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ACTAS Conservação da Natureza e Educação Ambiental/Educação para a Sustentabilidade 7 e 8 DE MAIO de 2011 Auditório do Centro Municipal de Cultura em Castro Daire Organização: Apoios: XII Jornadas

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ACTAS

Conservação da Natureza e EducaçãoAmbiental/Educação para a Sustentabilidade

7 e 8 DE MAIO de 2011 Auditório do Centro Municipal de Cultura em Castro Daire

Organização: Apoios:

XII Jornadas

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Auditório do Centro Municipal deCultura em Castro Daire

7 e 8 de Maio de 2011

XII Jornadas

ACTAS

Conservação da Natureza eEducação Ambiental

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FICHA TÉCNICA

Actas das XI Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Organização:

FAPAS; Apoio: Agência Portuguesa de Ambiente

7 e 8 de Maio de 2011

Organizadores:

Lucilia Guedes (FAPAS)

Paulo Santos (FAPAS)

Colaboradores:

Eurico Moita, (MUN Castro Daire)

Bela Silva, (MUN Castro Daire)

Cristina Gomes, (MUN Castro Daire)

Olga Vale (MUN Castro Daire)

Mário Pereira (MUN Castro Daire)

Sandra Silva (MUN Castro Daire)

Lila Pinto, (MUN Castro Daire)

Marília Almeida, (Associação de Produtores Florestais do Montemuro e Paiva).

Mónica Lopes, Associação de Produtores Florestais do Montemuro e Paiva (Produtos Regionais)

Lurdes Quintãs, Associação Etnográfica e Social do Montemuro (Artesanato)

Fernando Silva (FAPAS)

Helena Santos (FAPAS)

Sofia Tavares (FAPAS)

Daniel Gomes (FAPAS)

Tânia Pinto (FAPAS)

Américo Oliveira (FAPAS)

Sílvia Fernandes (FAPAS)

Edição: FAPAS com o apoio da Agência Portuguesa de Ambiente

Tiragem: 500 exemplares

Execução gráfica: Litogaia Artes Gráficas

Os trabalhos publicados são da responsabilidade exclusiva dos seus autores

comunicações

participantes

mostra de flora da floresta Portuguesa

mostra de cartazes

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ÍNDICE

Sessão de Abertura p6

Programa p10

CONSERVAÇÃO DA NATUREZAO papel da investigação na conservação da natureza p14

2010 - Ano internacional da biodiversidade p16

Serviços dos ecossistemas: o estuário do rio Minho como caso de estudo p17

Análise da compatibilidade entre exploração mineira e conservação da natureza p20

Centros de biodiversidade: micro-reservas biológicas p25

Plantas invasoras de Portugal: conceitos e impactes p31

A háquia, uma invasora lenhosa p34

EDUCAÇÃO AMBIENTALA co-responsabilização na gestão das populações piscícolas do rio Minho p39

“Reflorestação dos sistemas dunares” p40

Reflorestação dos Sistemas Dunares p43

Controlo de exóticas invasoras p48

Novo olhar sobre Caminha p54

Educação Ambiental na Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro de Arcos p57

CARTAZESEducação Ambiental no Aquamuseu do Rio Minho p60

Parque biológico de Gaia: Uma visita à Biodiversidade p62

Bosquete Chapim-real: Biodiversidade em Espaço Escolar p63

Biodiversidade Florestal na Cidade p66

Anfíbios e répteis do Parque Natural do Litoral Norte p67

Reserva Natural - Dunas de S. Jacinto p68

“Cursos de Água - Corredores de Vida e Tradição” p69

ATELIERS DIDÁTICOSOficina de construção de Ninhos Artificiais e Caixas-Abrigo p71

Oficina de Plantas Aromáticas p72

Dunas à lupa p75

Biodiversidade aquática nas praias p76

LISTA DE PARTICIPANTESParticipantes p78

7 e 8 DE MAIO de 2011 Auditório do Centro Municipal de Cultura em Castro Daire

Conservação da Natureza e EducaçãoAmbiental/Educação para a Sustentabilidade

XII Jornadas

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Cito:Os portugueses esgotam os recursos naturais disponíveis ainda antes do fim do quarto mês do ano e andam o resto do tempo em défice ecológico (…) o padrão de consumo requer 3,5 vezes mais recursos naturais do que o país tem capacidade de regenerar, ou seja, precisam de mais dois países e meio iguais além do que já têm.Nas últimas três décadas, o consumo total de energia cresceu 2,5 vezes em Portugal e 1,7 vezes no mundo. Utilizamos também mais água, mais minerais, mais químicos. Seria preciso um planeta e meio para sustentar indefinidamente o actual estilo de vida da po-pulação mundial.Luis Veiga da Cunha, prestigiado especialista mundial, aponta: Há a percepção mundial de que nos estamos a aproximar de um pico de disponibilidade de água. O problema é que a procura vai aumentar bastante nas próximas décadas [o consumo de água cresce o dobro em relação à população mundial, nos últimos anos], so-bretudo através dos consumos na agricultura responsáveis por 70% do consumo total. Defende ainda que nos países desenvolvidos tem de haver uma mudança de estilo de vida e de alimentação, com o consumo de mais produtos vegetais e de menos produtos animais, que gastam mais água. Os fenómenos meteorológicos e climáticos extremos terão tendência a ser mais intensos no futuro, afirma Filipe Duarte Santos, professor da Faculdade de Ciências, con-firmando que por volta de 2050 é muito provável que não haja gelo no Ártico durante o Verão.Teremos um número muito maior de refugiados ambientais no futuro devido às alterações climáticas. Hoje são 25 milhões, mas em 2040 chegarão pelo menos aos 200 milhões.À pergunta que mudanças radicais teremos de fazer para salvar o planeta? Carlos Pimen-ta coloca a esperança numa governação e gestão global dos recursos naturais da Terra, ‘mais avançada, mais inteligente, mais partilhada, discutida e decidida, porque de outra maneira não vamos lá. (…) Nunca a humanidade ‘teve uma fotografia tão completa do estado da Terra’, o que significa que existe informação suficiente para encontrar soluções sustentáveis e evitar o colapso.A Agência Europeia do Ambiente, no seu relatório O Ambiente na Europa - situação e perspectivas 2010, quando aponta a ecologização da economia europeia entre as priori-dades futuras refere:Os princípios-chave no domínio do ambiente – precaução, prevenção, correcção de da-nos na fonte e o princípio do poluidor-pagador – conjugados com uma base constituída por dados sólidos, continuam a ser da maior relevância e necessitam de ser aplicados de forma mais alargada e coerente.Ora, educar para um futuro sustentável, sob este ponto de vista de uma holística inter-dependência, exigirá a aprendizagem sobre as interacções do processo ecológico, impli-ca integrar tanto o estudo das forças de mercado, como os valores culturais e tomada de decisão equitativa e, expressa também, uma acção governativa. Aos cidadãos, nomeadamente os estudantes, depara-se o compromisso de aprender a reflectir criticamente sobre o seu lugar no mundo, questionando o que é que a sustenta-bilidade significa para eles e para as suas comunidades.Os princípios orientadores de uma intervenção estratégica no domínio da educação am-biental (para a sustentabilidade) visarão uma cidadania interveniente, educando tendo em conta a experiência internacional e integrando as lições da experiência nacional, estimu-lando outras iniciativas e actores. Importará, neste preciso contexto, promover uma sociedade civil e uma administração pública mais qualificadas e aptas a enfrentar os desafios do futuro. Uma requerida ÉTICA DA SUSTENTABILIDADE integrará valores de justiça social (Ne-

Sessão de Abertura

T., Francisco

Director do Departamento de Promoção e Cidadania Ambiental

•Exmo.PresidentedomunicípiodeCastroDaire, José Fernando Pereira;

•Exmo.DirectorRegionaldasFlorestasdoCentrodaAutoridadeFlorestalNacional, Eng. Viriato Garcez;

•Exmo.DirectordoDepartamentodeGestãodeÁreasClassificadasdoNortedoICNB, Dr. Lagido Domingos;

•Exma.RepresentantedoGovernadorCivildeViseu, Dra. Mónica Costa;

•Exmo.DirectordoCentrodeFormaçãodasEscolasdeCastroDaire, Dr. José Maria Martins;

•Exmo.PresidentedoFundoparaaProtecçãodosAnimaisSelvagens, Prof. Doutor Paulo Santos;

Exmos. participantes destas JORNADAS SOBRE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL /EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADEÉ meu dever começar por agradecer o honroso convite ao Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território e à APA- Agência Portuguesa do Ambiente para integrar tão importante iniciativa, apresentando os merecidos cumprimentos aos seus dinamizadores, designadamente ao FAPAS- Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens, organiza-ção não governamental de ambiente. Alongo esta congratulação, na pessoa do eleito presidente do município, a todos os ou-tros organismos, que fizeram possível o intenso programa destas XII Jornadas, desta feita em terras de Castro Daire.Assinalam-se este ano 4 décadas da criação da primeira estrutura pública de política de ambiente; no quadro da então Junta Nacional de Investigação Cientifica e Tecnológica.O acossamento externo, face a um quadro nacional cerceado de actividade cívica e de-mocrática, motiva a criação, em 1971, na dependência da Presidência do Conselho de Ministros, da COMISSÃO NACIONAL DO AMBIENTE, com o objectivo de estimular e coordenar, de acordo com as directivas do Governo, as actividades do País relacionadas com a preservação e melhoria do meio natural, a conservação da Natureza e a protecção e valorização dos recursos naturais...Em Abril daquele ano, já o deputado e depois Presidente da CNA, J. Correia da Cunha, numa moção aprovada pela então Assembleia Nacional sobre ordenamento do território, reivindicava uma maior coordenação da acção da Administração numa óptica de desen-volvimento planificado e planeamento regional e apelava à adopção urgente de medidas tendentes à defesa do ambiente e protecção da natureza.O tipo de intervenção inovador que a CNA representava e o seu relacionamento com organizações especializadas das Nações Unidas viria a revelar-se muito importante na luta surda que alastrava no país tendo em vista a democratização do regime político vigente.- Não são pois novas, as preocupações em matéria de sustentabilidade, educação ou de participação.Dois recentes trabalhos jornalísticos deveras interessantes [refiro-me ao destacável ‘Dia da Terra’ com a edição de 22 de Abril do diário Público e ao dossier ‘Futuro - Como vamos viver em 2049’ da Revista Única da edição de 26 de Fevereiro do semanário Expresso] divulgaram, com especificidade sectorial, tanto o peso da nossa actual pegada ecológica, como os cenários futuros, previstos por especialistas nacionais.

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cessidades humanas básicas; Equidade intergeracional; Direitos Humanos; Democracia) e valores de conservação (Interdependência; Biodiversidade; Vida sustentada; Equidade inte-respecista). Porque o compromisso ético dos nossos tempos, face á reconhecida crise global ambiental, exige um óbvio repensar e reequilibrar da nossa excessiva forma de agir! EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A SUSTENTABILIDADE é um processo de aprendiza-gem ao longo da vida tendo em vista uma informada e envolvida cidadania dotada de capacidades, criativas para a resolução de problemas, científicos e de literacia social e comprometida na conjugação da responsabilidade individual com as acções cooperativas [norte-americano National Forum for Partnerships Supporting Education about the Envi-ronment, em 1994, partindo da definição de desenvolvimento sustentável da ‘Comissão Brundtland’ (1987)]Educar para a sustentabilidade envolve os sistemas económico, político e social que intervêm e causam impacto no ambiente natural e construído, ao nível local, nacional e global. Os principais objectivos da aprendizagem são transmitir conhecimentos e ensinar com-petências tais como resolução de problemas e conflitos, construção de consensos, ges-tão de informação, expressão interpessoal, pensamento crítico e pensamento criativo; a educação para a sustentabilidade oferece um veículo exemplar para desenvolver e exer-citar muitas destas competências. Nestes termos, educa-se para a interpelação, estimula-se o sentido crítico e o pensamen-to construtivo e promove-se a autonomia pessoal, a aquisição de novas competências cívicas e ambientais. Faz-se apelo directo aos valores da solidariedade entre gerações e a uma cultura humanista.À luz deste imperativo de cidadania ou de uma ética de responsabilidade (partilhada), para onde parecem apontar as políticas do mundo moderno, designadamente da União Europeia – onde o cidadão será, crescentemente, chamado a participar no processo de decisão – uma política (de ambiente) para ser eficaz, não se pode circunscrever a uma tarefa exclusiva do Estado. - O que é que cada um de nós, das nossas instituições/associações/escolas/famílias, faz verdadeiramente para participar activamente na promoção de decisões para resolução de problemas em matéria de ambiente e sustentabilidade? - Estas iniciativas são mais um instrumento entre tantos, OU são comprometida e priori-tária intervenção, partilhando o que a sociedade civil e as suas organizações não gover-namentais de ambiente, sabem fazer melhor com o apoio público?- A gestão dos recursos e do tempo das nossas casas, das nossas instituições, dos nos-sos sistemas (quando fazemos aquisições de bens e serviços ou construímos edifícios, por exemplo), tem a Educação Ambiental para a Sustentabilidade como prioridade real?Pela minha parte, por parte do MAOT e da APA, fica aqui, mais uma vez, um compromis-so de apoio à dinâmica da Educação Ambiental para a Sustentabilidade, quaisquer que sejam o âmbito de intervenção, os promotores, os graus de importância e o nível de autêntico acordo dos parceiros a envolver!Finalizo com renovado cumprimento à expressão de uma sociedade civil mais partici-pativa e madura, como são as estas Jornadas a que o FAPAS, com apoio da Agência Portuguesa do Ambiente, dá inicio hoje. Apresento específico cumprimento público ao trabalho da Dra. Lucília Guedes, docente em mobilidade no FAPAS, ao abrigo da cooperação entre os ministérios da Educação e do Ambiente e do Ordenamento do Território, acompanhado pela APA.O contexto, quer da Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, do Ano Internacional do Morcego ou do Ano Europeu do Voluntariado, evidenciam a importância das XII Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental /Educação para a Sustentabilidade, que as gentes beirãs de Castro Daire acolhem.

