macro e micronutrientes importância

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POTAFOS - Caixa Postal 400 CEP 13400-970 Piracicaba-SP Telefone e fax: (0194) 33-3254 1 1 Tradução e adaptação do original "It's the Truth – Nitrogen Is Required by Plants", PPI, Norcross, EUA, por Eurípedes Malavolta. Tabela 1. As plantas são grandes consumidoras de nitrogênio. Nível de Total produção absorvido, kg Algodão 750 kg de fibra 90 Amendoim 1 2 t de grãos 120 Arroz 3 t de grãos 103 Café 2 3 t de grãos 157 Cana 100 t de colmos 150 Eucalipto 100 m 3 de madeira 80 Feijão 1 1 t de grãos 110 Forrageiras gramíneas 1 t de mat. seca 17 leguminosas 1 1 t de mat. seca 32 Laranja 3 18 t de frutos 96 Milho 5 t de grãos 106 Soja 1 2,5 t de grãos 157 Tomate 40 t de frutos 116 Trigo 3 t de grãos 56 1 As leguminosas fixam parte do N do ar. 2 Quantidade absorvida entre 5,5 e 6,5 anos de idade para uma produção de 50 sacas beneficiadas. 3 Quantidade total contida em um pomar produzindo 2 caixas de 40,8 kg/pé, densidade de 210 plantas/ha. Cultura Sabia que quase 80% do ar que respiramos é constituído pelo nitrogênio (N)? É verdade. De fato, cada hectare de terra no mundo é coberto por cerca de 90 milhões de quilos de N... 90 mil toneladas. Nem um quilo deste N pode ser usado pelas plantas até que ele seja modificado por processos naturais ou por meio da pro- dução de fertilizantes comerciais. Através de vários processos de "fixação", o N atmosférico gasoso é trans- formado em forma utilizável pela plan- ta...ou amônio ou nitrato. Ele pode ser fixa- do pelo relâmpago e levado à superfície da terra através da chuva ou da neve. Ele pode ser fixado por certos organismos do solo e nos nódulos das raízes das legu-minosas. A fixação industrial fornece as mi- lhões de toneladas de fertilizantes nitro- genados comercialmente exigidos para se cultivar plantas em todo o mundo. O nitrogênio e as culturas O nitrogênio é o elemento exigido pelas culturas em geral em maior quan- tidade que qualquer outro macronutriente. Algumas culturas, entretanto, absorvem mais potássio (K) do que N. A Tabela 1 mostra as quantidades de nitrogênio exigi- das pelas principais culturas. do N do solo vem da matéria orgânica. A matéria orgânica libera o N lentamente, sendo a taxa controlada por fatores como temperatura, umidade e textura. O nitrogênio é o elemento da qualidade porque ele faz parte da composição das proteínas de todas as plantas e animais. O valor nutritivo do alimento que consumimos depende muito da disponibilidade de N para o desenvolvimento da planta e do animal. O nitrogênio nos solos A quantidade de N suprida pela maioria dos solos é pequena. Muito pouco é encontrado nas rochas e minerais; muito Em geral, cerca de 20 a 30 kg de N por hectare são liberados anualmente para cada 1% de matéria orgânica contida no solo. Assim, um solo com 2% de matéria orgânica poderia liberar 40 a 60 kg de N no ano. Um dos produtos da decomposição da matéria orgânica, mineralização é o termo correto, é o amônio, que pode ser retido pelo solo, absorvido pelas plantas ou convertido em nitrato. O nitrato pode ser usado pelas plantas, lixiviado para fora da zona das raízes ou convertido a N gasoso e perdido para a atmosfera. A relação entre N indisponível para as plantas (matéria orgânica) e N disponível para as plantas (amônio e nitrato) é ilus- trada na Figura 1. Figura 1. Mais de 90% do N do solo estão contidos na matéria orgânica, não prontamente disponível para o uso da planta. Escolha de uma fonte de nitrogênio Como a maioria dos solos não é capaz de fornecer quantidades suficientes de N para garantir o crescimento e a produção econômica de muitas culturas, os fertilizantes comerciais são largamente usados para suprir as necessidades das plantas. Esterco, lodo de esgoto e outros resíduos são fontes aceitáveis... desde que disponíveis. Porém, estas fontes são difíceis de manejar e não são economicamente transportadas a longas distâncias. Matéria orgânica Amônio, Nitrato Imobilização Mineralização Nutri-Fatos Informação agronômica sobre nutrientes para as culturas É uma verdade – o nitrogênio é exigido pelas culturas 1 NITROGÊNIO ARQUIVO DO AGRÔNOMO - Nº 10

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Solos - Agronomia

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POTAFOS - Caixa Postal 400 CEP 13400-970 Piracicaba-SP Telefone e fax: (0194) 33-3254 1

1 Tradução e adaptação do original "It's the Truth –Nitrogen Is Required by Plants", PPI, Norcross, EUA,por Eurípedes Malavolta.

Tabela 1. As plantas são grandes consumidoras denitrogênio.

Nível de Total produção absorvido, kg

Algodão 750 kg de fibra 90Amendoim1 2 t de grãos 120Arroz 3 t de grãos 103Café2 3 t de grãos 157Cana 100 t de colmos 150Eucalipto 100 m3 de madeira 80Feijão1 1 t de grãos 110Forrageiras gramíneas 1 t de mat. seca 17 leguminosas1 1 t de mat. seca 32Laranja3 18 t de frutos 96Milho 5 t de grãos 106Soja1 2,5 t de grãos 157Tomate 40 t de frutos 116Trigo 3 t de grãos 56

1 As leguminosas fixam parte do N do ar.2 Quantidade absorvida entre 5,5 e 6,5 anos de idade

para uma produção de 50 sacas beneficiadas.3 Quantidade total contida em um pomar produzindo2 caixas de 40,8 kg/pé, densidade de 210 plantas/ha.

Cultura

Sabia que quase 80% do ar querespiramos é constituído pelo nitrogênio(N)? É verdade. De fato, cada hectare deterra no mundo é coberto por cerca de 90milhões de quilos de N... 90 mil toneladas.Nem um quilo deste N pode ser usado pelasplantas até que ele seja modificado porprocessos naturais ou por meio da pro-dução de fertilizantes comerciais.

Através de vários processos de"fixação", o N atmosférico gasoso é trans-formado em forma utilizável pela plan-ta...ou amônio ou nitrato. Ele pode ser fixa-do pelo relâmpago e levado à superfície daterra através da chuva ou da neve. Ele podeser fixado por certos organismos do solo enos nódulos das raízes das legu-minosas.

A fixação industrial fornece as mi-lhões de toneladas de fertilizantes nitro-genados comercialmente exigidos para secultivar plantas em todo o mundo.

O nitrogênio e as culturas

O nitrogênio é o elemento exigidopelas culturas em geral em maior quan-tidade que qualquer outro macronutriente.Algumas culturas, entretanto, absorvemmais potássio (K) do que N. A Tabela 1mostra as quantidades de nitrogênio exigi-das pelas principais culturas.

do N do solo vem da matéria orgânica. Amatéria orgânica libera o N lentamente,sendo a taxa controlada por fatores comotemperatura, umidade e textura.

O nitrogênio é o elementoda qualidade porque ele faz

parte da composição dasproteínas de todas as plantas

e animais. O valor nutritivodo alimento que consumimos

depende muito dadisponibilidade de N para odesenvolvimento da planta

e do animal.

O nitrogênio nos solos

A quantidade de N suprida pelamaioria dos solos é pequena. Muito poucoé encontrado nas rochas e minerais; muito

Em geral, cerca de 20 a 30 kg de Npor hectare são liberados anualmente paracada 1% de matéria orgânica contida nosolo. Assim, um solo com 2% de matériaorgânica poderia liberar 40 a 60 kg de Nno ano. Um dos produtos da decomposiçãoda matéria orgânica, mineralização é otermo correto, é o amônio, que pode serretido pelo solo, absorvido pelas plantas ouconvertido em nitrato. O nitrato pode serusado pelas plantas, lixiviado para fora dazona das raízes ou convertido a N gasoso eperdido para a atmosfera.

A relação entre N indisponível paraas plantas (matéria orgânica) e N disponívelpara as plantas (amônio e nitrato) é ilus-trada na Figura 1.

Figura 1. Mais de 90% do N do solo estão contidosna matéria orgânica, não prontamentedisponível para o uso da planta.

Escolha de uma fonte denitrogênio

Como a maioria dos solos não écapaz de fornecer quantidades suficientesde N para garantir o crescimento e aprodução econômica de muitas culturas, osfertilizantes comerciais são largamenteusados para suprir as necessidades dasplantas. Esterco, lodo de esgoto e outrosresíduos são fontes aceitáveis... desde quedisponíveis. Porém, estas fontes são difíceisde manejar e não são economicamentetransportadas a longas distâncias.

Matériaorgânica

Amônio,Nitrato

Imobilização

Mineralização

Nutri-FatosInformação agronômica sobre nutrientes para as culturas

É uma verdade –o nitrogênio é exigido pelas culturas1

NITROGÊNIO

ARQUIVO DO AGRÔNOMO - Nº 10

2 ARQUIVO DO AGRÔNOMO Nº 10 – MARÇO/96

O uso adequado do nitrogênio podeotimizar as produções e os lucros e aomesmo tempo evitar qualquer possi-bilidade de efeito negativo sobre oambiente: é a verdade.

Tabela 2. Maiores densidades de plantio do milho enitrogênio interagem para aumentar aprodução e a eficiência da adubaçãonitrogenada1.

Produção, kg/ha com doses de N kg/ha

80 160 240

30.000 6.608 7.728 8.680 2.07260.000 8.456 9.958 11.312 2.85690.000 9.184 11.760 12.936 3.752

Resposta àpopulação, kg/ha 2.576 4.032 4.256 1.680

1 Dados da Flórida, EUA.

• plantas raquíticas e angulosas;

• menor perfilhamento em cereaiscomo o arroz e o trigo;

• baixo conteúdo de proteína... nasemente e nas partes vegetativas;

• quantidade reduzida de folhas;

• maior suscetibilidade a estresse porcondições ambientais, pragas e doenças.

Resposta das culturas aonitrogênio

A necessidade de se usar N em mui-tas culturas é mais comum que a de outrosnutrientes. A Tabela 2 mostra como a co-lheita de milho aumentou com a dose de Ne a densidade de plantio. A adubação nitro-genada é sempre mais rentável e mais ami-ga do ambiente quando usada juntamentecom todas as Melhores Práticas de Manejo.

Em virtude das culturas serem tãoresponsivas ao N, a dose ótima da adu-bação nitrogenada varia muito pouco emfunção do preço, tanto em relação à culturaquanto ao fertilizante. Isto é válido contan-to que a cultura continue responsiva.

O conceito é ilustrado na Tabela 3.

A escolha da fonte correta de N devese basear em vários fatores, incluindodisponibilidade, preço, cultura a ser adu-bada, época e métodos de aplicação,sistemas de manejo e outros. Sob o pontode vista de uma eficiente nutrição de planta,entretanto, um kg de N é um kg de N...desde que a fonte escolhida seja usadaadequadamente. Além disso, qualquer fon-te de N, orgânica ou mineral, se não foraplicada corretamente – dose, época, loca-lização – apresenta a possibilidade de cau-sar acumulação de níveis excessivos denitrato na água de beber.

Populaçãoplantas/ha

Resposta a N kg/ha

Sintomas de deficiência denitrogênio

O nível adequado de N produzfolhas com coloração verde-escuro, devidoao alto teor de clorofila. A deficiência resul-ta em amarelecimento (clorose) das folhasdevido à diminuição de clorofila.

Os sintomas de deficiência apa-recem primeiro nas folhas mais velhas,depois desenvolvem-se nas mais novasconforme a situação se torna mais severa.Outros sintomas da deficiência de Nincluem:

Tabela 3. As doses ótimas de N (kg/ha) variam poucocom as mudanças nos preços do milho e doadubo.

Preço do N (R$/kg)

0,24 0,32 0,48

4,00 192 174 1665,00 189 180 1726,00 192 184 176

Preço do milho R$/saco

Deficiência de nitrogênio em milho (Original:EMBRAPA-CNPMS).

Deficiência de nitrogênio em feijoeiro, à direita(Original: Quirino A.C. Carmello).

Deficiência de nitrogênio em citros (Original:Eurípedes Malavolta).

Deficiência de nitrogênio em cafeeiro (à esquerda,ramo normal).

POTAFOS - Caixa Postal 400 CEP 13400-970 Piracicaba-SP Telefone e fax: (0194) 33-3254 3

e no caule. As folhas velhas são afetadasantes que as novas devido ao movimentodo P na planta (mobilidade). Algumas plan-tas, tais como o milho, podem desenvolveruma coloração púrpura ou avermelhadanas folhas inferiores e no caule. Esta con-dição está associada à acumulação de açú-cares em plantas deficientes em P, espe-cialmente durante os períodos de baixatemperatura. A esses efeitos juntam-se me-nor produção, menor qualidade, baixo pre-ço e menor lucro.

