adriana remiÃo luzardo vulnerabilidade, fatores … · ando devagar porque já tive pressa. e levo...

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ADRIANA REMIÃO LUZARDO VULNERABILIDADE, FATORES PREDITORES E REPERCUSSÕES DA QUEDA PARA IDOSOS HOSPITALIZADOS FLORIANÓPOLIS 2015 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DOUTORADO EM ENFERMAGEM

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  • ADRIANA REMIO LUZARDO

    VULNERABILIDADE, FATORES PREDITORES E

    REPERCUSSES DA QUEDA PARA IDOSOS

    HOSPITALIZADOS

    FLORIANPOLIS

    2015

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    CENTRO DE CINCIAS DA SADE

    PROGRAMA DE PS GRADUAO EM ENFERMAGEM

    DOUTORADO EM ENFERMAGEM

  • Adriana Remio Luzardo

    VULNERABILIDADE, FATORES PREDITORES E

    REPERCUSSES DA QUEDA PARA IDOSOS

    HOSPITALIZADOS

    Tese apresentada ao Programa de Ps-

    Graduao em Enfermagem da

    Universidade Federal de Santa

    Catarina para obteno do grau de

    Doutor em Enfermagem. rea de

    concentrao: Filosofia e Cuidado em

    Sade e Enfermagem.

    Linha de Pesquisa: Promoo da

    Sade no Processo de Viver Humano e

    Enfermagem

    Orientadora: Profa. Dra. Silvia Maria

    Azevedo dos Santos

    Florianpolis

    2015

  • ADRIANA REMIO LUZARDO

    VULNERABILIDADE, FATORES PREDITORES E

    REPERCUSSES DA QUEDA PARA IDOSOS

    HOSPITALIZADOS

    Esta Tese foi submetida ao processo de avaliao pela Banca

    Examinadora para a obteno do Ttulo de:

    DOUTOR EM ENFERMAGEM

    e aprovada em sua verso final em 27 de agosto de 2015, atendendo as

    normas da legislao vigente da Universidade Federal de Santa Catarina,

    Programa de Ps-Graduao em Enfermagem, rea de concentrao:

    Filosofia e Cuidado em Enfermagem e Sade.

    _______________________________________

    Dra. Vnia Marli Schubert Backes

    Coordenadora do Programa

    Banca Examinadora:

    __________________________

    Dra. Silvia Maria Azevedo dos

    Santos

    Presidente

    __________________________

    Dra. Soraia Dornelles Schoelle

    Membro

    __________________________

    Dra. Deyse Borges Koch

    Membro

    __________________________

    Dra. Giovana Zarpellon Mazo

    Membro

    __________________________

    Dra. Odala Maria Bruggemann

    Membro

    __________________________

    Dra. Karina Silveira de Almeida

    Hammerschmidt

    Membro

  • Dedico este trabalho aos idosos que

    fizeram parte deste estudo e aos seus

    familiares e cuidadores pela receptividade,

    sobretudo, diante de um momento to

    delicado e pessoal de ps-queda...

    Fonte: imagem Google.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus e a todos que fizeram parte da minha aprendizagem

    pessoal e profissional, que me auxiliaram a vencer os desafios, minha mais profunda gratido e reconhecimento.

    Ao meu amado marido Joo Luiz Aroldi pelo carinho, cuidado, fora, segurana e amizade. Agradeo pela oportunidade de vivenciar contigo

    tantos momentos importantes em nossas vidas!

    minha famlia pelo apoio constante, mesmo que distncia, com

    afeto, carinho, zelo e amor.

    Aos meus pais que me permitiram nascer e aos pais dos meus pais... A toda minha ancestralidade, meu respeito e agradecimento. Agradeo

    especialmente minha av paterna Rita Reina Machado Luzardo pelo

    carinho e pela presena constante durante minha infncia. Foi essa

    convivncia que me permitiu olhar para o passado e entender o porqu

    do encantamento pela Gerontologia. V Reina nos deixou justamente

    pelas complicaes de uma queda... Este trabalho traz um pouquinho dela tambm...

    querida amiga Enfa. Profa. Dra. Beatriz Ferreira Waldman pela

    ateno, pelo carinho e apoio durante todos esses anos de convvio.

    Agradeo pelos ensinamentos durante a graduao e em todos os momentos em que estivemos juntas.

    queridssima amiga Enfa. Msc. Nolia Fernandes de Oliveira pelo

    companheirismo, carinho e agradvel convivncia.

    minha querida terapeuta DMP (Processo de Memria Profunda)

    Enfa. Mara Beatriz Rocha por ter chegado minha vida em um

    importante momento de desafio pessoal e por me ensinar a beleza que existe em nossa sombra e em nossa ancestralidade. Agradeo por me

    adentrar no universo das danas circulares e me fazer descobrir que

    renascer muitas vezes no sofrimento, e sim oportunidade.

    minha querida Mestra Reiki Enfa. Dra. ngela da Rosa Ghiorzi por todos os ensinamentos, carinho, dedicao. Agradeo pela existncia do

  • Espao Lazli, ambiente harmonioso, de assistncia sempre muito

    qualificada.

    Profa. Joseane de Menezes Sternadt pela amizade escuta e apoio em

    vrios momentos nestes quase quatro anos de convivncia em Chapec.

    Ao colega e amigo Enf. Prof. Dr. Rafael Marcelo Soder, bem como sua

    famlia, pelo carinho, compreenso e amizade, que nasceu em nosso

    concurso para UFFS, que seguiu no curso de Doutorado no PEN/UFSC

    e que levarei para toda vida.

    Aos colegas da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS),

    especialmente Coordenadora do Curso de Enfermagem Profa. Dra.

    Valria Silvana Faganello Madureira e ao colega Prof. Msc. Claudio Claudino da Silva Filho pela ajuda, apoio e compreenso em um

    momento to importante e decisivo como foi a coleta dos dados.

    Profa. Dra. Silvia Maria Azevedo dos Santos pela orientao, pelo

    aprendizado de nossa convivncia e por todos os momentos de cafezinhos sempre muito saborosos.

    Agradeo aos colegas do Grupo de Pesquisa GESPI, pelo exemplo e

    empenho nas atividades em prol da pessoa idosa. Agradecimento

    especial s colegas Andrelise Viana Rosa Tomasi, Rafaela Vivian Valcarenghi, Cynthia Vieira de Souza e Adnairdes Cabral de Sena.

    Aos colegas de doutorado, especialmente a Jos Lus Guedes dos Santos, Margarete Maria de Lima e Raquel Vicentina Gomes de

    Oliveira da Silva.

    Profa. Maria Itayra Coelho de Souza Padilha e ao Grupo de Pesquisa

    GEHCES pela acolhida e pelos primeiros contatos no PEN. Agradecimento especial Profa. Dra. Ana Rosete Camargo Rodrigues

    Maia pelo carinho e sensibilidade.

    Ao Programa de Ps-Graduao em Enfermagem (PEN/UFSC),

    professores, colegas e tcnicos administrativos, em especial as Professoras Vnia Marli Schubert Backes, Odala Maria Bruggemann,

    Alacoque Lorenzini Erdmann e Ivonete Teresinha Schulter Buss

    Heideman pelo apoio, incentivo e aprendizado.

  • Profa. Dra. Silvia Modesto Nassar e ao Departamento de Informtica

    e Estatstica (INE/UFSC) pelo apoio e empenho na anlise estatstica.

    Agradeo aos membros da banca pelas contribuies: Dra. Soraia

    Dornelles Schoeller, Dra. Deyse Borges Koch Dra. Giovana Zarpellon

    Mazo, Dra. Odala Maria Bruggemann, Dra. Karina Silveira de Almeida Hammerschmidt, e Dra. Maria Helena Lenardt.

    Agradeo aos professores do Ncleo de Ateno Terceira Idade

    (NETI/UFSC) pelos ensinamentos durante a Especializao em

    Gerontologia. Em especial agradeo aos professores ngela Maria Alvarez, Silvia Maria Azevedo dos Santos, Theofhilos Rifiotis, Antnio e

    Carlos Volkmer, bem como professora Lcia Takase Gonalves, cone

    gerontolgico em Santa Catarina e Brasil.

    Agradeo aos professores do Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) pelos ensinamentos durante a

    graduao, a licenciatura e o mestrado que me auxiliaram at chegar

    aqui.

    Agradecimento especial a Maria de Lourdes Martins e Joel da Rosa Servio de Arquivo Mdico do Hospital Governador Celso Ramos

    (SAME/ HGCR), pelo acolhimento, carinho e cuidado. A todos com

    quem convivi durante a coleta de dados no HGCR: Ademir Vieira da Rosa e Antenor Dezidrio Berchon Registro Geral; Gilmara Rocha

    Pereira e Gustavo da Silva Servio de Informtica e s colegas

    enfermeiras Edma Maria Gonzaga de Oliveira; Ellen Cristine de Souza e Andreia Faria Dutra pelo apoio e dedicao.

    Agradeo aos idosos e cuidadores que aceitaram participar do estudo

    pela disponibilidade e cooperao!

  • Ando devagar porque j tive pressa.

    E levo esse sorriso, porque j chorei demais.

    Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe?

    S levo a certeza de que muito pouco eu sei.

    Nada sei.

    Conhecer as manhas e as manhs,

    O sabor das massas e das mas,

    preciso amor pra poder pulsar,

    preciso paz pra poder sorrir,

    preciso a chuva para florir.

    Trecho da Msica Tocando em frente

    Almir Sater

    Ando devagar porque j tive pressa..., essa

    msica diz muito da minha vida. Agora andar

    devagar e olhar a paisagem... e no ter pressa.

    (Idoso I2)

  • LUZARDO, Adriana Remio. Vulnerabilidade, fatores preditores e

    repercusses da queda para idosos hospitalizados. 2015. 217 p. Tese

    (Doutorado em Enfermagem) Programa de Ps-Graduao em

    Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianpolis,

    2015.

    RESUMO

    Trata-se de um estudo misto, que teve como objetivos: - Identificar

    fatores preditores e desfechos de queda de idosos; - Estabelecer

    associaes de fatores preditores e desfechos de queda de idosos; -

    Desvelar as situaes de vulnerabilidade de queda de idosos; - Conhecer

    as repercusses da queda para o idoso e seu cuidador; - Analisar os

    agentes de suporte para o enfrentamento da queda. Foram analisados

    304 registros em pronturios de idosos internados por motivo de queda.