Dia 7 de Maio (Sábado)

8.30h Recepção aos participantes e entrega de material9.30h Sessão de Abertura Humberto Rosa (Secretário de Estado do Ambiente)* Rui Barreiro (Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural)* José Fernando Pereira (Presidente da Câmara Municipal de Castro Daire) Miguel Ginestal (Governador Civil de Viseu)* Mário Grácio (Director da Agência Portuguesa de Ambiente)* Lagido Domingos (Director do Depart. de Gestão de Áreas Classificadas do Norte) Amândio Torres (Presidente da Autoridade Florestal)* José Maria Mendes Martins (Director do Centro de Formação das Escolas de

Castro Daire-Lafões) Paulo Talhadas Santos (Presidente do FAPAS)* a confirmarPOLÍTICAS E DESENVOLVIMENTO DA FLORESTAModerador: José Pissarra (Presidente da Assembleia Geral do FAPAS)10.15h Estratégia Nacional para o Desenvolvimento Sustentável da Floresta João Bento (Departamento Ciências Florestais e Arquitectura Paisagista,

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)11.00h Intervalo para café11.15h Valorização da floresta nativa na sequência do abandono da agricultura Vânia Proença (Centro de Biologia Ambiental, Universidade de Lisboa)12.00h “Sistema de Defesa da Floresta Contra Incêndios nas Áreas Protegidas” Ricardo Espírito Santo (Departamento de Gestão de Áreas Classificadas – Zonas

Húmidas, Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade) 12.45h Debate13.00h Almoço livreCONSERVAÇÃO DA NATUREZA E BIODIVERSIDADEModerador: Paulo Santos (Presidente da Direcção Nacional do FAPAS)15.00h Plano de reintrodução do Corço na Serra de Montemuro Carlos Fonseca (Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro)15.45h Importância dos ecossistemas florestais para a Conservação da flora João Honrado (Departamento de Biologia da Universidade do Porto)16.30h Intervalo para café16.45h A importância dos insectos nos ecossistemas florestais José Manuel Grosso-Silva (CIBIO, Centro de Investigação em Biodiversidade e

Recursos Genéticos) 17.30h Serra de Montemuro - Rede Natura 2000 e valor conservacionista João Pargana (ICNB, Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade)

e Tiago Monteiro-Henriques, (CBAA, Centro de Botânica Aplicada à Agricultura, Universidade Técnica de Lisboa)

18.15h Conservação de morcegos arborícolas Hugo Rebelo (CIBIO, Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos

Genéticos)19.00h Debate20.00h Detecção de morcegos Pedro Alves (Fundação de Espeleologia)21.00h Jantar convívio com actividade cultural

PROGRAMA

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Dia 8 de Maio (Domingo)EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Moderadora: Lucília Guedes (Responsável do Departamento de Educação Ambiental do FAPAS)8.30 Leve a Natureza para casa: fotografe-a! João Luís Teixeira (Parque Biológico de Gaia)9.00h O papel do FAPAS na promoção da Floresta e as actividades conexas de

Educação Ambiental João Morais (FAPAS)9.30h Montemuro, S. Macário, Nave e a Paiva (Património Cultural) Arménio Vasconcelos (Academia de Letras e Artes Lusófonas)10.00h Intervalo para café10.15h Ano Internacional do Morcego: Actividades de Educação Ambiental Luisa Rodrigues (ICNB, Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade)10.45h Biodiversidade e Sustentabilidade Jorge Paiva (Departamento de Botânica da Universidade de Coimbra)11.45h Debate12.15h Sessão de Encerramento José Fernando Pereira (Presidente da Câmara Municipal de Castro Daire) Paulo Santos (Presidente do FAPAS)13.00h Almoço livre15.00h Actividades em simultâneo:

Visitas Guiadas:1 - Visita a AlmofalaMuseu da Aldeia, Forno Comunitário, Moinho da Quinta, Capela de Santa Bárbara2 - Trilho dos Lameiros e visita à Ervital (Plantas Aromáticas e Medicinais)3 - Visita à Serra de MontemuroTiago Monteiro-Henriques (Centro de Botânica Aplicada à Agricultura)

Ateliers:1 - Construção de caixas-ninho e caixas-abrigoFernando Silva, Sofia Tavares, Daniel Gomes, Tânia Pinto e Vasco Silva (FAPAS)2 - Laboratório de perfumesRicardo Silva (Faculdade de Ciências da Universidade do Porto)3 - Atelier de Líquenes da floresta como bioindicadoresSofia Vaz e Helena Santos (Faculdade de Ciências da Universidade do Porto)4 - Atelier de insectosJosé Manuel Grosso Silva (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos)5 - Fotografia de Natureza (na saída de campo, levar máquina fotográfica)João Luís Teixeira (Parque Biológico de Gaia)

PAINÉISPOLÍTICAS E DESENVOLVIMENTO DA FLORESTACONSERVAÇÃO DA NATUREZA E BIODIVERSIDADEEDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

PÚBLICO-ALVOAs Jornadas destinam-se a professores, técnicos de Municípios e todos os profissionais ligados ao Ambiente e à Educação para o Desenvolvimento Sustentável.

Mostra de cartazes e exposição sobre flora (Herbário da Universidade de Aveiro)Os participantes poderão enviar posters sobre Educação Ambiental no âmbito da Biodiversidade e Conservação da Natureza, até 20 de Abril, para o FAPAS, Rua Alexandre Herculano, 371, 4º Dtº 4000-055 Porto (ao cuidado de Lucília Guedes) ou para a Câmara Municipal de Castro Daire, Rua Dr. Pio Figueiredo nº 42, 3600-214 Castro Daire, (ao cuidado de Lila Pinto).

C O N S E R V A Ç Ã O D A N A T U R E Z A

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XII Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

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Conservação da Natureza

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ESTRATÉGIA NACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS FLORESTAS

João Bento

Departamento de Ciências Florestais e Arquitectura Paisagista, UTAD

[email protected]

Maria Cristina Camilo

Direcção Regional de Florestas do Norte, AFN

[email protected]

Com frequência se recorre à utilização do termo sustentabilidade, como indicador da verificação de determinadas condições associadas aos objectivos ligados à gestão dos ecossistemas, em que se pretende realçar simultaneamente características de persistên-cia e equilíbrio. A sustentabilidade surge, assim, associada a um entendimento de dura-bilidade, alcançada através de processos regidos com uma certa regularidade. É essa também a aproximação aos sistemas florestais, entidades que reflectem em simultâneo características de longevidade (permanência), extensão (dimensão) e multiplicidade de efeitos e influências; na actual terminologia essa expressão de diversidade é reflectida no reconhecimento de Serviços Ecossistémicos de Fornecimento (madeira, cascas, frutos, resinas, forragem), Regulação (hídrica, clima, resíduos), Culturais (turismo de natureza, equilíbrio, contemplação) e de Apoio (solo, fotossíntese, carbono, nutrientes, biodiver-sidade), que lhes estão associados. Convirá, ainda, referir a coincidência particular na mesma entidade, a árvore (elemento indispensável para a própria definição de floresta), actuando simultaneamente como factor e produto; o objectivo prioritário da exploração e gestão florestal, frequentemente associado à produção de elementos arbóreos, coincide com a própria entidade responsável pelo crescimento, desenvolvimento e consolidação do sistema, o que torna a sustentabilidade das florestas uma matéria muito sensível.

Ao longo dos tempos, os povos e as sociedades têm procurado garantir essa perma-nência dos espaços florestais, respeitando a verificação de condições de estabilidade e regularidade relativamente a determinados aspectos que, naturalmente, de acordo com o conhecimento científico, se têm alargado a múltiplas formas e critérios de apreciação. A identificação das situações de maior desequilíbrio tem correspondido, de forma generali-zada, à adopção de procedimentos correctivos que se expandem aos centros de decisão e administração, a partir de elites precursoras organizadas em instituições e sociedades cívicas e científicas.

No final do século XIX, é reconhecível em Portugal uma situação de degradação das con-dições naturais de produção, com evidência de situações de depauperação da cobertura e composição do solo e vegetação natural. Essa situação, embora extensiva à totalidade do país, apresenta contornos mais evidentes nas serranias do Norte e na extensão de areais móveis do Litoral, razão pela qual boa parte do esforço de arborização e recupera-ção a que se irá assistir durante o século XX incida precisamente nessas áreas. De igual modo, no resto da Europa se assistiu a fenómenos semelhantes, tendo conduzido a que nessa época a Ciência Florestal se encontrasse dominada pelo cálculo e quantificação algébrica das existências florestais, com vista à definição das melhores estratégias a fim

de garantir uma persistência e alargamento consolidado da representação dos espaços florestais. Com vista à garantia dum abastecimento estável é desenvolvido o conceito de “Floresta Normal”, em simultâneo com a aplicação precoce do cálculo financeiro para suporte às decisões de exploração, corte e investimento, procurando-se atingir equilí-brios inter-temporais e inter-espaciais nos povoamentos florestais. O esforço de forma-ção e modernização dos técnicos florestais, então concretizado, possibilitou o contacto com essa realidade em França e na Alemanha, proporcionando a concretização entre nós desses princípios orientadores, nomeadamente com a elaboração dos primeiros Planos de Ordenamento nas Matas Nacionais da Machada na margem Sul do Tejo, de “Leiria” abrangendo pinhais do Centro Litoral e do Camarido a Norte do Douro.

Não será de estranhar que os princípios e critérios orientadores da sustentabilidade, como condição de equilíbrio entre recursos naturais, estejam já presentes entre nós aquando da implementação do Regime Florestal (Decreto de 24 de Dezembro de 1901). Acer-ca da organização dos Serviços Florestais e Aquícolas é aí reconhecido que (Art.25º) “o regime florestal comprehende o conjunto de disposições destinadas a assegurar não só a criação, exploração e conservação da riqueza silvícola, sob o ponto de vista da economia nacional, mas também o revestimento florestal dos terrenos cuja arborização seja de utilidade publica, e conveniente ou necessária para o bom regime das aguas e defesa das várzeas, para a valorização das planícies áridas e beneficio do clima, ou para a fixação e conservação do solo, nas montanhas e das areias no litoral marítimo”. Os princípios de conservação dos recursos naturais encontram-se aí suficientemente espe-lhados, apenas não sendo evidente a explicitação da importância da biodiversidade, ou do encarceramento de carbono, contribuições de reconhecimento muito mais recente, para que pudéssemos manter a sua adopção plena na actualidade. A concretização do regime florestal, preferencialmente reservada às corporações privadas e municipais foi, no entanto, totalmente garantida pela Administração Pública pois, de acordo com o pre-visto (Art.28º § único) “quando as mesmas corporações não possam com os encargos da arborização e da exploração, serão estas feitas pelos serviços florestaes, mediante decreto, como medida administrativa do Governo, e o producto liquido da exploração será dividido pelo Estado e pelas corporações respectivas, nos termos do regulamento ou do referido decreto ( .)”.

É de referir que o esforço de recuperação e implementação do Regime Florestal foi pre-cedido durante todo o século XVIII dum conjunto de estudos e diagnósticos, reconheci-damente de grande qualidade e profundidade, de que destacamos:

Memória sobre a necessidade e utilidades do plantio de novos bosques em Portugal - José Bonifácio de Andrada e Silva (1815);

Relatório acerca da arborização geral do País - Carlos Ribeiro e Nery Delgado (1868);

O Eucalyptus globulus - modo de vegetar, cultura, produção, etc. - Carlos Augusto Sousa Pimental (1876);

Relatório da Comissão nomeada para estudar a influência da resinagem no Pinhal de Leiria - Ferreira Lapa, B. Barros Gomes e Batalha Reis (1881);

Estudo sobre a fixação e aproveitamento duma parte de areias móveis das costas de Portugal - Henrique de Mendia (1881);

Pinhais, Soutos e Montados - Carlos Augusto Sousa Pimental (1882);

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XII Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

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Conservação da Natureza

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A Silvicultura no distrito de Bragança - António Xavier Pereira Coutinho (1892).

Durante o mesmo período assiste-se a um reforço institucional da organização do sector, sendo de referir:

1886 - Criação da Direcção Geral de Agricultura, sendo os Serviços Florestais um dos seus departamentos (Decreto de 25 de Novembro), após a extinção da Administração das Matas do reino em 1881;

1888 - Criação das Administrações Florestais do Gerês e de Manteigas.

O Decreto de 24 de Dezembro de 1903 relativo ao Regulamento para a execução do Regime Florestal, reforça o anterior decreto de 1901, introduzindo especificidades re-lacionadas com as modalidades da sua concretização. Apenas a título exemplificativo destacam-se os seguintes artigos:

Art.4º - Serão subordinados, por utilidade publica, ao regime florestal não só os terrenos que devam ser destinados à criação, exploração e conservação da riqueza silvícola, sob o ponto de vista da economia nacional, mas ainda aquelles cuja arborização seja neces-sária, quer para o bom regime das aguas e defesa das várzeas, quer para valorização das cumiadas, charnecas e planícies áridas, e beneficio do clima, ou ainda para a fixação e conservação do solo, nas montanhas, e das areias, no litoral marítimo.

Art.254º - O Governo poderá auxiliar os proprietarios, gremios, associações, corporações administrativas e estabelecimentos pios, na arborização dos terrenos e exploração de matas sujeitas a todo o regime florestal parcial, fornecendo-lhes sementes e plantas dos viveiros do Estado e pessoal para dirigir os respectivos trabalhos.

§ 1º Aos proprietarios de terrenos ou matas não comprehendidos no regime florestal par-cial as sementes e plantas serão fornecidas pelo custo de produção.

§ 2º Os viveiros das matas nacionaes serão ampliados, a fim de poderem satisfazer tam-bem os fins d’este artigo e seu § 1º.

§ 3º Na mata de Leiria será estabelecido um sequeiro para obtenção de penisco de qua-lidade garantida.

Art.255º - Ficam isentos de contribuição predial, durante vinte annos, os terrenos de su-perfície superior a 1 hectare, que forem submetidos à cultura florestal.

§ 1º Não se incluem nesta isenção os montados de sobro e azinho.

§ 2º A isenção de contribuição caduca com a desarborização do terreno.

Apesar das intenções, até meados dos anos 30 foram apenas submetidos ao Regime Florestal, pouco mais de 76 mil hectares distribuídos por 28 perímetros florestais, tendo decorrido acções de arborização em cerca de 21 mil hectares. Não é assim de estranhar que apenas depois de 1938 (Lei nº 1971 de 15 de Junho), com a publicação da Lei do Po-voamento Florestal, se venha a enveredar por um processo mais efectivo de alargamento e consolidação das áreas florestais. Apresentam-se alguns dos princípios que suportam essa legislação.

BASE VI - Os terrenos baldios, depois de submetidos ao regime florestal, entram na posse

dos serviços à medida que forem arborizados ou a contar da respectiva notificação

BASE VII - Os trabalhos, construções e outras obras serão executados pelo Estado, se os corpos administrativos não possuírem recursos para isso, nem comparticiparem nas despesas, em conformidade com os projectos definitivos e segundo a ordenação geral estabelecida.

BASE X - O rendimento líquido anual das matas e florestas será dividido entre o Estado e os corpos administrativos proporcionalmente às despesas efectuadas pelo Estado e ao valor dos terrenos antes de arborizados ( ).

BASE XII - Os terrenos de particulares incluídos nos perímetros e que devam ser desti-nados à cultura florestal serão arborizados pelos respectivos proprietários, em conformi-dade com os projectos definitivos elaborados pelos serviços florestais. Se o não forem, poderão ser adquiridos ou expropriados pelo Estado.

BASE XIV - O Ministério da Agricultura poderá fornecer gratuitamente aos corpos ad-ministrativos ou aos particulares plantas e sementes para arborização de terrenos que sejam próprios para a cultura florestal.

BASE XV - A Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência poderá conceder emprés-timos aos corpos administrativos e aos particulares para arborização, em terrenos reco-nhecidos pelos serviços como próprios para a cultura florestal, pelo prazo de 30 anos, prorrogável até à sua normal exploração e nas demais condições que vierem a ser esta-belecidas pelo Govêrno. Nos casos de concessão de empréstimos, os corpos administra-tivos e os particulares deverão proceder, na execução dos trabalhos e na exploração das matas, em conformidade com os projectos elaborados pela Direcção Geral dos Serviços Florestais.

Previu-se que da aplicação do Povoamento Florestal, entre 1939 e 1968, pudessem, entre outras, concretizar-se as seguintes metas: sedes de administração (21); casas de guar-da (940); postos de vigia (140); caminhos florestais (2415km); viveiros (125); plantações (105000ha); sementeiras (315000ha); pastagens (60200ha); reservas (33500ha). Com um nível de concretização relativamente elevado para a generalidade dos objectivos, apenas será de destacar a modesta contribuição para a instalação de pastagens e reservas, estas últimas apenas limitadas à identificação de áreas que se viriam a concretizar com a ins-talação do Parque Nacional da Peneda Gerês em 1971 e mais tarde (1979) com o Parque Natural de Montezinho.

As preocupações com a arborização da propriedade particular surgem a partir do ano de 1945 (Decreto-lei nº 34394 de 27 de Janeiro), quando (Art.1º) “é criado o Fundo de Fomento Florestal, que se destina a facilitar o repovoamento da propriedade particular atingida pelas requisições ( ), e a promover, de maneira geral, a valorização das matas pertencentes ao domínio privado”. “A acção a que se refere o artigo anterior exerce-se principalmente através do fornecimento aos proprietários das sementes e árvores de vi-veiro de que precisem para efeitos de arborização” (Art.2º).