Onde as plantas conseguem ofósforo?

As plantas absorvem o fósforo do solo,especificamente da solução do solo.

Somente pequenas quantidades de Pestão presentes na solução do solo, porém,o suprimento deve ser continuamente rea-bastecido pela liberação de P dos mineraise da matéria orgânica. O pH do solo, ou aacidez, tem grande influência na dispo-nibilidade de P para as plantas e determinaas formas que elas podem utilizá-lo (Figura1). Todo o P é absorvido pelas raízes comoíon ortofosfato, H

2PO

4 . O fósforo da ma-

téria orgânica só se torna disponível quan-do os microrganismos do solo "quebram" amatéria orgânica em formas simples, libe-rando os íons fosfatos inorgânicos.

FÓSFORO

Não há dúvida: o fósforo (P) éessencial para o crescimento da planta. Oelemento está presente em cada célula viva,da planta e do animal. Nenhum outro ele-mento pode substituí-lo.

O fósforo é um dos 16 nutrientesessenciais que as plantas necessitam parao crescimento e a reprodução. Ele é consi-derado um dos três macronutrientes, jun-tamente com o nitrogênio (N) e o potássio(K). Eles são considerados macronu-trientes devido à quantidade relativamentealta com que são utilizados pelas plantas(Tabela 1) e à freqüência com que suasdeficiências limitam o crescimento delas.

Figura 1. A disponibilidade do P cai com aacidez e com a alcalinidade dosolo.

1 Tradução e adaptação do original "It's Essential – Phos-phorus Is Required by Plants", PPI, Norcross, EUA,por Eurípedes Malavolta.

Tabela 1. Absorção de fósforo pelas culturas.

Total absorvido kg P2O5

(1)

Algodão 750 kg de fibra 32

Amendoim 2 t de grãos 19

Arroz 3 t de grãos 39

Café2 3 t de grãos 23

Cana 100 t de colmos 46

Eucalipto 100 m3 de madeira 20

Feijão 1 t de grãos 22

Forrageiras gramíneas 1 t de mat. seca 4 leguminosas 1 t de mat. seca 7

Laranja3 18 t de frutos 9

Milho 5 t de grãos 45

Soja 2,5 t de grãos 34

Tomate 40 t de frutos 43

Trigo 3 t de grãos 21

1 Para converter P2O

5 em P multiplicar por 0,434.

2 Quantidade absorvida entre 5,5 e 6,5 anos de idadepara uma produção de 50 sacas beneficiadas.

3 Quantidade total contida em um pomar produzindo2 caixas de 40,8 kg/pé, densidade de 210 plantas/ha.

Cultura Nível deprodução

O fósforo nas plantas

O fósforo é um componente vital noprocesso de conversão da energia solar emalimento, fibra e óleo pelas plantas. Ofósforo desempenha função-chave nafotossíntese, no metabolismo de açúcares,no armazenamento e transferência de ener-gia, na divisão celular, no alargamento dascélulas e na transferência da informaçãogenética.

O fósforo promove a formaçãoinicial e o desenvolvimento da raiz, o cres-cimento da planta; acelera a cobertura dosolo para a proteção contra a erosão; afetaa qualidade das frutas, dos vegetais e dosgrãos, e é vital para a formação da semente.O uso adequado de P aumenta a eficiênciada utilização de água pela planta (= menosperdas) bem como a absorção e a utilizaçãode todos os outros nutrientes, venham elesdo solo ou do adubo. Contribui para au-mentar a resistência da planta a algumasdoenças. Ajuda a cultura a suportar baixastemperaturas e a falta de umidade, aceleraa maturação e protege o solo mediante me-lhor cobertura vegetal.

Sintomas de deficiência

A primeira manifestação da falta de P éuma diminuição no crescimento da planta.As folhas podem ficar torcidas. Com aseveridade da deficiência, áreas mortaspodem se desenvolver nas folhas, nos frutos

Ele é essencial –sem fósforo as plantas não vivem1

O fósforo deve ser fisicamenteadicionado ao solo para

aumentar a disponibilidadepara as plantas.O fósforo

não pode ser fixadoda atmosfera.

4 ARQUIVO DO AGRÔNOMO Nº 10 – MARÇO/96

Ninguém tenha dúvida – não há vidasem fósforo.

Os fatores que afetam a disponibilidadede P para as plantas incluem: tipo e quan-tidade de minerais de argila, níveis de P nosolo, aeração, compactação, teor de umida-de, temperatura, pH, disponibilidade deoutros nutrientes essenciais às plantas ecultura que está sendo cultivada.

Determinação da necessidadede P da cultura

As análises do solo e da planta (folhasgeralmente) podem predizer se é necessá-rio suplementar a capacidade do solo emfornecer P para a cultura.

A pesquisa vem estabelecendo quais osníveis de P no solo que estão associadoscom o crescimento e a produção ótimos damaioria das culturas. Do mesmo mododeterminou os teores ótimos nas folhas, osquais podem variar com a idade da cul-tura.

Se há mais remoção de P do solo doque reposição, os níveis indicados pelaanálise do solo e a disponibilidade irãodiminuir com o tempo. Por outro lado, sehá maior fornecimento de P do que remo-ção, os níveis dados pela análise do solo ea disponibilidade aumentarão.

Como satisfazer a necessidadede P das culturas

O fósforo é adicionado ao solo comoadubo comercial, esterco de curral ou degalinha, lodo de esgoto, restos de colheitaou outros subprodutos. A reciclagem defósforo contido nos estercos animais, pra-ticada há séculos, e a de subprodutos nãoé, entretanto, suficiente. Há a necessidadede se usar outras fontes.

A indústria de fertilizante fosfatado foidesenvolvida para suprir esta necessidadee fornecer formas prontamente disponíveisde P, que podem ser facilmente transpor-tadas e aplicadas. Vários métodos são uti-lizados para converter a rocha fos-fatada em adubos. O produto finalpode ser um material seco (pó,farelado ou granulado) ou fluido(solução ou suspensão).

Alguns solos, ácidos geralmen-te, reagem prontamente com oadubo fosfatado, reduzindo suadisponibilidade para as plantas(fixação). Essas condições podemser compensadas pela aplicação deP bem próximo ao período de utili-zação pelas plantas ou aplicando-se os fertilizantes em faixas con-centradas quando diminuem essas reações.As condições de estresse ambiental, que

diminuem a disponibilidade de P para asplantas, podem ser contornadas pela colo-cação de P próximo à semente (adubaçãode arranque)... mesmo quando a dispo-nibilidade no solo for alta.

Resposta das culturas ao fósforo

A adubação fosfatada aumenta asproduções e os lucros do agricultor.

Os dados da Tabela 2 ilustram a impor-tância do P para o aumento das produçõesdas culturas, melhorando a eficiência do usodo N, diminuindo os custos de produçãopor unidade e aumentando a lucratividadeda cultura.

Tabela 2. Doses adequadas de P aumentam a produção de trigo,melhoram o aproveitamento do N, diminuem os custosde produção e aumentam a lucratividade1.

Eficiência Custo de Lucro do N produção líquido sacos/kg N R$/saco R$/ha

75 0 43 0,57 7,82 - 35,7575 20 64 0,85 5,68 84,1575 30 70 0,93 5,28 120,4075 40 76 1,01 4,98 154,0275 50 80 1,06 4,84 172,80

1 Solo com baixo teor de P.P

2O

5 = R$ 0,44/kg; Trigo = R$ 7,00/saco.

Colheitasacos/ha

N P2O5

- - kg/ha - -

Deficiência de fósforo em citros (Original: PPI).

Deficiência de fósforo em milho (Original: EMBRAPA-CNPMS).

Deficiência de fósforo em soja, à direita (à esquerda,folha normal).

Deficiência de fósforo em cana, à frente; ao fundo,plantas normais (Original: J. Orlando Filho).

POTAFOS - Caixa Postal 400 CEP 13400-970 Piracicaba-SP Telefone e fax: (0194) 33-3254 5

POTÁSSIOÉ uma realidade –

o potássio é essencial para todas as plantas1

O POTÁSSIO (K) é um nutrientemineral essencial para plantas e animais.Por exemplo: ele é o terceiro mineral maisabundante em nossos corpos, excedidosomente pelo cálcio (Ca) e pelo fósforo (P).Mais de 85% do K do corpo humano éencontrado em órgãos essenciais tais comomúsculos, pele, sangue e trato digestivo.Nem animais nem plantas podem sobre-viver sem um suprimento adequado de K;seus efeitos são reais.

O potássio nas culturas

As plantas exigem mais potássio doque qualquer outro nutriente, exceto onitrogênio (N). As culturas de importânciaeconômica contém aproximadamente asmesmas quantidades de N e K mas oconteúdo de potássio de algumas altamen-te produtivas pode ser maior que o de ni-trogênio. Ao contrário de outros nutrien-tes, o K não forma compostos nas plantas,mas permanece livre para "regular" muitosprocessos essenciais... incluindo ativaçãoenzimática, fotossíntese, uso eficiente daágua, formação de amido e síntese de pro-teína. A Tabela 1 mostra a absorção de Kpor algumas culturas brasileiras.

1 Tradução e adaptação do original "It's for Real – Po-tassium Is Required by Plants", PPI, Norcross, EUA,por Eurípedes Malavolta.

O potássio no solo

A maioria dos solos contémcentenas de quilos de K ... freqüentemente20.000 quilos ou mais por hectare. Porém,somente uma pequena quantidade está dis-ponível para as plantas em todo o períodode desenvolvimento, provavelmente menosque 2%. O K no solo existe em três formas:

• K indisponível: é encontrado nosminerais do solo. Ele é liberado muitovagarosamente para estar disponível paraa cultura em desenvolvimento no ano.

• K pouco disponível: é "fixado" ouaprisionado entre as camadas de certasargilas do solo. Solos altamente intempe-rizados (regiões tropicais) não contém mui-to dessa argila.

Tabela 1. As culturas absorvem grandes quanti-dades de potássio1.

Total absorvido kg K2O

Algodão 500 kg de fibra 42

Amendoim 2 t de grãos 92

Arroz 3 t de grãos 144

Café2 3 t de grãos 187

Cana 100 t de colmos 201

Eucalipto 100 m3 de madeira 35

Feijão 1 t de grãos 119

Forrageiras gramíneas 1 t mat. seca 27 leguminosas 1 t mat. seca 27

Laranja3 18 t frutos 73

Milho 5 t grãos 106

Soja 2,5 t grãos 100

Tomate 40 t 230

Trigo 3 t grãos 51

1 Para converter K2O em K multiplicar por 0,83.

2 Quantidade absorvida entre 5,5 e 6,5 anos de idadepara dar uma produção de 50 sacas beneficiadas.

3 Quantidade total contida em um pomar produzindo2 caixas de 40,8 kg/pé, densidade de 210 plantas/ha.

CulturaNível deprodução

• K disponível: é encontrado nasolução do solo e retido na forma trocávelpela matéria orgânica e pelas argilas.

O potássio movimenta-se por difu-são no solo, um processo vagaroso. Asraízes da cultura geralmente contactammenos que 3% do solo na qual elas cres-cem. Isto significa que os solos devem serbem supridos com K para garantir a dispo-nibilidade e o suprimento adequado paracada estádio de desenvolvimento, até acolheita. A Figura 1 ilustra como o K se"difunde" para as raízes da planta.

Adubando com potássio

Não há uma maneira ideal de seaplicar fertilizantes potássicos. Os métodosdependem das várias condições de solo ecultura e de outras práticas de manejo...crescimento da cultura, sistema de cultivo,fertilidade do solo, mão-de-obra disponí-vel e equipamento, tipo de solo, uso dedefensivos em combinação com fertili-zantes e outras.

Os diversos métodos de aplicaradubos potássicos são variações dos 2extremos: faixas ou linhas e a lanço, nestecaso geralmente com incorporação nacamada arável.

A combinação da aplicação na linhacom a aplicação a lanço é, com freqüência,a melhor maneira de se aplicar K. Estacombinação proporciona um crescimentoinicial rápido e fornece uma reserva doelemento por longo tempo. O ponto im-portante é fornecer uma nutrição adequa-da de K que se manterá do plantio àcolheita.

Há várias fontes de fertilizantepotássico. Cada uma tem sua vantagem. Afonte mais comumente usada é o cloreto depotássio (KCl), ou muriato de potássio.Porém, as necessidades de culturasespeciais freqüentemente justificam o usode outras fontes, incluindo sulfato depotássio (K

2SO

4), sulfato de potássio e

magnésio (K2SO

4.2MgSO

4) e nitrato de

O potássio interage comquase todos os outros

nutrientes essenciais à planta.Ele é importante para:

ativação enzimática; usoeficiente da água;

fotossíntese; transporte deaçúcares, água e movimento

de nutrientes; síntese deproteínas; formação de amido

e qualidade da cultura.

