universidade federal de sÃo carlos - ufscar.brdefmh/spqmh/pdf/disser_teses/2007/lemos.pdf · ando...

168
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO COMPREENSÕES DE TRABALHADORES EM TRANSNACIONAIS DE SÃO CARLOS ACERCA DA PRÁTICA SOCIAL LAZER: PROCESSOS EDUCATIVOS ENVOLVIDOS Fábio Ricardo Mizuno Lemos São Carlos – SP 2 o sem. 2007

Upload: phungtuyen

Post on 09-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃ O EM EDUCAÇÃO

COMPREENSÕES DE TRABALHADORES EM TRANSNACIONAIS DE

SÃO CARLOS ACERCA DA PRÁTICA SOCIAL L AZER:

PROCESSOS EDUCATIVOS ENVOLVIDOS

Fábio Ricardo Mizuno Lemos

São Carlos – SP

2o sem. 2007

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃ O EM EDUCAÇÃO

COMPREENSÕES DE TRABALHADORES EM TRANSNACIONAIS DE

SÃO CARLOS ACERCA DA PRÁTICA SOCIAL L AZER:

PROCESSOS EDUCATIVOS ENVOLVIDOS

Fábio Ricardo Mizuno Lemos

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Educação do Centro de Educação e

Ciências Humanas da Universidade Federal de São

Carlos, como parte dos requisitos para a obtenção do

título de Mestre em Educação, sob orientação do Prof.

Dr. Luiz Gonçalves Junior

(Área de Concentração: Metodologia de Ensino)

(Linha de Pesquisa: Práticas Sociais e Processos

Educativos)

São Carlos – SP

2o sem. 2007

Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da Biblioteca Comunitária da UFSCar

L557ct

Lemos, Fábio Ricardo Mizuno. Compreensões de trabalhadores em transnacionais de São Carlos acerca da prática social lazer : processos educativos envolvidos / Fábio Ricardo Mizuno Lemos. -- São Carlos : UFSCar, 2007. 157 f. Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São Carlos, 2007. 1. Educação. 2. Metodologia de ensino. 3. Práticas sociais e processos educativos. 4. Lazer. 5. Lazer e trabalho. I. Título. CDD: 370 (20a)

r

I

I

BANCA EXAMINADORA

Prof Df. Luiz Gonçalves JuniOf

ProP D:fiGisele Maria Schwartz

ProP D:fiRoseli Rodrigues de Mello

III

Dedico este trabalho à Ana Júlia e aos seus

primeiros anos de infância amorosa, intensa

e... compreensiva.

Agradecimentos

Meus sinceros agradecimentos aos que participaram e participam do percurso

interminável de educar-me para a vida, o que certamente foi fundamental para a elaboração

desta pesquisa...

Aos familiares, Elza (mãe), Claudinei (pai), Fabrício (irmão), Daniela (sobrinha),

João Vitor (sobrinho), Alice (tia), Roseli (tia), Nevilson (tio), Marcelo (tio), Maria do Céu

(“mãe” e madrinha) e Vandelina (“mãe”). À Ana Júlia (filha) e Uliana (esposa).

Às professoras Alessandra, Ana Consuelo, Dinah, Eliana, Lígia, Luciana e Marilza.

Aos amigos e amigas de infância, educação básica, graduação, pós-graduação,

Núcleo de Estudos de Fenomenologia em Educação Física (NEFEF) e Sociedade de Pesquisa

Qualitativa em Motricidade Humana (SPQMH), entre eles e elas, Ana Cláudia, Cae, Carlos,

Cleiton, Clóvis, Cristiano, Denise, Dirceu, Engels, Flávio, Glauco, Marco Aurélio, Matheus,

Miriam, Regiane, Robson, Ricardo, Saul, Silmara, Vicente, Victor e Yara.

A todos, discentes, docentes e funcionários, do Programa de Pós-Graduação em

Educação (PPGE). Rafael, obrigado novamente!

Às companheiras e companheiros de trabalho das Escolas Victória Olivito Nonino

e Dinah Lúcia Balestrero: Andréa, Adriana, Estela, Fabiana e Vera; Bete, Cristina, Débora,

Gerson, Gilberto, Joceli, Laerte, Leide, Letícia, Luiz Cláudio, Maria, Marilda, Martha, Mirela,

Miriam, Rose, Sônia, Valdir, Wilma, Dona Zezé e Dona Eva. Também, às e aos discentes.

“Valeu, Du!” “Valeu, Paulo!”

Obrigado!: Junior e Thalita; Dona Fátima e Seu Nivaldo e Luciano e Cristiane.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e

Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP) pelo fomento financeiro à pesquisa.

Aos sujeitos das empresas pesquisadas, um agradecimento especial, afinal, sem os

mesmos, a realização desta dissertação seria impossível.

Às professoras Gisele e Roseli, membros da banca examinadora, pela enorme

colaboração para a finalização do texto, todavia, principalmente pela sensibili dade e coerência

entre discurso e ação.

Ao orientador, amigo e padrinho, Luiz ...desde os tempos dos recortes de jornais!

MUITO OBRIGADO por desvelar e acreditar no meu labor. Devo-lhe grande parte de minha

carreira acadêmica!

Outrossim, às energias positivas d’além...

Ando devagar porque já tive pressa E levo esse sorr iso porque já chorei demais

Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe Eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei

E nada sei (...)

Todo mundo ama um dia, todo mundo chora Um dia a gente chega, no outro vai embora

Cada um de nós compõe a sua história E cada ser em si carrega o dom de ser capaz

De ser feliz Almir Sater e Renato Teixeira – Tocando em Frente (SATER, 1992)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..............................................................................................................................................1

1 TRABALHO E LAZER...............................................................................................................................7

1.1 Sobre o trabalho e o trabalhador ..........................................................................................................7

1.2 Sobre o lazer, o trabalho e o trabalhador............................................................................................16

2 PROCESSOS EDUCATIVOS EM PRÁTICAS SOCIAIS..........................................................................30

3 COMO ESTUDAR O LAZER ENQUANTO PRÁTICA SOCIAL .............................................................45

4 DESVELANDO COMPREENSÕES.........................................................................................................52

4.1 Redução fenomenológica...................................................................................................................52

4.1.1 Grupo Executivo: ......................................................................................................................52

4.1.1.1 Sujeito Ie – Empresa A .....................................................................................................52

4.1.1.2 Sujeito Ie – Empresa B......................................................................................................57

4.1.2 Grupo Administrativo...............................................................................................................59

4.1.2.1 Sujeito Ia – Empresa A .....................................................................................................59

4.1.2.2 Sujeito IIa – Empresa A .................................................................................................... 63

4.1.2.3 Sujeito III a – Empresa A................................................................................................... 65

4.1.2.4 Sujeito Ia – Empresa B .....................................................................................................67

4.1.2.5 Sujeito IIa – Empresa B .................................................................................................... 68

4.1.2.6 Sujeito III a – Empresa B................................................................................................... 70

4.1.3 Grupo Produção........................................................................................................................71

4.1.3.1 Sujeito Ip – Empresa A .....................................................................................................71

4.1.3.2 Sujeito IIp – Empresa A.................................................................................................... 72

4.1.3.3 Sujeito Ip – Empresa B .....................................................................................................77

4.1.3.4 Sujeito IIp – Empresa B.................................................................................................... 80

4.1.3.5 Sujeito III p – Empresa B................................................................................................... 80

4.1.4 Grupo Terceirizado...................................................................................................................82

4.1.4.1 Sujeito It – Empresa A......................................................................................................82

4.1.4.2 Sujeito II t – Empresa A.....................................................................................................83

4.1.4.3 Sujeito III t – Empresa A ................................................................................................... 84

4.1.4.4 Sujeito IVt – Empresa A ................................................................................................... 86

4.1.4.5 Sujeito It – Empresa B......................................................................................................88

4.1.4.6 Sujeito II t – Empresa B.....................................................................................................90

4.1.4.7 Sujeito III t – Empresa B.................................................................................................... 91

4.2 Construção dos Resultados................................................................................................................92

CONSIDERAÇÕES....................................................................................................................................122

REFERÊNCIAS..........................................................................................................................................129

ANEXO ......................................................................................................................................................133

Discursos Grupo Executivo ....................................................................................................................133

Sujeito I – Empresa A .......................................................................................................................133

Sujeito I – Empresa B .......................................................................................................................135

Discursos Grupo Administrativo ............................................................................................................136

Sujeito I – Empresa A .......................................................................................................................136

Sujeito II – Empresa A......................................................................................................................138

Sujeito III – Empresa A ....................................................................................................................139

Sujeito I – Empresa B .......................................................................................................................140

Sujeito II – Empresa B......................................................................................................................141

Sujeito III – Empresa B.....................................................................................................................142

Discursos Grupo Produção .....................................................................................................................143

Sujeito I – Empresa A .......................................................................................................................143

Sujeito II – Empresa A......................................................................................................................143

Sujeito I – Empresa B .......................................................................................................................146

Sujeito II – Empresa B......................................................................................................................147

Sujeito III – Empresa B.....................................................................................................................148

Discursos Grupo Terceirizado................................................................................................................148

Sujeito I – Empresa A .......................................................................................................................148

Sujeito II – Empresa A......................................................................................................................149

Sujeito III – Empresa A ....................................................................................................................150

Sujeito IV – Empresa A ....................................................................................................................152

Sujeito I – Empresa B .......................................................................................................................153

Sujeito II – Empresa B......................................................................................................................154

Sujeito III – Empresa B.....................................................................................................................155

APÊNDICE.................................................................................................................................................157

RESUMO Alterações nos modos de produção condicionaram os trabalhadores às novas formas de relações com o trabalho. Nestas relações condicionadas pelo Sistema Capitalista foram gerados a virtude do trabalho e juntamente o desemprego, os quais funcionam como inibidores de ações e conseqüente conformismo que não se restringem ao trabalho, mas a diversas esferas da vida, incluindo o lazer. Deste modo, o lazer pode se apresentar à disposição da lógica capitalista, gerando uma possível alienação da classe trabalhadora, assim também, como uma prática social capaz de possibili tar reflexão e/ou mudança. Neste contexto, o estudo das relações de trabalhadores com o seu lazer, bem como das suas percepções do mesmo, visando divisar a usança de tal prática social para a reflexão e/ou mudança, alienação e/ou permanência, torna-se significativo. Do mesmo modo, é importante compreender as significações dadas por estes trabalhadores à prática social lazer e aos processos educativos envolvidos nesta prática. Surge, então, a interrogação: qual seria, para cada um, dos quatro grupos de trabalhadores (Executivo; Administrativo; Produção; Terceirizado) de duas empresas transnacionais instaladas no município de São Carlos, a significação atribuída ao lazer e aos processos educativos envolvidos nesta prática social? Destarte, o objetivo da pesquisa, em acordo com a questão que a guiou, foi o de desvelar, essencialmente, as compreensões relacionadas ao lazer e aos processos educativos dos diferentes grupos de trabalhadores. Também tivemos a intenção, especificamente, de analisar se as compreensões desveladas inserem o lazer e os processos educativos envolvidos num contexto de reflexão e/ou mudança, e/ou alienação e/ou permanência. Para isso, utili zamos o referencial e os procedimentos metodológicos da Fenomenologia, modalidade fenômeno situado. A construção dos resultados revelou-nos que cada grupo apresentou suas especificidades e compartilhamentos. Se, na concepção dos responsáveis pela elaboração e implementação da prática social lazer, esta se direciona para a alienação e permanência, nos demais discursos indica-se, também, a reflexão e/ou superação da situação vivida. Os processos educativos permearam os discursos relacionando-se com as interações entre os trabalhadores, em conversas entre amigos, na própria convivência cotidiana, no estar com, seja no trabalho ou fora deste. Palavras-Chaves: Processos Educativos; Lazer; Trabalho; Trabalhadores; Transnacionais.

ABSTRACT

Alterations in the production manners conditioned the workers to the new forms of relationships with the work. These relationships were conditioned by the Capitalist System generating the virtue of the work and the unemployment all together, what works as a blocking of actions and consequent conformism that aren’ t limited to the work, but to several spheres of the life, including the leisure. This way, the leisure can come to the disposition of the capitalist logic, generating a possible alienation of the working class, as well as while a social practice capable to make possible reflection and/or change. In this context, the study of the workers relationships with their leisure, as well as, their self perceptions, seeking to spy the use of such social practice for the reflection and/or change, alienation and/or permanence, what becomes significant. In the same way, it is important to understand the significances given by these workers to the practice social leisure and the educative processes involved with this practice. What makes us interrogate: which would be, for each one, of the four groups of workers (Executive; Administrative; Production; on a Temporary Basis) from two transnational companies installed in the municipal district of São Carlos, the significance attributer to the leisure and the educative processes involved with this social practice? This way, the objective of the research, in agreement according to the subject that guided it, was reveal, essentially, the understandings related to the leisure and to the educative processes of the different groups of workers. We also aimed, specifically, to analyze the devoted understandings inserts the leisure and the involved educative processes, in a reflection context and/or change, and/or, alienation and/or permanence. For that purpose, we used the reference and the methodological procedures of Phenomenology, modality located phenomenon. The construction of the results revealed that each group presented its specialties and its partakings. If, in the conception of the responsible for the elaboration and implementation of the practice social leisure, this points to the alienation and permanence, in other speeches it also indicates, the reflection and/or superation of the lived situation. The educative processes permeated the speeches linking with the interactions among the workers, in chats among friends, in the own daily coexistence, in being with, be in the work or out of this. Key-Words: Educative Processes; Leisure; Work; Workers; Transnationals.

INTRODUÇÃO

Apresenta-se, na contemporaneidade, uma desqualificação/marginalização “velada”

da classe trabalhadora das indústrias. Ao mesmo tempo, o lazer, fenômeno social surgido com

a Revolução Industrial, aparece como uma prática social com possibili dades de

reflexão/mudança, mas, também, alienação/permanência.

Neste contexto, o estudo das relações de trabalhadores com o seu lazer, bem como

das suas percepções do mesmo, visando divisar a usança de tal prática social para a reflexão

e/ou mudança, alienação e/ou permanência, torna-se significativo.

Do mesmo modo, é importante compreender as significações dadas por estes

trabalhadores à prática social lazer e aos processos educativos envolvidos com esta prática.

Neste intento, o município de São Carlos se constitui em um locus privilegiado,

pois possui um vasto setor industrial em ramos, tais como, motores automotivos;

compressores herméticos para refrigeração; lavadoras de roupa, freezers e fogões; lápis,

produtos escolares e cosméticos.

São Carlos, cidade localizada no centro geográfico do Estado de São Paulo, a 244

Km da capital, 116 Km de Ribeirão Preto e 153 Km de Campinas, tendo como municípios

vizinhos Ibaté, Itirapina, Rincão, Santa Lúcia, Analândia, Luís Antônio, Araraquara,

Descalvado, Brotas, Américo Brasili ense e Ribeirão Bonito, foi fundada no ano de 1857,

possui atualmente, cerca de 218.702 habitantes (IBGE, 2007a).

Desde a sua fundação, a cidade de São Carlos passou pelas seguintes fases: ciclo

do café, industrialização e, hoje, pólo de alta tecnologia.

O vigor nas esferas acadêmica, tecnológica e industrial conferiu à cidade o título de

“Capital da Tecnologia”. Suas universidades e centros de pesquisa, destacando-se a

Universidade de São Paulo (USP), implantada na década de 1950, e a Universidade Federal de

2

São Carlos (UFSCar), criada na década de 1970, são reconhecidos pela excelência e

diversidade.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) mantém dois

centros de atividades instalados na cidade: o Centro de Pesquisa de Pecuária do Sudeste e o

Centro Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Instrumentação Agropecuária, produzindo

tecnologia de ponta nas áreas de melhoramento genético bovino e de desenvolvimento de

equipamentos agropecuários. Além da EMBRAPA, também há o Parque de Alta Tecnologia

São Carlos (ParqTec), instituído em 1984, que tem o objetivo de gerenciar e promover o

desenvolvimento do Pólo Tecnológico de São Carlos a partir da transferência de tecnologia

das universidades e centros de pesquisas para as empresas.

Em relação à concentração de universidades e centros de pesquisas, atualmente, a

cidade apresenta uma relação de um pesquisador doutor para cada 230 habitantes e um

pesquisador para cada 42 habitantes, assim como uma taxa de alfabetização de 94,8% (IBGE,

2007b).

Com uma das maiores rendas per capita do Brasil (US$3.5 mil1), na economia da

cidade prevalece o setor industrial e de serviços, além de produção agropecuária (leite, cana-

de-açúcar, laranja, frango, carne bovina e milho).

Neste locus privilegiado para o intento de compreensão do lazer de trabalhadores

do setor industrial, apresentam-se as indústrias transnacionais.

Sobre a expressão transnacional, Gonçalves (2002) justifica que esta tem tido uso

mais corrente que empresa multinacional, desde os anos 1970 do século passado. Gonçalves

(2002) ainda salienta, que:

1 Informação constante, assim como outras informações apresentadas a respeito do município de São Carlos, no site oficial da Prefeitura Municipal de São Carlos (SÃO CARLOS, 2007).

3

Esta distinção surgiu em decorrência do debate sobre a criação de empresas multinacionais no âmbito de esquemas regionais de integração econômica envolvendo países em desenvolvimento. Neste sentido, a expressão “multinacional” estaria reservada a empresas de países em desenvolvimento (inclusive, com forte presença de associações e parcerias entre empresas estatais) com atuação regional, enquanto a expressão “transnacional” estaria referenciada às grandes empresas originárias dos países desenvolvidos com atuação em escala global (p.390).

As indústrias transnacionais, por seu grande porte, constituem-se em um

privilegiado contexto/organização para a ocorrência de variados grupos de trabalhadores. Tal

divisão é importante para a compreensão de possíveis especificidades de significações

relacionadas ao pertencimento a determinados grupos.

Antunes (2003) indica a divisão de trabalhadores em produtivos e improdutivos, na

qual os últimos seriam aqueles “cujas formas de trabalho são utili zadas como serviços (...) e

que não se constituem como elemento diretamente produtivo, como elemento vivo do

processo de valorização do capital e de criação da mais-valia” (p.102) e os primeiros, o

inverso.

Pais (2001), analisando a apresentação do mercado de trabalho para alguns jovens

portugueses, considerou que este se encontra retalhado em lotes, sujeitos a uma crescente

segmentação. Dentre as divisões efetuadas pelo autor, destaca-se “o mercado negro (dos

trabalhadores clandestinos); o mercado azul (dos operários de macacão de ganga); o mercado

branco (dos colarinhos brancos)” (p.17).

Pais (2001) enfatiza que o mercado de trabalho, então, é um “arco-íris” de

segmentações, com “implicações sociológicas, em termos de estratificação e de mobili dade

social, no modo como as pessoas se distribuem pelos lotes disponíveis, mas também a nível das

novas significações dadas ao trabalho.” (p.17-18).

Além destas divisões, ou mesmo, partindo delas, buscando reunir, em grandes

grupos, trabalhadores com semelhantes cargos/funções e perfis profissionais, quatro grupos se

apresentaram. Foram eles: Executivo – formado pelos(as) funcionários(as) gestores(as), com

4

elevadas funções de mando, responsáveis pela empresa e por seus trabalhadores(as);

Administrativo – constituído pelos(as) trabalhadores(as) gestores(as), com intermediárias

funções de mando; Produção – composto pelos(as) trabalhadores(as) das células ou linha de

produção; Terceirizado, compreendendo os(as) trabalhadores(as) terceiros(as), ou seja,

contratados(as) a partir de uma empresa prestadora de serviços, comumente, limpeza,

segurança e cozinha.

Tais características de grupos e de empresas nos levaram a optar por quatro

indústrias transnacionais instaladas na cidade de São Carlos.

Todavia, com a não concordância de duas delas com a utili zação do

instrumento/procedimento de coleta de dados, ou seja, entrevista pautada no referencial

metodológico da fenomenologia e, por isso, sendo fundamental a sua gravação para a

descrição rigorosa em busca da essência do discurso, para a presente pesquisa, estamos

contando com duas delas.

Qual então seria, para cada um dos quatro grupos de trabalhadores de duas

empresas transnacionais instaladas no município de São Carlos, a significação atribuída ao

lazer e aos processos educativos envolvidos nesta prática social?

Destarte, o objetivo da pesquisa, em acordo com a questão que a guiou, foi o de

desvelar, essencialmente, as compreensões relacionadas ao lazer e aos processos educativos

dos diferentes grupos de trabalhadores das indústrias citadas anteriormente, considerando

aspectos como:

• a significação do lazer para o(a) trabalhador(a);

• a sua organização/distribuição do tempo semanal;

• suas preferências/opções;

• se a indústria em que trabalha adota ações/políticas relacionadas ao campo do

lazer;

5

• os processos educativos envolvidos.

Também se teve por objetivo específico, analisar se as compreensões desveladas

inserem o lazer e os processos educativos envolvidos num contexto de reflexão e/ou mudança,

e/ou alienação e/ou permanência.

Quanto à apresentação da presente dissertação, o texto está organizado em quatro

capítulos. No capítulo 1, TRABALHO E LAZER, tecemos considerações sobre o trabalho e o

trabalhador (1.1) e sobre o lazer, o trabalho e o trabalhador (1.2). No item 1.1, apresentamos

os sentidos dados ao trabalho na atualidade, e as más intenções das relações do capitalismo

com os trabalhadores, derivadas dos processos de trabalho surgidos pós Revolução Industrial,

o taylorismo/fordismo e o toyotismo ou ohnoísmo, que foram construindo uma significação

negativa para o labor. Na seção 1.2, voltamos as atenções ao lazer, a partir da sua história e

concepções, culminando, na sua relação com o trabalho, em valores de exploração do

trabalhador, como, também, em valores de contraposição à ordem hegemônica.

O capítulo 2, PROCESSOS EDUCATIVOS EM PRÁTICAS SOCIAIS,

dedicamos ao entendimento de práticas sociais e de processos educativos, os quais

possibili taram a compreensão de que nas relações entre trabalhadores de indústrias

transnacionais, no caso, em contexto de lazer (prática social lazer), permeiam processos

educativos. Ainda neste capítulo, contemplamos as interfaces educação e trabalho, bem como

educação e lazer.

Em 3, COMO ESTUDAR O LAZER ENQUANTO PRÁTICA SOCIAL,

expomos o referencial e os procedimentos metodológicos da Fenomenologia, modalidade

fenômeno situado.

Finalmente, no capítulo 4, DESVELANDO COMPREENSÕES, revelamos os

resultados obtidos com as unidades de significado e reduções fenomenológicas (4.1) dos

6

discursos dos sujeitos de cada grupo e a construção dos resultados (4.2) propriamente, com

suas matrizes nomotéticas e categorias.

7

1 TRABALHO E LAZER

1.1 Sobre o trabalho e o trabalhador

O presidente come o vice-presidente que come o diretor

O diretor come o gerente que come o supervisor

O supervisor por não ter a quem comer come o trabalhador

O trabalhador come o pão que o diabo amassou

Banquete de hipócritas Comeu, comeu, comeu, comeu, comeu

Quem sobrou fui eu Zé Geraldo – Banquete de Hipócritas (GERALDO, 1998)

O conceito de trabalho, para Lara (2003), na modernidade, é tomado como coação

– “coação social, quando não se tem outra escolha senão trabalhar, por não se dispor de

propriedades suficientes” e “coação natural, quando se tem que se submeter à maldição do

trabalho, ‘comendo o pão com o suor do próprio rosto’ ” (p.13).

As palavras ou os conceitos vão mudando de sentido conforme os diversos

movimentos da história. A palavra trabalho foi incorporada à linguagem dos povos latinos por

volta dos séculos XI e XII , referindo-se ao esforço e à pena que essa atividade, muitas vezes,

representa (LARA, 2003).

Conforme o Le Petit Robert dictionaire de la langue française, “ travaill er” vem do latim vulgar tripaliare, usado em 1080, e significa torturar com o tripalium, em francês ‘ travail ’ – ou trepalium, variação de tripalium “ instrumento de tortura”, vindo do latim clássico, tripali s “as três peças” . O termo técnico, travail , em francês, se refere a um dispositi vo que serve para imobili zar cavalos ou bois, para reali zar sobre eles determinadas operações. O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa vai datar a palavra trabalho no século XIII como ‘ traball ’ , trabalho, e, no século XIV, como trabalho (LARA, 2003, p.101).

8

A cada formação social, como por exemplo, a escravagista, o trabalho foi tomando

feições próprias, até que o capital capturou para si a significação de tudo o que ele chamou de

trabalho, colocando-o a seu serviço. Desta forma, ele transformou a significação do trabalho

em trabalho assalariado, reduzindo-o àquele voltado à reprodução e valorização do capital e à

realização dos lucros (LARA, 2003).

Com o advento da Revolução Industrial, ocorrida em meados do século XVIII , o

trabalhador que dispunha do domínio de todos os elementos envolvidos no processo de

elaboração de um produto (essencialmente artesanais) passou a ter um vínculo estreito com a

máquina, a qual, pela necessidade de produção em larga escala do modelo fabril implementado,

fragmentou tal processo em diversas etapas, gerando, assim, a divisão do trabalho.

Juntamente com a fragmentação do trabalho, este modo de produção acabou por

gerar a fragmentação do tempo, pois o novo espaço de produção, a fábrica, ganhou paredes,

teto, iluminação artificial e principalmente relógios, submetendo o trabalhador ao tempo

mecânico em detrimento do tempo “natural” , já que a luz solar, as estações do ano e as

intempéries climáticas não mais interferiam no novo e “totalmente controlado” espaço de

trabalho.

Segundo Ferreti (2004) o processo de divisão técnica do trabalho, que atinge seu

ápice ao final do século XIX e início do século XX, seria responsável pelo princípio do

processo de desqualificação dos trabalhadores.

Processo este que, com a implantação das máquinas, alterou o ritmo de trabalho,

que passa a não ter nada mais a ver com o trabalho humano e sua ferramenta, mas com as

especificações, com a qualidade, com a natureza da máquina (MORAES NETO, 2003a).

Após diversas conquistas (redução da jornada de trabalho, férias, 13º salário,

estabili dade, organização sindical, organização de comissões de fábrica, entre outras) dos

trabalhadores ao longo do século XX, configurando o que veio a se denominar “Estado de

9

Bem-Estar Social” , passa-se a assistir, principalmente a partir da década de 80, crescente perda

de direitos arduamente conquistados, gerando insegurança, em especial diante do avassalador

desemprego (GONÇALVES JUNIOR, 2003).

Como alerta Costa (1999), “O discurso que circula nos meios de comunicação e

nas organizações deixa claro e estabelecido que o emprego é um privilégio e que pode ser

perdido a qualquer tempo” (p.137).

Instaurou-se, assim, um verdadeiro sistema inibidor da ação dos trabalhadores no

âmbito sindical, após grandes feitos e conquistas, imposto pelo medo de perder o emprego

(RODRIGUES, 2002).

Costa (1999) assim se refere a este contexto:

após um longo processo histórico de fixação do trabalhador ao espaço da produção, à custa de tantas lutas para algumas conquistas, sendo a principal delas a liberdade, hoje o capitali smo, em sua fase mais cruel desemprega e prescinde do mesmo trabalhador, agora desmobili zado, desregulamentado, desvalorizado. O trabalhador, o funcionário, o assalariado enfrentam agora os dissabores da incerteza, do desemprego, da precarização do trabalho, numa época em que a exclusão destrói os laços sociais e ameaça cada vez mais a vida das cidades (p.137).

Neste sentido, reforçando a idéia de um sistema inibidor de ações, pesquisa com

trabalhadores indica que suas falas remetem o trabalho à sobrevivência e segurança,

contrapondo-se ao medo do desemprego ou do semitrabalho, pouco importando se fazem o

que gostam no labor, mas, sim, a segurança na garantia de sua subsistência (CAMARGO e

BUENO, 2003).

Como indicam Ferreti et al. (2003), “Para o trabalhador, restam a permanente

insegurança e o grande esforço de qualificar-se constantemente para tornar-se o menos

‘dispensável’ possível” (p.181).

10

Neste contexto, o capitalismo é cruel pois não deixa que as pessoas tenham um

trabalho e as impregnam de vergonha e culpa por não o possuírem. Além, para aumentar o

requinte de crueldade, as faz crer que têm o dever moral e social de o possuir (CHAUÍ, 1999).

Continuando a exposição das más intenções das relações do capitalismo com os

trabalhadores, a partir dos seus processos de trabalho surgidos pós Revolução Industrial (final

do século XIX e século XX), cabe, agora, nomeá-los e apresentá-los: taylorismo/fordismo;

toyotismo ou ohnoísmo.

O taylorismo, que se refere a Frederick Winslow Taylor e sua carreira bem-

sucedida, com início na oficina de tornearia mecânica de Midvale Steel Works, caracteriza-se

pelo controle de todos os passos do trabalho vivo, controle de todos os tempos e movimentos

do trabalhador, evidente que de forma necessariamente despótica. “Em poucas palavras, a

transformação do homem em máquina, e não a utili zação da máquina. Liberta-se o capital da

habili dade dos trabalhadores, só que, em vez de fazê-lo introduzindo a máquina, busca-se

objetivar o fator subjetivo, o trabalho vivo” (MORAES NETO, 2003a, p.21).

O fordismo (de Henry Ford e da produção automobilística em massa) que é um

desenvolvimento da proposta de Taylor – utili zação dos elementos objetivos do processo, do

trabalho morto, para objetivar o elemento subjetivo, o trabalho vivo – fixa o trabalhador em

determinado posto de trabalho. “O objeto de trabalho é transportado sem a interveniência do

trabalho vivo. O trabalhador nunca perde tempo com o que Ford chama de ‘serviço de

transporte’ , e só faz, se possível, um único movimento” (MORAES NETO, 2003a, p.21).

Características tipicamente fordistas: emprego extensivo de mão-de-obra não qualificada, um

conjunto de métodos de produção fundamentado em seqüências lineares de trabalho

fragmentado simplificado, longas horas de trabalho manual rotinizado, comando fortemente

hierarquizado do processo de trabalho (MORAES NETO, 2003b).

11

“O ‘ponto de honra’ para Henry Ford com referência ao trabalho vivo

imediatamente aplicado à produção era a desqualificação, tanto nos processos de fabricação

mecânica quanto na linha de montagem.” (MORAES NETO, 2003b, p.95).

A linha de montagem caracteriza-se por apresentar tarefas projetadas em ciclos extremamente curtos, refletindo a aliança entre o uso exacerbado da arma manufatureira por excelência da divisão parcelar do trabalho e a apli cação dos métodos tayloristas; e pela atribuição de funções parcelares dotadas de conteúdo praticamente nulo a trabalhadores de uma maneira permanente, ou seja, rotina e monotonia. Evidentemente, os requisitos de quali ficação para uma performance eficiente nessas atividades de trabalho eram extremamente exíguos (MORAES NETO, 2003b, p.96).

O toyotismo ou ohnoísmo, de Taiichi Ohno, a partir dos anos 1950 na fábrica

Toyota no Japão, caracteriza-se pela produção flexível em massa. A gênese deste foi a

necessidade de produzir uma variedade de modelos para um mercado doméstico pequeno e

fragmentado. Para esse intento, a produção eficiente se fez necessária e pressupunha maior

flexibili dade produtiva e menores gastos com estoques, bem como, redução de tempo para

mudanças nas máquinas para as flexibili zações. Quanto aos trabalhadores, há um movimento

de “desespecialização” dos operadores de máquinas-ferramentas, os trabalhadores são

transformados em trabalhadores multifuncionais para atenderem à este modelo produtivo.

Todavia, intenta-se também a diminuição de seus poderes sobre a produção e o aumento da

intensidade do trabalho (MORAES NETO, 2003c).

“Como afirma Coriat, ‘a única via aberta [para Ohno] era a de uma racionalização

do trabalho apoiada no maior rendimento possível do trabalho vivo’” (MORAES NETO,

2003b, p.102).

O sistema de produção é dependente de uma força de trabalho relativamente

qualificada e motivada para a resolução de problemas e para o melhoramento contínuo.

12

Abre-se a possibili dade permanente de “inovações incrementais” no processo de produção, sob responsabili dade dos trabalhadores: a somatória de melhorias marginais proporcionadas por cada um dos trabalhadores permitiria significativo incremento da eficiência global (MORAES NETO, 2003b, p.104).

Visando a produção fluente, com o mínimo de interrupções, a detecção de falhas o

mais precocemente possível gera uma postura obsessiva com a inexistência de problemas, com

a busca da qualidade em todos os momentos do processo produtivo.

Assim, “A única saída possível foi adotada, e constitui-se num traço destacado do

trabalho sob o ohnoísmo: unificar em cada trabalhador as funções de operador e controlador

de qualidade.” (MORAES NETO, 2003b, p.104).

Em relação, novamente, ao trabalhador polivalente, que deve operar várias

máquinas, Moraes Neto (2003b) afirma:

Através da operação simultânea de várias máquinas, dotadas de grau relativamente baixo de automação, de uma forma consistente com a produção em massa, ou seja, reali zando tarefas desprovidas de conteúdo, chegamos à interessantíssima criação ohnoísta do “trabalhador poli valente-desquali ficado” , reflexo do fato de que a produção em massa lastreada no trabalho vivo prescinde amplamente de quali ficação (p.105).

O sistema ohnoísta, para uma operação eficiente é baseado no funcionamento

afinado à perfeição entre o método just-in-time e seus desdobramentos inevitáveis e

necessários:

estoque zero, o defeito zero, através do Total Qualit y Control, o kaizen ou melhoramento contínuo, a multi funcionalidade (...) e a “ troca-rápida” de ferramentais. Caracteriza-se, portanto, a produção ohnoísta como sistêmica e, ademais, extremamente exigente com relação ao funcionamento de suas partes componentes (MORAES NETO, 2003b, p.106).

Há de se enfatizar que tudo isto foi alcançado efetivamente através de uma

inovação organizacional.

13

Neste sistema, para que o trabalhador seja concebido como um elemento

participante da produção como um todo, com vistas à eficiência produtiva, lhe é fornecida a

autonomia para que identifique e resolva problemas e proponha e implante melhorias. Para que

isto ocorra, a conquista da motivação operária passa a ser um determinante crucial. O seu

envolvimento deve ser estimulado, incitado, o que se opõe ao envolvimento imposto do

modelo taylorista (MORAES NETO, 2003b).

E nesta imposição disfarçada de estímulo, incitação, que partiu do Japão e se

disseminou em várias partes do mundo, incluindo o Brasil, uma ideologia do trabalho atrelada

aos interesses do próprio sistema, se torna indispensável.

Pais (2001), referindo-se à realidade portuguesa, fala de uma ideologia do trabalho

que incentiva a entrada precoce das crianças no mundo do trabalho. Argumenta-se que “o

trabalho é a escola da vida”, tendo o apoio em uma “ética tradicional do trabalho” , a qual se

mostra em alguns provérbios portugueses (p.41).

– “Mocidade ociosa, velhice vergonhosa”. – “A quem trabalha Deus ajuda”. – “Não há honra sem trabalho” . – “Trabalho de menino é pouco, mas quem não aproveita é louco” . – “Quem em novo não trabalha, em velho dorme numa palha”. – “De pequenino se torce o pepino” (PAIS, 2001, p.42).

Esta ideologia fomentadora de uma ética do trabalho que não escolhe idades,

segundo o autor, é favorecida pelos pais que estão vinculados a ela e interiorizadas pelas

crianças.

No Brasil, em análise do conceito de trabalho em 35 livros didáticos de

Comunicação e Expressão, Estudos Sociais e Educação Moral e Cívica da 2a, 3a e 4a séries do

então 1o grau2 (final da década de 1970), Faria (1980) encontra a ideologia dominante

2 Atual ensino fundamental.

14

(burguesa) camuflada, seja com a desigualdade, ou seja, com a dissimulação da discriminação

entre ricos e pobres, por exemplo, o que, segundo a autora, contribui para a reprodução da

sociedade burguesa.

Em relação à ética do trabalho, Sennett (2000) expõe a moderna ética do trabalho

e a velha ética do trabalho.

A moderna ética do trabalho concentra-se no trabalho em equipe. Celebra a sensibili dade aos outros; exige “aptidões deli cadas” , como ser bom ouvinte e cooperativo; acima de tudo, o trabalho em equipe enfatiza a adaptabili dade às circunstâncias. O trabalho em equipe é a ética de trabalho que serve uma economia políti ca flexível. Apesar de todo o arquejar psicológico da administração moderna sobre o trabalho de equipe no escritório e na fábrica, é o etos de trabalho que permanece na superfície da experiência. (...) A velha ética do trabalho baseava-se no uso autodisciplinado do nosso tempo, pondo-se a ênfase mais na prática voluntária, auto-imposta, que na simples submissão passiva a horários ou rotinas. No mundo antigo, achava-se que essa disciplina auto-imposta era a única maneira de enfrentar o caos da natureza. Era uma necessidade exigida todo dia dos agricultores (p.118-119).

Com o correr do tempo, a estatura moral do agricultor se eleva. A necessidade de

trabalhar duro torna-se uma virtude. Sennett (2000), analisando A ética protestante e o

espírito do capitalismo de Max Weber, fala da virtude do trabalho árduo e implacável, voltado

para o futuro, enquanto um remédio amargo do protestantismo para a dúvida do eu. Entra em

detalhes nessa história para esclarecer que o uso disciplinado do nosso tempo da ética do

trabalho não é a virtude simples direta, que em princípio, pode parecer.

A organização da história de nossa vida pelo trabalho árduo pode servir como uma pequena luz na escuridão, um “sinal de eleição” , de que podemos estar entre os que serão salvos do inferno. Ao contrário das boas obras católi cas, porém, o trabalho árduo não pode conquistar para o protestante nenhum grande favor junto ao Criador; apenas oferece sinais de intenções dignas a um Juiz divino que já decidiu cada caso de antemão (SENNETT, 2000, p.125).

Sennett considera que, na opinião de Weber, a maior disposição de poupar do que

de gastar passou do protestante para o capitalista como um ato de autodisciplina e

15

autonegação, bem como, deu origem a um novo tipo de caráter: o ser humano motivado,

decidido a provar seu valor moral pelo trabalho. Porém,

As formas modernas de trabalho em equipe são em muitos aspectos o oposto da ética do trabalho como concebia Max Weber. Ética de grupo em oposição à ética do indivíduo, o trabalho em equipe enfatiza mais a responsividade mútua que a confirmação pessoal. O tempo das equipes é mais flexível e voltado para tarefas específicas de curto prazo do que para a soma de décadas caracterizadas pela contenção e a espera. O trabalho em equipe, porém, nos leva ao domínio da superficialidade degradante que assedia o moderno local de trabalho. Na verdade, o trabalho em equipe deixa o reino da tragédia para encenar as relações humanas como uma farsa (SENNETT, 2000, p.126-127).

O mesmo autor cita um estudo da Comissão de Obtenção de Qualificações

Necessárias da Secretaria do Trabalho norte-americana e diz que os autores do estudo, que

produziram o seu relatório em 1991, são realistas:

sabem que a economia hoje enfatiza o desempenho imediato e o curto prazo, os resultados do saldo final. Contudo, os administradores também sabem que uma competição individual acirrada pode destroçar o desempenho de um grupo. Assim, na equipe de trabalho moderna surge a ficção: os patrões não competem de fato entre si. E mais importante ainda, surge a ficção de que os trabalhadores e chefes não são antagonistas; o chefe, em vez disso, administra o processo de grupo. Ele ou ela é “líder” , a palavra mais esperta no moderno léxico administrativo; o líder está do nosso lado, em vez de ser nosso governante. O jogo de poder é jogado pela equipe contra equipes de outras empresas (SENNETT, 2000, p.132).

Finalizando o estudo A Ética do Trabalho, Sennett (2000) realiza um balanço das

éticas do trabalho:

O etos do trabalho de equipe, com suas suspensões e ironias internas, leva-nos para muito longe do universo moral do camponês determinado e heróico de Virgílio. E as relações de poder contidas na equipe de trabalho, o poder exercido sem reivindicações de autoridade, está muito distante da ética de responsabili dade própria que caracterizava a velha ética do trabalho, com seu ascetismo leigo, de uma seriedade mortal. A clássica ética do trabalho de adiar a satisfação e provar-se pelo trabalho árduo dificilmente pode exigir nossa afeição. Mas tampouco o pode o trabalho em equipe, com suas ficções e fingimentos de comunidade (SENNETT, 2000, p.139).

16

E diante dessas ficções e fingimentos, da crueldade implementada, é que não se

pode conceber a passividade, o imobili smo.

Lara (2003) expõe que a tarefa histórica da modernidade seria a de libertar o ser

humano das coações que configuraram o trabalho como não significativo, como trabalho

alienado. Nesta tarefa, a libertação seria, tanto da coação social, “tornado-o livre, igual e

fraterno” , como da coação natural, “tornando-o senhor da natureza e do trabalho” (p.14).

O trabalho não é por si só uma maldição. A construção ou des-construção pela

qual passou é que lhe foi atribuindo um aspecto negativo. Basta lembrar, como o faz Lara

(2003) que:

na origem de todas as culturas humanas, sempre iremos encontrar o trabalho, já que é por ele que os humanos se constroem como “humanos” e constroem o seu mundo como “ lugar humano” (...) sem trabalho não há cultura, sem trabalho não há cidade, sem trabalho não há nenhum direito. Na verdade, sem trabalho não haveria sequer humanidade (LARA, 2003, p.11-12).

Mesmo porque, a ação que o trabalho representa é das mais antigas da humanidade

– “ter que trabalhar para comer, para se vestir, para abrigar-se, etc” (LARA, 2003, p.46).

1.2 Sobre o lazer, o trabalho e o trabalhador

Eu não tenho tempo de ter O tempo livre de ser

De nada ter que fazer É quando eu me encontro perdido

Nas coisas que eu criei E eu não sei

Eu não vejo além da fumaça O amor e as coisas livres coloridas

Nada poluídas Eu acordo p’ rá trabalhar Eu durmo p’ rá trabalhar Eu corro p’ rá trabalhar

Os Paralamas do Sucesso – Capitão de Indústria (OS PARALAMAS, 1996)

17

O surgimento do lazer, como fenômeno social, se dá pós Revolução Industrial,

para atender às reivindicações sociais pela distribuição do tempo liberado do trabalho que, com

os avanços tecnológicos, acentuaram a divisão do trabalho e a alienação do ser humano do seu

processo e do seu produto, resultando maior produtividade com menos tempo de trabalho

(MARCELLINO, 1983).

Nesse sentido, Werneck (2000), reconhece a importância da Revolução Industrial

para a configuração social do lazer como direito e a sua íntima vinculação ao aspecto tempo,

porém, atenta para os valores associados ao lazer, que são anteriores a esse advento. Segundo

a autora:

é imprescindível retomar os sentidos pelo lazer incorporados desde os tempos mais antigos, compreendendo o porquê de determinados valores continuarem sendo por ele preservados, enquanto outros foram totalmente abandonados, em função dos interesses hegemônicos (WERNECK, 2000, p.19-20).

O processo de constituição do lazer no mundo ocidental se inicia pela Antigüidade

Clássica, na sociedade greco-romana e os seus primeiros sentidos são produzidos em Atenas,

considerada centro cultural do mundo grego. Os sentidos do lazer relacionavam-se com ócio

que significava desprendimento das tarefas servis, condição propícia à contemplação, à

reflexão e à sabedoria, não significando passividade (WERNECK, 2000).

Para De Grazia no ideal clássico de ócio, o tempo não aparece, sendo o ócio uma

condição ou um estado, o estado de estar livre da necessidade de trabalhar. A palavra ócio que

tem sua raiz na palavra grega schole, que significava etimologicamente parar ou cessar, vindo

daí o ter repouso ou paz e mais tarde significando ter tempo desocupado ou tempo para mim

mesmo, foi transformada pelos filósofos que a ampliaram para um sentido de liberdade,

superioridade e aprender per se (BRUHNS, 2002).

18

E, a partir das discussões preliminares, De Grazia reescreve a definição original,

assim ficando: o ócio é o estado de estar livre da necessidade de estar ocupado e incluindo a

isenção da necessidade de trabalhar, como também de toda a atividade com o caráter de

necessidade, porém da qual se liberaria com prazer (BRUHNS, 2002).

“O lazer representava, a verdadeira beleza, assim, o inverso de vita activa, sendo

então associado à vita contemplativa, exercício nobre ao qual somente poucos poderiam se

entregar.” (WERNECK, 2000, p.26).

O lazer, assim, com os seus sentidos atrelados ao ócio, pode ser considerado como

uma construção que denota um privilégio de classe.

A partir das considerações gregas, tem-se as noções primeiras do trabalho como

algo penoso e o lazer como seu contraponto, pois este somente poderia ser usufruído se

houvesse um total desprendimento das necessidades da vida produtiva.

Com a difusão do cristianismo, surge um novo elemento que passa a definir novos

sentidos às concepções de trabalho e de lazer, Deus.

Com a disseminação de valores cristãos, o homem, dotado de razão, sentimentos e emoção, torna-se portador de li vre-arbítrio, devendo encaminhar sua vida de acordo com um código moral revelado por Deus. Dentre outros aspectos, esse código moral era, ao mesmo tempo, baseado na condenação do lazer – uma vez que as festas, os jogos, os espetáculos, as danças, os serões e as comemorações de diferentes naturezas representavam um perigo à purificação da alma – e na ênfase à noção aristotéli ca de ócio como contemplação, vida dedicada aos deleites do espírito de forma restrita, vigiada e extremamente controlada (WERNECK, 2000, p.33).

Assim, os momentos festivos concebidos como lazer (e pensando na atual

constituição do lazer, concebidos como uma das formas que este pode assumir), deveriam ser

controlados, desprovidos dos indolentes prazeres da vida mundana.

19

O termo latino licere, o qual dá o sentido etimológico à palavra lazer, criado nos

tempos áureos da civili zação romana, designando as práticas culturais alegres e festivas

consideradas lícitas, permitidas.

Já na idade média, com o desenvolvimento do cristianismo e grande poder

centrado nas mãos da igreja católica, os feriados festivos são progressivamente substituídos

por dias santos. Neste contexto, segundo Werneck (2000):

trabalho e persistência conduzem ao êxito, pois é vontade de Deus que todos trabalhem. As festas e os divertimentos deveriam ser cuidadosamente controlados, pois eram considerados perniciosos aos homens, dando-lhes chance de se entregar ao vício e às armadilhas do pecado (p.36).

O lazer neste período só poderia ser vivenciado se contribuísse para elevar a alma à

Deus e estava impregnado neste, valores morais salientados como essenciais para o mundo do

trabalho.

Com a reforma religiosa, o protestantismo também nutriu as concepções de lazer

como um vício e lhe foi negada a possibili dade de ser gozado como ócio, porque isso o

identificaria com a preguiça, um pecado capital.

trabalho e lazer foram concebidos como eficientes mecanismos de controle moral e social, colocados à serviço de determinados interesses encaminhados para a aceitação por parte da maioria, da condição de exploração/dominação a ela imposta. (...) O lazer, por sua vez, precisava ser moldado de acordo com padrões estabelecidos. Passou, assim, a ser considerado pernicioso aos homens, pois possibilit ava a constante degradação moral por meio da entrega aos ilí citos “prazeres carnais” (WERNECK, 2000, p.40-41).

No despertar da modernidade, com o desenvolvimento do capitalismo, este se

torna um elemento fundamental dos encaminhamentos seguidos pelo lazer, trabalho e educação

na sociedade dos dias de hoje.

20

E o capitalismo compreendido é o de diferentes dimensões, não ficando restrito à

economia de mercado. Há de se considerar também que o sistema é baseado numa relação

fundante social, sendo um sistema histórico-social, que tem a sua identidade apoiada na relação

dialética entre a burguesia e o proletariado. Tudo é realizado em nome do trabalho, o que

assegura o acúmulo de riqueza para os detentores do capital e dos meios de produção. A mão

de obra assalariada, que não dispõe de outro recurso que não seja vender a sua própria força

de trabalho em troca de um salário, sustenta os pilares do capitalismo. Esses assalariados,

tendo que trabalhar para sobreviverem em jornadas diárias de até dezesseis horas, quase não

dispunham de tempo para o lazer.

Com a Revolução Industrial, em meados do século XVIII , a Europa confere novos

contornos ao lazer, ou seja, passa a ser delineado, sobretudo, em função de um tempo de não-

trabalho, de um tempo em contraponto ao trabalho produtivo.

O lazer é vislumbrado, então, pelo operariado, como um dos poucos momentos de

realização e prazer, compensando as frustrações geradas no trabalho.

Sendo o trabalho alienado uma fonte de frustração, as características consideradas pilares do lazer só poderiam ser experimentadas, pelo proletariado, se houvesse oportunidades para isso, demandando o estabelecimento de reivindicações sociais pelo lazer, que também poderia ser visto como um espaço de luta e engajamento políti co (WERNECK, 2000, p.56).

Desta forma, emerge o lazer como um direito a ser usufruído por todos, a partir de

reivindicações dos trabalhadores assalariados e conquistas, tais como, leis referentes à

limitação da jornada de trabalho, férias, feriados, fins de semana remunerados, enfim, da

conquista de um tempo de folga sobre o trabalho.

a histórica conquista do lazer pelos trabalhadores assalariados, sendo restrita ao aspecto tempo, acaba assumindo como funções básicas a quebra da rotina, a compensação de frustrações, a fuga dos problemas e a recuperação das energias

21

dispendidas no exercício laboral. Dessa forma, na realidade o tempo de lazer conquistado não se contrapõe ao trabalho produtivo, mas o complementa, tornando-se funcional ao sistema vigente e imprescindível à promoção dos interesses sociais, políti cos e econômicos – que integram a trama social mais ampla (WERNECK, 2000, p.57-58).

Porém, ao mesmo tempo que se gesta o lazer como um direito relacionado ao

trabalho, tira-se, praticamente, deste, a possibili dade para o usufruto do lazer. Também, nessa

quase impossibili dade, do lazer estar relacionado ao trabalho, está a visão de que com o

sistema de fábrica e maquinarias passa-se a ter maior atenção em exatos períodos de tempo.

Assim, acompanhando o ritmo das máquinas, o trabalho acopla-se ao relógio, diminuindo as

possibili dades da relação social no emprego, retirando do trabalho industrial a sua parte,

talvez, mais atrativa, a qual o lazer também insere, ou, pode se inserir.

Para De Grazia, nasce nesse momento o tempo livre, em decorrência do tempo do

relógio do mundo industrial, regido pela noção dominante de tempo linear, objetivo, universal,

irreversível, não-projetável, quantitativo ou dividido em unidades não-elásticas e não-

comprimíveis, atreladas ao controle e disciplina do tempo de trabalho e não-trabalho,

permeados pela lógica da produtividade (BRUHNS, 2002).

Vale salientar que, para o mesmo autor, lazer e tempo livre situam-se em dois

mundos diferentes, todos podem ter tempo livre, mas nem todos podem usufruir o lazer, pois:

O tempo li vre é uma idéia de democracia reali zável; o lazer não é totalmente reali zável, sendo, portanto, um ideal e não somente uma idéia. O tempo li vre refere-se a uma forma determinada de calcular uma determinada classe de tempo; o lazer é uma forma de ser, uma condição do homem, que poucos desejam e dentre estes menos alcançam (BRUNHS, 2002, p.18).

E na idéia de ser o tempo livre uma democracia realizável, este nem sempre é, pois,

na lógica da produtividade, o tempo livre não tem sua própria independência, mas sim uma

22

relação com o trabalho. Deste modo, se o tempo livre aumenta, proporciona ao trabalhador

uma certa insegurança, teme-se a sua conversão numa falta de sentido na vida.

Se lhe é oferecido eleger, pedirá imediatamente mais trabalho, sobretudo se vai junto com a promessa de um padrão de vida mais alto, ou o desfrute do tempo li vre por meio de mercadorias fáceis de comprar. O trabalho influencia na exigência de melhora freqüentemente visualizada nas atividades do tempo li vre. Melhorar a própria posição e aumentar a própria habili dade, estar sempre em busca de algo melhor, perseguir a feli cidade, estar sempre ansioso em “fazer o seguinte” , nunca render-se. Muitos desses hábitos nascem da luta por uma maior habili dade e posição no trabalho. Separar dinheiro, prestígio e tempo li vre é bastante complicado. (BRUHNS, 2002, p.27).

Nesse sentido, o lazer e a democracia são incompatíveis. A democracia existe no

tempo livre, embora em quantidades escassas, já no lazer não há nenhuma, pois a democracia,

como concebida hoje, possui uma ideologia baseada no tempo e no trabalho.

O sistema políti co define quem há de ter tempo li vre. No capitali smo ou no sociali smo, os merecedores são os que trabalham, sendo o tempo li vre uma das recompensas. Um homem não podendo trabalhar não terá tempo li vre. (...) Os dois regimes combinam o universal dever do trabalho (ou o paradoxo “direito” a ele) com a doutrina da igualdade, fazendo assim de cada qual não somente um trabalhador, senão também um beneficiário do tempo li vre. Todo trabalhador o alcança, ninguém o alcança se não trabalhar (não há uma classe ociosa) e ninguém tem direito a obter além dos demais. Assim, a distribuição do tempo li vre não pode mudar sem uma alteração na doutrina do trabalho e no aspecto da igualdade (BRUHNS, 2002, p.34-35).