    A amostra foi probabilstica, com nvel de significncia de 95% e erro

    amostral de 5%, com estimativa de 30% de prevalncia de queda. Os

    dados quantitativos foram analisados com auxlio do programa

    Statistical Package for the Social Sciences. Utilizou-se estatstica

    descritiva por meio de frequncia, percentual, mdia, mediana e desvio-

    padro. Empregou-se anlise bivariada para as variveis: tempo de

    internao e ano de internao; caracterstica da queda e idade; ano de

    internao, idade e sexo; alm das variveis medicamentos de uso

    contnuo, comorbidades e bito. Foi realizada anlise multivariada pelo

    mtodo de Anlise Fatorial de Correspondncia Mltipla. A etapa

    qualitativa utilizou entrevista semiestruturada junto a oito idosos e oito

    cuidadores e os dados foram analisados por meio da Anlise de

    Contedo de Bardin. O perodo da coleta dos dados quantitativos foi de

    agosto a outubro de 2014 e os dados qualitativos de outubro a dezembro

    do mesmo ano. Os resultados evidenciaram associao na anlise

    multivariada em que o grupo de pessoas do sexo feminino (76,6%) foi

    maior, em comparao ao grupo do sexo masculino (23,4%). Quanto ao

    desfecho das quedas, o trauma de membros inferiores apresentou a

    maior ocorrncia entre as mulheres, com destaque para as fraturas de

    fmur. Entre os homens, destacaram-se os traumas de crnio, de

    vrtebra e de membros superiores. A maior parte dos idosos que no

    utilizava medicamentos continuamente e que no teve trauma eram

    homens. Da etapa qualitativa emergiram 3 eixos temticos e 11

    categorias. No eixo temtico Queda foram quatro categorias: Como foi a

    Queda; Primeiro Atendimento e Hospitalizao; Causalidade da Queda;

    Significados e Sentimentos Provocados pela Queda. Aspectos subjetivos

  • emergiram dos contedos, sinalizando abordagens mais amplas na

    ateno sade do idoso. O eixo temtico Idoso Caidor constituiu

    quatro categorias: Mudanas Provocadas pela Queda, Eu sou caideira,

    Eu me cuido e Preveno da Queda, traduzindo-se em situaes de

    vulnerabilidade, por meio dos desfechos da queda, da capacidade para

    realizao das atividades dirias, do autocuidado e da condio de sade

    do idoso. O eixo Suporte para enfrentamento da Queda congregou trs

    categorias: Necessidade de Informao, Apoio Familiar e

    Espiritualidade. O apoio social como melhora da sade suscitou

    reflexes para promoo da sade. Na identificao e associao dos

    fatores preditores e desfechos mostraram significncia entre os sexos,

    faixa etria, utilizao de medicamento de forma contnua, presena e

    tipo de trauma. Os resultados apontaram situaes de vulnerabilidade,

    provocando reflexo acerca de modos de viver mais saudveis. O

    enfermeiro pode realizar educao em sade com o idoso, famlia e

    cuidador, para prevenir os acidentes por quedas e promover sade.

    Palavras-chave: Vulnerabilidade em Sade. Acidentes por Quedas.

    Sade do Idoso. Promoo da Sade. Enfermagem.

  • LUZARDO, Adriana Remio. Vulnerability, predictors and

    repercussions of falls in hospitalized elderly. 2015. 217 p. Thesis

    (PhD in Nursing) Post-Graduate Program in Nursing, Federal

    University of Santa Catarina, Florianpolis, 2015.

    ABSTRACT

    It is a mixed study, which aimed to: - To identify predictors and old

    drop outcomes; - Establish associations of predictors and old drop

    outcomes; - Unveiling the situations of elderly falling vulnerability; -

    Know the fall repercussions for the elderly and their caregivers; -

    Analyze support agents to combat the fall. The study analyzed 304

    medical records of elderly patients admitted in hospital due to a fall. The

    sample was probabilistic, with a significance level of 95% and sample

    error of 5%, with estimated 30% prevalence of fall. Quantitative data

    was analyzed using the Statistical Package for Social Sciences. We used

    descriptive statistics with frequency, percentage, mean, median and

    standard deviation. It used bivariate analysis for the variables: length of

    stay and year of admission; characteristic of the fall and age; year of

    admission, age and gender; and medications of continuous use,

    comorbidities and death. This study included a multivariate analysis

    using the method of Multiple Correspondence Factor Analysis. The

    qualitative step used semistructured interviews with eight seniors and

    eight carers and the data were analyzed through Bardin Content

    Analysis. The period of collection of quantitative data was from August

    to October 2014 and qualitative data from October to December of the

    same year. The results showed association in the multivariate analysis in

    which the female group (76.6%) was higher compared to the male group

    (23.4%). Regarding the outcome of the falls, there was higher

    occurrence of trauma of lower limbs among women, especially femur

    fractures. Among men, head, vertebra and upper limb traumas were

    more frequent. Most older people who did not used drugs continuously

    and had not trauma were men. From the qualitative stage, three thematic

    areas and 11 categories emerged. In the central theme Fall, four

    categories were identified: How the fall happened; First call and

    hospitalization; Causality of the fall; Meanings and feelings caused by

    falls. Subjective aspects emerged from the contents, indicating broader

    approaches in health care for the elderly. The thematic area Elderly who

    fall constituted four categories: Changes caused by the falls, I am an

    elderly who falls, I take care of myself and Prevention of falls,

    translating into vulnerable situations, through the fall of the outcomes,

  • the ability to perform daily activities, self-care and health condition of

    the elderly. The theme Support for confronting the fall brought together

    three categories: Information needs, Family support and Spirituality.

    Social support as health improvement raised reflections concerning

    health promotion. The identification and association of predictors and

    outcomes showed significance among gender, age, medication used

    continuously, presence and type of trauma. The results showed

    vulnerabilities, causing reflection on ways to live healthier. Nurses can

    conduct health education for elderly, family and caregivers in order to

    prevent accidents from falls and promote health.

    Keywords: Vulnerability in Health. Accidental Falls. Elderly health.

    Health promotion. Nursing.

  • LUZARDO, Adriana Remio. Vulnerabilidad, factores predictivos y

    consecuencias de la cada para los ancianos hospitalizados. 2015.

    217 p. Tesis (Doctorado en Enfermera) Programa de Postgrado en

    Enfermera, Universidad Federal de Santa Catarina, Florianpolis, 2015.

    RESUMEN

    Se trata de un estudio mixto, que tuvo como objetivos: Para identificar

    predictores y los resultados de la gota de edad; - Establecer asociaciones

    de predictores y los resultados de la gota de edad; - Revelando las

    vulnerabilidades de la cada de edad avanzada; - Conocer las

    repercusiones de la cada para las personas mayores y sus cuidadores; -

    Analizar los agentes de apoyo para combatir la cada. 304 fichas de los

    registros mdicos de ancianos hospitalizados por cada fueron

    analizadas. La muestra fue probabilstica, con un nivel de significacin

    de 95% y el error muestral del 5%, con la estimacin de 30% de

    prevalencia de cada. Los datos cuantitativos fueron analizados mediante

    el programa Statistical Package for the Social Sciences. Se utiliz la

    estadstica descriptiva mediante la frecuencia, porcentaje, media, la

    mediana y de la desviacin estndar. Se utiliz el anlisis bivariante de

    las variables: duracin de la estancia y el ao de la admisin;

    caracterstica de la cada y la edad; ao de hospitalizacin; edad y sexo;

    adems de las variables de medicamentos de uso continuo, comorbilidad

    y el bito. El anlisis multivariado se realizo mediante el mtodo de

    Anlisis Factorial de Correspondencias Mltiples. El paso utilizado

    entrevistas semiestructuradas cualitativas con ocho personas mayores y

    ocho cuidadores y los datos se analizaron por medio de anlisis de

    contenidos Bardin. Se recogieron datos de ocho ancianos y de ocho

    cuidadores. Los resultados mostraron asociacin en el anlisis

    multivariante en el que el grupo de personas del sexo femenino (76,6%)

    fue mayor, en comparacin con el grupo de sexo masculino (23,4%). En

    cuanto al resultado de las cadas, el trauma de los miembros inferiores

    present la mayor incidencia entre las mujeres, especialmente las

    fracturas del fmur. Entre los hombres, los ms destacados fueron los

    traumas en la cabeza, vrtebras y de los miembros superiores. La

    mayora de las personas mayores que no utilizan medicamentos de

    forma continua y no haba trauma eran hombres. Surgieron tres ejes

    temticos y 11 categoras de la etapa cualitativa. En el eje temtico La

    Cada fueron cuatro categoras: Como fue la Cada; Primer

    Atendimiento y Hospitalizacin; Causalidad de la Cada; Significados y

    Sentimientos Provocados por las Cadas. Aspectos subjetivos surgieron

  • a partir de los contenidos, sealando enfoques ms amplios a la atencin

    para la salud de los ancianos. El eje temtico Ancianos que se Caen

    Mucho constituy cuatro categoras: Cambios Causados por las Cadas,

    Yo me Caigo Mucho, Yo me Cuido y Prevencin de las Cadas, que se

    traduce en situaciones vulnerables, a travs de la cada de los resultados,

    la capacidad para llevar a cabo todos los das actividades, de cuidado

    personal y del estado de salud de las personas mayores. El eje Suporte

    para enfrentamiento da Queda mont tres categoras: Necesidad de la

    Informacin, Apoyo Familiar, y Espiritualidad. El apoyo social como

    mejora de la salud provoc reflexiones para la promocin de la salud.

    En la identificacin y asociacin de los factores predictivos y sus

    resultados se mostr significancia entre los gneros, la edad, la

    utilizacin del medicamento de forma continua, la presencia y el tipo de

    trauma. Los resultados mostraron vulnerabilidades, provocando la

    reflexin sobre las formas de vida ms saludable. El enfermero puede

    realizar educacin de la salud con el anciano, los familiares y cuidadores

    con el fin de evitar los accidentes por cadas y promover la salud.

    Palabras-clave: Vulnerabilidad en la Salud. Accidentes por Cadas. La

    Salud del Anciano. Promocin de la Salud. Enfermera.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Representao grfica dos estudos e das etapas de seleo

    dos estudos...........................................................................................

    46

    Grfico 1 Local de residncia registrados em pronturios de

    pessoas idosas, em um Hospital Pblico de Florianpolis, no perodo

    de janeiro de 2009 a dezembro de 2013...............................................

    94

    Figura 2 Modelo estatstico representativo da anlise multivariada

    pela Anlise Fatorial de Correspondncia Mltipla.............................

    102

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 Classificao das variveis do estudo............................. 82

    Quadro 2 Dados sociodemogrficos: idosos e cuidadores.............. 87

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Distribuio do local de residncia e servio de

    referenciamento/nvel de ateno que realizou encaminhamento,

    em um Hospital Pblico de Florianpolis, no perodo de janeiro de

    2009 a dezembro de 2013.................................................................

    95

    Tabela 2 Distribuio dos idosos da amostra por sexo e faixa

    etria, conforme registros de pronturios, no perodo de janeiro de

    2009 a dezembro de 2013..................................................................

    96

    Tabela 3 Distribuio dos idosos segundo o tempo de internao

    por cada ano estudado, em um Hospital Pblico de Florianpolis,

    de janeiro de 2009 a dezembro de 2013.............................................

