administraçao participativa - trabalho - rev

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por objetivo analisar a Administração Participativa, seus

conceitos, aplicação, vantagens e principais criticas.

De maneira sucinta pode-se dizer que a Administração Participativa é um

processo compartilhado entre chefias e colaboradores, porém seu conceito é bem

mais amplo o que será abordado no primeiro capítulo deste trabalho.

No segundo capítulo serão analisadas as formas de aplicação desse método

de administração nas organizações e suas modalidades.

O terceiro capítulo trata as vantagens da Administração Participativa para as

empresas e seus colaboradores e as críticas que foram feitas a esse sistema.

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2 CONCEITO

Segundo Maximiniano (2006): “Administração Participativa é uma filosofia ou

doutrina que valorize a participação das pessoas no processo de tomar decisões

sobre a administração das organizações.”

Pateman (1983) define participação como “A criação de oportunidades

para que as pessoas influenciem decisões que as afetarão. Essa influencia pode

variar pouco ou muito. Participação é um caso especial de delegação, na qual o

subordinado obtém maior controle, maior liberdade de escolha em relação a suas

próprias responsabilidades”.

O conceito de Administração Participativa está associado, em geral, a um

modelo de administração japonesa do pós-guerra, porém Ferreira (2002) enfatiza

que este modelo existe desde a Grécia antiga, sob a denominação de Democracia e

ainda assim é uma idéia extremamente moderna, que integra as praticas mais

avançadas de gestão e é considerada um dos novos paradigmas da administração.

Assim como era na época de sua invenção, a participação é, na atualidade,

um conceito que continua a oferecer desafios sem resposta definitiva.

Ferreira afirma, ainda, que a democratização das relações sociais, o

desenvolvimento de uma consciência de classe trabalhista, a elevação do nível

educacional, a complexidade das empresas modernas, a velocidade vertiginosa das

mudanças e a intensificação das comunicações são algumas das razoes que

justificam a adoção de um maior grau de envolvimento dos funcionários na gestão

das empresas.

Essa modalidade de administração, através da integração dos colaboradores

com a alta direção, estimula a motivação no trabalho, buscando o aumento da

produtividade e os lucros da empresa e nele predominam a liderança, a disciplina e

a autonomia.

A empresa dá aos colaboradores o direito de manifestar suas idéias em

relação ao processo administrativo, de forma organizada e responsável, para que

suas experiências contribuam de forma a agregar valor às funções exercidas por

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eles na organização. E é através dessa participação que os profissionais se

envolvem com os objetivos e resultados das organizações e sentem-se parte

integrante do processo, elevando o grau de interação com a cultura organizacional.

O interesse pela Administração Participativa foi reforçado no mundo ocidental,

principalmente a partir do declínio da hegemonia econômica dos Estados Unidos.

Tal decadência foi caracterizada pelo crescimento lento da produtividade de suas

empresas, com isso a Administração Participativa despontou e se consolidou como

um dos fatores diferenciadores de produtividade e contribuiu para o extraordinário

avanço tecnológico dos produtos fabricados em países orientais.

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3 FORMAS DE APLICAÇÃO DA ADMINISTRAÇAO PARTICIPATIVA

A Administração Participativa é a substituição dos estilos tradicionais de

administração com gestores autoritários, impositivo, indiferente, paternalista, por um

modelo administrativo de cooperação mútua onde a liderança, autonomia e

responsabilidade.

Informar, envolver, delegar, consultar e perguntar, em vez de mandar, são

palavras principais da Administração Participativa no que diz respeito ao modelo de

comportamento para o modelo participativo.

A implantação desse sistema de gestão implica também no redesenho de

toda estrutura, para que sejam organizadas de modo que a participação dependa

não apenas das disposições favoráveis das pessoas, mas também nos sistemas de

normas e procedimentos. A estrutura deve estimular as pessoas à participação.

Ao implantar a Administração Participativa na organização, três de seus

aspectos sofrem mudanças: comportamento, estrutura e visão sistêmica.

As empresas precisam adaptar-se as mudanças que a todo momento surgem

no mercado, de maneira ágil e dinâmica, de forma que consiga reagir aos problemas

do mercado, ganhando em competitividade.