Igualar o lazer com o tempo livre debili ta o ideal de lazer. A palavra lazer refere-se

a algo pessoal, um estado ou um tipo de sentimento e ao trocar o termo ócio por tempo livre,

passa-se de um conceito qualitativo para um quantitativo.

Nesta quantificação, inclui-se, até mesmo a felicidade. No sentido capitalista de

felicidade, a propriedade é um meio através do qual se pode achá-la. A propriedade e o

trabalho são necessários para a felicidade e não se pode chegar à felicidade a não ser pelo

trabalho, o inverso da idéia original: somente sem ter que trabalhar poderia o ser humano

perseguir a felicidade.

23

O ideal de lazer não é interessante para o espírito comercial dos negócios e do governo se não está ligado ao consumo. Seu lugar tem sido ocupado pelo ideal do tempo li vre, ou de boa vida. Diferentemente do sentido de tranqüili dade, boa vida agora está associada ao desfrute de mercadorias ou serviços, estimulado pelos publicistas e incentivado pelo governo (BRUHNS, 2002, p.30-31).

O lazer não pode estar formado com fragmentos do tempo do relógio, uma vez

que este não é constituído por horas livres do trabalho, nem sequer fins de semana ou mesmo

de férias. O lazer é muito mais um estado, uma intencionalidade, uma atitude.

Para Werneck (2000) os tempos “institucionalizados” não garantem uma vivência

realmente gratificante e qualitativa de lazer, mas, ao conceber o lazer do ponto de vista

histórico-social, não é possível desvinculá-lo das lutas por esse direito, socialmente enraizado

na categoria tempo. Porém, o lazer entendido como um direito social não pode ser visto

apenas pela perspectiva formal da categoria tempo institucionalizado, pois, ultrapassa e

expande as delimitações colocadas pelos momentos instituídos para esse fim, sendo fruto de

tudo o que a humanidade vem produzindo, social e culturalmente, representando, dessa forma,

uma chance de produção de cultura, por meio da vivência lúdica de diferentes conteúdos.

Conforme afirma:

“Essa vivência é mobili zada pelo desejo e permeada pelos sentidos de liberdade,

autonomia, criatividade e prazer, os quais são coletivamente construídos, influenciados e

limitados por vários aspectos sociais, políticos, culturais e econômicos” (WERNECK, 2000,

p.131).

Enquanto sujeitos que detêm o papel de “produtores culturais” , estes ampliam as

chances de apropriação das condições da produção do saber teórico-prático, lúdico e

educativo que permeiam as vivências do lazer, buscando a criação e não o simples consumo de

cultura. Visualiza assim, o lazer como estímulo para os sujeitos empenhados na luta pela

24

conquista de autonomia e pela garantia de um viver digno, ultrapassando as barreiras dos

discursos ideológicos opressores e injustos (WERNECK, 2000).

Para Marcelli no (2000) o lazer é:

cultura vivenciada no “tempo disponível” , não em contraposição, mas em estreita ligação com o trabalho e as demais esferas de obrigação da vida social, combinando os aspectos tempo e atitude; no valor da atuação no plano cultural, numa perspectiva “gramsciana”, como instrumento e mudança social; e na crítica à função “funcionalista” do lazer, à concepção “utilit arista”da educação, à “desescolarização” e à visão “apocalíptica” da ação cultural (p.16).

Marcelli no (1983) considera que, nas relações sociais, tempo algum é totalmente

livre de coações ou de normas de conduta, assim, prefere a utili zação do conceito “tempo

disponível” ao invés de “tempo livre”.

Gonçalves Junior e Santos (2006) entendem o lazer prioritariamente como atitude,

enquanto intencionalidade do “sendo-uns-com-os-outros-no-mundo”, como possibili dade da

conscientização e autonomia do ser.

Implicando, portanto, em uma escolha que depende do significado atribuído pelo ser ao lazer (e ao trabalho!), não desconsiderando o contexto sócio-políti co, que envolve opressão (de uns sobre outros) e desigualdades (entre uns e outros) conforme se dá nas relações entre pessoas, grupos, comunidades, sociedades e nações, desenvolvidas com certas finalidades e em certos espaços e tempos (GONÇALVES JUNIOR e SANTOS 2006).

O lazer vem conquistando importância cada vez maior nestes tempos pós-

modernos, porque foi vinculado como essência de um fecundo e promissor mercado, capaz de

gerar lucros significativos.

a área de lazer e entretenimento vem atraindo investimentos consideráveis, multipli cando o seu público e abrindo novos horizontes de desenvolvimento para o setor, como é o caso da indústria de viagens e turismo, que representa, atualmente, um dos ramos que mais cresce no mundo. Para concretizar esse projeto, as famosas “ indústrias de lazer e entretenimento” utili zam todas as artimanhas possíveis para destacar o valor do lazer – como prazer e diversão ao alcance de “todos” – e

25

transformá-lo em mais um produto que “vende” os tão almejados sonhos de diversão e feli cidade (WERNECK, 2000, p.69-70).

O lazer, que surgiu da conquista de um tempo liberado do trabalho, com

possibili dades de se constituir em um tempo de reflexão e crítica desse e dos interesses

econômicos envolvidos, sofre, hoje, grande influência de um mercantili smo que o utili za como

peça fundamental, pois é necessário um tempo liberado para o descanso (visando recuperação

da força de trabalho) e para o consumo da produção.

Marcelli no (2002), atenta para a freqüente “reserva” em relação ao lazer, por ser

tomado, tendo em vista a atual situação socioeconômica, como instrumento ideológico,

contribuindo para o mascaramento das condições de dominação social.

A utili zação do lazer como um instrumento de inculca de valores também está

presente nas empresas, em suas estratégias de disseminação de seus princípios.

Inácio (1999) apresenta quatro pontos, que avalia justificar a oferta de atividades

do âmbito do lazer, com suas funções compensatórias e de controle do trabalhador, em

empresas modernizadas ou em processo de modernização no Brasil.

O autor entende por empresa modernizada, as empresas que possuem um processo

misto de produção, mesclando o taylorismo-fordismo (caracterizado pela produção em massa,

tornando o trabalhador um mero apêndice da máquina) e o toyotismo (nova forma de

organização industrial mais favorável, em relação ao taylorismo-fordismo, uma vez que

possibili tou o advento de um trabalhador mais qualificado, participativo, multifuncional,

polivalente, dotado de maior realização no espaço de trabalho).

O primeiro ponto abordado, trata da “Qualidade de vida no trabalho, ou nova

forma de exploração no trabalho” , no qual aponta a oferta de lazer como qualidade de vida, a

partir de, por exemplo, atividades físicas após a jornada de trabalho, necessidade advinda da

busca de mais qualidade no produto e da maior produtividade, que obrigaram as empresas a

26

investir na satisfação das “necessidades básicas dos empregados, na utili zação e no

aperfeiçoamento do potencial individual e no desenvolvimento da estrutura de cargos

organizacionais” (INÁCIO, 1999, p.151).

Inácio (1999) salienta também, a busca, pelas empresas, de certificações, como por

exemplo, a certificação internacional ISO3 de qualidade, que se pauta, não apenas na qualidade

do produto, mas também em indicadores de qualidade de vida no trabalho.

No segundo ponto, “Envolvimento do trabalhador: a empresa é um segundo lar?”

pondera que “Envolver o trabalhador significa mascarar o conflito entre o capital e o trabalho,

por meio de hábeis políticas que levam o trabalhador a introjetar, como sendo seus, os

interesses que, na verdade, são da empresa” (INÁCIO, 1999, p.152) e que um dos mecanismos

para isso é o envolvimento pelo lazer, a partir de atividades desportivas, sociais, artísticas.

Neste envolvimento, também há o da família, por exemplo, em festas de

confraternização, quando familiares vão à fábrica para observá-la em pleno funcionamento,

materializando-se, assim, para os parentes dos funcionários, a importância do trabalho

realizado por estes (FERRETI et al., 2003).

Na terceira forma, “Espírito de equipe, espírito de trabalho” , as atividades

esportivas, que têm na competição entre equipes e na colaboração entre os membros da mesma

equipe para superar as outras, um de seus pressupostos, estão sendo utili zadas para

implementar uma forma de controle que transcende para toda a fábrica.

A esteira transportadora típica do fordismo é substituída, na produção flexível, por ilhas ou células de manufatura. Nessas “ ilhas” , uma equipe de trabalhadores deve cumprir certo número de tarefas num espaço de tempo prefixado. Há uma certa autonomia quanto à forma de execução das tarefas, porém tal autonomia quanto à forma de execução das tarefas que dão suporte a outras ilhas de manufatura, e é alimentada por uma ansiedade em produzir mais e mais em virtude dos prêmios e incentivos que as empresas estabelecem, provocando uma competição entre as células. (...) A produção flexível conseguiu, apesar de um discurso bastante tradicional sobre o tal “espírito de equipe” , efetivá-lo de fato. Nas ilhas de

3 Organização Internacional para Padronização (International Organization for Standardization).

27

manufatura, obrigatoriamente se estabelece o sentimento de cooperação e ajuda entre os seus componentes. A equipe toda é responsável pela produção requerida; se um membro do grupo falha, todos são punidos; se a ilha alcança os índices exigidos, ou os supera, todos são premiados. (INÁCIO, 1999, p.154-155).

Na quarta forma, “Técnica: o meio perfeito de gerar mais técnica”, entende que a

técnica:

a serviço do sistema capitali sta, impõe ações e necessidades, as quais levam as pessoas a assumir comportamentos e desejos como sendo seus, corroborando para a perpetuação e o desenvolvimento do mesmo sistema. Há indicadores de que as técnicas utili zadas nas práticas esportivas e outras, durante o tempo disponível, transferem-se para o cotidiano do trabalho. (INÁCIO, 1999, p.157).

E, dessa forma, desenvolver técnicas por meio da oferta de lazer, pode se

constituir em “investimento mais fácil e econômico do que cursos de qualificação do

trabalhador, além de desenvolver nele comportamentos estereotipados.” (INÁCIO, 1999,

p.157).

Esta utili zação do lazer indica uma relação estreita com o trabalho, ambos, à

disposição de uma lógica capitalista.

É a construção, não só de um operário, mas de um ser humano, adequado às

necessidades produtivas e interesses mercadológicos do sistema capitalista.

Todavia, não se trata, esta, de uma determinação para os seres humanos. O lazer

também pode ser percebido, nos interstícios do sistema de fábrica, como espaços e parcelas de

tempo não administrados pelo capitalismo, como resistência à imposição dos modos de vida

criados pelo sistema (DECCA, 2002).

Trata-se de tentar transformar o “mundo do lazer” em espaço de autonomia e

autoconhecimento e não apenas em espaço de consumo e de tempo administrado (ALVAREZ,

2002).

28

Da mesma forma que o lazer cria novas ferramentas de exploração do trabalhador,

o lazer do trabalhador pode, dialeticamente, fazer emergirem valores de contraposição à ordem

hegemônica, “valores estes como a solidariedade, a cooperação e a justiça, na direção de um

mundo onde a única coisa a ser globalizada deve ser a felicidade humana!” (INÁCIO, 1999,

p.160).

Neste sentido, Antunes (2001) que propõe a redução da jornada ou do tempo

semanal de trabalho (sem redução de salário) para, entre outras coisas, “possibili tar o

afloramento de uma vida dotada de sentido fora do trabalho.” (p.22) – e uma vida dotada de

sentido fora do trabalho supõe uma vida dotada de sentido dentro do trabalho – compreende:

Esta luta pelo direito ao trabalho em tempo reduzido e pela ampliação do tempo fora do trabalho (o chamado “tempo li vre” ), sem redução de salário – o que, faça-se um parênteses, é muito diferente de flexibili zar a jornada, uma vez que esta se encontra em sintonia com a lógica do capital –, deve estar intimamente articulada à luta contra o sistema de metabolismo social do capital que converte o “ tempo li vre” em tempo de consumo para o capital, no qual o indivíduo é impelido a “capacitar-se” para melhor “competir” no mercado de trabalho, ou ainda a exaurir-se num consumo coisificado e fetichizado, inteiramente desprovido de sentido. (ANTUNES, 2001, p.24).

O autor indica a possibili dade do trabalho tornar-se dotado de sentido, em

contraposição à lógica do capital, que em diversas situações o desprovê e incumbe, entre

outros, ao “lazer” esta possibili dade: “Se o trabalho torna-se dotado de sentido, será também

(e decisivamente) por meio da arte, da poesia, da pintura, da literatura, da música, do tempo

livre, do ócio, que o ser social poderá humanizar-se e emancipar-se em seu sentido mais

profundo.” (ANTUNES, 2001, p.23).

Lembra Marcelli no (1999) que:

principalmente quando se aborda o lazer institucionalizado, quer nas empresas, quer em outras instituições como prefeituras, escolas etc., é fundamental para que aconteça o reconhecimento das pessoas envolvidas, e não apenas o simples consumo (feito muito bem, diga-se de passagem, pela indústria cultural), que a

29

participação não se dê de modo conformista, como consumidores de programações pré-elaboradas, mas como participantes efetivos das ações das quais deveriam ser sujeitos e não meros objetos (p.18).

O lazer que o autor concebe é “para além do descanso e do divertimento, muito

necessários, englobando valores de desenvolvimento pessoal e social, e como espaço possível

de superação de níveis conformistas de vivenciar a cultura, para níveis críticos e criativos,

tanto de difusão quanto de criação e participação culturais” (MARCELLINO, 1999, p.17-18).

30

2 PROCESSOS EDUCATIVOS EM PRÁTICAS SOCIAIS

O entendimento de práticas sociais adotado parte da construção coletiva de Silva

et al. (2005), que as indicam como:

relações que se estabelecem entre pessoas, pessoas e comunidade, na qual se inserem: pessoas e grupos, grupos entre si, grupos e sociedade mais ampla, num contexto histórico de nação e, notadamente em nossos dias, de relações entre nações, com objetivos como: -repassar conhecimentos, valores, tradições, posições e posturas diante da vida; -suprir necessidades de sobrevivência, de manutenção material e simbólica de pessoas, grupo ou comunidade; -buscar o reconhecimento social destas necessidades; -controlar, expandir a participação políti ca de pessoas, de grupos, de comunidades em decisões da sociedade mais ampla; -propor e/ou executar transformações na estrutura social, nas formas de racionalidade de pensar e de agir ou articular-se para mantê-las; -manter privilégios; -garantir direitos sociais, culturais, econômicos, políti cos, civis; -corrigir distorções e injustiças sociais; -pensar, refletir, discutir e executar determinada ação (p.1).

Nesta construção, a ênfase é dada às relações que se estabelecem. Vale dizer que

estas relações podem ocorrer e ocorrem em diversas situações e lugares, tais como, nas

calçadas de uma empresa, no horário do almoço; em um bar, durante um jogo de sinuca; numa

carona para determinado local; ou no desfrute do lazer, que é a prática social pesquisada neste

estudo.

Se as relações estabelecidas são as práticas sociais, a decorrência dessa

convivência, que, por exemplo, versa sobre um determinado assunto, contêm os processos

educativos.

Para isto, é evidente que o foco para as aprendizagens e para a educação não é

restrito ao contexto formal desta, ou seja, à educação formal. A seguir, principalmente a partir

de Paulo Freire, estão delineados alguns motivos para esta não restrição.

Freire (2005) tem a compreensão do homem e da mulher como seres histórico-

sociais, num permanente movimento de busca, porque têm a consciência do mundo e a

consciência de si como seres inacabados e inconclusos. Também os considera como seres

31

condicionados mas não determinados, “porque, inacabado, sei que sou um ser condicionado

mas, consciente do inacabamento, sei que posso ir além dele. Esta é a diferença profunda entre

ser condicionado e o ser determinado.” (p.53).

E na conscientização de um ser que não é apenas objeto da História mas seu

sujeito igualmente, Freire aborda o processo do conhecimento.

Na verdade, diferentemente dos outros animais, que são apenas inacabados, mas não são históricos, os homens se sabem inacabados. Têm a consciência de sua inconclusão. Aí se encontram as raízes da educação mesma, como manifestação exclusivamente humana. Isto é, na inconclusão dos homens e na consciência que dela têm. Daí que seja a educação um que-fazer4 permanente. Permanente, na razão da inconclusão dos homens e do devenir da realidade. Desta maneira, a educação se re-faz constantemente na práxis. Para ser tem que estar sendo. (FREIRE, 2006a, p.83-84).

O processo de conhecimento implica em uma busca permanente, mas também em

curiosidade pela compreensão ou inteligência do objeto.

Histórico-sócio-culturais, mulheres e homens nos tornamos seres em quem a curiosidade, ultrapassando os limites que lhe são peculiares no domínio vital, se torna fundante da produção do conhecimento. Mais ainda, a curiosidade é já conhecimento. Como a linguagem que anima a curiosidade e com ela se anima, é também conhecimento e não só expressão dele. (FREIRE, 2005, p.55).

Contudo, uma curiosidade que parte da curiosidade ingênua, a qual, tornando-se

mais e mais metodicamente rigorosa, transita para a epistemológica.

Na verdade, a curiosidade ingênua que, “desarmada”, está associada ao saber do senso comum, é a mesma curiosidade que, criti cizando-se, aproximando-se de forma cada vez mais metodicamente rigorosa do objeto cognoscível, se torna curiosidade epistemológica. Muda de qualidade e não de essência. (FREIRE, 2005, p.31).

4 Sobre o que-fazer, Freire (2006a) considera: “os homens são seres da práxis. São seres do quefazer, diferentes por isto mesmo, dos animais, seres do puro fazer. Os animais não “ad-miram” o mundo. Imergem nele. Os homens, pelo contrário, como seres do quefazer, “emergem” dele e, objetivando-o, podem conhecê-lo e transforma-lo com seu trabalho. (...) Mas, se os homens são seres do quefazer é exatamente porque seu fazer é ação e reflexão. É práxis. (...) O quefazer é teoria e prática.” (p.141).

32

É o respeito pelo saber de pura experiência feito, resultante da curiosidade

ingênua, mas também a consciência de sua necessária superação. Não se trata, então, apenas

do conhecimento escolar, construído na escola. Trata-se também, de um saber ingênuo, de um

saber popular que os educandos:

trazem consigo de compreensão do mundo, nas mais variadas dimensões de sua prática na prática social de que fazem parte. Sua fala, sua forma de contar, de calcular, seus saberes em torno do chamado outro mundo, sua religiosidade, seus saberes em torno da saúde, do corpo, da sexualidade, da vida, da morte, da força dos santos, dos conjuros (FREIRE, 2006b, p.85-86).

Conhecer e aprender trata-se de um processo educativo não restrito ao ensino

formal e em uma escala crescente. Acreditar no contrário é, sem dúvida, calar uma imensa

parcela da população.

Se estivesse claro para nós que foi aprendendo que percebemos ser possível ensinar, teríamos entendido com facili dade a importância das experiências informais nas ruas, nas praças, no trabalho, nas salas de aula das escolas, nos pátios dos recreios, em que variados gestos de alunos, de pessoal administrativo, de pessoal docente se cruzam cheios de significação. (FREIRE, 2005, p.44).

Porém, tal postura se revela dificultosa, pois, na relação com outras classes, como

a de profissionais/mediadores (VALLA, 1996), estas têm dificuldade de aceitar que “as

pessoas ‘humildes, pobres, moradoras da periferia’ são capazes de produzir conhecimento, são

capazes de organizar e sistematizar pensamentos sobre a sociedade” (p.178).

O cerne da questão é a necessidade de se reconhecer a cultura popular, com suas

representações sociais e visões de mundo específicas, elaboradas segundo lógicas e categorias

próprias. Ao ignorá-las ou desqualificá-las, corre-se o risco de não entendê-las em sua

essência, pois, as “classes subalternas” demonstram seus conhecimentos e eles são importantes

33

para que se tenha mais clareza da realidade. É necessário “aceitar o fato de que o

conhecimento é produzido também pelas classes subalternas” (VALLA, 1996, p.187).

Mesmo porque, contribui Freire (2006a), “dizer a palavra não é privilégio de

alguns homens, mas direito de todos os homens. Precisamente por isto, ninguém pode dizer a

palavra verdadeira sozinho, ou dizê-la para os outros, num ato de prescrição, com o qual rouba

a palavra aos demais” (p.90-91).

Freire (2001), ainda, denomina como isolamento negativo, a postura do

individualista que, egoistamente, faz girar tudo em torno de si e de seus interesses, e o

personifica como:

É a solidão de quem, mesmo na presença de uma multidão, só vê a si, à sua classe ou grupo, em sua gulodice afogando o direito dos outros. É gente que quanto mais tem, mais quer, não importam os meios de que se serve. Gente insensível que junta à insensibili dade sua arrogância e malvadez; que chama as classes populares, se está de bom humor, “essa gente” , se de mau humor, “gentalha” (p.17-18).

Compartilhar com tal postura individualista seria negar que estamos no mundo e

com o mundo e para isso com os outros, significando-o e significando-se através das relações

(FREIRE, 2001). Neste sentido, não cabe conceber o ser humano como mero objeto – ele se

recusaria a aceitar.

“A natureza social deste processo faz da dialogicidade uma relação natural a ele.

Nesse sentido, o anti-diálogo autoritário ofende a natureza do ser humano, seu processo de

conhecer e contradiz a democracia” (FREIRE, 2001, p.80).

Freire (2005), diz do conhecimento além dos conteúdos, o conhecimento para

“pensar certo” , que supera o ingênuo, é um ato comunicante, de entendimento co-participado

– “Só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que

os homens fazem do mundo, com o mundo e com os outros” (FREIRE, 2006a, p.67). Um

pensar antidogmático, anti-superficial, um pensar crítico.

34

Não há uma ruptura entre o saber de pura experiência feito e o que resulta dos

procedimentos metodicamente rigorosos, há sim uma superação.

Ainda em relação ao saber, Fiori (1986) aborda a conscientização como necessária

à educação e compreende que estas se implicam mutuamente. “A conscientização é o “retomar

reflexivo do movimento da constituição da consciência como existência”.” (p.3).

E ao produzir-se e reproduzir-se neste movimento, o ser humano constitui-se e

assume sua existência. “Neste refazer-se consiste seu fazer-se e seu fazer.” (FIORI, 1986, p.3).

Assim, a verdadeira educação requer participação ativa neste processo de constituição do ser

humano: “Educar, pois, é conscientizar, e conscientizar equivale a buscar essa plenitude da

condição humana.” (FIORI, 1986, p.3).

Nesta busca, ao ser humano cabe assumir a responsabili dade de educar-se em

comunhão e não simplesmente de ser educado por alguém.

Em consonância com Silva et al. (2006), os processos educativos são inerentes e

decorrentes de práticas sociais e se efetivam, “ independentemente de grupo social ou étnico-

racial e fazem parte, historicamente, dos processos de socialização, de formação para vida

presente em todas as sociedades” (p.15). E, “Ao re-conhecer os processos educativos em

práticas sociais voltamos um olhar crítico a um estabelecido monopólio pedagógico de um

sistema, que se pretende único meio pedagógico para realizar sua finalidade: educar” (p.17).

Nesta compreensão também está a de que:

as pessoas que estão nestas práticas sociais, constroem valores e participam da reelaboração da cultura de seu grupo. Não estando fora de condições sociais, históricas específicas, também são influenciadas e influenciam a educação institucionalizada. Esta última, não exclusiva da escola (SILVA et al., 2006, p.19).

35

Por todo o exposto, sobre práticas sociais e processos educativos, torna-se

possível compreender que nas relações entre trabalhadores de indústrias transnacionais, no

caso, em contexto de lazer (prática social lazer), permeiam processos educativos.

Porém, estes processos educativos tanto podem advir de uma educação em um

contexto de uma cultura autêntica, como de uma educação em um contexto de uma cultura

alienada.

A cultura autêntica é participação ativa, verdadeiro aprendizado, comprometido

com o processo histórico cultural, por isso mesmo conscientização, cultura que se sabe, saber

que critica e promove, em um processo educativo em que aprender não é receber, repetir e

ajustar-se, mas sim participar, desadaptar-se e recriar. Na cultura alienada, que passa a ser um

reflexo ideológico, mitificante, da dominação das consciências, o ser humano desumaniza-se,

porque se conforma, porque renuncia à historicização. O aprendizado se transforma em

domesticação, o ensino transmite o feito e impõe os valores dominantes. A educação se define

como adaptação, articulada na funcionalidade do sistema (FIORI, 1986).

O condicionamento, a domesticação de uma ideologia fatalista embutida no

discurso neoliberal, aplicada preponderantemente às classes populares, têm a capacidade de

penumbrar a realidade, de nos “miopizar” , de nos ensurdecer, de fazer a muitos de nós aceitar

docilmente discursos fatalistas neoliberais, que proclamam, por exemplo, “ser o desemprego

no mundo uma desgraça do fim do século” (FREIRE, 2005, p.126).

Para Freire (2005):

faz parte do poder ideológico dominante a inculcação nos dominados da responsabili dade por sua situação. Daí a culpa que sentem eles, em determinado momento de suas relações com o seu contexto e com as classes dominantes por se acharem nesta ou naquela situação desvantajosa. (...) Enquanto se sentirem assim, pensarem assim e agirem assim, reforçam o poder do sistema. (p.83).

36

Ianni (1993), partindo da perspectiva de nação pertencente à América Latina,

indica que há várias nações dentro da nação latino-americana e refere-se à “nação burguesa,

dominante, que profere o discurso do poder” e à “nação popular, camponesa e operária,

dispersa na sociedade e na geografia”. As diversidades escondem profundas desigualdades e

relações de dominação entre elas (p.35).

Tem-se então a constituição de dois pólos, de um lado os que aprisionam, oprimem

e dominam e, do outro, os que são aprisionados, oprimidos e dominados.

Mas, o verdadeiro processo educativo requer a reivindicação, para o ser humano,

da posição de sujeito do processo histórico. Valoriza o ser humano e, para isso, requer a opção

e a luta. A opção pelo ser humano e a luta por sua desalienação (FIORI, 1986).

Nesta perspectiva, autores como Dussel, Fiori e Freire se dedicam a pensar a

América Latina em um contexto de exploração e anunciam uma necessária busca de libertação.

Ao encontro a esta exposição, Dussel (s/d), a partir da construção de um

conhecimento filosófico e científico enraizado na experiência, na cultura, na história e nas

utopias dos povos periféricos, reconhecendo e apresentando a dominação sofrida pelos povos

da América Latina, a partir da opressão – pela matança, pela aculturação –, indica a tomada de

consciência para a ruptura, a libertação.

Nesse sentido, Fiori (1986) que entende a consciência como existência e história,

num movimento no qual o homem se constitui e assume, ao produzir-se e reproduzir-se, num

refazer-se que consiste seu fazer-se e seu fazer, apresenta a emergência de uma auto-

consciência crítica dos povos da América Latina, sendo para isso,

de vital importância uma reflexão comprometida com a práxis da libertação, que nos permita captar, com lucidez e coragem, o sentido último deste processo de conscientização. Só assim será possível repor os termos dos problemas de uma educação autenticamente libertadora: força capaz de ajudar a desmontar o sistema de dominação, e promessa de um homem novo, dominador do mundo e libertador do homem (p.3).

37

Pois, "inclusive a mais feroz dominação não é capaz de coisificar totalmente o

homem” (FIORI, 1986, p.6). "As estruturas podem aprisionar o homem ou propiciar sua

libertação, porém, quem se liberta é o próprio homem” (FIORI, 1986, p.3), quando toma sua

existência em suas mãos, quando protagoniza sua história.

Para a tomada ou retomada da existência, para o protagonismo Freire (2006a)

indica o caminho: a relação dialógica com o outro. Um diálogo igualitário, que supõe que as

falas e proposições de cada participante serão tomadas por seus argumentos e não pelas

posições que ocupam (idade, profissão, sexo, classe social, grau de escolaridade, etc.). “Isto

significa que o poder está na argumentação, entendida como apresentação de razões com

pretensões de validade.” (MELLO, 2003, p.5).

Deste modo, o ser humano vai constituindo sua humanidade e conquistando o

mundo, para libertar-se.

Conforme Lara (2003):

Por mais que se queira esconder, todos sabemos muito bem que a história de nosso povo é cheia de lutas e de resistências: desde as revoltas indígenas aos quilombos, das lutas pela libertação colonial às revoltas contra a escravidão e a tirania, até as greves dos trabalhadores no início e por todo o século XX (p.32).

A esse respeito, a educação entre trabalhadores no Brasil reafirma a história, pois

resulta de diversas iniciativas de operários no final dos anos 1960 e meados dos 1970 que

significavam uma forma de luta e resistência à ditadura militar, bem como uma recusa em

aceitar a ditadura do capital e a educação que por eles era oferecida aos trabalhadores e a seus

filhos (LARA, 2003).

a reforma do sistema educacional da ditadura militar5 trouxera o empobrecimento curricular e a ideologização dos conteúdos do ensino, além de uma pedagogia de

5 Ocorrida no Brasil entre 1964 e1984.

38

“ facilit ações” quanto aos conteúdos, avaliações e aprovações e o sucateamento da rede oficial da educação pública (LARA, 2003, p.33).

Em meio a uma pedagogia individualista, de escolas de educação profissional como

o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), de adestramento taylorista, com

disciplina militar e autoritária, tendo por intermédio um sistema de ensino programado de tipo

mecânico e tecnicista aplicado por meio de séries metódicas repletas de fórmulas prontas, por

instrutores e professores capazes de manter, ao mesmo tempo, posição imperial e indiferente

para com os “de baixo” e subalterna e subserviente com os “de cima”, enfim, uma educação

reduzida, individualista, autoritária, bancária e hierarquizante, surgiram iniciativas pelas quais

os operários mesmos assumiram a educação entre companheiros de trabalho, como uma forma

ou um exercício político de ação direta de educação nesse contexto de ditadura explícita do

capital e de repressão aos movimentos sociais (LARA, 2003).

Essa educação visava oferecer uma resposta aos interesses e necessidades de

trabalhadores de modo que se tornassem capazes de se assumir como sujeitos cidadãos, para

que melhor se aprofundassem na sua condição de trabalhadores, o que exigia um vínculo entre

sólida formação e educação geral e formação técnica e profissional que fosse, ao mesmo

tempo, crítica, criativa e socialmente responsável (LARA, 2003).

a educação dos trabalhadores era tomada como iniciativa e obra dos próprios trabalhadores que promoviam a sua valorização como cidadãos mediante formação condizente com o seu papel social, garantindo solidez a seus engajamentos. Não, como queriam fazer deles àquela época, em geral, os militares, os empresários e a sua políti ca: buchas de canhão, paus mandados, um rebotalho (LARA, 2003, p.35).

A seguir é apresentado um breve retrospecto desses episódios, de suma

importância, por se tratar, também, da indicação dos processos educativos construídos entre

trabalhadores, sujeitos esses que são o foco da presente pesquisa.

39

São destaques da primeira fase dessas iniciativas advindas de grupos de oposição

sindical do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Recife, os quais passaram a

se encontrar anualmente, a partir de 1979, em seminários de trocas de experiências,

conhecimentos e práticas e para aprofundar questões relativas à educação entre trabalhadores

(LARA, 2003):

– A valorização da experiência de vida, de trabalho e dos conhecimentos trazidos por cada um dos participantes. Se isso hoje é muito fácil e bonito de se dizer, naquela época não era assim: entre qualquer operário e coisa nenhuma não havia diferença alguma – operário era como soldado raso numa guerra. – O estudo participado e em conjunto, em que cada um expunha os seus pontos de vista até se chegar a uma formulação comum, entendida e aceita por todos. – O combate sem trégua ao caráter autoritário do conhecimento e à carga de autoridade que o conhecimento costuma carregar junto com ele. – O desenvolvimento, por parte de cada um, de seu próprio pensamento, recusando-se a simples memorização dos recursos muito usados pelas fábricas, de fórmulas mágicas e de facilit ação ou de constantes numéricas milagrosas. – A descoberta gradual da não-neutralidade técnica. (LARA, 2003, p.37-38).

Tudo isso se dando de dentro e em conformidade ao que era o pensamento

corrente entre operários na época, ou seja:

– a indústria era tida como passo importante no processo de progresso social; – o operariado industrial era considerado o sujeito histórico das transformações sociais; – a indústria abrigaria em si mesma todos os conhecimentos básicos e necessários à sustentação da sociedade; e – como esses conhecimentos estavam locali zados na indústria, eles se encontravam, portanto, ao alcance dos trabalhadores; bastava para isso que se aliasse a teoria à prática – seja no campo técnico, seja naqueles políti co e econômico (LARA, 2003, p.38).

Nos anos 1980 as iniciativas de educação entre trabalhadores seguiram seu curso,

buscando sistematizar suas práticas e aprimorar as suas descobertas, aquisições e propostas e

inaugurando um processo que se manterá vivo até o presente:

– Discute-se muito a dimensão políti ca da formação profissional. – Aprofunda-se o debate sobre a não neutralidade da técnica, do ponto de vista da exploração do trabalhador, da negação do conhecimento, do esgotamento do planeta, etc. –

40

Propõe-se a construção conjunta de um processo pedagógico de educação entre trabalhadores caracterizado pela – criação conjunta do saber – a partir da experiência de cada um – por meio de um método de perguntação/formulação do pensamento e decifração comum – com participação pessoal e direta de todos. – Experimentam-se programas de solidariedade concreta, reunindo trabalhadores urbanos e rurais, por intermédio de seus próprios trabalhos. – E se busca o resgate da história, do trabalho e das técnicas, e das lutas dos trabalhadores e das sociedades (LARA, 2003, p.39-40).

Nos anos 1990, num período em meio à perplexidade de saber que tinha que

mudar, mas não se sabia bem para onde ir, iniciou-se uma discussão sobre geração de trabalho

e renda, na esteira do surgimento de diversas iniciativas econômicas, tanto de cooperativas e

grupos autogestionários como de ocupação da direção de fábricas falidas por parte dos

próprios trabalhadores, o que acabou se culminando numa grande discussão em torno do

conceito de uma economia solidária, na qual as escolas de trabalhadores também entraram,

dando força a várias experiências de Centros Públicos de Formação Profissional e de

Observatórios de Políticas Públicas de emprego e renda (LARA, 2003).

Nos anos do presente século, o debate segue o curso para a economia solidária e

para as políticas públicas e às escolas de trabalhadores cabem enfrentar os desafios da

educação de tais cidadãos numa sociedade em crise, de trabalho e assim, também de educação

e cidadania (LARA, 2003).

A respeito da conceituação da educação, o autor a compreende como:

aquele processo dialógico pelo qual o sujeito humano se sociali za, entra na cultura de seu grupamento humano, de seu povo, contribuindo e dialogando com ela e repondo-a criativamente – por todo o decorrer de sua vida. De fato, o sujeito humano deve receber da sociedade as significações sociais para que, por meio delas, possa passar a se expressar de modo a ser compreendido pelos seus semelhantes. Inicia-se assim o seu processo dialógico da educação, que deve permanecer por toda a vida (LARA, 2003, p.50).

E assim, a educação pode ser considerada o lado subjetivo do trabalho, pois:

41

– pelo trabalho, o sujeito humano participa do processo de reposição criativa da ‘cidade’ – das condições culturais do bem viver; e – pela educação, o sujeito humano apreende e aprimora em si próprio as suas condições de diálogo e de participação nesse trabalho que é toda a sociedade que reali za, desenvolvendo assim os seus atributos pessoais (LARA, 2003, p.50-51).

“Trata-se, portanto, da educação – não do indivíduo mas do sujeito social6 que é

essa nova figura que vem surgindo das lutas sociais do final do século XX e início do século

XXI” (LARA, 2003, p.51-52).

Após a apresentação da relação da educação com o trabalho, agora será exposta a

relação entre educação e lazer.

Para Marcelli no (2000), o lazer pode assumir um caráter “revolucionário” e

portador de duplo papel: veículo e objeto de educação. Veículo (educação pelo lazer) porque

as possibili dades de desenvolvimento pessoal e social que a prática de lazer oferece estão

próximas ou se confundem com os objetivos mais gerais da educação.

só tem sentido se falar em aspectos educativos do lazer, se esse for considerado (...) como um dos possíveis canais de atuação no plano cultural, tendo em vista contribuir para uma nova ordem moral e intelectual, favorecedora de mudanças no plano social. Em outras palavras: só tem sentido se falar em aspectos educativos do lazer, ao considerá-lo como um dos campos possíveis de contra-hegemonia (MARCELLINO, 2000, p.63-64).

E objeto de educação (educação para o lazer) porque o próprio lazer pode ser o

motivo da ação educativa para que se desenvolva, por exemplo, a criticidade e seletividade de

opções, ao invés da restrição ao lazer funcionalista (lazer dotado de emissão de valores

6 “sujeito social é aquele que se reconhece como recebedor/construtor da cultura e da história humana, encontrando-se em processo permanente de permuta e de partilha com o mundo social e que é capaz de assumir toda a responsabili dade por seus atos, sem delegação e sem se deixar capturar nem pelo Estado, na figura do indivíduo – se proprietário ou eleitor –, nem pelo capital, na figura da massa – se operário ou consumidor” (LARA, 2003, p.52).

42

funcionalistas7) e ao “lazer mercadoria” (mercadorização do lazer enquanto entretenimento

rentável8), largamente disseminados na sociedade.

Marcelli no (2000) propõe o reconhecimento da relação lazer-escola-processo

educativo, no que denomina de “pedagogia da animação”, animação englobando os sentidos de

vida, de movimento e de alegria, mudança, canal possível para busca de transformações, aqui

e agora.

estaria ligada à criação de ânimo, à provocação de estímulos, e à cobrança da esperança. À preparação não para uma sociedade dominada pela exploração do trabalho, ou para o ideal questionável de uma “civili zação do lazer” . Mas à educação para o movimento do presente, o que implica em não considerá-lo imutável, e que entra em choque profundo com a visão “funcionalista” do lazer (MARCELLINO, 2000, p.142).

Quanto às atividades do contexto do lazer, Dumazedier (1980) constrói cinco

categorias como conteúdos culturais do lazer, as quais denomina de:

• Interesses físicos – constituído pelas práticas esportivas, passeios, pesca, ginástica e

demais atividades nas quais prevalece o movimento ou o exercício físico. Novas relações

com a natureza são buscadas, como reações às condições de trabalho e convivência nos

grandes aglomerados urbanos, ou à superação de limites do próprio corpo;

• Interesses práticos – representado pela capacidade de manipulação, seja para transformar

objetos/materiais ou para lidar com a natureza. Como reação contra o consumismo e a

7 “busca, sobretudo, a manutenção do “status quo” , procurando mascarar essa verdadeira intenção, através de um falso humanismo” (MARCELLINO, 2000, p.39). O autor distingue quatro abordagens: Romântica: a ênfase é dada nos valores da sociedade tradicional e na nostalgia do passado; Morali sta: vê nas atividades de lazer, um espaço propício para a efetivação de comportamentos negativos, perigosos, destrutivos e de valores suspeitos gerados na sociedade moderna, mas que podem ser substituídas por vivências de atividades socialmente aceitas e moralmente corretas; Compensatória: sob esta ótica, o lazer compensa a insatisfação e alienação produzidas no trabalho e em outras esferas de atuação humana; Utilit arista: o lazer é entendido como recuperador da força de trabalho, ou como instrumento privilegiado para o desenvolvimento (MARCELLINO, 2000). 8 “Não atividades populares ligadas à alma da população, mas “popularescas” , no sentido de nivelamento “por baixo” , com o único objetivo de “desviar a atenção de” , e esse “de” , quase sempre, pode ser entendido como a triste realidade pessoal e social dos seres humanos. É a distração, significando alheamento” (MARCELLINO, 2001, p.9).

43

massificação, busca-se a produção de objetos, em que o produtor domine todo o processo

ou a relação estreita com a natureza, numa reprodução das situações verificadas nas

sociedades tradicionais. Os exemplos são o artesanato, a bricolagem, a jardinagem e o

cuidado com os animais;

• Interesses artísticos – seu conteúdo é estético e representa a procura da beleza e do

encantamento, a satisfação do imaginário, representado pelas imagens, emoções e

sentimentos. Abrangem as festas, o cinema, o teatro, a música, a literatura de ficção, as

artes plásticas;

• Interesses sociais – procura-se fundamentalmente o contato direto com outras pessoas,

por meio de um relacionamento com preponderância social. Busca-se o repouso, o

divertimento e a informação. Exemplos específicos são os bailes, os bares e cafés servindo

de pontos de encontro, de freqüência a associações e outros. Brincadeiras com os filhos,

jogos com parentes e amigos; participação em grupos e associações também são exemplos

dos interesses sociais;

• Interesses intelectuais – a ênfase é dada ao conhecimento vivido, experimentado. Busca-

se o contato com o real, com as informações objetivas e explicações racionais, porém

assistemáticas, baseadas em leituras, participação em cursos livres, entre outros.

Camargo (1989) acrescenta mais uma área de interesse cultural no lazer, o

turístico, denominando de Atividades turísticas de lazer. Para ele, “O interesse cultural central

dos indivíduos que buscam este gênero de atividades é a mudança de paisagem, ritmo e estilo

de vida.” (p.26).

Conhecer novos lugares, novas formas de vida, alterar num curto período (férias,

fins de semana) a rotina cotidiana, são aspectos presentes nas atividades turísticas, como as

buscas por novas paisagens (paisagens de sol, céu e água), ritmos (opostos à rigidez do tempo

44

de trabalho urbano) e estilos de vida (mais requintado, embora não necessariamente mais

dispendioso, de consumo de comidas, bebidas, roupas e lembranças).

A respeito de intenções, indica a praia como sendo a primeira, seguida das

montanhas, dos campos e dos lugares históricos, porém enfatiza que o turismo não abrange

apenas longas viagens. A própria cidade onde se mora pode ser o principal espaço turístico

(entre os principais itens do turismo local estão: visitas a lojas, shoppings, parques, museus, a

freqüência a shows e restaurantes).

Complementando os conteúdos do lazer, Schwartz (2003) propõe o Interesse

virtual: formas de atividades do lazer que utili zam tecnologia como as do computador,

videogame, televisão.

45

3 COMO ESTUDAR O LAZER ENQUANTO PRÁTICA SOCIAL

Com o fim de desvelar, essencialmente, as compreensões relacionadas ao lazer e

aos processos educativos dos quatro grupos de trabalhadores de duas indústrias transnacionais

instaladas na cidade de São Carlos, elegemos a fenomenologia como referencial metodológico

para a realização desta pesquisa, principalmente por ela considerar as subjetividades e

intersubjetividades das experiências e nestas a importância das relações com-os-outros.

O mundo fenomenológico é não o ser puro, mas o sentido que transparece na intersecção de minhas experiências, e na intersecção de minhas experiências com aquelas do outro, pela engrenagem de umas nas outras; ele é portanto inseparável da subjetividade e da intersubjetividade que formam sua unidade pela retomada de minhas experiências passadas em minhas experiências presentes, da experiência do outro na minha (MERLEAU-PONTY, 2006, p.18).

A fenomenologia é o estudo das essências, não se trata de explicar, nem de

analisar, mas sim de descrever, compreender, retornar “às coisas mesmas”. “É a tentativa de

uma descrição direta de nossa experiência tal como ela é, e sem nenhuma deferência à sua

gênese psicológica e às explicações causais” (MERLEAU-PONTY, 2006, p.1).

Segundo Machado (1994): “Compreender diz respeito a uma forma de cognição

que diverge da explicação. Compreender é tomar o objeto a ser investigado na sua intenção

total, é ver o modo peculiar específico do objeto existir. Explicá-lo é tomá-lo na sua relação

causal” (p.35-36).

Na fenomenologia,

A preocupação se dirige para aquilo que os sujeitos da pesquisa vivenciam como um caso concreto do fenômeno investigado. As descrições e os agrupamentos dos fenômenos estão diretamente baseados nas descrições dos sujeitos, e os dados são tratados como manifestações dos fenômenos estudados. O objeto da investigação é coletar descrições e trabalhar a essência do fenômeno (MARTINS e BICUDO, 1989, p.30).

46

Não se realizam análises prematuras ou construções explicativas a priori nas

descrições dos fenômenos, não há formulação de hipóteses sobre o buscado, mas apenas a

visualização do fenômeno tal como se mostra, através de descrições ingênuas ou não

interpretadas do mesmo (MARTINS e BICUDO, 1989).

E para isso, Martins e Bicudo (1989) indicam o uso da entrevista, apesar de que,

ao nosso ver, o posicionamento tomado pelos autores quanto a ser esta a única possibili dade,

tenha sido, talvez, um pouco exagerado: “sempre que se desejar desocultar a visão que uma

pessoa possui sobre uma determinada situação é preciso que se lance mão do recurso que a

entrevista fornece. Ela é a única possibili dade que se tem de obter dados relevantes sobre o

mundo-vida9 do respondente” (p.54).

Vale salientar e retomar que, pelo objetivo de realização de descrições ingênuas do

fenômeno, a adoção do recurso de gravação dos discursos dos sujeitos para posterior

transcrição literal é o mais indicado.

Na pesquisa fenomenológica, o investigador, de início, está preocupado com a natureza do que vai investigar, de tal modo que não existe, para ele, uma compreensão prévia do fenômeno. Inicia o seu trabalho interrogando o fenômeno. Isso quer dizer que ele não conhece os característicos essenciais do fenômeno que pretende estudar (MARTINS e BICUDO, 1989, p.92).

E nesse movimento diante do fenômeno, na medida em que o interrogamos

apresentou-se a nós a necessidade de alteração da interrogação que, em princípio, foi O que é

isto, lazer para o(a) senhor(a)?, passando a ser Descreva o lazer para o(a) senhor(a), no seu

dia-a-dia. Tal necessidade foi visualizada a partir das primeiras coletas em duas empresas que

acabaram não fazendo parte desta pesquisa, pois não autorizaram a gravação dos discursos.

Acrescentamos, que o discurso de um sujeito do grupo Executivo de uma das empresas

9 Mundo-vida diz respeito ao mundo pré-reflexivo ou pré-objetivo (MERLEAU-PONTY, 2006).

47

constante nesta pesquisa, também foi desconsiderado para a análise, primeiramente, por ter

sido realizado com a interrogação primeira, o que não é o motivo principal e porque o sujeito

não mais está na unidade da empresa, situada na cidade de São Carlos.

Como procedimento metodológico, utili zamo-nos de entrevistas pautadas no

referencial metodológico da Fenomenologia, modalidade fenômeno situado (MARTINS e

BICUDO, 1989; MACHADO,1994; GONÇALVES JUNIOR, 2003), realizando uma

interrogação orientadora: Descreva o lazer para o(a) senhor(a), no seu dia-a-dia, completada

com outras questões, quando pertinente, tomando o cuidado de interferir o mínimo possível

nas falas dos sujeitos.

Todas as entrevistas foram gravadas em mini-fitas cassete magnéticas e,

posteriormente, transcritas para análise dos dados, sempre com autorização prévia dos

entrevistados10.

O estabelecimento da quantidade de sujeitos se deu em processo, diante das

possibili dades das empresas, das pessoas, e, em certa medida, conforme foi ocorrendo

repetição das asserções do fenômeno em estudo.

Na pesquisa qualitativa, os critérios de seleção dos sujeitos são de compreensão,

de pertinência e não de representatividade estatística, é visado o aprofundamento no

conhecimento da realidade e, de forma alguma, generalização dos resultados ou “totalidade

amostral” (PAIS, 2001).

Assim, nas empresas, aqui denominadas de A e B, pela preservação dos nomes,

aspecto acordado com as mesmas, assim como também, dos nomes dos sujeitos, o

procedimento para a coleta de dados foi o de realizar as entrevistas no interior das empresas,

auxili ado por um funcionário, que destacou os funcionários para a pesquisa. O critério

10 O modelo do termo de consentimento é apresentado no Apêndice.

48

utili zado para a seleção, conforme indicado pelos funcionários responsáveis para tal, foi o de

disponibili dade, ou seja, os trabalhadores foram eleitos a partir da menor interferência possível

no desenvolvimento das atividades das empresas.

Na empresa A foram três momentos, nos meses de outubro e novembro de 2006,

contando com 1 sujeito do grupo Executivo, 3 do Administrativo, 2 do Produção, 4 do

Terceirizados; na empresa B foi um momento em janeiro de 2007, com 1 do grupo Executivo,

3 do Administrativo, 3 do Produção e 3 do Terceirizados.

A análise dos dados foi pautada no enfoque metodológico qualitativo, o qual

privilegia, essencialmente, a compreensão dos fenômenos a partir dos sujeitos da investigação

(BOGDAN e BIKLEN, 1994).

Utili zando fundamentalmente de entrevista que: “encerra o significado de encontro

combinado, marcado entre pessoas (...) E diz respeito ainda à prestação de informações ou de

opiniões sobre determinada temática, feita de forma oral, pelo entrevistado” (NEGRINE,

1999, p.73), buscamos ultrapassar a simples emissão de opiniões, pois, como entendido por

Larrosa Bondía (2002), pensamos a partir de nossas palavras e não a partir de uma suposta

genialidade ou inteligência. Não pensamos com pensamentos, mas com palavras.

E pensar não é somente ‘ raciocinar’ ou ‘calcular’ ou ‘argumentar’ , como nos tem sido ensinado algumas vezes, mas é sobretudo dar sentido ao que somos e ao que nos acontece. E isto, o sentido ou o sem-sentido, é algo que tem a ver com as palavras. E, portanto, também tem a ver com as palavras o modo como nos colocamos diante de nós mesmos, diante dos outros e diante do mundo em que vivemos (LARROSA BONDÍA, 2002, p.21).

Assim, procuramos, com o uso da entrevista, perceber a experiência dos sujeitos

participantes sobre a temática abordada, atentando-nos para que a “própria forma de relatar a

experiência indica a concepção de mundo de quem faz o relato” , e “de acordo com a formação

de cada um, a sua história de vida e as suas vivências de cada dia, uma leitura do outro é feita,

49

não necessariamente de tudo que o outro fala, mas daquilo que mais chama a atenção, daquilo

que mais interessa” (VALLA, 1996, p.179-180).

Outrossim, é oportuno considerar que a experiência,

é singular. (...) é irrepetível, sempre há algo como a primeira vez. (...) tem sempre uma dimensão de incerteza que não pode ser reduzida. Além disso, posto que não se pode antecipar o resultado, a experiência não é o caminho até um objetivo previsto, até uma meta que se conhece de antemão, mas é uma abertura para o desconhecido, para o que não se pode antecipar nem ‘pré-ver’ nem ‘pré-dizer’ (LARROSA BONDÍA, 2002, p.28).

Para a análise do fenômeno situado que, segundo Machado (1994), é a análise

daquele fenômeno que colocamos diante dos nossos olhos, tem-se que abandonar a maneira

comum de olhar e estabelecer contato direto com o fenômeno vivido, por meio de uma leitura

cuidadosa de todas as descrições, para chegar, então, a um sentido do todo. E, para isso, esta

análise envolve dois momentos: o da Análise Ideográfica e o da Análise Nomotética.

A Análise Ideográfica refere-se ao emprego de ideogramas ou representações por

meio de símbolos.

Os ideogramas expressam idéias. Buscam tornar visível a ideologia que permeia as descrições ingênuas (Descrições ingênuas vistas como naturais e espontâneas) do sujeito. O telos nesta fase da pesquisa é produzir a inteligibili dade do fenômeno através do desocultamento das idéias articuladas antes do discurso ser expresso. Assim, o pesquisador na análise descobre e atribui significados. – explicação da própria autora em nota de rodapé (MACHADO, 1994).

Neste processo de atribuição de significados, o pesquisador busca acesso ao

mundo-vida e ao pensar do sujeito (MACHADO, 1994). “Apreendem-se, então, da leitura de

cada descrição as “unidades de significado” , enquanto aspectos que impressionam o

pesquisador, dentro de seu campo perceptual, para chegar à evidência das experiências.”

(MACHADO, 1994, p.41).

50

Selecionadas as “unidades de significado” , estas são convertidas para um discurso

educacional na forma de asserções, que indiquem o mais fielmente possível as idéias articuladas

no discurso do sujeito (MACHADO, 1994).

Dá-se então a passagem dos objetos para os significados. No conjunto da descrição, nenhum objeto se apresenta isolado, mas pertinente a um horizonte (Entendido como a espacialidade que se prolonga até onde a compreensão do olhar alcança, e que se estende à medida que a compreensão abrange “coisas” , apropriando-se mais do mundo) existencial. – expli cação da própria autora em nota de rodapé (MACHADO, 1994, p.41).