    97

    Tabela 4 Distribuio da idade pela caracterstica da queda em

    um Hospital Pblico de Florianpolis, de janeiro de 2009 a

    dezembro de 2013............................................................................

    98

    Tabela 5 Distribuio do ano de internao pela idade e sexo, em

    um Hospital Pblico de Florianpolis, no perodo de janeiro de

    2009 a dezembro de 2013..................................................................

    99

    Tabela 6 Distribuio de medicamentos de uso contnuo e

    comorbidades em um Hospital Pblico de Florianpolis, no

    perodo de janeiro de 2009 a dezembro de 2013...............................

    100

    Tabela 7 Distribuio da faixa etria pelo bito, em um Hospital

    Pblico de Florianpolis, no perodo de janeiro de 2009 a

    dezembro de 2013.............................................................................

    103

    Tabela 8 Distribuio de bito pela idade e tempo de internao

    em um Hospital Pblico de Florianpolis, no perodo de janeiro de

    2009 a dezembro de 2013..................................................................

    104

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABVD Atividades Bsicas de Vida Diria

    ACM Anlise Fatorial de Correspondncia Mltipla

    AIVD Atividades Instrumentais de Vida Diria

    AGS American Geriatrics Society

    APS Ateno Primria Sade

    AVE Acidente Vascular Enceflico

    BDENF Base de Dados de Enfermagem

    Bireme Biblioteca Regional de Medicina

    BVS Portal da Biblioteca Virtual em Sade

    CESPSH Comit de tica em Pesquisas com Seres Humanos

    CEP/HGCR Comit de tica em Pesquisa Hospital Governador

    Celso Ramos

    CID-10 Classificao Estatstica Internacional de Doenas e

    Problemas Relacionados Sade

    CG Centro de Gravidade

    CNBB Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil

    CNS Conselho Nacional de Sade

    DA Doena de Alzheimer

    DeCS Descritores em Cincias da Sade

    DP Doena de Parkinson

    DSS Determinantes Sociais da Sade

    ESF Estratgia de Sade da Famlia

    EEB Escala de Equilbrio de Berg

    FIBRA Rede FIBRA - Rede de Estudos sobre Fragilidade em

    Idosos Brasileiros

    GESPI Grupo de Estudos sobre Cuidado de Pessoas Idosas

    HGCR Hospital Governador Celso Ramos

    IBGE I nstituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    ILPI Instituio de Longa Permanncia para Idosos

    IMC ndice de Massa Corporal

    ISWT Incremental Shuttle Walk Test LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Cincias

    da Sade

    MEDLINE Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

    MEEE Mini Exame do Estado Mental

    MeSH Medical Subject Headings NANDA North American Nursing Diagnosis Association

    http://www.nlm.nih.gov/mesh/

  • NETI Ncleo de Estudos da Terceira Idade

    NQ Nmero de Quedas

    OH Hipotenso Ortosttica

    PEN Programa de Ps-Graduao em Enfermagem

    PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclio

    PNPS Poltica Nacional de Promoo da Sade

    PDC Posturografia Dinmica Computadorizada

    POMA Performance Oriented Mobility Assessement

    PUBMED Portal PubMed da U. S. National Library of Medicine

    (NLM)

    SAMU Servio de Atendimento Mvel de Urgncia

    SBGG Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia

    SciELO Scientific Electronic Library Online

    SES/SC Secretaria de Estado da Sade de Santa Catarina

    SestatNet Sistema Ambiente de Ensino e Aprendizagem de

    Estatstica na Web

    SPPB Short Physical Performance Battery

    SPSS Statistic Package for Social Sciences

    SUS Sistema nico de Sade

    UFFS Universidade Federal da Fronteira Sul

    UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

    TAF Teste do Alcance Funcional

    TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

    TFD Tratamento Fora do Domiclio

    TUG Timed Up and Go Test

    UPA Unidade de Pronto-Atendimento

  • SUMRIO

    APRESENTAO...................................................................... 31

    1 INTRODUO................................................................ 35

    2 OBJETIVOS.................................................................... 43

    3 REVISO DA LITERATURA....................................... 45

    3.1 EPIDEMIOLOGIA DA QUEDA...................................... 47

    3.2 FATORES DE RISCO...................................................... 50

    3.3 REPERCUSSES DA QUEDA........................................ 62

    3.4 PROMOO DA SADE NO CONTEXTO DO

    ENVELHECIMENTO.......................................................

    65

    4 MATERIAIS E MTODOS........................................... 71

    4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO.................................... 71

    4.1.1 Estudo Quantitativo......................................................... 71

    4.1.2 Estudo Qualitativo........................................................... 72

    4.2 CAMPO DE ESTUDO...................................................... 72

    4.3 POPULAO-ALVO E AMOSTRA............................... 73

    4.3.1 Etapa Quantitativa.......................................................... 73

    4.3.2 Etapa Qualitativa............................................................. 74

    4.4 CRITRIOS DE INCLUSO E EXCLUSO................. 74

    4.4.1 Etapa Quantitativa.......................................................... 74

    4.4.2 Etapa Qualitativa............................................................. 75

    4.5 PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS.... 75

    4.5.1 Etapa Quantitativa.......................................................... 75

    4.5.2 Etapa Qualitativa............................................................. 76

    4.6 VARIVEIS EM ESTUDO.............................................. 77

    4.6.1 Varivel Dependente........................................................ 78

    4.6.2 Variveis Preditoras........................................................ 78

    4.7 ORGANIZAO E ANLISE DE DADOS................... 83

    4.7.1 Etapa Quantitativa.......................................................... 83

    4.7.2 Etapa Qualitativa............................................................. 83

    4.8 ASPECTOS TICOS........................................................ 84

    5 RESULTADOS E DISCUSSO..................................... 87

  • 5.1 MANUSCRITO 1 FATORES PREDITORES E

    DESFECHOS DA QUEDA DE IDOSOS EM UM

    HOSPITAL PBLICO DE FLORIANPOLIS................

    89

    5.2 MANUSCRITO 2 QUEDA DE IDOSOS:

    DESVELANDO SITUAES DE

    VULNERABILIDADE.......................................................

    115

    5.3 MANUSCRITO 3 QUEDA: REPERCUSSES PARA

    O IDOSO E SUA SADE................................................. 139

    5.4 MANUSCRITO 4 REDES DE SUPORTE

    EVIDENCIADAS NO CUIDADO AO IDOSO

    CAIDOR: REFLEXES PARA PROMOO DA

    SADE...............................................................................

    155

    6 CONSIDERAES FINAIS DA TESE.......................... 173

    REFERNCIAS........................................................................... 141

    APNDICE A TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE

    E ESCLARECIDO......................................................................

    193

    APNDICE B TERMO DE COMPROMISSO PARA

    UTILIZAO DE DADOS.......................................................

    197

    APNDICE C - TERMO DE SOLICITAO DE

    DISPENSA DE TCLE PARA ACESSO DE

    PRONTURIOS..........................................................................

    199

    APNDICE D INSTRUMENTO GUIA PARA COLETA

    DE DADOS EM PRONTURIOS.............................................

    201

    APNDICE E INSTRUMENTO GUIA PARA

    ENTREVISTA.............................................................................

    207

    APNDICE F BANCO DE DADOS QUANTITATIVOS

    EXCEL..........................................................................................

    209

    ANEXO A PARECER CONSUBSTANCIADO

    CEPSH/UFSC..............................................................................

    213

    ANEXO B PARECER CONSUBSTANCIADO

    CEP/HGCR..................................................................................

    217

  • 31

    APRESENTAO

    Este estudo insere-se na Linha de Pesquisa Promoo da Sade

    no Processo de Viver Humano e Enfermagem, a qual est contemplada

    nas aes do Grupo de Estudos de Sade de Pessoas Idosas (GESPI). A

    investigao buscou mostrar coerncia entre as inquietaes da

    pesquisadora e o compromisso de elaborao da Tese de Doutorado do

    Programa de Ps-Graduao em Enfermagem da Universidade Federal

    de Santa Catarina (PEN/UFSC), na rea de Concentrao: Filosofia,

    Cuidado em Sade e Enfermagem.

    Adotou-se uma linha investigativa que seguiu basicamente trs

    etapas para explorar o evento queda em pessoas idosas hospitalizadas. A

    primeira etapa ocorreu pela elaborao de uma Reviso da Literatura, no

    sentido de apurar o arcabouo de produes cientficas publicizadas em

    bases de dados. A segunda etapa foi realizada a partir de um estudo

    quantitativo, com a finalidade de identificar fatores preditores e

    desfechos do evento queda de idosos atendidos em um servio

    hospitalar. A terceira etapa deu-se por meio de um estudo qualitativo,

    que buscou aprofundar o olhar quanto vulnerabilidade do idoso ao

    fenmeno queda.

    Considera-se que pesquisas com a temtica queda possuem

    relevncia social, uma vez que descortinam o cenrio de ocorrncia do

    evento frente situao de vida das pessoas, observando o contexto

    local-regional de idosos que vo hospitalizao, principalmente em instituies que se caracterizam como espaos inexplorados em relao

    a esse agravo. Acredita-se na importncia epidemiolgica desse tema,

    como tambm no impacto singular da queda na vida de cada pessoa que

    vivencia esta situao. O olhar objetivo e subjetivo do fenmeno refora

    a importncia da ateno integral sade da pessoa idosa, promovendo

    a interao do cidado com as instituies e polticas pblicas.

    O interesse pelo tema surgiu a partir da inteno da pesquisadora

    em dar continuidade a sua trajetria cientfica, focalizando o tema

    Envelhecimento em consonncia com a Enfermagem e a Sade Pblica.

    Os estudos voltados rea da sade do adulto e do idoso, com suas

    demandas psicobiolgicas e socioculturais, tm sido um alvo constante

    de anlise na prxis profissional.

    As interrogaes profissionais de ensino, pesquisa e assistncia

    sempre circundaram os aspectos sociais, psicolgicos e filosficos ao

    olhar a pessoa idosa, sua condio de sade, situaes de dependncia e

    formas de estar no mundo.

  • 32

    Assim, na concluso do Curso de Graduao em Enfermagem, na

    Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a temtica do

    cuidador de pessoas idosas foi abordada na Monografia, por meio de

    uma investigao qualitativa com objetivo de conhecer as necessidades

    e dificuldades do cuidador. Os relatos dos cuidadores revelaram cinco

    categorias temticas como: dificuldade financeira, dificuldade com os

    cuidados de higiene, alimentao e vestimenta, necessidade de o

    cuidador dividir as tarefas e ser reconhecido pelo papel desempenhado.

    Com o estudo concluiu-se que o cuidador realizava um trabalho solitrio

    e annimo, desassistido, e que o cuidar ininterruptamente era gerador de

    estresse e sobrecarga (LUZARDO, 2004).

