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ADRIANA REMIO LUZARDO
VULNERABILIDADE, FATORES PREDITORES E
REPERCUSSES DA QUEDA PARA IDOSOS
HOSPITALIZADOS
FLORIANPOLIS
2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CINCIAS DA SADE
PROGRAMA DE PS GRADUAO EM ENFERMAGEM
DOUTORADO EM ENFERMAGEM
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Adriana Remio Luzardo
VULNERABILIDADE, FATORES PREDITORES E
REPERCUSSES DA QUEDA PARA IDOSOS
HOSPITALIZADOS
Tese apresentada ao Programa de Ps-
Graduao em Enfermagem da
Universidade Federal de Santa
Catarina para obteno do grau de
Doutor em Enfermagem. rea de
concentrao: Filosofia e Cuidado em
Sade e Enfermagem.
Linha de Pesquisa: Promoo da
Sade no Processo de Viver Humano e
Enfermagem
Orientadora: Profa. Dra. Silvia Maria
Azevedo dos Santos
Florianpolis
2015
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ADRIANA REMIO LUZARDO
VULNERABILIDADE, FATORES PREDITORES E
REPERCUSSES DA QUEDA PARA IDOSOS
HOSPITALIZADOS
Esta Tese foi submetida ao processo de avaliao pela Banca
Examinadora para a obteno do Ttulo de:
DOUTOR EM ENFERMAGEM
e aprovada em sua verso final em 27 de agosto de 2015, atendendo as
normas da legislao vigente da Universidade Federal de Santa Catarina,
Programa de Ps-Graduao em Enfermagem, rea de concentrao:
Filosofia e Cuidado em Enfermagem e Sade.
_______________________________________
Dra. Vnia Marli Schubert Backes
Coordenadora do Programa
Banca Examinadora:
__________________________
Dra. Silvia Maria Azevedo dos
Santos
Presidente
__________________________
Dra. Soraia Dornelles Schoelle
Membro
__________________________
Dra. Deyse Borges Koch
Membro
__________________________
Dra. Giovana Zarpellon Mazo
Membro
__________________________
Dra. Odala Maria Bruggemann
Membro
__________________________
Dra. Karina Silveira de Almeida
Hammerschmidt
Membro
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Dedico este trabalho aos idosos que
fizeram parte deste estudo e aos seus
familiares e cuidadores pela receptividade,
sobretudo, diante de um momento to
delicado e pessoal de ps-queda...
Fonte: imagem Google.
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AGRADECIMENTOS
Agradeo a Deus e a todos que fizeram parte da minha aprendizagem
pessoal e profissional, que me auxiliaram a vencer os desafios, minha mais profunda gratido e reconhecimento.
Ao meu amado marido Joo Luiz Aroldi pelo carinho, cuidado, fora, segurana e amizade. Agradeo pela oportunidade de vivenciar contigo
tantos momentos importantes em nossas vidas!
minha famlia pelo apoio constante, mesmo que distncia, com
afeto, carinho, zelo e amor.
Aos meus pais que me permitiram nascer e aos pais dos meus pais... A toda minha ancestralidade, meu respeito e agradecimento. Agradeo
especialmente minha av paterna Rita Reina Machado Luzardo pelo
carinho e pela presena constante durante minha infncia. Foi essa
convivncia que me permitiu olhar para o passado e entender o porqu
do encantamento pela Gerontologia. V Reina nos deixou justamente
pelas complicaes de uma queda... Este trabalho traz um pouquinho dela tambm...
querida amiga Enfa. Profa. Dra. Beatriz Ferreira Waldman pela
ateno, pelo carinho e apoio durante todos esses anos de convvio.
Agradeo pelos ensinamentos durante a graduao e em todos os momentos em que estivemos juntas.
queridssima amiga Enfa. Msc. Nolia Fernandes de Oliveira pelo
companheirismo, carinho e agradvel convivncia.
minha querida terapeuta DMP (Processo de Memria Profunda)
Enfa. Mara Beatriz Rocha por ter chegado minha vida em um
importante momento de desafio pessoal e por me ensinar a beleza que existe em nossa sombra e em nossa ancestralidade. Agradeo por me
adentrar no universo das danas circulares e me fazer descobrir que
renascer muitas vezes no sofrimento, e sim oportunidade.
minha querida Mestra Reiki Enfa. Dra. ngela da Rosa Ghiorzi por todos os ensinamentos, carinho, dedicao. Agradeo pela existncia do
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Espao Lazli, ambiente harmonioso, de assistncia sempre muito
qualificada.
Profa. Joseane de Menezes Sternadt pela amizade escuta e apoio em
vrios momentos nestes quase quatro anos de convivncia em Chapec.
Ao colega e amigo Enf. Prof. Dr. Rafael Marcelo Soder, bem como sua
famlia, pelo carinho, compreenso e amizade, que nasceu em nosso
concurso para UFFS, que seguiu no curso de Doutorado no PEN/UFSC
e que levarei para toda vida.
Aos colegas da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS),
especialmente Coordenadora do Curso de Enfermagem Profa. Dra.
Valria Silvana Faganello Madureira e ao colega Prof. Msc. Claudio Claudino da Silva Filho pela ajuda, apoio e compreenso em um
momento to importante e decisivo como foi a coleta dos dados.
Profa. Dra. Silvia Maria Azevedo dos Santos pela orientao, pelo
aprendizado de nossa convivncia e por todos os momentos de cafezinhos sempre muito saborosos.
Agradeo aos colegas do Grupo de Pesquisa GESPI, pelo exemplo e
empenho nas atividades em prol da pessoa idosa. Agradecimento
especial s colegas Andrelise Viana Rosa Tomasi, Rafaela Vivian Valcarenghi, Cynthia Vieira de Souza e Adnairdes Cabral de Sena.
Aos colegas de doutorado, especialmente a Jos Lus Guedes dos Santos, Margarete Maria de Lima e Raquel Vicentina Gomes de
Oliveira da Silva.
Profa. Maria Itayra Coelho de Souza Padilha e ao Grupo de Pesquisa
GEHCES pela acolhida e pelos primeiros contatos no PEN. Agradecimento especial Profa. Dra. Ana Rosete Camargo Rodrigues
Maia pelo carinho e sensibilidade.
Ao Programa de Ps-Graduao em Enfermagem (PEN/UFSC),
professores, colegas e tcnicos administrativos, em especial as Professoras Vnia Marli Schubert Backes, Odala Maria Bruggemann,
Alacoque Lorenzini Erdmann e Ivonete Teresinha Schulter Buss
Heideman pelo apoio, incentivo e aprendizado.
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Profa. Dra. Silvia Modesto Nassar e ao Departamento de Informtica
e Estatstica (INE/UFSC) pelo apoio e empenho na anlise estatstica.
Agradeo aos membros da banca pelas contribuies: Dra. Soraia
Dornelles Schoeller, Dra. Deyse Borges Koch Dra. Giovana Zarpellon
Mazo, Dra. Odala Maria Bruggemann, Dra. Karina Silveira de Almeida Hammerschmidt, e Dra. Maria Helena Lenardt.
Agradeo aos professores do Ncleo de Ateno Terceira Idade
(NETI/UFSC) pelos ensinamentos durante a Especializao em
Gerontologia. Em especial agradeo aos professores ngela Maria Alvarez, Silvia Maria Azevedo dos Santos, Theofhilos Rifiotis, Antnio e
Carlos Volkmer, bem como professora Lcia Takase Gonalves, cone
gerontolgico em Santa Catarina e Brasil.
Agradeo aos professores do Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) pelos ensinamentos durante a
graduao, a licenciatura e o mestrado que me auxiliaram at chegar
aqui.
Agradecimento especial a Maria de Lourdes Martins e Joel da Rosa Servio de Arquivo Mdico do Hospital Governador Celso Ramos
(SAME/ HGCR), pelo acolhimento, carinho e cuidado. A todos com
quem convivi durante a coleta de dados no HGCR: Ademir Vieira da Rosa e Antenor Dezidrio Berchon Registro Geral; Gilmara Rocha
Pereira e Gustavo da Silva Servio de Informtica e s colegas
enfermeiras Edma Maria Gonzaga de Oliveira; Ellen Cristine de Souza e Andreia Faria Dutra pelo apoio e dedicao.
Agradeo aos idosos e cuidadores que aceitaram participar do estudo
pela disponibilidade e cooperao!
-
Ando devagar porque j tive pressa.
E levo esse sorriso, porque j chorei demais.
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe?
S levo a certeza de que muito pouco eu sei.
Nada sei.
Conhecer as manhas e as manhs,
O sabor das massas e das mas,
preciso amor pra poder pulsar,
preciso paz pra poder sorrir,
preciso a chuva para florir.
Trecho da Msica Tocando em frente
Almir Sater
Ando devagar porque j tive pressa..., essa
msica diz muito da minha vida. Agora andar
devagar e olhar a paisagem... e no ter pressa.
(Idoso I2)
-
LUZARDO, Adriana Remio. Vulnerabilidade, fatores preditores e
repercusses da queda para idosos hospitalizados. 2015. 217 p. Tese
(Doutorado em Enfermagem) Programa de Ps-Graduao em
Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianpolis,
2015.
RESUMO
Trata-se de um estudo misto, que teve como objetivos: - Identificar
fatores preditores e desfechos de queda de idosos; - Estabelecer
associaes de fatores preditores e desfechos de queda de idosos; -
Desvelar as situaes de vulnerabilidade de queda de idosos; - Conhecer
as repercusses da queda para o idoso e seu cuidador; - Analisar os
agentes de suporte para o enfrentamento da queda. Foram analisados
304 registros em pronturios de idosos internados por motivo de queda.
