acÚstica industrial e saÚde do...

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UNAR (ISSN 1982-4920), Araras, SP, v.2, n.2, p.1-12, 2008. ACÚSTICA INDUSTRIAL E SAÚDE DO TRABALHADOR: propostas de melhorias Renata FACCIN * Cláudia Giglio de Oliveira GONÇALVES ** Rodolfo Andrade de Gouveia VILELA *** Tatiani de Moraes BOLOGNESI **** RESUMO Atualmente, preocupações voltadas às soluções de problemas relacionados ao conforto ambiental de edifícios industriais têm sido cada vez mais crescentes no Brasil. Nesse sentido, as normas nacionais, tanto com relação à saúde do trabalhador, quanto ao ambiente construído, subsidiam e impulsionam pesquisadores e profissionais a buscarem aperfeiçoamento e adequação dessas questões. O ruído é, entre os diversos riscos no ambiente industrial, um dos que mais prejudicam a saúde do trabalhador, e o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA - estabelecido pela norma regulamentadora foi, neste trabalho, um ponto de partida na avaliação de uma metalúrgica na região de Piracicaba, SP. Para tanto, integraram-se o conhecimento e as atividades de três áreas: fonoaudiologia, engenharia de produção e arquitetura. Essa interdisciplinaridade seguiu uma metodologia diversificada que permitiu a identificação dos principais problemas acústicos existentes na linha de produção. Assim, propôs-se solução técnica em três instâncias básicas: na do trabalhador, no maquinário e no ambiente. A melhoria da qualidade ambiental e de vida do trabalhador é favorecida na medida em que se requalificam as ações coletivas. PALAVRAS-CHAVE: Conforto ambiental. Ruído. Saúde do trabalhador. Perda auditiva. 1. Introdução O ambiente industrial é foco de diversos problemas relacionados ao ambiente construído. Com relação aos aspectos referentes ao conforto, observa-se que os projetos arquitetônicos muitas vezes consideram os aspectos térmicos, ergonômicos e de iluminação, muito mais do que os aspectos voltados ao tratamento acústico. Isso pode ser atribuído ao fato de que a avaliação do nível de som, pelo ouvido humano, é diferente de como nossos olhos avaliam uma distância ou de como o nosso braço avalia um peso. Dessa forma, as interferências acústicas negativas do ambiente, nem sempre são facilmente percebidas pelo usuário. Daí a necessidade de avaliações e acompanhamento por equipes de profissionais envolvidos, tanto na área da saúde como nas áreas da construção civil e da engenharia de produção no sentido de alcançarem, juntos, soluções eficazes. Na legislação nacional, a Norma Regulamentadora N.º 09, denominada Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, estabelece ao empregador obrigações de agir na fonte do ruído, de modo a prevenir e eliminar a existência de riscos à saúde do trabalhador. * Doutora em Engenharia Civil (UNICAMP, 2001). Docente do Centro Universitário de Araras "Dr. Edmundo Ulson" - UNAR. ** Doutora em Saúde Coletiva (UNICAMP, 2003). Docente da Universidade Tuiuti do Paraná. *** Doutor em Saúde Coletiva (UNICAMP, 2002). Docente da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo - USP. **** Mestre em Engenharia de Produção (UNIMEP, 2008).

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UNAR (ISSN 1982-4920), Araras, SP, v.2, n.2, p.1-12, 2008.

ACÚSTICA INDUSTRIAL E SAÚDE DO TRABALHADOR: propostas de melhorias

Renata FACCIN * Cláudia Giglio de Oliveira GONÇALVES **

Rodolfo Andrade de Gouveia VILELA *** Tatiani de Moraes BOLOGNESI ****

RESUMO

Atualmente, preocupações voltadas às soluções de problemas relacionados ao conforto

ambiental de edifícios industriais têm sido cada vez mais crescentes no Brasil. Nesse

sentido, as normas nacionais, tanto com relação à saúde do trabalhador, quanto ao

ambiente construído, subsidiam e impulsionam pesquisadores e profissionais a buscarem

aperfeiçoamento e adequação dessas questões. O ruído é, entre os diversos riscos no

ambiente industrial, um dos que mais prejudicam a saúde do trabalhador, e o Programa de

Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA − estabelecido pela norma regulamentadora foi,

neste trabalho, um ponto de partida na avaliação de uma metalúrgica na região de

Piracicaba, SP. Para tanto, integraram-se o conhecimento e as atividades de três áreas:

fonoaudiologia, engenharia de produção e arquitetura. Essa interdisciplinaridade seguiu

uma metodologia diversificada que permitiu a identificação dos principais problemas

acústicos existentes na linha de produção. Assim, propôs-se solução técnica em três

instâncias básicas: na do trabalhador, no maquinário e no ambiente. A melhoria da

qualidade ambiental e de vida do trabalhador é favorecida na medida em que se

requalificam as ações coletivas.