Isto é feito, então, por intermédio de uma redução, que “É o movimento do

espírito humano que, através dos seus atos de perceber, intuir, imaginar, fantasiar, lembrar,

raciocinar, organizar, consegue transcender a multiplicidade dos diferentes aspectos do

fenômeno olhado e compreender aquilo que é essencial.” (MACHADO, 1994, p.41), uma

síntese das proposições consistentes apresentadas nas expressões reveladoras do pensar do

sujeito, constituindo agrupamentos por temas, entendidos como categorias abertas

(MACHADO, 1994).

Este movimento caracteriza-se pela busca da essência ou da estrutura do fenômeno. Ao ver que o fenômeno se ilumina diante de si, o pesquisador reconhece-se ligado ao sujeito pesquisado por uma relação dialética entre o seu horizonte conceitual e a experiência do sujeito, onde através da intersubjetividade, estabelece objetivamente os seus resultados. (MACHADO, 1994, p.41).

Porém, a essência ou a estrutura do fenômeno não é o fim da análise, mas o meio

pelo qual se pode trazer à luz o que as relações vividas apresentam de ordem geral ou de

aspecto idiossincráticos (MACHADO, 1994). Para tanto, recorre-se à Análise Nomotética,

porque ela equaciona esses aspectos.

“A análise nomotética na pesquisa qualitativa indica um movimento de passagem

do nível individual para o geral, ou seja, move-se do aspecto psicológico individual para o

51

psicológico geral da manifestação do fenômeno.” (MACHADO, 1994, p.42). E a estrutura

psicológica geral é resultante da compreensão das convergências e divergências dos aspectos

que se mostram nas análises ideográficas.

As convergências passam a caracterizar a estrutura geral do fenômeno e as

divergências indicam percepções individuais resultantes de modos pessoais de reagir mediante

agentes externos (MACHADO, 1994).

A análise nomotética não é apenas uma verificação cruzada da correspondência de afirmações reais, mas uma profunda reflexão sobre a estrutura do fenômeno. As generalidades obtidas nesta análise indicam a iluminação de uma perspectiva do fenômeno, considerada a inesgotável abrangência de seu caráter perspectival. – expli cação da própria autora em nota de rodapé (MACHADO, 1994, p.42-43).

Gonçalves Junior (2003) sintetiza a análise do fenômeno situado em: após a

transcrição rigorosa dos discursos é realizado o levantamento de asserções significativas para o

pesquisador (Identificação das Unidades de Significado e Redução Fenomenológica); ao

perceber convergências, divergências ou ainda idiossincrasias nos discursos dos sujeitos são

estabelecidas categorias estruturais e agrupadas as unidades de significado sob essas

(Organização das Categorias); na última fase é apresentada uma compreensão do fenômeno

investigado, a partir dos dados organizados na matriz nomotética (Construção dos

Resultados).

52

4 DESVELANDO COMPREENSÕES

Iniciando o movimento em busca da construção dos resultados, são apresentadas, a

seguir, as unidades de significado e as reduções fenomenológicas dos discursos11 de cada

sujeito, expostas a partir da separação dos indivíduos em grupos (Executivo, Administrativo,

Produção e Terceirizado). Desta forma, preservando o anonimato das empresas, bem como

dos sujeitos, como já salientado anteriormente, aquelas recebem a denominação A e B, e para

os sujeitos, a numeração com algarismos romanos. No grupo Executivo, então, são

apresentadas as unidades de significado e as reduções fenomenológicas dos discursos do

Sujeito I da Empresa A (Ie – A) e do Sujeito I da Empresa B (Ie – B); no grupo

Administrativo, Ia – A, IIa – A, III a – A, Ia – B, IIa – B e III a – B; no grupo Produção, Ip –

A, IIp – A, Ip – B, IIp – B e III p – B; no grupo Terceirizado, It – A, II t – A, III t – A, IVt – A,

It – B, II t – B e III t – B.

4.1 Redução fenomenológica

4.1.1 Grupo Executivo:

4.1.1.1 Sujeito Ie – Empresa A

Unidade de Significado Redução Fenomenológica

no contexto do, do, do, do nosso trabalho, né? aqui na fábrica, é, obviamente que a partir do momento que você assume steps superiores em termos de responsabili dade dentro da fábrica isso mais te toma a, a nível de concentração.1

O trabalho com nível de responsabili dade elevado exige uma dedicação maior, em relação à concentração de tarefas/atividades.1

nesse quesito, quais os momentos em que eu aproveito para ter lazer dentro da fábrica? Quando nós fazemos uma celebração de aniversariantes, então eu procuro, dentro dessas celebrações curtir com a pessoa aquele momento na sua intensidade, ou seja, mis, saindo do papel de gerente de recursos humanos, né?2

Por ter uma elevada concentração de tarefas/atividades meus momentos de lazer na empresa são em celebrações, nas quais saio do papel de gerente de recursos humanos e curto com as pessoas intensamente.2

11 Os discursos na íntegra são apresentados no Anexo (Grupo Executivo; Grupo Administrativo; Grupo Produção; Grupo Terceirizado).

53

momento na sua intensidade, ou seja, mis, saindo do papel de gerente de recursos humanos, né?2 quando nós tivemos a nossa celebração de dez anos eu estive com a minha filhinha, que eu tenho uma bebê de dois anos e nós estivemos assim, com o pessoal curtindo os brinquedos, né? comendo, bebendo e aproveitando na sua intensidade o momento, esquecendo da posição que nós ocupamos, porque a hierarquia nesse momento, ela tem que cair no chão. Esse é o meu modo de pensar.3

Estive em uma celebração com minha filha e curtimos, com o pessoal, os brinquedos, comendo, bebendo, aproveitando o momento na sua intensidade, esquecendo as posições que ocupamos, esquecendo a hierarquia.3

Pra que as pessoas que estão com você celebrem e fiquem felizes, e que sintam próximos e você também aproveite, né? que você também tenha um momento de felicidade e de, des, de desestresse, né?4

Colocando de lado a hierarquia, as posições ocupadas, as pessoas se sentem mais próximas, celebram, ficam felizes e assim você também aproveita, tem um momento de felicidade, de diminuição do estresse.4

o teu dia-a-dia é um estresse muito grande e, e, é, e assim, é o exigido hoje em qualquer companhia, né?5

O exigido pelas companhias, hoje, faz com que o teu dia-a-dia seja um estresse muito grande.5

nós recebemos ontem uma certificação, uma recertificação, conseguimos novamente noventa e dois pontos percentuais na VDA. Nós vamos agora partir com um dos nossos analistas cumprimentando o pessoal da linha. E esse é um momento que eu vou curtir muito. Eu vou curtir muito como pessoa também.6

Recebemos uma nova certificação e vamos agora, junto com um dos analistas, cumprimentar o pessoal da linha de produção, o que vou curtir muito, inclusive pessoalmente, fora do papel de gerente de recursos humanos.6

Porque o momento que os funcionários que eu já conheço o nome, sei que tem filhos, tinha alguém doente na família. É um momento onde hoje eu pergunto como é que estão e tudo mais. Então é um momento de proximidade muito legal.7

No momento de cumprimentar o pessoal da linha de produção pela nova certificação, aproveito para perguntar de suas vidas pessoais, o que transforma o momento em uma ocasião de proximidade muito legal.7

é um momento que assim, eu procuro esquecer da gerente de recursos humanos, e até se vem alguma pergunta nesse sentido eu falo, não, esse é o nosso momento esse não é o momento de nós resolvermos nada, né?8

Em momentos de confraternização, procuro esquecer do papel de gerente de recursos humanos, e o que me perguntam relacionado à minha função, peço para que seja resolvido em outro momento.8

Mas esse é um momento de celebrar. Parabéns pelo que você fez, parabéns pelo que você apresentou, essa foi uma vitória a mais para essa fábrica que foi os noventa e dois pontos percentuais.9

Momentos de celebrações por conquistas são para parabenizar os funcionários pela vitória para a fábrica.9

o que acontece fora da fábrica é, já foi pior,10 Meu lazer fora da fábrica já foi pior.10 eu era da área de logística. E a área de logística ela é, ela é uma bolsa de valores, né? porque todos os dias, nós fechamos o dia às (fala rindo) seis horas da manhã. Então, é, quanto a lazer pessoal fora da fábrica sempre foi muito difícil ter.11

Em outra área que atuava na empresa, terminava minhas tarefas/atividades muito tarde, o que sempre dificultou meu lazer pessoal fora da fábrica.11

54

quanto a lazer pessoal fora da fábrica sempre foi muito difícil ter.11 Depois nasceu a minha bebê, ficou mais difícil ainda.12

Após o nascimento da minha filha, o meu lazer pessoal, fora da fábrica, ficou mais difícil ainda.12

algo que a gente tem buscado é justamente termos condições de nós todos executivos, assim, como todos os funcionários, tem o seu horário de entrada e o seu horário de saída.13

Buscamos que os executivos cumpram seu horário de trabalho sem extrapolá-lo muito.13

É, o que nós estamos tentando hoje, é incutir esse sentimento no, na turma executiva, por quê? Os executivos se acham na obrigação de passar aqui dia e noite. E isso não é, isso não é administração de tempo nenhuma e não traz nenhum outro beneficio pra companhia.14

Estamos tentando incutir nos executivos o sentimento de não se sentirem na obrigação de passar dia e noite na empresa, pois isso não traz nenhum benefício para a companhia.14

Mas é obvio que existem momentos que você tem que ter uma dedicação maior. Por exemplo, nós, ontem, saímos daqui quase dez horas, porque estamos em negociação de TLR. Mas é um momento pontual, não é o nosso dia-a-dia.15

Momentos de extrapolação do horário de trabalho são necessários para nós, executivos, mas não é o nosso dia-a-dia, são momentos pontuais.15

No nosso dia-a-dia, o que nós, hoje, do recursos humanos estamos fazendo, é tentando trazer essa noção de qualidade de vida necessária para que no dia seguinte você desempenhe melhor.16

Como ação do dia-a-dia, nós do recursos humanos estamos tentando trazer a noção de qualidade de vida necessária para que no dia seguinte você desempenhe melhor o seu trabalho.16

se você tem um horário mais ou menos que você consiga cumprir e consiga ter um lazer fora da fábrica, e dar uma caminhada, e ficar com o teu filho e conseguir comer um lanche fora, enfim, que você consiga fazer coisas extras, anormais do seu dia-a-dia, é muito importante pro dia seguinte, você vai estar melhor, você vai estar, é, mentalmente mais tranqüilo e aí a sua razionabili dade é muito maior, né?, sua posição de raciocínio, a sua velocidade de raciocínio.17

Ter um horário que você consiga ter um lazer fora da fábrica, fazer coisas extras, anormais do seu dia-a-dia, é muito importante porque no dia seguinte você vai estar melhor, mentalmente mais tranqüilo e sua posição e velocidade de raciocínio é muito maior.17

Mas hoje, ainda, a gente vive um momento difícil. A fábrica está passando por uma estru, reestruturação grande, isso é sabido nacionalmente, né? e assim, eu te confesso que eu levo uma vida extremamente sedentária ainda.18

Confesso que, hoje, ainda levo uma vida extremamente sedentária porque a fábrica vive um momento difícil, um momento de reestruturação.18

eu saí da logística que era uma área que assim, nos tomava, nós organizamos, reorganizamos toda a logística, nós fizemos toda uma, uma revisão de conceito de transporte, nós pusemos um (trecho incompreensível) pra rodar, enfim, então foi um trabalho que demorou. Foram quatro anos de trabalho para conseguir o primeiro verde numa VDA logística própria.19

Saí de uma área na qual tivemos muito trabalho para reorganizá-la. Foram alguns anos de muito trabalho.19

55

demorou. Foram quatro anos de trabalho para conseguir o primeiro verde numa VDA logística própria.19 E, agora no (trecho incompreensível) no recursos humanos está sendo a mesma coisa.20

Agora, no recursos humanos, também estou tendo muito trabalho.20

Só as máquinas você substitui, as pessoas você instrui e qualifica, né? e a sua gestão é que incentiva e, assim, você tem resultados por gestão, são fantásticos. 21

As máquinas você substitui, as pessoas você instrui e qualifica, e o que as incentiva é a sua gestão e assim, você tem resultados fantásticos.21

E então nesse (trecho incompreensível) de recursos humanos eu também aí estou sem lazer de vida própria, de vida pessoal. Mas eu também tô tentando me organizar para que eu tenha num futuro bem breve a posição de sair daqui e fazer aquilo que eu lhe disse, conseguir sentar na sala, brincar com a minha filha, conseguir dar um passeio com ela numa praça que fique próximo ou ir dar uma caminhada que eu acho isso muito importante, me faz muito bem. Eu ainda não consigo, mas me faz muito bem.22

No recursos humanos também estou sem lazer de vida própria, de vida pessoal, mas estou tentando me organizar para que eu tenha num futuro bem breve a posição de sair daqui e conseguir sentar na sala, brincar com a minha filha, conseguir dar um passeio com ela numa praça que fique próximo ou ir dar uma caminhada. Acho isso muito importante, me faz muito bem, embora ainda não consiga.22

Nós temos ações pontuais, estamos muito preocupados com isso.23

Temos ações pontuais de lazer, estamos muito preocupados com isso.23

Nós temos, ações motivacionais, por exemplo, com filhos dos empregados.24

Nós temos ações motivacionais com filhos dos empregados, por exemplo.24

Enfim, nós temos vários, nós temos, o, o, o programa mini empresa que tá, esse ano não trabalhando com a comunidade, mas também com os filhos dos funcionários. Pela nossa preocupação, pra, pra com a, a com o sentimento deles para com a, a fábrica.25

Temos o programa mini empresa que está, esse ano, trabalhando com os filhos dos funcionários, pela nossa preocupação com o sentimento deles em relação à fábrica.25

Essa integração é muito importante, enfim, nós temos várias ações que proporcionam a união dos funcionários em determinados momentos.26

A integração da família do funcionário com a fábrica é muito importante, por isso temos várias ações que proporcionam a união dos funcionários em determinados momentos.26

A celebração de coisas importantes, importantes pra eles. Às vezes, a gente pode não achar, mas importantes pra eles. E, que a gente busca todo ano.27

Buscamos realizar, todo ano, celebrações de coisas importantes para os funcionários. Às vezes, podemos não achar importantes, mas são pra eles.27

toda idéia que vem chegando ela, ela vai sendo, a, a, absorvida e a gente vai montando um programa em cima.28

Toda idéia que chega até nós, vai sendo absorvida e vamos montando um programa para contemplá-la.28

Nós tivemos, sábado, uma visita ao Salão do Automóvel, pra quem? Pra premiarmos aqueles caras e aquelas garotas que foram não absenteístas por um certo período.29

Fizemos uma viagem para premiarmos aqueles funcionários e aquelas funcionárias que foram não absenteístas por um certo período.29

O pessoal voltou muito animado. Porque dificilmente alguém da produção teria condições de se deslocar e participar do Salão do Automóvel.30

Os funcionários voltaram muito animados porque dificilmente alguém da produção teria condições de se deslocar e participar do evento.30

56

do Automóvel.30 evento.30 E mais uma vez a (nome da empresa na qual trabalha) ganhou o melhor Salão de Automóvel, o melhor estande do salão. Então é muito importante que isso seja veiculado pra comunidade. E eles puderam ver que realmente isso foi, o prêmio faz jus ao estande, né? Mais do que isso, nós tivemos quarenta e oito pessoas que puderam comprovar isso. 31

A empresa estava no evento e foi premiada e é muito importante que os funcionários que estavam lá veiculem o feito para a comunidade.31

Então, esses são momentos que a gente procura agregar a todos e proporcionar lazer a todos, né? Proporcionando um sanduíche legal, um ônibus com, é, extremamente confortável, ar condicionado, as tevês de plasma. Foram vendo filme e voltaram fazendo bagunça.32

Momentos como o da viagem, são momentos que procuramos agregar todos e proporcionar lazer, com um sanduíche legal, um ônibus extremamente confortável, ar condicionado, tevês de plasma. Foram vendo filme e voltaram fazendo bagunça.32

quando a gente procura fazer o evento, nós procuramos que esse evento contemple realmente tudo aquilo que você desejaria ter se você tivesse curtindo aquilo, né? A gente sempre se põe nos pés de quem vai participar do evento.33

Nos eventos que fazemos, procuramos que contemplem realmente tudo aquilo que você desejaria ter se você tivesse curtindo aquilo. A gente sempre se põe aos pés de quem vai participar do evento.33

Nós temos, só para acrescentar, um grande projeto também inédito pra, pra nossa planta e que nós começamos a trabalhar agora nesse último mês. Porque é do meu interesse pessoal muito grande e a, a equipe abraçou muito bem. Que é o programa de qualidade de vida. Então nós queremos uma, im, implantar um programa de qualidade de vida nessa plan, nessa fábrica.34

Nós temos um grande projeto que é do meu interesse pessoal, também inédito para nossa planta, e que nós começamos a trabalhar nesse último mês, que é o programa de qualidade de vida. Nós queremos implantar um programa de qualidade de vida.34

Nós estamos num lugar extremamente privilegiado a nível ambiental, né? temos todo um cuidado com o ambiente, extremamente, é, é bem visto por toda a sociedade internacional inclusive, porque é a única planta que daqui a pouco vai atingir cem por cento de aproveitamento de todos os seus resíduos.35

Nós estamos num lugar extremamente privilegiado em nível ambiental. Temos todo um cuidado com o ambiente, o que é bem visto por toda a sociedade internacional, inclusive, porque é a única planta que daqui a pouco vai atingir cem por cento de aproveitamento de todos os seus resíduos.35

nós temos esse projeto que assim, é, é audacioso porque vai exigir investimento, nós vamos ter muita luta por aí. Mas nós pretendemos ter um programa de qualidade de vida estabelecido. Isto está no nosso, pelo menos no nosso strategic business plan de recursos humanos pra essa planta. Foi um commitment que eu faço questão de abraçar porque é extremamente importante pra, pros nossos resultados.36

Nós temos o projeto de qualidade de vida que é audacioso, porque vai exigir investimento, nós vamos ter muita luta por aí, mas pretendemos ter um programa estabelecido, porque é extremamente importante para nossos resultados.36

A partir do momento que nós temos qualidade de vida nós conseguimos resultados. Isso é ponto pacífico. É o nosso entendimento.37

O nosso entendimento é de que conseguimos resultados positivos para a empresa a partir do momento que os seus funcionários têm qualidade de vida.37

57

de vida nós conseguimos resultados. Isso é ponto pacífico. É o nosso entendimento.37

resultados positivos para a empresa a partir do momento que os seus funcionários têm qualidade de vida.37

4.1.1.2 Sujeito Ie – Empresa B

Unidade de Significado Redução Fenomenológica Lazer, eu acredito que seja uma coisa fora do expediente. Pra mim o meu lazer é tar com a minha família, tar próximo do, é, das pessoas que eu gosto, não é?1

Lazer é algo fora do expediente de trabalho, é estar com a família, próximo das pessoas que gosto.1

se você voltar pro lado profissional você, você tem que ter um ambiente, dentro da empresa, agradável, é, aonde te, te dê uma qualidade de vida diferente, não é?2

No lado profissional, o lazer é você ter um ambiente agradável dentro da empresa, é ter uma qualidade de vida diferente.2

Então é isso que eu busco é, em todas as empresas que eu trabalhei, é, você ter dentro do seu ambiente, um ambiente agradável, uma qualidade de vida, é, uma, como que eu vou falar pra você? É, um ambiente de, flexível, né? onde você tenha a liberdade de fazer as coisas e não ter nenhum tipo de, é, de retaliação quanto a isso, não é? Porque eu prezo pela liberdade de trabalhar.3

Em todas as empresas que trabalhei busquei que o ambiente fosse agradável, que tivesse uma qualidade de vida, uma liberdade de trabalhar e não ter nenhum tipo de retaliação.3

Só que existem conceitos que você tem que é, medir aí dentro, que é a responsabili dade e até onde você pode ter um, a, a, você pode ser flexível, em ter, em poder sentar, tomar um café com uma pessoa, conversar.4

Dentro da liberdade no trabalho, existe a responsabili dade, para se saber até que ponto pode-se ser flexível em poder sentar, tomar um café com uma pessoa, conversar.4

basicamente é, é isso que eu vejo como, é, uma forma de lazer, você ter um ambiente muito agradável e conseguir uma qualidade de vida boa, né?5

Eu vejo como uma forma de lazer você ter um ambiente muito agradável e conseguir uma qualidade de vida boa.5

Hoje, o quê que nós procuramos trazer para os funcionários da (nome da empresa na qual trabalha)? É, aqui por, e, próprio de São Carlos, tá?, já tem um ambiente que é agradável, as pessoas se conhecem, as pessoas se dão bem, é, já são um pessoal antigo, então o quê que você consegue agregar a essas pessoas? É, a primeira coisa, é, não deixar que esse ambiente se torne rotineiro, não é?6

Procuramos fazer com que o ambiente, que já é agradável, no qual as pessoas se conhecem e se dão bem, não se torne rotineiro.6

pra isso a gente tem, a gente vai implementando o fortalecimento de equipes, é, por exemplo, dentro da (nome da empresa na qual trabalha) hoje, nós temos uma cantina, né? que é um ambiente onde tem uma mesa de sinuca, bilhar, né? É, pebolim, televisão pra eles ficarem assistindo. A gente tá preparando um restaurante que é um ambiente também onde, é, eles possam se sentir bem, né?7

Para o ambiente não se tornar rotineiro, nós vamos implementando o fortalecimento de equipes. Para isso, por exemplo, temos uma cantina que é um ambiente que possui uma mesa de bilhar, pebolim, televisão. Estamos preparando um restaurante que é um ambiente que, também, os funcionários vão se sentir bem.7

58

eles ficarem assistindo. A gente tá preparando um restaurante que é um ambiente também onde, é, eles possam se sentir bem, né?7

que, também, os funcionários vão se sentir bem.7

dentro da nossa vida, num ambiente fabril, você fica dez horas, não é? É quase cinqüenta por cento da sua vida, o restante, daí você vai pra casa, passa mais umas quatro horas, vai dormir e tem mais umas, é, umas oito horas, né? que você dorme. Então, a maior parte você tá dentro da empresa. Então, você tenta agregar um ambiente agradável às pessoas.8

Num ambiente fabril, você fica dez horas, quase cinqüenta por cento da sua vida. Então, a maior parte você está dentro da empresa e por isso, tentamos propiciar um ambiente agradável às pessoas.8

Também temos aqui uma boutique onde os funcionários podem, é, podem comprar. Então, você dá comodidade aos funcionários.9

Também temos aqui uma boutique na qual os funcionários podem comprar. Então, você dá comodidade aos funcionários.9

É, temos, o, a, a associação dos funcionários que é uma parte bem importante onde os funcionários podem sair, podem se confraternizar.10

Temos a associação dos funcionários que é uma parte bem importante, onde os funcionários podem sair, podem se confraternizar.10

o mais importante disso daí é, a gente prepara os gestores, que são os supervisores, as pessoas que vão lidar pra, com eles, a maneira de se tratar o funcionário, né? Então, é, eles, eles vem de um treinamento pesado de como tratar, como portar, é, perante ao funcionário pra que não tenha nenhum tipo de, é, de mágoa de funcionários.11

O mais importante é que preparamos os gestores, que são os supervisores, as pessoas que vão lidar com os funcionários, para uma maneira de se tratar o funcionário. Eles passam por um treinamento pesado de como tratar, como se portar perante o funcionário, para que não tenha nenhum tipo de mágoa.11

Seria isso que a empresa hoje faz, né? é, pra ter os funcionários, é, gostando da empresa, eu diria.12

A empresa tem ações para ter os funcionários gostando da mesma.12

Você consegue definir bem, tá, um aspecto educacional dentro do lazer, é quando se monta uma competição entre os funcionários, tá? É, lógico que todos querem ganhar, mas dentro disso você consegue montar equipes, você consegue fazer as pessoas se entrosarem, ter um, ter um reconheci, é, ter, ter uma mobili dade entre eles, né? Pessoas que vão de um time pro outro, dificilmente jogam no mesmo time. Então, isso, você consegue agregar eles, tá?13

Um aspecto educacional dentro do lazer é bem definido quando se monta uma competição entre os funcionários. É lógico que todos querem ganhar, mas dentro disso você consegue montar equipes, fazer as pessoas se entrosarem, terem uma mobili dade. As pessoas vão de um time a outro, dificilmente jogam no mesmo time.13

A gente, eu relaciono assim, né? Que você consegue ter e dentro disso você consegue dar pra eles a forma, a forma de educação, tá? Uma forma que é disciplina, é manter a ordem.14

Você consegue, no lazer, dar aos funcionários uma forma de educação, que é disciplina, é manter a ordem.14

É, e incentivamos sempre as pessoas a procurarem estudo, né? que as pessoas estudem, se aprimorem pra que um dia eles possam até exercendo um cargo de gestão dentro da empresa, né? A gente trabalha bastante nesse sentido.15

Incentivamos sempre as pessoas a procurarem estudo, que estudem, se aprimorem, para que um dia possam até exercerem cargos de gestão dentro da empresa.15

59

dentro da empresa, né? A gente trabalha bastante nesse sentido.15 Pro lazer, dentro do horário de trabalho, é você ter um ambiente agradável de trabalho. É o mais forte deles.16

Lazer, dentro do horário de trabalho, é você ter um ambiente agradável.16

Se você não proporcionar um ambiente agradável de trabalho, nenhuma pessoa vai ficar dentro da, da, de uma empresa. Vão criticar a empresa.17

Se você não proporcionar um ambiente agradável de trabalho, nenhuma pessoa vai ficar dentro de uma empresa, vão criticá-la.17

E hoje, pelo que a gente sabe, é, da (nome da empresa na qual trabalha), tá? é, as pessoas querem vim trabalhar na (nome da empresa na qual trabalha). A gente gostaria de poder (risos) contratar todo mundo, mas hoje a gente não tem condição de fazer isso, né? Então a gente contrata e aqui é uma unidade fabril, né? É, você sente o reflexo desse, é, do ambiente do trabalho quando você coloca alguma coisa em aprovação.18

Mesmo sendo uma unidade fabril, as pessoas gostariam de trabalhar na empresa, por ser seu ambiente agradável, o que é verificado quando é colocada alguma coisa em aprovação.18

É, você sente, as próprias pessoas sabem a liberdade deles poderem chegar muito próximo da, da gestão, inclusive do gerente, do diretor, quando vêm. Isso é um lazer, é um, é alguma coisa pra eles que atrai muito eles. Diferente de outras culturas, né? a (nome da empresa na qual trabalha) preza isso.19

Você sente que os próprios funcionários sabem a liberdade de poder chegar muito próximo da gestão, inclusive do gerente, do diretor, quando vêm à empresa. Isso é um lazer, é alguma coisa que os atrai muito. Diferente de outras culturas, a empresa preza isso.19

dentro desse campo, talvez isso seja uma, alguma coisa, é, que nós temos de muito forte, né? É, as pessoas gostarem da (nome da empresa na qual trabalha).20

O que temos de muito forte é as pessoas gostarem da empresa.20

4.1.2 Grupo Administrativo

4.1.2.1 Sujeito Ia – Empresa A

Unidade de Significado Redução Fenomenológica O lazer é um momento que a gente tem de descanso, de tranqüili dade, de interação com as pessoas, é, um momento de, é, reflexão. Pra mim, lazer faz parte do, do cotidiano desta forma, em que eu tenho um momento de, só pra mim, entendeu?, um momento que eu relaxo e descanso e interajo com as pessoas.1

O lazer é um momento de descanso, de tranqüili dade, de interação com as pessoas, é um momento de reflexão, um momento que tenho só pra mim. Um momento que eu relaxo, descanso e interajo com as pessoas.1

É isso, por exemplo, na hora da refeição, na hora do almoço, a gente conversa com os amigos, troca idéia, assiste a uma televisão, assiste futebol, discute o assunto, fala sobre o assunto. É, são momentos de reuniões que, às vezes, a gente tem cinco minutos pra tentar bater um papo. São momentos em que a gente chega junto e sai junto da fábrica. Então, ali é um momento que a gente acaba conversando, contando uma piada, né? Enfim, é, são poucos

Dentro da fábrica, o lazer é, por exemplo, na hora da refeição. Na hora do almoço conversamos com os amigos, trocamos idéias, assistimos televisão, futebol, falamos e discutimos sobre o assunto. Às vezes, são momentos de cinco minutos que reunimos para tentar bater um papo. São momentos em que chegamos juntos e saímos juntos da fábrica e acabamos conversando, contando uma piada. Enfim, são poucos os momentos,

60

vezes, a gente tem cinco minutos pra tentar bater um papo. São momentos em que a gente chega junto e sai junto da fábrica. Então, ali é um momento que a gente acaba conversando, contando uma piada, né? Enfim, é, são poucos os momentos, mas são esses que, que a gente tem durante o dia dentro da fábrica. Não sei se a tua pergunta é em relação à fábrica? Fora da fábrica é outra história.2

momentos de cinco minutos que reunimos para tentar bater um papo. São momentos em que chegamos juntos e saímos juntos da fábrica e acabamos conversando, contando uma piada. Enfim, são poucos os momentos, mas são esses que temos durante o dia dentro da fábrica.2

Fora da fábrica, a interação também é com os colegas, mas é num churrasco, é num futebol, é num filme que assiste ou em casa ou no cinema.3

Fora da fábrica, a interação também é com os colegas, mas é num churrasco, num futebol, num filme que assiste ou em casa ou no cinema.3

É, ainda, um ponto que não é, é, peculiar da cidade, mas, por exemplo, um teatro, que tá sendo construído, mas que em outras cidades você tem e você curte isso com a família, né? Então, aqui, hoje, você não tem, mas é um ponto de lazer que, quando eu vou pra Piracicaba, então a gente acaba, é, indo ao teatro, não é? E praticamente, sair com a família, né? Pra mim é um momento de lazer também. Quando eu saio com eles para tomar um lanche, pra ir numa festa ou qualquer coisa do gênero, também é lazer, ok?4

Um teatro ainda não tem na cidade, mas é um ponto de lazer que, quando estou em Piracicaba vou com a minha família. Lazer também é sair com a família para comer um lanche, ir numa festa ou qualquer coisa do gênero.4

Como a, a, situação da, da empresa, por exemplo em relação aos horários, ela, por exemplo, nós temos apenas trinta minutos, a nossa interação ela é pequena.5

Em relação aos horários, na empresa temos apenas trinta minutos de intervalo do trabalho, e assim nossa interação é pequena.5

Mas ela promove, por exemplo, festas. Que é um momento espetacular, mágico, que a gente se encontra. E aí, a brincadeira ela é assim, bem, outra coisa, como se fosse uma família. São quase setecentos funcionários que se torna uma família. É diferente, é muito diferente. Então é um momento de lazer muito gostoso.6

Mas a empresa promove, por exemplo, festas, que são momentos espetaculares, mágicos, de encontro, brincamos como se fôssemos uma família. São quase setecentos funcionários que se tornam uma família. É um momento muito diferente, é um lazer muito gostoso.6

É uma pena que ela é, é, é muito esporádica. Ao longo de um ano você tem uma ou duas, né? que se aplica, então. É muito pouco em relação ao, a trezentos e sessenta e cinco dias do ano que a gente trabalha pesado, né? É, mas são momentos fantásticos, né?7

É uma pena que essas festas são muito esporádicas. Ao longo de um ano, você tem uma ou duas, sendo muito pouco em relação aos trezentos e sessenta e cinco dias que a gente trabalha pesado, mas são momentos fantásticos.7

Outros momentos, são quando ela interage com a gente promovendo, ó, tem uma palestra, é, mesmo que não seja técnica, então esse momento também é um momento de lazer que você pode levar família, então é um momento interessante também.8

Outro momento que a empresa interage com os funcionários é na promoção de uma palestra, mesmo não sendo técnica. Esse momento também é um momento de lazer interessante, no qual você pode levar a família.8

61

São poucos também ao longo do ano. Eu acho que a gente precisava mais, mas é um momento fantástico também, que deixa a gente numa condição, quando você volta pra dentro da fábrica você volta numa outra condição.9

As palestras também são poucas ao longo do ano. Eu acredito que precisaríamos de mais, pois também é um momento fantástico que nos deixa numa outra condição, quando voltamos pra dentro da fábrica.9

Mas, assim, durante o dia-a-dia são esses poucos momentos mesmo. Você não tem tempo, muito, você entra pra trabalhar e a hora que, só pára a hora que você sai.10

Durante o dia-a-dia são esses poucos momentos de lazer mesmo. Você não tem muito tempo. Você entra pra trabalhar e só pára na hora que você sai.10

Então os momentos são assim, uma hora um conta uma piada, uns falam alguma coisa. Ao longo do dia, coisa rápida, porque ela existe, não adianta dizer que você vai, ser mecânico, só trabalhar, trabalhar, né? Então esse é um momento que, na hora do cafezinho que você toma um cafezinho com um amigo, então conta uma piada.11

Ao longo do dia os momentos de lazer são rápidos, quando um conta uma piada, outros falam alguma coisa, quando toma um café com um amigo. Porque existe, não adianta dizer que você vai só trabalhar e trabalhar.11

É, é, é, é que, como eu digo, né? É uma pena que o tempo da gente é muito pequeno dentro da empresa. Você só tem trinta minutos de almoço ao longo do dia, ela, é muito corrido.12

É uma pena que o nosso tempo é muito pequeno e corrido dentro da empresa. Você só tem trinta minutos de almoço ao longo do dia.12

Mas, é, sugestões? É, mais freqüentemente você promover alguma coisa em interação com todos os empregados dentro ou fora da fábrica, né? É, não precisa ser especificamente uma festa. Não, mas um simples encontro, uma gincana, algo parecido.13

Como sugestão de ação de lazer a promoção de encontros para a interação dos funcionários dentro ou fora da fábrica, em uma gincana ou algo parecido, com uma freqüência maior.13

Porque por você não ter um clube, você não tem uma participação contínua. A gente acaba fazendo isso muito pouco, tá? É diferente, por exemplo numa (nome de uma outra empresa da cidade) que tem o clube, tá lá, você vai, encontra, é diferente, né?14

Por não ter um clube da empresa, não tem momentos de interação freqüentes entre os funcionários, diferente de empresas que possuem e as pessoas vão lá para se encontrar.14

Agora, assim, como sugestão eu diria, promover mais freqüentemente essas, essas festas, essas, esses encontros, né?15

Como sugestão, eu diria, promover mais freqüentemente essas festas e esses encontros.15

É, eu diria que ao longo do período nós tivemos um momento muito bom. Eu não consideraria como lazer, mas exercício dentro da fábrica. Foi uma época muito boa, em que você acaba se distraindo e, e conversando, praticando um pouco de esporte, antes mesmo de entrar pra trabalhar, né?16

Nós já tivemos um momento muito bom dentro da empresa. Eu não consideraria como lazer, mas exercício dentro da fábrica. Foi uma época muito boa, em que você acabava se distraindo, conversando, praticando um pouco de esporte, antes mesmo de entrar pra trabalhar.16

E, promover mais, é, ações culturais, com, com, com a cidade. Tipo, é, cinema, ou mesmo um teatro ou mesmo interação com as faculdades. Isso é uma coisa muito interessante. Eu vejo muito isso em outras cidades, é, as empresas interagindo com as universidades. Então, promove, por exemplo, um dia de visitas na Federal. A Federal vem até a gente e troca uma palestra diferente.17

Poderia promover, também, ações culturais em interação com a cidade, tais como, cinema, teatro ou interação com as universidades, com um dia de visita, com a troca de uma palestra diferente.17

62

cidades, é, as empresas interagindo com as universidades. Então, promove, por exemplo, um dia de visitas na Federal. A Federal vem até a gente e troca uma palestra diferente.17 E ela tem um negócio muito bom, a (nome da empresa na qual trabalha), ela promove, acho que mensalmente, uma palestra do Marins, com relação ao ambiente nosso de trabalho, às situações do nosso ambiente de trabalho. Eu não consideraria bem como lazer, mas um momento de reflexão, um momento em que a gente se encontra. Então, você acaba relaxando também. Tá, então, você acaba voltando a um patamar mais aceitável. Isso é muito bacana também.18

A empresa promove, acho que mensalmente, uma palestra relacionada ao nosso ambiente de trabalho, às situações deste. Eu não consideraria muito, como lazer, mas um momento de reflexão, um momento em que nos encontramos, relaxamos e voltamos a um patamar mais aceitável.18

Eu acho que sim. Eu tenho uma visão um pouco diferente. Não sei se por causa da minha cultura, por causa da minha família, da gente, é, nesses assuntos ser, né? um pouco mais rígida. Eu interpreto como um momento de aprendizado o momento de lazer. No momento em que você tá passando uma palestra e você tem, a gente chama de lanch learning, você tá aprendendo e, tem um lanche que você tá conversando, falando sobre aquele assunto, você tá numa forma de lazer. Você quando sai dum filme, às vezes, no cinema, que você comenta com um amigo ou dentro do próprio cinema, como foi o, o, Código da Vinci, o filme, você acaba interagindo com as pessoas, né? É um momento de lazer. Você tá assistindo um filme, porque não? Mas, às vezes, se torna um momento de aprendizado. Olha só o que, você viu tal coisa? Você viu isso, viu isso aqui, aí desencadeia uma outra conversa na paralela que eu chamo de aprendizado. Eu interpreto isso. Em particular, pra mim, uma forma de aprendizado, uma forma de lazer também. Em alguns casos dá pra se encaixar. É diferente você pegar uma palestra técnica, você pegar algo que você tem que, é, depois aplicar isso em algum lugar. É diferente, não é isso, mas uma forma de, é, de social, de você aprender, eu acho legal. Acho que sim, acho que é possível.19

Eu interpreto como um momento de aprendizado o momento de lazer. No momento de uma palestra, você está aprendendo, conversando, falando sobre aquele assunto, você está numa forma de lazer. Quando você assiste um filme no cinema e comenta como foi, você acaba interagindo com as pessoas e o que é um momento de lazer se torna um momento de aprendizado. Em alguns casos dá pra se encaixar, diferente de uma palestra técnica que depois você tem que aplicar isso em algum lugar, não é isso. Uma forma social de você aprender, eu acho bom e possível.19

A única coisa dentro da companhia que eu vejo, não é uma crítica destrutiva porque a gente entende que você tá sendo pago pra trabalhar. É, muito poucos os momentos dentro do seu período de trabalho em que você pode ter um lazer.20

A única coisa dentro da companhia que eu vejo, não é uma crítica destrutiva, porque entendo que estou sendo pago pra trabalhar, é que são muito poucos os momentos dentro do seu período de trabalho em que você pode ter um lazer.20

63

dentro do seu período de trabalho em que você pode ter um lazer.20

seu período de trabalho em que você pode ter um lazer.20

Eu interpreto que você quando você entra dentro de uma empresa e você pega pesado até às cinco horas da tarde, às seis horas da tarde, eu acho que tem que ter um momentozinho de você, é, interagir.21

Quando você entra dentro de uma empresa e pega pesado até às cinco, seis horas da tarde, eu acho que tem que ter um momento para interagir com as pessoas.21

O problema é, que isso seja de uma forma, é, coerente, não pode virar, confundir a liberdade que a empresa taria dando com libertinagem. Aí vira bagunça e não é isso que eu tô querendo dizer, mas eu acho que por exemplo, no intervalo entre a, meio dia, das sete ao meio dia, um momento ali de dez minutos, de conversa.22

Não poderia confundir a liberdade que a empresa estaria dando com libertinagem. Não é isso que eu proponho, mas, por exemplo, no intervalo das sete ao meio dia, um momento de dez minutos de conversa.22

Hoje a gente faz isso com liberdade. A empresa não te coloca isso, mas talvez um local próprio pra fazer isso, onde você tem um quiosque, onde você tem um, um, um lugar próprio pra você conversar, durante uns dez minutos com os amigos. Eu acho que, é, é, é uma, seria uma forma mais agradável, digamos, não sob pressão e sim mais agradável. Mas não quer dizer que isso tá errado também, tá bom?23

Hoje fazemos isso com liberdade, mas talvez um local próprio com um quiosque pra conversar durante uns dez minutos com os amigos, seria uma forma mais agradável.23

4.1.2.2 Sujeito II a – Empresa A

Unidade de Significado Redução Fenomenológica Bom, o lazer pra mim, além de todas, as, algumas atribuições dentro da empresa, né? que direcionamos o lazer, tipo uma conversa, né? mesmo na hora de passar as atividades, né? Eu sou coordenador de um grupo. É, a gente procura fazer um quebra gelo, não é? Dentro dessa delegação de atividades, nós procuramos também, é, descobrir como é que as pessoas passaram o dia anterior dela, então, isso dentro da empresa, né?1

Direcionamos o lazer para uma conversa na hora de passar as atividades, procuramos fazer um quebra gelo, procuramos também descobrir como é que as pessoas passaram o dia anterior.1

A, fora da empresa o lazer pra mim é tudo aquilo que, que envolve com a família, praticar esporte, né? Então, a, tenho, eu pratico esporte duas vezes por semana, não é? Eu procuro dentro do possível também, né? de final de semana sair com a família. Então, isso, eu con, considero assim o lazer, né?2

O lazer fora da empresa é tudo aquilo que é feito com a família e também, praticar esporte. Pratico esporte duas vezes por semana e procuro, dentro do possível, sair com a família no final de semana.2

Ela, porque na verdade, a empresa ela divulga o lazer.3

A empresa divulga o lazer.3

64

Porém, ainda tivemos várias atividades já, é, de lazer dentro da empresa e hoje, tá meio, assim, tá meio parado, né? Mas a empresa teve vários, várias fases, né? que ela dedicava mais lazer pros, pra os funcionários, né? Hoje tá meio, ainda, talvez pelo acúmulo de atividades, tá todo mundo aí, né? e acumulou atividade, né? Acaba, acaba não focando tanto nesse aspecto.4

A empresa dedicava mais lazer para os funcionários e hoje, talvez pelo acúmulo de atividades, acaba não focando tanto nesse aspecto.4

É, se a gente for considerar que, que o lazer, como alguma coisa assim, baseado em festas, né? a empresa se preocupa com esse tipo de atividades, né? Quando, quando ocorre algum evento, é, que envolve, que nem agora, nós tivemos a festa de dez milhões, né? dez anos, desculpa, dez anos de motores, dez anos de fábrica com três milhões de motores produzidos. Ela promoveu uma, uma festa, né?5

Se considerar o lazer enquanto festas, a empresa se preocupa com esse tipo de atividades, com a promoção destas, quando ocorre algum evento.5

Isso é um lazer que, que, que eu considero super importante, né? Não só pra empresa, como para os funcionários. Que isso, com certeza, isso retorna pra empresa, né? assim, com, pontos positivos, né?6

A promoção de festas é um lazer que eu considero super importante, não só para a empresa porque, com certeza, retorna com pontos positivos para a mesma, como para os funcionários.6

Olha, é que eu tô tentando é, eu tô tendo a percepção, assim, de lazer entre, lazer que eu digo assim, fora das atividades, né?7

Eu estou tendo a percepção de lazer como algo fora das atividades do trabalho.7

Não o lazer nas atividades, né? O lazer, é, sei lá, se a gente for colocar aqui, eu diria que hoje falta uma, uma área de lazer pra dentro da empresa, né? tipo um clube, pra onde as pessoas, não precisava sair lá fora para estar buscando esse lazer. Dentro da empresa mesmo. Isso tá faltando hoje, ter um clube pra, pros funcionários, né? O que nós temos bastante aqui nas regiões, né? Porque você tem as grandes empresas, você vê que possuem clubes, né? Então, isso hoje ainda é pendente para (nome da empresa na qual trabalha). É o meu ponto de vista (risos).8

No lazer fora das atividades de trabalho, falta hoje, uma área de lazer dentro da empresa, como um clube, pra que as pessoas não precisassem sair lá fora para buscar esse lazer. Está faltando um clube pros funcionários, o que as empresas grandes da região possuem.8

Sim, dá pra aprender. O lazer é um, quando você tá praticando o lazer, você tá tendo um, é, tá em contato com outras pessoas, né? em contato até com, mesmo com os amigos, né? que ali dá pra você conversar em, outros, outros assuntos, né? que não seja ligado, talvez, à empresa. Assuntos extra, extra empresa, né?9

No lazer dá pra aprender, porque, quando você está praticando o lazer, está em contato com outras pessoas, com os amigos, e ali dá pra conversar outros assuntos que não sejam ligados à empresa, assuntos extra empresa.9

É que a gente baseia lazer como, como, é, mas tem outras, né? O lazer, a empresa divulga bastante, né? Divulgação, isso não deixa de ser um lazer também, né? Ela passa bastante informação pra nós. Assim, informações externas, né? é, via intranet, então, e isso,

A empresa divulga bastante o lazer e isso não deixa de ser um lazer também. Ela passa bastante informação pra nós, informações externas, via intranet. Você está tendo o conhecimento do que está ocorrendo lá fora.10

65

tem outras, né? O lazer, a empresa divulga bastante, né? Divulgação, isso não deixa de ser um lazer também, né? Ela passa bastante informação pra nós. Assim, informações externas, né? é, via intranet, então, e isso, assim, não deixa de ser um lazer, né? Você tá ao mesmo tempo, você tá tendo, é, você tá tendo o conhecimento do que tá ocorrendo lá fora, né?10

deixa de ser um lazer também. Ela passa bastante informação pra nós, informações externas, via intranet. Você está tendo o conhecimento do que está ocorrendo lá fora.10

4.1.2.3 Sujeito III a – Empresa A

Unidade de Significado Redução Fenomenológica Cara, o lazer pra mim, porque eu tô com 41 anos e eu comecei ter uns problemas de, é, médicos e coisa e tal e o cara falou assim pra mim, você precisa fazer exercícios. Eu tenho piscina em casa, então, eu já nadava bastante, mas no verão, no inverno é complicado pra mim. Então ultimamente, agora, o meu lazer é caminhar de manhã, que eu caminho de manhã agora com esse sol gostoso, você, ainda nado um pouco, até às onze horas, meio dia que é o horário que tem que vir pra cá. E, se restringe a isso durante a semana.1

Lazer pra mim está sendo relacionado à saúde, caminhar de manhã, nadar um pouco até o horário que tenho que ir trabalhar, e, se restringe a isso durante a semana.1

À noite, assisto televisão, coisa e tal, gosto de ver jornal, né? essas coisas, né? como lazer durante a semana.2

À noite, como lazer durante a semana, assisto televisão, gosto de ver jornal.2

No final de semana, geralmente você sai um pouco de sábado à noite ou você vai comer uma pizza ou você vai jantar fora alguma coisa durante o dia, ficar também em casa. Domingo, fazer um churrasquinho, porque é o que eu gosto de fazer, assim, churrasqueira, coisa e tal, você faz.3

No final de semana, geralmente saio de sábado à noite para comer uma pizza ou jantar. Durante o dia, ficar também em casa. No domingo, fazer um churrasco, que é o que eu gosto de fazer.3

É, é muito básico isso daí, né? cara. Assistir bons filmes, eu gosto. Assistir um DVD, computador, internet, às vezes, domingo à noite ou sábado à noite com o moleque, da hora que ele chega até ele sair. O meu filho toca guitarra, é cabeludão igual você assim, então eu fico com ele também, às vezes, vendo ele tocar, as músicas que ele vai tocando, coisa e tal. O ensaio da banda dele, tem também de sábado, aquela barulheira toda, né? mas é bom, não é ruim.4

Gosto de assistir bons filmes, um DVD, computador, internet, às vezes, domingo ou sábado à noite com o meu filho, da hora que ele chega até ele sair. O meu filho toca guitarra então eu fico com ele, às vezes, vendo ele tocar, vendo o ensaio da banda dele no sábado.4

Você tá com ele ali perto de você, né? Isso tudo que eu tô falando pra você, junto, eu, minha esposa e um filho só, né? Tem dezesseis anos, ele. Tudo feito em conjunto. Não, tem só de manhã que minha esposa trabalha e meu moleque vai na escola, né? Eu faço tudo sozinho em casa, agora, à tarde estamos os

Tudo isso que estou falando, feito em conjunto, minha esposa, meu filho e eu. De manhã faço tudo sozinho, mas à tarde estamos os dois lá.5

66

minha esposa e um filho só, né? Tem dezesseis anos, ele. Tudo feito em conjunto. Não, tem só de manhã que minha esposa trabalha e meu moleque vai na escola, né? Eu faço tudo sozinho em casa, agora, à tarde estamos os dois lá. Mas o básico é isso daí. Não tem muito segredo.5

manhã faço tudo sozinho, mas à tarde estamos os dois lá.5

Lazer dentro da empresa, cara. Eu acho que a (nome da empresa na qual trabalha) é, é, é muito bom de você conviver aqui dentro, pelo menos no setor que eu tô, né? Eu não posso, eu já fui na linha. A linha já é meio complicado, né? mas no setor que eu tô, meio ambiente e coisa e tal, é mais, é, você não tem aquela cobrança do cara, fica no seu pé ali. Você tem o que você fazer. Você vai fazer o seu serviço. Eu faço o que eu gosto. Eu sou formado em (trecho incompreensível) e coisa e tal. Eu não tenho, como é que eu vou falar pra você? Eu faço tudo o que realmente eu quis fazer, então eu tô num lugar que eu gosto, sabe? O gerente é legal. Então uma coisa que, uma coisa foi encaixando na outra, você entendeu? Eu vim buscando isso desde os vinte anos quando me formei, coisa e tal. Aí, trabalhava em (fala rindo) lugares loucos de tudo, né? Só passava nervoso e aqui já é uma coisa mais sossegadora, né? É o básico disso daí.6

Em relação ao lazer dentro da empresa, é muito bom conviver aqui, ao menos no setor que eu estou. Você tem o que fazer, mas não tem aquela cobrança de alguém que fica no seu pé. Eu já trabalhei em lugares que só passava por situações complicadas, mas agora faço o que eu gosto e sempre quis fazer, é mais tranqüilo aqui.6

O lazer aqui dentro, tem a festinha que eles dão aí, né? no final, todo aniversário da fábrica, coisa e tal. Quando dá, eu venho, mas é difícil. Eu vim, acho que uma ou duas vezes só. Mas é legal, o pessoal que vem gosta e coisa e tal, né? Eu acho bacana.7

Aqui dentro da empresa têm as festas em todo aniversário da fábrica, o que considero um lazer. É difícil eu vir, mas o pessoal que vem gosta, eu acho bacana.7

Tem agora no final do ano que o pessoal mesmo se reúne, né? Aluga uma chácara e coisa e tal e vai, que é aquela comemoração de final de ano. Mas eu não sou muito disso não. É mais, tem essas daí mesmo, eu acho que é isso.8

Agora, no final do ano, tem o pessoal que se reúne, aluga uma chácara e faz aquela comemoração de final de ano, por conta própria, mas eu não sou muito disso.8

Aqui eu não ligo cara. Eu vou te falar a verdade pra você. Eu acho que aqui é pra você vim trabalhar, né? Não, não, eu venho, eu venho pra trabalhar. Eu não gosto de ficar em festa, coisa e tal. Não é o que eu gosto.9

Lazer aqui na empresa eu não ligo. Falando a verdade, acho que aqui é pra você vir trabalhar. Eu venho pra trabalhar, não gosto de ficar em festa.9

Eu gosto de ficar na minha casa, ou com a minha família, com os parentes e tal. Vim aqui, não, não é que eu gosto. Eu vim uma vez ou outra, mas eu não gosto.10

Eu gosto de ficar na minha casa, ou com a minha família, com meus parentes.10

67

outra, mas eu não gosto.10 A não, aí sim, aí, vamos supor, os cursos que dão aqui. Aí eu acho bem interessante. Você vai tar tendo um lazer, coisa e tal, né? ali junto com o pessoal e você vai tar aprendendo. Aí é uma coisa boa. Aí eu acho legal ter. E tem bastante aqui na (nome da empresa na qual trabalha), né?11

Os cursos que dão aqui acho bem interessante. Você tem um lazer junto com o pessoal e aprende.11

Pô cara, eu acho que a gente pode até conseguir mais coisas, né? mas, é, com o salário que a gente ganha, você tem que restringir várias delas, né? É uma viagem no final do ano, é, é esse negócio aí, é coisa meio restrita, né? Minha esposa também trabalha e tudo, mas, é, pode ser melhorado? Pode, tudo pode ser melhorado. É que nem a gente aprende aqui na (nome da empresa na qual trabalha), né? mais em alguma ou outra coisa.12

Podemos até conseguir mais coisas relacionadas ao lazer, mas, com o salário que ganhamos, é necessário restringir várias delas. É uma viagem no final do ano, são coisas restritas. Como a gente aprende aqui na empresa, tudo pode ser melhorado, mas em alguma ou outra coisa.12

Antigamente eu tinha dois empregos, então ficava meio apertado, né? E aí você não tinha muito lazer. Eu, de fato mesmo, não tinha muito lazer.13

Antigamente eu não tinha muito lazer. Eu, de fato mesmo, não tinha muito lazer.13