A amostra foi probabilstica, com nvel de significncia de 95% e erro
amostral de 5%, com estimativa de 30% de prevalncia de queda. Os
dados quantitativos foram analisados com auxlio do programa
Statistical Package for the Social Sciences. Utilizou-se estatstica
descritiva por meio de frequncia, percentual, mdia, mediana e desvio-
padro. Empregou-se anlise bivariada para as variveis: tempo de
internao e ano de internao; caracterstica da queda e idade; ano de
internao, idade e sexo; alm das variveis medicamentos de uso
contnuo, comorbidades e bito. Foi realizada anlise multivariada pelo
mtodo de Anlise Fatorial de Correspondncia Mltipla. A etapa
qualitativa utilizou entrevista semiestruturada junto a oito idosos e oito
cuidadores e os dados foram analisados por meio da Anlise de
Contedo de Bardin. O perodo da coleta dos dados quantitativos foi de
agosto a outubro de 2014 e os dados qualitativos de outubro a dezembro
do mesmo ano. Os resultados evidenciaram associao na anlise
multivariada em que o grupo de pessoas do sexo feminino (76,6%) foi
maior, em comparao ao grupo do sexo masculino (23,4%). Quanto ao
desfecho das quedas, o trauma de membros inferiores apresentou a
maior ocorrncia entre as mulheres, com destaque para as fraturas de
fmur. Entre os homens, destacaram-se os traumas de crnio, de
vrtebra e de membros superiores. A maior parte dos idosos que no
utilizava medicamentos continuamente e que no teve trauma eram
homens. Da etapa qualitativa emergiram 3 eixos temticos e 11
categorias. No eixo temtico Queda foram quatro categorias: Como foi a
Queda; Primeiro Atendimento e Hospitalizao; Causalidade da Queda;
Significados e Sentimentos Provocados pela Queda. Aspectos subjetivos
-
emergiram dos contedos, sinalizando abordagens mais amplas na
ateno sade do idoso. O eixo temtico Idoso Caidor constituiu
quatro categorias: Mudanas Provocadas pela Queda, Eu sou caideira,
Eu me cuido e Preveno da Queda, traduzindo-se em situaes de
vulnerabilidade, por meio dos desfechos da queda, da capacidade para
realizao das atividades dirias, do autocuidado e da condio de sade
do idoso. O eixo Suporte para enfrentamento da Queda congregou trs
categorias: Necessidade de Informao, Apoio Familiar e
Espiritualidade. O apoio social como melhora da sade suscitou
reflexes para promoo da sade. Na identificao e associao dos
fatores preditores e desfechos mostraram significncia entre os sexos,
faixa etria, utilizao de medicamento de forma contnua, presena e
tipo de trauma. Os resultados apontaram situaes de vulnerabilidade,
provocando reflexo acerca de modos de viver mais saudveis. O
enfermeiro pode realizar educao em sade com o idoso, famlia e
cuidador, para prevenir os acidentes por quedas e promover sade.
Palavras-chave: Vulnerabilidade em Sade. Acidentes por Quedas.
Sade do Idoso. Promoo da Sade. Enfermagem.
-
LUZARDO, Adriana Remio. Vulnerability, predictors and
repercussions of falls in hospitalized elderly. 2015. 217 p. Thesis
(PhD in Nursing) Post-Graduate Program in Nursing, Federal
University of Santa Catarina, Florianpolis, 2015.
ABSTRACT
It is a mixed study, which aimed to: - To identify predictors and old
drop outcomes; - Establish associations of predictors and old drop
outcomes; - Unveiling the situations of elderly falling vulnerability; -
Know the fall repercussions for the elderly and their caregivers; -
Analyze support agents to combat the fall. The study analyzed 304
medical records of elderly patients admitted in hospital due to a fall. The
sample was probabilistic, with a significance level of 95% and sample
error of 5%, with estimated 30% prevalence of fall. Quantitative data
was analyzed using the Statistical Package for Social Sciences. We used
descriptive statistics with frequency, percentage, mean, median and
standard deviation. It used bivariate analysis for the variables: length of
stay and year of admission; characteristic of the fall and age; year of
admission, age and gender; and medications of continuous use,
comorbidities and death. This study included a multivariate analysis
using the method of Multiple Correspondence Factor Analysis. The
qualitative step used semistructured interviews with eight seniors and
eight carers and the data were analyzed through Bardin Content
Analysis. The period of collection of quantitative data was from August
to October 2014 and qualitative data from October to December of the
same year. The results showed association in the multivariate analysis in
which the female group (76.6%) was higher compared to the male group
(23.4%). Regarding the outcome of the falls, there was higher
occurrence of trauma of lower limbs among women, especially femur
fractures. Among men, head, vertebra and upper limb traumas were
more frequent. Most older people who did not used drugs continuously
and had not trauma were men. From the qualitative stage, three thematic
areas and 11 categories emerged. In the central theme Fall, four
categories were identified: How the fall happened; First call and
hospitalization; Causality of the fall; Meanings and feelings caused by
falls. Subjective aspects emerged from the contents, indicating broader
approaches in health care for the elderly. The thematic area Elderly who
fall constituted four categories: Changes caused by the falls, I am an
elderly who falls, I take care of myself and Prevention of falls,
translating into vulnerable situations, through the fall of the outcomes,
-
the ability to perform daily activities, self-care and health condition of
the elderly. The theme Support for confronting the fall brought together
three categories: Information needs, Family support and Spirituality.
Social support as health improvement raised reflections concerning
health promotion. The identification and association of predictors and
outcomes showed significance among gender, age, medication used
continuously, presence and type of trauma. The results showed
vulnerabilities, causing reflection on ways to live healthier. Nurses can
conduct health education for elderly, family and caregivers in order to
prevent accidents from falls and promote health.
Keywords: Vulnerability in Health. Accidental Falls. Elderly health.
Health promotion. Nursing.
-
LUZARDO, Adriana Remio. Vulnerabilidad, factores predictivos y
consecuencias de la cada para los ancianos hospitalizados. 2015.
217 p. Tesis (Doctorado en Enfermera) Programa de Postgrado en
Enfermera, Universidad Federal de Santa Catarina, Florianpolis, 2015.
RESUMEN
Se trata de un estudio mixto, que tuvo como objetivos: Para identificar
predictores y los resultados de la gota de edad; - Establecer asociaciones
de predictores y los resultados de la gota de edad; - Revelando las
vulnerabilidades de la cada de edad avanzada; - Conocer las
repercusiones de la cada para las personas mayores y sus cuidadores; -
Analizar los agentes de apoyo para combatir la cada. 304 fichas de los
registros mdicos de ancianos hospitalizados por cada fueron
analizadas. La muestra fue probabilstica, con un nivel de significacin
de 95% y el error muestral del 5%, con la estimacin de 30% de
prevalencia de cada. Los datos cuantitativos fueron analizados mediante
el programa Statistical Package for the Social Sciences. Se utiliz la
estadstica descriptiva mediante la frecuencia, porcentaje, media, la
mediana y de la desviacin estndar. Se utiliz el anlisis bivariante de
las variables: duracin de la estancia y el ao de la admisin;
caracterstica de la cada y la edad; ao de hospitalizacin; edad y sexo;
adems de las variables de medicamentos de uso continuo, comorbilidad
y el bito. El anlisis multivariado se realizo mediante el mtodo de
Anlisis Factorial de Correspondencias Mltiples. El paso utilizado
entrevistas semiestructuradas cualitativas con ocho personas mayores y
ocho cuidadores y los datos se analizaron por medio de anlisis de
contenidos Bardin. Se recogieron datos de ocho ancianos y de ocho
cuidadores. Los resultados mostraron asociacin en el anlisis
multivariante en el que el grupo de personas del sexo femenino (76,6%)
fue mayor, en comparacin con el grupo de sexo masculino (23,4%). En
cuanto al resultado de las cadas, el trauma de los miembros inferiores
present la mayor incidencia entre las mujeres, especialmente las
fracturas del fmur. Entre los hombres, los ms destacados fueron los
traumas en la cabeza, vrtebras y de los miembros superiores. La
mayora de las personas mayores que no utilizan medicamentos de
forma continua y no haba trauma eran hombres. Surgieron tres ejes
temticos y 11 categoras de la etapa cualitativa. En el eje temtico La
Cada fueron cuatro categoras: Como fue la Cada; Primer
Atendimiento y Hospitalizacin; Causalidad de la Cada; Significados y
Sentimientos Provocados por las Cadas. Aspectos subjetivos surgieron
-
a partir de los contenidos, sealando enfoques ms amplios a la atencin
para la salud de los ancianos. El eje temtico Ancianos que se Caen
Mucho constituy cuatro categoras: Cambios Causados por las Cadas,
Yo me Caigo Mucho, Yo me Cuido y Prevencin de las Cadas, que se
traduce en situaciones vulnerables, a travs de la cada de los resultados,
la capacidad para llevar a cabo todos los das actividades, de cuidado
personal y del estado de salud de las personas mayores. El eje Suporte
para enfrentamiento da Queda mont tres categoras: Necesidad de la
Informacin, Apoyo Familiar, y Espiritualidad. El apoyo social como
mejora de la salud provoc reflexiones para la promocin de la salud.
En la identificacin y asociacin de los factores predictivos y sus
resultados se mostr significancia entre los gneros, la edad, la
utilizacin del medicamento de forma continua, la presencia y el tipo de
trauma. Los resultados mostraron vulnerabilidades, provocando la
reflexin sobre las formas de vida ms saludable. El enfermero puede
realizar educacin de la salud con el anciano, los familiares y cuidadores
con el fin de evitar los accidentes por cadas y promover la salud.
Palabras-clave: Vulnerabilidad en la Salud. Accidentes por Cadas. La
Salud del Anciano. Promocin de la Salud. Enfermera.
-
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Representao grfica dos estudos e das etapas de seleo
dos estudos...........................................................................................
46
Grfico 1 Local de residncia registrados em pronturios de
pessoas idosas, em um Hospital Pblico de Florianpolis, no perodo
de janeiro de 2009 a dezembro de 2013...............................................
94
Figura 2 Modelo estatstico representativo da anlise multivariada
pela Anlise Fatorial de Correspondncia Mltipla.............................
102
-
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Classificao das variveis do estudo............................. 82
Quadro 2 Dados sociodemogrficos: idosos e cuidadores.............. 87
-
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Distribuio do local de residncia e servio de
referenciamento/nvel de ateno que realizou encaminhamento,
em um Hospital Pblico de Florianpolis, no perodo de janeiro de
2009 a dezembro de 2013.................................................................
95
Tabela 2 Distribuio dos idosos da amostra por sexo e faixa
etria, conforme registros de pronturios, no perodo de janeiro de
2009 a dezembro de 2013..................................................................
96
Tabela 3 Distribuio dos idosos segundo o tempo de internao
por cada ano estudado, em um Hospital Pblico de Florianpolis,
de janeiro de 2009 a dezembro de 2013.............................................
97
Tabela 4 Distribuio da idade pela caracterstica da queda em
um Hospital Pblico de Florianpolis, de janeiro de 2009 a
dezembro de 2013............................................................................