Os anos 60 ficarão reconhecidos com o anúncio da “Floresta de Uso Múltiplo”, programa internacional desenvolvido a partir dos EUA, com o patrocínio das organizações florestais internacionais. Apesar da “generosidade” do seu anúncio, não deixou de constituir uma forma de legitimação da exploração comercial de importantes áreas de floresta natural. A expectativa de reconhecimento das múltiplas influências dos povoamentos florestais

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traduziu-se na reestruturação e alteração da denominação do Fundo de Fomento Flores-tal e Aquícola (Decreto-Lei nº 45795 de 6 de Julho de 1964) com reforço de competên-cias (alargamento aos recursos aquícolas, silvo-pastoris e de mecanização), mantendo-se o mesmo tipo de incentivos por subvenção não reembolsável e empréstimos: “Os em-préstimos concedidos pelo Fundo de Fomento Florestal e Aquícola ou as despesas por este realizadas nos trabalhos executados através dos respectivos serviços técnicos, bem como os correspondentes juros, serão reembolsados ao longo de um período máximo de 30 anos, mediante: Amortização vencida aquando da realização das produções florestais, valendo a quota de amortização de 50 por cento dos rendimentos brutos auferidos nas matas constituídas com o auxílio do Fundo de Fomento Florestal e Aquícola; Amortiza-ções vencidas aquando da realização das produções provenientes da exploração agro-pecuária da zona directamente beneficiada pelos trabalhos florestais financiados pelo Fundo de Fomento Florestal e Aquícola, valendo a quota de amortização de 10 por cento dos correspondentes rendimentos brutos” (Art.48º).

No período de vigência democrática após o 25 de Abril de 1974, são sucessivamente anunciados um conjunto de programas com menor duração temporal e em que progres-sivamente se foram introduzindo novas preocupações de carácter técnico e conceptual. Com a aplicação destes programas, foram introduzidas algumas alterações relativamente às práticas anteriores.

Será de destacar o progressivo alargamento das tarefas de elaboração e realização de projectos à iniciativa privada, o que nem sempre, pelo menos de início, correspondeu a uma melhoria da qualidade técnica e de concepção das obras realizadas.

Os modelos de apoio e incentivo, originalmente suportados em empréstimos bonificados e disponibilização de acompanhamento técnico, são progressivamente transformados em comparticipações financeiras a fundo perdido, com apoios inicialmente com frequên-cia de 100%, que têm vindo a decrescer, situando-se actualmente na generalidade das situações em níveis máximos de 70-80%.

Apoios diferenciados de acordo com as características técnicas e das espécies utilizadas, com valorização das soluções que recorram preferencialmente a espécies autóctones e folhosas nobres, com penalização da utilização de espécies de rápido crescimento.

Contemplação de apoios não apenas para as iniciativas de arborização em novos povoa-mentos, mas também, para a condução e beneficiação de povoamentos já existentes.

Progressivo reconhecimento da necessidade de incentivar e apoiar as componentes de uso múltiplo, como por exemplo as intervenções de silvo-pastorícia e outras relacionadas com actividades recreativas, de caça, pesca e apicultura.

Concessão de apoios à manutenção e intervenção nos primeiros anos após instalação, com a aplicação de prémios de manutenção, bem como compensação durante períodos de transição com prémios por perda de rendimento, nomeadamente aquando da conver-são de áreas agrícolas em florestais.

Finalmente, reconhece-se um progressivo alargamento de apoios às iniciativas que pre-tendam preservar áreas sensíveis e adoptar práticas culturais ecologicamente equilibra-das, dentro do espírito das Medidas Agro-Ambientais de apoio à agricultura, agora deno-minadas como Medidas Silvo-Ambientais.

Em resumo, podemos dizer que o sector florestal atravessou no último século, três fases diferentes:

Primeira fase de expansão da área florestal;

Segunda fase correspondeu à expansão industrial, com consolidação das áreas flores-tais;

Por fim, as décadas mais recentes foram de grande turbulência e mudança.

As alterações recentes advêm de vários factores, dentre os quais se deverá destacar: alterações climáticas; incêndios; pragas doenças e invasoras; integração Internacional e riscos de mercado; novos serviços ambientais, carbono e energia; democratização e urbanização; novos actores individuais e institucionais.

Certamente, serão os incêndios florestais aqueles que, duma forma mais evidente, contri-buem para a fase de perturbação e incerteza em que nos situamos. Convirá, no entanto, chamar a atenção para a capacidade de resiliência dos povoamentos florestais, quer através de processos de regeneração natural por via seminal e vegetativa das espécies previamente instaladas, quer pela evidência de recuperação de vegetação com carac-terísticas de maior adaptabilidade e proximidade com a vegetação natural, o que tem proporcionado o surgimento de extensas áreas de carvalhal, que sujeitos a uma condu-ção e preservação adequadas, evidenciam um grande potencial de desenvolvimento e alastramento.

É nesta perspectiva de transição e incerteza que é aprovada em 2007, após amplo perí-odo de debate público, a “Estratégia Nacional para as Florestas”, procurando-se definir as linhas orientadoras das intervenções prioritárias no sector florestal, comportando es-pecificamente:

Minimização dos riscos de incêndio e agentes bióticos

Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios

Gestão do combustível através do pastoreio

Aumento do valor dos produtos florestais pelo aproveitamento da biomassa para ener-gia

Protecção contra agentes bióticos nocivos

Recuperação e reabilitação de ecossistemas florestais afectados

Especialização do território

Macrozonagem

Área de produção lenhosa

Área de gestão multifuncional

Áreas costeiras e de conservação

Planeamento regional e PROF

Melhoria da produtividade através da Gestão Florestal Sustentável

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Melhoria produtiva dos recursos associados à floresta

Serviços de aconselhamento e de apoio à gestão

Redução dos riscos de mercado

Certificação florestal

Aumento do valor dos produtos

Melhoria da eficiência

Informação sobre o sector

Cadastro florestal

Qualificação dos agentes

Aplicação do conhecimento científico

Racionalização e simplificação dos instrumentos de política

A Estratégia Nacional para as Florestas pretende, assim, responder com as suas orienta-ções, para a verificação dum conjunto de pressupostos de carácter técnico, ecológico, económico e social que garantam a sustentabilidade dos espaços florestais e o pleno aproveitamento do seu potencial. Certamente, que num quadro previsível de maior con-tenção orçamental, o recurso a soluções financeiramente menos exigentes e a adopção de práticas mais equilibradas, poderá constituir um factor de valorização e renaturaliza-ção dos nossos espaços florestais.

Valorização da floresta nativa na sequência doabandono da agricultura.

Vânia ProençaCentro de Biologia Ambiental, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

[email protected]

O abandono agrícola é um dos principais promotores de alteração do uso do solo na Eu-ropa. As áreas de agricultura marginal estão a ser abandonadas na sequência de altera-ções socioeconómicas que promovem o êxodo da população rural para centros urbanos e inviabilizam a manutenção das práticas de agricultura tradicional de subsistência.

Atualmente, 5 a 11 milhões de hectares foram já abandonados nos países do centro e leste da Europa e um estudo recente estima que a área agrícola abandonada na Europa atinja 16 milhões de hectares até 2020. Além disso, são vários os estudos que descrevem a ocorrência de regeneração natural de floresta nativa, na sequência do abandono rural, em vários países europeus, como França, Espanha, Itália, e também Portugal. Estas alte-rações ao uso do solo tendem a acontecer particularmente em zonas de montanha.

A ocorrência de abandono agrícola e as subsequentes trajetórias de sucessão secundária dependem de factores socioeconómicos, como a densidade populacional e a procura de mercado por solo agrícola, e também das condições biofísicas à escala local, como o clima e a fertilidade do solo. Portugal para além de ser um dos países na Europa com maior tendência de abandono rural, é também um dos países com maior potencial para a regeneração natural de floresta (o que no entanto pode ser contrariado por factores como o fogo). O processo de transição de áreas agrícolas abandonadas, para áreas cobertas por vegetação natural e por fim floresta, pode decorrer nos casos mais rápidos em menos de 30 anos.

Tendências da floresta em PortugalNo início do século XX menos de 10% do território português era coberto por floresta, herança de uma longa história de uso humano da paisagem. Durante milénios as flores-tas foram dizimadas para dar lugar a pastos, campos de cultivo, sendo também sobre-exploradas para obtenção de lenha e madeira. A floresta que hoje cobre o país resulta essencialmente das diversas iniciativas de reflorestação que decorreram no século XX. Estas iniciativas foram inicialmente motivadas pela necessidade de restaurar serviços de ecossistema, como a proteção do solo, e numa segunda fase já com objectivos de teor económico, para responder às necessidades das indústrias madeireira e papeleira. Na primeira metade do século, o esforço de plantação levou sobretudo à expansão de pinheiro-bravo a norte do Tejo e de sobreiro e a azinheira a sul do Tejo. Na segunda meta-de do século, e em particular a partir dos anos 80, houve uma expansão intensa da área ocupada por eucaliptais (aumento de 174% entre 1974 e 2001). Atualmente, o pinheiro-bravo e o eucalipto são as espécies dominantes a norte do Tejo. De acordo com os dados mais recentes, a área de pinhal corresponde a 27% da floresta portuguesa (note-se que o pinheiro-bravo é uma espécie nativa, no entanto a sua distribuição atual é muito diferente da que seria natural), e o eucalipto (espécie exótica) corresponde já a 23% da floresta portuguesa. A sul do Tejo dominam o sobreiro e azinheira, em sistemas de montado, representado 23% e 13% da floresta em Portugal. Quanto aos carvalhais caducifólios ori-

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ginalmente dominantes a norte do Tejo, equivalem apenas a 5% da floresta em Portugal e os povoamentos apresentam uma distribuição dispersa e muito fragmentada.

A floresta nativa e a conservação da biodiversidadeO abandono de áreas de agricultura tradicional é muitas vezes percepcionado como ten-do consequências negativas para a biodiversidade, por um lado devido à potencial perda de habitat para as espécies adaptadas aos ambientes agrícolas, e por outros porque as novas florestas regeneradas terão diferenças estruturais em relação às florestas primá-rias. Na verdade, 95% das florestas na Europa são florestas plantadas ou regeneradas, e apenas 5% corresponde a florestas primárias (mais de metade localizadas na Suécia). Por exemplo, no caso dos carvalhais caducifólios do norte de Portugal, os fragmentos existentes resultam de dinâmicas passadas de modificação, regressão e expansão de flo-resta. Assim, ao estudar os padrões de diversidade nestes fragmentos é possível avaliar a relevância dos carvalhais regenerados para a conservação da biodiversidade.

Um estudo realizado no Alto Minho, comparou os padrões de diversidade de espécies florestais e não-florestais de plantas e aves em carvalhais, pinhais e eucaliptais. O estudo mostrou que os carvalhais albergavam mais espécies florestais que as plantações, e que a diversidade de espécies florestais respondia mais ao aumento da área dos fragmentos de carvalhal do que ao aumento de área das plantações de pinheiro e eucalipto, o que sugere que as espécies florestais se encontram mais bem adaptadas a um aumento da disponibilidade de nichos em carvalhal. Note-se ainda que das três florestas estudadas, o eucaliptal foi a que apresentou menor diversidade de espécies. Um outro estudo, com-parou as comunidades de plantas encontradas em carvalhais, em matos e em campos agrícolas na freguesia de Castro Laboreiro, o estudo mostrou que embora a maioria das espécies tivesse um habitat preferencial, a sua presença também se podia estender aos outros dois tipos de habitat. Neste estudo foram explorados cenários de alteração ao uso do solo, que mostraram que uma proporção significativa das espécies pode persistir na paisagem, mesmo quando o seu habitat preferencial sofre grandes alterações (e.g., perda de 50% da área agrícola e sua substituição por matos e floresta). Tal deve-se ao facto das espécies serem capazes de persistir na paisagem utilizando habitats alternativos (ou não preferenciais). Assim, estes estudos mostram que não só os carvalhais são habitats im-portantes para a conservação das espécies florestais, como a sua regeneração em áreas agrícolas abandonadas não acarreta necessariamente perdas graves de biodiversidade, dada a capacidade das espécies de usarem e se adaptarem a habitats alternativos.

Por fim, dados à escala europeia, mostram que o abandono agrícola e a expansão dos habitats naturais têm permitido a recuperação de muitas espécies de grandes vertebra-dos selvagens cujas populações eram negativamente afectadas pelas atividades huma-nas, quer por perseguição direta, quer devido à falta de habitat. Entre outros, são exemplo o lobo, o bisonte-europeu e o lince euroasiático.

A floresta nativa e a gestão dos serviços dos ecossistemas Os serviços dos ecossistemas são os benefícios que as pessoas obtêm dos ecossiste-mas. Estes benefícios podem ser classificados em serviços de produção (e.g., madeira, alimentos), serviços de regulação (e.g., regulação do ciclo hídrico, controlo de erosão, re-gulação de desastres naturais), serviços culturais (e.g., áreas de recreio, paisagens cultu-rais) e serviços de suporte que servem de base a todos os outros (e.g., formação de solo). De um modo geral, os serviços de produção tendem a ter valor de mercado, o que po-tencia a sua exploração em prejuízo dos outros serviços. A gestão dos ecossistemas nas

últimas seis décadas tem sido dirigida para a exploração dos serviços de produção (como é o caso das florestas de produção intensiva), o que tem como consequência a criação de desequilíbrios no funcionamento dos ecossistemas, levando à perda de serviços de regulação e serviços culturais. A atual composição da floresta portuguesa constitui um bom exemplo da intensificação dos serviços de produção em detrimento do serviços de regulação e culturais, pondo em causa a estabilidade dos ecossistemas e o bem-estar humano. As florestas de produção intensiva, com estrutura densas, contínuas e monóto-nas, compostas por espécies pirófitas como o pinheiro-bravo e o eucalipto, apresentam uma maior propensão à ocorrência de fogos do que florestas com composição e estru-tura mais naturais. A sua maior propensão para arder põe em causa a manutenção dos eventuais serviços que possam prestar, incluindo serviços de produção e regulação, além de que implica riscos de degradação ambiental e custos para a sociedade. Assim, para além de constituírem florestas mais pobres do ponto de vista da biodiversidade apresen-tam também uma menor estabilidade face ao fogo, o que tem custos ambientais e para o bem-estar humano. A par com a composição da floresta, a expansão da área de matos, nomeadamente em consequência do abandono agrícola e do regime de fogos, é tam-bém uma tendência preocupante uma vez que pode conduzir à perda de biodiversidade e à degradação dos serviços dos ecossistemas, e assim afectar o bem-estar humano. Em Portugal, como em outros países mediterrânicos, a ocorrência de fogos frequentes perturba a trajetória de sucessão secundária em áreas abandonadas impedindo a rege-neração da floresta. As florestas nativas, em etapas maduras, constituem ecossistemas auto-sustentáveis, que apresentam uma grande resiliência e resistência a perturbações, como o fogo, e contribuem para o fornecimento de vários serviços dos ecossistemas, como a regulação climática, a regulação do regime hídrico e da qualidade da água. Além disso, se bem geridas podem ainda ser exploradas para a produção de madeiras nobres (uma fileira de produção incipiente em Portugal). No entanto, a acumulação de biomassa durante as fases iniciais da sucessão secundária, em que áreas abandonadas transitam para sistemas de matos, comporta um aumento de risco de incêndio. A ocorrência de fogo recorrentes e/ou severos, impede a regeneração de floresta e bloqueia o ecossiste-ma nos estádios iniciais de sucessão. Os matos, tal como a floresta, constituem sistemas auto-sustentáveis, uma vez que se “auto-mantêm” ao promoverem a recorrência do fogo e a expansão das áreas de matos. Entra-se assim numa dinâmica de recorrência de fogo e de alteração da paisagem, que se torna cada vez mais difícil de reverter e controlar.