6 ARQUIVO DO AGRÔNOMO Nº 10 – MARÇO/96

O potássio desempenha uma funçãovital nos processos essenciais daprodução vegetal. E isso é real.

Sintomas de deficiência depotássio

Um dos sintomasmais comuns de deficiênciade K é o secamento ouqueimamento das margensdas folhas, normalmenteaparecendo primeiro nasfolhas mais velhas.

As plantas deficien-tes em potássio crescemvagarosamente e desenvol-vem pouco o sistema radi-cular. Os caules são quebra-diços e o acamamento écomum. A semente e os fru-tos são pequenos e enru-gados; as culturas mostrampouca resistência a doen-ças e ao estresse por umi-dade. A qualidade de muitosprodutos é ajudada pelo K:teor de açúcar na cana, ta-manho dos frutos cítricos,resistência ao transporte e

ao armazenamento no caso dehortaliças e outras culturas.

Resposta das culturas ao potássio

A adubação potássica em solos res-ponsivos aumenta as produções e é umadas práticas lucrativas disponíveis aoagricultor. Os dados da Tabela 2 ilustram aimportância do K no aumento da produçãode café, cana-de-açúcar, milho e soja (da-dos respectivamente do IBC, Planalsucar,IAC e EMBRAPA).

Solução do solo

Superfície do solo

Raízes

Planta

potássio (KNO3). A escolha da fonte deve

ser baseada nas necessidades do solo e dacultura, nos métodos de aplicação, no preçoe na disponibilidade.

Figura 1. O potássio caminha para as raízes da planta pordifusão, um processo lento.

Tabela 2. O potássio aumenta a produção de váriasculturas.

Cultura

Café Cana Milho Soja

- - - - - - - - - - - - t/ha - - - - - - - - - - - -0 1,5 115 2,2 0,7

30 - - 3,9 -40 - - - 2,260 - - 4,1 -75 - 127 - -80 - - - 2,5

100 4,8 - - -150 - 135 - -200 6,6 - - -

Dose de K2O kg/ha

Deficiência de potássio em milho (Original: EMBRAPA-CNPMS).

Deficiência de potássio em soja.

Deficiência de potássio em cana-de-açúcar, à esquerda;à direita, folha normal (Original: J. Orlando Filho).

Deficiência de potássio em cafeeiro.

POTAFOS - Caixa Postal 400 CEP 13400-970 Piracicaba-SP Telefone e fax: (0194) 33-3254 7

Não deixe a reserva de cálcio (Ca) doseu solo baixar. Esse nutriente essencial, classi-ficado como macronutriente secundário nalegislação brasileira de adubos, tem um grandepapel a desempenhar no processo de formaçãoda colheita. Muitas vezes, porém, nos programasde fertilidade preparados para muitas culturasde alta produção e alta qualidade, não se pensanele. Existem exceções. Plantadores de amen-doim e de algodão, por exemplo, dão ênfase auma boa nutrição com Ca. O que eles conhecemsobre o Ca que outros não conhecem? A respostaestá no entendimento das contribuições do Capara a fertilidade e para as culturas sob manejointensivo ou estresse (falta d'água, salinidade).

Funções do cálcio no solo

O cálcio contribui para a formação dafertilidade do solo da seguinte forma:

• o cálcio desloca o hidrogênio (H) dasuperfície das partículas do solo quando ocalcário é adicionado para reduzir a acidez.

• o cálcio é essencial para os micror-ganismos que transformam os restos de culturaem matéria orgânica, libertam os nutrientes eaumentam a estrutura e a capacidade de retençãode água dos solos.

• o cálcio ajuda a bactéria Rhizobium afixar melhor o nitrogênio atmosférico (N) emformas que as plantas leguminosas podemutilizar.

• o cálcio aumenta a absorção de todosos outros nutrientes pelas raízes e o seu trans-porte para os outros órgãos da planta (caule,ramos, folhas, frutos).

Funções do cálcio nas plantas

O cálcio é vital para várias funções naplanta, incluindo:

• o cálcio ajuda a converter o N-nitrato(N-NO

3) em formas necessárias para a for-

mação da proteína.

• o cálcio ativa um grande número desistemas enzimáticos que regulam o cres-cimento da planta.

CÁLCIOTodo o mundo sabe –

o cálcio é exigido pelas culturas1

1 Tradução e adaptação do original "It's Well Known –Calcium Is Required by Plants", PPI, Norcross,EUA, por Eurípedes Malavolta.

Tabela 1. Exigências de cálcio, magnésio e enxofrede várias culturas.

Total absorvido Ca Mg S

- - - - kg - - - -

Algodão 500 kg de fibra 15 12 10Amendoim 2 t de grãos 10 12 11Arroz 3 t de grãos 27 9 12Café1 3 t de grãos 63 30 10Cana 100 t de colmos 100 52 45Eucalipto 100 m3 de madeira 140 35 38Feijão 1 t de grãos 58 19 26Forrageiras gramíneas 1 t mat. seca 5 3 1 leguminosas 1 t mat. seca 13 4 2Laranja2 18 t frutos 160 9 9Milho 5 t grãos 19 26 13Soja 2,5 t grãos 42 25 5Tomate 40 t 15 18 27Trigo 3 t grãos 7 9 8

1 Quantidades absorvidas entre 5,5 e 6,5 anos de idadepara dar uma produção de 50 sacas beneficiadas.

2 Quantidades totais contidas em um pomar produzin-do 2 caixas de 40,8 kg/pé, densidade de 210 plantas/ha.

Nível deprodução

• o cálcio é necessário para a formaçãoda parede celular e para a divisão normal dacélula.

• o cálcio, junto com o magnésio (Mg) eo potássio (K), ajuda a neutralizar os ácidosorgânicos na planta.

• o cálcio contribui para aumentar aresistência às doenças.

Quanto cálcio a cultura absorve?

Embora desempenhe papéis importan-tes na vida da planta, as quantidades de Ca nelacontidas não são tão grandes quanto as denitrogênio e potássio. São, em geral, maioresque as de magnésio (Mg) e de enxofre (S), doiselementos que, com o cálcio, compõem a listados macronutrientes secundários. Note-se queessa classificação é convencional e não querdizer que o Ca seja menos essencial que osdemais elementos e nem menos importante paragarantir produtividade e qualidade dos produtosagrícolas, forrageiras, frutíferas, hortaliças egrãos.

A Tabela 1 mostra a necessidade de Ca,Mg e S de várias culturas.

Evite o problema da deficiênciade cálcio

A disponibilidade de cálcio é adequadaquando os solos não são ácidos (pH entre 6,0 e6,5) ou quando a acidez é corrigida pela apli-cação de calcário. Quando o solo se torna ácidoem conseqüência da lixiviação ou perda de basespela erosão, da adubação, e da própria cultura(que "troca" potássio, cálcio e magnésio por hi-drogênio) o desenvolvimento das plantas é fre-qüentemente prejudicado pelas concentraçõestóxicas de alumínio (Al), manganês (Mn) e ferro(Fe), além da falta de cálcio. A análise de soloe um bom programa de calagem são a melhorprática de manejo (MPM) para prevenir essesproblemas.

Na prática agrícola as deficiências deCa existem, e elas devem ser evitadas ou corri-gidas. Atente para um ou mais dos seguintessintomas:

• lento desenvolvimento do sistema ra-dicular. As raízes freqüentemente desenvolvemuma coloração escura e em casos severos omeristema de crescimento morre.

• as folhas novas crescem lentamente eo ápice torna-se gelatinoso. Lembre-se, o cálcionão se transloca na planta, assim, os sintomasde deficiência aparecerão nas folhas mais no-vas.

• pouca nodulação nas leguminosas. Osnódulos ineficientes são de coloração verde-acinzentado no seu interior enquanto os nódulossaudáveis são rosados.

• o tomate apresenta o "fundo preto" oupodridão estilar e, internamente, o coraçãonegro. O cálcio e o manejo apropriado da águaaumentam a resistência a essa anormalidade.

• frutos abortados ou vagens murchasno amendoim. A falta de Ca no crescimento dosfrutos resulta numa alta porcentagem de vagensvazias.

Um bom programa decalagem é o melhor

suprimento de Ca para amaioria das culturas.

Cultura

8 ARQUIVO DO AGRÔNOMO Nº 10 – MARÇO/96

• sementes escuras ou "coração negro"das sementes do amendoim. A deficiênciadiminui a produção e reduz a qualidade e o valorcomercial.

• podridões nas vagens do amendoim.Quando o Ca está deficiente ou em baixaproporção com respeito ao K e ao Mg, as vagenssão mais predispostas à infecção por fungos. Apesquisa tem demonstrado que há menos po-dridões das vagens em solos bem supridos emCa.

• plantas mais sujeitas à seca, porque afalta de cálcio limita o desenvolvimento dasraízes e a absorção de água.

• colapso do pecíolo da soja, geralmenteassociado com a falta d'água que transportamenos Ca para a folha.

As deficiências de cálcio ocorrem maisfacilmente em solos ácidos, arenosos, no qual oCa disponível foi lixiviado pela chuva ou águade irrigação, e em turfa fortemente ácida e so-los estercados, onde o teor total de Ca é baixo.

Use a fonte certa de cálcio

Um bom programa de calagem é umeficiente meio de suprir Ca para a maioria dasculturas. O calcário calcítico de alta qualidadeé efetivo quando os ajustes de pH são ne-cessários. Se o Mg estiver deficiente, a fontepreferida deve ser o calcário dolomítico. Ogesso, gesso agrícola ou fosfogesso (sulfato decálcio), além de melhorar o ambiente radicular

de que o Ca não se torne um fator limitante paraa produção, a qualidade e o lucro.

• Analise o solo todos os anos.• Corrija a acidez. O cálcio do calcário

satisfaz as exigências nutricionais da maioriadas culturas.

• Faça um programa de adubação e denutrição bem balanceado. O cálcio, o Mg e o Kcompetem por sítios de absorção nas raízes. Afalta de um faz com que outro ou outros sejamabsorvidos em excesso.

• Aplique cálcio para funções espe-cíficas. O Ca aplicado quando se chega terra eo amendoim começa a formar vagens ajuda odesenvolvimento das sementes. Aplicações desais solúveis (cloreto, nitrato de Ca) nas folhase frutos do tomateiro ajudam a diminuir ou evitaro "fundo preto" e o "coração negro". Na ma-cieira, as mesmas ajudam a controlar o "bitterpit".

• Aumenta a resistência a doenças. Façao Ca parte de outras MPMs para minimizar oestresse da planta e aumentar sua resistência adoenças.

• Construa a fertilidade do solo. Solosférteis nem sempre são produtivos – pode fal-tar água, por exemplo. Mas os solos produtivossão sempre férteis.

em profundidade, é fonte de Ca e de S para asplantas. Algumas fontes de Ca mais comunsestão na Tabela 2. Notar que alguns adubosfosfatados possuem Ca.

Deficiência de cálcio em milho (Original: EM-BRAPA-CNPMS).

Tabela 2. Algumas fontes de Ca.

Valor neutralizante1

CorretivosCalcário calcítico 32-38 85-100

magnesiano 28-30 85-108dolomítico 15-25 85-108

Cal extinta 52-54 120-135Gesso agrícola 22 Sem

Fertilizantes fosfatadosFosfato natural 28 10"Fosmag" 18 SemSuperfosfato simples 18 Sem

triplo 10 SemTermofosfato 20 40

OutrasCloreto de cálcio 25 SemNitrato de cálcio2 18 20

1 Em relação ao CaCO3 puro = 100.

2 Adubo nitrogenado.

Fonte Ca%

Melhores práticas de manejo(MPMs) para cálcio na nutriçãodas plantas

As seguintes MPMs podem ajudar amelhorar a nutrição da cultura com a garantia

Todo o mundo deve saber – o cálcio éexigido por todas as culturas.

Deficiência de cálcio em cafeeiro. Deficiência de cálcio em feijoeiro: morte dospontos de crescimento, murchamento (Original:Quirino A.C. Carmello).

Deficiência de cálcio em cana-de-açúcar (Ori-ginal: G. Samuels).

POTAFOS - Caixa Postal 400 CEP 13400-970 Piracicaba-SP Telefone e fax: (0194) 33-3254 9

MAGNÉSIOÉ uma regra (sem exceção) –

o magnésio é exigido por todas as culturas

É uma regra que, para a germinação,um saco de sementes de trigo necessita daquantidade de oxigênio contida em 48 me-tros cúbicos de ar. O oxigênio é necessáriopara a liberação da energia química nassementes. Durante a germinação, aquelesaco de sementes produz a mesma quan-tidade de energia necessária para um tratorarar quase um hectare de terra. É uma regra.