PALAVRAS-CHAVE: Conforto ambiental. Ruído. Saúde do trabalhador. Perda

auditiva.

1. Introdução

O ambiente industrial é foco de diversos problemas relacionados ao ambiente construído.

Com relação aos aspectos referentes ao conforto, observa-se que os projetos arquitetônicos

muitas vezes consideram os aspectos térmicos, ergonômicos e de iluminação, muito mais do

que os aspectos voltados ao tratamento acústico. Isso pode ser atribuído ao fato de que a

avaliação do nível de som, pelo ouvido humano, é diferente de como nossos olhos avaliam

uma distância ou de como o nosso braço avalia um peso. Dessa forma, as interferências

acústicas negativas do ambiente, nem sempre são facilmente percebidas pelo usuário. Daí a

necessidade de avaliações e acompanhamento por equipes de profissionais envolvidos, tanto

na área da saúde como nas áreas da construção civil e da engenharia de produção no sentido

de alcançarem, juntos, soluções eficazes.

Na legislação nacional, a Norma Regulamentadora N.º 09, denominada Programa de

Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, estabelece ao empregador obrigações de agir na

fonte do ruído, de modo a prevenir e eliminar a existência de riscos à saúde do trabalhador.

* Doutora em Engenharia Civil (UNICAMP, 2001). Docente do Centro Universitário de Araras "Dr. Edmundo

Ulson" - UNAR. **

Doutora em Saúde Coletiva (UNICAMP, 2003). Docente da Universidade Tuiuti do Paraná. ***

Doutor em Saúde Coletiva (UNICAMP, 2002). Docente da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de

São Paulo - USP. ****

Mestre em Engenharia de Produção (UNIMEP, 2008).

FACCIN, R.; GONÇALVES, C.G.O.; VILELA, R.A.G.; BOLOGNESI, T.M. Acústica industrial e saúde do trabalhador: propostas de

melhorias.

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As condições determinadas por alguns processos de produção industrial aos quais

trabalhadores estão submetidos, geram doenças relacionadas com o trabalho. A saúde dos

trabalhadores é foco de preocupações em todo o mundo, mobilizando diversas entidades

nacionais e internacionais, uma vez que ainda é grande o número de trabalhadores que

adoecem ou morrem devido a suas atividades profissionais.

Entre os diversos riscos que ameaçam a saúde dos trabalhadores, a exposição ao ruído,

proveniente de via aérea ou sólida, vem sendo apontada como um dos mais comuns no

ambiente de trabalho e como um dos que acarretam consequências drásticas. Além da

audição, o ruído acarreta efeitos extra-auditivos, devido à interferência de diversos fatores

ambientais ou patogênicos concomitantes. Podem-se citar alguns elementos de vedações

impróprios, acabamento de piso inadequado, equipamentos de ventilação ruidosos, o tráfego

de veículos e, principalmente, o ruído gerado pelo maquinário existente na linha de produção.

Assim, efeitos de ressonância e reverberação agravam o alto do nível de pressão sonora do

ambiente usualmente identificado no ambiente industrial.

Neste trabalho, apresenta-se uma iniciativa das áreas de Fonoaudiologia, Engenharia de

Produção e Arquitetura e Urbanismo, no sentido de promover uma melhor qualidade do

ambiente industrial visando à saúde e ao bem estar do trabalhador. Medidas foram adotadas,

conforme as soluções propostas de intervenções sobre a fonte emissora de ruído, intervenção

sobre a propagação do som e intervenção junto ao trabalhador. Dessa forma, o estudo de caso

aqui apresentado utilizou-se do setor de produção de uma indústria metalúrgica na cidade de

Piracicaba-SP, devido aos altos índices de Perda Auditiva Irreversível por Ruído − PAIR −

identificados em projetos provenientes da área da saúde.

Localizada na Zona Industrial de Piracicaba-SP, a indústria metalúrgica, denominada

UNILESTE, é ligada à Rodovia Luiz de Queiroz, com proximidade às rodovias Bandeirantes

e Anhanguera. Possui área de terreno de 8500m2, sendo que a área total construída é de

5500m2 e o setor da linha de produção é instalado em uma área de 3000m

2.