As consequências para os serviços dos ecossistemas e para a biodiversidade são gra-ves, os matos são ecossistemas relativamente pobres em termos de biodiversidade e a sua expansão pode levar a quebras no fornecimento dos serviços de regulação. É assim importante, desenvolver e aplicar estratégias de gestão da paisagem que apoiem a rege-neração da floresta nativa até que esta atinja um estado de maturidade e se torne auto-sustentável, e é também importante proteger e preservar as florestas já existentes, não só pelo seu valor de conservação e pelos serviços que fornecem, mas também porque podem ter um papel facilitador no processo de regeneração natural das novas florestas.

Desafios à regeneração da floresta nativa e opções de respostaPara além da ocorrência de perturbações, como o fogo, que impedem a regeneração natural da floresta, existem filtros ecológicos que podem impossibilitar ou afectar o po-tencial de regeneração. Nomeadamente, a inexistência de fontes de sementes ou de agentes dispersores de sementes, pode constituir uma primeira barreira à regeneração. Uma segunda barreira, é a inexistência de condições biofísicas adequadas que permitam a recolonização das áreas abandonadas, por fim, o desenvolvimento da comunidade flo-

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restal irá depender da existência de espécies chave (e.g., polinizadores) e das dinâmicas de interação entre as espécies (e.g., competição). O estado de degradação dos ecossis-temas naturais afecta a intensidade destes filtros ecológicos, e deve ser tido em conta na determinação do tipo de estratégia de restauro a seguir. Quando os ecossistemas se encontram pouco degradados, a preferência deve ser dada à regeneração não-assistida, uma vez que gera um maior potencial de restauro da biodiversidade, e é também menos dispendiosa em termos económicos. Se existirem constrangimentos, como por exemplo ausência de fontes de sementes ou ocorrência de perturbações, deve-se optar por es-tratégias de regeneração assistida. Em ambientes mais degradados, a reflorestação com espécies nativas e o uso agroflorestal encontram-se entre as opções possíveis.

Em áreas com uma elevada probabilidade de abandono agrícola pode-se optar por es-tratégias pró-ativas, como a implementação de “ilhotas de espécies florestais nativas” em áreas de agricultura marginal. Esta estratégia tem a vantagem de potenciar o forne-cimento de serviços de ecossistemas e a biodiversidade, independentemente do uso do solo, ao mesmo tempo que garante a existência de fontes de sementes e a existência de habitat para organismos de ecologia florestal em caso de abandono, facilitando assim a regeneração da floresta nativa.

ConclusõesAs tendências atuais de abandono da agricultura e as projeções para o futuro represen-tam um dos maiores desafios de gestão dos ecossistemas em zonas de montanha, em particular em Portugal. Se por um lado, a regeneração natural da vegetação conduz a um aumento do risco de incêndio, devido ao aumento de biomassa lenhosa, por outro representa também uma oportunidade para restaurar a floresta nativa, hoje escassa e fragmentada, criando condições para a recuperação de espécies cujos efetivos sofreram um grande declínio devido às atividades humanas, e para a melhoria da condição de vários serviços dos ecossistema. Além disso tem também vantagens do ponto de vista económico, uma vez que as florestas nativas constituem sistemas auto-sustentáveis com baixos custos de gestão e que produzem serviços com importantes benefícios econó-micos. No entanto, a ausência de gestão ou opções de gestão inadequadas nas fases iniciais da sucessão ecológica podem comprometer o processo de regeneração natural da floresta. O sucesso da recuperação da floresta nativa depende da existência de estra-tégias de restauro que respondam aos desafios de cada local, seja através de um maior controlo do regime de fogo, ou pela implementação de soluções de regeneração assis-tida. É igualmente importante promover um maior reconhecimento, pela opinião pública em geral e pelos órgão decisores em particular, da importância dos serviços de regulação e dos serviços culturais para o bem-estar humano, e paralelamente criar mecanismos que recompensem a correta manutenção destes serviços e os incorporem nas opções de gestão da paisagem.

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Sistema de Defesa da Floresta ContraIncêndios nas Áreas Protegidas

Ricardo Espírito Santo

Departamento de Gestão de Áreas Classificadas- Zonas Húmidas,

Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade

SinopseO Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, I.P. (ICNB) desenvolve para a Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP)* um conjunto de estratégias de acção, objec-tivando a promoção da compatibilização entre a Conservação da Natureza e o desenvolvi-mento sócio-económico, ao serviço da qualidade de vida das populações, actuais e futu-ras, e da manutenção e incremento da biodiversidade no território nacional continental.

Uma daquelas estratégias constitui-se como o Sistema de Defesa da Floresta Contra In-cêndios (SDFCI), abrangendo o território das 37 áreas que constituem a RNAP. A sua implementação pretende evitar ou atenuar os efeitos dos incêndios florestais, entendidos enquanto um dos factores responsáveis pela alteração brusca e negativa dos valores eco-lógicos e económicos e da paisagem.

O Objectivo Geral de acção adoptado para o SDFCI, centra-se na Diminuição da Área Ardida, em particular nos territórios que possuem, no âmbito dos Planos de Ordenamento em vigor, o estatuto de Áreas Prioritárias para a Conservação da Natureza (APCN).

Os objectivos estratégicos que enformam este Objectivo Geral são os seguintes:

1. Redução das Ignições, procurando diminuir o número de incêndios de origem humana, actuando preventivamente sobre as causas de deflagração de incên-dios;

2. Redução dos Impactos, procurando diminuir a vulnerabilidade das áreas crí-ticas – APCN - ao fogo, através de medidas de ordenamento do território e gestão florestal e criando condições e mecanismos de alerta e resposta rápida e eficiente;

3. Monitorização e Recuperação de Áreas Ardidas, através do estabelecimento de metodologias de monitorização e da implementação de medidas e acções de contenção de solos e recuperação das comunidades vegetais autóctones.

Desde 1992, o ICNB procede à compilação e análise contínua e anual da informação re-colhida no terreno, permitindo deste modo acompanhar a evolução do fenómeno e criar bases para a definição de acções de gestão, educação, prevenção, vigilância, detecção e primeira intervenção em incêndios florestais, num processo em permanente construção com as populações e instituições locais e nacionais.

* A RNAP ocupa actualmente cerca de 698 631 ha terrestres, distribuídos por: 1 Parque Nacional, 13 Parques

Naturais, 9 Reserva Naturais, 2 Paisagens Protegidas, 8 Sítios Classificados e 4 Monumentos Naturais.

Plano de reintrodução do corço (Capreolus capreolus)na Serra de Montemuro

Carlos Fonseca e Rita Tinoco Torres

Departamento de Biologia e CESAM, Universidade de Aveiro, 3810-193 Aveiro;

E-mail: [email protected]

E-mail: [email protected]

A reintrodução de espécies animais é cada vez mais utilizada como uma ferramenta de gestão e conservação de vida selvagem, como demonstra o crescente número de pro-gramas envolvendo esta metodologia. Esta consiste em restaurar ou reforçar, em habitats adequados, populações extintas ou cujo efectivo populacional se encontra bastante re-duzido.

Uma reintrodução bem sucedida implica, entre outros factores, um conhecimento prévio dos aspectos ecológicos da espécie, tais como a reprodução, a dieta e as necessidades ambientais da mesma (IUCN 1998), que deverá ser obtido através de trabalhos de campo detalhados no habitat natural da espécie.

Ainda assim, há que ter a noção que qualquer processo de reintrodução de espécies animais é difícil, caro e requer um compromisso dos vários agentes envolvidos a médio-longo prazo.

Para a implementação de um processo de reintrodução é importante ter presente as directrizes da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Natu-rais (IUCN Guidelines for Reintroduction). Estas, embora não constituindo uma obrigação legal, constituem um conjunto de critérios-padrão para projectos de reintrodução, e são globalmente aceites como uma valiosa ferramenta, não apenas para aumentar a taxa de sucesso dos projectos, mas também para prevenir reintroduções inapropriadas e os seus potenciais efeitos. O objectivo destas directrizes é maximizar os benefícios da gestão e/ou conservação de tais projectos e minimizar os efeitos secundários adversos, sendo o seu valor prático amplamente reconhecido. Estas directrizes enfatizam, por exemplo, que antes de um processo de reintrodução, devem ser considerados e conhecidos os factores que levaram à extinção local da espécie a ser reintroduzida, e que antes da reintrodução, tais factores devem ser removidos ou minimizados de forma a melhorar as possibilidades de sucesso destes programas.

Segundo estas directrizes, a definição de dois termos é fundamental:

Reintrodução (reintroduction): tentativa de restabelecer uma espécie numa área que já fez parte da sua distribuição histórica, mas da qual a espécie foi extirpada ou extinta por razões naturais ou antrópicas, a partir de uma população fonte, que pode ser sel-vagem ou proveniente de criação em cativeiro.

Repovoamento (re-stocking): adição de indivíduos de uma determinada espécie a uma população já existente dessa mesma espécie, com o objectivo de aumentar o seu efectivo populacional.

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De uma forma geral, o programa básico de qualquer projecto de reintrodução deve con-sistir nas seguintes três fases:

1. fase do estudo de viabilidade (fase pré-reintrodução);2. fase de preparação e libertação (fase de reintrodução); 3. fase de monitorização (fase pós-reintrodução).

De uma forma detalhada estas fases devem contemplar o seguinte conjunto de etapas:

1. Fase do estudo de viabilidade:a. Definição dos objectivos da reintroduçãob. Caracterização da espécie

Biologia e ecologia da espécie; evolução histórica; estatuto actual da população; origem dos animais a reintroduzir; variabilidade genética; dinâmica da popula-ção; estado patológico e sanitário dos animais a reintroduzir; ameaças e factores limitantes para a espécie e selecção de habitats.

c. Selecção dos locais de reintroduçãoDescrição da área de intervenção; avaliação do local de reintrodução (disponi-bilidade de habitat, alimentação, condicionantes de ordenamento do território - ordenamento cinegético, conservação da Natureza -, ameaças de origem an-trópica e identificação dos locais para construção dos cercados de adaptação).

2. Fase de preparação e libertação:d. Disponibilidade de populações adequadas para reintrodução.e. Selecção do método de reintrodução.

3. Fase de monitorização.f. Monitorização dos animais reintroduzidos.g. Realização de censos.h. Elaboração de um Plano de Gestão a médio-longo prazo.

O sucesso da reintrodução de uma população animal, passa pelo conhecimento dos seus requisitos ecológicos e deve-se assegurar que estes estejam disponíveis no local para onde esta acção está planeada. Tal conhecimento deverá ser detalhado e englobar a dinâmica ecológica da área de reintrodução. Há uma série de parâmetros que devem ser estudados e analisados previamente à reintrodução, tais como a idade propícia dos animais a reintroduzir, a proporção entre sexos mais equilibrada, o período do ano mais ajustado à reintrodução, as técnicas específicas de captura e o modo de transporte para o local de reintrodução, bem como as doenças e parasitas que poderão afectar a espécie, e consequentement e o processo de reintrodução. A monitorização a médio-longo prazo dos animais libertados deve ser parte integrante de qualquer programa de reintrodução. Sempre que possível, a investigação deverá ser feita a médio-longo prazo para determi-nar a capacidade de adaptação, o sucesso reprodutivo e dispersão dos animais reintro-duzidos, a necessidade de novas libertações e também para identificar as causas de su-cesso ou fracasso do programa. O impacto dos animais sobre o habitat deve também ser monitorizado e, se necessário, melhorar as condições inicialmente definidas e tomadas.

É importante referir que, numa altura em que a agricultura, a silvicultura comercial e os aglomerados humanos ocupam cerca de 95% do ambiente terrestre (Western & Pearl

1989), a consequente perda de biodiversidade é um dos grandes problemas que a huma-nidade enfrenta (Pimentel et al. 1992). Contudo, mesmo neste cenário, algumas espécies desafiam esta tendência geral e têm aumentado o seu efectivo populacional e área de distribuição. O sucesso ecológico destas espécies está relacionado com a sua adaptabi-lidade a diferentes condições ecológicas, o que é reflectido na sua amplitude de distribui-ção. Um bom exemplo de sucesso de adaptação e expansão de espécies que habitam a zona dominada pelo Homem, nas zonas temperadas da Eurásia, é o corço (Capreolus capreolus). Esta espécie ocorre na maioria dos habitats naturais, semi-naturais, e habitats moderadamente artificiais disponíveis na sua área de distribuição. Ocorre em quase todos os países Europeus, desde as florestas Mediterrânicas, mais quentes e secas, no sul da sua distribuição, até às frias florestas boreais no norte da sua distribuição. Em Portugal, o corço apresenta um estatuto de conservação Pouco Preocupante (Cabral et al. 2005), sendo a sua exploração cinegética permitida ao abrigo d0 Decreto-Lei n.º 202/2004 de 18 de Agosto, com a redacção que lhe é conferida pelo Decreto-Lei n.º 201/2005 de 24 de Novembro. Contudo, e apesar do seu elevado interesse e potencial económico e cinegé-tico, a sua exploração sustentada é ainda residual no nosso país, uma vez que há ainda um grande desconhecimento da situação real das populações de corço, nomeadamente das suas densidades e abundâncias e da sustentabilidade de uma exploração cinegética. Esta é uma espécie nativa de Portugal, que sofreu uma grande redução até à década de 1980, principalmente devido à degradação do seu habitat natural e à captura ilegal que, infelizmente, ainda é bastante comum. Existem dois grandes núcleos de distribuição geográfica nacional do corço, localizados a norte e a sul do rio Douro. As populações na-turais desta espécie estão confinadas ao norte deste rio, mais concretamente nas Serras da Peneda-Gerês, Amarela, da Cabreira, d’Arga, do Marão, do Alvão, de Montesinho, da Coroa e da Nogueira (Vingada et al. 2010). Estas populações são provenientes de outras do noroeste de Espanha que, por processos naturais de dispersão, colonizaram o norte de Portugal. Por outro lado, as populações de corço a sul do rio Douro, resultam de pro-cessos de reintrodução, iniciados há cerca de 20 anos, com objectivos conservacionistas e/ou cinegéticos (Vingada et al. 2010).

Contudo, nos últimos anos, o abandono generalizado das terras aráveis, o êxodo das po-pulações rurais para as grandes cidades litorais e o consequente abandono de algumas actividades tradicionais, como a agricultura, têm contribuído para uma melhoria gradual das condições necessárias à rápida fixação e expansão das populações desta espé-cie, nomeadamente em algumas zonas de montanha com baixa perturbação e elevada percentagem de coberto florestal. Por muitos considerados como uma “espécie-chave” (Mysterud & Østbye 2004), o corço desempenha um importante papel ecológico e econó-mico, quer a nível da composição e dinâmica da vegetação, quer como elemento chave na dieta das frágeis populações de lobo-ibérico. Por exemplo, esta espécie é reconhecida como importante dispersor de sementes (Schmidt et al. 2004) e como presa selvagem de superpredadores (e.g. lobo-ibérico, lobo e lince europeu: Mattioli et al. 2004). Além disso, a baixa-média densidade, o corço pode-se tornar importante na manutenção da diversi-dade florística, uma vez que consome uma variedade de espécies de plantas superior aos outros cervídeos (Braza et al. 1994). Por outro lado, esta espécie possui uma considerável importância económica como fonte de carne e de recreação para os caçadores despor-tivos, com mais de dois milhões de animais caçados anualmente na Europa Ocidental (Andersen et al. 1998).