    Nesse contexto, o estudo produzido para obteno do ttulo de

    Mestre em Enfermagem, na UFRGS, oportunizou descrever, de forma

    quantitativa, as caractersticas de idosos e cuidadores, buscando

    identificar a sobrecarga dos cuidadores e o grau de dependncia dos

    idosos. Os resultados apontaram que os idosos participantes do estudo

    apresentavam dependncia importante e dependncia parcial para as

    atividades de vida diria e que os cuidadores demonstraram elevada

    sobrecarga total, com elevada pontuao para a sobrecarga moderada,

    bem como para sobrecarga moderada a severa (LUZARDO, 2006).

    Aps esse perodo de formao e de algumas experincias

    assistenciais com adultos e idosos, ainda na cidade de Porto Alegre, Rio

    Grande do Sul, surgiu o ingresso na prtica docente de ensino superior.

    No ambiente universitrio foi possvel contribuir para a formao

    profissional em enfermagem, no sentido de dar visibilidade aos aspectos

    do envelhecimento, provocando a perspectiva do envelhecimento nas

    prticas pedaggicas no Sistema nico de Sade (SUS).

    Diante da necessidade de mudana para Florianpolis, Santa

    Catarina, surgiu a oportunidade de aperfeioar a formao acadmica

    por meio da realizao do Curso de Especializao em Gerontologia

    pelo Ncleo de Estudos da Terceira Idade (NETI), da Universidade

    Federal de Santa Catarina.

    Nesse perodo, houve tambm a possibilidade de experienciar

    uma nova realidade profissional, na aproximao com a Estratgia de

    Sade da Famlia (ESF) e a Gesto de Programas Estratgicos nas reas

    de Sade do Adulto e Sade do Idoso, nas Secretarias Municipais de

    Sade de Florianpolis e So Jos. Esse momento de intenso

    aprendizado provocou reflexes quanto s polticas pblicas

    implementadas nos servios de sade, diante da necessidade de

    aperfeioamento para se tornarem mais dinmicas e aplicveis prtica

    profissional de acordo com as diferentes realidades.

  • 33

    Atualmente, de volta docncia, na Universidade Federal da

    Fronteira do Sul (UFFS), em Chapec, Santa Catarina, vem sendo

    possvel atuar no ensino, na extenso e na pesquisa em sade pblica de

    forma a valorizar os aspectos do envelhecimento.

  • 34

  • 35

    1 INTRODUO

    O envelhecimento populacional um fenmeno mundial, que tem

    sido igualmente observado no Brasil, devido ao rpido crescimento da

    populao idosa, resultante do aumento da expectativa de vida e da

    queda nas taxas de natalidade e fecundidade. Estas mudanas

    demogrficas so profundas e vm alterando a distribuio etria da

    populao. Estima-se que, cada vez mais, a mdia de idade das pessoas

    aumente consideravelmente em todos os pases, mesmo com as

    diferenas observadas entre as naes desenvolvidas e em

    desenvolvimento. Trata-se de uma transio demogrfica historicamente

    importante, em estgio bastante avanado nos pases com renda mais

    elevada (ORGANIZAO MUNDIAL DA SADE, 2015).

    Em naes desenvolvidas, a exemplo do Canad, dos EUA e de

    pases da Unio Europia, considera-se idosa a pessoa com idade igual

    ou superior a 65 anos. Nos pases em desenvolvimento, como o Brasil,

    define-se idoso como uma pessoa de 60 anos e mais. Apesar disso,

    algumas polticas pblicas brasileiras utilizam como base de anlise os

    65 anos, como o caso da concesso de benefcio assistencial, da

    utilizao de transporte pblico gratuito e da aposentadoria por idade

    (CAMARANO, 2013). Diante disso, acredita-se que mudanas sero

    brevemente observadas no mbito das polticas pblicas de sade e de

    assistncia, como resultado do envelhecimento da populao e

    viabilidade da previdncia social.

    Desde o primeiro recenseamento no Brasil (1872) at o censo de

    2010 observou-se que a populao cresceu quase 20 vezes. Em 2010,

    chegou-se a 190.732.694 milhes de brasileiros, em que 14.536.029

    milhes eram de pessoas com mais de 60 anos, quase 15 milhes,

    correspondendo a 8% de idosos. Segundo a Pesquisa Nacional por

    Amostra de Domiclio (PNAD), em 2013 os idosos passaram a

    representar quase 13% da populao, somando 23 milhes de pessoas

    (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA,

    2015).

    A populao idosa brasileira dever aumentar mais rapidamente

    que a mdia internacional, fazendo com que o Brasil passe a ser

    reconhecido como um pas envelhecido, principalmente quando alcanar

    a marca de 14% de idosos. O nmero de pessoas mais velhas vai

    duplicar no mundo todo at 2050, mas quase triplicar nas prximas

    quatro dcadas em nosso pas, chegando a 65 milhes de idosos,

    praticamente 30% da populao. Este crescimento vem ocorrendo de

    forma acelerada, diferentemente do que ocorreu com os pases

  • 36

    desenvolvidos que tiverem aumento da populao somente aps a

    superao de problemas socioestruturais (ORGANIZAO MUNDIAL

    DA SADE, 2015).

    O aumento da populao idosa brasileira vem ocorrendo

    concomitante aos problemas socioestruturais do pas. As situaes de

    adoecimento, no contexto do envelhecimento, tem se dado tanto por

    condies crnicas, quanto por condies agudas de sade.

    O Brasil vive [...] uma situao de sade que

    combina uma transio demogrfica acelerada e

    uma transio epidemiolgica singular, expressa

    na tripla carga de doenas: uma agenda no

    superada de doenas infecciosas e carenciais, uma

    carga importante de causas externas e uma

    presena fortemente hegemnica das condies

    crnicas de sade (MENDES, 2012, p. 21).

    Diante desse cenrio, o envelhecimento mostra-se como

    importante foco de discusso para a sociedade e como desafio para a

    sade pblica na oferta e na produo de sade. Observam-se demandas

    urgentes e concomitantes, uma vez que se sobrepem os problemas de

    carter crnico e agudo, somados s causas externas, destacando-se a

    violncia e os acidentes.

    Entende-se que o aumento da expectativa de vida tem

    influenciado no perfil de morbimortalidade da populao idosa. A

    expectativa de vida do brasileiro aumentou de 12,4 anos entre 1980 e

    2013, ampliando a mdia de expectativa de vida de 74,6 anos em 2013

    para 75,2 em 2015. O estado de Santa Catarina apresentou, em 2015, a

    maior mdia de expectativa de vida do pas, de 78,4 anos, com 75,1 de

    mdia para o homem e 81,8 anos para a mulher catarinense. Observa-se

    que vrios municpios catarinenses foram reconhecidos pelo aumento da

    longevidade, o que vem sendo reforado pela diminuio no ndice de

    mortalidade infantil no Estado. Entre os municpios mais longevos

    destacaram-se alguns da regio da Grande Florianpolis, tais como

    Nova Trento e Rancho Queimado. Florianpolis est entre as capitais

    com maior expectativa de vida, com mdia de 74,3 em 2010 e 77,3 anos

    em 2013 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E

    ESTATSTICA, 2015).

    Na evidncia de que as pessoas esto vivendo mais e que tambm

    esto mais expostas a riscos est o surgimento de situaes de

    vulnerabilidade, limitaes, incapacidades, determinao social e as

    mais variadas necessidades de sade do idoso.

  • 37

    Entre essas situaes de vulnerabilidade observa-se o evento

    queda, que pode comprometer a capacidade funcional, a autonomia para

    a realizao das atividades de vida diria e a qualidade de vida dos

    idosos.

    A queda caracteriza-se por ser um fenmeno acidental com

    deslocamento no intencional do corpo para um nvel inferior posio

    inicial a que o indivduo encontrava-se anteriormente. um evento que

    apresenta incapacidade de correo em tempo hbil, determinado por

    circunstncias multifatoriais, com o comprometimento da estabilidade

    corporal (SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E

    GERONTOLOGIA, 2008).

    Estudos atuais tm evidenciado mltiplos aspectos concernentes a

    queda de idosos, apontando incidncia, prevalncia, fatores de risco,

    causas, consequncias e morbimortalidade. Nesses estudos, variados

    mtodos de pesquisa tm sido empregados na tentativa de caracterizar o

    contexto do evento, produzindo saberes e prticas incorporadas como

    aes em sade, a exemplo dos programas de preveno.

    Em um estudo de coorte prospectivo, Abreu et al. (2015)

    descreveram as caractersticas e as condies de sade dos idosos que

    sofreram quedas, por meio de inqurito domiciliar que durou dois anos,

    no municpio de Cuiab, Mato Grosso do Sul. A maior parte dos idosos

    era do sexo feminino (62,1%), com faixa etria entre 70 e 79 anos

    (44,8%) e mdia de idade de 76,7 anos. As morbidades mais observadas

    foram hipertenso (77,7%); diabetes (31,1%) e osteoporose (20,4%).

    Em torno de 94,2% dos idosos utilizavam medicamentos de uso

    contnuo e 52,6% utilizavam de um a dois medicamentos, sendo os mais

    frequentes: anti-hipertensivos (78,6%), analgsicos (47,6%) e diurticos

    (24,3%).

    Em outro estudo, de abordagem quantitativa do tipo transversal

    realizado em Joo Pessoa, no Estado da Paraba, Fernandes et al.,

    (2014), identificaram o risco de queda em 120 idosos em ambulatrio de

    geriatria e buscaram associao entre seus fatores. Evidenciou-se que as

    quedas foram mais elevadas entre as mulheres (73,4%) e a faixa etria

    mais observada foi de 60 a 69 anos (60,8%). Entre os idosos, 95%

    utilizavam medicamentos regularmente, 41,22% utilizavam de um a

    dois medicamentos e 86,2 %, dos idosos que utilizavam medicamentos,

    foram pelo uso de anti-hipertensivos. O estudo revelou a alta

    prevalncia de quedas entre os fatores estudados e apontou para a

    importncia de identificar precocemente os riscos de quedas, os quais

    podem ser minimizados.

  • 38

    Lima (2014) realizou um estudo transversal para descrever o

    ambiente domiciliar de idosos residentes na zona urbana do municpio

    de Pelotas, no Rio Grande do Sul (RS), de acordo com os potenciais

    fatores de risco de quedas. Concluiu que os fatores de risco de maior

    prevalncia estavam presentes no banheiro, pela falta de barra lateral ao

    vaso sanitrio (91,5%), falta de apoio no chuveiro (87,1%), falta de piso

    ou tapete antiderrapante (50,1%), situaes que foram mais observadas

    em residncias de menor nvel socioeconmico.

    Rosa et al. (2015) conduziram investigao sobre perfil

    epidemiolgico de mortes por queda, analisando 2.126 bitos, no Rio

    Grande do Sul, no perodo de 2006 a 2011. Entre os fatores que

    apresentaram as maiores chances de bito destacou-se a raa branca,

    idosos que viviam sozinhos (vivos ou solteiros), a populao feminina

    e as idades mais avanadas, especificamente na faixa etria de 80 anos e

    mais.