O magnésio (Mg) é necessário paraas culturas capturarem a energia do solutilizada no crescimento e na produção. Éuma regra. O magnésio é classificado comoum nutriente secundário, mas ele tem umefeito primário na produção vegetal e ani-mal. Há três elementos classificados comonutrientes secundários: enxofre (S), cálcio(Ca) e magnésio. As quantidades de Mgexigidas pelas culturas geralmente sãomenores que as de potássio (K) ou cálcio(Ca), mas praticamente iguais às de fósforo(P) ou enxofre (S). A Tabela 1 mostra aabsorção de Mg pelas culturas a níveis deprodução selecionados.

Embora o solo forneça naturalmentevariadas quantidades de Mg, esse supri-mento tem sido esgotado em muitas áreasdevido a cultivos sucessivos sem adubaçãocom Mg. Além disso, calcula-se que aerosão leva embora das terras agrícolas umaquantidade de Mg equivalente à contida emtodo o calcário aplicado no Brasil. Issoexplica porque os agricultores observamrespostas ao Mg aplicado em suas terras.

O magnésio ativa mais sistemasenzimáticos que qualquer outronutriente. Grande parte do Mg

nas plantas está contida naseiva. As funções incluem afotossíntese e a respiração.

O magnésio nos solos

A crosta terrestre contém cerca de 1,9%de Mg, grande parte na forma de minerais.Parte do Mg se torna disponível à medidaque os minerais são intemperizados, umprocesso lento.

1 Tradução e adaptação do original "It's a Rule – Mag-nesium Is Required by Plants", PPI, Norcross, EUA,por Eurípedes Malavolta.

Mg para a plantas diminui a baixos pHs ea altos pHs. Em solos ácidos, com baixopH (pH abaixo de 5,8), o excesso de hidro-gênio (H) e de alumínio (Al) influencia adisponibilidade de Mg e sua absorção pelasplantas. A altos pHs (acima de 7,4), oexcesso de Ca impede a absorção de Mgpelas plantas. Outras situações tambémaumentam a necessidade de Mg suple-mentar:

• solos arenosos com baixa capa-cidade de troca de cátion, baixo teor de Mge alto potencial de lixiviação de Mg;

• aplicação de calcário calcítico emsolos com baixo teor de Mg;

• culturas exigentes em Mg como oalgodoeiro, os citros, o tomateiro e o den-dezeiro;

• altas doses de N amoniacal e deK

2O na adubação;

• teores baixos de Mg trocável nosolo, geralmente menos de 0,5 meq/100 cm3

(120 ppm);

• períodos de seca ou veranico.

Tabela 1. Quantidades de magnésio absorvidas porvárias culturas.

Total absorvido kg Mg

Algodão 750 kg de fibra 18

Amendoim 2 t de grãos 17

Arroz 3 t de grãos 9

Café1 3 t de grãos 30

Cana 100 t de colmos 52

Eucalipto 100 m3 de madeira 34

Feijão 1 t de grãos 19

Forrageiras gramíneas 1 t de mat. seca 3 leguminosas 1 t de mat. seca 4

Laranja2 18 t de frutos 9

Milho 5 t de grãos 33

Soja 2,5 t de grãos 13

Tomate 40 t de frutos 18

Trigo 3 t de grãos 12

1 Quantidade absorvida entre 5,5 e 6,5 anos de idadepara uma produção de 50 sacas beneficiadas.

2 Quantidade total contida em um pomar produzindo2 caixas de 40,8 kg/pé, densidade de 210 plantas/ha.

Cultura Nível de produção

O magnésio pode ser adicionado aossolos deficientes pela aplicação de ferti-lizantes que contém o elemento ou atravésdo calcário dolomítico. O calcário dolo-mítico contém carbonatos de Ca e Mg (comvalor neutralizante), enquanto o calcáriocalcítico contém somente carbonato de cál-cio. O calcário magnesiano ocupa posiçãointermediária.

A disponibilidade de magnésio fre-qüentemente é relacionada ao pH: pesqui-sas têm mostrado que a disponibilidade de

O magnésio nas culturas

Algumas espécies de plantas sãomais exigentes em Mg que outras: legu-minosas forrageiras e gramíneas, algodão,dendê, milho, batata, citros, cana-de-açúcare tabaco precisam de grande quantidade deMg. E algumas variedades e híbridos deculturas tais como milho, soja, lespedeza,algodão e aipo podem requerer mais Mgque outras.

Regra geral: em muitas culturas oteor crítico de Mg, isto é, o nível abaixodo qual a produção cai, na matéria seca éda ordem de 0,2-0,3%.

Funções e sintomas dedeficiência

O magnésio é absorvido pelas plan-tas como cátion Mg2+. Ele desempenha

10 ARQUIVO DO AGRÔNOMO Nº 10 – MARÇO/96

muitas funções na planta. Mais notável,porém, ele é componente da clorofila, opigmento responsável pela fotossíntese epela coloração verde das plantas. É umaregra.

Uma vez que o magnésio é um nu-triente móvel na planta, ele é facilmentetranslocado do tecido mais velho para aspartes novas da planta. Áreas novas daplanta, que estão em crescimento, contémas maiores concentrações de Mg. Quandouma deficiência ocorre, as folhas maisvelhas são afetadas primeiro:

• perda da cor entre as nervuras dafolha, geralmente iniciando-se nas mar-gens e no ápice e progredindo para o centro.Isso dá às folhas de milho uma aparêncialistrada;

• as folhas podem tornar-se que-bradiças e encurvadas para cima;

• as folhas podem ficar mais finasque o normal;

• o ápice e a margem das folhaspodem adquirir coloração púrpura-aver-melhada no caso de deficiências severas(especialmente no algodão);

• o baixo teor de Mg na folha podediminuir a fotossíntese e o crescimentogeral da cultura.

Como resolver o problema dadeficiência de magnésio

Use a análise de solo para avaliar oestado de disponibilidade do Mg do solo.Use a análise de tecido da planta paramonitorar a absorção sazonal das plantas esua utilização. Com os resultados dessasanálises junto com as quantidades exigidas,níveis de produção e práticas de manejo dosolo, pode-se fazer um programa de adu-bação magnesiana do mais alto nível. Asrecomendações típicas para aplicação deMg no solo variam entre 10 e 50 kg/ha.

O Mg na forma de adubo pode seraplicado no solo a lanço ou localizado nafaixa, linha ou sulco, geralmente do segun-do modo. Os adubos magnesianos mais co-muns existentes no mercado brasileiro sãoo sulfato duplo de potássio e magnésio, o"fosmag" (contém também P

2O

5, Ca e S), o

termofosfato magnesiano, o sulfato e o óxi-do de Mg. O magnésio pode também serdistribuído a lanço como calcário dolomí-tico ou magnesiano na prática da calagem.

A Tabela 2 mostra o efeito benéficodo calcário dolomítico sobre a produção docafeeiro no cerrado de Minas Gerais (dadosda EPAMIG).

Tabela 2. Efeitos do calcário calcítico e docalcário dolomítico na produção docafeeiro (soma das 3 primeirassafras).

Tratamento Sacos/ha

Testemunha 63Calcário calcítico 67Calcário dolomítico 97

A tetania dos pastos ocorre em gado quese alimenta de forrageiras com baixo teorde Mg, as quais podem causar sériasimplicações na saúde e mesmo a morte. Àsvezes chamada hipomagnesia, ela estáassociada com baixos níveis de Mg séricono sangue. Pesquisadores observaram quemesmo que o Mg possa ser absorvido pe-las raízes das plantas forrageiras, ele nãopode ser translocado para a parte superiorse as plantas estiverem deficientes em P.Quando isso ocorre, o gado que pasta nes-tas forrageiras torna-se mais predisposto àtetania. Produtores de leite e de carne po-dem ajudar a resolver o possível problemade tetania dos pastos com uma adubaçãoadequada de P e Mg.

O magnésio é exigido pelas culturas – éuma regra sem exceção!

Deficiência de magnésio em folhas velhas de milho(Original: ARBORE).

Deficiência de magnésio em soja (Original: EM-BRAPA-CNPSo).

Deficiência de magnésio em cafeeiro.

Deficiência de magnésio em algodoeiro, causandoavermelhamento internerval (Original: IAC).

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O elo que pode faltar –o enxofre é exigido pelas plantas

Todo o mundo sabe que uma corren-te não é melhor que o seu elo mais fraco.Em muitos programas de adubação há umelo freqüentemente esquecido – o enxofre(S).

Porque o enxofre se tornou o elomais fraco?

Atualmente, o S está se tornando umnutriente limitante na produção das cultu-ras, mais que no passado. As razões paraesse aumento na necessidade incluem:

• maior produtividade das culturas,que requerem mais S;

• aumento no uso de adubos con-centrados que contém pouco ou nenhum S;

• redução nas quantidades de Satmosférico provindas da chuva;

• redução das reservas de S do solocom as perdas de matéria orgânica devidoà mineralização e à erosão.

A Tabela 1 mostra a absorção de Spelas principais culturas.

ENXOFRE

1 Tradução e adaptação do original "It's the MissingLink – Sulfur Is Required by Plants", PPI, Norcross,EUA, por Eurípedes Malavolta.

Tabela 1. Quantidades de enxofre absorvidas porvárias culturas.

Total absorvido kg S

Algodão 750 kg de fibra 22Amendoim 2 t de grãos 8Arroz 3 t de grãos 12Café1 3 t de grãos 10Cana 100 t de colmos 45Eucalipto 100 m3 de madeira 36Feijão 1 t de grãos 26Forrageiras gramíneas 1 t de mat. seca 1 leguminosas 1 t de mat. seca 2Laranja2 18 t de frutos 9Milho 5 t de grãos 13Soja 2,5 t de grãos 10Tomate3 40 t de frutos 14Trigo 3 t de grãos 12

1 Quantidade absorvida entre 5,5 e 6,5 anos de idadepara uma produção de 50 sacas beneficiadas.

2 Quantidade total contida em um pomar produzindo 2caixas de 40,8 kg/pé, densidade de 210 plantas/ha.

3 Nos frutos somente.

Nível deproduçãoCultura

A deficiência de S pode ser devidaa várias condições:

• solos arenosos;• baixo conteúdo de matéria orgâ-

nica dos solos;• regiões com alta pluviosidade;• alto manejo da produção;• baixo teor de S na água de irri-

gação.

O elo do enxofre no solo

O enxofre é fornecido à planta pelamatéria orgânica e por minerais do solo.Com freqüência, porém, está presente emquantidades insuficientes e não se encontradisponível nas épocas em que é exigido parasatisfazer as necessidades de culturas alta-

mente produtivas. A maior parte do S dosolo está fixada na matéria orgânica e elesó pode ser usado pelas plantas quandoconvertido na forma de sulfato (SO

4) pelas

bactérias do solo. Este processo é conhecidocomo mineralização.

O sulfato é móvel no solo e pode serlixiviado fora da zona radicular em algunssolos sob condições de alta pluviosidade.Quando o solo começa a secar, o sulfato,juntamente com o nitrato, pode subir emdireção à superfície à medida que a água seevapora. Devido a essa mobilidade doenxofre disponível (sulfato), a análise dosolo nem sempre pode fornecer informa-ções seguras sobre a capacidade que o solotem para fornecê-lo às culturas. A análisedo tecido da planta, particularmente dasfolhas, pode dar uma indicação melhor danecessidade de S.

O elo do enxofre na planta

O enxofre é reconhecido, junto comnitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K),

como um nutriente-chave necessário aodesenvolvimento da cultura.

O enxofre é exigido para a formaçãode aminoácidos e de proteínas, para a fotos-síntese e para a resistência ao frio.

As deficiências de enxofre são fre-qüentemente confundidas com as de N.

Os sintomas de deficiência de S apa-recem como:

• crescimento raquítico das plantas;• amarelecimento geral das folhas.

Em situações de deficiência menossevera, os sintomas visuais não são aparen-tes, mas a produção e a qualidade serão afe-tadas. As concentrações de enxofre na ma-téria seca das plantas podem variar entre0,2 e até mais de 1,0%.

A batatinha e muitas outras horta-liças necessitam de grandes quantidades deS e produzem melhor quando esse elemen-to faz parte do programa de adubação. Asleguminosas como o feijão, a soja, a ervilhae as forrageiras exigem S para a nodulação,a fixação de nitrogênio do ar e a produção.

O elo do enxofre para aprodução e os lucros

As respostas das culturas brasileiras aoS têm sido bem documentadas, como se vêna Tabela 2, a qual contém dados obtidospelo CENA-USP em colaboração com aFaculdade de Ciências Agrárias e Veteri-nárias de Jaboticabal, Faculdade de Ciên-cias Agrárias de Botucatu, Faculdade deAgronomia de Bandeirantes, EPAMIG eempresas particulares.