Actualmente, o lobo-ibérico (Canis lupus signatus Cabrera, 1907) é considerado em Por-tugal uma espécie “em perigo de extinção” (SNPRCN, 1990) estando totalmente pro-tegido por lei desde 1988 (Lei 90/88, Dec.-Lei 139/90). No começo do século passado,

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Conservação da Natureza

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a população lupina ocupava quase todo Portugal continental. No entanto, e nos anos 1920-1930, sofreu uma brusca regressão na sua área de distribuição (Petrucci-Fonseca 1990). Entre as principais causas deste declínio, encontram-se a destruição do seu habi-tat (incluindo o declínio das suas presas selvagens) e a perseguição directa pelo Homem. A perseguição humana é um dos principais problemas de conservação deste vulnerável predador na Península Ibérica, devido ao elevado nível de predação do lobo sobre os efectivos pecuários. Alguns estudos realizados em Espanha e Portugal mostram uma elevada percentagem de ungulados domésticos na dieta do lobo-ibérico (Vos 2000). Con-tudo, a predação ao gado parece diminuir em áreas com maior densidade de presas sel-vagens (Meriggi & Lovari 1996; Meriggi et al. 1996), com o lobo seleccionando, em geral, a presa selvagem mais disponível (Meriggi et al. 1996; Mattioli et al. 2004). Vários estudos têm demonstrado a importância do fomento das presas selvagens do lobo, como o corço, com vista a uma maior oferta de alimento a este predador, de forma a reduzir o seu impac-to sobre a pecuária, minimizando assim, os conflitos com o Homem. Encontrar métodos eficazes para diminuir os danos causados sobre a pecuária parece ser vital para melhorar a tolerância das populações humanas locais ao lobo-ibérico e consequentemente, a sua conservação. Assim, torna-se crucial o aumento das populações de corço, com vista a uma maior oferta de alimento.

A população lupina tem vindo a regredir de Sul para Norte e de Oeste para Este (Petrucci-Fonseca 1990). Essa regressão é evidente a sul do rio Douro, o que torna a si-tuação do lobo muito delicada nesta região.

A Serra de Montemuro, que foi integrada na Lista Nacional de Sítios da Rede Natura 2000 (Resolução do Conselho de Ministros nº 142/97, de 28 de Agosto), em conjunto com as serras da Freita e Arada, constituem importantes áreas para a conservação da subpopu-lação de lobo-ibérico que ocorre a sul do Douro, cuja situação é muito precária devido ao seu isolamento e elevado nível de fragmentação. Estas serras albergam entre 30 a 50% do reduzido efectivo populacional que ocorre a sul do rio Douro (Pimenta et al. 2005). De acordo com o Censo Nacional do Lobo 2002/03 esta sub-população não possui mais de 10 alcateias (Pimenta et al. 2005). Assim, a reintrodução de corços em áreas selecionadas da zona de distribuição do lobo-ibérico na serra de Montemuro, vai permitir que o lobo possa seleccionar as suas presas naturais e assim ver a sua população aumentada, como aconteceu na Noruega com o lince-europeu, após o aumento dramático na distribuição e densidade de corços ao longo do século XX (Andersen et al. 2004).

Assim, a reintrodução de corços na Serra de Montemuro irá melhorar a produtividade da região, fornecendo um aumento de presas naturais do lobo. Em poucas décadas, o ecossistema, que compreende a Serra de Montemuro, perdeu alguns dos seus compone-ments vitais, com consequente diminuição da diversidade e estabilidade de longo prazo. Assim, a principal razão para a reintrodução do corço na Serra de Montemuro, é incorpo-rar alguns destes componentes em falta, como forma de restabelecer a estabilidade do ecossistema.

Contudo, o aumento do efectivo populacional de corço na Serra de Montemuro, baseado num processo de reintrodução, deve ser devidamente sustentado por um projecto prévio, para que as diferentes entidades envolvidas possam avaliar correctamente os custos/benefícios e os impactos, positivos ou negativos de tal acção. Pretende-se, em última instância, contribuir para o estabelecimento de populações viáveis de corço, que possam servir de alimento ao ameaçado lobo-ibérico, e por outro lado, tentando restabelecer o funcionamento de um ecossistema onde as relações predador-presa desempenham um importante papel.

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A importância dos insectos nos ecossistemas florestais

José Manuel Grosso Silva

Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos

Os ecossistemas florestais naturais são ambientes caracterizados por uma grande com-plexidade, exibindo um conjunto de condições favoráveis não apenas à presença de uma fauna de Insectos muito diversificada como à existência de importantes especializações ecológicas nas espécies presentes. Entre os aspectos que contribuem para a complexi-dade dos ambientes florestais e que originam um aumento da diversidade de Insectos incluem-se a diversidade de espécies florísticas presentes, que é maximizada pelo de-senvolvimento dos três estratos de vegetação (arbóreo, arbustivo e herbáceo), a presença de múltiplas classes de idade, que por sua vez introduz uma importante heterogeneidade ao nível das dimensões das plantas (principalmente no caso do estrato arbóreo) e cria di-versidade em termos de micro-habitats, e a convivência natural da componente viva com uma outra composta por tecidos vegetais mortos (particularmente madeira), que multipli-ca ainda mais a variedade de micro-habitats. A madeira morta tem particular importância porque lhe está associada uma fauna própria, a fauna saproxílica, que é composta pelas espécies que se alimentam da própria madeira morta (saproxilófagas) ou necessitam de condições criadas por esta, assim como os seus predadores e parasitas.

A fauna de Insectos dos ambientes florestais naturais é, pelas razões referidas, muito di-versa tanto taxonómica como funcionalmente. De facto, num ecossistema florestal podem estar representadas todas as Ordens e um elevado número de espécies, que mesmo em áreas relativamente pouco extensas é da ordem das centenas. No entanto, deve referir-se que apenas nove das Ordens (todas elas presentes em Portugal continental) se classifi-cam como �florestais�, pelo facto de se alimentarem das árvores ou serem predadoras e parasitas das que o fazem. Incluem-se ainda as que se alimentam de fungos florestais.

Em termos funcionais, a associação da diversidade florística e da variedade de micro-ha-bitats leva a que o ambiente florestal seja extremamente complexo do ponto de vista trófi-co, com a presença de todos os regimes alimentares (herbívoros, fungívoros, predadores, parasitas e parasitóides, a que se associa uma diversificação notável dos decomposito-res, altamente especializados e distintos dos de outros ambientes). Consequentemente, nestes ambientes desenvolve-se uma intrincada teia alimentar, na qual é de sublinhar que os Insectos se inter-relacionam não apenas com as plantas como com os restantes grupos zoológicos, desempenhando, por exemplo, um papel fundamental na dieta das aranhas e de muitas espécies pertencentes a todos os grupos de vertebrados.

Relativamente às espécies que se alimentam directamente das árvores, as partes consu-midas são tanto as vegetativas (raízes, troncos, ramos, folhas, gomos) como as reprodu-tivas (flores, frutos e sementes). Os Insectos têm por isso um papel central no controlo do desenvolvimento das árvores, condicionando aspectos como o crescimento e a reprodu-ção. Adicionalmente, as espécies decompositoras, ao consumirem as partes mortas, têm um papel fundamental no retorno de nutrientes ao solo.

Contudo, os serviços ecológicos realizados pelos Insectos nos ambientes florestais não se limitam às relações tróficas estabelecidas com as árvores e com os outros animais, manifestando-se, por exemplo, ao nível da polinização, provavelmente o serviço ecológi-

co mais amplamente reconhecido, assim como na decomposição de detritos de origem animal (dejectos, cadáveres, detritos em ninhos e tocas), aspecto em que actuam muito mais rapidamente do que os fungos e os microorganismos.

Em Portugal continental existem várias áreas florestais (ou que o foram no passado) rela-tivamente estudadas, sendo os melhores exemplos as Matas de Leiria e do Buçaco, que foram alvo de muita prospecção e para as quais existem catálogos de diversas Ordens de Insectos que totalizam várias centenas de espécies. Embora em menor grau, existe também informação para matas como as do Urso, das Virtudes, de Lavos, de Mira, de S. Jacinto, do Choupal, do Fundão, do Valado e dos Medos. De referir que por vezes já não é clara a área que ocupavam as matas, em virtude das alterações que se processaram no território. Finalmente, merece destaque o conhecimento sobre a fauna entomológica de diversas serras que incluem ou incluíram no passado manchas florestais importantes, algumas das quais são actualmente classificadas como Áreas Protegidas, como é o caso das serras da Estrela, Gerês e Montesinho.

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Serra de Montemuro - Rede Natura 2000 e valor conservacionista

Flora e vegetação

Tiago Monteiro-Henriques

Centro de Botânica Aplicada à Agricultura, Universidade Técnica de Lisboa

Apresentam-se algumas novidades no que respeita à vegetação serial da Serra de Mon-temuro e áreas envolventes, resultantes de levantamentos realizados nos últimos seis anos. Foram inventariados 41 tipos diferentes de vegetação (sintáxones) na região, 12 dos quais inéditos. Dos 41 tipos, 17 correspondem a bosques climácicos, cinco destes inéditos. Dos trabalhos realizados resultou um catálogo florístico preliminar com 524 es-pécies autóctones.

Foi também objecto dos referidos estudos, a produção de cartografia sobre a vegetação da área em estudo, com vista a apoiar um melhor ordenamento do território da região: é apresentado o mapa dos tipos de paisagem vegetal (geosséries), baseado em conheci-mento de campo e em mapas bioclimatológicos produzidos para o efeito. Reconheceram-se cinco tipos de paisagem vegetal para a serra de Montemuro e áreas envolventes.

A grande riqueza em comunidades vegetais arbóreas e em tipos de paisagem reflecte não só a heterogeneidade litológica da região, mas sobretudo o forte gradiente bioclimático existente, de transição entre o macrobioclima temperado a noroeste da região e o macro-bioclima mediterrânico a sudeste.

Conclui-se que a abordagem Geobotânica é uma ferramenta imprescindível na estrutu-ração e fundamentação de intervenções sobre a paisagem, particularmente em meios rurais.

Palavras-chave: Geobotânica aplicada, Ordenamento do Território, Modelação de vege-tação, Sistemas de Informação Geográfica e Bioclimatologia.

SERRA DE MONTEMURO

REDE NATURA 2000 EVALOR CONSERVACIONISTA

FAUNA

Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade

A mais desconhecida das serras portuguesas, como foi catalogada por Amorim Girão no início do século XX, é a oitava elevação do continente, sendo a terceira a sul do Douro, com 1381 metros no seu ponto mais alto. O epíteto acima referido tem origem no facto de se tratar de uma zona periférica, de transição entre o norte e o centro e entre o litoral e o interior do país, cujos difíceis acessos dificultaram desde sempre a intervenção humana. Esta situação permitiu, por outro lado, a preservação do seu património natural, man-tendo áreas em bom estado de conservação que apresentam uma grande diversidade biológica, particularmente ao nível dos habitats.

O bom estado dos habitats é condição fundamental para a ocorrência de uma grande diversidade faunística, destacando-se esta serra como uma zona privilegiada para a ob-servação de espécies associadas à altitude, na região centro.

Ao nível dos invertebrados, a serra de Montemuro destaca-se pela ocorrência do lepidóp-tero Callimorpha quadripunctaria, espécie prioritária incluída no anexo B-II da Directiva Habitats.

No que diz respeito à fauna de vertebrados terrestres, todos os grupos estão bem repre-sentados, salientando-se, ao nível da herpetofauna, a Salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitanica) e o Lagarto-de-Água (Lacerta schreiberi), incluídas nos Anexos B-II e B-IV da Directiva Habitats. Ambas as espécies estão estreitamente associadas à água, habitando as orlas ripícolas dos inúmeros cursos de água que serpenteiam por esta serra.

A avifauna está muito bem representada na serra de Montemuro, com mais de 70 espé-cies referenciadas. A título de exemplo podem referir-se o Chapim-carvoeiro (Parus ater), o Chapim-real (Parus major), a Trepadeira-do-sul (Certhia brachydactyla), o Peto-verde (Picus viridis) e o Picapau-malhado (Dendrocopus major), que apresentam nesta serra as populações mais numerosas do centro do país.

Ao nível dos mamíferos, a serra de Montemuro é ainda um reduto da Toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus), espécie classificada como Vulnerável pelo Livro Vermelho dos Ver-tebrados de Portugal e incluída nos Anexos B-II e B-IV da Directiva Habitats. Os rios Bestança, Balsemão e Cabrum constituem habitat particularmente importante para a es-pécie.

Por último, não é possível falar da fauna da serra de Montemuro sem referir o Lobo-ibérico (Canis lupus signatus), que apresenta nesta região as melhores populações do território português, a sul do rio Douro.

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Conservação de morcegos arborícolas

Hugo Rebelo

Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto (CIBIO/UP)

&

Bat Ecology and Bioacoustics Laboratory School of Biological Sciences University of Bristol

Resumo:Os morcegos constituem um dos grupos faunísticos mais diversos e de maior sucesso evolutivo. Com cerca de 1200 espécies reconhecidas no mundo, constituem cerca de ¼ das espécies de mamíferos. Na Europa encontram-se cerca de 40 espécies, das quais 25 ocorrem em Portugal continental e outras duas nos arquipélagos dos Açores e Madeira. Além da elevada diversidade, os morcegos também constituem um dos grupos mais ameaçados. Em Portugal continental nove espécies têm estatuto de ameaça enquanto que para outras 10 não há dados suficientes para avaliar o estado das suas populações. Esta situação é particularmente preocupante para o grupo dos morcegos florestais onde predominam espécies com elevado grau de desconhecimento. O comportamento noc-turno dos morcegos aliado a dificuldades na detecção e identificação das espécies e res-pectivos abrigos contribuem para esta situação. Considera-se morcego florestal todas as espécies que estão dependentes de florestas (preferencialmente, bosques nativos) pelo menos numa fase da sua vida, quer para abrigo ou como área de caça. Nesta palestra é apresentado um estudo sobre uma espécie florestal, onde foi empregue um conjunto de metodologias modernas (modelação espacial e genética populacional) com intuito de num curto período de tempo conseguir recolher informação suficiente para ajudar a de-linear as primeiras medidas de conservação para a espécie. Pretende-se que o bom su-cesso deste trabalho possa servir de exemplo para outras espécies ou grupos faunísticos igualmente esquivos.

E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L

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Educação Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável

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Leve a natureza para casa, fotografe-a!

João Luis Teixeira

Parque Biológico de Gaia

O que se pretende é mostrar que a fotografia de natureza está ao alcance de todas as pessoas e de todas as máquinas, desde as mais pequenas e acessiveis compactas até ás reflex mais avançadas com objectivas de milhares de euros!

Tudo o que é preciso é saber tirar o melhor partido da nossa máquina, conhecer alguns principios básicos da fotografia, respectiva técnica e muita, muita prática.

Ano do Morcego no Parque Natural do Alvão

Albertina Rosa

DGAC-N/Parque Natural do Alvão

No âmbito do Ano do Morcego e do Ano Europeu do Voluntariado que se comemoram em 2011, o Parque Natural do Alvão promove um conjunto de iniciativas de sensibilização ambiental, que visam essencialmente contribuir para valorizar o importante papel que o morcego desempenha na estrutura e dinâmica dos ecossistemas.

Recorrendo a actividades práticas e com forte componente lúdico-pedagógica, procura-se desmistificar conceitos, contribuir para a construção de uma atitude de valorização e de respeito, que incuta nos jovens e de uma forma geral em toda a população, a vontade de agir e contribuir para a preservação das populações de morcegos.

Paralelamente às acções de sensibilização, decorrem ainda campos de voluntariado, que têm como objectivo implementar medidas práticas e concretas, que têm como objectivo criar condições para potenciar a presença dos morcegos em alguns locais do Parque Natural do Alvão.