    Alm da mortalidade, Minayo (2012) chama ateno para o

    aumento da morbidade entre a populao de 80 anos e mais, com a

    diminuio da autonomia e da capacidade funcional dos idosos que

    vivenciam uma ou mais quedas, fato que tem sido motivo de

    preocupao para gerontlogos.

    A queda em idosos tem sido focalizada em dissertaes e teses de

    doutorado, alm de trabalhos de concluso de cursos de graduao e

    especializao, oriundos de reas como a sade coletiva, a

    epidemiologia, a medicina, a fisioterapia, a gerontologia e a

    enfermagem.

    A enfermagem, como campo de pesquisa, vem destacando-se na

    produo do conhecimento sobre a temtica da queda de idosos, por

    meio de seu processo de trabalho, prtica assistencial, gerenciamento do

    cuidado e gerenciamento de servios. Exemplo disso tem sido a

    utilizao dos diagnsticos de enfermagem na determinao dos riscos

    de queda, bem como as recomendaes de estratgias para prevenir o

    agravo. Nesse contexto, estudos conduzidos por enfermeiros resultaram

    de pesquisas realizadas em centros de pesquisa de universidades e

    cursos de ps-graduao, os quais objetivavam a defesa de linhas de

    pesquisa que traduzissem a contribuio da enfermagem.

    Machado et al. (2009) conduziram uma pesquisa descritiva com

    24 idosos, que avaliou a presena de fatores de risco para queda, por

    meio do diagnstico de enfermagem risco para queda, combinado com

    a escala de risco de quedas Downton, em um servio de ateno

    primria sade em Fortaleza, Cear. Concluiram que entre os riscos de

    queda mais citados estavam a idade superior a 65 anos (70,8%), a

  • 39

    utilizao de medicamentos (75%), especificamente anti-hipertensivos,

    sendo verificada associao da queda com a presso arterial elevada,

    alm da utilizao de quatro ou mais drogas, indo ao encontro dos

    achados apontados por outros estudos quanto comorbidade e utilizao

    de medicamentos.

    Em sua tese de doutorado, Caberlon (2012) realizou estudo

    transversal retrospectivo para analisar 6.633 boletins de atendimento em

    quatro servios de emergncia em municpios da regio metropolitana e

    da serra gacha, no Rio Grande do Sul, que objetivou investigar quedas

    e fraturas de pessoas idosas. Concluiu que o inverno foi a estao do ano

    com maior nmero de fraturas e a primavera apresentou o menor

    percentual. Os locais de risco em que mais ocorreram quedas foram em

    escada, nibus e queda da cama.

    Em dissertao de mestrado Vaccari (2013) realizou um estudo

    quantitativo com delineamento transversal, cujo objetivo foi identificar

    os cuidados necessrios preveno de quedas em uma amostra de 127

    idosos internados em unidades de Clnica Mdica e Cirurgia Geral de

    um hospital de ensino. Os resultados apontaram para a necessidade de

    cuidados interdisciplinares, voltados preveno de quedas no ambiente

    intra-hospitalar envolvendo todos os setores que prestam assistncia

    direta ou indireta ao idoso.

    Outro estudo realizado na rea de enfermagem tratou de uma

    reviso integrativa da literatura, como resultado de dissertao de Paula

    Jr. (2014), com o objetivo de investigar e descrever a literatura cientfica

    sobre o evento quedas, no perodo de dez anos (2003 a 2012). A anlise

    qualitativa permitiu organizar os achados em quatro categorias

    temticas: a anlise quantitativa dos estudos, a epidemiologia do evento

    queda, o estudo dos preditores de quedas e a preveno de quedas em

    idosos. A reviso apontou diversidade entre os instrumentos de

    avaliao do risco de quedas, bem como variao quanto s intervenes

    adotadas em programas de preveno de quedas. Devido ao nmero

    vultoso de estudos quantitativos sobre o tema, recomendaes do autor

    apontaram para a necessidade de realizao mais estudos qualitativos no

    sentido de aprofundar a anlise do fenmeno.

    Malmann et al. (2012) adaptaram o Protocolo da Avaliao

    Multidimensional do Idoso construindo o Instrumento de Avaliao de

    Quedas em Idosos (IAQI), a fim de que fosse utilizado como apoio ao

    processo de enfermagem na Estratgia da Sade da Famlia (ESF). O

    instrumento foi criado para auxiliar na avaliao da fragilidade e da

    vulnerabilidade do idoso a queda, por meio de parmetros de

  • 40

    funcionalidade, de sistemas fisiolgicos e do ambiente em que o idoso

    vive.

    Assim, entende-se que o contexto de vulnerabilidade est

    associado aos riscos de queda, os quais potencializam a ocorrncia de

    eventos adversos presentes, de forma latente, na vida do idoso, como o

    declnio funcional, a ocorrncia da prpria queda, a hospitalizao, a

    institucionalizao e a morte (BRASIL, 2010).

    Segundo Rodrigues e Neri (2012), envelhecer implica aumento

    do risco para desenvolver vulnerabilidades de natureza biolgica,

    socioeconmica e psicossocial, fatores influenciados pelo declnio

    biolgico. Para as autoras, h interao dos processos socioculturais,

    com os efeitos acumulativos de condies deficitrias de educao,

    renda e sade ao longo da vida e com as condies do estilo de vida

    atual da pessoa idosa.

    A vulnerabilidade associada ao envelhecimento foi contemplada

    pelo estudo de Rocha et al., em 2010. As autoras buscaram discutir

    medidas de ateno sade que ultrapassassem o plano biolgico,

    percebendo a vulnerabilidade de forma interdependente entre as

    dimenses da vida do idoso, reconhecendo a importncia dos aspectos

    individuais e coletivos para o planejamento de aes em sade dessa

    populao.

    A vulnerabilidade da pessoa idosa discutida neste estudo

    compreende o conceito de Ayres et al. (2006), que rene trs dimenses

    de vulnerabilidade que se interconectam, a saber: vulnerabilidade

    individual, social e institucional ou progamtica. Os autores traduzem o

    conceito de vulnerabilidade como algo aplicvel a qualquer dano ou

    condio de interesse para a sade pblica, que envolve aspectos

    comportamentais, culturais, econmicos e polticos. A vulnerabilidade

    ocorre em vrios graus, de forma dinmica e no necessariamente em

    todas as dimenses ao mesmo tempo. o carter multidimensional que

    justamente aproxima a vulnerabilidade ao envelhecimento.

    Entende-se que interrogaes originais quanto queda de pessoas

    idosas possam estar surgindo, na medida em que os mtodos e

    instrumentos utilizados para avali-las sigam parmetros passveis de

    comparao, capazes de demarcar novos limites da produo cientfica,

    para alm da literatura publicizada at o presente momento. Tais

    mudanas podem contribuir para revelar novas possibilidades para

    ateno sade do idoso que vivencia uma ou mais quedas e suas

    repercusses. A partir dessa anlise, entende-se que os estudos deixam

    lacunas que devem ser exploradas acerca das dimenses da

  • 41

    vulnerabilidade do idoso a queda em realidades locais, com vistas ao

    planejamento de aes integrais e programticas de servios de sade.

    O universo do evento queda em idosos est imerso em um

    contexto de vulnerabilidade, bem como as evidncias quanto aos fatores

    preditores, aos desfechos e s repercusses do evento. Nesse sentido,

    acredita-se na relevncia deste estudo, uma vez que ampliou o foco de

    anlise de vulnerabilidade por meio de suas dimenses, valorizando

    aspectos objetivos e subjetivos, lanando reflexes quanto ao suporte

    necessrio para o enfrentamento do problema.

    Com isso, ao considerar a queda como fator potencial de risco

    para incapacidades, como fenmeno latente no cotidiano do idoso,

    poder subsidiar estratgias preventivas e promotoras de sade. A partir

    disso, novas concepes podero influenciar propositivamente no

    contedo e conduo de polticas pblicas de sade, que contemplem a

    autonomia, a manuteno da capacidade funcional da pessoa idosa e, por

    conseguinte, a manuteno de sua participao na sociedade.

    Em consonncia com o exposto anteriormente, esta investigao

    buscou responder as seguintes questes de pesquisa: Quais so os

    fatores preditores e os desfechos da queda de idosos hospitalizados?

    Quais so as situaes de vulnerabilidade de queda de idosos? Quais so

    as repercusses da queda, para idosos e cuidadores? Quais so os

    agentes de suporte para o enfrentamento do fenmeno quedas?

  • 42

  • 43

    2 OBJETIVOS

    Para responder s questes de pesquisa elencaram-se os seguintes

    objetivos:

    Identificar fatores preditores e desfechos de queda de idosos;

    Estabelecer associaes de fatores preditores e desfechos de queda de idosos;

    Desvelar as situaes de vulnerabilidade de queda de idosos;

    Conhecer as repercusses da queda para o idoso e seu cuidador;

    Analisar os agentes de suporte para o enfrentamento da queda.

  • 44

  • 45

    3 REVISO DA LITERATURA

    A Reviso da Literatura foi construda nos moldes de uma reviso

    integrativa da literatura, a qual foi desenvolvida utilizando-se a busca de

    artigos cientficos em bases de dados. Alm disso, realizou-se a leitura

    de captulos de livros, dissertaes, teses, cadernos, portarias e

    publicaes do Ministrio da Sade, o que engendrou um subcaptulo

    acerca da promoo da sade e no contexto do envelhecimento.

    Iniciou-se ento uma busca com estratgias definidas partindo-se

    da escolha dos descritores oficiais do sistema de vocabulrio controlado

    Descritores em Cincias da Sade (DeCS) da Biblioteca Regional de

    Medicina (Bireme) e do Medical Subject Headings (MeSH), elencando

    as palavras-chave: Idoso, Acidentes por quedas e Risco.

    Assim, a pesquisa foi realizada nas bases de dados online: Base de Dados de Enfermagem (BDENF), Literatura Latino-Americana e do

    Caribe em Cincias da Sade (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO), pelo Portal da Biblioteca Virtual em Sade (BVS);

    Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e

    PUBMED pelo Portal PubMed da U. S. National Library of Medicine (NLM), no perodo temporal entre os anos de 2006 e 2013. A busca foi

    efetivada pelo cruzamento dos descritores supracitados e pela

    combinao dos operadores booleanos and e or.

    Os critrios de incluso congregaram artigos completos, estudos

    que abarcassem os descritores listados e artigos disponveis na integra

    nas bases de dados e publicados na lngua portuguesa, inglesa e

    espanhola.

    Como critrios de excluso selecionaram-se as publicaes

    repetidas, cartas, editoriais, comentrios, resumos de anais de eventos ou

    peridicos, ensaios e materiais publicados em outros idiomas que no

    fossem ingls, espanhol e portugus.