4.1.2.4 Sujeito Ia – Empresa B

Unidade de Significado Redução Fenomenológica Bom, o lazer no dia-a-dia é, no intervalo do almoço a gente tem na cantina, snooker e pebolim.1

No dia-a-dia o lazer é no intervalo do almoço, na cantina, com snooker e pebolim.1

É, a tarde tem o, a associação dos funcionários (nome da empresa na qual trabalha). Você tem lá, à disposição, piscina, você tem sauna, mas eu prefiro, à tarde, fazer caminhada. Então todo dia eu faço caminhada. E esse é o meu lazer. Aos domingos, assim, vamos lá assistir campeonato interno de futebol de salão, futebol de campo, é, tomar uma cervejinha com os amigos no clube. É isso aí o lazer, certo?2

Na associação dos funcionários, à tarde, faço caminhada e esse é o meu lazer. Aos domingos, vamos lá assistir campeonatos de futebol de salão e de campo, tomar cerveja com os amigos.2

Tem, é só, só querer. Só querer, dá pra fazer um monte de coisa.3

A empresa tem possibili dades de lazer. É só querer que dá pra fazer várias coisas.3

Olha, no lazer a convivência com pessoas já é, bem dizer, eu considero que é um aprendizado. Sempre você vai ter pouquinhas coisas, mas você vai estar aprendendo sempre alguma coisa nova, né? Por mais insignificante que seja você vai, vai montando a sua escadinha ali.4

No lazer a convivência com pessoas já é um aprendizado. Você pode até ter poucas coisas, insignificantes, mas sempre vai estar aprendendo alguma coisa nova.4

68

escadinha ali.4

4.1.2.5 Sujeito II a – Empresa B

Unidade de Significado Redução Fenomenológica Bom, a parte de lazer dentro da empresa, é, ela é mais voltada às atividades feitas, é, coletivas, tá? Eu vejo dessa maneira.1

O lazer dentro da empresa é voltado às atividades coletivas.1

Nós temos um clube, uma associação e que essa associação busca, é, chamar as pessoas pra, pras atividades coletivas fora da empresa, certo? Aproveitando mais a, a, vamos dizer, a sinergia que existe entre as pessoas, mas fora do, do ambiente de trabalho.2

Nós temos um clube, uma associação que busca chamar as pessoas pras atividades coletivas fora da empresa aproveitando mais a sinergia que existe entre as pessoas, mas fora do ambiente de trabalho.2

É lógico que isso acaba refletindo pro ambiente de trabalho depois, porque a partir do momento que você tem um entrosamento bom entre as pessoas fora do ambiente de trabalho, é lógico que isso reverte pra, pra dentro da empresa também, né?3

É lógico que as atividades de lazer realizadas fora do ambiente de trabalho acabam refletindo pro ambiente de trabalho, porque a partir do momento que você tem um entrosamento bom entre as pessoas fora do ambiente de trabalho, isso reverte pra dentro da empresa também.3

Então a, a gente procura sempre tar com, com a, tar fazendo alguma atividade sempre que possível, mas, é, junto com as pessoas da, da empresa. É o que a gente procura mais, tá? Agora, o tipo de lazer, por exemplo, é mais, é, o jogo, é futebol, é churrasco, é, são atividades coletivas mesmo, com as pessoas, não tem uma,4

Procuramos fazer alguma atividade, sempre que possível, junto com as pessoas da empresa. O tipo de lazer, por exemplo, é o futebol, é o churrasco, são atividades coletivas mesmo.4

É, a gente procura ter bastante, né? pra proporcionar lazer, ter lazer pra gente, né? e proporcionar lazer, porque é fundamental, né? Eu acho que você, é a maneira das, das pessoas descarregar a adrenalina do dia-a-dia, tá? É aonde eles buscam, né? esquecer os problemas.5

Procuramos ter e proporcionar lazer porque é fundamental, é a maneira das pessoas descarregarem a adrenalina do dia-a-dia, esquecerem os problemas.5

É quando a gente tenta, é, realmente, é, ter um momento pra, pra, individual, né? Apesar de serem atividades, a maioria são atividades coletivas, mas você ter o seu momento individual, ter o momento pra fazer você relaxar, poder conversar sobre assuntos diversos e não só os assuntos, que, pertinentes à empresa. É, então essa parte de lazer é fundamental na, na, no dia-a-dia ou na, na vida das pessoas, tá?6

A parte de lazer fundamental no dia-a-dia das pessoas é quando tentamos, realmente, ter um momento individual pra relaxar, conversar sobre assuntos diversos e não só os assuntos pertinentes à empresa, apesar de serem atividades, a maioria, coletivas.6

Você tem que ter atividades desde, ou atividades físicas ou atividades culturais, ou atividades seja ela qual for, que você consiga desligar um pouco do, do, do ambiente de trabalho e consiga com a sua cabeça acabar, vamos dizer assim, até rejuvenescendo, né? Você acaba saindo dos problemas e, e

Você tem que ter atividades físicas, culturais, ou sejam elas quais forem, para que consiga desligar um pouco do ambiente de trabalho e, vamos dizer assim, rejuvenescer a sua cabeça, porque acaba saindo dos problemas, com outros assuntos que acabam te aliviando do estresse diário.7

69

atividades seja ela qual for, que você consiga desligar um pouco do, do, do ambiente de trabalho e consiga com a sua cabeça acabar, vamos dizer assim, até rejuvenescendo, né? Você acaba saindo dos problemas e, e consegue tar trabalhando ali com, com outros assuntos que acabam te, te aliviando do stress diário.7

desligar um pouco do ambiente de trabalho e, vamos dizer assim, rejuvenescer a sua cabeça, porque acaba saindo dos problemas, com outros assuntos que acabam te aliviando do estresse diário.7

no dia-a-dia mesmo, é, eu diria que são atividades mais pacatas (fala rindo) mais paradas aí, né? Eu gosto muito de ler e de, de cinema, eu gosto muito. Então é o meu lazer de, no dia-a-dia, é esse.8

No dia-a-dia mesmo, eu diria que são atividades mais pacatas, mais paradas. Gosto muito de ler e de cinema.8

Tá, e final de semana a gente procura estar mais com a família aí pra, pra dedicar um pouco mais de tempo pra eles que não, não, durante a semana não permite muito.9

No final de semana, procuro estar mais com a família, pra dedicar um pouco mais de tempo pra eles. Durante a semana, não dedico muito tempo.9

Olha, eu acho que, que, ele ajuda, tá? Eu não sei se, se o lazer propicia um aprendizado a mais, mas ele auxili a num aprendizado, acho. É, porque a pessoa, a partir do momento que ela, que ela tem um tempo pra, pra descarregar as ba, a bateria ali, dar uma recarregada depois de novo, de tudo, com certeza ela vai aprender melhor. Vai tar, ela, desestressando, ela esquecendo um pouco os problemas, ela, na hora que ela volta, ela volta com a cabeça um pouco mais, mais limpa, vamos dizer, mais fria, então eu acho que influencia, influencia bastante.10

Não sei se o lazer propicia um aprendizado a mais, mas ele auxili a num aprendizado, porque, a partir do momento que a pessoa tem um tempo para desestressar, esquecer um pouco os problemas, com certeza vai aprender melhor.10

A pessoa, eu acredito que a pessoa que tem tempo pra se dedicar ao lazer, provavelmente deve ter, eu falo por mim, porque, é, tem uma capacidade, uma, uma melhoria no aprendizado, certo? Eu sinto isso, que, quando, quando eu não tenho tempo pra, pra não fazer as coisas, eu fico só no dia-a-dia, é, a mente começa a dar uma, uma decaída, né? Então, e quando você tem tempo de, de ter uma atividade extra trabalho, seja ela qual for, quando você volta, você tá parece que mais descansado. Então automaticamente você, eu né? consigo absorver melhor as coisas. Eu acho que tem, tem tudo a ver com aprendizado. Ela beneficia bastante o aprendizado.11

A pessoa que tem tempo pra se dedicar ao lazer, a uma atividade extra trabalho, seja ela qual for, tem uma capacidade, uma melhoria no aprendizado. Quando volta, parece mais descansada e automaticamente consegue absorver melhor as coisas. O lazer beneficia bastante o aprendizado.11

70

4.1.2.6 Sujeito III a – Empresa B

Unidade de Significado Redução Fenomenológica o lazer é um, pra mim, é um, é um momento onde eu saio aqui do, saio de todos os estresses que a gente tem na vida assim, que a gente tem no dia-a-dia, é, procuro fazer isso diariamente.1

O lazer é um momento diário que procuro sair de todos os estresses que tenho na vida cotidiana.1

Tanto na empresa, na hora do almoço, escutar uma música, é, fazer coisas assim que não tá, não é da profissão, assim, não é dos nossos afazeres, mais stress mesmo. É, escutar uma música, principalmente, eu gosto de fazer.2

O lazer na empresa, na hora do almoço, escutar uma música, fazer coisas que não estão ligadas à profissão.2

Muitas vezes, quando eu tô trabalhando, eu pego, eu ponho, ligo uma música no computador, fico escutando. Às vezes, ninguém curte muito, eu ponho um fone.3

Muitas vezes, quando estou trabalhando, ligo uma música no computador e fico escutando e quando as pessoas não gostam, ponho um fone.3

Gosto de praticar esportes também. Dentro da empresa, eu não faço a ginástica laboral, mas aí é porque também eu acho que é culpa um pouco do que a gente tem pra fazer no dia-a-dia, que a gente fica sem tempo, né?4

Gosto de praticar esportes também, mas dentro da empresa não faço a ginástica laboral, mas isso se deve mais ao pouco tempo que temos em meio os afazeres do dia-a-dia.4

A gente, não tenho tempo suficiente aí durante o dia pra estar dedicando a esse, a essa ginástica, mas eu vejo com importância uma, praticar isso. Não tem como.5

Não tenho tempo suficiente durante o dia para me dedicar a essa ginástica, não tem como, mas vejo com importância essa prática.5

pra mim, o lazer é fundamental pra gente continuar tar, tar trabalhando cada dia e tá superando todas as dificuldades. Eu acho que é até uma fuga aí pra essas dificuldades, você ter uma atividade de lazer.6

O lazer é fundamental para continuar a trabalhar e superar todas as dificuldades. Acho que é até uma fuga pra essas dificuldades, ter uma atividade de lazer.6

Acredito que através do, eu acho sim que vai ter um aspecto educacional pelo fato de melhorar a concentração. Eu acho que se você tiver uma atividade de lazer todo, todo dia, eu acho que você tem uma concentração melhor, você lida melhor com as pessoas, você não, eu acho que muita gente que não tem um, uma atividade de lazer, assim, eu acredito que ela pode ser uma pessoa mais estourada, não consegue administrar as dificuldades, sempre estressada. Sai aquela nuvenzinha preta em cima dela. Eu acho que sem dúvida tem, é, tem muito fundamento sim, o aspecto educacional do lazer.7

Acredito que através de uma atividade de lazer diária se melhora a concentração, e se aprende a lidar melhor com as pessoas. Muitas pessoas que não têm uma atividade de lazer, podem ser mais “estouradas” , não conseguirem administrar as dificuldades, estarem sempre estressadas. Então, sem dúvida, tem muito fundamento o aspecto educacional do lazer.7

A, eu faço atividades, eu pratico atividades de, esportes todos os dias, é, freqüento academia, gosto de jogar um futebol. A única coisa é que, às vezes, a gente tá (fala rindo) machucado e não dá pra fazer tudo, mas eu curto bastante sim fazer uma, uma atividade de lazer8

Freqüento academia, gosto de jogar um futebol, de fazer uma atividade de lazer, mas, às vezes, estou machucado e não dá pra fazer.8

71

machucado e não dá pra fazer tudo, mas eu curto bastante sim fazer uma, uma atividade de lazer8 eu tô falando mais de esporte, mas também ler um livro, é, é como eu falei, escutar uma música, a própria televisão, às vezes, ajuda bastante, entendeu? Eu gosto sim, muito importante.9

Estou falando mais de esporte, mas também ler um livro, escutar uma música, a própria televisão, às vezes, ajuda bastante, eu gosto e é muito importante.9

4.1.3 Grupo Produção

4.1.3.1 Sujeito Ip – Empresa A

Unidade de Significado Redução Fenomenológica Olha, o meu dia-a-dia, durante a semana, assim, é meio apertado, né? programar assim um lazer, mais, mais temporário assim. Mas, durante a semana, o quê? A gente assiste um, não sei se pode considerar um lazer, assiste uma partida de futebol na televisão, assiste um filme, vai tomar um sorvete.1

Meu dia-a-dia, durante a semana, é meio apertado para programar um lazer, mas durante a semana assisto uma partida de futebol na televisão, um filme, vou tomar um sorvete.1

Agora, de fim de semana assim, a gente já programa uma outra coisa, né? Uma pescaria, eu que moro em cidade pequena, assim, eu não sou de São Carlos, né? Eu moro na cidade vizinha aqui de Ibaté. Uma pescaria, aí, churrasco, um joguinho de futebol aí de vez em quando, umas visitas assim, parque ecológico, shopping. É o básico do, do nosso lazer.2

No final de semana programo uma pescaria, um churrasco, um jogo de futebol, de vez em quando, visitas ao parque ecológico, ao shopping.2

Olha, dentro da empresa, às vezes, a empresa disponibili za, né? aí uma confraternização aí, uma festa, tal. Mas é meio raro de acontecer, mas ela, é a única coisa que ela proporciona de lazer pra gente aí, é essas festas que ela faz de vez em quando, né?3

A empresa, às vezes, disponibili za uma confraternização, uma festa, mas é meio raro de acontecer. É a única coisa de lazer que ela proporciona.3

Isso, olha, a empresa com um porte grande igual a (nome da empresa na qual trabalha) eu acho que deveria ter um, um clube de campo, né? pra, pra, pra vim aí de fim de semana com a família, tal. Acho que ia ajudar bem, né? num lazer relacionado à empresa, né?4

Uma empresa como esta, deveria ter um clube de campo, para vir aqui de final de semana com a família. Um clube ia ajudar bem, num lazer relacionado à empresa.4

A, sim, por exemplo, você sai vai visitar aí, um parque ecológico, você acaba colhendo informações, do, do, dos animais que por exemplo, que tá lá, que você não conhecia. Num shopping você vê aí novidades e tal.5

Se você sai e vai visitar um parque ecológico, acaba colhendo informações dos animais que estão lá, por exemplo, e que não conhecia. Num shopping você vê as novidades.5

72

4.1.3.2 Sujeito II p – Empresa A

Unidade de Significado Redução Fenomenológica Certo, bom, pra mim ele seria como uma, uma extensão assim, uma qualidade de vida que a gente tem, né?1

Lazer seria como uma extensão, uma qualidade de vida que temos.1

Agora, a dificuldade para isso seria o tempo, né? administrar o tempo. Que nem no caso, eu sou casado e tenho dois filhos, eu trabalho e estudo e minha esposa também trabalha e estuda. E ela trabalha de segunda a sábado, né? Então, mas é, é uma busca que a gente tem de toda forma assim.2

A dificuldade para o lazer seria administrar o tempo. No caso, sou casado e tenho dois filhos, trabalho e estudo e minha esposa, também. Mas é uma busca que temos de toda forma.2

Eu acho que é, o lazer é, a gente tem que procurar fazer coisas assim, boas, coisas saudáveis também, mas também como exemplo pros, pros filhos, né? Eu acho muito importante ele, né? o lazer.3

No lazer temos que procurar fazer coisas boas, saudáveis, também como exemplo para os filhos. Acho muito importante o lazer.3

Eu tento buscar ele, assim, em filmes, né? em passeios, em viagens, em momentos juntos, né? Isso é, eu tô falando mais da família, né?4

Tento buscar o lazer em filmes, em passeios, em viagens, em momentos junto com a família.4

Mas, isso também na empresa, né? Porque você fica, no seu dia todo você fica dentro da empresa, né?5

Também busco o lazer na empresa, porque, no seu dia todo, você fica dentro da empresa.5

Então eu acho que tem muitas formas de lazer, né? Acho que é difícil você falar numa forma que é lazer, porque para cada pessoa, por exemplo, né? viajar pode ser terrível, e o outro adora, né? Mas eu tento fazer isso, né?6

Existem muitas formas de lazer, é difícil falar numa forma que é lazer. Para uma pessoa, por exemplo, viajar pode ser terrível e para o outro, não.6

Como uma, uma cultura mesmo, ou como um, como um aprendizado, muitas vezes uma, uma conversa com uma pessoa mais experiente, né? Ouvir uma história de alguém. E eu também faço trabalho voluntário, né? então eu acho que nessas partes também tem o lazer, né?7

Vejo o lazer como uma cultura mesmo, como um aprendizado, muitas vezes numa conversa com uma pessoa mais experiente, ouvindo uma história de alguém. Também faço trabalho voluntário, então acho que nessas partes também tem o lazer.7

Mas eu tento buscar isso na minha vida, né? O prazer em tudo que eu faço, fazer bem feito, né? E também pra passar pros meus filhos tudo o que eu não tive, né?8

Tento buscar, na minha vida, o prazer em tudo que faço, fazer bem feito, para também passar pros meus filhos tudo o que eu não tive.8

Mas, é uma busca, é uma luta que eu tenho, né? É, é um objetivo meu que eu tenho, né? Eles, tem que ter uma, eles terão uma vida, né? Tem hoje e terão melhor do que a que eu tive, né? E espero que eles também vão passando isso pra frente, né? Tudo o que você receber, você conseguir passar pros outros, né?9

É uma busca, uma luta, um objetivo que tenho, de meus filhos terem uma vida melhor do que a que eu tive. E, espero que eles também vão passando isso pra frente. Tudo o que você receber, você conseguir passar pros outros.9

Mas é isso que eu tento. Eu tento tirar lazer assim, né? de viagem, né? de tudo. O que for de bom, o que der, é, boa, como se fosse motivação, né? eu acho que tudo isso daí, pra mim, o lazer vem disso, né?10

Eu tento tirar lazer de viagem, de tudo o que for bom, o que der motivação. Pra mim, o lazer vem disso.10

73

assim, né? de viagem, né? de tudo. O que for de bom, o que der, é, boa, como se fosse motivação, né? eu acho que tudo isso daí, pra mim, o lazer vem disso, né?10

for bom, o que der motivação. Pra mim, o lazer vem disso.10

É, aqui seria mais assim, mais na, na conversa mesmo, né? na troca de informação, na troca de experiências, né? É, alguém te trazer alguma coisa, porque o ambiente de trabalho sempre tem alguém, ou faz ou conta alguma história, né? Então essas são a, pra mim seria a forma de lazer dentro da empresa, né? Essa troca, alguém contar uma história, um fato engraçado, uma viagem que aconteceu com ele, né? Essa seria a minha forma de lazer.11

Na empresa, seria mais na conversa mesmo, na troca de informação, na troca de experiências. Seria alguém te trazer alguma coisa, porque o ambiente de trabalho sempre tem alguém que, ou faz, ou conta alguma história. Então essa seria a minha forma de lazer dentro da empresa, a troca, alguém contar uma história, um fato engraçado, uma viagem que aconteceu.11

Um conta uma piada, né? e, você termina o seu almoço, né? nós temos um tempo, né? mas, você termina o almoço, você fica ali conversando um pouco. Você pára uns minutos, né? Essa parte, pra tentar relaxar, pra tentar você voltar depois, né? bem pro trabalho de novo. Seria o, o que eu tento, né? pegar o equilíbrio pra, essa, seria um lazer pra depois eu voltar de novo, né? e continuar a jornada do dia, né? Porque problema todo mundo tem, né? a gente tem. E eu sou, eu sou muito ansioso, muito nervoso. Então eu penso já no fazer as coisas, né? pra ficar, pra ficar bem depois, porque senão, se eu ficar, se eu não conseguir arrumar uma forma de extravasar essa energia aí, (fala rindo) aí não é legal.12

Um conta uma piada e você termina o seu almoço e fica ali conversando um pouco, pára uns minutos pra tentar relaxar, pra voltar bem pro trabalho. Eu tento pegar o equilíbrio pra depois voltar e continuar a jornada do dia, porque problema todo mundo tem. Por ser muito ansioso, muito nervoso, já penso nas coisas que vou fazer pra ficar bem depois, porque não é bom se eu não conseguir arrumar uma forma de extravasar essa energia.12

Mas seria isso, né? seria na, na conversa, na troca, no, na história, tudo isso, né? tudo isso, né? tudo isso relacionado a lazer.13

O lazer seria na conversa, na troca, na história, em tudo isso.13

É, pontuais sim. Na semana passada nós tivemos uma comemoração, no dia doze, dos dez anos, né? Mas fora isso, tem no último dia do mês, é comemorado o, todos os aniversariantes, né? daquele mês, vem e se reúne aqui no, no refeitório, né? na sala VIP. A, nós temos as datas comemorativas de dia de criança, alguma coisa, ou. Eu participo mais por ser voluntário já, né? mas se não tiver, sempre tem uma lembrança, uma gincana, alguma coisa pra ser feita, pra lembrar a pessoa disso, né?14

Na semana passada tivemos uma comemoração, mas fora isso, no último dia do mês, é comemorado o aniversário de todos aniversariantes daquele mês. Temos as datas comemorativas de dia das crianças, mas se não tiver, sempre tem uma lembrança, uma gincana, alguma coisa pra ser feita, pra lembrar a pessoa disso.14

Então a gente, fora isso também, é lógico, acontece assim, cada setores montar as suas coisas, né? que seriam por exemplo, a, eu vou fazer um churrasco de final de semana e vai tal pessoa, né? Então fora isso. Ou tem o todo, que também é isso que eu tô te falando ou como tem das áreas, também, algumas áreas elas, elas vão proporcionar entre elas, ali, né?

Fora as ações de lazer na empresa, acontece de cada setor montar as suas coisas, por exemplo, um churrasco de final de semana, uma confraternização no final do ano com um churrasco, alguma coisa numa chácara.15

74

fazer um churrasco de final de semana e vai tal pessoa, né? Então fora isso. Ou tem o todo, que também é isso que eu tô te falando ou como tem das áreas, também, algumas áreas elas, elas vão proporcionar entre elas, ali, né? um, um final de semana com alguma coisa. No final do ano sempre tem aqui, né? uma confraternização, que nem, eu sou da qualidade, né? então a gente faz uma, uma confraternização do setor ali, né? no final do ano, que seria um churrasco, alguma coisa numa chácara, que, então, sempre tem alguns, alguns pontos, né?15

uma confraternização no final do ano com um churrasco, alguma coisa numa chácara.15

Quando eles passam, por exemplo, os temas de segurança aqui, né? O trabalho de segurança é passado assim mais, é, o teatro, eles fazem teatro pra passar. Então não vem e fala o, o risco que você corre no trabalho, só como risco, eles passam essa mensagem mas, através do teatro, né? Tem também umas pessoas que aí são voluntárias e elas participam desse grupo de teatro aí, né? Então passa a informação, que eu acho assim, fica mais, é, é, fica mais fácil pras pessoas entender, né? Não fica pesado, porque o tema segurança é, é complicado, né?16

Quando a empresa passa, por exemplo, os temas de segurança, isso é feito com um teatro, então a informação fica mais fácil pras pessoas entenderem, não fica pesado, porque o tema segurança é complicado.16

Então sempre tem, sempre tem alguma coisa assim que a, que a empresa desenvolve, tentando, é, deixá-la o mais leve possível assim, né? pra que as pessoas possam integrar da melhor maneira possível. Essa é uma parte boa da empresa, né? Ela fazer isso, né?17

A empresa sempre desenvolve algo tentando deixá-la o mais leve possível, pra que as pessoas possam se integrar da melhor maneira. Essa é uma parte boa da empresa.17

E, também, a empresa é pequena, né? Então, a, toda hora você está em contato com alguém, mesmo você estando num setor, toda hora você tá conversando com alguém, então, num, não é assim fechado, né? Você tem toda hora, você tem que tar conversando, né? Não, não, você não fica tão distante assim, você passa o seu dia aqui, mas tá toda hora em contato, né?18

A empresa é pequena, então a toda hora você está em contato com alguém, mesmo estando num setor, a toda hora você está conversando com alguém. Então, não é, assim, fechado, você não fica tão distante das pessoas, está sempre em contato com alguém.18

É, eu acho que o quê o pessoal questiona muito, que nem, a mudança que foi, é, toda fábrica aconteceu isso, né? o negócio de redução de custos, essas coisas, né? Era, as datas mais comemorativas, né? E isso diminuiu muito em todas as empresas, né? principalmente em dia das crianças, né? final, natal mesmo.19

As datas comemorativas diminuíram muito, principalmente dia das crianças e natal. O pessoal questiona muito isso.19

75

Eu também sinto que é, devia acontecer com, com uma maior freqüência aqui, né? Isso que, é, deixa assim, um pouco, sei lá, podia estar acontecendo mais, né? Essa confraternização, essa reunião.20

Sinto que as confraternizações, reuniões, deveriam acontecer com uma maior freqüência aqui na empresa.20

Nessas datas, por exemplo, não precisa, por exemplo, todo mês, mas pelo menos nessas que são mais chaves, né? Mas principalmente por causa das crianças, né? Porque as crianças têm aquela coisa, do pai e da mãe sai pra trabalhar e, né? e eles tem aquela coisa assim, que, como que é a empresa que o meu pai trabalha, quê que faz?21

Nas datas mais chaves, principalmente por causa das crianças, deveriam acontecer as confraternizações, porque as crianças querem saber como é a empresa que o meu pai trabalha, o quê que faz?21

Então, como aconteceu nos dez anos, foi legal por causa disso. Além da festa, abriram a empresa, né? Então eu mostrei, né? pros meus filhos onde que eu trabalho, então, toda o, a família pôde conhecer como que é o local de trabalho da gente. Isso é bom também, né? Você, você passar pra eles como é o seu trabalho, né? É importante, acho legal.22

Como aconteceu recentemente, além da festa, abriram a empresa e eu mostrei pros meus filhos onde trabalho, então toda a família pôde conhecer como é o meu local de trabalho. Isso é bom também, você passar pra eles como é o seu trabalho, é importante.22

Eu acredito que sim, né? Desde um, desde que, quando uma criança, quando você leva num brinquedo, num parquinho, porque, ela não tá só brincando, mas ali tem tanta coisa, porque, tem por exemplo, um brinquedo que todas gostam e todas vão querer ir ao mesmo tempo. O fato de uma esperar, dar a vez pra outra, tudo essa, essa parte aí da socialização aí deles aí é um aprendizado, né? Um respeita o outro, respeita a hora que ele vai fazer aquilo, a hora que ele vai poder usar o brinquedo. Que nem agora, todas as escolas tem essa, essa coisa de brinquedoteca, né? Isso também, isso também é importante pra criança, né? Ela aprende a não estragar o brinquedo, ela sabe que outra criança precisa do livro, precisa do brinquedo, né? Então eu acho que é, é toda hora que você tá aprendendo e o lazer é bom pra isso, né?23

Desde quando uma criança vai num parquinho, num brinquedo, ela não está só brincando, mas tem tanta coisa, e a própria socialização delas é um aprendizado. Nas escolas, agora tem a brinquedoteca e isso também é importante pra criança, para aprender a não estragar o brinquedo, por exemplo. Então, eu acho que a toda hora você está aprendendo e o lazer é bom para isso.23

Você, se você faz uma viagem por exemplo, você mora aqui no interior, que nem eu moro aqui em São Carlos, então se você vai pra praia, é um aprendizado, né? Você tá passeando, você tá coisando, mas você tá aprendendo também. Principalmente pra quem nunca foi. Eu acho, né? pra criança tudo que a gente puder passar, principalmente pra eles, né? é bom, é informação, né? Então eu acho o lazer, uma forma, uma forma boa de aprendizado, de passar, né? de passar experiência e passar conhecimento. Eu acredito nisso, né?24

Uma viagem, você está passeando mas também está aprendendo, principalmente pra quem nunca foi. Pra criança, tudo que pudermos passar é bom, é informação e eu acho o lazer uma boa forma de aprendizado, de passar experiência e conhecimento.24

76

lazer, uma forma, uma forma boa de aprendizado, de passar, né? de passar experiência e passar conhecimento. Eu acredito nisso, né?24 Eu tento, eu sempre busquei assim, aprender, eu não tive pessoas assim, que me ensinassem, né? nunca ninguém me ensinou. Eu sempre tive que ficar aprendendo as coisas sozinho, né? olhando, ouvindo, né? então eu, eu aprendi assim.25

Eu sempre busquei aprender e não tive pessoas que me ensinassem, nunca ninguém me ensinou, eu sempre tive que aprender as coisas sozinho, olhando, ouvindo. Eu aprendi assim.25

Mas cada pessoa é de um jeito, né? Então eu sei, por exemplo, a, não adianta eu, por exemplo, cobrar isso do meu filho porque pode ser que, que ele espere que eu pegue ele pela mão para aprender mesmo, né? Então eu tento ver qual é a melhor forma de passar isso pra ele. E também aproveitando desse momento. Porque todo momento que você tá junto, né? Sábado ele quis ir no Salão do Automóvel, então nós fomos, porque ele tem doze anos, então, quer dizer, é um passeio, mas é também um aprendizado. É, lá tem tecnologia, tem coisas diferentes, né? Pra, pra ele ver, pra ele aprender. É, eu tento aproveitar o máximo.26

Mas cada pessoa é de um jeito e então eu sei, por exemplo, que não adianta cobrar isso do meu filho porque pode ser que ele espere que eu o pegue pela mão para aprender. Então, eu tento ver qual é a melhor forma de passar isso pra ele, aproveitando desse momento, porque todo momento que estamos juntos, como num passeio que fizemos, também é um aprendizado. Eu tento aproveitar o máximo.26

O duro disso é como eu te falei no começo, é você administrar mesmo, né? Mas daí, a minha, eu cheguei à conclusão, o seguinte, eu tento ter qualidade então, não em quantidade, né? Já que o tempo é pouco, poucas horas pra fazer todas essas coisas, então eu, eu troquei a quantidade do tempo, né? do lazer pela qualidade do lazer. Eu acredito que tá dando certo. Eles, eles gostam muito, né?27

O difícil é administrar o tempo mesmo, mas cheguei à conclusão de que já que o tempo é pouco, poucas horas pra fazer todas essas coisas, troco a quantidade do tempo do lazer, pela qualidade do lazer.27

Então, até agora tem feriado. Nós acabamos não definindo ainda aonde vamos, por, pela correria. Mas, tem que arrumar um lugar, né? tem que passear. Passear um pouco, descansar um pouco também, né?28

Agora mesmo, tem feriado e pela correria ainda não definimos aonde vamos, mas tem que arrumar um lugar, tem que passear um pouco, descansar um pouco também.28

Não, eu acho que não. Seria isso mesmo, né? Eu vejo o lazer como aprendizado e como uma parte de relaxamento também. Você consegue, você faz uma troca, de, de energia, por exemplo, você tenta pegar energia positiva, né? pra você poder continuar na sua vida. É isso que eu penso.29

Vejo o lazer como aprendizado e como uma parte de relaxamento também. Você faz uma troca de energia, tenta pegar energia positiva pra poder continuar a sua vida.29

Não, seria, seria uma coisa mais assim, o Estado também, né? Eu acho que eles deveriam oferecer mais coisas pra gente, né? Falta muito isso, né?30

O lazer seria uma coisa que o Estado deveria oferecer. Oferecer mais coisas pra nós, falta muito isso.30

77

Falta muito isso, né?30 Então, quer dizer, eu tô falando de uma situação que eu posso fazer também, né? Eu posso viajar, eu posso. Porque o lazer eu acho até, é, que nem a alimentação, eu penso que a alimentação não é só alimentar. Quando você sai prum jantar, pra comer um lanche ele é uma forma de lazer também, né? Então, isso falta pra muitas pessoas, né?31

Estou falando de uma situação que posso viajar, porque eu penso que, quando você sai para um jantar, pra comer um lanche, é uma forma de lazer também, e isso falta pra muitas pessoas.31

Mais seria assim, uma coisa política, uma coisa que eu acho que o Estado deveria oferecer, né? Então pra mim, é, é isso. Tá muito distante, né? Falta muito ainda, né? da pessoa conseguir ter.32

O lazer seria uma coisa política, uma coisa que eu acho que o Estado deveria oferecer, mas está muito distante, falta muito ainda para as pessoas conseguirem ter.32

Você consegue ver a qualidade de vida de acordo com o que você tem, né? Tá relacionado muito com o seu poder aquisitivo, né?33

Você consegue ver a qualidade de vida de acordo com o que você tem, está muito relacionado com o seu poder aquisitivo.33

Mas, então, falta, né? pra muita gente falta. Pra mim, graças a Deus tá dando, né? mas falta pra muita gente, né? E eu acho que isso podia ser melhorado, né? Mas acho que esse não é o (fala rindo) caso. Dividir assim, coisas com o social. Mas é o que eu sinto, né? Que tem muita gente que precisa ter mais, né? mais lazer, mais diversão.34

O lazer falta pra muita gente, pra mim, graças a Deus, está dando, mas falta pra muita gente. Acho que isso poderia ser melhorado, porque tem muita gente que precisa ter mais lazer, mais diversão.34

Mas é isso mesmo, o lazer é isso, é o seu tempo com a sua família, com as pessoas que você gosta, né? com seus amigos se divertir, né?35

O lazer é o seu tempo com a sua família, com as pessoas que você gosta, com seus amigos, se divertir.35

Também, a gente tem que levar a vida da gente da melhor maneira possível, né? Cuidando, a, com saúde, né? Fazendo a coisa certa, sem vícios, né? Eu acho que aí você consegue ter uma qualidade de vida, né? Você consegue se divertir e aproveitar bem, só isso.36

Temos que levar a vida da melhor maneira possível, com saúde, fazendo a coisa certa, sem vícios e assim conseguir ter uma qualidade de vida, se divertir e aproveitar bem.36

4.1.3.3 Sujeito Ip – Empresa B

Unidade de Significado Redução Fenomenológica A, cara, é o, o que eu posso falar para você? A, meu lazer é muito bom, sabe? Eu gosto de fazer serviços com a minha esposa, certo? Eu sou um cara casado, né meu?1

Meu lazer é muito bom, sou casado e gosto de fazer serviços com a minha esposa.1

E, gosto de praticar esporte. Pratico, ando, se puder, pra caramba de bicicleta quando estou em casa, assim.2

Gosto de praticar esporte, ando, quando estou em casa, muito de bicicleta.2

78

É, a tarde geralmente não dá porque você sai daqui, tem dia que eu tô saindo às seis horas da tarde, por, porque tá?, às vezes, atrasa a produção aí, né?3

À tarde geralmente não dá porque tem dia que estou saindo às seis horas da tarde, porque, às vezes, atrasa a produção.3

Mas, muitas vezes, quando tem tempo eu chego em casa assim eu vou caminhar com a minha esposa, certo?4

Quando tem tempo, chego em casa e vou caminhar com a minha esposa.4

E é isso daí. O que eu vou falar pra você, cara? Não tem muita coisa, né? Agora, de final de semana, não, quando a gente não trabalha de sábado e de domingo, é fazer caminhada, é assistir filmes, sabe? documentários. Meu dia-a-dia é assim cara, certo?5

Durante a semana não tem muita coisa, agora de final de semana, quando não trabalho de sábado e de domingo, faço caminhada, assisto filmes, documentários.5

Não, sou de muito, de conversar muito. Converso pouco, assim, às vezes, brinco também, né meu? me distraio, mas, é, o meu dia-a-dia é dessa forma aí.6

Não sou de conversar muito, converso pouco, às vezes, brinco, me distraio e esse é o meu dia-a-dia.6

Meu lazer aqui? Ajudar meus amigos, certo? que trabalham junto comigo que eu gosto muito. Não tô jogando conversa fora não. Você pode perguntar pra eles aí. Eu gosto de ajudar eles. Gosto de ajudar não só eles também como a empresa também, né meu?7

Meu lazer aqui na empresa é ajudar amigos que trabalham junto comigo, o que eu gosto muito. Gosto de ajudá-los, assim como a empresa.7

Converso, busco material pra lá e pra cá. Ando pra lá e pra cá o dia inteiro, certo? E na hora do almoço num, eu não sou uma pessoa assim de almoçar. Às vezes, como uma fruta, isso e aquilo, vou caminhar também, certo?8

Converso, busco material, ando pra lá e pra cá o dia inteiro e na hora do almoço não sou de almoçar, então como uma fruta e vou caminhar.8

Mas, graças a Deus, meu lazer assim, é, é fazer amizades, mais fazer amizades. Pessoas novas assim, eu gosto de fazer muita amizade, sabe? Brinco com todos eles. Gosto de brincar também, certo?9

Meu lazer é fazer amizades com pessoas novas e brincar com todos eles.9

Não só, porque eu acho que a firma não é uma, uma cadeia, né meu? Você vai ficar o dia inteiro só pensando, pô, vou sair do portão pra fora, eu tô livre? Não, você tem que colocar a firma, como um, que nem você falou aí, um lazer também, né meu? Uma atividade física também que você faz durante o dia, certo?10

Não acho que a firma é uma cadeia para você ficar o dia inteiro só pensando em sair do portão para fora para estar livre. Coloco a empresa como um local de lazer também, uma atividade física que você faz durante o dia.10

E a empresa (nome da empresa na qual trabalha), eu não tô puxando saco, porque graças a Deus, eu fui uma pessoa, assim, pra falar pra você que, eu não conheci meus pais, certo? Eu, desde os quatro anos eu perdi meu pai e minha mãe, morava em São Paulo e não tive aquela oportunidade assim de trabalhar em firmas grandes. Teve firmas aí que eu tive, que eu fui trabalhar, que nem aquela (nome da empresa na qual trabalhou). Eu entrei pelo cano mesmo. A turma já falava, eu fui trabalhar na firma e entrei pelo cano, né meu? E, mandou todo mundo embora e não pagou

Tenho uma história de vida de dificuldades pessoais e profissionais e a empresa que estou, fazem três anos e poucos, tem mostrado que pensa muito no seu funcionário. Tanto é que tem uma professora que vem duas a três vezes por semana para dar alongamentos pra gente, tem a academia, tem as enfermeiras pra te ajudar. Então eu considero que essa empresa é abençoada por Deus e eu peço pro meu Deus para sempre abençoá-la para que sempre esteja aqui dentro. Eu gosto de trabalhar nesta empresa e não tenho que reclamar de nada.11

79

que eu fui trabalhar, que nem aquela (nome da empresa na qual trabalhou). Eu entrei pelo cano mesmo. A turma já falava, eu fui trabalhar na firma e entrei pelo cano, né meu? E, mandou todo mundo embora e não pagou ninguém, né? Então eu cheguei na casa de pessoas aqui não pra pedir um prato de comida, mas pra pedir serviço. E a (nome da empresa na qual trabalha) ela, faz três anos e poucos, três anos e poucos que eu tô aqui dentro. Ela tem mostrado, sabe? Que ela pensa muito no seu funcionário. Tanto é que você tem aí, ó, uma professora, eu acho que duas a três vezes por semana que ela vem dar alongamento pra gente. Ela tem a academia lá em cima disponível. Claro que se você for todo mundo lá não vai, assim, num vai caber lá dentro, né meu? Mas eles colocam uns horários legal. Tem as enfermeiras aí, sabe? pra te ajudar. Então eu vou falar uma coisa pra você, meu, essa empresa aqui ela, sinceramente é abençoada por Deus. E eu peço pro meu Deus sempre abençoar essa empresa pra que sempre eu esteja aí dentro. Eu gosto de trabalhar na (nome da empresa na qual trabalha) e não tenho que reclamar de nada, cara. E olha o que eu já passei aí fora aí, eu vou falar uma coisa para você, eu tô aqui dentro hoje, graças a Deus, e quero permanecer aqui, certo?11

abençoada por Deus e eu peço pro meu Deus para sempre abençoá-la para que sempre esteja aqui dentro. Eu gosto de trabalhar nesta empresa e não tenho que reclamar de nada.11

Agora, mais pro lado de lazer aí, é isso daí. Eu gosto dos meus amigos, gosto de conversar com eles, brincar com eles. Claro que discussão acontece no dia-a-dia porque a firma, a firma é isso daí, certo? Só que é o tal negócio, tem que levar pro lado profissional. Eu procuro sempre levar por isso. Ô (nome de uma pessoa) isso ou aquilo, tal, tal, isso ou aquilo, tá, mas vamo conversar, vamo chegar a um acordo, né? Certo? Mas é o tal negócio que eu falei para você, meu, eu gosto muito da empresa aí e não posso falar nada. Meu lazer é isso daí. É conversar com eles e ajudar eles o dia inteiro aí.12

Relacionado ao lazer, gosto dos meus amigos, de conversar e brincar com eles. Claro que discussão acontece no dia-a-dia, porque a firma é isso daí, mas procuro sempre levar pro lado profissional. Como eu já disse, gosto muito da empresa e não posso falar nada. Meu lazer é conversar com meus amigos e ajudá-los o dia inteiro.12

Claro, claro. Lazer, o lazer você aprende a errar e errando você aprende a fazer certo, certo? Então lazer e atividade tá ligado um ao outro, né? E eu penso dessa forma.13

No lazer você aprende a errar e errando você aprende a fazer certo, então lazer e atividade está ligado um ao outro.13

80

4.1.3.4 Sujeito II p – Empresa B

Unidade de Significado Redução Fenomenológica Certo, o meu dia-a-dia da empresa, praticamente é, trabalho normal, brincando, conversando, é lógico, tentando melhorar o ambiente de serviço.1

Meu dia-a-dia na empresa é trabalhar, mas brincando, conversando, tentando melhorar o ambiente de serviço.1

Na minha idéia, né? Não sei na idéia das pessoas, né? Eu me sinto bem durante o que eu faço, durante o, a semana, durante o, o meu horário de serviço. Gosto muito da idéia.2

Eu me sinto bem durante o que eu faço, durante a semana, durante o meu horário de serviço.2

A, eu procuro me, me sentir bem com todo mundo, né? trabalhando, fazendo o meu serviço com qualidade, com mais sinceridade também, né? trabalhando normal.3

Eu procuro me sentir bem com todo mundo, trabalhando, fazendo o meu serviço com qualidade, com mais sinceridade também.3

Agora, o meu horário de serviço, de lazer em casa, é, praticamente mais, pouco, é aos domingos, né? Aos domingos a gente tá em casa também, a gente faz um servicinho em casa também, no fim de semana. Geralmente é aos domingos, né? que aqui a gente trabalha no sábado também, direto.4

O meu horário de lazer, em casa, é aos domingos, quando estou em casa e faço um serviço. Geralmente é aos domingos, porque na empresa a gente trabalha no sábado, também, direto.4

Só se for com a academia no meio do ho, na hora do almoço, pra dar uma aliviada no stress de vez em quando. Pra eu me sentir bem durante, na hora, na hora do serviço, mas é muito pouco.5

Durante a semana, só se for com a academia na hora do almoço, pra dar uma aliviada no estresse, pra eu me sentir bem durante o serviço, mas é muito pouco, é de vez em quando.5

A, aprende, aprende bastante coisa, que nem as pessoas que a gente conversa, aprende. Conversa bastante, aprende muitas coisas.6

No lazer se aprende bastante coisa, em conversas com as pessoas se aprende. Conversa bastante, aprende muitas coisas.6

A, aqui dentro é, é meio complicado, né? Por causa do horário de serviço, né? é muita, porque o horário que a gente tem é das sete, praticamente das sete às seis, porque às cinco horas é meio difícil a gente sair.7

Aqui na empresa é meio complicado, por causa do horário de serviço. É praticamente, das sete às seis, porque às cinco horas é meio difícil sairmos.7

A, o lazer da gente é, é muito pouco, o pouquinho que a gente tem é com a família, né? nesse tempo, no fim de semana, mas é pouca coisa também.8

Nosso lazer é muito pouco e o que temos é com a família no fim de semana.8

4.1.3.5 Sujeito III p – Empresa B

Unidade de Significado Redução Fenomenológica O meu aqui na fábrica? É, aqui dentro da fábrica é meio corrido, corrido,1

O meu lazer aqui na fábrica é meio corrido.1

mas a gente consegue, é, separar um pouco as coisas do dia-a-dia mesmo, né? Tem alguns momentos que a gente consegue se divertir um pouco, brincar um pouco, descontrair. Cara, é, como é que eu vou te dizer? Nos momentos mais assim que a gente consegue ter um momento de lazer aqui, é, na hora que tem as paradas mesmo.2

Mas no dia-a-dia tem alguns momentos que a gente consegue se divertir um pouco, brincar, descontrair, que são nos momentos das paradas.2

81

momentos que a gente consegue se divertir um pouco, brincar um pouco, descontrair. Cara, é, como é que eu vou te dizer? Nos momentos mais assim que a gente consegue ter um momento de lazer aqui, é, na hora que tem as paradas mesmo.2

descontrair, que são nos momentos das paradas.2

Na hora que tem as paradas a gente consegue, é, juntar o pessoal e conversar um pouco, fazer uma brincadeira ou outra. E do resto cara, (risos) acho que é correria mesmo, não tem jeito. É serviço pauleira o dia inteiro.3

Nas paradas conseguimos juntar o pessoal e conversar um pouco, fazer uma brincadeira ou outra. E do resto, é correria mesmo, não tem jeito, é serviço “pauleira” o dia inteiro.3

E fora da fábrica isso aí, é, toda hora.4 Fora da fábrica, o lazer é em toda hora.4 Fora da fábrica, a gente, no momento que eu tenho vazio eu tento, sei lá, estar jogando futebol, estar com meus filhos e tudo, eu vou na piscina, eu vou na sauna. Eu tento fazer de tudo o que dá pra fazer, eu tento fazer, tá? Tudo com, no máximo de, de intensidade.5

Fora da fábrica, no momento que eu tenho vazio, tento jogar futebol, estar com meus filhos, ir na piscina, na sauna. Tento fazer de tudo o que dá pra fazer, tudo com o máximo de intensidade.5

Fica muito tempo trancado aqui dentro, muito tempo trancado, então quando a gente tem um, um tempo tranqüilo eu tento sair bem, do resto, é complicado.6

Fico muito tempo trancado aqui dentro, então quando tenho um tempo tranqüilo, tento sair. Do resto, é complicado.6

A, cara, eu, eu por ser uma pessoa católica praticante, eu sempre tento, quando eu, tar com o pessoal, tar tocando, tá lendo alguma coisa diferente, sempre buscando algo a mais pro meu dia-a-dia, pro meu interior.7

Pela religião que pratico, tento sempre estar com o pessoal tocando, lendo alguma coisa diferente, sempre buscando algo a mais pro meu dia-a-dia, pro meu interior.7

Então, eu tô de vez em quando, quando eu tô no meu lazer, principalmente de domingo eu gosto de tar lendo algum livro diferente, mas é, é esse tempo caseiro assim que eu faço essas coisas é bem menor, bem menor do que o resto das outras coisas, tipo jogar futebol, outras coisas, sair com os filhos, fazer alguma outra coisa.8

No meu lazer, principalmente no domingo, gosto de ler algum livro diferente, mas esse tempo é bem menor do que o das outras atividades, como jogar futebol, sair com os filhos.8

na parte de leitura eu sou meio fraco (risos). Então eu leio bem pouco mesmo. Aprendendo, é complicado, cara, é complicado eu falar pra você se aprendendo ou não. Porque a gente tem filho, esposa, um monte de obrigação, a gente não consegue abrir, informar pra muitas coisas, né?9

Na parte de leitura, leio bem pouco mesmo e falar em aprender é complicado porque tenho filho, esposa, várias obrigações e não consigo abrir, informar pra muitas coisas.9

A gente tem sempre, um tempinho curto e a gente tenta viver aquele tempo curto, viver da melhor maneira.10

Temos sempre um tempo curto, o qual tento viver da melhor maneira.10

82

4.1.4 Grupo Terceir izado

4.1.4.1 Sujeito I t – Empresa A

Unidade de Significado Redução Fenomenológica No meu dia-a-dia, na verdade, eu tenho, o nosso divertimento daqui no lazer na (nome da empresa na qual trabalha) é, a gente tem o horário das uma às duas horas. Que é o horário do almoço que a gente tem. Que realmente é o único tempo que a gente tem aqui na verdade. Que é, a gente joga um baralho que a gente tem, né?1

No meu dia-a-dia, o divertimento no lazer é da uma às duas horas, que é o horário do almoço, que realmente é o único tempo que tem aqui, que jogamos um baralho.1

E outra, a gente discute, eu tenho muito mais sobre as planilhas, as planilhas são na verdade, são as ocupações minhas. Que pra mim é um lazer. Que é a minha preocupação no dia-a-dia.2

Discutimos sobre as planilhas, que são as minhas ocupações, minha preocupação no dia-a-dia, e pra mim é um lazer.2

na minha casa, vamos supor, vamos pra minha casa, eu pratico esporte. Eu tenho como dia-a-dia o futebol. Eu tô disputando o campeonato de areia. Todo dia após a hora que eu chego em casa, eu corro todo dia vinte e cinco minutos. Porquê? No trabalho tem que tar em forma, tem que tar intacto. E aqui mesmo como é uma firma maravilhosa, cara, cê tem que tar bem todo o dia-a-dia aqui. É, mais por aí, né?3

Na minha casa, eu pratico esporte, futebol no dia-a-dia. Todo dia após o horário de trabalho eu corro vinte e cinco minutos, porque no trabalho tem que estar em forma, principalmente nesta firma maravilhosa, tem que estar bem todo o dia-a-dia.3

É, porque eu gosto muito de computador também, que uma área de lazer que eu tento praticar bastante no dia-a-dia também. A maioria, eu tenho que saber o que tá se passando no dia-a-dia. Como eu mexo com refeição, é uma coisa que já tenho que saber no dia-a-dia. É, de tudo é isso.4

Gosto muito de computador também, que é uma área de lazer que eu tento praticar bastante no dia-a-dia, porque como eu mexo com refeição, eu tenho que saber o que está se passando.4

Não, eu mesmo assim, porque eu sou novo, né? Eu sou novo mesmo. Eu tô buscando aqui coisas que tá a partir do momento que eu tô vivendo aqui. Pra mim, só isso mesmo.5

Não vejo ações pontuais de lazer além do baralho no horário de almoço, mas sou novo na empresa.5

Não, pô, a gente tá na expectativa de um clube, né? Um clube. Pô, esses dias a gente tava até comentando, né? Como essa empresa, né? Uma empresa maravilhosa que é, a gente mesmo não tem um clube, da (nome da empresa na qual trabalha) mesmo, né? Porque só tá faltando isso.6

Estamos na expectativa de um clube. Esses dias estávamos comentando, como uma empresa maravilhosa como esta não tem um clube? Só está faltando isso.6

O que tem dentro da (nome da empresa na qual trabalha), tem tudo cara. Tudo de bom e de melhor aqui tem, cara. Coisas que eu, faz quatro meses, então é coisa recente, mas principalmente aqui eu tô aprendendo, amizade. Amizade aqui também é muito maravilha.7

Tem tudo dentro da empresa, tudo de bom e de melhor. Estou recentemente aqui, quatro meses, mas estou aprendendo, principalmente, amizade.7

83

quatro meses, então é coisa recente, mas principalmente aqui eu tô aprendendo, amizade. Amizade aqui também é muito maravilha.7

amizade.7

Todo mundo trata você por igualdade aqui. Não é porque eu sou terceiro, eu sou uma pessoa diferente. Me tratam muito bem.8

Aqui na empresa todo mundo trata você com igualdade. Não é porque eu sou terceiro que me tratam diferente, me tratam muito bem.8

Sim, como eu tô dizendo pra você. Sobre as planilhas que eu tenho, entendeu? Pra mim, eu tiro como um lazer, é, tipo, aprendendo, eu tô aprendendo muito mais. Porque eu entrei aqui, eu não sabia nada. Hoje com o pouco tempo que eu tô aí, a partir desses momentos, das horas vagas que tem, eu vou me aperfeiçoando muito mais. E conhecendo pessoas aqui dentro que tão me ajudando pra caramba. Nossa, eu tô aprendendo coisas aqui que eu jamais pensaria que eu ia saber um dia. E aqui eu tô tendo muitas informações maravilhosas. Eu vejo como minha casa aqui.9

As planilhas com que eu trabalho, considero um lazer. E estou aprendendo muito, porque entrei aqui e não sabia nada e hoje, com pouco tempo, a partir das horas vagas que tenho, vou me aperfeiçoando muito mais e conhecendo pessoas que estão me ajudando muito. Estou aprendendo coisas que jamais pensaria que ia saber um dia. Estou tendo muitas informações maravilhosas e vejo a empresa como a minha casa.9

4.1.4.2 Sujeito II t – Empresa A

Unidade de Significado Redução Fenomenológica Vamos dizer assim, é uma coisa meio complicada, por exemplo, que aqui nós trabalhamos quatro por dois e plantões de doze horas. Então na verdade a gente fica mais no serviço do que em casa. A gente trabalha numa escala de quatro por dois, correto? Então geralmente, é, no primeiro dia da nossa folga você aproveita mais pra ficar em casa, pra descansar. O segundo dia você tem que sair, resolver seus afazeres, banco e etcetera. Então, você não tem assim aquele tempo e de necessidade no caso pra você tirar um lazer com a sua família, você ir passear, pra ir em algum evento. Não tem como você se programar porque o espaço de tempo é curto.1