2. Métodos e materiais

Os métodos adotados para o desenvolvimento deste trabalho basearam-se nas diretrizes

apontadas pelas três áreas de conhecimento e nas recomendações propostas para a estrutura do

Programa de Preservação da Audição, apresentados conforme o que segue:

2.1) Estudo do perfil auditivo dos trabalhadores: identificação dos trabalhadores com

alterações auditivas através de audiometrias em clínica especializada e monitoramento

auditivo para acompanhamento da evolução dos grupos de risco para a identificação de

alterações auditivas, através da análise dos prontuários e audiogramas dos dois últimos anos;

2.2) Aplicação de questionário individual: sobre a utilização de protetores auriculares pelos

trabalhadores (46 questionários nos trabalhadores), com a intenção de determinar um

parâmetro de utilização correta dos Equipamentos de Proteção Individual - EPI, a manutenção

e o período de troca por um novo EPI;

2.3) Avaliação do protetor auricular em situação real: na orelha do trabalhador, por

microfone sonda e por audiometria em campo livre em que compareceram 13 trabalhadores;

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2.4) Análise de normas: PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - Norma

Regulamentadora n. 9), PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - NR

n. 7) e Mapa de Risco (NR n. 5);

2.5) Dosimetria: análise do NPS do ruído gerado nos postos de trabalho para a avaliação da

condição de exposição do trabalhador, com o dosímetro do modelo DOS-500, com gravador

de ruído e interface para PC;

2.6) Levantamento do nível de pressão sonora – NPS: das máquinas existentes dentro da

linha de produção, utilizando-se a metodologia de Gerges (2000), o decibelímetro LUTRON

SL 4001, calibrado pelo aparelho LUTRON SC940, por leitura instantânea, tendo sido

realizada a medição nos quatro lados de cada maquinário, formando-se uma malha regular de

valores em dB na área total de 3.000m2 da linha de produção, conforme Figura 01;

2.7) Cálculo do tempo de reverberação: levantamento dos aspectos físicos da linha de

produção, tais como projeto do prédio, características construtivas, registro fotográfico,

representações gráficas da configuração do prédio, aplicação da fórmula de Sabine para as

frequências de 125 Hz, 500 Hz e 2000 Hz;

2.8) Proposta de intervenção: para minimizar danos, garantir a proteção da saúde dos

trabalhadores, e buscar as alternativas de mudanças nos processos de trabalho ou nas

condições de trabalho que contribuam com a qualidade do ambiente industrial. 3. Estudo do perfil auditivo dos trabalhadores e avaliação dos EPIs

No sentido de contribuir com a melhoria acústica do ambiente industrial do ponto de vista dos

usuários da linha de produção da indústria objeto deste estudo, avaliou-se o perfil auditivo de

uma amostra dos trabalhadores, bem como as condições de uso dos equipamentos de proteção

e as vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de EPIs, visando a produtividade frente às

atividades exercidas. Dessa forma, apresentam-se a seguir os resultados obtidos a partir dos

estudos fonoaudiológicos.

A maioria dos trabalhadores analisados expõe-se a mais de 84dBA de ruído, chegando a

valores próximos de 90dBA. Os questionários apontaram que 93,6% usam o protetor auricular

e 6,4% somente às vezes. Em relação ao tipo de protetor utilizado, 31,9% usam o plug de

silicone (3 flanges). O tipo de protetor preferido pelos funcionários oferece atenuação média

de 23 a 25dB. Quanto ao tempo de uso do protetor auricular, 37,8% usam de 5 a 10 anos.

Constata-se que a maioria dos funcionários da empresa faz uso dos protetores há menos de 10

anos. Somente 6,3% acreditam que o uso é indispensável e essencial, 2,1% alegam irritação

com o plug (EPI) e a sensação de aperto com o concha (EPI).