    Num primeiro momento, foi realizada a busca pela combinao

    dos descritores idoso e acidentes por quedas, resultando em nmero

    amplo de estudos de carter heterogneo, o que permitiu deduzir que

    havia necessidade de restringir a busca e focalizar em pontos que se

    pretendia explorar do fenmeno.

    Dessa forma, definiu-se a insero do descritor risco, o que

    resultou em 3.577 estudos. Para a busca de estudos no portal PubMed e

    descritores MeSH as palavras-chave utilizadas foram elderly,

    accidental falls e risk, com processo de filtragem igualmente pelo

    perodo, pelos resumos e textos completos disponveis nas bases.

    http://www.nlm.nih.gov/mesh/

  • 46

    Aps a leitura de ttulos e resumos foram selecionados 1.136

    estudos de interesse, dos quais 37 eram da BDENF, 534 do LILACS,

    236 do SciELO, 79 do MEDLINE e 250 do PubMed.

    A partir de uma leitura mais detalhada, selecionaram-se 87

    artigos, os quais foram lidos na ntegra, restando ao final 78 artigos

    considerados como relevantes, sendo 8 indexados na BDENF, 20 no

    LILACS, 38 no SciELO, 4 MEDLINE e 8 PubMed.

    Dessa forma, o resultado da busca dos artigos foi organizado em

    subcaptulos, tais como: Epidemiologia da queda, Fatores de risco e

    Repercusses da queda. Alguns artigos foram inseridos em mais de uma

    temtica, conforme demosntrado na figura abaixo.

    Figura 1 Representao grfica dos estudos e das etapas de seleo dos

    estudos.

    Fonte: Estudos selecionados pela reviso, Florianpolis, SC.

    3.577

    publicaes encontradas

    BDENF, Lilacs, ScIELO, Medline e PubMed

    1.136

    estudos aps leitura de Ttulos e Resumos

    87 estudos lidos na ntegra

    78 estudos considerados relevantes

  • 47

    3.1 EPIDEMIOLOGIA DA QUEDA

    A temtica das quedas frequentemente traz um cenrio de debates

    sobre os aspectos epidemiolgicos do evento como ferramenta para

    caracterizao entre a populao idosa.

    Alguns estudos, de forma geral, apontaram a prevalncia de

    ocorrncia das quedas, o medo de cair, quedas recorrentes, associao

    com o gnero, relao com a idade e outras caractersticas associadas ao

    fenmeno.

    Lopes et al. (2010) encontraram prevalncia de quedas em 27,1%

    (n=118 idosos), enquanto Siqueira et al. (2011) tiveram prevalncia de

    27,6% (n=6.616 idosos). Brito et al. (2013) verificaram quedas em

    27,7%, em uma amostra de 94 idosos. Em outro estudo, Moreira et al.

    (2007) relataram prevalncia de 30% e Motta et al. (2010) conduziu

    investigao que encontrou 30,3%. Cruz et al. (2012) relataram 32,1%,

    aproximando-se de Curcio et al. (2009), que por meio de uma amostra

    com 224 idosos, descreveram as caractersticas e identificaram os

    fatores associados s quedas recorrentes e apontaram 32,5%. Com

    percentuais mais elevados esto Siqueira et al. (2007), que analisaram

    4.003 idosos, com 34,8% e Ribeiro et al. (2008) com 37,5%.

    Cruz et al. (2012) avaliaram que 53% dos idosos tiveram uma

    queda ao ano, bem como Curcio et al. (2009) apontaram 50,8% de uma

    queda em 12 meses, ao passo que Pereira et al. (2013) e Suelves et al.

    (2010), relataram 14,4% e 14,9% respectivamente. O estudo de Aguiar

    et al. (2009) analisou 81 pronturios, evidenciando a ocorrncia de uma

    ou mais quedas, em um ano, em 61,7% dos idosos, Pinho et al. (2012)

    identificaram 71,4% de 1 a 2 quedas, Pereira et al. (2013) relataram

    quedas recorrentes em 11,9%, para Silva et al. (2009) 53,1% e para

    Piovesan et al. (2011) foi de 75% dos idosos investigados.

    Igualmente, no espao de 12 meses, 53,5% dos idosos sofreram

    uma nica queda, 21,2% mencionaram duas quedas, 13,3% de trs

    quedas, e 12% quatro ou mais quedas (SIQUEIRA et al., 2011). Motta

    et al. (2010) estimaram a prevalncia de quedas em 1.064, concluindo

    que 13,9% haviam cado pelo menos duas vezes no ano anterior a coleta

    dos dados. Cano et al. (2010) relataram histrico de quedas em 31%,

    tendo uma ou mais quedas no ano anterior.

    De forma geral, os estudos sobre quedas tm apontado a relao

    de ocorrncia das mesmas nas idades mais avanadas. Nessa reviso,

    alguns dos estudos selecionados apontaram essa evidncia cientfica do

    aumento das quedas com o avanar da idade (MOREIRA et al., 2007;

    FREITAS; SCHEICHER, 2008; AGUIAR et al., 2009; CRUZ et al.,

  • 48

    2012; MACIEL, 2010; SIQUEIRA et al., 2007; SIQUEIRA et al.,

    2011). Para Lopes et al. (2010) 75% dos caidores possuam entre 60 e

    75 anos, sendo que 72% foram de quedas acidentais e 75% das quedas

    ocorreram durante o perodo da manh.

    O medo de cair tambm vem sendo foco de estudos que

    descrevem as consequncias ocasionadas pelas quedas e tentam

    apreender formas de evit-las, sobretudo as quedas recorrentes, que

    podem impulsionar o sentimento de insegurana em relao

    mobilidade e execuo das atividades de vida diria.

    Pluijm et al. (2006) evidenciaram o medo de cair. Lopes et al.

    (2010), em um estudo transversal, demonstraram que 59% e 75% dos

    idosos relataram medo de cair dentro e fora de casa. Da mesma forma,

    Lopes et al. (2009) encontraram prevalncia do medo de cair em 90,48%

    dos idosos, em pelo menos uma atividade cotidiana, e 80 deles (54,42%)

    apresentaram histrico de quedas (HQ). A pesquisa apontou correlao

    positiva entre o medo de cair e mobilidade, equilbrio dinmico, idade,

    risco e HQ, focalizando o aspecto multifatorial do evento.

    Em outra perspectiva, o medo de cair teve alta frequncia com

    taxa varivel entre 44 a 88,5% da amostra de idosos (MAIAL et al.,

    2011) e o medo de vivenciar quedas estava associado a insegurana com

    o ambiente, no relato de idosas sedentrias que no referiram

    preocupao em cair (40,11%), com 30% de relatos referentes a um

    pouco de preocupao, 25,33% com moderada preocupao e 4,6% com

    muita preocupao (REZENDE et al., 2010).

    H vrios estudos com evidncia cientfica acerca do nmero de

    quedas ser maior entre as mulheres. Essa tendncia permeia discusses

    em torno do conhecimento de senso comum de que a mulher vive mais e

    de que geralmente se fazem maioria nos espaos geronto-geritricos

    pesquisados. Outro argumento relaciona-se s atividades que as

    mulheres desempenham o que envolve muitas vezes o ambiente

    domstico, cenrio frequente de ocorrncia do evento quedas.

    Nesse contexto, o recorte de gnero foi perceptvel nessa reviso.

    Alguns estudos apontaram maior nmero de quedas em mulheres,

    exemplificados por Fabrcio e Rodrigues, (2006), Moreira et al. (2007),

    Siqueira et al. (2011), Aveiro et al. (2012), Cruz et al. (2012) e Fhon et

    al. (2012), sendo que para Siqueira et al. (2007) essa evidncia deu-se de

    forma significativa em 40,1% da amostra. O estudo de reviso de Maciel

    (2010) chamou ateno para a intensidade e a gravidade do evento e

    para Lopes et al.(2010) 62% dos idosos caidores eram do sexo feminino.

    Manrique-Espinoza et al. (2011) em anlise por regresso logstica

    estratificada por sexo mostraram ser maior a chance de ocorrer mais

  • 49

    quedas no grupo de mulheres, presumindo-se que o sexo feminino

    fator de vulnerabilidade e apresentam maior fragilidade (MARIN et al.,

    2007).

    Alguns estudos tiveram como foco de investigao as

    caractersticas das quedas em amostra constituda especificamente por

    mulheres, partindo da premissa de que entender os mecanismos das

    quedas em mulheres auxiliar nas aes de preveno e de formulao

    de polticas capazes de gerenciarem esse problema. Aguiar et al. (2009)

    demonstraram prevalncia de quedas maior nas mulheres idosas com

    mais de 70 anos. Silva et al (2009) avaliaram a frequncia de quedas e

    sua associao com parmetros estabilomtricos de equilbrio corporal

    de 266 mulheres idosas na ps-menopausa com e sem osteoporose.

    Mulheres com osteoporose apresentaram menor ndice de massa

    corprea (IMC), menor escolaridade, menor tempo de uso de terapia

    hormonal e menor idade na menopausa. A frequncia de quedas foi

    significativamente maior no grupo de mulheres com osteoporose

    (51,1%), o que se pode relacionar a fatores de morbidade promotores de

    complicaes.

    Outro estudo que analisou amostra constituda somente por

    mulheres avaliou 205 idosas sob diversos aspectos, inclusive em relao

    a aspectos socioeconmicos e demogrficos e sobre a prevalncia de

    quedas em idosos de diferentes etnias autodeclaradas. Verificou-se

    significncia entre etnia autodeclarada e ocorrncia de quedas em 12

    meses, medo de cair e quase quedas prevalente entre os grupos, com

    pouca dificuldade na realizao de atividade de vida diria (AVD) e

    risco mdio a quedas por mobilidade reduzida, com frequncia maior de

    quedas aos idosos negros (SILVA et al, 2012).

    A capacidade funcional e as condies para executar as

    atividades de vida diria esto diretamente relacionadas. Manrique-

    Espinoza et al. (2011) determinaram prevalncia de dependncia

    funcional em 30,9% da amostra estudada de idosos em condies de

    pobreza no Mxico. Alm disso, o aumento no nmero de acidentes

    durante os dois ltimos anos foi significativamente associado com

    dificuldades para executar atividades bsicas da vida diria entre os

    idosos pobres.

    Dos estudos selecionados, apenas o estudo de Lai et al. (2009)

    mapeou as ocorrncias de quedas e os possveis atributos ambientais em

    uma comunidade urbana de Hong Kong, provocando discusso acerca

    da ocorrncia das quedas diante de um cenrio pblico com

    possibilidades iatrognicas sob enfoque coletivo e social-comunitrio. A

    anlise descritiva apontou caractersticas p/sexo e faixa etria, excluindo

  • 50

    quedas em interiores. Dos 281 locais de queda exterior, o maior grupo

    do estudo correspondeu a 72%, com idade entre 65 anos ou mais, entre

    os quais 67% eram do sexo feminino. A metodologia abordou tcnicas

    para determinar pontos-chave de representao do maior risco de quedas

    em locais especficos.