O lazer é uma coisa complicada porque trabalhamos em escalas com plantões de doze horas, então, na verdade, ficamos mais no serviço do que em casa. No primeiro dia da nossa folga aproveitamos para ficar em casa e descansar, no segundo, para resolver afazeres de banco e outros e assim, você não tem aquele tempo necessário para ter um lazer com a sua família, passear, ir em algum evento. Não tem como se programar porque o espaço de tempo é curto.1

Mesmo se a gente se esforça um pouquinho, o tempo, o tempo se torna muito curto por causa desse motivo aí, da carga horária e por causa da saúde que anda um pouco complicada. Então eu normalmente, na minha, nos meus dias de folga que eu tenho na verdade, eu não tenho lazer.2

Mesmo nos esforçando um pouco, o tempo se torna muito curto por causa da carga horária e da saúde que anda um pouco complicada. Então, normalmente, nos meus dias de folga, não tenho lazer.2

Não tem como tirar lazer porque a gente vive pro trabalho. Então é meio complicado isso daí.3

Não tem como ter lazer, é meio complicado porque vivemos pro trabalho.3

84

pro trabalho. Então é meio complicado isso daí.3

porque vivemos pro trabalho.3

Não, não tem, não tem como, não tem como.4 Nos momentos de trabalho não tem como ter lazer, não tem como.4

Exatamente, até que nesse ponto aí, a, a empresa se preocupa com a gente, mas o, o, a questão é a, é a carga horária, entendeu? Até se preocupar, a empresa sempre está nos oferecendo, entendeu? É, vamos dizer assim, de atividades que tem pra fazer assim, entra a parte de lazer. Que esse final de ano mesmo a gente vai ter. É, por exemplo, se você tiver no caso, no seu dia de folga, dá pra aproveitar um pouquinho. A empresa, ela nos oferece, entendeu? Mas, às vezes, a gente quer fazer uma hora extra, quer fazer uma coisa assim e acaba acumulando. Aí não tem como, né? de tirar esse período de lazer, aí, por causa disso, também desse motivo também que vem a impedir, né? que a gente faça isso daí, né?5

A empresa até nos oferece atividades que entram na parte de lazer, ela se preocupa conosco, mas a questão é a carga horária. Esse final de ano mesmo vamos ter um evento, e, por exemplo, se você estiver no seu dia de folga dá pra aproveitar um pouco, mas, às vezes, queremos fazer uma hora extra, uma coisa assim e acaba acumulando e não tem como ter esse período de lazer.5

Hoje, vamos dizer assim, é, a gente tem que trabalhar, trabalhar e trabalhar, não é verdade? Às vezes, deixa um pouquinho o lazer do lado pra, pra trabalhar para adquirir alguma coisinha a mais.6

Hoje, vamos dizer assim, temos que trabalhar, trabalhar e trabalhar. Às vezes, deixa um pouco o lazer de lado para trabalhar e adquirir alguma “coisinha” a mais.6

E até poucos dias agora eu tava estudando, né? Eu, o meu lazer tava sendo na escola, não é verdade? E, então quero dizer assim, que no começo do ano agora pretendo também fazer uma, se Deus quiser, pretendo fazer também uma faculdade. Então, quer dizer, o meu lazer vai ser na escola, né?7

Até poucos dias atrás estava estudando e o meu lazer estava sendo na escola. No começo do ano pretendo fazer uma faculdade, então o meu lazer vai ser na escola.7

Porque precisa também estudar porque eu tenho gostado de dizer que canoa parada ela não vai a lugar nenhum. Ela tem sempre, ela tem que tar remando e andando. Então eu pretendo voltar a estudar, é, numa faculdade o ano que vem agora, no início do ano. Então, o meu tempo de lazer vai ser na escola.8

Precisamos também estudar porque eu tenho gostado de dizer que canoa parada não vai a lugar nenhum, tem sempre que estar remando e andando. Então, pretendo voltar a estudar numa faculdade e o meu tempo de lazer vai ser na escola.8

4.1.4.3 Sujeito III t – Empresa A

Unidade de Significado Redução Fenomenológica É, o lazer aqui da fábrica, né? Aqui a gente vem trabalhar, depois aí chega em casa, então, a gente tem aquele, a gente não, não. É mais no fim de semana, né? que eu saio um pouco, né?1

Aqui na fábrica venho trabalhar, depois chego em casa e tenho, mais no fim de semana, um lazer, que saio um pouco.1

85

Agora, de fim de semana, eu não saio assim de. Mas, é, no fim de semana, né? a gente vai divertir.2

Na semana não saio, é mais no fim de semana que vou me divertir.2

Agora, aí, aqui na fábrica a gente já vem, né? e chega daqui e já vai embora. Chega uma e meia, né? a gente vai embora.3

Agora, aqui na fábrica, já venho e já vou embora à uma e meia da tarde.3

É que eu gosto de trabalhar aqui, né? Eu gosto de trabalhar aqui. Aqui a gente trabalha por fora, né? Então é lazer já, né? A gente tá no, no verde, aí, já. A gente já gosta, né? Eu gosto de trabalhar pra fora, assim, não dentro de fábrica, né? Então é um lazer pra mim aqui já. Aí quando eu saio, eu também já vou pro, pro mato, essas coisas.4

É que eu gosto de trabalhar aqui e trabalho por fora da empresa, então já é lazer estar no verde, eu gosto. Eu gosto de trabalhar pra fora, não dentro de fábrica, então já é um lazer pra mim aqui. Quando eu saio, também já vou pro mato.4

Não, aqui ela não. A nossa não, né? Que é a (nome da empresa de terceirização a qual é funcionário), né? Essa daí já não preocupa muito não. Eles não vai, não tem nada, né? Não tem um clube, não tem um, nada, né? pra se divertir, né? Ela não dá isso, né?5

A empresa de terceirização não se preocupa muito com os funcionários. Não tem um clube, não tem nada pra se divertir, ela não dá isso.5

A bom, aí sim, é, a (nome da empresa na qual trabalha) sim. Quando tem uma festa aí tudo, muito boa, né?6

A empresa aqui sim, quando tem uma festa, aí é muito boa.6

Isso, tudo eles, os terceiros, o da (nome da empresa na qual trabalha), né? Todo mundo.7

E nisso tudo, os terceiros também participam.7

É, se tinha um clube, sabe, se tinha um clube, né? de lazer, um campo, uma piscina, um, eu acho que isso daí que devia ter, né? Porque aqui não tem, né? isso daí.8

Acho que deveria ter um clube de lazer com um campo, uma piscina, porque aqui não tem.8

A gente, eu tenho sócio lá no coiso, que a firma dá, né? Lá no SESC. Então lá, eu fiz a carteirinha lá, então a gente tem, só lá.9

Eu sou sócio do SESC, fiz a carteirinha. Isso a firma dá. Então temos só lá.9

É, eu acho que podia ter, né? outras coisas. Um clube, um, aqui, né? dentro da firma, né? Dentro da firma também era bom.10

Poderia ter um clube aqui dentro da firma. Dentro da firma, seria bom.10

A, um clube de campo, né? Ter uma piscina, ter um campo de bola, que nem no SESC assim, né? Aí, então a turma daqui, que trabalhava aqui, então participava daí, né? que o, que nem na universidade, né? Tem lá, né? Você vê, né?11

Um clube de campo com piscina, campo de bola para a turma que trabalha aqui participar.11

Então. Tem um negócio pra você se divertir, né? Agora não, a gente tem que sair fora, né? a gente tem que ir em outro lugar, né?12

Pra nos divertirmos temos que sair fora da empresa, ir em outro lugar.12

Aprende, né? Aprende sim. Essas coisas ali, né? tem colegas, você bate um papo ali. Isso daí, você já aprende outras coisas. Agora assim, isolado assim, já não é muito, né? Você já não aprende muita coisa.13

No lazer aprende sim, tem colegas que você bate um papo e já aprende outras coisas. Agora, isolado já não aprende muita coisa.13

86

É, ela tem um convênio aí, por exemplo, lá no Bertioga, né? Então, cê. Parece que eles dá o apartamento procê lá, ficar lá. E paga quinze real por, por dia, né? Cada vez que você vai lá, você fica sete dias, você. Mas assim, eles fala que é isso daí, mas eu nunca fui não.14

A empresa de terceirização tem um convênio em Bertioga, mas eu nunca fui.14

Não, no dia-a-dia não.15 A empresa de terceirização não tem uma ação específica de lazer no dia-a-dia.15

Não, eu acho que ela não tem assim, aquele, aquela coisa em manter, né? manter isso daí, né? É isso daí que eu acho. Que ela não preocupa porque eu acho que ela é de São Paulo, né? uma firma de lá, já, né? Então pra eles ter um negócio próprio deles daí já fica mais pesado pra eles, né?16

A empresa de terceirização não se preocupa muito em manter um negócio próprio de lazer aqui, porque ela é de São Paulo e ficaria pesado para eles.16

Eu acho que não, né? Não tem mais nada. Porque, o mais é isso daí, né? Ela não dá aquela, aquela condições pra gente, né? de ter o dia-a-dia de lazer, não tem jeito.17

A empresa de terceirização não dá condições de termos o dia-a-dia de lazer. Não tem jeito.17

4.1.4.4 Sujeito IVt – Empresa A

Unidade de Significado Redução Fenomenológica Lazer pra mim? É, como eu posso dizer. É um espaço, sei lá, pra você refletir um pouco, pra você ter um, praticar alguma coisa, entendeu? Algum esporte.1

Lazer é um espaço pra você refletir um pouco, pra praticar alguma coisa, algum esporte.1

Eu pratico, pra mim é bom, mas, mas aqui dentro da fábrica eu não pratico muito, muito o lazer.2

Eu pratico, pra mim é bom, mas aqui dentro da fábrica eu não pratico muito o lazer.2

Eu pratico mais fora da fábrica, né? Eu pratico futebol, eu ando bastante de bicicleta, mas é isso aí, é isso aí cara, lazer é um momento.3

Eu pratico mais fora da fábrica, futebol, ando bastante de bicicleta, mas é isso aí, lazer é um momento.3

A, aqui também, mas, a gente joga baralho na hora da, da, do almoço. Isso ajuda também. Eu acho que isso ajuda. São poucos minutos, são trinta, vinte minutos, não sei, mas é um momento de lazer aqui dentro que você acaba esquecendo nesses vinte minutos a correria do dia-a-dia.4

Aqui na empresa jogamos baralho na hora do almoço. São poucos minutos, trinta, vinte minutos, mas é um momento de lazer que você acaba esquecendo, nesses vinte minutos, a correria do dia-a-dia. 4

A, é, pra mim, que nem, pra esse negócio de carta. A empresa, o quê que ela fez? Ela disponibili zou mais. Não tinha cadeira, ela disponibili zou cadeiras, que nem, porque aqui a maioria, todo mundo joga baralho na hora do almoço, então o que acontece? Ela disponibili zou, é, marcador de baralho, entendeu? Ela disponibili zou mais mesas, ela, ela, ajudou sim a, as pessoas aqui, a praticar o lazer aqui que é nessa hora do almoço, que é o baralho. Ela ajudou bastante.5

Em relação ao baralho jogado no horário do almoço, a empresa disponibili zou cadeira, marcador de baralho, mais mesas, enfim, ela ajudou as pessoas a praticarem o baralho que é o lazer aqui nessa hora do almoço.5

87

ela, ajudou sim a, as pessoas aqui, a praticar o lazer aqui que é nessa hora do almoço, que é o baralho. Ela ajudou bastante.5 Então, que eu não sou (nome da empresa na qual trabalha), né? cara. Então não tem como eu te dizer assim diretamente o que ela proporciona. Porque não tem, eu não sou.6

Eu não sou funcionário da empresa, sou terceiro, então não tem como eu dizer diretamente o que ela proporciona.6

Ela proporciona, teve, esses dias, que teve uma, é, teve festa, que teve brincadeiras, teve pra, pra, tanto pra empregados quanto para a família, entendeu? Então teve sim, teve agora nesse mês, teve, ela proporcionou um dia inteirinho de lazer pra todos os empregados da fábrica.7

A empresa proporcionou, esses dias, uma festa com brincadeiras, tanto pra empregados quanto para a família. Então nesse mês ela proporcionou um dia inteiro de lazer pra todos os empregados da fábrica.7

Nessa, que nem, teve a festa, teve brincadeiras pras crianças, é, churrasco pros adultos e tudo. Mas isso é disponibili zado pra terceiros e pra empregados, tanto para a família de terceiros também. Eu poderia trazer a família pra, pra compartilhar do lazer aí.8

Nessa festa, teve brincadeiras pras crianças, churrasco pros adultos, disponibili zado pra terceiros e pra empregados e também para a família de terceiros. Eu poderia trazer a família para compartilhar do lazer.8

Eu acho muito importante, muito importante. O lazer tá, pro dia-a-dia, eu acho muito importante. Porque que você sai um pouco dessa rotina do dia-a-dia, que nem eu tô te falando, o lazer, só os vinte minutos que você passa brincando, vai, de baralho ali, você esquece um pouco do, você já, a tua tarde já começa melhor do que se ficasse centrado só naquilo, né? Você saísse, almoçasse, voltasse ao trabalho, à coisa. Eu acho que é bom, cara. Eu acho que o lazer é tudo hoje. A pessoa se não tiver, (fala rindo) enlouquece.9

Eu acho muito importante o lazer pro dia-a-dia, porque você sai um pouco da rotina. Só os vinte minutos que você passa brincando de baralho, por exemplo, tua tarde já começa melhor do que se ficasse centrado somente em almoçar e voltar ao trabalho. O lazer é tudo hoje, e a pessoa se não tiver, enlouquece.9

Não, pra mim, no meu modo de ver, eu como sou terceiro aqui dentro, pra mim, no meu modo de ver, pra mim tá ótimo. O que a (nome da empresa na qual trabalha) faz, pra mim tá excelente.10

Como sou terceiro aqui, o que a empresa faz em relação ao lazer está ótimo, excelente.10

Sempre tem, já teve a festa, já teve caminhada da saúde aqui, entendeu? Num domingo de manhã, pra pessoa vir. Já teve visita à fábrica, sabe, são momentos de lazer aqui que a fábrica proporciona. Direto, assim, freqüentemente. Então eu acho que é legal a iniciativa da fábrica e, pra mim tá ótimo, eu não tenho nada que acrescentar.11

Sempre tem momentos de lazer proporcionados pela empresa, já teve a festa, a caminhada da saúde num domingo de manhã, teve visita à fábrica. Acho ótimo as iniciativas freqüentes da fábrica em relação ao lazer.11

88

4.1.4.5 Sujeito I t – Empresa B

Unidade de Significado Redução Fenomenológica No meu dia-a-dia, o lazer? A, pra mim, o lazer ele é. Bom, eu que sou casada, né? Então eu tenho filhos, tenho uma família, então o momento de lazer pra mim é quando eu estou realmente com eles, tá? Ou nas minhas tarefas diárias lá com os filhos, né?1

Eu que sou casada e tenho filhos, tenho uma família, o momento de lazer é quando estou realmente com eles.1

Então eu tento, eu não tenho muito tempo de fazer muita coisa diferente, né? Mas o pouco que eu posso, né? Eu procuro tar me descontraindo com a minha família, principalmente com meus filhos e marido, né?2

Eu não tenho muito tempo de fazer muita coisa diferente, mas o pouco que posso, procuro estar me descontraindo com a minha família, principalmente com meus filhos e marido.2

Na minha casa, na minha vida pessoal eu tô falando, né? Eu procuro sair, eu procuro dar uma volta no shopping. Eu tenho uma, nós temos uma chácara, então a gente procura também sempre estar indo pra lá. Então é mais assim, né? Mas é junto com a família, em chácara, né? Dando passeio com os amigos também. A gente sempre se reúne também, né?3

Eu procuro sair, dar uma volta no shopping, ir numa chácara que temos, junto com a família, dar passeios com os amigos também. A gente sempre se reúne.3

Agora, aqui com relação ao trabalho, é, o lazer aqui, porque eu gosto do que eu faço também, né? Então a gente procura, né? o útil ao agradável, sei lá, mas eu gosto do meu trabalho então a gente procura ter um bom ambiente de trabalho, descontraído, né? Mesmo porque a gente atende pessoas, então a gente tem que passar uma certa, é, é, a gente tem que saber atendê-los, né? Com educação, então aí a gente tem que gostar do que faz, né?4

O lazer aqui no trabalho, gosto do que eu faço, então procuro unir o útil ao agradável, procuro ter um bom ambiente de trabalho, descontraído, mesmo porque atendemos pessoas, então temos que saber atendê-los com educação e para isso temos que gostar do que fazemos.4

Em momento de horário de descanso a gente procura tar conversando, tá, é, sei lá, dando um pouco de risada, mesmo aí no dia-a-dia do trabalho da gente aqui, né?5

No horário de descanso procuramos conversar, dar um pouco de risada, mesmo no dia-a-dia do trabalho.5

Aqui na empresa, a (nome da empresa na qual trabalha) ela, ela trata nós terceiros como funcionários deles, então todos os benefícios que eles têm aqui o pessoal da (nome da empresa na qual trabalha) também, é, é nos dado também. Então eles podem é, vir aqui na lanchonete, tem a, né? agora eles fizeram ali uma área pra, pra eles estarem brincando, tem vários jogos ali. O pessoal também, pode fazer parte disso também. A, tem a academia de ginástica também, a gente pode, ali eu acho que, eu vejo isso também como um momento de lazer. Acaba, né? aproveitando também, né? Pra, pra cuidar da da saúde e tudo mais, né? Então a gente tem essa, essa relação legal com o cliente, né? Com relação a isso também

A empresa trata nós terceiros como funcionários deles, então todos os benefícios que eles têm também nos é dado. Podemos vir na lanchonete, que agora tem uma área para jogos. Tem a academia de ginástica que eu vejo como um momento de lazer, no qual se aproveita pra cuidar da saúde. Então, temos essa boa relação com o cliente, em relação ao lazer, também, aqui na empresa.6

89

que, eu vejo isso também como um momento de lazer. Acaba, né? aproveitando também, né? Pra, pra cuidar da da saúde e tudo mais, né? Então a gente tem essa, essa relação legal com o cliente, né? Com relação a isso também aqui na empresa.6 Do clube, não. Do clube não, do clube que eu saiba, não. Pra nós terceiros, não. Porque eu acho que tem que ser mesmo, né? associado, né? Mas quase tudo assim que eles tem aqui dentro da empresa, com relação a isso a gente pode tar, pode fazer parte sim. Eu precisava me informar melhor com relação ao clube que eu não sei se baile a gente poderia estar indo, né? Isso aí é uma dúvida, eu não sei realmente.7

O clube nós terceiros não podemos utili zar, porque eu acho que tem que ser mesmo associado, mas quase tudo que eles tem aqui dentro da empresa, com relação ao lazer, podemos fazer parte.7

A, eu acho que sim, eu acho que, é, claro que pode, né? Quando a gente vai no cinema, você vai no teatro, acho que é muito importante você ir, né?8

Eu acho que no lazer pode se aprender algo. Quando vamos no cinema, no teatro, é muito importante.8

É lógico que não é o que, o que pro meu pessoal hoje olhando, né? o estilo deles, o ritmo de vida deles, né?9

Mas é lógico que o lazer no cinema e teatro não é o estilo, o ritmo de vida do pessoal que coordeno hoje.9

Mas eu acho que a gente tem capacidade, porque a gente tá em contato com outras pessoas, né? geralmente. Então eu acho que dá pra gente tirar coisas boas e coisas ruins também, né?10

Temos capacidade de aprender porque estamos em contato com outras pessoas, então, dá pra tirar coisas boas e coisas ruins também.10

acho que é importante, só isso. A gente precisa ter esse momento de parar um pouco, né? das, do que faz, com relação, porque o trabalho ele também tem a parte séria, né? tem a parte que, de responsabili dade, então eu acho que a gente procura ter esse momento de lazer. De alguma forma precisa ter, né? Tirar esse tempinho pra gente.11

Acho que o lazer é importante. Precisamos ter esse momento de parar um pouco com o que faz porque o trabalho também tem a parte séria, de responsabili dade. Procuramos então ter esse momento de lazer, de alguma forma precisa ter, tirar esse tempo pra gente.11

Lógico que quando a gente é solteiro é uma situação, mas eu vejo pra mim, olhando pra minha vida, eu preciso ter esse momento de lazer, senão a gente acaba pirando mesmo, né? E isso, e acaba interferindo também na minha família, com meus filhos, né? Eu preciso realmente parar pra mim estar olhando pra eles.12

Quando somos solteiros é uma situação, mas olhando pra minha vida, preciso ter esse momento de lazer, senão a gente acaba pirando mesmo, o que vai interferir na minha família, com meus filhos. Eu preciso realmente parar pra olhar pra eles.12

Eu trabalho, a gente precisa trabalhar, mas precisa descansar também, ter esse tempinho aí pra gente se divertir um pouco.13

Eu trabalho, a gente precisa trabalhar, mas precisa descansar também, ter esse tempinho pra se divertir um pouco.13

90

4.1.4.6 Sujeito II t – Empresa B

Unidade de Significado Redução Fenomenológica Bom, é, como o moço já disse, né? pra mim também, o meu lazer é aqui dentro porque? Eu, além da limpeza, né? eu cuido também da área de paisagismo, é, ajudo em alguns eventos, né? Então eu procuro fazer com que o meu dia-a-dia aqui seja bem assim prazeroso, né?1

O meu lazer é aqui dentro, porque procuro fazer com que o meu dia-a-dia aqui seja bem prazeroso.1

E os funcionários a gente, eu incentivo, né? pra que eles possam é, no caso os homens, né? Eles fazem parte, eles tem um, um time de futebol e eu incentivo. É, as mulheres, né? tem a academia da fábrica também, elas procuram. Quase todas, é, faz parte da academia da fábrica. Então eu acho que eles são bem assim, como eu vou dizer? O dia-a-dia deles tá assim, normal pra isso, né? Tudo que a gente pode incentivar eles fazerem, desde que a gente possa participar, a gente tá participando de tudo.2

Eu incentivo os funcionários, os homens, a participarem do time de futebol e as mulheres, a participarem da academia. Tudo o que posso incentivar eu incentivo e tudo que podemos participar, estamos participando.2

Então, é, a (empresa na qual trabalha) tem o clube, né? que, que tem no caso, tem piscina, pode levar os filhos, né? E a maior parte do pessoal que trabalha comigo eles são casados, tem filhos e eles não podem participar.3

A empresa tem o clube com piscina. Poderiam levar os filhos, porque a maior parte do pessoal que trabalha comigo são casados e têm filhos, mas eles não podem participar.3

Então, de repente se tivesse uma possibili dade, né? desses funcionários poderem também usufruir desse clube seria melhor ainda, né? porque é um, seria um encontro, né? Todos os domingos, às vezes, eles tem até uma roda de pagode. Não tem quem não gosta, né? Então eu acho que até mesmo pra participar com a família, né?4

Se tivesse uma possibili dade desses funcionários poderem também usufruir desse clube seria melhor ainda, porque seria um encontro, até mesmo pra participarem com as famílias.4

Porque a gente passa o maior tempo aqui. No caso eu sou supervisora, são três turnos, né? eu de segunda à sábado eu tô aqui e tenho que ficar a, a disposição das vinte e quatro horas, né? Então eu tenho pouco tempo de ficar com a minha filha, com o meu esposo, né?5

Passamos o maior tempo aqui na empresa. No meu cargo/função são três turnos, de segunda à sábado estou aqui e tenho que ficar à disposição nas vinte e quatro horas do dia, então tenho pouco tempo de ficar com a minha filha, com o meu esposo.5

Então eu acho que seria melhor ainda se a gente pudesse participar lá também, entendeu?6

Diante do pouco tempo que temos com a família, seria melhor se pudéssemos participar do clube também.6

Então, no meu dia-a-dia também, é, eu faço, eu, é, aproveito a academia também todo dia. Eu vou à academia.7

No meu dia-a-dia aproveito a academia.7

É, o meu trabalho não é muito difícil então, tipo assim, eu acho que a partir do momento que você trabalha com o que você gosta ele é prazeroso, né? Não há necessidade de você, de ir ao shopping pra você sentir prazer do que você faz, entendeu? Então, aqui dentro pra mim é muito valioso. Eu acho que o meu

Meu trabalho não é muito difícil então, a partir do momento que você trabalha com o que gosta, ele é prazeroso, não há necessidade de ir ao shopping pra você sentir prazer no que você faz. Aqui dentro, pra mim, é muito valioso, meu dia é bem aproveitado, me divirto demais, acho que tudo é bom.8

91

que você trabalha com o que você gosta ele é prazeroso, né? Não há necessidade de você, de ir ao shopping pra você sentir prazer do que você faz, entendeu? Então, aqui dentro pra mim é muito valioso. Eu acho que o meu dia aqui é bem assim, aproveitado, sabe? Eu me divirto (fala rindo) demais aqui dentro, entendeu? Então eu acho que tudo é bom aqui.8

gosta, ele é prazeroso, não há necessidade de ir ao shopping pra você sentir prazer no que você faz. Aqui dentro, pra mim, é muito valioso, meu dia é bem aproveitado, me divirto demais, acho que tudo é bom.8

A gente só tem a, a, a somar, né? com, porque o lazer além de tudo você, é um método de você até instruir, né? até você aprender. Vamos supor, os funcionários na academia, um exemplo, então na academia eles aprendem ali a maneira correta de se, de trabalhar, é, evitando acidentes, é, fazendo com que o trabalho deles, é, seja mais assim, sem que eles tenham dor, é, mais ou menos isso.9

Com o lazer só temos a somar porque além de tudo, é um método de você até instruir e até aprender. Os funcionários na academia, por exemplo, aprendem a maneira correta de se trabalhar, evitando acidentes, evitando dores.9

Então, é mais ou menos isso mesmo, não tem, a gente procura participar de tudo, né? pra que, mas eu acho que é tudo muito bom.10

Procuramos participar de tudo e acho que é tudo muito bom.10

4.1.4.7 Sujeito II I t – Empresa B

Unidade de Significado Redução Fenomenológica Não tem muito não, viu? Eu sou, eu sou, eu sou da, daqui, trabalho aqui. Saio, vou pra casa, é, igreja e tal.1

Não tenho muito lazer não. Sou daqui, trabalho aqui, saio, vou pra casa, igreja.1

Lazer mesmo num, alguma saída, casa de parente assim, às vezes, de final de semana, né? e as próprias festinhas que a gente faz lá na, na comunidade, né? Que a gente faz um trabalho de comunidade, de, de. Estamos tentando terminar uma paróquia lá. Mas, o lazer é mais isso daí. Não tenho assim muito lazer fora desses, desses, tá?2

Lazer mesmo, em alguma saída pra casa de parentes, às vezes, de final de semana e as próprias festinhas que fazemos lá na comunidade. Porque fazemos um trabalho de comunidade e estamos tentando terminar uma paróquia lá, mas não tenho muito lazer fora esses.2

A gente tem opção, né? tem opção de lazer. A gente tem, tem cantina, tem sala de bilhar e tal, é, o próprio restaurante, não agora porque tá em reforma, mas tem uma televisão lá, que eles, né? usa pra assistir jornal, essas coisas todas. Tem a biblioteca aqui pra gente ler. Então tem, tem opção só que a gente, no meu caso, é, sabe, num, num, é mais corrido, então, mas se a gente quiser tem opção de lazer.3

Temos opções de lazer na empresa, com a cantina que possui bilhar e o próprio restaurante, não agora, porque está em reforma, mas tem uma televisão lá, que é usada pra assistir jornal, tem a biblioteca. Então tem opção de lazer, só que no meu caso é mais corrido.3

Tem, tem, além da, tem a televisão do restaurante, tem aqui pra leitura, né? de jornais, tem academia que eles participam também. Eu não tô fazendo (risos) também, mas eles tem alguns que fazem, né? Então tem, tem sim.4

Além da televisão do restaurante, tem um espaço pra leitura de jornais, tem a academia que eles participam também. Eu também não estou fazendo, mas têm alguns que fazem. Então, opção de lazer tem sim.4

92

jornais, tem academia que eles participam também. Eu não tô fazendo (risos) também, mas eles tem alguns que fazem, né? Então tem, tem sim.4

que eles participam também. Eu também não estou fazendo, mas têm alguns que fazem. Então, opção de lazer tem sim.4

O pessoal até, o pessoal que, às vezes, tem campeonato. A gente tem, tem, tem abertura pros terceiros participarem também, né?5

No clube, às vezes, tem campeonato e os terceiros podem participar também.5

É que no caso nosso da segurança o pessoal trabalha num horário, né? é, tem uma equipe trabalhando, alguns folgando, então não dá pra tar todo mundo, né? Não é que nem o trabalho de, de fábrica e todo mundo folga no final de semana. A gente tem, então a folga cai no dia que folgou, então, mas alguns, tem alguns que até participam de, de, de campeonatos lá e tal.6

No nosso caso, tem uma equipe trabalhando, alguns folgando, então não dá pra estarem todos participando, não é igual o trabalho de fábrica que todos folgam no final de semana, folgamos no dia que cair a folga, mas alguns até participam de campeonatos no clube.6

Tem, tem a oportunidade sim, eles dão essa abertura (risos).7

Tem a oportunidade de participação de campeonatos no clube sim, eles dão essa abertura.7

Porque você aprende (risos), eu acho que no lazer você aprende a ter, estar em grupo, né? participar de, né? senão você, não é? Eu acho que o lazer faz parte, porque você tá participando com mais pessoas, né? não tá? né? Eu acho que ajuda sim.8

No lazer você aprende a estar em grupo, participar. O lazer tem um aspecto educacional porque você está participando com mais pessoas. O lazer ajuda, sim, a aprender.8

4.2 Construção dos Resultados

Dando continuidade à construção dos resultados, a partir da intersubjetividade

estabelecida por nós, investigadores, com os sujeitos desta pesquisa, desde o relato de suas

experiências, expressas nos discursos, passando pela atribuição de significados (unidades de

significado), chegamos até esta construção de resultados propriamente.

Apresentamos, então, na seqüência, as matrizes nomotéticas, com as asserções

significativas, para nós pesquisadores, agrupadas em categorias.

Para cada grupo (Executivo, Administrativo, Produção e Terceirizado) foi

construída uma matriz nomotética, na qual os discursos coletados foram numerados com

algarismos romanos e dispostos na sua parte superior em uma seqüência horizontal,

93

primeiramente de uma empresa (– A) e depois da outra (– B). Na primeira coluna à esquerda

estão nomeadas as categorias organizadas com base nas asserções dos discursos coletados e no

interior da matriz, as unidades de redução fenomenológica correspondentes às categorias e

discursos, as quais recebem numeração arábica, não se perdendo, assim, a origem das referidas

unidades.

No caso de uma categoria estar sem indicação de unidades de significado

(numeração arábica), significa que aquele sujeito não expressou asserção correspondente

àquela categoria.

A construção dos resultados busca uma compreensão do fenômeno,

fundamentando-se diretamente nos dados das matrizes nomotéticas, as quais revelam

convergências e divergências (indicadas pela letra “d” associada ao número arábico da unidade

de significado, apontando a ocorrência de posicionamento diferenciado em relação ao que os

outros sujeitos entrevistados afirmaram, ou ainda, contradição ao seu próprio depoimento) de

proposições por parte dos sujeitos. Contudo, vale salientar que independentemente da

saturação ou não das categorias, todas as proposições são consideradas, pois também são

perspectivas do fenômeno (GONÇALVES JUNIOR, 2003).

A seguir, as categorias de cada matriz nomotética são analisadas, sendo utili zados

excertos dos discursos dos sujeitos de cada grupo e empresa, os quais desvelam suas

perspectivas do fenômeno lazer e dos processos educativos envolvidos nesta prática social.

Para o grupo executivo, as asserções significativas foram agrupadas em quatro

categorias (A-D), conforme matriz abaixo:

Matriz Nomotética – Grupo Executivo

Discursos

Categorias

Ie – A Ie – B

A – Significação do lazer 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 14; 15; 17; 18; 19; 20; 22

1; 2; 5; 8; 16; 17

94

18; 19; 20; 22 B – Ações de lazer da empresa 7; 9; 13; 16; 23; 24; 25;

26; 27; 28; 29; 30; 31; 32; 33; 34; 35; 36; 37

3; 4; 6; 7; 9; 10; 11; 12; 19

C – Significação dos processos educativos envolvidos no lazer

21d 13; 14; 15d

D – Gosto pela empresa 18; 20

A – Significação do lazer

Nesta categoria, as asserções indicam uma dificuldade da especificidade do

trabalho fabril em propiciar contextos de lazer.

Como indicado pelo Executivo da empresa B, apesar de acreditar que o lazer seja

algo fora do ambiente de trabalho, tal dificuldade é amenizada com a preocupação em deixar o

ambiente mais agradável:

“dentro da nossa vida, num ambiente fabril, você fica dez horas, não é? É quase

cinqüenta por cento da sua vida, o restante, daí você vai pra casa, passa mais umas quatro

horas, vai dormir e tem mais umas, é, umas oito horas, né? que você dorme. Então, a maior

parte você tá dentro da empresa. Então, você tenta agregar um ambiente agradável às pessoas”

(Ie-B; 8A).

E dessa preocupação em construir um ambiente agradável, vem a percepção de

que isto seria uma forma de lazer:

“basicamente é, é isso que eu vejo como, é, uma forma de lazer, você ter um

ambiente muito agradável e conseguir uma qualidade de vida boa, né?” (Ie-B; 5A).

Para o Executivo da empresa A:

“o teu dia-a-dia é um estresse muito grande (...) assim, é o exigido hoje em

qualquer companhia” (Ie-A; 5A). “existem momentos que você tem que ter uma dedicação

maior. Por exemplo, nós, ontem, saímos daqui quase dez horas” (Ie-A; 15A).

95

Entre as dificuldades, o mesmo Executivo, ressalta a pressão provocada pelo

cargo/função e pelo papel advindo com estes.

“no contexto (...) do nosso trabalho (...) aqui na fábrica, é, obviamente que a partir

do momento que você assume steps superiores em termos de responsabili dade dentro da

fábrica isso mais te toma” (Ie-A; 1A). “nesse quesito, quais os momentos em que eu aproveito

para ter lazer dentro da fábrica? Quando nós fazemos uma celebração de aniversariantes, então

eu procuro, dentro dessas celebrações curtir com a pessoa aquele momento na sua

intensidade” (Ie-A; 2A). “esquecendo da posição que nós ocupamos, porque a hierarquia nesse

momento, ela tem que cair no chão” (Ie-A; 3A). “Pra que as pessoas que estão com você

celebrem e fiquem felizes, e que sintam próximos e você também aproveite (...) que você

também tenha um momento de felicidade e (...) de desestresse, né?” (Ie-A; 4A).

Tal pressão aparenta ser tão estressante que, para usufruir o lazer, faz menção ao

sair, esquecer do papel que ocupa na empresa.

Refere-se, também, ao aproveitar os momentos de trabalho, para, saindo do papel

que ocupa, fruição do lazer:

“nós recebemos ontem uma certificação, uma recertificação (...) Nós vamos agora

partir com um dos nossos analistas cumprimentando o pessoal da linha. E esse é um momento

que eu vou curtir muito. Eu vou curtir muito como pessoa também” (Ie-A; 6A). “é um

momento que assim, eu procuro esquecer da gerente de recursos humanos, e até se vem

alguma pergunta nesse sentido eu falo, não, esse é o nosso momento esse não é o momento de

nós resolvermos nada” (Ie-A; 8A).

Contando das dificuldades para o usufruto do lazer, coloca o trabalho como um

grande empecilho para o lazer fora da fábrica.

“o que acontece fora da fábrica é, já foi pior” (Ie-A; 10A). “eu era da área de

logística. E a área de logística (...) é uma bolsa de valores, né? porque todos os dias, nós

96

fechamos o dia às (fala rindo) seis horas da manhã. Então, é, quanto a lazer pessoal fora da

fábrica sempre foi muito difícil ter” (Ie-A; 11A). “Depois nasceu a minha bebê, ficou mais

difícil ainda” (Ie-A; 12A). “Mas hoje, ainda, a gente vive um momento difícil. A fábrica está

passando por uma (...) reestruturação grande (...) eu te confesso que eu levo uma vida

extremamente sedentária ainda” (Ie-A; 18A). “E, agora no (trecho incompreensível) no

recursos humanos está sendo a mesma coisa” (Ie-A; 20A). “E então nesse (trecho

incompreensível) de recursos humanos eu também aí estou sem lazer de vida própria, de vida

pessoal. Mas eu também tô tentando me organizar para que eu tenha num futuro bem breve a

posição de sair daqui e fazer aquilo que eu lhe disse, conseguir sentar na sala, brincar com a

minha filha, conseguir dar um passeio com ela numa praça que fique próximo ou ir dar uma

caminhada que eu acho isso muito importante, me faz muito bem. Eu ainda não consigo, mas

me faz muito bem” (Ie-A; 22A).

Há uma cobrança do próprio Executivo em não estar podendo usufruir o, como

diz, lazer de vida própria. Tal cobrança culmina na consideração da importância desse lazer em

desenvolver habili dades, aparentemente, relacionadas ao seu trabalho.

“se você tem um horário mais ou menos que você consiga cumprir e consiga ter

um lazer fora da fábrica, e dar uma caminhada, e ficar com o teu filho e conseguir comer um

lanche fora, enfim, que você consiga fazer coisas extras, anormais do seu dia-a-dia, é muito

importante pro dia seguinte, você vai estar melhor, você vai estar, é, mentalmente mais

tranqüilo e aí a sua razionabili dade é muito maior, né?, sua posição de raciocínio, a sua

velocidade de raciocínio” (Ie-A; 17A).

Por considerar a importância desse lazer e saber da rotina dos executivos, justifica:

“o que nós estamos tentando hoje, é incutir esse sentimento no, na turma

executiva, por quê? Os executivos se acham na obrigação de passar aqui dia e noite. E isso não

97

é, isso não é administração de tempo nenhuma e não traz nenhum outro beneficio pra

companhia” (Ie-A; 14A).

B – Ações de lazer da empresa

Esta categoria é formada por asserções referentes às ações das empresas no âmbito

do lazer.

Na empresa A, as primeiras ações indicadas são relacionadas à qualidade de vida, à

administrar melhor os tempos, isto, principalmente para os executivos:

“No nosso dia-a-dia, o que nós, hoje, do recursos humanos estamos fazendo, é

tentando trazer essa noção de qualidade de vida necessária para que no dia seguinte você

desempenhe melhor” (Ie-A; 16B). “algo que a gente tem buscado é justamente termos

condições de nós todos executivos, assim, como todos os funcionários, tem o seu horário de

entrada e o seu horário de saída” (Ie-A; 13B).

Em relação às ações pontuais do âmbito do lazer, com as quais a Executiva desta

empresa diz ser muito preocupada, são apontadas ações motivacionais, celebrações, visando a

integração e a atenção com o sentimento para com a fábrica.

“Nós temos, ações motivacionais, por exemplo, com filhos dos empregados” (Ie-

A; 24B). “o programa mini empresa que tá, esse ano não trabalhando com a comunidade, mas

também com os filhos dos funcionários. Pela nossa preocupação, pra, pra com a, a com o

sentimento deles para com a, a fábrica” (Ie-A; 25B). “A celebração de coisas (...) importantes

pra eles. Às vezes, a gente pode não achar” (Ie-A; 27B).

Há de se salientar a indicação de um diálogo com os funcionários da empresa, a

respeito das questões relacionadas ao lazer:

“toda idéia que vem chegando ela, ela vai sendo (...) absorvida e a gente vai

montando um programa em cima” (Ie-A; 28B).

98

Também há uma indicação das pessoas a serem privilegiadas com a vivência do

lazer. No caso de uma viagem promovida pela empresa, os funcionários privilegiados foram

aqueles não absenteístas.

“Nós tivemos, sábado, uma visita (...) Pra premiarmos aqueles caras e aquelas

garotas que foram não absenteístas por um certo período” (Ie-A; 29B). “O pessoal voltou

muito animado. Porque dificilmente alguém da produção teria condições de se deslocar e

participar” (Ie-A; 30B). “E mais uma vez a (nome da empresa na qual trabalha) ganhou (...)

Então é muito importante que isso seja veiculado pra comunidade. E eles puderam ver que

realmente isso foi, o prêmio faz jus ao estande, né? Mais do que isso, nós tivemos quarenta e

oito pessoas que puderam comprovar isso” (Ie-A; 31B).

Além do propósito de premiar os funcionários que não faltam ao trabalho, e

estimulá-los para tal, também é indicado um intento de promoção da empresa.

E na promoção do evento, e da empresa, há todo um cuidado especial:

“quando a gente procura fazer o evento, nós procuramos que esse evento

contemple realmente tudo aquilo que você desejaria ter se você tivesse curtindo aquilo, né? A

gente sempre se põe nos pés de quem vai participar do evento” (Ie-A; 33B).

Finalmente, na empresa A, foi citado um programa de qualidade de vida visando os

resultados para a empresa.

“nós queremos (...) implantar um programa de qualidade de vida (...) nessa fábrica”

(Ie-A; 34B). “temos todo um cuidado com o ambiente, (...) é bem visto por toda a sociedade

internacional” (Ie-A; 35B). “Isto está no nosso, pelo menos no nosso strategic business plan de

recursos humanos pra essa planta. Foi um commitment que eu faço questão de abraçar porque

é extremamente importante (...) pros nossos resultados” (Ie-A; 36B). “A partir do momento

que nós temos qualidade de vida nós conseguimos resultados. Isso é ponto pacífico. É o nosso

entendimento” (Ie-A; 37B).

99

Na empresa B, as primeiras ações indicadas, também são relacionadas à qualidade

de vida:

“Então é isso que eu busco é, em todas as empresas que eu trabalhei, é, você ter

dentro do seu ambiente, um ambiente agradável, uma qualidade de vida (...) um ambiente de,

flexível, né? onde você tenha a liberdade de fazer as coisas e não ter nenhum tipo (...) de

retaliação quanto a isso, não é? Porque eu prezo pela liberdade de trabalhar” (Ie-B; 3B). “Só

que existem conceitos que você tem que é, medir aí dentro, que é a responsabili dade e até onde

você pode (...) ser flexível, em ter, em poder sentar, tomar um café com uma pessoa,

conversar” (Ie-B; 4B).

E, como considera que a empresa já proporciona um ambiente agradável, a

preocupação passa a ser no fortalecimento de equipes, no, não, deixar que o ambiente se torne

rotineiro. E para isso, as estruturas e equipamentos utili zados são:

“temos uma cantina, né? que é um ambiente onde tem uma mesa de sinuca, bilhar,

(...) pebolim, televisão pra eles ficarem assistindo. A gente tá preparando um restaurante que é

um ambiente também onde, é, eles possam se sentir bem” (Ie-B; 7B). “Também temos aqui

uma boutique onde os funcionários (...) podem comprar. Então, você dá comodidade aos

funcionários” (Ie-B; 9B). “É, temos, o, a, a associação dos funcionários que é uma parte bem

importante onde os funcionários podem sair, podem se confraternizar” (Ie-B; 10B).

Indica, também, a preocupação com as relações entre os gestores e os demais

funcionários:

“a gente prepara os gestores, que são os supervisores, as pessoas que vão lidar pra,

com eles, a maneira de se tratar o funcionário, né? Então (...) eles vem de um treinamento

pesado de como tratar, como portar, é, perante ao funcionário pra que não tenha nenhum tipo

(...) de mágoa” (Ie-B; 11B).

Ainda, a respeito das relações, aponta:

100

“É, você sente, as próprias pessoas sabem a liberdade deles poderem chegar muito

próximo (...) da gestão, inclusive do gerente, do diretor, quando vêm. Isso é um lazer, (...) é

alguma coisa pra eles que atrai muito eles. Diferente de outras culturas, né? a (nome da

empresa na qual trabalha) preza isso” (Ie-B; 19B).

E estas relações são responsáveis por proporcionar um, necessário, agradável

ambiente de trabalho. Necessário porque:

“Se você não proporcionar um ambiente agradável de trabalho, nenhuma pessoa

vai ficar dentro da (...) empresa. Vão criticar a empresa” (Ie-B; 17B).

C – Significação dos processos educativos envolvidos no lazer

Nesta categoria, as asserções agrupadas foram aquelas que remeteram diretamente

os discursos à significação dos processos educativos envolvidos no lazer.

Assim, no discurso do Executivo da empresa A, houve uma divergência, pois não

se tratou de uma asserção especificamente relacionada ao lazer, porém, por conter uma

significação dos processos educativos, foi inserida nesta categoria. Eis a asseveração:

“Só as máquinas você substitui, as pessoas você instrui e qualifica, né? e a sua

gestão é que incentiva e, assim, você tem resultados por gestão, são fantásticos” (Ie-A; 21Cd).

Para o Executivo da empresa B, as significações dos processos educativos

envolvidos no lazer foram:

“Você consegue definir bem, tá, um aspecto educacional dentro do lazer, é quando

se monta uma competição entre os funcionários, tá? É, lógico que todos querem ganhar, mas

dentro disso você consegue montar equipes, você consegue fazer as pessoas se entrosarem,

(...) ter uma mobili dade entre eles, né? Pessoas que vão de um time pro outro, dificilmente

jogam no mesmo time. Então, isso, você consegue agregar eles, tá?” (Ie-B; 13C). “você

101

consegue ter e dentro disso você consegue dar pra eles a forma, a forma de educação, tá? Uma

forma que é disciplina, é manter a ordem” (Ie-B; 14C).

Assim, os processos educativos foram designados para a ocorrência de relações, de

agregações com o fim de dar uma educação, direcionada para a disciplina, para manter a

ordem. Para o Executivo da empresa A, a relação é de instrução, mas uma instrução

incentivada.

Também houve uma divergência, no discurso do Executivo da empresa B, pois não

se tratou de uma afirmação especificamente relacionada ao lazer.

“É, e incentivamos sempre as pessoas a procurarem estudo, né? que as pessoas

estudem, se aprimorem pra que um dia eles possam até exercendo um cargo de gestão dentro

da empresa, né? A gente trabalha bastante nesse sentido” (Ie-B; 15Cd).

É a visão de educação servindo para o crescimento profissional.

D – Gosto pela empresa

As asserções desta categoria foram emitidas por apenas um dos sujeitos, o

Executivo da empresa B, e dizem respeito a identificação dos trabalhadores com a empresa.

“E hoje, pelo que a gente sabe (...) as pessoas querem vim trabalhar na (nome da

empresa na qual trabalha). A gente gostaria de poder (risos) contratar todo mundo, mas hoje a

gente não tem condição de fazer isso, né? Então a gente contrata e aqui é uma unidade fabril,

né?” (Ie-B; 18D). “talvez isso seja uma (...) coisa (...) que nós temos de muito forte, né? É, as

pessoas gostarem da (nome da empresa na qual trabalha)” (Ie-B; 20D).

Para o grupo administrativo, as asserções significativas foram agrupadas em cinco

categorias (A-E), conforme matriz abaixo:

Matriz Nomotética – Grupo Administrativo

102

Discursos

Categorias

Ia – A II a – A III a – A Ia – B II a – B III a – B

A – Significação do lazer 1; 2; 3; 4

2; 6; 7 1; 2; 3; 4; 5; 9d; 10d

1; 2 3; 4; 5; 6; 7; 8

1; 2; 3; 4; 6; 8; 9

B – Ações de lazer da empresa 6; 7; 8; 9; 13; 15; 16; 17; 18; 22

1; 3; 4; 5; 10

7; 8 3 1; 2

C – Dificuldades para o lazer 5; 10; 11; 12; 14; 20; 21; 23

8 12; 13 9 5

D – Significação dos processos educativos envolvidos no lazer

19 9 11 4 10; 11 7

E – Gosto pela empresa 6

A – Significação do lazer

As asserções desta categoria indicam o lazer usufruído a partir de relações com

outras pessoas.

Para o Administrador I da empresa A o lazer é interação com pessoas e reflexão

pessoal. É utili zado para o descanso, para relaxar:

“O lazer é um momento que a gente tem de descanso, de tranqüili dade, de

interação com as pessoas, é, um momento de, é, reflexão (...) um momento de, só pra mim,

entendeu?, um momento que eu relaxo e descanso e interajo com as pessoas” (Ia-A; 1A).

“Fora da fábrica, a interação também é com os colegas, mas é num churrasco, é num futebol, é

num filme que assiste ou em casa ou no cinema” (Ia-A; 3A). “ indo ao teatro, não é? E

praticamente, sair com a família, né? Pra mim é um momento de lazer também. Quando eu saio

com eles para tomar um lanche, pra ir numa festa ou qualquer coisa do gênero, também é

lazer, ok?” (Ia-A; 4A).

O Administrador II da empresa A também entende o lazer como fazer com os

outros, como interação. Interação fora das atividades profissionais.

103

“o lazer pra mim é tudo aquilo (...) que envolve com a família, praticar esporte,

(...) final de semana sair com a família” (IIa-A; 2A). “Olha, é que eu tô tentando é, eu tô tendo

a percepção, assim, de lazer entre, lazer que eu digo assim, fora das atividades, né?” (IIa-A;

7A).

Para o Administrador III da empresa A o lazer é:

“caminhar de manhã, (...) ainda nado um pouco, até às onze horas, meio dia que é

o horário que tem que vir pra cá. E, se restringe a isso durante a semana” (III a-A; 1A). “À

noite, assisto televisão, coisa e tal, gosto de ver jornal, né? essas coisas, né? como lazer

durante a semana” (III a-A; 2A). “No final de semana, geralmente você sai um pouco de sábado

à noite ou você vai comer uma pizza ou você vai jantar fora alguma coisa durante o dia, ficar

também em casa. Domingo, fazer um churrasquinho, porque é o que eu gosto de fazer, assim,

churrasqueira, coisa e tal, você faz” (III a-A; 3A). “Assistir um DVD, computador, internet, às

vezes, domingo à noite ou sábado à noite com o moleque, da hora que ele chega até ele sair. O

meu filho toca guitarra, (...) então eu fico com ele também, às vezes, vendo ele tocar, as

músicas que ele vai tocando, coisa e tal” (III a-A; 4A). “Você tá com ele ali perto de você, né?

Isso tudo que eu tô falando pra você, junto, eu, minha esposa e um filho só, né? Tem dezesseis

anos, ele. Tudo feito em conjunto. Não, tem só de manhã que minha esposa trabalha e meu

moleque vai na escola, né? Eu faço tudo sozinho em casa, agora, à tarde estamos os dois lá”

(III a-A; 5A).

Novamente, uma menção às relações, mas principalmente às familiares, pois para

esse sujeito, o ambiente de trabalho é para trabalhar e não usufruir o lazer. Os excertos abaixo

indicam, então divergências com os demais, pois estes consideram as relações dentro da

empresa uma boa forma de desfrutar o lazer.

“Aqui eu não ligo cara. Eu vou te falar a verdade pra você. Eu acho que aqui é pra

você vim trabalhar (...) Eu não gosto de ficar em festa, coisa e tal. Não é o que eu gosto” (III a-

104

A; 9Ad). “Eu gosto de ficar na minha casa, ou com a minha família, com os parentes e tal. Vim

aqui, não, não é que eu gosto. Eu vim uma vez ou outra, mas eu não gosto” (III a-A; 10Ad).

No lazer do Administrador I da empresa B, estão as atividades relacionadas com a

empresa:

“o lazer no dia-a-dia é, no intervalo do almoço a gente tem na cantina, snooker e

pebolim” (Ia-B; 1A). “É, a tarde tem o, a associação dos funcionários (...) Você tem lá, à

disposição, piscina, você tem sauna, mas eu prefiro, à tarde, fazer caminhada (...) Aos

domingos, assim, vamos lá assistir campeonato interno de futebol de salão, futebol de campo,

é, tomar uma cervejinha com os amigos no clube” (Ia-B; 2A).

Do mesmo modo, o Administrador II da empresa B, mas com ênfase nas relações

com:

“a gente procura sempre tar com, com a, tar fazendo alguma atividade sempre que

possível, mas, é, junto com as pessoas da, da empresa. É o que a gente procura mais, tá?

Agora, o tipo de lazer, por exemplo, é mais, é, o jogo, é futebol, é churrasco, é, são atividades

coletivas mesmo, com as pessoas” (IIa-B; 4A). “É quando a gente tenta (...) ter um momento

(...) individual, né? Apesar de serem atividades, a maioria são atividades coletivas, mas você

ter o seu momento individual, ter o momento pra fazer você relaxar, poder conversar sobre

assuntos diversos e não só os assuntos, que, pertinentes à empresa. É, então essa parte de lazer

é fundamental na, na, no dia-a-dia ou na, na vida das pessoas, tá?” (IIa-B; 6A).