98
Tabela 5 Distribuio do ano de internao pela idade e sexo, em
um Hospital Pblico de Florianpolis, no perodo de janeiro de
2009 a dezembro de 2013..................................................................
99
Tabela 6 Distribuio de medicamentos de uso contnuo e
comorbidades em um Hospital Pblico de Florianpolis, no
perodo de janeiro de 2009 a dezembro de 2013...............................
100
Tabela 7 Distribuio da faixa etria pelo bito, em um Hospital
Pblico de Florianpolis, no perodo de janeiro de 2009 a
dezembro de 2013.............................................................................
103
Tabela 8 Distribuio de bito pela idade e tempo de internao
em um Hospital Pblico de Florianpolis, no perodo de janeiro de
2009 a dezembro de 2013..................................................................
104
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABVD Atividades Bsicas de Vida Diria
ACM Anlise Fatorial de Correspondncia Mltipla
AIVD Atividades Instrumentais de Vida Diria
AGS American Geriatrics Society
APS Ateno Primria Sade
AVE Acidente Vascular Enceflico
BDENF Base de Dados de Enfermagem
Bireme Biblioteca Regional de Medicina
BVS Portal da Biblioteca Virtual em Sade
CESPSH Comit de tica em Pesquisas com Seres Humanos
CEP/HGCR Comit de tica em Pesquisa Hospital Governador
Celso Ramos
CID-10 Classificao Estatstica Internacional de Doenas e
Problemas Relacionados Sade
CG Centro de Gravidade
CNBB Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil
CNS Conselho Nacional de Sade
DA Doena de Alzheimer
DeCS Descritores em Cincias da Sade
DP Doena de Parkinson
DSS Determinantes Sociais da Sade
ESF Estratgia de Sade da Famlia
EEB Escala de Equilbrio de Berg
FIBRA Rede FIBRA - Rede de Estudos sobre Fragilidade em
Idosos Brasileiros
GESPI Grupo de Estudos sobre Cuidado de Pessoas Idosas
HGCR Hospital Governador Celso Ramos
IBGE I nstituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
ILPI Instituio de Longa Permanncia para Idosos
IMC ndice de Massa Corporal
ISWT Incremental Shuttle Walk Test LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Cincias
da Sade
MEDLINE Medical Literature Analysis and Retrieval System Online
MEEE Mini Exame do Estado Mental
MeSH Medical Subject Headings NANDA North American Nursing Diagnosis Association
http://www.nlm.nih.gov/mesh/
-
NETI Ncleo de Estudos da Terceira Idade
NQ Nmero de Quedas
OH Hipotenso Ortosttica
PEN Programa de Ps-Graduao em Enfermagem
PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclio
PNPS Poltica Nacional de Promoo da Sade
PDC Posturografia Dinmica Computadorizada
POMA Performance Oriented Mobility Assessement
PUBMED Portal PubMed da U. S. National Library of Medicine
(NLM)
SAMU Servio de Atendimento Mvel de Urgncia
SBGG Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
SciELO Scientific Electronic Library Online
SES/SC Secretaria de Estado da Sade de Santa Catarina
SestatNet Sistema Ambiente de Ensino e Aprendizagem de
Estatstica na Web
SPPB Short Physical Performance Battery
SPSS Statistic Package for Social Sciences
SUS Sistema nico de Sade
UFFS Universidade Federal da Fronteira Sul
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
TAF Teste do Alcance Funcional
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TFD Tratamento Fora do Domiclio
TUG Timed Up and Go Test
UPA Unidade de Pronto-Atendimento
-
SUMRIO
APRESENTAO...................................................................... 31
1 INTRODUO................................................................ 35
2 OBJETIVOS.................................................................... 43
3 REVISO DA LITERATURA....................................... 45
3.1 EPIDEMIOLOGIA DA QUEDA...................................... 47
3.2 FATORES DE RISCO...................................................... 50
3.3 REPERCUSSES DA QUEDA........................................ 62
3.4 PROMOO DA SADE NO CONTEXTO DO
ENVELHECIMENTO.......................................................
65
4 MATERIAIS E MTODOS........................................... 71
4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO.................................... 71
4.1.1 Estudo Quantitativo......................................................... 71
4.1.2 Estudo Qualitativo........................................................... 72
4.2 CAMPO DE ESTUDO...................................................... 72
4.3 POPULAO-ALVO E AMOSTRA............................... 73
4.3.1 Etapa Quantitativa.......................................................... 73
4.3.2 Etapa Qualitativa............................................................. 74
4.4 CRITRIOS DE INCLUSO E EXCLUSO................. 74
4.4.1 Etapa Quantitativa.......................................................... 74
4.4.2 Etapa Qualitativa............................................................. 75
4.5 PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS.... 75
4.5.1 Etapa Quantitativa.......................................................... 75
4.5.2 Etapa Qualitativa............................................................. 76
4.6 VARIVEIS EM ESTUDO.............................................. 77
4.6.1 Varivel Dependente........................................................ 78
4.6.2 Variveis Preditoras........................................................ 78
4.7 ORGANIZAO E ANLISE DE DADOS................... 83
4.7.1 Etapa Quantitativa.......................................................... 83
4.7.2 Etapa Qualitativa............................................................. 83
4.8 ASPECTOS TICOS........................................................ 84
5 RESULTADOS E DISCUSSO..................................... 87
-
5.1 MANUSCRITO 1 FATORES PREDITORES E
DESFECHOS DA QUEDA DE IDOSOS EM UM
HOSPITAL PBLICO DE FLORIANPOLIS................
89
5.2 MANUSCRITO 2 QUEDA DE IDOSOS:
DESVELANDO SITUAES DE
VULNERABILIDADE.......................................................
115
5.3 MANUSCRITO 3 QUEDA: REPERCUSSES PARA
O IDOSO E SUA SADE................................................. 139
5.4 MANUSCRITO 4 REDES DE SUPORTE
EVIDENCIADAS NO CUIDADO AO IDOSO
CAIDOR: REFLEXES PARA PROMOO DA
SADE...............................................................................
155
6 CONSIDERAES FINAIS DA TESE.......................... 173
REFERNCIAS........................................................................... 141
APNDICE A TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE
E ESCLARECIDO......................................................................
193
APNDICE B TERMO DE COMPROMISSO PARA
UTILIZAO DE DADOS.......................................................
197
APNDICE C - TERMO DE SOLICITAO DE
DISPENSA DE TCLE PARA ACESSO DE
PRONTURIOS..........................................................................
199
APNDICE D INSTRUMENTO GUIA PARA COLETA
DE DADOS EM PRONTURIOS.............................................
201
APNDICE E INSTRUMENTO GUIA PARA
ENTREVISTA.............................................................................
207
APNDICE F BANCO DE DADOS QUANTITATIVOS
EXCEL..........................................................................................
209
ANEXO A PARECER CONSUBSTANCIADO
CEPSH/UFSC..............................................................................
213
ANEXO B PARECER CONSUBSTANCIADO
CEP/HGCR..................................................................................
217
-
31
APRESENTAO
Este estudo insere-se na Linha de Pesquisa Promoo da Sade
no Processo de Viver Humano e Enfermagem, a qual est contemplada
nas aes do Grupo de Estudos de Sade de Pessoas Idosas (GESPI). A
investigao buscou mostrar coerncia entre as inquietaes da
pesquisadora e o compromisso de elaborao da Tese de Doutorado do
Programa de Ps-Graduao em Enfermagem da Universidade Federal
de Santa Catarina (PEN/UFSC), na rea de Concentrao: Filosofia,
Cuidado em Sade e Enfermagem.
Adotou-se uma linha investigativa que seguiu basicamente trs
etapas para explorar o evento queda em pessoas idosas hospitalizadas. A
primeira etapa ocorreu pela elaborao de uma Reviso da Literatura, no
sentido de apurar o arcabouo de produes cientficas publicizadas em
bases de dados. A segunda etapa foi realizada a partir de um estudo
quantitativo, com a finalidade de identificar fatores preditores e
desfechos do evento queda de idosos atendidos em um servio
hospitalar. A terceira etapa deu-se por meio de um estudo qualitativo,
que buscou aprofundar o olhar quanto vulnerabilidade do idoso ao
fenmeno queda.
Considera-se que pesquisas com a temtica queda possuem
relevncia social, uma vez que descortinam o cenrio de ocorrncia do
evento frente situao de vida das pessoas, observando o contexto
local-regional de idosos que vo hospitalizao, principalmente em instituies que se caracterizam como espaos inexplorados em relao
a esse agravo. Acredita-se na importncia epidemiolgica desse tema,
como tambm no impacto singular da queda na vida de cada pessoa que
vivencia esta situao. O olhar objetivo e subjetivo do fenmeno refora
a importncia da ateno integral sade da pessoa idosa, promovendo
a interao do cidado com as instituies e polticas pblicas.
O interesse pelo tema surgiu a partir da inteno da pesquisadora
em dar continuidade a sua trajetria cientfica, focalizando o tema
Envelhecimento em consonncia com a Enfermagem e a Sade Pblica.
Os estudos voltados rea da sade do adulto e do idoso, com suas
demandas psicobiolgicas e socioculturais, tm sido um alvo constante
de anlise na prxis profissional.
As interrogaes profissionais de ensino, pesquisa e assistncia
sempre circundaram os aspectos sociais, psicolgicos e filosficos ao
olhar a pessoa idosa, sua condio de sade, situaes de dependncia e
formas de estar no mundo.
-
32
Assim, na concluso do Curso de Graduao em Enfermagem, na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a temtica do
cuidador de pessoas idosas foi abordada na Monografia, por meio de
uma investigao qualitativa com objetivo de conhecer as necessidades
e dificuldades do cuidador. Os relatos dos cuidadores revelaram cinco
categorias temticas como: dificuldade financeira, dificuldade com os
cuidados de higiene, alimentao e vestimenta, necessidade de o
cuidador dividir as tarefas e ser reconhecido pelo papel desempenhado.
Com o estudo concluiu-se que o cuidador realizava um trabalho solitrio
e annimo, desassistido, e que o cuidar ininterruptamente era gerador de
estresse e sobrecarga (LUZARDO, 2004).
Nesse contexto, o estudo produzido para obteno do ttulo de
Mestre em Enfermagem, na UFRGS, oportunizou descrever, de forma
quantitativa, as caractersticas de idosos e cuidadores, buscando
identificar a sobrecarga dos cuidadores e o grau de dependncia dos
idosos. Os resultados apontaram que os idosos participantes do estudo
apresentavam dependncia importante e dependncia parcial para as
atividades de vida diria e que os cuidadores demonstraram elevada
sobrecarga total, com elevada pontuao para a sobrecarga moderada,
bem como para sobrecarga moderada a severa (LUZARDO, 2006).