    A maior parte dos 78 estudos selecionados concentrou-se em

    analisar as quedas do ponto de vista fsico, ambiental e psicolgico. Os

    estudos de Manrique-Espinoza et al. (2011), Silva et al. (2012) e Lai et

    al. (2009) focalizaram, de forma mais detalhada, as quedas do ponto de

    vista dos determinantes sociais da sade, voltadas a sade do idoso, ou

    mesmo dos determinantes do envelhecimento ativo, ampliando o

    horizonte de anlise e integrando as dimenses que fazem parte do

    processo de viver, tais como condio socioeconmica, condio de

    moradia, ocupao, raa-etnia, entre outros, os quais podem funcionar

    como sinalizadores de uma anlise das quedas de grupos de idosos

    cultural e socialmente vulnerveis.

    3.2 FATORES DE RISCO

    Em relao aos Fatores de risco 64 estudos apontaram as causas

    para o evento. Estes estudos procuraram caracterizar os riscos para

    queda ao identificar a presena de fatores intrnsecos e extrnsecos. Os

    estudos dessa reviso identificaram como fatores intrnsecos que

    predispem s quedas: a faixa etria mais elevada mencionada por

    Gama et al. (2008), Almeida et al. (2012) e Maciel (2010); o sexo

    feminino mencionado por Gama et al. (2008); a autopercepo ruim da

    sade apontada por Almeida et al. (2012); insnia, fatores psicolgicos

    mencionados por Costa et al. (2012); inatividade, aspectos cognitivos e

    vestibulopatias mencionados por Piovesan et al. (2011); mltiplas

    patologias e uso de medicamentos apontados por Marin et al (2007) e

    Costa et al. (2012); alteraes visuais identificada por Piovesan et al.

    (2011); reduo da acuidade visual e quedas recorrentes mencionada por

    Maciel (2010); tontura/vertigem identificada por Pinho et al. (2012) e,

    em 28,8% no estudo de Fhon et al. (2012), assim como alteraes

    musculares em 30% no mesmo estudo.

    Shumway-Cook et al. (2009), em estudo longitudinal com 12.669

    idosos pertencentes ao plano de seguro americano Medicare Beneficirios Survey, apontaram associao das quedas com o aumento

    da idade, ao sexo feminino, relato de sade regular ou ruim, e aumento

    do nmero de limitaes nas atividades da instrumentais da vida diria e

    comorbidades. O estudo levantou o debate acerca do custo das quedas e,

  • 51

    mesmo sem estimativas reais, foi possvel visualizar os gastos que as

    quedas podem provocar, principalmente em face das quedas recorrentes.

    Sendo assim, a distribuio de custos como uma percentagem dos custos

    totais por categoria de cuidados de sade foi semelhante atravs das trs

    categorias de estado de queda, com um intervalo de 3% a 5% de sade

    dlares gastos em cuidados de sade em casa, 30% a 36% gasto em

    cuidados hospitalares, 30% a 36% gasto em custos do fornecedor, 11% a

    13% gasto em ambulatrio custos.

    As alteraes posturais, do equilbrio (Costa et al., 2012) e

    marcha foram igualmente identificadas como fator de risco intrnseco

    (Marin et al., 2007; Lira et al., 2011) com 50% para Fhon et al. (2012).

    Bourque et al. (2007) verificaram que os idosos que usavam dispositivos

    de assistncia ao caminhar e que estavam apreensivos sobre sua

    caminhada e seu equilbrio tinham mais probabilidade de cair.

    Almeida et al. (2012) analisaram os fatores de risco e

    encontraram relaes estatisticamente significativas entre faixa etria,

    autopercepo de viso, tipo de moradia, ltima renda mensal e o Teste

    do Alcance Funcional (TAF) e entre faixa etria, autopercepo de

    sade e o teste de equilbrio Timed Up and Go Test (TUG). Gama et al. (2008) em reviso sistemtica de evidncias de

    estudos prospectivos de mltiplos fatores de risco como preditores para

    quedas apontaram fatores como: quedas anteriores, distrbios da

    marcha, incapacidade funcional, prejuzo cognitivo, uso de medicao

    psicotrpica e atividade fsica excessiva.

    Segundo Aveiro et al. (2012) a populao idosa analisada

    apresentou menor mobilidade e maior risco de quedas em comparao

    populao idosa sem doenas em estgios limitantes e independente

    para as atividades de vida diria. Indivduos considerados caidores

    demoravam mais tempo para a realizao do TUG.

    Borges et al (2010) correlacionaram o equilbrio e o ambiente

    domiciliar como risco de quedas em idosos acometidos pelo Acidente

    Vascular Enceflico (AVE). O grupo estudado apresentou mdia de

    28,96 segundos no TUG, variando de 8 a 70 segundos, sendo que 36%

    dos indivduos realizaram o teste em 30 segundos ou mais, apresentando

    alto risco de quedas. Na Escala Ambiental de Risco de Quedas

    Adaptada, os domiclios avaliados apresentaram alto risco de quedas

    para os idosos. A correlao entre o equilbrio dos idosos acometidos

    pelo AVE com o ambiente domiciliar mostrou-se positiva e

    estatisticamente significativa.

    Investigar sintomas e doenas que representam risco para quedas

    deve fazer parte de aes diagnsticas de comorbidades que causam

  • 52

    quedas, a exemplo do exame vestibular que permite associar as queixas

    dos idosos aos sintomas de tontura e vertigem, com possibilidade de

    auxiliar na preveno de quedas e quedas recorrentes. Ganana et al.

    (2006) realizaram diagnstico de vestibulopatia perifrica (81,5%),

    vertigem posicional paroxstica benigna (43,8%) e labirintopatia

    metablica (42,2%), relacionando a vestibulopatia s quedas e ao medo

    de cair, ao passo que Ganana et al. (2010) verificaram que a vertigem

    posicional paroxstica benigna reduziu aps a realizao de manobras de

    reposicionamento de partculas, alm de evidenciar a associao de

    doenas vestibulares com disfunes hormonais e distrbios

    metablicos presentes em mulheres.

    Gangavati et al (2012) investigaram as relaes entre hipertenso

    no controlada e controlada e hipotenso ortosttica (OH). A

    hipotenso ortosttica foi maior em participantes com hipertenso

    arterial no controlada; a presso sistlica em 1 minuto foi de 19% nos

    participantes com hipertenso no controlada, 5% naqueles com

    hipertenso controlada, e de 2% naqueles sem hipertenso. OH somente,

    no foi associada com quedas. A prevalncia de OH pode ser um

    sinalizador na identificao do risco de quedas.

    Pluijm et al. (2006) analisaram e identificaram os preditores do

    perfil de risco para quedas recorrentes: duas ou mais quedas anteriores,

    tonturas, limitaes funcionais, fraca fora de preenso, baixo peso

    corporal, medo de cair, a presena de ces / gatos na casa, um alto nvel

    educacional e abuso de lcool.

    As causas das quedas esto relacionadas a diversos fatores de

    risco e conhecer as circunstncias em que as mesmas ocorrem auxilia na

    preveno. Em relao ltima cada, 39,1% sofreram a queda fora do

    domiclio, 51,6% ocorreram no perodo da manh, 51,6% por

    mecanismo de propulso, 53,1% durante a deambulao, 25,0%

    causadas por tontura e 23,4% por tropeo. A restrio das atividades foi

    significativamente maior nos que sofreram duas e mais quedas, quando

    comparados a idosos que sofreram uma queda no estudo de Ganana et

    al. (2006).

    Os fatores de risco extrnsecos foram avaliados por vrios

    estudos de reviso. Em estudo de Pinho et al. (2012), com 150 idosos, as

    quedas foram ocasionadas em sua maioria por fatores extrnsecos. Para

    Almeida et al. (2012) os fatores encontrados foram o tipo de moradia

    (residir em casa) e a renda mensal igual ou inferior a um salrio-

    mnimo.

    Piovesan et al. (2011) relacionaram ao ambiente domiciliar os

    fatores de risco identificados na populao estudada. Maciel (2010)

  • 53

    analisaram como fatores extrnsecos os fatores de risco ambientais, os

    tipos de pisos e iluminao inadequada, a qual se caracterizou como

    fator extrnseco estatisticamente significativo nos achados de Lopes et

    al. (2010).

    Outros estudos identificaram a ocorrncia de quedas na presena

    de escadas/degraus e calados inadequados para a idade, de acordo com

    Marin et al. (2007); em consequncia de pisos escorregadios

    mencionados por Marin et al. (2007), Lira et al. (2011) e Pinho et al.

    (2012). Fhon et al. (2012) relacionaram as quedas a pisos irregulares

    26,3%, 18,8% ou buracos, 11,3% de degrau alto e/ou desnvel do piso;

    8,8% de objetos no cho e 7,5% em relao a tapetes soltos (FHON et

    al., 2012). Ganana et al. (2006) apontaram associao significativa das

    quedas e suas causas, sendo que a queda por escorregamento foi maior

    em idosos que referiram uma queda e a causa de quedas por tontura teve

    maior ocorrncia em idosos que referiram duas e mais quedas.

    Os espaos urbanos tambm constituem fator de risco para

    quedas e ao analis-los permite rastrear as populaes vulnerveis. Lai

    et al. (2009) apontaram quedas ao ar livre em 98,6% piso irregular,

    molhados ou escorregadios. Entre os idosos que caram ao ar livre, 78%

    tropeou em uma superfcie irregular (calada, tijolo solto, obstculo,

    pavimento irregular, escadas e etapa) e 42% deslizou sobre uma

    superfcie molhada ou escorregadia.

    Rocha et al (2010) identificaram os fatores de vulnerabilidade dos

    idosos s quedas seguidas de fratura de quadril, onde os idosos da

    pesquisa foram expostos de maneira interdependente s diferentes

    dimenses de vulnerabilidade s quedas. Avaliar os fatores de

    vulnerabilidade do idoso instrumentaliza os profissionais de sade,

    principalmente os profissionais da enfermagem no cuidado sade do

    idoso.

    Nesse sentido, importante que os profissionais de sade possam

    alertar a famlia e a comunidade sobre a importncia de diagnosticar os

    possveis fatores de risco aos quais os idosos esto expostos. Percebe-se

    a existncia de um processo de passividade em aceitar o envelhecer,

    sendo a queda um fator preditor da diminuio da capacidade funcional

    e da autoestima da pessoa idosa. O idoso ao cair sente-se fragilizado e

    tende a no se expor novamente ao risco de outra possvel queda,

    verificando-se uma associao entre a vulnerabilidade do idoso, seja

    fsica, psicolgica ou social, com seu comprometimento funcional

    (CARVALHO et al., 2010).

  • 54

    Nascimento et al (2009) relacionaram a tendncia referida para

    quedas Do total dos pacientes avaliados, 23,8% referiram tendncia a

    quedas. Destes, 39,1% relataram queda no ltimo ano.