Nas empresas que assumem este tipo de administração, as ações de trabalho

proporcionam a produção de produtos de alta qualidade, produtividade e constante

inovação, onde as pessoas são as responsáveis por seu próprio comportamento e

desempenho e cujo resultado é o sucesso empresarial.

Destaque deve ser conferido à turbulência ambiental, onde sobressai o

acirramento da concorrência. Para garantir sua expansão ou ao menos sua

sobrevivência, as empresas atentas procuram se dinamizar a partir de suas relações

internas, descobrindo, incentivando e utilizando as potencialidades de seu corpo de

funcionários.

A idéia de que patrões e assalariados devam ser considerados como

associados através da participação dos trabalhadores nos lucros é uma das

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concepções do modelo de Administração Participativa. Fayol vislumbrou que a

participação nos lucros poderia representar o acordo entre o capital e o trabalho.

Embora alguns autores vejam na participação dos lucros um pretexto para

levar o assalariado a trabalhar com maior intensidade, sem aumento correspondente

em sua remuneração real e com isso intensificando sua exploração, a idéia

permaneceu e passou a constar da pauta de negócios e discussões legais.

Este é um processo compartilhado entre chefias e colaboradores.

Para a implementação da Administração Participativa, existem alguns pontos

comuns e nos quais a organização deve investir necessariamente: informação,

treinamento e comunicação, onde se pretende promover as mudanças culturais

necessárias, que envolvem uma mudança de atitude e uma mudança de valores.

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4 CONCEPÇÕES E MODELOS DE PARTICIPAÇÃO

Ferreira considera quatro concepções de participação:

Visão Socialista – baseada nas idéias de Fourier, Marx e Proudhon, aspira

a construção de uma sociedade participacionista e autogestionária, em

todas as esferas nas quais o homem se desenvolve.

Teoria Democrática – Tem Rousseau, Stuart Mill e Tocqueville como

patronos, postulando a incorporação de valores democráticos no âmbito

das empresas.

Relações e Desenvolvimento Humanos – Esta perspectiva emerge do

ambiente gerencial, ignora o conflito de poder ou de classes e assume que

tudo pode ser resolvido através de boas relações, isto é, por meio de

autentica e confiante maneira de relacionar-se.

Produtividade e Eficiência – A participação é instrumentalizada como uma

tecnologia social a disposição da gerência e destinada a assegurar maior

produtividade e eficiência. O foco é deslocado da participação para o

conteúdo do trabalho, através de diferentes estratégias, a exemplo de

enriquecimento das funções e do cargo. Postula uma maior participação

na tarefa.

Informação operacional - Acesso a todas as informações operacionais

para contribuir para sua melhoria.

Sistema de recompensas – As pessoas são “donas” ou “parceiras” e

devem ter uma remuneração baseada no aumento dos resultados.

A Administração Participativa é dividida em dois modelos: Diretivo e

Participativo.

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No Modelo Diretivo o gestor designa a participação de cada funcionário nas

decisões. As organizações que utilizam esse modelo são denominadas

mecanicistas.

Neste modelo de gestão os principais problemas encontrados são: ineficiência

global do sistema, fragilidade da empresa, insatisfação e desmotivação dos

colaboradores e o autoritarismo.

No Modelo Participativo todas as pessoas expressam suas opiniões de forma

livre, onde cada um é responsável por seu desempenho e comportamento. As

organizações que seguem este modelo são chamadas de orgânicas.

No quadro abaixo veremos as principais diferenças entre esses modelos de

Administração Participativa.

MODELO DIRETIVO MODELO PARTICIPATIVO

Subordinado sem liberdade para discutir problemas com superiores.

Processo de liderança envolve confiança entre superiores e subordinados.

Atitudes desfavoráveis em relação à empresa.

Motivação tem por base a participação das pessoas.

Informação de cima para baixo, distorcida e imprecisa.

Informação correndo livremente em todos os sentidos.

Processo de interação limitado. Processo de interação livre, de modo que as pessoas influenciam os objetivos.

Definição de metas feita apenas no topo da organização, sem participação dos níveis inferiores.

Definição participativa de metas.

Controle centralizado. Controle disperso, baseado no autocontrole.

Pessoas não se comprometem com as metas de desempenho.

Metas elevadas de desempenho, aceitas por todos.