Aps esse perodo de formao e de algumas experincias
assistenciais com adultos e idosos, ainda na cidade de Porto Alegre, Rio
Grande do Sul, surgiu o ingresso na prtica docente de ensino superior.
No ambiente universitrio foi possvel contribuir para a formao
profissional em enfermagem, no sentido de dar visibilidade aos aspectos
do envelhecimento, provocando a perspectiva do envelhecimento nas
prticas pedaggicas no Sistema nico de Sade (SUS).
Diante da necessidade de mudana para Florianpolis, Santa
Catarina, surgiu a oportunidade de aperfeioar a formao acadmica
por meio da realizao do Curso de Especializao em Gerontologia
pelo Ncleo de Estudos da Terceira Idade (NETI), da Universidade
Federal de Santa Catarina.
Nesse perodo, houve tambm a possibilidade de experienciar
uma nova realidade profissional, na aproximao com a Estratgia de
Sade da Famlia (ESF) e a Gesto de Programas Estratgicos nas reas
de Sade do Adulto e Sade do Idoso, nas Secretarias Municipais de
Sade de Florianpolis e So Jos. Esse momento de intenso
aprendizado provocou reflexes quanto s polticas pblicas
implementadas nos servios de sade, diante da necessidade de
aperfeioamento para se tornarem mais dinmicas e aplicveis prtica
profissional de acordo com as diferentes realidades.
-
33
Atualmente, de volta docncia, na Universidade Federal da
Fronteira do Sul (UFFS), em Chapec, Santa Catarina, vem sendo
possvel atuar no ensino, na extenso e na pesquisa em sade pblica de
forma a valorizar os aspectos do envelhecimento.
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34
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35
1 INTRODUO
O envelhecimento populacional um fenmeno mundial, que tem
sido igualmente observado no Brasil, devido ao rpido crescimento da
populao idosa, resultante do aumento da expectativa de vida e da
queda nas taxas de natalidade e fecundidade. Estas mudanas
demogrficas so profundas e vm alterando a distribuio etria da
populao. Estima-se que, cada vez mais, a mdia de idade das pessoas
aumente consideravelmente em todos os pases, mesmo com as
diferenas observadas entre as naes desenvolvidas e em
desenvolvimento. Trata-se de uma transio demogrfica historicamente
importante, em estgio bastante avanado nos pases com renda mais
elevada (ORGANIZAO MUNDIAL DA SADE, 2015).
Em naes desenvolvidas, a exemplo do Canad, dos EUA e de
pases da Unio Europia, considera-se idosa a pessoa com idade igual
ou superior a 65 anos. Nos pases em desenvolvimento, como o Brasil,
define-se idoso como uma pessoa de 60 anos e mais. Apesar disso,
algumas polticas pblicas brasileiras utilizam como base de anlise os
65 anos, como o caso da concesso de benefcio assistencial, da
utilizao de transporte pblico gratuito e da aposentadoria por idade
(CAMARANO, 2013). Diante disso, acredita-se que mudanas sero
brevemente observadas no mbito das polticas pblicas de sade e de
assistncia, como resultado do envelhecimento da populao e
viabilidade da previdncia social.
Desde o primeiro recenseamento no Brasil (1872) at o censo de
2010 observou-se que a populao cresceu quase 20 vezes. Em 2010,
chegou-se a 190.732.694 milhes de brasileiros, em que 14.536.029
milhes eram de pessoas com mais de 60 anos, quase 15 milhes,
correspondendo a 8% de idosos. Segundo a Pesquisa Nacional por
Amostra de Domiclio (PNAD), em 2013 os idosos passaram a
representar quase 13% da populao, somando 23 milhes de pessoas
(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA,
2015).
A populao idosa brasileira dever aumentar mais rapidamente
que a mdia internacional, fazendo com que o Brasil passe a ser
reconhecido como um pas envelhecido, principalmente quando alcanar
a marca de 14% de idosos. O nmero de pessoas mais velhas vai
duplicar no mundo todo at 2050, mas quase triplicar nas prximas
quatro dcadas em nosso pas, chegando a 65 milhes de idosos,
praticamente 30% da populao. Este crescimento vem ocorrendo de
forma acelerada, diferentemente do que ocorreu com os pases
-
36
desenvolvidos que tiverem aumento da populao somente aps a
superao de problemas socioestruturais (ORGANIZAO MUNDIAL
DA SADE, 2015).
O aumento da populao idosa brasileira vem ocorrendo
concomitante aos problemas socioestruturais do pas. As situaes de
adoecimento, no contexto do envelhecimento, tem se dado tanto por
condies crnicas, quanto por condies agudas de sade.
O Brasil vive [...] uma situao de sade que
combina uma transio demogrfica acelerada e
uma transio epidemiolgica singular, expressa
na tripla carga de doenas: uma agenda no
superada de doenas infecciosas e carenciais, uma
carga importante de causas externas e uma
presena fortemente hegemnica das condies
crnicas de sade (MENDES, 2012, p. 21).
Diante desse cenrio, o envelhecimento mostra-se como
importante foco de discusso para a sociedade e como desafio para a
sade pblica na oferta e na produo de sade. Observam-se demandas
urgentes e concomitantes, uma vez que se sobrepem os problemas de
carter crnico e agudo, somados s causas externas, destacando-se a
violncia e os acidentes.
Entende-se que o aumento da expectativa de vida tem
influenciado no perfil de morbimortalidade da populao idosa. A
expectativa de vida do brasileiro aumentou de 12,4 anos entre 1980 e
2013, ampliando a mdia de expectativa de vida de 74,6 anos em 2013
para 75,2 em 2015. O estado de Santa Catarina apresentou, em 2015, a
maior mdia de expectativa de vida do pas, de 78,4 anos, com 75,1 de
mdia para o homem e 81,8 anos para a mulher catarinense. Observa-se
que vrios municpios catarinenses foram reconhecidos pelo aumento da
longevidade, o que vem sendo reforado pela diminuio no ndice de
mortalidade infantil no Estado. Entre os municpios mais longevos
destacaram-se alguns da regio da Grande Florianpolis, tais como
Nova Trento e Rancho Queimado. Florianpolis est entre as capitais
com maior expectativa de vida, com mdia de 74,3 em 2010 e 77,3 anos
em 2013 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATSTICA, 2015).
Na evidncia de que as pessoas esto vivendo mais e que tambm
esto mais expostas a riscos est o surgimento de situaes de
vulnerabilidade, limitaes, incapacidades, determinao social e as
mais variadas necessidades de sade do idoso.
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37
Entre essas situaes de vulnerabilidade observa-se o evento
queda, que pode comprometer a capacidade funcional, a autonomia para
a realizao das atividades de vida diria e a qualidade de vida dos
idosos.
A queda caracteriza-se por ser um fenmeno acidental com
deslocamento no intencional do corpo para um nvel inferior posio
inicial a que o indivduo encontrava-se anteriormente. um evento que
apresenta incapacidade de correo em tempo hbil, determinado por
circunstncias multifatoriais, com o comprometimento da estabilidade
corporal (SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E
GERONTOLOGIA, 2008).
Estudos atuais tm evidenciado mltiplos aspectos concernentes a
queda de idosos, apontando incidncia, prevalncia, fatores de risco,
causas, consequncias e morbimortalidade. Nesses estudos, variados
mtodos de pesquisa tm sido empregados na tentativa de caracterizar o
contexto do evento, produzindo saberes e prticas incorporadas como
aes em sade, a exemplo dos programas de preveno.
Em um estudo de coorte prospectivo, Abreu et al. (2015)
descreveram as caractersticas e as condies de sade dos idosos que
sofreram quedas, por meio de inqurito domiciliar que durou dois anos,
no municpio de Cuiab, Mato Grosso do Sul. A maior parte dos idosos
era do sexo feminino (62,1%), com faixa etria entre 70 e 79 anos
(44,8%) e mdia de idade de 76,7 anos. As morbidades mais observadas
foram hipertenso (77,7%); diabetes (31,1%) e osteoporose (20,4%).
Em torno de 94,2% dos idosos utilizavam medicamentos de uso
contnuo e 52,6% utilizavam de um a dois medicamentos, sendo os mais
frequentes: anti-hipertensivos (78,6%), analgsicos (47,6%) e diurticos
(24,3%).
Em outro estudo, de abordagem quantitativa do tipo transversal
realizado em Joo Pessoa, no Estado da Paraba, Fernandes et al.,
(2014), identificaram o risco de queda em 120 idosos em ambulatrio de
geriatria e buscaram associao entre seus fatores. Evidenciou-se que as
quedas foram mais elevadas entre as mulheres (73,4%) e a faixa etria
mais observada foi de 60 a 69 anos (60,8%). Entre os idosos, 95%
utilizavam medicamentos regularmente, 41,22% utilizavam de um a
dois medicamentos e 86,2 %, dos idosos que utilizavam medicamentos,
foram pelo uso de anti-hipertensivos. O estudo revelou a alta
prevalncia de quedas entre os fatores estudados e apontou para a
importncia de identificar precocemente os riscos de quedas, os quais
podem ser minimizados.
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38
Lima (2014) realizou um estudo transversal para descrever o
ambiente domiciliar de idosos residentes na zona urbana do municpio
de Pelotas, no Rio Grande do Sul (RS), de acordo com os potenciais
fatores de risco de quedas. Concluiu que os fatores de risco de maior
prevalncia estavam presentes no banheiro, pela falta de barra lateral ao
vaso sanitrio (91,5%), falta de apoio no chuveiro (87,1%), falta de piso
ou tapete antiderrapante (50,1%), situaes que foram mais observadas
em residncias de menor nvel socioeconmico.
Rosa et al. (2015) conduziram investigao sobre perfil
epidemiolgico de mortes por queda, analisando 2.126 bitos, no Rio
Grande do Sul, no perodo de 2006 a 2011. Entre os fatores que
apresentaram as maiores chances de bito destacou-se a raa branca,
idosos que viviam sozinhos (vivos ou solteiros), a populao feminina
e as idades mais avanadas, especificamente na faixa etria de 80 anos e
mais.