Na Tabela 01 encontram-se os valores de atenuação média (REIL em dBNPS) de cada

protetor no teste realizado por microfone sonda:

Tabela 01: Valores de atenuação média na medida com microfone sonda

Frequência (Hz) Tipo concha Plug de silicone Plug de espuma Plug tipo oliva 500 18,0 3,6 23,5 2

1000 32,6 7,4 24,0 3,5 2000 36,6 13,2 29,5 16,5 4000 27,3 16,2 35,0 13,5

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Analisando os dados acima, observa-se que os protetores do tipo concha e plug de espuma

apresentaram melhor desempenho nos dois testes. Os valores de atenuações foram mais altos,

compatíveis com os dados do fabricante, que prevê 29dB para os tipos concha e plug de

espuma. O protetor plug de silicone 3 flanges obteve melhor desempenho na pesquisa do

ganho funcional, em campo livre, e o protetor plug tipo oliva apresentou maiores valores de

atenuação nas medidas com o microfone sonda. Porém seus valores de atenuação,

considerando-se a média entre as frequências, ficaram abaixo dos estabelecidos pelo

fabricante, que prevê 23dB.

O monitoramento dos trabalhadores, desenvolvido pelo período de dois anos (2003 –2004),

aponta 20,3% com audiograma sugestivo de perda auditiva induzida por ruído, sendo que dois

trabalhadores pioraram sua audição em relação ao primeiro ano monitorado.

Dessa forma, torna-se fundamental a conscientização dos funcionários para com a

necessidade de uso do EPI e a colocação adequada de cada tipo para que os resultados

audiométricos possam ser positivos. Partindo dessa conceitualização, o ruído interno na linha

de produção pode ser minimizado pelo controle individual; no entanto, as condições do

ambiente de trabalho que causa doença também devem ser melhoradas, eliminando-se ou

controlando-se os riscos presentes. Na impossibilidade de eliminação total dos riscos, deve-se,

pelo menos, neutralizá-los através de medidas coletivas (na fonte emissora do agente

agressivo e sobre a sua propagação).

4. Nível de pressão sonora do maquinário na linha de produção

Com o objetivo de identificar os pontos críticos no ambiente de trabalho frente às condições

de risco, levantou-se o NPS de cada máquina existente e em funcionamento na linha de

produção utilizando-se o decibelímetro no módulo SLOW, através da medição instantânea do

ruído e com o parâmetro entre 50 e 100 dB do decibelímetro. A posição do equipamento foi a

distância de um metro da fonte ruidosa, e o resultado foi a média aritmética dos quatro pontos

lidos, o que permitiu identificar as máquinas e os setores de maior produção de ruído.

Quanto à identificação dos pontos críticos de ruído, os resultados apontaram duas frentes de

análises, uma voltada para a avaliação das condições do maquinário nos postos de trabalho e

outra voltada para as condições da qualidade acústica do ambiente.

4.1 Nível de pressão sonora nos postos de trabalho

Observou-se de maneira geral que, por se tratar de uma indústria metalúrgica, a maioria dos

materiais e equipamentos que compõem as atividades da linha de produção, por serem

metálicos, são ruidosos; dessa forma, as atividades de trabalho, bem como a manipulação de

tais materiais, por si geravam ruídos, além do ruído gerado pelas própria máquinas em

funcionamento. Portanto, a metodologia adotada de levantamento por medições instantâneas e

a dosimetria apresentaram-se eficientes, uma vez que foi possível identificar o NPS

proveniente dos setores que compunham a totalidade da área estudada.

Os resultados obtidos foram comparados com os parâmetros estabelecidos pela NHO1 (2001),

sendo de 85dB para uma exposição de quatro horas. Os valores obtidos das medições

instantâneas apresentaram, em sua maioria, resultados do NPS de acordo com a norma. No

entanto, avaliações feitas através da dosimetria no entorno de algumas máquinas apresentaram

o NPS muito acima do parâmetro.

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As máquinas mais ruidosas foram a faceadora modelos Grob e FXLZDI60, com motor

elétrico acoplado diretamente no painel da máquina, promovendo vibração e

consequentemente emitindo ruído excessivo; as brunidoras, que, apesar de não terem uso

diário, quando ligadas geram alto NPS, devido principalmente ao ruído de impacto; os

carrinhos utilizados constantemente para o transporte de peças metálicas cuja caçamba e rodas

também são metálicas, o que gera ainda mais ruído na sua utilização e movimentação; os

bicos de ar comprimido usados para a limpeza dos resquícios de cavacos metálicos tanto nas

peças quanto nos próprios trabalhadores; nesse caso, com o maior NPS - 110dBA.

Observaram-se ainda problemas comuns em diversas máquinas dentro da linha de produção,

tais como motores acoplados ao corpo metálico de vedação da máquina, que, ao vibrar, causa

ressonância, agravando ainda mais o ruído gerado inicialmente pelo motor, conforme Figura

02.