Usando-se doses adequadas de Saumentam-se as produções e diminuem-seos custos por unidade produzida. Menorcusto de produção por unidade conduzdiretamente a maiores lucratividades (Ta-bela 3).

A qualidade do produto também éimportante. Um ensaio de 5 anos de duraçãofeito em Louisiana, EUA, mostrou que aadubação com S pode afetar significativa-

12 ARQUIVO DO AGRÔNOMO Nº 10 – MARÇO/96

Tabela 2. Respostas de culturas brasileiras aoenxofre.

Cultura Aumento na produção (%)

Algodão 37

Arroz 16

Café 41

Cana 11

Citros 18

Colonião 21

Colza 51

Feijão 28

Milho 21

Repolho 9

Soja 24

Sorgo 10

Trigo 26

mente a produção e a digestibilidade dagrama das Bermudas (Tabela 4). Outrasforrageiras, particularmente as legumino-sas, podem mostrar efeitos semelhantes nasua qualidade.

embora entre eles a relação "adequada" sejamantida.

Como reforçar o elo mais fraco

O enxofre pode ser aplicado emfaixas ou a lanço, ou através do sistema deirrigação (sulco e aspersão). As recomen-dações típicas variam de 10 a 30 kg deS/ha, mas algumas vezes podem chegar a50 kg/ha, dependendo da cultura, do mane-jo e da pobreza do solo.

Os adubos sulfurados podem conterS na forma de sulfato, outras formas so-lúveis, ou como S elementar. O enxofre naforma de sulfato tem a vantagem de estarimediatamente disponível à planta; porém,ele também é prontamente lixiviável dazona radicular. O S elementar não está dis-ponível à planta até que tenha sido conver-tido no solo a sulfato, um processo que podelevar semanas ou meses.

A seleção de um fertilizante particu-lar dependerá da situação da cultura, daépoca de aplicação, da preferência docomprador, do custo, do equipamento deaplicação e da disponibilidade de materiais.

Contém enxofre os seguintes adubosprincipais do mercado brasileiro, com o seuteor porcentual, respectivamente: Fosmag- 12% de S; gesso agrícola - 16%; sulfatode amônio - 23%; sulfato de potássio - 18%;sulfato duplo de potássio e magnésio - 22%;superfosfato simples -12% de S.

Lembre-se: o S pode ser o elo que estáfaltando no seu programa de adubação.

Tabela 4. O enxofre aumenta a produção e aquantidade de matéria seca digestível(MSD) da grama das Bermudas.

Enxofre Produção MSD kg/ha kg/ha kg/ha

0 12.590 7.09524 13.091 7.33048 13.504 7.58072 13.862 7.72896 14.580 8.123

Tabela 3. A adubação com S diminui os custos de produção demilho e aumenta o lucro líquido (dados norte-americanos)1.

S Produção Lucro Custo de Lucro Custo porkg/ha sacos/ha bruto produção líquido saco

- - - - - - - - - R$/ha - - - - - - - - R$/saco

0 178 895 750 45 4,20

10 203 1.020 762 258 3,76

20 212 1.062 772 290 3,64

30 209 1.045 777 268 3,72

1 1 saco de milho = R$ 5,00. Colheita = R$ 0,40/saco.Enxofre = R$ 0,40/kg.

O elo do enxofre para aprodução animal

O enxofre é um nutriente essencialpara as culturas e para os animais que con-somem essas culturas. Pesquisadores repor-tam que o crescimento da forrageira podeestar próximo às taxas máximas, mas o teorde S pode estar inadequado para a nutriçãodos animais ruminantes. No sudeste dosEUA, altas doses de adubos nitrogenadostêm causado diminuição na concentraçãode S em Coastal bermudagrass e aumen-tado a relação N:S. Isso parece contribuir

para a baixa performance do ani-mal que utiliza essa gramínea.

Muitos pesquisadores recomen-dam uma relação N:S de 10:1 a15:1 para uma nutrição animaladequada. Notou-se, porém, queem uma situação de deficiência(com baixos teores de N e S), arelação "adequada" pode ser umerro. Os dois nutrientes podemestar limitando o desempenho doanimal, por estarem ambos emconcentração baixa na forrageira,

Deficiência de enxofre em algodoeiro (Original: IAC).Deficiência de enxofre em feijoeiro, à direita; à esquerda,planta normal (Original: Euclides Caxambu A. deSouza).

POTAFOS - Caixa Postal 400 CEP 13400-970 Piracicaba-SP Telefone e fax: (0194) 33-3254 13

• pH do solo

A disponibilidade do B é adequadaentre pH 6,0 e 7,0 (Figura 1), diminuindoem valores abaixo ou acima dessa faixa,tal como acontece com a dos elementosnitrogênio e enxofre.

Figura 1. A disponibilidade de B geralmente émáxima no pH 6,5.

Doses muito pesadas de calcário,fazendo o pH subir demasiadamente,podem diminuir a disponibilidade do B eprejudicar a produção, que volta a crescercom a aplicação de boro junto com acalagem. É o que mostram os dados doIAC resumidos na Tabela 1.

É um fato –o boro é exigido pelas culturas

BORO

É um fato que o boro (B) é exigidopelas culturas para seu crescimento eprodução. A deficiência de boro, entre osmicronutrientes, é, juntamente com a dezinco (Zn), a mais freqüente no Brasil. Aresposta ao B tem sido constatada tanto emculturas temporárias, como o algodão e otrigo, quanto em perenes, como o cacau e ocafé, para não falar de hortaliças (batatinha,couve-flor, tomate).

Considere os fatos – boro nossolos

Vários fatores influenciam a dispo-nibilidade do B no solo:

• Matéria orgânica

A matéria orgânica (m.o.) é a maisimportante fonte de B. Quando o tempo estáquente e seco a decomposição diminui nascamadas mais superficiais do solo, onde hámais matéria orgânica e mais raízes, de ummodo geral. Isto pode levar à deficiência.No frio, a decomposição da matériaorgânica também diminui, pois a atividadedos microrganismos por ela responsáveis éreduzida e com isso as culturas de invernopodem sofrer a deficiência de boro.

• Condições de clima

A seca restringe a atividade dosmicrorganismos que decompõem a matériaorgânica e o desenvolvimento das raízescausando uma deficiência temporária de B.

Os sintomas tendem a desaparecerlogo que as camadas superficiais do solorecebem a chuva. As raízes voltam a cres-cer mas a colheita pode já ter sido preju-dicada em parte.

O crescimento radicular continua,mas a produção potential freqüentementeé reduzida.

Tabela 1. Efeito da calagem (6 t/ha) e do B(1,5 kg/ha) em produção de algodão.

Boro

Sem Com

- - - - - - - - kg/ha - - - - - - - - -

Sem 2.595 2.946

Com 2.383 3.770

• Textura do solo

Os solos arenosos de textura gros-seira, pobres em matéria orgânica, commais freqüência são deficientes em B.

• Lixiviação

O boro é móvel no solo, sujeito àlixiviação, particularmente em solosarenosos e em regiões de muita chuva.

Conheça os fatos - boro para asculturas

As culturas variam muito na suanecessidade ou capacidade de responderao B aplicado (Tabela 2). A maioria dasleguminosas, como também algumas fru-tíferas e hortaliças, são altamente res-ponsivas. Outras hortaliças e os cereais(com a possível exceção do trigo) respon-dem menos.

Tabela 2. Escala de resposta das culturas ao boro.

Muito Medianamente Poucoresponsivas responsivas responsivas

Aipo Alface CebolaAlfafa Brócolos CenteioAlgodão Cacaueiro CevadaAlho Cenoura CitrosAmendoim Colza FeijõesBatatinha Espinafre Frutíferas

de bagasBeterraba Mamoeiro Gramíneas

forrageirasCafeeiro Milho PepinoCouve Rabanete SojaEucalipto RepolhoGirassol TomateiroMacieira TrigoNabo Videira

1 Tradução e adaptação do original "It's a Fact – BoronIs Required by Plants", PPI, Norcross, EUA, porEurípedes Malavolta.

Em um hectare de milho emcrescimento há cerca de100.000 km de raízes –

é um fato!Surpreendentemente, essa

tremenda quantidade de raízesestá em contato com menos de

1% de solo. Essa pequenaproporção de raízes fazendo

contato com o solo é uma dasrazões porque é tão importantemanter a fertilidade do solo emum nível alto para se ter uma

rendosa produção dequalquer cultura.

Calagem

14 ARQUIVO DO AGRÔNOMO Nº 10 – MARÇO/96

• Alfafa: folhas novas amareladas,morte da gema terminal e formação derosetas.

• Cafeeiro: internódios mais curtos,folhas pequenas e deformadas, morte degemas terminais e superbrotamento.

• Citros: formação de goma no albedo enos gomos, casca mais grossa.

• Couve-flor: manchas negras na “ca-beça” .

• Macieira: cortiça na parte interna dofruto.

• Mamoeiro: calombos no fruto, exsu-dação de leite.

• Trigo: panículas com poucos grãos.

• Videira: cachos com bagas pequenase outras grandes (“galinha e pintinhos”).

Como resolver os problemas dedeficiência de boro

Os adubos contendo B devem seraplicados bem uniformemente, evitando-seconcentrações em manchas, devido àpequena distância que separa a doseadequada da quantidade tóxica. As dosesde B dependem de vários fatores: teor nosolo e no tecido da planta, espécie cultivada,rotação de culturas, condições de clima,

práticas culturais, textura e teor de matériaorgânica.

O boro pode ser aplicado a lanço oulocalizado no sulco, cova ou faixa, casosesses geralmente preferidos pois usa-semenos. Pode também ser aplicado empulverização foliar que, dependendo dacultura, tem que ser repetida várias vezes.No caso das culturas mais responsivas, asdoses para aplicação no solo podem chegara uns 3 kg/ha e às vezes mais. As culturasmedianamente ou pouco responsivas emgeral recebem 0,5-1,0 kg B/ha. A Tabela 3mostra resultados de ensaios com batatinhae com cafeeiro, conduzidos, respectiva-mente, pelo IAC, em São Paulo, e pelo IBC,em Minas Gerais.

Tabela 3. Resposta da batatinha e do cafeeiro àaplicação de B no solo.

Tratamento Batatinha Café1

t/ha sacos/ha

Sem boro 10 21

Com boro 19 31

1 Média de 3 safras.

Teores adequados de boro aumentam aprodução... e os lucros.

Funções e sintomas dedeficiência

O boro é essencial para o cresci-mento das células, principalmente nasregiões mais novas da planta, gemas, pontasdas raízes. Polinização, desenvolvimentodas sementes, formação da parede celular,florescimento e pegamento da florada,formação dos nódulos das leguminosas,crescimento dos ramos e frutos, tudodepende do B, quase sempre “ajudado” pelocálcio.

Outro papel do B é a formação deproteínas. Embora o B seja móvel no solo,é praticamente imóvel na planta (outracaracterística que partilha com o cálcio) epor isso os sintomas de deficiênciaaparecem nas folhas mais novas ou nospontos de crescimento.

Alguns sintomas específicos dedeficiência de B em várias culturas são osseguintes:

• Amendoim: vagens vazias e manchaspretas nas sementes.

• Algodoeiro: pecíolos fendidos; mortede gemas terminais e superbrotamento;“maçãs” partidas; folhas mais grossas e quepermanecem verdes, dificultando a co-lheita.

Deficiência de boro em citros: goma na pele e nos lóculos(Original: CATI).

Deficiência de boro em feijoeiro: secamento dos pontosde crescimento (Original: Quirino A.C. Carmello).

Deficiência de boro em algodoeiro: acima, flores compétalas atrofiadas em plantas deficientes (Original:IAC).

Deficiência de boro em cafeeiro: à direita, ramo normal.

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É certo –o cobre é exigido pelas culturas

COBRE

O cobre (Cu) é um micronutriente.Isto quer dizer que as plantas contém menosCu do que outros nutrientes, como o nitro-gênio (N). De fato, as plantas possuem2.500 vezes menos Cu do que N e, noentanto, o cobre é tão essencial para ocrescimento da planta quanto o nitrogênio.As culturas necessitam de Cu paracompletar o seu ciclo vital, isto é, paraproduzir sementes viáveis – isto é certo.

Fotossíntese – a produção deaçúcares a partir da luz do sol, do ar e daágua – é um dos processos químicos maisimportantes no mundo. É a única maneirade introduzir energia no mundo vivo. E,no entanto, sem Cu não haveria fotos-síntese, seja porque ele é necessário para aformação da clorofila – o material que dáàs plantas sua cor verde e que lhes garan-te a absorção da luz usada na fotossíntese –seja por participar do complicado proces-so que faz água + gás carbônico + luz =açúcar.