Estas iniciativas são o resultado de parcerias estabelecidas entre o PN Alvão e algumas instituições locais, nomeadamente Governo Civil Vila Real, NEPA/UTAD e Agru-pamento de Escolas Diogo Cão.

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Educação Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável

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Programa de Educação Florestal

Andreia ÁvilaDepartamento de Formação e Educação Ambiental

Forestis - Associação Florestal de Portugal

www.forestis.pt

Introdução A floresta, os seus produtos e serviços, nas suas múltiplas valências - económica, social, ambiental, recreativa e cultural - têm um papel vital na riqueza e bem-estar da sociedade actual, que se tem tornado cada vez mais urbana e artificial.

Consciente desta situação a FORESTIS � Associação Florestal de Portugal acredita que o envolvimento da comunidade escolar é fundamental para o desenvolvimento e fomen-to de uma atitude cívica e de respeito pela floresta e que a aposta na educação para o desenvolvimento sustentável tem repercussões positivas na sociedade, através do efeito multiplicador que as crianças e jovens têm junto do círculo familiar.

Dada a importância que atribui à promoção e divulgação do sector florestal, a FORESTIS desenvolve acções de formação contínua e de sensibilização florestal, implementando e gerindo cursos, campanhas e acções de sensibilização periódicas e editando e produ-zindo material de formação e de sensibilização, como a Mascote da Floresta, Eurico - O Protector da Floresta. Participa actualmente em duas redes internacionais. Na UNECE/FAO Forest Communicators’ Network (FCN), rede responsável pela apresentação de uma proposta estratégica de comunicação sectorial florestal europeia e na European Forest Pedagogics Network, uma rede que procura promover as melhores práticas e uniformizar a qualidade da Educação Florestal na Europa.

No seguimento da sua estratégia de Educação e Sensibilização Ambiental a FORESTIS promove o seu Programa de Educação Florestal para a comunidade escolar, segundo uma metodologia implementada em 11 países europeus.

Programa de Educação Florestal

O Programa de Educação Florestal da FORESTIS tem como objectivo fomentar a Edu-cação Florestal, através de Acções temáticas desenvolvidas ao ar livre.

A Educação Florestal é uma das formas mais adequadas de promover a gestão florestal e o desenvolvimento sustentável, de desenvolver um conhecimento e uma compreensão dos processos naturais, de aumentar o interesse da população portuguesa pela natureza e de potenciar a atracção pelas florestas através do contacto directo com estas.

Os objectivos da Educação Florestal consistem em melhorar, ou mesmo, restabelecer uma relação entre as pessoas e a Natureza de modo a que estas adquiram um conheci-mento sobre o ecossistema florestal e que desenvolvam uma atitude cívica e de respeito por este ecossistema.

Pretende-se, assim, guiar as pessoas, especialmente os mais jovens, através da floresta utilizando todos os 2

sentidos, pois o fascínio por detrás da floresta só pode ser descoberto se mergulharmos

nela profundamente, e nada melhor do que as Acções de Educação Florestal para alcan-çar estes objectivos.

Acções de Educação Florestal

As Acções de Educação Florestal consistem na realização de actividades pedagógicas ao ar livre e constituem um complemento extracurricular aos conteúdos programáticos das unidades curriculares definidos para os ensinos pré-escolar e básico. São realizadas por Educadores Florestais da FORESTIS, profissionais certificados com conhecimentos técnico-pedagógicos, segundo a metodologia europeia PAWS-MED.

Os participantes têm a oportunidade de realizar visitas temáticas à floresta onde inte-ragem com o meio através de jogos lúdicos, sensoriais e de role-playing. As temáticas abordadas nestas visitas são diversas e focam, por exemplo, a flora e fauna portuguesas, as relações ecológicas, as funções da floresta, a importância e o valor da floresta para o Homem, as profissões e actividades florestais, os benefícios sociais, económicos e ambientais que uma floresta oferece e abordam-se conceitos importantes, como a sus-tentabilidade, protecção e gestão visando-se a participação activa, individual e colectiva, dos participantes.

Os grupos-alvo destas acções são a comunidade escolar desde o ensino pré-escolar ao ensino básico e, igualmente, adultos de todas as idades interessados em estabelecer, ou mesmo, melhorar o contacto directo com a natureza.

Cursos Práticos de Educação Florestal

A FORESTIS realiza Cursos Práticos de Educação Florestal com o objectivo de dotar os técnicos florestais com as ferramentas pedagógicas necessárias à realização das Acções de Educação Florestal.

Os destinatários são técnicos florestais e técnicos de outras áreas, contudo estes últimos precisam de frequentar um curso inicial de silvicultura.

No 1º Curso Prático de Educação Florestal intitulado “Trabalho Pedagógico na Floresta” certificaram-se 9 técnicos florestais liberais que posteriormente integraram a Bolsa de Formadores de Educação Florestal da FORESTIS. As Acções de Educação Florestal re-alizadas no âmbito deste curso abrangeram aproximadamente 200 crianças com idades compreendidas entre os 10 e os 12 anos pertencentes a escolas do Grande Porto, Aveiro e Vila Real.

Como aderir?

As Acções de Educação Florestal podem ser solicitadas por qualquer escola ou entidade que esteja interessada em visitar e aprender mais sobre a floresta. Esta solicitação é feita através do preenchimento de um Questionário Prévio, disponível no site da FORESTIS, onde se especificam os objectivos a alcançar pelo grupo-alvo da visita. Posteriormente é elaborado e enviado um Plano de Acção à escola ou entidade, que caso aceite, será con-tactada por um Educador Florestal. No final, tanto a Acção como o Educador são avalia-dos pelo requerente através de um Questionário de Avaliação enviado pela FORESTIS.

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Educação Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável

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Actividades de Educação Ambiental: O FAPAS e os Morcegos

Helena Santos

FAPAS

O FAPAS tem promovido actividades educacionais sobre os morcegos ao longo dos anos, fazendo colaborações com várias Câmaras e Autarquias e com diversas institui-ções (ICNB, LIPOR, Museu de História Natural, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto).

Durante o ano realizam-se acções nas escolas com acções de formação ou curtas apre-sentações sobre esta temática e também ateliers de construção de caixas-abrigo. Como neste ano se celebra o Ano do Morcego (iniciativa promovida pela UNEP, EUROBATS e CMS) o FAPAS tem recebido bastantes pedidos para divulgar esta temática por parte das escolas.

Anualmente o FAPAS tem promovido, de uma forma descentralizada, a comemoração da Noite Europeia dos Morcegos. Em parceria com várias entidades, o FAPAS promove um dia de actividades lúdico-pedagógicas, acções de formação, construção e colocação de caixas-abrigo para morcegos e sessões de observação e detecção de morcegos. As actividades dividem-se em diferentes estações, onde as crianças podem fazer pinturas e máscaras, jogos como a escalada, o jogo da glória ou jogos de perguntas.

O FAPAS contribui também com publicações nesta temática tais como o “Peque-no Guia dos Morcegos”, o “Guia FAPAS dos Mamíferos de Portugal e Europa”, o livro “A casa-ninho” e a brochura “A Escola Ajuda a Fauna Autóctone”.

O FAPAS também se disponibiliza para responder a quaisquer dúvidas sobre o que fazer quando se encontra um morcego dentro de casa ou ferido.

Biodiversidade e sustentabilidade

Jorge PaivaBiólogo

Centro de Ecologia Funcional. Universidade de Coimbra

[email protected]

Qualquer pessoa sabe que precisa de comer para viver e crescer e que a comida é cons-tituída por material biológico (vegetal, animal ou de outros organismos).

Também toda a gente sabe que qualquer motor para trabalhar precisa de um combustível que, através de reacções químicas exotérmicas (combustão) liberta calor (energia) sufi-ciente para que o motor funcione. Os carburantes (gasolina, gasóleo, álcool, gás, etc.) são compostos orgânicos com Carbono (C), Hidrogénio (H2) e Oxigénio (O2). O combustível que não é consumido, por não ter utilidade na produção de energia (calor), é expelido pelos tubos de escape, sendo até poluente.

Todos sabemos que o nosso corpo que tem vários “motores”. O coração é um desses “motores” que está sempre a “bater” (trabalhar) e que não pode parar. Quando pára, morre-se. Se o coração é um motor, tem de haver um combustível para que este motor funcione. Esse combustível é a comida, que não é de plástico, nem são pedras, mas sim produtos vegetais e animais. Essa comida que ingerimos é transformada no nosso organismo em energia (calor), através de reacções exotérmicas (digestão) semelhantes à referida combustão, que vai fazer com que os vários motores do nosso corpo, entre os quais o coração e os pulmões, trabalhem e nos mantenham vivos.

Na comida estão as substâncias combustíveis com Carbono (C), Hidrogénio (H2) e Oxi-génio (O2), como são os hidratos de carbono (açucares, farinhas, etc.), lípidos (gorduras, como o azeite, a manteiga, etc.) e proteínas (na carne, no peixe, nas leguminosas, como o feijão, a fava, a ervilha, etc.). Estas últimas têm mais um elemento, o Azoto (N2), que, apesar de nos ser muito útil em reduzida quantidade, é muito tóxico. Assim, tal como acontece com os veículos automóveis, da comida que ingerimos, o que não é transfor-mado em energia é expelido do nosso corpo sob a forma de fezes. Mas nós temos de ter outro escape para o azoto, que é a urina.

Assim, qualquer pessoa entende que os outros seres vivos são a nossa “gasolina” (com-bustível) e que se não os protegermos e eles desaparecerem do Globo Terrestre, também nós vamos desaparecer, por ficarmos sem carburante.

Todos os seres vivos necessitam dessas substâncias orgânicas como nutrientes (“com-bustíveis”). As plantas, porém, não precisam de comer, porque são os únicos seres vivos que são capazes de as sintetizarem (produzirem), “acumulando” no seu corpo o calor (energia) do Sol (a fonte de energia que aquece o Planeta Terra) com a ajuda de substân-cias (CO2 e H2O) existentes na atmosfera e reacções químicas endotérmicas (fotossín-tese). Como os animais não são capazes de fazer isso, têm que comer plantas (animais herbívoros) para terem produtos energéticos ou, então, comerem animais que já tenham comido plantas (animais carnívoros). Nós, espécie humana, tanto comemos plantas como animais, por isso, dizemos que somos omnívoros.

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Entre as plantas, há enormes diferenças na quantidade de biomassa que produzem e no volume de gás carbónico (CO2) que retiram da atmosfera e o de oxigénio (O2) que liber-tam, como, por exemplo entre o que produz uma pequena erva anual e uma árvore que está todo o ano ao sol. Entre as árvores, as maiores produtoras são as árvores da floresta tropical de chuva (pluvisilva), pois, por se encontrarem nas zonas equatoriais, têm o Sol não só praticamente na vertical, como tiram proveito de maior luminosidade, por os dias serem praticamente iguais durante todo ano, a luminosidade. É, por isso, que é nestas florestas que não só se encontram os maiores seres vivos terrestres (árvores com 6000 toneladas), como também são as florestas de maior biomassa vegetal. Portanto, são as florestas que podem alimentar não só os maiores herbívoros terrestres (elefantes), como a maior quantidade de outros herbívoros e uma enorme diversidade de organismos. As florestas tropicais são, pois, os ecossistemas terrestres de maior biodiversidade, são o “pulmão” do Globo por ser aí que se produz o maior volume de oxigénio (O2) e são a re-gião com maior acção “purificadora” do ar, por ser aí que as plantas absorvem o maior volume de gás carbónico (CO2).

Mas os outros seres vivos não são apenas as nossas fontes alimentares, fornecem-nos muito mais do que isso, como, por exemplo, substâncias medicinais (mais de 80% dos medicamentos são extraídos de plantas e cerca de 90% são de origem biológica), ves-tuário (praticamente tudo que vestimos é de origem animal ou vegetal), energia (lenha, petróleo, ceras, resinas, etc.), materiais de construção e mobiliário (madeiras), etc. Até grande parte da energia eléctrica que consumimos não seria possível sem a contribuição dos outros seres vivos pois, embora a energia eléctrica possa estar a ser produzida pela água de uma albufeira, esta tem de passar pelas turbinas da barragem e as turbinas pre-cisam de óleos lubrificantes. Estes óleos são extraídos do “crude” (petróleo bruto), que é de origem biológica.

Enfim, sem o Património Biológico (Biodiversidade) não comíamos, não nos vestíamos, não tínhamos medicamentos, luz eléctrica, energia, etc.

É, também, do conhecimento geral, que sem água não há vida e que o corpo dos seres vivos é maioritariamente constituído por água. Por exemplo, no meu caso, que tenho 1,72 m de altura, dos 70 kg que peso, 43 kg são de água, 12 kg de gorduras, 12 kg de prote-ínas, 2 kg de açucares e 2 kg de outras substâncias. Isto é, a maior parte do meu corpo (mais de 60%) é água.

É fácil demonstrar que sem água não há vida. Se deitarmos sementes em dois vasos com terra, mas só regarmos um deles, apenas nascerão plantas no que foi regado. Assim, nos desertos puros, onde não há água, nem chove, não há vida e nos oceanos, lagos, pânta-nos e rios, onde abunda a água, pululam seres vivos.

Também é fácil demonstrar que o corpo dos seres vivos é maioritariamente constituído por água. Todos sabem que a espécie humana é capaz de sobreviver 2-3 meses sem comer, desde que se movimente o mínimo possível para não consumir o combustível (gorduras, açucares e proteínas) que tem acumulado no corpo. Uma pessoa em greve de fome emagrece. Mas não há ninguém que faça greve de sede, pois não aguentava mais do que 2-3 dias vivo. Também, quando uma pessoa está muito doente e não pode abrir a boca, dão-lhe soro intravenoso, que é fundamentalmente água.

É por isso que, em todo o Globo Terrestre, é fundamental preservar as Zonas Húmidas, não só por conterem uma grande diversidade e quantidade de seres vivos, como também

por serem reservas de água, muito importantes para nós e para os seres vivos de que dependemos.

As florestas tropicais são, também, extremamente húmidas e das regiões do Globo de maior pluviosidade. São, pois, extremamente relevantes, não só pela sua biodiversidade, como também pelo volume de água doce que acumulam.

Qualquer pessoa sabe que precisa de comer para viver e crescer e que a comida é cons-tituída por material biológico; que a água potável é imprescindível à vida humana; que as florestas tropicais são extremamente relevantes; que não se pode viver no seio do lixo; que a actividade industrial tem de ter regras de conduta para não poluir; que a atmosfera terrestre está repleta de gases tóxicos e que a concentração de gás carbónico (CO2) tem vindo a aumentar desmesuradamente, com o consequente efeito de estufa; etc.

Praticamente toda a gente tem alguma consciência do que está a acontecer no Globo Terrestre, com o consequente risco de sobrevivência da nossa espécie, mas, a maioria das pessoas, não só não tem a educação ambiental necessária para entender o que se está a passar, como também para perceber que tem de mudar a sua maneira de estar na Terra. Enfim, há uma enorme falta de civismo, fundamentalmente por culpa dos políticos mundiais, que se preocupam essencialmente com o desenvolvimento económico.

Não podemos continuar a poluir o Globo Terrestre como temos vindo a fazer, pois po-demos atingir um estado de poluição tal que não será possível a vivência humana nesta gigantesca gaiola que é Terra.

Portanto, sem água não há vida; sem água potável não há vida humana; sem a Bio-diversidade não sobreviveremos no Globo Terrestre.