Figura 02 – Vista parcial do motor e geral do corpo metálico da faceadora

Os resultados obtidos no levantamento do NPS, conforme metodologia, foram sistematizados

em planilha eletrônica e transpostos graficamente na planta do projeto da linha de produção,

criando-se um mapeamento acústico que permitiu uma visualização mais clara dos problemas

acústicos e pontos críticos da linha de produção, conforme se pode observar na Figura 03 a

seguir.

Figura 03 - Mapeamento do NPS da linha de produção

Painel de

comando

Motor

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As três áreas em vermelho, correspondentes a 7% da área total da linha de produção, foram

identificadas como sendo os pontos mais críticos, tendo alcançado até 105 dB. Tal problema é

provocado principalmente por duas máquinas, as brunidoras e as retíficas, as quais são

operadas por funcionários durante um turno de 8 horas. As onze áreas identificadas em

amarelo, correspondentes a 20% da área total, apresentaram até 85 dB. Nesse caso, o

problema acústico é proveniente do conjunto de máquinas que compõem cada setor. A maior

porcentagem da área investigada com 72,55% apresenta índices entre 70dB e 80dB, e apenas

0,45% se encontra com limite de até 70dB. Assim, diante desse quadro, conclui-se que a linha

de produção apresenta níveis elevados de NPS, sendo ainda alguns pontos bastante críticos,

além do tempo excedente de exposição dos trabalhadores em sua jornada de trabalho. Apesar

de a maior porcentagem da área possuir índices abaixo do valor máximo estabelecido pela

NHO1(2001), a exposição deveria ser em jornadas menores. Outro aspecto avaliado foi a

impossibilidade de isolamento das máquinas mais ruidosas devido à operacionalidade da

produção, o que agrava ainda mais as condições acústicas do ambiente como um todo.

Para complementar os resultados obtidos aplicou-se, ainda, a dosimetria em três postos de

trabalho determinados a partir dos setores considerados críticos na medição instantânea,

denominados como E1, E2 e E3 na Tabela 02. Nesse caso, com o dosímetro preso junto ao

operador de máquinas, a dosimetria foi contínua e teve duração de três horas com

monitoramento constante.

Devido ao curto espaço de tempo viável para a medição, o parâmetro estabelecido no tempo

de coleta de dados buscou alcançar a maior quantidade de oscilações no período de três horas.

O valor obtido da dose nesse período de tempo é processado pelo equipamento que apresenta

o valor equivalente pela exposição em 8 horas de jornada de trabalho. O resultado da medição

foi sistematizado em programa computacional específico do equipamento, o qual gerou

gráficos e tabelas com o resumo das informações, conforme se pode observar na Tabela 02 e

no Gráfico 01 a seguir.

Tabela 02 – Síntese dos resultados da dosimetria em cada posto avaliado

E1 E2 E3 Nível de critério* 85 dB 85 dB 85 dB

Nível limiar de integração* 80dB 80dB 80dB Taxa de diferenciação dos níveis* 5dB 5dB 5dB

Tempo de coleta de dados Lentos Lentos Lentos Limite intermitente ou contínuo Sim Não Não

Nível de pico de impacto de 140dB Não Não Não Tempo de exposição da medição 03:00 03:00 03:00

Valor da dose (%) 79.92 66.62 42.83 Porcentagem dose em 8horas (%) 83.40 82.10 78.90

*Parâmetros extraídos da NHO1

O posto E1, localizado dentro do setor mais ruidoso, apresentou 105dB; apresenta limites

intermitentes acima do contínuo em até 115 dB; o posto E2, localizado a três metros do setor

mais ruidoso, apresentou um pico de 104,8dB devido à influência do ruído provocado pela

brunidora. A dosimetria efetuada no posto E3, localizado distante do ponto mais ruidoso

aproximadamente 10 metros, apresentou NPS pouco abaixo do limite superior da norma.

Embora a média dos resultados obtidos na medição da dosimetria esteja dentro do parâmetro

normativo, a representatividade percentual dentro do tempo total de exposição do trabalhador

ao ruído comprova a necessidade da redução da jornada de trabalho.

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Gráfico 01: Resultado da dosimetria nos pontos E1 e E2

4.2 Tempo de reverberação do som na linha de produção

Realizou-se o cálculo do tempo de reverberação − TR − para o ambiente da linha de produção

da empresa nas frequências 125Hz, 500Hz e 2000Hz; utilizaram-se os coeficientes de

absorção dos materiais existentes na configuração física do prédio a partir da NBR - 10152, e

efetuou-se a correção para a frequência de 125Hz também segundo recomendação da NBR -

12179.