Alm da mortalidade, Minayo (2012) chama ateno para o
aumento da morbidade entre a populao de 80 anos e mais, com a
diminuio da autonomia e da capacidade funcional dos idosos que
vivenciam uma ou mais quedas, fato que tem sido motivo de
preocupao para gerontlogos.
A queda em idosos tem sido focalizada em dissertaes e teses de
doutorado, alm de trabalhos de concluso de cursos de graduao e
especializao, oriundos de reas como a sade coletiva, a
epidemiologia, a medicina, a fisioterapia, a gerontologia e a
enfermagem.
A enfermagem, como campo de pesquisa, vem destacando-se na
produo do conhecimento sobre a temtica da queda de idosos, por
meio de seu processo de trabalho, prtica assistencial, gerenciamento do
cuidado e gerenciamento de servios. Exemplo disso tem sido a
utilizao dos diagnsticos de enfermagem na determinao dos riscos
de queda, bem como as recomendaes de estratgias para prevenir o
agravo. Nesse contexto, estudos conduzidos por enfermeiros resultaram
de pesquisas realizadas em centros de pesquisa de universidades e
cursos de ps-graduao, os quais objetivavam a defesa de linhas de
pesquisa que traduzissem a contribuio da enfermagem.
Machado et al. (2009) conduziram uma pesquisa descritiva com
24 idosos, que avaliou a presena de fatores de risco para queda, por
meio do diagnstico de enfermagem risco para queda, combinado com
a escala de risco de quedas Downton, em um servio de ateno
primria sade em Fortaleza, Cear. Concluiram que entre os riscos de
queda mais citados estavam a idade superior a 65 anos (70,8%), a
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39
utilizao de medicamentos (75%), especificamente anti-hipertensivos,
sendo verificada associao da queda com a presso arterial elevada,
alm da utilizao de quatro ou mais drogas, indo ao encontro dos
achados apontados por outros estudos quanto comorbidade e utilizao
de medicamentos.
Em sua tese de doutorado, Caberlon (2012) realizou estudo
transversal retrospectivo para analisar 6.633 boletins de atendimento em
quatro servios de emergncia em municpios da regio metropolitana e
da serra gacha, no Rio Grande do Sul, que objetivou investigar quedas
e fraturas de pessoas idosas. Concluiu que o inverno foi a estao do ano
com maior nmero de fraturas e a primavera apresentou o menor
percentual. Os locais de risco em que mais ocorreram quedas foram em
escada, nibus e queda da cama.
Em dissertao de mestrado Vaccari (2013) realizou um estudo
quantitativo com delineamento transversal, cujo objetivo foi identificar
os cuidados necessrios preveno de quedas em uma amostra de 127
idosos internados em unidades de Clnica Mdica e Cirurgia Geral de
um hospital de ensino. Os resultados apontaram para a necessidade de
cuidados interdisciplinares, voltados preveno de quedas no ambiente
intra-hospitalar envolvendo todos os setores que prestam assistncia
direta ou indireta ao idoso.
Outro estudo realizado na rea de enfermagem tratou de uma
reviso integrativa da literatura, como resultado de dissertao de Paula
Jr. (2014), com o objetivo de investigar e descrever a literatura cientfica
sobre o evento quedas, no perodo de dez anos (2003 a 2012). A anlise
qualitativa permitiu organizar os achados em quatro categorias
temticas: a anlise quantitativa dos estudos, a epidemiologia do evento
queda, o estudo dos preditores de quedas e a preveno de quedas em
idosos. A reviso apontou diversidade entre os instrumentos de
avaliao do risco de quedas, bem como variao quanto s intervenes
adotadas em programas de preveno de quedas. Devido ao nmero
vultoso de estudos quantitativos sobre o tema, recomendaes do autor
apontaram para a necessidade de realizao mais estudos qualitativos no
sentido de aprofundar a anlise do fenmeno.
Malmann et al. (2012) adaptaram o Protocolo da Avaliao
Multidimensional do Idoso construindo o Instrumento de Avaliao de
Quedas em Idosos (IAQI), a fim de que fosse utilizado como apoio ao
processo de enfermagem na Estratgia da Sade da Famlia (ESF). O
instrumento foi criado para auxiliar na avaliao da fragilidade e da
vulnerabilidade do idoso a queda, por meio de parmetros de
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funcionalidade, de sistemas fisiolgicos e do ambiente em que o idoso
vive.
Assim, entende-se que o contexto de vulnerabilidade est
associado aos riscos de queda, os quais potencializam a ocorrncia de
eventos adversos presentes, de forma latente, na vida do idoso, como o
declnio funcional, a ocorrncia da prpria queda, a hospitalizao, a
institucionalizao e a morte (BRASIL, 2010).
Segundo Rodrigues e Neri (2012), envelhecer implica aumento
do risco para desenvolver vulnerabilidades de natureza biolgica,
socioeconmica e psicossocial, fatores influenciados pelo declnio
biolgico. Para as autoras, h interao dos processos socioculturais,
com os efeitos acumulativos de condies deficitrias de educao,
renda e sade ao longo da vida e com as condies do estilo de vida
atual da pessoa idosa.
A vulnerabilidade associada ao envelhecimento foi contemplada
pelo estudo de Rocha et al., em 2010. As autoras buscaram discutir
medidas de ateno sade que ultrapassassem o plano biolgico,
percebendo a vulnerabilidade de forma interdependente entre as
dimenses da vida do idoso, reconhecendo a importncia dos aspectos
individuais e coletivos para o planejamento de aes em sade dessa
populao.
A vulnerabilidade da pessoa idosa discutida neste estudo
compreende o conceito de Ayres et al. (2006), que rene trs dimenses
de vulnerabilidade que se interconectam, a saber: vulnerabilidade
individual, social e institucional ou progamtica. Os autores traduzem o
conceito de vulnerabilidade como algo aplicvel a qualquer dano ou
condio de interesse para a sade pblica, que envolve aspectos
comportamentais, culturais, econmicos e polticos. A vulnerabilidade
ocorre em vrios graus, de forma dinmica e no necessariamente em
todas as dimenses ao mesmo tempo. o carter multidimensional que
justamente aproxima a vulnerabilidade ao envelhecimento.
Entende-se que interrogaes originais quanto queda de pessoas
idosas possam estar surgindo, na medida em que os mtodos e
instrumentos utilizados para avali-las sigam parmetros passveis de
comparao, capazes de demarcar novos limites da produo cientfica,
para alm da literatura publicizada at o presente momento. Tais
mudanas podem contribuir para revelar novas possibilidades para
ateno sade do idoso que vivencia uma ou mais quedas e suas
repercusses. A partir dessa anlise, entende-se que os estudos deixam
lacunas que devem ser exploradas acerca das dimenses da
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vulnerabilidade do idoso a queda em realidades locais, com vistas ao
planejamento de aes integrais e programticas de servios de sade.
O universo do evento queda em idosos est imerso em um
contexto de vulnerabilidade, bem como as evidncias quanto aos fatores
preditores, aos desfechos e s repercusses do evento. Nesse sentido,
acredita-se na relevncia deste estudo, uma vez que ampliou o foco de
anlise de vulnerabilidade por meio de suas dimenses, valorizando
aspectos objetivos e subjetivos, lanando reflexes quanto ao suporte
necessrio para o enfrentamento do problema.
Com isso, ao considerar a queda como fator potencial de risco
para incapacidades, como fenmeno latente no cotidiano do idoso,
poder subsidiar estratgias preventivas e promotoras de sade. A partir
disso, novas concepes podero influenciar propositivamente no
contedo e conduo de polticas pblicas de sade, que contemplem a
autonomia, a manuteno da capacidade funcional da pessoa idosa e, por
conseguinte, a manuteno de sua participao na sociedade.
Em consonncia com o exposto anteriormente, esta investigao
buscou responder as seguintes questes de pesquisa: Quais so os
fatores preditores e os desfechos da queda de idosos hospitalizados?
Quais so as situaes de vulnerabilidade de queda de idosos? Quais so
as repercusses da queda, para idosos e cuidadores? Quais so os
agentes de suporte para o enfrentamento do fenmeno quedas?
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2 OBJETIVOS
Para responder s questes de pesquisa elencaram-se os seguintes
objetivos:
Identificar fatores preditores e desfechos de queda de idosos;
Estabelecer associaes de fatores preditores e desfechos de queda de idosos;
Desvelar as situaes de vulnerabilidade de queda de idosos;
Conhecer as repercusses da queda para o idoso e seu cuidador;
Analisar os agentes de suporte para o enfrentamento da queda.
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3 REVISO DA LITERATURA
A Reviso da Literatura foi construda nos moldes de uma reviso
integrativa da literatura, a qual foi desenvolvida utilizando-se a busca de
artigos cientficos em bases de dados. Alm disso, realizou-se a leitura
de captulos de livros, dissertaes, teses, cadernos, portarias e
publicaes do Ministrio da Sade, o que engendrou um subcaptulo
acerca da promoo da sade e no contexto do envelhecimento.
Iniciou-se ento uma busca com estratgias definidas partindo-se
da escolha dos descritores oficiais do sistema de vocabulrio controlado
Descritores em Cincias da Sade (DeCS) da Biblioteca Regional de
Medicina (Bireme) e do Medical Subject Headings (MeSH), elencando
as palavras-chave: Idoso, Acidentes por quedas e Risco.
Assim, a pesquisa foi realizada nas bases de dados online: Base de Dados de Enfermagem (BDENF), Literatura Latino-Americana e do
Caribe em Cincias da Sade (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO), pelo Portal da Biblioteca Virtual em Sade (BVS);
Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e
PUBMED pelo Portal PubMed da U. S. National Library of Medicine (NLM), no perodo temporal entre os anos de 2006 e 2013. A busca foi
efetivada pelo cruzamento dos descritores supracitados e pela
combinao dos operadores booleanos and e or.
Os critrios de incluso congregaram artigos completos, estudos
que abarcassem os descritores listados e artigos disponveis na integra
nas bases de dados e publicados na lngua portuguesa, inglesa e
espanhola.
Como critrios de excluso selecionaram-se as publicaes
repetidas, cartas, editoriais, comentrios, resumos de anais de eventos ou
peridicos, ensaios e materiais publicados em outros idiomas que no
fossem ingls, espanhol e portugus.
Num primeiro momento, foi realizada a busca pela combinao
dos descritores idoso e acidentes por quedas, resultando em nmero
amplo de estudos de carter heterogneo, o que permitiu deduzir que
havia necessidade de restringir a busca e focalizar em pontos que se
pretendia explorar do fenmeno.