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A T E L I E R S D I D Á T I C O S

Oficina de construção de Ninhos Artificiais e Caixas-Abrigo

Fernando Silva, Sofia Tavares e Daniel Gomes

FAPAS

Rua Alexandre Herculano, 371, 4ºDto; 4000-055 Porto

www.fapas.pt; [email protected]

A inexistência de buracos nas construções urbanas, nos muros, a pressão da indústria e da agricultura tem dificultado a nidificação das aves nas zonas urbanas. Os ninhos-arti-ficiais são assim muito importantes. Atraem as aves e proporcionam locais importantes para a observação da fauna.

A madeira continua a ser o melhor material para construir ninhos. A caixa-ninho deve ter um tecto à prova de água,. A entrada deve ser feita na parte mais alta do ninho.

Existem dois tipos principais de caixas: umas, são abertas na metade superior da tábua da frente, enquanto que as outras possuem um buraco redondo como entrada.

As medidas a utilizar dependem das espécies que se pretendem ajudar. Os valores reco-mendados para algumas espécies podem ser consultados no livro “Casa Ninho”, edição FAPAS.

As caixas-ninho devem ser fixadas de modo a beneficiar da maior protecção do vento, luz forte e chuva. Geralmente os ninhos são fixados virados para uma direcção entre o norte e o sudeste. Mas esta regra só se aplica a terrenos abertos. Em florestas densas, outros factores como a inclinação do tronco podem ser mais importantes. Deve-se sempre ver de que lado a água da chuva escorre, pois é o pior lado para fixar os ninhos. O lado mais húmido numa árvore é o lado onde existem mais algas verdes ou musgos. Para dar mais protecção para a entrada do ninho, deve-se inclinar ligeiramente o ninho para a frente.

Os ninhos devem ser limpos anualmente, pois podem ficar cheios de parasitas, que são prejudiciais para as aves. Isto só se deve fazer quando as crias saírem do ninho. No entanto, deve-se sempre esperar pelo menos 3 semanas, pois há aves que fazem duas posturas de ovos na mesma estação.

A actividade nocturna dos morcegos exige-lhes repouso durante o dia num local abriga-do no qual se possam ocultar dos inúmeros predadores que facilmente os capturariam. Como não constroem os seus próprios ninhos ou refúgios, têm que aproveitar a mais pequena oportunidade que se lhes ofereça para se abrigarem.

Cerca de metade de morcegos que vivem no nosso País, abriga-se em grutas e minas durante uma grande parte do ano. Outras espécies preferem cavidades nos troncos das árvores. Outras ainda, passam o dia em fendas estreitas, em muros, pontes ou rochedos. Há também espécies que se abrigam em casas, em igrejas ou espaços apertados (entre telhas, etc.)

Existem vários factores que tem contribuído para a destruição dos seus locais de abrigo (para mais informações, consultar “Pequeno guia dos Morcegos”, edição FAPAS).

Podem-se instalar abrigos artificiais para favorecer a estabilização das populações de morcegos (“Pequeno guia dos Morcegos”, edição FAPAS).

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laboratório de perfumes

Ricardo silva

FAPAS

O que é um perfume?Um perfume é uma solução em que o soluto é uma mistura de diversas substâncias aromáticas – os elementos odoríferos (na maior parte dos casos designados de óleos essenciais) e um fixador - e o solvente, normalmente, é álcool etílico altamente refinado, a concentrações diversas (mais ou menos diluído em água), consoante o resultado pretendido.

O solvente, como o próprio nome indica, deve ser capaz de diluir o fixador e os elementos odorí-feros. além disso, deve possuir uma grande volatilidade (de forma a dispersar mais eficazmente o cheiro), ser quimicamente inerte (de forma a não reagir com outros compostos presentes no ar) e ser pouco irritante para a pele. o álcool possui todas estas características, contudo o seu cheiro intenso obriga à aplicação dum tratamento por diluição, desodorização e/ou pré-fixação num fixa-dor resinoso.

O fixador consiste numa ou mais substâncias cuja volatilidade é inferior à dos elementos odoríferos. essa propriedade permite retardar a evaporação dos constituintes aromáticos dos elementos odo-ríferos. normalmente os fixadores contribuem também para o cheiro do perfume podendo ser óleos de origem animal (secreções), produtos resinosos (exsudados naturais ou patológicos de plantas), produtos sintéticos ou os próprios óleos essenciais.

Os óleos essenciais são misturas complexas de substâncias voláteis, lipofílicas (isto é, solúveis em substâncias gordurosas), geralmente odoríferas, líquidas e sempre de origem vegetal. são pro-duzidos em grandes quantidades em espécies de angiospérmicas dicotiledóneas por células ou tecidos especializados consoante a família taxonómica. a sua função na planta não é certa em muitos casos, embora se especule sobre as suas possíveis funções ecológicas, como a atracção dos polinizadores pelo odor das flores, inibição da germinação de plantas competidoras, protecção contra predadores, ou protecção contra a perda de água e o aumento da temperatura, entre outras. é importante salientar que dependendo do órgão da planta, e de condições extrínsecas como o clima, a época do ano ou composição do solo, a composição dos óleos voláteis pode variar numa mesma planta, existindo cerca de 500 espécies químicas de origem natural. a indústria contudo, é a realidade que mais contribuiu para a diversidade de espécies químicas, produzindo entre 2000 e 3000 tipos de óleos essenciais.

Relativamente às utilizações dos perfumes, elas foram no passado e continuam hoje a ser muitas mais do que a de melhorar o odor corporal do ser humano. desmistificado o uso destas substân-cias, os perfumes são hoje usados na produção de cosméticos, sabões, sabonetes, sais de banho e outros produtos de higiene, na alteração ou neutralização de cheiros (por exemplo na indústria dos curtumes e peles e das colas e tintas, entre outras), na criação de aromas para objectos sem cheiro, bem como na indústria alimentar.

Um pouco da história do perfumeA palavra “perfume” resulta da junção de duas palavras latinas, “per” e “fumus”, que literalmente traduzidas, significam “através do fumo”. os primeiros perfumes de que há registo eram utilizados pelos egípcios, não sendo mais do que incensos, resinas e madeiras queimadas em rituais religio-sos, daí a sua designação. esses rituais eram realizados na esperança de “através do fumo”, atrair a atenção e as bênçãos dos seus deuses, sendo portanto os perfumes um elemento de enorme relevância nos túmulos e no processo de embalsamento dos mortos.

Com o passar do tempo, os mais ricos e poderosos começaram a utilizar o incenso não só para perfumar o ar, mas também para se perfumarem a si, pensando atrair assim as bênçãos divinas. para isso encharcavam as resinas e madeiras em água e óleo com os quais cobriam depois o corpo. este uso mais pessoal dos perfumes foi emulado nas termas romanas e gregas, acabando assim a exclusividade do seu uso pela classe sacerdotal.

Foi também na cultura grega, que valorizava certas flores como a rosa e o lírio, que se estabeleceu a associação entre os perfumes e estas estruturas vegetais. o macerado destas flores era adicionado a soluções de óleos de azeitona e amêndoa e raízes de lírio e anis, sendo estas usadas em tudo e todos os que rodeavam os detentores do perfume: animais de estimação, mobiliário, servos, etc.

Com o aparecimento do cristianismo e a queda do império romano, o uso dos perfumes decaiu for-temente ao ser associado a actos pagãos e profanos. contudo, a tradição do seu uso foi mantida na cultura islâmica. mais tarde, por volta do século xii, com a abertura das rotas comerciais, o perfume adquiriu um estatuto comercial elevado, um estatuto novamente prestigiante. é nesta fase, em que o perfume se torna uma importante moeda de troca entre o mundo ocidental e o oriental que um químico árabe, de nome avicenna, desenvolve o processo de destilação usando para isso, pétalas de rosa. a popularidade da “água de rosas” produzida foi grande, graças à sua fragrância suave, menos intensa que a obtida pelo simples processo de maceração e mistura com óleo.

No século xvii o perfume começa a assumir o seu papel preponderante na cultura francesa e no romantismo ocidental. é neste contexto que o perfume passa a ser usado como forma de sedução e atracção entre os seres humanos.

A partir do século xix, o desenvolvimento da indústria química introduziu inúmeros compostos sin-téticos como alternativas aos compostos de origem natural, obtidos na maior parte dos casos por processos relativamente mais morosos.

A destilação como processo de extracção de óleos essenciais

Os métodos de extracção variam consoante a localização do óleo volátil na planta e com a proposta de utilização do mesmo. os mais comuns são a destilação, a expressão/maceração, enfleurage e a extracção por solventes.

A destilação é, dos quatro, o método mais comummente utilizado e consiste num processo de va-porização e subsequente condensação dos óleos essenciais, de forma a obtê-los isolados a partir de material vegetal triturado. o esquema seguinte ilustra o processo de forma simples e intuitiva.

1. O material triturado (neste caso as flo-res de alfazema (Lavandula angustifolia) é coberto com água dentro dum balão de vidro e aquecido até à ebulição. Os primeiros vapores a serem formados correspondem à forma vaporizada dos óleos essenciais que têm uma volatilida-de superior à água.

2. Um circuito de água fria percorre o tubo destilador, arrefecendo o seu interior e provocando a condensação dos vapo-res que o percorrem. A água é introduzi-da na parte inferior do tubo, saindo pela parte superior para evitar um choque térmico que poderia resultar na quebra do destilador.

3. Os óleos essenciais, agora no estado líquido, são recolhidos num recipiente no final do tubo destilador. Nesta fase é possível observar a separação física dos óleos e da água condensados, sendo importante não deixar que a água goteje no mesmo recipiente que os óleos.

Figura 1:Esquema do destilador utilizado na actividade e descrição das várias fases do processo dedestilação dos óleos essenciais (http://www.fisicaequimica.net/laboratorio/destilacao.htm).

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Os óleos essenciais como componentes do fabrico de velas perfumadas e sais de banhoAqui ficam descritas as metodologias usadas na actividade na produção de velas perfu-madas e sais de banho. estes procedimentos representam as bases do fabrico industrial destes produtos e podem ser facilmente reproduzidos em casa, tendo ainda a vantagem de não exigirem grandes despesas.

Confecção de sais de banho1. num recipiente com tampa colocar sal grosso, não refinado, que será a base dos

nossos sais.2. adicionar ao sal algumas gotas de corante alimentar e um punhado de pétalas de

rosa, de modo a tornar os sais visualmente mais atractivos.3. adicionar por último algumas gotas de água de perfume à mistura. tapar o recipiente

e agitar fortemente até homogeneizar os componentes.4. colocar os sais num saquinho de tecido.

Confecção das velas1. cortar a glicerina em pedaços, para que o tempo necessário à sua fusão seja

menor. colocá-la de seguida numa panela, em banho maria e mexer até a glicerina derreter.

2. verter gentilmente a glicerina fundida nas placas de petri. como as placas são de plástico, é essencial esperar alguns segundos para que a glicerina não seja vertida demasiado quente, podendo deformar a caixa.

3. adicionar até 2 gotas de óleo essencial a cada placa, envolvendo-as bem na glicerina de forma a espalhá-las por toda a vela.

4. Adicionar flores de alfazema a gosto, espalhando-as uniformemente. Assim a vela terá um aspecto mais interessante no final.

5. Aguardar alguns minutos para que a glicerina solidifique.

Bibliografia e sites•Gildemeister,E.,1913.TheVolatileOilsVol.1&2.JohnWileyandSons.

•TrinhT.,BaconD.,ChungA.,TrandaiA.,1998.PersonalTreatmentCompositionsand/orCosmeticComposi-tions Containing Enduring Perfume. United States Patent, N. 5,849,310.

•http://www.thehistoryof.net/the-history-of-perfume.html

AgradecimentosEsta actividade foi adaptada duma outra designada “Fábrica de Perfumes”, idealizada pela Doutora Joana Marques do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos – Universidade do Porto (CIBIO-UP). Assim sendo, o FAPAS expressa aqui os seus mais sinceros agradecimentos pela sua disponibilização.

Líquenes de florestas como indicadores de poluição atmosférica

Sofia Alves

FAPAS

1. Introdução Os líquenes são organismos que resultam de uma relação simbiótica entre um organismo fotobionte (alga verde/cianobactéria) e um organismo fotobionte (fungo), formando um corpo vegetativo estável (talo) com uma estrutura própria. Pensa-se que existam entre 13500 e 17000 espécies de líquenes em todo o mundo.

1.1. Importância As substâncias liquénicas têm sido usadas para a obtenção de tintas, na indústria da cosmética e farmacêutica.

Do ponto de vista ecológico são importantes fontes de alimento e abrigo para outros seres vivos. São considerados colonizadores primários das rochas, contribuindo para a formação do solo e respectiva fixação. Igualmente, têm um papel relevante na captação do azoto atmosférico e enriquecimento dos solos, levando à ocorrência de uma amior biodiversidade.

Existem três tipos principais de líquenes, classificados com base na morfologia do seu talo: fruticulosos (fazem uma crosta, cuja remoção do substrato não é consiguida sem a danificação do talo), foliáceos (em forma de pequenas folhas ou escamas, relaxamente fixas ao substrarto, às vezes, por intermédio de estruturas prórias) e fruticulosos (com forma de pequenas fitas ou arbustos, de talo achato ou circular em secção).

1.2. Ecologia Os líquenes ocorrem em todo o tipo de ecossistemas, desde zonas tropicais a zonas desérticas quentes e frias. Por vezes conseguem sobreviver em habitats onde nem as plantas vasculares nem o ser humano conseguem habitar.

Com base na natureza do substracto onde se encontra o líquene, podem ser classificados como saxícolas (rochas), terrícolas (solo) ou epifitos (troncos de árvores).

1.3. BioindicaçãoNos líquenes, a absorção de gases é realizada na superficie dos seus talos. Existem tam-bém outras carcterísticas eque lhes permitem atribuir o grau de bons indicadores: são organismos perenes (existem durante todo o ano), têm grande longevidade e baixa taxa de crescimento (o que lhes permite uma maior capacidade de acumulação de contami-nantes). As diferentes espécies de líquenes têm diferentes tipos de tolerância aos demais poluentes, produzindo diferentes alterações fisiológicas e morfológicas, levando, em es-pécies mais sensíveis, ao seu desaparecimento.

A base de toda a análise da qualidade do ar assenta no facto de que a diversidade liqué-nica é depende do stress atmosférico que está a ser exercido e de que a ocorrência de determinadas espécies de líquenes numa dada zona do tronco da árvore amostrada é usada com estimadora da diversidade liquénica e por isso do stress atmosférico.

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2. ObjectivosEsta actividade teve como principais objectivos:

•Conhecerasespéciesdelíquenesmaiscomunsnostroncosdasárvores;

•Simularaaplicaçãodeumindícedepurezaatmosférica.

3. Metodologia:Após uma breve apresentação sobre a diversidade liquénica, os participantes tiveram a oportunidade de identificar algumas espécies num parque recreativo, com recurso a guias de identificação, lupa binocular e testes de identificação. No final, procedeu-se ao cálculo de um indice de pureza atmosférica simplificado.

4. Resultados:As árvores amostradas eram Bétulas (género Betulaceae) e a qualidade do ar foi conside-rada média-alta. Contudo, este resultado não é fidedigno, devendo, numa situação real, seguir-se todos os procedimentos aconselhados para uma avaliação correcta do estado da pureza do ar do local.

5. Referências aconselhadas:European guidelines for mapping lichen diversity as an indicator of Environmental

http://www.thebls.org.uk/content/documents/eumap.pdf

Italic: The Information System on Italian Lichens

http://dbiodbs.univ.trieste.it/italic/italic02a

Lichen gallery

http://www.stridvall.se/lichens/gallery/

Lorente, V. C. & Sánches, M.J.S., (2001), Guía de Líquenes Epífitos en las parcelas del sistema pan-europeu

para el seguimiento intensivo y continuo de los sistemas forestales (red CE de nivel II) em España, Miniesterio de

Medio Ambiente, Parques Nacionales.