Os materiais construtivos existentes no ambiente avaliados possuem características

predominantemente reflexivas ao som, sendo chapas metálicas, paredes de alvenaria, telhas de

zinco, estruturas metálicas, dentre outros. Todo o maquinário é metálico, e o volume do

ambiente de 18000m3

é significativo para a propagação sonora, como se pode observar nos

resultados demonstrados na Tabela 03.

Tabela 03 – Comparação entre o cálculo do TR encontrado e o tempo ótimo recomendado

125Hz 500Hz 2000Hz TR calculado (seg.) 5,77 5,72 7,61

Tempo ótimo de reverberação (seg.)

2,45 1,69 1,69

O resultado demonstrado aponta uma diferença bastante acentuada entre o TR encontrado e o

recomendado pela norma, o que permite concluir que os materiais construtivos adotados não

contribuem para a absorção sonora do ruído e que também não existe qualquer tipo de

tratamento acústico nesse sentido. Isso se pode atribuir à ausência de preocupação com

relação à qualidade acústica do ambiente industrial, tanto no que se refere ao projeto

arquitetônico, quanto à própria escolha dos materiais que compõem os ambientes ruidosos.

Uma vez que o maquinário e o mobiliário existentes na linha de produção são

predominantemente metálicos e geram ruído, por condições que lhes são próprias, há a

necessidade de se minimizar o ruído e sua propagação através do ambiente.

Legenda:

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5. Análise e propostas de melhorias

Os problemas de ruído identificados estão localizados basicamente nos ruídos produzidos

pelo maquinário e pela manipulação e transporte dos produtos metálicos dentro da linha de

produção. Nenhum tipo de ruído externo foi identificado no sentido de prejudicar os

resultados avaliados.

De acordo com os resultados da avaliação do NPS e da dosimetria, os valores são altos em

relação às condições expostas como referência nas normas vigente, além do tempo de

exposição dos trabalhadores ao ruído ser excedente. Isso aponta a necessidade de intervenções

que proporcionem a minimização do problema.

Também se pode observar que, na configuração da disposição das máquinas, de acordo com

as necessidades da engenharia de produção, alguns pontos apresentaram-se mais críticos em

decorrência de máquinas muito ruidosas ou de conjuntos de máquinas que, juntas, geram

ruídos excessivos.

Apesar da medida tomada pela empresa para atender às especificações das normas em relação

à saúde do trabalhador, com a utilização dos EPIs, estas não se apresentam suficientes para

garantir a qualidade acústica da indústria metalúrgica, tendo-se em vista ainda que nenhum

tipo de tratamento, além desse, foi feito para solucionar o problema do ruído. Isso mostra que

poucas intervenções e algumas até bastante simples poderão repercutir de maneira muito

eficaz quanto ao controle do ruído industrial.

Dentro desse quadro, há três instâncias em que se pode, neste trabalho, propor intervenções

para alcançar melhorias acústicas na linha de produção, as quais estão ligadas ao trabalhador,

ao maquinário e ao comportamento do som no ambiente.

5.1 Proposta de melhoria na instância do trabalhador

Quanto aos protetores auriculares, observou-se que alguns trabalhadores ainda não os

colocam adequadamente, e, pela avaliação da atenuação real dos mesmos, observou-se que os

trabalhadores que colocavam de maneira correta o protetor apresentaram os valores de

atenuação de seus protetores maiores do que os que os colocavam inadequadamente,

evidenciando-se, assim, a necessidade de treinamentos constantes para a correta colocação

dos EPIs.

Desta forma, em posse das informações anteriores, é possível elaborar um conteúdo para se

discutir a questão da segurança frente aos riscos com os trabalhadores em encontros

periódicos por grupos de trabalhadores. Nos encontros podem-se discutir os riscos presentes

no local de trabalho; as informações de risco de cada setor; os efeitos nocivos do ruído sobre a

saúde geral e sobre a audição; as maneiras adequadas de proteção contra o ruído e a utilização

dos protetores auriculares pertinentes a cada situação, e, finalmente, um treinamento para a

sua colocação na orelha.

Cabe, ainda, considerando os altos valores do NPS identificados, estudo de viabilidade

relacionado à redução do tempo da exposição do trabalhador ao ruído como parte do

programa de preservação da audição.

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melhorias.