Disponibilidade de cobre no solo

As principais características queinfluenciam a disponibilidade de Cu são asseguintes:

• matéria orgânica: as deficiênciassão freqüentemente encontradas emculturas localizadas em solos com muitamatéria orgânica, como turfas e várzeas. Ocobre é preso pela matéria orgânica maisfirmemente que qualquer outro micro-nutriente.

• textura: os solos arenosos, comoos dos tabuleiros do Nordeste, apresentammaior tendência para serem deficientes emcobre que os argilosos ou barrentos. Asargilas seguram o Cu em forma trocável,disponível para as plantas. Outros com-ponentes do solo, entretanto, como óxidose carbonatos, diminuem a disponibilidade.

Tabela 1. Respostas das culturas ao cobre.

Mais Medianamente Menosresponsivas responsivas responsivas

Alface Abacaxi AspargoAlfafa Aipo BatatinhaArroz Aveia CenteioBeterraba de mesa Beterraba ColzaCana-de-açúcar Brócolos ErvilhaCebola Cafeeiro FeijõesCenoura Couve-flor Gramíneas

forrageirasCitros Milho PinheirosDendezeiro Nabo SojaEspinafre RabaneteTrigo Repolho

Trevo

Sintomas de deficiência

Os sintomas de deficiência de Cupodem não ser tão fáceis de se identificarquanto os de outros micronutrientes. Umadeficiência pequena ou moderada às vezescausa apenas menor crescimento e reduçãona colheita. Deficiências mais severaspodem causar amarelecimento das folhas,murchamento das mesmas e morte dasregiões de crescimento dos ramos. Como ocobre praticamente não se redistribui den-tro da planta, as deficiências aparecemprimeiro nos órgãos mais novos. As plantasdeficientes mostram caules ou colmosfracos e tendência de murchar mesmoquando há umidade suficiente.

Nos cereais, os sintomas são maisevidentes entre o fim do perfilhamento e aemergência da folha bandeira. A cor pardada panícula e o encurvamento desta e docolmo são sintomas comuns no trigo e nacevada. As panículas são freqüentementevazias ou contém grãos enrugados. Nacana-de-açúcar, as touceiras raquíticas seinclinam para o chão adquirindo o aspectode pisoteadas pelo gado.

Como resolver o problema dadeficiência de cobre

As culturas exigem quantidadesmuito pequenas de Cu. Uma boa cultura de

1 Tradução e adaptação do original "It's for Certain –Copper Is Required by Plants", PPI, Norcross, EUA,por Eurípedes Malavolta.

Os sintomas de deficiênciade Cu podem não ser tão

fáceis de identificar quantoos de outros micronutrientes.Como o cobre praticamente

não se redistribui dentroplanta, as deficiênciasaparecem primeiro nos

órgãos mais novos.

• pH do solo: a disponibilidade doCu, tal como acontece com a do ferro, domanganês e do zinco, diminui à medida queo pH aumenta, principalmente se passar de6-7. O pH mais alto reduz a solubilidade eaumenta a força pela qual o Cu é preso àsargilas e à matéria orgânica, tornando-omenos disponível. O excesso de calcáriopode causar falta de Cu.

• balanço de nutrientes: a defi-ciência de Cu é muitas vezes o resultadoda interação negativa entre ele e outrosnutrientes do próprio solo ou do adubo.Assim, altos níveis de N agravam adeficiência. Excesso de fósforo (P), ferro(Fe), zinco (Zn) e alumínio (Al) podereduzir a absorção de cobre.

Cobre para as culturas

As culturas diferem em sua respostaao Cu (Tabela 1). Os cereais, os citros e acana-de-açúcar são mais sensíveis aosbaixos níveis de Cu. O centeio é muitotolerante aos teores baixos. Na verdade,consegue extrair do solo duas vezes maisCu que o trigo. Nos cereais, a ordem desensibilidade é geralmente a seguinte: tri-go > cevada > aveia = milho > centeio. Asdiferenças entre variedades são tambémimportantes e às vezes podem ser tãograndes quanto as diferenças entre espé-cies.

16 ARQUIVO DO AGRÔNOMO Nº 10 – MARÇO/96

trigo, por exemplo, contém menos de 10 gde Cu nos grãos e na palha. Uma saca decafé beneficiado tem pouco menos de 1 g eem 100 t de colmo de cana há 180 g apenas.

Os produtos mais usados para for-necer Cu às culturas no Brasil são osseguintes, com os respectivos teores (% deCu): “fritas” (0,8-3,5% Cu); óxido (75-89%); oxicloreto (50-59%); sulfato (25%);quelados (5-13%).

Em culturas temporárias (cereais,cana-de-açúcar) a aplicação no solo é amaneira mais comum para se corrigir adeficiência de Cu ou evitar que apareça. Asdoses vão de 2 a 14 kg/ha nos solos mineraise de 10 a 45 kg/ha nos orgânicos. Devidoà baixa solubilidade do cobre no solo dá-sepreferência às aplicações localizadas nasfaixas, covas ou sulcos, junto com os demaisadubos. Doses pequenas podem ser mistu-radas com a semente.

A aplicação foliar entre o perfilha-mento e o “emborrachamento” dos cereaisé eficiente, porém o seu uso se faz comomedida de emergência, de modo geral. Emculturas perenes (citros, cafeeiro), as apli-cações foliares são bastante eficientes.Quando se usam defensivos contendo cobre(calda bordalesa, oxicloreto ou outros),além do controle fitossanitário são fonteeficiente do elemento como nutriente.

A resposta ao Cu pode ser espeta-cular, como mostram os dados do Planal-sucar, na Figura 1: 10 kg do elementoaumentaram a produção de cana em quase60 toneladas.

Figura 1. Resposta da cana-planta à aplição docobre no sulco de plantio em tabuleiro deAlagoas.

Além de controlar a ferrugem, ooxicloreto de cobre pulverizado nas folhasfunciona como fonte de cobre, causandoaumentos na produção devido ao controleda doença: é o que mostra a Figura 2, feitacom dados obtidos pela ESAL e aquisimplificados.

Em solos minerais deficientes, o Cu,além de aumentar a produção, aumentatambém a porcentagem de grãos cheios,como mostram os dados canadenses daTabela 2.

Figura 2. Resposta do cafeeiro à aplicação foliar deoxicloreto de cobre (média de 5 safras,doses divididas em 7 aplicações por ano).

Tabela 2. A adubação com cobre aumenta a colhei-ta e a porcentagem de grãos de cevada ede trigo1.

Cultura Tratamento Colheita Grãos cheios

kg/ha %

Cevada Sem Cu 3.875 48

Com Cu 5.750 92

Trigo Sem Cu 937 59

Com Cu 2.250 72

1 Dose: 10 kg de Cu/ha como sulfato de cobre.

O cobre tem algumas funçõesvitais na planta – e isto é certo.

Deficiência de cobre em citros (Original CATI).Deficiência de cobre em cana-de-açúcar: as folhas securvam (Original: J. Orlando Filho).

Deficiência de cobre em cafeeiro, com as folhas curvadaspara baixo, confundindo às vezes com estresse hídrico.

Deficiência de cobre em folhas de cafeeiro, com nervu-ras salientes.

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O ferro (Fe) é essencial para o cres-cimento das plantas e para a produção dealimentos, embora somente pequenasquantidades sejam exigidas, comparadas àsde outros nutrientes, tais como nitrogênio(N), fósforo (P) e potássio (K). Assim, porexemplo, uma produção de 100 sacos demilho remove apenas 60 g de Fe do solo;100 toneladas de colmo de cana-de-açúcarcontém apenas 2,5 kg de ferro.

Porém, estas pequenas quantidadesde Fe devem estar disponíveis para que acultura se desenvolva normalmente eproduza milho, cana ou qualquer outroproduto. Sem o Fe, os benefícios de todasas outras boas práticas de manejo terãopouco ou nenhum valor.

Tenha presente – o ferro no solo

A maior parte dos solos contémmilhares de quilos de Fe, 200.000 por hec-tare ou mais. Mesmo com todo esse ferro,normalmente muito pouco está disponívelpara o desenvolvimento da cultura; assim,as deficiências não são raras em muitasregiões. Existem vários fatores do solo queinfluenciam a disponibilidade de Fe:

• pH do solo

O ferro está mais disponível quandoo pH é menor que 6,0.

Sua disponibilidade diminui rapi-damente à medida que o pH atinge 7,0 oumais. A calagem de solos ácidos é ne-cessária para a ótima produção da cultura,mas a calagem em excesso pode induzir àdeficiência de Fe. A Figura 1 mostra adisponibilidade de Fe nos pHs normal-mente encontrados nos solos agrícolas.

sivos de P no solo podem induzir a umadeficiência de Fe. Deve-se dar especialatenção ao Fe em solos com pH alto e quetambém têm alto teor de P.

• Outros fatores do solo

A combinação dos fatores de solo,incluindo calagem elevada, frio, condiçõesde umidade e níveis altos de bicarbonato,pode levar à deficiência de Fe. Isto é espe-cialmente crítico em culturas sensíveis aoFe, tais como sorgo (grãos) e árvores fru-tíferas. A deficiência também é comum nosviveiros de cacau e café em que os saqui-nhos contém substrato rico em matériaorgânica, são feitas muitas regas e entrapouco sol.

Funções e sintomas dedeficiência de Fe nas plantas

O ferro age como catalisador naformação da clorofila e como carregadorde oxigênio. Ele é essencial para a síntesede proteínas e ajuda a formar alguns sis-temas respiratórios enzimáticos. Ele temfunções na respiração da planta, na fotos-síntese e na transferência de energia.

Os sintomas de deficiência de Feaparecem primeiro nas folhas mais novas,na parte superior da planta, na ponta dosramos (cacau, café, citros) ou na sua base(coco, dendê) porque ele não se transloca,isto é, permanece quase todo no órgão emque primeiro se acumulou. A deficiênciade Fe apresenta-se com uma coloraçãoverde-pálido (clorose), com acentuadadistinção entre as nervuras verdes da folhae o tecido internerval. A deficiência severapode tornar a planta inteira amarelo-esbranquiçado.

Às vezes, a deficiência de Fe é difícilde ser identificada porque os efeitos podemser mascarados pela deficiência de outronutriente ou pelo desequilíbrio nutricional.Doenças, infestação de insetos ou dano por

Não é surpresa –o ferro é exigido pelas culturas

FERRO

Os sintomas de deficiênciade Fe aparecem primeiro nas

folhas mais novas.Níveis excessivos de P no

solo podem provocar adeficiência de ferro.

1 Tradução e adaptação do original "It's Not Surprising– Iron Is Required by Plants", PPI, Norcross, EUA,por Eurípedes Malavolta.

Figura 1. À medida que sobe o pH cai a disponi-bilidade do ferro.

• Matéria orgânica

Os solos ricos em matéria orgânicasão aqueles mais provavelmente pobres emFe e onde as deficiências são bastantecomuns, particularmente quando enchar-cados.

• Equilíbrio nutricional

Como ocorre para outros nutrientesessenciais à planta, o equilíbrio é um fatorimportante na determinação da disponi-bilidade de Fe. O equilíbrio entre Fe, cobre(Cu), manganês (Mn) e molibdênio (Mo) éparticularmente importante. Níveis exces-

18 ARQUIVO DO AGRÔNOMO Nº 10 – MARÇO/96

herbicidas podem ser diagnosticadosincorretamente como deficiência de Fe (ououtro nutrientes). Análises de solo, deplanta, o passado histórico e outras infor-mações de cultivo podem ajudar na sepa-ração das deficiências verdadeiras das deoutras doenças.

Como resolver o problema dedeficiência de ferro

A Tabela 1 mostra algumas fontescomuns de fertilizantes com Fe e seuconteúdo nelas. A aplicação no solo, ou apulverização foliar, corrige razoavelmenteas deficiências das culturas.

A aplicação de materiais solúveisno solo, tais como sulfato ferroso, geral-mente não é efetiva, porém, porque o Fe érapidamente convertido em formas nãodisponíveis. Quando tais materiais sãoaplicados via pulverização foliar, eles sãomuito mais efetivos. Múltiplas aplicaçõesgeralmente são necessárias para a correçãocompleta da deficiência de Fe e são eco-nômicas somente em culturas de alto va-lor.

Tabela 1. Adubos com ferro.

Fonte Teor de Fe (%)

Sulfatos de ferro 19-23

Óxidos de ferro 69-73

Sulfato ferroso amoniacal 14

Polifosfato de ferro e amônio 22

Quelados de ferro 5-14

Fritas 2-6

Injeções de sais de Fe diretamentedentro dos caules e limbos têm controladoa clorose em árvores frutíferas. A alteraçãodo pH do solo dentro de uma faixa restritatambém tem sido efetiva na correção dasdeficiências de Fe nas culturas. Váriosprodutos com enxofre (S) diminuem o pHdo solo e convertem o Fe insolúvel dosolo em formas que as plantas podem usar.Entretanto, este tratamento é muito caro,sendo usado somente em culturas de altovalor econômico. De um modo geral, nascondições brasileiras, as aplicações folia-res de sais ou quelados e as das “fritas” nosolo são os métodos preferidos. Como osnossos solos são quase sempre ácidos, adeficiência não é muito comum, excetoquando se faz calagem excessiva.