Porém, as atividades coletivas são dificultadas pela extensão do horário de

trabalho, o que acaba gerando uma forma de lazer mais individualizado. Na menção do

Administrador III da empresa B:

“Tanto na empresa, na hora do almoço, escutar uma música, é, fazer coisas assim

que não tá, não é da profissão, assim, não é dos nossos afazeres, mais stress mesmo. É, escutar

uma música, principalmente, eu gosto de fazer” (III a-B; 2A). “Muitas vezes, quando eu tô

105

trabalhando, eu pego, eu ponho, ligo uma música no computador, fico escutando. Às vezes,

ninguém curte muito, eu ponho um fone” (III a-B; 3A). “acho que é culpa um pouco do que a

gente tem pra fazer no dia-a-dia, que a gente fica sem tempo” (III a-B; 4A).

Quanto às atividades desenvolvidas:

“A, eu faço atividades, eu pratico atividades de, esportes todos os dias, é,

freqüento academia, gosto de jogar um futebol” (III a-B; 8A). “eu tô falando mais de esporte,

mas também ler um livro, é, é como eu falei, escutar uma música, a própria televisão, às vezes,

ajuda bastante, entendeu? Eu gosto sim, muito importante” (III a-B; 9A).

B – Ações de lazer da empresa

Na empresa A, as menções a respeito das ações de lazer, apesar de serem

consideradas esporádicas, são relacionadas às festas, palestras:

“Mas ela promove, por exemplo, festas. Que é um momento espetacular, mágico,

que a gente se encontra. E aí, a brincadeira ela é assim, bem, outra coisa, como se fosse uma

família” (Ia-A; 6B). “É uma pena que ela é, é, é muito esporádica” (Ia-A; 7B). “Outros

momentos, são quando ela interage com a gente promovendo, ó, tem uma palestra, é, mesmo

que não seja técnica, então esse momento também é um momento de lazer que você pode levar

família, então é um momento interessante também” (Ia-A; 8B). “São poucos também ao longo

do ano. Eu acho que a gente precisava mais, mas é um momento fantástico também, que deixa

a gente numa condição, quando você volta pra dentro da fábrica você volta numa outra

condição” (Ia-A; 9B).

As relações estabelecidas no momento de delegação de atividades e a divulgação

do lazer, também são mencionadas.

“mesmo na hora de passar as atividades, né? Eu sou coordenador de um grupo. É,

a gente procura fazer um quebra gelo, não é? Dentro dessa delegação de atividades, nós

106

procuramos também, é, descobrir como é que as pessoas passaram o dia anterior dela, então,

isso dentro da empresa, né?” (IIa-A; 1B).

“O lazer, a empresa divulga bastante (...). Ela passa bastante informação pra nós.

Assim, informações externas, né? é, via intranet, então, e isso, assim, não deixa de ser um

lazer, né? Você tá ao mesmo tempo, você tá tendo, é, você tá tendo o conhecimento do que tá

ocorrendo lá fora” (IIa-A; 10B).

Quanto a sugestões, estão a ampliação de momentos para a interação entre as

pessoas e a promoção de ações culturais:

“Agora, assim, como sugestão eu diria, promover mais freqüentemente essas (...)

festas (...), esses encontros” (Ia-A; 15B).

“E, promover mais, é, ações culturais, com, com, com a cidade. Tipo, é, cinema,

ou mesmo um teatro ou mesmo interação com as faculdades” (Ia-A; 17B).

Na empresa B, a menção de ação de lazer é relacionada ao clube e às suas

atividades:

“Nós temos um clube, uma associação e que essa associação busca, é, chamar as

pessoas (...) pras atividades coletivas fora da empresa, certo? Aproveitando mais (...) a sinergia

que existe entre as pessoas, mas fora (...) do ambiente de trabalho” (IIa-B; 2B).

C – Dificuldades para o lazer

Nas duas empresas, as dificuldades para o lazer foram relacionadas à falta de

tempo para as interações, seja dentro da empresa, seja fora dela:

“Como a, a, situação da, da empresa, por exemplo em relação aos horários, ela,

por exemplo, nós temos apenas trinta minutos, a nossa interação ela é pequena (Ia-A; 5C).

Você não tem tempo, muito, você entra pra trabalhar e a hora que, só pára a hora que você

sai” (Ia-A; 10C).

107

“Tá, e final de semana a gente procura estar mais com a família aí pra, pra dedicar

um pouco mais de tempo pra eles que não, não, durante a semana não permite muito” (IIa-B;

9C).

Em uma das empresas, a falta de um clube próprio foi reclamada:

“Isso tá faltando hoje, ter um clube (...) pros funcionários, né? O que nós temos

bastante aqui nas regiões, né? Porque você tem as grandes empresas, você vê que possuem

clubes, né?” (IIa-A; 8C).

D – Significação dos processos educativos envolvidos no lazer

Os processos educativos indicados pelos sujeitos dizem respeito às aprendizagens

propiciadas pelas relações em momentos de palestras, no cinema:

“Eu interpreto como um momento de aprendizado o momento de lazer. No

momento em que você tá passando uma palestra e você tem, a gente chama de lanch learning,

você tá aprendendo e, tem um lanche que você tá conversando, falando sobre aquele assunto,

você tá numa forma de lazer. Você quando sai dum filme, às vezes, no cinema, que você

comenta com um amigo ou dentro do próprio cinema, como foi o, o, Código da Vinci, o filme,

você acaba interagindo com as pessoas, né? É um momento de lazer. Você tá assistindo um

filme, porque não? Mas, às vezes, se torna um momento de aprendizado. Olha só o que, você

viu tal coisa? Você viu isso, viu isso aqui, aí desencadeia uma outra conversa na paralela que

eu chamo de aprendizado” (Ia-A; 19D).

Em momentos de conversas entre amigos:

“Sim, dá pra aprender. (...) quando você tá praticando o lazer, você tá tendo um

(...) contato com outras pessoas, né? em contato (...) com os amigos, né? que ali dá pra você

conversar (...) outros assuntos, né? que não seja ligado, talvez, à empresa. Assuntos (...) extra

empresa, né?” (IIa-A; 9D).

108

Na própria convivência cotidiana:

“Olha, no lazer a convivência com pessoas já é, bem dizer, eu considero que é um

aprendizado. Sempre você vai ter pouquinhas coisas, mas você vai estar aprendendo sempre

alguma coisa nova, né? Por mais insignificante que seja você vai, vai montando a sua escadinha

ali” (Ia-B; 4D).

Também foram apontadas utili dades do lazer para o favorecimento do

aprendizado. O lazer com a função de descarregar as tensões, descansar.

“Olha, eu acho que (...) ele ajuda, tá? Eu não sei (...) se o lazer propicia um

aprendizado a mais, mas ele auxili a num aprendizado, acho. É, porque a pessoa, a partir do

momento que ela, que ela tem um tempo pra, pra descarregar as ba, a bateria ali, dar uma

recarregada depois de novo, de tudo, com certeza ela vai aprender melhor” (IIa-B; 10D).

“quando você tem tempo (...) de ter uma atividade extra trabalho, seja ela qual for, quando

você volta, você tá parece que mais descansado. Então automaticamente você, eu né? consigo

absorver melhor as coisas. Eu acho que tem, tem tudo a ver com aprendizado. Ela beneficia

bastante o aprendizado” (IIa-B; 11D).

Também, com a função de melhorar a concentração e a forma de administrar as

dificuldades.

“eu acho sim que vai ter um aspecto educacional pelo fato de melhorar a

concentração. Eu acho que se você tiver uma atividade de lazer todo, todo dia, eu acho que

você tem uma concentração melhor, você lida melhor com as pessoas, você não, eu acho que

muita gente que não tem um, uma atividade de lazer, assim, eu acredito que ela pode ser uma

pessoa mais estourada, não consegue administrar as dificuldades, sempre estressada. Sai aquela

nuvenzinha preta em cima dela” (III a-B; 7D).

E – Gosto pela empresa

109

A asserção de um dos sujeitos administradores revelou a categoria gosto pela

empresa, principalmente em comparação à experiência obtida em outras empresas e em outras

funções.

“é muito bom de você conviver aqui dentro, pelo menos no setor que eu tô, né? Eu

não posso, eu já fui na linha. A linha já é meio complicado, né? mas no setor que eu tô, meio

ambiente e coisa e tal, é mais, é, você não tem aquela cobrança do cara, fica no seu pé ali.

Você tem o que você fazer. Você vai fazer o seu serviço. Eu faço o que eu gosto. (…) Eu faço

tudo o que realmente eu quis fazer, então eu tô num lugar que eu gosto, sabe? O gerente é

legal (…) Eu vim buscando isso desde os vinte anos quando me formei, coisa e tal. Aí,

trabalhava em (fala rindo) lugares loucos de tudo, né? Só passava nervoso e aqui já é uma

coisa mais sossegadora” (III a-A; 6E).

Para o grupo produção, as asserções significativas foram agrupadas em três

categorias (A-C), conforme matriz abaixo:

Matriz Nomotética – Grupo Produção

Discursos

Categorias

Ip – A II p – A Ip – B II p – B III p – B

A – Significação do lazer 1; 2; 4 1; 2; 3; 4; 6; 8; 10; 12; 13; 22; 27; 28; 29; 30; 31; 32; 33; 34; 35; 36

1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 12

1; 2; 3; 4; 5; 7; 8

1; 2; 3; 4; 5; 6; 8; 10

B – Ações de lazer da empresa 3 5; 14; 15; 16; 17; 19; 20; 21;

11

C – Significação dos processos educativos envolvidos no lazer

5 7; 9; 11; 18; 23; 24; 25; 26

13 6 7; 9

110

26

A – Significação para o lazer

A significação do lazer para o grupo Produção é a de dificuldades para a sua

fruição, remetidas ao tempo escasso e à sua administração:

“aqui (...), é meio complicado, né? Por causa do horário de serviço, né? é muita,

porque o horário que a gente tem é (...) das sete às seis, porque às cinco horas é meio difícil a

gente sair” (IIp-B; 7A). “o lazer da gente é, é muito pouco, o pouquinho que a gente tem é

com a família, né? nesse tempo, no fim de semana, mas é pouca coisa também” (IIp-B; 8A).

“aqui dentro da fábrica é meio corrido” (III p-B; 1A). “Na hora que tem as paradas

a gente consegue, é, juntar o pessoal e conversar um pouco, fazer uma brincadeira ou outra. E

do resto cara, (risos) acho que é correria mesmo, não tem jeito. É serviço pauleira o dia

inteiro” (III p-B; 3A).

“Agora, a dificuldade para isso seria o tempo, né? administrar o tempo. Que nem

no caso, eu sou casado e tenho dois filhos, eu trabalho e estudo e minha esposa também

trabalha e estuda. E ela trabalha de segunda a sábado, né? Então, mas é, é uma busca que a

gente tem de toda forma assim” (IIp-A; 2A).

Remetem, também, ao poder aquisitivo, ou à falta dele, enquanto uma dificuldade

para o lazer.

“Porque o lazer eu acho até, é, que nem a alimentação, eu penso que a alimentação

não é só alimentar. Quando você sai prum jantar, pra comer um lanche ele é uma forma de

lazer também, né? Então, isso falta pra muitas pessoas, né?” (IIp-A; 31A). “Você consegue ver

a qualidade de vida de acordo com o que você tem, né? Tá relacionado muito com o seu poder

aquisitivo, né?” (IIp-A; 33A).

111

Mas, ao mesmo tempo que as dificuldades são apresentadas, estas não são tidas

como impossibili dades. Surgem condutas para enfrentar tal condicionamento:

“A gente tem sempre, um tempinho curto e a gente tenta viver aquele tempo curto,

viver da melhor maneira” (III p-B; 10A).

“eu tento ter qualidade então, não em quantidade, né? Já que o tempo é pouco,

poucas horas pra fazer todas essas coisas, então eu, eu troquei a quantidade do tempo, né? do

lazer pela qualidade do lazer. Eu acredito que tá dando certo” (IIp-A; 27A).

E nesse enfrentamento, uma conduta adotada é a de ampliação de possibili dades de

momentos para a ocorrência do usufruto do lazer.

Para o sujeito I da empresa B, a ajuda aos amigos, e à empresa, bem como, a

construção de novas amizades é indicada:

“Meu lazer aqui? Ajudar meus amigos, certo? que trabalham junto comigo que eu

gosto muito. Não tô jogando conversa fora não. (...) Gosto de ajudar não só eles também

como a empresa também, né meu?” (Ip-B; 7A). “Converso, busco material pra lá e pra cá.

Ando pra lá e pra cá o dia inteiro, certo?” (Ip-B; 8A). “Mas, graças a Deus, meu lazer assim, é,

é fazer amizades, mais fazer amizades. Pessoas novas assim, eu gosto de fazer muita amizade,

sabe? Brinco com todos eles. Gosto de brincar também, certo?” (Ip-B; 9A). “Meu lazer é isso

daí. É conversar com eles e ajudar eles o dia inteiro aí” (Ip-B; 12A).

Enfatiza, assim, as relações interpessoais.

Para o sujeito II da mesma empresa, a significação do lazer é no sentir-se bem na

realização de suas funções. Há uma atenção para o aspecto qualidade e sinceridade da

realização.

“eu procuro me, me sentir bem com todo mundo, né? trabalhando, fazendo o meu

serviço com qualidade, com mais sinceridade também” (IIp-B; 3A).

112

Ainda, no sentido da ampliação de possibili dades de momentos para a ocorrência

da vivência do lazer:

“Eu tento tirar lazer assim, né? de viagem, né? de tudo. O que for de bom, o que

der, é, boa, como se fosse motivação, né? eu acho que tudo isso daí, pra mim, o lazer vem

disso, né?” (IIp-A; 10A).

Quanto à responsabili dade na oferta do lazer, um dos sujeitos indica a

responsabili dade do Estado:

“o Estado também, né? Eu acho que eles deveriam oferecer mais coisas pra gente,

né? Falta muito isso” (IIp-A; 30A). “Mais seria assim, uma coisa política, uma coisa que eu

acho que o Estado deveria oferecer, né? (...) Falta muito ainda, né? da pessoa conseguir ter”

(IIp-A; 32A).

É oportuno lembrar que o direito ao lazer é constitucional, e o seu não

cumprimento fere o artigo sexto, Título II , Capítulo II , da Constituição de 1988, que afirma

ser o lazer um direito social de todo cidadão (BRASIL, 1988).

Bramante (1995) destaca a importância e a responsabili dade da atuação da União,

do Estado e do Município na questão do lazer e, segundo ele, cabe aos Municípios “a

responsabili dade da ação/reflexão junto à comunidade, respeitando-se as características do seu

contexto.” (p.14).

B – Ações de lazer da empresa

As asserções, relacionadas às ações de lazer da empresa A, foram:

“às vezes, a empresa disponibili za (...) uma confraternização aí, uma festa, tal. Mas

é meio raro de acontecer, mas ela, é a única coisa que ela proporciona de lazer pra gente aí, é

essas festas que ela faz de vez em quando” (Ip-A; 3B).

113

“tem no último dia do mês, é comemorado (...) todos os aniversariantes (...)

daquele mês (...) temos as datas comemorativas de dia de criança (...) uma gincana, alguma

coisa pra ser feita, pra lembrar a pessoa disso” (IIp-A; 14B). “O trabalho de segurança é

passado assim mais, é, o teatro, eles fazem teatro pra passar” (IIp-A; 16B). “Então sempre tem

(...) alguma coisa assim que (...) a empresa desenvolve, tentando, é, deixá-la o mais leve

possível (...) pra que as pessoas possam integrar da melhor maneira possível” (IIp-A; 17B).

Sobre uma dessas ações, de identificação do trabalhador com a empresa, a opinião

de um dos sujeitos:

“Além da festa, abriram a empresa (...) Então eu mostrei (...) pros meus filhos onde

que eu trabalho, então, toda o, a família pôde conhecer como que é o local de trabalho da

gente. Isso é bom também, né? Você, você passar pra eles como é o seu trabalho, né? É

importante, acho legal” (IIp-A; 22B).

Na empresa B, quanto às ações de lazer, uma afirmação do sujeito I:

“tem aí, ó, uma professora, eu acho que duas a três vezes por semana que ela vem

dar alongamento pra gente. Ela tem a academia lá em cima disponível. (...) Tem as enfermeiras

aí, sabe? pra te ajudar” (Ip-B; 11B).

Como sugestão, reivindicação, para a empresa A, o sujeito II discursou:

“Eu também sinto que é, devia acontecer com, com uma maior freqüência aqui, né?

(...) Essa confraternização, essa reunião” (IIp-A; 20B). “Nessas datas, por exemplo, não

precisa (...) todo mês, mas pelo menos nessas que são mais chaves, né? Mas principalmente

por causa das crianças, né? Porque as crianças têm aquela coisa, do pai e da mãe sai pra

trabalhar (...) e eles tem aquela coisa assim, que, como que é a empresa que o meu pai

trabalha, quê que faz?” (IIp-A; 21B).

Além das confraternizações, lembrou da ausência de um clube próprio:

114

“Isso, olha, a empresa com um porte grande igual a (nome da empresa na qual

trabalha) eu acho que deveria ter um, um clube de campo (...) pra vim aí de fim de semana com

a família, tal. Acho que ia ajudar bem, né? num lazer relacionado à empresa, né?” (Ip-A; 4B).

C – Significação dos processos educativos envolvidos no lazer

Os processos educativos, envolvidos no lazer, indicados pelo grupo Produção

foram relacionados às interações, às relações, seja no trabalho, seja fora deste, em passeios,

nas brincadeiras entre crianças, nas conversas.

Para o sujeito II da empresa A, a relação do lazer com os processos educativos é:

“Como (...) uma cultura mesmo, ou como um, como um aprendizado, muitas vezes

(...) uma conversa com uma pessoa mais experiente, né? Ouvir uma história de alguém” (IIp-A;

7C). “É, aqui seria mais assim (...) na conversa mesmo, (...) na troca de informação, na troca

de experiências” (IIp-A; 11C).

“Desde (...) quando uma criança, quando você leva num brinquedo, num

parquinho, porque, ela não tá só brincando, mas ali tem tanta coisa, porque, tem por exemplo,

um brinquedo que todas gostam e todas vão querer ir ao mesmo tempo. O fato de uma

esperar, dar a vez pra outra, (...) essa parte aí da socialização (...) é um aprendizado, né? Um

respeita o outro, respeita a hora que ele vai fazer aquilo, a hora que ele vai poder usar o

brinquedo” (IIp-A; 23C).

Para o sujeito I da mesma empresa:

“você sai vai visitar aí, um parque ecológico, você acaba colhendo informações,

(...) dos animais que por exemplo, que tá lá, que você não conhecia. Num shopping você vê aí

novidades e tal?” (Ip-A; 5C).

Para o grupo terceirizado, as asserções significativas foram agrupadas em cinco

categorias (A-E), conforme matriz abaixo:

115

Matriz Nomotética – Grupo Terceir izado

Discursos

Categorias

I t – A II t – A III t – A IVt – A I t – B II t – B III t – B

A – Significação do lazer 1; 2; 3; 4

1; 2; 3; 4; 6

1; 2; 3; 8; 10; 11; 12; 15;

1; 2; 3; 4; 9

1; 2; 3; 5; 9; 11; 12; 13

5; 6; 7; 10

1; 2; 6

B – Ações de lazer da empresa

5; 6 5 5; 6; 9d; 14d; 16; 17

5; 6; 7; 10; 11

2 3; 4

C – Significação dos processos educativos envolvidos no lazer

7; 9 7; 8 13 8; 10 9 8

D – Tratamento equânime 8 7 8 6; 7d 3d; 4d 5; 7 E – Gosto pela função que exerce

4 4 1; 8

A – Significação do lazer

A significação do lazer para o grupo terceirizado é de dificuldade para o lazer,

devida às horas trabalhadas:

“vamos dizer assim, é uma coisa meio complicada, por exemplo, que aqui nós

trabalhamos quatro por dois e plantões de doze horas. Então na verdade a gente fica mais no

serviço do que em casa” (II t-A; 1A). “Não tem como tirar lazer porque a gente vive pro

trabalho. Então é meio complicado isso daí.” (II t-A; 3A). “Hoje, vamos dizer assim, é, a gente

tem que trabalhar, trabalhar e trabalhar, não é verdade? Às vezes, deixa um pouquinho o lazer

do lado pra, pra trabalhar para adquirir alguma coisinha a mais” (II t-A; 6A).

E, no caso deste trabalhador, o tempo de trabalho acaba sendo maior por causa

dos esforços para um aumento no salário.

“Porque a gente passa o maior tempo aqui. No caso eu sou supervisora, são três

turnos, né? eu de segunda à sábado eu tô aqui e tenho que ficar a, a disposição das vinte e

quatro horas, né? Então eu tenho pouco tempo de ficar com a minha filha, com o meu esposo,

né?” (II t-B; 5A).

116

A dificuldade, em razão da atenção ao trabalho, culmina no emprego do usufruto

do lazer, principalmente fora das empresas, em festas, na prática de esportes, nas visitas aos

parentes, todavia, com o fim de restabelecimento para o posterior labor.

“na minha casa, vamos supor, vamos pra minha casa, eu pratico esporte. Eu tenho

como dia-a-dia o futebol. Eu tô disputando o campeonato de areia. Todo dia após a hora que

eu chego em casa, eu corro todo dia vinte e cinco minutos. Porquê? No trabalho tem que tar

em forma, tem que tar intacto. E aqui mesmo como é uma firma maravilhosa, cara, cê tem que

tar bem todo o dia-a-dia aqui. É, mais por aí, né?” (It-A; 3A).

Na asserção acima, é possível compreender que o discurso remete ao medo de

poder perder o emprego, um mal capitalista.

No discurso do sujeito I, da empresa B, está a visão de importância do lazer para

as relações familiares.

“eu não tenho muito tempo de fazer muita coisa diferente, né? Mas o pouco que eu

posso, né? Eu procuro tar me descontraindo com a minha família, principalmente com meus

filhos e marido, né?” (It-B; 2A). “Na minha casa, na minha vida pessoal eu tô falando, né?” (It-

B; 3A). “olhando pra minha vida, eu preciso ter esse momento de lazer, senão a gente acaba

pirando mesmo, né? E isso, e acaba interferindo também na minha família, com meus filhos,

né? Eu preciso realmente parar pra mim estar olhando pra eles” (It-B; 12A). “Eu trabalho, a

gente precisa trabalhar, mas precisa descansar também, ter esse tempinho aí pra gente se

divertir um pouco” (It-B; 13A).

A fruição do lazer no ambiente de trabalho, também é apontado com o mesmo fim,

quebrar a rotina, nos momentos de não trabalho.

“eu acho muito importante. Porque que você sai um pouco dessa rotina do dia-a-

dia, que nem eu tô te falando, o lazer, só os vinte minutos que você passa brincando, vai, de

baralho ali, você esquece um pouco do, você já, a tua tarde já começa melhor do que se ficasse

117

centrado só naquilo, né? Você saísse, almoçasse, voltasse ao trabalho, à coisa. Eu acho que é

bom, cara. Eu acho que o lazer é tudo hoje. A pessoa se não tiver, (fala rindo) enlouquece”

(IVt-A; 9A).

Mas também, é indicado, fazendo parte da própria rotina de trabalho:

“E outra, a gente discute, eu tenho muito mais sobre as planilhas, as planilhas são

na verdade, são as ocupações minhas. Que pra mim é um lazer. Que é a minha preocupação no

dia-a-dia” (It-A; 2A).

B – Ações de lazer da empresa

Na empresa A, as ações de lazer apontadas foram: festas, melhora em materiais de

local utili zado para o desfrute do lazer e caminhada da saúde.

“Quando tem uma festa aí tudo, muito boa, né?” (III t-A; 6B).

“pra esse negócio de carta. A empresa, o quê que ela fez? Ela disponibili zou mais.

Não tinha cadeira, ela disponibili zou cadeiras (...) mais mesas, ela (...) ajudou (...) as pessoas

aqui, a praticar o lazer aqui que é nessa hora do almoço, que é o baralho” (IVt-A; 5B).

“ já teve a festa, já teve caminhada da saúde aqui, entendeu? Num domingo de

manhã, pra pessoa vir. Já teve visita à fábrica, sabe, são momentos de lazer aqui que a fábrica

proporciona” (IVt-A; 11B).

Na empresa B, as ações de lazer encontradas foram: o incentivo para a

participação em atividades como, futebol e academia; estruturas como, cantina, restaurante,

biblioteca e academia.

“E os funcionários a gente, eu incentivo, né? pra que eles possam é, no caso os

homens, né? Eles fazem parte, eles tem um, um time de futebol e eu incentivo. É, as mulheres,

né? tem a academia da fábrica também, elas procuram. Quase todas, é, faz parte da academia

da fábrica” (II t-B; 2B).

118

“A gente (...) tem cantina, tem sala de bilhar e tal, é, o próprio restaurante (...) tem

uma televisão lá, (...) usa pra assistir jornal, essas coisas todas. Tem a biblioteca aqui pra gente

ler” (III t-B; 3B). “além da (...) televisão do restaurante, tem aqui pra leitura (...) de jornais,

tem academia que eles participam também” (III t-B; 4B).

Reivindicações também foram encontradas nas asserções, principalmente nas dos

sujeitos da empresa A, a qual não possui um clube próprio:

“Não, pô, a gente tá na expectativa de um clube (...) Pô, esses dias a gente tava até

comentando, né? Como essa empresa (...) maravilhosa (...), a gente mesmo não tem um clube

(...) Porque só tá faltando isso” (It-A; 6B).

A respeito das ações das empresas terceirizadoras, o sujeito III , da empresa A

disse da não preocupação, da empresa que o contrata, sobre as questões do lazer:

“Eles não vai, não tem nada, né? Não tem um clube, não tem um, nada, né? pra se

divertir, né? Ela não dá isso, né?” (III t-A; 5B). “Não, eu acho que ela não tem assim, aquele,

aquela coisa em manter, né? manter isso daí, né? É isso daí que eu acho” (III t-A; 16B).

“Porque, o mais é isso daí, né? Ela não dá aquela, aquela condições pra gente, né? de ter o dia-

a-dia de lazer, não tem jeito” (III t-A; 17B).

Todavia, duas divergências, apontam algumas iniciativas no campo do lazer:

“A gente, eu tenho sócio lá no (...) SESC. Então lá, eu fiz a carteirinha lá, então a

gente tem, só lá” (III t-A; 9Bd).

“É, ela tem um convênio aí, por exemplo, lá no Bertioga, né? Então, cê. Parece

que eles dá o apartamento procê lá, ficar lá. E paga quinze real por, por dia, né? Cada vez que

você vai lá, você fica sete dias, você. Mas assim, eles fala que é isso daí, mas eu nunca fui não”

(III t-A; 14Bd).

C – Significação dos processos educativos envolvidos no lazer

119

Os processos educativos indicados relacionam-se às interações entre as pessoas, ao

bate-papo, ao contato, ao estar com:

“Mas eu acho que a gente tem capacidade, porque a gente tá em contato com

outras pessoas (...) Então eu acho que dá pra gente tirar coisas boas e coisas ruins também”

(It-B; 10C).

“eu acho que no lazer você aprende a ter, estar em grupo, né? participar de, né?

senão você, não é? Eu acho que o lazer faz parte, porque você tá participando com mais

pessoas, né? não tá? né? Eu acho que ajuda sim” (III t-B; 8C).

À necessidade do estar com, para o estabelecimento de um processo educativo, o

sujeito III , da empresa A, colabora:

“Aprende, né? Aprende sim. Essas coisas ali, né? tem colegas, você bate um papo

ali. Isso daí, você já aprende outras coisas. Agora assim, isolado assim, já não é muito, né?

Você já não aprende muita coisa” (III t-A; 13C).

D – Tratamento equânime

Apesar de serem, os trabalhadores pertencentes a este grupo, funcionários de

empresas prestadoras de serviços e não propriamente das empresas pesquisadas, quanto ao

tratamento dispensado a estes, indicam ser de forma equânime.

Na empresa A:

“Todo mundo trata você por igualdade aqui. Não é porque eu sou terceiro, eu sou

uma pessoa diferente. Me tratam muito bem” (It-A; 8D).

“Nessa, que nem, teve a festa, teve brincadeiras pras crianças, é, churrasco pros

adultos e tudo. Mas isso é disponibili zado pra terceiros e pra empregados, tanto para a família

de terceiros também. Eu poderia trazer a família pra, pra compartilhar do lazer aí” (IVt-A;

8D).

120

E, na empresa B:

“Aqui na empresa, (...) ela, ela trata nós terceiros como funcionários deles, então

todos os benefícios que eles têm (...) também, é, é nos dado também” (It-B; 6D).

“O pessoal até, o pessoal que, às vezes, tem campeonato. A gente tem, tem, tem

abertura pros terceiros participarem também, né?” (III t-B; 5D). “Tem, tem a oportunidade sim,

eles dão essa abertura (risos)” (III t-B; 7D).

Todavia, em duas asserções de sujeitos da empresa B, divergências foram

encontradas, pois indicaram que os terceiros não podem participar do clube que a empresa

possui.

“Do clube, não. Do clube não, do clube que eu saiba, não. Pra nós terceiros, não.

Porque eu acho que tem que ser mesmo, né? associado, né? (...) Eu precisava me informar

melhor com relação ao clube que eu não sei se baile a gente poderia estar indo, né? Isso aí é

uma dúvida, eu não sei realmente” (It-B; 7Dd).

“Então, é, a (empresa na qual trabalha) tem o clube, né? que, que tem no caso, tem

piscina, pode levar os filhos, né? E a maior parte do pessoal que trabalha comigo eles são

casados, tem filhos e eles não podem participar” (II t-B; 3Dd).

E – Gosto pela função que exerce

Nesta categoria estão indicações referentes ao gosto pela função que exercem na

empresa.

Na empresa A, o sujeito III faz menção ao ambiente de sua função:

“Eu gosto de trabalhar aqui. Aqui a gente trabalha por fora, né? Então é lazer já,

né? A gente tá no, no verde, aí, já. A gente já gosta, né? Eu gosto de trabalhar pra fora, assim,

não dentro de fábrica, né? Então é um lazer pra mim aqui já” (III t-A; 4E).

121

Na empresa B, para o sujeito I, o gostar do que faz diz respeito à própria função

que exerce, pois lida com pessoas.

“Agora, aqui com relação ao trabalho, é, o lazer aqui, porque eu gosto do que eu

faço também, né? Então a gente procura, né? o útil ao agradável, sei lá, mas eu gosto do meu

trabalho então a gente procura ter um bom ambiente de trabalho, descontraído, né? Mesmo

porque a gente atende pessoas, então a gente tem que (...) saber atendê-los (...) Com

educação, então aí a gente tem que gostar do que faz” (It-B; 4E).

O sujeito II faz menção do prazer alcançado por estar fazendo o que gosta,

inclusive cita a não necessidade de recorrer a outros locais para tal fim.

“Então eu procuro fazer com que o meu dia-a-dia aqui seja bem assim prazeroso,

né?” (II t-B; 1E). “É, o meu trabalho não é muito difícil então, tipo assim, eu acho que a partir

do momento que você trabalha com o que você gosta ele é prazeroso, né? Não há necessidade

de você, de ir ao shopping pra você sentir prazer do que você faz, entendeu? Então, aqui

dentro pra mim é muito valioso. Eu acho que o meu dia aqui é bem assim, aproveitado, sabe?

Eu me divirto (fala rindo) demais aqui dentro, entendeu? Então eu acho que tudo é bom aqui”

(II t-B; 8E).

122

CONSIDERAÇÕES

Chegando ao momento final deste trabalho, é a ocasião de apresentar as

considerações advindas com ele. Não são considerações finais, visto que o próprio ser humano

compreendido nesta pesquisa está num constante movimento de vir a ser, devir.

Assim, incluindo a não pretensão de validade, mas a de compreensão do fenômeno

lazer, as sínteses das percepções são apresentadas, as quais são significativas em si mesmas,

tecendo-se algumas relações com as idéias do referencial teórico estudado nos capítulos 1 e 2.

Para isso, é oportuno retomar o objetivo desta investigação: desvelar as

compreensões relacionadas ao lazer e aos processos educativos de quatro grupos de

trabalhadores de duas indústrias transnacionais instaladas na cidade de São Carlos; analisar se

as compreensões desveladas inserem o lazer e os processos educativos envolvidos, num

contexto de reflexão e/ou mudança, e/ou alienação e/ou permanência.

Vale dizer, que o interesse pela compreensão de variados grupos de trabalhadores

se deu, tendo em vista, as possíveis especificidades de significações relacionadas ao

pertencimento a determinados grupos.

Deste modo, na seqüência, apresentamos a síntese de apreensões provindas de

cada grupo.

A partir das quatro categorias construídas, significação do lazer; ações de lazer da

empresa; significação dos processos educativos envolvidos no lazer; gosto pela empresa, pode-

se dizer que, para o grupo dos Executivos:

• A exigência do cargo/função é um grande empecilho para a vivência do lazer;

• O lazer de vida própria (Ie-A), lazer pessoal, é praticamente anulado. Há uma cobrança

do próprio sujeito em não poder vivenciá-lo e uma projeção para o futuro;

123

Nessa anulação do lazer de vida própria, a própria vida acaba sendo anulada. É a

virtude do trabalho em detrimento do lazer. A vida fora do trabalho passa a não ser dotada de

sentido.

• Como a empresa toma todo o tempo dos sujeitos, os momentos de lazer são aproveitados

nos próprios eventos atinentes à função, desde que os papéis ocupados sejam esquecidos;

• É preciso se sentir fora do papel ocupado pelo cargo/função para conseguir usufruir o

lazer;

• As ações de lazer da empresa são relacionadas à sua função como instrumento para

recuperar-se do e para o trabalho; a inculcar os valores da empresa (premiar o não

absenteísmo, estabelecer uma identificação dos trabalhadores e seus familiares com a

empresa; investir em qualidade de vida para a conquista de certificações; fortalecer equipes

a partir de competições esportivas) e divulgá-la.

Os pontos apresentados por Inácio (1999), aparecem na proposição e concepção

de lazer que as empresas possuem, ou seja, com suas funções compensatórias e de controle do

trabalhador.

• O consumo é estimulado com a instalação de comodidades (Ie-B) dentro da fábrica.

Assim, o funcionário pode ter a comodidade de ir às compras sem abandonar o local de

trabalho.

É a visão do lazer atrelado ao consumo. De acordo com Lara (2003):

Após explorar ao máximo o trabalho, e depois de reduzi-lo à sua mínima expressão, automatizando-o e domesticando-o, o capital, desde as últimas décadas do século XX, passa a maximizar a exploração do consumidor (...) O capital reali za assim seus desígnios por meio da imposição da forma social da mercadoria (...) tal processo de mercadorização mais se assemelha a um alastramento infeccioso, no qual a forma da mercadoria se põe como um vírus que contamina todas as outras formas sociais (p.16).

124

• Há uma preocupação com as relações entre os funcionários, principalmente entre os

gestores e os demais trabalhadores. Isto, para que não fiquem mágoas e,

conseqüentemente, para que não hajam motivos para críticas à empresa.

As formas de opressão, afinal, dependem do mascaramento destas relações.

• Os processos educativos foram designados para a ocorrência de relações, de agregações

com o fim de dar uma educação para os trabalhadores, direcionada para a disciplina, para

manter a ordem (Ie-B).Também, com o fim de instrução, mas uma instrução incentivada

(Ie-A) e, de educação servindo para o crescimento profissional.

As máscaras, porém, são derrubadas no entendimento de processos educativos dos

sujeitos responsáveis pelas ações e relações interpessoais dentro das empresas. A intenção

declarada, mas possivelmente não consciente, dos executivos é de alienação e de permanência.

E no entendimento de um dos executivos, os trabalhadores aderem a este

pensamento, pois observa que eles (e aqui, a consciência de estar incluído entre eles pode não

ter sido alcançada ainda) se identificam com a empresa.

• Os trabalhadores se identificam com a empresa. Querem ir trabalhar na empresa porque

gostam dela (Ie-B).

Para o grupo Administrativo, as compreensões são construídas a partir de cinco

categorias, significação do lazer; ações de lazer da empresa; dificuldades para o lazer;

significação dos processos educativos envolvidos no lazer; gosto pela empresa:

• O lazer é usufruído a partir de relações com outras pessoas, em atividades coletivas. As

interações ocorrem, tanto nas atividades profissionais, quanto fora destas.

O lazer, então, não é tido apenas como tempo de não trabalho ou tempo

disponível. A intencionalidade é associada ao lazer.

125

• O lazer é dificultado pela extensão do horário de trabalho, pela falta de tempo para as

interações, dentro e fora da empresa. A mesma extensão gera uma forma individualizada de

lazer;

• As ações de lazer, da empresa A, são consideradas esporádicas e da empresa B,

relacionadas à existência de um clube;

• As ações de lazer das empresas são relacionadas à função deste como instrumento para

recuperar-se do e para o trabalho; à inculca dos valores da empresa (sentir-se parte de uma

família);

• O lazer pode ser utili zado para reflexão pessoal.

E nesta reflexão pessoal pode estar a conscientização, ou o início dessa, da

intenção de inculca de valores, pois um dos administradores (III a-A) diz não gostar de

desfrutar o lazer na empresa. Para ele o lazer na empresa não é lazer.

• A ampliação de momentos para a interação entre as pessoas e a promoção de ações

culturais e festas, é sugerida. Em uma das empresas, a falta de um clube próprio foi

reclamada;

• Os processos educativos indicados pelos sujeitos dizem respeito às aprendizagens

propiciadas pelas relações, em conversas entre amigos, na própria convivência cotidiana;

• O lazer favorece o aprendizado por descarregar as tensões, descansar e melhorar a

concentração e a forma de administrar as dificuldades;

• Um dos sujeitos revelou gostar da empresa, principalmente quando a compara a outras

empresas e a outras funções.

A identificação com a empresa não se revela, deste modo, de uma forma simples.

Não é o gostar, por esta apresentar, necessariamente, ótimas condições de trabalho, mas por

comparação, apresentar melhores que as que experienciou.

126

Para o grupo Produção, as compreensões são construídas a partir de três

categorias, significação do lazer; ações de lazer da empresa; significação dos processos

educativos envolvidos no lazer:

• A falta de tempo e de poder aquisitivo dificulta a fruição do lazer;

• As dificuldades são apresentadas, todavia não são tidas como impossibili dades;

• Surgem condutas para enfrentar tal condicionamento: já que o tempo é curto, vive-se da

melhor maneira possível, não se projeta para um tempo futuro, vive-se, mesmo que não em

quantidade, mas em qualidade;

• Uma conduta adotada é a de ampliação de possibili dades de momentos para a ocorrência

do lazer. Desfruta-se do lazer também no trabalho;

• Ao lazer é atribuída a construção de novas amizades, a ajuda.

Isto remete a uma verdadeira rede de solidariedade para o enfrentamento conjunto

das dificuldades. É procurado sentir-se bem na realização das funções. “Tira-se lazer de tudo”

(IIp-A).

• Ao Estado, também, é indicada a responsabili dade na oferta do lazer;

• As ações de lazer das empresas são relacionadas à função deste como instrumento para

recuperar-se do e para o trabalho; à inculca dos valores da empresa [desenvolvimento de

temas técnicos de uma maneira mais leve (IIp-A); estabelecimento de uma identificação

dos trabalhadores e seus familiares com a empresa];

• A freqüência de momentos para a reunião de pessoas, como confraternizações, foi

sugerida, bem como, em uma das empresas, a construção de um clube próprio;

• Os processos educativos foram relacionados às interações, às relações, seja no trabalho,

seja fora deste, em passeios, nas brincadeiras entre crianças, nas conversas.

127

Para o grupo Terceirizado, as compreensões são construídas a partir de cinco

categorias, significação do lazer; ações de lazer da empresa; significação dos processos

educativos envolvidos no lazer; tratamento equânime; gosto pela função que exerce:

• A dificuldade para o lazer é devida às horas trabalhadas. O tempo de trabalho acaba sendo

maior em razão dos esforços para um aumento no salário (II t-A);

• A dificuldade, por causa da atenção ao trabalho, culmina no emprego do lazer para o

restabelecimento do e para o labor;

• O medo de perder o emprego, um mal capitalista, também influencia o lazer. Este é

utili zado para encontrar-se em forma, intacto (It-A);

• O tempo de não trabalho é importante para as relações familiares, tanto para se aproveitar

a convivência, quanto para poder conseguir parar para olhar para a família (It-B);

• Esse mesmo tempo, no ambiente de trabalho, é apontado com o fim de quebrar a rotina;

• Há uma construção na qual, dentro da própria rotina, o trabalho se torna lazer;

• As ações de lazer das empresas são relacionadas à função deste como instrumento para

recuperar-se do e para o trabalho;

• A construção de um clube da própria empresa foi proposta;

• As empresas terceirizadoras aparentam não se importar muito com ações no campo do

lazer;

• Os processos educativos relacionam-se às interações entre as pessoas, ao bate-papo, ao

contato, ao estar com;

• Apesar de serem funcionários de empresas prestadoras de serviços, o tratamento notado é

equânime. Todavia, não podem participar do clube que a empresa possui;

• O gosto pelo trabalho é apontado como resultado da função que exercem na empresa.

128

Por toda a construção desenvolvida até aqui, podemos considerar que as

compreensões relacionadas ao lazer e aos processos educativos de quatro grupos de duas

indústrias transnacionais instaladas na cidade de São Carlos foram desveladas.

Cada grupo apresentou suas especificidades, e compreensões compartilhadas

também foram notadas, como a dificuldade para a vivência do lazer.

O uso da prática social lazer se apresentou, em concepção, pelos executivos, os

responsáveis pela sua elaboração e implementação, direcionada para a alienação e

permanência. Contudo, percebemos indícios, tanto da alienação e/ou permanência, como da

reflexão e/ou superação, nos discursos de todos os sujeitos pesquisados.

Permearam processos educativos, apontados pelo estudo, nas relações entre os

trabalhadores, em conversas entre amigos, na própria convivência cotidiana, no estar com, seja

no trabalho ou fora deste.

Assim, finalmente, entendemos que estes processos educativos desvelados podem

auxili ar na reflexão e construção de metodologias de ensino (ensino este, entendido a partir da

perspectiva de processo educativo) que lidem, principalmente, com adultos trabalhadores em

contexto formal ou não de educação, pois revelaram algumas de suas formas de interação, de

relações no processo de educarem-se para a vida – objetivo maior da educação verdadeira.

129

REFERÊNCIAS ALVAREZ, M.C. Racionalização, trabalho e ócio: reflexões a partir de Max Weber. In: BRUHNS, H.T.. (Org.). Lazer e ciências sociais: diálogos pertinentes. São Paulo: Chronos, 2002. p.109-122. ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. 6. reimpressão. São Paulo: Boitempo Editorial, 2003. ANTUNES, R. Tempo de trabalho e tempo livre: algumas teses para discussão. In: BRUHNS, H.T.; GUTIERREZ, G.L. (Orgs.) Representações do lúdico: II ciclo de debates lazer e motricidade. Campinas: Autores Associados, 2001. p.21-25. BOGDAN, R.; BIKLEN, S.K. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto (Portugal): Porto Editora, 1994. BRAMANTE, A.C. Políticas públicas para o lazer: o envolvimento de diferentes setores. In: BELO HORIZONTE. Prefeitura Municipal, Secretaria Municipal de Esportes. O lúdico e as políticas públicas: realidade e perspectivas. Belo Horizonte, 1995. p. 13-17. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988. BRUHNS, H.T. De Grazia e o lazer como isenção de obrigações. In: ______. (Org.) Lazer e ciências sociais: diálogos pertinentes. São Paulo: Chronos, 2002. p. 15-39. CAMARGO, L.O.L. O que é lazer . 2. ed. São Paulo: Brasili ense, 1989. CAMARGO, R.A.A.; BUENO, S.M.V. Lazer, a vida além do trabalho para uma equipe de futebol entre trabalhadores de hospital. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 11, n. 4, p. 490-498, ago. 2003. CHAUÍ, M. Introdução. In: LAFARGUE, P. O direito à preguiça. São Paulo: Hucitec-Unesp, 1999. p. 9-56. COSTA, I.T.M. Informação, trabalho e tempo livre: políticas de informação para o século XXI. Ciência da Informação, v. 28, n. 2, p. 136-138, mai. 1999. DECCA, E.S. de. E.P. Thompson: tempo e lazer nas sociedades modernas. In: BRUHNS, H.T. (Org.). Lazer e ciências sociais: diálogos pertinentes. São Paulo: Chronos, 2002. p. 59-73. DUMAZEDIER, J. Valores e conteúdos culturais do lazer . São Paulo: SESC, 1980. DUSSEL, E.D.A pedagógica latino-americana (a AntropológicaII) . In: ______. Para uma ética da Libertação Latino Americana III : Erótica e Pedagógica. São Paulo: Loyola; Piracicaba: UNIMEP, p. 153-281, s/d.

130

FARIA, A.L.G. O trabalho: uma análise da ideologia do livro didático. São Carlos. 1980. Dissertação (Pesquisa Educacional) – Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. 1980. FERRETI, C.J. Considerações sobre a apropriação das noções de qualificação profissional pelos estudos a respeito das relações entre trabalho e educação. Educação & Sociedade, v. 25, n. 87, p. 401-422, ago. 2004. FERRETI, C.J. et al. Escola e fábrica: vozes de trabalhadores em uma indústria de ponta. Cadernos de Pesquisa, n. 118, p. 155-188, mar. 2003. FIORI, E.M. Conscientização e educação. Educação & Realidade, v. 11, n. 01, p. 03-10, 1986. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 43. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2006a. FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro coma pedagogia do oprimido. 13. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2006b. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. 31. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005. FREIRE, P. À sombra desta mangueira. São Paulo: Olho D’Água, 2001. GERALDO, Z. No meio da área. São Paulo: Paradoxx, 1998. 1 CD. GONÇALVES, R. A empresa transnacional. In: KUPFER, D.; HASENCLEVER, L. (Orgs.). Economia industrial: fundamentos teóricos e práticos no Brasil. 7. reimp. Rio de Janeiro: Elsevier, 2002. p. 389-411. GONÇALVES JUNIOR, L.; SANTOS, M.O. Brincando no jardim: processos educativos de uma prática social de lazer. In: VI EDUCERE - CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO - PUCPR - PRAXIS, 2006, Curitiba. Anais ... Curitiba: PUCPR, 2006. v. 1. GONÇALVES JUNIOR, L. Lazer e novas relações de trabalho em tempos de globalização: a perspectiva dos líderes das centrais sindicais do Brasil e de Portugal. Lisboa. 2003. Tese (Pós-Doutorado em Ciências Sociais) – Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa, Lisboa. 2003. IANNI, O.I. Interpretações da história. In: ______. O labir into latino-americano. Petrópolis: Vozes, 1993. p. 9-39. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Tabela: Estimativas das populações residentes, em 01.07.2006, segundo os municípios. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/ Estimativas_Projecoes_Populacao/Estimativas_2006/UF_Municipio.zip>. Acesso em: 05 fev. 2007a. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2000 – Tabela: População residente, por sexo e situação do domicílio, população residente de 10 anos ou mais de idade, total, alfabetizada e taxa de alfabetização, segundo os Municípios. Disponível em:

131

<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000/universo.php?tipo=31&paginaatual=1&uf=35&letra=S>. Acesso em: 05 fev. 2007b. INÁCIO, H.L.D. Os interesses contemporâneos no lazer-empresa. In: MARCELLINO, N.C. (Org.). Lazer e empresa. Campinas: Papirus, 1999. p. 149-162. LARA, F. Trabalho, educação e cidadania: reflexões a partir de educação entre trabalhadores. Rio de Janeiro: CAPINA/CERIS/MAUAD, 2003. LARROSA BONDÍA, J. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Revista Brasileira de Educação, n. 19, p. 20-28, jan./fev./mar./abr. 2002. MACHADO, O.V.M. Pesquisa qualitativa: modalidade fenômeno situado. In: BICUDO, M.A.V.B.; ESPOSITO, V.H.C. (Orgs.) Pesquisa qualitativa em educação: um enfoque fenomenológico. Piracicaba: Editora UNIMEP, 1994. MARCELLINO, N.C. Eu/Corpo: o que gosto, o que posso, o que faço. In: MOREIRA, W.W.; SIMÕES, R. (Orgs.). Esporte como fator de qualidade de vida. Piracicaba: Editora UNIMEP, 2002. p. 269-276. MARCELLINO, N.C. Políticas de lazer: mercadores ou educadores? Os cínicos bobos da corte. In: ______. (Org.). Lazer e esporte: políticas públicas. Campinas: Autores Associados, 2001. MARCELLINO, N.C. Lazer e educação. 6. ed. Campinas: Papirus, 2000. MARCELLINO, N.C. O lazer na empresa: alguns dos múltiplos olhares possíveis. In: ______. (Org.). Lazer e empresa. Campinas: Papirus, 1999. p. 13-21. MARCELLINO, N.C. Lazer e humanização. Campinas: Papirus, 1983. MARTINS, J.; BICUDO, M.A.V. A pesquisa qualitativa em psicologia: fundamentos e recursos básicos. São Paulo: Moraes/EDUC, 1989. MELLO, R.R. Aprendizagem dialógica: base para a alfabetização e para a participação. 14o Congresso de Leitura. 1o Seminário de Educação de Jovens e Adultos. Campinas: ABL e UNICAMP, 2003. MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. MORAES NETO, B.R. Maquinaria, taylorismo e fordismo. In: ______. Século XX e trabalho industrial: taylorismo/fordismo, onhoísmo e automação em debate. São Paulo: Xamã, 2003a. p. 17-25. MORAES NETO, B.R. Fordismo e ohnoísmo. In: ______. Século XX e trabalho industrial: taylorismo/fordismo, onhoísmo e automação em debate. São Paulo: Xamã, 2003b. p. 91-111.

132

MORAES NETO, B.R. Rigidez e flexibili dade na produção em massa. In: ______. Século XX e trabalho industrial: taylorismo/fordismo, onhoísmo e automação em debate. São Paulo: Xamã, 2003c. p. 65-89. NEGRINE, A. Instrumentos de coleta de informações na pesquisa qualitativa. In: MOLINA NETO, V.; TRIVIÑOS, A.N.S. (Org.). A pesquisa qualitativa na educação física: alternativas metodológicas. Porto Alegre: Editora Universidade/UFRGS/Sulina, 1999. p. 61-93. OS PARALAMAS DO SUCESSO. Nove luas. Guarulhos: EMI, 1996. 1 CD. PAIS, J.M. Ganchos, tachos e biscates: jovens, trabalho e futuro. Porto: AMBAR, 2001. RODRIGUES, I.J. A tradição do trabalho: a experiência dos metalúrgicos do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 17, n. 49, p. 145-149, jun. 2002. SÃO CARLOS (Prefeitura Municipal). Site oficial do Município de São Carlos. Disponível em: <http://www.saocarlos.sp.gov.br/>. Acesso em: 05 fev. 2007. SATER, A. Almir Sater ao vivo. Columbia/Sony Music, 1992. 1 CD. SCHWARTZ, G.M. O conteúdo virtual: contemporizando Dumazedier. Revista L icere, Belo Horizonte, v. 2, n. 6, p. 23-31, 2003. SENNETT, R. A ética do trabalho: como mudou a ética do trabalho. In: ______. A corr osão do caráter : conseqüências pessoais do trabalho no novo capitalismo. 4. ed. Rio de Janeiro: Record, 2000. p. 117-140. SILVA, P.B.G. et al. Práticas sociais e processos educativos: costurando retalhos da colcha. São Carlos: UFSCar/Programa de Pós Graduação em Educação/Disciplina EDU 502-14 Tópicos Especiais em Metodologia de Ensino 14: Práticas Sociais e Processos Educativos 2, 2o sem. 2006. 28 p. Texto Didático. SILVA, P.B.G. et al. Práticas sociais, o que são? São Carlos: UFSCar/Programa de Pós Graduação em Educação/Disciplina EDU 514 Pesquisa em Metodologia de Ensino 4: Práticas Sociais e Processos Educativos, 1o sem. 2005. 3 p. Texto Didático. VALLA, V.V. A crise de interpretação é nossa: procurando compreender a fala das classes subalternas. Educação & Realidade, v. 21, n. 02, p. 177-191, 1996. WERNECK, C. Lazer, trabalho e educação: relações históricas, questões contemporâneas. Belo Horizonte: UFMG; CELAR-DEF/UFMG, 2000.