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5.2 Proposta de melhorias nas fontes de ruído - Máquinas

De todo o maquinário investigado alguns são mais ruidosos; uma vez que não foi identificado

nenhum tipo de intervenção nesses para minimizar o ruído por eles gerado, qualquer ação

nesse sentido fará melhorias significativas. Assim, modificações efetuadas nas fontes com

maiores NPS poderão tornar o ambiente mais qualificado.

Com relação aos bicos de ar comprimido que liberam um ruído alto e que são muito utilizados

durante todo o período de trabalho para a limpeza da própria máquina e de peças, eles podem

ser substituídos por modelos de bocais menos ruidosos, como, por exemplo, o de múltiplos

orifícios, pois, além de ser qualificado tanto para ejeção quanto para limpeza de peças,

apresenta maior vazão mássica dentre os outros bocais e possui um baixo nível de pressão

sonora. Esse é um equipamento que acompanha algumas máquinas como centro de usinagem,

tornos, faceadoras, fresadoras, furadeiras.

As faceadoras modelo FXLZDI60 e Grob também são máquinas que apresentaram NPS

elevado. O problema apresentado pela de modelo Grob é que o motor da sua bomba

hidráulica da mesa fica acoplado junto ao seu painel de comando e vibra quando está ligado, o

que faz também com que toda a máquina vibre, ressoando um ruído para o ambiente. Assim,

separar o motor da bomba hidráulica da bancada metálica, isolando-o do painel de comando, e

instalar Vibra Stop, que é um isolante de vibrações, nos pontos vulneráveis da peça, pode

amortizar o problema.

Nos carrinhos de transporte, recomenda-se instalar mantas de borracha na caçamba para

diminuir o ruído de impactos na colocação dos metais e substituir as suas rodas metálicas por

emborrachadas.

A brunidora, por ser uma máquina antiga, requer uma modernização geral; o conjunto vertical

vibra e transmite essa vibração para o piso e equipamentos adjacentes; assim, segregar o piso

metálico das brunidoras e instalar também Vibra Stop, além de se enclausurar o motor, poderá

solucionar em parte o seu ruído.

5.3 Proposta de melhoria no ambiente

Tendo-se em vista que as características físicas do ambiente construído da linha de produção

da metalúrgica não contribuem para a absorção sonora do ruído por se tratar de materiais

predominantemente metálicos e, portanto, reflexivos ao som, percebe-se a necessidade de

reestruturação nas superfícies internas do prédio com a utilização de materiais cujas

propriedades absorventes permitem a diminuição da reverberação do som e,

consequentemente, reduzem o tempo de permanência do ruído no ambiente.

Essa solução não resolve totalmente o problema acústico identificado por dois motivos

básicos. Primeiro, porque, apesar de reduzir o TR, os materiais absorventes não reduzem o

NPS gerado pelo maquinário. Em segundo lugar, porque para se alcançar o tempo ótimo de

reverberação calculado, haveria necessidade de se revestir uma quantidade de área de

superfícies internas à linha de produção, que, pela configuração física presente no prédio, não

se disponibiliza para esse fim, devido à iluminação zenital na cobertura, à presença de

aberturas como portas e janelas nos vedos e devido ao piso, necessariamente, ter que ser

eficaz para a circulação pesada e compatível com as condições operacionais da metalúrgica.

FACCIN, R.; GONÇALVES, C.G.O.; VILELA, R.A.G.; BOLOGNESI, T.M. Acústica industrial e saúde do trabalhador: propostas de

melhorias.

UNAR (ISSN 1982-4920), Araras, SP, v.2, n.2, p.1-12, 2008.

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Dessa forma, propõe-se que as áreas de superfícies existentes e disponíveis para o tratamento

acústico sejam revestidas com material que apresente propriedade de absorção acústica,

superfícies esculpidas de forma compatível com a limpeza e/ou substituição, devido às

impurezas do local poderem alterar suas características acústicas, além do tratamento através

de aditivos de retardância às chamas por questões de segurança.

Ainda, a instalação de banners na cobertura do prédio, conforme esquema apresentado na

Figura 05 abaixo, permite a ampliação das áreas de superfícies desejadas para a instalação de

materiais acústicos em quantidade suficiente para se atingir o TR ótimo. De acordo com o

cálculo específico para o tratamento acústico, esses banners podem ser revestidos com

material absorvente ou podem ser, ainda, painéis ressoadores.