A participação direta é dirigida à pessoa, considerada individualmente. A

participação indireta é destinada aos trabalhadores, considerados coletivamente. A

participação indireta é a participação dos diferentes membros da organização nas

funções diretivas, através de representantes escolhidos por eles para esse fim.

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A Administração Participativa tem por bases principais:

Visão do negócio – Definição do negocio da empresa, em termos objetivos

e metas a serem alcançadas.

Trabalho em equipe – Objetivos individuais> objetivos e resultados do

grupo> objetivos organizacionais.

Desenho de cargos – Estruturação das tarefas e atribuições de cada

membro que possibilitem a maior contribuição das pessoas para atingir os

objetivos grupais.

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5 VANTAGENS DA ADMINISTRAÇAO PARTICIPATIVA

Pode-se perceber as seguintes vantagens/benefícios quando da implantação

da Administração Participativa:

Desenvolvimento expressivo;

Participação eficaz dos trabalhadores;

Distribuição equitativa de responsabilidade e dos resultados;

Satisfação com a essência dos fatos;

Elevado grau de integração com a cultura da organização;

Sólida base para as decisões;

Aceleração das condições da competitividade da empresa;

Estimulo das condições da competitividade na organização;

Sustentação do dialogo e respeito às diferenças individuais.

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6 CRÍTICAS A ADMINISTRAÇAO PARTICIPATIVA

A crítica mais comum que se faz a Administração Participativa no Brasil diz

respeito à estrutura de pagamento dos encargos. A antiga legislação brasileira fazia

com que os encargos sociais recaíssem também sobre a parcela do lucro repartido

entre os colaboradores. Entretanto, a Constituição de 1988 se propôs a eliminar

esse problema, desvinculando participação nos lucros e salários. Além disso, ao

prever a divisão dos lucros em seus estatutos, este é descaracterizado como salário

e não exige pagamento dos encargos sociais.

A Administração Participativa deve ser continuamente acompanhada e

atualizada, caso contrário, os funcionários cairão nas garras da mesma acomodação

que existe nas empresas rígidas e desestimulantes.

A resistência a adoção da Administração Participativa também pode partir dos

próprios sindicatos, que por vezes vêem na gestão interesses de manobra da massa

trabalhadora, servindo de paliativo as reivindicações dos funcionários. Por outro

lado, os acionistas também podem se opor aos pressupostos da Administração

Participativa, em especial a distribuição dos lucros, vendo nela até mesmo a

violação de direitos constitucionais de garantia de propriedade privada.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Administração Participativa poderá ser um excelente caminho na busca da

inovação, porque permite que os funcionários possam agir como gerenciadores dos

processos das organizações, promovendo um grande impulso para o

desenvolvimento e a produtividade, aliados ao bem-estar de suas participações,

onde os colaboradores devem se sentir não como acessório dos seus equipamentos

de trabalho, mas sentir que sua criatividade tem significativa importância nos

processos de produção como um todo.

Esse método de gestão faz com que todos os envolvidos trabalhem em

regime de colaboração, o clima é de confiança entre os colaboradores, e mesmo

sendo uma idéia antiga continua sendo uma das mais modernas.

Tem-se chegado a um ponto em que se sabe que a participação não é uma

fórmula mágica, mas que requer um trabalho paciente. Nenhuma das formas de

participação que foram aplicadas até agora resolveu completamente os problemas.

É muito provável que esses problemas, como tantos outros de relações humanas,

nunca sejam resolvidos de forma definitiva. Mais importante que buscar soluções

totais é reconhecer que se trata de um processo prolongado de aprendizagem, cuja

primeira etapa é aprender a aprender.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Administração Participativa - http://pt.wikipedia.org/wiki/Administra

%C3%A7%C3%A3o_participativa Acesso em 17/11/2010.

FERREIRA, Ademir A., REIS, Ana C.F. e PEREIRA, M. Isabel. Gestão Empresarial: de Taylor aos Nossos Dias. São Paulo: Ed. Pioneira, 2002.

MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Da revolução Urbana a Revolução Digital,

Editora Atlas s/a, São Paulo – 2006.

RIBEIRO, J. Carlos. Administração Participativa: O Caminho para o sucesso.

Artigo publicado em 12/11/2008 -

http://www.artigonal.com/administracao-artigos/administracao-participativa-caminho-

para-o-sucesso-639668.html Acesso em 17/11/2010.