Dessa forma, definiu-se a insero do descritor risco, o que
resultou em 3.577 estudos. Para a busca de estudos no portal PubMed e
descritores MeSH as palavras-chave utilizadas foram elderly,
accidental falls e risk, com processo de filtragem igualmente pelo
perodo, pelos resumos e textos completos disponveis nas bases.
http://www.nlm.nih.gov/mesh/
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Aps a leitura de ttulos e resumos foram selecionados 1.136
estudos de interesse, dos quais 37 eram da BDENF, 534 do LILACS,
236 do SciELO, 79 do MEDLINE e 250 do PubMed.
A partir de uma leitura mais detalhada, selecionaram-se 87
artigos, os quais foram lidos na ntegra, restando ao final 78 artigos
considerados como relevantes, sendo 8 indexados na BDENF, 20 no
LILACS, 38 no SciELO, 4 MEDLINE e 8 PubMed.
Dessa forma, o resultado da busca dos artigos foi organizado em
subcaptulos, tais como: Epidemiologia da queda, Fatores de risco e
Repercusses da queda. Alguns artigos foram inseridos em mais de uma
temtica, conforme demosntrado na figura abaixo.
Figura 1 Representao grfica dos estudos e das etapas de seleo dos
estudos.
Fonte: Estudos selecionados pela reviso, Florianpolis, SC.
3.577
publicaes encontradas
BDENF, Lilacs, ScIELO, Medline e PubMed
1.136
estudos aps leitura de Ttulos e Resumos
87 estudos lidos na ntegra
78 estudos considerados relevantes
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3.1 EPIDEMIOLOGIA DA QUEDA
A temtica das quedas frequentemente traz um cenrio de debates
sobre os aspectos epidemiolgicos do evento como ferramenta para
caracterizao entre a populao idosa.
Alguns estudos, de forma geral, apontaram a prevalncia de
ocorrncia das quedas, o medo de cair, quedas recorrentes, associao
com o gnero, relao com a idade e outras caractersticas associadas ao
fenmeno.
Lopes et al. (2010) encontraram prevalncia de quedas em 27,1%
(n=118 idosos), enquanto Siqueira et al. (2011) tiveram prevalncia de
27,6% (n=6.616 idosos). Brito et al. (2013) verificaram quedas em
27,7%, em uma amostra de 94 idosos. Em outro estudo, Moreira et al.
(2007) relataram prevalncia de 30% e Motta et al. (2010) conduziu
investigao que encontrou 30,3%. Cruz et al. (2012) relataram 32,1%,
aproximando-se de Curcio et al. (2009), que por meio de uma amostra
com 224 idosos, descreveram as caractersticas e identificaram os
fatores associados s quedas recorrentes e apontaram 32,5%. Com
percentuais mais elevados esto Siqueira et al. (2007), que analisaram
4.003 idosos, com 34,8% e Ribeiro et al. (2008) com 37,5%.
Cruz et al. (2012) avaliaram que 53% dos idosos tiveram uma
queda ao ano, bem como Curcio et al. (2009) apontaram 50,8% de uma
queda em 12 meses, ao passo que Pereira et al. (2013) e Suelves et al.
(2010), relataram 14,4% e 14,9% respectivamente. O estudo de Aguiar
et al. (2009) analisou 81 pronturios, evidenciando a ocorrncia de uma
ou mais quedas, em um ano, em 61,7% dos idosos, Pinho et al. (2012)
identificaram 71,4% de 1 a 2 quedas, Pereira et al. (2013) relataram
quedas recorrentes em 11,9%, para Silva et al. (2009) 53,1% e para
Piovesan et al. (2011) foi de 75% dos idosos investigados.
Igualmente, no espao de 12 meses, 53,5% dos idosos sofreram
uma nica queda, 21,2% mencionaram duas quedas, 13,3% de trs
quedas, e 12% quatro ou mais quedas (SIQUEIRA et al., 2011). Motta
et al. (2010) estimaram a prevalncia de quedas em 1.064, concluindo
que 13,9% haviam cado pelo menos duas vezes no ano anterior a coleta
dos dados. Cano et al. (2010) relataram histrico de quedas em 31%,
tendo uma ou mais quedas no ano anterior.
De forma geral, os estudos sobre quedas tm apontado a relao
de ocorrncia das mesmas nas idades mais avanadas. Nessa reviso,
alguns dos estudos selecionados apontaram essa evidncia cientfica do
aumento das quedas com o avanar da idade (MOREIRA et al., 2007;
FREITAS; SCHEICHER, 2008; AGUIAR et al., 2009; CRUZ et al.,
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2012; MACIEL, 2010; SIQUEIRA et al., 2007; SIQUEIRA et al.,
2011). Para Lopes et al. (2010) 75% dos caidores possuam entre 60 e
75 anos, sendo que 72% foram de quedas acidentais e 75% das quedas
ocorreram durante o perodo da manh.
O medo de cair tambm vem sendo foco de estudos que
descrevem as consequncias ocasionadas pelas quedas e tentam
apreender formas de evit-las, sobretudo as quedas recorrentes, que
podem impulsionar o sentimento de insegurana em relao
mobilidade e execuo das atividades de vida diria.
Pluijm et al. (2006) evidenciaram o medo de cair. Lopes et al.
(2010), em um estudo transversal, demonstraram que 59% e 75% dos
idosos relataram medo de cair dentro e fora de casa. Da mesma forma,
Lopes et al. (2009) encontraram prevalncia do medo de cair em 90,48%
dos idosos, em pelo menos uma atividade cotidiana, e 80 deles (54,42%)
apresentaram histrico de quedas (HQ). A pesquisa apontou correlao
positiva entre o medo de cair e mobilidade, equilbrio dinmico, idade,
risco e HQ, focalizando o aspecto multifatorial do evento.
Em outra perspectiva, o medo de cair teve alta frequncia com
taxa varivel entre 44 a 88,5% da amostra de idosos (MAIAL et al.,
2011) e o medo de vivenciar quedas estava associado a insegurana com
o ambiente, no relato de idosas sedentrias que no referiram
preocupao em cair (40,11%), com 30% de relatos referentes a um
pouco de preocupao, 25,33% com moderada preocupao e 4,6% com
muita preocupao (REZENDE et al., 2010).
H vrios estudos com evidncia cientfica acerca do nmero de
quedas ser maior entre as mulheres. Essa tendncia permeia discusses
em torno do conhecimento de senso comum de que a mulher vive mais e
de que geralmente se fazem maioria nos espaos geronto-geritricos
pesquisados. Outro argumento relaciona-se s atividades que as
mulheres desempenham o que envolve muitas vezes o ambiente
domstico, cenrio frequente de ocorrncia do evento quedas.
Nesse contexto, o recorte de gnero foi perceptvel nessa reviso.
Alguns estudos apontaram maior nmero de quedas em mulheres,
exemplificados por Fabrcio e Rodrigues, (2006), Moreira et al. (2007),
Siqueira et al. (2011), Aveiro et al. (2012), Cruz et al. (2012) e Fhon et
al. (2012), sendo que para Siqueira et al. (2007) essa evidncia deu-se de
forma significativa em 40,1% da amostra. O estudo de reviso de Maciel
(2010) chamou ateno para a intensidade e a gravidade do evento e
para Lopes et al.(2010) 62% dos idosos caidores eram do sexo feminino.
Manrique-Espinoza et al. (2011) em anlise por regresso logstica
estratificada por sexo mostraram ser maior a chance de ocorrer mais
-
49
quedas no grupo de mulheres, presumindo-se que o sexo feminino
fator de vulnerabilidade e apresentam maior fragilidade (MARIN et al.,
2007).
Alguns estudos tiveram como foco de investigao as
caractersticas das quedas em amostra constituda especificamente por
mulheres, partindo da premissa de que entender os mecanismos das
quedas em mulheres auxiliar nas aes de preveno e de formulao
de polticas capazes de gerenciarem esse problema. Aguiar et al. (2009)
demonstraram prevalncia de quedas maior nas mulheres idosas com
mais de 70 anos. Silva et al (2009) avaliaram a frequncia de quedas e
sua associao com parmetros estabilomtricos de equilbrio corporal
de 266 mulheres idosas na ps-menopausa com e sem osteoporose.
Mulheres com osteoporose apresentaram menor ndice de massa
corprea (IMC), menor escolaridade, menor tempo de uso de terapia
hormonal e menor idade na menopausa. A frequncia de quedas foi
significativamente maior no grupo de mulheres com osteoporose
(51,1%), o que se pode relacionar a fatores de morbidade promotores de
complicaes.
Outro estudo que analisou amostra constituda somente por
mulheres avaliou 205 idosas sob diversos aspectos, inclusive em relao
a aspectos socioeconmicos e demogrficos e sobre a prevalncia de
quedas em idosos de diferentes etnias autodeclaradas. Verificou-se
significncia entre etnia autodeclarada e ocorrncia de quedas em 12
meses, medo de cair e quase quedas prevalente entre os grupos, com
pouca dificuldade na realizao de atividade de vida diria (AVD) e
risco mdio a quedas por mobilidade reduzida, com frequncia maior de
quedas aos idosos negros (SILVA et al, 2012).
A capacidade funcional e as condies para executar as
atividades de vida diria esto diretamente relacionadas. Manrique-
Espinoza et al. (2011) determinaram prevalncia de dependncia
funcional em 30,9% da amostra estudada de idosos em condies de
pobreza no Mxico. Alm disso, o aumento no nmero de acidentes
durante os dois ltimos anos foi significativamente associado com
dificuldades para executar atividades bsicas da vida diria entre os
idosos pobres.
Dos estudos selecionados, apenas o estudo de Lai et al. (2009)
mapeou as ocorrncias de quedas e os possveis atributos ambientais em
uma comunidade urbana de Hong Kong, provocando discusso acerca
da ocorrncia das quedas diante de um cenrio pblico com
possibilidades iatrognicas sob enfoque coletivo e social-comunitrio. A
anlise descritiva apontou caractersticas p/sexo e faixa etria, excluindo
-
50
quedas em interiores. Dos 281 locais de queda exterior, o maior grupo
do estudo correspondeu a 72%, com idade entre 65 anos ou mais, entre
os quais 67% eram do sexo feminino. A metodologia abordou tcnicas
para determinar pontos-chave de representao do maior risco de quedas
em locais especficos.