Purvis, O.W., (2000), Lichens, Smithsonian Institution Press, Washington, D.C., in association with the Natural

Museum, London.

Sérgio, C., Carvalho, P. & Garcia, C., (2009), Guia de Campo dos Briófitos e Líquenes das Florestas Portugue-

sas, Jardim Botânico. Museu de História Natural Universidade de Lisboa.

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA

Floresta Portuguesa – Um olhar mais atento

Coordenação Científica: Rosa PinhoTextos: Lísia Lopes e Rosa Pinho

Fotografia: Lísia Lopes

Herbário do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro ([email protected], [email protected])

Em 2011, sob a égide da Unesco celebra-se o Ano Internacional das Florestas. Com o tema “Floresta para todos”, esta é uma celebração que pretende “mobilizar a comunida-de mundial no sentido de assegurar que as florestas sejam geridas de modo sustentável para as gerações actuais e vindouras”.

Segundo dados do PNUMA– Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, as florestas representam 31% da cobertura terrestre do planeta, servindo de abrigo para 300 milhões de pessoas de todo o mundo e, ainda, garantindo, de forma directa, a sobrevi-vência de 1,6 biliões de seres humanos e 80% da biodiversidade terrestre.

A floresta actual resulta de um longo processo evolutivo de milhões de anos, marcado por alterações climáticas, pela evolução genética e pela acção modeladora/destruidora do Homem. Este, desde que apareceu há cerca de 1 milhão de anos, foi o principal agente das grandes transformações em extensão e composição que sofreram os espaços flo-restais primitivos.

Desde a Laurissilva, floresta do Terciário que ocupava toda a área da bacia do Mediterrâ-neo, Sul da Europa e Norte de África e que quase desapareceu com a última glaciação, à floresta dos nossos dias, houve sempre uma ligação muito estreita, entre a História dos Homens e a História das Florestas.

Em Portugal, a evolução da floresta tem seguido nos últimos milhares de anos um padrão comum em todo o Mediterrâneo, com a destruição da floresta pristina por fogos frequen-tes destinados a favorecer o pastoreio, com a utilização dos melhores solos para a cultura de cereais, e com o uso do material lenhoso para combustível e para a construção.

O desenvolvimento de uma floresta natural é um processo lento, sendo necessário muito tempo para que se estabeleçam os equilíbrios fundamentais entre as diferentes espécies e o meio físico envolvente. O acelerado ritmo das actividades humanas e as agressões frequentes aos espaços florestais não é compatível com a lenta capacidade de resposta dos ecossistemas florestais.

O importante património natural que a floresta integra, tem sofrido constantes pressões e ameaças que conduzem à sua progressiva degradação e destruição.

É urgente alertar e sensibilizar para a necessidade de proteger e salvaguardar o nosso valioso, mas infelizmente vulnerável património florestal.

A exposição fotográfica Floresta Portuguesa – um olhar mais atento, possui imagens de grande qualidade onde podemos contemplar vários tipos de floresta existente no nos-so território que embora pequeno é extremamente rico em biodiversidade.

O objectivo desta exposição é despertar no observador um olhar mais atento, para a beleza e importância que a floresta encerra e alertar para os perigos constantes de que é alvo.

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Lista de Participantes

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L I S T A D E P A R T I C I P A N T E S

Participantes

Aida Maria dos Santos SilvaAgrupamento de Escolas De Mira

Alexandra Margarida Morais CasaNova

Alexandra Maria Martins Pereira

Alexandra Vitória de Oliveira PazAGA – Associação Geoparque Arouca

Amélia Maria da Silva SalesAgrupamento de escolas de S. Bernardo

Amélia Pereira Loureiro DiasEscola E.B. Grão Vasco

Ana Beatriz Gomes TeixeiraAgrupamento de Escolas de Castro Daire

Ana Catarina Nunes Torres

Ana Cláudia GomesEscola Superior de Desporto de Rio Maior

Ana Cristina MarquesEscola E.B.2.3 Domingues Capela

Ana Filipa Moreira Couto CamposFEUP

Ana Isabel Miranda Moreira

Ana Isabel Rebelo SimõesEscola E.B. 1 Aristides Sousa Mendes

Ana Júlia Almeida Miranda

Ana Luísa Coimbra Dias FernandesFCUP

Ana Luísa de Matos PintoEscola Básica de S. Miguel - Guarda

Ana Luísa LerenoEscola Secundária Carolina Michaelis

Ana Mafalda Sousa Ferreira

Ana Margarida Amaro Coutinho AfonsoAgrupamento de Escoklas do Sátão

Ana Margarida AugustoBiota, Lda

Ana Maria Carneiro MarquesEscola Secundária Daniel Faria

Ana Maria Cordeiro Mesquita

Ana Maria Correia de AlmeidaE.B. 2,3 Sophia de Mello Breyner

Ana Paula Lopes RamosAgrupamento de escolas de S. Bernardo

Ana Paula Martins da Silva LinoAgrupamento Escolas de S. Pedro da Cova

Ana Rita CarreiraEscola Superior de Desporto de Rio Maior

Ana Silva Pereira EscudeiroEscola Secundária da Moita

Ana Sofia Pedro TibérioEscola Secundária António Gedeão

André de Morais Sarmento DuarteFCUP

André Neves CarvalhoFCUP

Andrea do Carmo Carvalho RibeiroWorldvector

Ângela Patrícía Silva Correia

Ângela Vanessa Gonçalves SoaresCâmara Municipal de Arouca

António Alberto Fernandes MeirelesFEUP

António Augusto EstevesAgrupamento de Escolas Florbela Espanca- Esmoriz

António Joaquim Madureira CorreiaAssociação Florestal do Lima

Arminda Maria Henriques Pereira SantosAgrupamento de Escolas de Canelas

Arminda Marques

Artur Carlos Miranda OliveiraICNB – Parque Natural do Alvão

Beatriz da Costa Pereira Gonçalves

Belchior Monteiro Oliveira DuarteEscola E.B.2.3 Domingues Capela

Bruno Miguel Oliveira GarcêsFCUP

Cândida Cristina Tavares VitorianoEmpresa Limonium

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XII Jornadas sobre Conservação da Natureza e Educação Ambiental

54

Lista de Participantes

55

Carla CabralEscola E.B. 2+3 Gomes Teixeira - Armamar

Carla Fernanda Capela Rebelo PinheiroAZORICA

Carla Maria Pires FerreiraEscola Secundária da Sé - Guarda

Carla Sofia da Silva Basílio

Carlos Alberto Fernandes de Almeida PereiraInstituto de Bioética UCP

Carlos Daniel Pereira dos Santos

Carlos Fernando Mendes Sequeira

Carlos Manuel Vicente MartinsEscola Secundária de Santo André - Barreiro

Carmen Maria Abreu Miranda PintoEscola E.B. 2,3 Paranhos

Carolina MariaresFCUP

Catarina Alexandra dos Santos Albuquerque CruzCâmara Municipal de Viseu

Catarina Cabral R. de Melo Araújo

Catarina Penim LoureiroFCUP

Clarisse Maria Duarte Lourenço BotoIberian Salads Agricultura, SA

Cláudia Angélica de Sousa Teixeira

Cristina Isabel Garcia RojãoAgrupamento Escolas Almeida

Cristina Rosa Martins PissarraEscola Secundária António Gedeão

Daniel da Costa Lopes

Daniela Maria Teixeira da RochaAGA – Associação Geoparque Arouca

Diana Isabel dos Santos AlmeidaCâmara Municipal de Viseu

Diana Vanessa Batista SilveiroESDRM

Eduardo de Araújo Dias BrandãoEscola E.B. 2,3 de Alvarelhos

Elisabete Costa FonteAgrupamento de Escolas de Castro Daire

Elsa Cristina Ferreira Correia Pereira

Ema Maria Seabra Pereira Costa Escola E.B. nº2 de Castro Daire

Erika Roldão Lemos de AlmeidaJardim Botánico- MNHN- Lisboa

Ester Adelaide Carlão Salgado Dias Brandão Escola E.B. 2,3 de S. Romão do Coronado

Eugénia Maria Natário CorreiaE.B. 2,3 Sophia de Mello Breyner

Fábio Jorge Monteiro LinoFCUP

Fátima Neves

Fernanda Maria Rodrigues ViegasAEAN

Fernanda Paula da SilvaEscola E.B. 2 de MiraFilipa NetoICNB

Francisco Azevedo

Francisco Moreira de AzevedoUCP

Gilda Chiote Pinto Fernandes Guerra

Graça Maria Pinto de OliveiraEscola E.B. 2,3 de Castro Daire

Guorun Stritzke

Helena Amélia Ribeiro de Matos Pernadas da Silva PintoICNB

Helena Maria Duarte da Fonseca AlvesEscola Secundária de Arganil

Helena P. Santos Barros de Oliveira

Hugo Renato Vilaça GomesGNR

Irene Fernanda Nogueira LimaEscola E. B. 2,3 Cego do Maio

Isabel Maria Jesus Monteiro OliveiraEscola E.B. 2,3 Paranhos

Isabel Maria Pereira DomingosAEAN

Isabel Marina Almeida LaranjeiraEscola Secundária António Gedeão

Isabel Mota

Joana CastroFCUP

Joana de Melo Gaspar CostaFCUP

Joana Torres Lopes

João Pereira Pissarra

Joel Filipe Moreira RibeiroFCUP

Jorge Filipe Gonçalves CasaNova

Jorge Manuel Pecante BarrosE.S.D.R.M.

Jorge Miguel Nunes

José Eduardo Guedes Gomes Saavedra

Lara Marina Barros AlvarEscola E.B. José Saramago

Lígia Maria da Costa SilvaEscola E.B. Grão Vasco

Lisia LopesUniversidade de Aveiro

Luana Isabel Ferreira da Silva Costa Ramos

Lucelinda Cristina Alves Machado

Luís Carlos de Almeida Escola Secundária de Vouzela

Mafalda Sofia Bastos PintoFCUP

Márcia Catarina M. Almeida

Márcia Cruz Nunes

Margarida Jesus Ribeiro Oliveira

Maria Alexandra Tavares Cunha GonçalvesEscola E.B. Nº2 de Vilarinho do Bairro

Maria Celeste Tato AlmeidaEscola E.B.23. Domingues Capela

Maria Conceição S. FinisterraEscola António Correia Oliveira

Maria da Conceição Ferreira dos Santos ValenteEscola E.B. 2,3 de Sobrado

Maria da Conceição Gaspar MarquesEscola Secundária António Gedeão

Maria da Luz Raposo Távora

Maria da Soledade Gomes RibeiroAgrupamento de Escolas De Castro Daire

Maria Dalila Alves de Oliveira ReisEscolaE.2.3. Domingues Capela

Maria de Fátima Borges CorreiaAgru. Esc. de Cinfães

Maria de Fátima Fernandes SimõesAgrupamento de Escolas Do Marão

Maria de Fátima Laje RibeiroEscola Secundária António Gedeão

Maria de Lurdes Caseiro FerreiraAgrupamento de Esc.olas de V. N. de Paiva

Maria do Céu S. Martins Escola E.B. Grão Vasco

Maria dos Anjos Duro PereiraICNB – Parque Natural do Alvão

Maria dos Anjos Viana

Maria Dulce da Silva Marques Agrupamento de Escolas de Cinfães

Maria Eugénia Bento da CostaEscola Secundária da Sé - Guarda

Maria Helena Monteiro LopesEscola E. B. 2,3 Cego do Maio

Maria Helena Padrão Matos EstevesAgrupamento de Escolas Florbela Espanca- Esmoriz

Maria Helena Santos CristinaEscola E.B. José Saramago- Poceirão

Maria Ivone de Sousa Moreira Saraiva

Maria João

Maria João Ribeiro de Oliveira RochaParticular

Maria João Ribeiro Oliveira Rocha

Maria Jorge Rodrigues BrancoEscola Secundária Daniel Faria- Baltar

Maria José Martins da CruzEscola E.B. 2,3 Sophia de Mello Breyner

Maria José Rezende Teixeira

Maria José Silva Lino TavaresEscola E.B. 2,3 de Canedo

Maria Leonor Pinheiro de Santana Silva MartinsEscola Secundária de Santo André - Barreiro

Maria Lucinda Amaral de AlmeidaEsccola Secundária António Gedeão

Maria Lucinda de Sousa RamosEscola E.B. 2,3 de S. Romão do Coronado

Maria Luísa Gomes Barros Sousa

Maria Manuela

Maria Manuela C. PeixotoICNB

Maria Manuela Mourão Correia de SáEscola Sec.undária C/3 CEB José Macedo Fragateiro- Ovar

Maria Manuela Torres Magalhães Vieira de AraújoAEAN

Maria Teresa dos Anjos Moutinho CasaisEscola E.B. e Secundária de Canelas

Mariana Vieira Pereira

Marília do Céu Alves dos SantosAgrupamento de Escolas de Castro Daire

Mónica Sofia Macário Padrão FerreiraEscola E.B. 2,3 Dr. Vieira de Carvalho Moreira da Maia

Mónica Sofia Pinto MotaFCUP

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Nárciso do Nascimento LopesEscola Secundária António Gedeão

Natália Cristina Bruno Pereira

Natália Maria Gabriel SilvaICNB – Parque Natural do Alvão

Neide Carina Margarido

Nuno Miguel Guerra Correia da Costa

Paula Alexandra Pinto RoloAgrupamento de Escolas de Castro Daire

Paula Alexandra Soares Pereira

Paula Cristina Silva LimaEscola Secundária Alcaides de Faria

Paula Maria Gil L.R.S. CarameloEscola E.B. Grão Vasco

Paulo Jorge da Silva Ribeiro

Paulo Manuel Ribeiro da Rocha MonteiroQuercus

Pedro Filipe Pires MandimFCUP

Pedro Miguel da Rocha Rodrigues

Plautilia Loureira

Rafael José Caldeira CarvalhoEscola E.B. Gomes Teixeira

Raquel Liliana da Cruz Perdigão Águas do Douro e Paiva

Rita Correia Pinto FernandesEscola E.2.3. Domingues Capela

Rosa de Jesus da C. LadeiraEscola E.B. Grão Vasco

Rosa de Jesus da Fonseca MarquesEscola Secundária da Sé - Guarda

Rosa PinhoUniversidade de Aveiro

Ruben Oliveira FreitasCorpo Nacional de Escutas- escutismo Católico Português

Ruben Paulo da Rosa GoulartAZORICA

Rui Carlos Mariano RegoEscola E.B. José Saramago- Poceirão

Sandra Cristina Gonçalves NunesAssociação Florestal do Lima

Sara Joy Hawkins

Sérgio André Francisco GomesAgrupento de Escolas de Castro Daire

Sérgio Nuno Carvalho da SilvaEscola Secundária de Vila Verde

Sérgio RibeiroFCUP

Sílvia Cristina V. PalmaEscola Secundária António Gedeão

Simão Pedro Branco da Silva Neves

Sofia Alexandra Maçarôco Martírio Quaresma MarquesAgrupamento de Escolas de Castro Daire

Sónia Maria dos Santos Rodrigues

Sónia Marisa Lopes FerreiraEscola Secundária D. Dinis- Santo Tirso

Stéphanie FerreiraFCUP

Susana Margarida da Silva Carreta

Susana Maria Guedes Rodrigues

Tatiana Carina Moreira PinhalUniversidade de Aveiro

Teresa PimentaICNB

Tereza Jacinta Vasconcelos de AlmeidaJardim Botánico- FCUL

Verónica Alexandra SilvaEscola António Correia Oliveira

Virginia Marisa Abrantes Amaral

Vítor Leonel R. M. EsculcasEscola Secundária de Sernancelhe

Vitor Manuel Antunes de OliveiraEscola Sec.undária de Santo André - Barreiro

Vitória Mascarenhas