Figura 05 – Representação gráfica do posicionamento dos banners

Dispondo os painéis na cobertura e em formato de favo-de-mel, no sentido perpendicular ou

em paralelo, em alternância de fileiras, e criando-se nichos entre eles, a propagação do ruído é

dificultada, e grande parte dele pode ser minimizado, contribuindo-se com a redução do NPS

decorrente da somatória de sons refletidos pelas superfícies atualmente existentes.

A disposição desses painéis deve ser projetada de tal forma que não interfira nos aspectos de

conforto térmico e luminoso do ambiente, uma vez que as aberturas zenitais, a iluminação

artificial e os ventiladores existentes na cobertura do edifício são significativamente

importantes para a função do ambiente.

Além da função acústica, um outro aspecto do conforto pode ainda ser explorado com a

colocação desses banners, no sentido de melhorar o conforto visual com a sinalização,

programação visual e quebra da monotonia do ambiente, uma vez que a linha de produção

atualmente se encontra desprovida de orientação espacial.

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melhorias.

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6. Conclusão

O ambiente industrial aqui investigado apresentou-se com problemas relacionados ao conforto

acústico, do ponto de vista da saúde do trabalhador, das condições dos maquinários dispostos

na linha de produção e também do ponto de vista dos aspectos construtivos do prédio. Os

métodos adotados permitiram o dimensionamento desses problemas e apontaram resultados

significativos, os quais puderam ser analisados e comparados aos parâmetros normativos, o

que permitiu algumas propostas iniciais de intervenção para melhorar as condições de

conforto na linha de produção.

A adequação das condições de conforto no ambiente industrial deve ser constante, e a atuação

interdisciplinar enriquece os resultados e potencializa as melhorias no ambiente, além de

impulsionar o aperfeiçoamento a partir de cada intervenção. Esse ambiente requer cuidados

específicos e avaliações constantes no sentido de identificar os problemas relacionados ao

conforto ambiental, até porque a solução de problemas identificados em um dos aspectos de

conforto poderá interferir no outro. Portanto, ações de intervenção devem ser organizadas a

curto, médio e longo prazo de execução, por envolver investimentos construtivos e/ou a

reestruturação administrativa da operacionalidade.

O processo de produção industrial apresenta condições que lhe são peculiares, o que exige

estudos específicos dos problemas ambientais de forma contínua para que o gerenciamento

das soluções possa contar com diretrizes técnicas que se aprofundem nas questões do conforto

ambiental para garantir a qualidade de vida dos trabalhadores.

ABSTRACT

Nowadays the concern about solutions to problems of ambient comfort in industrial

buildings has increased more and more in Brazil. Therein, the national norms either

related to the worker's health, as to the constructed environment, subsidize and push

searchers and professionals to look for improvement and adjustment of these questions.

Noise is, among the several risks in the industrial environment, one of the most harmful

to the worker's health. In this work, the Program on Prevention of Environment Risks –

PPRA – established by regulating norm was a starting-point in the valuation of a

metallurgic plant in the area of Piracicaba, SP. For that, the knowledge and activities of

three disciplines were aggregated: audiology, production engineering, and architecture.

This inter-disciplinary project followed a diversified methodology which allowed an

identification of the main acoustic problems in the production line. Thus, technical

solutions were proposed in three basic instances: the worker, the machinery and the

environment. The improvement of environment quality as well as worker's life quality is

supported once collective actions are re-qualified.

KEYWORDS: Ambient comfort. Noise. Worker's health. Hearing loss.

FACCIN, R.; GONÇALVES, C.G.O.; VILELA, R.A.G.; BOLOGNESI, T.M. Acústica industrial e saúde do trabalhador: propostas de

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REFERÊNCIAS

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NBR 12179 - Tratamento acústico em recintos fechados. 1992.

NHO1 - Normas de higiene ocupacional. Avaliação da exposição ocupacional ao ruído.

Procedimento técnico. FUNDACENTRO, 2001.

NUDELMANN, A.A. et al. (Org.) Perda auditiva induzida pelo ruído. Porto Alegre:

Bagaggem Comunicações, 1997. 297 p.

ODDONE, I.; MARRI, G.; GLORIA, S.; BRIANTE, G.; CHIATELLA, M.; RE, A. Ambiente de trabalho: a luta dos trabalhadores pela saúde. São Paulo: HUCITEC, 1986.

133p.

SANTOS, Ubiratan de Paula et al. Ruído: riscos e prevenção. São Paulo: HUCITEC, 1994.