A maior parte dos 78 estudos selecionados concentrou-se em
analisar as quedas do ponto de vista fsico, ambiental e psicolgico. Os
estudos de Manrique-Espinoza et al. (2011), Silva et al. (2012) e Lai et
al. (2009) focalizaram, de forma mais detalhada, as quedas do ponto de
vista dos determinantes sociais da sade, voltadas a sade do idoso, ou
mesmo dos determinantes do envelhecimento ativo, ampliando o
horizonte de anlise e integrando as dimenses que fazem parte do
processo de viver, tais como condio socioeconmica, condio de
moradia, ocupao, raa-etnia, entre outros, os quais podem funcionar
como sinalizadores de uma anlise das quedas de grupos de idosos
cultural e socialmente vulnerveis.
3.2 FATORES DE RISCO
Em relao aos Fatores de risco 64 estudos apontaram as causas
para o evento. Estes estudos procuraram caracterizar os riscos para
queda ao identificar a presena de fatores intrnsecos e extrnsecos. Os
estudos dessa reviso identificaram como fatores intrnsecos que
predispem s quedas: a faixa etria mais elevada mencionada por
Gama et al. (2008), Almeida et al. (2012) e Maciel (2010); o sexo
feminino mencionado por Gama et al. (2008); a autopercepo ruim da
sade apontada por Almeida et al. (2012); insnia, fatores psicolgicos
mencionados por Costa et al. (2012); inatividade, aspectos cognitivos e
vestibulopatias mencionados por Piovesan et al. (2011); mltiplas
patologias e uso de medicamentos apontados por Marin et al (2007) e
Costa et al. (2012); alteraes visuais identificada por Piovesan et al.
(2011); reduo da acuidade visual e quedas recorrentes mencionada por
Maciel (2010); tontura/vertigem identificada por Pinho et al. (2012) e,
em 28,8% no estudo de Fhon et al. (2012), assim como alteraes
musculares em 30% no mesmo estudo.
Shumway-Cook et al. (2009), em estudo longitudinal com 12.669
idosos pertencentes ao plano de seguro americano Medicare Beneficirios Survey, apontaram associao das quedas com o aumento
da idade, ao sexo feminino, relato de sade regular ou ruim, e aumento
do nmero de limitaes nas atividades da instrumentais da vida diria e
comorbidades. O estudo levantou o debate acerca do custo das quedas e,
-
51
mesmo sem estimativas reais, foi possvel visualizar os gastos que as
quedas podem provocar, principalmente em face das quedas recorrentes.
Sendo assim, a distribuio de custos como uma percentagem dos custos
totais por categoria de cuidados de sade foi semelhante atravs das trs
categorias de estado de queda, com um intervalo de 3% a 5% de sade
dlares gastos em cuidados de sade em casa, 30% a 36% gasto em
cuidados hospitalares, 30% a 36% gasto em custos do fornecedor, 11% a
13% gasto em ambulatrio custos.
As alteraes posturais, do equilbrio (Costa et al., 2012) e
marcha foram igualmente identificadas como fator de risco intrnseco
(Marin et al., 2007; Lira et al., 2011) com 50% para Fhon et al. (2012).
Bourque et al. (2007) verificaram que os idosos que usavam dispositivos
de assistncia ao caminhar e que estavam apreensivos sobre sua
caminhada e seu equilbrio tinham mais probabilidade de cair.
Almeida et al. (2012) analisaram os fatores de risco e
encontraram relaes estatisticamente significativas entre faixa etria,
autopercepo de viso, tipo de moradia, ltima renda mensal e o Teste
do Alcance Funcional (TAF) e entre faixa etria, autopercepo de
sade e o teste de equilbrio Timed Up and Go Test (TUG). Gama et al. (2008) em reviso sistemtica de evidncias de
estudos prospectivos de mltiplos fatores de risco como preditores para
quedas apontaram fatores como: quedas anteriores, distrbios da
marcha, incapacidade funcional, prejuzo cognitivo, uso de medicao
psicotrpica e atividade fsica excessiva.
Segundo Aveiro et al. (2012) a populao idosa analisada
apresentou menor mobilidade e maior risco de quedas em comparao
populao idosa sem doenas em estgios limitantes e independente
para as atividades de vida diria. Indivduos considerados caidores
demoravam mais tempo para a realizao do TUG.
Borges et al (2010) correlacionaram o equilbrio e o ambiente
domiciliar como risco de quedas em idosos acometidos pelo Acidente
Vascular Enceflico (AVE). O grupo estudado apresentou mdia de
28,96 segundos no TUG, variando de 8 a 70 segundos, sendo que 36%
dos indivduos realizaram o teste em 30 segundos ou mais, apresentando
alto risco de quedas. Na Escala Ambiental de Risco de Quedas
Adaptada, os domiclios avaliados apresentaram alto risco de quedas
para os idosos. A correlao entre o equilbrio dos idosos acometidos
pelo AVE com o ambiente domiciliar mostrou-se positiva e
estatisticamente significativa.
Investigar sintomas e doenas que representam risco para quedas
deve fazer parte de aes diagnsticas de comorbidades que causam
-
52
quedas, a exemplo do exame vestibular que permite associar as queixas
dos idosos aos sintomas de tontura e vertigem, com possibilidade de
auxiliar na preveno de quedas e quedas recorrentes. Ganana et al.
(2006) realizaram diagnstico de vestibulopatia perifrica (81,5%),
vertigem posicional paroxstica benigna (43,8%) e labirintopatia
metablica (42,2%), relacionando a vestibulopatia s quedas e ao medo
de cair, ao passo que Ganana et al. (2010) verificaram que a vertigem
posicional paroxstica benigna reduziu aps a realizao de manobras de
reposicionamento de partculas, alm de evidenciar a associao de
doenas vestibulares com disfunes hormonais e distrbios
metablicos presentes em mulheres.
Gangavati et al (2012) investigaram as relaes entre hipertenso
no controlada e controlada e hipotenso ortosttica (OH). A
hipotenso ortosttica foi maior em participantes com hipertenso
arterial no controlada; a presso sistlica em 1 minuto foi de 19% nos
participantes com hipertenso no controlada, 5% naqueles com
hipertenso controlada, e de 2% naqueles sem hipertenso. OH somente,
no foi associada com quedas. A prevalncia de OH pode ser um
sinalizador na identificao do risco de quedas.
Pluijm et al. (2006) analisaram e identificaram os preditores do
perfil de risco para quedas recorrentes: duas ou mais quedas anteriores,
tonturas, limitaes funcionais, fraca fora de preenso, baixo peso
corporal, medo de cair, a presena de ces / gatos na casa, um alto nvel
educacional e abuso de lcool.
As causas das quedas esto relacionadas a diversos fatores de
risco e conhecer as circunstncias em que as mesmas ocorrem auxilia na
preveno. Em relao ltima cada, 39,1% sofreram a queda fora do
domiclio, 51,6% ocorreram no perodo da manh, 51,6% por
mecanismo de propulso, 53,1% durante a deambulao, 25,0%
causadas por tontura e 23,4% por tropeo. A restrio das atividades foi
significativamente maior nos que sofreram duas e mais quedas, quando
comparados a idosos que sofreram uma queda no estudo de Ganana et
al. (2006).
Os fatores de risco extrnsecos foram avaliados por vrios
estudos de reviso. Em estudo de Pinho et al. (2012), com 150 idosos, as
quedas foram ocasionadas em sua maioria por fatores extrnsecos. Para
Almeida et al. (2012) os fatores encontrados foram o tipo de moradia
(residir em casa) e a renda mensal igual ou inferior a um salrio-
mnimo.
Piovesan et al. (2011) relacionaram ao ambiente domiciliar os
fatores de risco identificados na populao estudada. Maciel (2010)
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53
analisaram como fatores extrnsecos os fatores de risco ambientais, os
tipos de pisos e iluminao inadequada, a qual se caracterizou como
fator extrnseco estatisticamente significativo nos achados de Lopes et
al. (2010).
Outros estudos identificaram a ocorrncia de quedas na presena
de escadas/degraus e calados inadequados para a idade, de acordo com
Marin et al. (2007); em consequncia de pisos escorregadios
mencionados por Marin et al. (2007), Lira et al. (2011) e Pinho et al.
(2012). Fhon et al. (2012) relacionaram as quedas a pisos irregulares
26,3%, 18,8% ou buracos, 11,3% de degrau alto e/ou desnvel do piso;
8,8% de objetos no cho e 7,5% em relao a tapetes soltos (FHON et
al., 2012). Ganana et al. (2006) apontaram associao significativa das
quedas e suas causas, sendo que a queda por escorregamento foi maior
em idosos que referiram uma queda e a causa de quedas por tontura teve
maior ocorrncia em idosos que referiram duas e mais quedas.
Os espaos urbanos tambm constituem fator de risco para
quedas e ao analis-los permite rastrear as populaes vulnerveis. Lai
et al. (2009) apontaram quedas ao ar livre em 98,6% piso irregular,
molhados ou escorregadios. Entre os idosos que caram ao ar livre, 78%
tropeou em uma superfcie irregular (calada, tijolo solto, obstculo,
pavimento irregular, escadas e etapa) e 42% deslizou sobre uma
superfcie molhada ou escorregadia.
Rocha et al (2010) identificaram os fatores de vulnerabilidade dos
idosos s quedas seguidas de fratura de quadril, onde os idosos da
pesquisa foram expostos de maneira interdependente s diferentes
dimenses de vulnerabilidade s quedas. Avaliar os fatores de
vulnerabilidade do idoso instrumentaliza os profissionais de sade,
principalmente os profissionais da enfermagem no cuidado sade do
idoso.
Nesse sentido, importante que os profissionais de sade possam
alertar a famlia e a comunidade sobre a importncia de diagnosticar os
possveis fatores de risco aos quais os idosos esto expostos. Percebe-se
a existncia de um processo de passividade em aceitar o envelhecer,
sendo a queda um fator preditor da diminuio da capacidade funcional
e da autoestima da pessoa idosa. O idoso ao cair sente-se fragilizado e
tende a no se expor novamente ao risco de outra possvel queda,
verificando-se uma associao entre a vulnerabilidade do idoso, seja
fsica, psicolgica ou social, com seu comprometimento funcional
(CARVALHO et al., 2010).
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Nascimento et al (2009) relacionaram a tendncia referida para
quedas Do total dos pacientes avaliados, 23,8% referiram tendncia a
quedas. Destes, 39,1% relataram queda no ltimo ano.