As culturas respondem àadubação com ferro

Quando os solos estão com baixosuprimento de Fe disponível, as culturasrespondem à adubação com Fe. A Tabela2 mostra a resposta da soja à aplicação deFe, aplicado como quelado foliar. Observeque houve uma resposta acentuada no lo-cal 2, enquanto pouca ou nenhuma res-posta foi observada nos outros dois locais.

Esses dados ilustram o fato de queas deficiências de Fe são particularmenteespecíficas do solo e do local.

Tabela 2. Resposta da soja à aplicação foliarde ferro (dados norte-americanos).

Produção

Local 1 Local 2 Local 3

- - - - - - - - - sacos/ha - - - - - - - - -

Testemunha 30 3 47

0,112 33 31 51

0,140 33 32 49

0,167 30 46 53

Não é surpresa – o Fe é exigidopelas culturas.

Dose de Fe kg/ha

Deficiência de ferro em soja (Original: ÁureoLantmann).

Deficiência de ferro em cafeeiro.

Foto 3. Deficiência de ferro em citros (Original:CATI).

Deficiência de ferro em cana-de-açúcar (Original:J. Orlando Filho).

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O manganês (Mn), juntamente comcarbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O),nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K),cálcio (Ca), magnésio (Mg), enxofre (S),boro (B), cloro (Cl), cobalto (Co), cobre(Cu), ferro (Fe), molibdênio (Mo), níquel(Ni), selênio (Se), silício (Si) e zinco (Zn),é um dos elementos essenciais para a planta.Sem ele as plantas não vivem. Faz parte dalista dos micronutrientes (ao lado do B, Cl,Co, Cu, Fe, Mo, Ni, Se e Si), ou seja, doselementos exigidos em pequenas propor-ções. Este fato, porém, não está relacionadoa sua abundância relativa nos solos ou asua importância como nutriente da planta.Quantidades relativamente grandes de Mnpodem ocorrer nos solos, mas somente umapequena fração nornalmente está disponívela qualquer hora.

Funções do manganês nas plantas

O manganês funciona principal-mente como parte dos sistemas enzimáticosda planta. Funciona em vários processosimportantes como a fotossíntese e a conver-são do N-nitrato em forma que a planta usapara fazer aminoácidos e proteínas. Asíntese de clorofila – o pigmento verdetípico das plantas superiores – depende doMn. Por causa desta função, os sintomasde deficiência de Mn geralmente envolvemamarelecimento da folha ou clorose.

Sintomas de deficiência e níveisde suficiência

O manganês não é translocado naplanta, assim, os sintomas de deficiênciaaparecem primeiro nas folhas mais novas.

As deficiências ocorrem com maisfreqüência em solos com alto teor dematéria orgânica, em solos com pH deneutro a alcalino, e em solos que natu-

amareladas e, em casos severos, quasebrancas. Diminui o número de “cerejas” nasrosetas.

• Citros: aparece uma clorose en-tre as nervuras das folhas mais novas. Asnervuras e uma estreita faixa de tecido aolongo delas permanecem verdes, com oaspecto de um reticulado grosso. O sintomaé facilmente confundido com o provocadopela deficiência de zinco (Zn). No caso dafalta de Zn, entretanto, as folhas são me-nores, mais estreitas, os internódios maiscurtos. Na ponta dos ramos forma-se umtufo (roseta) de folhinhas, o que não ocorrequando há falta de Mn, a qual não provocadiminuição no tamanho das folhas.

A Tabela 1 dá os teores de Mn consi-derados adequados nas folhas de algumasculturas e a sua tendência para agradecer aadição desse elemento na adubação.

Tabela 1. Teores adequados de Mn nas folhas dealgumas culturas e possibilidade deresposta ao elemento aplicado comoadubo.

Teor adequado de Mn (ppm)

Alfafa 30-100 Média

Algodão 25-350 Baixa

Batatinha 30-200 Média

Cacaueiro 150-200 Média

Cafeeiro 80-100 Alta

Citros 25-100 Média

Milho 30-150 Média

Soja 20-100 Alta

Sorgo 18-190 Alta

Trigo 20-200 Alta

Causas diversas podem fazer subirou descer o teor foliar de Mn em relaçãoaos níveis considerados suficientes ouadequados:

Concentrações acima do nível adequado

• baixo pH do solo;

• doses altas de N (amoniacal ouamídico) e K na adubação em solos ácidose pobres em matéria orgânica;

A deficiência de Mn ocorrecom mais freqüência emsolos ricos em matéria

orgânica, em solos compH de neutro a alcalino

e em solos quenaturalmente contém

baixo conteúdo de Mn.

É obrigatório –o manganês é exigido pelas culturas

MANGANÊS

1 Tradução e adaptação do original "It's Mandatory –Manganese Is Required by Plants", PPI, Norcross,EUA, por Eurípedes Malavolta.

ralmente têm baixo conteúdo de Mn. Ossintomas de deficiência variam pouco entreas culturas:

• Soja e batatinha: as folhas supe-riores primeiramente ficam amareladasentre as nervuras que permanecem verdesdurante algum tempo. As folhas mais no-vas no princípio são verde-pálidas e depoisamarelo-pálidas. À medida que a deficiên-cia se toma mais severa aparecem áreaspardas e mortas.

• Algodão: as folhas superiores(mais novas) são afetadas primeiro. Elastornam-se cinza-amareladas ou cinza-aver-melhadas com nervuras verdes.

• Milho e sorgo: as plantas ficamligeiramente raquíticas e as folhas mais no-vas mostram ligeira perda de cor entre asnervuras. Os sintomas geralmente não sãoseveros e podem facilmente ser confundidoscom outras anormalidades.

• Outros cereais: a aveia é das cul-turas mais sensíveis. As folhas mostrammanchas necróticas marginais de cormarrom-acinzentado e listras na terceirafolha superior. Em estádios avançados, ametade superior da folha curva-se com umadobra distinta, enquanto a porção restanteda folha permanece verde e ereta. Ossintomas observados no campo devem serconfirmados pela análise das folhas.

• Cafeeiro: as folhas mais novasapresentam inicialmente numerosas pon-tuações pequenas e claras. Ficam depois

Cultura Resposta

20 ARQUIVO DO AGRÔNOMO Nº 10 – MARÇO/96

A baixa disponibilidade de Mn emsolo com alto pH e rico em matéria orgânicapode ser devida à formação de compostosquelatados de Mn indisponíveis.

Figura 1. Subindo o pH cai a disponibilidade demanganês.

Tabela 2. Resposta da soja ao Mn em solos de pHalto.

Dose e modo de aplicação Colheita (sacos/ha)

Testemunha 7615 kg Mn/ha, a lanço 855 kg Mn/ha, na linha 88

0,5 kg Mn/ha, foliar 88

• Balanço nutricional: níveis altosde cobre disponível (Cu), ferro (Fe) ou zinco(Zn) no solo reduzem a absorção de Mnpelas plantas. A alta disponibilidade decálcio (Ca) ou magnésio (Mg) também podediminuir a absorção de Mn.

O rápido crescimento das culturasbem fertilizadas com N, P e K mas culti-vadas em solos que estão marginais nadisponibilidade de Mn com freqüênciamostram concentrações foliares de Mnabaixo do nível crítico. Esta condição podeser um fator limitante da produção.

• Outros fertilizantes: as fontes denitrogênio podem influenciar a disponi-

bilidade de Mn. As fontes de N amoniacal,que produzem acidez no solo, tais comosulfato de amônio, uréia, nitrato de amônioe amônia, aumentam a absorção de Mn pelaplanta. O cloreto de potássio (KCl), um salneutro, pode aumentar a disponibilidade deMn, especialmente em solos ácidos.

Como corrigir as deficiências demanganês

O manganês pode ser aplicado alanço no pré-plantio, na adubação de plan-tio (sulco, faixa, cova) ou como pulveri-zação nas folhas. As aplicações a lançoraramente são feitas pois é necessário usardoses maiores que custam mais. As dosesusadas a lanço vão de 10-25 kg/ha; noplantio usam-se 3-5 kg/ha e por via foliaras doses vão de 0,5-2,0 kg/ha, em média.A escolha do método de aplicação dependedo custo e da cultura. Como se vê na Tabela3, feita com dados originais do PROCAFE(MARA/SNPA), a aplicação foliar de Mnfoi o método mais eficiente para corrigir adeficiência no cafeeiro cultivado na Bahia.A acidificação do solo e, portanto, o aumen-to na disponibilidade causada pelo sulfatode amônio ajudou mas não foi tão eficientecomo a aplicação foliar.

Tabela 3. Tratamentos e produção de café bene-ficiado em função dos métodos decorreção da deficiência de manganês.

Sacos/ 1.000 covas

1. Sulfato de Mn a 1%, 2 apl. folhas 21

2. Sulfato de Mn, 100 g/cova, solo 17

3. Sulfato de amônio, 200 g/cova 12

4. Testemunha 5

Para alta qualidade e colheitasrendosas as culturas necessitamde Mn – é obrigatório.

• contaminação da amostra por soloou poeira;

• resíduos de fungicidas portadoresde Mn.

Concentrações abaixo do nível adequado

• baixos níveis de Mn nativo nossolos;

• baixa disponibilidade devido aoalto pH do solo (7,0 ou maior);

• alto conteúdo de matéria orgânicano solo;

• alta umidade do solo;• excesso de calagem.

Fatores que afetam adisponibilidade

• pH do solo: as deficiências de Mnfreqüentemente são associadas com o altopH do solo. A Figura 1 ilustra a influênciado pH do solo na disponibilidade de Mn. Aelevação do pH favorece as transformaçõesdo manganês que levam ao aparecimentode formas menos disponíveis. Solos muitoácidos, por sua vez, podem causar toxidezde Mn às plantas neles cultivadas. Nascondições brasileiras, a causa mais freqüen-te de deficiência de Mn parece ser a eleva-ção do pH devido à calagem excessiva.

A resposta das culturas a aplicaçõesde Mn em solos deficientes ou onde o pH éalto pode ser muito lucrativa, especialmenteem culturas responsivas como soja, beter-raba e cereais (Tabela 2).

• Matéria orgânica do solo: asdeficiências de manganês ocorrem fre-qüentemente em solos frios, úmidos e ricosem matéria orgânica.

Os sintomas desaparecem à medidaque o solo seca e as temperaturas aumen-tam. Esta condição pode ser relacionada àmenor atividade microbiológica nos solosfrios e úmidos.

Tratamento

Deficiência de manganês em folhas novas de milho(Original: ARBORE).

Deficiência de manganês em soja (Original: EM-BRAPA-CNPSo).

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ocorrer nos períodos iniciais de desenvol-vimento, quando os solos estão quentes eúmidos. Isto ocorre devido ao lento cres-cimento radicular comparado ao rápidocrescimento da plântula. O sistema radicu-lar, crescendo lentamente, é incapaz deabsorver Zn suficiente para suprir a plân-tula.

Figura 1. Tal como acontece com o cobre, o ferro eo manganês, a disponibilidade do zincotende a cair quando o pH sobe.

Algumas vezes as plantas, ao cres-cer, parecem superar a deficiência. Entre-tanto, o prejuízo já foi feito e a colheita seráreduzida.

Muito do Zn disponível do solo estáassociado à matéria orgânica na superfíciedo solo. O nivelamento do solo, o cultivo ea erosão podem causar deficiência de Znnas culturas pela exposição do subsolo combaixa quantidade de matéria orgânica,baixo teor de Zn nativo, ou com alto pH.

Não é apenas um conceito a afir-mação de que a velocidade da luz é de300.000 km/segundo – é a Lei. Sem essalei da Física seria impossível, por exemplo,nivelar com precisão um campo com aajuda do laser.

Não é somente um bom conceito ode que as plantas exigem zinco (Zn) – é aLei. O zinco é um dos 20 elementos que asplantas necessitam para crescer e produzir.É um micronutriente, sendo exigido emquantidades menores que outros elementos– mas é essencial. Se o Zn está deficienteou é fornecido em pouca quantidade, asproduções e os lucros diminuirão, e autilização pela cultura de outros nutrientes,tais como nitrogênio, diminuirá. A máutilização de um nutriente devido a umprograma de adubação desequilibrado éuma preocupação ambiental e, além disso,diminui os lucros.

É a lei – o zinco nos solos

Solos deficientes em zinco são muitocomuns em todo o Brasil – do Oiapoqueao Chuí, passando por todo o cerrado doPlanalto Central. Além disso, a disponi-bilidade já baixa do Zn devida à pobrezaoriginal pode diminuir ainda mais pelaaplicação de doses pesadas de calcário.Aumentando o pH o zinco é convertido nosolo em formas menos aproveitáveis pelasculturas (Figura 1).