133

ANEXO

Discursos Grupo Executivo

Sujeito I – Empresa A

Pesquisador: A pergunta é, descreva o lazer para você no seu dia-a-dia. Sujeito: Começando no, no contexto do, do, do, do nosso trabalho, né? aqui na fábrica, é,

obviamente que a partir do momento que você assume steps superiores em termos de responsabili dade dentro da fábrica isso mais te toma a, a nível de concentração.1 Então, nesse, nesse, nessa, nesse quesito, quais os momentos em que eu aproveito para ter lazer dentro da fábrica? Quando nós fazemos uma celebração de aniversariantes, então eu procuro, dentro dessas celebrações curtir com a pessoa aquele momento na sua intensidade, ou seja, mis, saindo do papel de gerente de recursos humanos, né?2 Aqui, quando nós tivemos a nossa celebração de dez anos eu estive com a minha filhinha, que eu tenho uma bebê de dois anos e nós estivemos assim, com o pessoal curtindo os brinquedos, né? comendo, bebendo e aproveitando na sua intensidade o momento, esquecendo da posição que nós ocupamos, porque a hierarquia nesse momento, ela tem que cair no chão. Esse é o meu modo de pensar.3 Pra que as pessoas que estão com você celebrem e fiquem felizes, e que sintam próximos e você também aproveite, né? que você também tenha um momento de felicidade e de, des, de desestresse, né?4 porque o teu dia-a-dia é um estresse muito grande e, e, é, e assim, é o exigido hoje em qualquer companhia, né?5 então é assim que eu aproveito os meus momentos aqui na fábrica. Por exemplo, nós recebemos ontem uma certificação, uma recertificação, conseguimos novamente noventa e dois pontos percentuais na VDA. Nós vamos agora partir com um dos nossos analistas cumprimentando o pessoal da linha. E esse é um momento que eu vou curtir muito. Eu vou curtir muito como pessoa também.6 Porque o momento que os funcionários que eu já conheço o nome, sei que tem filhos, tinha alguém doente na família. É um momento onde hoje eu pergunto como é que estão e tudo mais. Então é um momento de proximidade muito legal.7 E, é um momento que assim, eu procuro esquecer da gerente de recursos humanos, e até se vem alguma pergunta nesse sentido eu falo, não, esse é o nosso momento esse não é o momento de nós resolvermos nada, né?8 Mas à frente você me procura e nós tratamos. Mas esse é um momento de celebrar. Parabéns pelo que você fez, parabéns pelo que você apresentou, essa foi uma vitória a mais para essa fábrica que foi os noventa e dois pontos percentuais.9 A, nós tivemos a mesma coisa com a auditoria de housekeeping. Agora, o que acontece fora da fábrica é, já foi pior,10 eu estive numa, na verdade eu não sou nascente na área de recursos humanos. Eu estou aqui há três meses e isso foi conseqüência de uma pesquisa Gallup aqui da fábrica. Que acabou me dando a oportunidade de assumir essa gerência. Mas eu era da área de logística. E a área de logística ela é, ela é uma bolsa de valores, né? porque todos os dias, nós fechamos o dia às (fala rindo) seis horas da manhã. Então, é, quanto a lazer pessoal fora da fábrica sempre foi muito difícil ter.11 Depois nasceu a minha bebê, ficou mais difícil ainda.12 Mas, assim, algo que a gente tem buscado é justamente termos condições de nós todos executivos, assim, como todos os funcionários, tem o seu horário de entrada e o seu horário de saída.13 E se tem uma hora extra que deva ser feita e já está programado, o cara sabe que no sábado, no domingo estará dentro da fábrica fazendo a sua hora extra. É, o que nós estamos tentando hoje, é incutir esse sentimento no, na turma executiva, por quê? Os executivos se acham na obrigação de passar aqui dia e noite. E isso não é, isso não é administração de tempo nenhuma e não traz nenhum outro beneficio pra companhia.14 Mas é obvio que existem momentos que você tem que ter uma dedicação maior. Por exemplo, nós, ontem, saímos daqui quase dez horas, porque estamos em negociação de TLR. Mas é um momento pontual, não é o nosso dia-a-dia.15 No nosso dia-a-dia, o que nós, hoje, do recursos humanos estamos fazendo, é tentando trazer essa noção de qualidade de vida necessária para que no dia seguinte você desempenhe melhor.16 Porque se você tem um horário mais ou menos que você consiga cumprir e consiga ter um lazer fora da fábrica, e dar uma caminhada, e ficar com o teu filho e conseguir comer um lanche fora, enfim, que você consiga fazer coisas extras, anormais do seu dia-a-dia, é muito importante pro dia seguinte, você vai estar melhor, você vai estar, é, mentalmente mais tranqüilo e aí a sua razionabili dade é muito maior, né?, sua posição de raciocínio, a sua velocidade de raciocínio.17 Mas

134

hoje, ainda, a gente vive um momento difícil . A fábrica está passando por uma estru, reestruturação grande, isso é sabido nacionalmente, né? e assim, eu te confesso que eu levo uma vida extremamente sedentária ainda.18 Extremamente sedentária, porque eu saí da logística que era uma área que assim, nos tomava, nós organizamos, reorganizamos toda a logística, nós fizemos toda uma, uma revisão de conceito de transporte, nós pusemos um (trecho incompreensível) pra rodar, enfim, então foi um trabalho que demorou. Foram quatro anos de trabalho para conseguir o primeiro verde numa VDA logística própria.19 E depois de nove anos, né? que foi quando eu comecei, a quatro, a cinco anos atrás. E, agora no (trecho incompreensível) no recursos humanos está sendo a mesma coisa.20 Porque na verdade é, é uma, é um outro lado da moeda que (trecho incompreensível), né? E assim, eu tive muita mostra do que é gestão, no sentido dos resultados e, e por isso a oportunidade porque você, o seu foco tem que ser gestão. Só as máquinas você substitui, as pessoas você instrui e quali fica, né? e a sua gestão é que incentiva e, assim, você tem resultados por gestão, são fantásticos.21 E então nesse (trecho incompreensível) de recursos humanos eu também aí estou sem lazer de vida própria, de vida pessoal. Mas eu também tô tentando me organizar para que eu tenha num futuro bem breve a posição de sair daqui e fazer aquilo que eu lhe disse, conseguir sentar na sala, brincar com a minha filha, conseguir dar um passeio com ela numa praça que fique próximo ou ir dar uma caminhada que eu acho isso muito importante, me faz muito bem. Eu ainda não consigo, mas me faz muito bem.22

Pesquisador: É, a, assim, para perguntar um pouquinho mais. As ações específicas, as políticas específicas de lazer da empresa. Se tem uma preocupação com isso, se tem ações pontuais de lazer?

Sujeito – Nós temos ações pontuais, estamos muito preocupados com isso.23 Nós temos ações de, como lhe disse, as celebrações dos aniversariantes acontecem mensalmente. Isso é inédito de São Carlos. Nós temos, ações motivacionais, por exemplo, com filhos dos empregados.24 A semana da criança, onde todas as fotos dos filhos, das crianças foram expostas e nós demos brindes pros primeiros que entregaram. Enfim, nós temos vários, nós temos, o, o, o programa mini empresa que tá, esse ano não trabalhando com a comunidade, mas também com os filhos dos funcionários. Pela nossa preocupação, pra, pra com a, a com o sentimento deles para com a, a fábrica.25 Essa integração é muito importante, enfim, nós temos várias ações que proporcionam a união dos funcionários em determinados momentos.26 A celebração de coisas importantes, importantes pra eles. Às vezes, a gente pode não achar, mas importantes pra eles. E, que a gente busca todo ano.27 Assim, toda idéia que vem chegando ela, ela vai sendo, a, a, absorvida e a gente vai montando um programa em cima.28 Nós tivemos, sábado, uma visita ao Salão do Automóvel, pra quem? Pra premiarmos aqueles caras e aquelas garotas que foram não absenteístas por um certo período.29 Sorteamos quarenta e oito vagas. E foi um evento muito legal. O pessoal voltou muito animado. Porque dificilmente alguém da produção teria condições de se deslocar e participar do Salão do Automóvel.30 E mais uma vez a (nome da empresa na qual trabalha) ganhou o melhor Salão de Automóvel, o melhor estande do salão. Então é muito importante que isso seja veiculado pra comunidade. E eles puderam ver que realmente isso foi, o prêmio faz jus ao estande, né? Mais do que isso, nós tivemos quarenta e oito pessoas que puderam comprovar isso.31 Então, esses são momentos que a gente procura agregar a todos e proporcionar lazer a todos, né? Proporcionando um sanduíche legal, um ônibus com, é, extremamente confortável, ar condicionado, as tevês de plasma. Foram vendo filme e voltaram fazendo bagunça.32 Enfim, a, quando a gente procura fazer o evento, nós procuramos que esse evento contemple realmente tudo aquilo que você desejaria ter se você tivesse curtindo aquilo, né? A gente sempre se põe nos pés de quem vai participar do evento.33

Pesquisador – Alguma coisa a mais para acrescentar? Sujeito – Nós temos, só para acrescentar, um grande projeto também inédito pra, pra nossa

planta e que nós começamos a trabalhar agora nesse último mês. Porque é do meu interesse pessoal muito grande e a, a equipe abraçou muito bem. Que é o programa de qualidade de vida. Então nós queremos uma, im, implantar um programa de qualidade de vida nessa plan, nessa fábrica.34 Nós estamos num lugar extremamente privilegiado a nível ambiental, né? temos todo um cuidado com o ambiente, extremamente, é, é bem visto por toda a sociedade internacional inclusive, porque é a única planta que daqui a pouco vai atingir cem por cento de aproveitamento de todos os seus resíduos.35 Isso é, é, é (trecho incompreensível), né? e então, nós, nós temos esse projeto que assim, é, é audacioso porque vai exigir investimento, nós vamos ter muita luta por aí. Mas nós pretendemos ter um programa

135

de qualidade de vida estabelecido. Isto está no nosso, pelo menos no nosso strategic business plan de recursos humanos pra essa planta. Foi um commitment que eu faço questão de abraçar porque é extremamente importante pra, pros nossos resultados.36 A partir do momento que nós temos qualidade de vida nós conseguimos resultados. Isso é ponto pacífico. É o nosso entendimento.37

Pesquisador – Algo a mais? Sujeito – Não, não, não, não. Sujeito I – Empresa B

Pesquisador – Então, descreva o lazer pra, pra você no seu dia-a-dia. Sujeito – O lazer meu, no dia-a-dia? Lazer, eu acredito que seja uma coisa fora do

expediente. Pra mim o meu lazer é tar com a minha família, tar próximo do, é, das pessoas que eu gosto, não é?1 Mas lógico que se você voltar pro lado profissional você, você tem que ter um ambiente, dentro da empresa, agradável, é, aonde te, te dê uma qualidade de vida diferente, não é?2 Então é isso que eu busco é, em todas as empresas que eu trabalhei, é, você ter dentro do seu ambiente, um ambiente agradável, uma qualidade de vida, é, uma, como que eu vou falar pra você? É, um ambiente de, flexível, né? onde você tenha a liberdade de fazer as coisas e não ter nenhum tipo de, é, de retaliação quanto a isso, não é? Porque eu prezo pela liberdade de trabalhar.3 Só que existem conceitos que você tem que é, medir aí dentro, que é a responsabili dade e até onde você pode ter um, a, a, você pode ser flexível, em ter, em poder sentar, tomar um café com uma pessoa, conversar.4 Então, é basicamente é, é isso que eu vejo como, é, uma forma de lazer, você ter um ambiente muito agradável e conseguir uma qualidade de vida boa, né?5

Pesquisador – E enquanto políticas e ações específicas de lazer que a (empresa na qual o sujeito trabalha) oferece pros seus funcionários, como seria?

Sujeito – Hoje, o quê que nós procuramos trazer para os funcionários da (nome da empresa na qual trabalha)? É, aqui por, e, próprio de São Carlos, tá?, já tem um ambiente que é agradável, as pessoas se conhecem, as pessoas se dão bem, é, já são um pessoal antigo, então o quê que você consegue agregar a essas pessoas? É, a primeira coisa, é, não deixar que esse ambiente se torne rotineiro, não é?6 Então, pra isso a gente tem, a gente vai implementando o fortalecimento de equipes, é, por exemplo, dentro da (nome da empresa na qual trabalha) hoje, nós temos uma cantina, né? que é um ambiente onde tem uma mesa de sinuca, bilhar, né? É, pebolim, televisão pra eles ficarem assistindo. A gente tá preparando um restaurante que é um ambiente também onde, é, eles possam se sentir bem, né?7 Porque dentro da nossa vida, num ambiente fabril , você fica dez horas, não é? É quase cinqüenta por cento da sua vida, o restante, daí você vai pra casa, passa mais umas quatro horas, vai dormir e tem mais umas, é, umas oito horas, né? que você dorme. Então, a maior parte você tá dentro da empresa. Então, você tenta agregar um ambiente agradável às pessoas.8 Também temos aqui uma boutique onde os funcionários podem, é, podem comprar. Então, você dá comodidade aos funcionários.9 Temos a biblioteca, né? É, temos, o, a, a associação dos funcionários que é uma parte bem importante onde os funcionários podem sair, podem se confraternizar.10 É, e o mais importante disso daí é, a gente prepara os gestores, que são os supervisores, as pessoas que vão lidar pra, com eles, a maneira de se tratar o funcionário, né? Então, é, eles, eles vem de um treinamento pesado de como tratar, como portar, é, perante ao funcionário pra que não tenha nenhum tipo de, é, de mágoa de funcionários.11 Seria isso que a empresa hoje faz, né? é, pra ter os funcionários, é, gostando da empresa, eu diria.12

Pesquisador – É, e na questão do lazer e aspecto educacional, como que você visualiza o lazer enquanto aspecto educacional? É, enquanto, é, idéia pessoal mesmo, né? e idéia enquanto, é.

Sujeito – Você consegue definir bem, tá, um aspecto educacional dentro do lazer, é quando se monta uma competição entre os funcionários, tá? É, lógico que todos querem ganhar, mas dentro disso você consegue montar equipes, você consegue fazer as pessoas se entrosarem, ter um, ter um reconheci, é, ter, ter uma mobili dade entre eles, né? Pessoas que vão de um time pro outro, dificilmente jogam no mesmo time. Então, isso, você consegue agregar eles, tá?13 A gente, eu relaciono assim, né? Que você consegue ter e dentro disso você consegue dar pra eles a forma, a forma de educação, tá? Uma forma que é disciplina, é manter a ordem.14 É, e incentivamos sempre as pessoas a procurarem

136

estudo, né? que as pessoas estudem, se aprimorem pra que um dia eles possam até exercendo um cargo de gestão dentro da empresa, né? A gente trabalha bastante nesse sentido.15

Pesquisador – Algo a mais a acrescentar? Relacionado ao lazer? Sujeito – Não, nesse momento assim não, né? É que as perguntas são bem genéricas, né?

que você faz. Você não faz uma pergunta específica, né? sobre algum assunto. A empresa teoricamente faz esse tipo de, é, é, esse tipo de questão que você faz, é que você pergunta, então ela deixa um leque meio vazio. Se você fosse mais específico a gente conseguiria ser mais detalhado para você. Mas como é no macro, o macro seria isso que, que a empresa tem.

Pesquisador – Que a idéia é o que essa, o que essa questão, né? o que o lazer incita nas, nas pessoas enquanto, quando a gente faz essas questões. Por isso que não é muito direcionado pra algum lugar, né? Pra saber qual que é a essência, né? qual, quais são as primeiras impressões.

Sujeito – Pro lazer, dentro do horário de trabalho, é você ter um ambiente agradável de trabalho. É o mais forte deles.16 Se você não proporcionar um ambiente agradável de trabalho, nenhuma pessoa vai ficar dentro da, da, de uma empresa. Vão criticar a empresa.17 E hoje, pelo que a gente sabe, é, da (nome da empresa na qual trabalha), tá? é, as pessoas querem vim trabalhar na (nome da empresa na qual trabalha). A gente gostaria de poder (risos) contratar todo mundo, mas hoje a gente não tem condição de fazer isso, né? Então a gente contrata e aqui é uma unidade fabril , né? É, você sente o reflexo desse, é, do ambiente do trabalho quando você coloca alguma coisa em aprovação.18 Um banco de horas, por exemplo, uma convenção coletiva, você sente como que é o ambiente, tá? se vai realmente passar, não vai. É, você sente, as próprias pessoas sabem a liberdade deles poderem chegar muito próximo da, da gestão, inclusive do gerente, do diretor, quando vêm. Isso é um lazer, é um, é alguma coisa pra eles que atrai muito eles. Diferente de outras culturas, né? a (nome da empresa na qual trabalha) preza isso.19 Então, dentro desse campo, talvez isso seja uma, alguma coisa, é, que nós temos de muito forte, né? É, as pessoas gostarem da (nome da empresa na qual trabalha).20 Isso, se você perguntar fora da empresa, você verá que todo mundo gostaria (fala rindo) de trabalhar dentro da (nome da empresa na qual trabalha) ou já trabalhou, né? Tem muito funcionário antigo e você deve ter pego pessoas bastantes antigas aí, não é? É isso que nós, que te, teríamos assim pra expor pra você.

Pesquisador – Algo a mais a acrescentar? Sujeito – Não, não, não. É tranqüilo, ok (nome do pesquisador)?

Discursos Grupo Administrativo

Sujeito I – Empresa A

Pesquisador – Então, descreva o lazer para você no seu dia-a-dia. Sujeito – O lazer é um momento que a gente tem de descanso, de tranqüili dade, de

interação com as pessoas, é, um momento de, é, reflexão. Pra mim, lazer faz parte do, do cotidiano desta forma, em que eu tenho um momento de, só pra mim, entendeu?, um momento que eu relaxo e descanso e interajo com as pessoas.1

Pesquisador – Isso no seu dia-a-dia da semana, por exemplo, como seria o seu lazer? Sujeito – É isso, por exemplo, na hora da refeição, na hora do almoço, a gente conversa

com os amigos, troca idéia, assiste a uma televisão, assiste futebol, discute o assunto, fala sobre o assunto. É, são momentos de reuniões que, às vezes, a gente tem cinco minutos pra tentar bater um papo. São momentos em que a gente chega junto e sai junto da fábrica. Então, ali é um momento que a gente acaba conversando, contando uma piada, né? Enfim, é, são poucos os momentos, mas são esses que, que a gente tem durante o dia dentro da fábrica. Não sei se a tua pergunta é em relação à fábrica? Fora da fábrica é outra história.2

Pesquisador – Você poderia comentar também o seu lazer fora da fábrica? Sujeito – Sim, sem problema nenhum. Fora da fábrica, a interação também é com os

colegas, mas é num churrasco, é num futebol, é num filme que assiste ou em casa ou no cinema.3 É, ainda, um ponto que não é, é, peculiar da cidade, mas, por exemplo, um teatro, que tá sendo construído, mas que em outras cidades você tem e você curte isso com a família, né? Então, aqui, hoje, você não

137

tem, mas é um ponto de lazer que, quando eu vou pra Piracicaba, então a gente acaba, é, indo ao teatro, não é? E praticamente, sair com a família, né? Pra mim é um momento de lazer também. Quando eu saio com eles para tomar um lanche, pra ir numa festa ou qualquer coisa do gênero, também é lazer, ok?4

Pesquisador – Aí, voltando à empresa, as ações, é, específicas de lazer da empresa, como que você entende? Tem ações específicas?

Sujeito – Como a, a, situação da, da empresa, por exemplo em relação aos horários, ela, por exemplo, nós temos apenas trinta minutos, a nossa interação ela é pequena.5 Mas ela promove, por exemplo, festas. Que é um momento espetacular, mágico, que a gente se encontra. E aí, a brincadeira ela é assim, bem, outra coisa, como se fosse uma família. São quase setecentos funcionários que se torna uma família. É diferente, é muito diferente. Então é um momento de lazer muito gostoso.6 É uma pena que ela é, é, é muito esporádica. Ao longo de um ano você tem uma ou duas, né? que se aplica, então. É muito pouco em relação ao, a trezentos e sessenta e cinco dias do ano que a gente trabalha pesado, né? É, mas são momentos fantásticos, né?7 Outros momentos, são quando ela interage com a gente promovendo, ó, tem uma palestra, é, mesmo que não seja técnica, então esse momento também é um momento de lazer que você pode levar família, então é um momento interessante também.8 São poucos também ao longo do ano. Eu acho que a gente precisava mais, mas é um momento fantástico também, que deixa a gente numa condição, quando você volta pra dentro da fábrica você volta numa outra condição.9 Mas, assim, durante o dia-a-dia são esses poucos momentos mesmo. Você não tem tempo, muito, você entra pra trabalhar e a hora que, só pára a hora que você sai.10 Então os momentos são assim, uma hora um conta uma piada, uns falam alguma coisa. Ao longo do dia, coisa rápida, porque ela existe, não adianta dizer que você vai, ser mecânico, só trabalhar, trabalhar, né? Então esse é um momento que, na hora do cafezinho que você toma um cafezinho com um amigo, então conta uma piada.11

Pesquisador – E você teria algumas sugestões? A, poderia ter outras ações, ou poderia ter outras.

Sujeito – É, é, é, é que, como eu digo, né? É uma pena que o tempo da gente é muito pequeno dentro da empresa. Você só tem trinta minutos de almoço ao longo do dia, ela, é muito corrido.12 Mas, é, sugestões? É, mais freqüentemente você promover alguma coisa em interação com todos os empregados dentro ou fora da fábrica, né? É, não precisa ser especificamente uma festa. Não, mas um simples encontro, uma gincana, algo parecido.13 Porque por você não ter um clube, você não tem uma participação contínua. A gente acaba fazendo isso muito pouco, tá? É diferente, por exemplo numa (nome de uma outra empresa da cidade) que tem o clube, tá lá, você vai, encontra, é diferente, né?14 Agora, assim, como sugestão eu diria, promover mais freqüentemente essas, essas festas, essas, esses encontros, né?15 É, eu diria que ao longo do período nós tivemos um momento muito bom. Eu não consideraria como lazer, mas exercício dentro da fábrica. Foi uma época muito boa, em que você acaba se distraindo e, e conversando, praticando um pouco de esporte, antes mesmo de entrar pra trabalhar, né?16 E, promover mais, é, ações culturais, com, com, com a cidade. Tipo, é, cinema, ou mesmo um teatro ou mesmo interação com as faculdades. Isso é uma coisa muito interessante. Eu vejo muito isso em outras cidades, é, as empresas interagindo com as universidades. Então, promove, por exemplo, um dia de visitas na Federal. A Federal vem até a gente e troca uma palestra diferente.17 E ela tem um negócio muito bom, a (nome da empresa na qual trabalha), ela promove, acho que mensalmente, uma palestra do Marins, com relação ao ambiente nosso de trabalho, às situações do nosso ambiente de trabalho. Eu não consideraria bem como lazer, mas um momento de reflexão, um momento em que a gente se encontra. Então, você acaba relaxando também. Tá, então, você acaba voltando a um patamar mais aceitável. Isso é muito bacana também.18

Pesquisador – Aí, na, na sua fala você acabou acampando a idéia, né? mas eu gostaria que você pontuasse ou refletisse um pouquinho mais sobre lazer, é,é, e momento de educação. O lazer é um momento educativo? É um momento pra se aprender?

Sujeito – Eu acho que sim. Eu tenho uma visão um pouco diferente. Não sei se por causa da minha cultura, por causa da minha família, da gente, é, nesses assuntos ser, né? um pouco mais rígida. Eu interpreto como um momento de aprendizado o momento de lazer. No momento em que você tá passando uma palestra e você tem, a gente chama de lanch learning, você tá aprendendo e, tem um

138

lanche que você tá conversando, falando sobre aquele assunto, você tá numa forma de lazer. Você quando sai dum filme, às vezes, no cinema, que você comenta com um amigo ou dentro do próprio cinema, como foi o, o, Código da Vinci, o filme, você acaba interagindo com as pessoas, né? É um momento de lazer. Você tá assistindo um filme, porque não? Mas, às vezes, se torna um momento de aprendizado. Olha só o que, você viu tal coisa? Você viu isso, viu isso aqui, aí desencadeia uma outra conversa na paralela que eu chamo de aprendizado. Eu interpreto isso. Em particular, pra mim, uma forma de aprendizado, uma forma de lazer também. Em alguns casos dá pra se encaixar. É diferente você pegar uma palestra técnica, você pegar algo que você tem que, é, depois aplicar isso em algum lugar. É diferente, não é isso, mas uma forma de, é, de social, de você aprender, eu acho legal. Acho que sim, acho que é possível.19

Pesquisador – Algo a mais a acrescentar sobre o tema lazer? Sujeito –Não. O tema lazer sim. A única coisa dentro da companhia que eu vejo, não é

uma crítica destrutiva porque a gente entende que você tá sendo pago pra trabalhar. É, muito poucos os momentos dentro do seu período de trabalho em que você pode ter um lazer.20 Eu interpreto que você quando você entra dentro de uma empresa e você pega pesado até às cinco horas da tarde, às seis horas da tarde, eu acho que tem que ter um momentozinho de você, é, interagir.21 O problema é, que isso seja de uma forma, é, coerente, não pode virar, confundir a liberdade que a empresa taria dando com libertinagem. Aí vira bagunça e não é isso que eu tô querendo dizer, mas eu acho que por exemplo, no intervalo entre a, meio dia, das sete ao meio dia, um momento ali de dez minutos, de conversa.22 Hoje a gente faz isso com liberdade. A empresa não te coloca isso, mas talvez um local próprio pra fazer isso, onde você tem um quiosque, onde você tem um, um, um lugar próprio pra você conversar, durante uns dez minutos com os amigos. Eu acho que, é, é, é uma, seria uma forma mais agradável, digamos, não sob pressão e sim mais agradável. Mas não quer dizer que isso tá errado também, tá bom?23 Não sei se ficou claro pra você?

Pesquisador – Claro. Algo a mais a acrescentar? Sujeito – Não, não, pra mim tá ok. Sujeito II – Empresa A

Pesquisador – Então, a questão é, descreva o lazer para você no seu dia-a-dia. Sujeito – Bom, o lazer pra mim, além de todas, as, algumas atribuições dentro da empresa,

né? que direcionamos o lazer, tipo uma conversa, né? mesmo na hora de passar as atividades, né? Eu sou coordenador de um grupo. É, a gente procura fazer um quebra gelo, não é? Dentro dessa delegação de atividades, nós procuramos também, é, descobrir como é que as pessoas passaram o dia anterior dela, então, isso dentro da empresa, né?1 A, fora da empresa o lazer pra mim é tudo aquilo que, que envolve com a família, praticar esporte, né? Então, a, tenho, eu pratico esporte duas vezes por semana, não é? Eu procuro dentro do possível também, né? de final de semana sair com a família. Então, isso, eu con, considero assim o lazer, né?2

Pesquisador – E aí especificamente aqui na empresa, é, a sua percepção, é claro, sobre as ações de lazer da empresa. Se tem as ações específicas de lazer e quais são, como que a empresa lida com essas questões do lazer pros trabalhadores da fábrica?

Sujeito – Ela, porque na verdade, a empresa ela divulga o lazer.3 Porém, ainda tivemos várias atividades já, é, de lazer dentro da empresa e hoje, tá meio, assim, tá meio parado, né? Mas a empresa teve vários, várias fases, né? que ela dedicava mais lazer pros, pra os funcionários, né? Hoje tá meio, ainda, talvez pelo acúmulo de atividades, tá todo mundo aí, né? e acumulou atividade, né? Acaba, acaba não focando tanto nesse aspecto.4

Pesquisador – Você poderia ilustrar alguma ação pontual da empresa sobre lazer, para o lazer atualmente?

Sujeito – É, se a gente for considerar que, que o lazer, como alguma coisa assim, baseado em festas, né? a empresa se preocupa com esse tipo de atividades, né? Quando, quando ocorre algum evento, é, que envolve, que nem agora, nós tivemos a festa de dez milhões, né? dez anos, desculpa, dez anos de motores, dez anos de fábrica com três milhões de motores produzidos. Ela promoveu uma, uma festa, né?5 Isso é um lazer que, que, que eu considero super importante, né? Não só pra empresa, como

139

para os funcionários. Que isso, com certeza, isso retorna pra empresa, né? assim, com, pontos positivos, né?6

Pesquisador – E uma percepção sua a respeito do, do lazer. O que poderia enquanto sugestão, direcionado a lazer, o que poderia ter, o que poderia ter e que não tem, o que poderia ser reforçado mais na questão do lazer da empresa?

Sujeito – Olha, é que eu tô tentando é, eu tô tendo a percepção, assim, de lazer entre, lazer que eu digo assim, fora das atividades, né?7

Pesquisador – A idéia é a sua percepção mesmo. Sujeito – Não o lazer nas atividades, né? O lazer, é, sei lá, se a gente for colocar aqui, eu

diria que hoje falta uma, uma área de lazer pra dentro da empresa, né? tipo um clube, pra onde as pessoas, não precisava sair lá fora para estar buscando esse lazer. Dentro da empresa mesmo. Isso tá faltando hoje, ter um clube pra, pros funcionários, né? O que nós temos bastante aqui nas regiões, né? Porque você tem as grandes empresas, você vê que possuem clubes, né? Então, isso hoje ainda é pendente para (nome da empresa na qual trabalha). É o meu ponto de vista (risos).8

Pesquisador – E, é, você relaciona o lazer enquanto momento educacional? A, o, no lazer eu aprendo, ou não?

Sujeito – Sim, dá pra aprender. O lazer é um, quando você tá praticando o lazer, você tá tendo um, é, tá em contato com outras pessoas, né? em contato até com, mesmo com os amigos, né? que ali dá pra você conversar em, outros, outros assuntos, né? que não seja ligado, talvez, à empresa. Assuntos extra, extra empresa, né?9

Pesquisador – Mais alguma coisa a acrescentar, relacionada ao lazer? Sujeito – É que a gente baseia lazer como, como, é, mas tem outras, né? O lazer, a

empresa divulga bastante, né? Divulgação, isso não deixa de ser um lazer também, né? Ela passa bastante informação pra nós. Assim, informações externas, né? é, via intranet, então, e isso, assim, não deixa de ser um lazer, né? Você tá ao mesmo tempo, você tá tendo, é, você tá tendo o conhecimento do que tá ocorrendo lá fora, né?10

Pesquisador – Algo a acrescentar? Sujeito – Não. Sujeito III – Empresa A

Pesquisador – Bom, descreva o lazer pra você no seu dia-a-dia. Sujeito – Cara, o lazer pra mim, porque eu tô com 41 anos e eu comecei ter uns problemas

de, é, médicos e coisa e tal e o cara falou assim pra mim, você precisa fazer exercícios. Eu tenho piscina em casa, então, eu já nadava bastante, mas no verão, no inverno é complicado pra mim. Então ultimamente, agora, o meu lazer é caminhar de manhã, que eu caminho de manhã agora com esse sol gostoso, você, ainda nado um pouco, até às onze horas, meio dia que é o horário que tem que vir pra cá. E, se restringe a isso durante a semana.1 À noite, assisto televisão, coisa e tal, gosto de ver jornal, né? essas coisas, né? como lazer durante a semana.2 No final de semana, geralmente você sai um pouco de sábado à noite ou você vai comer uma pizza ou você vai jantar fora alguma coisa durante o dia, ficar também em casa. Domingo, fazer um churrasquinho, porque é o que eu gosto de fazer, assim, churrasqueira, coisa e tal, você faz.3 O que mais que eu vou falar pra você, né? É, é muito básico isso daí, né? cara. Assistir bons filmes, eu gosto. Assistir um DVD, computador, internet, às vezes, domingo à noite ou sábado à noite com o moleque, da hora que ele chega até ele sair. O meu filho toca guitarra, é cabeludão igual você assim, então eu fico com ele também, às vezes, vendo ele tocar, as músicas que ele vai tocando, coisa e tal. O ensaio da banda dele, tem também de sábado, aquela barulheira toda, né? mas é bom, não é ruim.4 Você tá com ele ali perto de você, né? Isso tudo que eu tô falando pra você, junto, eu, minha esposa e um filho só, né? Tem dezesseis anos, ele. Tudo feito em conjunto. Não, tem só de manhã que minha esposa trabalha e meu moleque vai na escola, né? Eu faço tudo sozinho em casa, agora, à tarde estamos os dois lá. Mas o básico é isso daí. Não tem muito segredo.5

Pesquisador – Você visualiza, é, momentos de lazer dentro da empresa também? Sujeito – Lazer dentro da empresa, cara. Eu acho que a (nome da empresa na qual

trabalha) é, é, é muito bom de você conviver aqui dentro, pelo menos no setor que eu tô, né? Eu não

140

posso, eu já fui na linha. A linha já é meio complicado, né? mas no setor que eu tô, meio ambiente e coisa e tal, é mais, é, você não tem aquela cobrança do cara, fica no seu pé ali . Você tem o que você fazer. Você vai fazer o seu serviço. Eu faço o que eu gosto. Eu sou formado em (trecho incompreensível) e coisa e tal. Eu não tenho, como é que eu vou falar pra você? Eu faço tudo o que realmente eu quis fazer, então eu tô num lugar que eu gosto, sabe? O gerente é legal. Então uma coisa que, uma coisa foi encaixando na outra, você entendeu? Eu vim buscando isso desde os vinte anos quando me formei, coisa e tal. Aí, trabalhava em (fala rindo) lugares loucos de tudo, né? Só passava nervoso e aqui já é uma coisa mais sossegadora, né? É o básico disso daí.6 O lazer aqui dentro, tem a festinha que eles dão aí, né? no final, todo aniversário da fábrica, coisa e tal. Quando dá, eu venho, mas é difícil . Eu vim, acho que uma ou duas vezes só. Mas é legal, o pessoal que vem gosta e coisa e tal, né? Eu acho bacana.7 É isso aí, o que mais?

Pesquisador – Tem outras ações pontuais como esta, festas, tem outras ações de lazer além das festas?

Sujeito – Aqui na (nome da empresa na qual trabalha)? Pesquisador – Sim. Sujeito – Tem agora no final do ano que o pessoal mesmo se reúne, né? Aluga uma

chácara e coisa e tal e vai, que é aquela comemoração de final de ano. Mas eu não sou muito disso não. É mais, tem essas daí mesmo, eu acho que é isso.8

Pesquisador – A título de sugestão, na sua compreensão, deveria ter outras coisas relativas a lazer ou não?

Sujeito – Aqui na fábrica? Pesquisador – É. Sujeito – Aqui eu não ligo cara. Eu vou te falar a verdade pra você. Eu acho que aqui é pra

você vim trabalhar, né? Não, não, eu venho, eu venho pra trabalhar. Eu não gosto de ficar em festa, coisa e tal. Não é o que eu gosto.9 Eu gosto de ficar na minha casa, ou com a minha família, com os parentes e tal. Vim aqui, não, não é que eu gosto. Eu vim uma vez ou outra, mas eu não gosto.10

Pesquisador – E aí, o lazer relacionado a momento de aprendizagem, momento educacional. Você visualiza isso?

Sujeito – A não, aí sim, aí, vamos supor, os cursos que dão aqui. Aí eu acho bem interessante. Você vai tar tendo um lazer, coisa e tal, né? ali j unto com o pessoal e você vai tar aprendendo. Aí é uma coisa boa. Aí eu acho legal ter. E tem bastante aqui na (nome da empresa na qual trabalha), né?11

Pesquisador – Mas, você entende que o lazer também pode ter o aspecto educacional? Sujeito – Pode, pode, eu compreendo. Eu acho até legal. Quando é dessa forma eu acho até

legal. Muita bagunça, muita coisa, eu acho que, eu não gosto. A maioria gosta, né? A maioria vem e tal. Pesquisador – E no seu dia-a-dia fora da fábrica, você entende que o seu lazer tá bom, é

isso mesmo, poderia alterar alguma coisa? Sujeito – Pô cara, eu acho que a gente pode até conseguir mais coisas, né? mas, é, com o

salário que a gente ganha, você tem que restringir várias delas, né? É uma viagem no final do ano, é, é esse negócio aí, é coisa meio restrita, né? Minha esposa também trabalha e tudo, mas, é, pode ser melhorado? Pode, tudo pode ser melhorado. É que nem a gente aprende aqui na (nome da empresa na qual trabalha), né? mais em alguma ou outra coisa.12 Antigamente eu tinha dois empregos, então ficava meio apertado, né? E aí você não tinha muito lazer. Eu, de fato mesmo, não tinha muito lazer.13 E aí como aconteceu um monte de coisa eu quis ficar por aqui, né? E tô deixando tocar agora, não sei até quando, né?

Pesquisador – Algo a mais a acrescentar, em relação ao lazer? Sujeito – Não, não, só se você tiver mais alguma pergunta pra fazer. Pesquisador – Não, seria isso mesmo. Teria algo a mais a acrescentar? Sujeito – Não, não tenho. Sujeito I – Empresa B

Pesquisador – Então a questão é, descreva o lazer para o senhor no seu dia-a-dia.

141

Sujeito – Ok. Bom, o lazer no dia-a-dia é, no intervalo do almoço a gente tem na cantina, snooker e pebolim.1 É, a tarde tem o, a associação dos funcionários (nome da empresa na qual trabalha). Você tem lá, à disposição, piscina, você tem sauna, mas eu prefiro, à tarde, fazer caminhada. Então todo dia eu faço caminhada. E esse é o meu lazer. Aos domingos, assim, vamos lá assistir campeonato interno de futebol de salão, futebol de campo, é, tomar uma cervejinha com os amigos no clube. É isso aí o lazer, certo?2

Pesquisador – E na, na questão voltada, o senhor já disse, né? na percepção de lazer aqui na empresa pro senhor, então como o senhor percebe o lazer aqui, as possibili dades de lazer. Tem boas possibili dades ou não? Como que é?

Sujeito – Tem, é só, só querer. Só querer, dá pra fazer um monte de coisa.3 Pesquisador – E na questão do lazer relacionado ao lado educacional, o senhor acredita

que o lazer tem, tem um cunho educacional? Pode se aprender alguma coisa no lazer? Sujeito – Olha, no lazer a convivência com pessoas já é, bem dizer, eu considero que é um

aprendizado. Sempre você vai ter pouquinhas coisas, mas você vai estar aprendendo sempre alguma coisa nova, né? Por mais insignificante que seja você vai, vai montando a sua escadinha ali .4

Pesquisador – Mais alguma coisa a acrescentar do lazer? Sujeito – Não, eu acho que é só, só. Sujeito II – Empresa B

Pesquisador – A questão é, descreva o lazer pra, pra você no seu dia-a-dia. Sujeito – Bom, a parte de lazer dentro da empresa, é, ela é mais voltada às atividades

feitas, é, coletivas, tá? Eu vejo dessa maneira.1 Nós temos um clube, uma associação e que essa associação busca, é, chamar as pessoas pra, pras atividades coletivas fora da empresa, certo? Aproveitando mais a, a, vamos dizer, a sinergia que existe entre as pessoas, mas fora do, do ambiente de trabalho.2 É lógico que isso acaba refletindo pro ambiente de trabalho depois, porque a partir do momento que você tem um entrosamento bom entre as pessoas fora do ambiente de trabalho, é lógico que isso reverte pra, pra dentro da empresa também, né?3 Então a, a gente procura sempre tar com, com a, tar fazendo alguma atividade sempre que possível, mas, é, junto com as pessoas da, da empresa. É o que a gente procura mais, tá? Agora, o tipo de lazer, por exemplo, é mais, é, o jogo, é futebol, é churrasco, é, são atividades coletivas mesmo, com as pessoas, não tem uma,4 agora, qual o tipo? O que mais? Você quer saber o quê? A freqüência, o que isso implaca, impacta, qual que é o?

Pesquisador – É o que o senhor tiver pra me dizer sobre esse tema, sobre lazer. Sujeito – A, tá. É, a gente procura ter bastante, né? pra proporcionar lazer, ter lazer pra

gente, né? e proporcionar lazer, porque é fundamental, né? Eu acho que você, é a maneira das, das pessoas descarregar a adrenalina do dia-a-dia, tá? É aonde eles buscam, né? esquecer os problemas.5 É quando a gente tenta, é, realmente, é, ter um momento pra, pra, individual, né? Apesar de serem atividades, a maioria são atividades coletivas, mas você ter o seu momento individual, ter o momento pra fazer você relaxar, poder conversar sobre assuntos diversos e não só os assuntos, que, pertinentes à empresa. É, então essa parte de lazer é fundamental na, na, no dia-a-dia ou na, na vida das pessoas, tá?6 Você tem que ter atividades desde, ou atividades físicas ou atividades culturais, ou atividades seja ela qual for, que você consiga desligar um pouco do, do, do ambiente de trabalho e consiga com a sua cabeça acabar, vamos dizer assim, até rejuvenescendo, né? Você acaba saindo dos problemas e, e consegue tar trabalhando ali com, com outros assuntos que acabam te, te aliviando do stress diário.7 A, tá, basicamente é isso.

Pesquisador – E, atualmente como está sendo o dia-a-dia do senhor em relação ao lazer? Sujeito – O meu? O meu específico? Pesquisador – Sim. Sujeito – A, eu procuro sempre, no dia-a-dia nem tanto, né? No meu, o meu lazer no dia-a-

dia, vamos dizer que é, é, leitura e filmes. É o que eu gosto bastante no dia-a-dia. No final de semana específico sim, que eu saio mais, que eu vou, eu busco sair um pouco de casa, fazer alguma atividade com a família específico ou com os amigos, mas, no dia-a-dia mesmo, é, eu diria que são atividades mais pacatas (fala rindo) mais paradas aí, né? Eu gosto muito de ler e de, de cinema, eu gosto muito.

142

Então é o meu lazer de, no dia-a-dia, é esse.8 Tá, e final de semana a gente procura estar mais com a família aí pra, pra dedicar um pouco mais de tempo pra eles que não, não, durante a semana não permite muito.9

Pesquisador – A última questão é, o lazer e o aspecto educacional. O senhor relaciona o lazer e o aspecto educacional?

Sujeito – Olha, eu acho que, que, ele ajuda, tá? Eu não sei se, se o lazer propicia um aprendizado a mais, mas ele auxili a num aprendizado, acho. É, porque a pessoa, a partir do momento que ela, que ela tem um tempo pra, pra descarregar as ba, a bateria ali , dar uma recarregada depois de novo, de tudo, com certeza ela vai aprender melhor. Vai tar, ela, desestressando, ela esquecendo um pouco os problemas, ela, na hora que ela volta, ela volta com a cabeça um pouco mais, mais limpa, vamos dizer, mais fria, então eu acho que influencia, influencia bastante.10 A pessoa, eu acredito que a pessoa que tem tempo pra se dedicar ao lazer, provavelmente deve ter, eu falo por mim, porque, é, tem uma capacidade, uma, uma melhoria no aprendizado, certo? Eu sinto isso, que, quando, quando eu não tenho tempo pra, pra não fazer as coisas, eu fico só no dia-a-dia, é, a mente começa a dar uma, uma decaída, né? Então, e quando você tem tempo de, de ter uma atividade extra trabalho, seja ela qual for, quando você volta, você tá parece que mais descansado. Então automaticamente você, eu né? consigo absorver melhor as coisas. Eu acho que tem, tem tudo a ver com aprendizado. Ela beneficia bastante o aprendizado.11

Pesquisador – Algo a mais a acrescentar em relação ao lazer? Sujeito – Não, não, eu acho que é só isso. Sujeito III – Empresa B

Pesquisador – A principal questão e aí a partir dessa que você já pode responder é, descreva o lazer para você no seu dia-a-dia.

Sujeito – Bom, o lazer é um, pra mim, é um, é um momento onde eu saio aqui do, saio de todos os estresses que a gente tem na vida assim, que a gente tem no dia-a-dia, é, procuro fazer isso diariamente.1 Tanto na empresa, na hora do almoço, escutar uma música, é, fazer coisas assim que não tá, não é da profissão, assim, não é dos nossos afazeres, mais stress mesmo. É, escutar uma música, principalmente, eu gosto de fazer.2 Muitas vezes, quando eu tô trabalhando, eu pego, eu ponho, ligo uma música no computador, fico escutando. Às vezes, ninguém curte muito, eu ponho um fone.3 Gosto de praticar esportes também. Dentro da empresa, eu não faço a ginástica laboral, mas aí é porque também eu acho que é culpa um pouco do que a gente tem pra fazer no dia-a-dia, que a gente fica sem tempo, né?4 A gente, não tenho tempo suficiente aí durante o dia pra estar dedicando a esse, a essa ginástica, mas eu vejo com importância uma, praticar isso. Não tem como.5 Mas, enfim, pra mim, o lazer é fundamental pra gente continuar tar, tar trabalhando cada dia e tá superando todas as dificuldades. Eu acho que é até uma fuga aí pra essas dificuldades, você ter uma atividade de lazer.6

Pesquisador – E a questão do lazer e o aspecto educacional? Você considera que o seu lazer tem um aspecto educacional envolvido?

Sujeito – Sim, é, acredito que através do, eu acho sim que vai ter um aspecto educacional pelo fato de melhorar a concentração. Eu acho que se você tiver uma atividade de lazer todo, todo dia, eu acho que você tem uma concentração melhor, você lida melhor com as pessoas, você não, eu acho que muita gente que não tem um, uma atividade de lazer, assim, eu acredito que ela pode ser uma pessoa mais estourada, não consegue administrar as dificuldades, sempre estressada. Sai aquela nuvenzinha preta em cima dela. Eu acho que sem dúvida tem, é, tem muito fundamento sim, o aspecto educacional do lazer.7

Pesquisador – Algo a mais a acrescentar no lazer do seu dia-a-dia? Sujeito – A, eu faço atividades, eu pratico atividades de, esportes todos os dias, é,

freqüento academia, gosto de jogar um futebol. A única coisa é que, às vezes, a gente tá (fala rindo) machucado e não dá pra fazer tudo, mas eu curto bastante sim fazer uma, uma atividade de lazer8, nem, aqui a gente tem, eu tô falando mais de esporte, mas também ler um livro, é, é como eu falei, escutar uma música, a própria televisão, às vezes, ajuda bastante, entendeu? Eu gosto sim, muito importante.9

Pesquisador – Algo a mais a acrescentar?

143

Sujeito – Não, eu acho que só.

Discursos Grupo Produção

Sujeito I – Empresa A

Pesquisador – A pergunta é, descreva o lazer para você no seu dia-a-dia. Sujeito – Olha, o meu dia-a-dia, durante a semana, assim, é meio apertado, né? programar

assim um lazer, mais, mais temporário assim. Mas, durante a semana, o quê? A gente assiste um, não sei se pode considerar um lazer, assiste uma partida de futebol na televisão, assiste um filme, vai tomar um sorvete.1 Agora, de fim de semana assim, a gente já programa uma outra coisa, né? Uma pescaria, eu que moro em cidade pequena, assim, eu não sou de São Carlos, né? Eu moro na cidade vizinha aqui de Ibaté. Uma pescaria, aí, churrasco, um joguinho de futebol aí de vez em quando, umas visitas assim, parque ecológico, shopping. É o básico do, do nosso lazer.2

Pesquisador – Mais relacionado especificamente à empresa. Você considera que você teria lazer dentro da empresa?

Sujeito – Olha, dentro da empresa, às vezes, a empresa disponibili za, né? aí uma confraternização aí, uma festa, tal. Mas é meio raro de acontecer, mas ela, é a única coisa que ela proporciona de lazer pra gente aí, é essas festas que ela faz de vez em quando, né?3

Pesquisador – Então essas são as ações de lazer que do seu ponto de vista a empresa faz em, relacionado a lazer. Seriam confraternizações. Você teria alguma sugestão? Poderia ter isso, poderia ter aquilo, a título de sugestão.

Sujeito – Isso, olha, a empresa com um porte grande igual a (nome da empresa na qual trabalha) eu acho que deveria ter um, um clube de campo, né? pra, pra, pra vim aí de fim de semana com a família, tal. Acho que ia ajudar bem, né? num lazer relacionado à empresa, né?4

Pesquisador – Algo a mais? Sujeito – Não, acho que é isso aí. Pesquisador – Só pra finalizar, é, você considera o lazer enquanto, com um aspecto

educacional? A, eu aprendo coisas no meu lazer, não? Sujeito – A, sim, por exemplo, você sai vai visitar aí, um parque ecológico, você acaba

colhendo informações, do, do, dos animais que por exemplo, que tá lá, que você não conhecia. Num shopping você vê aí novidades e tal.5

Pesquisador – Algo a mais a acrescentar? Sujeito – Não. Sujeito II – Empresa A

Pesquisador – Então a questão é, descreva o lazer para você no seu dia-a-dia. Sujeito – Certo, bom, pra mim ele seria como uma, uma extensão assim, uma qualidade de

vida que a gente tem, né?1 Agora, a dificuldade para isso seria o tempo, né? administrar o tempo. Que nem no caso, eu sou casado e tenho dois filhos, eu trabalho e estudo e minha esposa também trabalha e estuda. E ela trabalha de segunda a sábado, né? Então, mas é, é uma busca que a gente tem de toda forma assim.2 Eu acho que é, o lazer é, a gente tem que procurar fazer coisas assim, boas, coisas saudáveis também, mas também como exemplo pros, pros filhos, né? Eu acho muito importante ele, né? o lazer.3 Eu tento buscar ele, assim, em filmes, né? em passeios, em viagens, em momentos juntos, né? Isso é, eu tô falando mais da família, né?4 Mas, isso também na empresa, né? Porque você fica, no seu dia todo você fica dentro da empresa, né?5 Então eu acho que tem muitas formas de lazer, né? Acho que é difícil você falar numa forma que é lazer, porque para cada pessoa, por exemplo, né? viajar pode ser terrível, e o outro adora, né? Mas eu tento fazer isso, né?6 Como uma, uma cultura mesmo, ou como um, como um aprendizado, muitas vezes uma, uma conversa com uma pessoa mais experiente, né? Ouvir uma história de alguém. E eu também faço trabalho voluntário, né? então eu acho que nessas partes também tem o lazer, né?7 Sentir que você é útil , como se a gente tivesse uma missão, né? Porque

144

eu não consigo acreditar que a gente, nas, nasce, vive e morre, né? Sem, tem que ter um sentido na vida da gente. Eu busco esse sentido, né? Pra ser franco eu, eu ainda não consegui entender muito bem, né? Eu tenho, assim, muitas perguntas e poucas respostas, né? Mas eu tento buscar isso na minha vida, né? O prazer em tudo que eu faço, fazer bem feito, né? E também pra passar pros meus filhos tudo o que eu não tive, né?8 Porque, eu, tudo o que me faltou por dificuldade financeira e social, eu tento agora, né? ter meu crescimento pessoal e profissional, proporcionar isso pros meus filhos, né? Não é fácil , né? Mas, é uma busca, é uma luta que eu tenho, né? É, é um objetivo meu que eu tenho, né? Eles, tem que ter uma, eles terão uma vida, né? Tem hoje e terão melhor do que a que eu tive, né? E espero que eles também vão passando isso pra frente, né? Tudo o que você receber, você conseguir passar pros outros, né?9 Mas é isso que eu tento. Eu tento tirar lazer assim, né? de viagem, né? de tudo. O que for de bom, o que der, é, boa, como se fosse motivação, né? eu acho que tudo isso daí, pra mim, o lazer vem disso, né?10

Pesquisador – E aí, especificamente no momento, nos momentos que você tá aqui dentro da fábrica, qual é a sua percepção de lazer? Você tem momentos de lazer aqui dentro?

Sujeito – É, aqui seria mais assim, mais na, na conversa mesmo, né? na troca de informação, na troca de experiências, né? É, alguém te trazer alguma coisa, porque o ambiente de trabalho sempre tem alguém, ou faz ou conta alguma história, né? Então essas são a, pra mim seria a forma de lazer dentro da empresa, né? Essa troca, alguém contar uma história, um fato engraçado, uma viagem que aconteceu com ele, né? Essa seria a minha forma de lazer.11 Um conta uma piada, né? e, você termina o seu almoço, né? nós temos um tempo, né? mas, você termina o almoço, você fica ali conversando um pouco. Você pára uns minutos, né? Essa parte, pra tentar relaxar, pra tentar você voltar depois, né? bem pro trabalho de novo. Seria o, o que eu tento, né? pegar o equilíbrio pra, essa, seria um lazer pra depois eu voltar de novo, né? e continuar a jornada do dia, né? Porque problema todo mundo tem, né? a gente tem. E eu sou, eu sou muito ansioso, muito nervoso. Então eu penso já no fazer as coisas, né? pra ficar, pra ficar bem depois, porque senão, se eu ficar, se eu não conseguir arrumar uma forma de extravasar essa energia aí, (fala rindo) aí não é legal.12 Mas seria isso, né? seria na, na conversa, na troca, no, na história, tudo isso, né? tudo isso, né? tudo isso relacionado a lazer.13

Pesquisador – E a sua percepção, é, a empresa desenvolve ações pontuais pra favorecer o lazer na empresa, por exemplo, hoje tem tal evento que tem a ver com lazer, ou não?