Morais et al (2012), verificaram os fatores de risco pra quedas,
por meio da avaliao dos diagnsticos de enfermagem: Equilbrio
prejudicado (100%), Idade acima de 65 anos (83,7%) e Dficit
proprioceptivo (83,7%).
Santos et al. (2012), em reviso integrativa, analisaram a
produo cientfica de fatores de risco para quedas, a partir do
diagnstico da North American Nursing Diagnosis Association, na
literatura cientfica brasileira e estrangeira, de 2005 a 2010. Os
resultados foram relacionados aos diagnsticos e foram identificados
como: fatores de riscos ambientais, como recinto com mveis e
objetos/tapetes espalhados pelo cho, pouca iluminao, piso
escorregadio; fatores de riscos cognitivos, tais como estado mental
rebaixado; fatores de riscos em adultos, como idade acima de 65 anos;
fatores de riscos fisiolgicos, como equilbrio prejudicado, dificuldades
visuais, incontinncia, dificuldade na marcha, neoplasia; fatores de
riscos para uso de alguns medicamentos.
Ao identificar aspectos de gnero nos fatores de risco, Silva et al.
(2011) compararam os fatores de risco para quedas em idosas com
diferentes nveis de atividade fsica, sugerindo que as idosas com nveis
de atividade fsica moderadamente ativo e ativo apresentaram menor
risco de quedas, comparado a idosas sedentrias. Ao compararem o
equilbrio, o controle postural e a fora muscular em 45 idosas
osteoporticas divididas em dois grupos com e sem quedas referidas no
ltimo ano, Meneses et al, (2012) evidenciaram que idosas
osteoporticas com histrico de quedas nos ltimos 12 meses possuam
pior equilbrio e controle postural em relao a idosas osteoporticas
sem quedas referidas.
Lujan Yeannes (2006) analisou cada domiclio, na presena de
interao e interveno de fatores de risco ambientais e
comportamentais, verificando a modificao do risco de 129 idosos
caidores que receberam tratamento preventivo. Os resultados
evidenciaram o grau de interao entre os riscos (na combinao de
fatores ambientais e comportamentais) e a independncia desses fatores
(como as condies de iluminao, sendo que o fator de risco foi
unicamente comportamental, sem influncia do ambiente).
Os fatores de risco intrnsecos evidenciaram, de forma geral, a
relao da queda com atividades de vida diria, comorbidades,
capacidade funcional, medo de quedas recorrentes e qualidade de vida.
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As quedas apareceram associadas s disfunes nutricionais
(60,4%), a quatro ou mais morbidades (76%), declnio cognitivo em
62% dos idosos, de acordo com Aguiar et al. (2009) e sintomas
sugestivos de depresso (AGUIAR et al., 2009; PEREIRA et al. 2013).
Para Siqueira et al. (2007) as quedas associaram-se autopercepo de
sade como sendo ruim e maior nmero de medicamentos de uso
contnuo.
O sedentarismo assim como a obesidade tambm tem sido
associado queda de idosos (SIQUEIRA et al., 2007; SIQUEIRA et al.,
2011). As variveis sedentarismo e ndice de Massa Corporal (IMC)
revelaram que obesos e sedentrios apresentaram maior probabilidade
de sofrer queda (SIQUEIRA et al., 2011). Benedetti et al. (2008)
encontraram associao estatisticamente significativa entre queda e
problemas nos ps e nas articulaes. Para Curcio et al. (2009) as
quedas recorrentes apareceram relacionadas instabilidade postural e
tonturas. Pereira et al. (2013) encontraram associao da prevalncia de
sintomas de insnia com o cochilo diurno em 49,9% (n=339) e 62,8%
(n=432), respectivamente.
Pereira e Ceolim (2011) sistematizaram estudos para avaliar a
relao entre problemas do sono, desempenho funcional e ocorrncia de
quedas em idosos da comunidade. Os estudos mostraram que os
distrbios do sono podem piorar o desempenho funcional, alm de
representarem fator de risco independente para quedas em idosos.
Verificou-se relao entre insatisfao e fragmentao do sono, com o
risco aumentado de queda. Os estudos sistematizados apontaram
evidncias quanto ao despertares noturnos, noctria, sonolncia diurna e
uso de medicamentos a um maior risco de quedas.
Moreira et al. (2007) encontraram associao positiva e
independente com os diagnsticos de enfermagem: perda de equilbrio,
presso arterial elevada, fraqueza e incontinncia urinria. Utilizao de
medicamento importante varivel para aumentar a suscetibilidade de
ocorrerem quedas. No se observou associao entre quedas e os
diagnsticos: viso alterada, audio alterada, dores osteoarticulares,
marcha alterada e hipotenso postural.
Curcio et al (2009) associaram o medo de cair de forma
significativamente maior naqueles idosos com quedas recorrentes, bem
como na deteriorao da sua sade. Da mesma forma, os fatores
intrnsecos foram associados mobilidade, ao equilbrio e marcha, a
problemas de sade e diminuio da capacidade e funcional.
No estudo transversal de Cruz et al (2012) a osteoporose aparece
fortemente associada a quedas, fraturas e declnio da capacidade
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funcional e qualidade de vida. Fhon et al. (2012) encontraram forte
correlao entre o nvel de independncia funcional e as atividades
instrumentais com a idade.
Silva et al, (2012) avaliaram fatores associados como frequncia,
e a relao entre mobilidade e funcionalidade, a ocorrncia de quase-
quedas e o medo de cair e a relao entre aspectos socioeconmicos e
demogrficos sobre a prevalncia de quedas em idosos de diferentes
etnias autodeclaradas. Verificou-se associao significativa entre etnia
autodeclarada e ocorrncia de quedas em perodo de 12 meses, medo de
cair e quase quedas prevalente entre os grupos, com pouca dificuldade
na realizao de atividade de vida diria e risco mdio a quedas por
mobilidade reduzida, com frequncia maior de quedas nos idosos
negros.
Em pesquisa longitudinal de 5 anos, com uma amostra
considervel de 46.946 pessoas, evidenciou associao do nmero de
medicamentos para diabetes e o risco de quedas em uma populao
multitnica de pessoas com diabetes tipo 2, porm em toda faixa etria
adulta, e no com as pessoas com 60 anos e mais. Por outro lado
considera-se o estudo relevante por ter focalizado o carter multitnico
que com frequncia mostra-se ausente nas investigaes sobre quedas,
sobretudo em relao raa/etnia de idosos (HUANG et al., 2010).
Manrique-Espinoza et al (2011) encontraram associao
significativa do aumento do nmero de acidentes durante os ltimos
dois anos e as dificuldades para executar atividades bsicas da vida
diria em idosos pobres.
O estudo de Manrique-Espinoza et al (2011) trouxe importante
contribuio a essa reviso, no sentido em que provoca crtica a respeito
da vulnerabilidade de idosos em situao de empobrecimento e a
necessidade de estratgias especficas para prevenir a dependncia
funcional de pessoas idosas.
De acordo com Pereira et al. (2013), em relao vulnerabilidade
os idosos do sexo feminino aparecem como fator associado s quedas,
sendo mais um critrio de avaliao especfico a ser adotado pelos
protocolos de sade na preveno e controle do evento quedas. Assim,
presume-se que o sexo feminino um fator que afeta o estado de sade
mais vulnervel (MANRIQUE-ESPINOZA et al. 2011).
Teixeira et al. (2011), em estudo com amostra de 50 idosos,
relataram fatores associados a quedas: tontura, teste do alcance
funcional e histrico de quedas. Doze (24%) idosos referiram que
sentiam tontura de forma constante, 14 (28%) s vezes e 24 (48%) no
apresentavam sintoma, sendo que 12 (24%) relataram quedas nos 6
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meses anteriores a coleta de dados. Somente cinco (10%) relataram ter
adotado medidas de proteo para evitar quedas. Os autores
recomendam que outros estudos devam ser realizados com amostra
maior, tendo em vista que no foi significativa a associao entre
tontura, o teste do alcance funcional e o histrico de quedas.
Kirkood et al. (2006) avaliaram a marcha de idosos caidores e
no-caidores pela biomecnica da marcha, sendo que alteraes na
marcha ocorrem com o envelhecimento e as mesma, muitas vezes,
relacionam-se com as quedas, pois idosos tendem a diminuir a
velocidade e o tamanho da passada e aumentar a base de suporte e o
tempo da fase de duplo apoio para ganho de estabilidade. Segundo os
autores, os resultados podem auxiliar na elaborao de programas e
intervenes capazes de prevenir e evitar as quedas, focalizando as
respostas musculares do envelhecimento.
Alguns estudos apresentaram associao entre caidores e no
caidores, sedentrios e no sedentrios relacionados s quedas pela
utilizao de testes. Dentre esses testes e estudos, observou-se grande
utilizao da Escala de Equilbrio de Berg (EEB), tambm conhecida
como Berg Balance Scale, que uma escala para avaliar equilbrio dinmico e esttico de idosos em relao a fragilidade no equilbrio,
podendo-se identificar nos estudos de Cano et al. (2010), Padoin et al.
(2010), Gonalves et al. (2009), Mujdeci et al. (2012), Bardin e Dourado
(2012), Santos et al. (2011) e Pimentel et al. (2009).
O estudo de Cano et al. (2010), que demonstraram correlao
para o Teste de Tinetti e o "Get Up and Go" (TUG), afirmando que os
referidos testes devem ser utilizados como ferramenta iniciais para
avaliar o risco de quedas, tendo em vista sua comprovada significncia.
Padoin et al. (2010) igualmente avaliaram o risco de quedas e
recomendaram a utilizao de teste que revelaram associao, sendo: o
teste TUG, a Escala de Berg e o Performance Oriented Mobility
Assessement (POMA), na relao significativa acerca do equilbrio,
risco de quedas, mobilidade funcional e anormalidades na marcha,
evidenciado pelo grupo de mulheres ativas que obteve melhores
desempenhos nos testes do que as mulheres do grupo de sedentrias.
Gai et al. (2010) tambm focalizaram a populao feminina para
verificar quais os fatores associados presena de queda em um grupo
de mulheres idosas independentes e autnomas. No se encontrou
relao estatisticamente significativa entre idade, fatores
sociodemogrficos, tontura, medicao psicotrpica, m autopercepo
da sade e da viso e presena de depresso com o fenmeno queda.
Entretanto, houve relao de significncia estatstica para o Teste do
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Alcance Funcional (TAF) e a Escala de Equilbrio e Teste de Tinetti,
t