentes de adubação com
micronutrientes em função dos dias após transplantio (DAT).
DOSES MSR (g) MSC (g) MSF (g) MST (g) AF (cm²) CR (cm) VR (cm³)
Test. 3,78 a 0,43 a 3,74 bc 4,17 bc 1418,4 b 13,3 b 4,45 bc
0% 1,57 c 0,40 a 5,36 a 5,76 a 2014,5 a 19,6 a 4,05 c
50% 2,36 b 0,39 a 4,29 b 4,68 ab 1464,4 b 17,7 ab 5,59 ab
75% 0,98cd 0,39 a 3,73bcd 4,12 bc 1218,4bc 12,9 b 6,45 a
100% 0,36de 0,40 a 3,09 cd 3,49 bc 938,1 cd 5,20 c 0,99 d
125% 0,08 e 0,44 a 2,84 cd 3,28 c 674,1 d 1,31 c 0,10 d
150% 0,10 e 0,46 a 2,71 d 3,17 c 605,7 d 1,48 c 0,51 d
CV (%) 51,61 37,52 26,50 25,63 34,40 43,56 39,16
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A testemunha mesmo sem adubação obteve um desenvolvimento inicial
satisfatório, entretanto conforme a reserva nutricional da planta foi se esgotando as
mudas começaram a retardar seu desenvolvimento (Figura 1), além de apresentarem
sintomas visuais de descoloração na folha ao final do experimento conforme o aumento
da concentração de adubação com avermelhamento das folhas (Figura 2).
Figura 2. Caracterização visual da diferenciação das mudas de abacaxi ‘Pérola’
submetidas a sete tratamentos de micronutrientes. * Onde: T1, uma testemunha sem qualquer adubação; T2, 0%; T3, 50%; T4, 75%; T5, 100%; T6, 125% e T7, 150% de
micronutrientes.
As menores doses de micronutrientes se sobressaíram as maiores. A
testemunha obteve melhores resultados enquanto havia reserva suficiente para
desenvolvimento inicial da muda com diminuição do desenvolvimento conforme o
tempo, as maiores concentrações de adubação com micronutrientes foram prejudiciais à
formação da raiz e posterior desenvolvimento da muda. As concentrações foram
consideradas altas, sugerindo teste com concentrações menores que a concentração de
75% de micronutrientes.
LITERATURA CITADA
CARVALHO, J.M.; COSTA, S.J. da; GONÇALVES, K.C.G.; RÊGO, P.L. Avaliação
da Qualidade das Mudas de Abacaxi Comercializadas no Estado do Tocantins. In: XLIII
CONGRESSO DA SOBER: “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema
Agroindustrial,”43. 2005. Ribeirão Preto. Anais... Ribeirão Preto SOBER, 2005.
COELHO, R. I. Clonagem do abacaxizeiro a partir de coroas e secções de caule tratados
com reguladores de crescimento e fertilizantes químicos. Tese (Doutorado em Produção
Vegetal)-Centro de Ciências e Tecnologias da Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes. 2005. 114 f.
REINHARDT, H.R.C.; CUNHA,G.A.P. Métodos de propagação. In: O abacaxizeiro:
cultivo, agroindústria e economia. Brasília: EMBRAPA Mandioca e Fruticultura, 1999,
p. 105-138.
AGRADECIMENTOS
"O presente trabalho foi realizado com o apoio da UFT”