Sujeito – É, pontuais sim. Na semana passada nós tivemos uma comemoração, no dia doze, dos dez anos, né? Mas fora isso, tem no último dia do mês, é comemorado o, todos os aniversariantes, né? daquele mês, vem e se reúne aqui no, no refeitório, né? na sala VIP. A, nós temos as datas comemorativas de dia de criança, alguma coisa, ou. Eu participo mais por ser voluntário já, né? mas se não tiver, sempre tem uma lembrança, uma gincana, alguma coisa pra ser feita, pra lembrar a pessoa disso, né?14 Então a gente, fora isso também, é lógico, acontece assim, cada setores montar as suas coisas, né? que seriam por exemplo, a, eu vou fazer um churrasco de final de semana e vai tal pessoa, né? Então fora isso. Ou tem o todo, que também é isso que eu tô te falando ou como tem das áreas, também, algumas áreas elas, elas vão proporcionar entre elas, ali , né? um, um final de semana com alguma coisa. No final do ano sempre tem aqui, né? uma confraternização, que nem, eu sou da qualidade, né? então a gente faz uma, uma confraternização do setor ali , né? no final do ano, que seria um churrasco, alguma coisa numa chácara, que, então, sempre tem alguns, alguns pontos, né?15 Quando eles passam, por exemplo, os temas de segurança aqui, né? O trabalho de segurança é passado assim mais, é, o teatro, eles fazem teatro pra passar. Então não vem e fala o, o risco que você corre no trabalho, só como risco, eles passam essa mensagem mas, através do teatro, né? Tem também umas pessoas que aí são voluntárias e elas participam desse grupo de teatro aí, né? Então passa a informação, que eu acho assim, fica mais, é, é, fica mais fácil pras pessoas entender, né? Não fica pesado, porque o tema segurança é, é complicado, né?16 Então sempre tem, sempre tem alguma coisa assim que a, que a empresa desenvolve, tentando, é, deixá-la o mais leve possível assim, né? pra que as pessoas possam integrar da melhor maneira possível. Essa é uma parte boa da empresa, né? Ela fazer isso, né?17 E, também, a empresa é pequena, né? Então, a, toda hora você está em contato com alguém, mesmo você estando num setor, toda hora você tá conversando com alguém, então, num, não é assim fechado, né? Você tem toda hora, você tem que tar conversando, né? Não, não, você não fica tão distante assim, você passa o seu dia aqui, mas tá toda hora em contato, né?18

145

Pesquisador – A título de sugestão sua, sei lá, por exemplo, eu imagino que poderia ter algumas coisas, é, pontuais em lazer?

Sujeito – É, eu acho que o quê o pessoal questiona muito, que nem, a mudança que foi, é, toda fábrica aconteceu isso, né? o negócio de redução de custos, essas coisas, né? Era, as datas mais comemorativas, né? E isso diminuiu muito em todas as empresas, né? principalmente em dia das crianças, né? final, natal mesmo.19 Por exemplo, se fosse gasto assim, em todo natal, em todo dia da criança tem uma comemoração, né? Mas isso não é só aqui, né? Isso hoje tá em todo lugar, né? Nas outras empresas também. Isso você sente, né? Eu também sinto que é, devia acontecer com, com uma maior freqüência aqui, né? Isso que, é, deixa assim, um pouco, sei lá, podia estar acontecendo mais, né? Essa confraternização, essa reunião.20 Nessas datas, por exemplo, não precisa, por exemplo, todo mês, mas pelo menos nessas que são mais chaves, né? Mas principalmente por causa das crianças, né? Porque as crianças têm aquela coisa, do pai e da mãe sai pra trabalhar e, né? e eles tem aquela coisa assim, que, como que é a empresa que o meu pai trabalha, quê que faz?21 Então, como aconteceu nos dez anos, foi legal por causa disso. Além da festa, abriram a empresa, né? Então eu mostrei, né? pros meus filhos onde que eu trabalho, então, toda o, a família pôde conhecer como que é o local de trabalho da gente. Isso é bom também, né? Você, você passar pra eles como é o seu trabalho, né? É importante, acho legal.22 Se a empresa manter essas coisas, eu acho legal, porque, sempre tem uma coisa pra melhorar também, né? Se puder melhorar, (fala rindo) eu acho legal.

Pesquisador – Relacionado, é, ao lazer e aprendizagem, qual a sua opinião sobre isso? O lazer é um espaço, um momento para aprendizagem? Eu aprendo com a vivência de lazer?

Sujeito – Eu acredito que sim, né? Desde um, desde que, quando uma criança, quando você leva num brinquedo, num parquinho, porque, ela não tá só brincando, mas ali tem tanta coisa, porque, tem por exemplo, um brinquedo que todas gostam e todas vão querer ir ao mesmo tempo. O fato de uma esperar, dar a vez pra outra, tudo essa, essa parte aí da socialização aí deles aí é um aprendizado, né? Um respeita o outro, respeita a hora que ele vai fazer aquilo, a hora que ele vai poder usar o brinquedo. Que nem agora, todas as escolas tem essa, essa coisa de brinquedoteca, né? Isso também, isso também é importante pra criança, né? Ela aprende a não estragar o brinquedo, ela sabe que outra criança precisa do livro, precisa do brinquedo, né? Então eu acho que é, é toda hora que você tá aprendendo e o lazer é bom pra isso, né?23 Você, se você faz uma viagem por exemplo, você mora aqui no interior, que nem eu moro aqui em São Carlos, então se você vai pra praia, é um aprendizado, né? Você tá passeando, você tá coisando, mas você tá aprendendo também. Principalmente pra quem nunca foi. Eu acho, né? pra criança tudo que a gente puder passar, principalmente pra eles, né? é bom, é informação, né? Então eu acho o lazer, uma forma, uma forma boa de aprendizado, de passar, né? de passar experiência e passar conhecimento. Eu acredito nisso, né?24 Eu tento, eu sempre busquei assim, aprender, eu não tive pessoas assim, que me ensinassem, né? nunca ninguém me ensinou. Eu sempre tive que ficar aprendendo as coisas sozinho, né? olhando, ouvindo, né? então eu, eu aprendi assim.25 Mas cada pessoa é de um jeito, né? Então eu sei, por exemplo, a, não adianta eu, por exemplo, cobrar isso do meu filho porque pode ser que, que ele espere que eu pegue ele pela mão para aprender mesmo, né? Então eu tento ver qual é a melhor forma de passar isso pra ele. E também aproveitando desse momento. Porque todo momento que você tá junto, né? Sábado ele quis ir no Salão do Automóvel, então nós fomos, porque ele tem doze anos, então, quer dizer, é um passeio, mas é também um aprendizado. É, lá tem tecnologia, tem coisas diferentes, né? Pra, pra ele ver, pra ele aprender. É, eu tento aproveitar o máximo.26 O duro disso é como eu te falei no começo, é você administrar mesmo, né? Mas daí, a minha, eu cheguei à conclusão, o seguinte, eu tento ter qualidade então, não em quantidade, né? Já que o tempo é pouco, poucas horas pra fazer todas essas coisas, então eu, eu troquei a quantidade do tempo, né? do lazer pela qualidade do lazer. Eu acredito que tá dando certo. Eles, eles gostam muito, né?27 Então, até agora tem feriado. Nós acabamos não definindo ainda aonde vamos, por, pela correria. Mas, tem que arrumar um lugar, né? tem que passear. Passear um pouco, descansar um pouco também, né?28

Pesquisador – Algo a mais a acrescentar? Sujeito – Não, eu acho que não. Seria isso mesmo, né? Eu vejo o lazer como aprendizado e

como uma parte de relaxamento também. Você consegue, você faz uma troca, de, de energia, por exemplo, você tenta pegar energia positiva, né? pra você poder continuar na sua vida. É isso que eu penso.29

146

Pesquisador – Mais alguma coisa? Sujeito – Não, seria, seria uma coisa mais assim, o Estado também, né? Eu acho que eles

deveriam oferecer mais coisas pra gente, né? Falta muito isso, né?30 Então, quer dizer, eu tô falando de uma situação que eu posso fazer também, né? Eu posso viajar, eu posso. Porque o lazer eu acho até, é, que nem a alimentação, eu penso que a alimentação não é só alimentar. Quando você sai prum jantar, pra comer um lanche ele é uma forma de lazer também, né? Então, isso falta pra muitas pessoas, né?31 Mais seria assim, uma coisa política, uma coisa que eu acho que o Estado deveria oferecer, né? Então pra mim, é, é isso. Tá muito distante, né? Falta muito ainda, né? da pessoa conseguir ter.32 Você consegue ver a qualidade de vida de acordo com o que você tem, né? Tá relacionado muito com o seu poder aquisitivo, né?33 Mas, então, falta, né? pra muita gente falta. Pra mim, graças a Deus tá dando, né? mas falta pra muita gente, né? E eu acho que isso podia ser melhorado, né? Mas acho que esse não é o (fala rindo) caso. Dividir assim, coisas com o social. Mas é o que eu sinto, né? Que tem muita gente que precisa ter mais, né? mais lazer, mais diversão.34

Pesquisador – Algo a mais? Sujeito – (risos) Não acho que é isso, né? Acho que era isso. É isso mais ou menos? Pesquisador – É. A gente parte do pressuposto de que o que interessa pra gente é o que a

pessoa tem pra falar. Sujeito – Tá certo. Pesquisador – Então, tudo o que você disse era o que a gente queria ouvir, porque você

disse. O que interessa é o sujeito, é o que você pensa. Sujeito – Mas é isso mesmo, o lazer é isso, é o seu tempo com a sua família, com as

pessoas que você gosta, né? com seus amigos se divertir, né?35 Também, a gente tem que levar a vida da gente da melhor maneira possível, né? Cuidando, a, com saúde, né? Fazendo a coisa certa, sem vícios, né? Eu acho que aí você consegue ter uma qualidade de vida, né? Você consegue se divertir e aproveitar bem, só isso.36

Sujeito I – Empresa B

Pesquisador – Então a questão é, descreva o lazer para você no seu dia-a-dia. Sujeito – Eu tenho que falar pra você o quê, como é meu dia-a-dia? Pesquisador – Relacionado ao lazer. Sujeito – A, cara, é o, o que eu posso falar para você? A, meu lazer é muito bom, sabe? Eu

gosto de fazer serviços com a minha esposa, certo? Eu sou um cara casado, né meu?1 E, gosto de praticar esporte. Pratico, ando, se puder, pra caramba de bicicleta quando estou em casa, assim.2 É, a tarde geralmente não dá porque você sai daqui, tem dia que eu tô saindo às seis horas da tarde, por, porque tá?, às vezes, atrasa a produção aí, né?3 Mas, muitas vezes, quando tem tempo eu chego em casa assim eu vou caminhar com a minha esposa, certo?4 E é isso daí. O que eu vou falar pra você, cara? Não tem muita coisa, né? Agora, de final de semana, não, quando a gente não trabalha de sábado e de domingo, é fazer caminhada, é assistir filmes, sabe? documentários. Meu dia-a-dia é assim cara, certo?5 Não, sou de muito, de conversar muito. Converso pouco, assim, às vezes, brinco também, né meu? me distraio, mas, é, o meu dia-a-dia é dessa forma aí.6

Pesquisador – Agora, assim mais especificamente aqui na empresa, é, como é o seu lazer? Sujeito – Meu lazer aqui? Ajudar meus amigos, certo? que trabalham junto comigo que eu

gosto muito. Não tô jogando conversa fora não. Você pode perguntar pra eles aí. Eu gosto de ajudar eles. Gosto de ajudar não só eles também como a empresa também, né meu?7 Converso, busco material pra lá e pra cá. Ando pra lá e pra cá o dia inteiro, certo? E na hora do almoço num, eu não sou uma pessoa assim de almoçar. Às vezes, como uma fruta, isso e aquilo, vou caminhar também, certo?8 Mas, graças a Deus, meu lazer assim, é, é fazer amizades, mais fazer amizades. Pessoas novas assim, eu gosto de fazer muita amizade, sabe? Brinco com todos eles. Gosto de brincar também, certo?9 Não só, porque eu acho que a firma não é uma, uma cadeia, né meu? Você vai ficar o dia inteiro só pensando, pô, vou sair do portão pra fora, eu tô livre? Não, você tem que colocar a firma, como um, que nem você falou aí, um lazer também, né meu? Uma atividade física também que você faz durante o dia, certo?10 E a empresa (nome da empresa na qual trabalha), eu não tô puxando saco, porque graças a Deus, eu fui

147

uma pessoa, assim, pra falar pra você que, eu não conheci meus pais, certo? Eu, desde os quatro anos eu perdi meu pai e minha mãe, morava em São Paulo e não tive aquela oportunidade assim de trabalhar em firmas grandes. Teve firmas aí que eu tive, que eu fui trabalhar, que nem aquela (nome da empresa na qual trabalhou). Eu entrei pelo cano mesmo. A turma já falava, eu fui trabalhar na firma e entrei pelo cano, né meu? E, mandou todo mundo embora e não pagou ninguém, né? Então eu cheguei na casa de pessoas aqui não pra pedir um prato de comida, mas pra pedir serviço. E a (nome da empresa na qual trabalha) ela, faz três anos e poucos, três anos e poucos que eu tô aqui dentro. Ela tem mostrado, sabe? Que ela pensa muito no seu funcionário. Tanto é que você tem aí, ó, uma professora, eu acho que duas a três vezes por semana que ela vem dar alongamento pra gente. Ela tem a academia lá em cima disponível. Claro que se você for todo mundo lá não vai, assim, num vai caber lá dentro, né meu? Mas eles colocam uns horários legal. Tem as enfermeiras aí, sabe? pra te ajudar. Então eu vou falar uma coisa pra você, meu, essa empresa aqui ela, sinceramente é abençoada por Deus. E eu peço pro meu Deus sempre abençoar essa empresa pra que sempre eu esteja aí dentro. Eu gosto de trabalhar na (nome da empresa na qual trabalha) e não tenho que reclamar de nada, cara. E olha o que eu já passei aí fora aí, eu vou falar uma coisa para você, eu tô aqui dentro hoje, graças a Deus, e quero permanecer aqui, certo?11 Agora, mais pro lado de lazer aí, é isso daí. Eu gosto dos meus amigos, gosto de conversar com eles, brincar com eles. Claro que discussão acontece no dia-a-dia porque a firma, a firma é isso daí, certo? Só que é o tal negócio, tem que levar pro lado profissional. Eu procuro sempre levar por isso. Ô (nome de uma pessoa) isso ou aquilo, tal, tal, isso ou aquilo, tá, mas vamo conversar, vamo chegar a um acordo, né? Certo? Mas é o tal negócio que eu falei para você, meu, eu gosto muito da empresa aí e não posso falar nada. Meu lazer é isso daí. É conversar com eles e ajudar eles o dia inteiro aí.12

Pesquisador – É, você acabou falando aí, né? No seu discurso já, já tá presente, mas só pra deixar mais pontual. A questão do lazer e aprendizagem. Você acredita que no lazer você aprende coisas?

Sujeito – Claro, claro. Lazer, o lazer você aprende a errar e errando você aprende a fazer certo, certo? Então lazer e atividade tá ligado um ao outro, né? E eu penso dessa forma.13

Pesquisador – Mais alguma coisa a acrescentar? Sujeito – Não, não. É isso aí. Sujeito II – Empresa B

Pesquisador – Então a questão é, descreva o lazer para você no seu dia-a-dia. Sujeito – Certo, o meu dia-a-dia da empresa, praticamente é, trabalho normal, brincando,

conversando, é lógico, tentando melhorar o ambiente de serviço.1 Na minha idéia, né? Não sei na idéia das pessoas, né? Eu me sinto bem durante o que eu faço, durante o, a semana, durante o, o meu horário de serviço. Gosto muito da idéia.2 A, eu procuro me, me sentir bem com todo mundo, né? trabalhando, fazendo o meu serviço com qualidade, com mais sinceridade também, né? trabalhando normal.3 Agora, o meu horário de serviço, de lazer em casa, é, praticamente mais, pouco, é aos domingos, né? Aos domingos a gente tá em casa também, a gente faz um servicinho em casa também, no fim de semana. Geralmente é aos domingos, né? que aqui a gente trabalha no sábado também, direto.4 Só se for com a academia no meio do ho, na hora do almoço, pra dar uma aliviada no stress de vez em quando. Pra eu me sentir bem durante, na hora, na hora do serviço, mas é muito pouco.5 O que mais eu tenho pra dizer? A, eu acho que o quê eu tenho pra dizer é isso daí.

Pesquisador – É a percepção para você mesmo, né? o que você tem pra me falar. Porque as pessoas, às vezes, me perguntam, mas o que você quer saber? O que eu quero saber, é o que você tem pra falar relacionado a essa questão, ao lazer no dia-a-dia. E você contemplou já, né? você já falou um pouquinho do dia-a-dia aqui na fábrica, né? relacionado ao lazer e também no dia-a-dia fora daqui. É, uma outra questão é, você relaciona o lazer com o aspecto educacional? Você acredita que no lazer você tá aprendendo alguma coisa?

Sujeito – A, aprende, aprende bastante coisa, que nem as pessoas que a gente conversa, aprende. Conversa bastante, aprende muitas coisas.6

Pesquisador – E, é, no seu dia-a-dia enquanto trabalho aqui, né? tem alguma outra ação específica de lazer que você faz ou desenvolve aqui?

148

Sujeito – Na empresa? Pesquisador – Na empresa, aqui dentro. Sujeito – A, aqui dentro é, é meio complicado, né? Por causa do horário de serviço, né? é

muita, porque o horário que a gente tem é das sete, praticamente das sete às seis, porque às cinco horas é meio difícil a gente sair.7 O que eu tenho a dizer é isso daí, né? que a gente faz.

Pesquisador – Alguma coisa a mais acrescentar sobre o lazer? Sujeito – A, o lazer da gente é, é muito pouco, o pouquinho que a gente tem é com a

família, né? nesse tempo, no fim de semana, mas é pouca coisa também.8 Pesquisador – Mais alguma coisa? Sujeito – Não, acho que por enquanto é só isso. Sujeito III – Empresa B

Pesquisador – Então a questão é, descreva o lazer pra você no seu dia-a-dia. Sujeito – O meu aqui na fábrica? É, aqui dentro da fábrica é meio corrido, corrido,1 mas a

gente consegue, é, separar um pouco as coisas do dia-a-dia mesmo, né? Tem alguns momentos que a gente consegue se divertir um pouco, brincar um pouco, descontrair. Cara, é, como é que eu vou te dizer? Nos momentos mais assim que a gente consegue ter um momento de lazer aqui, é, na hora que tem as paradas mesmo.2 Na hora que tem as paradas a gente consegue, é, juntar o pessoal e conversar um pouco, fazer uma brincadeira ou outra. E do resto cara, (risos) acho que é correria mesmo, não tem jeito. É serviço pauleira o dia inteiro.3 E fora da fábrica isso aí, é, toda hora.4 Fora da fábrica, a gente, no momento que eu tenho vazio eu tento, sei lá, estar jogando futebol, estar com meus filhos e tudo, eu vou na piscina, eu vou na sauna. Eu tento fazer de tudo o que dá pra fazer, eu tento fazer, tá? Tudo com, no máximo de, de intensidade.5 Fica muito tempo trancado aqui dentro, muito tempo trancado, então quando a gente tem um, um tempo tranqüilo eu tento sair bem, do resto, é complicado.6

Pesquisador – E a outra questão, é, você relaciona o lazer ao aspecto educacional? Eu aprendo no meu lazer? Eu aprendo alguma coisa no meu lazer?

Sujeito – A, cara, eu, eu por ser uma pessoa católica praticante, eu sempre tento, quando eu, tar com o pessoal, tar tocando, tá lendo alguma coisa diferente, sempre buscando algo a mais pro meu dia-a-dia, pro meu interior.7 Então, eu tô de vez em quando, quando eu tô no meu lazer, principalmente de domingo eu gosto de tar lendo algum livro diferente, mas é, é esse tempo caseiro assim que eu faço essas coisas é bem menor, bem menor do que o resto das outras coisas, tipo jogar futebol, outras coisas, sair com os filhos, fazer alguma outra coisa.8 E, a, cara, na parte de leitura eu sou meio fraco (risos). Então eu leio bem pouco mesmo. Aprendendo, é complicado, cara, é complicado eu falar pra você se aprendendo ou não. Porque a gente tem filho, esposa, um monte de obrigação, a gente não consegue abrir, informar pra muitas coisas, né?9 A gente tem sempre, um tempinho curto e a gente tenta viver aquele tempo curto, viver da melhor maneira.10

Pesquisador – Mais alguma coisa? Relacionada ao lazer do seu dia-a-dia? Sujeito – Só isso mesmo.

Discursos Grupo Terceir izado

Sujeito I – Empresa A

Pesquisador – A pergunta é então, descreva o lazer pra você no seu dia-a-dia. Sujeito – Vamo lá. No meu dia-a-dia, na verdade, eu tenho, o nosso divertimento daqui no

lazer na (nome da empresa na qual trabalha) é, a gente tem o horário das uma às duas horas. Que é o horário do almoço que a gente tem. Que realmente é o único tempo que a gente tem aqui na verdade. Que é, a gente joga um baralho que a gente tem, né?1 E outra, a gente discute, eu tenho muito mais sobre as planilhas, as planilhas são na verdade, são as ocupações minhas. Que pra mim é um lazer. Que é a minha preocupação no dia-a-dia.2 E, vamos supor, na minha casa, vamos supor, vamos pra minha casa, eu pratico esporte. Eu tenho como dia-a-dia o futebol. Eu tô disputando o campeonato de areia.

149

Todo dia após a hora que eu chego em casa, eu corro todo dia vinte e cinco minutos. Porquê? No trabalho tem que tar em forma, tem que tar intacto. E aqui mesmo como é uma firma maravilhosa, cara, cê tem que tar bem todo o dia-a-dia aqui. É, mais por aí, né?3

Pesquisador – É, o que você tem pra falar. Sujeito – É, porque eu gosto muito de computador também, que uma área de lazer que eu

tento praticar bastante no dia-a-dia também. A maioria, eu tenho que saber o que tá se passando no dia-a-dia. Como eu mexo com refeição, é uma coisa que já tenho que saber no dia-a-dia. É, de tudo é isso.4

Pesquisador – É, e tem alguma, é, ação pontual que você visualiza que a empresa faz em relação ao lazer? Eventos pontuais, ou tem uma preocupação diária pra disponibili zar, você já até citou, né? o caso do baralho.

Sujeito – Do baralho. Pesquisador – Sim, mas tem outras ações pontuais que você visualiza que a empresa. Sujeito – Não, eu mesmo assim, porque eu sou novo, né? Eu sou novo mesmo. Eu tô

buscando aqui coisas que tá a partir do momento que eu tô vivendo aqui. Pra mim, só isso mesmo.5 Pesquisador – Então até o momento você não viu uma ação pontual? Sujeito – Não, não. Pesquisador – Você tá aqui há quanto tempo? Sujeito – Faz quatro meses, quatro meses. Pesquisador – É, outra questão é, se você já, a, você já, você tá quatro meses, né? Então

tem uma certa experiência aqui, né? Então, você teria alguma sugestão enquanto, a, poderia ter outras coisas relacionadas ao lazer ou não, o que já tem tá de bom tamanho?

Sujeito – Não, pô, a gente tá na expectativa de um clube, né? Um clube. Pô, esses dias a gente tava até comentando, né? Como essa empresa, né? Uma empresa maravilhosa que é, a gente mesmo não tem um clube, da (nome da empresa na qual trabalha) mesmo, né? Porque só tá faltando isso.6 O que tem dentro da (nome da empresa na qual trabalha), tem tudo cara. Tudo de bom e de melhor aqui tem, cara. Coisas que eu, faz quatro meses, então é coisa recente, mas principalmente aqui eu tô aprendendo, amizade. Amizade aqui também é muito maravilha.7 Todo mundo trata você por igualdade aqui. Não é porque eu sou terceiro, eu sou uma pessoa diferente. Me tratam muito bem.8 Então eu acho que disso é isso, né?

Pesquisador – E aí, outra questão pra gente terminar. Se você considera o lazer enquanto momento de aprendizagem. Nas atividades ou na vivência de lazer que você tem, se você entende que você aprende alguma coisa com essa vivência, esse lazer?

Sujeito – Não, não entendi. Pesquisador – Se você considera, porque você elencou algumas, né? Meu lazer é isso, meu

lazer é isso, meu lazer é isso também. Se dentre essas atividades, essas vivências de lazer você considera que aí você tá aprendendo alguma coisa. Se o lazer é um espaço ou um momento pra se aprender?

Sujeito – Sim, como eu tô dizendo pra você. Sobre as planilhas que eu tenho, entendeu? Pra mim, eu tiro como um lazer, é, tipo, aprendendo, eu tô aprendendo muito mais. Porque eu entrei aqui, eu não sabia nada. Hoje com o pouco tempo que eu tô aí, a partir desses momentos, das horas vagas que tem, eu vou me aperfeiçoando muito mais. E conhecendo pessoas aqui dentro que tão me ajudando pra caramba. Nossa, eu tô aprendendo coisas aqui que eu jamais pensaria que eu ia saber um dia. E aqui eu tô tendo muitas informações maravilhosas. Eu vejo como minha casa aqui.9

Pesquisador – E, você tem alguma, acrescentar em relação ao lazer, ao seu lazer? Sujeito – Não, o meu lazer é esse mesmo, né? Como plano no teu dia-a-dia é esse mesmo. Pesquisador – Algo a mais? Sujeito – Não, só isso. Sujeito II – Empresa A

Pesquisador – Então a questão é, descreva o lazer para você no seu dia-a-dia. Sujeito – É, bom, por exemplo, você tem um dado nosso, a, o lazer, vamos dizer assim, é

uma coisa meio complicada, por exemplo, que aqui nós trabalhamos quatro por dois e plantões de doze

150

horas. Então na verdade a gente fica mais no serviço do que em casa. A gente trabalha numa escala de quatro por dois, correto? Então geralmente, é, no primeiro dia da nossa folga você aproveita mais pra ficar em casa, pra descansar. O segundo dia você tem que sair, resolver seus afazeres, banco e etcetera. Então, você não tem assim aquele tempo e de necessidade no caso pra você tirar um lazer com a sua família, você ir passear, pra ir em algum evento. Não tem como você se programar porque o espaço de tempo é curto.1 Mesmo se a gente se esforça um pouquinho, o tempo, o tempo se torna muito curto por causa desse motivo aí, da carga horária e por causa da saúde que anda um pouco complicada. Então eu normalmente, na minha, nos meus dias de folga que eu tenho na verdade, eu não tenho lazer.2 Não tem como tirar lazer porque a gente vive pro trabalho. Então é meio complicado isso daí.3

Pesquisador – E aí, na, é claro que é na sua percepção, né?, de, é, no trabalho então, nos momentos de trabalho não é possível ter vivências de lazer?

Sujeito – Não, não tem, não tem como, não tem como.4 Pesquisador – Mas, aí, nem relativo aos momentos que você tá aqui na empresa, por

exemplo, tem algumas, e aí na percepção de, de, se tem algumas atividades pontuais que a empresa se preocupa com a questão do lazer. E aí, no caso mesmo na empresa, se tiver uma preocupação da empresa em algum evento, em alguma ação pontual na questão de lazer, poderia ter lazer também no trabalho, ou não? Não sei.

Sujeito – Exatamente, até que nesse ponto aí, a, a empresa se preocupa com a gente, mas o, o, a questão é a, é a carga horária, entendeu? Até se preocupar, a empresa sempre está nos oferecendo, entendeu? É, vamos dizer assim, de atividades que tem pra fazer assim, entra a parte de lazer. Que esse final de ano mesmo a gente vai ter. É, por exemplo, se você tiver no caso, no seu dia de folga, dá pra aproveitar um pouquinho. A empresa, ela nos oferece, entendeu? Mas, às vezes, a gente quer fazer uma hora extra, quer fazer uma coisa assim e acaba acumulando. Aí não tem como, né? de tirar esse período de lazer, aí, por causa disso, também desse motivo também que vem a impedir, né? que a gente faça isso daí, né?5 Hoje, vamos dizer assim, é, a gente tem que trabalhar, trabalhar e trabalhar, não é verdade? Às vezes, deixa um pouquinho o lazer do lado pra, pra trabalhar para adquirir alguma coisinha a mais.6

Pesquisador – E aí, relacionado ainda, à percepção das ações de lazer que a empresa tem, que você acabou de citar uma, né? A festa de fim de ano. Você tem alguma sugestão que, a, a empresa poderia fazer também outros eventos ou ter outras vivências de lazer, relacionadas ao lazer?

Sujeito – A, já nesse ponto aí, eu, eu prefiro não opinar. Esse ponto eu prefiro, é, eu prefiro permanecer, vamos dizer assim, calado, né? Ela que, que decide, né? Deixa ela decidir por isso. Nesse ponto aí eu não, eu prefiro não optar não, tá bom?

Pesquisador – Tá bom. Pesquisador – É, e a última questão relacionada, é, apesar de que o senhor me disse que, o

seu lazer tá complicado, né? É muito pouco tempo pra, pra ter lazer. Mas, os momentos, as vivências de lazer que o senhor tem, relaciona com, com aprendizado? A, o meu lazer, eu posso aprender alguma coisa no meu lazer?

Sujeito – É, correto. E até poucos dias agora eu tava estudando, né? Eu, o meu lazer tava sendo na escola, não é verdade? E, então quero dizer assim, que no começo do ano agora pretendo também fazer uma, se Deus quiser, pretendo fazer também uma faculdade. Então, quer dizer, o meu lazer vai ser na escola, né?7 Porque precisa também estudar porque eu tenho gostado de dizer que canoa parada ela não vai a lugar nenhum. Ela tem sempre, ela tem que tar remando e andando. Então eu pretendo voltar a estudar, é, numa faculdade o ano que vem agora, no início do ano. Então, o meu tempo de lazer vai ser na escola.8 O que eu tenho a dizer é isso daí.

Pesquisador – Algo a mais a acrescentar relacionado ao lazer? Sujeito – Só isso mesmo. Sujeito III – Empresa A

Pesquisador – Então a pergunta é, descreva o lazer para o senhor no seu dia-a-dia. Sujeito – É, o lazer aqui da fábrica, né? Aqui a gente vem trabalhar, depois aí chega em

casa, então, a gente tem aquele, a gente não, não. É mais no fim de semana, né? que eu saio um pouco,

151

né?1 Agora, de fim de semana, eu não saio assim de. Mas, é, no fim de semana, né? a gente vai divertir.2 Agora, aí, aqui na fábrica a gente já vem, né? e chega daqui e já vai embora. Chega uma e meia, né? a gente vai embora.3

Pesquisador – E aqui dentro o senhor considera que o senhor tem alguns momentos de lazer, alguma coisa assim? Como o senhor percebe isso?

Sujeito – É que eu gosto de trabalhar aqui, né? Eu gosto de trabalhar aqui. Aqui a gente trabalha por fora, né? Então é lazer já, né? A gente tá no, no verde, aí, já. A gente já gosta, né? Eu gosto de trabalhar pra fora, assim, não dentro de fábrica, né? Então é um lazer pra mim aqui já. Aí quando eu saio, eu também já vou pro, pro mato, essas coisas.4

Pesquisador – E agora, relativo a, o senhor considera que a, a empresa ela tem ações de lazer, ações pontuais? A, tem um evento, tem, o senhor considera que ela, ela se preocupa com a prática de lazer dos funcionários daqui, dentro da empresa?

Sujeito – Não, aqui ela não. A nossa não, né? Que é a (nome da empresa de terceirização a qual é funcionário), né? Essa daí já não preocupa muito não. Eles não vai, não tem nada, né? Não tem um clube, não tem um, nada, né? pra se divertir, né? Ela não dá isso, né?5

Pesquisador – É, eu não sei qual é a percepção do senhor, não sei como que é a realidade, por isso até, a, a entrevista, né? É, e a (nome da empresa na qual o sujeito trabalha) quando ela faz algum evento pros funcionários, o senhor pode participar?

Sujeito – A bom, aí sim, é, a (nome da empresa na qual trabalha) sim. Quando tem uma festa aí tudo, muito boa, né?6

Pesquisador – E aí todos os funcionários podem participar? Sujeito – Isso, tudo eles, os terceiros, o da (nome da empresa na qual trabalha), né? Todo

mundo.7 Pesquisador – Mas o senhor visualiza um outro evento, uma outra prática de lazer? Sujeito – É, se tinha um clube, sabe, se tinha um clube, né? de lazer, um campo, uma

piscina, um, eu acho que isso daí que devia ter, né? Porque aqui não tem, né? isso daí.8 A gente, eu tenho sócio lá no coiso, que a firma dá, né? Lá no SESC. Então lá, eu fiz a carteirinha lá, então a gente tem, só lá.9

Pesquisador – E aí, o senhor até já falou, como sugestão, é, se o senhor tivesse como sugerir, né? algumas ações de lazer, o senhor falou do clube, né? Mais alguma coisa, alguma outra ação? Seria interessante ter um clube, mas seria interessante também ter outras coisas, ou não?

Sujeito – É, eu acho que podia ter, né? outras coisas. Um clube, um, aqui, né? dentro da firma, né? Dentro da firma também era bom.10

Pesquisador – O que por exemplo? Sujeito – A, um clube de campo, né? Ter uma piscina, ter um campo de bola, que nem no

SESC assim, né? Aí, então a turma daqui, que trabalhava aqui, então participava daí, né? que o, que nem na universidade, né? Tem lá, né? Você vê, né?11

Pesquisador – (sinal de afirmação com a cabeça). Sujeito – Então. Tem um negócio pra você se divertir, né? Agora não, a gente tem que sair

fora, né? a gente tem que ir em outro lugar, né?12 Pesquisador – E, o senhor considera o lazer enquanto um momento, uma vivência em que

se aprende? No lazer eu aprendo algumas coisas, ou não? Sujeito – Aprende, né? Aprende sim. Essas coisas ali , né? tem colegas, você bate um papo

ali . Isso daí, você já aprende outras coisas. Agora assim, isolado assim, já não é muito, né? Você já não aprende muita coisa.13

Pesquisador – É, só voltando um pouquinho, o senhor disse que, porque é complicado um pouquinho de entender, porque apesar de, o senhor trabalha aqui na (nome da empresa na qual o sujeito trabalha), o senhor não é funcionário da (nome da empresa na qual o sujeito trabalha)?

Sujeito – Não, não, eu sou da (nome da empresa de terceirização a qual é funcionário), né? de São Paulo.

Pesquisador – Tá, aí o senhor disse que a empresa, a (nome da empresa de terceirização a qual o sujeito é funcionário) não se preocupa muito com, com o lazer dos funcionários.

Sujeito – É, não. Mas.

152

Pesquisador – Não tem, não tem algo específico, né? Não tem um clube, não tem ações voltadas pros funcionários, ou tem?

Sujeito – É, ela tem um convênio aí, por exemplo, lá no Bertioga, né? Então, cê. Parece que eles dá o apartamento procê lá, ficar lá. E paga quinze real por, por dia, né? Cada vez que você vai lá, você fica sete dias, você. Mas assim, eles fala que é isso daí, mas eu nunca fui não.14

Pesquisador – Mas pensando no dia-a-dia não tem um. Sujeito – Não, no dia-a-dia não.15 Pesquisador – Não tem uma ação específica? Sujeito – Não, não tem. Pesquisador – E o senhor, é, considera, que, o por quê disso? Que a empresa por exemplo,

não sei se é essa palavra, né? mas, não se preocupa muito com essa questão do lazer? Sujeito – Não, eu acho que ela não tem assim, aquele, aquela coisa em manter, né? manter

isso daí, né? É isso daí que eu acho. Que ela não preocupa porque eu acho que ela é de São Paulo, né? uma firma de lá, já, né? Então pra eles ter um negócio próprio deles daí já fica mais pesado pra eles, né?16

Pesquisador – Alguma coisa a mais que o senhor quer acrescentar, sobre o lazer, sobre a percepção do lazer, sobre o lazer no dia-a-dia?

Sujeito – Eu acho que não, né? Não tem mais nada. Porque, o mais é isso daí, né? Ela não dá aquela, aquela condições pra gente, né? de ter o dia-a-dia de lazer, não tem jeito.17

Pesquisador – O senhor gostaria de acrescentar mais alguma coisa? Sujeito – Não, eu acho que não. Sujeito IV – Empresa A

Pesquisador – Descreva o lazer para você no seu dia-a-dia. Sujeito – Lazer pra mim? É, como eu posso dizer. É um espaço, sei lá, pra você refletir um

pouco, pra você ter um, praticar alguma coisa, entendeu? Algum esporte.1 Eu pratico, pra mim é bom, mas, mas aqui dentro da fábrica eu não pratico muito, muito o lazer.2 Eu pratico mais fora da fábrica, né? Eu pratico futebol, eu ando bastante de bicicleta, mas é isso aí, é isso aí cara, lazer é um momento.3 A, aqui também, mas, a gente joga baralho na hora da, da, do almoço. Isso ajuda também. Eu acho que isso ajuda. São poucos minutos, são trinta, vinte minutos, não sei, mas é um momento de lazer aqui dentro que você acaba esquecendo nesses vinte minutos a correria do dia-a-dia.4 E é isso.

Pesquisador – E com relação, especificamente, você chegou a comentar, né? é, do seu lazer aqui dentro, mas você, é, considera alguma ação específica enquanto, de lazer. Por exemplo, você me disse do espaço disponível para jogar cartas, né? Tem alguma ação específica da empresa em relação ao lazer?

Sujeito – A, é, pra mim, que nem, pra esse negócio de carta. A empresa, o quê que ela fez? Ela disponibili zou mais. Não tinha cadeira, ela disponibili zou cadeiras, que nem, porque aqui a maioria, todo mundo joga baralho na hora do almoço, então o que acontece? Ela disponibili zou, é, marcador de baralho, entendeu? Ela disponibili zou mais mesas, ela, ela, ajudou sim a, as pessoas aqui, a praticar o lazer aqui que é nessa hora do almoço, que é o baralho. Ela ajudou bastante.5

Pesquisador – Existem outras ações de lazer aqui na empresa. Sujeito – Então, que eu não sou (nome da empresa na qual trabalha), né? cara. Então não

tem como eu te dizer assim diretamente o que ela proporciona. Porque não tem, eu não sou.6 Ela proporciona, teve, esses dias, que teve uma, é, teve festa, que teve brincadeiras, teve pra, pra, tanto pra empregados quanto para a família, entendeu? Então teve sim, teve agora nesse mês, teve, ela proporcionou um dia inteirinho de lazer pra todos os empregados da fábrica.7

Pesquisador – Mas, aí, quanto à participação, os terceirizados também têm acesso? Sujeito – Tem. Nessa, que nem, teve a festa, teve brincadeiras pras crianças, é, churrasco

pros adultos e tudo. Mas isso é disponibili zado pra terceiros e pra empregados, tanto para a família de terceiros também. Eu poderia trazer a família pra, pra compartilhar do lazer aí.8

Pesquisador – E aí, pra encerrar, é, o lazer enquanto, é, momento educacional. Você considera o lazer enquanto espaço educacional? Eu aprendo?

153

Sujeito – Eu acho muito importante, muito importante. O lazer tá, pro dia-a-dia, eu acho muito importante. Porque que você sai um pouco dessa rotina do dia-a-dia, que nem eu tô te falando, o lazer, só os vinte minutos que você passa brincando, vai, de baralho ali , você esquece um pouco do, você já, a tua tarde já começa melhor do que se ficasse centrado só naquilo, né? Você saísse, almoçasse, voltasse ao trabalho, à coisa. Eu acho que é bom, cara. Eu acho que o lazer é tudo hoje. A pessoa se não tiver, (fala rindo) enlouquece.9

Pesquisador – Seria isso? Você teria alguma coisa a acrescentar em relação ao lazer? Sujeito – Não, não. Pesquisador – Só a título de sugestão, por exemplo, a empresa tem essas ações de lazer,

mas poderia ter algo, ou é isso mesmo? Sujeito – Não, pra mim, no meu modo de ver, eu como sou terceiro aqui dentro, pra mim,

no meu modo de ver, pra mim tá ótimo. O que a (nome da empresa na qual trabalha) faz, pra mim tá excelente.10 Sempre tem, já teve a festa, já teve caminhada da saúde aqui, entendeu? Num domingo de manhã, pra pessoa vir. Já teve visita à fábrica, sabe, são momentos de lazer aqui que a fábrica proporciona. Direto, assim, freqüentemente. Então eu acho que é legal a iniciativa da fábrica e, pra mim tá ótimo, eu não tenho nada que acrescentar.11

Pesquisador – Mais nada a acrescentar? Sujeito – Não. Sujeito I – Empresa B

Pesquisador – Então a questão é, descreva o lazer para você no seu dia-a-dia. Sujeito – No meu dia-a-dia, o lazer? A, pra mim, o lazer ele é. Bom, eu que sou casada,

né? Então eu tenho filhos, tenho uma família, então o momento de lazer pra mim é quando eu estou realmente com eles, tá? Ou nas minhas tarefas diárias lá com os filhos, né?1 Então eu tento, eu não tenho muito tempo de fazer muita coisa diferente, né? Mas o pouco que eu posso, né? Eu procuro tar me descontraindo com a minha família, principalmente com meus filhos e marido, né?2 Na minha casa, na minha vida pessoal eu tô falando, né? Eu procuro sair, eu procuro dar uma volta no shopping. Eu tenho uma, nós temos uma chácara, então a gente procura também sempre estar indo pra lá. Então é mais assim, né? Mas é junto com a família, em chácara, né? Dando passeio com os amigos também. A gente sempre se reúne também, né?3 Agora, aqui com relação ao trabalho, é, o lazer aqui, porque eu gosto do que eu faço também, né? Então a gente procura, né? o útil ao agradável, sei lá, mas eu gosto do meu trabalho então a gente procura ter um bom ambiente de trabalho, descontraído, né? Mesmo porque a gente atende pessoas, então a gente tem que passar uma certa, é, é, a gente tem que saber atendê-los, né? Com educação, então aí a gente tem que gostar do que faz, né?4 Em momento de horário de descanso a gente procura tar conversando, tá, é, sei lá, dando um pouco de risada, mesmo aí no dia-a-dia do trabalho da gente aqui, né?5 Bom, acho que seria isso, não sei se eu fiquei clara?

Pesquisador – É, das possibili dades específicas de lazer, aqui como funciona? Sujeito – Aqui na empresa, a (nome da empresa na qual trabalha) ela, ela trata nós

terceiros como funcionários deles, então todos os benefícios que eles têm aqui o pessoal da (nome da empresa na qual trabalha) também, é, é nos dado também. Então eles podem é, vir aqui na lanchonete, tem a, né? agora eles fizeram ali uma área pra, pra eles estarem brincando, tem vários jogos ali . O pessoal também, pode fazer parte disso também. A, tem a academia de ginástica também, a gente pode, ali eu acho que, eu vejo isso também como um momento de lazer. Acaba, né? aproveitando também, né? Pra, pra cuidar da da saúde e tudo mais, né? Então a gente tem essa, essa relação legal com o cliente, né? Com relação a isso também aqui na empresa.6

Pesquisador – E é permitido a utili zação de todos os espaços? Do clube, por exemplo? Sujeito – Do clube, não. Do clube não, do clube que eu saiba, não. Pra nós terceiros, não.

Porque eu acho que tem que ser mesmo, né? associado, né? Mas quase tudo assim que eles tem aqui dentro da empresa, com relação a isso a gente pode tar, pode fazer parte sim. Eu precisava me informar melhor com relação ao clube que eu não sei se baile a gente poderia estar indo, né? Isso aí é uma dúvida, eu não sei realmente.7

154

Pesquisador – É, e com relação ao lazer e o aspecto educacional? Você acredita que no lazer pode se aprender alguma coisa?

Sujeito – A, eu acho que sim, eu acho que, é, claro que pode, né? Quando a gente vai no cinema, você vai no teatro, acho que é muito importante você ir, né?8 É lógico que não é o que, o que pro meu pessoal hoje olhando, né? o estilo deles, o ritmo de vida deles, né?9 Mas eu acho que a gente tem capacidade, porque a gente tá em contato com outras pessoas, né? geralmente. Então eu acho que dá pra gente tirar coisas boas e coisas ruins também, né?10 Você tem sempre que saber, né? o que faz, né? O que se aproveita disso, né? Eu prefiro mais pro lado bom (risos). O que mais?

Pesquisador – Algo a mais a acrescentar relacionado ao lazer? Sujeito – Não, eu acho que, acho que é importante, só isso. A gente precisa ter esse

momento de parar um pouco, né? das, do que faz, com relação, porque o trabalho ele também tem a parte séria, né? tem a parte que, de responsabili dade, então eu acho que a gente procura ter esse momento de lazer. De alguma forma precisa ter, né? Tirar esse tempinho pra gente.11 Lógico que quando a gente é solteiro é uma situação, mas eu vejo pra mim, olhando pra minha vida, eu preciso ter esse momento de lazer, senão a gente acaba pirando mesmo, né? E isso, e acaba interferindo também na minha família, com meus filhos, né? Eu preciso realmente parar pra mim estar olhando pra eles.12 Eu trabalho, a gente precisa trabalhar, mas precisa descansar também, ter esse tempinho aí pra gente se divertir um pouco.13

Pesquisador – Algo mais? Sujeito – Não, até porque o que eu tinha pra colocar é isso. Sujeito II – Empresa B

Pesquisador – Então a questão é descreva o lazer para você no seu dia-a-dia. Sujeito – O que eu vou falar? (Na sala reservada para a entrevista havia outra pessoa que interferiu dizendo – Então, ele

conversou com um cara ali que ele tava falando e o cara falou que o lazer dele é na linha de montagem, que ele gosta de trabalhar e é ali na linha).

Sujeito – No caso aqui seria o meu ou o de todos os funcionários? Pesquisador – Seria o seu, é claro que também é como, é, é. Sujeito – Equipe. Pesquisador – Como você lidera uma equipe, né? Então seria também em relação aos

outros, né? Sujeito – Bom, é, como o moço já disse, né? pra mim também, o meu lazer é aqui dentro

porque? Eu, além da limpeza, né? eu cuido também da área de paisagismo, é, ajudo em alguns eventos, né? Então eu procuro fazer com que o meu dia-a-dia aqui seja bem assim prazeroso, né?1 E os funcionários a gente, eu incentivo, né? pra que eles possam é, no caso os homens, né? Eles fazem parte, eles tem um, um time de futebol e eu incentivo. É, as mulheres, né? tem a academia da fábrica também, elas procuram. Quase todas, é, faz parte da academia da fábrica. Então eu acho que eles são bem assim, como eu vou dizer? O dia-a-dia deles tá assim, normal pra isso, né? Tudo que a gente pode incentivar eles fazerem, desde que a gente possa participar, a gente tá participando de tudo.2 O que mais você vai perguntar?

Pesquisador – E, já que entrou nessa questão, né? Do que, ou o quê que pode ser feito em relação ao lazer aqui na (nome da empresa na qual o sujeito trabalha)?

Sujeito – Então, é, a (empresa na qual trabalha) tem o clube, né? que, que tem no caso, tem piscina, pode levar os filhos, né? E a maior parte do pessoal que trabalha comigo eles são casados, tem filhos e eles não podem participar.3 Então, de repente se tivesse uma possibili dade, né? desses funcionários poderem também usufruir desse clube seria melhor ainda, né? porque é um, seria um encontro, né? Todos os domingos, às vezes, eles tem até uma roda de pagode. Não tem quem não gosta, né? Então eu acho que até mesmo pra participar com a família, né?4 Porque a gente passa o maior tempo aqui. No caso eu sou supervisora, são três turnos, né? eu de segunda à sábado eu tô aqui e tenho que ficar a, a disposição das vinte e quatro horas, né? Então eu tenho pouco tempo de ficar com a minha

155

filha, com o meu esposo, né?5 Então eu acho que seria melhor ainda se a gente pudesse participar lá também, entendeu?6

Pesquisador – Mais especificamente ao seu lazer no dia-a-dia? Sujeito – Então, no meu dia-a-dia também, é, eu faço, eu, é, aproveito a academia também

todo dia. Eu vou à academia.7 É, o meu trabalho não é muito difícil então, tipo assim, eu acho que a partir do momento que você trabalha com o que você gosta ele é prazeroso, né? Não há necessidade de você, de ir ao shopping pra você sentir prazer do que você faz, entendeu? Então, aqui dentro pra mim é muito valioso. Eu acho que o meu dia aqui é bem assim, aproveitado, sabe? Eu me divirto (fala rindo) demais aqui dentro, entendeu? Então eu acho que tudo é bom aqui.8

Pesquisador – É, relacionado ao lazer e o aspecto educacional? Sobre isso, o lazer tem um aspecto educacional?

Sujeito – Sim, eu acho que é bem, como eu vou dizer? A gente só tem a, a, a somar, né? com, porque o lazer além de tudo você, é um método de você até instruir, né? até você aprender. Vamos supor, os funcionários na academia, um exemplo, então na academia eles aprendem ali a maneira correta de se, de trabalhar, é, evitando acidentes, é, fazendo com que o trabalho deles, é, seja mais assim, sem que eles tenham dor, é, mais ou menos isso.9 Não sei se é isso que você (fala rindo) quer ouvir?

Pesquisador – É o que você tem a dizer. Sujeito – Então, é mais ou menos isso mesmo, não tem, a gente procura participar de tudo,

né? pra que, mas eu acho que é tudo muito bom.10 Pesquisador – Algo a mais a acrescentar? Sujeito – Não, eu acho que não (risos). Sujeito III – Empresa B

Pesquisador – Então, a questão é, descreva o lazer pro senhor no seu dia-a-dia. Sujeito – No meu lazer? Pesquisador – Isso. Sujeito – Não tem muito não, viu? Eu sou, eu sou, eu sou da, daqui, trabalho aqui. Saio,

vou pra casa, é, igreja e tal.1 Lazer mesmo num, alguma saída, casa de parente assim, às vezes, de final de semana, né? e as próprias festinhas que a gente faz lá na, na comunidade, né? Que a gente faz um trabalho de comunidade, de, de. Estamos tentando terminar uma paróquia lá. Mas, o lazer é mais isso daí. Não tenho assim muito lazer fora desses, desses, tá?2

Pesquisador – E no momento de trabalho aqui na empresa? Como o senhor vê a questão do lazer? Tem lazer aqui?

Sujeito – A gente tem opção, né? tem opção de lazer. A gente tem, tem cantina, tem sala de bilhar e tal, é, o próprio restaurante, não agora porque tá em reforma, mas tem uma televisão lá, que eles, né? usa pra assistir jornal, essas coisas todas. Tem a biblioteca aqui pra gente ler. Então tem, tem opção só que a gente, no meu caso, é, sabe, num, num, é mais corrido, então, mas se a gente quiser tem opção de lazer.3

Pesquisador – Mas, o senhor ou a equipe do senhor pode participar de todas as atividades de lazer da empresa?

Sujeito – Pode. Tem, tem, além da, tem a televisão do restaurante, tem aqui pra leitura, né? de jornais, tem academia que eles participam também. Eu não tô fazendo (risos) também, mas eles tem alguns que fazem, né? Então tem, tem sim.4

Pesquisador – Mas, do clube, é, eles podem participar? Sujeito – Do clube lá fora? Pesquisador – Sim. Sujeito – O pessoal até, o pessoal que, às vezes, tem campeonato. A gente tem, tem, tem

abertura pros terceiros participarem também, né?5 É que no caso nosso da segurança o pessoal trabalha num horário, né? é, tem uma equipe trabalhando, alguns folgando, então não dá pra tar todo mundo, né? Não é que nem o trabalho de, de fábrica e todo mundo folga no final de semana. A gente tem, então a

156

folga cai no dia que folgou, então, mas alguns, tem alguns que até participam de, de, de campeonatos lá e tal.6 Tem, tem a oportunidade sim, eles dão essa abertura (risos).7

Pesquisador – É, e aí, relacionado ao lazer e o aspecto educacional do lazer? O senhor acredita que o lazer tem um aspecto educacional? Se aprende no lazer?

Sujeito – Eu acredito que sim. Porque você aprende (risos), eu acho que no lazer você aprende a ter, estar em grupo, né? participar de, né? senão você, não é? Eu acho que o lazer faz parte, porque você tá participando com mais pessoas, né? não tá? né? Eu acho que ajuda sim.8

Pesquisador – Algo a mais a acrescentar na questão do lazer no dia-a-dia? Sujeito – Não, eu acho que não. Eu acho que é só.

157

APÊNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO Via Washington Luiz, Km. 235 - Caixa Postal 676

Tel/Fax: (0xx16) 3351-8356 CEP 13.565-905 – São Carlos - SP – Brasil

e-mail: [email protected]

Termo de Consentimento

Pelo presente documento, eu _______________________________________

_____________________________________ documento de identidade RG:

________________ autorizo Fábio Ricardo Mizuno Lemos (aluno do curso de Pós-Graduação

em Educação – mestrado – da UFSCar) sob a orientação do Prof. Dr. Luiz Gonçalves Junior,

a publicação dos dados coletados em entrevista realizada em ___/___/______, pois me foram

esclarecidos, previamente, os procedimentos e eu concordei com a divulgação das respostas,

desde que preservado meu anonimato.

São Carlos, ___ de __________ de 200_.

____________________________________

Entrevistado