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DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Thamiris Felizardo Agentes públicos e Lei 8.112 de 1990 Associação Sindical e Direito de Greve

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DIREITO

ADMINISTRATIVO

Prof. Thamiris Felizardo

Agentes públicos e Lei 8.112 de 1990Associação Sindical e Direito de Greve

Associação Sindical e Direito de Greve

A Constituição anterior vedava expressamente o direito degreve e omitia-se quanto a livre associação sindical dosservidores públicos, com o fundamento de que trata-se deserviços essenciais. Somente em 1988 a Constituição alterouessa situação, o artigo 37, incisos VI e VII passaram apermitir expressamente a livre associação sindical e o direitode greve, a serem exercidos nos termos e nos limitesestabelecidos em lei específica.

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Quanto a livre associação sindical não há maioresdiscussões, contudo quanto ao direito de greve tem-se anecessidade de lei específica que regulamente tal exercício.O Supremo Tribunal Federal entende que o direito de greveassegurado ao servidor público pelo artigo 37 daConstituição Federal é norma de eficácia limitada, uma vezque não pode ser aplicada enquanto não disciplinada por lei;todavia, recentemente, no julgamento do mandado deinjunção nº 670/ES, o próprio STF aceitou a possibilidade deregulação provisória pelo judiciário.

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A referida decisão propõe como solução para a omissãolegislativa a aplicação da Lei nº 7.783/89, a qual dispõe sobreo direito geral de greve dos trabalhadores regidos pela CLT.Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a dificuldade deregulamentar normas que assegurem o direito de greve estáno fato de que, tanto o direito de sindicalização como o direitode greve, cuja importância para os trabalhadores em geral dizrespeito a assuntos relacionados com pretensões salariais, nãopoderão ter esse alcance com relação aos servidores públicos,ressalvadas as empresas estatais. Assim, o exercício do direitode greve, poderá, quando muito, atuar como pressão sobre oPoder Público, mas não poderá levar os servidores anegociações coletivas, com ou sem participação dos sindicatos.

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-Conclusões podem ser expostas:

*Mesmo não havendo ainda lei tratando sobre o tema, osservidores podem fazer greve e isso não é considerado um atoilícito;

*Enquanto não há norma regulamentando este direito,aplicam-se aos servidores públicos as leis que regem o direitode greve dos trabalhadores celetistas.

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Caso os servidores públicos realizem greve, a AdministraçãoPública deverá descontar da remuneração os dias em que elesficaram sem trabalhar?

Regra: SIM. Em regra, a Administração Pública deve fazer odesconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício dodireito de greve pelos servidores públicos. Exceção: não poderá ser feito o desconto se ficardemonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita doPoder Público.

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O administrador público poderá deixar de descontar daremuneração do servidor os dias em que ele ficou semtrabalhar fazendo greve?

NÃO. Ele é obrigado a tomar esta atitude, não podendo disporsobre isso.Caso não haja o desconto dos dias paralisados, issorepresentará: enriquecimento sem causa dos servidores que nãotrabalharam; violação ao princípio da indisponibilidade do interessepúblico; violação ao princípio da legalidade.

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O fato de ser permitido o desconto da remuneração, não fazcom que, na prática, o STF esteja dizendo que a greve noserviço público é proibida?

NÃO. Ao admitir o desconto dos dias paralisados, o STF nãoestá negando o exercício do direito do servidor público derealizar greve. A participação do servidor público em ummovimento paredista é um direito seu, mas esse direitopossui limites e ônus, em especial, por se tratar o serviçopúblico de atividade de importância estratégica para o Estadoem prol da sociedade.

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Em vez de realizar o desconto, é possível que os servidorespúblicos façam a compensação dos dias parados (ex:trabalhando duas horas a mais por dia)?

SIM. A compensação dos dias e horas paradas ou mesmo oparcelamento dos descontos poderão ser objeto denegociação, uma vez que se encontram dentro das opçõesdiscricionárias do administrador.Ressalte-se, contudo, que não há uma obrigatoriedade de aAdministração Pública aceitar a compensação.

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Administração Pública deve descontar os dias não trabalhadospor servidor público em greveA administração pública deve proceder ao desconto dos diasde paralisação decorrentes do exercício do direito de grevepelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculofuncional que dela decorre. É permitida a compensação emcaso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficardemonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita doPoder Público. STF. Plenário. RE 693456/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli,julgado em 27/10/2016 (repercussão geral) (Info 845).

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O exercício do direito de greve, sob qualquer forma oumodalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidorespúblicos que atuem diretamente na área de segurança pública.STF. Plenário. ARE 654432/GO, Rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 5/4/2017 (repercussãogeral) (Info 860).

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Direito de greve é incompatível com a carreira policialNão é possível compatibilizar que o braço armado do Estadofaça greve porque isso colocaria em risco a segurança pública,a ordem e a paz social.Os integrantes das carreiras policiais possuem o dever de fazerintervenções e prisões em flagrante, sendo isso inconciliávelcom o exercício da greve.Como já afirmado, não há possibilidade de nenhum outroórgão da iniciativa privada suprir a atividade policial. Se estaentra em greve, não há como sua função ser substituída.Vale ressaltar que a atividade policial, além de serimportantíssima por si só, se for paralisada, afetará tambémas atribuições do Ministério Público e do próprio PoderJudiciário.

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Além dos policiais civis, os policiais federais também estão proibidos de fazer greve?

SIM. O STF entendeu que o exercício de greve é vedado a todas as carreiras policiais previstas no art. 144, ou seja, não podem fazer greve os integrantes da:· Polícia Federal;· Polícia Rodoviária Federal;· Polícia Ferroviária Federal;· Polícia Civil;· Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros militar.