Observa-se que as plantas que sedesenvolvem em solos com teor muito altoem fósforo (P) e baixo em Zn sofrem maisa deficiência de Zn. Esta síndrome é àsvezes erroneamente explicada pensando-seque o P “fixa” o Zn. A aplicação de P emum solo com níveis suficientes de Zn nãoproduzirá deficiência de Zn.

As deficiências de Zn tendem a

1 Tradução e adaptação do original "It's the Law – ZincIs Required by Plants", PPI, Norcross, EUA, porEurípedes Malavolta.

É a lei –o zinco é exigido pelas culturas

ZINCO

A concentração de zinco nosolo pode diminuir 30 vezes

para cada aumento naunidade de pH entre 5,0

e 7,0 – é a lei.

Aqui estão algumas noções simplesque se deve ter em mente: os solos arenososfreqüentemente são mais deficientes em Znque os argilosos; solos com pH alto (neutrosou alcalinos) tendem mais para ser carentesdo que solos com pH baixo (ácidos). Maslembre-se: solos ácidos, como os do cerrado,por exemplo, também podem ser pobres emZn. Analise o solo e as folhas das suasculturas para ter a certeza de que não estáse esquecendo do Zn, este elemento tãoimportante. Consulte o seu EngenheiroAgrônomo.

É a lei – o zinco nas culturas

O Zn foi um dos primeiros micro-nutrientes reconhecidos como tal, isto é,como essencial para todas as plantas.Embora exigido em pequenas quantidades,altas colheitas são impossíveis sem a suapresença. Algumas culturas respondem àadição de Zn mais que outras, como indi-cado na Tabela 1.

Tabela 1. Resposta das culturas ao zinco.

Muito Medianamente Poucoresponsivas responsivas responsivas

Arroz Alfafa AipoCacaueiro Algodoeiro AlfaceCafeeiro Batatinha AspargoCebola Beterraba AveiaCitros Cevada CenouraFeijoeiro Gramíneas Centeio

forrageirasLinho Soja ErvilhaLúpulo Tomateiro RepolhoMilho Trevo VideiraPecan TrigoPessegueiroPinheiroTungue

Funções e sintomas de deficiência

O zinco é essencial para muitossistemas enzimáticos da planta. Ele con-trola a produção de importantes regu-ladores de crescimento que afetam o novocrescimento e o desenvolvimento. Um dos

22 ARQUIVO DO AGRÔNOMO Nº 10 – MARÇO/96

Quando o solo sob alto pH estádeficiente em Zn ou onde existe umasituação de emergência em uma culturaestabelecida, o Zn pode ser aplicado naforma de pulverização foliar.

Em culturas perenes (cacaueiro,cafeeiro, citros, frutíferas em geral) é rotinaa aplicação foliar de zinco, muitas vezesjunto com produtos usados no tratamentofitossanitário. Nas aplicações foliares asdoses variam entre 0,5 e 2 kg Zn/ha. Assoluções, geralmente a alto volume, temuma concentração de Zn da ordem de 0,05a 0,2%.

A Figura 1, preparada com dadosdo CPAC/EMBRAPA, mostra o efeitonotável do Zn no milho no ano de aplicação,bem como o efeito residual em três cultivosseguintes.

Figura 1. Resposta de culturas sucessivas à aplica-ção de zinco para o milho no cerrado.

O efeito da aplicação foliar de zincocomo sulfato na produção do cafeeiro nocerrado de Minas Gerais é visto na Figura2. Os dados originais são do CENA-USPem colaboração com a EPAMIG e ESAL.As doses totais indicadas foram divididasem 3 aplicações, a primeira delas poucoantes da florada.

Figura 2. Efeito da aplicação foliar de sulfato de

zinco na produção de café.

Não deixe que a falta destenutriente importante limite suasproduções... e seus lucros.

primeiros indicadores da deficiência de Zné o crescimento raquítico das plantas, resul-tado da diminuição dos reguladores de cres-cimento. Os sintomas de deficiência de Znincluem:

• plantas raquíticas;• áreas verde-claras entre as nervu-

ras das folhas novas;• folhas menores (folhas pequenas);• internódios curtos (roseta);• largas faixas brancas em cada lado

da nervura central do sorgo e do milho.

Como resolver o problema dadeficiência de zinco

As recomendações de Zn variam decultura para cultura. As análises do solo eda planta são ferramentas importantes paraa diagnose e a correção das deficiências dezinco. A melhor estratégia geralmente éaplicar Zn no plantio para impedir que adeficiência apareça: prevenir, como diz oditado, é melhor que remediar.

Os principais produtos contendozinco existentes no mercado brasileiro como respectivo teor (%Zn) são os seguintes:sulfato de zinco (23%), óxido (30-78%),quelados (5-14%) e fritas (3,5-18%).

O zinco geralmente é aplicado nosolo nos sulcos ou covas de plantio em dosesque vão de 5-10 kg/ha e tem sido obser-vado um efeito residual considerável, atéde 5 anos. As doses dependem do teor nosolo e da cultura.

Deficiência de zinco em milho (Original: AR-BORE).

Folha de feijoeiro deficiente em zinco, à direita(Original: Quirino A.C. Carmello).

Deficiência de zinco em cafeeiro. Deficiência de zinco em citros (Original: CATI).

POTAFOS - Caixa Postal 400 CEP 13400-970 Piracicaba-SP Telefone e fax: (0194) 33-3254 23

1 Tradução e adaptação do original "It's Understood –Chloride, Molybdenum, Cobalt and Vanadium Are Re-quired by Plants", PPI, Norcross, EUA, por EurípedesMalavolta.

CLORO, MOLIBDÊNIO E COBALTOÉ bem entendido –

o cloro, o molibdênio, o cobalto são exigidos pelas plantas e ovanádio às vezes é benéfico

CloroÉ bem entendido – as plantasnecessitam de cloro

Até recentemente, o cloro (Cl) eraconsiderado um nutriente sem importânciapara a planta. Nós sabemos hoje que o Cl,corrigindo deficiências e controlando or-ganismos causadores de doenças, podeaumentar a produção de muitas culturas,principalmente cereais e palmeiras (coquei-ro, dendezeiro).

O cloro está envolvido na fotos-síntese, especificamente no desdobramentoda molécula de água (H

2O) em presença de

luz. Ele ativa várias enzimas e está envol-vido no transporte de cátions, tais como po-tássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg),dentro da planta. Ele ajuda a controlar aperda de água e aumenta a resistência àseca.

A pesquisa tem demonstrado que oCl diminui os efeitos de doenças causadaspor fungos e que provocam o apodreci-mento das raízes dos cereais, como é o casodo mal-do-pé do trigo. É interessante queo manganês (Mn) parece andar junto como Cl tanto na fotossíntese quanto na pro-teção do trigo contra o mal-do-pé. O cloroajuda também a controlar infecções fún-gicas das folhas e espigas dos cereais ediminui a incidência da podridão do cauledo milho.

O cloro no solo

O cloro não é fixado pela matériaorgânica do solo ou pelas argilas. Ele éfacilmente lixiviado e é um dos primeiroselementos removidos dos minerais pelosprocessos de intemperização. Por isso, amaior parte do Cl do mundo é encontradonos mares. Na forma de cloreto, em queestá presente nos adubos, no sal de cozinhae na água das chuvas, não é prejudicial aosorganismos do solo.

Os micronutrientes descritosaqui – Cl, Co, Mo – não são

tão conhecidos quantooutros. A aplicação prática do

conhecimento das suasfunções na planta através daadubação pode aumentar a

produção.

Dose de Cl

O Cl pode ter efeitos negativos emalgumas culturas... diminui a combus-tibilidade das folhas de fumo, a qualidadeda batatinha. Os efeitos dependem davariedade ou do porta-enxerto.

MolibdênioÉ bem entendido – as plantasexigem molibdênio

O molibdênio (Mo) é um dos nu-trientes essenciais para todas as plantas.Alguns poucos gramas de Mo por hectaresão capazes de corrigir deficiências quelimitam a produção.

O molibdênio é necessário para asíntese e ativação (funcionamento) daredutase do nitrato, uma enzima que reduzo nitrato na planta. É também exigido paraa fixação simbiótica do N pelas bactériasque vivem nos nódulos das raízes dasleguminosas. Os sintomas de deficiência demolibdênio consistem geralmente no ama-relecimento das folhas e diminuição nocrescimento. No caso das leguminosas, afalta de Mo provoca sintomas de deficiênciade N pois diminui a fixação de N de quetais plantas necessitam para viver.

O molibdênio no solo

Ao contrário dos outros micronu-trientes, a disponibilidade de Mo no soloaumenta nos pHs mais altos do solo. AFigura 1 mostra a relação.

Figura 1. Aumentando o pH aumenta a dispo-nibilidade do Mo e do Cl.

O cloro e a produção das culturas

Os níveis de Cl no solo adequadospara as culturas não são bem conhecidos.Acredita-se, entretanto, que 30 kg de cloronos 20 cm superficiais de um hectare desolo sejam adequados para os cereais emgeral. Do ponto de vista prático, a fontemais comum é o cloreto de potássio (KCl)que tem cerca de 47% de Cl.

O cloreto pode ser distribuído alanço em área total antes do plantio, apli-cado na semeadura ou em cobertura. Devi-do à possibilidade de dano por salinidade,não se deve colocar muito Cl em contatodireto com a semente.

Doses maiores podem ser usadasantes do plantio ou em cobertura. A pes-quisa tem demonstrado que a época de apli-cação não influencia significativamente osresultados. Entretanto, chuvas pesadas po-dem diminuir o efeito do Cl em solosarenosos. Como o Cl é muito móvel no solo,deve ser usado adequadamente. A Tabela 1mostra a resposta do trigo ao Cl (média de2 anos), nos EUA, e do dendezeiro, naColômbia.

Tabela 1. Resposta do trigo e do dendezeiro aocloreto.

Trigo Dendê kg/ha kg/planta

Sem 3.625 210Intermediária 3.906 225

Alta 4.030 231

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dado o melhor resultado. A dose ótima deaplicação foi de 0,05 kg (50 gramas) porhectare.

Cobalto

As bactérias que fixam N do ar emsimbiose nos nódulos das leguminosasnecessitam de cobalto (Co) para efetuar esseprocesso. A aplicação de Co juntamentecom Mo no tratamento das sementes defeijão pode aumentar muito a produção,como foi demonstrado em ensaios feitos emViçosa pela Universidade Federal. Tem sidoobservado que o Co aumenta a vida útil dasrosas depois de colhidas e reduz a máformação de flores, aumentando a produçãoda mangueira.

Embora os micronutrientes nãorecebam tanta atenção quanto osmacronutrientes, eles são tãoimportantes quanto estes – é o quese deve entender.

Os solos arenosos são mais aptos aapresentar deficiência de Mo que os solosde textura mais fina. Adubações pesadascom P aumentam a absorção de Mo do solopelas plantas, enquanto a adubação comenxofre (S) reduz a absorção de Mo e podeinduzir a sua deficiência.

Como corrigir a deficiênciade molibdênio

Devido à relação entre pH do soloe disponibilidade de Mo, a calagem de so-los ácidos geralmente corrige as defi-ciências de Mo, como mostra a Tabela 2.Isto é possível, porém, somente quando osolo contém Mo suficiente para satisfazeras necessidades da cultura.

Tabela 2. Resposta da soja ao Mo em vários valoresde pH (dados do IAC).

pH (em H2O) Sem Mo Com Mo

- - - - - - - - kg/ha - - - - - - - -4,3 1.274 1.8705,4 2.309 2.6886,3 2.711 2.719

Os fertilizantes contendo Mo podemser misturados com os fertilizantes NPK,aplicados em pulverização via foliar ouusados como tratamento de sementes. Otratamento de sementes provavelmente é ométodo mais comum de se corrigir a defi-ciência de Mo porque são exigidas quan-tidades muito pequenas do nutriente.

Vanádio

O vanádio (V) ainda não entrou nalista dos micronutrientes. Entretanto, temsido observados aumentos na produçãocomo conseqüência do seu uso. Assim, porexemplo, aplicações foliares em algodão,feitas nos EUA, aumentaram a produçãode fibras em 50 kg/ha, em culturas irrigadasou não, sem aumentar a necessidade deágua. O vanádio melhorou também a qua-lidade da fibra.

Os melhores resultados tem sidoobtidos quando as aplicações são feitas demanhã, enquanto as temperaturas são bai-xas. Uma única aplicação, cerca de 2 sema-nas antes da iniciação do florescimento, tem

Pense nisto...

A globalização da economia faz dos melhores agricultores

do mundo nossos concorrentes diretos.

Como sobreviver dentro do novo panorama mundial?