    Morais et al (2012), verificaram os fatores de risco pra quedas,

    por meio da avaliao dos diagnsticos de enfermagem: Equilbrio

    prejudicado (100%), Idade acima de 65 anos (83,7%) e Dficit

    proprioceptivo (83,7%).

    Santos et al. (2012), em reviso integrativa, analisaram a

    produo cientfica de fatores de risco para quedas, a partir do

    diagnstico da North American Nursing Diagnosis Association, na

    literatura cientfica brasileira e estrangeira, de 2005 a 2010. Os

    resultados foram relacionados aos diagnsticos e foram identificados

    como: fatores de riscos ambientais, como recinto com mveis e

    objetos/tapetes espalhados pelo cho, pouca iluminao, piso

    escorregadio; fatores de riscos cognitivos, tais como estado mental

    rebaixado; fatores de riscos em adultos, como idade acima de 65 anos;

    fatores de riscos fisiolgicos, como equilbrio prejudicado, dificuldades

    visuais, incontinncia, dificuldade na marcha, neoplasia; fatores de

    riscos para uso de alguns medicamentos.

    Ao identificar aspectos de gnero nos fatores de risco, Silva et al.

    (2011) compararam os fatores de risco para quedas em idosas com

    diferentes nveis de atividade fsica, sugerindo que as idosas com nveis

    de atividade fsica moderadamente ativo e ativo apresentaram menor

    risco de quedas, comparado a idosas sedentrias. Ao compararem o

    equilbrio, o controle postural e a fora muscular em 45 idosas

    osteoporticas divididas em dois grupos com e sem quedas referidas no

    ltimo ano, Meneses et al, (2012) evidenciaram que idosas

    osteoporticas com histrico de quedas nos ltimos 12 meses possuam

    pior equilbrio e controle postural em relao a idosas osteoporticas

    sem quedas referidas.

    Lujan Yeannes (2006) analisou cada domiclio, na presena de

    interao e interveno de fatores de risco ambientais e

    comportamentais, verificando a modificao do risco de 129 idosos

    caidores que receberam tratamento preventivo. Os resultados

    evidenciaram o grau de interao entre os riscos (na combinao de

    fatores ambientais e comportamentais) e a independncia desses fatores

    (como as condies de iluminao, sendo que o fator de risco foi

    unicamente comportamental, sem influncia do ambiente).

    Os fatores de risco intrnsecos evidenciaram, de forma geral, a

    relao da queda com atividades de vida diria, comorbidades,

    capacidade funcional, medo de quedas recorrentes e qualidade de vida.

  • 55

    As quedas apareceram associadas s disfunes nutricionais

    (60,4%), a quatro ou mais morbidades (76%), declnio cognitivo em

    62% dos idosos, de acordo com Aguiar et al. (2009) e sintomas

    sugestivos de depresso (AGUIAR et al., 2009; PEREIRA et al. 2013).

    Para Siqueira et al. (2007) as quedas associaram-se autopercepo de

    sade como sendo ruim e maior nmero de medicamentos de uso

    contnuo.

    O sedentarismo assim como a obesidade tambm tem sido

    associado queda de idosos (SIQUEIRA et al., 2007; SIQUEIRA et al.,

    2011). As variveis sedentarismo e ndice de Massa Corporal (IMC)

    revelaram que obesos e sedentrios apresentaram maior probabilidade

    de sofrer queda (SIQUEIRA et al., 2011). Benedetti et al. (2008)

    encontraram associao estatisticamente significativa entre queda e

    problemas nos ps e nas articulaes. Para Curcio et al. (2009) as

    quedas recorrentes apareceram relacionadas instabilidade postural e

    tonturas. Pereira et al. (2013) encontraram associao da prevalncia de

    sintomas de insnia com o cochilo diurno em 49,9% (n=339) e 62,8%

    (n=432), respectivamente.

    Pereira e Ceolim (2011) sistematizaram estudos para avaliar a

    relao entre problemas do sono, desempenho funcional e ocorrncia de

    quedas em idosos da comunidade. Os estudos mostraram que os

    distrbios do sono podem piorar o desempenho funcional, alm de

    representarem fator de risco independente para quedas em idosos.

    Verificou-se relao entre insatisfao e fragmentao do sono, com o

    risco aumentado de queda. Os estudos sistematizados apontaram

    evidncias quanto ao despertares noturnos, noctria, sonolncia diurna e

    uso de medicamentos a um maior risco de quedas.

    Moreira et al. (2007) encontraram associao positiva e

    independente com os diagnsticos de enfermagem: perda de equilbrio,

    presso arterial elevada, fraqueza e incontinncia urinria. Utilizao de

    medicamento importante varivel para aumentar a suscetibilidade de

    ocorrerem quedas. No se observou associao entre quedas e os

    diagnsticos: viso alterada, audio alterada, dores osteoarticulares,

    marcha alterada e hipotenso postural.

    Curcio et al (2009) associaram o medo de cair de forma

    significativamente maior naqueles idosos com quedas recorrentes, bem

    como na deteriorao da sua sade. Da mesma forma, os fatores

    intrnsecos foram associados mobilidade, ao equilbrio e marcha, a

    problemas de sade e diminuio da capacidade e funcional.

    No estudo transversal de Cruz et al (2012) a osteoporose aparece

    fortemente associada a quedas, fraturas e declnio da capacidade

  • 56

    funcional e qualidade de vida. Fhon et al. (2012) encontraram forte

    correlao entre o nvel de independncia funcional e as atividades

    instrumentais com a idade.

    Silva et al, (2012) avaliaram fatores associados como frequncia,

    e a relao entre mobilidade e funcionalidade, a ocorrncia de quase-

    quedas e o medo de cair e a relao entre aspectos socioeconmicos e

    demogrficos sobre a prevalncia de quedas em idosos de diferentes

    etnias autodeclaradas. Verificou-se associao significativa entre etnia

    autodeclarada e ocorrncia de quedas em perodo de 12 meses, medo de

    cair e quase quedas prevalente entre os grupos, com pouca dificuldade

    na realizao de atividade de vida diria e risco mdio a quedas por

    mobilidade reduzida, com frequncia maior de quedas nos idosos

    negros.

    Em pesquisa longitudinal de 5 anos, com uma amostra

    considervel de 46.946 pessoas, evidenciou associao do nmero de

    medicamentos para diabetes e o risco de quedas em uma populao

    multitnica de pessoas com diabetes tipo 2, porm em toda faixa etria

    adulta, e no com as pessoas com 60 anos e mais. Por outro lado

    considera-se o estudo relevante por ter focalizado o carter multitnico

    que com frequncia mostra-se ausente nas investigaes sobre quedas,

    sobretudo em relao raa/etnia de idosos (HUANG et al., 2010).

    Manrique-Espinoza et al (2011) encontraram associao

    significativa do aumento do nmero de acidentes durante os ltimos

    dois anos e as dificuldades para executar atividades bsicas da vida

    diria em idosos pobres.

    O estudo de Manrique-Espinoza et al (2011) trouxe importante

    contribuio a essa reviso, no sentido em que provoca crtica a respeito

    da vulnerabilidade de idosos em situao de empobrecimento e a

    necessidade de estratgias especficas para prevenir a dependncia

    funcional de pessoas idosas.

    De acordo com Pereira et al. (2013), em relao vulnerabilidade

    os idosos do sexo feminino aparecem como fator associado s quedas,

    sendo mais um critrio de avaliao especfico a ser adotado pelos

    protocolos de sade na preveno e controle do evento quedas. Assim,

    presume-se que o sexo feminino um fator que afeta o estado de sade

    mais vulnervel (MANRIQUE-ESPINOZA et al. 2011).

    Teixeira et al. (2011), em estudo com amostra de 50 idosos,

    relataram fatores associados a quedas: tontura, teste do alcance

    funcional e histrico de quedas. Doze (24%) idosos referiram que

    sentiam tontura de forma constante, 14 (28%) s vezes e 24 (48%) no

    apresentavam sintoma, sendo que 12 (24%) relataram quedas nos 6

  • 57

    meses anteriores a coleta de dados. Somente cinco (10%) relataram ter

    adotado medidas de proteo para evitar quedas. Os autores

    recomendam que outros estudos devam ser realizados com amostra

    maior, tendo em vista que no foi significativa a associao entre

    tontura, o teste do alcance funcional e o histrico de quedas.

    Kirkood et al. (2006) avaliaram a marcha de idosos caidores e

    no-caidores pela biomecnica da marcha, sendo que alteraes na

    marcha ocorrem com o envelhecimento e as mesma, muitas vezes,

    relacionam-se com as quedas, pois idosos tendem a diminuir a

    velocidade e o tamanho da passada e aumentar a base de suporte e o

    tempo da fase de duplo apoio para ganho de estabilidade. Segundo os

    autores, os resultados podem auxiliar na elaborao de programas e

    intervenes capazes de prevenir e evitar as quedas, focalizando as

    respostas musculares do envelhecimento.

    Alguns estudos apresentaram associao entre caidores e no

    caidores, sedentrios e no sedentrios relacionados s quedas pela

    utilizao de testes. Dentre esses testes e estudos, observou-se grande

    utilizao da Escala de Equilbrio de Berg (EEB), tambm conhecida

    como Berg Balance Scale, que uma escala para avaliar equilbrio dinmico e esttico de idosos em relao a fragilidade no equilbrio,

    podendo-se identificar nos estudos de Cano et al. (2010), Padoin et al.

    (2010), Gonalves et al. (2009), Mujdeci et al. (2012), Bardin e Dourado

    (2012), Santos et al. (2011) e Pimentel et al. (2009).

    O estudo de Cano et al. (2010), que demonstraram correlao

    para o Teste de Tinetti e o "Get Up and Go" (TUG), afirmando que os

    referidos testes devem ser utilizados como ferramenta iniciais para

    avaliar o risco de quedas, tendo em vista sua comprovada significncia.

    Padoin et al. (2010) igualmente avaliaram o risco de quedas e

    recomendaram a utilizao de teste que revelaram associao, sendo: o

    teste TUG, a Escala de Berg e o Performance Oriented Mobility

    Assessement (POMA), na relao significativa acerca do equilbrio,

    risco de quedas, mobilidade funcional e anormalidades na marcha,

    evidenciado pelo grupo de mulheres ativas que obteve melhores

    desempenhos nos testes do que as mulheres do grupo de sedentrias.

    Gai et al. (2010) tambm focalizaram a populao feminina para

    verificar quais os fatores associados presena de queda em um grupo

    de mulheres idosas independentes e autnomas. No se encontrou

    relao estatisticamente significativa entre idade, fatores

    sociodemogrficos, tontura, medicao psicotrpica, m autopercepo

    da sade e da viso e presena de depresso com o fenmeno queda.

    Entretanto, houve relao de significncia estatstica para o Teste do

  • 58

    Alcance Funcional (TAF) e a Escala de Equilbrio e Teste de Tinetti,

    t